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TIMOR-LESTE E M B A I X A D A Revista Cultural, Económica e Diplomática Embaixada da República Democrática de Timor-Leste em Lisboa - Portugal Ano 2008 - nº 0 • Jul./Ago./Set. 1 6 4 7 0 9 3 1 0 0 0 0 3 Embaixada da República Democrática de Timor-Leste em Lisboa - Portugal Ano 2008 - n.º 0 • Jul./Ago./Set. Importância geopolítica da Língua Portuguesa Importância geopolítica da Língua Portuguesa A Língua Portuguesa: Um Património Comum, um Futuro Global Sétima Conferência da CPLP A Língua Portuguesa: Um Património Comum, um Futuro Global Sétima Conferência da CPLP

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Importânciageopolítica da LínguaPortuguesa

Importânciageopolítica da LínguaPortuguesa

A LínguaPortuguesa:

Um Património Comum,um Futuro Global

Sétima Conferência da CPLP

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Um Património Comum,um Futuro Global

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ÍndiceTécnica

Ficha

Revista Timor-Leste EmbaixadaAno 2008 - n.º 0 • Jul./Ago./Set.

PropriedadeEmbaixada da República Democrática deTimor-Leste em Lisboa, Portugal

NIPC 901329460

Edição:Divisão de Imprensa, Imagem e Comunicaçãoda Embaixada da República Democrática de Timor-Leste em Lisboa, Portugal

SecretariadoAv. Infante Santo, 17 - 6.° Esq.1350-175 LisboaTel.: 213 393 730/31/32 Fax: 213 393 739Correio electrónico:[email protected]

DirecçãoEmbaixador Manuel Soares Abrantes

Redacção e AdministraçãoConselheiro Antonito de Araújo Vitório Rosário Cardoso João Aparício Guterres José Amaral Hermengarda Lemos BorgesJoão Dias

Produção GráficaIDG - Imagem Digital Gráfica, Lda.Zona Industrial de Frielas2660-020 FRIELAS

Periodicidade TrimestralTiragem: 3500 exemplares

ISSN 1647-0931

Dep. Legal nº 283724/08

Fotografia de CapaCrianças leste-timorenses numa sala de aulaem Dili. Timor-LesteFotografia de Joaquim Magalhães de Castro

FotografiasMinistério do Turismo de Timor-LesteEmbaixada da República Democrática deTimor-Leste em Lisboa, PortugalSecretariado Executivo da CPLP – SE CPLP Presidência da República Portuguesa / Luís CatarinoAgência Noticiosa LUSAPortugal TelecomJoaquim Magalhães de Castro

03. Editorial

07. Enquadramento histórico de Timor-leste e a CPLP

10. Importância geopolítica da Língua Portuguesa para Timor-Leste

14. Acordo Ortográfico

18. Timor-Leste na VII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP

24. O Português em Timor-Leste,que Futuro?

26. Empreendedorismo na CPLP

29. Entrevista CRA em Timor-Leste

32. Nas sendas do Milénio

37. Estreia dos militares leste-timorensesnos Exercícios FELINO 2008

40. Timor-Leste na Presidência doConselho de Ministros da Defesa da CPLP

42. VIII Reunião dos Ministros doTrabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP

43. Indicadores de Desenvolvimentode Timor-Leste

44. Agenda Diplomática

04. A Língua Portuguesa: Um Património Comum, um Futuro Global

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Importânciageopolítica da línguaportuguesa

Importânciageopolítica da línguaportuguesa

A LínguaPortuguesa:

Um Património Comum,um Futuro Global

Sétima Conferência da CPLP

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EditorialA Nossa Afirmação

É momento para se afirmar os valores da diferença…

Momento para pensar, comunicar e actuar na Língua que nosune e identifica, a Língua Portuguesa.

Timor-Leste quer afirmar-se nos valores que distinguem a suaHistória e a sua Identidade política. Afirmar-se como País eEstado Membro da Comunidade de Países de Língua Portu-guesa (CPLP).

O ser e o querer fazer, a manifestação da sua identidade, sin-grar-se nas sendas do seu crescimento económico tornam-seinsaciáveis à manifestação suprema desta vontade soberana.Urge a realização!

É preciso realização para nos atestar o valor das coisas, nãosó para quem nos quer fazer juízo de valores mas também para responder ao fluxo natural do desejo: uma revista deinformação social, cultural, económica e diplomática.

Presente aos actuais desafios da realidade timorense, os desafios do seu desenvolvimento, os desafios da globaliza-ção mundial, os desafios do cumprimento das metas do Objectivo do Desenvolvimento do Milénio (ODM); mas certosda sua soberania e das suas potencialidades naturais e humanas, não tentamos resistir à manifestação da vontade aoassociarmo-nos ao tema da sétima Conferência da CPLP: A Língua Portuguesa, um património comum, um futuro glo-bal. A Língua Portuguesa e a cultura neste mundo bicéfalo, constituem o património cultural de Timor-Leste, a emble-mática da nossa afirmação e realização!

À guisa de apresentação, neste número inaugural, tentamos desenvolver a temática da CPLP e Timor-Leste, na se-quência da sétima Conferência dos Chefes de Estado e do Governo realizada nos dias 24 e 25 de Agosto de 2008 emLisboa. A resenha histórica sobre o enquadramento de Timor-Leste e a CPLP; Importância Geopolítica da Língua Portuguesapara Timor-Leste ; Prospectiva do Acordo Ortográfico são as suas principais rúbricas. A sétima Conferência da CPLPserá passada em revista, bem como outras manchetes associadas a esta temática.

Subsequentemente no final do ano de 2008 abordaremos os assuntos de cultura e identidade leste-timorense revisi-tando o acervo bibliográfico que Portugal dispõe nos seus Arquivos e Bibliotecas.

Inaugurando o Ano de 2009 contamos abordar a temática sobre a economia do País, o estado do seu desenvolvimentonos últimos sete anos de independência.

Numa tentativa de análise ousaremos caracterizar os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio – ODM, o posiciona-mento de Timor-Leste neste propósito. Seguiremos depois para uma abordagem geral sobre o capítulo de Educação eos Programas de Cooperação Bilateral com Portugal.

No último trimestre do Ano de 2009 passaremos em retrospectiva as actividades realizadas nesta Missão Diplomática.

A revista “Timor-Leste EMBAIXADA” quer ser uma publicação de índole identitária e de afirmação da sua soberania.É a publicação com distribuição nos meios institucionais, diplomáticos, sector público e privado em Portugal e Timor--Leste. A sua publicação concretiza um passo importante na aposta da Embaixada em proporcionar uma maior divul-gação da sua Missão e das actividades que se realizam sob os seus auspícios na Língua que identifica o País.

Acreditamos que este exercício não será apenas o registo de memórias, mas uma constatação de manifesta vontadee constância na nossa afirmação.

Orgulhamo-nos da Língua, valorizamos o País!

EmbaixadorManuel Soares Abrantes

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Um idioma que é considerado umarealidade orgânica e dinâmica, nasce,cresce e outras morrem, é tambémtransmissora de conhecimentos, sen-timentos e um elo de ligação e comu-nicação e entendimento entre Povos eCulturas, é assim que também se definea Língua Portuguesa, imbuída ela de his-tória global, de costumes, de vivên-cias e tradições comuns na diversi-dade, que vai forjando matrizes comu-nitárias, as sociedades, as nações, àmedida e semelhança do seu meioambiente, tornando ela não exclusiva deum, mas património de todos.

Se o escritor português VirgílioFerreira afirmava que “Da minha línguavê-se o mar”, é este mar o símbolo dosvalores do universalismo do encontro deculturas, da confirmação de um BemComum num futuro global.

Foi então na VII Conferência deChefes de Estado e de Governo daComunidade dos Países de Língua

Portuguesa (CCEG-CPLP), decorridano Centro Cultural de Belém, em Lisboa,Portugal, que os Estados-membrosdecidiram aprovar o tema da Confe-rência, “A Língua Portuguesa: Um Patri-mónio Comum, Um Futuro Global” omote inspirador da adopção de umaDeclaração sobre a Língua Portuguesa,que visa o compromisso de uma actua-ção conjunta com vista a uma efectivauniversalização da Língua Portuguesa,através de medidas reais, concretas ealcançáveis.

Neste âmbito, os Estados-mem-bros da CPLP decidiram em conjuntorelevar a importância do papel doInstituto Internacional de LínguaPortuguesa (IILP) enquanto Instituiçãocomum para a defesa e promoção daLíngua Portuguesa no espaço da CPLP,para assim tornar possível o compro-misso assumido pelos Estados-mem-bros no sentido de continuarem a des-envolver mecanismos com vista à intro-

A Língua Portuguesa: um património comum,

um futuro global

Projecção global da LínguaPortuguesa aprovada

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dução da Língua Portuguesa em Orga-nizações regionais, internacionais ouagências especializadas, à sua utiliza-ção efectiva em todas as organizaçõesonde o português já constitui línguaoficial ou de trabalho.

Um dos entraves para a prosse-cução deste desígnio prende-se coma questão da existência de duas orto-grafias na Língua Portuguesa, o quevem por vezes a dificultar ou a tornarmais morosa a concertação político--diplomática entre os Estados-mem-bros da CPLP na busca de estratégiascomuns e globais. Sendo assim, foilançado um apelo de unificação orto-gráfica, através de um acordo, proces-so esse conhecido pelo Acordo Orto-gráfico. Por outro lado, aos Estados-membros que já ratificaram o AcordoOrtográfico, foi também feito um apelono sentido da adopção das tais medi-das para que permitam a sua entradaem vigor.

Durante a VII CCEG-CPLP, foramtomadas outras que se prenderam coma criação do Fundo da Língua Portu-guesa por parte do Governo Portuguêse por fim, foi apelado aos Estados--membros a desenvolver políticas depromoção conjunta da Língua Por-tuguesa, considerando ser prementeuma coordenação eficaz e dinâmicada política da língua entre todos osEstados-membros.

No plano das principais Decla-rações aprovadas, a principal foi a cha-mada Declaração de Lisboa, em que osChefes de Estado e de Governo quise-ram reforçar o aprofundamento daconcertação político-diplomática intra eextra Estados-membros, tendo em vistauma maior projecção internacional daCPLP, uma maior concertação para acooperação multilateral para o desen-volvimento e promoção e divulgação daLíngua Portuguesa como língua interna-cional.

A estratégia da internacionalização da Língua Portuguesa

De que forma será implementada aestratégia da internacionalização daLíngua Portuguesa? Eis uma questão deinteresse para uma Comunidade que éconstituída por mais de 200 milhões depessoas, que partilham um mesmoidioma. Os Chefes de Estado e deGoverno da CPLP entenderam entãoque seria pertinente a assunção daconcertação política, marcada pela inte-gração, inclusão e estruturação, com oobjectivo da projecção da LínguaPortuguesa como Língua Global. Destemodo, em conjunto, declararam aactuação concertada no processo deefectiva mundialização da LínguaPortuguesa, nomeadamente, atravésdo apoio à introdução da LínguaPortuguesa em Organizações Interna-cionais, regionais ou agências especia-lizadas, comprometendo-se a concer-

Estudantes da escola “Externato de São José” em Díli, Timor-Leste

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tar e harmonizar programas que promo-vam, na cena internacional, o valor cul-tural económico do Português, desi-gnadamente através de projectoscomuns suportados pelas tecnologiasde informação e comunicação.

A Formação Técnica foi conside-rada uma das prioridades da Comu-nidade, através do compromisso paraa coordenação dos esforços de coope-ração no domínio das traduções e inter-pretações e implementação de tecno-logias de informação e comunicação, apar da promoção do Português comoLíngua Estrangeira onde os própriosChefes de Estado e de Governo daComunidade dos Países de LínguaPortuguesa assumiram a actuaçãoconjunta da concertação de progra-mas comuns para o Ensino doPortuguês como Língua Estrangeira,através da criação de redes de profes-

sores e difusão dos sistemas de certi-ficação do Português como LínguaEstrangeira.

Timor-Leste e a CPLPDa Declaração de Lisboa, os

Estados-membros da CPLP considera-ram de particular importância o compro-misso para envidar esforços para apoiarTimor-Leste na cooperação para a rein-trodução, promoção e difusão daLíngua Portuguesa, um dos pilares fun-damentais de diferenciação e sobrevi-vência identitária da jovem Nação inse-rida numa região bastante dinâmica ecompetitiva. Dando grande relevo àconcertação das políticas de coopera-ção com o Governo de Timor-Lestepara o desenvolvimento e implementa-ção da Língua Portuguesa no terrenoatravés do Instituto Internacional deLíngua Portuguesa.

Este compromisso, ora firmadopelos Estados-membros da CPLP, nelesincluído Timor-Leste, passa tambémpela partilha de experiências e de esfor-ços no sentido de serem definidas li-nhas de orientação do ensino que visemespecificamente a aprendizagem daLíngua Portuguesa, através da formaçãoespecializada dos professores para oensino do Português como uma da lín-guas oficiais.

Os Estados-membros da CPLPdurante a VII CCEG-CPLP, mostraram-seempenhados no apoio à contínuaconcertação político-diplomática e tam-bém à cooperação através do PlanoIndicativo de Cooperação, o que de-monstra um sinal de vitalidade da Comu-nidade na cooperação entre os seusEstados-membros, conscientes da suaimportância geopolítica, geoeconómicae geoestratégica no futuro presente. n

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A República Democrática de Timor-Leste (RDTL) tornou-se no oitavoEstado-membro de pleno direito daComunidade dos Países de LínguaPortuguesa (CPLP) a 1 de Agosto doano de 2002, aquando da aprovação da“Declaração sobre a Aceitação doPedido de Adesão da RDTL à CPLP” naIV Conferência dos Chefes de Estado ede Governo da CPLP realizada emBrasília, no Brasil, seis anos após acriação da CPLP.

A relação entre Timor-Leste e aComunidade dos Países de Língua Por-tuguesa foi desde sempre muito estreita.

Este jovem País de Língua Portu-guesa situado no Sudeste-Asiático podecontar desde os tempos da resistênciaà ocupação indonésia com o apoio esolidariedade da CPLP, então consti-tuída em 1996, no esforço de restaura-ção da sua independência nacional.

Da resenha histórica deste relaciona-mento que é agora recordado, tem gran-de significado a importância que repre-senta a Comunidade para Timor-Leste ea janela de oportunidades que esta jovemNação pode representar para os seusEstados-membros, na referência à dife-rencialidade leste-timorense na região.

Em 1996, pela primeira vez, osChefes de Estado e de Governo daCPLP receberam no decurso da IConferência, uma delegação daComissão Coordenadora da FrenteDiplomática da Resistência Timorense,

que teve a oportunidade de intervir,expondo as preocupações pela situaçãoprevalecente em Timor-Leste e a sua lutapela liberdade e dignidade do Povoleste-timorense, designadamente, peloexercício do seu direito inalienável àauto-determinação. A reacção dos entãoChefes de Estado e de Governo daCPLP foi no sentido de afirmar a sua fir-meza em promover acções concertadascom o intuito de garantir o respeitopelos Direitos Humanos e pelas Liber-dades Fundamentais no território e aobtenção de uma solução justa, globale internacionalmente aceitável para aquestão de Timor-Leste, no pleno res-peito pelos legítimos direitos e aspira-ções do seu Povo, em conformidadecom o Direito Internacional. Dois anosvolvidos, em 1998, durante a reunião do

Conselho de Ministros da CPLP emCabo Verde, Timor-Leste foi formal-mente admitido com o estatuto deobservador convidado na CPLP.

Então, no ano seguinte, em 1999,momento marcado pelas negociaçõesentre Portugal e a Indonésia, sob aégide da Organização das NaçõesUnidas para a realização do referendosobre a questão de Timor-Leste, e pos-teriormente pelo resultado do referendoe decisão do Povo timorense pelaIndependência, os Governos dosEstados-membros da CPLP já tinhamexpressado desde o início o seu totalapoio ao processo, mobilizando umamissão de observação eleitoral, quadrospara a Missão das Nações Unidas emTimor-Leste (UNAMET), por forma agarantir o êxito da consulta popular.

Enquadramentohistórico de

Timor-Leste e a CPLP

Encontro histórico no ano 2000 entre o então Presidente do Conselho Nacional daResistência Timorense (CNRT), Comandante Xanana Gusmão e o primeiro Secretário

Executivo da CPLP, Marcelino Moco

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Por outro lado, pela preocupaçãopela persistência da situação de insegu-rança que então assolava o Território, osGovernos dos Estados-membros daCPLP apelaram às autoridades indoné-sias, e em particular às suas forças arma-das, a respeitarem a neutralidade a quese obrigaram, pondo termo à instigaçãoda violência e intimidação, a fim de seremcriadas condições para uma consultagenuinamente livre e democrática.

A 1 de Outubro de 1999, o entãoPresidente do Conselho Nacional daResistência Timorense (CNRT), Co-mandante Kay Rala Xanana Gusmãovisitou pela primeira vez o SecretariadoExecutivo da CPLP e encontrou-secom o Secretário Executivo da CPLP,Marcelino Moco.

Na entrada no novo milénio, já eracerteza que Timor-Leste viria a consti-tuir o oitavo Estado-membro da CPLP,logo que se constituísse Estado e eragarantida a adopção da Língua Portu-guesa a par do Tétum como idiomas ofi-ciais.

As manifestações de apoio àreconstrução de Timor-Leste não tarda-ram, durante a III Conferência de Chefesde Estado e de Governo da CPLP, emque participou pela primeira vez, oPresidente do CNRT, Comandante KayRala Xanana Gusmão, os Estados-mem-bros da CPLP reiteraram o compro-misso da Organização e dos seus paí-ses em apoiarem o desenvolvimentoinstitucional, político, cultural e social deTimor-Leste, com forte desejo de ver embreve, fixadas datas para a realização deeleições gerais e formalização da restau-ração da independência de Timor-Leste.

No decorrer da IV Conferência deChefes de Estado e de Governo, rea-lizada em Brasília, Brasil, no ano de2002, tornou-se no momento em quehá muito se aguardava, a RepúblicaDemocrática de Timor-Leste reuniriafinalmente as condições necessáriaspara aceder ao estatuto de Estado--membro de pleno Direito da CPLP,vendo assim cumprido a vontade edesejo dos Estados-membros da

Comunidade, no esforço de apoiar alibertação de um País com quem par-tilham uma mesma História e Língua.

Processo histórico da constituição da CPLP

Num olhar retrospectivo domomento de nascimento da CPLP,remonta-nos a 17 de Julho de 1996,em Lisboa, aquando da realização daI Conferência de Chefes de Estado e deGoverno que marcou o estabelecimentoda Comunidade dos Países de LínguaPortuguesa, entidade que reuniu àaltura, países como Angola, Brasil,Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçam-bique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Reuniram-se os Chefes de Estadoe de Governo dos Estados-membros daComunidade dos Países de LínguaPortuguesa, o Presidente de Angola,José Eduardo dos Santos; do Brasil,Fernando Henrique Cardoso; de CaboVerde, Mascarenhas Monteiro; dePortugal, Jorge Sampaio, o primeiro-ministro português, Antonio Guterres; daGuiné-Bissau, João Bernardo "Nino"Vieira; de Moçambique, JoaquimChissano; o representante de São Tomee Príncipe e ainda o Secretario Executivoda CPLP, Marcolino Moco, durante aConferência Constitutiva da CPLP.

A CPLP assume-se como um novoprojecto político cujo fundamento é aLíngua Portuguesa, vínculo histórico e

património comum dos Oito – que consti-tuem um espaço geograficamente des-contínuo, mas identificado pelo idiomacomum. Esse factor de unidade temfundamentado, no plano mundial, umaactuação conjunta cada vez mais signi-ficativa e influente. A CPLP tem comoobjectivos gerais a concertação políticae a cooperação nos domínios social, cul-tural e económico. Para a prossecuçãodesses objectivos a Comunidade tempromovido a coordenação sistemáticadas actividades das instituições públicase entidades privadas empenhadas noincremento da cooperação entre osseus Estados-membros.

As acções desenvolvidas pelaCPLP têm objectivos precisos e tradu-zem-se em directivas concretas, volta-das para sectores prioritários, como aSaúde e a Educação. Para tal, pro-cura-se mobilizar interna e externa-mente esforços e recursos, criandonovos mecanismos e dinamizando osjá existentes.

A reunião deste grupo de Estados– situados em quatro Continentes eenglobando mais de 230 milhões depessoas – consolidou uma realidade jáexistente, resultante da tradicionalcooperação Portugal-Brasil e dos novoslaços de fraternidade e cooperaçãoque, a partir de meados da década de1970, se foram criando entre estesdois países e as novas nações de lín-

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Conferência de Chefes de Estado e de Governo, reunidos em Brasília, no Brasil, de31 de Julho a 1 de Agosto de 2002

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dagua oficial portuguesa. A institucionali-

zação da CPLP traduziu, assim, umpropósito comum: projectar e consoli-dar, no plano externo, os especiaislaços de amizade entre os Países deLíngua Portuguesa, dando a essasnações maior capacidade para defen-der seus valores e interesses, calcadossobretudo na defesa da democracia, napromoção do desenvolvimento e nacriação de um ambiente internacionalmais equilibrado e pacífico.

Neste esforço, são utilizados nãoapenas recursos cedidos pelos gover-nos dos países membros, mas também,de forma crescente, os meios disponi-bilizados através de parcerias comoutros organismos internacionais, orga-nizações não-governamentais, empre-sas e entidades privadas, interessa-das no apoio ao desenvolvimento sociale económico dos Países de LínguaPortuguesa.

No tocante à concertação político--diplomática, tem-se dado expressãocrescente aos interesses e necessi-dades comuns em organizações mul-tilaterais, como a Organização dasNações Unidas (ONU), Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação,Ciência e Cultura (UNESCO), aOrganização das Nações Unidas paraa Agricultura e Alimentação (FAO), aOrganização Mundial da Saúde (OMS)e a Organização Internacional doTrabalho (OIT).

Nos fora regionais e nas negocia-ções internacionais de carácter políticoe económico, a CPLP tem-se assumidocomo um factor capaz de fortalecer opotencial de negociação de cada umdos seus Estados-membros.

No campo económico, procura-seaproveitar os instrumentos de coopera-ção internacional de um modo maisconsistente, através de uma concerta-

ção regular entre os Oito. Outro pontoimportante em que se tem vindo a des-envolver esforços significativos é o dacooperação empresarial.

Para a valorização e difusão doidioma comum, realça-se o papel cres-cente que é exercido pelo InstitutoInternacional da Língua Portuguesa(IILP), sedeado em Cabo Verde, assimcomo pelo Secretariado Executivo daCPLP, que desenvolveu uma rede deparcerias voltadas para o lançamento denovas iniciativas nas áreas da promo-ção e difusão da Língua Portuguesa.

Seis anos mais tarde a seguir àConstituição, a 20 de Maio de 2002,com a reconquista da sua indepen-dência, Timor-Leste passou a integrarcomo Estado-membro de pleno direitoda Comunidade.

FONTES: Embaixada de Timor-Leste em

Lisboa, Portugal/ SE CPLP n

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Importância geopolíticada Língua Portuguesa paraTimor-Leste

1. O valor universal da LínguaO valor universal da Língua Portu-

guesa concebida pela sua dimensãocultural, social, científica e histórica naconfluência de civilizações constituemreconhecidamente alicerces fundamen-tais na identificação da vida da naçãotimorense e o seu Estado. O fenómenode aculturação de séculos veiculadapela Língua Portuguesa e pela Religião,plasmada por normas e do Direito dematriz civilista ou continental, pujante demanifestações de cultura, gastronomia,arte e conhecimento que remonta sécu-los de existência, fez de Timor-Leste amoldura cultural de referência. OPortuguês é a língua do saber. Uma“janela” de oportunidades para o Mundo.Como Língua de cariz universal trazconhecimentos de ciência, tecnologia evalores humanos. Em torno desta Língua,nascem e crescem valores inconfundíveisque embrionaram o espírito da naçãotimorense, constituindo as bases estru-turantes para o desenvolvimento social,político e económico do País.

Acrescido a estes valores, a Língua

Portuguesa constitui inequivocamentepara Timor-Leste, a par da Língua Tétume dos símbolos nacionais, o valor singu-lar e a diferenciação para a delimitaçãopolítica da sua soberania e o indicativodeterminante da sua fronteira geográfica,na caracterização da sua cidadania e doseu espaço lusófono. Pela razão de serdesta identidade e do espaço onde seencontra, é o garante fundamental parao equilíbrio geopolítico de Timor-Leste naregião, procurando de forma inteligentee concertada a defesa dos seus interes-ses nacionais.

É indiscutível que a Língua Portu-guesa, como denominador comum evector de comunicação num universo demais de 240 milhões de falantes doidioma nos quatro cantos do Globo,desenvolve fortes relações, sociais einternacionais, sendo ao mesmo tempofactor de união, identidade e força.

2. Factor IdentitárioComo atrás se referiu, a caracteriza-

ção desta identidade veiculada pela línguanão se esconde e nem se prescreve no

tempo. Ganha de forma expressiva coma reconquista da Independência de Timor--Leste. Consolida-se com o testemunhodo seu credo e a sua fé. É a língua darazão e da liberdade. Através dela seexprime a vontade do povo timorense.Afirmam-se os valores da cidadania, dahistória, escreve-se as bases da fundaçãoda sua nacionalidade; a constituição polí-tica e serve de elo para com muitos povose países espalhados no Mundo.

A sua identidade leva-o à sua ade-são ao espaço lusófono, uma ligação pri-vilegiada pela luta e pela história depovos e continentes com a Comunidadedos Países de Língua Portuguesa(CPLP). Esta identidade traz a auto estimados seus povos, a interacção socialdos mesmos e o seu relacionamento.

A soberania do seu espaço e do seuterritório faz Timor-Leste o País insular de15007 km2, com a sua orla e fronteiramarítima uma bandeira da lusofonia sem-pre vibrante ao mundo.

A Língua portuguesa para Timor--Leste é fundamental. Torna-o distinto asua soberania. Constitui sobremaneira o

Mural emblemático numa das ruas do Distrito de Manatuto

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pilar da sobrevivência política, o equilí-brio geopolítico e económico na região.

Reconhecido este valor de identi-dade nacional, a Língua Portuguesa é ovector de ligação e comunicação com osPaíses da CPLP na sua inter-relaçãohumana, cultural e política mais diversas.

A Língua e a Cultura – vectoresintrínsecos e insubstituíveis – são valo-res encontrados nesta identidade lusó-fona; esta vertente bicéfala tanto pela lín-gua como pela cultura, produz necessa-riamente um forte impacto no mundo. ALíngua Portuguesa constitui de facto,um património comum, um futuro global.

3. Vector da concertaçãopolítico-diplomáticaA Língua Portuguesa e a sua Comu-

nidade, expressões de liberdade consti-tuem factores de reflexo do estreita-mento de relações sociais e relaciona-mento entre povos e nações, que lhessão atribuídos reconhecimento da polí-tica e concertação de esforços na lutapara a libertação de Timor-Leste e afirma-ção da Independência do País. Timor--Leste invadido e ocupada pela Indonésiae bloqueada pela Austrália viu-se impe-dido de exercer a sua auto-determinaçãoe a afirmação da sua soberania em maisde duas décadas, onde foi dizimadamais de um terço da sua população.Facto que a História contemporânearegista com profundo pesar, assim comoos próprios leste-timorenses. Não sepode subestimar a importância que aCPLP representa para os seus membros.Este é um fórum multilateral privilegiadopara o aprofundamento das suas rela-ções sociais, culturais e políticas atravésda cooperação entre os estados mem-bros, concertação politica e diplomáticanos fóruns internacionais, apoio à conso-lidação dos Estados-membros e prosse-cução dos seus objectivos nacionais.

4. Importância geopolíticada LínguaO interesse capital: É o interesse

nacional. Assenta-se nestas premissas de

valores demonstrados neste fenómeno docapital linguístico lusófono e da lusofoniaque se deve à importância da LínguaPortuguesa para Timor-Leste. Nestecontexto apontam-se os seguintes valo-res: O equilíbrio geopolítico de Timor-Leste passa também pelo reforço dacooperação privilegiada com os outros paí-ses da CPLP, e ainda pelo multilateralismoe projecção de uma economia de enver-gadura, pela concertação politico-diplomá-tica, pelas vertentes sociais, culturais epelas vantagens comparativas e compe-titivas com outros povos não lusófonos.

Ao enunciar-se a importância geo-política da Língua e Timor-Leste ao assu-mir-se como Estado-membro de plenodireito da Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa - Comunidade pre-sente nos quatro continentes - Timor--Leste assume naturalmente a importân-cia do valor estratégico que esta estru-tura multilateral de Estados, confluentesfalantes da língua comum, representa.

Esta importância geopolítica assumecada vez maior projecção no Mundocom a concertação política e diplomá-tica dos seus Estados-membros, aindano reforço da cooperação a nível eco-nómico, social e tecnológico e na defesados seus interesses nacionais.

5. Equilíbrio geopolíticoregional Para além do aprofundamento das

nossas relações com as diversas Orga-nizações Internacionais, entre as quais,

a Comunidade dos Países de LínguaPortuguesa e plataformas regionais, seriaigualmente imprescindível e natural, pro-mover-se a franca cooperação com osEstados vizinhos no âmbito da política deboa vizinhança e intercâmbio comer-cial. Por outro lado torna-se de sumaimportância o desenvolvimento de Timor--Leste no sentido da diminuição dadependência do apoio externo.

Como é sabido, Timor-Leste detémuma posição e um valor geoestratégicode grande importância por estar situadonum dos quatro principais canais depassagem marítimos que faz a ligaçãoentre o Oceano Índico e o Pacífico. Porestar localizado na fronteira entre osudeste do continente asiático e aOceânia, faz com que haja necessidadede haver uma sensibilidade acrescidasobre esta questão.

Tendo em vista os objectivos deinteresse nacional enunciados, seriapertinente que Timor-Leste pudesseusufruir na plenitude os seus recursos,desde o capital humano aos recursosnaturais dando exemplo a importânciaque representa a área marítima soberanade Timor-Leste que requer reforço devigilância das suas águas territoriais.Como tem sido constatado, as águasterritoriais de Timor-Leste têm sido porvezes alvo de incursões ligadas a acti-vidades de pesca ilegal. Anualmente,Timor-Leste tem um prejuízo de cerca de30 milhões de dólares (19,8 milhões deeuros) devido a estas actividades que

Ensino do português na escola primária em Com, Lospalos

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prejudicam os recursos naturais e violama soberania do País.

6. Vantagens comparativase projecção económicaAlguns exemplos de afirmação dos

Estados-membros da CPLP no mundo,como é o caso do Brasil que territorial-mente é quase um continente e os índi-ces de desenvolvimento deste País tudoapontam para que se torne numa potên-cia mundial, desde já como líder doMercado Comum do Sul (MERCOSUL),a par dos esforços verificados dos paí-ses emergentes da CPLP como Angola,Cabo Verde e Moçambique se tornemimportantes intervenientes regionais(Comunidade Económica dos Estadosda África Ocidental - CEDAO, Comuni-dade de Desenvolvimento da ÁfricaAustral - SADC, União Africana - UA) eainda Portugal como Estado Membro daUnião Europeia.

Espaço de interrelacionamento devários espaços regionais: União Europeia

com a casa da Europa, Portugal deforma bilateral, o Brasil através daAgência Brasileira de Cooperação (ABC).

Língua oficial de oito Estados dequatro continentes, o Português é tam-bém Língua de comunicação de dozeorganizações internacionais, nomeada-mente na União Europeia, Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação,Ciência e Cultura (UNESCO), MERCO-SUL, Organização dos Estados Ameri-canos (OEA), União Latina, AliançaLatino-Americana de Comércio Livre(ALALC), Organização dos EstadosIbero-americanos (OEI), Organização deUnidade Africana (OUA), União Eco-nómica e Monetária da África Ocidental,idioma obrigatório nos países do Merco-sul e língua oficial da SADC, organizaçãoque integra a maioria dos países africa-nos do hemisfério sul.

Da Cooperação surgida da Confe-rência de Chefes de Estado e deGoverno da ÁSIA e da EUROPA “ASEM”(Asia-Europe Meeting), entre os Países

da União Europeia e os Países daAssociação das Nações do Sudeste--Asiático (ASEAN) e China, Coreia eJapão, com a entrada de Timor-Lestecomo Estado-membro de pleno direitona ASEAN em 2012 será um dosmomentos em que estarão presentesdois Países de Língua Portuguesa (Timor-Leste e Portugal). Nesta Organizaçãoestão representadas as regiões maisprósperas do Mundo.

Projecção da Língua Portuguesa nosquatro continentes. A língua é falada naÁfrica pelos países que formam os PaísesAfricanos de Língua Oficial Portuguesa(PALOP), na América Latina pelo Brasil,na Europa por Portugal e na Ásia porTimor-Leste. É considerável o peso queesta língua tem no mundo. Hoje, mais de240 milhões de pessoas falam oPortuguês, o equivalente a cerca dequatro por cento da população mundial.

Traz a capacidade de projecçãode influência e poder de cada Estado--membro da CPLP nos espaços geo-

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gráficos, tanto terrestres como maríti-mos, recordando a possibilidade deestreitamento de laços de cooperaçãocom as Organizações Regionais ondese inserem os Estados-membros per-tencentes à Comunidade.

No conceito da maritimidade da CPLP,será importante recordar que cobre maisde 9/12 da superfície do planeta, é e conti-nuará a ser no futuro próximo o mar a viamais eficiente e económica para as trocascomerciais e são as zonas costeiras noplaneta, orlas marítimas, as zonas onde sesituam as sociedades mais prósperas.

7. Cooperação Internacional Sendo a Língua um factor comum na

Comunidade, tornar-se-á fácil o enten-dimento e a comunicação dos mesmosque fortaleça a cooperação entre osEstados. Esta mesma língua cria tambémlaços de amizade, solidariedade, sentidode defesa mútuos e de interessescomuns de cada um dos Países deLíngua Portuguesa. O enquadramento deTimor-Leste neste relacionamento estra-tégico torna-o privilegiado com osEstados-membros da CPLP designa-damente com a cooperação portuguesa,brasileira, angolana e cabo-verdiana.Anota-se que actualmente o Brasil eAngola constituem Estados potencial-mente emergentes, o primeiro a nívelmundial e o segundo a nível regional.

É na cooperação que se tornamreais as vantagens privilegiadas queTimor-Leste usufrui com Portugal e oBrasil em áreas tão diversas, desde aconstrução de infra-estruturas básicaspara o povo e para a construção do apa-relho de Estado, o desenvolvimentorural, a agricultura, pequenas e médiastecnologias, sector da saúde, ensino eeducação, sector da justiça e a segu-rança e a defesa. Timor-Leste através dasua cooperação bilateral com Portugalabsorve 40 por cento do pacote de aju-das da cooperação Internacional portu-guesa baseada nas referências daOrganização de Cooperação eDesenvolvimento Económico (OCDE),constituindo o segundo maior doador de

Timor-Leste, depois da Austrália, tendocanalizado no período de 2004-2006para Díli um total de 149,5 milhões dedólares (cerca de 119 milhões de euros).Do mesmo tratamento, Timor-Lestebeneficia também com o Brasil atravésda cooperação da Agência Brasileira deCooperação (ABC).

Existe a manifestação de intençõesdo reforço da cooperação com Angolae Cabo-Verde, num futuro próximo comoutros Estados-membros da CPLP oriun-dos dos PALOP, nas formas bilateral, eno formato trilateral a serem identificadosum parceiro financiador.

ConclusãoPrimar-se pela defesa dos interes-

ses nacionais, isto é afirmaçãoconstante e a capitalização do inte-resse nacional são a revelação do ver-dadeiro patriotismo. O capital histórico,o capital cultural, o conhecimento e aciência onde a Língua Portuguesa e ovector desta transformação, trazemconsigo os valores da sua defesa, deauto-realização, oportunidades e pontode ligação com outros povos no estrei-tamento dos seus valores e no reforçoda cooperação para o seu desenvolvi-mento. O realismo político, outroraimpregnado de ironia, é-nos agora afá-vel na plena asserção da palavra, asso-ciada ao idealismo do interesse nacio-nal da Pátria Timor-Leste. Em causa estáa sobrevivência e a defesa do Estado-Nação num mundo cada vez mais com-plexo, globalizado e interdependente, oque torna desafiador num espírito deambição exigir o máximo e a excelên-cia para se alcançar o possível.

O reforço da cooperação internacio-nal para o desenvolvimento económicode Timor-Leste terá de ser consideradocomo uma alavanca nesta fase inicial emque se encontra a jovem Nação, salien-tando as vantagens comparativas ecompetitivas do factor da LínguaPortuguesa que representa para o País.

Em termos prospectivos salienta-se a importância da dimensão a médioe longo prazo dos mercados lusófonos,

uma vez que segundo as projecções doRelatório da ONU sobre a situação dapopulação mundial prevê-se o cresci-mento para cerca de 360 milhões deconsumidores, tornando a LínguaPortuguesa um factor de vantagem com-parativa para a dinâmica das relaçõeseconómicas e comerciais inter-conti-nentais onde estão representados osEstados-membros da CPLP.

A nível regional onde Timor-Leste seinsere é de enorme vantagem consta-tar que está localizado entre regiõeseconomicamente dinâmicas como oSudoeste Asiático e a Oceânia, paraalém da facilidade de acesso à econo-mia da Ásia-Pacífico.

Por outro lado, são visíveis as opor-tunidades no que toca ao capital histó-rico e cultural da Língua Portuguesa naÁsia, remontando ao legado deixadopelo período de influência portuguesa, oque poderá traduzir numa mais valia daaproximação de mercados e afinidadescivilizacionais como por exemplo comMalaca na Malásia, Macau na China,Tailândia, Vietname, Japão, entre outros.

Na sequência do que foi deliberadona sétima conferência de Chefes deEstado e do Governo da CPLP, a apostanas tecnologias de informação e comu-nicação poderão para além de promovera Língua Portuguesa como ferramenta detrabalho, dinamizar o sentido crítico dainovação tecnológica que se torna fun-damental no aspecto da vantagem com-petitiva de qualquer economia.

Augura-nos afirmar o que já muitasvezes se tem abordado como estratégiae visão da Língua Portuguesa, comofactor de diferenciação da matriz identi-tária neste mundo global deve haver umesforço em definir novas fronteiras glo-bais, fronteiras da Língua e da Cultura.Como meia ilha que é, Timor-Lesteganha com a Língua Portuguesa essafronteira global e ampla, que atravessaoceanos e une continentes. Com aLíngua Portuguesa deixamos de nossentir apenas como esta ilha para nossentirmos parte deste mundo global.

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O Acordo Ortográfico tem constituído nos últi-mos anos e meses, senão mais intensamente noúltimo ano, um tema de amplo debate em instân-cias governamentais e de Estado, bem como no seioda sociedade civi l dos Estados-membros daComunidade dos Países de Língua Portuguesa.Finda a VII Conferência de Chefes de Estado e deGoverno da CPLP, os países de Língua OficialPortuguesa adoptaram uma estratégia global comumpara a promoção e difusão da Língua não só comoveículo de encontro cultural mas também comoferramenta de trabalho. A ambição é a de transfor-mar a Língua Portuguesa numa ferramenta decooperação internacional, onde se possa fazer ouvirnas instâncias internacionais.

Não obstante, também no seguimento dosdebates sobre o Acordo, surgiram posições contes-tatárias que são apresentadas no presente artigo.

O Acordo Ortográfico foi apresentado a Timor--Leste após a Restauração da IndependênciaNacional por se reunirem condições para que oAcordo Ortográfico pudesse ser submetido a aná-lise e discussão. Durante o Encontro dos Ministrosda Defesa da CPLP em Díli, o Ministro dos NegóciosEstrangeiros em declarações à imprensa pronunciouque será feita uma Declaração de Intenção.

Durante a VII CCEG-CPLP, o Presidente daRepública, José Ramos-Horta, ao firmar a De-claração de Lisboa, congratulou a adopção demedidas que permitam a sua entrada em vigor emTimor-Leste.

As vantagens da adopção do Acordo Ortográficopoderão passar pelas seguintes razões:

• De natureza histórica. De facto, será imperiosopôr cobro a uma deriva ortográfica de quaseum século;

• De âmbito lusófono e internacional. Sendo aLíngua Portuguesa um instrumento de comu-nicação de oito países, de quatro continen-tes, com mais de duzentos milhões de falan-tes, e língua oficial ou de trabalho de umadúzia de organizações internacionais, tor-nar-se-á urgente que se disponha de uma sóortografia unificada, para uma mais fácilconcertação;

• De natureza pedagógica e internacional. Nosvários estabelecimentos de ensino e institui-ções no mundo ensinam-se e cultivam-se oportuguês, conviria que houvesse uma sóortografia, ao invés de duas, para facilitar aaprendizagem;

AcordoOrtográfico

“Uma estratégia de concertação global”

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As origens das duas ortografias daLíngua Portuguesa

Fazendo uma retrospectiva da origem da diver-gência ortográfica da Língua Portuguesa, esta ques-tão surgiu no rescaldo da Implantação da RepúblicaPortuguesa, realizou-se então a 1ª Reforma Oficialda Ortografia Portuguesa que, em 1911, estabele-ceu uma ortografia simplificada, consagrada nos tex-tos oficiais de ensino, então adoptada pelo Estadoportuguês.

A questão teve então origem nesta profundareforma que não foi concertada no momento coma República Brasileira, e desde essa data a línguatem comportado duas grafias.

Sucede que a língua, como realidade dinâmicaque é, está sujeita a evolução, e também constituium veículo de transmissão de conhecimento, de tec-nologia e de entendimento e encontro entre Povos.A ortografia do Português, não sendo excepção, eas duas ortografias então existentes desenvolveram--se por caminhos diferentes, adaptadas às suas rea-lidades locais, não obstante as várias iniciativas dePortugal e do Brasil, singulares e concertadas, nosentido da unificação.

Harmonizar sinergiasHoje, encontramo-nos num mundo globalizado,

onde as distâncias físicas foram encurtadas pelastecnologias de informação e comunicação, e perantea realidade da existência de mais de 200 milhõesde pessoas que falam Português em todo o mundo,tornou-se urgente uma maior concertação de esfor-ços no sentido de reorientar e harmonizar as siner-gias de cooperação entre os Países de LínguaOficial Portuguesa, tendo em vista uma projecçãoglobal, sendo pertinente a reunificação da ortogra-fia, através do Acordo Ortográfico.

No seguimento dos desenvolvimentos, osEstados signatários do Acordo contam-se comAngola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçam-bique, Portugal e São Tomé e Príncipe, onde seencontra em aberto a adesão de Timor-Leste, queem 1990 ainda não tinha restaurado a independên-cia.

Neste sentido, o Acordo Ortográfico na suaversão original, de 1990, previa a entrada em vigorapenas quando se verificasse a ratificação portodos os signatários.

Os Protocolos Modificativos assim adoptadosalteraram apenas a modalidade de entrada em vigordo Acordo. O conteúdo, i.e., as alterações ortográ-ficas do Acordo Original mantêm-se.

Não obstante, foi necessário um SegundoProtocolo Modificativo pois as alterações produzi-das pelo primeiro, alargando o prazo para entradaem vigor, demonstraram-se ineficazes. A assinaturado 2º Protocolo estabelece que, o AcordoOrtográfico entrava em vigor com a ratificação portrês dos Estados signatários, naturalmente, para osEstados que procedessem à ratificação. O PrimeiroProtocolo Modificativo, não apresenta hoje qualquerconteúdo prático.

O Acordo, na sua redacção original de 1990,previa a entrada em vigor a 1 de Janeiro de 1994,após o depósito dos instrumentos de ratificação detodos os Estados signatários. Esta disposição tor-nou-se letra morta quando a data foi ultrapassadasem terem sido efectuadas as ratificações.

Esta redacção foi alterada pelo ProtocoloModificativo e em bom rigor, visto que não se extraidos textos qualquer outra data, não existe um prazopara ratificação do Acordo.

Desde 1994 até à actualidade, esta questãocontinuou pertinente e houve a necessidade de “res-suscitar” o Acordo Ortográfico pela Língua Portu-guesa ser o idioma oficial em oito Estados sobera-nos, mas que tem duas ortografias, ambas correc-tas, a de Portugal e a do Brasil. Não se trata de umaimposição unilateral de nenhuma das partes, mastambém é verdade que daí advêm desvantagens namanutenção desta situação e a língua será interna-cionalmente tanto mais importante quanto maiorfor o seu peso unificado.

A existência de dupla grafia limita por si adinâmica do idioma e as diferenças criam obstá-culos, maiores ou menores, em todos os incontá-veis planos em que a forma escrita é utilizada: sejaa difusão cultural i.e. literatura, cinema, teatro; adivulgação da informação i.e. jornais, revistas,mesmo a TV ou a Internet; as relações comerciaisi.e. propostas negociais, textos de contratos etc.,onde o Português escrito é utilizado. Isto, se consi-derarmos apenas as relações intracomunitáriasnos oito países da CPLP.

Nas relações internacionais, recorde-se queexistem quatro grandes línguas – o Inglês, Francês,

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Português e Espanhol – e que o Português é a únicacom duas grafias oficiais.

Assim, no plano intracomunitário, a dupla grafiadificulta a partilha de conteúdos, no plano internacio-nal, limita a capacidade de afirmação do idioma,provocando, por exemplo, traduções quer literáriasquer técnicas diferentes para Portugal e Brasil.

A contestação surgida ao AcordoDepois de analisadas as questões em prol do

Acordo Ortográfico, analisaremos de seguida osargumentos do “Não”, em parte surgidas emPortugal, através de um movimento da sociedadecivil que apresentou o “Manifesto em Defesa daLíngua Portuguesa”.

O Manifesto fez-se ecoar por instâncias oficiais,sociedade civi l e apresentado às MissõesDiplomáticas dos Estados-membros da CPLP, entreas quais, à Embaixada de Timor-Leste em Portugal.

No plano substantivo, os signatários apelaramà “correcção das inúmeras imprecisões, erros eambiguidades do texto actual”, “eliminação dasfacultatividades nele previstas ou por ele tornadaspossíveis, nos domínios do H”inicial (Base II), dasconsoantes mudas (Base IV), da acentuação (BasesVIII-XI) e das maiúsculas e minúsculas (Base XIX)”,a “reposição da questão das consoantes mudas(Base IV) nos precisos termos do Acordo de 1945”,a “explicitação de regras claras para a integração naortografia portuguesa de palavras de outras línguasdos PALOP, de Timor-Leste e de outras zonas domundo em que se fala português, dado que o textodo Acordo de 1990 é omisso nesta matéria”, a “ela-boração dos vocabulários ortográficos a que serefere o Art.º 2.º do Acordo de 1990 – por institui-ções idóneas e com base em debate científicosustentado, e nos termos do mesmo, uma vez quesão conditiones sine quibus non para a entrada emvigor de qualquer convenção desta natureza”, a “rea-lização de estudos sobre o impacto real das vintee uma bases do Acordo de 1990 no vocabulário doportuguês europeu tendo em conta a frequência dosvocábulos, a existência de vocabulários de especia-lidade e acautelando a necessidade imperiosa danormalização terminológica”, a “elaboração de estu-dos e pareceres sérios sobre as consequências nomédio e no longo prazo da entrada em vigor doAcordo Ortográfico nos vários sectores afectados

nas sociedades que seguem a norma ortográficaeuro-afro-asiático-oceânica”. Finalmente, instaramà “posição clara do Ministério da Educação dePortugal sobre esta matéria, baseada em parece-res técnicos de entidades idóneas, que afectará naspróximas décadas o ensino da Língua Portuguesa,e, por decorrência, de todas as outras disciplinas.

Já no plano formal, os contestatários sentirama necessidade de se atender a que o AcordoOrtográfico não pode entrar em vigor sem estar rati-ficado por todos os países que subscreveram oProtocolo Modificativo de 2004, sob pena de secavar um fosso ortográfico em relação aos paísesque ainda não ratificaram nem o Acordo, nem esseProtocolo”.

Bastaram três ratificaçõesO Acordo Ortográfico entrou em vigor a 1 de

Janeiro de 2007, depois da ratificação do Acordoe do Segundo Protocolo Modificativo pelos trêsPaíses de Língua Oficial Portuguesa, sendo estes,o Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. O ter-ceiro signatário a ratificar o Acordo foi São Tomé ePríncipe que depositou os documentos correspon-dentes em Dezembro de 2006.

Este processo que demorou cerca de dezasseteanos, deveu-se sobretudo às razões que cada umdos signatários do Acordo Ortográfico tem paraproceder ou não à sua ratificação, sendo matéria deforo interno de cada Estado.

Esta questão, muitas vezes confundida como umAcordo da CPLP, constitui apenas um Acordo entreEstados que têm como idioma oficial a LínguaPortuguesa, e que por sua vez não deixam tambémde pertencer à CPLP enquanto Estados-membros.Por este motivo, a CPLP remete para os Estados adivulgação de informações quanto a esta questão.

Presentemente, dado que o Acordo Ortográficojá entrou em vigor nos três dos oito Países deLíngua Portuguesa, nos países que ainda não rati-ficaram o documento, o Acordo não tornará partedos ordenamentos jurídicos nacionais dos signatá-rios e assim, as alterações que estabelece não severificarão na ortografia desses países, sendo umdos casos, o de Timor-Leste.

Todavia, é de lembrar que o objectivo é a uni-ficação, e que o ideal seria que todos os paísesavançassem em uníssono.

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Alcance do Acordo OrtográficoCom efeito, a medida do sucesso do Acordo

Ortográfico depende da sua ratificação e implemen-tação por todos os Estados signatários. Só com todospoderá atingir o pleno dos seus objectivos originais.

O Acordo, recorda-se que se ocupa apenas dasregras ortográficas e define um patamar de compro-misso em termos ortográficos. Cabe a cada um dosEstados envidar esforços no sentido de chegar a essepatamar. O processo de implementação não seencontra definido no Acordo.

Entende-se assim que caberá a cada Estado estu-dar as suas necessidades específicas e definir o planode acção nacional, no sentido de concretizar o Acordo.Assim, remete-se para as autoridades nacionais qual-quer informação sobre prazos e custos.

Quanto aos prazos de implementação, sendoque cada país definirá o seu plano de acção, os efei-tos do Acordo começarão a sentir-se à medida queas autoridades nacionais avançarem com a sua imple-mentação.

Assim, será o plano de acção nacional de imple-mentação de cada Estado que definirá as áreas –ensino, administração pública, comunicação social,etc. – onde as alterações se farão sentir em primeirolugar.

Dada a complexidade relativa em termos técnicos,i.e. manuais escolares, e financeiros, cada Estadoadoptará, provavelmente, planos de acção faseados.

Recorda-se que não será a entrada em vigor, perse, do Acordo, que levará os cidadãos a respeitaremas novas regras ortográficas. Existe uma nova orto-grafia, mas a sua implementação não é instantânea.Serão possivelmente definidos, pelos própriosEstados, períodos de transição para as áreas ondetal faça sentido, ex.: manuais escolares, gramáticase dicionários, formulários de serviços públicos, contra-tos, etc.

O processo de implementação do Acordo nãoobedecerá a nenhuma moratória mas tão só será defi-nido pelos próprios Estados um período de transição,onde eventualmente e naturalmente as duas grafiasconviverão, que será diferente consoante o contexto.Isto é, qualquer livraria terá, durante os anos vindou-ros, livros nas suas prateleiras escritos nas duas gra-fias, mas dificilmente se encontrará, uma vez imple-mentado o Acordo, um jornal diário que não reflictaas alterações.

Por este exemplo vê-se que as diferentes mani-festações da língua escrita terão, pelos seus ciclosnaturais, diferentes prazos para absorver as alterações.

Da explicação das alteraçõesortográficas

Segundo os dados disponibi l izados pelaAcademia de Ciências de Lisboa, à data da cele-bração do Acordo, o número de palavras cuja orto-grafia seria alterada não ultrapassaria os dois porcento. Pouco mais de duas mil palavras num uni-verso de 110 mil.

Não estão contudo contabilizadas: as alteraçõesà utilização do hífen e as resultantes da supressão dotrema, diminutas em número e de fácil apreensão.

Segundo o próprio Acordo, o esforço de unifica-ção da grafia foi presidido por um critério fonético, istoé, a ortografia das palavras é alterada no sentido deas aproximar à forma falada. i.e.: abolição dasconsoantes mudas.

Dado que o critério fonético está subjacente àsalterações, o Português falado não é alterado, pois aforma falada do Português não sofrerá qualquer alte-ração no curto prazo – embora não seja de excluir que,no futuro, o “p” que os portugueses utilizam em bap-tismo e pronunciam muito levemente, venha a desa-parecer.

Repare-se que no cenário actual de duas grafias,portuguesa e brasileira, mesmo dentro dos limites ter-ritoriais de cada um destes dois Estados, existem dife-rentes formas de falar o português, não obstante cadaum dos países ter apenas uma ortografia.

No mesmo sentido, os Países Africanos de LínguaOficial Portuguesa, que usam a ortografia portuguesa,falam o português de forma diversa, quer entre si, querda falada em Portugal ou no Brasil.

Os cambiantes da língua falada não serão afec-tados pelo Acordo.

Altera-se a ortografia no sentido de a unificar, uti-lizando a fonética apenas como um dos instrumen-tos dessa unificação ortográfica. n

FONTES:

Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, Portugal/ Secretariado

Executivo da CPLP / “Manifesto em Defesa da Língua

Portuguesa” / “Atual – O novo acordo ortográfico” de João Malaca

Casteleiro e Pedro Dinis Correia, Lisboa, 2008

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VII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP no Centro Cultural de Belém, Lisboa, Portugal

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A sétima Conferência de Chefes deEstado e de Governo da Comunidadedos Países de Língua Portuguesa(CCEG-CPLP), decorreu nos dias 24 e25 de Julho de 2008 em Lisboa,Portugal.

O Estado da República Demo-crática de Timor-Leste fez-se repre-sentar pelo Presidente da República,José Ramos-Horta, o Vice Primeiro--Ministro, José Luís Guterres, o Embai-xador de Timor-Leste em Lisboa,Manuel Soares Abrantes, o Directorde Política Externa do Ministério dos

Negócios Estrangeiros, ConstâncioPinto, Conselheiro da Embaixada deTimor-Leste em Lisboa, Antonito deAraújo e membros convidados, MariAlkatiri, o Bispo Dom Carlos FelipeXimenes Belo, SDB e Abílio Araújo.

A sétima CCEG-CPLP contou coma participação dos Estados-membrosde Angola, representado pelo Primeiro--Ministro, Fernando da Piedade Diasdos Santos e Vice-Ministro dasRelações Exteriores, Georges RebeloChikoty; do Brasil, Presidente daRepública, Inácio Lula da Silva, Ministro

da Educação, Fernando Haddad; deCabo Verde, o Presidente da República,Pedro Pires, Ministro da Cultura, ArnaldoAndrade de Matos; da Guiné-Bissau,Presidente da República, João Ber-nardo Vieira, Ministra dos NegóciosEstrangeiros, Maria da ConceiçãoNobre Cabral; de Moçambique, Ministrodos Negócios Estrangeiros e Coope-ração, Oldemiro Baloi, Vice-Ministrodos Negócios Estrangeiros e Coope-ração, Henrique Alberto Banze, Vice--Ministro dos Negócios Estrangeiros eCooperação, Eduardo José Bacião

e de Governo da CPLPna VII Conferência de Chefes de EstadoTimor-Leste

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aKoloma, Ministro da Educação e Culturae Função Pública, Aires Ali; de Portugal,Presidente da República, Aníbal CavacoSilva, Primeiro-Ministro, José Sócrates;de São Tomé e Príncipe, Presidente daRepública, Fradique Menezes, Ministrodos Negócios Estrangeiros e Coope-ração, Carlos Alberto Pires Tiny.

Esta sétima CCEG-CPLP foi mar-cada pela passagem do testemunho,através da rotação da Presidência gui-neense da CPLP para a portuguesa, eda passagem do cargo de Secretário--Executivo da CPLP detido por CaboVerde para a Guiné-Bissau.

A concertação político-diplomáticaentre Timor-Leste e a CPLP

No plano da concertação político--diplomática, foi realçada a necessi-dade de a CPLP continuar a desenvol-ver uma acção estratégica de projec-

ção internacional consolidando-a atra-vés da cooperação com as organiza-ções internacionais e regionais, osGrupos CPLP nos fóruns internacio-nais e nas capitais dos Estados-mem-bros e Países terceiros, em matérias deinteresse comum e concertação destesGrupos, considerado crucial para oreforço da CPLP.

No âmbito do estreitamento dacooperação entre os Estados-mem-bros da CPLP com Timor-Leste, oacompanhamento regular da situaçãointerna, ajudando a identificar e mino-rar os problemas, procurando soluçõespara prevenir conflitos, designadamenteatravés do reforço do diálogo entre asautoridades nacionais e da consolida-ção das instituições.

Em breve, será estabelecida umaRepresentação Permanente da CPLPem Díli, projecto deliberado pela sétimaCCEG-CPLP, com o objectivo primor-

dial de promover a concertação político--diplomática a nível nacional e regional,e iniciativas que contribuam para aconsolidação do Estado de Direito erespeito pelos Direitos Humanos, noquadro dos princípios consagradospela Organização. Desta forma, a CPLPreforçará, também, a sua presença nopaís e na região, consubstanciando acooperação com Timor-Leste.

Atendendo à importância que asdiásporas representam para o desen-volvimento do país, os Chefes deEstado e de Governo da CPLP frisarama necessidade de dar continuidade àconcertação diplomática para, emconjunto, desenvolver programas quepermitam aproximar as comunidadesemigradas dos Estados-membros,nelas incluídas a diáspora timorense, àssuas culturas e simultânea integraçãonos países de acolhimento, tendo emconsideração que a Língua Portuguesa

Delegação leste-timorense na VII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP

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é um factor de união das comunidadesemigradas dos diferentes Estados mem-bros da CPLP.

Programa Indicativo deCooperação

O Programa Indicativo deCooperação (PIC) da CPLP para o médioprazo tem como quadro de referência aEstratégia Geral de Cooperação, apro-vada na sexta Conferência de Chefes deEstado e de Governo, na qual foi mani-festado o interesse em que a coopera-ção para o desenvolvimento esteja emharmonia com os Objectivos do Desen-volvimento do Milénio (ODM). Torna-seassim prioritário que permita uma coor-denação e concertação de esforços dosórgãos da CPLP para potenciar benefí-cios em prol da Comunidade.

São objectivos do PIC o apoio aosesforços de desenvolvimento humanodos Estados-membros e o reforço dassuas capacidades, tendo como referên-cia o alcance dos Objectivos deDesenvolvimento do Milénio e ainda,constituir-se no principal instrumentoda cooperação multilateral no espaçoCPLP, mobilizando projectos estruturan-tes e decisivos para o processo dedesenvolvimento sustentável dos paísesbeneficiários.

No plano da Cooperação da CPLPdestacam-se ainda os programas dosCentros Regionais de Excelência quesurgiram das convenções assinadaspor todos os Estados-membros daCPLP, no ano de 2004, na sequênciada Conferência da CPLP em Luanda,Angola. Estes centros servirão para

apoiar a formação e o desenvolvimentode quadros técnicos no âmbito Empre-sarial e da Administração Pública.

São estes os centros especializa-dos, os Centros Regionais de Exce-lência em Desenvolvimento Empresarial(CREDE), que visam a Formação deFormadores em Empreendedores deMicro e Pequenas Empresas e osCentros Regionais de Excelência paraa Administração Pública (CREAP), como objectivo de formação de formadoresnas áreas da Administração Pública.

Para Timor-Leste, tem sido degrande preocupação a formação dequadros e o seu capital humano paraas áreas técnico-administrativos para aboa governação sem descurar as áreasdo empreendedorismo e do seu tecidoeconómico e comercial. n

Primeiro-Ministro de Portugal, José Sócrates e o Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva cumprimentam o Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta

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“A Portugal Telecom tem muitahonra em associar-se a esta

edição dedicada àComunidade dos Países de Língua

Portuguesa – CPLP”

A Portugal Telecom detém mais de 20 participações internacionaisem 4 Continentes (América, África, Ásia e Europa),

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EncontrosBi lateraisà margem da

VII CCEGda CPLP

Durante a VII Conferência deChefes de Estado e de Governo daCPLP que decorreu no Centro Culturalde Belém em Lisboa, Portugal, oPresidente da República de Timor-Leste,José Ramos-Horta manteve à margemda Conferência, encontros de alto ní-vel. Nestes encontros, constaram a vi-

sita oficial e de cortesia ao Presidenteda Repúbl ica Portuguesa, AníbalCavaco Silva, ao Primeiro-Ministro doGoverno português, José Sócrates eao Presidente da Assembleia daRepública Portuguesa, Jaime Gama.

Em relação aos contactos presi-denciais mantidos com o tecido

empresar ial português, o GrupoPortugal Telecom organizou uma visitaao Senhor Presidente da Repúblicade Timor-Leste às instalações da sede,onde estiveram presentes o PresidenteExecutivo da PT, Zeinal Bava, o Minis-tro das Obras Públicas e Telecomu-nicações do Governo português, Mário

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Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta recebido pelo Presidente daRepública Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva no Palácio de Belém

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Lino, entre outros membros das res-pectivas comitivas.

Os encontros agendados do Presi-dente da República de Timor-Leste esten-deram-se ainda ao Santuário de Fátima,no dia 26 de Julho, com intuito de agra-decimento pessoal, depois de ter sobre-vivido ao atentado de Fevereiro pas-

sado. O encontro entre o Presidente daRepública, José Ramos-Horta e o Reitordo Santuário, Monsenhor Luciano Guerrae um grupo de noviças leste-timorensesteve lugar na Casa da Nossa Senhoradas Dores, onde foi oferecido um almoçoem homenagem à visita presidencial.

No seguimento da agenda do Pre-

sidente da República de Timor-Leste, acomitiva seguiu para Ovar, onde aaguardava uma recepção organizadapela Câmara Municipal de Ovar e umaexposição de pintura subordinada aotema “ADN, Abertura da descobertada nau”, da artista plástica Maria Dulce,na mesma cidade. n

roca de lembranças entre o Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta e o Primeiro-Ministro da República Portuguesa, José Sócrates

da República de Timor-Leste visita Portugal Telecom Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta é recebido pelo Presidente Executivo da Portugal Telecom, Zeinal Bava.

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O português faz parte da história deTimor-Leste e é uma das línguas mater-nas, atendendo à sua sobrevivênciadurante, mais ou menos, trezentosanos, a par das línguas locais de famí-lia austronésia e papua.

Como o tétum foi por muitos anosfactor de unidade e de identidade nacio-nal, ao funcionar como língua comumde todos os grupos, o português tam-bém se tem mostrado capaz de seharmonizar com as línguas locais por-que, durante séculos, a colonizaçãoportuguesa, por sua incapacidade oupor sua conveniência, nunca interferiugravosamente nas instituições locaise/ou fez poucas tentativas para mudara cultura timorense.

O português é um idioma de grandeimportância para Timor-Leste, pois,sendo uma importante língua internacio-nal, falada por mais de duzentos milhõesde pessoas nos países da CPLP, podeproporcionar a Timor-Leste vantagenssociais e culturais e benefícios materiais.O português é uma língua do patrimó-nio cultural, de memória histórica e lite-rária e de convivência na tradição local.

No entanto, para que o portuguêsnão desapareça em Timor-Leste torna-

-se necessário implementar o uso eensino sistemático do tétum, pois otétum, sendo uma língua fundamental-mente de tradição oral, irá buscar aoportuguês vocábulos para se tornarapta a ser língua de ensino, língua decultura e de ciência.

Haverá futuro?No meu entender o idioma portu-

guês só terá futuro em Timor-Leste seos políticos leste-timorenses continua-rem a permitir que a Língua Portuguesaseja língua da administração e língua dasescolaridades básica e complementar,em suma, seja língua oficial. No entanto,para que uma língua possa constituir lín-gua oficial de facto de um país, nãobasta que tal fique determinado na lei;ela tem que ser capaz de responder atodas as necessidades de comunica-ção: tem de ser o veículo de toda a infor-mação, de toda a ciência, de toda a téc-nica, ser língua de ensino, tem que sercapaz de responder a todas as neces-sidades da sociedade.

Para isso deve-se:• Utilizar a Língua Portuguesa para

conhecer e dar a conhecer os24

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O Portuguêsem Timor-Leste,

que futuro?

Luís CostaProfessor de Língua Tétum

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aspectos fundamentais da culturado país;

• Usar formas simples de comunica-ção oral e escrita nas relações emcomunidade e do meio para apren-der normas de conduta na vidasocial e política;

• Ler e saber contar, oralmente e porescrito, histórias relacionadas coma comunidade;

• Compreender e pôr em práticaregras elementares da organizaçãoe funcionamento da língua, em fra-ses simples;

• Utilizar adequadamente actos dafala variados.

O futuro constrói-se.Acredito que, enquanto os timoren-

ses tentarem viver na tolerância e napaz, haverá um espaço para falar, ler eescrever português, haverá um espaçopara construir uma lusofonia.

Nessa construção/solidificação dalusofonia timorense há que dar lugar paratrabalhos práticos de investigação, lugarpara desenvolver o domínio do portu-guês e capacidades profissionais, estrei-tamento de laços entre a intelectualidadee meios académicos lusófonos e os sec-tores leste-timorenses organizados, des-envolvendo projectos sem paternalismos.

Uma vez que o português em Timor--Leste terá de ensinar-se como língua ofi-cial a par do Tétum, é de toda a impor-tância apostar também na investigaçãodo tétum. Isto envolve coisas como:avaliação dos materiais e estudos por-tugueses ou estrangeiros realizadossobre o tétum; incentivar investigaçãosobre o tétum de modo a torná-lo capazde servir os seus falantes em todas assituações de comunicação: oral e escrita,familiar e cuidada, informal e formal.Significa torná-la apta a ser língua deensino, língua de cultura e de ciência.

A lusofonia em Timor-Lestedepende dos laços e actividadesconjuntas que os chamados “coope-rantes” e as entidades académicaslusófonas saibam e queiram construircom os sectores leste-timorenses. Nãobasta enviar cooperantes para ensinarportuguês nas escolas, para dar aulasde português aos professores timo-renses. É necessário criar condiçõespara que o ensino seja asseguradopelos timorenses, é necessário asse-gurar uma formação contínua dosdocentes timorenses por formadoresqualificados, é necessário garantir queo ensino de português contribua paraa afirmação da identidade e expressõesculturais do País.

Cabe aos responsáveis da cultura,enfim, cabe a todos construir Timor--Leste na cultura através da língua paraque: »

Luís Costa

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Birus tetek,

Loriku tetek;

Ruas semo hamutuk,

Mesa lain kmurak.

(Os pássaros voam,

Os loricos voam;

Voam lado a lado,

Com suas asas doiradas)»

Alunos leste-timorenses ávidos em aprender o português

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No actual mundo globalizado,onde se fazem sentir mais do que nuncaa interdependência, a cooperação anível económico e comercial para per-mitir o desenvolvimento sustentado dassociedades e das nações, o espaçogeográfico compreendido pela Comu-nidade dos Países de Língua Portuguesae os seus agentes económicos têmvindo a demonstrar cada vez mais asua relevância na cena internacional.

Dos vários defensores da impor-tância geoeconómica da CPLP nomundo, entre os quais, os catedráti-cos Ernâni Lopes ou Jorge Braga deMacedo, desde cedo têm vindo a en-unciar as potencialidades económicas,os recursos naturais e o capital hu-mano dos oito Estados-membros daCPLP, que serão fundamentais parao progresso dos próprios países e paraa construção do Bem Comum daComunidade.

Por esta razão, nunca será demaisrecordar os estudos levados a cabopelo organismo português do Institutode Investigação Científica e Tropical(IICT), dirigido pelo Professor DoutorJorge Braga de Macedo, como é casoo artigo “Não Esquecer Bissau”.

A cooperação da sociedade civildos oito Estados-membros da CPLP,a nível económico e comercial deu umimportante passo ao constituir durantea V Cimeira de Chefes de Estado e deGoverno da CPLP, no ano de 2004,o Conselho Empresarial da CPLP (CE-CPLP), organismo inserido no âmbitodos membros Observadores Consulti-vos da Comunidade.

Conselho Empresarial da CPLP

O CE-CPLP teve a sua origem naproposta real izada pelo I FórumEmpresarial no ano de 2002, e visa

Porto de Luanda em Angola

Empreendedorismo na

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a promoção da troca de informações,cooperação empresarial e prospec-ção de novas oportunidades de ne-gócios e de investimentos no espaçoda CPLP. Por outro lado está apostadona dinamização das relações entre em-presas e entidades suas representan-tes no âmbito espacial da lusofonia,com o fim de constituir instrumento pri-vilegiado da contribuição dos seus as-sociados para o desenvolvimento, ocrescimento e o bom funcionamentodas economias no sistema económicomundial, a promoção das actividades

privadas e o reforço da confiançaentre todos os parceiros económicose instituições de financiamento daque-les Estados e, ainda, a erradicação dapobreza, a promoção do desenvolvi-mento sustentável e a diminuição dasassimetrias entre aqueles Estados.

As act iv idades do ConselhoEmpresarial serão orientadas no sen-

tido de promover e incrementar o co-mércio e o investimento entre os oitoEstados Membros da CPLP e os paí-ses das regiões económicas onde cadaum deles se insere, procurando serum “ponto de encontro” para aqueleefeito e um facilitador de contactos em-presariais e políticos que permitam odesenvolvimento de parcerias.

O Conselho actuará junto das or-ganizações multilaterais de financiamentodo desenvolvimento com vista à cap-tação de fundos para a execução deprojectos a desenvolver nos Estadosmembros, nomeadamente no âmbitodos fundos do Acordo de Cotonou, queune a União Europeia e os Estados deÁfrica, Caraíbas e Pacífico (ACP).

O Conselho Empresarial procuraráainda identificar sistematicamente osproblemas que impedem o salutar des-envolvimento da actividade das em-presas, propondo aos Governos me-

didas e soluções para um melhor climade negócios e investimentos. Nestesentido, o Conselho diligenciará a ob-tenção de recursos para o reforço ins-titucional das associações empresa-riais nomeadamente através da forma-ção profissional e da sua capacitaçãotécnica.

A entidade impulsionadora para aconstituição do CE-CPLP foi a ELO –Associação Portuguesa para oDesenvolvimento Económico e aCooperação, e nesta senda, partici-param outras associações de índoleempresar ial dos restantes seteEstados-membros da CPLP, ondeTimor-Leste se fez representar pelaAssociação Empresarial de Timor-Leste.

Desafios e oportunidadespara Timor-Leste

Quatro anos volvidos, este mem-bro Consultivo da CPLP enfrenta os

Indústria de mobiliário em Díli, Timor-Leste

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desafios propostos pela actual con-juntura económica e comercial domundo globalizado e torna-se impor-tante a adaptação da actuação estra-tégica para acompanhar o evoluir dostempos.

Da óptica leste-timorense, o maisjovem Estado-Nação do mundo do sé-culo XXI, está repleta de oportunida-des mas também de desafios.

A sua situação económica actualde Timor-Leste tem-se baseado no co-mércio tradicional, numa cultura de sub-sistência predominantemente agrária,na produção de café, cravo e copra,elegendo como principal bem de ex-portação o café. Se por um lado a eco-nomia assenta no sector primário,dos vastos recursos marítimos e ener-géticos, poderão traduzir-se no desen-volvimento de indústrias, e dos recur-sos energéticos são eles traduzidos empetróleo e gás natural então descober-tos no Mar de Timor nos últimos anos.

De facto, estes recursos naturaisconstituem certas garantias no apoioao desenvolvimento, mas tambémtorna-se num imperativo que a econo-mia leste-timorense vá desenvolvendoe diversificando, pela vontade empreen-dedora dos seus empresários, aprovei-tando as sinergias e as oportunidadespropiciadas pela cooperação intra co-munitária no caso da CPLP, comacesso privilegiado a outras platafor-mas económicas e comerciais regio-nais pujantes como o Mercosul peloBrasil, ou a União Europeia (UE) atra-vés de Portugal, a Comunidade Econó-mica dos Estados da África Ocidental(CEDEAO), e em 2012, Timor-Leste jácomo membro de pleno direito daAssociação de Nações do Sudeste-Asiático (ASEAN), é um mundo que seabre, numa das regiões mais próspe-ras e promissoras do mundo.

Tanto que esta é uma relação pri-vilegiada para Timor-Leste, como os

Estados-membros da CPLP poderãover Timor-Leste uma janela de oportu-nidades para o acesso a regiões emfranco desenvolvimento económico, co-mercial, cultural e tecnológico, que éo Sudeste-Asiático e a Ásia-Oriental.

O empreendedorismo na CPLP teráde passar pela percepção e conscien-cialização da importância que repre-senta num mercado global, com a pos-sibilidade de se projectar nos cincocontinentes, com a existência de umaComunidade constituída por mais de200 milhões de pessoas. Têm uma van-tagem comparativa, através da partilhade uma mesma história, pela influên-cia de uma matriz cultural comum, pelomeio de comunicação ser feito por umamesma Língua. São conhecimentosmútuos, ideias, inovações, informaçõesprivilegiadas que circulam, que pode-rão traduzir-se na riqueza dos Povose no desenvolvimento do BemComum. n

CPLP10.708

8,0 %

Área (Mil Km2) – 2005

Mundial133.941

CPLP: 235,7

População (Milhões) – 2005

Mundial6.464,7

3,6 % CPLP818,2

PIB (Mil Milhões de USD) (*) – 2005

Mundial12.490

6,6 %

CPLP398,2

Comércio (Mil Milhões de USD) (*) – 2004

Mundial18.522

2,1 %

CPLP (a)21,3

Investimento Directo Estrangeiro (Mil Milhões de USD) (*) – 2004

Mundial648,1

3,3 %

A CPLP no Mundo

(*) Estimado(a) IDE nos países da CPLP.

FONTE: Banco MundialUNCTAD, World Investment ReportEIU, Country Reports (2006)

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Sócios da Coelho Ribeiro e Associados, Rui Botica Santos e Embaixador António Martins da Cruz

Sócio da Coelho Ribeiro eAssociados (CRA), fundador da CRATimor e da rede internacional de es-critórios lusófonos - CRA Global,acumula ainda as funções dePresidente do agrupamento de escri-tórios internacionais Pannone LawGroup (PLG), que representa distin-tas sociedades de 20 países, advo-gado inscrito na Ordem de AdvogadosPortuguesa e Brasileira, é também umdos mais novos e mais nomeados ár-bitros do Tribunal Arbitral do Desporto(Court of Arbitration for Sport), com sedeem Lausanne, contando já com cerca

de 50 nomeações nos últimos qua-tro anos.

Definido pelos amigos como “o papamilhas”, da nossa parte simplesmenteregistámos, ao longo da simpática en-trevista realizada, que o espaço natu-ral para o exercício da sua advocacianão se confina a quaisquer fronteirasterrestres, estando sempre disponívela enfrentar novos “mundos” e “expe-riências”, com o intuito de identificar boasoportunidades de negócios para os clien-tes, a que se somam a humildade e asimplicidade pela qual os grandes líde-res de hoje sempre se pautam.

Com forte inspiração na velha tra-dição dos descobrimentos, tambémeste jovem advogado aventureirotenta explorar para os clientes da CRAnovas oportunidades de negócio em

terrenos além-mar. Fala com umbrilho nos olhos sobre o sucesso doprojecto de internacionalização do es-critório em Timor-Leste, dos estreitoslaços estabelecidos com o Brasil,Angola, Macau, São Tomé, Moçam-bique e, mais recentemente, com aGuiné-bissau.

Discípulo de um grande Mestre daadvocacia portuguesa – José Manuel

ao serviço dos “Recursos Naturais”CRA 25 anos de energia

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Coelho Ribeiro – Rui Botica Santos temdemonstrado saber conduzir comsucesso a internacionalização do es-critório, tarefa com a qual tem contado,nos últimos anos, com a ajuda e co-laboração do seu grande AmigoEmbaixador António Martins da Cruz,ex-ministro dos Negócios Estrangei-ros e consultor de várias empresas,incluindo da CRA.

A CRA, enquanto Sociedade deAdvogados de primeira linha nosmercados energéticos, revela uma forteliderança na assessoria de investido-res internacionais no espaço daCPLP, estando a acompanhar inves-timentos na área dos recursos natu-rais em quase todos os países que in-tegram a CPLP.

Qual a relação da CRA com a CPLP?

Desde cedo que tivemos uma visãoglobal e internacional da advocacia.

A delineação da estratégia de ex-pansão do nosso escritório começounos anos 80. O nosso sócio funda-dor e Mestre Professor Coelho Ribeirofoi dos primeiros advogados portugue-ses a estabelecer fortes e duradou-ras ligações internacionais com escri-tórios de outros países e a ter uma pre-sença e participação assídua e activaem reuniões, encontros, semináriose conferências de juristas a nível in-ternacional. Aliás, o invejável percursoprofissional do Professor CoelhoRibeiro é a origem e o exemplo da di-nâmica de internacionalização que aCRA quer continuar a prosseguir e aper-feiçoar.

Enquanto Bastonário da Ordem dosAdvogados, Presidente do CCBE -Council of Bars and Law Societies ofEurope - e advogado de reconhecidoprestígio e autoridade em matérias re-lacionadas com a arbitragem interna-cional, o Professor Coelho Ribeiro foium pioneiro no savoir faire da interna-cionalização da advocacia portu-guesa, internacionalização esta quepassava sempre pelo estabeleci-

mento de sinergias e de uma colabo-ração estratégica com colegas eprofissionais dos Países de LínguaPortuguesa, sempre à procura da par-tilha de novos conhecimentos e da hi-pótese de trazer experiência e knowhow a países que muito deles neces-sitavam.

Por isso, a CRA foi, sem surpresa,a primeira sociedade de advogadosportuguesa a iniciar e concretizar umprojecto de internacionalização coma abertura de um escritório próprio emMaputo. Esta experiência ocorreuem 1994 e permitiu-nos, não só gan-har desde cedo uma maturidade e knowhow invejáveis na internacionalizaçãodo nosso projecto de advocacia, comotambém trazer a experiência e a ex-celência da assessoria jurídica a umpaís em reconstrução.

Princípios como os de que a sa-tisfação do cliente deve ser o primeiroobjectivo, aliados a um tratamentoexemplar e possibilidade de qualquercolaborador da CRA poder contribuire ser ouvido no desfecho de decisõesestratégicas eram novos para os paí-ses da CPLP.

Através de uma presença própriaou de parcerias estrategicamenteestabelecidas com escritórios dos paí-ses da CPLP, através da rede de es-critórios “CRA Global”, a CRA tem umapresença forte em todos os países daCPLP, com excepção de Angola.

A nossa opção pelo adiamento daintegração de um escritório Angolanonão se deve a qualquer desinteressepor este país. Bem pelo contrário,Angola é neste momento um espaçode grande oportunidade para as em-presas portuguesas. A consolidaçãoda democracia e o crescimento inve-jável da economia Angolana têmsido, nos últimos anos, factores degrande atracção para a internaciona-lização das empresas portuguesas.

A CRA não fica à margem destedesejo, mas atendendo aos assuntosque temos em mãos e às relações deamizade estabelecidas com vários

Colegas Angolanos, alguns dos quaiscom estágio realizado na nossa so-ciedade, não é fácil fazer opções e es-tabelecer relações privilegiadas comum único escritório de advocacia an-golano.

Porquê o desafio daInternacionalização da CRA na CPLP?

A CRA teve sempre, desde o iní-cio, uma forte vocação para a inter-nacionalização.

Sempre apostámos em fazerdo nosso escritór io um elo de l iga-ção, um espaço de promoção e cap-tação de invest imentos para ospaíses que integram a CPLP em queas afinidades culturais, como seja alíngua, a história e o sistema jurídico,são laços que permitem o aprovei-tamento de sinergias em beneficiode todos, de Portugal e dos paísesirmãos com os quais formamos umespaço de inf luência pol í t ica cadavez mais unido.

Estamos crentes de que Portugalpode desempenhar um papel impor-tante como porta de entrada e cap-tação de negócios na CPLP. É pelo me-nos neste desafio que despendemosas nossas energias.

Claro está que esta vocaçãopara a internacionalização está tam-bém intimamente relacionada com asáreas de actuação da CRA. Com forteexperiência na assessoria de inves-tidores estrangeiros em negócios e as-suntos relacionados com a área de re-cursos naturais, a CRA disponibilizaum leque de vastos contactos que per-mitem oferecer um serviço diferenciadoe completo.

Neste momento, a CRA faz o acom-panhamento dos projectos mineiroscom mais relevo na economia portu-guesa, estando também a acompan-har e assessorar investimentos minei-ros significativos em Angola, Brasil eMoçambique, que envolvem investi-dores americanos, chineses, norue-gueses e canadianos.

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aPorque a decisão de abrir um escritório próprio emTimor-Leste?

Logo após a restauração da inde-pendência de Timor-Leste, tive a opor-tunidade de me deslocar por diversasvezes a este território lindíssimo e fas-cinante.

Na altura, a CRA acompanhava umgrupo de investidores estrangeiros in-teressados em participar no concursode atribuição de blocos para pesquisae prospecção na área conjunta (desi-gnada por “JPDA” - Joint PetroleumDevelopment Area) e no Mar de Timor(designada por “TSDA” - Timor SeaDesignated Authority).

A abertura das Autoridades locaisà instalação de um escritório de as-sessoria jurídica em Díli, a simpatiado povo leste-timorense e o desejode cooperar com a mais jovem de-mocracia do mundo, foram factoresdeterminantes na decisão da abertura

de um escritório CRA em Timor-Leste.Com uma aposta clara num nicho

de mercado composto pela assesso-ria a empresas do sector da energiae dos transportes, a equipa CRA Timoré composta por cerca de 10 pessoas,as pessoas certas para a assessoriaqualificada e específica do escritório,coordenadas pelo expert na matéria,Rui Botica Santos, sendo MiguelCarreira Martins o responsável máxi-mo sedeado em Díli.

A CRA Timor aposta forte nos es-tudantes locais, e todos os anos é atri-buído o prémio Coelho Ribeiro e bol-sas aos melhores alunos da Univer-sidade de Timor-Leste.

A actividade pro bono da CRAabrange também a Embaixada de Timor--Leste em Lisboa.

Apesar de estar presente há ape-nas 2 anos em Timor-Leste, a CRA jáse entrosou perfeitamente na culturado país.

Actualmente, temos muito or-gulho no sucesso que se regista como nosso projecto de assessoria jurídicaem Timor-Leste. Como apoiantes dacausa leste-timorense, entendemos quedevíamos arriscar e dar um contributopara o desenvolvimento do país.

Mesmo nos períodos mais críticosda política leste-timorense nos últimostrês anos, confesso que nunca pen-sámos em abandonar o projecto. Talvezpor nunca termos sentido receios.

Sempre fomos muito bem recebi-dos e tratados em Timor-Leste, recon-hecendo estarmos a lidar com “um dospovos mais simpáticos e humildes quejá conheci”.

Em Timor-Leste a “energia” não estáapenas no aproveitamento dos recur-sos naturais, mas também nos recur-sos humanos e na generosidade dopovo timorense. Acredito que Timor--Leste vai conseguir vencer os desa-fios que tem a braços. n

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A Repúbl ica Democrát ica deTimor-Leste (RDTL) é o mais recenteEstado membro da Organização dasNações Unidas e membro de pleno di-reito da Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa (CPLP).

Este ano, a RDTL completou o seusexto aniversário da Restauração daIndependência Nacional e comoEstado livre e soberano tem vindo acomprometer-se em atingir as metasdos Objectivos do Desenvolvimentodo Milénio, um desafio global.

Actualmente, Timor-Leste man-tém-se no rol de Países Insulares emVias de Desenvolvimento, consideradoum dos mais pobres da região doSudeste -Asiático, onde um quinto dapopulação tem como rendimento diá-

rio cerca de cinquenta cêntimos de dó-lar norte-americano e quase metadeabaixo de um dólar por dia. São valo-res ainda muito abaixo do desejado, pre-tende-se que dentro de 7 anos a re-dução da pobreza seja para 14%, di-minuindo assim o número de popula-ção a viver abaixo do limiar da pobreza.

Do ano de 2002 a 2005 podere-mos considerar como uma fase primeirade desenvolvimento e estabilidade doEstado timorense. Segundo o relató-rio último do Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento(PNUD), que data de 2005, os doisODM’s que mais evoluíram foram os pon-tos dois e três, respectivamente a pros-secução do ensino primário universale a promoção da igualdade de género

bem como a formação das mulheres,ressalvando ainda que há um longo per-curso a trilhar para atingir a plenitudedos objectivos e respectivas metas.

No período entre 2006 e 2007,como é sabido, a RDTL foi atingida poruma crise política profunda que cau-sou instabilidade no país obrigando àestagnação de vários programas dedesenvolvimento em curso e dos sec-tores vitais da nação, que só veio aretomar o rumo do desenvolvimentonos tempos mais recentes.

O panorama de então, não eramuito diferente do descrito no relató-rio do PNUD sobre a evolução dosObjectivos de Desenvolvimento doMilénio em 2005, em alguns casoscomo nos sectores económicos e in-

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Nas sendas do Milénio

A dedicação da professora leste-timorense no ensino da Língua Portuguesa

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fra-estruturais sofreram um retroces-so no caminho evolutivo da prosse-cução dos ODM’s, mas no entanto aevolução nos últimos dois anos nãofoi apenas negativa.

Citando as palavras d o Primeiro--Ministro Xanana Gusmão, “Conscien-tes de que as prioridades do País sãomuitas e que a criação de condiçõespara uma melhoria substancial da qua-lidade de vida de todos os timoren-ses não depende exclusivamente davontade política mas também de umconjunto de factores económicos, so-ciais e culturais, que têm que ser per-feitamente compreendidos e transfor-mados”.

O Governo da RDTL mantémuma evolução estável na prossecuçãodo Objectivo segundo dos ODM’s, queé a garantia que todas as crianças, deambos os sexos, concluam um ciclocompleto de ensino primário.

Da recuperação da crise políticaà estabilização política e social do paísem 2007, vindo ao encontro do desa-fio desta apresentação, revelamos quemais de 65 por cento das crianças man-têm-se matriculadas no primeiro ciclo,cerca de 170 mil alunos.

Entretanto, através da implemen-tação do Plano Nacional para aEducação aprovado pelo Governo, odesenvolvimento do Ensino Básico foieleito uma prioridade.

Infra-estruturas escolaresA nível infra-estrutural tem-se

constatado melhorias no sentido deacréscimo de número de escolas e deequipamentos reconstruídos, foi im-plementado o curriculum escolar pri-mário a nível nacional, onde a Línguade instrução é o português, registou--se um reforço de 145 por cento noOrçamento de Estado para o investi-mento no sector, o equivalente a 26,79milhões de dólares norte-americanos,segundo a fonte do Ministério daEducação. Por outro lado, o ensino éobrigatório até ao 9º ano e gratuito atéao 12º ano na rede estatal escolar.

Em 2005 projectou-se a nível na-cional o sistema de refeições quen-tes para os jovens estudantes do ci-

clo primário mas foi interrompida nasequência da crise política.

A formação de professores tem sido

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Nº de alunos matriculados - 2006

Distritos Rapazes Raparigas

Aileu 4678 4050

Ainaro 5989 5144

Baucau 9960 8662

Bobonaro 8840 8349

Cova Lima 4905 4713

Dili 10993 9914

Ermera 9578 8299

Lautem 6697 6175

Liquica 5985 5133

Manatuto 4134 3691

Manufahi 4827 4406

Oecusse 4316 4425

Viqueque 8450 7670

Sub-Total 89352 80631

Total 169983

Número de escolas

Distritos 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo

Aileu 62 9 4

Ainaro 63 10 3

Baucau 134 27 9

Bobonaro 123 9 4

Cova Lima 79 11 5

Dili 73 20 21

Ermera 89 10 5

Lautem 76 9 3

Liquica 50 7 2

Manatuto 48 9 4

Manufahi 64 11 5

Oecusse 46 6 4

Viqueque 86 15 7

Sub-Total 993 153 76

Total 1222

Fonte: Ministério da Educação de Timor-Leste

Fonte: Ministério da Educação de Timor-Leste

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outra aposta, desde a implementaçãodos cursos de formação do Ministérioda Educação à “actualização” do planocurricular dos antigos professores.

Existem por outro lado, tambémdificuldades.

Essas dificuldades residem sobre-tudo no abandono e insucesso esco-lar, cujas taxas se têm mantido res-pectivamente nos níveis dos 10 porcento e 14 por cento, a dados de 2006.

As acessibilidades às escolas conti-nuam deficientes, e com o aumentodo número de crianças inscritas nasescolas, tem-se constatado a diminui-ção do rendimento do agregado fa-miliar, sobretudo das famílias que vi-vem da produção doméstica, facto-res muitas vezes causadores deabandono escolar.

Indicadores e metasContudo os indicadores das tabe-

las em anexo, designadamente do nú-mero de alunos matriculados no ano de2006, do número de estabelecimentosde ensino, da relação do abandono edo insucesso escolares, conclui-se queapesar dos desafios e dificuldades sen-

tidas pelos alunos, existe um aprovei-tamento considerável da nova geraçãode jovens leste-timorense.

A RDTL e a cooperação interna-cional, nomeadamente no âmbito daCPLP têm dado um grande contributopara o desenvolvimento desta área,considerada crucial e estratégicapara o incremento dos recursos hu-manos e consequente desenvolvimentofuturo do país.

Na promoção da igualdade de gé-nero e formação das mulheres, foi evi-denciado um sinal evolutivo e positivocontinuado desde 2002, a nível es-trutural, apesar da violência domés-tica consistir ainda uma das maiorespreocupações do Governo. Timor-Lestecom uma população maioritariamentedo sexo feminino, num rácio de cercade 3 para 1, concluímos que 75 porcento do número total de estudantessão do sexo feminino e 74 por centodo sexo masculino, revelador da im-portância futura do papel das mulhe-res na sociedade timorense.

Numa análise por sectores, as mu-lheres constituem uma franja consi-derável nas estruturas da função pú-

blica timorense, nomeadamente nasforças policiais e militarizadas, valo-res comparativamente elevados quese têm mantido, no sector hospitalar,no ensino, entre outros.

A participação política das mulhe-res evoluiu em 50 por cento nos car-gos governamentais, na actual legis-latura, registou-se o maior aumento desempre de mulheres eleitas para oParlamento Nacional.

Dos progressos realizados, aguar-da-se ainda a aprovação do projectode lei sobre a Violência Doméstica quetransitou da anterior legislatura. Con-sidera-se igualmente urgente a imple-mentação de estratégias e campanhasde prevenção da violência domésticae criação de estruturas de apoio àsvítimas, entre outras medidas.

A disparidade salarial entre os gé-neros é outra das preocupações dogoverno, por ainda se manter elevada.

De sublinhar, o sector da Saúde,transversal a pelo menos cinco dos oitoODM’s, segundo os dados do actual go-verno, tem-se vindo a efectuar uma mel-horia significativa na comunicação e coor-denação das actividades programadas

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Estudantes leste-timorenses em Liquiçá

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entre os Serviços Centrais de Saúde,os Serviços Personalizados e os Ser-viços Distritais de Saúde. Pela primeiravez os Directores Nacionais e chefes dedepartamento reuniram-se com os di-rectores dos Centros de Saúde Comu-nitários, o que significa uma maior coor-denação e comunicação entre os ser-viços, rumo à maior descentralização.

Verificou-se ainda um aumento donível de participação comunitária nosprogramas de sensibilização para a edu-cação e promoção da saúde, atravésde um novo Sistema Integrado de SaúdeComunitária, no âmbito de uma mudançaestratégica para solucionar a proble-mática da acessibilidade dos serviçosde saúde junto das populações.Investiu-se na melhoria e aquisição edistribuição de medicamentos e ma-terial médico, através da nomeação deuma nova equipa de aprovisiona-mento, no seio do Ministério da Saúde,com competência e flexibilidade paracompra rápida de medicamentos.

A nível de sustentabilidade e in-vestimento na saúde, Timor-Leste contaactualmente com cerca de 700 estu-dantes de medicina em Cuba, que gra-dualmente irão substituir o contingentede médicos estrangeiros presentes emTimor-Leste, nomeadamente cubanose chineses.

Desafios do presenteUm dos maiores desafios do

Estado leste-timorense será sem dú-vida a melhoria do objectivo primeirodos ODM’s, a erradicação da pobrezaextrema e a fome.

Todos os indicadores evolutivoshoje apresentados, representam o es-forço destes seis anos da Indepen-dência Nacional restaurada, na erra-dicação da pobreza, uma vez que éentendido que só através da dotaçãode recursos humanos qualificados nosdiversos sectores da sociedade é queTimor-Leste poderá progredir de ummodo sustentado.

Actualmente Timor-Leste encontra-se no centésimo quinquagésimo lugar

da mais recente tabela do Índice deDesenvolvimento Humano, consideradode desenvolvimento humano médio.Poderemos ousar fazer uma leitura dagrande vontade do Estado timorenseem melhorar as condições do país, dobem-estar desta jovem nação.

A garantia da boa governação, éa garantia de eficiência e sentido daexcelência, meio caminho trilhado paraum maior impulso no desenvolvi-mento do país, mas também preocu-pamo-nos em obter ganhos evoluti-vos no sétimo ODM, de garantir a sus-

Abandono escolar – 2006/7

Distritos Rapazes Raparigas

Aileu 477 401

Ainaro 638 404

Baucau 927 737

Bobonaro 1427 1249

Cova Lima 554 410

Dili 717 497

Ermera 682 557

Lautem 534 427

Liquica 708 609

Manatuto 587 436

Manufahi 620 440

Oecusse 864 734

Viqueque 1014 858

Insucesso escolar – 2006/7

Distritos Rapazes Raparigas

Aileu 1092 755

Ainaro 553 358

Baucau 1507 1093

Bobonaro 1502 1347

Cova Lima 875 774

Dili 592 466

Ermera 1106 940

Lautem 1505 1248

Liquica 876 660

Manatuto 789 643

Manufahi 698 534

Oecusse 705 672

Viqueque 1488 1168

23946

Fonte: Ministério da Educação de Timor-Leste

Fonte: Ministério da Educação de Timor-Leste

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tentabilidade ambiental e no oitavoODM, com a criação de parcerias glo-bais para o desenvolvimento, cujosexemplos de excelência são com aONU, a CPLP e a União Europeia, en-tre outros países parceiros para odesenvolvimento de Timor-Leste.

Será neste sentido, que o actualGoverno da RDTL irá continuar o seuesforço reformador para atingir aplenitude dos Objectivos de Desen-volvimento do Milénio preferencialmentedentro dos prazos estipulados pelasmetas dos ODM’s. n

“Cumprir Bissau – Desafiose Contribuição da CPLP parao cumprimento dos ODM”

Recorde-se que a CPLP promo-veu em Junho passado a primeiraconferência “Cumprir Bissau –Desafios e Contribuição da CPLP parao cumprimento dos ODM”, decorridano Centro de Congressos de Lisboa,em Portugal.

Este evento patrocinado peloSecretariado Executivo da CPLPem colaboração com a Secretaria deEstado dos Negócios Estrangeirose Cooperação de Portugal, preten-deu dar seguimento ao trabalho des-envolvido pela presidência guineenseda CPLP e aos debates da VIConferência de Chefes de Estado queteve lugar em Bissau, na Guiné--Bissau, em Julho de 2006, subor-dinado ao tema “Objectivos deDesen volvimento do Milénio (ODM)pelos Estados-membros da Comu-nidade dos Países de Língua Portu-guesa.

A conferência “Cumprir Bissau –Desafios e Contribuição da CPLP parao cumprimento dos ODM”, contoucom a presença e intervenção doEmbaixador de Timor-Leste emPortugal, no painel dos “Progressosna concretização dos ODM pelosEstados-membros da CPLP. n

Font

e: O

CD

E,

2004

: 59

.

Os 8 Objectivos do Milénio

Objectivo 1: Erradicar a pobreza extrema e a fome

Meta 1. Reduzir para metade, entre 1990 e 2015, a proporção depopulação cujo rendimento é inferior a um dólar por dia

Meta 2. Reduzir para metade, entre 1990 e 2015, a proporção depopulação afectada pela fome

Objectivo 2: Atingir o ensino primário universal

Meta 3. Garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sex-os, terminem um ciclo completo de ensino primário

Objectivo 3: Promover a igualdade de género e a capacitaçãodas mulheres

Meta 4. Eliminar a disparidade de género no ensino primário e se-cundário, se possível até 2005, e em todos os níveis deensino, o mais tardar até 2015

Objectivo 4: Reduzir a mortalidade infantil

Meta 5. Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mor-talidade materna

Objectivo 5: Melhorar a saúde materna

Meta 6. Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mor-talidade materna

Objectivo 6: Combater o HIV/SIDA, a malária e outras doenças

Meta 7. Até 2015, parar e começar a inverter a propagação do HIV/SIDAMeta 8. Até 2015, parar e começar a inverter a tendência actual da

incidência da malária e de outras doenças graves Objectivo 7: Garantir a sustentabilidade ambiental

Meta 9. Meta 9. Integrar os princípios do desenvolvimento susten-tável nas políticas e programas nacionais e inverter a ac-tual tendência para a perda de recursos ambientais

Meta 10. Reduzir para metade, até 2015, a percentagem de popu-lação sem acesso permanente a água potável

Meta 11. Até 2020, melhorar significativamente a vida de pelo menos100 milhões de habitantes de bairros degradados

Objectivo 8: Criar uma parceria global para o desenvolvimento

Meta 12. Continuar a desenvolver um sistema comercial e financeiromultilateral aberto, baseado em regras, previsível e não dis-criminatório

Meta 13. Satisfazer as necessidades especiais dos Países MenosAvançados

Meta 14. Satisfazer as necessidades especiais dos países sem litorale dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento

Meta 15. Tratar de forma integrada o problema da dívida dos paísesem desenvolvimento, através de medidas nacionais e in-ternacionais, por forma a tornar a sua dívida sustentável alongo prazo

Meta 16. Em cooperação com os países em desenvolvimento, for-mular e aplicar estratégias que proporcionem aos jovenstrabalho condigno e produtivo

Meta 17. Em cooperação com as empresas farmacêuticas, propor-cionar o acesso a medicamentos essenciais a preçosacessíveis, aos países em desenvolvimento

Meta 18. Em cooperação com o sector privado, tornar acessíveis osbenefícios das novas tecnologias, em especial das tecnolo-gias de informação e comunicação

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No passado dia 18 de Setembrode 2008, realizou-se pela primeira vezo exercício mi l i tar conjunto –Exercícios Fel ino – com os oitoEstados-membros da Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa (CPLP).O local escolhido para os ExercíciosFelino 2008 foi nas imediações da Basede São Jacinto, Aveiro, Portugal.

O Embaixador de Timor-Leste emLisboa, Portugal, esteve presente na ce-rimónia inaugural dos Exercícios Felino2008, testemunhando assim a primeiraparticipação de sempre das FALINTIL- Forças de Defesa de Timor-Leste (F--FDTL), com um contingente de 21 mi-litares do Exército e da Marinha, em exer-cícios de cooperação técnico militar noseio da CPLP. A guarnição timorensefoi a única que incorporou uma soldado.

A cerimónia foi conduzida peloPresidente da República Portuguesa,

e também Comandante Supremodas Forças Armadas, realizando umavisita ao aprontamento de forças mi-litares, dos três ramos, representan-tes dos Estados-membros da CPLPpara o Exercício Felino 2008.

Nas instalações do Regimento deInfantaria n.º 10, em São Jacinto, Aveiro,o Comandante Supremo das ForçasArmadas Portuguesas visitou as ac-tividades de treino conjunto e combi-nado dos militares que constituem aDirecção do Exercício, o Estado-Maiorda Força de Tarefa da CPLP e a res-pectiva Força de Tarefa.

No decorrer da visita, o Presidenteda República Portuguesa realçou a im-portância dos Exercícios da SérieFelino, e o Felino 2008 em particular,para a criação de uma capacidade mi-litar da componente de defesa daComunidade de Países de Língua

Portuguesa, através do treino de umaForça de Tarefa que permita um incre-mento da interoperabilidade das suasforças armadas e de uma força destetipo que seja, eventualmente, consti-tuída com vista à participação em ope-rações de paz e humanitárias sob aégide da Organização das NaçõesUnidas.

Continuou salientando que, tam-bém, a relevância da interoperabilidade,como elemento essencial para as for-ças poderem actuar em conjunto, ea forma como a língua, uma das prin-cipais particularidades da Comunidade,se afirma nesse particular como veí-culo facilitador e instrumento essen-cial para o sucesso da CPLP e, nestecaso, da sua componente de defesa.

O Comandante Supremo dasForças Armadas Portuguesas reiterou,ainda, o encorajamento à acção

Estreia das F-FDTL completa quadro de cooperação técnico militar da CPLP

nos exercícios Felino,

Ao centro, a soldado Silvina Ximenes da FALINTIL – Forças da Defesa de Timor-Leste – F-FDTL

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conjunta das Forças Armadas e à suacapacidade para participar e enquadrarforças internacionais em operações depaz e humanitárias que considera uminstrumento fundamental da componenteexterna da política de defesa nacionale de reconhecido valor no esforço glo-bal de incremento da estabilidade, dapaz e da mitigação dos desequilíbriosinternacionais.

Estiveram também presentes navisi ta do Senhor Presidente da

República Portuguesa o Ministro daDefesa Nacional de Portugal, Secre-tário de Estado dos Negócios Estran-geiros e da Cooperação de Portugal,General Chefe de Estado-MaiorGeneral das Forças Armadas Portu-guesas, Presidente da ComissãoParlamentar de Defesa de Portugal,Secretário Executivo da CPLP, Embai-xadores dos Países Membros daCPLP, Chefes de Estado-Maior dosRamos, Governador Civil de Aveiro e

Presidente da Câmara Municipal deAveiro, entre outras entidades.

Exercício FelinoOs Exercícios Militares Conjuntos

e Combinados da Série Felino, des-envolvidos no âmbito da cooperaçãotécnico-militar com a Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa, têm afinalidade de permitir a interoperabi-l idade das Forças Armadas dosEstados Membros da CPLP e o treino

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Militares do contingente dos Estados-membros da CPLP

Operação militar nos Exercícios Felino 2008 decorrida na Base Aérea de São Jacinto, Aveiro, Portugal

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aO contingente militar de vinte e um

militares timorenses que participou pelaprimeira vez nos Exercícios Felino daCPLP, foi comandado pelo Senhor MajorQuintas, com vasta experiência mili-tar que remonta aos dias da Resistên-cia e de Guerrilha, a revista “Timor-LesteEmbaixada” quis registar este momentopioneiro com algumas declarações doComandante das Operações.

Como tudo começou?Que balanço faz destacooperação?

É a primeira vez que participamosactivamente nos Exercícios Felino daCPLP, há três anos éramos observa-

dores, recordando a participação emMoçambique em 2003, em São Tomée Príncipe em 2004 e depois em Angolaem 2005, nos anos de 2006 e 2007não nos foi possível participar devidoà situação política de então.

O resultado foi positivo, sendo queo País é membro da CPLP, é um or-gulho ter tido a oportunidade de par-ticipar já em 2008, na projecção daforça de Timor-Leste nesta organiza-ção militar da CPLP.

Em termos práticos em que éque se traduziu?

Como força de um país esta é aprimeira vez que viemos participar, sen-timos cada vez mais orgulho em par-ticipar neste exercício adquirindo umconjunto de conhecimentos e de ex-periências a nível técnico e de tácti-cas militares.

Neste exercício conseguimos fami-liarizar as forças a nível da CPLP e te-mos vindo a ganhar experiências e conhe-cimentos com as forças armadas dosPaíses de Língua Portuguesa.

Entrevista:Major Quintas

para o emprego das mesmas em ope-rações de paz e de assistência huma-nitária, sob a égide da Organização dasNações Unidas, respeitadas as legis-lações nacionais.

Neste âmbito, a finalidade doExercício Felino 2008 foi “Exercitar umaForça Tarefa Conjunta e Combinada,no quadro da CPLP, no sentido de in-crementar a interoperabilidade e o treinodas Forças Armadas dos EstadosMembros da CPLP, com vista ao seu

emprego em operações humanitáriase de apoio à paz, sob a égide daOrganização das Nações Unidas”.

O cenário do Exercício Felino 2008foi fictício e caracterizou uma situa-ção de crise humanitária com impli-cações de segurança. Decorreu emambiente permissivo, empregandodados geográficos reais de Portugale decorreu na região AVEIRO-OVAR.

A preparação do exercício contouainda com actividades de formação de

quadros de que se salientaram o es-tágio centrado nas matér ias doPlaneamento Operacional e dasRegras de Empenhamento, que tevelugar no Centro de Simulação doExército (Pedrouços), no período de16 a 20 de Junho, e o Estágio deOperações de Apoio à Paz a minis-trar pelo Centro de Instrução e Treinode Operações de Apoio à Paz da EscolaPrática de Infantaria (CITOAP/EPI) noRI 10. n

Contingente das F-FDTL recebido na Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, Portugal

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Momentos durante a reunião do Conselho de Ministros da Defesa da CPLP em Díli, Timor-Leste

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A República Democrática de Timor--Leste (RDTL) assumiu a presidência doConselho de Ministros da Defesa daComunidade dos Países de LínguaPortuguesa, durante a X Reunião doConselho de Ministros da CPLP, decor-rida no segundo trimestre de 2008. Atéentão a Presidência do Conselho deMinistros estava a cargo de Cabo-Verde.

A assunção deste compromissorepresenta para Timor-Leste um novodesafio e renovado empenho de coope-ração com a CPLP no sector da concer-tação político-militar.

O compromisso feito pelos oitoEstados-membros da CPLP na área dacooperação técnico-militar assentou nainstituição dos Centros de Excelência,segundo designados na Declaração deDíli, que constituem uma proposta por-

tuguesa para a política de defesa comumda CPLP e que pretendem constituiruma rede de formação de formadores emáreas específicas.

No seguimento da reunião de Díli, oSecretariado Permanente para osAssuntos de Defesa da CPLP (SPAD--CPLP) ficou incumbido de receber ocontributo dos Estados-membros daComunidade e dentro de um ano mate-rializar uma proposta operacional, com adefinição de especialidades e locais eme cada um dos Países de LínguaPortuguesa.

Esta foi uma proposta acolhida comsatisfação entre os Estados-membrosda CPLP evidenciando disponibilidadeimediata dos Países Africanos de LínguaOficial Portuguesa, tais como CaboVerde, Angola, Guiné-Bissau e Moçam-

Timor-Leste na Presidência do Conselho

de Ministros da Defesa

Ministro dosEstrangeiros da RDTL querparticipação mais activa naCPLP

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bique para o acolhimento e abertura doscentros de formação militar.

Este processo foi também o resul-tado de 17 anos de cooperação bilate-ral entre os vários Países de LínguaPortuguesa, e da experiência daí adqui-rida no quadro da cooperação militar. Amultilaterização do conhecimento adqui-rido ao longo destes anos poder-se-áconsiderar um capital da Comunidade,traduzindo-se no avanço multilateral noquadro da CPLP.

Centros de Excelência deFormação Militar

Os Centros de Excelência terãopor objectivo a formação de formado-res para criar uma unidade de doutrinae regras de empenhamento, mas virada

para as operações de paz, que exigemsegurança cooperativa e capacidademilitar para poder intervir nos cenáriosregionais em que estão inseridos osvários países da CPLP.

As missões de manutenção de paze humanitárias no continente africanosão um cenário típico em que países daCPLP poderão usar a capacitação dassuas forças armadas para desempen-har operações que hoje outros paísescomo o Senegal e a Nigéria asseguramcom regularidade.

Em declarações à imprensa, oMinistro da Defesa de Portugal, NunoSeveriano Teixeira afirmou que a “CPLPé um instrumento e uma mais-valia decada Estado na sua afirmação nasorganizações regionais em que se inse-

rem”, concluindo que “isto é verdade,em particular, no sector da defesa, aodar uma dimensão real de segurança àCPLP".

No decorrer desta reunião sectorialda CPLP, o Secretário Executivo daCPLP, Embaixador Luís Fonseca foirecebido pelo Presidente da República,José Ramos-Horta, pelo Primeiro--Ministro, Xanana Gusmão, pelo VicePrimeiro-Ministro, José Luís Guterres,pelo Presidente do ParlamentoNacional, Fernando “LaSama” de Araújoe pelo Representante Especial doSecretário-Geral das Nações Unidasem Díli, Atul Khare. n

FONTE: Embaixada da República Democrática

de Timor-Leste em Portugal/ SE CPLP

Fotografia de família do Conselho de Ministros da Defesa da CPLP, em Díli, Timor-Leste

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Os Ministros do Trabalho e dosAssuntos Sociais da Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa (CPLP) reu-niram-se na cidade de Díli, Timor-Leste, noprimeiro trimestre do corrente ano.

O Estado-membro anfitrião, Timor--Leste contou com a presença da Ministrada Solidariedade Social de Timor-Leste,Maria Domingas Fernandes Alves para asessão inaugural dos trabalhos e acompan-hada pelo Secretário de Estado daFormação Profissional e Emprego, Benditodos Santos Freitas.

Sendo o tema central do Encontro o“Trabalho e a Solidariedade Social”, asquestões relativas ao crescimento econó-mico não foram alheias.

No decorrer de dois dias de reunião,as autoridades participantes dos Estados--membros da CPLP puderam analisar eexpor as realidades dos seus países, tendoem consideração os vários factores dedesenvolvimento, concluindo-se quesegundo certas realidades locais de cadaEstado-membro, poderá tornar-se insufi-ciente a redução da pobreza exclusiva-mente por meio do crescimento econó-mico, pelo que se deve apostar também naimplementação de políticas sociais para ocombate à pobreza.

Em termos de medidas práticas, osMinistros do Trabalho e dos AssuntosSociais da Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa decidiram dar conti-nuidade ao desenvolvimento de Sistemasde Protecção Social nos Estados ondeainda não estejam implementados, e man-ter um intercâmbio regular de troca deexperiências e de informações neste domí-nio entre os Estados-membros da CPLP,bem como reuniões e seminários a nívelbilateral ou multilateral e reforço das coope-rações técnicas a nível bilateral e multila-teral.

Incentivo aoempreendedorismo

No âmbito do combate à pobreza atra-vés do incentivo ao empreendedorismo, osMinistros dos oito Países de LínguaPortuguesa deram luz verde para se consti-tuir um grupo de trabalho, coordenado peloBrasil, a envolver todos os Estados-mem-bros da CPLP, no qual cada um financiariaa sua própria participação, com vista aoestudo e apresentação, na próxima Reuniãode Ministros, de uma proposta de Convéniono âmbito da Segurança Social e queabranja todos os Estados-membros.

Assim, neste sector, privilegiar-se-á apromoção de intercâmbios de cooperaçãona área do microcrédito produtivo orien-tado, com base na experiência dos diver-sos países-membros, onde o Brasil sedisponibilizou para apresentar a sua expe-riência na próxima reunião de Ministros doTrabalho e Assuntos Sociais da CPLP.

Outro dos pontos consagrados nareunião é que será apresentada e pro-posta aos países-membros a integração depolíticas públicas surgida por meio doPlano Sectorial de Qualificação (Planseq)- uma das acções do Plano Nacional deQualificação (PNQ) - que tem como objec-tivo a capacitação da mão-de-obra parainserção social e no mercado de trabalho.

Este projecto piloto do Planseq-Microcrédito não visa apenas o aumento daprobabilidade de permanência do pequenoempresário nos mercados de trabalho, mastambém a elevação da sua produtividade oua melhoria dos seus serviços prestados,garantindo também a integração de políticaspúblicas de qualificação profissional e degeração de trabalho e subsídios para osbeneficiários do micro – crédito.

Da Declaração de Díli, os problemasdas camadas mais jovens da sociedade fo-ram também alvo de análise, e preten-

deu-se desenvolver metodologias para ainclusão social e económica destes, aliadaà elevação da escolaridade, com basenuma proposta apresentada pelo Brasilaté à próxima reunião dos Ministros doTrabalho e Assuntos Sociais.

Protecção social dos menoresNo campo da protecção social dos

menores, os Estados-membros viram-sedecididos a combater a exploração das pio-res formas de trabalho infantil e pretendemincentivar os países que ainda não ratifica-ram as Convenções n.º 138 e 182 daOrganização Internacional do Trabalho (OIT)a fazê-lo. Na saúde, o estudo das formasmais adequadas de combate ao Vírus daImunodeficiência Humana - Síndrome daImunodeficiência Adquirida (VIH-SIDA).

Os Ministros dos oito Estados-mem-bros da CPLP presentes decidiram apoiara Agenda do Trabalho Digno da OIT, dadoque a CPLP e a OIT têm vindo a estreitaros laços de cooperação entre as organi-zações no esforço de promoção, à escalaglobal, regional e nacional, da Agenda doTrabalho Digno.

Entre outras decisões, o Conselho deMinistros quis também apostar na tónicadas tecnologias de informação e comuni-cação, como a criação de um portal, poronde se possa monitorizar, analisar e ava-liar o desenvolvimento da implementaçãodas políticas bem como na troca intensivade informações, tendo em vista a harmo-nização das políticas de cooperação nes-tes sectores.

A 9ª Reunião dos Ministros do Trabalhoe dos Assuntos Sociais da CPLP foi mar-cada para o primeiro semestre de 2009, emPortugal. n

FONTE: Embaixada da República Democrática

de Timor-Leste em Portugal/ SE CPLP.

VIII Reunião dos Ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP

Recordar a Declaração de Díli

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Indicadores de Desenvolvimento de Timor-Leste

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Designação Oficial:República Democrática de Timor-Leste - RDTLCapital:DíliOutras cidades importantes:Baucau, Manatuto, Aileu e LiquiçáLíngua:as línguas oficiais são o Português e o TétumChefe de Estado:José Ramos Horta (desde Maio de 2007)Presidente do Parlamento Nacional:Fernando “LaSama” de AraújoPrimeiro-ministro:Alexandre Kay Rala Xanana Gusmão (desde 2007)Ministro dos Negócios Estrangeiros:Zacarias Albano da CostaData da actual Constituição:Maio de 2002Partidos e Líderes Políticos:Partido Democrático (PD), Fernando Araújo;Conselho Nacional de Reconstrução Timorense(CNRT), Xanana Gusmão; União NacionalDemocrática da Resistência Timorense (UNDER-TIM), Cornélio da Conceição Gama; Partido daUnidade Nacional (PUN), Fernanda Borges; PartidoPopular de Timor (PPT), líder Jacob Xavier; FrenteRevolucionária de Timor-Leste Independente (FRE-TILIN), Mari Alkatiri; Associação Social Democratade Timor (ASDT), Francisco Xavier do Amaral;Partido Social Democrata (PSD), MárioCarrascalão; KOTA, Manuel Tilman; Geografia:Timor-Leste está situado no Sudeste-Asiático, anoroeste da Austrália e no extremo oriental do ar-quipélago indonésio. Recordando que Timor-Lesteé composto pela metade oriental da ilha de Timore o enclave de Oecussi situado a noroeste da ilha,contando ainda com as ilhas de Ataúro e Jaco.A dimensão total da superfície terrestre do terri-tório nacional é de 15.007 Km2, compreendidacom uma costa de 706 km e uma área marítimade 12 milhas náuticas (cada milha náutica equi-vale a 1852 metros), com a Zona EconómicaExclusiva de 200 milhas náuticas e zona contí-gua de 24 milhas náuticas. A fronteira terrestrecom a República da Indonésia é de 228 km.

O clima é tropical, quente, húmido, com épo-cas sazonais distintas de monções e secas.População total:1.067.000 habitantes.Índice de Desenvolvimento Humano:O valor de 0,514 representa um desenvolvimentohumano médio, resultado do rácio dos indica-dores de riqueza, alfabetização, educação, es-perança média de vida, natalidade entre outros,constituindo uma forma padronizada de avalia-ção e medida do bem-estar de uma população,especialmente o bem-estar infantil.Religião:Católicos Romanos (90%); outros Cristãos (3%);Muçulmanos (4%); outras religiões minoritárias.Unidade monetária:Dólar norte-americano (USD). Para facilitar astrocas comerciais, o Estado cunha moedas dedenominação “centavo”.Recursos económicos:A economia de Timor-Leste assenta na produçãode café, cravo e copra, petróleo e gás natural.Principais exportações:Café e Copra.Principais importações:Combustíveis minerais, óleos minerais e substân-cias afins; veículos e acessórios; borracha; ce-reais; tabaco; bebidas e bebidas espirituosas.

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huma imposição mas sim uma vontade de todoum Povo, uma vez que também para a conso-lidação do Tétum é necessário que a LínguaPortuguesa também esteja presente, uma vezque constitui um dos pilares de sustentaçãodo Tétum, da identidade e marca de diferen-ciação na região.A plateia contou com algumas dezenas departicipantes, entre os quais o CônsulHonorário do Brasil. n

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Breves Agenda Diplomática

A Embaixada da República Democrática deTimor-Leste recebeu no passado dia 22 deSetembro o novo Embaixador de Espanha acre-ditado em Lisboa, Portugal, Alberto Navarroem visita de cortesia.Durante o encontro, o Embaixador Alberto Navarroteve a oportunidade de transmitir ao Embaixadorde Timor-Leste em Portugal a importância doreforço e estreitamento de relações de coope-ração bilateral com a Espanha, recordando aindaa preparação para a apresentação de creden-ciais do Embaixador de Timor-Leste ao Rei deEspanha, em Madrid.Na sequência do convite da Universidade daCorunha ao Governo de Timor-Leste e àEmbaixada da RDTL em Lisboa, Portugal, parao “Seminário Europeu para uma agenda har-monizada de Cooperação com Timor-Leste(SECTO)”, a ter lugar nos dias 22, 23 e 24 deOutubro na Cidade da Corunha, o EmbaixadorManuel Soares Abrantes informou o seu ho-mólogo espanhol do grande interesse econfirmação da presença das autoridades doGoverno de Timor-Leste no evento.O SECTO visa reunir representantes doGoverno de Timor-Leste, Agências Gover-namentais de Cooperação dos Estados-mem-bros da União Europeia, Instituições da UniãoEuropeia, Sociedade Civil, Académicos e Meiosde Comunicação Social para um debate so-bre a concentração de esforços de coope-ração e harmonização das políticas e progra-mas de cooperação com Timor-Leste, como intuito de se firmar uma cooperação eficaze não duplicada.n

Natália livre de tumorA menina leste-timorense de 10 anos que sofriade um tumor no cérebro e que foi transporta-da pela Guarda Nacional Republicana portugue-sa para ser sujeita a uma intervenção cirúr-gica em Portugal, já se encontra em francarecuperação, dado o sucesso da operação.A Embaixada de Timor-Leste em Portugal,através do seu Embaixador, tem vindo a acom-panhar a situação de perto e no passado mêsde Setembro, deslocou-se numa visita de corte-sia ao Hospital de São João na cidade doPorto onde surgiu a oportunidade de trocasde impressões sobre o caso clínico com osfamiliares da “Natália”, a Presidência doConselho de Administração do Hospital, médi-cos, enfermeiros e outros intervenientes.Desta visita, o Presidente do Conselho deAdministração do Hospital de São João,Professor Doutor António Ferreira, manifestou

a disponibilidade em cooperar mais de per-to com Timor-Leste e principalmente com asinstituições do sector da saúde.A “Natália”, agora em recuperação e já comalta, deverá necessitar ainda de acompan-hamento médico e aguarda o regresso aTimor-Leste a partir do próximo mês deNovembro. n

“A Língua Portuguesa umPatrimónio Comum. QueFuturo num MundoGlobalizado?” foi tema dedebate em Santarém,conferência organizadapela Casa da Europa doRibatejo no passado dia 26de Setembro, data emque se assinalou o “DiaEuropeu das Línguas”.A sessão contou com a pre-sença da conferencista, eu-rodeputada do Part idoSocialista Europeu (PSE),Edite Estrela, que abordoua importância da LínguaPortuguesa como ferra-menta de ligação da União Europeia aos qua-tro continentes, através dos Países deLíngua Oficial Portuguesa, e da mais valia querepresenta no que toca à questão da dife-rencialidade.Nesta conferência, o Embaixador de Timor--Leste em Lisboa, interveio afirmando que aLíngua Portuguesa é um factor de identidadepara Timor-Leste, recordando que estaLíngua Oficial, a par do Tétum, não foi nen-

NOVO

Embaixadorde Espanhareafirma importânciada cooperação comTimor-Leste

Importância da Língua Portuguesadebatida em Santarém

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