tidir iii desenho tÉcnico aplicado ao projeto elÉtrico residencial
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TRABALHO INTERDISCILINAR DIRIGIDO III
INSTITUTO POLITÉCNICO – Centro Universitário UNA
DESENHO TÉCNICO APLICADO AO PROJETO ELÉTRICO
RESIDENCIAL
CURSO: Engenharia Civil Professor TIDIR: Breno Arêdes
Camilo Virgílio Gonçalves Magalhães, Cláudio Aires Dias, Daniel Frankllin
Durães Dornelas, Glayson da Costa, Helen Raquel Gonçalves Campos, Hudson Bento Venturim,
Leonardo Ribeiro Moura, Luiz Fernando Calcagno Saade.
Resumo – A instalação elétrica é de extrema importância para qualquer
residência nos dias de hoje. Através dela que se consegue ligar todos os
equipamentos necessários. Estando em perfeito funcionamento, nem se percebe
o quanto a energia elétrica é fundamental no dia a dia, mas, a partir do momento
em que os disjuntores começam a "desligar" os equipamentos começam a
"queimar" e a iluminação a "oscilar" percebe-se a sua existência.
Para haver confiança e segurança em uma instalação elétrica, é necessário que
muitas etapas sejam executadas: planejamento, projeto, execução, inspeção
geral da instalação. O presente estudo aplica o desenho técnico ao projeto
elétrico residencial mostrando a importância do conhecimento e aplicação das
normas técnicas que regulamentam a representação gráfica e escrita do projeto
elétrico.
Palavras-chave: desenho arquitetônico, desenho técnico, projeto elétrico
residencial, normas, ABNT.
1. Introdução
O projeto elétrico é de grande importância na construção civil. É a representação
gráfica e escrita do resultado da interação dos sujeitos envolvidos: cliente,
profissional projetista e entidades normatizadoras. Quando bem desenvolvido,
1
dimensionado e integrado aos demais projetos técnicos complementares, permite
fácil execução e manutenção das instalações sem riscos de acidentes, significativa
economia na compra dos materiais necessários para execução e no consumo de
energia, representa de 0,5% a 1% do custo total da obra, e garante o
dimensionamento correto dos circuitos, dos disjuntores e bom posicionamento dos
pontos de energia. [1][2]
O projeto elétrico deve apresentar soluções de engenharia para problemas da
necessidade humana, sempre respeitando as normas técnicas da ABNT,
principalmente a NBR 5410 (Instalações Elétrica de Baixa Tensão) e a NBR 5444
(Símbolos Gráficos Para Instalações Elétricas), junto com as normas específicas
aplicáveis a determinado projeto. [3] Segundo a norma NBR 5444:1989:
A maioria das instalações elétricas não apresenta as condições
mínimas de qualidade, principalmente aquelas executadas em
habitações de interesse social. É raro encontrar uma planta com
indicações claras, precisas e de acordo com as normas NBR
5410:2004 e NBR 5444:1989.[1]
O objetivo desse estudo é realizar uma revisão bibliográfica com o intuito de
demonstrar as normas técnicas que regulamentam a representação gráfica e escrita
do projeto elétrico utilizando o desenho técnico. Para isso, é de fundamental
importância analisar e estudar as normas que delimitam a forma de representação e
execução de um projeto elétrico tendo o projeto arquitetônico como base; abordar a
interdependência do desenho técnico com os demais projetos, principalmente o
projeto elétrico; desenvolver um projeto elétrico tendo um projeto arquitetônico
elaborado com as normas que regem o desenho técnico e realizar um estudo das
normas regularizadoras.
2. Revisão Bibliográfica
Para a concepção de um projeto elétrico, é necessário ter o projeto arquitetônico
da residência concebido de acordo com as normas do desenho arquitetônico. O
desenho arquitetônico deve visar à plástica e a funcionalidade da edificação e deve
contemplar a resolução do organograma, fluxograma, orientação solar, viabilidade
2
técnica e condições legais do empreendimento resultando no desenho executivo que
irá orientar e esclarecer os profissionais que executarão a obra. Para tal, utiliza-se
do desenho técnico que se caracteriza como um conjunto de linhas, números,
símbolos e indicações escritas normalizadas internacionalmente. O desenho técnico
é a linguagem gráfica universal da engenharia e da arquitetura. [4][9][10]
É de suma importância respeitar o emprego das escalas na representação de
qualquer projeto com finalidades técnicas. Com base na regulamentação da NBR
8196 (Desenho técnico - Emprego de escalas)
deve-se sempre estar acompanhada da legenda, a escala da representação do
desenho. [5]
A NBR 6492 (Representação de projetos de arquitetura) faz referência ao
dobramento e arquivamento do projeto e fixa as condições exigidas para
representação gráfica de projetos de arquitetura objetivando sua boa compreensão.
[6]
É importante frisar que a norma 8402 (Execução de caractere) regulamenta a
representação e utilização da escrita em um projeto qualquer que respeite as
características técnicas. Por sua vez tem por finalidade garantir a legibilidade,
uniformidade e adequação à microfilmagem e a outros processos de reprodução. Tal
norma tem como objetivo fixar as condições exigidas para escrita usada em
desenhos técnicos e documentos afins. [7]
Toda obra passa por diversas etapas desde o planejamento até seu
acabamento. E cada etapa seguinte depende da etapa anterior. E, assim, também é
com a instalação elétrica. [1][2]
A instalação elétrica é uma das etapas extremamente importante de
uma construção (casas, apartamentos, comércio, indústria, etc.),
portanto ela deve ser preocupação de todos, isto é, dos profissionais
envolvidos (engenheiros, técnicos, eletricistas) e usuários
(proprietários e todos os que fazem uso da eletricidade). [1]
A análise do projeto é um trabalho que normalmente provoca dúvida e
insegurança até mesmo para aqueles que executam essa atividade há anos.
Portanto é de responsabilidade dos engenheiros e técnicos a elaboração dos
projetos de acordo com as normas NBR 5410:2004 – Instalações Elétricas de Baixa
3
Tensão; NBR 5444:1989 – Símbolos Gráficos para Instalações Elétricas Prediais;
Norma 224-315-01/01 – Tubulações Telefônicas em Edifícios; Normas da
Concessionária Local. [1][2]
As instalações elétricas devem ser executadas em função de um projeto
elaborado antes mesmo da construção das fundações da obra seguindo as
recomendações das normas NBR 5410:2004 e NBR 5444:1989. [1][2]
O projeto arquitetônico deve conter duas linhas de distribuição: distribuição da
iluminação e distribuição dos pontos de tomada. [1][2][3][8]
Com relação à iluminação, em ambientes com área igual ou inferior a 6
metros quadrados deve ter carga mínima de 100VA previstas; em ambientes com
área superior a 6 metros quadrados, carga mínima de 100VA previstas para os
primeiros 6 metros quadrados acrescentando 60VA para cada aumento de 4 metros
quadrados inteiros. Lembrando que esses valores são referentes à potência
destinada para iluminação no dimensionamento do circuito e não a potência das
lâmpadas utilizadas. [3]
Os pontos de tomada são determinados em função da destinação do local e
dos equipamentos elétricos que serão utilizados seguindo critérios específicos para
cada ambiente. Nos banheiros, deve ser previsto ao menos um ponto de tomada
junto ao lavatório. Na cozinha, copa, copa-cozinha, copa área de serviço,
lavanderias e ambientes análogos deve ser previsto ao menos um ponto de tomada
a cada 3,5 metros lineares ou fração de perímetro, acima da bancada da pia deve
ter no mínimo duas tomadas de corrente no mesmo ponto ou em pontos distintos.
Na varanda deve ser colocado ao menos um ponto de tomada. Esse ponto deve ser
instalado na própria varanda ou no máximo a 0,80m do acesso a ela. Nas salas e
dormitórios devem ser previstos ao menos um ponto de tomada a cada 5 metros
lineares ou fração de perímetro e devem ser espaçados o mais uniforme possível.
No caso de salas de estar deve ficar atento à possibilidade de ponto de tomada para
alimentar mais de um equipamento, portanto, deve-se instalar a quantidade de
tomadas que julgar necessário. [3]
Em relação a cada um dos demais cômodos e dependências da habitação,
deve ser previstos ao menos um ponto de tomada em ambientes com área igual ou
inferior a 2,25 metros quadrados. Esse ponto pode ser instalado externamente ao
cômodo com distância máxima de 0,80 metros de sua porta de acesso. Em
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ambientes com metragem superior a 2,25 metros quadrados mas inferior a 6 metros
quadrados deve ser previsto ao menos um ponto de tomada. Ambientes com
metragem superior a 6 metros quadrados deve ser previsto um ponto de tomada a
cada 5 metros lineares ou fração de perímetro espaçados o mais uniforme possível.
[3]
Feito o planejamento de distribuição das cargas no projeto arquitetônico é
hora de representá-las e de formar outro desenho também com embasamento
técnico e padronizado, o projeto elétrico. A simbologia do projeto elétrico é
regulamentada pela norma NBR 5444:2004. [4]
Definidas as cargas e desenhadas corretamente, realiza-se o
dimensionamento dos circuitos. Esses circuitos são distribuídos de acordo com a
funcionalidade, localização e critérios utilizados pelo engenheiro. Nos desenhos eles
são representados por números em cada ponto de carga que indicam o número do
circuito. [3][4]
Distribuídos os elementos nos circuitos realizam-se os cálculos para
dimensionar os condutores que serão usados na instalação e também os eletrodutos
que servem para alojar, proteger e conduzir a fiação até o ponto final. [3][11]
O dimensionamento do circuito deve ser feito inicialmente somando os
valores das potências ativas dos pontos de iluminação e de tomadas de uso geral e
específico. Com o valor total da potência, conhecendo a tensão (127V ou 220V),
pode-se obter a corrente utilizando-se da equação:
I= SV
I= corrente, S= potência, V= tensão
Esse processo deve ser feito para dimensionar a corrente nominal de todos
circuitos presentes no projeto elétrico. Com o valor da corrente apurado, instala-se
um disjuntor adequado para proteção de cada circuito e um disjuntor geral para
proteção de todos circuitos. A bitola da fiação dependerá da corrente do circuito e
deve ser consultada na tabela da norma NBR 5410:2004, observando, também, os
fatores que influenciam na queda de tensão presentes na norma NBR 5410:2004. [3]
A soma da área da secção transversa dos fios do circuito deve representar no
máximo 40% da área da secção transversa do eletroduto escolhido. [3]
5
3. Materiais e Métodos
Para a revisão bibliográfica foram utilizadas obras que abordassem sobre o tema
do projeto arquitetônico, projeto elétrico, desenho técnico e arquitetônico, com
ênfase na simbologia e com embasamento na legislação. Dessa forma foi montado
um paralelo entre desenho e projeto elétrico.
Para desenvolver a revisão bibliográfica utilizou-se das normas NBR 5410:2004
– sobre o projeto elétrico e a NBR 5444:2004 – sobre a simbologia utilizada no
projeto elétrico, além das normas NBR 8196 - desenho técnico - emprego de
escalas, NBR 6492 - representação de projetos de arquitetura, NBR 8402- execução
de caractere para escrita em desenho técnico.
Seguindo as regulamentações exigidas nas normas, foi criado um projeto
arquitetônico (ANEXO I), projeto de layout de mobiliário e equipamentos eletrônicos
com a distribuição dos pontos elétricos e iluminação (ANEXO II), projeto de layout
utilizando o programa Homestyler 2D (ANEXO III) utilizada na maquete, projeto de
layout utilizando o programa Homestyler 3D (ANEXO IV) ilustrativo, para, finalmente,
chegar à elaboração do projeto elétrico (ANEXO V). Para tal, utilizou-se o programa
AutoCAD. As plantas estão anexadas ao trabalho. A memória de cálculos está no
ANEXO VI.
Com o objetivo de reforçar o entendimento e facilitar a visualização do tema
abordado, foi desenvolvida uma maquete que mostra a representação do projeto
elétrico junto ao projeto arquitetônico. Para isso, utilizou-se uma base em MDF que
simula um terreno residencial de tamanho 15 X 20 m e, sobre ele, afixou-se a planta
do projeto arquitetônico desenvolvido com o programa Homestyler da Autodesk;
sobre esta planta, os eletrodutos foram representados por arames e madeira
pintados, onde passariam os condutores dimensionados no projeto elétrico. Dessa
maneira, representa-se em três dimensões, o projeto elétrico.
4. Resultados Experimentais
Partindo de uma planta arquitetônica desenvolvida neste trabalho de acordo
com as normas do desenho técnico e arquitetônico, foram distribuídos os pontos de
carga e iluminação de acordo com a necessidade do cliente fictício. Dessa forma, foi 6
possível chegar a um desenho executivo capaz de referenciar o desenho técnico /
arquitetônico com o projeto elétrico de forma que facilita a execução e garante o
bom funcionamento dos circuitos.
O estudo das normas é importante pois, sua utilização e conhecimento,
garante além da padronização e entendimento do projeto em qualquer região do
país, a segurança das instalações elétricas realizadas, melhor custo benefício para o
cliente, evita sobrecargas, aquecimento dos condutores e até um possível incêndio.
A não aplicação das normas vigentes pode resultar em circuitos mal dimensionados,
condutores e eletrodutos não adequados para suprir a necessidade do circuito,
maior custo, curto circuitos e possível não entendimento do projeto em si por parte
dos executores da obra.
Como resultado desse estudo, foi desenvolvido um projeto arquitetônico,
projeto de layout dos ambientes e distribuição de pontos elétricos e iluminação e um
projeto elétrico, todos de acordo com as normas vigentes.
5. Conclusão
Diante do assunto referenciado conclui-se que o conhecimento e
principalmente a aplicação das normas que regulamentam um projeto elétrico é
essencial para elaboração, execução e manutenção da instalação elétrica. Para tal,
faz-se necessário o conhecimento prévio das normas que regulamentam os
desenhos técnico, arquitetônico e elétrico.
O executor deve ser pessoa qualificada para conseguir interpretar os
desenhos colocados nas plantas e executá-los corretamente.
As normas que regulamentam o projeto elétrico são bastante extensas e
pouco conhecidas. Para um futuro estudo, seria interessante a criação de um mini
manual que servirá para aprendizado ou consulta prévia para o projetista e o
executor do projeto com o objetivo de familiazarem com a norma, facilitando, assim,
a elaboração, execução e manutenção das instalações elétricas residenciais.
6. Referência Bibliográfica
7
[1] CAVALIN, Geraldo; CERVELIN, Severino. Instalações elétricas prediais:
conforme norma NBR 5410:2004. 14 ed. rev. atual. São Paulo: Érica, 2009.
[2] CARVALHO JUNIOR, Roberto de. Instalações Elétricas e o Projeto de
Arquitetura, 3ª ed. São Paulo: Blucher, 2011.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410:2004.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5444:1988 -
SÍMBOLOS GRÁFICOS PARA INSTALAÇÕES ELETRICAS PREDIAIS.
[5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8196:1999 -
Desenho técnico - Emprego de escalas.
[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492:1985 -
Representação de projetos de arquitetura.
[7] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402:1993 -
Execução de caractere para escrita em desenho técnico.
[8] LIMA FILHO, Domingos Leite. Projetos de Instalações Elétricas Prediais. 12.
ed.-2011 São Paulo: Érica. ISBN: 978-85-7194-417-6
[9] Montenegro, Gildo Aparecido. Desenho Arquitetônico. 4 ed-2011 Editora:
Edgar Blucher. ISBN: 852-12-0-291-1
[10] VIERCK, French. Desenho técnico e tecnologia gráfica. 4 ed-1999 Editora:
Globo. ISBN: 8525007331
[11] Coordenação e Dimensionamento dos Disjuntores for Manual de Instalações
Elétricas Residenciais CEMIG. Disponível em
<http://pt.scribd.com/doc/10231125/69/%E2%80%93-Coordenacao-e-
Dimensionamento-dos-Disjuntores>, acessado em 12 de outubro de 2012
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