tiago roberto da costa

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Page 1: Tiago Roberto da Costa
Page 2: Tiago Roberto da Costa

TIAGO ROBERTO DA COSTA

CARREADORES DE OXIGÊNIO A BASE DE NÍQUEL SUPORTADO EM

MATERIAIS MESOOROS PARA APLICAÇÃO NA RECIRCULAÇÃO QUÍMICA COM

REFORMA (RQR)

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação

em Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento com as exigências para obtenção

do título de Mestre em Química.

Orientadora: Profª. Drª. Dulce Maria de Araújo Melo

Natal - RN

2012

Page 3: Tiago Roberto da Costa

UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Catalogação da Publicação na Fonte

Costa, Tiago Roberto da. Carregadores de oxigênio a base de níquel suportado em materiais mesooros para aplicação na recirculação química com reforma (RQR) /Tiago Roberto da Costa. – Natal, RN, 2012. 108 f. : il.

Orientadora: Dulce Maria de Araújo Melo.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Recirculação química com reforma-RQR– Dissertação. 2.MCM-

41–Dissertação. 3. Carreadores de oxigênio– Dissertação. 4. Gás de síntese – Dissertação. I.Melo, Dulce Maria de Araújo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 54

Page 4: Tiago Roberto da Costa
Page 5: Tiago Roberto da Costa

A Deus, minha Mãe Josefa Simone, Renata Alicy, Meu filho Pedro Antônio e familiares, meus amigos, pelo apoio, confiança, incentivo e companheirismo.

Page 6: Tiago Roberto da Costa

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus por ser tão bondoso comigo e me presentear todos os

dias com minha existente e com muitas outras coisas.

A Dra. Dulce Maria de Araújo Melo, pela oportunidade, pela orientação

segura, pela paciência, apoio e incentivos durante esse trabalho.

A minha mãe Josefa Simone da Costa, por todo o esforço em me educar da

melhor maneira possível, pelo amor incondicional e carinho, e que é a pessoa mais

importante da minha vida.

A todos meus familiares e amigos por estarem sempre ao meu lado em todos

os momentos de minha vida.

Aos meus amigos e companheiros de laboratório, José Antônio, Rodrigo

Santiago, Alexandre, Rodrigo Melo, Rodolfo, Diego, Danilo, Marquinhos, Pedro

Paulo, pela ajuda, incentivo e os momentos de lazer. E as amigas de laboratório

Renata Braga, Amanda, Gabi, Flávia, Asenete, Mari, Gicélia, Auristela, Najara,

Elânia, que além da amizade ajudaram muito durante esse trabalho.

À Professora Joana Maria de Farias Barros por sua contribuição na

realização deste trabalho.

Aos professores Júlio Cezar, Eledir Vitor, Sibele Berenice pela boa

convivência e companheirismo no cotidiano do laboratório.

Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Química, que

diretamente ou indiretamente acabaram por também participar deste trabalho.

A todos os participantes dos laboratórios LABTAM, LCR e LABCIM, como

também a todos os colegas responsáveis pelos equipamentos de caracterização

(DRX, MEV, FTIR, EDX, TPD/TPR, BET), pela colaboração e espírito de

companheirismo;

Ao Laboratório do Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis pela

parceria, especialmente a Juan Alberto Chavez Ruiz e Fabíola pela colaboração nos

ensaios de LCR;

A Renata Alicy, minha esposa, pela paciência e por compreender as minhas

ausências quando da realização desse trabalho e por cuidar tão bem do nosso filho,

Pedro Antonio.

Aos amigos que fiz durante o curso de química, em especial a Bruno

Barbalho.

Page 7: Tiago Roberto da Costa

Aos amigos que fiz durante o tempo de residência universitária, aos grandes

amigos de Lagoa Nova - RN, pela amizade e apoio durante todos esses anos.

À CAPES e ao CNPq pelas bolsas concedidas.

A todos que fazem parte de minha vida e que direta ou indiretamente

contribuíram para a realização desse trabalho.

Page 8: Tiago Roberto da Costa

“É preciso viver ativamente como se fosse morrer amanhã, é preciso aprender

intensamente como se fosse viver para sempre”.

Isocrates Sevilha

Page 9: Tiago Roberto da Costa

RESUMO

Transportadores de oxigênio são óxidos metálicos que possuem a capacidade

de oxidar e reduzir facilmente por diversos ciclos. Devido a essa propriedade estes

materiais são bastante utilizados nos processos de Chemical-Looping Reforming

para a produção de H2 ou gás de síntese (H2 mais CO). Neste trabalho foram

sintetizados os suportes MCM-41 e La-SiO2 pelo o método hidrotérmico. Os

materiais resultantes foram calcinados a 550 °C por 2 horas e, posteriormente,

caracterizados por TG, DRX, área superficial pelo método BET e FTIR. Após a

caracterização dos suportes foi feita a deposição da fase ativa (Ni) com as

proporções de 5, 10 e 20% em massa de níquel metálico, para aplicação como

transportadores de oxigênio. As análises de DRX mostraram que o aumento do teor

de Ni suportado em MCM-41 deu origem a uma diminuição no ordenamento

estrutural e no parâmetro de rede do material. As amostras MCM-41 apresentaram

variações quanto às curvas de adsorção/dessorção de nitrogênio, área superficial,

diâmetro médio de poros e espessura da parede de sílica, em função do aumento da

fase ativa no material mesoporoso. Enquanto que nas amostras com La-SiO2 não se

observou picos característicos da estrutura hexagonal, nos difratogramas de DRX.

Entretanto, as curvas de adsorção/dessorção de nitrogênio observadas são do tipo

IV, característico de materiais mesoporosos. Os resultados dos testes dos

transportadores indicam que o suporte não influenciou no processo catalítico. A

razão H2/O2 foi próxima de 2, durante todos os 15 ciclos envolvendo o teste de

capacidade de armazenamento de O2 , indicando que os materiais são eficientes

para o transporte de oxigênio.

Palavras chaves: Recirculação química com reforma-RQR. MCM-41.

Transportadores de oxigênio. Gás de síntese.

Page 10: Tiago Roberto da Costa

ABSTRACT

Oxygen carriers are metal oxides which have the ability to oxidize and reduce

easily by various cycles. Due to this property these materials are widely usedin

Chemical-Looping Reforming processes to produce H2 and syngas. In this work

supports based on MCM-41 and La-SiO2 were synthesized by hydrothermal method.

After the synthesis step they were calcined at 550°C for 2 hours and characterized by

TG, XRD, surface area using the BET method and FTIR spectroscopy. The

deposition of active phase, in this case Nickel, took place in the proportions of 5, 10

and 20% by weight of metallic nickel, for use as oxygen carriers.The XRD showed

that increasing in the content of Ni supported on MCM-41 resulted in a decrease in

spatial structure and lattice parameter of the material. The adsorption and desorption

curves of the MCM-41 samples exhibited variations with the increase of Ni deposited.

Surface area, average pore diameter and wall density of silica showed significant

changes , due to the increase of the active phase on the mesoporous material. By

other hand, in the samples with La-SiO2 composition was not observed peaks

characteristic of hexagonal structure, in the XRD diffractogram. The

adsorption/desorption isotherms of nitrogen observed are type IV, characteristic of

mesoporous materials. The catalytic test indicates that the supports have no

influence in the process, but the nickel concentration is very important, because the

results for minor concentration of nickel are not good. The ratio H2/O2 was close to 2,

for all 15 cycles involving the test storage capacity of O2, indicating that the materials

are effective for oxygen transport.

Keywords: Chemical-Looping Reforming - CLR. MCM-41. Oxygen Carriers. Syngas.

Page 11: Tiago Roberto da Costa

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 - Volume de gás natural processado e capacidade de

processamento, segundo UPGNs-2011..................................

28

Figura 3.2 - Combustão com recirculação química (CLC), que MyOx e

MyOx-1 simboliza transportador na forma oxidada e reduzida,

respectivamente (MATTISSON e col. 2001)............................

37

Figura 3.3 - Combustão com recirculação química (CLC) usando dois

leitos fluidizados interconectados (LYNGFELT e col. 2001). ...

39

Figura 3.4 - Sistema de reforma auto-térmica com recirculação química

(CLR), (1) reator de ar, (2) reator de combustível, (3) ciclone

para separação de partículas, (4) e (5) leitos fluidizados.

(MATTISSON e LYNGFELT, 2001).........................................

40

Figura 3.5 - Mesofases típicas da família M41S......................................... 45

Figura 3.6 - Representação esquemática do direcionador orgânico........... 46

Figura 3.7 - Representação do mecanismo cooperativo (FIROUZI e col.

1995 e 1997) ............................................................................

47

Figura 3.8 - Esquema estrutural dos poros da MCM-41 (SCHUTH, 1995). 48

Figura 4.1 - Fluxograma da síntese dos suportes ....................................... 53

Figura 4.2 - Diagrama esquemático utilizado para a calcinação dos

materiais..................................................................................

56

Figura 5.1 Análises térmicas das amostras: a)Ni 20%/ MCM-41 C1550-

C2350; b)Ni 5%/MCM-41 C1550-C2350; c) Ni 10%/MCM-41

C1550-C2350; d) MCM-41 não calcinado e e) Ni 20%/ MCM-

41 C1550..................................................................................

63

Page 12: Tiago Roberto da Costa

Figura 5.2 Derivada da perda de massa (DTG):a) Ni 20%/ MCM-41

C1550-C2350; b)Ni 5%/ MCM-41 C1550-C2350; c) Ni

10%/MCM-41 C1550-C2350; d) MCM-41 não calcinado e e)

Ni 20%/ MCM-41 C1550.

64

Figura 5.3 Análises térmicas das amostras: a) Ni 20%/ La-SiO2 C1550-

C2350; b)Ni 5%/ La-SiO2 C1550-C2350; c) Ni 10%/ La-SiO2

C1550-C2350; d) La-SiO2 não calcinado e e) Ni 20%/ La-SiO2

C1550.......................................................................................

66

Figura 5.4 Derivada de primeira ordem (DTG): a) Ni 20%/ La-

SiO2C1550-C2350; b)Ni 5%/ La-SiO2 C1550-C2350; c) Ni

10%/ La-SiO2 C1550-C2350;d) La-SiO2 não calcinado e e) Ni

20%/ La-SiO2 C1550. ................................................................

67

Figura 5.5 - Difratograma de raios X (2θ de 1 a 10) da amostra Ni /MCM-

4. a) MCM-41 C1550; b)Ni 5%/MCM-41C1550-C2350; c) Ni

10%/MCM-41C1550-C2350 e d) Ni 20%/MCM-41C1550-

C2350......................................................................................

70

Figura 5.6 - Difratograma de raios X (2θ de 1 a 10) da amostra Ni /La-

SiO2. a) La-SiO2C1550; b) Ni 5%/La-SiO2C

1550-C2350; c) Ni

10%/La-SiO2C1550-C2350 e d) Ni 20%/ La-SiO2C

1550-

C2350.......................................................................................

72

Figura 5.7 - Difratograma de raios X (2θ de 1 a 10) da amostra Ni /La-

SiO2. a) La-SiO2 C1550; b)Ni 5%/La-SiO2 C

1550-C2350; c) Ni

10%/La-SiO2 C1550-C2350 e d) Ni 20%/ La-SiO2 C1550-

C2350.......................................................................................

73

Figura 5.8 - Difratograma de raios X (2θ de 10 a 80) da amostra Ni /La-

SiO2. a) La-SiO2 C1550; b)Ni 5%/La-SiO2C

1550-C2350; c) Ni

10%/La-SiO2C1550-C2350 e d) Ni 20%/ La-SiO2 C1550-

C2350......................................................................................

73

Page 13: Tiago Roberto da Costa

Figura 5.9 - Espectros de infravermelho da amostra MCM-41: (a) não

calcinado e (b) Calcinado (C1550).........................................

75

Figura 5.10 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 5%/ MCM-41: (a)

não calcinado e (b) Calcinado (C1550-C2350)........................

76

Figura 5.11 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 10%/ MCM-41: (a)

não calcinado e (b) Calcinado (C1550-C2350) .........................

76

Figura 5.12 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 20%/ MCM-41: (a)

não calcinado e (b) Calcinado (C1550-C2350) .........................

77

Figura 5.13 - Espectros de infravermelho da amostra La-SiO2: (a) não

calcinado e (b) Calcinado (C1550)...........................................

78

Figura 5.14 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 5%/ La-SiO2:(a)

não calcinado e (b) calcinado (C1550-C2350)..........................

78

Figura 5.15 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 10%/ La-SiO2:(a)

não calcinado e (b) calcinado (C1550-C2350)..........................

79

Figura 5.16 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 20%/ La-SiO2:(a)

não calcinado e (b) calcinado (C1550-C2350)..........................

79

Figura 5.17 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra

MCM-41 C1550.........................................................................

81

Figura 5.18 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra

MCM-41 C1550.........................................................................

82

Figura 5.19 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni

10%/ MCM-41 calcinada..........................................................

82

Page 14: Tiago Roberto da Costa

Figura 5.20 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni

20%/ MCM-41 calcinada..........................................................

83

Figura 5.21 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra

La-SiO2 calcinada (C1500).......................................................

84

Figura 5.22 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni

5%/La-SiO2 calcinada (C1550-C2350).....................................

84

Figura 5.23 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni

10%/ La-SiO2 calcinada...........................................................

85

Figura 5.24 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni

20%/ La-SiO2 calcinada...........................................................

85

Figura 5.25 - Redução à Temperatura Programada (TPR) do Ni /MCM-41. 88

Figura 5.26 - Redução à Temperatura Programada (TPR) do Ni / La-SiO2. 88

Figura 5.27 - Quantidade de Hidrogênio e oxigênio consumidos pelos

materiais em função dos ciclos................................................

90

Figura 5.28 - Média dos consumos de H2 e O2 considerando os 3 últimos

ciclos de cada

transportador.........................................................

91

Figura 5.29 - Razão de Hidrogênio/oxigênio consumidor pelos os materiais

em função dos ciclos................................................................

92

Figura 5.30 - Razão de Hidrogênio/oxigênio consumidor pelos os materiais

em função dos ciclos................................................................

93

Figura 5.31 - Produtos da reação de redução: Quantidade H2 formado ...... 94

Figura 5.32 - Produtos da reação de redução: Quantidade CO formado ...... 94

Page 15: Tiago Roberto da Costa

Figura 5.33 - Produtos da reação de redução: Quantidade CO formado....... 95

Figura 5.34 - Produtos da reação de redução: Quantidade CO2 formada .... 96

Figura 5.35 - Produtos da reação de oxidação: Quantidade CO formado. ... 97

Figura 5.36 - Produtos da reação de oxidação: Quantidade CO2 formado .. 97

Page 16: Tiago Roberto da Costa

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1- Composição típica de gás natural no Brasil ............................. 25

Tabela 3.2- Produção de gás natural nos últimos anos por unidade da

federação .................................................................................

26

Tabela 3.3 - Valores das reservas provadas, consumo e produção de gás

natural por regiões geográficas em 31/12/2011 .......................

29

Tabela 3.4 - Valores PCS para o metano..................................................... 30

Tabela 4.1 - Materiais precursores para a síntese do MCM-41 e do La-

SiO2..........................................................................................

51

Tabela 5.1 Faixas de temperaturas e as respectivas perdas de massa

para cada evento.....................................................................

65

Tabela 5.2 - Faixas de temperaturas e as respectivas perdas de massa

para cada evento das amostras contendo 20% de níquel.....

68

Tabela 5.3 - Resultado da Fluorescência de raios X dos materiais

utilizados .................................................................................

69

Tabela 5.4 - Parâmetros do DRX das amostras Ni/MCM-41 em função da

quantidade de Níquel...............................................................

71

Tabela 5.5 - Dados relativos às frequências vibracionais observadas e

suas respectivas atribuições feitas para o espectro de

infravermelho dos materiais.....................................................

80

Tabela 5.6 - Propriedades estruturais das amostras................................... 86

Tabela 5.7 - Área superficial descartando a massa do níquel metálico....... 87

Page 17: Tiago Roberto da Costa

LISTA DE ABREVIATURAS

ANP Agência Nacional de Petróleo

ASS Área superficial Específica

BET Brunauer-Emmett-Teller

BJH Barret-Joyner-Halenda

CAO Capacidade de Armazenamento de Oxigênio

FRX Fluorescência de Raios X

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

GNA Gás Não-Associado

GN Gás Associado

CLC Chemical-Looping Combustion

CLR Chemical-Looping Reforming

CTMABr Brometo de Cetilmetilamônio

DRX Difração de Raios X

FTS Síntese de Fischer-Tropsch

GTL Gas to Liquids

MCM-41 Mobil Crystalline Materials

PSC Poder Calorífico Superior

RVM Reforma a Vapor do Metano

RQR Recirculação Química com Reforma

TG Termogravimetria

TPR Redução à Temperatura Programada

UPGN Unidade de Processamento de Gás Natural

Page 18: Tiago Roberto da Costa

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 19

2 OBJETIVOS ....................................................................................... 23

2.1 OBJETIVOS GERAIS ......................................................................... 23

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 23

3 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................. 25

3.1 GÁS NATURAL ................................................................................... 25

3.2 METANO ............................................................................................. 30

3.3 GÁS DE SÍNTESE .............................................................................. 31

3.4 PROCESSOS DE GERAÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE ....................... 32

3.4.1 Reforma a seco do metano .............................................................. 33

3.4.2 Reforma a vapor do metano (RVM) ................................................. 34

3.4.3 Oxidação parcial do metano ............................................................ 35

3.4.4 Reforma autotérmica do metano ..................................................... 35

3.4.5 Processos de recirculação química (chemical-looping) ............... 36

3.4.5.1 Combustão com recirculação química (chemical-looping

combustion-CLC) ................................................................................

36

3.4.5.2 Recirculação química com reforma-RQR (chemical-looping

reforming- CLR) ..................................................................................

39

3.5 TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO ............................................. 43

3.6 MATERIAIS MESOPOROSOS ........................................................... 45

3.6.1 Materiais mesoporosos do tipo MCM-41 ........................................ 48

4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................. 51

4.1 MATERIAIS PRECURSORES ............................................................ 51

4.2 SÍNTESE DOS SUPORTES ............................................................... 52

4.2.1 Síntese da peneira molecular MCM-41 ........................................... 52

4.2.2 Obtenção do cloreto de lantânio .................................................... 54

4.2.3 Síntese do material mesoporoso La-Sio2....................................... 54

4.2.4 Calcinação dos suportes ................................................................. 54

4.3 PREPARAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO ........... 55

4.3.1 Deposição da fase ativa ................................................................... 55

4.3.2 Calcinação dos transportadores de oxigênio................................. 55

Page 19: Tiago Roberto da Costa

4.4 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS.............................................. 56

4.4.1 Análise termogravimétrica (TG) ...................................................... 56

4.4.2 Fluorescência de raios X (FRX) ....................................................... 57

4.4.3 Difração de raios X (DRX) ................................................................ 57

4.4.4 Espectroscopia na região do infravermelho com Transformada

de Fourier (FTIR) ..............................................................................

58

4.4.5 Determinação da área superficial ................................................... 58

4.4.6 Redução à temperatura programada (RTP) .................................... 59

4.5 AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE DOS TRANSPORTADORES ......... 60

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................... 62

5.1 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG) ........................................... 62

5.2 FLOURESCÊNCIA DE RAIOS X (FRX) ............................................. 68

5.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) ......................................................... 70

5.4 ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO COM

TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) ...........................................

74

5.5 DETERMINAÇÃO DA ÁREA SUPERFICIAL ..................................... 81

5.6 REDUÇÃO À TEMPERATURA PROGRAMADA (RTP) ..................... 88

5.7 AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE DOS TRANSPORTADORES ......... 89

6 CONCLUSÕES .................................................................................. 100

REFERÊNCIAS .................................................................................. 102

Page 20: Tiago Roberto da Costa

Capítulo I

INTRODUÇÃO

Page 21: Tiago Roberto da Costa

19

1 INTRODUÇÃO

A busca por combustíveis menos poluentes tem se intensificado nos

últimos anos devido ao aumento das exigências ambientais no mundo. Devido

a isso tem aumentado a demanda por hidrogênio e gás de síntese nas

indústrias químicas, para produção de combustíveis com baixo índice de

contaminantes.

O metano (CH4) é o principal componente do gás natural, altamente

energético e bastante utilizado na indústria para obtenção de produtos de maior

valor agregado. O gás metano pode ser convertido em gás de síntese (mistura

de H2 e CO) sendo utilizado em processos químicos para a produção de

amônia, metanol, formaldeído e ácido acético, sendo também a principal

matéria-prima para a tecnologia “gas to liquid (GTL)” baseada na conversão do

metano em hidrocarbonetos líquidos na faixa da gasolina e diesel via síntese

de Fischer-Tropsch.

A principal forma para a produção do gás de síntese são os processos

baseados na reforma a vapor do metano, devido à grande quantidade de gás

natural descoberto nas últimas décadas ao redor do mundo, mas esses

processos são bastante endotérmicos, sendo demandadores de energia o que

encarece o processo. A oxidação parcial e a reforma autotérmica são

processos que utilizam menos energia, a desvantagem é que estas reações

são mais eficientes quando se usa O2 puro ao invés do ar. Nesse sentido a

tecnologia de Recirculação Química com Reforma (RQR) não necessita de

separação do O2 do ar, nem de processos posteriores de separação do gás de

síntese do N2, como também ocorre com separação inerente do CO2 durante

seu processo, ao contrário dos processos convencionais.

Em resumo, esse processo consiste numa junção de dois reatores: um

de ar e outro de combustível, ambos interligados, onde um material sólido tem

a função de transportar oxigênio ao circular do reator de ar para o de

combustível. No reator de combustível o transportador sólido de oxigênio se

reduz devido à reação com o combustível, produzindo CO, CO2 e H2. Em

seguida, o transportador se oxida no reator de ar. Esse processo de redução

no reator de combustível e oxidação no reator de ar ocorre em vários ciclos

durante o processo.

Page 22: Tiago Roberto da Costa

20

Os óxidos de metais de transição são os mais utilizados como

transportadores de oxigênio, geralmente, depositados em suportes de materiais

inertes. Zafar e col. (2005) e (2006) testaram diferentes transportadores de

oxigênio baseados nos óxidos de Fe, Mn, Ni e Cu suportados em MgAl2O4 e

SiO2 usando um reator de leito fluidizado e uma termobalança. De Diego e col.

(2008) estudaram transportadores de oxigênio a base de níquel em α-Al2O3, θ-

Al2O3e γ-Al2O3. De acordo com os estudos de Pröll e col. (2010) os

transportadores de oxigênio a base de níquel suportados em MgAl2O4 e Al2O3,

possuem um tempo de vida elevado, sendo materiais adequados para sistema

RQR.

Entre os metais utilizados como transportadores de oxigênio, o níquel

suportado em materiais inerte apresenta os melhores resultados descritos na

literatura. Com base nesses estudos, este trabalho envolveu concentrações

variadas de níquel metálico (5, 10 e 20% em massa) depositado em materiais

mesoporosos. Os materiais mesoporosos foram escolhidos por apresentarem

alta área superficial, como também, por permitir uma melhor distribuição do

metal, e a incorporação do lantânio no sistema como estabilizante hidrotérmico.

Também, foi analisada a influência da porcentagem de níquel e do suporte na

conversão do metano e dos produtos formados durante o processo de

recirculação química.

Esta dissertação divide-se em uma parte introdutória, onde é

apresentado um enfoque sobre o gás natural, gás de síntese, utilizações

industriais e os principais processos convencionais de geração do gás de

síntese. Os processos de recirculação química, focalizando, em especial, a

recirculação química com reforma para produção de H2 e CO, e a escolha de

um bom transportador de oxigênio. Em seguida uma introdução sobre os

materiais da família M41S, com ênfase nos materiais mesoporosos do tipo

MCM-41, que foi o material escolhido para servir como suporte para deposição

do níquel. Na parte experimental (materiais e métodos) descrevem-se a síntese

dos suportes MCM-41 e La-SiO2, as diferentes técnicas de caracterização, os

mecanismos de deposição do metal sobre o suporte, a temperatura de

calcinação e por último, se discute os resultados obtidos. Os resultados e

discussões foram divididos em duas partes. A primeira envolve a

caracterização dos suportes e a deposição do níquel metálico, assim como as

Page 23: Tiago Roberto da Costa

21

discussões de seus resultados. A partir destes resultados foram definidos os

transportadores de oxigênio que seriam utilizados no teste catalítico. A

segunda corresponde à avaliação da reatividade dos transportadores de

oxigênio a base de níquel, priorizando a capacidade de armazenamento de

oxigênio, levando em consideração a razão redução/oxidação em diversos

ciclos, assim como a porcentagem de metano consumido e produção do gás de

síntese.

Page 24: Tiago Roberto da Costa

22

Capítulo II

OBJETIVOS

Page 25: Tiago Roberto da Costa

23

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral sintetizar e caracterizar

transportadores de oxigênio à base de níquel, suportados em materiais

mesoporosos, bem como testar sua reatividade em processos de recirculação

química com reforma.

2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos podem ser resumidos nos seguintes aspectos:

Sintetizar materiais mesoporosos tipo MCM-41 pelo método

hidrotérmico para servirem como suporte da fase ativa;

Analisar as propriedades químicas, físico-químicas e texturais dos

transportadores, através da deposição da fase ativa (níquel) pelo

o método de impregnação úmida;

Estudar a distribuição dos produtos da reação de recirculação

química com reforma;

Determinar a reatividade e seletividade dos transportadores de

oxigênio à base de níquel.

Page 26: Tiago Roberto da Costa

24

Capítulo III

REVISÃO DA LITERATURA

Page 27: Tiago Roberto da Costa

25

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 GÁS NATURAL

Semelhante ao petróleo, o gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos

gasosos, resultante da decomposição da matéria orgânica soterrada e

fossilizada ao longo de milhares de anos. A decomposição da matéria orgânica

se realizou na ausência de ar, em elevadas temperaturas e altas pressões. O

gás natural é basicamente composto de metano, com 70 a 90%, etano (de 5 a

10 %) e outros gases em menores proporções (propano, butano, pentano,

hexano, gás carbônico, nitrogênio e gases raros) (GARCIA, 2002).

A Tabela 3.1 mostra algumas composições típicas de gás natural

encontradas no País.

Tabela 3.1-Composição típica de gás natural no Brasil.

Composição

(% vol.)

Ceará/

Rio Grande

do Norte

Sergipe/

Alagoas

Bahia

Espírito

Santo

Rio de

Janeiro

São

Paulo

Amazonas

C1

C2

C3

C4

C5

C6+

N2

CO2

H2S (mg/m3)

74,53

10,40

5,43

2,81

1,30

1,40

1,39

2,74

1,50

81,32

8,94

3,26

1,84

0,74

0,42

1,51

1,97

7,50

81,14

11,15

3,06

1,39

0,72

0,30

1,43

0,81

7,60

88,16

4,80

2,75

1,55

0,44

0,44

1,62

0,24

7,50

79,69

9,89

5,90

2,13

0,77

0,44

0,80

0,50

6,70

87,98

6,27

2,86

1,16

0,27

0,07

1,16

0,23

Traços

68,88

12,20

5,19

1,80

0,43

0,18

11,12

0,20

-----

Fonte: VAZ e col.2008.

O gás natural é mais leve do que o ar (densidade 0,6 g/cm3). Não possui

cheiro e a sua combustão fornece de 8.000 a 10.000 kcal/m3. Ocorre na

natureza, misturado ao óleo (gás associado), ou no estado livre (gás não

associado) (THOMAS, 1997).

Page 28: Tiago Roberto da Costa

26

O gás natural é considerado associado (GA) quando, no reservatório,

está dissolvido no petróleo líquido, neste caso ele é produzido em decorrência

da explotação do petróleo, podendo ser enviado através de gasodutos para o

mercado consumidor, como também, podendo ser re-injetado no campo

petrolífero para manter a pressão do reservatório, usado na geração de vapor e

eletricidade, necessários aos campos produtores de petróleo e, quando não há

meios adequados de transportes podem até mesmo serem queimados.

O gás não associado (GNA) está presente nos reservatórios cuja

principal exploração é a produção de gás. Neste caso o gás é dominante, ou

seja, o seu aproveitamento econômico é condição essencial ao

desenvolvimento da produção (BARROS, 2009). O gás pode estar livre ou com

óleo em concentração mínima, geralmente na fase inicial possui pressão

suficiente para ir até as instalações de produção.

A Tabela 3.2 lista a produção dos últimos anos de gás natural associado

e não associado por unidade da federação do Brasil.

Tabela 3.2 - Produção de gás natural nos últimos anos por unidade da federação. Unidade da

federação

Tipo Produção de gás natural (milhões de m3)

2007 2008 2009 2010 2011 11/10%

Brasil 18.152 21.593 21.142 22.938 24.074 4,95

Subtotal Associado 13.506 14.519 16.976 17.300 17.650 2,02

Não associado 4.645 7.074 4.165 5.638 6.424 13,93

Amazonas Associado 3.523 3.699 3.723 3.809 4.130 8,43

Não associado 23 34 57 49 31 -36,32

Ceará Associado 78 66 56 43 31 -26,93

Não associado - - - - - -

Rio Grande

do Norte

Associado 590 541 518 491 460 -6,34

Não associado 489 386 243 498 175 -11,73

Alagoas Associado 219 218 319 231 204 -11,55

Não associado 688 596 423 442 359 -18,74

Sergipe Associado 292 590 819 952 964 1,33

Não associado 255 268 137 150 137 -8,78

Page 29: Tiago Roberto da Costa

27

Bahia Associado 478 495 630 594 555 -6,44

Não associado 2.168 2.870 2.423 2.806 2.002 -28,64

Espírito

Santo

Associado 603 437 432 1.024 1.962 91,62

Não associado 363 2.365 644 1.677 2.370 41,32

Rio de

Janeiro

Associado 7.689 8.450 10.479 10.121 9.180 -9,29

Não associado 336 313 19 11 207 1.696,9

São Paulo Associado - - - 37 163 336,36

Não associado 324 242 218 305 1.142 275,09

Paraná Associado 34 22 - - - -

Fonte: ANP/SDP, conforme o decreto nº 2.705/1998. Nota: o valor total da produção inclui os volumes de reinjeção, queima, perdas e consumo próprio.

No Brasil grande parte da produção de gás natural está associada à

exploração do petróleo, onde o gás destinado à comercialização passa por

diversos tratamentos. As Unidades de Processamento de Gás Natural

(UPGNs) são utilizadas para purificação e separação de co-produtos do gás

natural. No processamento da UPGNs são separados o gás liquefeito de

petróleo (GLP), a gasolina comum e o gás natural processado (GNP) que é

formado, principalmente, por metano e etano. Devido a motivos de segurança

o gás natural não pode possuir condensáveis, somente após o tratamento o

gás natural é enviado aos gasodutos. A Figura 3.1 mostra os volumes em

m3/dia processados e a capacidade máxima de cada Unidade de

Processamento de Gás Natural (UPGN) do Brasil.

Page 30: Tiago Roberto da Costa

28

Figura 3.1- Volume de gás natural processado e capacidade de processamento,

segundo UPGNs-2011.

Fontes: ANP/SRP; Petrobras/Unid.de Negócios de Gás Natural (Tabelas 2.31 e 2.32).

1Inclui as UPGNs Atalaia e Carmópolis. 2Inclui as UPGNs Catu, Candeias e Bahia.

3Inclui as UPCGNs, UPGN, URGN e URLs de Cabiúnas.4Inclui as UPGNs, UPCGNs e

UAPO Cacimbas. 5 Inclui as UPGNs Guamaré I, II e III. 6Inclui as UPGN e UAPO

Lagoa Parda. 7Inclui as UPGNs Reduc I e II. 8Inclui a UPCGN e UAPO Sul Capixaba.

9Inclui as UPGNs Urucu I, II e III. 10Inclui as unidades UAPO I - UTGCA, UAPO II -

UTGCA, UAPO / DPP - UTGCA e UPCGN – UTGCA.

O gás natural, atualmente é uma das melhores alternativas para o

suprimento de energia, devido à necessidade de esforços estratégicos e

urgentes para desenvolver fontes alternativas e soluções para escassez de

energia frequente (SCHMAL, 2005).

Segundo o cenário de referência do estudo Word Energy Outlook 2006,

da Agência Internacional de Energia (AIE), até 2030 os combustíveis fósseis

representarão mais de 80% da demanda global de energia. O gás natural

apresentará a maior taxa de crescimento anual, de 2% [SANTOS (2009)]. Pode

Page 31: Tiago Roberto da Costa

29

ser observado na Tabela 3.3 que a produção, o consumo e quantidade de

reservas provadas até 2011 por regiões geográficas.

Tabela 3.3 - Valores das reservas provadas, consumo e produção de gás natural por

regiões geográficas em 31/12/2011.

Região Reservas provadas

(bilhões de barris)

Produção (mil

barris/dia)

Consumo (mil

barris/dia)

África

América central e do sul

América do Norte

Ásia-pacífico

Europra e ex-União Soviética

Oriente Médio

OPEP

Não OPEP

132,4

325,4

217,5

41,3

141,1

795,0

1.196,3

456,3

8.804

7.381

14.301

8.086

17.314

27.690

35.830

47.745

3.336

6.241

23.156

28.301

18.924

8.076

-----

------

Fontes: BP StatisticalReviewof World Energy 2012; para o Brasil, ANP/SDP, conforme a Portaria ANP no 9/2000.

Notas: 1. Reservas em 31/12 dos anos de referência.

2. Dados retificados pela BP.

3. Em relação aos dados de reserva do Brasil, ver em Notas Gerais item sobre "Reservas Brasileiras de Petróleo e Gás Natural".

O uso do gás natural é ambientalmente menos poluidor do que os

demais derivados de fontes não renováveis, além de seu uso ser

economicamente viável. O gás natural possui uma maior eficiência energética

do que os demais combustíveis líquidos (gasolina, álcool ou diesel).

No estado bruto, apresenta também baixos teores de contaminantes,

como o nitrogênio, o dióxido de carbono, água e compostos de enxofre

(THOMAS, 2004).

No aspecto econômico, além de ser mais barato que outros

combustíveis, o gás natural pode promover economia na manutenção dos

equipamentos, pois é um combustível seco e por isso não dilui o óleo

lubrificante no motor, e sua queima não produz depósitos de carbono nas

partes internas, o que aumenta a vida útil do motor e o intervalo de troca de

óleo. É o mais seguro de todos os combustíveis, por ser menos denso que o ar,

Page 32: Tiago Roberto da Costa

30

em caso de vazamento, se dissipa na atmosfera, reduzindo o risco de

explosões e incêndios (BARROS, 2009).

3.2 METANO

O metano é o principal componente das reservas de gás natural. O

mesmo pode ser usado como combustível ou matéria prima para obtenção de

produtos de maior valor agregado, como o gás de síntese (mistura de H2 e

CO).

Atualmente há um aumento crescente na produção de H2 devido ser

considerado um combustível não poluente e altamente energético, mas a

opção mais estudada é a transformação indireta do metano em gás de síntese,

que é matéria prima fundamental para a síntese de produtos para as indústrias

químicas.

O poder calorífico superior (PCS) é a quantidade de energia liberada na

forma de calor, com pressão constante em uma combustão completa de

determinada substância. A tabela 3.4 demonstra o valor do PCS do metano.

Tabela 3.4 -Valores PCS para o metano.

kJ/mol kJ/kg

Metano 890,35 55 508

O gás metano pode ser utilizado na indústria em processos diretos ou

indiretos. O processo direto utiliza a tecnologia “Gas to Liquid” baseada na

conversão do metano em moléculas com maiores peso moleculares e cadeias

mais complexas. Os principais produtos obtidos na conversão direta são:

etano, acetileno, aromático (benzeno, naftaleno e tolueno).

Os processos indiretos podem ser divididos em duas etapas, sendo a

primeira a conversão do metano em gás de síntese (mistura de gás hidrogênio

e monóxido de carbono), a segunda etapa o gás de síntese é convertido em

hidrocarbonetos por Síntese de Fischer-Trospch. Os compostos de

hidrocarbonetos obtidos por processos indiretos são transformados em

Page 33: Tiago Roberto da Costa

31

compostos como óleo diesel, nafta, lubrificantes, parafinas. Dependendo do

interesse da indústria petroquímica.

3.3 GÁS DE SÍNTESE

O gás de síntese é uma mistura de gás hidrogênio (H2) e monóxido de

carbono (CO) e é, comumente, utilizado em processos químicos, para a

produção de amônia, metanol, formaldeído e ácido acético, sendo, também, a

principal matéria-prima para a síntese de hidrocarbonetos líquidos na faixa da

gasolina e diesel via síntese de Fischer Tropsch.

A principal forma para a produção do gás de síntese são os processos

de reforma do metano, devido à grande quantidade de gás natural existente no

mundo, e ser um processo economicamente viável. Onde o gás natural reage

com vapor de água ou CO2, na presença de catalisadores e a altas

temperaturas para produção de hidrogênio (H2), carbono (C) e óxidos de

carbono (COx). A utilização de catalisadores permite um aumento significativo

na conversão dos hidrocarbonetos em óxidos de carbono e gás hidrogênio.

No entanto, a opção mais estudada é a conversão indireta do gás

natural, que consiste na transformação inicial desse gás em gás de síntese,

para só então transformá-lo em produtos de maior valor agregado

(VASCONCELOS, 2006). A razão de H2/CO produzida vai depender do

processo de obtenção utilizado.

A conversão de gás natural em gás de síntese gera hidrogênio que é

matéria-prima fundamental nas unidades de hidrotratamento e

hidrocraqueamento das refinarias e das indústrias petroquímicas (DRY, 1984).

O monóxido de carbono é utilizado em reações de oligomerização para

formação das ligações carbono-carbono, que ocorrem na presença de

hidrogênio e de um catalisador metálico adequado. Nas reações 1 e 2 é

observado a síntese de hidrocarbonetos e alcóois, a partir do gás de síntese.

CO + 3H2→CH4 + H2O Metanação (1)

CO + 2H2→CH3OH Síntese do metanol (2)

Page 34: Tiago Roberto da Costa

32

Devido o aumento das exigências dos regulamentos ambientais, os

óxidos de carbono (COx) podem ser removidos do gás de síntese, para obter o

gás hidrogênio puro, decorrente do crescente aumento por hidrogênio em

refinarias, para produzir combustíveis com baixo índice de enxofre e com baixo

conteúdo de aromáticos. O hidrogênio é considerado por muitos o combustível

do futuro, devido sua queima ser considerada limpa, pois forma somente água

(ALVES, 2005).

O hidrogênio é essencial para os processos de hidrotratamento e

hidrocraqueamento para a indústria do petróleo. O hidrotratamento craqueia as

moléculas pesadas em mais leves e de maior valor econômico, este processo

ocorre em reatores utilizando catalisadores com elevadas concentrações de

hidrogênio, altas pressões e temperaturas. O craqueamento com hidrogênio

aumenta a produção da gasolina, e inibe a formação de materiais pesados,

reage com as moléculas pesadas dos contaminantes, como as de enxofre e

nitrogênio, formando substâncias menos danosas aos catalisadores e mais

fáceis de serem removidas.

O hidrocraqueamento é um processo de craqueamento catalítico

realizado utilizando o gás hidrogênio sob elevadas pressões. A presença do

hidrogênio tem como finalidade reduzir a deposição de coque sobre o

catalisador, hidrogenar os compostos aromáticos polinucleados, facilitando a

sua decomposição, e hidrogenar as monos e di-olefinas que são formadas

durante o processo de craqueamento, aumentando, deste modo, a estabilidade

química dos produtos finais (MARIANO, 2005).

3.4 PROCESSOS DE GERAÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE

Hoje o gás natural é fonte preferencial para H2 e gás de síntese. Existem

várias rotas catalíticas para a produção de gás de síntese a partir do gás

natural, incluindo: (a) Reforma do metano com vapor (RVM) a qual usa uma

reação catalítica endotérmica entre gás natural e vapor d`água (expressa mais

de 50% da produção de H2 hoje); (b) Oxidação parcial catalítica (CPO ou

CPOx), reação entre o gás natural e O2 sobre um catalisador que permite a

combustão parcial a H2 e CO; na qual se atinge uma razão H2/CO de 1-1.8 ; (c)

reforma autotérmica (ATR) que é uma combinação da oxidação parcial e da

Page 35: Tiago Roberto da Costa

33

reforma a vapor do gás natural que produz uma razão H2/CO próximo de 2, no

gás de síntese resultante (razão preferencial para aplicação no processo GTL

baseada na síntese de Fischer-Tropsch); (d) Reforma com CO2, reação atrativa

para a geração de gás de síntese, contudo, os problemas são substanciais

incluindo a necessidade de se purificar frequentemente o CO2 impuro

(ARMOR, 2005).

O processo de recirculação química com reforma (RQR) produz gás de

síntese, a partir do metano. Sendo a alternativa escolhida para estudo por ser

um processo novo e com grandes vantagens, como serão discutidos

posteriormente.

3.4.1 Reforma a Seco do Metano

A reforma a seco utiliza dióxido de carbono (CO2) para reagir com

metano e produzir gás de síntese na reação a seguir (Equação 3).

CO2 + CH4→ 2CO + 2H2 ΔH° = 247,4 (KJ/mol) (3)

A reforma a seco do metano (equação 3) é um dos processos

alternativos à reforma a vapor. Este processo é atrativo por diminuir a razão

H2/CO, e torná-la desejável para processos subsequentes, do tipo Fischer-

Tropsch, pois altas razões de H2/CO favorecem a Metanação, suprimindo o

crescimento das cadeias (BRANDFORD e VANICE, 1996).

Com tanto CO2 como co-produto disponível, a reação do CO2 com

metano para produzir CO e H2 poderia ser atrativo. Contudo há problemas

sérios, incluindo a necessidade de purificar o CO2, que é frequentemente

impuro. Do ponto de vista ambiental, a reforma com CO2 é um processo

interessante, pois consome gases significativamente responsáveis pelo efeito

estufa, porém, estudos recentes mostraram que em um balanço global, a

utilização da reforma com CO2 não seria capaz de reduzir a quantidade de CO2

a ponto de minimizar o aquecimento global do planeta (ARMOR, 1999).

Page 36: Tiago Roberto da Costa

34

3.4.2 Reforma a Vapor do Metano (RVM)

O primeiro estudo detalhado da reação catalítica entre vapor d’água e

metano foi publicado em 1924 e, durante todos esses anos, muitos avanços na

tecnologia do processo têm sido alcançados, verificando que muitos metais,

incluindo o níquel, cobalto, ferro e platina, podem catalisar essa reação

(TSANG e col. 1995).

A reforma a vapor é uma reação química entre vapor de água e

hidrocarbonetos para formar hidrogênio (H2), e monóxido (CO) e dióxido de

carbono (CO2). O catalisador industrialmente utilizado é constituído de níquel

suportado em material inerte, geralmente alumina, com ou sem adição de

promotores (MALUF, 2001). As principais reações no processo de reforma a

vapor estão descritas nas equações de 4 a 6:

CH4 + H2O →CO + 3H2 ΔH°298K = 206 (KJ/mol) (4)

ΔG°298K = 142 (KJ/mol)

CO + H2O →CO2 + H2 ΔH°298K = -41 (KJ/mol) (5)

ΔG°298K = -28,5 (KJ/mol)

CO + 3H2→CH4 + H2O ΔH°298K = -206 (KJ/mol) (6)

ΔG°298K = 170,78 (KJ/mol)

Quantidades crescentes de vapor favorecem a reação de reforma.

Porém, altas pressões tendem a reverter o equilíbrio (TEIXEIRA, 1993).

A necessidade de se operar em altas temperaturas leva a sérios

problemas, como a estabilidade térmica do catalisador, favorecendo processos

de sinterização do catalisador. Todavia, o maior problema consiste na

desativação por formação de depósitos carbonáceos (TRIMM, 1999).

Page 37: Tiago Roberto da Costa

35

3.4.3 Oxidação Parcial do Metano

Na reação de oxidação parcial do metano temos uma razão teórica de

H2/CO igual a 2, sendo levemente exotérmica, onde o metano reage com gás

oxigênio como na reação a seguir (Equação 7):

2CH4 + O2→ 2CO + 4H2 ΔH°298K = -71 (KJ/mol) (7)

ΔG°298K = -173 (KJ/mol)

Apesar da reforma do metano com vapor de água ser o processo

industrial dominante para a produção de gás de síntese, estudos cinéticos da

oxidação do metano com oxigênio mostra que a velocidade da reação de

oxidação é maior do que as de reforma com vapor, sugerindo que o gás de

síntese poderia ser produzido em reatores menores usando O2 ao invés de

vapor de água (ARMOR, 1999).

A reação de oxidação parcial é exotérmica, que significa uma economia

de energia, ao mesmo tempo em que a presença de O2 reduz o depósito de

carbono a altas temperaturas aumentando o tempo de vida do catalisador.

Porém é um processo desvantajoso, por necessitar da utilização de O2 puro.

Isto eleva os custos da planta, pois requer uma unidade de separação

criogênica do ar. A utilização direta de ar acarretaria em equipamentos de

maior volume devido à presença de N2 (PENÃ e col.1996).

3.4.4 Reforma Autotérmica do Metano

O termo autotérmica é utilizado uma vez que este processo é

autossustentável termicamente. Sendo assim, o calor gerado pela oxidação

parcial é utilizado pela reforma a vapor, otimizando os custos energéticos da

unidade industrial (AYABE e col. 2003).

As principais reações do processo de reforma autotérmica são

(Equações de 8 a 10):

2CH4 + 3O2→ 2CO + 4H2O ΔH°298K = -1040 (KJ/mol) (8)

Page 38: Tiago Roberto da Costa

36

CH4 + H2O →CO + 3H2 ΔH°298K = 206 (KJ/mol) (9)

CO + H2O →CO2 + H2 ΔH°298K = -41 (KJ/mol) (10)

Esta associação apresenta-se com uma alternativa vantajosa do ponto

de vista técnico e econômico: redução da quantidade de energia requerida pelo

processo devido á contribuição exotérmica da oxidação parcial do metano,

menor consumo específico de reagentes e produção de gás de síntese com

maior flexibilidade na razão H2/CO (LIU e col.2000).

No entanto, assim como em outros processos de geração de gás de

síntese, os catalisadores utilizados, geralmente à base de níquel, sofrem

desativação pela formação de coque em sua superfície (PALM, 2002).

3.4.5 Processos de Recirculação Química (Chemical-Looping)

Segundo Adánez e col. (2012) o termo recirculação química (chemical-

looping) refere-se a processos onde se utiliza um material sólido contendo

oxigênio, o qual é transportando e utilizado para a conversão do combustível.

Para fechar o ciclo, o oxigênio retirado do material sólido deve ser reposto,

para marcar um novo ciclo. O objetivo final da conversão do combustível pode

ser a combustão ou a produção de hidrogênio ou gás de síntese.

3.4.5.1 Combustão com Recirculação Química (Chemical-Looping Combustion-

CLC)

Para fins de combustão o processo é conhecido por combustão com

recirculação química (Chemical Looping Combustion-CLC), onde é utilizado um

óxido metálico sólido denominado de transportador de oxigênio, o qual pode

reagir com combustíveis primários sólidos ou gasosos. Neste processo o

principal objetivo é a geração de energia, e os produtos fornecidos é CO2 e

H2O, com vantagens adicionais se for considerada a possibilidade de estocar o

CO2 produzido livre de N2, podendo ser utilizado para outros processos como

os de reforma a seco.

Page 39: Tiago Roberto da Costa

37

Richter e col. (1983), Ishida e col. (1987) e Wolf e col. (2005) relatam

que os princípios de Chemical-Looping Combustion (CLC) foram introduzidos

no início de 1980, onde as pesquisas passaram a ser realizadas em processos

conjuntos de produção de transportadores de oxigênio e de construção de

reatores. Estes estudos mostram que o processo de geração de energia por

CLC com captura de CO2 é bem mais eficiente que os processos comerciais

atuais de captura desse gás.

Segundo Adánez e col. (2012), no primeiro passo, o combustível é

oxidado a CO2 e H2O por um óxido de metal (MexOy) que é reduzido a um

metal (Me) ou na sua forma reduzida MexOy-1. O gás produzido neste primeiro

passo contém principalmente CO2 e H2O.

Mattisson (2009) mostra em seus estudos que a combustão com

recirculação química (CLC), é uma nova tecnologia em combustão onde o

transportador de oxigênio é utilizado para transferir oxigênio do ar para o

combustível, ou seja, os transportadores são partículas de óxidos metálicos

responsáveis pelo transporte de oxigênio do reator de ar para o reator de

combustível, conforme mostra a Figura 3.2.

Figura 3.2 - Combustão com recirculação química (CLC), em que MyOx e MyOx-1

simbolizam transportadores na forma oxidada e reduzida, respectivamente (MATTISSON e col. 2001).

Fonte: DE DIEGO (2010).

Page 40: Tiago Roberto da Costa

38

No reator do combustível, o combustível gasoso reage com o óxido

metálico, de acordo com a reação (Equação 11), e no reator de ar o óxido

metálico reduzido se oxida novamente, conforme mostra a reação (Equação

12) (MATTISSON, 2009).

CnH2m + (2n + m)MeyOx nCO2 + mH2O + (2n + m)MeyOx-1 (11)

O2 + 2MeyOx-1 2MeyOx (12)

O gás produzido contém principalmente CO2 e H2O. Após a

condensação da água o CO2 pode ser purificado, transportado e armazenado.

A principal vantagem do CLC em relação às outras tecnologias é a captura do

CO2 inerente ao processo, evitando unidades de separação. A reação (11) é

endotérmica, enquanto a (12) é exotérmica, a energia envolvida no processo

equivale à combustão normal.

A maioria das plantas de CLC existente em todo o mundo, no momento,

usa a configuração de dois reatores de leito fluidizados interligados, sendo um

deles o reator de combustível e o outro o reator de ar (ADANEZ e col. 2012).

O reator de combustível possui um leito fluidizado borbulhante onde o

transportador de oxigênio reduzido é transportado de volta para o reator de ar

através de um tubo de transbordamento. Após o vapor d’água ser condensado

na saída do reator de combustível, o dióxido de oxigênio puro que resta é

comprimido e resfriado até liquefazer, podendo ser armazenado de várias

maneiras (MELO, 2011).

Page 41: Tiago Roberto da Costa

39

Figura 3.3 - Combustão com recirculação química (CLC) usando dois leitos fluidizados

interconectados (LYNGFELT e col.2001).

Fonte: Melo (2011).

De Lasa e col. (2008), faz uma observação no que diz respeito ao tipo

de combustível utilizado, se for um hidrocarboneto, como por exemplo, o gás

natural, quando exposto a uma temperatura elevada, pode ocorrer deposição

de carbono no reator operacional; fato como esse deve ser evitado, pois a

formação de coque desativa os transportadores de oxigênio. Ações como a

escolha dos transportadores é de vital importância, pois a inibição da formação

de coque passa primeiramente pela composição do transportador, como

também da sua microestrutura e condições térmicas e termodinâmicas.

3.4.5.2 Recirculação Química com Reforma – RQR (Chemical-Looping

Reforming – CLR)

Segundo Adánez e col. (2012), Recirculação Química com Reforma-

RQR utiliza os mesmo princípios básicos do CLC, a principal diferença é o

produto desejado, em RQR não é o calor, mas a produção de gás hidrogênio

(H2) ou de síntese (H2 e CO). A Figura 3.4, mostra um esquema do processo.

No processo de RQR, neste sistema o ar em relação ao combustível é mantido

baixo para impedir a oxidação completa do combustível e não produzir CO2 e

H2O.

Page 42: Tiago Roberto da Costa

40

A principal vantagem do processo RQR é que o calor necessário para a

conversão do CH4 em gás de síntese, é fornecido sem a necessidade

dispendiosa de oxigênio ou de parte do H2 produzido no processo. Um aspecto

importante nesse sistema é o equilíbrio térmico. A reação de oxidação do óxido

metálico é muito exotérmica, no entanto as reações de redução são

endotérmicas. Assim sendo, o calor para as reações de redução

(endotérmicas) é dado pela a circulação dos transportadores provenientes do

reator de ar, que estão à temperatura bastante elevada. O calor gerado no

reator de ar deve ser suficiente para satisfazer o equilíbrio térmico do sistema

(DE DIEGO e col.2010).

A partir do reator de combustível é obtido um corrente de gás livre de N2

e com H2 e CO concentrado. Esse processo possui vantagens adicionais se é

considerado a captura do CO2, pois não precisa de unidades auxiliares para

captura do CO2 como nos processos convencionais de reforma autotérmica.

O processo descrito na Figura 3.4 foi inicialmente proposto por Mattisson

e Lyngfelt (2001), detalha como funciona o sistema de reforma com

recirculação química.

Figura 3.4 - Sistema de reforma auto-térmica com recirculação química (CLR), (1) reator de ar, (2) reator de combustível, (3) ciclone para separação de partículas, (4) e

(5) leitos fluidizados (MATTISSON e LYNGFELT, 2001).

Fonte: ADÁNES (2012)

Page 43: Tiago Roberto da Costa

41

No sistema proposto pela a Figura 3.4 no reator de combustível (2) o

metano reage com o transportador de oxigênio (o óxido metálico é reduzido),

produzindo H2, CO, H2O e CO2, os gases produzidos são separados para

fornecer somente o gás de síntese.

O reator de combustível possui um leito fluidizado borbulhante, onde o

transportador de oxigênio reduzido é transportado de volta para o reator de ar

através de um tubo de transbordamento. Após o vapor d’água ser condensado

na saída do reator de combustível, o dióxido de oxigênio puro que permanece é

comprimido e resfriado até liquefazer, podendo ser armazenado de várias

maneiras (MELO,2011).

No processo RQR, a reforma a vapor do metano é uma reação

importante que ocorre no reator de combustível. Assim, transportadores de

oxigênio à base de níquel pode ser considerado a primeira boa escolha. As

principais reações (13 e 14) que acontece no reator de combustível em um

sistema de RQR, quando se utiliza um transportador de oxigênio baseado no

Níquel, são as seguintes (ADÁNEZ e col. 2012):

CH4 + 4NiO→ 4Ni + CO2 + 2H2O ΔH1200K = 135 KJ/mol (13)

CH4 + H2O ↔ CO + 3H2 ΔH1200K = 228 KJ/mol (14)

O aparecimento de H2 e CO como produtos primários da conversão do

CH4, também podem ser considerados.

CH4 + NiO→Ni + CO + 2H2 ΔH1200K = 213 KJ/mol (15)

Se um excesso de oxigênio foi transferido do transportador para o

combustível, o CO2 (16) e H2O (17) podem aparecer como produtos da

combustão entre o H2 e CO, em certa quantidade.

CO + NiO↔ Ni + CO2 ΔH1200K = - 48 KJ/mol (16)

Page 44: Tiago Roberto da Costa

42

H2 + NiO↔Ni + H2O ΔH1200K = - 15 KJ/mol (17)

A reação de deslocamento de água (18) modifica a composição dos

gases formados:

CO + H2O ↔CO2+ H2 ΔH1200K = - 33 KJ/mol (18)

No reator de ar o transportador de oxigênio regenera-se por oxidação

com ar (19):

2Ni + O2↔ 2NiO ΔH1200K = - 468 KJ/mol (19)

Pode observar que no sistema RQR ocorre certo equilíbrio térmico. As

reações de redução do transportador (reações, 13 e 15) e de reforma a vapor

(14) são endotérmicas, então o calor necessário deve ser fornecido pelo os

sólidos vindos do reator de ar que deve possui altas temperaturas, visto que a

reação de oxidação do níquel é altamente exotérmica. O reator de ar deve

possui elevadas temperaturas para fornecer energia suficiente para as reações

endotérmicas, e satisfazer o equilíbrio térmico do sistema, sem a necessidade

de uma fonte externa de energia. Então podemos destacar como principais

características de um sistema RQR eficiente:

Utilização de um transportador de oxigênio com propriedades

específicas;

Uma eficiente circulação do transportador entre o reator de

combustível e o reator de ar;

Inerente captura de CO2 durante o processo;

Máxima conversão do combustível em H2 e CO;

Operação por diversos ciclos com o mesmo transportador;

Ortiz e col.(2011), recentemente, efetuaram estudos detalhados do

balanço de massa e calor, para determinar as condições de funcionamento que

maximizam a produção de H2 no processo de CLR usando transportadores de

oxigênio à base de níquel. Verificou que a razão molar de oxigênio/metano

Page 45: Tiago Roberto da Costa

43

deve ser superior a 1,25 para atingir condições autotérmicas, o que significa

rendimento de 2,7 moles de H2 por mol de CH4.

A principal vantagem da recirculação química com reforma possuir uma

razão H2/CO igual a 2, recai no favorecimento do processo de GTL. Neste

sistema não necessita separar o N2 do O2, como em outros processos

convencionais, como a oxidação parcial. Produz H2 e CO fácil de separar do

CO2 e H2O, com possibilidade de estocar o CO2 ou de utilizar em outros

processos. O transportador pode ser usado por vários ciclos de reações do

combustível.

3.5 TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO

Transportadores de oxigênio são sólidos de óxidos metálicos que

transfere oxigênio do ar para o combustível, no caso dos sistemas de

recirculação química os transportadores iram transportar oxigênio do reator de

ar para o reator de combustíveis. Nos sistemas de CLC e RQR os

transportadores de oxigênio perdem oxigênio se reduzindo quando reage com

o combustível, e em seguida oxida novamente no reator de ar, ou seja, ocorre

um processo em ciclo. Um fator de fundamental importância para os sistemas

CLC e RQR é a seleção de um bom transportador de oxigênio, as principais

propriedades de um bom transportador de oxigênio são:

Reatividade suficiente por repetidos ciclos redução/oxidação;

Resistência ao desgaste para evitar perda do sólido;

Conversão completa do combustível em CO e H2;

Evitar deposição de carbono, para não liberar CO2;

Boas propriedades de fluidização (não aglomerar);

Baixo custo;

Possuir alta resistência mecânica e térmica.

Além da termodinâmica, algumas propriedades físicas, tais como

densidade, área superficial, volume de poros e tamanho das partículas também

são parâmetros importantes para um transportador de oxigênio eficiente

(ADÁNEZ e col. 2004; CHO e col. 2004).

Page 46: Tiago Roberto da Costa

44

Os óxidos de metais de transição (Ni, Fe, Co, Mn...) são os mais usados

como transportadores de oxigênio suportados em materiais inertes. Zafar e col.

(2005) e (2006) avaliaram diferentes transportadores de oxigênio baseados nos

óxidos de Fe, Mn, Ni e Cu suportados em MgAl2O4 e SiO2 usando um reator de

leito fluidizado e uma termobalança (TG). Eles observaram que todos os

transportadores de oxigênio suportados MgAl2O4 mostraram elevada

reatividade durante a redução e oxidação. Enquanto os depositados em SiO2

tiveram considerável reação de desativação e aglomeração durante os ciclos.

Os transportadores de oxigênio baseados em níquel apresentam alta

reatividade em temperaturas elevadas (900 a 1000 °C), além de um bom

desempenho, por isso os transportadores de oxigênio a base de níquel

suportado em materiais inertes são os materiais mais analisados na literatura

para os processos de recirculação química.

De Diego e col. (2008) estudaram em uma TG e em um reator de leito

fluidizado o comportamento de vários transportadores de oxigênio a base de

níquel preparado por deposição/precipitação e impregnação em α-Al2O3, θ-

Al2O3 e γ-Al2O3 para processo de RQR. Descobriu que no método de

preparação, os suportes tiveram efeito sobre a reatividade do transportador de

oxigênio, a distribuição dos produtos e deposição do carbono. O transportador

de oxigênio impregnado na α-Al2O3 foi o que apresentou melhor resultado de

redução. Todos os transportadores de oxigênio mostraram elevada reatividade

durante a oxidação.

Pröll e col. (2010) mostrou que os transportadores de oxigênio à base de

níquel suportado em MgAl2O4 e Al2O3 não mostraram problemas de

aglomeração, fluidização, perda de partículas ou atrito. Além disso, não se

observou problemas significativos na reatividade e estrutura dos

transportadores de oxigênio após a operação. Assim esses resultados sugerem

que transportadores de oxigênio (no caso o Ni) suportados em MgAl2O4 e Al2O3

poderiam apresentar um tempo de vida elevado, sendo materiais adequados

para o sistema RQR.

Os Materiais mesoporosos devido sua alta área superficial, podem ser

usados como suportes para aumentar à dispersão do transportador de oxigênio

à base de níquel e evitar a sinterização do metal, diminuindo a deposição de

carbono e a desativação dos transportadores.

Page 47: Tiago Roberto da Costa

45

3.6 MATERIAIS MESOPOROSOS

Na década de 90, uma nova família de materiais porosos, apresentando

um sistema de mesoporos de tamanho bem definido com arranjo espacial

regular foi descoberta por cientistas da Mobil. Esses materiais são silicatos e

aluminossilicatos com diferentes arranjos de poros, em que se destaca a MCM-

41 de fase hexagonal (Mobil Compositionof Matter). Outros membros da família

são o MCM-48 de fase cúbica e MCM-50 de fase lamelar. Podem ser

observadas também outras fases menos ordenadas e menos estáveis como a

fase hexagonal desordenada e a fase de octâmero cúbico, respectivamente.

Esses materiais vieram então para revolucionar todo o cenário do mundo

catalítico, visto que apresentavam diâmetro de poros excepcionalmente largos

da ordem de 2-10 nm (BECK e col. 1992). A Figura 3.5 mostra as fases típicas

da família M41S.

Figura 3.5 - Mesofases típicas da família M41S.

Fonte: SOUZA, 2005.

A formação das estruturas por direcionamento via cristal líquido foi o

primeiro mecanismo proposto para explicar a formação das estruturas da

família M41S. O comportamento é baseado naquele das soluções dispersas de

moléculas orgânicas formadas por uma parte hidrofóbica e outra hidrofílica que,

em solução aquosa, tendem a se auto-organizar (agregação de moléculas) e

Page 48: Tiago Roberto da Costa

46

podem formar, dependendo das condições da solução, micelas esféricas ou

cilíndricas (ALVES, 2010).

Uma das diferenças encontradas entre a síntese de zeólitas e a de

materiais mesoporosos é o agente direcionador utilizado, que tem a função de

orientar a formação preferencial de um determinado tipo de estrutura. A síntese

da zeólita geralmente envolve a cristalização de um aluminosilicato ao redor de

uma única molécula direcionadora, enquanto que na síntese do MCM-41 essa

cristalização ocorre ao redor de um grupo de moléculas (micelas). Diferentes

agentes direcionadores podem ser usados na síntese do MCM-41 (BECK e

col.1992).

O direcionador (surfactante) é uma molécula com comprimento variado

que possuem em sua estrutura dois grupos: em uma extremidade um grupo

hidrofílico e na outra um grupo hidrofóbico. A Figura 3.6 é a representação de

molécula de direcionador.

Figura 3.6 - Representação esquemática do direcionador orgânico.

Fonte: ALVES, 2010

No processo de síntese, a interação de estruturas organizadas de

moléculas orgânicas (surfactantes) e de espécies de silicatos em fase aquosa,

cumpre um papel muito importante na formação da estrutura mesoporosa.

Diversas propostas surgiram na tentativa de esclarecer o mecanismo de

formação das estruturas da família M41S (RUIZ, 2005).

O mecanismo mais aceito também foi proposto por Firouzi e col. (1995 e

1997), sugeriram um processo dinâmico influenciado pela troca iônica dos

ânions silicatos com os contra-íons (haletos) do surfactante, formando assim, a

fase líquido-cristalina silicatrópica (SLC) com fortes interações entre os pares

Page 49: Tiago Roberto da Costa

47

iônicos do silicato e do surfactante. Essa interação induz a formação dos

cilindros e o arranjo silicato/micela para formar a fase mesoporosa. Isto

significa que, antes da adição dos precursores inorgânicos, moléculas do

surfactante estão em equilíbrio dinâmico com seus agregados micelares

esféricos e cilíndricos.

Com a adição da fonte de sílica, ocorre a troca iônica, gerando

estruturas orgânicas – inorgânicas, agregados micelares, precursores de sílica,

que se organizam numa mesofasesilicatrópica, cuja existência antecede a

polimerização e formação da sílica mesoporosa (Figura 19) (RUIZ, 2005).

Figura 3.7 - Representação do mecanismo cooperativo (FIROUZI e col. 1995 e 1997).

Fonte: RUIZ, 2005.

A presença de um direcionador orgânico com comprimento da cadeia

carbônica variável permite projetar mesofases com diferentes tamanhos de

poros. Na preparação da MCM-41 o diâmetro do poro aumentou de 1,8 nm a

2,2nm e 3,7nm quando foram utilizados direcionadores com 8, 12 e 16 átomos

de carbono, respectivamente. Para obter poros com diâmetros maiores do que

4nm é necessário acrescentar auxiliares orgânicos na mistura reacional, o que

Page 50: Tiago Roberto da Costa

48

pode comprometer a organização da estrutura. Em geral, a regularidade

diminui quando o tamanho do poro aumenta (SCHUTH, 1995).

3.6.1 Materiais Mesoporosos do Tipo MCM-41

A peneira molecular mesoporosa MCM-41 (Mobil Crystalline Materials)

consiste numa fase altamente ordenada, possuindo uma matriz hexagonal

formada por canais uniformes e unidimensionais de diâmetros que variam de 2

a 10 nm. Esses canais são constituídos por uma matriz de sílica. Além disso,

possui uma área superficial podendo ser superior a 700 m2g-1, alta porosidade

e elevada capacidade de adsorção que, aliada à alta estabilidade hidrotérmica,

tornam esses sólidos suportes e catalisadores potenciais para várias

aplicações. A incorporação de heteroátomos nas paredes da MCM-41 permite

o controle de suas características, viabilizando a obtenção de materiais com

propriedades pré-estabelecidas (RODRIGUES, 2009).

A unidade básica da estrutura da MCM-41, quando caracterizada pela

difração de raios X e microscopia eletrônica de transmissão, é o

empacotamento hexagonal de poros cilíndricos (SCHUTH, 1995). A espessura

da parede de sílica é aproximadamente 1nm, e seus difratogramas são em

baixo ângulo, com 2 teta menor que 10°. A Figura 3.8 representa a estrutura

dos poros e organização dos tubos porosos na estrutura da MCM-41.

Figura 3.8 - Esquema estrutural dos poros da MCM-41 (SCHUTH, 1995)

Fonte: SILVA, 2009.

As principais propriedades dos materiais mesoporosos MCM-41 são:

Alta área superficial, geralmente entre 700 – 1000 m2/g;

Page 51: Tiago Roberto da Costa

49

Capacidade de troca iônica;

Distribuição uniforme dos poros, podendo os diâmetros dos poros

chegarem a 4nm;

A maioria da aplicação dos materiais mesoporosos do tipo MCM-41 está

relacionada ao craqueamento e hidrocraqueamento de hidrocarbonetos, para

obtenção de produtos de maior valor agregado ou que atenda as

especificações ambientais. As limitações da MCM-41 são devido a sua

atividade catalítica e estabilidade térmica limitada, sendo que a substituição

isomórfica, impregnação de heteroátomos, e a deposição de catalisadores

podem melhorar essas propriedades.

Na literatura existem diversos trabalhos referentes à incorporação, de

metais de transição, terras raras em MCM-41, que dão propriedades de um

novo catalisador (JIANG e col., 2008; ZHANG e col., 2008; ANUNZIATA e col.,

2008; CHEN e col., 2007; BARROS, 2005; ALVES, 2009), que são ativos em

diferentes reações tais como oxidação de materiais orgânicos (PARIDA e

DASH, 2008), hidrodessulfurização (SONG e col. 2006) e craqueamento (XIE e

col., 2008; HABIB e col., 2008).

Recentemente, foi reportado que a estabilidade térmica e hidrotérmica

de materiais nanoestruturados do tipo MCM-41 pode ser aumentada pela

incorporação de uma pequena quantidade de elementos lantanídeos (HE e

col.1998; ZHANG, 1998; BARROS, 2005; ALVES, 2009).

Estudos realizados por Barros (2005) e Alves (2009), constataram que

a incorporação de lantânio na MCM-41 aumenta a estabilidade térmica e

hidrotérmica, que pode ser explicado devido estabilidade do íon La3+, bem

como as contribuições mais intensas das ligações entre o lantânio com o

oxigênio dentro dos poros dos materiais, tornando a parede de sílica mais

espessa e consequentemente mais resistente. Com isso espera que a

incorporação do lantânio aumente a estabilidade térmica do suporte, para obter

um material de melhor reatividade durante os processos de RQR.

Page 52: Tiago Roberto da Costa

50

Capítulo IV

MATERIAIS E MÉTODOS

Page 53: Tiago Roberto da Costa

51

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo está descrita a metodologia de preparação dos

transportadores, envolvendo a fase ativa e os suportes (MCM-41 e La-SiO2), e

as condições empregadas para a avaliação catalítica dos mesmos.

4.1 MATERIAIS PRECURSORES

Para a síntese dos materiais mesoporosos MCM-41 e La-SiO2 foram

utilizados os seguintes reagentes, citados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Materiais precursores para a síntese do MCM-41 e do La-SiO2.

Materiais Precursores

Reagente Marca Pureza

Sílica Gel Merck 95% SiO2 e 5% H

2O

Sílica para Cromatografia Vetec 95%

Silicato de Sódio Vetec 49% SiO2 e 48% Na

2O

Brometo de cetiltrimelamônio Vetec 98%

Acetato de Sódio Vetec 99%

Ácido Clorídrico Vetec 37%

Etanol Reagen 95%

Ácido Acético Vetec 99,7%

Óxido de Lantânio Vetec 99,5%

Água desionizada - -

Álcool iso-propílico Vetec 99,5%

Nitrato de níquel (6H2O) Merck 98%

Page 54: Tiago Roberto da Costa

52

4.2 SÍNTESE DOS SUPORTES

Este tópico detalha a metodologia utilizada na síntese dos suportes

MCM-41 e La-SiO2.

4.2.1 Síntese da Peneira Molecular MCM-41

O material MCM-41 foi sintetizado pelo o método hidrotérmico, usando

como fonte de sílica o silicato de sódio e a sílica gel, o direcionador estrutural

foi o Brometo de cetiltrimelamônio (CTMABr), e água desionizada como

solvente. Para obtenção do gel foi seguida a relação molar: 1,00 CTMABr: 4,00

SiO2: 1,00Na2O: 200,00 H2O (BARROS, 2005).Na preparação da mistura de

sílica e do direcionador usou-se como recipiente um Becker de polipropileno.

A mistura reacional foi preparada adicionando as fontes de sílica (sílica

gel e o silicato de sódio) à água (20 mL) conforme procedimento laboratorial.

Em seguida esta mistura foi colocada em agitação constante sob aquecimento

com temperatura entre 55 e 65 °C durante duas horas.

O direcionador (CTMABr) foi dissolvido em 20mL de água ficando sob

agitação por 30 minutos antes de ser adicionado à mistura de sílica. A nova

mistura ficou por 1 hora, sob agitação constante, à temperatura ambiente.

Então o gel formado foi transferido para um recipiente de teflon e,

posteriormente, posto em uma autoclave de aço inoxidável submetido ao

aquecimento, em estufa a 100oC por 120 horas, sendo que a cada 24 horas foi

feita a correção do pH do gel, com uma solução de 30% de ácido acético

adicionado gota a gota até atingir a faixa de pH compreendida entre 9,0 e 10,0.

Após 96 horas com o pH já estável foi adicionado acetato de sódio numa

proporção molar direcionador/sal de1:3 para a completa estabilização da sílica.

Após a adição do acetato de sódio o gel permaneceu mais 24 horas na

estufa a 100 °C. Em seguida, a autoclave foi retirada e resfriada à temperatura

ambiente. O material sintetizado foi filtrado com água destilada e uma solução

de 2% de ácido clorídrico em etanol para remoção do surfactante. O sólido

obtido foi colocado na estufa a 100°C durante 12 horas, e posteriormente

calcinado como descrito no item 4.2.4.

Page 55: Tiago Roberto da Costa

53

A Figura 4.1 detalha o fluxograma da metodologia utilizada para

obtenção dos materiais mesoporosos MCM-41 e La-SiO2.

Figura 4.1 - Fluxograma da síntese dos suportes.

Solução (a)

Água

desionizada

Solução (b)

CTMABrÁgua

desionizada

Fonte de

Sílica

Fonte de

Lantânio

Agitação60 C/ 2 horas

Agitação30 C/ 30 min

Agitação30 C/ 1 horas

Autoclave e estufa

100 C/ 4 dias

Acetato de

Sódio

Correção de

pH

Autoclave

100 C/ dia

Filtragem e

Lavagem

Secagem na

Estufa

Calcinação

550 C

Caracterização

Fonte: Autor, 2012.

Page 56: Tiago Roberto da Costa

54

4.2.2 Obtenção do Cloreto de Lantânio

O cloreto de lantânio foi obtido a partir do seu respectivo óxido, o

procedimento utilizado foi calcular a massa de óxido de lantânio necessária

para obtenção de uma razão molar Si/La = 50. A respectiva massa do óxido de

lantânio foi dissolvida em 10 ml de uma solução de ácido clorídrico 2M, após

todo óxido ter sido consumido, a solução foi colocada em banho Maria na

temperatura entre 60 e 70 °C até a completa evaporação da água (BARROS,

2005).

Equação química da reação:

La2O3 + 6HCl→ 2LaCl3 + 3H2O (20)

4.2.3 Síntese do Material Mesoporoso La-SiO2

O material La-SiO2 foi sintetizado de acordo com método descrito em

4.2.1 para o MCM-41, acrescentando à composição do gel (fonte de sílica e

água desionizada), o cloreto de lantânio, a fim de obter um gel com uma

relação molar: 1,00 CTMABr: 4,00 SiO2: 1,04 Na2O: 200 H2O: 0,04 La2O3.

4.2.4 Calcinação dos Suportes

O direcionador estrutural residual contido nos poros do material foi

retirado por calcinação. A calcinação dos suportes ocorreu em um sistema

como representado na Figura 4.2. O processo de calcinação ocorreu em duas

etapas. Na primeira etapa o sistema foi submetido a uma rampa de

aquecimento de 10°C/min, partindo da temperatura ambiente até 550°C, sob

fluxo de nitrogênio de 150 mL/min. O sistema permaneceu a 550 °C por uma

hora com a mesma vazão de nitrogênio.

Na segunda etapa o fluxo de nitrogênio foi trocado por ar sintético

mantendo a vazão de 150 mL/min, permanecendo por mais uma hora na

temperatura de 550°C, seguido ocorreu o resfriamento do sistema sob o fluxo

de ar sintético.

Page 57: Tiago Roberto da Costa

55

4.3 PREPARAÇÃO DOS TRANSPORTADORES DE OXIGÊNIO

Este tópico detalha a metodologia utilizada para preparação dos

transportadores de oxigênio à base de níquel.

4.3.1 Deposição da fase ativa

A deposição da fase ativa foi baseada no método de impregnação

através da técnica de umidade incipiente, utilizando como precursor

Ni(NO3)2.6H2O da MERCK (98%). Neste procedimento foi utilizado como

solvente álcool isopropílico, da Vetec (99,5%), para dissolver o nitrato, em

seguida o suporte foi adicionado aos poucos à solução.

O suporte foi pesado e a massa necessária de Ni(NO3)2.6H2O foi

calculada de maneira a fornecer um teor de níquel metálico de 5, 10 e 20% em

massa. Para garantir a homogeneidade da distribuição do transportador de

oxigênio sobre toda a massa do suporte, a solução foi mantida sob agitação

constante com aumento de temperatura lentamente até atingir 70°C, mantendo

essa temperatura durante todo o processo de evaporação do álcool.

Após a evaporação do álcool, os transportadores foram submetidos à

caracterização através da termogravimetria, com a finalidade de determinar a

faixa de degradação do nitrato, para posterior calcinação do material, como

descritos em 4.3.2.

4.3.2 Calcinação dos Transportadores de Oxigênio

O sistema utilizado neste processo esta representado na figura 4.2. A

calcinação ocorreu com rampa de aquecimento de 10°C/min, partindo da

temperatura ambiente até 350°C, mantendo nessa temperatura por 1 hora,

todo o processo de calcinação ocorreu em atmosfera inerte de nitrogênio com

uma vazão de 150 mL/min. Essa calcinação tem como objetivo a remoção do

álcool, água e decomposição dos sais de nitratos remanescentes nos

transportadores.

Page 58: Tiago Roberto da Costa

56

Figura 4.2 - Diagrama esquemático utilizado para a calcinação dos materiais. Em que:

1 e 2 – cilindros de N2 e ar sintético respectivamente, 3 – válvula de seleção de gases, 4 – adsorvente para retenção de umidade, 5 – válvula de ajuste de vazão, 6 – forno e

7 – amostra.

Fonte: SILVA, 2009.

4.4 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

Os suportes calcinados foram caracterizados por termogravimetria,

fluorescência de raios X, difração de raios X, espectroscopia na região do

infravermelho com transformada de Fourier, área específica pelo método BET.

Após a etapa de deposição da fase ativa nos suportes para a formação dos

transportadores, estes foram caracterizados pelas mesmas técnicas, inclusive

com redução à temperatura programada (RTP), com a finalidade de se avaliar

a reatividade do transportador para determinar sua perspectiva de desempenho

para produzir gás hidrogênio (H2) e gás de síntese (H2 e CO).

4.4.1 Análise Termogravimétrica (TG)

Análise termogravimétrica foi realizada em uma balança da TA

INSTRUMENTS modelo Q500 sob atmosfera inerte de N2 com vazão de 100

Page 59: Tiago Roberto da Costa

57

mL/min, na faixa de temperatura entre 30 e 900 °C, a uma razão de

aquecimento de 10 °C/min e massa de 3,0 mg.

A partir das curvas termogravimétricas dos suportes MCM-41 e La-

MCM-41antes da etapa de calcinação, foram determinadas as quantidades de

água e de direcionador orgânico presentes (CTMABr), bem como, as faixas de

temperatura onde estas moléculas foram removidas. Estes dados foram

fundamentais para a determinação da temperatura de calcinação necessária

para a remoção do direcionador orgânico dos poros dos materiais.

Após a etapa de deposição do transportador de oxigênio foi feita uma

nova análise termogravimétrica dos materiais, para determinar a faixa de

degradação do nitrato, para proceder com uma nova etapa de calcinação para

remoção da água, álcool e do nitrato.

4.4.2 Fluorescência de raios X (FRX)

A técnica de fluorescência de raios X foi utilizada para se determinar o

teor de níquel nos transportadores. Os espectros de fluorescência de raios X

foram obtidos utilizando um instrumento EDX 700 (Shimadzu) com um tubo de

ródio (40 kV) como fonte de raios X.

Foram usados cerca de 300 mg de material na forma de pó para a

obtenção dos espectros de fluorescência de raios X. As análises foram feitas

passando uma corrente de He de alta pureza (vazão de 200 mL/min) entre o

porta amostra e o detector para purgar o ar. O fundo do porta amostra consistia

em um filme de plástico de polietileno, que apresenta baixa absorção de raios

X na faixa de energia de interesse.

4.4.3 Difração de raios X (DRX)

Os suportes MCM-41 e La-SiO2 calcinados e após a deposição do

níquel, foram caracterizados por difração de raios X (DRX) em um equipamento

da Shimadzu modelo XRD-6000 utilizando-se uma fonte de radiação de CuK

com voltagem de 30KV, corrente de 30 mA e filtro de Ni com velocidade de

goniômetro de 2o min-1 com um passo de 0,02 graus.Os dados foram coletados

em duas etapas, a primeira na faixa de 2 de 1 a 10 graus, para a

Page 60: Tiago Roberto da Costa

58

determinação das fases dos materiais MCM-41 e La-SiO2 puros, e a segunda

etapa ocorreu após a deposição do níquel com diferentes teores.

Com a deposição do níquel foi realizado uma análise na faixa de 2 de 1

a 10 a fim de verificar se houve modificação nos perfis de difração dos

suportes, e em seguida outra análise na faixa 2 de 10 a 80 graus, com o

intuito de observar as fases cristalinas do níquel.

A finalidade dessa técnica foi a de confirmar a formação da estrutura dos

materiais sintetizados. Os materiais mesoporosos do tipo MCM-41, são

identificados, quando são observados cinco picos característicos, que são

referentes aos planos (100), (110), (200), (210) e (300). Esses planos são

característicos de uma estrutura hexagonal (BECK, e col. 1992).

4.4.4 Espectroscopia na Região do Infravermelho com Transformada de

Fourier (FTIR)

Foram realizadas em um espectrofotômetro de infravermelho por

transformada de Fourier da Shimadzu, modelo IR-Prestige - 21, usando KBr

como agente dispersante. As pastilhas foram preparadas pela mistura de

aproximadamente 0,7 mg de amostra com uma quantidade suficiente de KBr

para se atingir a concentração de 1% em massa.Em seguida, a mistura foi

homogeneizada em um almofariz, transferida para o pastilhador e submetida a

uma pressão de 6 ton cm-2, formando uma pastilha fina. Os espectros foram

obtidos na região de 400 a 4000 cm-1 com 35 varreduras, no modo de

transmitância.

4.4.5 Determinação da Área Superficial

A área superficial dos materiais foi determinada por meio de adsorção

física de N2 a 77K usando o método Braunauer-Emmett-Teller (BET), com

diâmetro e volumes dos poros obtidos pelo o método Barret-Joyner-Halenda

(BJH). Para as análises foi utilizado um equipamento da Quanta Chrome

modelo NOVA-2000.

As análises da área superficial foram realizadas antes e após a

deposição do níquel nos suportes, para verificar a influência do níquel na área

Page 61: Tiago Roberto da Costa

59

e nos poros dos suportes sintetizados. Antes de cada análise 0,5g de amostra,

previamente calcinada, foi pré-tratada a 200oC sob vácuo por 3 horas. Esse

tratamento visa remover a umidade da superfície do sólido. As isotermas de

adsorção de N2 nas amostras foram obtidas na faixa de P/Po entre 0,1 e 0,9

permitindo-se obter informações importantes sobre os materiais, tais como:

área superficial, diâmetro de poro, área externa e volume mesoporoso.

Com os resultados de área superficial específica (ASS) é possível o

cálculo de tamanho médio de partícula (DBET) do material através da equação

de Johnson (Equação 7) (MELO, 2011).

DBET = 6/ Dt SBET (9)

Em que:

DBET: Diâmetro médio (nm);

Dt: Densidade teórica (g/cm3);

SBET: Área superficial especifica (m2/g);

O método BET para determinação de área superficial total de sólidos

baseia-se na determinação do volume de N2 adsorvido sob diversas pressões

relativas, à temperatura de 77 Kelvin (sob nitrogênio líquido), compressões

relativas (P/Po) inferiores a 0,3. O nitrogênio adsorvido fisicamente em cada

pressão produz uma alteração na pressão interna do porta amostra, cuja

informação é registrada e, por calibração, transformada em volume adsorvido.

Com o aquecimento da amostra, devido à perda de contato do nitrogênio

líquido com a célula de amostragem, o gás é dessorvido. Este processo

adsorção-dessorção gera sinais que são registrados em gráficos na forma de

picos, a área dos picos é proporcional à massa de nitrogênio dessorvido

(BARROS, 2009).

4.4.6 Redução a Temperatura Programada (RTP)

Os ensaios foram realizados usando 100 mg de material em um reator

de quartzo na forma de “U” com diâmetro interno de 0,97 mm. A atmosfera

redutora do reator consistiu de uma mistura de 5% de H2 – 95% de Nitrogênio,

Page 62: Tiago Roberto da Costa

60

com fluxo total de 20 mL/min. A variação da temperatura foi de 30 a 1000°C,

com razão de aquecimento de 10 °C/min. Um detector de condutividade

térmica foi utilizado para analisar a mistura gasosa após condensação da água,

permitindo assim quantificar o consumo de hidrogênio.

Os perfis obtidos do RTP foram usados para identificar as faixas de

redução das espécies presentes na amostra, onde cada pico representa um

processo de redução e sua área corresponde ao volume de hidrogênio

consumido. O grau de redução alcançado por uma amostra pode ser dado a

partir do consumo de hidrogênio o qual indica a quantidade de oxigênio

eliminado no processo.

4.5 AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE DOS TRANSPORTADORES

A metodologia de avaliação dos transportadores foi desenvolvida pelo o

grupo de Ruiz e col. (2011) utilizando um sistema de análise que consiste no

acoplamento do equipamento Autochem II (Micromeritics) com um

Espectrômetro de massas HPR20 (Hiden).

A massa inicial (100 mg) do transportador foi colocada no reator da

Autochem II e o sistema foi aquecido até a temperatura de reação (900 °C) sob

fluxo de um gás inerte (He). Em seguida, o transportador foi submetido a 8

(oito) ciclos de CAO (capacidade de armazenamento de oxigênio) com as

combinações de 20 pulsos do agente redutor (H2) seguidos de 10 pulsos do

agente oxidante (O2) para cada ciclo. Após os ciclos de CAO foram

programados 2 ciclos de reação, com cada um contendo 15 pulsos de metano,

como agente redutor, seguido de 15 pulsos de oxigênio, como agente

oxidante.Todos os pulsos foram monitorados pelo espectrômetro de massas.

Para quantificar os componentes envolvidos nos processos de CAO e da

reação, previamente foram realizadas calibrações do sistema com gases puros

como padrões, simulando as mesmas condições de operação e usando

quartzo (SiO2) como sólido inerte no reator.

Page 63: Tiago Roberto da Costa

61

Capítulo V

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Page 64: Tiago Roberto da Costa

62

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão discutidos os resultados obtidos, relativos à

preparação e caracterização dos suportes mesoporosos MCM-41 e La-SiO2, e

dos materiais após a deposição da fase ativa, com teores de 5, 10 e 20% de

níquel metálico.

5.1 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG)

As análises termogravimétricas foram realizadas após a síntese dos

suportes MCM-41 e La-SiO2 para identificar a faixa de remoção do surfactante.

Após a deposição do nitrato de níquel, uma segunda análise termogravimétrica

foi realizada para identificar a faixa de degradação do nitrato. Essas

informações são necessárias para remoção de compostos indesejáveis dos

materiais na etapa de calcinação.

A determinação das melhores condições de calcinação visando à

remoção desses compostos é uma etapa fundamental na obtenção dos

suportes finais de alta qualidade. Para garantir essa qualidade, os suportes

finais calcinados devem ser totalmente isentos de matéria orgânica e também

devem preservar a estrutura hexagonal bem ordenada (ALVES, 2009).

A Figura 5.1 mostra as curvas da análise térmica da MCM-41não

calcinadas e com teores variados de níquel, com suas respectivas perdas de

massa por faixa de temperatura, enquanto a Figura 5.2 mostra as derivadas de

primeira ordem das amostras (DTG), para identificar o início e o fim de cada

evento de perda de massa das amostras.

De acordo com Kruk e col. (2000), a análise termogravimétrica do

material mesoporoso do tipo MCM-41 apresenta três perdas de massa

característica: 80 a 110 ºC relativo à dessorção de água fisicamente adsorvida;

de 130 a 350 ºC correspondendo à decomposição do surfactante e por fim

entre 400 e 530 ºC à condensação de grupos silanóis.

Page 65: Tiago Roberto da Costa

63

Figura 5.1 – Análises térmicas das amostras: a)Ni 20%/ MCM-41 C1550-C2350;

b)Ni 5%/MCM-41 C1550-C2350; c) Ni 10%/MCM-41 C1550-C2350; d) MCM-41 não

calcinado e e) Ni 20%/ MCM-41 C1550.

0 200 400 600 800 1000

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

e

d

cb

Per

da d

e m

assa

(%

)

Temperatura (°C)

a

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

O suporte MCM-41 (d) apresentou as três perdas de massa

características dos materiais mesoporosos. A amostra de Ni 20%/ MCM-41 (e),

não calcinada, apresentou uma maior perda de massa até 110 °C, devido à

quantidade de álcool utilizada na deposição do níquel, como também a

hidratação material. A perda de massa de 130-350 °C pode ser atribuída à

degradação de surfactante residual da primeira etapa de calcinação, mas

principalmente à degradação do nitrato utilizado. Nas demais amostras, todas

calcinadas (a, b e c), observa-se somente uma pequena perda de massa que

vai até aproximadamente 110 °C, que é devido à hidratação que os materiais

foram submetidos antes da calcinação, pois o MCM-41 possui alto caráter

hidrofílico. Após essa faixa de temperatura não são observadas perdas de

massa significativas, indicando que a etapa de calcinação foi realizada com

êxito.

Page 66: Tiago Roberto da Costa

64

Figura 5.2–Derivada da perda de massa (DTG):a) Ni 20%/ MCM-41 C1550-C2350;

b)Ni 5%/ MCM-41 C1550-C2350; c) Ni 10%/MCM-41 C1550-C2350; d) MCM-41 não calcinado e e) Ni 20%/ MCM-41 C1550.

0 200 400 600 800 1000

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

D

TG (m

g/°C

)

Temperatura (°C)

a

b

c

d

e

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Em relação às curvas de DTG podemos observar a ocorrência dos

eventos de perda de massa nas mesmas faixas de temperatura, comprovando

que os materiais possuem características térmicas semelhantes. Na amostra Ni

20%/ MCM-41, é observado mais de um evento na faixa de temperatura de

150-350 °C, provavelmente o primeiro (até 250 °C) é devido à degradação de

direcionador residual, o evento após 300°C pode ser atribuído à degradação do

nitrato de níquel. A tabela 5.1 apresentam as faixas de temperatura dos três

eventos característicos dos materiais mesoporosos do tipo MCM-41, com suas

respectivas perdas de massa.

A Tabela 5.1 quantifica as perdas de massas com suas respectivas

faixas de temperatura das amostras da figura 5.1.

Page 67: Tiago Roberto da Costa

65

Tabela 5.1 - Faixas de temperaturas e as respectivas perdas de massa para cada

evento.

AMOSTRA

PERDA DE MASSA (%)

(25 – 130 ºC) (130 – 350 ºC) (350 – 530 ºC)

MCM-41 (d)

Ni 5%/ MCM-41 (b)

Ni 10%/ MCM-41 (c)

Ni 20%/ MCM-41 (a)

Ni 20%/ MCM-41(e)

7,49

10,6

12,78

4,70

27,94

22,00

3,39

3,60

6,03

21,55

3,10

1,65

1,62

1,48

3,30

Observando a Tabela 5.1, verifica-se que ocorre uma variação

significativa de perda de massa entre as amostras calcinadas (a, b e c) na faixa

de temperatura de 25-110 °C (evento I) e de 130-350 °C (evento II). A diferença

no primeiro evento nos materiais calcinados pode ser atribuída à quantidade de

umidade que cada amostra foi exposta antes das análises termogravimétricas,

pois esses materiais são altamente hidrofílicos. O aumento na segunda perda

de massa nos transportadores de oxigênio é provavelmente devido a resíduo

de nitrato e surfactante nos materiais, que a calcinação não foi capaz de

remover. No terceiro evento observamos que as porcentagens de perda de

massa foram semelhantes, indicando que não houve interferência na

condensação dos grupos silanóis. A grande perda de massa da amostra Ni

20%/ MCM-41 C1550 (e) até a temperatura de 110 °C está relacionada à

remoção do álcool isopropílico utilizado na deposição do níquel, como também

da dessorção da água do material.

A Figura 5.3 mostra as curvas da análise térmica do La-SiO2 não

calcinadas e com teores variados de níquel, com suas respectivas perdas de

massa por faixa de temperatura, enquanto a Figura 5.4 mostra as derivadas de

primeira ordem das amostras (DTG).

O La-SiO2 por ser um material mesoporoso (evidenciado pela adsorção

de N2 pelo o método de BET), e na sua síntese ter sido utilizado o mesmo

direcionador do que o MCM-41, é de se esperar uma semelhanças nas curvas

de perdas de massas. Nas curvas de TG/DTG podemos observar os mesmo

eventos ocorridos no MCM-41.

Page 68: Tiago Roberto da Costa

66

Figura 5.3 - Análises térmicas das amostras: a) Ni 20%/ La-SiO2 C1550-C

2350; b)Ni 5%/ La-

SiO2 C1550-C

2350;c) Ni 10%/ La-SiO2 C

1550-C

2350; d) La-SiO2 não calcinado e e) Ni 20%/ La-

SiO2 C1550.

0 200 400 600 800 1000

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

e

d

cb

Pe

rda

de

ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

a

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

No La-SiO2(d), o primeiro evento (25-130 °C) é associado com a

dessorção de água da superfície do sólido, a segunda perda de massa de 130-

350 °C corresponde à decomposição do direcionador orgânico, e a terceira

perda de massa pode ser atribuída à condensação dos grupos silanóis do

material. Na amostra Ni 20%/ La-SiO2 não calcinada (e) podemos relacionara

primeira perda de massa de 25-130 ºC à dessorção de água adsorvida e do

álcool isopropílico utilizado como solvente para deposição da fase ativa; a partir

de 130-350 °C a perda de massa deve ser, provavelmente. devido à

degradação do nitrato de níquel e/ou ao direcionador orgânico residual, a

pequena perda de massa após 350 °C deve-se a condensação de grupos

silanóis dos materiais.

Nos materiais submetidos a duas etapas de calcinação, apresenta uma

perda de massa de água adsorvida (25-130 °C), que sugere que este material

apresenta um caráter hidrofílico como o MCM-41. A segunda perda de massa

na faixa de temperatura de 130-350 °C é provavelmente a resíduos de nitrato e

Page 69: Tiago Roberto da Costa

67

do surfactante utilizado, e a última perda de massa é da condensação de

grupos silanóis presente no material.

Na Figura 5.4 podemos observar através das curvas de DTG, que os

transportadores tiveram eventos e faixas de temperaturas semelhantes ao da

Figura 5.2. A Tabela 5.2 apresenta as perdas de massa com suas respectivas

faixa de temperaturas das curvas termogravimétricas da Figura 5.3.

Figura 5.4–Derivada de primeira ordem (DTG): a) Ni 20%/ La-SiO2 C1550-C2350; b)Ni

5%/ La-SiO2 C1550-C2350; c) Ni 10%/ La-SiO2 C

1550-C2350; d) La-SiO2 não calcinado e e) Ni 20%/ La-SiO2 C

1550.

0 200 400 600 800

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

DT

G (

mg

/°C

)

Temperatura (°C)

a

b

c

d

e

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a

350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Na Figura 5.4 podemos observar através das curvas de DTG, que as

amostras tiveram eventos e faixas de temperaturas semelhantes. Na amostra

Ni 20%/ La-SiO2 C1550 na faixa de 130-350 podemos observar dois eventos,

que podemos atribuir o primeiro a degradação de resíduos de direcionador e o

segundo a degradação do nitrato de níquel.

Page 70: Tiago Roberto da Costa

68

Tabela 5.2 - Faixas de temperaturas e as respectivas perdas de massa para cada

evento das amostras contendo 20% de níquel.

AMOSTRA

PERDA DE MASSA (%)

(25 – 130 ºC) (130 – 350 ºC) (350 – 530 ºC)

La-SiO2 (d)

Ni 5%/ La-SiO2 (b)

Ni 10%/ La-SiO2 (c)

Ni 20%/ La-SiO2 (a)

Ni 20%/ La-SiO2(e)

6,07

8,88

8,23

1,89

22,65

15,66

3,78

4,72

4,09

12,69

3,23

2,36

2,31

1,43

2,50

A grande perda de massa no primeiro evento do Ni 20%/ La-SiO2 é

devida, principalmente, ao álcool utilizado na deposição do nitrato de níquel. A

perda de massa no transportador Ni 20%/ La-SiO2, deve-se, provavelmente, ao

menor tempo de hidratação em relação aos demais materiais, antes da análise

de termogravimétrica.

5.2 FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X

A Tabela 5.3 apresenta os resultados da fluorescência de raios X das

amostras de Ni/MCM-41 e Ni/La-SiO2 com teores de níquel variável

depositados nos suportes. Estes resultados confirmaram que os resultados

estão próximos dos teores desejados, ressaltando que os teores de níquel

metálico estão acima dos valores teóricos, mas esses resultados indicam a

deposição da fase ativa, comprovando o êxito da técnica empregada.

Page 71: Tiago Roberto da Costa

69

Tabela 5.3 - Resultado da Fluorescência de raios X dos materiais utilizados.

Amostras

SiO2

% massa

NiO

% massa

La2O3

%massa

Ni

% massa

Si/La

molar

MCM-41

Ni 5%/ MCM-41

Ni 10%/ MCM-41

Ni 20%/ MCM-41

La-SiO2

Ni 5%/ La-SiO2

Ni10%/ La-SiO2

Ni20%/ La-SiO2

95,08

85,59

79,40

67,88

89,56

82,47

69,80

62,51

__

10,42

17,11

29,79

__

9,02

20,02

29,96

__

__

__

__

3,92

3,18

4,94

2,39

__

8,19

13,44

23,40

__

7,09

15,73

23,54

__

__

__

__

62

70

38

71

Os resultados da fluorescência foram obtidos na forma de óxidos, sendo

observado uma redução da porcentagem de sílica (SiO2) no suporte La-SiO2

em relação ao MCM-41,devido o fato de parte do Si da estrutura do La-SiO2 ter

sido substituído pelo lantânio durante o processo de sínteses dos suportes.

Vale salientar que os valores da fluorescência de raios X são valores

semi quantitativos, podendo haver variações de ±10% nos seus resultados,

mas os resultados dão ideia da quantidade de níquel que existe no material.

No procedimento de síntese do material La-SiO2 foi adotado uma razão

molar teórica de Si/La=50, a partir dos resultados experimentais de

fluorescência e dos valores da razão molar Si/La, os quais estão entre 62 a 70,

exceto para a amostra Ni 10%/La-SiO2 com razão em torno de 40, essa

discrepância nas razões pode ser atribuído ao erro do equipamento, já que

todo material La-SiO2 foi sintetizado em um único procedimento e todo o

material deveriam ter resultados aproximados.

Page 72: Tiago Roberto da Costa

70

5.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)

As análises de DRX pelo método do pó foram realizadas nos materiais

obtidos na forma calcinada, com o objetivo de verificar as propriedades

estruturais como a formação da estrutura hexagonal proposta pelos

pesquisadores da Mobil Oil Research and Development Co. (BECK e col.1992).

Após a deposição da fase ativa de níquel (5, 10 e 20%) a análises de DRX

foram repetidas para verificar se houve modificações na estrutura dos

materiais.

Os resultados de DRX para as amostras de MCM-41 puro e contendo 5,

10 e 20% de Níquel metálico estão apresentados na Figura de 5.5. Esses

difratogramas apresentam três picos típicos, um com uma elevada intensidade,

atribuído à linha de reflexão do plano (100) e dois outros com menor

intensidade atribuída às reflexões dos planos (110) e (200) característicos da

estrutura hexagonal mesoporosa como descrito por Beck e col. (1992).

Figura 5.5 - Difratograma de raios X (2θ de 1 a 10) da amostra Ni /MCM-4. a) MCM-41

C1550; b)Ni 5%/MCM-41C1550-C2350; c) Ni 10%/MCM-41C1550-C2350 e d) Ni 20%/MCM-41C1550-C2350.

1 2 3 4 5 6 7

(c)

(110)(200)

(100)

(d)

(b)

Inte

nsid

ade

(u. a

.)

Posiçao (2 )

MCM-41

Ni 5%/MCM-41

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

(a)

(b)

(a)

(d)

4

(c)

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 73: Tiago Roberto da Costa

71

A presença dos três picos ((100), (110) e (200)) característicos da

estrutura da MCM-41 foi mantida após a deposição do níquel. Com o aumento

da porcentagem de níquel depositado na estrutura da MCM-41 foi observado

uma diminuição da intensidade do pico (100), que pode ser atribuído à

diminuição do material estruturado pelo aumento do níquel. O pico (100) é

deslocado indicando uma diminuição do ordenamento da estrutura hexagonal

dos materiais. Essa diminuição do ordenamento da estrutura ocorre

provavelmente devido a interação do níquel com os grupos silanóis e/ou sílica,

formando Ni3Si2O5(OH)4e o Ni2O3H, de acordo com as fichas 49-1859 e 40-

1179 do JCPDS, respectivamente, apresentados na Figura 5.7.

Park e Lee (2010) relataram que a posição do espaçamento interplanar

do pico de reflexão (100), d100, para o Ni/MCM-41, é deslocada para ângulos

maiores com o aumento da quantidade de Ni, que indica a diminuição do

parâmetro de rede (a0). A Tabela 5.4 lista os parâmetros de DRX da MCM-41

puro e com diferentes teores de níquel depositado.

Tabela 5.4 - Parâmetros do DRX das amostras Ni/MCM-41 em função da quantidade

de Níquel.

Amostras Espaçamento interplanar –

d (nm) a0 (nm)

(100)

2 teta Intensidade

MCM-41 Ni 5%/MCM-41

Ni10%/MCM-41 Ni 20%/MCM-41

4,204 3,906 4,187 4,095

4,85 4,51 4,83 4,73

2,10 2,26 2,15 2,15

4284,22 2976,83 1716,00 1386,10

De acordo com a Tabela 5.4 podemos observar que o espaçamento

interplanar e parâmetro de rede não houve uma diminuição linear com o

aumento da quantidade de níquel, como é relatado na literatura.

A Figura 5.6 mostra os difratogramas em ângulo menores do material

La-SiO2 com teores de 5, 10 e 20 de níquel.

Page 74: Tiago Roberto da Costa

72

Figura 5.6 - Difratograma de raios X (2θ de 1 a 10) da amostra Ni /La-SiO2. a) La-

SiO2C1550; b)Ni 5%/La-SiO2C

1550-C2350; c) Ni 10%/La-SiO2C1550-C2350 e d) Ni

20%/ La-SiO2C1550-C2350.

Inte

sid

ad

e (

u.a

.)1688 La-SiO

2

Ni 5%/La-SiO2

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

2 4 6 8 10

Posiçao (2 )

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Na Figura 5.6 podemos observar que o material La-SiO2 possui um

pequeno pico em (100) característico da estrutura hexagonal, provavelmente

pode ter sido formado uma pequena quantidade de tubos organizados

hexagonalmente, produzindo esse pequeno sinal. O método de impregnação

forçou a separação da pouca organização do material sintetizado, a ponto de

não ser detectado pelo DRX, devendo ter ficado somente tubos mesoporosos

desorganizados, confirmado pela análise da área superficial pelo o método de

BET item 5.6.

As Figuras 5.7 e 5.8 mostram os difratogramas das amostras puras e

com teor de níquel metálico de 5, 10 e 20% em massa, que foram submetidas

à caracterização por DRX em ângulos elevados (2 de 10° a 80°), com o

objetivo de confirmar as fases do níquel.

Page 75: Tiago Roberto da Costa

73

Figura 5.7 - Difratograma de raios X (2θ de 1 a 10) da amostra Ni /MCM-4. a) MCM-41

C1550; b)Ni 5%/MCM-41C1550-C2350; c) Ni 10%/MCM-41C1550-C2350 e d) Ni 20%/MCM-41C1550-C2350.

10 20 30 40 50 60 70 80

*

##

#

#

**

* **

(a)

(d)

(c)

Inte

nsi

da

de

(u

.a.)

Posicao (2 )

* Ni2O3H

# NiO

(b)*

#

#

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Figura 5.8 - Difratograma de raios X (2θ de 10 a 80) da amostra Ni /La-SiO2. a) La-SiO2C

1550; b)Ni 5%/La-SiO2C1550-C2350; c) Ni 10%/La-SiO2C

1550-C2350 e d) Ni 20%/ La-SiO2C

1550-C2350.

10 20 30 40 50 60 70 80

##

#

#

#

##

#

#

+

Inte

nsi

da

de

(u

. a

.)

2

* Ni2O3H

# NiO

+ Ni2(SiO4)

(a)

(b)

(c)

(d)

#

*

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 76: Tiago Roberto da Costa

74

Para os padrões de DRX em 2θ de 10 a 80° para as amostras com 5%

de níquel foi observado indícios da existência de NiO depositado na superfície

de ambos suportes, com o aumento da quantidade de níquel os picos ficaram

mais evidentes, provavelmente pelo o aumentos dos cristalinos das espécies

de níquel.

O aparecimento de picos de baixa intensidade em 2 teta 37,3º, 43,2º e

62,9º são atribuídos a agregados de NiO cristalino nos poros da MCM-41

(WANG e col. 2006). Nas Figuras 5.7 e 5.8 podemos observar que as amostras

contendo níquel possuem picos em 37,3; 43,2 e 62,48 que estão de acordo

com a literatura anteriormente citada e com a ficha 065-2901 do JCPDS.

O difratogramas da Figura 5.7 mostra que com o aumento da

quantidade do níquel aparecem picos em 2θ 12,4; 37,8; 44,1 e 58,7 que são

identificados com Ni2O3H, de acordo com ficha 040-1179 do JCDPS. Na Figura

5.8 somente na amostra de Ni 20%/ La-SiO2, pode-se observar um pico

referente ao Ni2O3H em 37,8°; sendo que o pico em 77,6° foi atribuído ao

silicato de níquel (Ni2(SiO4)), de acordo com a ficha 074-0786 do JCDPS.

Nos difratogramas das Figuras 5.7 e 5.8 podemos observar que houve

interação do metal com os suportes, devido às espécies de níquel formadas.

Nas amostras de MCM-41 houve uma melhor identificação dos picos,

provavelmente pela maior interação com o níquel, como foi comprovado para

as análises de RTP (item 5.6).

5.4 ESPECTROSCOPIANA REGIÃO DO INFRAVERMELHO POR

TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR)

As Figuras de 5.8 a 5.11 apresentam os espectros de absorção na

região do infravermelho das amostras de Ni/MCM-41 com 5, 10 e 20% de

níquel, calcinadas e não calcinadas. As bandas das vibrações dos estiramentos

assimétricos e simétricos da ligação Si – O presente na estrutura da MCM-41

aparecem nas regiões 1243-1091 e 806 cm-1 respectivamente (SOHN e

col.1986).

Page 77: Tiago Roberto da Costa

75

Figura 5.9 - Espectros de infravermelho da amostra MCM-41: (a) não calcinado

e (b) Calcinado (C1550).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100

120

MCM-41 (a) Nao Calcinada

(b) Calcinada

(b)

(a)

Tran

smitâ

ncia

(U.A

)

Numero de Onda (cm-1)

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4).

Na Figura 5.8 após a etapa de calcinação a amostra de MCM-41

apresenta basicamente as mesmas bandas, com exceção das bandas

referentes aos grupos funcionais dos íons CTMA+. O desaparecimento das

bandas referentes ao direcionador mostra que o processo de calcinação foi

efetivo na remoção do surfactante (ALVES, 2009).

Nos gráficos de FTIR das Figuras 5.9 a 5.11 não foi possível verificar a

ocorrência de bandas de absorção referentes à presença do direcionador

orgânico CTMABr na faixa de 2850 – 2920 cm-1 devido a estiramentos entre a

ligação C-H da molécula de CTMA+, enquanto nas Figuras 5.9 e 5.11 podemos

observar pequenas banda sem 1480 cm-1 referente às deformações do íon

CTMA+.

Page 78: Tiago Roberto da Costa

76

Figura 5.10 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 5%/ MCM-41: (a) não calcinado e (b) Calcinado (C1550-C2350).

10

20

30

40

50

(a)

478

780

1150

1645

(b)

Comprimento de onda (cm-1)

(a) Nao Calcinada

(b) CalcinadaNi 5%/MCM-41

3448

2336

1385

4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

20

30

40

50

T

rans

mitâ

ncia

(u.

a.)

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Figura 5.11 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 10%/ MCM-41: (a) não

calcinado e (b) Calcinado (C1550-C2350).

4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

20

30

40

50

Ni 10%/MCM-41

(a) Nao Calcinada

(b) Calcinada

(b)

(a)

3439

23471657

1389

1089

455

4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

20

30

40

50

Tra

nsm

itânc

ia (

u.a.

)

Comprimento de onda (cm-1)

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 79: Tiago Roberto da Costa

77

Figura 5.12 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 20%/ MCM-41: (a) não calcinado e (b) Calcinado (C1550-C2350).

Ni 20%/MCM-41

Tra

nsm

itânc

ia (

u.a.

)

(a) Nao Calcinado

------ (b) Calcinado

(a)

(b)

3472

2341

1655

1087

664

426

4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

20

30

40

50

Comprimento de onda (cm-1)

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Todas as amostras contendo níquel não deveriam mostrar nenhuma

banda referente ao material orgânico, pois antes da deposição do níquel todo

suporte foi calcinando a 550 °C (item 4.3.2) para remoção do direcionador

orgânico. De acordo com os espectros das Figuras 5.9 e 5.11, podemos

observar uma pequena banda em torno de 1480 cm-1 dos materiais calcinados,

que podem ser atribuído à deformação da ligação C-H de grupos CH2 do íon

CTMA+, indicando a existência de resíduos de material orgânico nesses

materiais, que também foi comprovado pela a análise termogravimétrica (item

5.1). As diferenças de intensidade das transmitâncias dos materiais não

calcinados e calcinados na banda em aproximadamente em 3400

provavelmente deve-se a umidade do KBr usado na preparação das pastilhas.

As Figuras de 5.12 a 5.15 apresentam os espectros de absorção na

região do infravermelho das amostras de La-SiO2 com 5, 10 e 20% de níquel,

calcinadas e não calcinadas.

Page 80: Tiago Roberto da Costa

78

Figura 5.13 - Espectros de infravermelho da amostra La-SiO2: (a) não calcinado e (b)

Calcinado (C1550).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

10

20

30

40

b) 809

1080

13751636

2336

Tra

nsm

itân

cia

(u

.a.)

Comprimento de onda (cm-1)

b) Calcinada

a) Nao calcinada

3442

2936

La-SiO2

a)

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4).

Figura 5.14 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 5%/ La-SiO2:(a) não calcinado

e (b) calcinado (C1550-C2350).

Ni 5%/La-SiO2

(b)

(a)

464

664804

1095

1382

1643

(a) Calcinado

-------(b) Nao Calcinado

3450

970

4000 3500 3000 2000 1500 1000 500

0

10

20

30

40

Tra

nsm

itânc

ia (

%)

Comprimento de onda (cm-1)

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 81: Tiago Roberto da Costa

79

Figura 5.15 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 10%/ La-SiO2: (a) não

calcinado e (b) calcinado (C1550-C2350).

4000 3500 3000 2000 1500 1000 500

10

15

20

25

30

35

40

45Ni 10%/La-SiO

2

(b)

(a)

Tra

nsm

itância

(%

)

(a)Nao calcinado

(b)Calcinado

10

20

30

40

Comprimento de onda (cm-1)

469

669798

1093

13841641

3460

957

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Figura 5.16 - Espectros de infravermelho da amostra Ni 20%/ La-SiO2:(a) não calcinado e (b) calcinado (C1550-C2350).

4000 3500 3000 2000 1500 1000 500

5

10

15

20

25

30

35

40

45

(a)

Tra

nsm

itânci

a(%

)

Comprimento de onda (cm-1)

(a) Nao calcinado

(b) Calcinado

Ni 20%/La-SiO2

(b)

1639

464

667

801

1088

1383

1708

3425

961

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 82: Tiago Roberto da Costa

80

Na região de 1000 a 1250 cm-1 há uma banda larga referente ao

estiramento assimétrico de Si-O-Si. Esta banda é composta de duas outras

bandas, uma principal em 1075 cm-1 que fica menos resolvida quando os

materiais são calcinados porque a banda 1075 cm-1 desloca-se na direção de

maiores números de onda. A banda em torno de 800 cm-1 refere-se ao

estiramento simétrico da ligação Si-O-Si na rede. A deformação do modo de

vibração da ligação O-Si-O é verificada em 450 cm1. O espectro apresenta

ainda uma banda de baixa intensidade a 962 cm-1 a MCM-41 apresenta esta

banda devido ao elevado número de grupos silanóis em sua estrutura, sendo

esta banda mais intensa quando há metais incorporados (CLAMBOR e col.

1993), esta banda deve ser atribuída ao estiramento Si-OH e Si-O-M (SILVA,

2009). A Tabela 5.5 encontra-se as principais frequências vibracionais

encontradas e suas atribuições ao material em estudo.

Tabela 5.5 - Dados relativos às frequências vibracionais observadas e suas respectivas atribuições feitas para o espectro de infravermelho dos materiais.

Número de Onda (cm-1

) Atribuições

760-3260

1760-1580

1247

1150-1080

967

796-780

665

470

Grupos hidroxilas de grupos silanóis e água adsorvida

Água adsorvida na superfície

Estiramento assimétrico da ligação Si-O

Vibrações nos tetraedros de sílica (Si-O-Si)

Vibração da ligação Si-OH ou Si-O-

Estiramento simétrico intratetraedros T-O-T (T=Si, La)

Sílica tetraédrica e/ou filossilicatos de níquel

Estiramento assimétrico da ligação T-O-T (T=Si, La)

Page 83: Tiago Roberto da Costa

81

Os espectros de FTIR sugerem a existência de grupos silanóis dentro do

sistema de canais do material evidenciado por uma banda larga no intervalo de

3600 a 3200 cm-1, podendo inferir a existência de tubos não organizados do

material La-SiO2.

Todas as amostras contendo níquel, exceto Ni 5%/MCM-41, há o

aparecimento de bandas em torno de 665 cm-1, percebendo que com o

aumento da concentração de níquel, há um aumento da intensidade da banda,

que segundo Kermare e col. (1994) e Burattin e col. (1997) a banda

ligeiramente ampla 665 cm-1 pode ser atribuído a sílica tetraédrica, podendo

também ser associado à formação de filossilicatos de níquel, o que concorda

com os resultados de difração de raios X anteriormente discutidos. A baixa

intensidade é devido à baixa cristalinidade dos filossilicatos de níquel formados.

5.5 DETERMINAÇÃO DA ÁREA SUPERFICIAL

As Figuras 5.17 a 5.20 mostram as isotermas de adsorção/dessorção de

N2 a 77K. Todas as amostras apresentam isotermas do tipo IV de acordo com

a classificação da IUPAC [BIZ e OCCELLI (1998)] com baixa adsorção a

pressões relativas < 0,1; nas pressões relativas em torno de 0,3 à

condensação capilar que indica a presença de mesoporos.

Figura 5.17 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra MCM-

41 C1550.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

100

150

200

250

300

350

Vol

ume

(cc/

g)

P/Po C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4).

Page 84: Tiago Roberto da Costa

82

Figura 5.18 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni 5%/ MCM-41 calcinada.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

60

80

100

120

140

160

Vol

ume

(cc/

g)

P/P0

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Figura 5.19 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni 10%/ MCM-41 calcinada.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

25

50

75

100

125

150

175

Vol

ume

(cc/

g)

P/P0

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 85: Tiago Roberto da Costa

83

Figura 5.20 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni 20%/

MCM-41 calcinada.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

25

50

75

100

125

150

175

Vo

lum

e (

cc/g

)

P/P0

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Com o aumento do teor de níquel no suporte MCM-41 há uma

diminuição das características da curva de adsorção/dessorção dos materiais

mesoporosos em função diminuição da organização da estrutura hexagonal

mesoporosa, comprovada pelo a diminuição do parâmetro de rede e volumes

dos poros que como consequência aumenta o caminho percorrido pelo o

nitrogênio.

As Figuras 5.21 a 5.24 mostram as isotermas de adsorção/ dessorção

de N2 a 77K para as amostras pura de La-SiO2 e com teores de 5, 10 e 20% de

níquel metálico.

Page 86: Tiago Roberto da Costa

84

Figura 5.21 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra La-

SiO2calcinada (C1500).

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

50

100

150

200

250

Vol

ume

(cc/

g)

P/P0

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4).

Figura 5.22 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni 5%/La-

SiO2 calcinada (C1550-C2350).

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

50

100

150

200

250

Vol

ume

(cc/

g)

P/P0

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 87: Tiago Roberto da Costa

85

Figura 5.23 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni 10%/ La-

SiO2calcinada.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

50

100

150

200

250

Vo

lum

e (

cc/g

)

P/P0

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Figura 5.24 - Isotermas de adsorção/dessorção de N2 a 77K da amostra Ni 20%/ La-SiO2calcinada.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

50

100

150

200

250

300

350

Vo

lum

e (

cc/g

)

P/P0

C1 = Amostras calcinadas a 550 °C (item 4.2.4), C2 = Amostras calcinadas a 350 °C após a calcinação de 550 °C (item 4.3.2).

Page 88: Tiago Roberto da Costa

86

Nas Figuras de 5.21 a 5.23 observamos a formação de histerese,

característico de sílica mesoporosa, provavelmente houve formação de tubos

mesoporosos desorganizados, não formando a estrutura hexagonal como

discutido anteriormente pela as análises de DRX. Na figura 5.23 na amostra de

La-SiO2 contendo 20% de níquel metálico não podemos observar curvas do

tipo IV dos materiais mesoporosos, podendo ter formado silicato de lantânio

com elevada área superficial e não a formação dos tubos mesoporosos.

A Tabela 5.6 apresenta as áreas superficiais, o diâmetro de poro e a

espessura da parede de sílica das amostras. Sendo que os valores de área

superficial específica foram obtidos pelo método de BET, o diâmetro médio dos

poros através do método BJH, e a espessura da parede da sílica foram

calculados de acordo com a Equação 1 (BERLINI e col. 2001 e CORMA e col.

1994).

wt = ao - dp (Equação 1)

Onde:

wt = Espessura da parede de sílica

ao = Parâmetro de rede

dp = Diâmetro de poro

Tabela 5.6 - Propriedades estruturais das amostras.

Amostra Área específica

(m2 g-1) Diâmetro médio dos poros (nm)

Espessura da parede de sílica

(nm)

MCM-41

Ni 5%/ MCM-41

Ni 10%/ MCM-41

Ni 20%/ MCM-41

La-SiO2

Ni 5%/ La-SiO2

Ni 10%/ La-SiO2

Ni 20%/ La-SiO2

652

385

375

313

553

389

292

250

3,10

2,61

2,60

3,46

4,47

5,05

5,33

6,06

0,99

1,90

1,27

___

___

___

___

___

Page 89: Tiago Roberto da Costa

87

Com o aumento da porcentagem da fase ativa há uma diminuição da

área específica dos materiais, devido a área específica ser calculada

considerando a massa das amostras. Podemos observar que todos os

materiais possuem diâmetro de poros entre 2-50 nm que segundo a IUPAC são

característicos de materiais mesoporosos. Para o suporte de MCM-41 com o

aumento da quantidade Ni, há uma diminuição no diâmetro médio dos poros,

exceto para o Ni 20%/MCM-41 que é observado aumento, enquanto para o

suporte La-SiO2 com a deposição da fase ativa há um aumento no diâmetro de

poros.

Levando em consideração somente a porcentagem do suporte de

acordo com os resultados de fluorescência de raios X, podemos calcular o

valor da área superficial descartando a quantidade de níquel metálico. A Tabela

5.7 mostram os valores da área superficial calculada em relação à quantidade

de massa do suporte de cada amostra.

Tabela 5.7 – Área superficial descartando a massa do níquel metálico.

Amostra Área superficial específica (m2 g

-1)

Ni 5%/ MCM-41

Ni 10%/ MCM-41

Ni 20%/ MCM-41

Ni 5%/ La-SiO2

Ni 10%/ La-SiO2

Ni 20%/ La-SiO2

450

472

460

472

418

400

Com esses resultados podemos observar que os materiais com o

suporte de MCM-41 tiveram resultados de redução semelhantes, implicando

que o aumento da quantidade de níquel possui o mesmo efeito na diminuição

da área superficial. Em relação ao transportador de níquel suportado em La-

SiO2 verifica-se uma diminuição na área superficial, que provavelmente pode

ser atribuída a degradação da estrutura com o aumento da quantidade de

níquel.

Page 90: Tiago Roberto da Costa

88

5.6 REDUÇÃO À TEMPERATURA PROGRAMADA (RTP)

Os resultados da redução à temperatura programada (RTP) têm como

objetivo observar as temperaturas de redução do níquel, e identificar as

diferentes espécies níquel presentes nas amostras. As figuras 5.25 e 5.26

mostram os RTP para os transportadores de oxigênio sintetizados.

Figura 5.25 - Redução à Temperatura Programada (RTP) do Ni/MCM-41.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

0

10

20

30

40

Co

nsu

mo

de

H2 (

u.a

.)

Temperatura (°C)

Ni 5%/ MCM-41

Ni 10%/ MCM-41

Ni 20%/ MCM-41

Figura 5.26 - Redução à Temperatura Programada (RTP) do Ni/La-SiO2.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

-10

0

10

20

30

40

Co

nsu

mo

de

H2

(u.a

.)

Temperatura (°C)

Ni 5%/ La-SiO2

Ni 10%/ La-SiO2

Ni 20%/ La-SiO2

Page 91: Tiago Roberto da Costa

89

É importante notar que a redutibilidade do óxido de níquel é fortemente

dependente da natureza do suporte, devido às interações que ocorrem entre o

níquel e a matriz, assim é de se esperar que isso também afete a dispersão do

metal, e podendo haver algumas variações na temperatura de redução do

níquel disperso nos suportes.

Liu e col. (2009) impregnaram níquel no MCM-41 e observaram três

picos de redução em torno de 385, 579 e 709 °C. O primeiro pico corresponde

à redução de partículas de NiO e os outros dois são atribuídos à redução das

espécies de Ni que interagem fortemente com os suporte. Oyama e col. (2002)

e Rodrigues e col. (2003) descobriram que NiO suportado reduziu-se para Ni

na temperatura próxima de 400 °C.

A redução que ocorre à temperatura abaixo de 300 °C indica a presença

de partículas de NiO e que a interação entre o metal e suporte é bastante fraca.

A redução que ocorre próximo de 350 °C é provável que seja do Ni2+ para Ni0.

Lensvelde col. (2001) concluíram que uma faixa de temperatura

(aproximadamente 350 °C) coincidiu com a redução do NiO puro, indicando a

presença de óxido de níquel. A segunda faixa de redução (aproximadamente

550 °C) está associada com a presença de partículas de óxido de níquel muito

pequenas, estabilizadas pela estrutura da MCM-41.

De acordo com os resultados de RTP pode-se observar que as espécies

de níquel interage mais com o suporte MCM-41 do que o La-SiO2, devido o

pico de redução em torno de 580°C.

5.7 AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE DOS TRANSPORTADORES.

Após o sistema ter sido aquecido até a temperatura de 900 °C, as

amostras foram submetidas a 8 ciclos redox de H2 e O2 para determinar a

capacidade de armazenamento de oxigênio (CAO). Os ciclos são combinações

de 20 pulsos de gás hidrogênio (redutor) com 10 pulsos de gás oxigênio

(oxidante).

Page 92: Tiago Roberto da Costa

90

A Figura 5.27 mostra quantidade de matéria consumida de H2 e O2 em

função dos 8 ciclos que os materiais foram submetidos na etapa de capacidade

de armazenamento de oxigênio (CAO), enquanto a Figura 5.28 é a média

desses consumos nos últimos 3 ciclos de cada transportador.

Figura 5.27 – Quantidade de Hidrogênio e oxigênio consumidos pelos materiais em

função dos ciclos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

Co

nsu

mo

(m

ole

s re

ag

en

te/g

carr

ea

do

rl)

O2

H2

H2

Ciclo

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

Média

Consumo - OSC

Símbolo Fechado = H2

Símbolo Aberto = O2

O consumo de gás hidrogênio para as amostras com 20% de níquel foi

bastante semelhante, sendo aproximadamente o dobro dos materiais contendo

10% níquel, podendo assim concluir que a capacidade de consumo de H2 é

proporcional à quantidade de massa da fase ativa. Em relação ao consumo de

oxigênio, a amostra Ni 10%/MCM-41 teve o menor consumo, enquanto as

demais tiveram resultados semelhantes. Um fato relevante é que os resultados

de consumo de H2 e O2 foi mantido praticamente inalterado durante os 8 ciclos

do processo de CAO, ou seja, os suportes não afetaram a capacidade de

redução/oxidação da fase ativa durante esse processo, atingiram a estabilidade

da estrutura dos materiais para os diferentes ciclos de oxi-redução.

Page 93: Tiago Roberto da Costa

91

Figura 5.28 – Média dos consumos de H2 e O2 considerando os 3 últimos ciclos de

cada transportador.

10% Ni/MCM-4110% Ni/La-MCM-4120% Ni/MCM-4120% Ni/La-MCM-41

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

O2

Con

sum

o (

mol

es re

agen

te/

mol

es N

íque

l)

Carreador

H2

A amostra que mais consumiu H2 foi a Ni 20%/MCM-41 evidenciando

que a disponibilidade de oxigênio foi maior nesse transportador, porém, sua

capacidade de se oxidar após a redução foi baixa, comprovada pelo o baixo

consumo de oxigênio. Os materiais que tiveram os melhores ciclos

redução/oxidação foram os suportes com 20% de níquel metálico, pois nesses

transportadores o consumo de hidrogênio é aproximadamente o dobro do

oxigênio, sendo a razão teórica adequada para ciclos de redução/oxidação.

Page 94: Tiago Roberto da Costa

92

Figura 5.29 – Razão de Hidrogênio/oxigênio consumidor pelos os materiais em

função dos ciclos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 90,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Razão H2/O

2

Média

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/LaSiO2

Ni 20%/LaSiO2

Ciclo

Raz

ão H

2/O2

Um transportador de oxigênio de qualidade deve possuir alta reatividade

em ciclos de redução (consumo de oxigênio) e oxidação (reposição do

oxigênio), então se deve esperar que para um bom transportador a razão molar

de consumo H2/O2 teórica seja igual a 2, pois a quantidade de oxigênio

molecular reposto no processo deve ser a metade da consumida pelo o

hidrogênio. Dependendo do material essa razão pode variar entre 1,5-2,5. A

variação abaixo de 1,5 é considerada atípica e deve ser analisada com mais

detalhes.

Podemos concluir que o melhor resultado de oxi-redução foi para

transportador Ni 20%/MCM-41, com uma razão H2/O2 muito próximo de 2,

durante todos os ciclos, sendo que o transportador Ni 20%/La-SiO2 ,também,

demonstrou um resultado satisfatório. O Ni 10%/MCM-41 está dentro do limite

aceitável para o processo de CAO, enquanto o Ni 10%/La-SiO2 mostrou um

resultado indesejável, provavelmente pela a ocorrência de reações indesejadas

durante o processo (item 3.6.2), podendo o hidrogênio não ter reagido com o

Page 95: Tiago Roberto da Costa

93

NiO ( Equação 17) e posteriormente ter reagido com o oxigênio da CAO

produzindo H2O.

A Figura 5.30 mostra a porcentagem do consumo de metano em função

dos pulsos de cada transportador.

Figura 5.30 – Porcentagem de metano consumido em função dos pulsos de metano.

0 2 4 6 8 10 12 140

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Número de Pulsos

C

onve

rsão

de

CH

4 (%

)

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

A Figura 5.30 mostra que as amostras contendo 20% de fase ativa

tiveram resultados semelhantes alcançando cerca de 100% de consumo de

metano entre os pulsos de 1 a 6, concluído que a quantidade de níquel

metálico foi determinante no consumo do metano. A partir do sexto pulso o

consumo de metano nas amostras de 20% cai bruscamente, e todas as

amostras ficam com resultados semelhantes em torno de 50%. A diminuição

nas amostras de 20% de níquel provavelmente ocorre após acabar o

fornecimento do O2 disponível nos sítios metálicos dos materiais, decompondo

o combustível (CH4) gerando H2 e carbono. Este carbono se deposita na

superfície dos metais desativando estes transportadores.

A Figura 5.31 é o resultado da formação de gás hidrogênio de cada

amostra em função do número de pulsos de metano, enquanto a Figura 5.31

mostra a formação do CO de cada amostra em relação ao consumo de

Page 96: Tiago Roberto da Costa

94

metano. A partir desses resultados podemos calcular a razão do gás de síntese

H2/CO e identificar o melhor material para a produção destes produtos.

Figura 5.31 – Produtos da reação de redução: Quantidade H2 formado.

0 2 4 6 8 10 12 14

0

5

10

15

20

25

30

35

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

H2

Fo

rmad

o (

mo

ls)

Número de Pulsos

Figura 5.32 – Produtos da reação de redução: Quantidade CO formado.

0 2 4 6 8 10 12 14

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

C

O F

orm

ado

(m

ols)

Número de Pulsos

De acordo com as Figuras 5.31 e 5.32 podemos observar que a razão

de produção do gás de síntese H2/CO possui valores abaixo de 2 até o quinto

ciclo, significando que a grande parte do consumo do metano foi convertido em

Page 97: Tiago Roberto da Costa

95

CO2 e H2O, ou seja, sendo estes produtos predominante neste intervalo,

podendo concluir que até o quinto pulso a reação de consumo do combustível

predominante foi a combustão. Do pulso 5-10 observamos o aumento da razão

H2/CO para valores maiores que 2, que é característico das reações de

reforma. A partir do pulso 10 tem-se um valor de H2/CO maior do que 3, que é

característico da decomposição térmica do metano, sendo que é observada

uma diminuição na quantidade de gás de síntese produzido, já que na Figura

5.29 houve uma diminuição no consumo de metano após o oitavo pulso.

A Figura 5.33 mostra o consumo de oxigênio durante a reação com o

metano em função da quantidade de pulsos.

Figura 5.33 – Porcentagem de oxigênio consumido na reação em função do

metano.

0 2 4 6 8 10 12 140

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Co

nv

ersã

o d

e O

2 (

%)

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

Número de Pulsos

A amostra Ni 20%/MCM-41 obteve o maior consumo de gás oxigênio

com 100% durante os seis primeiros pulsos, indicando que essa amostra teve

uma maior capacidade de oxidação, enquanto é provável que a amostra de Ni

20%/ La-SiO2 possuía uma maior quantidade de oxigênio disponível, já que

houve um menor consumo de O2, mas com resultado de oxidação de metano

semelhante ao da amostra Ni 20%/MCM-41 (Figura 5.30).

Page 98: Tiago Roberto da Costa

96

A figura 5.34 mostra os resultados da produção de CO2 na reação de

redução dos transportadores de oxigênio.

Figura 5.34 – Produtos da reação de redução: Quantidade CO2 formado.

0 2 4 6 8 10 12 14

0

2

4

6

8

10

12

14 Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/LaSiO2

Ni 20%/LaSiO2

CO

2 F

orm

ado (

mols

)

Número de Pulsos

Observou-se, na Figura 5.34, que as amostras que possuem 20% de

níquel tiveram a maior formação de CO2, durante poucos pulsos, favorecendo

nos cinco primeiros pulsos, a reação de combustão de consumo de metano. A

partir do quinto pulso não houve praticamente formação de dióxido de carbono,

favorecendo a reação de reforma do combustível com produção do gás de

síntese, com uma razão molar de H2/CO maior do que 2, fato este já

comprovado através das Figuras 5.31 e 5.32.

Nas Figuras 5.35 e 5.36 mostram os produtos formados quando ocorre a

reação de oxidação dos transportadores de oxigênio a base de níquel.

Page 99: Tiago Roberto da Costa

97

Figura 5.35 – Produtos da reação de oxidação: Quantidade CO formado.

0 2 4 6 8 10 12 14

0

2

4

6

8

10

CO

For

mad

o (

mol

s)

Número de Pulsos

Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

Figura 5.36 – Produtos da reação de oxidação: Quantidade CO2 formado.

0 2 4 6 8 10 12 14

0

2

4

6

8

10

Á

rea

de in

tegr

ação

dos

pul

sos

(m

ols) Ni 10%/MCM-41

Ni 20%/MCM-41

Ni 10%/La-SiO2

Ni 20%/La-SiO2

Número de Pulsos

Nas Figuras 5.35 e 5.36 foi observado que grande parte do oxigênio

utilizado na etapa de oxidação do transportador, reagiu com carbono elementar

proveniente do consumo do metano, produzindo monóxido de carbono e

dióxido de carbono; este último em maior quantidade. O restante do oxigênio

que não reagiu com o carbono, serviu para repor o oxigênio do transportador.

O material Ni 20%/MCM-41 possui a maior quantidade de carbono que reage

Page 100: Tiago Roberto da Costa

98

com o oxigênio, com a formação predominante do CO2. Os demais materiais

tiveram uma pequena formação de CO2 e CO, sendo que a baixa formação do

CO2 é desejável para os processos de reforma e produção do gás de síntese.

A formação do CO2 nos primeiros pulsos evidencia mais uma vez que nesse

intervalo a reação predominante é da combustão do metano.

Page 101: Tiago Roberto da Costa

99

Capítulo VI

CONCLUSÕES

Page 102: Tiago Roberto da Costa

100

6 CONCLUSÕES

Os resultados das diversas análises químicas, físico-químicas e

texturais, juntamente com os dados obtidos através dos testes catalíticos

realizados com a deposição da fase ativa com os teores de 5, 10 e 20% nos

suportes MCM-41 e La-SiO2 nos permitiram obter as seguintes conclusões.

O método de síntese para o suporte La-MCM-41não produziu um bom

material, onde não foram observadas as características de um material com

estrutura hexagonal, comprovada pelos resultados de DRX, enquanto os

resultados de área específica pelo método BET foi observado curvas de

adsorção/dessorção características de materiais mesoporosos, formando

provavelmente tubos de silicato de lantânio desorganizados.

A impregnação da fase ativa diminuiu o volume de nitrogênio

adsorvido nas amostras de MCM-41, provavelmente devido ao níquel dentro

dos poros. De acordo com os resultados de DRX, RTP e FTIR há interação do

óxido de níquel com o suporte (SiO2) ou grupos silanóis superficiais (Si-OH).

No teste catalítico verificou-se que não há influência da estrutura

hexagonal no processo de consumo de metano, onde os melhores resultados

foram para os materiais contento 20% de níquel; por outro lado houve

interferência do suporte na produção de gás de síntese, onde o melhor

resultado é da estrutura MCM-41.

A razão de H2/CO, produzido no processo está no intervalo de 1,0 a 1,5.

Sendo adequada para síntese do ácido acético, ácido dimetílico e reduzindo a

formação de CO2. Razão preferencial para aplicações gas to liquids (GTL)

baseada na síntese de Fischer-Tropsch.

Os suportes com 20% de níquel metálico obtiveram resultados de

redução/oxidação satisfatório durante todos os 15 ciclos do teste de

capacidade de armazenamento de oxigênio, indicando que podem ser

utilizados com bons transportadores de oxigênio.

Page 103: Tiago Roberto da Costa

101

Os melhores resultados analisados foram para os materiais com 20% de

níquel metálico, que indica que a fase ativa foi mais importante dos que os

suportes utilizados.

Page 104: Tiago Roberto da Costa

102

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