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para discussão 3 Luis Felipe Miguel Preferências e paternalismo

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política e vida

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para discusso 3 Luis Felipe Miguel Preferncias e paternalismo Textos para Discusso uma publicao do Grupo de Pesquisas sobre Democracia e Desigualdades (Demod) da Universidade de Braslia. N 3Novembro de 2012 ISSN: 0000-0000 www.demode.unb.br Todas as opinies so de exclusiva responsabilidade do(a) autor(a). 1 Preferncias e paternalismo Luis Felipe Miguel* Este texto o primeiro esforo de sistematizao mais demorada de uma questo que tem sido um pano de fundo do meu trabalho nos ltimos anos. Aquestodaformaodasprefernciascrucialparaacompreensodas disputaspolticas,mastendeaserignoradapelamaiorpartedacinciapoltica.As preferncias so entendidas como dados prvios poltica, a serem aceitos como tal, semquestionamento.Elassoentendidascomoproduzidasnaesferaprivadae frequentementevistascomoderivaesdetendnciasnaturais(amaximizaoda prpria utilidade). A poltica seria um espao apenas de agregao destas preferncias prvias.Almdisso,osmodelosdominantesdacinciapolticapreferemlidarcomas escolhas,quetratamcomosefossemproxiesinfalveisdaspreferncias.Somos permanentementeassombradospeloespectrodeumavertentebizarraque,notoa, chamadeteoriadaescolharacional.Comosomosracionais,escolhemosoquemais adequadoparasatisfazernossaspreferncias.Arelaoentreprefernciaeescolha, assim,aceitacomoautoevidenteenoproblemtica.Eoprocessodeproduodas preferncias est fora do alcance da cincia poltica. Mas escolhas so fruto da interao de preferncias com contextos e, por si ss, pouco dizem das motivaes dos agentes. Por exemplo: diante da opo entre A e B, eu escolhoA,noporqueprefiraApossoserindiferenteoumesmopreferirB,mas porque, no contexto em que minha deciso tomada, a escolha de A projeta diante dos outros (ou de mim mesmo) uma determinada imagem. Assim, o que eu prefiro no A nemB,masessaimagem;eaescolha,emsimesma,norevelaminhapreferncia,a menos que outros elementos sejam acrescentados ao cenrio. possvel,ento,entenderprefernciacomoapredileoporalgumasituao ouestado,quelevaaointeresseemdeterminadasmedidaseaescolhasemsituaes * Luis Felipe Miguel professor da UnB e pesquisador do CNPq (e-mail: [email protected]). 2 concretas. Minha preferncia por mais tempo livre me leva a ter interesse na reduo da jornada de trabalho e, assim, a determinadas escolhas polticas. O interesse se estabelece como o mvel privilegiado do conflito poltico porque organiza as escolhas e porque as desavenasseligamamedidasquepodemounoserefetivadas,noapredilees abstratas (cf. Sunstein, 1997; Miguel, 2011a). Uma parcela um pouco mais sofisticada da disciplina julga necessrio justificar a ausncia de investigao sobre a formao das preferncias. Robert Dahl, por exemplo, explica que uma premissa metodolgica do estudo da democracia a ideia de que as pessoaspossuemumentendimentoesclarecidodosseusprpriosinteresses(Dahl, 1989,p.182).Trata-sedeumaregradeprudnciaquevisaevitaropaternalismo,a noodequealgum,comdiscernimentosuperior,podenostutelarcomvistas (pretensamente) a nosso prprio bem. O autoritarismo paternalista pode ser detectado em muitas das justificaes para regimesditatoriais.Oautoritarismoinstrumentalquecaracterizouboapartedo pensamentopolticobrasileirodosculo20(cf.Santos,1978)umexemplo:a imaturidadedopovobrasileiroexigiasoluesautoritriasqueoprotegessemdesi mesmo e que propiciassem suaevoluo at ummomento indeterminadoem que seria capazdeseautogovernar.Outroexemplosoasjustificativasparaocolonialismo europeu,dofardodohomembrancodeKiplingatospovoscrianasdeStuart Mill.Poroutrolado,nasnossasaescotidianasmuitasvezesaposiodeprincpio antipaternalistaencontraseuslimites,namedidaemquejustificamosaesque impeam determinadas pessoas de colocar em risco sua integridade fsica (viciados em drogas, suicidas etc.). Passando para um maior grau de abstrao filosfica, o antipaternalismo assume aformadaneutralidadeemrelaosdiferentesconcepesdobem.Apartirpelo menosdateoriadajustiadeRawls(1971),aaceitaodessaneutralidade praticamente uma linha divisria, que separa o liberalismo de seus crticos. A meu ver, h um passo dado com demasiada ligeireza, que vai da afirmao da neutralidade estatal (oEstadonopodeprivilegiararealizaodeumaconcepodobememrelaoa outras)noodequeoprocessodeproduodessasconcepes,pelosindivduos, est alm do nosso escrutnio crtico. A primeira afirmao (a neutralidade do Estado) merecedora de ateno, ainda que eu no me encontre convencido dela, por motivos que vouapontaradiante.Asegundaquevaiaoencontrodadespreocupaocoma formaodaspreferncias,retirandodonossocampodevisoumelementocrucialda 3 vida poltica. Meu argumento aqui que a posio antipaternalista est correta,em princpio, masdeslocaadiscusso.Oprincipalobstculoformaoautnomadepreferncias noopaternalismo,masadominao.Essaacategoriaquedeveserlevada centralmenteemcontanadiscusso.Indivduosegrupostmdificuldadedeformular autonomamenteedeexpressarsuasprefernciasquandoestosujeitosarelaesde dominao. Na teoria poltica contempornea, as principais contribuies para a discusso do problemavmdofeminismo.Aoanalisaroproblemadaposiodasmulheresem sociedadesmarcadaspeladominaomasculina,ofeminismopeemquestoas preferncias expressas. Uma mulher pode expressar aceitao em relao sua posio de inferioridade no casamento, aos padres dominantes de beleza, ao uso de vestimentas impostas por lderes religiosos ou mesmo mutilao genital. Essas preferncias devem seraceitasaopdaletra,seminvestigarascondiesemqueforamproduzidase formuladas? Assim, o que se indica, a partir da contribuio do feminismo, novamente que opontocentralparaadiscussonoopaternalismo,masadominao.Comisso,a discussotericaepolticasedesloca.Oqueestemjogonoimpedirque prefernciassejamdesconsideradas(porquealgumadotaumaposiopaternalistae indica preferncias alternativas que seriam superiores). O que est em jogo tematizar ascondiesdeproduoautnomadepreferncias,pelosdiferentesindivduose grupos,mostrandocomorelaesdedominaoenviesamsistematicamenteesse processo. Em particular: (1)hoefeitodaprivaomaterial,quereduzohorizontedepossibilidadese ambies; (2)hadificuldadedeacessosferramentascognitivaseinformao necessrias para pensar a prpria posio no mundo; (3)haimposiodevisesdemundodosgruposquecontrolamos instrumentosdedifusodasrepresentaesdomundosocial(comoescolas,igrejasou mdia), aquilo que Iris Marion Young (1990) chamava de imperialismo cultural e que podeseraproximadodoqueumlinguajarhojeforademodachamavadeaparelhos ideolgicos (Althusser, 1976); e (4)hoscustosdiferenciadosparaaadoodedeterminadaspreferncias,de 4 acordo com a posio estrutural dos sujeitos. Assim, por exemplo, dada a diviso sexual dotrabalhoeopesosimblicodomatrimnio,numasociedadeestruturadapela dominao masculina o custo da preferncia por sair de um casamento insatisfatrio ou mesmo violento costuma ser muito maior para as mulheres do que para os homens. a vulnerabilidade diferenciada de que falava Susan Okin (1989). Comoprimeiraaproximaoaoproblema,voutrabalharcomtrsvariveis:as preferncias,ascircunstnciaseosvaloressocialmentecompartilhados.Aprpria literatura da escolha racional, nos seus ramos mais interessantes, trabalha com a relao cruzada entre preferncias e circunstncias. Jon Elster, em particular, analisou como as circunstnciasalteramasnossasprefernciasecomoasprefernciastambmso capazesdenosfazeragirparaalterarascircunstncias.Oprimeirocaso emblematizadopelafbuladaraposaedasuvas:aoperceberquenoconseguia alcanarasuvas,araposamodificousuapreferncia,desprezando-asporqueestariam verdes(Elster,1983).OsegundocasoilustradonaOdisseia,quandoUlisses,para poderouvirocantodassereiassemseafogar,ordenaqueseusmarujosoamarremno mastro.Elereduziusuasalternativasparapoderefetivarsuapreferncia(Elster,1989 [1979]). ApreocupaodeElstercomaaoindividual,comosproblemas relacionadosmudanadasprefernciaspessoaisnotempoecomosmecanismosde produodepr-compromissosederestriesautoimpostas(Elster,2009[2000]). Mas, se pensarmos no mundo social de forma mais ampla, possvel dizer o seguinte: temos muitas raposas e poucos Ulisses. Para a maior parte das pessoas, coloca-se como imperativo reduzir suas ambies, adequar-se a um horizonte limitado de possibilidades eadaptarsuasprefernciasdiantedecircunstnciasqueelasnocontrolam.Ealguns poucostmapossibilidadedealterarascircunstncias,nosassuas,masasdos outros. Oqueestouchamandodevaloressocialmentecompartilhadoscompeas curcunstncias,claro,masseparoaquiporquenoslevaaoutrolequedediscusses. Afinal, h sentido em falar de preferncia individual quando esse indivduo na verdade traduzoquefrutodoseupertencimentoaumadeterminadacoletividade?Paraa vertente comunitarista, nas palavras de Sandel (1998), a questo o que eu quero? no temsentido.Averdadeiraquestoseriaquemsoueu?Colocadaoproblemadessa forma, so os laos comunitrios que nos definem;a recusa desta constatao seria um mergulhonumatomismoinjustificvel,naideiadeindivduosdescarnados, 5 desencaixadosdasrelaessociais,queoscomunitaristasdenunciamnosliberais rawlsianos e ps-rawlsianos. Seacrticaaoatomismodoliberalismorawlsianosemostravlida,anoode umaimersoabsolutanosvalorescomunitriosbemmaisproblemtica.A possibilidade de distanciamente reflexivo e de escrutnio crtico em relao aos valores recebidos existe e deve ser valorizada como condio para uma agncia mais autnoma. Ainda que seja um processo sempre imperfeito: no a objetivao emancipadora de Bourdieu,asocioanlisequenosliberariadonossoinconscientesocial(cf.Miguel, 2011b). E, alm disso, convm lembrar que a comunidade tambm inclui relaes de dominao no seu interior alis, quase sempre em prejuzo das mulheres. Adiscussoquefaoaquiincorporaumvalornormativo,anoo(tambm liberal) de autonomia. As preferncias so tanto mais legtimas quanto mais autnomo oprocessodesuaproduo.Osentidoetimolgicodeautonomiaaproduoda prprianorma.Eudevoregerminhavidaporregrasqueemanamdemimmesmo.E claroquetemosaquiumproblemasrio,umavezquequalquerumquevivaem sociedadenotercomoregersuavidaporregrasqueemanemexclusivamentedele mesmo. Osautorescomunitaristascriticamovalordaautonomia,julgandoqueele introduz a ideia de que devemos pairar num vcuo societrio. H correntes feministas de corte maternalista ou ento neodurkheimiano, que denunciam o mito da autonomia epedemquefoquemosnanossainterdependncia(porexemplo,MarthaFineman, EvaKittay).Achoqueh,nessascrtica,umaconfusoentreautonomiaeegosmo, ausnciadeligaescomoutraspessoas,ausnciadesocializao;etambmfaltade espaoparaentenderarelao,quecomplexa,entreautonomiapessoaleautonomia coletiva. Voupassarrapidamentesobreessarelao.Porumlado,possvelapagara ideia de autonomia individual, como faz o Rousseau do Contrato. Como a vontade geral emana(tambm)demim,aomecurvaraelaeumecurvoamimmesmoesoumais livre nessa obedincia do que na liberdade j que, como Rousseau diz na Profisso de fdovigriosaboiano,nissoantecipandoKant,fazeracadamomentooquequero entregar-me s tentaes e, assim, tornar-me escravo dos objetos externos. Por outro, possvelapagaraideiadeautonomiacoletiva,abraandoradicalmenteanooque temosunscomosoutrosrelaesexclusivamenteinstrumentaisequeasregrasde convvio so simplesmente arranjos racionais para preservar, com segurana, a esfera de 6 autonomia privada, uma longa tradio que vai de Hobbes a Nozick (e alm). Acho mais interessante preservar os dois valores e a tenso entre eles que a tensoentredemocraciaeliberalismo.Nopodemosabrirmonemdeumanemde outro,mastambmestamosescoladosdemaisparaaceitarailusodequeelesvo necessariamente se harmonizar. necessrio que as pessoas produzam juntas, da forma maisigualitria,asregrasqueregemavidasocial.Enecessrioquecadaumtenha condiesdedecidirsobresuaprpriavida.Asfronteirasentreumacoisaeoutrano so e no seram claras; concili-las uma tarefa sempre presente e nunca concluda. Emrelaodennciadeatomismo,creioquehumaexacerbao,comfins polmicos,dosentidodeautonomia.Autonomiaparaaproduodasprprias preferncias,noentanto,exigeapenas(ecrucialmente)opreenchimentodetrs condies.(Aautonomiaparaagiremnosentidodeefetivarasprpriaspreferncias, porm, j exige condies suplementares.) Ascondiesso:(1)acessoaumapluralidadedeinformaesevisesde mundo;(2)ausnciadecustosexcessivosedesproporcionaisvinculadosadoode preferncias diferentes; e, como corolrio, (3) a capacidade de escrutnio crtico sobre as prprias preferncias, j referida. No tem como eu deixar de herdar valores e vises de mundo do ambiente em que nasci e cresci. Mas eu posso ter as ferramentas para l-los de forma mais crtica e, portanto, modificar-me enquanto modifico minha adeso a eles ou posso no ter essas ferramentas. A partir da, indico brevemente alguns pontos principais: 1.necessriodiscutiroproblemaescapandodasarmadilhastantodo objetivismo (as preferncias reais so identificveis por um observador externo) quanto do subjetivismo (as preferncias reais so aquelas expressas pelos indivduos). Asprefernciasdevemserinvestigadasnocomopontosfixos,mascomo processos.Nohprefernciasmenosoumaislegtimas,mashpreferncias produzidasdeformamenosoumaisautnoma.Trata-sedeevitardoisriscospolares. Deumlado,oriscoautoritriodoobjetivismo(presente,porexemplo,nanoode interesse objetivo na tradio marxista, com sua distino arbitrria entre classe em si e classe para si). Do outro, o risco conformista do subjetivismo, em que a adequao aoqueestdadopresumidaefaltaatenoaoselementosdecontroleede manipulao.Asoluoumaposioimpossvel,queexigeacapacidadede questionar as preferncias subjetivas sem postular a existncia de preferncias objetivas. Temos que perseguir essa posio, embora cientes de que ela impossvel. 7 2.necessrioveroproblemadaformaodasprefernciasnofocandono indivduo,masnasociedade,isto,levandoemcontaasestruturasqueinfluenciam esse processo. Oqueestemquestonoaautonomiaouacapacidadedeproduo autnomadeprefernciascomoumatributodetalouqualindivduo.Paraumacrtica consequentedosprocessossociaisdeformaodaspreferncias,devemosfocarnos mecanismosqueinduzemsistematicamenteaopopordeterminadostiposde preferncia.Trata-sededarateno,novamento,atuaodosaparelhosideolgicos (isto,formasinstitucionalizadasdedisseminaodevaloresedevisesdemundo). Doisexemplossoapublicidadecomercial(quedisseminaoaprefernciapelo consumo conspcuo, favorece um etos aquisitivo etc.) e a religio. 3.Maisdoquetalouqualconstrangimentoindividual,oproblemaa capacidade diferenciada que os diversos grupos tm de influenciar essas estruturas. um desdobramento do ponto anterior. A capacidade de influenciar preferncias alheiasnoinocente;essainflunciasefazemfavordosprpriosinteresses. Publicidadecomercialereligioservem,denovo,comoexemplos.Andabem desgastadoodiscursocrticosociedadedeconsumoesformasdecooptaoe acomodao que ela enseja. Mas continua sendo um discurso perceptivo. A ideia de que o consumo o caminho para a autorrealizao, com o consequente insulamento na vida privada,contribuiparaareproduodaordemcapitalista.Areligio(entreoutras coisas)umaformadecontroledasmulheres,quecontribuideformadecisivapara reproduzir a dominao masculina. O problema que alguns tm alto poder de influenciar as preferncias alheias e outrosestoapenassubmetidosaestasinfluncias,graasaocontrolediferenciado sobre recursos materiais e simblicos. 4.Indicaropaternalismocomooadversrioaserenfrentadoformularo problema de uma maneira que impede a sua soluo. Quemassumeaposiopaternalistahoje?difcilverumadefesado paternalismocompesonodebatecontemporneo.Oproblemacentraladominao. No a tutela, mas o impedimento formulao de preferncias autnomas. Paramuitodafilosofialiberal,oproblemadasprefernciasseesgotana denncia do paternalismo, isto , na noo de que as escolhas de cada um no devem ser tuteladas, nem orientadas na direo de algum bem maior estabelecido a priori, seja ele de base patritica, religiosa ou ideolgica. A neutralidade em relao s concepes de 8 bem um requisito da sociedade bem ordenada de Rawls e a aceitao deste princpio tornou-se praticamente o critrio que define, entre seus crticos e seguidores, quem est dentro e quem est fora do campo liberal. Oantipaternalismo,noentanto,tendeaassumirasprefernciasexpressaspelos indivduos como no problemticas, exceto quando h coero fsica aberta. No entanto, ascondiesparaaproduorazoavelmenteautnomadasprefernciassobastante maisexigentes.Elasfalhamquandoh,porexemplo,umacondiodeprivao material,aausnciadeinformaoplural,umbaixodesenvolvimentodeferramentas cognitivasoucustosmateriaise/ousimblicoselevadosemcasodemudananas prefernciasexpressas.Odebatenaliteraturafeministasobreoestatutodaadeso espontneademulheresaditamessexistasdebasereligiosa,comonoaffairedu foulard francs ou mesmo a mutilao genital feminina, revelador da complexidade da questo. Assim, um antipaternalismo consequente deve ser entendido como a busca pela ampliaodascondiesdeproduoautnomadeprefernciasindividuaisetambm coletivas, no como aceitao acrtica da expresso atual delas. Mais importante do que isso,porm,observarqueadistinopaternalismo/antipaternalismoestlongede esgotar o problema. As preferncias so sempre socialmente produzidas, em ambientes em que alguns grupos possuem maior capacidade de transmitir suas vises de mundo e de impor seus valores; em que existem padres estruturados de silenciamento. Ou seja, aquestocentralnoopaternalismo,masadominao.Mltiplosmecanismosnas relaesdedominaosubmetemaformaodasprefernciasdosdominadosa presseseconstrangimentosporpartedosdominantes.Eoqueseefetivanouma relao paternal (que ocorreria pretensamente em favor do bem-estar do tutelado), mas a busca da reduo dos custos da dominao. Bibliografia ALTHUSSER,Louis(1976).Idologieetappareilsidologiquesdtat(notespourune recherche), em Positions. Paris: ditions Sociales. DAHL, Robert A. (1998). Democracy and its critics. New Haven: Yale University Press. ELSTER, Jon (1983). Sour grapes. Cambridge: Cambridge University Press. ELSTER, Jon (1989 [1979]). Ulises y las sirenas: estudios sobre racionalidad e irracionalidad. Mxico: Fondo de Cultura Econmica. 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