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Assim nasce um flamenguista Noite de 12 de junho de 2003, Flamengo e Cruzeiro disputam a final da Copa Brasil, título já conquistado pelo MENGO em 1.990. Aliás ganhar títulos parece ser a sina do Flamengo: 5 Campeonatos Brasileiros, 1 Mundial Interclubes, 1 Taça Libertadores da América, 1 Copa Mercosul, 1 Copa dos Campeões, 1 Torneio Rio-São Paulo, 27 campeonatos cariocas. Pois é, jogava Flamengo e Cruzeiro. Meu sobrinho, Marcílio Vieira, vestiu a camisa preta-e-vermelha, postou-se frente à TV e preparou-se para assistir ao jogo sozinho. O pai, Professor Marcílio, corrigia provas de história, em outra sala. Sabia que o Flamengo não andava bem das pernas. Mal começa o jogo, com menos de um minuto, Deivid marca o primeiro gol do Cruzeiro. Falha coletiva de toda a defesa do Flamengo. O Marcílio, de 6 anos, resmunga como um ancião de 90 anos. Aos 16 minutos, 1º tempo, Aristzábal faz o segundo gol. Mais uma vez a zaga do Flamengo bate-cabeça. Marcilinho, irritado, tira a camisa do Flamengo e a joga ao chão. A tia Sueli, que passava no momento, vê a cena, conversa com o menino. Explica que esporte é assim mesmo. às vezes se ganha, às vezes se perde. A vida é assim. Ressabiado, Marcilinho veste o manto preto-e-vermelho. No segundo tempo, aos 18 minutos, Fernando Baiano marca um golzinho para o Flamengo, o suficiente para que a chama rubro-negra acendesse no garoto e ele acreditasse no milagre da virada. Flamenguista é assim, acredita em milagres. Que nada, fogo-de-palha, 10 minutos depois Luizão do Cruzeiro faz 3 a 1. Placar definitivo. Cruzeiro campeão. Desconsolado, Marcilinho vai pra cama dormir. O pai nem fica sabendo do resultado. Aos poucos, espocam foguetes nos 1

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Assim nasce um flamenguista

Noite de 12 de junho de 2003, Flamengo e Cruzeiro disputam a final da Copa Brasil, título já conquistado pelo MENGO em 1.990. Aliás ganhar títulos parece ser a sina do Flamengo: 5 Campeonatos Brasileiros, 1 Mundial Interclubes, 1 Taça Libertadores da América, 1 Copa Mercosul, 1 Copa dos Campeões, 1 Torneio Rio-São Paulo, 27 campeonatos cariocas. Pois é, jogava Flamengo e Cruzeiro. Meu sobrinho, Marcílio Vieira, vestiu a camisa preta-e-vermelha, postou-se frente à TV e preparou-se para assistir ao jogo sozinho. O pai, Professor Marcílio, corrigia provas de história, em outra sala. Sabia que o Flamengo não andava bem das pernas. Mal começa o jogo, com menos de um minuto, Deivid marca o primeiro gol do Cruzeiro. Falha coletiva de toda a defesa do Flamengo. O Marcílio, de 6 anos, resmunga como um ancião de 90 anos. Aos 16 minutos, 1º tempo, Aristzábal faz o segundo gol. Mais uma vez a zaga do Flamengo bate-cabeça. Marcilinho, irritado, tira a camisa do Flamengo e a joga ao chão. A tia Sueli, que passava no momento, vê a cena, conversa com o menino. Explica que esporte é assim mesmo. às vezes se ganha, às vezes se perde. A vida é assim. Ressabiado, Marcilinho veste o manto preto-e-vermelho. No segundo tempo, aos 18 minutos, Fernando Baiano marca um

golzinho para o Flamengo, o suficiente para que a chama rubro-negra acendesse no garoto e ele acreditasse no milagre da virada. Flamenguista é assim, acredita em milagres. Que nada, fogo-de-palha, 10 minutos depois Luizão do Cruzeiro faz 3 a 1. Placar definitivo. Cruzeiro campeão. Desconsolado, Marcilinho vai pra cama dormir. O pai nem fica sabendo do resultado. Aos poucos, espocam foguetes nos céus da cidade. Em minutos forma-se uma carreata e um foguetório ensurdecedor. São os cruzeirenses comemorando mais um título. Marcílio, o filho, insone e chateado com a derrota do MENGO, levanta, abre a janela e grita: “Bosta! Merda de cidade! Não se pode nem mais dormir. A polícia devia por essa gente na cadeia”. Desabafo feito, fecha a janela, vai dormir o sono dos anjos. (“Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer...”)

Escrito em homenagem aos flamenguistas Severino Occhi, Vianelo Silva, Adão Nogueira, Anito Siqueira, Família Matos, Marcellus Cattete Reis Dornelas, e aos

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saudosos: Natalino Dornelas, Raymundo Francisco (Tilúcio) e D. Nilza Ribeiro que me ensinou a gostar do FLAMENGO.

Matéria paga por Ildefonso, flamenguista de coração, atleticano por evolução.

ELOIR: um cidadão que merece respeito

Tenho dúvida quanto o ano. Talvez início da década de 60, eu devia ter uns 9 anos. Do gol eu não esqueço. Ficou retido na minha memória. Um cruzamento da direita, feito pelo Cidinho Vieira, sobre a grande área, na marca do pênalti. Um crioulinho subiu, amorteceu a bola no peito, desceram juntos, e antes que ela tocasse ao solo, chutou de pé direito, no ângulo direito da meta do juvenil do Ubaense. Um golaço que teima em ficar na minha reminiscência futebolística. O mais belo gol que até então meus olhos presenciaram. Nesse tempo ver futebol na TV nem pensar. Guidoval nem tinha televisão. Os craques do Rio de Janeiro e São Paulo só eram vistos através do Canal 100, do Carlos Niemeyer, no cinema do Severino Occhi, mesmo assim com alguns meses depois do evento. Pelé já era o Rei do Futebol. Todo interior do Brasil via no primeiro moleque bom de bola um novo Pelé. Guidoval enxergou o seu novo Pelé em ELOIR, filho do Sô Lanchim e D. Alzira. Adolescente, foi para o Nacional de Visconde do Rio Branco e depois para o Sport de Juiz de Fora. De longe íamos acompanhando a sua trajetória, torcendo pelo seu sucesso. Mais tarde, quando poucos tinham televisão em nossa cidade, presenteou a sua mãe com uma, preto-e-branco – um luxo, fruto dos gols que marcou pelo Sport. Entretanto, os deuses do futebol não lhe estenderam o manto da consagração triunfal. Quis o destino que ele não ficasse rico e famoso. Em 1982, escrevi, em sua homenagem, um poema “Majestade de um Rei sem Reino” publicado no livro “Saudade Sapeense”, que pode ser lido, na íntegra, no Site de Guidoval, no endereço: http://planeta.terra.com.br/turismo/guidoval/eloir.htm. “Efêmera glória, etéreo sucesso, a fama arquivada prematuramente. O vazio da realidade, da sorte, dos amigos, portas fechadas”. Seriam menos amigos os que agora recolhem suas mãos receosas do fracasso, fosse Eloir uma celebridade? Não custa perguntar, né! Sempre ouvi dizer que o Eloir marcara gols no Atlético (Galo) e Cruzeiro (Raposa). Resolvi, apurar, pesquisar, passar a limpo. Enviei e-mails para diversas pessoas buscando informações sobre os jogos dos times de Juiz de Fora contra os times de Belo Horizonte. Respondeu-me o Sr. Henrique Ribeiro, do Depto de Estatísticas do Cruzeiro Esporte Clube, passando-me as datas e os resultados dos jogos do Campeonato Mineiro de 1970 e 1971. De posse desses dados fui até ao centro de pesquisa do jornal Estado de Minas e confirmei que Eloir marcara gols no Cruzeiro e Clube Atlético Mineiro, em pleno Mineirão.

PUBLICADO NO JORNAL ESTADO DE MINASDia 16/jul/1970, com o título “Atlético perde, mas é líder: 1 a 0” , lê-se:“(...) Telê depois do jogo estava triste:Tentamos, de todas as maneiras, vencer aquele bloqueio formado na entrada da área do Sport, mas desta vez nos faltou sorte.(...)”

“(...) Foi quando o Atlético estava esperando marcar o seu gol que o Sport fez um contra-ataque e marcou. A defesa estava desprevenida. Antes da bola chegar em frente à área, Grapete e Vantuir, os dois zagueiros, estavam batidos. Edinho recebeu em frente à meia-lua e, quando Careca se adiantou, ele fez o passe para Eloir, que corria junto a Humberto. Eloir esperou Careca sair do gol, enganou o goleiro e Humberto, com um giro sobre a bola, e chutou de pé esquerdo, fazendo 1 a 0(...).”ATLÉTICO – Careca, Humberto, Grapete, Vantuir e Cincunegui; Vanderlei e Oldair; Vaguinho, Dario, Laci (Beto) e Tião (Ronaldo).SPORT – Manga, Maurício, Edmar, Fifi e Augusto; Guilherme e Haroldo; Edinho, Guará, Cabral e Eloir.

ESCLARECENDO Em 15/jul/1970, o SPORT venceu o Atlético, por 1 a 0, gol de Eloir, na única partida que o GALO perdeu na temporada, quando se sagrou campeão mineiro, quebrando

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uma seqüência de cinco títulos consecutivos do Cruzeiro. O time do Atlético que disputou essa partida foi praticamente o mesmo que ganhou o primeiro campeonato brasileiro em 1971, comandado pelo grande Telê Santana.

Mais notícia do jornal Estado de MinasDia 17/set/1970, com o título “Sport derrota Cruzeiro, 2 a 1”, gols de Eloir, o jornal refere-se à partida de 16/set/1970. “(...) Na estréia de Filpo Nunes, o Cruzeiro perdeu de 2 a 1 para o Sport de Juiz de Fora, o único time que venceu o Atlético até agora. Na sua despedida: o novo time do Cruzeiro perdeu a invencibilidade que mantinha há quatro rodadas.(...)”“(...) O primeiro gol foi aos 30m. Guará dominou no meio e lançou Eloir. O ponta, sem marcação, recebeu e chutou encobrindo a Tonho. Morais tentou salvar o gol mas não conseguiu. Dois minutos depois, houve um córner pela direita. Na cobrança, Guará cabeceou para Eloir que, de costas, chutou de virada. Antes de entrar, a bola ainda tocou na trave.(...)”“(...) O Cruzeiro tentou a reação mas fez apenas um gol aos 39m. Raul Fernandes foi à linha de findo, como um ponta, e centrou para trás a Gilberto, que chutou forte no canto esquerdo de Cavalheiro.(...)”Os times jogaram assim:SPORT – Cavalheiro, Zico, Edmar (Clóvis), Fifi e Augusto; Guilherme e Haroldo; Edinho (Cabral), Guará, Ademir e Eloir.CRUZEIRO – Tonho, Raul Fernandes, Morais, Emerson e Neco; Dirceu Batista, Spencer; Gil, João Ribeiro (Gilberto), Eduardo e Ferreira.

Pesquisa inútil em Juiz de ForaTelefonei para Edinho (AMAC), Danilo, Edson Costa (atletas contemporâneos de Eloir). Foram atenciosos, lembraram com emoção e saudades do Eloir, mas nada acrescentaram às minhas informações. Telefonei para Braga e Andréia, que trabalham no Sport, mas o clube não possui arquivos ou dados sobre o futebol de 30 anos atrás. Consultei, por e-mail, Ana Letícia Sales, Ludmila Gusman (Editora Porta Acessa.com), Lúcia Schimidt, Márcio Oliveira Guerra, Marcelo Ramos Bastos. Alguns me responderam, mas nada que pudesse somar à minha pesquisa, infelizmente. Mesmo assim, meus agradecimentos pela atenção e cordialidade.

Jogadores do grande juvenil do Cruzeiro de GuidovalVianelo Silva (goleiro), Célio Teixeira Albino, Zé Maria Matos, Luiz Geraldo Pinheiro, Zé Américo, Zé da Conceição, Oséas Teixeira Albino, Cidinho Vieira, Lucas Vieira, Eloir Máximo, Oscar Matos. Tinha ainda Candinho do Calixto, Dilermando e Luiz Antônio Ribeiral, Chiquinho Matos.

ELOIR, HERÓI ANÔNIMOEm 1998, recebi um e-mail do Fabiano Avelino da Silva, o Bim do Manezim do Chico do Padre, dizendo-me que entrou na máquina do tempo, visitando, na INTERNET, o Site de Guidoval, relembrando um fato acontecido com ele, por volta de 1.956 ou 1.957, quando tinha 9 ou 10 anos, que abaixo transcrevo:"Ali, criança ainda, eu conheci, na essência, o heroísmo, o companheirismo, o sentido verdadeiro da fraternidade humana. A fraternidade mais bonita, perfeita e meritóriaporque saída de uma criança negra e pobre. O meu primeiro, verdadeiro e derradeiro Herói. Sozinho, sem testemunhas, o ELOIR, guidovalense, jogador de futebol, salvou minha vida nas correntezas dessa cachoeira, dando o máximo das suas forças de criança, e uma coragem que jamais presenciei em toda a minha vida. Registro aqui minha gratidão a esse até então desconhecido herói Guidovalense.”“Aonde ele estiver, que possa receber o meu abraço fraterno, e que a sua família possa se orgulhar através do meu eterno reconhecimento.”“Se eu pudesse ergueria ali, às margens da Cachoeira, um monumento à vida,representado pelo busto do ELOIR um Herói Guidovalense."Recomendou-me o ainda o Fabiano que transmitisse pessoalmente ao Eloir :"Diga a ele também, Dé, dessa minha felicidade. Que equivale a um grito tardio, mas eterno, do maior gol que ele talvez tenha feito. Será que ele se lembra? Um gol molhado, suado, e sem torcida, naquela pequena área chamada Cachoeira, desse grande e espetacular estádio chamado Terra. O técnico, naquele momento, era o

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melhor e o maior de todos, Deus. O time? Ah!... O goleador precoce já jogava no time da Vida, o mais precioso.” Quem sou eu para discordar de você, amigo Fabiano.

SALIM - um mestre inesquecível

A primeira lembrança que guardo do Professor Ibsen Francisco de Sales vem do final de 1963. Ele e o ex-prefeito José Pinto de Aguiar criaram um cursinho preparatório para ingressar no Ginásio Guido Marlière. Terminava eu o 4º ano do grupo escolar com a querida Profª Élvia Reis de Andrade. Graças ao somatório dos ensinamentos desses mestres fui aprovado em primeiro lugar no exame de admissão, para surpresa de muitos, inclusive a minha. Passei raspando em Português com a nota 5, a mínima permitida. A média geral não foi grande coisa: 6,9. O primeiro lugar não foi por mérito meu e sim pelas dificuldades do famigerado exame que impediu vários rapazes de matricular-se no ginásio. Muitos colegas não foram aprovados nesta etapa. Ficaram para os próximos anos. Mas não quero falar disso. O meu assunto é o Prof. Ibsen, carinhosamente conhecido por Salim. Fiz, em 1964, o primeiro ano ginasial, hoje 5ª série, com o Prof. Ibsen lecionando Português para uma turma enorme. Alunos de várias faixas etárias, alguns meninotes, outros rapagões.

Ia de desatentos a rebeldes, de tímidos a bagunceiros. Nada que uma boa reprimenda não controlasse a classe. Aos mais afoitos ameaçava-lhes bater com uma gigantesca vara de talo ubá. Intimidação nunca levada a efeito, mas o suficiente para acalmar petulantes e assim poder explanar as suas inesquecíveis aulas. Só para se ter uma idéia do encantamento dessas aulas, até hoje são rememoradas por saudosos alunos. Quando em férias na cidade, pois em 1965 fui estudar em Rio Pomba, corria a assistir às suas aulas. Quem não se lembra das encenações e histórias como a do “ME DÁ MEU ANEL...” e outras invenções de sua mente criativa. Quando ouvia alguém dizer “PRA MIM FAZER”, Salim bronqueava desesperado, dizendo: “MIM NÃO FAZ NADA”. Aprenda de uma vez por todas: “PARA EU FAZER.”

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Voltando no tempo

Ibsen Francisco de Sales, filho de Antônio Fernandes de Oliveira e Maria Madalena de Oliveira, nasceu a 29 de janeiro de 1920, na Fazenda do Progresso, distrito de Sereno, município de Cataguases. Mais tarde mudou-se para fazenda Santa Cruz que hoje pertence a Guidoval. Ali viveu toda sua infância e adolescência, no seu dizer “no meio de pessoas broncas”. Não existiam escolas para se estudar nas proximidades. Aprendeu as primeiras letras com sua irmã mais velha Maria Augusta de Oliveira. Aos 22 anos saiu da fazenda para tentar a vida na cidade. Acolheu-o seu tio Teófilo Teodoro da Silva com quem praticou em farmácia na localidade de Coimbra, à época, distrito da cidade de Viçosa. Depois trabalhou na farmácia Gomes em Visconde do Rio Branco. Seguiu-se dali para o Rio de Janeiro para exercer a mesma profissão. Por não se adaptar com a mudança de clima, retornou a Minas Gerais e foi viver em Belo Horizonte, nos anos de 1.954 e 1.955, quando fez o curso de Auxiliar de Enfermagem. Trabalhou nesta profissão na campanha contra a Tuberculose, doença terrível naquele tempo. Por essa ocasião trouxe de Belo Horizonte para Guidoval o “Jogo de Buraco”. Logo se transformou no passatempo predileto dos amantes do carteado, com a vantagem de não se apostar em dinheiro, impedindo prejuízos monetários aos competidores, quando se sabe que em Guidoval já se perderam até fazendas nas mesas de Pif, Cunca e Pôquer. A moda espalhou-se. Entre os adeptos, podemos citar o irmão Jésus Fernandes de Oliveira e os amigos Adauto Pacheco Ribeiral, Cândido Alves (Duzin) Vieira Filho, Chiquito Galdino, Jorge (Negão) do Tilúcio, Odilon Marcelo, Oséas Teixeira Albino, Zé Bressan, Zé Maria Matos. Em 1956 o Salim fundou o jornal “Espião”, de curta duração. O diferencial consistia na forma como era redigido, todo em charadas e trocadilhos, criticando o cotidiano duma Guidoval dando os primeiros passos como cidade. Ele 1.957 retorna ao Rio de Janeiro para trabalhar novamente, durante o dia, no ramo Farmacêutico. À noite, estudava numa escola particular o curso de madureza. Em 1966 conseguiu o certificado do primeiro grau. Estabelece por uns tempos em Cataguases no comércio de secos molhados. Abandonou esse comércio para ser secretário particular do Prefeito Francisco Moacir da Silva em Guidoval. Paralelamente leciona Português no Ginásio Guido Marlière. Freqüenta vários cursos de adestramento para professores (CADES). Obtém o registro definitivo de professor em 1968 apenas com o certificado de 1º Grau. Estuda segundo Grau no Colégio Raul Soares em Ubá. Além da Escola Estadual Guido Marlière leciona ainda na Escola José Januário Carneiro, em Ubá, até 1985.

Julgamento, Testamento e Queima do Judas

Na década de 60 era costume a Queima do Judas. Na noite de sábado aleluia, a rapaziada saía à cata de tudo que estivesse dando sopa nas varandas e quintais das casas de nossa cidade. Tudo que pudesse ser surrupiado era levado para o Largo, a nossa Praça Santo Antônio. Desde um simples vaso de avencas, uma gaiola com passarinho ou um animal de estimação, até carro-de-boi, charrete ou automóvel. O arrecadado virava espólio do Judas. Todos os objetos eram catalogados e identificados com o nome da pessoa que seria herdeiro do Judas. Na verdade o real proprietário dessas doações involuntárias, ocorridas na calada da noite. Encarregava-se de fazer o testamento do Judas o Prof. Ibsen, auxiliado pelo Dr. Gerson Occhi e outros poetas improvisados que faziam uma quadrinha apropriada para os herdeiros. Quadras espirituosas criticando os costumes, a política, o cotidiano. No domingo de Páscoa, após a missa celebrada pelo padre Oscar, Judas era julgado, lia-se o seu testamento e queimava-se o Judas. Na verdade, um boneco, tipo espantalho, enforcado num mastro, recheado com bombas e fogos de artifício. Cada herdeiro voltava para a casa com o que já era seu de direito. Alguns, poucos, chateados e insatisfeitos, a maioria encarava com bom humor esta tradição trazida pelos portugueses.

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Contou-me o Salim que uma vez o pessoal estava levando o jipe do Natalino Dornelas, para o Curral do Judas, quando este acordou e atirou nos meliantes. Tiros para o alto, com certeza. Aí se fez esta quadrinha: “Soltou tamanho tiro /Da pólvora senti a catinga / Mostrou-se desta maneira / Ter nascido em Tuitinga.”

Tempo passando, baú de recordações transbordando

Relembro do Salim no campo do Cruzeiro apitando partidas de futebol. Chamavam esses árbitros amadores de juiz de embaixada. Insensível aos gritos e pressão das torcidas insanas, Salim era incorruptível, temente a Deus, aos homens jamais. Lembro mais, dele num jogo de veteranos, improvisando-se de goleiro, assumindo a ingrata posição, onde nem grama nasce, quando o verdadeiro goleiro da família sempre foi o seu irmão Pedrinho. Sobrinho de poetas, o Prof. Ibsen, sempre procurou imitá-los. O livro “Saudade Sapeense”, editado em 1982, registra algumas poesias de sua autoria e dos tios-poeta Abílio Teodoro da Silva, Ilídio Amaro da Silva e João Agnelo da Silva. De suas anotações pessoais, retirei: “Admirador da poesia, principalmente a poesia tradicional, pela simetria dos versos e de rimas!”. Na Internet, site da cidade de Guidoval, tem o Cantin do Salim, na página http://planeta.terra.com.br/turismo/guidoval/frsalim.htm onde pode-se ler algumas de suas poesias, charadas, apontamentos e um exemplar completo do jornal “Espião”. No início da década de 70 os boêmios e seresteiros encontravam-se no Bar do Oscar Occhi que fazia “o melhor bife acebolado de toda a região”. Por essa época, eu começava a arranhar os primeiros acordes ao violão. Inúmeras vezes acompanhei o Salim interpretando “RAPSÓDIA NEGRA”, texto de Martins Fontes, que o Prof. Ibsen, em primorosa adaptação, transformou em poesia. Em 1978, em plena terça-feira de carnaval, o Salim intimou-me a abandonar o baile momesco no “Clube Francisco Campos” para acompanhar o Bijica (José Occhi) numa serenata. A princípio, tentei adiar o evento para um outro dia. Não consegui. Salim usou de argumento “ad populam” (*) . Durante o percurso da serenata o cordão foi só aumentando. Sem dúvida, uma serenata memorável, patrocinada pelo romantismo e insistência do Salim, carregando um litro de conhaque e outro de campari para matar a nossa sede.

Título de Cidadão Guidovalense

A 19 de junho de 2001 escrevi uma carta a todos vereadores de Guidoval sugerindo reativar o projeto de se outorgar o “Título de Cidadão Guidovalense” a beneméritos do nosso município. Apresentei, à apreciação, quatro nomes: Prof. Ibsen Francisco de Sales, Frei Adriano, Prof. Murílio de Avellar Hingel e o poeta Marcus Cremonese. O Frei Adriano (projeto vereador José Occhi Medeiros) e o Prof. Ibsen (projeto vereador Lúcio José Garcia) foram agraciados em 2001. O Prof. Hingel (projeto vereador Juscelino Pinheiro) recebeu o título em 2003. Ficou faltando o poeta Marcus Cremonese, autor do poema “De como eu amo uma cidade”. É o mais lindo poema que conheço sobre uma cidade. E quem declara o seu amor a uma cidade de forma tão cristalina merece desta cidade a acolhida de um filho, o abraço de um irmão, o reconhecimento de conterrâneo. Mas isso é assunto para outra matéria. Falemos do Prof. Ibsen. Enfermo, não pôde comparecer à cerimônia de entrega do “Título de Cidadão Guidovalense”. Mas só da comenda ser feita em vida tem um valor inestimável. Bem dizia o poeta Nelson cavaquinho “Me dêem as flores em vida”.

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Ainda em junho de 2001, lancei na nossa cidade um CD que gravei com algumas de minhas músicas. Dentre elas fiz uma em homenagem ao Salim, relembrando as nossas brincadeiras feitas com uma canção com rimas terminadas em Ó. Em sua residência, entreguei-lhe um CD. Alquebrado, com uma dor incômoda na coluna, recebeu-me com o carinho de sempre. Mostrou-me uma fotografia, dos tempos que trabalhava em Visconde do Rio Branco e confidenciou-me que tivera um filho com uma moça daquela cidade. Não lhe sabia o paradeiro. Parece que ele já tinha falecido. Não me contou vangloriando-se, nem lastimando. Só uma conversa entre amigos. Toda vez que vinha em Guidoval, visitava-o. Em muitas de minhas férias passei horas e horas assistindo, sapeando e até jogando buraco com os aficionados desse entretenimento. Em muitas oportunidades, ele buscava cervejas no Bar da Rodoviária para me servir. Logo ele que abandonara o álcool, este traiçoeiro líquido que tanta gente leva ao fundo do poço. Decisão esta, que lhe deu sobrevida e lucidez para se tornar um profícuo octogenário. Salim colaborou com diversos jornais de nossa terra. Com certeza, vivo fosse, estaria nos ajudando a escrever o nosso periódico. A última lembrança que tenho do Salim é de depois da Festa de Santana de 2001. Fui visitá-lo, junto com o seu fiel amigo Zé Mauro (Pescuma). Reclamou das dores nas costas, impossibilitando-o até de sair da cama. No dia 17 de setembro de 2001, minha mãe telefonou dizendo do falecimento do grande mestre Salim. Não pude comparecer ao enterro. Rezei minhas fracas, mas sinceras, orações por sua alma. Que DEUS O TENHA E O GUARDE SEMPRE.

(*) Argumento ad populum. (Lóg.). Sofisma em que se associam ao objeto da argumentação elementos que tocam à sensibilidade, às necessidades, às aspirações, aos temores, etc., do público que se quer convencer.

Um guidovalense notável

No dia 25 de agosto, no Clube Ginástico, Rio de Janeiro, ocorreu o lançamento do livro “Entre o que foi e o que virá” do Dr. Edison Cattete Reis. É mais um guidovalense levando e elevando o nome da nossa Guidoval ao mundo.

São crônicas escritas nas décadas de 40 e 50 e publicadas no Jornal do Commércio, O Globo, Jornal do Brasil, entre outros grandes jornais da então capital do Brasil.

Dr. Edison é o irmão mais velho da Profª Carmem Cattete, lembrada carinhosamente na crônica “Primórdios”, numa forma de agradecimento ao emprego que ela arrumara-lhe, em 1941, no “Arquivo Nacional”. Trabalhou ainda na “Imprensa Nacional” e “IBGE”, onde exerceu importantes cargos, inclusive a Chefia do Gabinete da Presidência.

Formado em Letras Neolatinas, Dr. Edison escreveu com fina ironia, crônicas saborosas sobre o cotidiano, belas histórias colhidas ao longo do tempo como “A sobrevivência do amor”, “Carta a um brasiliense enfermo”, “Beethoven e o samba”, “Um mistério de 50 anos”, “Parabéns pra você”, “Um caso de amor”.

A crônica que empresta o nome ao livro - Entre o que foi e o que virá – é premonitória ao relatar que “as mulheres se amotinaram por um

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pedaço de pano, a menos ou a mais, na saia de seu vestido” na “voluntariosa e incoerente moda feminina”, prevendo de certa forma, a minissaia surgida só duas décadas depois.

Na crônica “Nem todos...” demonstra “o orgulho de ser modestamente guidovalense”, rememora o irmão Laerte exaltando a todos “Sou de Guidoval, aprazível estância mineira”. Recorda do grande músico Chepsel Lerner (Chuca-Chuca) que durante 10 anos tocou no Clube Ginástico Português. Saudava a entrada dos sócios mais assíduos e importantes “com os acordes do hino do seu clube”. “Eram torcedores do América, Vasco, Fluminense, Botafogo, Flamengo”. Coube ao nosso cronista Dr. Edison, ser saudado pelo Hino de Guidoval, executado através de partitura escrita pelo “Sô Tute, Maestro da Lira Sapeense”. Nesse mesmo centenário clube luso-brasileiro, fundado em 1868, a ”Revista Ginasta” registrou em sua coluna social “No grande Baile de Gala, Edison Chini (presidente em vários mandatos) rendeu-se às evidências dos fatos – Guidoval é onde melhor se dança em Minas”.

Dr. Edison saiu de nossa cidade, ainda adolescente, em 1936 para estudar e trabalhar. Nunca se esqueceu da nossa terrinha, tanto que Guidoval é citada umas 15 vezes na obra, além do Chopotó, Marlière, nossas ruas, praças, bandas de músicas e times de futebol.

O livro é dedicado à esposa Neuza e aos filhos Mônica, Marcos e Edson Jr. Como guidovalense também me sinto homenageado. Vale a pena lê-lo.

MISÉRIA DA ALMA HUMANA

Fecha o semáforo da Avenida Francisco Sales com Avenida Brasil, coração boêmio do Bairro São Lucas, frente ao barzinho Tarot. Paro o carro. São quase treze horas, início do mês de junho, que apesar de outono no fim, já se prenuncia em frio de inverno belo-horizontino, através de seu vento miúdo e renitente.

Sentado na lateral da rua o paraplégico esmoler, descamisado literalmente, expõe a mudança do tempo através dos poros de seu dorso desnudo, pele, pelos empolados e hirtos.

Ironia ou não do destino, momentos antes havia eu tirado do porta-malas de meu carro uma blusa que herdei de meu pai após a sua morte. Por prudência, nesses tempos instáveis, deixo-a sempre ao meu alcance. Naquele instante encontrava-se estirada no banco do carona.

O sinal permanece fechado.

O mendigo, contrariando o costume instintivo, nada me pediu. Desgraçadamente, batia fortemente com as mãos às pernas inertes. Gesto de revolta e desespero? Chantagem emocional? Fúria dos desamparados a praguejar a sua sina? Não importa. Pus-me a refletir.

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O vermelho do farol, daltonicamente imutável.

A blusa cinza que poderia agasalhar o pedinte bem ao meu lado. Fiz tenção em tirar uma moeda qualquer e dar ao pobre que nada me pedira. Não tinha moedas na carteira ou outra quantia insignificante que se costuma dar aos infortunados.

Pensei em meu pai, Zizinho do Marcílio, e na sua conhecida e reconhecida benevolência em Guidoval, pequena cidade mineira da Zona da Mata. Assenti, com meus botões, meu pai lhe daria a blusa incontinenti.

Cogitei em lhe dar o agasalho que pertenceu ao meu pai. Cismei, será que é isto que o meu pai quer, seja de onde estiver? Meditei, alguém está me colocando à prova?

Capetinhas e querubins, do sim e do não, ziguezaguearam meu pensamento gritando argumentos prós e contras: “Estás querendo comprar uma passagem para o céu”, “Insensível, desumano, egoísta”, “são francisco do asfalto poluído”, “quixote das causas perdidas”.

A sinaleira, nada de mudar a cor.

De soslaio, fui extraindo estas observações, não tive coragem de me fixar na fragilidade do ser humano prostrado ao chão ao meu lado. Tive tempo de raciocinar sobre a falência de nossas instituições, e arregimentei álibis e cúmplices, nos nossos governantes, que não conseguem, pelo menos, cuidar dos menos favorecidos, das crianças, dos velhos. Emas em palácios calafetados.

Indiferente aos meus devaneios, o sinal de trânsito por fim mudou para o verde, sem esperança. O tráfego, a vida seguindo o seu fluxo. Arranquei o veículo, fui para o serviço com a alma mais fria.

Um cidadão em busca de cidadania

Sem o vigor da juventude, aos 63 anos de idade já não tem mais a altivez de um rei ou o corpo atlético de um guerreiro africano. Seus ancestrais vieram para o Brasil em navios negreiros, seqüestrados quem sabe da nação Cabinda, Benguela e Jêje; do povo Nagô ou da etnia dos Bantos de Angola, negros vindos do Gongo e da Guiné.

Não sofreu a injúria da escravidão imposta aos seus antepassados, mas padeceu as suas conseqüências, nascendo em berço humilde, sem recursos para custear-lhe os estudos, passaporte de um futuro melhor.

É raro vê-lo, atualmente, andando por nossas ruas e quando o faz apóia-se num cajado que não chega a ser um báculo e mais parece uma bengala a lhe servir de porrete para se proteger dos cães vadios que infestam a cidade.

Na juventude, o porte físico privilegiado, quase dois metros de altura, assegurou-lhe o ingresso na Polícia Militar de Minas Gerais, destacando-se no atletismo ao ganhar várias competições em diversas modalidades como 100 e 200 metros rasos, revezamento 4X100, Arremesso de Peso, Lançamento de Disco, Dardo e Martelo.

Em 1968 a Confederação Brasileira do Desporto, presidida na época por João Havelange, realizou na cidade de Ipatinga provas eliminatórias para as Olimpíadas

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no México. Patinou na largada da corrida, perdendo preciosos centésimos de segundo que lhe garantiria vaga na equipe brasileira. A mão torta do destino negou-lhe galgar os degraus da fama, ocasião em que Nelson Prudêncio ganhou uma medalha de prata no Salto Triplo.

Tivessem os deuses do Olimpo laureado a sua carreira com conquistas, títulos, prêmios e fortuna, muitos dos que hoje lhe viram as costas, seriam os primeiros bajuladores.

Aos 16 anos, em 1958, tornou-se goleiro titular do Cruzeiro, defendendo o nosso time por mais de 23 anos, até 1981. Evitou derrotas humilhantes, colaborou com vitórias inesquecíveis, fazendo defesas espetaculares, agarrando chutes indefensáveis em saídas arrojadas e corajosas. A sua reposição de bola era um contra-ataque, com chutes de bate-pronto atravessando toda extensão do campo, colocando nossos atacantes à frente do gol adversário.

Jogou em grandes equipes da região como o Nacional e Sport de Visconde de Rio Branco, Manufatora de Cataguases. Consagrou-se como campeão municipal pelo Boa Vista (Lagartixa), sendo o goleiro menos vazado da competição.

Hoje comanda, na Rua do Alto, um modesto time com o poético nome “Assim somos nós”, que serve para atrair a atenção dos jovens para o esporte ao invés das drogas.

Numa final da década de 50, ainda inexperiente, começando a difícil carreira de goleiro, falhou num gol marcado pelo Itararé, numa sensacional final de campeonato. Quiseram por toda culpa da derrota nele, assim como fizeram com o grande goleiro Barbosa em 1950. Esquecem esses críticos que ERRAR É HUMANO, ainda mais jogando na difícil posição onde nem grama nasce. E depois o Itararé já havia vencido o Cruzeiro dentro do nosso campo e contava com craques como Jarbas, Genaro, Binha e Conrado. Perdemos porque o adversário era melhor.

Contou-me que a sua melhor partida foi contra o 1º de Maio que ganhou do Cruzeiro dentro do “Ninho das Águias” por 3 X 0 e no match de volta em Mirai a expectativa era que seríamos massacrados. Pois bem, naquela tarde uns dos ídolos do futebol que guardo da infância, fechou o gol, pegou tudo, até pensamento e o jogo terminou em 0 X 0, um empate com sabor de vitória.

Nasceu em 20/07/1942 no distrito de Diamante. É o filho mais velho dos saudosos Antônio Máximo e Alzira Gomes. Refiro-me a José Alan Máximo, o ZÉ ALAN, um cidadão em busca da cidadania guidovalense.

Espero que no próximo 26 de julho, na FESTA DE SANTANA, um vereador inspirado lhe dê o ”Título de Cidadão Guidovalense”, é o mínimo que podemos fazer a quem tanto defendeu as cores alvinegras do nosso glorioso CRUZEIRO FUTEBOL CLUBE.

Transparência administrativa, respeito ao cidadão

Um prefeito é o síndico de um grande condomínio: o município. Durante as campanhas políticas brigam, lutam, prometem tudo para serem eleitos. Depois, empossados, esquecem as promessas e fazem o que bem lhes dá na telha. Adeus programa de governo, juramentos e compromissos assumidos.

É bom que saibam, todos os prefeitos, que não fazem nenhum favor à população. Disputaram, alguns à tapa, para ocupar o cargo e são bem remunerados para exercê-lo.

Os seus salários vêm dos impostos que pagamos. E não são poucos. E tome IPTU, IPVA, ISS, Imposto de Renda ou ainda o ICMS do cigarro, da cerveja, do arroz e

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do feijão. Nós, pacatos condôminos, temos que pagar sem reclamar, pois se chiarmos estamos sujeitos a cair na dívida ativa, esperta como muitos políticos.

Por isso o mínimo que se espera é uma administração transparente. Tal e qual a mulher de César, imperador romano, a uma administração pública não basta ser honesta, ela têm que parecer honrada.

É necessário afixar balanços mensais da prefeitura nos locais de maior circulação de pessoas como nas escolas estaduais e municipais, postos de gasolina, Câmara Municipal, Posto de Saúde e até no Bar da Esquina. Por que não?

Em algumas cidades, a Lei Orgânica obriga a prefeitura a afixar diariamente na sua sede o movimento de caixa do dia anterior (o chamado boletim de caixa), discriminando todos os pagamentos efetuados. A nossa Câmara Municipal bem que poderia aperfeiçoar e evoluir a Lei-Maior do nosso município.

A comunidade não pode ficar alienada dos gastos municipais, portanto não fazem mais que a obrigação divulgar as despesas, para sabermos aonde está indo o nosso suado dinheirinho. Temos dois jornais em nossa cidade, o Saca-Rolha e o Jornal de Guidoval e em nenhum dos dois é divulgado o balanço da prefeitura. Por que será?

Um bom exemplo vem da cidade de Ribeirão Bonito-SP que criou a ONG “Amigos Associados de Ribeirão Bonito” (AMARRIBO) para promover o desenvolvimento social e humano da cidade. Acabaram recebendo denúncias de irregularidades na administração municipal e resolveram elaborar uma Cartilha para identificar e combater a corrupção. Estão na cartilha alguns tópicos que podem alertar que “há algo de podre no reino de Dinamarca” como disse Shakespeare.

Listarei alguns: “Resistência das autoridades a prestar contas, falta crônica de verba para os serviços básicos, parentes e amigos aprovados em concursos públicos arranjados, falta de publicidade dos pagamentos efetuados, perseguição a vereadores que pedem explicações sobre gastos públicos, empresas constituídas às vésperas do início de um novo mandato, fraudes em licitações dirigidas, esquemas de nota frias ou notas fiscais com valores redondos ou próximos do valor de R$ 8 mi”.

Ou então falcatruas como “adquirir bens e serviços por meio do procedimento de carta-convite quando se trata de gastos de até R$ 80 mil reais ao ano, falta de controle de estoque na prefeitura, promoção de festas públicas para acobertar desvios de recursos, pagamentos com cheques sem cruzamento”. No site da AMARRIBO você pode encontrar, ler, imprimir ou fazer download da cartilha integral. É só acessar a página http://www.amarribo.org.br. São informações e dicas úteis para o cidadão comum e mesmo para os vereadores, responsáveis pela fiscalização das contas municipais. Saberá da força que tem os cidadãos quando se unem em prol de uma causa nobre que é cuidar dos interesses do município.

"Exercer a cidadania não é apenas votar, mas, também, fiscalizar o poder público", afirma Pedro Sérgio Ronco da AMARRIBO. A nossa obrigação não termina com o voto, temos que acompanhar, fiscalizar, exigir dos administradores públicos lisura e cumprimento de suas obrigações. A Transparência administrativa significa respeito ao cidadão.

Legislar e fiscalizar, é só começar...

Muita gente, a maioria, desconhece ou não dá importância à Câmara Municipal. Votam, às vezes, em vereadores por favores recebidos como uma carona até o hospital em Ubá, uma caixa d’água, um saco de cimento ou um punhado de telhas. A distribuição destes mimos e pequenos agrados

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desobrigam os vereadores de exercerem as suas verdadeiras funções de LEGISLAR, FISCALIZAR e DELIBERAR. O prejuízo deste desvio de conduta é da sociedade.

A Câmara Municipal é responsável por criar leis que assegurem direitos aos cidadãos e melhorias ao município. Fiscalizar e a acompanhar a execução do orçamento. Julgar as contas da prefeitura. Fixar vencimentos dos servidores públicos. Dar forma ao Regimento Interno, e principalmente, elaborar a Lei Orgânica (Constituição do Município), suas alterações, acréscimos e aprimoramento.

Houve um tempo em que os vereadores nada recebiam para exercer a sua nobre missão. Bons tempos, hein!!! Pela nossa Câmara passaram ilustres guidovalenses que exerceram a vereança sem nenhum pagamento. A recompensa??? Servir ao município, ora bolas!!!

Era comum um vereador pedir licença para que outro colega assumisse o seu lugar. Gentlemen das causas públicas. É bom que se saiba que política não é PROFISSÃO e sim um ENCARGO, ofício de doar-se à coletividade.

O “golpe de 64” criou monstrengos e casuísmos como senadores biônicos, prefeitos nomeados, eleições indiretas e remuneração a vereadores em cidades com menos de cem mil habitantes.

Garanto que há em Guidoval mais de 54 cidadãos dispostos a exercer de “graça”, o cargo de vereador. Portanto, como são nove vereadores que compõem a nossa câmara, existe mais de seis concidadãos propensos a candidatar-se para cada cadeira de vereador.

São conterrâneos, nos mais variados segmentos representativos da sociedade, como professores, comerciários, comerciantes, agricultores, fazendeiros, funcionários públicos, industriais, industriários e aposentados dispostos a colaborar com a municipalidade e desempenhar essa missão comunitária sem receber ou usufruir do erário público.

Raras e esparsas são as reuniões da câmara e dá para conciliar as atividades profissionais do cotidiano com a de vereador. Muito se economizaria caso não houvesse gastos com os vereadores. Daria para construir casas populares, manter asilos para idosos e creches infantis, doar verbas para banda de música, contratar professores de informática, fazer convênios com cursos profissionalizantes, distribuir bolsas de estudos. Não tudo de uma vez, é claro que faltaria grana, mas seriam verbas substanciais que a própria Câmara poderia escolher, priorizar e definir a aplicação.

Uma vez que os vereadores não abrem mão de seus salários, que pelo menos cumpram com os deveres e obrigações inerentes ao mandato que lhes foi outorgado pelo povo. Comer, coçar, legislar e fiscalizar, é só começar...

DIA DO GUIDOVALENSE

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Em 1961 o jornal “A VOZ DE GUIDOVAL”, dirigido por Trajano Fernandes Viana e José Maciel Queiroga, o Zé do Gil, idealiza o Dia do Guidovalense a ser comemorado em 26 de julho, junto com a festa da nossa Padroeira Santana.

À época, era prefeito o saudoso Eduardo Nicodemo Occhi que aprovou a iniciativa e participou da primeira Comissão Organizadora do evento composta por diversos segmentos da sociedade.

Decidiu-se que no Dia do Guidovalense o prefeito teria o compromisso de entregar uma melhoria ao município. Na primeira festa, Eduardo Occhi inaugurou a nossa primeira praça urbanizada: Major Albino.

A simples e luminosa idéia do jornal resultou em várias melhorias nos anos que se seguiram, com os prefeitos executando alguma benfeitoria para o município.

Tivemos obras e obras. Aconteceram casos de negligência no cumprimento da promessa firmada em 1961. Talvez por falta de visão administrativa ou recursos financeiros. Não é o caso de agora denunciar. Vamos olhar para frente. Aprender com o passado, aperfeiçoar no futuro.

Ocorreram festas e festas. O que diferencia o fracasso do sucesso numa festa é a organização, planejamento, participação, envolvimento. A improvisação, quase sempre, é má companheira.

É necessário, todo início de ano, formar uma comissão representativa da sociedade, para elaborar a programação do Dia do Guidovalense. É preciso da união de todos, prefeito, vereadores, professoras, diretoras, estudantes, religiosos, jornalistas, funcionários públicos, comerciantes, empresários, agricultores, fazendeiros, trabalhadores em geral, juntos para o êxito de nossa festa maior.

Devemos perpetuar tradições. Não pode faltar nas festividades a Alvorada Musical, de preferência com banda de música de nossa terra, a Procissão e Elevação do Mastro com o Quadro da Padroeira ao lado da fogueira, acompanhada do “Congado”, mais a bênção de Missa Solene na Matriz de SANTANA e novena cultuando a Padroeira com participação das comunidades rurais.

Não esquecer do Momento Cívico com hasteamento dos pavilhões Nacional, Estadual e Municipal à frente da prefeitura e quem sabe um desfile ou apresentação de alunos das escolas do município ou das Escolas de Samba “Calouros” e “Vila”.

É bem-vinda uma partida de Futebol do Cruzeiro ou o encerramento de um torneio ou campeonato municipal envolvendo times da cidade e zona rural.

O povo gosta de vibrar com a emocionante Corrida de Bicicleta e à Pé, a Queima de Fogos de Artifício à porta da igreja, um festival e apresentação de Música Sertaneja na Praça Santo Antônio.

Para reencontros e reminiscências, os barzinhos da cidade e o Baile da Saudade. Valorizemos a nossa cultura. É de bom alvitre uma peça de teatro, apresentações musicais, exposição de produtos da terra, fotos e artesanatos.

Para coroar os festejos, conceder o Título de Cidadão Guidovalense a quem realmente o mereça. Alguns agraciados não fizeram coisa nenhuma para receber a honraria. Eram políticos que em nada contribuíram por Guidoval, apenas pescaram nossos votos, sumiram, só aparecem de eleição em eleição.

Aproveito para lembrar de três beneméritos que ainda não foram condecorados pela nossa Câmara Municipal. São eles: José Alan Máximo (matéria do Jornal de Guidoval - nº 15), o fotógrafo Adão e o poeta Marcus Cremonese que escreveu o mais lindo poema de amor à nossa cidade. Para compreendermos a ligação sentimental do Marcus com Guidoval basta reler o artigo “E por falar em serenata...” no JG (nºs 16 e 17 - Abril e maio/2006). O Saca-Rolha publicou o poema “De como eu amo uma cidade” no número 73 de 26 de julho de 1999.

Ah! Não pode faltar no Dia do Guidovalense a presença do Etiene que com mérito já recebeu o título de Cidadão Guidovalense. No mais é rezar a nossa Mãe Santana agradecendo pelas dádivas da vida.

Um conterrâneo de bem com a vida

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Etiene de Souza Reis nasceu na cidade de Dona Euzébia. Percorre as esquinas da vida como quem veio a passeio, granjeando amigos a cada abraço e sorriso.

Ainda criança veio para o Sapé onde passou uma infância e puberdade saudável. Destacando-se no futebol, aos 16 anos foi para Belo Horizonte jogar no Cruzeiro. Depois passou pelo Botafogo de Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Quarentinha e Nilton Santos, Corinthians de Pirilo, Comercial de Ribeirão Preto, Prudentina de Presidente Prudente, Petropolitano e Serrano de Petrópolis. É sempre lembrado pelos que o viram jogar e é incluído na seleção do Cruzeiro de Guidoval de todos os tempos.

Etiene é bom de copo e garfo, exímio cozinheiro, bem humorado, ótimo contador de piadas, amigo para as horas de farra e velório. Aonde chega, junto chega a alegria.

Quando lhe perguntam: “Quanto ganha?” Responde “O quanto eu gasto.” E se insistem: “Quanto gasta?” Diz “O quanto eu ganho.”

Em Cabo Frio, na Praia de Peró, possuía uma barraca de comes e bebes. Todos os dias, com chuva ou sol, ia cedo abrir o seu comércio. Dizia “se eu não vender nada, bebo a preço de custo”.

Agora aposentado, vendeu a barraca, ainda continua acordando cedo só para ficar mais tempo à toa com os amigos de Peró que começam a biritar lá pelas 10 da manhã. Tem dias que a vontade de bebericar é maior que o horário matinal, aí adiantam o relógio para dar início a mais uma jornada de gole. Teve um companheiro que quebrou a tarracha do relógio de tanto apressar a hora.

Deveria ser obrigatória a presença de Etiene nas festas de SANTANA.

Registrando emoções guidovalenses

Adão José de Souza nasceu na vizinha Visconde do Rio Branco. Escolheu Guidoval para viver e reside na nossa cidade há mais de 25 anos. Aqui constituiu família, criou os filhos, fez amizades, exerce com competência e brilho a profissão de fotógrafo, paga os seus impostos que não são poucos.

A qualquer evento promovido na nossa sociedade ele está presente fotografando as reuniões sociais, culturais e políticas, competições esportivas, festas escolares, bailes no Clube 66, desfiles das escolas de samba. É comum vê-lo nos batizados, casamentos, aniversários, procissões e festas religiosas.

Durante todo este tempo registra em fotografias as emoções dos guidovalenses. Muito da história de nossa terra tem sido perpetuada pela lente profissional de sua máquina. São os nossos instantâneos de alegrias, vitórias, júbilos e comemorações.

Adão já é guidovalense há muito tempo, agora só falta receber o Título de Cidadão.

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CIRCO BARTHOLO

No final dos anos 50 o Circo Bartholo apresentando-se em nossa cidade foi destruído por um forte temporal. O povo de Guidoval, hospitaleiro e solidário, ajudou a reconstruir o circo. Considero esse gesto de grandeza dos guidovalenses um marco na nossa história.

Há tempos venho procurando notícias sobre o Circo Bartholo. Enfim, consegui contatar a família através de Ruy Bartholo Júnior, domador de elefantes no famoso Parque Temático Beto Carrero Word. Disse-me que o pai, Ruy, tem um hotel na cidade, está adoentado, sofreu três derrames, mas que Graças a Deus vem, aos poucos, se recuperando.

Em 1999, seu pai escreveu o livro “Respeitável Público – Os bastidores do fascinante mundo do circo”. Recebi um exemplar e li imediatamente a epopéia do Gran Circus Bartholo.

Dentre as várias emoções que senti lendo o livro, uma foi descrita nas páginas 36 e 37, quando se fala de nossa terra. Texto que transcrevo abaixo:

“Jamais vou esquecer de Guidoval, uma pequena cidade mineira, onde um forte temporal atingiu o circo, que não resistiu e foi ao chão, as madeiras quebradas e o pano todo rasgado. Ainda estávamos meio aturdidos, olhando os estragos, quando ouvimos a voz do padre Oscar pelo alto-falante, conclamando todo o povo da cidade a nos ajudar a reerguer o circo.

- Povo de Guidoval – gritava ele. – Vamos ajudar o Bartholo (meu pai). Temos que levantar este pequeno circo que tantas alegrias nos trouxe. Toda ajuda será bem-vinda!

E, imediatamente, antes que sequer nos déssemos conta do que estava acontecendo, dezenas de mulheres afluíram ao local onde o circo jazia destroçado no chão, empunhando agulhas e linhas para remendar o pano rasgado.

Enquanto isso, chegavam os homens, munidos de serrotes, pregos e martelos, que prontamente se puseram a consertar tábuas, cruzetas e grades.

Tudo ficou novinho em folha, e naquela mesma noite ainda fomos homenageados no cine-teatro da cidade, com um show de cantores locais. Mais parecíamos heróis voltando ao lar depois da batalha! Foi realmente uma experiência incrível.

Em Guidoval, o padre vendia ingressos para o circo na hora da missa de domingo, quando a igreja estava lotada.

- Vamos ao circo – dizia ele. – Enquanto eu rezo, as Filhas de Maria vão vender os ingressos.

E o padre era convincente, pois todos compravam para ajudar, até mesmo aqueles que já tinham entradas permanentes, o que fez com que o circo ficasse uma maravilha, em pleno período de chuvas, quando normalmente estaria sem público.

Guidoval era a cidade dos sonhos de qualquer circense da época e, se pudéssemos, teríamos ficado lá para sempre. Mas o circo tinha de seguir o seu caminho, para levar sua alegria a outras paragens e, assim, cumprir seu destino.”

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Uma das grandes qualidades do ser humano é a gratidão. Foi o que Ruy, filho do velho Bartholo demonstrou no livro que escreveu. Que viva, sobreviva o circo, o riso, a cordialidade, hospitalidade e solidariedade.

Votar para Melhorar

No Brasil existe todo tipo de político. Até honestos, mas estes são raros. Em 1993, Lula afirmou que tinham “300 picaretas no congresso”. Ano passado surgiram os MENSALEIROS e agora, recentemente, os SANGUESSSUGAS. São vampiros sangrando a nós, brasileiros. Há poucos dias um senador disse que 90% dos congressistas levavam uma BEIRADA nas emendas apresentadas no orçamento. São estas “beiradas” que vão comendo um pedaço de asfalto aqui, um centro de hemodiálise acolá ou a merenda de uma creche mais adiante. Estamos nos aproximando de mais uma eleição. Irão aparecer candidatos como formigas em pomar abandonado. Não faltarão tapinhas nas costas, sorrisos amarelos, promessas vãs. Em época de eleição, todos se vestem de santos e distribuem santinhos por todos os cantos e esquinas. São PÁRA-QUEDISTAS de todas as plagas. Parecem praga. E são. Não troque seu valioso voto por um saco de cimento, um punhado de tijolos ou um par de botinas. Barganha com político, quase sempre, é prejuízo certo. São as “beiradas” que depois ficam faltando para construir escolas e hospitais, distribuir remédios e livros, aumentar salário mínimo e aposentadoria, investir em segurança e criação de novos empregos. Nas últimas eleições os Deputados Federais mais votados em Guidoval foram Danilo de Castro (1504 votos), Vadinho Baião (496 votos), Lael Varella (480 votos), Paulo Delgado (277 votos) e Saraiva Felipe (222 votos). Serão ainda merecedores do nosso voto? Fica a interrogação. A Organização Não Governamental “Transparência Brasil” tem por propósito combater a corrupção. Mantém o site www.transparencia.org.br . Nele você pode verificar o que andam fazendo os deputados federais. Consultei os mais votados nas últimas eleições em Guidoval. Constatei que não apresentaram nenhuma emenda beneficiando a nossa terra. Em compensação, houve casos de cidades que receberam recursos e deram uma votação irrisória a esses congressistas. A lista de acusações e crimes cometidos por mais de 180 parlamentares vão desde apropriação indébita, compra de votos, corrupção ativa e passiva, passando por formação de quadrilha, desvio de dinheiro público, dólares na cueca, até extorsão, estelionato, peculato e prevaricação. É podridão para corar até o PCC. O voto é a nossa arma de cidadania, não sejamos vítimas dela. A nossa escolha pode levar a nossa cidade, o país, a um futuro melhor. Mas pode também nos mandar ao brejo, areia movediça de muitos candidatos que apenas buscam imunidade parlamentar para ganhar dinheiro fácil e continuar praticando falcatruas. Um candidato para receber o nosso voto deveria saber onde fica o FUNDÃO, que a nossa Padroeira é a Gloriosa SANTANA e que o Agripino “não matou o coronel”.

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Vamos votar em deputados que sejam da nossa região, comprometidos com Guidoval, para que possamos depois cobrar a sua atuação parlamentar. Muitos candidatos pagam pessoas para trabalharem por eles, cabalar e pedir votos. Não votem nesses candidatos. Eles estão comprando os votos deles com antecedência. Depois desaparecem por quatro anos só retornando às vésperas de novas eleições. Não vamos votar em PICARETAS, MENSALEIROS, SANGUESSUGAS e PÁRA-QUEDISTAS. Não é a toa que já é voz corrente: “Voto não tem preço. Tem conseqüência”.

Voz ao vento

Tenho vários assuntos que gostaria de comentar. Faltam tempo e espaço. São palpites, sugestões, tempestade de idéias. Nem sei por onde começar. Vamos lá...

É preciso fazer Tombamento de prédios, casarões e fazendas do município. Tombar ao contrário do que se possa pensar, significa um conjunto de ações realizadas pelo poder público com o objetivo de preservar, através da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. Já perdemos os casarões do Sebastião Reis, Juca Damato, Felisimino, Pensão da Maria Pereira, Grupo Escolar Antigo, Prefeitura Velha, além da Igrejinha São José e Fazenda Santana (um crime). Ainda há tempo de salvar um pouco do nosso patrimônio.

Já tivemos em atividade, simultaneamente, duas bandas de música, hoje nenhuma. Faz falta uma Banda para nossas festas, batizados, coroações, alvoradas, procissões e até enterros. Corporações musicais ajudam na formação de cidadãos e até de músicos profissionais. O Ministério da Cultura tem um “Programa de Apoio a Bandas de Músicas” com doação de instrumentos, oferta de cursos de capacitação dos regentes. O telefone para maiores informações é (61) 3316-2126 ou (61) 3316-2104. Criar e manter uma banda é barato. Faz bem à alma da comunidade.

O conterrâneo José Jorge, do Zé Negueta, me telefonou sugerindo gravar um CD com músicas de guidovalenses. Registrar chorinhos do Sô Nilo, valsas e dobrados do Sô Tute, o samba sincopado de Josias do Pombal, canções carnavalescas de Vicente do Dario e Neto (Berkeley Silvério Gonzaga), sambas-enredo do Aloísio Pinheiro, Marcílio Vieira, Luizinho do Virgílio e Tarcísio Mendes. Perpetuar o “Gato Preto” do Zé Manga Rosa, a toada que o Zé Bento fez para os meninos da Memélia Ramos e Landinho Estulano. Imortalizar músicas da dupla sertaneja Canhoto e Carlito, do violeiro e repentista Oswaldo Soares, canções do Wanderlei do Duzin Vieira, Renatinho, Domingos Coelho, Cláudio do Chiquito e Marquim do Leon Denis. Eternizar a música que Odilon Reis fez em homenagem ao Mundico. É possível concretizar este projeto, basta somarmos ações do legislativo, executivo, empresários e comerciantes.

Uns anos atrás, passando na cidade de Guarará me chamou a atenção a enorme quantidade de casas recém-pintadas. Informaram-me que a prefeitura entra com a mão-de-obra e o proprietário com a tinta. É só fazer um cadastro das pessoas interessadas para priorizar a ordem de atendimento. Taí um bom exemplo a ser copiado. De quebra ainda daríamos serviço ao Jorge do Tilúcio, Agnaldo e tantos outros pintores de nossa terra, que poderiam também ensinar o ofício a funcionários da prefeitura que, por ventura, encontram-se sem função.

No minifúndio de papel que me resta nesta página proponho a criação de uma pista de “cooper” na Rua Padre Baião até a Vila Trajano. Determinar aos

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proprietários para murar os seus lotes vagos. Fazer calçamento e urbanização nas imediações do Monumento do Guido. Canalizar todo o esgoto que é despejado no Córrego da Lajinha. Gramar as encostas da Vila Trajano, plantando flores e até árvores frutíferas. Construir, pelo menos, um trecho de arquibancada no Campo do Cruzeiro. Pintar de cal os meios-fios existentes. Embeleza-se a cidade com medidas simples e de baixo custo. Descobrir a localização da Aldeia do Morro Grande onde moravam várias famílias dos índios Coroados, com um provável sítio arqueológico com utensílios e ossadas dos silvícolas, primeiros habitantes de nossa terra, a ser explorado turisticamente. Criar, através de voluntários, cursos de artesanato, tricô, crochê, bordados, doces, salgados. Alguns de nossos abnegados e magnânimos professores, em horários disponíveis, poderiam criar um cursinho intensivo gratuito, nos meses de outubro, novembro e dezembro, para melhor capacitar os nossos jovens alunos que queiram ingressar num curso superior em Ubá, Viçosa e Juiz de Fora.

Finalizando, ajardinar e florir as nossas praças, resgatar o nosso Canário da Terra, deixando pratos de canjiquinha, suspensos, espalhados pela cidade e transformar a frase “Guidoval, a mais mineira das cidades” do escritor Lúcio Cardoso em slogan oficial do nosso município.

Memórias Sapeense

O amigo Alencar Mayrink presenteou-me com o livro “Ubá - Cidade Carinho”, editado em 1980. Nele há várias referências à nossa terra. Transcrevo algumas.

Revolução Liberal de 1842.Embora o Arraial de Ubá pertencesse ao Presídio (Visconde do

Rio Branco), existia a rivalidade política entre as duas populações: a população de Ubá, em maioria acompanhava o Partido Liberal, enquanto o Presídio seguia o Partido Conservador.

O primeiro choque revolucionário, entre nós, registrou-se no território do Sapé (hoje Guidoval), durante a Revolução Liberal de 1842, chefiadas por Teófilo Otoni. O tiroteio, ou combate, feriu-se a meia légua, mais ou menos, da povoação sapeense.

Só conhecemos a versão oficial, contando as vantagens da tropa legalista e exagerando, por certo, as perdas das forças amotinadas.

A verdade é que os conservadores, ou legalistas do Presídio, remeteram dois grupos de soldados, para interceptar a correspondência e comunicação dos rebelados com a Vila de São Manoel da Pomba e Peixe (Rio Pomba).

O primeiro grupo, de apenas 7 homens (sob comando de José Gomes da Silva) e o segundo, de 26 soldados (sob comando de Francisco Simões de Assis). Mas os revolucionários não se intimidaram e houve cerrado combate.

O comandante do primeiro grupo, José Gomes, saiu com ferimentos no braço esquerdo, na coxa e na mão direita, além dos feridos Antônio Alves Paiva, Manuel Joaquim da Costa e Joaquim Alves

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Paiva, guardas nacionais. Dois soldados, porém, sofreram ferimentos maiores, sendo um, chumbado na testa.

Do lado dos rebeldes, todavia, as perdas foram bem maiores. Correu a versão, não averiguada, de que o próprio comandante, o Tenente Siríaco, foi morto.

Certo é que houve várias vítimas revoltosas. O informe Oficial fala em 11 mortos e 12 feridos. Na verdade, morreram Nenê Gato e dois outros, que “não puderam ser conhecidos, porque, ficando na beira da capoeira, amanheceram tão inchados e com as feições tão alteradas, que não houve quem os qualificasse”, reza a comunicação.

Nesse combate, distinguiram-se, pela facção legalista, o soldado José Tomé, do Corpo Policial, e pela facção revolucionária, Manuel José de Souza, filho de Albano José de Souza que, entusiasmado com a luta, mudou o nome para Manuel de Souza Batalha, dele descendendo numerosa progênie ubaense – os Batalhas.

Fazenda Sant’Ana da SerraNa “Fazenda Sant’Ana da Serra”, formada por um fazendeiro de

bom gosto, inteligente, o Major José Justiniano Carneiro, a presença de um italiano recém-chegado da Itália, agrimensor, que aceitou convite para administrar uma grande fazenda no distrito de Sapé, hoje Guidoval. Pertencia a dois sócios: Dr. Júlio César de Queiroz Guimarães (engenheiro paulista) e o Conde de Afonso Celso, filho do Visconde de Ouro Preto. Tarquínio B. Grandis (1897) completou a colonização rural da fazenda com um número de 25 famílias (quatro nacionais, carreiros, terreireiros), edificou uma colônia com “20 cômodos de tijolos, cobertos de telha, substituindo as imundas senzalas”, introduziu várias melhorias, construiu uma “rede de caminhos”. É uma fazenda histórica. O novo proprietário, Dr. Luiz Senra de Oliveira, transformou a lindíssima casa residencial em luxuosa mansão para o veraneio, os salões ostentando telas de autores celebres, nacionais e estrangeiros.

Belarmino CamposNasceu a 27 de maio de 1864, no distrito de Sant’Ana do Sapé.

Quando da fundação em 1891, do “ATENEU SAPEENSE” foi eleito o professor Belarmino Campos, seu primeiro presidente. Foi autodidata. Ocupou posições humildes, de início, sendo ourives e relojoeiro, comerciante, até que aprendeu a arte dentária, onde se fixou, revelando seu pendor científico na arte fotográfica e no manejo do cinematógrafo incipiente. Perseverante e dedicado, inteligente e tenaz, pôde dar enorme prestígio ao “Ateneu Sapeense”, esta entidade cultural, que dirigiu por dilatados anos. Chegou a trazer ao Sapé de Ubá a mais famosa empresa teatral, dirigida pela célebre Itália Fausta. Deixou o convívio de seus companheiros e amigos no dia 9 de agosto de 1935, em Guidoval.Informação do JG:

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Itália Fausta nasceu em 1887. Era considerada uma das maiores artistas brasileiras do início do Século XX. É como se hoje se apresentasse na nossa humilde terrinha a atriz Fernanda Montenegro.

Guidoval na Imprensa NacionalNo dia 23/08/2006 a Coluna do jornalista Cláudio Humberto,

publicada em vários jornais de circulação nacional, narrou a história já contada no site de Guidoval sobre o vereador Zé Carlotinha. Recordemos.Palavra livreA Câmara Municipal de Guidoval (MG) comemorava o aniversário da cidade, nos anos 60. Após discursos caprichados dos inscritos, o presidente anunciou a palavra livre. O vereador Zé Carlotinha, analfabeto, já no quarto mandato sem jamais discursar, surpreendeu a todos. Encaminhou-se à tribuna lentamente, ajeitou o microfone, respirou fundo e corroborou:- A palavra continua livre! Mais não disse.

O mais novo Sergipano

O Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal de Sergipe é Gilberto Magalhães Occhi, filho dos conterrâneos Glorinha Magalhães e José (Bijica) Occhi, o maior cantor de nossa cidade nos idos de 1960. Seu avô paterno, Orestes Occhi, foi o maior leiloeiro da história do nosso município. Seu avô materno, Dilermando Teixeira Magalhães, foi o segundo prefeito de Guidoval e realizou obras importantes para a cidade.

Na infância, Gilberto, freqüentava Guidoval nas férias escolares de julho e janeiro, quando jogava bola no campinho do Largo, hoje Praça Santo Antônio. O companheiro inseparável dessas “peladas” era o primo Padinha, filho do ex-Prefeito Eduardo Occhi.

No dia 16 de outubro a Assembléia Legislativa de Sergipe concedeu o Título de Cidadão Honorário ao Gilberto pelos relevantes serviços prestados ao estado.

Os jornais de Aracaju registraram reportagens sobre o evento, enaltecendo o homenageado. Várias empresas publicaram anúncios de congratulações.

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O jornal “Correio de Sergipe”, no “Caderno Negócios” de 19/10/2006, traz na capa foto de Gilberto com a manchete “Ajudando Sergipe a crescer”. Da matéria escrita pelo jornalista Sílvio Oliveira intitulada “Sergipano, Sim Senhor!”, transcrevo alguns trechos:

“Mineiro de nascença, sergipano por merecimento. É assim que se pode definir Gilberto Magalhães Occhi, Superintendente da Caixa Econômica Federal em Sergipe (CEF/SE). Recebeu o Título de Cidadão Sergipano, pelos relevantes serviços prestados ao Estado, a exemplo de ter colocado a Superintendência da Caixa Econômica de Sergipe em destaque no país, recebendo diversas premiações nacionais.”“Como representante maior da Caixa Econômica no Estado, Gilberto Occhi investiu mais de R$420 milhões para empréstimos a pessoa física e jurídica.”Gilberto disse à reportagem:

“Recentemente, fomos premiados para assistir a Copa do Mundo. Também fomos contemplados com uma viagem para o Chile e mais recentemente 16 funcionários da Caixa

foram homenageados em São Paulo.”Quanto ao recebimento do Título de Cidadão Sergipano, Occhi avalia

“como uma honra muito grande, porque não é uma homenagem somente a ele, mas o reconhecimento do trabalho em equipe e da instituição Caixa Econômica.” “Se não estivesse trabalhando na superintendência, não teria a oportunidade de realizar o trabalho e dar visibilidade.” “O mérito é também de outras pessoas, dos funcionários, da imprensa, que confia no trabalho.”

Compareceram à solenidade várias autoridades sergipanas, a família do homenageado, inclusive a sua mãe Glorinha e a prima Marta Ribeiral que viajaram para Aracaju exclusivamente para participar deste momento muito especial na vida do Gilberto.

O Jornal de Guidoval também parabeniza Gilberto Magalhães Occhi pela justa honraria. É o DNA da velha Sant’Ana do Sapé conquistando o mundo!!!

As mentiras que os governos contam

A Previdência Social surgiu em 1923 para atender os empregados das estradas de ferro. Ao longo dos anos, estendeu-se aos portuários e marítimos (1926), telegrafia e radiotelegrafia (1928), serviços públicos (1931), mineração, comerciários, bancários e transporte aéreo (1934), industriários (1936), transportes de cargas (1939).

No intuito de fortalecer as diversas previdências, a “redentora”, em 1966, achou por bem unificá-las. Criou-se o INPS. Foi o primeiro passo para a esculhambação.

De uns anos para cá, desde que FHC, aquele do nhenhenhém, assumiu o governo, todo ano vem a lengalenga que a Previdência está

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quebrada. Conversa fiada. E vão mudando as regras do jogo com ele em andamento, sempre em prejuízo do trabalhador.

Em 1998 impuseram limite de idade para aposentadoria. Homens, aos 53 anos e mulheres, aos 48 anos. Mudaram as fórmulas no cálculo do benefício, introduziram o fator previdenciário. Passaram, mais uma vez, a perna no trabalhador.

O câncer da previdência são as aposentadorias milionárias de parte do Legislativo, Executivo, Judiciário e Forças Armadas, sem a contrapartida do governo federal e dos beneficiários. É claro que um juiz tem que se aposentar com o salário digno de juiz e não como se fosse um serventuário menos graduado. Um general deve se aposentar com o salário correspondente ao da ativa e não com o soldo de um recruta. Mas têm que pagar mês-a-mês, ano a ano por isto. Têm que contribuir o servidor-beneficiário e o governo-patrão, igual ocorre na iniciativa privada.

O que carcome a previdência são sonegadores, os inadimplentes, empresas que não recolhem o INSS. O que rói e enfraquece é a ineficiência do órgão, o festival de fraudes e roubos comuns na previdência, pagamentos de indenizações milionárias por incompetência jurídica. O que deteriora são os desvios de recursos para construção de transamazônicas, pontes Rio-Niterói e outras obras mirabolantes. O que destrói o INSS é o abandono de milhares de imóveis e terrenos que poderiam render aluguéis ou recursos à instituição. O que vicia a instituição é o perdão de dívidas a devedores contumazes. O que corrompe são as anistias sem pé nem cabeça, inclusive pensão a anistiados políticos. Se o Estado tiver que indenizar, que justiça se faça, mas não com as minguadas economias da Previdência.

O que corrói a previdência é economia informal, a burocracia estatal, o pagamento de aposentadorias como a do FUNRURAL, Amparo Social ao Deficiente Físico e Amparo Social ao Idoso. Não sou contra estes benefícios, para os trabalhadores rurais, idosos ou deficientes físicos. Até louvo e aprovo esta forma de assistencialismo por parte do governo. Estas pensões sustentam e dão dignidade a muita gente. Só não posso concordar que se faça isto com o dinheiro dos contribuintes da previdência. O governo tem que criar fontes de recursos próprios a esta finalidade.

A previdência tem solução, o problema é o governo. Cada celetista é auto-suficiente para a sua aposentadoria. Hoje, no mínimo, o empregado junto com o empregador recolhe, todo mês, 20% ao INSS.

Se pouparmos, mensalmente, durante 30 anos, estes 20%, ao final desse período acumularemos um capital, que aplicado, dará um rendimento mensal maior que o valor da aposentadoria que o INSS paga aos contribuintes. E ainda preserva-se o capital.Exemplifico:

Para se aposentar com R$1.000,00 é só poupar todo mês R$200,00. Depois de 360 meses ter-se-á um capital de R$201.907,52 que poderá render todo mês, na pior das hipóteses R$1.009,54. Basta que esta aplicação tenha um rendimento de 0,5% ao mês, protegido da inflação. É só aplicar num Banco da Suíça, na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil.

Este raciocínio vale tanto para o Salário Mínimo de R$350,00 quanto para o teto máximo que é de R$2801,82 ou mesmo para quem queira se aposentar com R$10.000,00 ou R$50.000,00.

No site do JORNAL DE GUIDOVAL está disponível uma planilha em Excel onde se poderão fazer inúmeras simulações e comprovar o que afirmo.

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Em síntese é balela de que é preciso 3 ou 4 contribuintes para que uma pessoa possa se aposentar. O celetista é auto-sustentável e é bom que seja assim.

Então onde está o rombo? No governo que é PATRÃO do Executivo, do Legislativo, Judiciário e Forças Armadas. O governo é patrão e não paga a parte dele.

Se privatizar a Previdência ela irá passar a dar lucro. Aposto que Bradesco, Itaú, Unibanco, Santander, Real, HSBC aceitam este desafio. Será mais uma mamata. Que já está acontecendo. E o povo Ó!...

Primeiro time de futebol do Sapé

Em 1974, eu e o amigo Wilton Franco, resolvemos entrevistar personagens e personalidades de Guidoval. Com um gravador mixuruca e um sonho sem tamanho saímos registrando reminiscências. Gravamos depoimentos da Tia Sinhá e Carmen Cattete, Sô Marcílio Vieira (meu avô), Sô Trajano Viana e D. Nininha. De quebra registramos o assombro do futuro Governador Ozanan Coelho com a vitória estrondosa do PMDB nas eleições daquele ano para o Senado.

Sô Trajano, uma espécie de líder cultural, falou sobre tudo, os jornais antigos de Guidoval, o Ateneu Sapeense, Bandas de Música, o motivo dos nomes populares de algumas ruas e o início do futebol em nossa terra. A esposa D. Nininha Mendonça, farmacêutica, dramaturga, revelou-se uma ótima memorialista, sempre completando alguns lapsos do marido.

Quando o assunto passou a ser futebol, D. Nininha, feliz, disse “Quem deu vida ao futebol foi ele (Trajano) e quem me deu ele foi o futebol."

Trajano, que chegou ao Sapé em fins da década de 20, emendou: “Eu encontrei parado o futebol, mas o campo existia lá no Largo (Praça Santo Antônio). Muito bem organizado o campo. A estrada antiga do governo, Ubá-Cataguases, cortava o campo ao meio. Ia da casa do Mundico até ao Córrego da Lajinha. Tinha mato, pasto, vassoura.

O primeiro clube que organizaram aqui foram uns rapazes (de fora) que vieram para fazer tratamento da verminose da população. Foram instalados postos de profilaxia em todo Brasil. A pessoa fazia exames de fezes e tomava o remédio no próprio posto. Não davam o remédio para levar para casa não.

No meio desses rapazes que vieram, uns quatro ou cinco, tinha uns três que gostavam de futebol, mas muito! Nessa mesma época tinha um sujeito muito entusiasmado, que estava fazendo a estrada daqui para Ubá, a picareta, chamava Antônio Joaquim Carneiro. E o primeiro time de futebol ficou com o nome dele: Antônio Joaquim Carneiro Futebol Clube. Isto foi por volta de 1922, 1925.

Depois nós fundamos, lá no Largo mesmo, o Sapeense. Já o Cruzeiro começou a surgir na Rua do Alto. Iam construir a Igreja de Nossa Senhora Rosário que não se concretizou. E lá existia um Cruzeiro que custou a cair. De tanto o pessoal falar vamos jogar no cruzeiro, cruzeiro praqui, cruzeiro pralá, acabou ficando Cruzeiro. Se não me engano foi em 1934 a fundação. Não foi como o de Belo Horizonte que mudaram de Palestra Itália para Cruzeiro por causa da guerra, essas coisas.

Sobre os bons jogadores da época, Trajano, lembrou de “Armando Luiz, irmão do Juca Alfaiete. Talvez como beque não apareceu outro igual, com a facilidade para subir e para cabecear, a não ser o Tuninho Estulano, no linha. Foram os dois melhores cabeceadores que eu já vi aqui.”

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Sobre o Calixto, pai do Lilico, avô do Agnaldo, bisavô do garoto-artilheiro Carlos Roberto, Trajano Viana falou “era um jogador de estilo completamente desengonçado, feio, não tinha chute, mas era um furador de gol.” D. Nininha, complementou “Piraúba". Trajano, continuou “ele furou um gol aqui no Aymorés de Ubá (cinematográfico). Ele passou pelo sujeito na estrada, o sujeito calçou, ele perdeu o boné, caiu, levantou, veio, voltou, apanhou o boné, pôs na cabeça, e ainda furou o gol. O Álbero Campos é que conta melhor... Aliás, o Álbero foi um grande chutador. Tinha uma potência no pé esquerdo... Teve uma época que o Áureo Ribeiral jogou muito futebol... Outro defensor (espetacular) foi o Elier...”

Sobre os treinos daquela época, Trajano Viana disse “hoje ninguém adota mais, este tipo de brincadeira. Dez minutos antes de acabar, punha-se a bola ao centro e era chamado de jogo livre. Valia tudo. Empurrão, calçar pé, puxar calção, E tudo quanto era coisa... Agora era à vontade... De vez em quando algum machucava... E tinha lá um dia ou outro, resolviam tirar o calção de um dos jogadores... Tirava mesmo... e ele ia sem calção para casa.” Mas isso fica para outra história...

Professor Gerson Occhi - um cidadão do mundo

Conheço o Gerson Occhi de velhos e imortais carnavais. É desta época que me vem a primeira lembrança dele, pré-adolescente, dançando frevo com a Zarinha, filha da saudosa Professora Nadir Cunto e Zizinho Simões.

Nos idos de 60, participava da popular Malhação e Queima do Judas feita no Domingo de Páscoa. Crime prescrito, posso confessar que ele incentivava os amigos a saírem pelas ruas da cidade recolhendo bugigangas e utensílios deixados nas varandas e quintais de casas desatentas, para entulhar o Curral do Judas, no Largo (Praça Santo Antônio). Depois, auxiliava na confecção dos versos irônicos e cômicos lidos do Testamento do Judas.

Como eu e muitos guidovalenses, o Gerson é um dos exilados econômicos de nossa terra. O inexorável êxodo do torrão natal em busca de estudos e oportunidades. Partimos pensando em um dia voltar. Depois vamos ficando... ficando... ficando em outras paragens, só nos restando a saudade tão bem retratada na “Canção do Guidovalense Ausente” do Renatinho do Jornal Saca-Rolha.

Na década de 70, em plena ditadura militar, ajudou a fundar o MDB em Guidoval, sendo o principal mentor da iniciativa. Em 1974, no Bar do Tio Oscar Occhi, durante a campanha vitoriosa de Itamar Franco ao senado, cantávamos a música do compositor Chacal, de São João del Rei, fazendo loas ao MDB.

Em 1975, peguei uma carona com o Gerson para Juiz de Fora, num opala novinho, que saía a traseira nas curvas. Paramos em Rio Pomba para assistir ao Sport, mas, principalmente, torcer pelo craque Eloir que marcou o único gol, o da vitória, no ano em que foi o artilheiro e campeão regional pelo alviverde de JF.

Encontro pouco com o Gerson, menos do que gostaria. São os “desencontros da vida”, mas quando isso acontece, são prosas saborosas, recheadas de otimismo e amizade.

Gerson é múltiplo. Advogado, professor, educador. Hoje dirige o grande Centro Tecnológico - Instituto de Laticínios Cândido Tostes. Nas horas vagas compõe sambas-enredo, escreve biografias. Já foi vereador de Juiz de Fora, comentarista de TV em programa de grande audiência regional, e acreditem: foi até juiz de futebol!

Junto com Luciano Ferreira da Costa promoveu vários encontros de guidovalenses residentes na “manchester mineira”, reunindo mais de 300 conterrâneos.

É a terceira vez que o Gerson é convocado a receber o Título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora. Desta vez, ele aceitou. A cerimônia será no dia 19 de

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abril, às 19:30 horas, na Sala de Reuniões da Câmara Municipal de Juiz de Fora. Todos os guidovalenses, desde já, estão convidados para a solenidade. Uma caravana de Guidoval seria muito bem-vinda ao evento.

A merecida cidadania juizforana não diminui o Gersinho como guidovalense, pelo contrário, só lhe abre mais portas a um mundo sem fronteiras como poetizou John Lennon em “Imagine”.

O Jornal de Guidoval felicita o Vereador Eduardo Novy pela oportuna iniciativa. Parabéns Gerson, você merece a honraria!!!

Um guidovalense com história

Recebi, no início de fevereiro, através dos correios um envelope com 130 fotografias. São registros de Guidoval dos últimos 40 anos. Algumas fotos já estão amareladas e desbotadas pelo tempo, o que não lhes retira o brilho e a história que contêm. Mandou-me o presente um amigo de tempos imemoriais como atestam algumas dessas imagens.

Descende de uma das famílias fundadoras do nosso município. Parece que este parentesco entranhado no seu sangue o fez um dos mais apaixonados pela sua terra.

Quando criança no Sapé, engraxava sapatos dos fregueses na barbearia de seu pai. Aprendeu o ofício de barbeiro, exercendo-o por um breve tempo. Estudou música na Corporação Musical Belarmino Campos.

Adolescente, em 1962, fez parte da Comissão de Festas do “Dia do Guidovalense”. Em 1968, junto com o Pedrinho Dias, publicou o “Jornal Marlière”.

Em meados dos anos 70, residindo em Belo Horizonte, ajudou a fundar a “Associação dos Guidovalenses de BH”. Várias reuniões ocorreram com a presença de conterrâneos vindos de diversas cidades para participar do evento.

Ainda em BH, junto com os irmãos, tinha um time de FUTSAL, com um cartel respeitável de vitórias. Amante do futebol, não perdia uma pelada nos campos do Cruzeiro (onde jogou no juvenil) ou do Bambu (Vai-quem-quer).

Em 1976, junto com outros conterrâneos, idealizou, criou e dirigiu o Festival de Batidas. Por vários anos este acontecimento agitou o mês de novembro em Guidoval.

É um dos fundadores do SER 66, vindo a presidir o clube com dinamismo, logo no início de sua existência.

Junto com a esposa Graça Geraldo, em Belo Horizonte, recebia os guidovalenses em sua residência com sucos, cerveja, tira-gosto e muita hospitalidade!

Ainda em BH, Lourdes e eu cantamos vários “parabéns” nos primeiros anos de existência dos filhos exemplares: Fabrício e Mariana.

Depois se mudou para Juiz de Fora. Uniu-se ao Dr. Gérson Occhi e criaram o “Encontro dos Guidovalenses residentes em Juiz de Fora”. Esta festa já conta com várias reuniões, com muito êxito e gosto de “quero-mais” pelos inúmeros participantes.

Hoje, não freqüenta Guidoval com a assiduidade de antigamente. O que é uma pena! Faz falta a sua dedicação e criatividade em prol de nossa terra.

Prezado amigo LUCIANO FERREIRA DA COSTA, você é um guidovalense com história. Obrigado pelas fotos que me enviou! Vou escaneá-las e colocar no site de Guidoval, com os devidos créditos ao autor.

Um amigo nunca morre, vira estrela!

As pessoas não morrem, ficam encantadas, escreveu Guimarães Rosa. Concordo com o genial escritor. No último dia 13 de março faleceu Etiene de Souza Reis, em conseqüência de uma cirurgia cardíaca. Acrescento o que já dizem os poetas: um amigo nunca morre, vira estrela!

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Nascido em 21/11/1938, na vizinha Dona Euzébia, Etiene adotou Guidoval como a cidade de seu coração. A recíproca também é verdadeira. O povo guidovalense adorava o Etiene. Na edição de 30/06/2006, o Jornal de Guidoval homenageou o Etiene com o artigo “Um conterrâneo de bem com a vida”.

No dia 20/01/2007, o JG prestou merecida homenagem a diversos atletas na festa “Troféus Craques do Cruzeiro”. Etiene foi um dos agraciados, recebendo a Bola de Ouro. Deve ter sido a sua última grande emoção em vida.

Etiene amava Guidoval, tanto que nas últimas semanas de sua vida buscou refúgio em nossa terra, vagabundeando pelas nossas ruas, adentrando lares e corações, tomando um cafezinho aqui e acolá.

Acredito que Etiene gostaria de ter Guidoval como última residência ao seu corpo-matéria, mas foi enterrado em Juiz de Fora. Vários conterrâneos presentes na despedida ao Etiene se prontificaram a fazer o velório e enterro dele em nossa cidade, inclusive o Prefeito Élio Lopes, sem nenhuma despesa ou custo à família, que não aceitou.

Colecionando amigos vida afora, conquistou o último na enfermaria do hospital enquanto aguardava a cirurgia. Em pouco tempo de convivência já passava o número do celular do vizinho de cama aos amigos. Foi através deste telefone que conversei pela última vez com o Etiene. Estava otimista como sempre foi. Deu errado a cirurgia, atrapalhando a sua trajetória terrena.

Já deve estar no céu, rodeado de amigos. Inventando uma comida na cozinha com o Renato Ramos. Fazendo tabelinha com o Eloir e o Silvestre. Contando uma piada para o Natalino Dornelas. Esperando ansioso, junto com o Padinha Occhi, a próxima Festa de Santana. Bebericando uma cervejinha com o Salim. Proseando com o Wilton Franco. Abraçando o Zizinho do Marcílio ou juntando uma turma para soltar balões no terreno baldio do paraíso. O Etiene era de grandes amigos e amizades. Passou pela TERRA como um cometa iluminando todos ao seu redor. Agora, Etiene brilha no CÉU!!!

DINASTIA GUIDOVALENSE

Desde que Marlière pisou pela primeira vez nesta Freguesia de Sant’Ana não pararam de chegar aventureiros, dispostos a construir uma cidade, um lar, uma família. E, com muito amor, foram fazendo sapeenses, guidovalenses, gente da melhor qualidade. E foram tantos, com tantos sonhos, que de repente muitos tiveram que sair pelo mundo afora em busca de novas oportunidades.

Assim, temos guidovalenses, e descendentes, espalhados por este mundo de meu Deus. Na França, São Paulo, EUA, Juiz de Fora, Suíça, BH, Austrália, Curitiba, Rio de Janeiro, Cataguases, São José dos Campos e até, logo ali, na vizinha Ubá.

Todos partem pensando um dia voltar. Poucos conseguem. São uns felizardos. “É a roda viva da vida”. É a vida.

Mesmo longe, nunca esquecem o torrão natal. E esse amor é passado aos filhos, à família. É comum vermos filhos de conterrâneos, nascidos em outras plagas, adotarem o apelido de “guidoval”, criarem e-mails com nome de “guidoval”, e até mesmo serem chamados de “guidoval”. Herança, DNA, patrimônio ancestral.

Minha filha Thaís é um exemplo do que digo. Belo-horizontina de nascimento, ama Guidoval, como vinda ao mundo pelas mãos abençoadas da saudosa Vó Elisa ou da doce filha Maria Leopoldo, parteiras de várias gerações. Assim também acontece com os filhos de amigos meus que nasceram além dos limites geográficos da terra que SANTANA sempre abençoou. Somos reféns do amor à Guidoval.

Em 1961, em feliz inspiração do jornal “A Voz de Guidoval”, e a determinação do Prefeito Eduardo Nicodemo Occhi criou-se o “Dia do Guidovalense”, festa maior da nossa cidade.

Acontece que com o passar dos anos, em muitos aspectos, a festa perdeu atrativos de outrora. Muitos guidovalenses sumiram. É preciso fazer um chamamento a esses “ausentes” para as festividades.

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A Câmara Municipal, com o apoio do Prefeito Élio Lopes, poderia criar o “Dia dos Filhos e Descendentes de Guidovalenses” a ser comemorado no último sábado de julho. O evento se somaria à Festa de Santana e oscilaria entre o dia 25 e 31 de julho, final das férias de meio de ano, num final de semana, facilitando a participação de todos.

O dia poderia começar com uma missa ou um culto ecumênico, ao ar livre. Depois competições esportivas ou culturais, miniolímpiada ou gincana, ou um festival de música ou de batidas, uma peça de teatro, concurso de dança, um carnaval temporão, tipo a Banda de Cá que já desfilou pelas nossas ruas. À noite, encerrar com um grande show à altura dos jovens.

É só dar apoio e incentivar à nossa moçada que idéias eles têm de sobra para realizar uma grande festa, dar início a mais uma tradição.

Assim seria criado o “Dia dos Filhos de Guidovalenses” ou “Festa da Dinastia guidovalense” ou que se dê um nome mais apropriado, pois “Guidovalense não parte. Reparte! Uma parte fica. Outra parte, parte!”

REMINISCÊNCIAS

O jornal “Cidade de Guidoval” de 18 de junho de 1953 publicava uma nota intitulada “MISSA” informando “Por lembrança do Revº Padre Oscar de Oliveira e apoio unânime das zeladoras, o Apostolado da Oração mandará celebrar, dia 26, às 8 horas, missa em sufrágio das almas dos Padres aqui falecidos e dos que tendo falecido em outra localidade, foram vigários nesta Paróquia. Esta missa será celebrada todos os anos, no dia da Padroeira Senhora Sant’Ana.”Vamos manter a promessa e intenção do grande Padre Oscar.

Festa de Santana - tempo de abraçar amigos

Desde menino participo dos festejos de Santana e Dia do Guidovalense. É um momento mágico na vida de nossa cidade. Conterrâneos de todas as partes retornam à boa terra. Trazem histórias para contar, querem ouvir as novidades. Buscam o carinho dos familiares, o abraço dos amigos. Vestem-se com as melhores roupas, exibem o melhor sorriso. É época de congraçamento, o coroar de mais um ciclo na história do município.

Reservo pelo menos uma semana para estar nestes dias na cidade. Cheguei no domingo, dia 22. O primeiro amigo que encontrei foi o Antônio Augusto (Brito) Rossi. Juntos, fomos ao Galpão da Pizza em busca de uma cerveja gelada. Lá encontramos os amigos Márcio Barbosa e o Renatinho, quando colocamos, em parte, a prosa em dia. Aliás, Renatinho e Márcio Barbosa compareceram a todos os eventos cívicos, religiosos, políticos, esportivos e culturais, dos quais tive a oportunidade de fotografar e filmar.

Antes, porém, a caminho do Galpão, descia a Rua dos Tocos (João Januzzi) o Bebeto Ramos que nos transmitiu a triste notícia da morte do Mirandinha (Mirandolino Pinheiro), motivo para mais tarde eu prestar a última e justa homenagem, comparecendo ao seu velório e enterro.

Não há como ir a Guidoval sem passar no Bar da Esquina, comer o melhor bife de lombo de porco do mundo, ouvir as ironias e ranzinzice do Wagner, o que fiz na companhia do Sinval Bateria, Josias do Ivair da Dorce, Geraldo do Tão, Moacir Gonçalves e Zequinha do Pedro Dias.

Em Guidoval, bares e botequins são extensão da varanda de nossas casas. Houve o tempo do Bar do João Vicente, Caputo, Oscar Occhi, Jésus Fernandes, Ivo, Diógenes, Canico, Brás, Chiquitin, Kai-Terra, Beira-Rampa, Beira-Rio. Hoje as opções são Marquim, Chiquinho Matos, Manoel Lemos, Fatinha, Dorotéa, Eli, Fiim Kiel, Tarcísio (que faz o melhor picolé da região).

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Passando pelo Bar da Maria do Mazinho encontrei Siri (Sérgio), dois amigos de Petrópolis, Amauri, Elzinho, Jorge Mira e Romeu Vieira. Relembramos o saudoso Etiene, seus casos, eterna simpatia, sua sentida falta. Um vácuo, uma lacuna, uma saudade insuperável, nos inúmeros amigos que conquistou em vida.

No Bar da Rodoviária, do Carlim e Gilmar, proseei com os amigos Gonzaga e Zé Geraldo, Luciano Ferreira, Jorginho (Cariá) Vieira, Marcellus e Robert Cattete, Roberto Vieira, Candinho do Francisquinho, Vasquinho Gonçalves, Julinho do Dr. Jair Dentista, Vadinho da D. Zulmira, Tista do Tatal, Aloísio e Luiz Pinheiro. Conversei com o João Coelho, Jorge da Tixinha, Abílio, Jorge Azevedo, Walter do violão.

Saudei, na pracinha, o Elzo de Barros, Tuninho e Landinho Estulano, amigos de meu pai, por quem tenho grande admiração.

O hasteamento das bandeiras do Brasil, de Minas Gerais e de Guidoval foram ao som do hino nacional, brilhantemente executado pela Banda da Polícia Militar de Ubá. Depois, os presentes foram brindados com belos arranjos musicais, com obras de Tom Jobim, Dorival Caymmi, entre outros.

No Campo do Cruzeiro encontrei a Diana Nogueira, amiga de infância, que não via há muito tempo, pois reside nos EUA e vem esporadicamente ao Brasil. O nosso Cruzeiro de Guidoval, preto-e-branco, venceu por um a zero o Galo de BH (sub-20).

Entre a Barraca do Tito e Cláudio do Domício e a Barraca do Negão (Jorge do Tilúcio) abracei os amigos Tarcísio Cusati, Gonzaga e Zé Maria Matos, Ronaldo e Zé Geraldo Vieira, Miguel Alonso. Revi o primo Januário Queiroz, o vereador Juscelino Pinheiro e a Profª Elaine Ramos, o Cidinho Vieira, a Dilourdes e a Memélia Ramos, o Vicente da Farmácia e a esposa Mary, o Aloísio do Zé Estulano, Anito Siqueira e Anjinho do Roldão.

Ouvi o Oswaldo Soares recitar uns “repentes”, visitei o primo Mundico, que estava acompanhado da irmã Aparecida e do sobrinho Christiano. Cumprimentei os irmãos Varela, Jésus e Zé Ferreira.

Junto com a Lourdes e a sua mãe D. Lourdes Ribeiral, visitamos a D. Célia Teixeira Albino, que estava rodeada das filhas Graça e Gicele, as netas Camila e Fernanda. Revi os amigos Lucas Vieira e Márcio.

De tempos em tempos, uma gíria predomina na cidade. Houve a época de “tinindo”, “pedra noventa”, “thufo”, “rhâm”. O que mais se ouviu, nesses dias, pelas ruas da cidade foi “tô doido!!!”, “tô doido!!!”, “tô doido!!!”. Por isso digo “TÔ DOIDO” para que chegue a nova Festa de Santana, para rever, confraternizar, abraçar os amigos.

Festa de Santana - tempo de agradecerNão preciso de motivos para vir a Guidoval, porém nesta Festa de Santana

tive múltiplas razões para estar presente.A instalação da Pedra Fundamental do “Parque de Exposição Adauto

Pacheco Ribeiral”, homenagem ao pai da minha esposa Lourdes. Compareceram representantes de todos os irmãos do homenageado. Sobrinhos, parentes e autoridades ouviram a bela mensagem lida, com emoção, por sua filha Marta Ribeiral.

A Ampliação da Unidade Mista de Saúde “Prefeito Francisco Moacir da Silva”, com a criação da “Unidade Prefeito José Vieira Neto”, homenageou o meu saudoso pai, Zizinho do Marcílio. Sabedoria política do Prefeito Élio que juntou dois grandes ex-prefeitos, Francisquinho e Zizinho, num mesmo espaço destinado a atender a população mais carente de nosso município. A filha Zezé Vieira, representando a família, leu um emocionado discurso falando da trajetória de meu pai e agradecendo as autoridades pela honraria.

A reforma e reurbanização da Praça Santo Antônio com instalação da placa com o poema “De como eu amo uma cidade” do amigo Marcus Cremonese, que não pôde comparecer ao evento, sendo representado pela filha Camila que leu uma mensagem ao povo de Guidoval.

São obras que engrandecem e dignificam Guidoval. Aproveito este espaço para parabenizar e agradecer ao Prefeito Élio Lopes e à Câmara Municipal pelas obras e as homenagens a pessoas que me são tão queridas.

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Felicitei o Padre Almir por participar das festividades, abençoando as obras inauguradas e, principalmente, a nossa gente.

Festa de Santana - tempo de precesA fé alimenta o espírito, acalenta a alma. A nossa festa maior só é completa

com a devoção de nosso povo, unido em orações, novenas, seguindo as Procissões de São Cristóvão, do Mastro e a Luminosa, com a imagem de SANTANA.

À porta da casa do José Geraldo Dias, uma pequena multidão reuniu-se para acompanhar a Procissão do Mastro. Do outro lado da rua, o amigo Gerson Occhi observava o movimento dos conterrâneos. As duas Ana: Ana Marcília e Ana da D. Olga Ramos, como já fazem há vários anos, levaram o Quadro com a imagem de Santana até porta da nossa Igreja Matriz. A Filarmônica de Visconde do Rio Branco preencheu de melodia o cortejo, acompanhando o povo fiel à nossa Gloriosa Padroeira. Depois acendeu-se a fogueira, espocaram fogos de artifícios, belo espetáculo pirotécnico, sob o bailado da Congada comandada pelo João e Noel Medeiros.

Para finalizar este passeio sentimental, rogo, humildemente, à nossa Padroeira SANTANA para que abençoe e ilumine a todos nós guidovalenses.

UMA FOTO EM BUSCA DE IDENTIDADE

Das boas recordações com que a vida nos presenteia, é na infância que acontecem a maioria delas. Nem poderia ser diferente. Não há prestações a pagar, aluguel ou cheque especial vencido, reumatismo a combater, colesterol para controlar, coronárias entupidas, problemas normais dos adultos.

Na infância, o mundo é uma bola, de futebol, de gude. Gira e rodopia como uma pipa, um pião, um cata-vento. A vida corre com exuberância como corria o Xopotó repleto de mandis, dourados, lambaris e bocarras. A vida amadurece em jabuticabeiras, laranjais e pés de manga, principalmente dos vizinhos, sujeitos a pequenos furtos que não corrompem o caráter e não comprometem a dignidade.

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É por esta época que conhecemos os primeiros amigos, muitos deles preservados pelo resto de nossas vidas. Observamos, sem imaginar, quem sabe a primeira namorada, ou ainda as futuras esposas de nossos amigos. Aprendemos as primeiras letras. Começamos a rabiscar, desenhar, registrar e dar forma ao nosso futuro.

Assim, quando vejo uma fotografia antiga, sirvo-me dela como se fora uma máquina do tempo. Retorno sem constrangimento ao passado. Busco e rebusco os bons momentos. Reabasteço o meu poço de saudade.

Tudo isso me veio à mente, outro dia, ao receber de presente uma fotografia. Nela estão perfilados à porta da Igreja Matriz de SANTANA, alunos do 2º ano do Grupo Escolar Mariana de Paiva e que depois foram estudar no Grupo Escolar Cel. Joaquim Martins, acompanhando a inesquecível professora Élvia Reis de Andrade, a quem reverencio, rendo a minha gratidão eterna e dedico este artigo.

Fui identificando num canto e noutro, acima e abaixo, um amigo ou amiga. Reconheci e recordei-me de vários. Muitos, entretanto, refugiaram-se num canto remoto da memória e não consegui resgatá-los. A estes, de imediato, peço perdão pela falha imperdoável.

Na fotografia, vi, vivi, revi e revivi os meus primeiros companheiros, como o Roberto Vieira do Geraldo Didu. Amigo de ontem, amanhã e sempre, de prosas, serenatas e confidências. Amigo de fé. Nossos saudosos pais foram amigos. Minha filha Thaís e o seu filho Leandro dão continuidade a estes laços de respeito e admiração.

Fiz uma prece ao saudoso José Oscar do Vicente Matos, o Zé Xereta, que nunca prejudicou ninguém com a sua bisbilhotice infantil. De tão bom, DEUS chamou-o mais cedo para a Sua companhia.

À minha lembrança, surgiu a Maria da Paz de Oliveira, da Várzea Alegre, tímida, quieta, dona de uma fulgurante inteligência.

Muitos dos meus amigos casaram com as meninas da turma. O Gonzaga do Isaías Geraldo com a Rosália do Paulo Ramos, o Elísio do Edson Andrade com a Fatinha do Tuninho Estulano, o Sebastião da Padaria com a Heloísa do Eduardo Occhi, o Zé Ângelo Camargo da D. Mafisa com a Cleusa do Chiquito Oliveira.

Revejo a minha primeira namorada Diana, filha do Sô Adão Nogueira, um grande conhecedor da história e "causos" de Guidoval. Hoje a Diana mora nos EUA, bem sucedida, casada, com filhos. Reencontramos-nos nesta última Festa de SANTANA.

Do meio rural, lembrei-me do Jorge Gomes Pereira, extrovertido, falastrão, bem humorado; do Pedro Teodoro Pereira, baixinho, destemido, briguento; do Zé Luiz de Freitas Maciel, magrelo, tímido, educado e ainda do Getúlio do Sôtão, excelente em matemática. Torcíamos pelo PSD, o mesmo partido político de nossos pais.

O convívio saudável estendeu-se além dos limites do grupo escolar, prolongando-se em peraltices e travessuras próprias da idade, nas ruas empoeiradas da cidade, nas águas "não poluídas" da Cachoeira e do Joca (Ponte do Guarani), nas gramas do Campo do Bambu (Vai-quem-quer) ou do Cruzeiro ou no campinho do Jaburu (quintal do Pedro Vieira). Localizo a turma de "peladas", Ângelo do Casin, Francisco do Zé Matias, Dé do Ferreirinha, o Jorge da D. Arlete Avidago, o Luiz Fernando do Levindo Albino, o Nélio do Sô Gil Queiroga, este o melhor de bola da turma.

Avisto, a um canto da fotografia, o primo Paulinho da Aparecida do Benjamin que me acertou, sem aviso prévio, um soco no olho esquerdo, deixando-o roxo e eu vendo estrelas e pirilampos. O tempo retirou a mancha, a nódoa, o ressentimento. Somos bons amigos, pena que nos encontremos tão pouco.

Na parte de baixo da foto, reconheço a Vera Lúcia do Paulo Queiroz, loira, bela e inteligente. A família mudou-se para Ubá e nunca mais a vi. Relembro que num 13 de maio interpretei um escravo, maquiado a carvão, e ela, a Princesa Isabel. No meio da foto, vejo a Maria Inês do Wallace Azevedo. Continua tão bonita quanto em criança.

Destacam-se na fotografia e me pergunto onde andam a Isaura Maciel, filha do Ninísio (Leão) Maciel, a Rita de Cássia do Neném Barros, a Rita de Cássia do Nely e Sazina, a Maria do Carmo do Zuzu Matos?

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Distingo a Sandra, sempre sorridente. Fui o seu par numa festa junina. Ela faceira, bonita e alegre, não me tolerou como desengonçado parceiro. Sempre fui um péssimo dançarino. Tentando me motivar, insistia em dizer-me: Dança Dé! Dança Dé! Esta frase depois virou um bordão, sempre repetido pelo seu pai quando me encontrava. Falo do saudoso Oswaldo Occhi, um grande amigo de meu pai.

Para concluir, renovo, rogo e reforço aos amigos e colegas que não foram mencionados as minhas sinceras desculpas e solicito humildemente a absolvição.

Aproveito para convidar a todos os ex-alunos da querida mestra ÉLVIA REIS DE ANDRADE para um REENCONTRO na Escola Estadual Cel. Joaquim Martins a se realizar no dia 26 de janeiro de 2008. Aguardo manifestações.

Recebe mais, quem doaDeveríamos cantar ou praticar a música “Fica Sempre” da Irmã Judith

Junqueira Vilella pelo menos uma vez ao mês.Os versos são inspiradíssimos e contêm verdadeiros ensinamentos cristãos.

“Dar do pouco que se tem / Ao que tem menos ainda / Enriquece o doador / Faz sua alma ainda mais linda.”(...) “Fica sempre, / Um pouco de perfume/ Nas mãos que oferecem rosas”.

O Jornal de Guidoval pretende ser mais solidário e atuante com a nossa comunidade, promovendo campanhas educativas, incentivando ações coletivas.

Conclamamos aos nossos leitores e cidadãos guidovalenses que doem livros para a nossa “Biblioteca Pública Prof. Ernani Rodrigues”. Como fazer isso? Muito simples. Faça uma arrumação em sua casa, separe todos os livros que você possa doar para a biblioteca. Um, dois, cinco, ou quantos puderem. Leve-os até à Biblioteca que fica à Rua Sete de Setembro, no Prédio de Administração Pública.

Livros trazem ensinamentos, informações. Quem detém informação, tem o poder. Você estará contribuindo para ampliar os horizontes de nossos jovens. Ler é cultura, fonte de sabedoria e entretenimento.

Já fiz doações para a Biblioteca da E.E. Mariana de Paiva. Da próxima vez que for a Guidoval levarei livros para a nossa Biblioteca Municipal.

Tem um ditado que diz “Quem lê, sabe mais”. Acrescento: “Quem lê mais, sabe muito mais”.

Tributo: é melhor doar do que pagar

Pagar IMPOSTO é uma praga, castigo. Está no Aurélio, o dicionário: “feito aceitar ou realizar à força”, e ainda; “tributo exigido, independentemente da prestação de serviços específicos, ao contribuinte”. É o que os governos fazem. Cobram, fiscalizam, recebem, mas pouco, ou quase nada, retribuem ao cidadão.

Pagamos impostos como se morássemos na Noruega e recebemos em troca obras e serviços como se fôssemos o Reino do Butão, um pobre país da Ásia. Nem pretendo fazer neologismo.

E os governos são pródigos e criativos quanto a criar impostos, tributos, taxas, serviços, tarifas, contribuições, algumas provisórias que se transformam em definitivas. Temos aí a famigerada CPMF a me confirmar.

Por impostos muito menores que os atuais, Tiradentes, mártir da independência, liderou a Conjuração Mineira. Enforcaram-no em 1792 e o enforcariam de novo, mil vezes, se preciso fosse. Governos gostam de impostos e muita grana para gastar em mordomias e corrupção.

Era a DERRAMA, apenas o QUINTO (20%) sobre o ouro extraído. Hoje a alíquota do Imposto de Renda chega a 27,5%. No Brasil, entre impostos, taxas e contribuições contabilizam-se uns 65. Há quem diga existir mais. Não duvido.

Alguns deles são nossos velhos conhecidos como os IMPOSTOS “IPTU, IPVA, ICMS, ISS, IPI, ITR, IOF, ITBI”, ou as CONTRIBUIÇÕES “FGTS, INSS, COFINS, PIS, PASEP, FUNRURAL, INCRA” além de TAXAS como as de

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Limpeza e Iluminação Pública. Têm-se muito mais, falta-me espaço para relacionar todos.

Eles fazem parte do nosso dia-a-dia. Estão embutidos nos produtos que consumimos e nos serviços que utilizamos. Encontram-se no feijão, fubá, carne, aluguel, escola, energia elétrica, telefonia, cerveja, cigarro, cinema, internet, nos vícios, necessidades e virtudes. Na cama que dormimos, na mesa que almoçamos, nas viagens de férias, nas fantasias que sonhamos realizar.

Todos, empresários (pequenos, grandes e micros), comerciantes, agricultores, prestadores de serviço (todo mundo, sem exceção), são obrigados a cobrar muito mais pelos seus serviços ou produtos para compensar os inexoráveis impostos agregados aos seus processos e atividades. É uma bola de neve, um círculo vicioso, cachorro correndo atrás do rabo.

Como não existem fórmulas para fugir dos impostos, principalmente o IMPOSTO DE RENDA descontado na fonte dos assalariados e aposentados, o jeito é buscar alternativas para torná-lo menos indigesto.

Foi o que fiz no ano passado. DESTINEI 6% (seis por cento) do meu IMPOSTO DE RENDA DEVIDO ao “Conselho ESTADUAL dos Direitos da Criança e do Adolescente”. A minha intenção era doar para Guidoval, mas à época ainda não tínhamos o “Conselho Municipal da Criança e do Adolescente”, criado em 21/12/2006. Os seus membros tomaram posse em março de 2007. É composto por ilustres e respeitáveis conterrâneos.

Abriu-se uma conta específica para o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Guidoval - FMDCA, na Agência do Banco do Brasil em nossa cidade. Assinam pela Conta o Padre Pedro Luiz da Silva, Presidente do “Conselho Municipal” e o Prefeito Municipal Élio Lopes dos Santos.

Eu já fiz a minha doação no dia 10 de dezembro. É muito fácil. O código do Banco do Brasil é “001”; a Agência é nº 3826-1 e a Conta Corrente nº 7.743-7. O CNPJ da Prefeitura tem o nº 18.128.215/0001-58.

Estamos chegando a outro final de ano. A última data para fazermos doações dedutíveis no Imposto de Renda (Ano-Calendário 2007) é o dia 28 de dezembro. Ainda dá tempo de fazer a doação. Em março quando formos fazer a Declaração de I.R. à Receita Federal, poderemos DESCONTAR integralmente o VALOR DOADO, desde que limitado, como já disse, aos 6% do Imposto Devido. Caso alguém tenha alguma dúvida, o seu contador poderá esclarecê-lo melhor sobre o assunto.

Não importa o quanto você paga de Imposto de Renda, o importante é que você pode DOAR / DESTINAR, diretamente, para uma associação de nossa terra, evitando que uma parte de seu imposto escorregue pelos ralos, escaninhos e descaminhos dos governos federal e estadual. O seu dinheiro será muito melhor aproveitado. Tenho certeza. Que o governo federal se contente com o muito que já recebe. E não é pouco não!

Alguns exemplos do Valor a ser DOADOSe o seu IMPOSTO DEVIDO for de R$1.000,00 você pode DESTINAR

R$60,00. Para quem paga R$10.000,00 o valor passa a ser de R$600,00 e se você recolhe R$100,00 pode doar R$6,00. Alguns poderão exclamar: “mas só seis reais!!!”. Reflito: “de seis em seis chega-se a milhão”. Sei que temos inúmeros guidovalenses que podem fazer esta simples doação ao nosso município.

Aproveito, a ocasião, para CONVOCAR e INCENTIVAR a todos guidovalenses e amigos de Guidoval para que façam a DOAÇÃO POSSÍVEL

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para Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Guidoval.

NOTA: Agradeço ao Luiz Carlos Nogueira (Carlinhos), funcionário da Prefeitura, pelo empenho em regularizar a situação do FMDCA.

Recebe mais, quem doa (II)

Estamos em dezembro, tempo de fraternidade e conciliação. Aproxima-se o NATAL. O momento é de desculpar, relevar, ignorar, esquecer as desavenças do passado e abrir uma nova página em nossa existência. A página do perdão. PERDOAR É DIVINO. Julgar, criticar, condenar, odiar é quase demoníaco. Escrevi numa de minhas músicas: “Só quem erra faz jus ao perdão”. Continuo acreditando nessa premissa.

O NATAL é propício à reflexão e ao fortalecimento de princípios cristãos. Devemos além das nossas boas intenções, desenvolver boas atitudes aos nossos atos. A solidariedade é um caminho.

Dentro desse espírito o “Jornal de Guidoval” busca promover mais uma boa causa, conclamando os nossos conterrâneos a DOAR “um quilo de alimento, ou até mais” à Sociedade São Vicente de Paulo. Ela, benemérita e conhecedora das necessidades de nossa gente saberá redistribuir aos mais necessitados.

Eu farei a minha parte, nada mais que a minha obrigação. Faça a sua também. Aliás, poderia ser até uma rotina constante, todo mês fazermos a doação de alimentos à Sociedade São Vicente de Paulo.

É sempre bom lembrar: “Fica sempre, / Um pouco de perfume/ Nas mãos que oferecem rosas”.

Aproveito este espaço para desejar aos nossos leitores, irmãos, amigos e concidadãos: “Um NATAL com CRISTO e que o ANO de 2008 seja o melhor de nossas vidas”.

Encontro de alunos da Profª Élvia

No dia 26 de janeiro reuniram-se no Bar da Fatinha alunos que estudaram com a Profª Élvia Reis de Andrade,de 1961 até 1963, cursando do 2º ao 4º ano do Grupo Escolar.

O motivo do encontro era homenagear a querida professora “dos tempos de criança”. Muitos não se viam há mais de 45 anos.

Vieram conterrâneos de diversas cidades: Ângelo Pinto de Aguiar (São José dos Campos), Isaura Rosa Occhi Antunes e Francisco de Assis Matias (Juiz de Fora), Maria Célia Ribeiro Pinto Pacheco (Barbacena), Maria da Paz de Oliveira (São João do Meriti), Nélio Maciel de Queiroga (Betim), Rita de Cássia Barbosa Nunes (Rio de Janeiro), Rita de Cássia Barros (Leopoldina), Roberto Alves Vieira (São José do Vale do Rio Preto), Maria de Fátima de

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Oliveira Pereira Andrade e eu (Belo Horizonte). De Guidoval compareceram Cleusa Oliveira Camargo, Heloísa Mendonça Occhi Andrade, Margarida Gonçalves de Oliveira, Maria Inês Carvalho Azevedo e Neusa Lúcia Cruz Vital.

Os alunos e alunas, na maioria, trouxeram seus familiares (mãe, marido, filhos, filhas, genros, noras, cunhado) para participar do encontro. Família unida, bênçãos de longa vida... Ao todo, somaram-se 46 pessoas.

Alguns, impossibilitados de comparecer, manifestaram-se através de e-mails, cartas e telefonemas. São os casos da Vera Queiroz, que residindo na Inglaterra, mandou um comovente e-mail, lido durante o evento. A Rosália Ribeiro Ramos Geraldo, de Belo Horizonte, enviou através de Sedex um lindo presente, acompanhado de um cartão sentimental lido pela própria Élvia. O Paulo Sérgio dos Santos (Paulinho do Benjamin) telefonou-me de São João da Barra, RJ, justificando sua ausência. A Sandra Occhi, morando no Rio de Janeiro, mandou e-mail expressando a vontade de participar, mas compromisso assumido anteriormente impedia o seu comparecimento. O Jorge Avidago Andrade, de Palmas em Tocantins, também por e-mail, elogiou a iniciativa e a justa homenagem à sua Tia Élvia, esclarecendo que encargos profissionais impediam a sua presença.

A Élvia, inspirada mestra, deu uma aula aos presentes, chamando-a de “AULA DO AMOR”, recebendo de todos abraços, aplausos, prendas, carinho e mimos.

Os participantes deram depoimentos, contaram histórias, fatos marcantes e pitorescos. Até os jovens meninos Pedro Henrique, filho do Roberto Vieira, e Marcílio Vieira, meu sobrinho, fizeram os seus comentários.

A minha irmã Sueli Vieira, Diretora da Escola Estadual Cel. Joaquim Martins, lembrou que a Élvia, sem premeditar, preparou 47 anos atrás, este encontro com os seus alunos. Colheu os frutos da sementinha que plantou, há quase meio século, quando os educava com dedicação, entusiasmo e sabedoria.

O bom atendimento do Bar da Fatinha, a cerveja gelada, os tira-gostos de dar água na boca, contribuíram para o sucesso da reunião, que teve música, cantoria, muita prosa e confraternização. Foram momentos inesquecíveis e especiais. Perdeu quem não participou.

Devido ao sucesso desse encontro, recomendo que os nossos vereadores instituam no nosso calendário festivo o dia do “Reencontro de Professores e Alunos”, uma justa homenagem aos nossos abnegados mestres e educadores, sempre guardados em nossas boas lembranças. Uma boa ocasião para reminiscências e confraternizações. A data poderia ser o último sábado de julho, encorpando a Festa de Santana, na Quadra Poliesportiva “Antônio de Pádua Occhi”, ao lado do “Parque de Exposições Adauto Pacheco Ribeiral”. Se me convidar, eu vou!

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