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CIDADE - TNI

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Page 1: Textos compilados versao ebook 2013 ok

DEMOCRACIA PARTICIPATIVA, GESTÃO URBANA E

CAPITALISMO DE CRISI.

Organizações responsáveis:

CIDADE – Centro de Assessoria e Estudos Urbanos

(www.ongcidade.org)

TNI – Transbational Institute

(www.tni.org)

Page 2: Textos compilados versao ebook 2013 ok

Fundamentação e Descrição do Curso

No contexto da crise global, enquanto a democracia representativa enfrenta crescentes sinais

de ineficiência na gestão do capitalismo, multiplicar os espaços e tecnologias mediando a relação

entre Estado-Sociedade no campo da chamada democracia participativa, e sua promoção por várias

agências de cooperação para o desenvolvimento. É como se a democracia falhar devido a um defeito

intrínseco dos cidadãos, corrigível por meio de técnicas motivacionais e incentivos homeopáticos

administrados pelo Estado. Em contextos nacionais muito diferentes, os governos chamam para a

sociedade a dar o seu contributo para remediar a irremediável , absorver os custos dos bilhões de

dólares gastos para salvar bancos e incentivar a coesão social e identidades locais, nacionais no m a

mercantilização de bens e serviços públicos.

Os processos de democracia participativa, que floresceu na década de noventa foram

recebidos na fonte pelas forças progressistas como alternativas locais para a política de

desmantelamento dos programas sociais promovidos pelo neoliberalismo. Em particular, o

orçamento participativo surgido no Brasil e que chegou a disseminação regional e global, como

proposto emblemático do potencial da democracia participativa. No entanto, hoje está claro que as

experiências participativas mais recentes estão num beco sem saída. Observamos uma diferença

enorme entre a retórica e a prática de muitos dos governos que os implementam, e as classes mais

baixas nem sempre têm as condições necessárias para expandir suas habilidades organizacionais,

inteligência estratégica e pressão social.

Muitos ativistas progressistas ficar repetindo o monocórdio de “seguir em frente”, mas não

definiu como e onde. No sul do Brasil e do Rio da Prata a palavra ' rampa ' refere-se a um curto

corredor estreito, por onde o gado em movimento ordenadamente a ser marcado, castrados,

vacinados, pesado e definitivamente, que visa a abatido. A recente crise capitalista nos mostra que as

sociedades modernas chegaram a um ponto de ‘ inflexión’, com a real necessidade de uma mudança

de direção para sair da rampa. Em resposta à nova realidade, há uma tendência de alguns

movimentos sociais para desenvolver o que chamamos de ações integrais, ou seja, a recombinação de

ações em diferentes níveis: dentro e fora das instituições a nível local, nacional, regional e mundial,

envolvendo em diferentes níveis de governo e diferentes áreas do estado, os quais envolve a criação

de redes que vão além dos monopólios tradicionais de representação popular (união, comunidade ,

estudantes , etc) .

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A consideração da nova realidade social, o objetivo do curso é promover uma avaliação

crítica das novas experiências de gestão democrática participativa da gestão do Estado e da gestão

urbana, integrando três perspectivas de análise:

a) Crítica do monopólio administrativo da participação dos governos locais (municipal,

provincial ou estadual );

b) Crítica da contradição entre os projetos populares e democráticas chamados NPM (new

public management, nas suas diversas formas), ainda segue privilegiando o aparelhamento do

Estado no novo milênio ;

c) Crítica da democracia participativa reduzida a um sistema de sub- sistema político da

democracia representativa, o congelamento do estado democrático como um único e

indiscutível ( a compreensão do Estado básica de barganha por meio do qual as fontes de

poder institucional, econômica e social são justificadas, reforçado ou ‘embretadas’ ).

O curso está estruturado em 12 módulos, com especial ênfase para as fontes de energia mais

populares e de políticas públicas nas áreas de planejamento e gestão urbana, habitação social, meio

ambiente e segurança.

3. Módulos

1. Fontes teóricas sobre a democracia participativa. Descrição e análise crítica das diferentes

visões de democracia participativa presente nas discussões e projetos acadêmicos e políticos

contemporâneos relacionados com a ' reforma do Estado‘.

2. Por que o Banco Mundial apóia o orçamento participativo? Interpretação da suposta mudança

nas diretrizes do Banco Mundial desde o final dos anos noventa até o presente, a partir das

estratégias participativas de redução da pobreza" (Poverty Reduction Strategy Papers) e a posterior

aprovação do orçamento participativo como uma ferramenta de monitoramento , controle e impacto

nos orçamentos locais e regionais.

3. De soberania popular para a exclusão de participação. Discussão de rotação observada nas

duas últimas décadas, com a terceirização da comunidade política pública e sua relação com ações de

responsabilidade social das empresas, resultando em uma "cidadania nua" e a posterior

funcionalização da pobreza.

4. O espaço urbano: a crítica dos conceitos de exclusão e segregação. Reconstrução analítica

trajetória teórica dos estudos urbanos e recente atualização para entender os novos processos de

segregação sócio- espacial.

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5. O colapso do planejamento urbano nas grandes cidades. Análise crítica do esvaziamento e do

planejamento urbano por parte do governo e da natureza predatória de vida nas grandes cidades, com

referência à subordinação de desenvolvimento urbano para os interesses do capitalismo imobiliário.

6. A gestão dos bens comuns, a democracia participativa e o capitalismo. Discussão de

alternativas de gestão ambiental com base na participação popular, uma vez que o conflito entre os

vários atores sociais no espaço urbano e da precariedade do processo institucional.

7. A violência urbana, os movimentos sociais e os direitos de segurança. Análise crítica da

sensação de insegurança e medo de fatores de criminalização, com base na contribuição conceitual

de novas correntes criminológicas. Discussão sobre a existência de dois modelos de políticas de

segurança em disputa clara no debate contemporâneo: a abordagem tecnocrática-regulação (o direito

à segurança ) e a abordagem democrático -emancipatória ( segurança dos direitos ) .

8. Crise do Capitalismo e inflexão do projeto neoliberal. Discussão dos limites estruturais da

financeirização mundial como uma estratégia para o crescimento econômico , a crise mundial ea

possível alternativa à hegemonia dos EUA .

9. A democracia direta de capital. Crítica reduzindo parlamentar esfera pública política para um

estágio de mera ratificação de projetos promovidos por grandes empresas privadas, como por

exemplo, o planejando dos mega- eventos esportivos (Jogos Olímpicos e Copa do Mundo no Brasil).

10. Habitação social e mega-projetos. Análise do papel das políticas de habitação social na crise

capitalista global e expansão da democracia direta do capital em grandes áreas metropolitanas.

11. Alternativa progressista para a "nova gestão urbana. Avaliação das propostas e experiências

dos trabalhadores e a participação coletiva dos usuários na melhoria dos serviços públicos.

12. O surgimento de um novo paradigma na política urbana. Análise da nova emergência social,

política e econômica e o desenvolvimento de movimentos sociais integrados “e seu significado na

prática política das políticas públicas.

4. Idiomas do curso

O curso será executado em paralelo, Espanhol, Inglês e Português , com o apoio de materiais

de leitura e meios audiovisuais.

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APRESENTAÇÃO

Em 2007 realizou-se em Porto Alegre o Seminário Internacional “O Futuro da Democracia

Participativa: Correção Técnica ou Soberania Popular”, coorganizado pela CIDADE e TNI. Um dos

painelistas foi AramAharonian, então diretor da Telesur Venezuela. Uma das perguntas feitas a ele

fazia uma crítica feroz à Globo, maior rede brasileira de televisão. Era reivindicada a não renovação

da concessão estatal para o funcionamento da Globo. No Brasil, canais de TV e rádio são concessões

do Estado por prazo determinado, invariavelmente renováveis. Aharonian respondeu com outra

pergunta: E o que vocês teriam para colocar no lugar da Globo? Como ficariam seus milhões de

expectadores? A inversão de Aharonian causou um certo choque, pois colocava em questão a

satisfação de uma necessidade que se tornou tão vital quanto comer, vestir, morar e vender a força de

trabalho: a espetacularização da vida social, como em Fahrenheit 451, de RayBradbury. Obviamente

a rede Globo não teve sua licença cancelada, muito ao contrário.

O problema hoje é talvez o inverso, pois mesmo doses cavalares de espetacularização

parecem insuficientes, como mostra o transbordamento de ações performáticas para fora do reino da

passividade consumista individual nas redes sociais ou o sucesso de heróis psicopatas em as séries de

televisão mais populares. O próprio ideário da democracia participativa é que foi sendo

progressivamente pasteurizado e desidratado para caber nas fórmulas de gestão da pobreza e

governamentalidade cívica do Banco Mundial e agências de desenvolvimento em geral. Ainda assim,

quatro anos após aquele modesto seminário em Porto Alegre, milhões de pessoas em todo o mundo,

sobretudo no mundo árabe, na Europa e nos Estados Unidos, passaram a ocupar praças para

denunciar falhas irreversíveis na própria matriz da sociedade do espetáculo, o capitalismo.

Embora ainda reine muita confusão na interpretação do que vem sendo chamado como

capitalismo de crise (Robert Kurz,AnselmJappe), com alguns autores vendo mais um deslocamento

de “placas tectônicas” rumo ao oriente (Wallerstein), outros insistindo que se trata apenas de mais

uma crise gerada pela insistência na financeirização neoliberal (David Harvey) corrigível através de

uma melhor regulação estatal (Attac) e outros ainda, em crescente número, já reconhecendo que o

capitalismo acabou em algum momento em meados dos anos 70 mas que, apesar disso,

catastroficamente, continua sendo theonly game intown (Carl Cederströmand Peter Fleming).

Como não poderia deixar de ser, as exigências da valorização do valor impostas por

sucessivos novos paradigmas de produtividade terminam por minar de vez não apenas os

compromissos políticos de classe em que se baseavam os arranjos socialdemocratase seus

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simulacros, mas também o próprio espaço do político enquanto conflito e indeterminação. As

eleições transformam-se em meras escolhas logísticas para a única ação possível: reduzir custos

(impostos, meio ambiente, salários, saúde, educação, pensões e aposentadorias, etc.) efavorecer por

todos os meios possíveis os interesses do capital.

Como explicar que países como a China ou o Brasil invistam pesados recursos públicos para

viabilizar megaeventos (Olimpíadas, Copa do Mundo) quando seus sistemas de saúde pública, por

exemplo, são absolutamente precários e insuficientes? Porque é preciso primeiro gerar valor para

depois distribuir, ainda que ao preço de remover milhares de famílias em favor da especulação

imobiliária? Não é o Brasil um país que se orgulha de suas políticas de gestão da pobreza, não é a

China um país que defende o socialismo de mercado? Temos de reconhecer que não se tratam de

ações irracionais, mas de pura racionalidade de mercado, ainda que se revelem socialmente fascistas

(Boaventura Santos).

A ideia do presente curso surgiu da necessidade de reagirmos ao brutal esvaziamento do

espaço político e à redução da democracia a uma arapuca sem saída: escolher quem melhor pode

administrar o Estado de Exceção. Ao mesmo tempo que as experiências de democracia em geral dão

sinais de crescente inefetividade no contexto do capitalismo de crise, multiplicam-se ao infinito os

espaços e as tecnologias de mediação Estado - Sociedade no âmbito da chamada democracia

participativa, bem como a sua promoção por parte das agências de desenvolvimento. É como se a

democracia falhasse devido a um defeito cívico de seus cidadãos, corrigível por meio de técnicas

motivacionais e de incentivos adequados administrados homeopaticamente pelo Estado. Por toda

parte os governos convocam a sociedade a dar sua contribuição para remediar o irremediável,

reciclar uma outra vez os não rentáveis, absorver os custos inflacionários dos trilhões de ajuda aos

bancos, promover a coesão social e as identidades nacionais em meio à mercantilização generalizada

e predatória dos bens comuns.

Saudadas nos anos 90 como alternativas locais ao desmantelamento das redes públicas de

proteção social promovidas pelas políticas neoliberais, tendo como caso emblemático o exemplo do

Orçamento Participativo de Porto Alegre, a maior parte das experiências recentes de democracia

participativa encontra-se num brete. Não apenas se verifica um abismal hiato entre o discurso e a

prática de parte dos governos que as implementam, como tampouco as classes populares ampliam

sua capacidade de organização, inteligência estratégica e pressão social.

Como desenvolver uma práxis consistente para os tempos que se avizinham sem aprender

simultaneamente com os movimentos sociais antigos e recentes, bem como compreender melhor os

seus impasses e limitações? Pensado a partir do Brasil, o curso tal como proposto tem um sotaque

brasileiro muito forte, que esperamos seja provocador e não inibidor de um diálogo internacional.

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Estamos muito satisfeitos com a resposta ao nosso chamado. Recebemos 1.472 formulários

preenchidos de 122 países e todas as regiões do mundo: 632 da África, 331 da América Latina, 282

da Ásia, 181 da Europa, 36 dos Estados Unidos e Canadá, e 10 da Oceânia. Esperamos que este

curso vai se tornar um espaço para pensar juntos como não pasteurizado recuperar a essência da

democracia participativa, a fim de responder mais vigorosamente a crise do capitalismo.

Page 9: Textos compilados versao ebook 2013 ok

SUMÁRIO I. El marco conceptual de la democracia local participativa.

Autor: Daniel Chaves

Versão em Espanhol, clique aqui.

Versão em Inglês, clique aquí.

II. El banco mundial y la globalización de los presupuestos participativos.

Autor: Benjamín Goldfrank

Versão em Espanhol, clique aqui.

Versão em Inglês, clique aquí.

III. Porto Alegre neoliberal: a decapitação social-capitalista de líderes comunitarios e os

limites do novo gerencialismo público inclusive.

Autor: Sergio Baierle

Versão em Espanhol, clique aqui.

Versão em Portugues, clique aquí.

IV. Para (re) pensar a questão urbana.

Autor: Mário Lahougue

Versão em Portugues, clique aquí

V. Planejamento Urbano, Mercado e Projeto de Cidade.

Autor:João Rovati

Versão em Portugues, clique aqui.

VI. The Ecology of the Commons: Urbanization, and Participatory Democracy.

Autor: Dimitri Roussoupolos

Versão em inglês, clique aquí.

VII. Medo, (in) segurança e criminalização: do direito à segurança à segurança dos direitos.

Page 10: Textos compilados versao ebook 2013 ok

Autor: Eduardo Pazinato

Versão em Português, clique aquí.

VIII. Cidade de Execeção: Reflexões a partir do Rio de Janeiro.

Autor: Carlos Vainer

Versão em Português, clique aquí.

IX. O de fecho de um ciclo de Reforma Urbana.

Autora: Ermínia Maricato

Versão em Português, clique aquí.

X. Transformative RESISTENCE. The role of labour and trade unions in alternatives ti

privatisation.

Autora Hilary Wainright

Versão em Espanhol, clique aquí

Versão em inglês, clique aquí.

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