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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 698.254 PARAÍBA RELATORA :MIN. CÁRMEN LÚCIA RECTE.(S) : ESTADO DA PARAÍBA PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DA PARAÍBA RECDO.(A/S) : ROBSON MONS SOUZA ALVES ADV.(A/S) : EDSON BATISTA DE SOUZA E OUTRO(A/S) DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. OMISSÃO DO ESTADO. NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A OMISSÃO E OS DANOS SOFRIDOS. IMPOSSIBILIDADE DO REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal de Justiça da Paraíba: INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. TRAGÉDIA DE CAMARÁ. 1ª APELAÇÃO CÍVEL. DANOS MATERIAIS. NÃO COMPROVAÇÃO. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DESNECESSIDADE. PROVIMENTO NEGADO. 2ª APELAÇÃO CÍVEL. PREJUDICIAL DE PRESCRIÇÃO TRIENAL. INOCORRÊNCIA. REJEIÇÃO. MÉRITO. TRAGÉDIA DE CAMARÁ. OMISSÃO ESPECÍFICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TRANSAÇÃO. CARÁTER EMERGENCIAL E Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2494715.

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 698.254 PARAÍBA

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIARECTE.(S) :ESTADO DA PARAÍBA PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DA PARAÍBA RECDO.(A/S) :ROBSON MONS SOUZA ALVES ADV.(A/S) :EDSON BATISTA DE SOUZA E OUTRO(A/S)

DECISÃO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. OMISSÃO DO ESTADO. NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A OMISSÃO E OS DANOS SOFRIDOS. IMPOSSIBILIDADE DO REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

Relatório

1. Recurso extraordinário interposto com base no art. 102, inc. III, alínea a, da Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal de Justiça da Paraíba:

“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. TRAGÉDIA DE CAMARÁ.

1ª APELAÇÃO CÍVEL. DANOS MATERIAIS. NÃO COMPROVAÇÃO. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DESNECESSIDADE. PROVIMENTO NEGADO.

2ª APELAÇÃO CÍVEL. PREJUDICIAL DE PRESCRIÇÃO TRIENAL. INOCORRÊNCIA. REJEIÇÃO. MÉRITO. TRAGÉDIA DE CAMARÁ. OMISSÃO ESPECÍFICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TRANSAÇÃO. CARÁTER EMERGENCIAL E

Supremo Tribunal Federal

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 2494715.

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RE 698.254 / PB

ASSISTENCIAL DO PAGAMENTO. AFASTA O IMPEDIMENTO DE BUSCAR DEMANDA JUDICIAL. DANO MORAL. REDUÇÃO DE R$ 13.000,00 (TREZE MIL REAIS) PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). DANO MATERIAL CARACTERIZADO. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. PERCENTUAL DOS JUROS. CÓDIGO CIVIL DE 2002. ÍNDICE DE 1% AO MÊS. MODIFICAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997. INCIDÊNCIA DE JUROS APLICADOS À CADERNETA DE POUPANÇA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI 11.960/09 QUE DEU NOVA REDAÇÃO AO ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997. TERMO ‘A QUO’ PARA INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA. RESPONSABILIDADE AQUILIANA. DATA DO PREJUÍZO. SÚMULA Nº 54 DO STJ. APLICAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. DANOS MORAIS. DATA DA FIXAÇÃO. SENTENÇA CONCESSIVA. PROVIMENTO PARCIAL DA APELAÇÃO” (fls. 415-416).

2. O Recorrente alega que teria sido contrariado o art. 37, § 6º, da Constituição da República.

Sustenta: “A conduta omissiva afasta a regra da responsabilidade objetiva

do Estado, passando a vigorar a sua responsabilidade subjetiva, o que demanda a comprovação – além da conduta, do dano e do nexo causal – da culpa. Essa culpa, denominada pelos administrativistas de culpa anônima, é aquela imputada ao serviço público como um todo, não se individualizando na pessoa de um agente público determinado. Em outras palavras, na hipótese de omissão administrativa, a responsabilidade do Estado será sempre subjetiva, ou seja, incumbe à parte que se diz prejudicada provar que a Administração não agiu para impedir o dano, ou que, tendo agido, o fez de modo ineficiente, em desacordo com determinados critérios ou padrões” (fls. 439-440).

Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO.

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3. Razão jurídica não assiste ao Recorrente.

4. O Tribunal de origem decidiu a controvérsia nos termos seguintes:

“Não restam dúvidas ao analisarmos o vasto caderno processual que, de fato, estamos diante de uma omissão específica do Estado da Paraíba, qual seja, a fiscalização e manutenção da Barragem. Com isso, a responsabilidade de indenizar do ente público necessita de prova da ocorrência do ato danoso, omissão específica e nexo de causalidade entre ambos. Assim, temos que óbvia é a ocorrência do evento danoso, vastamente divulgado na imprensa falada e escrita. No que tange à omissão específica, a mesma se verificou já que há alguns meses a Barragem vinha apresentando problemas e não houve a prática de atos comissivos para a resolução do problema. Em relação ao nexo de causalidade, não carece maiores explanações devido à sua obviedade solar. Desta forma, o Estado foi negligente, imprudente, já que confiou na sorte, e até imperito, pois não previu as possibilidades da concretização do evento” (fl. 425).

Para se concluir de forma diversa seria necessário o reexame do conjunto probatório que permitiu ao Tribunal a quo julgar configurados o dano e a omissão estatal e, ainda, o nexo de causalidade entre eles. Esse procedimento, todavia, não pode ser validamente adotado em recurso extraordinário. Incide na espécie a Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal.

Ressalte-se, ademais, que o entendimento adotado pelo acórdão recorrido, não diverge da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

Confiram-se os seguintes julgados:

“Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º, da Constituição Federal abrange também os atos omissivos do Poder Público. Precedentes. 3. Impossibilidade de reexame do conjunto fático-

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probatório. Enunciado 279 da Súmula do STF. 4. Ausência de argumentos suficientes para infirmar a decisão recorrida. 5. Agravo regimental a que se nega provimento” (RE 677.283-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe 8.5.2012 – grifos nossos).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL. PROFESSORA. TIRO DE ARMA DE FOGO DESFERIDO POR ALUNO. OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA EM LOCAL DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ABRANGÊNCIA DE ATOS OMISSIVOS. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (ARE 663.647-AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe 6.3.2012 – grifos nossos).

“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO CONSTANTE DOS AUTOS. SÚMULA 279 DO STF. INCIDÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO. I – A apreciação do recurso extraordinário, no que concerne à alegada ofensa ao art. 37, § 6°, da Constituição, encontra óbice na Súmula 279 do STF. Precedentes. II - Agravo regimental improvido” (AI 825.414-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJe 4.3.2011).

“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO CULPOSA. ENUNCIADO 279 DA SÚMULA/STF. Agravo regimental a que se nega provimento” (AI 436.552-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 2.6.2011).

Não há, pois, o que prover quanto às alegações do Recorrente.

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5. Pelo exposto, nego seguimento ao recurso extraordinário (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).

Publique-se.

Brasília, 1º de agosto de 2012.

Ministra CÁRMEN LÚCIARelatora

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