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RECLAMAÇÃO 18.235 ESPÍRITO SANTO
RELATOR : MIN. GILMAR MENDESRECLTE.(S) :MUNICÍPIO DE VITÓRIA PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA RECLDO.(A/S) :TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 17ª
REGIÃO ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS INTDO.(A/S) :ADRIANA DE OLIVEIRA PEREIRA ADV.(A/S) :POLIANA FIRME DE OLIVEIRA INTDO.(A/S) :UNIRIO MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA ADV.(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
Decisão: Trata-se de reclamação constitucional, com pedido de liminar, ajuizada pelo Município de Vitória em face do acórdão proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, nos autos do processo nº 138800-46.2013.5.17.0004, o qual, ao afastar o disposto no § 1º do art. 71 da Lei 8.666/1993 , teria violado a orientação firmada por esta Corte no julgamento da ADC 16, ocasião em que se declarou constitucional o referido preceito.
A decisão reclamada reconheceu a responsabilidade do Município de Vitória na presente relação trabalhista. Transcrevo a ementa do referido acórdão:
“TOMADOR DE SERVIÇOS. CONDENAÇÃO SUBSIDIÁRIA. ENTE PÚBLICO. 1. O tomador dos serviços é responsável pelo descumprimento das obrigações trabalhistas assumidas pela 1.ª ré e não cumpridas, na medida em que exerce sobre a mesma, em virtude do contrato pactuado, poder diretivo dos serviços prestados, o que inclui, naturalmente, o poder de fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas. 2. Não é socialmente justo e, tampouco, jurídico que o tomador dos serviços, escorando-se em contrato de natureza civil, consiga esquivar-se de sua responsabilidade in eligendo e in vigilando, que se aplicável no âmbito do direito civil, com muito mais razão, aplica-se no direito do trabalho. 3. Não demonstrado o cumprimento de seu dever de fiscalização no
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Odocumento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 6520592.
RCL 18235 / ES
cumprimento das obrigações trabalhistas, deve ser reconhecida a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, em consonância com o entendimento cristalizado na Súmula n.° 331, item V, do Colendo Tribunal Superior do Trabalho”. (eDOC 6, p. 1)
Dispenso a remessa dos autos à Procuradoria-Geral da República, por entender que o processo já está em condições de julgamento (art. 52, parágrafo único, RISTF).
É o relatório.Decido.O art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993 foi declarado constitucional, no
julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade 16, Rel. Min. Cezar Peluso, Tribunal Pleno, DJe 9.9.2011. Confira-se a ementa do referido julgado:
“RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária. Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial do outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93. Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de constitucionalidade julgada, nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995”.
Dessa forma, considerada a ausência de fiscalização das obrigações constantes na Lei 8.666/1993, seria a reclamante responsável, subsidiariamente, pelos obrigações trabalhistas não adimplidas por empresa contratada para prestação de serviços.
Não há dúvidas, portanto, que a referida decisão encerra contrariedade ao quanto disposto no julgamento da ADC 16, que julgou constitucional o art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93, sem tecer qualquer ressalva
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acerca de sua aplicabilidade. O referido preceito dispõe sobre a impossibilidade jurídica de
transferência de responsabilidade à Administração Pública de encargos decorrentes do não cumprimento, pelo contratado, de obrigações trabalhistas, fiscais ou comerciais.
Ante o exposto, julgo procedente a reclamação, motivo pelo qual fica prejudicada a análise do pedido liminar, nos termos do art. 161, parágrafo único, do RISTF, para cassar o acórdão reclamado, proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 17ª região, nos autos da reclamação trabalhista nº 138800-46.2013.5.17.0004, no ponto em que reconheceu a responsabilidade subsidiária do Município de Vitória em face do inadimplemento de obrigações trabalhistas por empresa contratada para a prestação de serviços.
Publique-se. Brasília, 12 de agosto de 2014.
Ministro Gilmar Mendes Relator
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