texto para avaliação de seleção mestrado em meio ambiente e ... · palavras que o constituem...

64
1 Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional Apresentação Vida e educação são indissociáveis. Por isto o repasse de conteúdos oferecidos deve ter a convicção suficiente, que gere o desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes tais, que levem o educando a um espírito de compreensão e responsabilidades recíprocas, necessários num mundo dividido, mutável e ameaçado de extinção. O Brasil de Cabral a você Quinhentos anos nos separam do Brasil descoberto por Pedro Álvares Cabral. Tentemos imaginar o Brasil recém descoberto e pensemos em suas praias de águas cristalinas, areias imaculadas e uma vegetação exuberante. Todo aquele imenso território coberto com árvores, cortado por caudalosos e límpidos rios e habitado por peixes, pássaros, onças e índios, num convívio harmonioso e natural.... Poucos anos depois da visita de Cabral, nossas praias foram invadidas em busca do pau-brasil. Aos poucos, a nossa costa se cobriu de vilas e povoados. E começou a exploração, nem sempre racional. Vieram os ciclos da cana-de-açúcar, do ouro, do café, do cacau, do gado, da soja, das indústrias etc. Atualmente, somos mais de 170 milhões de brasileiros e substituímos milhares e milhares de hectares de vegetação natural por pastos, agricultura e cidades. Até quando a devastação dos ecossistemas brasileiros suportará tantas agressões em nome das necessidades e da sobrevivência do homem ? Quando a geração atual deixará a sua visão imediatista e se preocupará com as gerações futuras ? Alerta Geral na Biosfera As conseqüências da interferência do homem no meio ambiente são graves, atingindo, em maior ou menor escala, toda a humanidade. Dentre os principais problemas ambientais podemos ressaltar: 1. A ocupação desordenada do solo e formação de grandes núcleos populacionais, produzindo o caos urbano com problemas de habitação, trânsito, destinação de esgotos, lixo, etc. 2. O desmatamento, que é o causador de inúmeros problemas: perda da biodiversidade (extinção de populações ou espécies da flora e fauna), erosão, redução ou desaparecimento de nascentes e cursos d’água e desertificação. 3. O fogo, responsável pela extinção das diversas formas de vida, poluição, empobrecimento do solo, podendo contribuir, de maneira indireta, para o desaparecimento das nascentes e cursos de água, com a destruição da vegetação, além da desertificação. 4. A caça predatória, que leva à extinção de muitas espécies devido aos atrativos que representam, como a beleza do canto e das plumagens, utilização da carne e do couro. 5. A poluição da água pelo lançamento de substâncias orgânicas e inorgânicas, resultantes principalmente do esgoto doméstico, efluentes industriais e venenos utilizados na agricultura, tem comprometido sua qualidade para utilização pelas plantas, animais e para o

Upload: hangoc

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

1

Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional

Apresentação

Vida e educação são indissociáveis. Por isto o repasse de conteúdos oferecidos deve ter a convicção suficiente, que gere o desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes tais, que levem o educando a um espírito de compreensão e responsabilidades recíprocas, necessários num mundo dividido, mutável e ameaçado de extinção. O Brasil de Cabral a você Quinhentos anos nos separam do Brasil descoberto por Pedro Álvares Cabral. Tentemos imaginar o Brasil recém descoberto e pensemos em suas praias de águas cristalinas, areias imaculadas e uma vegetação exuberante. Todo aquele imenso território coberto com árvores, cortado por caudalosos e límpidos rios e habitado por peixes, pássaros, onças e índios, num convívio harmonioso e natural.... Poucos anos depois da visita de Cabral, nossas praias foram invadidas em busca do pau-brasil. Aos poucos, a nossa costa se cobriu de vilas e povoados. E começou a exploração, nem sempre racional. Vieram os ciclos da cana-de-açúcar, do ouro, do café, do cacau, do gado, da soja, das indústrias etc. Atualmente, somos mais de 170 milhões de brasileiros e substituímos milhares e milhares de hectares de vegetação natural por pastos, agricultura e cidades. Até quando a devastação dos ecossistemas brasileiros suportará tantas agressões em nome das necessidades e da sobrevivência do homem ? Quando a geração atual deixará a sua visão imediatista e se preocupará com as gerações futuras ? Alerta Geral na Biosfera As conseqüências da interferência do homem no meio ambiente são graves, atingindo, em maior ou menor escala, toda a humanidade. Dentre os principais problemas ambientais podemos ressaltar: 1. A ocupação desordenada do solo e formação de grandes núcleos populacionais, produzindo o caos urbano com problemas de habitação, trânsito, destinação de esgotos, lixo, etc. 2. O desmatamento, que é o causador de inúmeros problemas: perda da biodiversidade (extinção de populações ou espécies da flora e fauna), erosão, redução ou desaparecimento de nascentes e cursos d’água e desertificação. 3. O fogo, responsável pela extinção das diversas formas de vida, poluição, empobrecimento do solo, podendo contribuir, de maneira indireta, para o desaparecimento das nascentes e cursos de água, com a destruição da vegetação, além da desertificação. 4. A caça predatória, que leva à extinção de muitas espécies devido aos atrativos que representam, como a beleza do canto e das plumagens, utilização da carne e do couro. 5. A poluição da água pelo lançamento de substâncias orgânicas e inorgânicas, resultantes principalmente do esgoto doméstico, efluentes industriais e venenos utilizados na agricultura, tem comprometido sua qualidade para utilização pelas plantas, animais e para o

Page 2: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

2

uso humano. Por certo, a obtenção de água potável será o maior desafio para os próximos anos. 6. A poluição do ar pelas chaminés das fábricas, torres de refinarias de petróleo, pulverizações aéreas e, principalmente, queima de combustíveis em veículos , têm tornado o ar poluído e quase irrespirável, como nos pólos industriais e nas grandes cidades. 7. O uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura (herbicidas, inseticidas, fungicidas etc.) tem provocado inúmeros desequilíbrios ambientais com a intoxicação e morte de animais, plantas, microrganismos do solo, e até a morte do próprio homem, pelo contato direto com os venenos ou através da contaminação das plantas, animais, solo, água e ar. 8. A prática da agricultura sem preocupação com a aptidão agrícola e a capacidade produtiva dos solos, ao longo dos anos, sem reposição de nutrientes e matéria orgânica, favorecem os processos de erosão e levam o solo à exaustão em curto espaço de tempo. 9. O Lixo é outro grave problema urbano dos tempos modernos. A sociedade industrial cria, consome e descarta materiais de difícil decomposição, seja pela ação física (luz, temperatura, chuva), ou pela ação biológica. Plástico, borracha, vidros, latas e papéis, que se acumulam no ambiente, provocando desperdício de matéria prima, produto acabado e energia. Além disso podem contribuir para causar enchentes e contaminação dos cursos de água e dos lençóis freáticos. 10. As chuvas ácidas, provocadas pelo aumento da concentração de gases de nitrogênio e enxofre lançados na atmosfera, decorrentes da queima dos combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral. Além de afetar as plantas e as águas, causam danos nos monumentos históricos, pela ação dos ácidos sobre o mármore, concreto, metais, etc. 11. O aquecimento global, provocado com a introdução de quantidades excessivas de gases na atmosfera, pela atividade industrial e queima de combustíveis em veículos. Esses gases são capazes de absorver a radiação infravermelha, decorrente do aquecimento da superfície terrestre, provocado pela absorção da radiação solar. Como conseqüência pode haver um aquecimento excessivo do ar além de problemas causados pela natureza tóxica desses gases. É necessário distinguir aquecimento global do efeito estufa. O efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural, causado principalmente pelo vapor de água e gás carbônico (CO2), que são transparentes à luz solar, mas são capazes de absorver a radiação infra-vermelha. Esse efeito dificulta o resfriamento imediato da atmosfera, após o por-do-sol, evitando grandes variações diárias de temperatura. 12. A Inversão térmica é uma condição climática adversa, observada principalmente nas grandes cidades, em dias mais frios e com excessiva poluição do ar. Normalmente, o ar que se acha em contato com o solo é mais quente que o ar das camadas superiores, tendendo a subir e a dispersar os poluentes. No inverno, as frentes frias provocam um rápido resfriamento do ar junto ao solo. Nessas condições, esse ar mais baixo permanece mais frio e mais denso que o das camadas superiores; sendo mais denso, ele não tende a subir e, sem a movimentação do ar, os poluentes se concentram na camada mais próxima do solo, provocando diferentes tipos de doenças. 13. Buraco na camada de ozônio - a atmosfera é um envoltório gasoso da terra e se estende por setenta e cinco quilômetros a partir da superfície terrestre. O ozônio( 03) é um gás da

Page 3: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

3

atmosfera que absorve os raios ultravioleta emitidos pelo sol, funcionando como um escudo protetor da terra. O buraco da camada de ozônio é causado pela liberação de um composto químico - o clorofluorcarbono ou CFC - na atmosfera. Esse gás é quimicamente inerte, mas quando é lançado na atmosfera é quebrado pela radiação ultravioleta e os átomos de cloro reagem com o oxigênio do ozônio; este é decomposto e se forma o buraco. O CFC é largamente utilizado em embalagens de inseticidas, tintas, cosméticos, produtos de limpeza, aparelhos de ar condicionado, refrigeradores e geladeiras. A redução da camada de ozônio pode provocar câncer de pele, alterar o clima, interferir no desenvolvimento das plantas e contribuir para o efeito estufa. 14. Poluição sonora – provocada pelo excesso de ruídos, principalmente nas grandes cidades, que pode provocar deficiências auditivas, a fadiga e aumenta a incidência de estresse e neuroses na população. A unidade de medida do som é o decibel (dB). A escala dos decibéis é logarítmica - portanto, um som de dois dB é dez vezes mais intenso que um som de um dB. Para se ter uma idéia de sua escala, o som da voz humana sussurrando é de 20 a 50 dB. O som de uma conversa varia de 50 a 70 dB. Um trem em alta velocidade emite um som de 60 a 90 dB e um jato decolando gera um ruído entre 110 e 140 dB. 15. Poluição visual - é o excesso de cores e sinais nas placas e luminosos, que cansam a vista e causam perturbação. 16. Poluição radioativa - a energia nuclear é uma das alternativas para se garantir o abastecimento de energia nos próximos anos. A energia é obtida por fissão nuclear, onde os núcleos atômicos são bombardeados por certas partículas e se partem, liberando a energia que armazenam. O grande perigo são os resíduos, o lixo atômico e a possibilidade de vazamento de materiais dos reatores. A exposição de material radioativo pode provocar morte imediata, deformações congênitas e câncer, dependendo da intensidade e tempo de exposição. Por que a preocupação ambiental? O interesse mundial pelo ambiente decorre da constatação de que o avanço tecnológico tem sido associado, historicamente, à degradação do ambiente. É possível verificar que o desenvolvimento das nações modernas tem ocorrido em detrimento à conservação ambiental. Para planejar nossas ações é necessário associar princípios de Economia e Ecologia, duas ciências, que cuidam, em última análise, da “organização da casa”. Se não houver disciplina e racionalização no uso dos recursos naturais, solo e água, que consistem nos bens de produção, seja nos espaços urbanos ou rurais, como se poderá produzir bem, conservando os recursos naturais? O estudo das questões ambientais tenta resgatar a visão holística e a participação dos cidadãos na solução dos problemas ambientais, harmonizando as ações humanas em relação à sua própria espécie e aos demais seres vivos do planeta, bem como ao conjunto de fatores que compõem o ambiente.

Page 4: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

4

Conceitos Preliminares Meio ambiente O termo meio ambiente significa local habitável, seja natural ou construído. As duas palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são sinônimos e encerram noções de espaço físico que envolve os seres vivos, os componentes físicos e químicos do ecossistema. Ecossistema O ecossistema é o conjunto formado pelo ambiente físico, os seres que nele vivem e todos os fatores que nele atuam. A própria terra pode ser considerada um enorme ecossistema, formada por inúmeros ecossistemas menores. A floresta, a árvore, a folha podem ser considerados ecossistemas. Assim como os demais sistemas, seu funcionamento demanda uma fonte de energia, o sol, que fornece luz e calor, e um fluxo de energia, através das cadeias alimentares. Ecologia

Ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e o seu ambiente. Nos últimos anos a palavra ecologia teve seu uso ampliado, saindo do campo específico da biologia, para abranger outros significados, passando a denominar um amplo movimento social e político que busca a preservação do meio ambiente Desenvolvimento Sustentável Sustentável é aquilo que se pode manter, conservar; é o que se pode preservar, sem se esgotar. Desenvolvimento sustentável existe no mundo natural, na reciclagem da matéria. Os elementos químicos que formam o ar, as rochas, o solo e a água são utilizados inicialmente pelos produtores. Esses produtores servem como alimento para os consumidores primários, que por sua vez vão ser consumidos por outros consumidores pertencentes à cadeia alimentar passam pelas cadeias alimentares e os detritos, assim como os cadáveres são decompostos pelos microorganismos, principalmente bactérias e fungos, sendo devolvidos ao ambiente e assim estão prontos para serem reutilizados, em um processo contínuo. A reciclagem, palavra de ordem da natureza, é um dos fatores de equilíbrio e devia ser imitado pela sociedade humana. Pensar em desenvolvimento sustentável, requer, em primeiro lugar refletir sobre qualidade de vida. Muitas pessoas traduzem qualidade de vida como quantidade de produtos a serem consumidos e acumulados pelos indivíduos. Ao mesmo tempo comparam a natureza a um grande supermercado, onde os produtos estão dispostos para serem tomados, independentemente de suas características e possibilidades de renovação, e de sua articulação com os demais ítens nas outras prateleiras. Equilíbrio Ambiental Em condições naturais os ecossistemas se mantêm dinamicamente equilibrados. Esse equilíbrio pode ser entendido como um conjunto de interações que buscam o estado menos energético. O equilíbrio nos ecossistemas é dinâmico, compensando entradas e saídas de materiais e energia. Quando há qualquer interferência externa, como a ação antrópica, pode-se aumentar a quantidade de matéria e energia nesse ecossistema, criando-se uma situação momentânea de desequilíbrio até que a matéria seja processada e a energia consumida, como é o caso do lançamento de vinhaça nos rios. Pode-se também diminuir a

Page 5: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

5

quantidade de matéria e energia, com uma queimada, por exemplo. Em ambos os casos, quando cessam as perturbações, a tendência é que se estabeleça uma nova condição de equilíbrio. Porém certas ações podem gerar níveis de equilíbrio, desfavoráveis ao nosso bem estar e até à nossa sobrevivência. Isso poderá acontecer, por exemplo, em uma catástrofe nuclear, em que o ambiente poderá encontrar uma condição de equilíbrio onde poderão ser excluídas muitas espécies, inclusive a nossa. É preciso considerar que não somos necessários para o “equilíbrio ambiental” e que ele ocorrerá independente de nossas ações. É importante refletir, no entanto, que nós somos a única espécie que pode alterar drasticamente as condições ambientais. Se pretendemos viver em harmonia com outras espécies nesse planeta, é necessário começar a planejar nossa ações, tendo em vista que a lei da ação e reação governa o universo. Recursos Hídricos Três quartos da superfície da Terra são cobertos com água. Dessa água 97% está nos oceanos e 3% é água doce. Destes 3% de água doce, 2% formam geleiras inacessíveis, restando apenas 1% de água doce disponível, armazenada em lençóis subterrâneos, rios e lagos, distribuída desigualmente pela terra. O Brasil possui 8% do total de toda água doce disponível no planeta. A água pode ser considerada um recurso inesgotável, na maioria dos ecossistemas, enquanto houver uma fonte de energia solar capaz de fazê-la mudar de estado físico e circular no ambiente Os seres vivos podem ter até 98% de seus tecidos constituídos por água. O ser humano possui cerca de 63% de água em seu corpo. Todos os organismos vivos para terem seu metabolismo funcionando normalmente dependem da hidratação de suas células, sendo a água, portanto, essencial à sua sobrevivência. Os seres humanos utilizam os recursos hídricos principalmente para o abastecimento domiciliar, industrial, irrigação, produção de energia, navegação e destino final de despejos. Todas essas atividades, realizadas de forma irresponsável e mal planejadas, têm poluído as reservas hídricas com uma velocidade tão grande, que sua potabilidade poderá estar comprometida em poucos anos. A Educação Ambiental A Educação Ambiental é um processo participativo, onde o educando assume o papel de elemento central do processo ensino aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas e busca de soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da cidadania. Valores da Educação Ambiental A Educação Ambiental deve buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando o aluno a analisar criticamente o princípio antropocêntrico, que tem levado à destruição inconseqüente dos recursos naturais e de várias espécies. É preciso considerar que: - A natureza não é fonte inesgotável de recursos. Suas reservas são finitas e devem ser

utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a reciclagem como princípio vital.

- As demais espécies que existem no planeta merecem nosso respeito. Além disso a manutenção da biodiversidade é fundamental para nossa sobrevivência.

- É necessário planejar o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais, considerando que é necessário ter condições dignas de moradia, trabalho, transporte e lazer, áreas destinadas a produção de alimentos e proteção dos recursos naturais.

Page 6: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

6

Procedimentos da Educação Ambiental Isolada em si mesma, a questão ambiental não é problema, não é solução, não é nada. Ela só tem sentido quando está inserida em um contexto sócio-político-econômico que diz respeito, não somente ao Brasil, mas a todo o planeta. Aliado à tendência atual de se dar ênfase ao global, ao automático, ao descartável, ao supérfluo e ao trágico, o ser humano perdeu o senso de auto-estima, o senso crítico, o valor dos pequenos gestos, a importância das atitudes individuais, o valor das ações coletivas, a noção do perene e do eterno. Valores e compreensão não bastam. É preciso que as pessoas saibam como atuar, como adequar a sua prática a esses valores. Há que se aprender procedimentos muito simples, como a realidade que está a nossa volta, bem como a trama da vida, suas necessidades, seus vínculos, como formular hipóteses sobre essa realidade, como comparar as formas de agir e de pensar em relação à natureza, como formular e dimensionar as respostas e algumas soluções para tomadas de decisões.

Características da Educação Ambiental A Educação Ambiental apresenta várias características : 1. Processo dinâmico integrativo - é um processo dinâmico, que oportuniza a conscientização dos indivíduos e da comunidade sobre o ambiente, gerando conhecimento, valores, habilidades, experiência e determinação, tornando-os aptos a ação e resolução de problemas ambientais, individual ou coletivamente. 2. Transformadora - possibilita a aquisição de conhecimentos e habilidades capazes de propiciar mudanças de atitudes. Objetiva, ainda, a construção de uma nova visão das relações do ser humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas, capacitando-o para contribuir para uma convivência mais harmoniosa com sua espécie, respeitando as outras e construindo um ambiente mais saudável. 3. Participativa - atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, estimulando-o a participar dos processos coletivos. 4. Abrangente - extrapola as atividades internas da escola tradicional, envolvendo, também, a família e toda a coletividade. 5. Globalizadora - considera o ambiente em seus múltiplos aspectos : natural, tecnológico, social, econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral, ético e estético. 6. Permanente - tem um caráter permanente, pois a evolução do senso crítico e a compreensão da complexidade dos aspectos que envolvem as questões ambientais se dão de um modo crescente e contínuo. 7. Contextualizadora - atua diretamente na realidade de cada comunidade, sem perder de vista a sua dimensão planetária (“Aja localmente, pense globalmente” ).

Page 7: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

7

8. Transversal - num planeta como a terra, todas as formas de vida são dependentes e interdependentes do cenário que as rodeia, permitindo que os elementos cognitivos se enquadrem perfeitamente em várias disciplinas. A Educação Ambiental deve ser efetivada de maneira envolvente, deixando-se interpenetrar e interpenetrando as várias disciplinas, explorando mais o afetivo do que o cognitivo e servindo como um elo para a interdisciplinaridade. Objetivos da Educação Ambiental - Conhecimento dos princípios básicos relacionados ao ambiente, bem como as leis e

fatos naturais e humanos que condicionam a realidade ambiental. - A interação histórica e cultural dos grupos humanos com os elementos naturais. - O incentivo da adoção de posturas sociais e pessoais que levem a interações

construtivas, justas e sustentáveis. - Observação e análise de fatos e situações do ponto de vista ambiental, atuação reativa e

propositiva, garantindo um ambiente saudável e vida de boa qualidade em níveis local, regional e global.

Legislação Ambiental É ilusão pensar que os problemas ambientais possam ser resolvidos somente pela educação. A existência de boas leis conservacionistas e, muito mais do que isto, a justeza na aplicação destas, cria oportunidades para mudar atitudes diante da natureza. Permitir que tais leis não sejam cumpridas é deseducar e anarquizar as relações entre a riqueza natural do país e a população. No Brasil, a preocupação com a conservação e a preservação dos recursos naturais renováveis remonta aos idos de 1907, quando a primeira versão do Código das Águas foi apresentada à Câmara Federal, aprovada em segunda discussão e teve sua tramitação interrompida. Em 1915 foi criado o primeiro Serviço Florestal no estado de São Paulo. Mais tarde, em 1934, foi promulgado o Código das Águas, que se mantém até os dias de hoje, complementada pela Lei 9433/97. Também é de 1934 o primeiro Código Florestal do Brasil, pela Lei 4771, de 1965, que implantou o novo Código Florestal que vigora até hoje. A Lei 4504, conhecida como o Estatuto da Terra, sancionada em 1964, veio integrar, juntamente com o Código de Caça e Pesca, um complexo conjunto de instrumentos legais. Atualmente, existe um elenco de leis e legislações federais, estaduais e municipais, com objetivos diferentes e muitas vezes conflitantes nas suas aplicações. Existe um sistema de meios punitivos com a finalidade de coibir a degradação e o uso irracional dos recursos naturais, podendo ser realizado através de uma ação civil pública. A Lei 7347( 24/07/85) impõe a responsabilidade por danos causados ao meio ambiente e recursos hídricos ao cidadão, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Tal lei representou uma grande evolução na proteção dos recursos naturais, possibilitando os prejudicados a reclamar da justiça os seus direitos. O Mandato de Segurança (Lei 1533/51) permite que pessoas físicas e jurídicas ingressem em juízo, buscando a proteção do direito civil ou coletivo. Segundo a Lei 4717/65( Lei de Ação Popular) , todo cidadão pode recorrer à jusstiça para obter a invalidação de atos administrativos ou fatos que possam ser lesivos ao patrimônio público, histórico e cultural, à moralidade administrativa e ao meio ambiente. Há muitos anos existe uma preocupação em todo o mundo com a defesa do meio ambiente, sendo crescentes os movimentos ambientalistas e propostas governamentais, objetivando a sua proteção. O aumento dessa consciência ecológica vem, aos poucos, surtindo seus efeitos, mesmo que precariamente, em vista das dificuldades encontradas na fiscalização dos crimes contra a

Page 8: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

8

natureza em extensas áreas, principalmente em países de grande extensão territorial, como é o caso do Brasil. Há muitas leis em nosso País que protegem a fauna e a flora e prescrevem punição para os vários tipos de poluição. Tais leis são mal aplicadas, principalmente contra as unidades de proteção e se torna um trabalho difícil. Quase sempre é mais fácil regulamentar as causas e as fontes do que reparar as conseqüências. A agressão ao meio ambiente é fruto da grave injustiça que existe nas relações entre os grupos dominantes e dominados, no interior da maioria dos países pobres e da evidente desigualdade entre os países desenvolvidos e os periféricos. A tecnologia, o desenvolvimento e o avanço do conhecimento científico fazem com que as nações do Primeiro Mundo avancem em progressão geométrica, enquanto as nações periféricas ou ficam estagnadas ou avançam em progressão aritmética, distanciando-se cada vez mais dos primeiros. Isso evidencia a implicação de riscos da concentração de problemas ambientais nos países periféricos, onde a educação, a saúde, a habitação, o sistema produtivo e o apoio ao conhecimento são completamente relegados ao um plano inferior. É imperioso que o exercício da cidadania seja consolidado , na busca incessante da sistemática e eficiente participação na organização social, política, e jurídica de cada cidadão, que com a ajuda de sua comunidade se fortalecerá e fará prevalecer os seus direitos. É necessário que se cumpra e se faça cumprir a legislação existente. No Brasil, quem aplica as leis é o Estado, mas o próprio Estado pode ser o causador ou estar conivente com muitos crimes contra a natureza, pois é ele que constrói estradas, aeroportos, barragens para produção de energia. Numa democracia, é saudável e até indispensável que os cidadãos se unam em associações para garantir, juntamente com as autoridades competentes, a defesa do meio ambiente. Em alguns países, a eficiência do Estado na fiscalização de crimes contra a natureza é controlada pela justiça; o Estado pode ser condenado a pagar indenizações por omissão. É preciso, pois, informação e educação, para se ter cidadãos ativos. Somente assim as leis de proteção ambiental passarão à condição de direito fundamental de todos os cidadãos. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988, em seu artigo 5º, inciso LXXIII, estabelece que: " Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao MEIO AMBIENTE e ao patrimônio histórico e cultur al, ficando o autor, se comprovada má fé, isento de custas judiciais e do ônus de sucumbência." Ainda no Capítulo VI - DO MEIO AMBIENTE - Artigo 225 , a proteção ao meio ambiente ganha destaque especial. Artigo 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. $ 1º . Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e dos ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; VI - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

Page 9: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

9

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. $ 2º . Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. $ 3º . As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. $ 4º . A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal mato-grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional e a sua utilização far-se-á na forma da lei, dentro das condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. $ 5º . São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. $ 6º . As usinas que operam com reator nuclear deverão ter sua localização definida por lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. OBSERVAÇÃO: Os ecossistemas de Cerrado e a Caatinga não foram contemplados no texto da lei. Código Florestal - Lei 4.771 de 15/09/65 Art. 1º - As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, excedendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. Art. 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e as demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal, cuja largura mínima será: 1) de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; 3) de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor da lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d’água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura; d) no topo dos morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou parte destas, com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas; a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; i) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo

Page 10: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

10

o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. Art. 3º - Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar as faixas de proteção ao longo das rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares de fauna e flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem-estar público. $ 1º - A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. : Art. 10º - Não é permitida a derrubada de florestas situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45 graus, só sendo nelas toleradas a extração de toras quando em regime de utilização racional, que vise a rendimentos permanentes. : Art. 26 - Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de um a cem vezes o salário mínimo mensal do lugar e da data de infração ou ambas as penas cumulativamente: a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo em formação, ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei; b) cortar árvores em florestas de preservação, sem permissão da autoridade competente; c) penetrar em florestas de preservação permanente, conduzindo armas, substâncias ou instrumentos próprios para caça proibida ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem estar munido de licença da autoridade competente; d) causar danos aos Parques Nacionais,, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas Biológicas; e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas; f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação; g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação; h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto, até final beneficiamento; i) transportar ou guardar madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem licença válida para todo o tempo de viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente; j) deixar de restituir à autoridade licenças extintas pelo decurso de prazo ou pela entrega ao consumidor dos produtos procedentes de florestas; l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeça a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas; m) soltar animais ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade não penetre em florestas sujeitas a regime especial; n) matar, lesar ou maltratar de qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte;

Page 11: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

11

o) extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais; p) transformar madeiras de lei em carvão, inclusive para qualquer efeito industrial, sem licença da autoridade competente. : : : Lei de Proteção à Fauna - Lei 5.197 de 03/01/67 Art. 1º - Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vive naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, são propriedade do Estado, sendo proibido a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. $ 1º - Se peculiaridades regionais comportarem o exercício da caça, a permissão será estabelecida em ato regulamentador do Poder Público Federal. $ 2º - A utilização, perseguição, caça ou apanha de animais da fauna silvestre em terras de domínio privado, mesmo quando permitidas na forma do parágrafo anterior, poderão ser igualmente proibidas pelos respectivos proprietários, assumindo estes a fiscalização de seus domínios. Nestas áreas, para a prática do ato de caça o consentimento expresso ou tácito dos proprietários, nos termos dos arts. 594, 595, 596, 597 e 598 do Código Civil. Art. 2º - É proibido o exercício da caça profissional. Art. 3º - É proibido o comércio de espécimes da fauna silvestre e de produtos que impliquem a sua caça, perseguição, destruição ou apanha. : : : Lei dos Crimes Ambientais A mais recente lei ambiental (Lei 9605 de 12/02/98) é a lei dos crimes ambientais, cujos alguns artigos são citados a seguir.

Lei de Crimes Ambientais

Capítulo I Disposições Gerais

Art. 2o - Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática quando podia agir para evitá-la.

Art. 3o - As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Capítulo II

Da Aplicação da Pena Art. 6o - Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente

observará: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências

para a saúde pública e para o meio ambiente;

Page 12: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

12

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 7o - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de

liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a

quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do

condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Art. 8o - As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. Art. 9o - A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado

de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

: Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vitima ou à

entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil, a que for condenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou

limitação significativa da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente, do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle

ambiental. Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou

qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambienta; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio

ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

Page 13: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

13

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas

públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades

competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

: Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se

ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. :

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3o, são:

I - multa; II - restritivas de direitos; III - prestação de serviços à comunidade. Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,

subvenções ou doações. Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Capítulo III Da apreensão do Produto e do Instrumento de Infração Administrativa ou de

Crime Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos,

lavrando-se os respectivos autos. § 1o -Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos,

fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2o - Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.

§ 3o - Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

Page 14: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

14

§ 4o - Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem.

Capítulo IV

Da Ação e do Processo Penal Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de

aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei no

9.099, de 26 de setembro de 1995 somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. :

Capítulo V

Dos Crimes contra o Meio Ambiente

Seção 1 Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 1o - Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a procriação da fauna sem licença, autorização ou em desacordo

com a obtida; II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; III - quem vende, expõe à venda exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou

depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2o - No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

§ 3o - São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

§ 4o - A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no

local da infração; II - em período proibido à caça; III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V - em unidade de conservação; VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em

massa. § 5o - A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça

profissional. § 6o - As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca. Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a

autorização da autoridade ambiental competente: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Page 15: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

15

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 32. Praticar ato de abuso, maustratos, ferir ou mutilar animais silvestres,

domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1o - Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em

animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2o - A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o

perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou água jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: I - quem causa degradação e viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio

público; II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença,

permissão ou autorização da autoridade competente; III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos

de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados

por órgão competente: Pena - detenção, de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores

aos permitidos; II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de

aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da

coleta, apanha e pesca proibidas. Art. 35. Pescar mediante a utilização de: I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito

semelhante; II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente: Pena - reclusão de um ano a cinco anos. Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar,

extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de

animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Seção II Dos Crimes contra a Flora

Page 16: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

16

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente sem

permissão da autoridade competente: Pena - detenção, de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de

que trata o art. 27 do Decreto no 99.274 de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 1o - Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas

Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público.

§ 2o - A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.

§ 3o - Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano,

e multa. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar

incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação

permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato

do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,

carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em

depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produto de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou de armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 48. Impedir ou dificultar regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 49. Destruir, danificar, lesar o maltratar, por qualquer modo ou meio plantas de

ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as pena

cumulativamente.

Page 17: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

17

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa. Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora

de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 51. Comercializar motoserra o utilizá-la em florestas e nas demais formas de

vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou

instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um

terço se: I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação

do regime climático; II - o crime é cometido: a) no período de queda das sementes; b) no período de formação de vegetações; c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra

somente no local da infração; d) em época de seca ou inundação; e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção III Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1o - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 2o - Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea,

dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população. III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento

público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos,

óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 3o - Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de

adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. :

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas: I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente

em geral;

Page 18: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

18

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem; III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se

do fato não resultar crime mais grave. Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte

do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano

agricultura, à pecuária, à fauna, à flora o aos ecossistemas: Pena - reclusão, de um a quatro anos e multa.

Seção IV Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar

protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, multa. Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente

protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Mitos e Reflexões Sobre o Meio Ambiente

Muitos são os mitos que fazem parte do nosso relacionamento cotidiano com o ambiente. Tais situações prejudicam o nosso relacionamento com a natureza e impedem-nos de rever nossas atitudes. Mito ... tudo o que faz mal ao homem deve ser morto e erradicado. Por que Deus teria criado certas plantas e certos animais que não servem para nada ?... Reflexão ... o ser humano precisa desenvolver um comportamento ético com relação à natureza, adotando modelos de desenvolvimento sustentável. Nenhum ser vivo existe por acaso. Os conceitos de útil e nocivo, baseados unicamente nos interesses do ser humano, fazem com que a criança cresça achando que ela pode matar ou destruir tudo aquilo que ela passa a considerar não útil ao seu próprio interesse. No ciclo da cadeia da vida, todos os seres vivos são úteis a seu modo. Cada ser vivo é necessário para a continuidade da vida na terra e, assim, deve ser compreendido e respeitado.

Page 19: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

19

Mito ... a miséria das pessoas favorece e estimula a degradação ambiental; as comunidades localizadas nos bairros e nas favelas provocam a destruição e estimulam mais a miséria. Reflexão ... quando se fala em ambiente, a discussão passa pelo modelo de desenvolvimento econômico, pela distribuição de renda, pela especulação imobiliária, que obriga as massas humanas menos favorecidas a se deslocarem para as áreas mais afastadas, muitas vezes invadindo e destruindo florestas e reservas naturais. Mito ... a questão ecológica ou ambiental deve restringir-se à preservação dos ambientes naturais intocados e ao combate à poluição; as demais questões, envolvendo saneamento, saúde, cultura e qualidade de vida são situações que fogem à alçada dos educadores ambientais. Reflexão ... A questão ambiental envolve o ambiente em todos os seus aspectos. Tratá-la implica tratar toda a complexidade da ação humana; por isso é um tema transversal, interdisciplinar, e só se consolida quando tratada como um todo, pois afeta e é afetada diversas áreas: educação, saúde, saneamento, agricultura, transportes, etc. Mito ... como manter as necessidades sempre crescentes da população sem prejudicar a natureza ? Pantanal, Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, restingas, mangues e Caatinga deveriam ficar intocados eternamente para preservar os seus segredos e garantir a sobrevivência das futuras gerações ? Reflexão ... a chave da conservação ambiental não é o assistencialismo preservacionista. A natureza não pode ser tratada como uma parceira inerte e passiva, como uma peça de museu, protegida e imune à ação do tempo e dos seres humanos. A natureza é dinâmica e reativa, que merece ser tratada como uma força viva e dadivosa, uma parceira. Sempre disponível, mas sem perder a noção de seus limites. O ser humano precisa perceber que é uma das espécies da natureza e que depende da natureza para sobreviver. Mito ... os que defendem o meio ambiente são pessoas radicais, fanáticas, poetas, efeminados, inocentes-úteis que se mantêm alienadas da realidade, sonhadores com um paraíso inexistente. Tais pessoas ignoram as necessidades para manter o desenvolvimento e defendem posições que só perturbam quem realmente produz. Reflexão ... é consenso entre os ambientalistas a necessidade de se promover um desenvolvimento sustentável. Por certo, os que defendem o meio ambiente se preocupam com o modelo de desenvolvimento, com o crescimento econômico, mas, principalmente, com a exploração racional e responsável dos recursos naturais, de forma a garantir a sobrevivência das futuras gerações. Todo o cidadão tem o direito de viver num ambiente

Page 20: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

20

saudável, respirar ar puro, beber água limpa, enfim, ter uma qualidade de vida saudável. Defender esses direitos é dever de todos e não uma questão de privilégio. Mito ... é um luxo e um despropósito defender a vida do mico-leão dourado e da baleia, enquanto milhares de criancinhas morrem de fome em todo o mundo. Reflexão ... tal argumento seria válido se, para salvar a vida de inúmeras criancinhas, fosse necessária a extinção de algumas espécies. A situação das crianças famintas e a sobrevivência dos animais não é competitiva nem conflitante. O problema e as soluções para a desnutrição são de outra ordem e a sua importância não diminui a preocupação com as espécies em extinção. Além disso, aqueles realmente interessados na preservação dos micos geralmente também se preocupam com a melhoria das condições de vida das populações carentes; também denunciam as condições sociais injustas e indignas. Mito ... a natureza é idealizada como uma situação de harmonia e de equilíbrio. Como concordar com tais premissas se os animais se atacam e se devoram ou se existem vulcões, terremotos, vendavais etc. ? Reflexão ... A harmonia é um conceito dinâmico e, não, estático. Se bem percebermos, existe harmonia nos movimentos, nas contínuas transformações. Todo movimento, todo crescimento, toda transformação, em princípio, caminha para um estado de equilíbrio. O impulso de sobrevivência que leva um animal a matar outro favorece a manutenção desse equilíbrio na natureza. Os animais predadores matam para se alimentar ou se defender. Quanto aos fenômenos naturais, entende-se como um processo que está em contínua transformação, na busca incessante do equilíbrio. TRANSVERSALIDADE A visão dos especialistas Com a expansão do conhecimento científico e o conseqüente desenvolvimento de novas tecnologias, o saber acumulado se fragmentou, dando lugar às especializações. O conhecimento se tornou cada vez mais particular e específico e os especialistas das diferentes áreas foram perdendo a noção do todo, a visão global das coisas. A busca da unidade A exigência de mercados competitivos, consumidores mais exigentes, a busca cada vez maior pela qualidade, bem como o aumento da percepção da complexidade das questões técnicas, sociais e políticas, levou à formação de equipes multidisciplinares e à retomada da visão global das questões, propostas e soluções. Esse fato se reflete sobre a escola, que busca integrar as diversas disciplinas, no sentido de unificar o conhecimento para interpretar melhor a realidade. A interdisciplinaridade Todas as formas de vida são dependentes e interdependentes do cenário que as rodeia. Por esse motivo existem elementos cognitivos que se enquadram perfeitamente em

Page 21: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

21

várias disciplinas. Os conceitos, métodos e técnicas das várias disciplinas devem ser recíprocos e complementares. A Educação Ambiental deve deixar-se interpenetrar e interpenetrar as várias disciplinas, devendo ser ensinada de maneira envolvente, explorando os aspectos afetivo e cognitivo e servindo como um elo de integração entre as disciplinas, contribuindo para a visão global das questões. Estratégias de Educação Ambiental Não-formal Nenhum cidadão precisa ter carteirinha do Green Peace, nem precisa ir à Amazônia ou ao Pantanal, ser manchete na televisão ou nos jornais para assumir a defesa, pública ou pessoal, em favor da natureza. Qualquer cidadão verá que, bem mais perto do que imagina, estão acontecendo outras agressões menos espetaculares, mas, nem por isso, menos danosas. Na casa, no trabalho, na escola, no trânsito, na praia, nas compras, nas estradas e em inúmeras situações do dia-a-dia, todos podem fazer alguma coisa para melhorar a qualidade de vida. Por certo, a natureza agradecerá por cada gesto, simples que seja. Existem ações que podem ser realizadas dentro ou fora do ambiente escolar. A listagem sugerida poderá ser acrescida de acordo com a necessidade, a realidade e a criatividade de cada um. Nesse processo deve-se considerar o envolvimento da comunidade. Em todas as áreas envolvidas existem profissionais locais que estarão dispostos a participar. . Plantio de mudas de frutíferas e de essências nativas - estimular o plantio de árvores em ruas, praças, propriedades rurais e à margem de rodovias. Sempre que possível, as mudas deverão ser produzidas e plantadas pelos próprios alunos e, a cada evento, como formatura, conclusão de série ou de ano letivo ou alguma comemoração, deverá ser plantada, pelo menos, uma árvore. . Identificação das espécies nativas da região - pesquisar as plantas nativas da região, estudando-lhes o nome, utilização, histórico, épocas de floração e frutificação, outras áreas de ocorrência etc. Confeccionar um pequeno herbário, com identificação. . Adotar o verde - ao se plantar a muda de uma árvore, escolher um padrinho que vai comprometer-se a zelar e proteger a árvore. O local de plantio deverá estar protegido de animais e crianças e conter uma placa de identificação. . Oferta verde - presentear colegas, professores, diretores, familiares e amigos com mudas ou vasos com plantas. Sempre colocar uma mensagem relacionada com conservação ambiental. . Decoração verde - decorar os corredores e espaços vazios com vasos e jardineiras. A presença do verde e das flores faz muito bem às pessoas. . Correio verde - escrever para entidades ambientalistas e solicitar jornais, revistas e outros materiais de informação ambiental. É muito agradável a troca de correspondências, envolvendo a permuta de postais, cartazes, sementes, selos etc. . Concurso do verde - promover concursos e exposições de hortas, jardins e plantas ornamentais. Numa forma de concorrência sadia entre as pessoas, promover concursos de redações, cartazes, painéis, jornais, slogans, logotipos, sementes e plantas. . Campanha do verde - promover campanhas sobre o meio ambiente, aproveitando as festas do calendário ( Dia Mundial do Meio Ambiente = 5 de junho; Dia da Árvore = 21 de setembro; Dia das Aves = 5 de outubro) e desenvolver atividades religiosas, esportivas, distribuição de mudas, mutirões de limpeza, queima pública de material apreendido pela Polícia Florestal etc. . Denúncia e abaixo-assinado - mobilizar a comunidade através de palestras, circulares, meios de comunicação e encaminhamentos às autoridades sobre agentes e ações danosas ao meio ambiente.

Page 22: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

22

. Jornal- mural - distribuir turmas ou grupos de alunos para recortar, montar e redigir artigos sobre o meio ambiente, destacando os problemas do bairro e da cidade. Propor uma entrevista com uma autoridade ligada ao assunto e propor sempre as possíveis soluções para os problemas apontados. . Uso da imprensa escrita e falada - fazer com que os problemas ganhem notoriedade pública para motivar a comunidade. . Promover exposições de selos, quadros, cartazes e vasos relacionados com o meio ambiente. . Limpeza da escola e locais públicos - promover mutirões de limpeza, acompanhados de campanhas. “Abaixo o Sujismundo; Mais importante que limpar é não sujar”, criando hábitos de limpeza e higiene nas pessoas. . Campanhas sobre coleta seletiva e aproveitamento de lixo. Promover uma feira de trocas: roupas, livros, discos, revistas etc. - aparentemente descartáveis e com destino certo ao lixo - poderão ser vendidos, trocados, doados, reutilizados ou reciclados. . Promover caminhadas ou passeios ciclísticos em trilhas, cachoeiras, parques, zoológicos, em atividades livres ou orientadas, para estabelecer um contato íntimo com a natureza. . Levantamento de problemas ambientais (na escola, bairro, cidade, região, etc), incluindo as seguintes etapas: diagnóstico, busca de informações sobre o tema, identificação de parcerias, levantamento das alternativas, planejamento de estratégias, implantação, acompanhamento, avaliação, emissão de relatórios e eventos para divulgação do processo, como exposições, workshops, etc. Ameaças de Extinção Fauna Silvestre Ao longo de sua evolução e adaptação ao meio ambiente, o homem fez uso de diversos animais para melhorar sua condição e garantir a sua sobrevivência. Para tal, domesticou muitos animais que hoje existem e sobrevivem sob os cuidados ou às expensas do ambiente humano: são os animais domésticos. Aqueles que vivem sem a interferência do homem são os animais selvagens. Constituem a nossa rica fauna selvagem a onça-pintada e parda, a capivara, o jacaré, o veado, o lobo-guará, a paca, a anta, a cutia, o macaco, o tamanduá, o porco-espinho, a cobra, etc. Não existem no Brasil e não fazem parte da nossa fauna selvagem o leão, o tigre, a girafa, o hipopótamo, o urso, o canguru, o gorila etc. 1. Cadeia Alimentar Na natureza, cada ser vivo desempenha funções específicas que se interrelacionam, formando um equilíbrio dinâmico. A existência de um indivíduo no meio ambiente favorece ou controla a existência de outros indivíduos, gerando uma complexa cadeia alimentar. A retirada de um destes componentes da cadeia alimentar certamente leva a desequilíbrios momentâneos e posteriores níveis de equilíbrio, que podem ser diferentes do anterior. O novo nível de equilíbrio estabelecido pode ser desfavorável a determinadas espécies. É fácil imaginar o desastre se forem eliminados todos os sapos, as aves insetívoras, os lagartos e as corujas de uma determinada região; ou se todos os insetos fossem eliminados. Nas áreas onde a flora e a fauna não sofreram interferência humana, há controle climático, edáfico ou biológico sobre a formação de superpopulações de determinadas espécies. Esse controle é mais pronunciado nos ecossistemas tropicais e subtropicais, onde as condições climáticas mais favoráveis à vida proporcionam a existência de maior biodiversidade. Mais espécies de organismos significa maior competição, predação, parasitismo e, conseqüentemente, populações menos numerosas. Em

Page 23: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

23

climas temperados e nas regiões mais próximas aos pólos o rigor climático seleciona poucas espécies capazes de sobreviver. Consequentemente as cadeias alimentares são menos complexas, as populações alcançam, periodicamente, maior número de indivíduos e depois sofrem reduções bruscas, em função de anos mais ou menos favoráveis à sobrevivência, devido às condições climáticas e a disponibilidade de alimentos. A oscilação no número de indivíduos das populações é muito maior que nos ecossistemas tropicais e subtropicais. 2. Alimentação Humana A alimentação talvez seja a atividade humana mais antiga de utilização da fauna pelo ser humano. Atualmente, muitos animais são domesticados para esse fim e novas tecnologias são desenvolvidas para melhorar a eficiência da produção animal. Os animais domésticos foram selecionados e melhorados geneticamente a partir de animais selvagens. Vários tipos de criações, com o fim único para alimentação, envolvendo diferentes grupos animais, são desenvolvidas: piscicultura (peixes), cunicultura (coelhos), ranicultura (rãs), avicultura (frangos), suinocultura (porcos), caprinocultura (cabras) e muitas outras. Curiosidade: No início do processo de domesticação das vacas, a produção diária de leite não ultrapassava 1 litro, em comparação aos mais de 50 litros de leite, possíveis de serem obtidos atualmente. Os avanços na avicultura permitem obter um exemplar de um frango de dois quilos, em apenas 45 dias, em comparação ao "frango caipira", que obtém o mesmo peso, após oito meses ou mais. Entretanto, para a saúde humana ainda é considerada mais saudável a alimentação natural. 3. Outros uso para o homem A utilização de animais na confecção de roupas e outros artefatos é uma atividade humana bem antiga. A pele, couro e penas são utilizados na confecção de roupas, cintos, sapatos, estofamentos, fantasias etc.. Normalmente se usam peles de ovelha, coelho, jacaré, boi, cobra etc. Várias espécies são úteis ao homem: as abelhas, para a produção de mel e polinização das plantas, o bicho-da-seda, para a produção de fios para tecidos, as minhocas, para a produção de húmus e, até mesmo, a criação de ostras, para a alimentação e fabricação de jóias. A utilização de animais nas pesquisas biotecnológicas tem despontado como um dos campos mais promissores: alguns microorganismos (fungos, vírus e bactérias) e insetos, parasitas ou predadores naturais, têm sido utilizados para o controle de pragas agrícolas. As abelhas e outros insetos têm sido utilizados para melhorar a eficiência da polinização das flores. Feromônios de insetos têm sido utilizados para aplicações diversas no controle biológico. Vários insetos e cobras venenosas têm sido utilizados na fabricação de remédios; cavalos, ratos e cobaias têm sido utilizados nos testes e produção de antídotos (soros e vacinas) e, até mesmo, a cartilagem de tubarão tem sido experimentada no tratamento de câncer e problemas de articulação. Além disso, os animais têm sido utilizados em atividades variadas, como educação, lazer e práticas terapêuticas, com os excepcionais e os cegos. Os cavalos e os golfinhos têm sido utilizados, com sucesso, no tratamento de deficientes mentais. 4. Razões Éticas da Proteção da Fauna Selvagem É de fundamental importância que o ser humano tenha a consciência de que a as demais espécies do planeta não existem para servi-lo. No processo evolutivo todas as espécies são importantes. No entanto, a espécie humana é a única capaz de alterar drasticamente o ambiente para sua sobrevivência, construindo, alterando cursos de água,

Page 24: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

24

controlando a produção e alterando os alimentos, criando a falsa impressão que não depende do ambiente. Tudo que se utiliza hoje foi retirado, direta ou indiretamente, da natureza. É necessário que se tenha consciência que as alterações causadas nos ambientes naturais são nossa responsabilidade, assim como a sobrevivência das demais espécies. Causa da destruição da Fauna Silvestre l. Desmatamento e suas conseqüências: . destruição do hábitat; . destruição da fonte de alimento; . destruição dos recursos hídricos ( mata ciliar) . desequilíbrio na cadeia alimentar; . diminuição na biodiversidade. 2. Queimadas e suas conseqüências . destruição das sementes . destruição da microflora e microfauna . eliminação de animais da base da cadeia alimentar . destruição de habitats e fontes de alimento . perda da biodiversidade 3. Monocultura

Para produzir alimentos em larga escala, o modelo mundialmente praticado é a monocultura. Em ambientes tropicais, onde a diversidade biológica é grande, principalmente em insetos, fungos e bactérias. Quando se instala a monocultura, muitos indivíduos componentes do ecossistema natural não conseguem sobreviver por falta de alimentos ou condições ambientais adequadas. Porém aqueles indivíduos que se adaptarem à nova situação, principalmente os insetos herbívoros, terão seu desenvolvimento favorecido, devido à disponibilidade de alimento e falta de inimigos naturais. Como não precisam gastar energia procurando alimento, poderão dirigir toda energia obtida na reprodução, alcançando alta densidade populacional, tornando-se uma praga e causando prejuízos.

Os microorganismos causadores de doenças em plantas, à semelhança dos insetos, também se proliferam com facilidade. Essa condição cria a necessidade de aplicação de agrotóxicos. Esses venenos muitas vezes não atingem apenas as populações que se pretende combater, mas toda cadeia alimentar, comprometendo a biodiversidade. Agrotóxicos mal utilizados contaminam diretamente os aplicadores, e de maneira indireta podem afetar áreas adjacentes, rios, nascentes, solo, sendo prejudiciais a muitos seres vivos. Curiosidade: por ano, são gastos 3.186.276 toneladas de defensivos agrícolas, das quais somente 300.000 toneladas cumprem sua função. 4. Poluição O ser humano não planeja efetivamente a destinação dos resíduos resultantes de sua própria atividade, talvez porque acredite que a Terra seja grande o bastante para absorver todo o lixo. De maneira inconsequente lança no ambiente materiais e substâncias das mais diversas naturezas, prejudicando os processos naturais de decomposição e reciclagem. Os resíduos domésticos e industriais, sem tratamento, contaminam a água, o ar e o solo, ameaçam a sobrevivência dos animais, interferem na dinâmica da cadeia alimentar, gerando desequilíbrios.

Page 25: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

25

5. Caça e Tráfico O desejo do homem em possuir animais silvestres, desde o mais comum ao mais exótico, atraídos pela beleza do canto ou da plumagem, tem levado ao desaparecimento ou ameaçado de extinção diversas espécies de animais. E o tráfico de animais é, sem dúvida, um dos mais rentáveis comércios ilegais do mundo. Tal atividade criminosa movimenta cerca de 12 bilhões de dólares por ano, em todo o mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas. Um crescente número de animais morre a cada ano. Acredita-se que, de cada dez animais aprisionados para contrabando, nove morrem devido às condições precárias de captura, prisão e transporte. Apenas no Brasil este comércio é responsável pelo desaparecimento de 12 milhões de animais por ano e pela extinção de mais de 300 espécies. As pessoas que vendem animais silvestres usam de artifícios diversos para enganar os compradores, fazendo com que o animal pareça mais dócil: perfuram os olhos das aves, cortam os dentes dos mamíferos, dopam os animais com álcool e tranqüilizantes. etc. Quando retirado de seu habitat natural, o animal silvestre modifica seus hábitos e muitas vezes não tem mais condições de se restabelecer em seu antigo meio. As condições de cativeiro tornam os animais solitários e apáticos. A simples soltura de um animal que ficou muito tempo em cativeiro provavelmente vai significar sua morte, pelas dificuldades de adaptação ao novo local, à nova alimentação, e pela condição de se tornarem presas fáceis dos animais adaptados ao ambiente. Situações como esta requerem uma adaptação dos animais antes de serem soltos. É preciso denunciar os traficantes de animais e conscientizar a população: não comprar e não receber animais selvagens de presente é não estimular a captura e o tráfico desses animais. Eles têm direito à vida e à liberdade. 6. Ameaça de Extinção

Para entender o significado de extinção, ou a ameaça de extinção é necessário pensar em diversidade biológica. Wilson, em seu livro “Biodiversidade” considera que o número de espécies e a quantidade de informação genética em um organismo representativo constituem apenas uma parte da diversidade biológica sobre a Terra. Cada espécie é constituída por muitos organismos. E não existem, em qualquer espécie, dois indivíduos idênticos. Considera ainda que as espécies que se reproduzem sexuadamente demonstram padrões complexos de variação geográfica no polimorfismo genético. Assim, mesmo que uma espécie em perigo seja salva da extinção, ela provavelmente terá perdido muito de sua diversidade interna.

Não se pode estimar precisamente o número de espécies que estão se extinguindo nas florestas tropicais ou em qualquer habitat, pela simples razão de não conhecermos o número de espécies originalmente presentes. Porém, se os níveis atuais de remoção da floresta continuarem, dentro de um século haverá a perda inevitável de 12% das 704 espécies da bacia amazônica, e de 155 de 92.000 espécies de plantas nas Américas Central e do Sul.

A perda de populações geneticamente distintas dentro de espécies é, no momento, pelo menos tão importante quanto o problema da perda de toda espécie. Uma vez que a espécie esteja reduzida a uma resto, sua extinção total, em futuro próximo, torna-se muito mais provável. No momento que se reconhece que um organismo está em perigo de extinção, geralmente já é tarde demais para salvá-lo.

A União Internacional para Conservação na Natureza (IUCN) utiliza critérios para caracterizar as espécies ameaçadas de extinção contidas em listas e livros vermelhos. As espécies são classificadas em categorias que indicam o grau de ameaça:

Page 26: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

26

- Extintas: Espécies não encontradas na natureza nos últimos 50 anos. - Em perigo: Inclui espécies cujos números foram reduzidos a níveis críticos ou cujos

habitats se reduziram drasticamente e que se encontram em perigo iminente de extinção.

- Vulneráveis: Nesta categoria estão incluídas as espécies em que as populações estão decrescendo pelo excesso de exploração e destruição extensiva de habitats ou por outro distúrbio ambiental.

- Raros: Espécies localizadas em áreas geográficas ou habitats restritos ou distribuídos em áreas maiores, mas com populações pouco numerosas.

- Indeterminados: São espécies que podem ser enquadradas nas categorias “em perigo”, vulnerável” ou “rara”, mas as informações existentes não permitem determinar a categoria mais apropriada.

- Insuficiente conhecido: São espécies de que se suspeita pertencer a uma das categorias acima, embora não se possa definir com segurança por insuficiência de informações.

Algumas Espécies de Animais Brasileiros Ameaçados de Extinção

Mamíferos: Ariranha (Pteronura brasiliensis), Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus), Mico-Leão-Dourado (Leontopithecus rosália), Onça Pintada (Panthera onça), Cervo - do – Pantanal (Blastocerus dichotomus), Tatu – Canastra (Priodontes gigantesus)

Aves: Balança Rabo-Canela (Glaucius dohrnii), Besourão-de-Rabo-Branco (Phactornis superciloisus), Charão (Amazona pretrei), Galo–da–Serra (Rupicola rupicola), Pica-pau-de-cara-amarela (Drycopus galeatus), Pintor Verdadeiro (Tanagara fastuosa). O Ambiente Natural O que existe na superfície da terra e que não foi construído pelo homem constitui o que chamamos de natureza. É a reunião de elementos químicos combinados de diversas maneiras formando o ar, o solo, e os organismos vivos. A existência de uma fonte de energia solar, fornecendo luz e calor para realização da fotossíntese , a reciclagem dos elementos químicos e a interligação de todos os organismos vivos nas cadeias alimentares, consumindo e dissipando energia, contribui para a diminuição da entropia do sistema e seu equilíbrio. Quando o homem introduz substâncias estranhas ou extrai matéria desse ambiente natural, altera os níveis de equilíbrio, ameaçando ou extinguindo espécies, alterando as cadeias alimentares, que trará consequências para sua própria espécie. Os seres vivos no ecossistema Todos os ecossistemas terrestres e aquáticos são interdependentes. As florestas, por exemplo, influem na composição do ar, pois liberam água e oxigênio para a atmosfera. Além disso, produzem alimento e servem de abrigo para os animais. É das florestas que retiramos a madeira para a construção de nossas casas, nossos móveis e fabricação de nossos livros e revistas. Portanto, preocupar-se com a conservação desses ecossistemas, é para o ser humano, antes de uma atitude de respeito às demais espécies que coabitam o planeta, uma necessidade de sobrevivência. O homem tem necessidade de usar os recursos da natureza e deve fazê-lo com racionalidade e inteligência. O corte sem limites das matas e florestas afeta todo o nosso ambiente, alterando o clima, o regime das chuvas, os cursos d’água e coloca em risco sua própria a vida, além das outras espécies. Até certo ponto as plantas são recursos naturais renováveis, isto é, podemos permitir que a árvore cortada se regenere, emita brotações e

Page 27: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

27

possa ser cortada várias vezes e, até mesmo, ser substituída por outra árvore. Porém, é necessário considerar que a reconstituição de um ecossistema destruído pelo desmatamento é penosa, difícil e leva muito tempo para se recompor. Além disso, certas alterações no ambiente podem ser drásticas a ponto de inviabilizar sua recuperação. Como exemplo podemos citar a extração de minério de ferro, o garimpo de ouro nos rios e a desertificação de solos arenosos utilizados incorretamente para agricultura. Os recursos naturais A Consideração da natureza no todo ou em parte como um recurso ocorre somente sob a ótica dos seres humanos, que utilizam os minerais, solo, água, ar, além dos seres vivos ou seus produtos para produzir alimentos, artefatos, móveis, peças de vestuário, construir vias de comunicação, cidades, etc. classificam-se usualmente esses “recursos naturais” como renováveis e não renováveis. . Recursos naturais não-renováveis - são aqueles recursos naturais que, uma vez extraídos da natureza, não podem ser repostos. O petróleo, o carvão mineral e todos os minerais, bem como o solo agrícola são exemplos. As necessidades criadas pelo ser humano também exigem, cada vez mais, maiores quantidades desses recursos; caberá ao homem criar alternativas de utilizar racionalmente ou substituir tais recursos. . Recursos naturais renováveis - são aqueles recursos que, podem ser repostos ou substituídos e não se esgotam, quando utilizados racionalmente. As plantas e os animais, bem como seus produtos, se englobam dentro dos recursos naturais renováveis, desde que a sua utilização não comprometa a sua quantidade, qualidade, reprodução e a sua sobrevivência. A água também é considerada como um recurso renovável devido ao seu ciclo (a água que se evapora retorna à superfície principalmente na forma de chuva). Além disso a água possui capacidade de diluir e degradar poluentes. Se considerarmos que cada ser vivo é único enquanto genótipo e que não existem dois seres vivos idênticos, uma vez abatido um indivíduo, não haverá como substituí-lo. Além disso, uma árvore, mogno ou peroba rosa por exemplo, cuja exploração da madeira se der quando a árvore alcançar 2m de diâmetro, levará muitas gerações para que outra árvore, a partir da semente, alcance o mesmo diâmetro. Portanto, o conceito de recurso renovável, como tem sido considerado, é, no mínimo, questionável. A intenção dessa reflexão é enfatizar que a natureza não é intocável, mas que pensemos nas consequências de qualquer interferência humana sobre o ambiente e não fiquemos tentando nos iludir com falsos conceitos, cujo propósito é explicar nossa incapacidade de sermos realmente racionais. Os seres vivos e o ambiente A vida no planeta Terra é possível devido a uma série de fatores: uma fonte de energia que fornece luz e calor em proporções adequadas, água na forma líquida, bem como elementos químicos provenientes das rochas, solo água e atmosfera, que formam os corpos dos organismos. Ë importante também a camada de ozônio que permitiu o desenvolvimento de vida superior.

Para sobreviver nesse ambiente, no entanto, os seres vivos necessitam continuamente de obter energia. Há duas formas básicas de obtenção de energia: fazer fotossíntese, ou alimentar-se. Assim, em qualquer ecossistema, os seres vivos se interagem consumindo e sendo consumidos, formando as cadeias e teias alimentares. Outra atividade que os seres vivos precisam realizar para garantir sua sobrevivência, de sua prole, e

Page 28: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

28

eventualmente de outros indivíduos de seu grupo populacional, é a proteção. Há diversos mecanismos utilizados pelos seres vivos para se proteger: camuflagem, mimetismo, produção de substâncias tóxicas, espinhos, garras, chifres, dentes, hábito noturno, construção de abrigos, capacidade de se deslocar em grandes velocidades, etc.

Aqueles indivíduos que conseguem obter energia e se proteger de maneira mais eficiente, tornando-se adultos e reproduzindo-se de forma a deixar o maior número de descendentes possível tem maiores possibilidades de se tornar cada vez mais adaptados. Renovação da vida no ecossistema

Os seres vivos de um ecossistema se dividem em três grupos: os produtores, os consumidores e os decompositores. . Os produtores são os únicos seres que conseguem absorver a energia luminosa do sol e transformá-la em energia química, na forma de glicose e outras substâncias orgânicas, para realizar seus processos vitais (crescer, florescer e reproduzir). Nos ambientes terrestres (florestas, campos e desertos) os produtores são árvores, arbustos, pequenas ervas, além de samambaias, musgos e líquens. No mar, os produtores são as algas, que vivem próximas à superfície. Como os produtores sintetizam o próprio alimento são chamados de autótrofos. . Os consumidores são aqueles seres que precisam obter energia de que necessitam para sobreviver se alimentando. Eles utilizam a energia contida no alimento fabricado pelos produtores. Os consumidores podem ser primários (quando se alimentam diretamente dos produtores; secundários (quando se alimentam dos consumidores primários) e terciários (quando se alimentam dos consumidores secundários). Os consumidores não produzem o seu próprio alimento, isto é, utilizam o alimento sintetizado pelos produtores, são chamados de heterótrofos. . Os decompositores são os seres que se alimentam de matéria orgânica na forma de excrementos, corpos, etc, tanto de produtores ou consumidores. Eles têm o papel fundamental de degradar as substâncias orgânicas e liberar as substâncias inorgânicas (água e sais minerais). Essas substâncias voltam ao solo e podem ser reutilizadas pelos produtores. As bactérias aeróbicas e os fungos são os principais decompositores. Cadeia e teia alimentar Cadeia alimentar ou trófica é um sistema de transferência de energia entre os seres vivos de um ecossistema, que inicia com os produtores, passa pelos consumidores e termina com os decompositores. Num certo ecossistema, uma borboleta se alimenta do néctar de uma flor; em dado momento, a borboleta é comida por um lagarto e, posteriormente, o lagarto é comido por um gavião. Esse gavião é comido por uma cobra que um dia morre e serve de alimento aos organismos decompositores. Esta seqüência de acontecimentos constitui uma cadeia alimentar. Nos ecossistemas, principalmente os tropicais, existem várias cadeias alimentares dentro de um ecossistema, formando-se uma teia alimentar. Isso que dizer que uma planta pode servir de alimento para vários herbívoros, que por sua vez podem se alimentar de diversas plantas diferentes. Quando se combatem os insetos que se alimentam de uma planta cultivada, usam-se inseticidas. Tais produtos têm o inconveniente de matar não somente os insetos fitófagos, mas também outras espécies de insetos e animais. Considere que eram esses insetos e animais que ajudavam na polinização das flores, no transporte de sementes e no controle da população de outros organismos. Uma vez eliminados, inicia-se se uma reação em cadeia, que pode desequilibrar o sistema. Na maioria das vezes, o homem provoca um desequilíbrio no ecossistema por desconhecer ou desrespeitar as delicadas relações entre as várias espécies. Vejamos um

Page 29: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

29

exemplo típico: os fazendeiros do Pantanal quase extinguiram a onça-pintada, por ser ela uma ameaça constante para o gado. Desencadeou-se uma matança com o fim de se eliminar o predador. Tal atitude provocou um sério desequilíbrio no ecossistema do Pantanal. Inicialmente, o número de reses abatidas pelo predador era muito pequeno, quase sempre dos animais mais fracos. A matança da onça provocou um descontrole na população de animais herbívoros, que são controlados pela onça. O número de capivaras, veados e antas aumentou consideravelmente, competindo com o gado no uso da pastagem. Importância da preservação da vegetação natural Para alimentar quase 6 bilhões de pessoas é necessário destinar grandes áreas para produção de alimentos. Porém é preciso que essas áreas sejam bem manejadas e protegidas, minimizando perdas por erosão e lixiviação. Porém, além de produzir alimentos é necessário proteger os recursos naturais solo, água e a diversidade biológica. Para isso é necessário manter áreas de vegetação natural, que são bancos de germoplasma, verdadeiras bibliotecas contendo as informações genéticas dos seres vivos do planeta, incluindo as plantas cultivadas. Além disso, as áreas de vegetação natural constituem o primeiro elo das cadeias alimentares nos ecossistemas terrestres, de que dependem todos os demais seres vivos. São também eficientes na proteção do solo e água, principalmente nos ecossistemas tropicais. As divisões da Biosfera A biosfera pode ser definida como o conjunto de locais da Terra que reúne condições favoráveis à vida. Compreende todos os ecossistemas do planeta. Pode ser dividida em três grandes biociclos: terrestre (terra firme), dulcícola (água doce) e marinho (água salgada). Os biociclos se constituem de vários biomas. Bioma pode ser conceituado como uma unidade ecológica relativamente uniforme e estável, com fauna, flora e clima próprios. Por definição os biomas não se restringem apenas à vegetação, mas se caracterizam principalmente por ela. Principais biomas do Brasil Embora se conheça e classifique várias formações vegetais distintas no território brasileiro é importante considerar o que explica Rizzini, 1997 no “Tratado de Fitogeografia do Brasil”: “É patente que só em poucos casos a vegetação de uma região se mostra uniforme ou pura. No Brasil, quase sempre existe interpenetração de vários tipos, do que resulta afetar a distribuição, em geral, a forma de mosaico. A expressão complexo vegetacional designa um conjunto de diversas comunidades, dispostas em mosaico, que ocorrem numa mesma área ecologicamente diversificada. Dentro de um mesmo clima geral, variam mais, naturalmente, as condições edáficas (relativas ao solo), ensejando a colonização por formações diversas. Quase sempre há, nos complexos, um tipo dominante ou proeminente em cujo interior se espalham vários outros subordinados ou secundários; aquele serve para caracterizar o conjunto. Por exemplo, quando vamos falar em cerrado ou em caatinga, não estamos afirmando que sejam as únicas formações existentes em suas áreas ou em qualquer lugar. Na verdade, estamos indicando que a savana e o scrub xerófilo são os tipos mais importantes, porém, entremeados de vários outros em mosaico.” 1 - Floresta Amazônica - é a maior floresta tropical do mundo, envolvendo grande parte do território brasileiro e vários outros países da América do Sul, como a Venezuela,

Page 30: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

30

Colômbia, Peru, Bolívia, Equador e as três Guianas. A Floresta Amazônica é cortada pelo rio Amazonas e vários de seus afluentes que, em conjunto, contêm 1/5 de toda a água doce, em estado líquido, existente no planeta. O clima da região é muito quente e úmido durante quase todo o ano, com uma temperatura média em torno de 26o C e uma precipitação por volta de 2.000 mm. O solo é pobre, de baixa fertilidade, apresentando pequenas quantidades de nutrientes necessários à agricultura. Além da floresta, existem manchas esparsas de campos e cerrados. A fisionomia da floresta não é homogênea e, ocorrem variações nos tipos florestais, principalmente em relação ao nível de elevação das águas e do tempo que o terreno permanece inundado. A Amazônia não é sinônimo de floresta amazônica. A Amazônia Legal é um imenso espaço natural, de características fisionômicas desuniformes, que engloba os estados do Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão, Tocantins e norte do Mato Grosso, numa área superior a 5 milhões de km2, ou seja, 60% do território nacional. Na Amazônia, os números são impressionantes. Sozinha, a região cobre 7% de toda a superfície da terra, abrigando mais de vinte em cada cem espécies de animais e plantas existentes no mundo. Nas águas claras, escuras ou barrentas de seus rios, correm quatorze em cada cem litros de água doce existente em todos os rios, lagos e lagoas de toda a terra. Nesses rios, vivem 1300 espécies de peixes, enquanto em todo o Hemisfério Norte as espécies não passam de duzentas. Apenas num hectare - pedaço de terra do tamanho de um campo de futebol - existem mais espécies de árvores que toda a América do Norte. Em apenas uma de suas árvores existem mais espécies de formigas que em toda a Inglaterra. Em toda a região amazônica, vivem mais de vinte milhões de habitantes e, entre esses, alguns dos povos mais antigos que se conhecem. Estes povos são uma minoria, mas detêm o segredo de explorar os recursos da floresta sem destruí-la. Eles sabem o quanto é precioso este último pedaço do paraíso na terra. Infelizmente, esse paraíso quase inteiramente desconhecido pelo ser humano, está ameaçado de extinção. A lenta e silenciosa agonia da floresta amazônica preocupa o mundo. Muitas espécies de plantas desaparecem a cada ano, em conseqüência da devastação da floresta e, uma vez extintas, nunca mais voltarão a existir. Dos povos indígenas, que já somaram mais de dez milhões, restam algumas poucas dezenas de milhares; somente neste século, mais de noventa tribos foram extintas. E, com a sua extinção, desaparece a sabedoria de como viver em harmonia com a natureza, a lição de que mais precisamos - viver, progredir, sem precisar destruir. Estima-se que, a cada ano, a floresta amazônica fica reduzida em mais de um milhão de hectares, vítima das queimadas, exploração de minério, retirada de madeira, construção de hidroelétrica e abertura de áreas para atividades agropecuárias. A maior riqueza da floresta amazônica é a biodiversidade, ou seja, a imensa quantidade e variedade de plantas e animais que nela vivem. Cada planta e cada animal valem um tesouro inestimável. Mas essa riqueza está assentada em terras muito pobres e imprestáveis para a agricultura. A floresta vive dela mesma - das folhas que caem e das árvores que morrem. Se todas as árvores forem derrubadas, a Amazônia poderá virar um deserto. O homem moderno precisa aprender com os povos que vivem na floresta a maneira de tirar os recursos naturais sem destruir o ambiente. As empresas farmacêuticas dependem, em larga escala, dos remédios naturais encontrados na florestas. Cerca de 120 substâncias químicas puras usadas na medicina no mundo inteiro têm sua origem nas espécies vegetais. Pesquisadores do Estados Unidos calculam que 25% de todos os medicamentos devem seus princípios ativos aos vegetais superiores e acreditam que foram relativamente poucos aqueles testados quanto a mais de um efeito. Das 3 mil plantas identificadas pelo Instituto Nacional do Câncer nos Estados Unidos, como tendo propriedades anticancerígenas, 70% provêm de florestas tropicais; no entanto, menos de 1% das plantas de florestas tropicais

Page 31: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

31

foram testadas para uso em medicamentos. Com o desaparecimento das florestas, a humanidade perde a oportunidade de descobrir muitos remédios capazes de salvar vidas e atenuar o sofrimento de males que acometem o homem, os animais e as plantas. Os índios da região noroeste da Amazônia utilizam mais de 1.300 espécies vegetais como medicamentos. A destruição das florestas também está reduzindo drasticamente as oportunidades de melhoramento genético de certas culturas. Os pesquisadores cruzam as variedades cultivadas com material genético de plantas silvestres, visando aumentar a resistência contra pragas, doenças e seleção de plantas para obter maior produtividade. Principais impactos da atividade humana sobre o ecossistema da Floresta Amazônica e suas conseqüências Grandes projetos agropecuários - incêndios, destruição da fauna e da flora, erosão, assoreamento e contaminação dos rios por agrotóxicos, destruição das reservas extrativistas. Garimpo de ouro - assoreamento, erosão e poluição dos curso d’água com mercúrio, degradação da paisagem e da vida aquática, problemas sociais. Mineração industrial - ferro, manganês, cassiterita, cobre, bauxita etc. - degradação da paisagem, assoreamento e poluição dos cursos d’água, impactos sócio-econômicos. Grandes usinas hidroelétricas - inundação de áreas florestais e agrícolas, impacto cultural e sócio-econômico sobre os caboclos e os povos indígenas. Crescimento populacional - ocupação desordenada e vertiginosa do solo, problemas sociais graves, invasão de áreas naturais, problemas de resíduos, poluição. Caça e pesca predatórias - extinção de animais e peixes de importância econômico-ecológica. Construção de rodovias - propagação de doenças endêmicas, grandes projetos agropecuários, explosão demográfica, destruição da cultura indígena. Implantação de pólos industriais - poluição do ar, água e solo, geração de resíduos, conflitos com o meio urbano. Exploração madeireira - perda de biodiversidade. 2 - Mata Atlântica - ao desembarcar no litoral da Bahia, em 1500, os exploradores portugueses ficaram deslumbrados com a beleza do lugar. De costas para o mar, eles mediam, com olhos espantados, aquela imensidão verde, floresta densa, cheia de árvores frondosas que atingiam até 25 metros de altura, de boa madeira, árvores de frutas saborosas, pássaros de cores nunca vistas; papagaios, saguis, índios que viviam da caça e da pesca fácil, tão generosa devia ser a natureza. Essa era a primeira visão da Mata Atlântica. Percorrendo depois o litoral brasileiro de ponta a ponta, os exploradores europeus puderam perceber que a mata se estendia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e ocupava uma área de 1,3 milhões de quilômetros quadrados. Tratava-se da segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, só comparável - como vieram a saber mais tarde- à Floresta Amazônica. Os exploradores europeus aqui chegaram para levar embora os

Page 32: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

32

recursos naturais que não existiam na Europa. Começaram pelo pau-brasil, madeira utilizada para tintura e construção. Era muito pau-brasil. Com a exploração intensa o pau-brasil em pouco tempo se acabou. Tiveram, então, a idéia de produzir açúcar na região para levá-lo embora também. Para instalar os engenhos e as lavouras derrubavam toda a mata que viam pela frente. O negócio foi crescendo. Para prover os animais de trabalho para os engenhos e alimento para a população foi necessário abrir fazendas Brasil adentro. E mais derrubadas. E quando o ciclo da cana-de-açúcar acabou, descobriram ouro em Minas Gerais, para levá-lo embora também. E mais derrubadas. E veio o ciclo do café . E mais derrubadas. A marcha da devastação estendeu-se também para o Sul, com a retirada da madeira para carvão, fabricação de móveis e casas e para implantação de florestas exóticas para produção de papel e celulose. Atualmente, da segunda floresta brasileira restam apenas 9% de sua extensão original. Em alguns lugares, como no Rio Grande do Norte, não sobraram nem vestígios da Mata Atlântica. Da massa florestal contínua original da Mata Atlântica, já não existe quase nenhum remanescente acima do estado da Bahia. As pouquíssimas ilhas de florestas que restam nessa área representam repositórios de um banco genético de valor inestimável. Os grandes rios que cortam a área original da Mata Atlântica: o Paraíba, São Francisco, Jequitinhonha, Doce e o Paraíba do Sul, outrora de águas cristalinas, hoje apresentam águas barrentas e poluídas. A maioria da área litorânea é ocupada por grandes cidades e áreas de agricultura. A Mata Atlântica precisa ser preservada por sua rica biodiversidade: calcula-se que nela existam 10 mil espécies de plantas, 131 espécies de mamíferos, inclusive as quatro espécies de micos-leões que são endêmicas (exclusivas desse ecossistema), 160 espécies de aves, 183 espécies de anfíbios, 143 espécies de répteis, 21 espécies de primatas e um sem-número de borboletas. Impactos sobre o ecossistema da Mata Atlântica e suas conseqüências Grandes concentrações urbanas - degradação da paisagem, poluição da água, do solo, do ar, escassez de espaço, problemas sócio econômicos, geração de resíduos. Grandes pólos industriais - poluição do ar, da água e do solo, degradação da paisagem, geração de resíduos tóxicos. Atividade portuária - poluição das águas costeiras, geração de resíduos, riscos de endemias vindas do exterior, promiscuidade. Agroindústria - produção de carvão, desmatamento, monocultura, desequilíbrio ambiental, poluição da água e do solo. Construção de rodovias - erosão, desmatamento, degradação da paisagem, queimadas. Mineração - degradação da paisagem, poluição e assoreamento dos cursos d’água, problemas sócio econômicos. Caça e pesca predatórias - extinção da biodiversidade. 3 - Cerrado - O complexo do Cerrado é formado pelos cerrados propriamente ditos e pelas matas, desenvolvidos em solos profundos, ou campos. A estação seca é regular e moderada. A água edáfica é o fator mais importante de distribuição das formações. As

Page 33: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

33

principais são: savana central, campo limpo, cerradão, floresta seca, floresta pluvial. Sua área fundamental é o planalto central. O cerrado sofre influências de áreas adjacentes, ficando a área norte sob influência amazônica, a área nordeste, sob influência da caatinga, a área atlântica sul sob influência da mata atlântica e a área continental sul sob a influência polar. Os cerrados, originalmente uma extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente em tamanho a toda Europa Ocidental hoje está reduzido a manchas. Ocupava quase toda a área da região Centro-Oeste brasileira e partes dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Piauí, Maranhão e uma porção setentrional da região Norte. Em seu coração está Brasília. Caracteriza-se por pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas, esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com campos limpos ou matas de árvores não muito altas - Na aparência, secos e queimados pelo fogo, os cerrados escondem, na verdade, um grande manancial de águas, que alimenta seus muitos rios. Com um relevo levemente ondulado e uma estação de chuvas abundantes bem definida, formam a maior extensão contínua de terras agricultáveis existente no mundo. Ao contrário da caatinga, os rios da região não secam no período de escassez de chuvas e não há falta d’água na região, pois, a uns 20 metros de profundidade, encontra-se um grande lençol d’água. Onde ocorre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas de árvores maiores que margeiam os cursos d’água. Nos brejos próximos às nascentes, a palmeira buriti domina a paisagem. As espécies vegetais que caracterizam a região são o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, a sucupira, o ipê, a candeia, o araçá, o pau-terra, a catuaba, a macaúba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim.

A despeito de sua aparência atarracada, a riqueza tipológica do cerrado é enorme. Muitas espécies de plantas e animais sobrevivem apenas em pequenas áreas, em endemismo. Essa riqueza tem sido ignorada e o cerrado tem sido devastado para dar lugar a grandes extensões de monocultura e criação de gado.

Dos solos dos cerrados saem anualmente 25 quilos de grãos e 40 quilos de carne em cada 100 que o Brasil produz. O grande problema dos solos do cerrado, a despeito da alta produção de grãos, é a sua pobreza em nutrientes e o teor muito elevado de alumínio, um elemento muito indesejável para o desenvolvimento das plantas. Necessita-se de grandes quantidades de corretivos de solo para se obter alta produtividade. A presença humana na região data de, pelo menos, doze mil anos, evidenciada pelos inúmeros sítios arqueológicos encontrados em diversas grutas da região. Somente há pouco mais de 40 anos é que começou a destruição. As três grandes capitais - Belo Horizonte, Brasília e Goiânia - e muitas outras cidades despejam a água poluída dos esgotos industriais e domésticos nos rios da região, causando prejuízos à vida aquática. A esses estragos somam-se outros provocados pelos garimpos, uso de agrotóxicos nas lavouras, fabricação de carvão vegetal. Os cerrados abrigam um ecossistema com fauna e flora riquíssimas e o seu desaparecimento seria uma tragédia. A fauna local inclui a ema ( a maior ave das Américas), o lobo-guará, a onça-pintada, o urubu-rei, o tamanduá, a arara, a anta, o veado-campeiro, a seriema, o socó, o jacaré e vários tipos de macacos. Apesar da grande biodiversidade que encerra, é importante saber que o Cerrado não foi incluído como patrimônio na nova Constituição Brasileira. Por mais absurdo que possa parecer a destruição de sua vegetação sempre foi considerada politicamente correta, e até merecedora de elogios – grande fronteira agrícola! – Os cerrados estão bastante reduzidos, pois cederam espaço à agricultura, pecuária e outras formas de ocupação.

Page 34: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

34

Impactos sobre o ecossistema dos Cerrados e suas conseqüências Grandes projetos agropecuários - desmatamento e queimadas de grandes áreas nativas, drenagens, erosão, alteração de vazão dos cursos d’água, assoreamento dos cursos d’água, monocultura extensiva, uso de grandes quantidades de agrotóxicos, mecanização intensiva, compactação dos solos, poluição do solo e da água. Expansão urbana desordenada - destruição das nascentes, destruição da paisagem, falta de saneamento, abertura de cascalheiras, áreas de extração de argila e areia, construção de estradas, esgoto, lixo, expansão do tráfego de veículos, poluição visual e sonora, destruição da fauna e flora locais. Invasão das reservas indígenas - desmatamento, impacto cultural sobre as populações indígenas. Mineração e garimpo - destruição da paisagem, produção de rejeitos, destruição de cavernas e sítios arqueológicos, poluição atmosférica, desmatamento e produção de carvão vegetal, erosão, assoreamento. 4 - O Pantanal - assim chamado pela grande quantidade de rios que cortam uma área de aproximadamente 200 mil km2, estendendo-se pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No período de março a outubro, as águas do Pantanal transbordam pela imensa planície à volta dos quase 4 mil quilômetros de rios, formando uma das mais extensas planícies alagadas existentes. Entre novembro e fevereiro os rios começam a baixar, retornando ao seu leito normal, deixando surgir milhares de lagoas; dentro e em torno delas aparece uma enorme variedade de peixes, jacarés e capivaras. Nos céus, milhares de aves voam em bando: jaburus, biguás, tuiuiús, carão e outros. Nos rios, encontra-se a maior variedade de peixes de água doce do mundo, destacando-se os pacus, dourados, curimbatás e pintados. Alguns outros animais podem ser vistos: a onça-pintada, o cervo-campeiro e muitas espécies de cobras, destacando-se a sucuri. A vegetação é bem diversificada, fazendo com que haja predominância das árvores nas regiões mais altas e junto às margens dos rios. Como grande parte da região é imprópria para a agricultura por causa das inundações, formaram-se, ao longo do tempo, grandes fazendas de gado. O homem pantaneiro e os indígenas sempre viveram em harmonia com a natureza; infelizmente, chegaram as usinas de álcool e os garimpeiros que lançaram resíduos mercuriais, contaminando os cursos d’água. A caça e a pesca clandestinas têm provocado danos à fauna do Pantanal. Impactos sobre o ecossistema do Pantanal e suas consequências Pecuária extensiva - competição com a fauna nativa, desequilíbrios. Turismo e migração desordenados e predatórios - emissão de esgotos e lixo. Aproveitamento dos cerrados - manejo inadequado dos solos, provocando erosão, assoreamento, carreamento de inorgânicos e venenos utilizados na agricultura para os rios.

Garimpo e mineração - erosão e assoreamento, bem como a contaminação com mercúrio . Pesca e caça predatórias - prejuízo à biodiversidade.

Page 35: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

35

6 - Caatinga – o nome, em tupi-guarani, significa mata clara. É a vegetação característica da região nordestina brasileira, que ocupava uma área correspondente a 11% do território brasileiro. Esta região é bastante seca e chove muito pouco durante o ano. O clima é quente e a maioria dos seus rios fica sem água. Os seus solos são férteis. Quase todas as plantas adaptadas pela seleção natural perdem as folhas, eliminando a superfície de evaporação; outras plantas têm as folhas muito finas e os espinhos dos cactos são o extremo desse tipo de folha. Outras têm o sistema de armazenamento como as barrigudas. As raízes cobrem a superfície do solo para capturar o máximo d’água durante as chuvas. As espécies vegetais mais freqüentes são a mimosa, a imburana, a aroeira, o umbu, a baraúna, a maniçoba, a macambira, o xique-xique, o mandacaru e o juazeiro. A fauna típica inclui o sagui do nordeste, o tatupeba, a asa-branca, o sapo-cururu, a avoante, a cotia, o preá e o veado-catingueiro. Na seca as folhas da maioria das árvores caem e assim, o gado, assim como os animais nativos, a ema, o preá, o mocó e o camaleão começam a emagrecer. Cores vivas existem apenas nas flores douradas do cajueiro e das frutas do sabiá, aroeira, jurema preta e quixabeira. Os rios não correm mais e as lagoas secam. Porém , quando volta a chover, a paisagem fica completamente verde. As árvores cobrem-se rapidamente de folhas e o solo fica forrado de plantas pequenas. A fauna volta a engordar, incluindo a ararinha azul, ameaçada de extinção, o sapo cururu, a asa-branca, mocó, preá, gambá, cotia, tatu-peba e sagui-do-nordeste. A caatinga é um ecossistema cujas condições climáticas, edáficas e biológicas não foi considerado pela ocupação humana. Historicamente tem-se decidido combater a seca ao invés de compreender seu ciclo e planejar a ocupação. A construção de açudes desde os tempos do império tem sido uma prática constante, que ao invés de resolver problemas, criou ilhas de riqueza e falsas esperanças à população cada vez mais empobrecida e sem uma vida digna. Além disso a “agricultura moderna” implantada na região trouxe problemas como salinização, poluição por agrotóxicos, além da desertificação de uma área de cerca de quarenta mil quilômetros quadrados de caatinga. Assim como o Cerrado, a Caatinga não mereceu atenção dos legisladores brasileiros e não foi incluída como patrimônio natural na Constituição Brasileira. Impactos sobre a Caatinga e suas conseqüências Grandes latifúndios - desmatamento da vegetação nativa, monopólio dos recursos naturais por grandes grupos econômicos, êxodo rural, desertificação de grandes áreas. Prospeção e exploração de lençóis d’água - contaminação dos cursos d’água, desmatamento. Irrigação e drenagem - salinização dos solos, contaminação por agrotóxicos. Formação de pastagens - devastação da cobertura nativa, erosão, perda da biodiversidade. 7 – Mata das Araucárias – também conhecida como dos pinheiros do Paraná historicamente faz parte da paisagem típica do sul do Brasil. A espécie predominante é a Araucária angustifolia (pinheiro do Paraná ou pinheiro brasileiro), sempre associada à imbuia, ao erva-mate, à bracatinga, à gameleira, cedro, canela, angico, em clima quente e chuvoso e solos férteis.

Page 36: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

36

Hoje esse ecossistema está praticamente extinto e com ele diversas espécies de animais que se alimentavam do pinhão. Na primeira metade do século XX, a região da Mata das Araucárias ocupava uma área de 100 mil quilômetros quadrados, estendendo-se do sul de Minas Gerais e São Paulo até o Rio Grande do sul, avançando pelo extremo nordeste da Argentina. Atualmente restam pouco mais de 5% da mata original, graças à ação dos madeireiros que a exploraram indiscriminadamente para construção de casas e fabricação de móveis. Quando descobriu-se o potencial da araucária para o mercado externo entre as décadas de 1920 – 60, sua exploração levou as reservas à escassez atual. Em algumas áreas ocupadas pela araucária estabeleceram-se florestamentos com pinus e eucaliptos para a produção de lenha e celulose. As poucas reservas estão confinadas em áreas públicas de preservação ou em fazendas particulares, em uma área de aproximadamente 3000 km2. Principais impactos sobre a Mata das Araucárias e suas conseqüências Projetos agropecuários - desmatamento, monocultura, uso de agrotóxicos. Pólos industriais - desmatamento, extinção de espécies. Expansão urbana desordenada - pressão sobre as áreas florestais, lixo, esgoto, poluição, emissão de rejeitos. Construção de rodovias - desmatamento, impacto sobre a fauna e a flora, impacto sócio-cultural-econômico sobre os caboclos e os povos indígenas. Caça e pesca predatórias - perda da biodiversidade. A gralha azul é uma ave que está associada à sobrevivência do pinheiro. Essa ave se alimenta dos pinhões, que são as sementes, através das quais a espécie se propaga. Porém, além do consumo imediato, a gralha azul guarda provisões de semente para se alimentar no futuro, enterrando-as. Esse hábito faz com que as sementes enterradas e esquecidas pelas gralhas germinem quando encontram condições favoráveis, disseminando o pinheiro. 8 - Zona dos Cocais - É a área localizada entre a região amazônica e a caatinga, formada por grandes formações de palmeiras de babaçu, carnaúba, oiticica e buriti, que se estende pelos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Dos frutos das palmeiras extraem-se óleos; das suas folhas extrai-se a cera e das palmeiras jovens extrai-se o palmito; da palmeira se fazem construções e das folhas se fazem cestos, tapetes e outros objetos artesanais. Somente no estado do Maranhão existem 12,5 milhões de hectares de babaçuais nativos. Impactos sobre os ecossistemas dos Cocais Projetos agropecuários - desmatamento, monocultura, uso de agrotóxicos. . Exploração desordenada dos recursos naturais - desmatamento, queimadas, erosão. 9 - Manguezais e Restingas - Os manguezais se localizam em quase toda a faixa litorânea do Brasil, desde o Amapá até o estado de Santa Catarina, no ponto de encontro dos rios com o oceano. É uma zona de transição entre as águas salgadas trazidas pelas marés e as formações terrestres circundantes. O solo pantanoso e movediço tem baixa aeração e alta

Page 37: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

37

salinidade; abriga as plantas halófitas (plantas que se desenvolvem em terrenos salgados), como o mangue-vermelho (Rhizophora mangle). Uma particularidade interessante sobre essa vegetação é que, as sementes germinam enquanto ainda estão na planta mãe, as plântulas recém emergidas caem e flutuam até encontrar águas menos profundas onde as raízes bem desenvolvidas possam se agarrar. A área é muito rica em compostos orgânicos trazidos pelo rio e a vegetação é típica, com adaptações de raízes suportes e pneumatóforos. Essas raízes extensas penetram no solo, servindo de suporte de fixação para moluscos, como mariscos, ostras e outros animais marinhos. O manguezal se constitui na principal fonte de nutrientes para os seres que vivem no mar, próximos à costa, como os caranguejos e moluscos, servindo de viveiro para as fases jovens de peixes e camarões. Da fauna superior destacam-se inúmeros pássaros que nidificam nos mangues alimentando-se de frutos e insetos, além dos jacarés e do manati, uma espécie de peixe-boi ameaçado de extinção A grande riqueza de vida nos manguezais é garantida pela grande produção primária que os caracteriza (20 000 kcal.m-2.ano-1, a maior do planeta, comparável somente à floresta tropical perenifólia). A contínua renovação de sua fertilidade é garantida pela deposição constante de minerais trazidos pelos rios que drenam grandes áreas do continente. Cerca de 90% dos peixes marinhos consumidos pelos seres humanos provém das zonas costeiras e, destes, cerca de dois terços dependem, direta ou indiretamente, dos estuários e mangues.

Com o crescimento das cidades litorâneas, todo o ecossistema dos mangues se vê ameaçado. A restinga é uma faixa arenosa litorânea, resultante do movimento das águas que acompanha a linha da costa, dando origem às lagoas costeiras. Nas restingas, existem vários tipos de vegetação: árvores altas, campos e plantas situadas em locais alagados, havendo uma variação bem nítida à medida que se vai adentrando em direção ao continente. Principais impactos sobre os ecossistemas costeiros Expansão urbana desordenada - desmatamento, lixo, esgoto, poluição, alteração da paisagem típica das regiões costeiras, aumento do risco de inundações, pela eliminação de grandes reservatórios de águas das grandes marés, eliminação de uma das maiores fontes de alimentação disponível, com uma produção vegetal quase duas vezes superior à agricultura mecanizada. Prospeção de petróleo e extração de sal - poluição do ar, da água e do solo. Atividades portuárias - poluição do ar e da água, assoreamento. Pesca predatória - perda da biodiversidade. 10 - Campos Gerais - Os campos limpos ou campinas são áreas que ocorrem no Rio Grande do Sul, Roraima, montanhas de Minas Gerais, Ilha do Bananal, Ilha de Marajó e nos lugares altos da Amazônia. Os campos do Sul, também conhecidos como Pampas, são muito utilizados para a pecuária extensiva e produção de grãos( arroz, milho, trigo e soja). O solo é caracterizado por um tapete de gramíneas e leguminosas nativas, ralo e pobre em diversidade, mas denso e rico nas encostas. Existem árvores dispersas, como a unha-de-gato e o pau-de-leite. Os campos rupestres ou campos de altitude, geralmente localizados a uns 900 metros de altitude, lembram, à primeira vista, os pampas. É o tipo de ecossistema encontrado nas serras do Cipó e do Caraça, em Minas Gerais, na Serra da Jacobina da

Page 38: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

38

Chapada Diamantina, na Bahia, e na Chapada dos Veadeiros e serra dos Pireneus, em Goiás. O solo nesses lugares é pedregoso e são comuns formações rochosas. A vegetação é rasteira, com alguns arbustos e árvores esparsas. Existem muitas plantas de valor ornamental, como orquídeas e bromélias. O ambiente é seco e as plantas estão adaptadas à falta d’água. Impactos sobre os ecossistemas dos campos gerais e suas conseqüências Projetos agropecuários - monocultura, manejo excessivo do solo, uso de biocidas. Monocultura extensiva - baixa diversidade de espécies animais e vegetais. Mineração - degradação da paisagem, assoreamento, erosão. Produção de carvão - desmatamento Áreas destinadas à proteção ambiental Existe uma rede de proteção da biodiversidade animal e vegetal e das nações indígenas. Essas áreas são classificadas conforme o tamanho, as espécies que abriga bem como o objetivo a que se propõe. São as reservas naturais, parques nacionais estaduais e municipais, reservas e estações ecológicas, florestas nacionais, áreas de proteção ambiental (APA), reserva de patrimônio mundial, reservas e parques indígenas, reservas biológicas e de floresta nacional. O Brasil possui 3,7% de sua área em unidades de proteção, sendo o primeiro país do mundo em espécies de plantas e animais, divididas em 11 APAs, 36 Estações ecológicas, 8 Reservas de Florestas Nacionais, 15 Florestas Nacionais, 28 Parques Nacionais, 47 Parques Estaduais, 15 Reservas Biológicas Nacionais e 32 Estaduais. Além de ser relativamente pequena a área destinada à proteção em um país que detém tanta biodiversidade, a maioria das áreas destinadas à proteção no Brasil existem apenas no papel. Parques Nacionais e Estaduais O parque nacional ou estadual é uma área suficientemente grande, criada por lei e preservada pelo governo, com a finalidade de proteger os recursos naturais, que só podem ser usados com objetivos educacionais, científicos e recreativos. Um parque nacional ou estadual deve ter uma área realmente grande, a fim de que possa ser dividido em duas partes: uma parte deve permanecer totalmente isolada da presença do homem, permanecendo completamente protegidos animais e plantas, e a outra parte pode ser preparada para recreação e, por isso, podem ser feitas construções, estradas, restaurantes, hotéis etc. O Brasil possui inúmeros parques nacionais e a maioria dos estados brasileiros possui os seus parques estaduais. Reservas Biológicas As reservas biológicas são áreas de tamanho variado, com a finalidade exclusiva de proteger totalmente a fauna e a flora ou mesmo uma espécie única animal ou vegetal, com objetivos educacionais ou científicos. A reserva biológica não tem finalidade recreativa e não pode ser usada para tal fim. É o que a diferencia dos parques.

Page 39: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

39

Ciclos Biogeoquímicos Todos os seres vivos, dos mais rudimentares aos mais complexos, são formados por incontáveis milhões de elementos químicos que se agrupam de maneira a constituir a matéria viva. Antes da existência de qualquer um de nós, esses elementos já existiam na natureza, em vários estados físicos, constituindo o ar atmosférico, os ambientes aquáticos, as rochas ou os solos do planeta. Da mesma maneira que continuarão existindo após a nossa morte. Fica claro então que, no processo de formação dos seres vivos, a terra apenas “empresta” matéria para a organização do corpo de seus filhos; essa matéria será um dia devolvida ao meio ambiente, destruída pela ação dos decompositores (no caso de material orgânico) e poderá ser reciclada, ou seja, reutilizada na construção da matéria viva de um outro ser vivo qualquer. Esses movimentos cíclicos de elementos e substâncias, passando do ambiente para os organismos vivos e vice-versa, constituem os ciclos biogeoquímicos. É o que acontece com os ciclos da água e todos os elementos químicos que ocorrem na Terra. Porém os elementos químicos carbono, nitrogênio, hidrogênio e oxigênio perfazem juntos cerca de 96% da matéria viva; por isso, são denominadas elementos organógenos, ou seja, elementos formadores do organismo.

Emissão de Carbono na Atmosfera O gás carbônico existente na atmosfera é essencialmente originado pelo processo de

respiração (79%). Pode ser gerado ainda pela queima de material orgânicos, combustíveis fósseis (gasolina, querosene, óleo diesel, xisto, etc) ou não (álcool, óleos vegetais). Pode ainda ser resultado da atividade vulcânica. Os solos ricos em matéria orgânica em decomposição (pântanos) apresentam grande concentração de CO2.

O gás carbônico presente na atmosfera é importante componente do efeito estufa, um fenômeno atmosférico natural, que ocorre porque gases como o gás carbônico (CO2), vapor de água (H2O), metano (CH4), ozônio (O3) e óxido nitroso (N2O) são transparentes e deixam passar a luz solar em direção à superfície da Terra. Esses gases porém são praticamente impermeáveis ao calor emitido pela superfície terrestre aquecida (radiação terrestre). Esse fenômeno faz com que a atmosfera permaneça aquecida após o por-do-sol, resfriando-se lentamente durante a noite. Em função dessa propriedade física, a temperatura média global do ar próximo à superfície é de 15 ºC. Na sua ausência, seria de 18 ºC abaixo de zero. Portanto, o efeito estufa é benéfico à vida no planeta Terra como hoje esta é conhecida.

Desse modo, a questão preocupante é a intensificação do efeito estufa em relação aos níveis atuais. Quanto maior a concentração de gases estufa na atmosfera, maior será a capacidade de aprisionar a radiação terrestre (calor) e maior será a temperatura da Terra. O principal gás estufa é o vapor de água, porém sua concentração é muito variável no tempo e espaço. O CO2, segundo gás em importância, tem causado polêmica quanto à quantidade emitida e principais locais e fontes de emissão, além da necessidade de controle de emissões. Isso ocorre devido ao aumento de sua concentração na atmosfera (cerca de 0,5% ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera, que é de até 200 anos.

Como considera Cunha, 1997: “a necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emissões de gases estufa é incontestável, pois testar a hipótese do efeito estufa intensificado em um experimento com próprio Globo seria bastante arriscado. Hoje, à indagação do que ocorrerá com o aquecimento global, caso não haja controle nas emissões dos gases de estufa, não tem como escapar do lugar comum: quem viver, verá!.

Page 40: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

40

CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA O solo e a água são as maiores riquezas da humanidade e são as bases para a existência do homem, dos animais e das plantas. Embora tão importantes, o homem não se deu conta ainda que tais recursos estão sendo destruídos muito rapidamente e que problemas muito graves irão comprometer a sobrevivência das futuras gerações. Os problemas mais graves que poderão surgir a curto prazo, com a destruição do solo e da água são os seguintes: . Crescente empobrecimento do solo, dificultando ou inviabilizando a produção de alimentos e outros produtos de origem animal ou vegetal; . diminuição do volume de água das nascentes e cursos d’água, com grandes problemas de abastecimento nos grandes centros urbanos e nos reservatórios para irrigação e produção de energia elétrica; . Grande incidência de enxurradas e enchentes, destruindo lavouras, edificações e até vidas humanas; . Extinção de espécies animais e vegetais. A água no solo A água das chuvas é recebida pelo solo, mas nem toda ela é retida : parte dela escorre pela sua superfície e a outra parte evapora imediatamente, voltando para a atmosfera. A água retida pelo solo é, em parte, cedida aos rios, numa certa vazão, e, em parte, absorvida pelas raízes das plantas. Posteriormente, as plantas perdem essa água para a atmosfera pela transpiração. Assim, ou por evaporação direta ou pela transpiração das plantas, a água volta à atmosfera onde se condensa e forma as nuvens que proporcionarão novas chuvas. Pode-se concluir que as plantas interferem diretamente no regime de chuvas. O desmatamento, por sua vez, provoca diminuição na quantidade de água transferida para a atmosfera, levando à diminuição de chuvas. Existe uma relação muito grande entre a água, o solo, o clima e a vegetação. Sempre que o solo passa a ser manejado para qualquer finalidade ocorrem desequilíbrios nessa relação, promovendo a instabilidade desse sistema. O conhecimento do equilíbrio desse sistema aumenta a capacidade de previsão do homem de como manejar os recursos naturais. Isso permitiria a redução dos riscos de degradação e extinção dos recursos existentes, com as suas conseqüências sempre danosas para todos os seres vivos, incluindo nossa espécie. A modificação na cobertura vegetal e nas propriedades do solo altera a quantidade de água de chuva que infiltra no solo, variando o volume e a velocidade de escorrimento na superfície. As principais relações entre solo e a água são: 1.Água disponível para as plantas - o solo armazena certa quantidade de água das chuvas para ser utilizada pelas plantas. Esta água disponível para as plantas fica armazenada nos capilares, que são pequenos espaços entre as partículas de solo. Se o solo não armazenar certa quantidade de água de chuva, as plantas murcham e, podem até secar e morrer. 2.Lençóis de água subterrâneos - o excesso de água de chuva, ou seja, a quantidade de água não armazenada pelo solo toma dois caminhos: ou se infiltra no solo ou escorre pela superfície e se transforma em enxurradas. A água que se infiltra no solo vai formar os lençóis subterrâneos, que dão origem às nascentes, córregos e rios. Quando se fura um poço ou cisterna e se encontra água, na verdade, se encontra um lençol de água subterrâneo. 3.Enxurradas - as águas de chuva que não infiltram no solo nem são interceptadas pela vegetação, escorrem pela superfície do terreno e, não encontrando um obstáculo, transformam-se em enxurradas. Nesse caso, há um arraste de grandes quantidades de terra e há um depósito de sedimentos no leito dos córregos, rios e represas. As enxurradas arrastam grandes quantidades de terra, desgastando o solo onde as plantas crescem, originando a erosão. À medida que a terra vai sendo arrastada, o terreno vai

Page 41: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

41

ficando cada vez mais pobre e, por conseqüência, improdutivo. Pouco a pouco, as enxurradas vão destruindo a camada mais fértil do solo até que fique somente o subsolo. Além do desgaste e do empobrecimento do solo, as terras arrastadas pelas enxurradas são depositadas nas partes mais baixas, geralmente no leito dos rios e represas. O arraste de solo é facilmente observado quando as águas ficam barrentas após um dia de chuva. As terras lançadas nos cursos d’água e nas represas vão diminuindo cada vez mais a capacidade de armazenar água dos leitos dos cursos d’água, além de prejudicar o abastecimento de água para consumo humano, o funcionamento das usinas para geração de energia elétrica, a navegação e a vida dos animais e peixes. Quando se aumenta o escorrimento superficial ocorrem sérios problemas: . redução da capacidade produtiva do solo, devido à erosão; . perda da água de chuva, que poderia ser utilizada pelas plantas; . aumento da incidência de inundações, pelo rápido acúmulo de águas pluviais nas partes mais baixas; . assoreamento de cursos d’água, represas e lagoas, com a deposição de sedimentos, comprometendo a vida aquática, a navegação dos rios e a produção de energia elétrica; . carreamento de fertilizantes, sementes, matéria orgânica, partículas de solo e produtos tóxicos para os cursos d’água, contaminando pessoas e animais; . desmoronamento e obstrução de estradas. Conservação do solo e da água O solo é a camada fina da superfície terrestre, onde as raízes das plantas se fixam para buscar alimento, ar e água. Essa camada é o resultado da ação de milhões de anos da natureza e pode ser destruído rapidamente pela sua utilização inadequada. A partir do momento em que o homem passou a utilizar o solo intensivamente, visando não somente as suas necessidades pessoais de alimentação, mas também como uma fonte de renda, houve mais e mais necessidade de se fazer queimadas, derrubar matas e usar mais intensamente o solo. A demanda crescente de alimentos é uma das principais causam que geram a necessidade de se obter, pelo menos, duas safras anuais numa mesma área. Tal atividade tem levado ao mau uso do solo, com conseqüências danosas nas suas propriedades físicas e químicas, refletindo diretamente na redução da fertilidade. Tal atitude provoca a quebra do equilíbrio natural entre a terra e as plantas. Quanto à conservação da água na propriedade, o produtor deve estar atento aos pontos de acúmulo de água dentro de sua propriedade e ao seu redor. Algumas observações são importantes: a. Recobrir as partes mais altas da propriedade, como os topos dos morros, como uma vegetação mais densa e perene, como as florestas; b. Não desmatar e nem proceder limpezas sistemáticas próximo às nascentes e cursos d’água; c. Não plantar árvores ou qualquer vegetação próxima às nascentes e cursos d’água. Qualquer vegetação, em fase de crescimento, necessitará de grande quantidade e, ao invés de aumentar a quantidade de água poderá acarretar a extinção da fonte d’água. d. Retirar a vegetação excedente das nascentes e cursos d’água, como as taboas e outras plantas de menor importância, para diminuir a evapotranspiração e aumentar a quantidade de água disponível. e. Manter o solo e as áreas meio inclinadas das pastagens sempre recobertas com capim ou outra vegetação para evitar o escorrimento superficial da água de chuva e, conseqüentemente, a erosão.

Page 42: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

42

f. Evitar o pastoreio excessivo numa área, nunca colocando mais animais que uma determinada área pode suportar. g. Manter as estradas principais e as secundárias sempre a um nível acima da área cultivada para facilitar o escoamento de água das vias de acesso para os talhões e nunca em sentido contrário, como se observa normalmente. Erosão A erosão é um processo no qual as partículas de terra da superfície do solo são arrastadas pela ação das chuvas e dos ventos. É uma das principais causas do empobrecimento e do desgaste do solo e um dos principais responsáveis pela descaracterização das propriedades rurais. E o homem, pela sua ação, acelera esse processo através das seguintes ações: . culturas não adaptadas às características da terra; . plantio de forma incorreta . desmatamento e retirada completa da vegetação, deixando o solo descoberto; . pisoteio excessivo do gado em pastagens; . queimadas; . compactação do solo pelo movimento de máquinas e veículos. O primeiro contato das águas de chuva com o solo, com deficiente cobertura vegetal, resulta no impacto direto das gotas de chuva sobre a superfície, provocando compactação superficial, desagregação e espalhamento da partículas do solo, que ficam disponíveis para serem transportadas pelo escoamento superficial. Esse impacto é tanto maior e mais danoso quanto maior for o tamanho das gotas de chuva, aliado à intensidade e duração das chuvas. Grandes proporções desse solo podem ser removidas somente pelo impacto dessas gotas. A declividade têm grande influência sobre os efeitos da erosão. Quanto mais inclinado for um terreno maior será a velocidade das enxurradas e maior será a sua força para arrastar a terra. Nos terrenos mais inclinados, a infiltração das águas de chuva é muito difícil e as enxurradas, que se formam com mais facilidade, causam muitos danos. A cobertura vegetal é a proteção que o terreno tem para se proteger da erosão. Quando o terreno está com uma vegetação bem desenvolvida, que o cobre totalmente, as gotas de água de chuva são amortecidas pelas folhas, caindo lentamente sobre a terra e, assim, infiltram-se mais facilmente no solo. Cuidados especiais devem ser tomados todas as vezes que se remover a vegetação ou o solo, principalmente se o terreno for inclinado. Nos terrenos mais planos, as águas de chuva não escorrem tão facilmente, ajudando na infiltração do solo e os efeitos das enxurradas são menos danosos. Os diferentes tipos de solos também exercem considerável influência sobre a erosão. Os terrenos mais arenosos são mais facilmente arrastados pelas enxurradas; os terrenos de natureza mais argilosa resistem mais à força das enxurradas. Os principais problemas causados pela erosão: a. Perda de solo pelo arraste de material devido às enxurradas, acarretando queda de produtividade; b. Assoreamento dos cursos d’água, isto é, as nascentes e os cursos d’água ficam entupidos de partículas de solo, provocando enchentes e destruição; c. Contaminação das águas por agrotóxicos e fertilizantes químicos que são arrastados juntamente com as partículas de solo;

Page 43: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

43

d. Dificuldades de trânsito nas estradas, devido à invasão de solo erodido ou formação de valetas; e. Crescente desvalorização da propriedade rural. O controle da erosão envolve a conservação do solo e evita a perda de água das chuvas. Algumas técnicas para conservação: 1. Utilização correta do terreno - é de suma importância a escolha de determinada cultura para cada tipo de terreno. As matas são a melhor proteção do solo contra os efeitos da erosão . Elas evitam a formação de enxurradas e ajudam a infiltração das águas no solo. Nos terrenos muito inclinados e no alto dos morros deve-se plantar árvores e se ter uma vegetação permanente. Nas encostas e nas partes meio inclinadas dos morros deve-se cobrir todo o solo com pastagens ou culturas semi permanentes, como o café e as fruteiras. Deve haver cobertura durante todo o ano, para diminuir a força e o volume das enxurradas. Nas partes mais planas da propriedade devem ser plantadas as culturas anuais e semi-anuais, como o milho, feijão, arroz, amendoim, hortaliças, etc. Tais culturas têm o ciclo curto, exigem grande revolvimento do solo e facilitam a erosão. 2. Plantio em nível - as linhas de plantas devem estar colocadas cortando as enxurradas e nunca devem ser implantadas no sentido "morro abaixo". É preciso marcar as curvas de nível e as linhas de cultura devem acompanhá-las, de maneira a diminuir a força das enxurradas, no sentido da declividade do terreno. 3. Proteção das nascentes e cursos d’água - as nascentes e cursos d’água devem ser protegidos contra as partículas de solo que são arrastadas pelas enxurradas. A proteção das nascentes e dos cursos d’água pode ser conseguida a partir da conservação de toda a vegetação em torno delas. É falso e perigoso o conceito de se plantar árvores ao redor das nascentes para manter ou aumentar a vazão. Na maioria das vezes, o plantio das árvores acarreta diminuição e até a extinção completa das nascentes e cursos d’água porque aumenta a quantidade de água evaporada e transpirada pelas plantas. Deve-se manter a vegetação já existente ao redor das nascentes e junto aos córregos e rios, uma faixa de vegetação nunca menor que a metade da largura do curso d’água, nas duas margens, para conter as margens e servir de abrigo e alimentação aos animais ribeirinhos. Essa faixa de floresta em torno dos cursos de água denominam-se “matas ciliares”, porque lembram os cílios dos olhos, cuja função é protegê-los. 4. Reflorestamento - nos topos dos morros e nas partes mais inclinadas devem existir as matas naturais que são a melhor proteção. Jamais se deve substituir as matas naturais por qualquer outra cultura ou pastagens. Quando já não mais existem as matas naturais nesses locais, a alternativa mais viável é reflorestar. Existem muitas espécies, nativas e exóticas que podem ser utilizadas em plantios puros ou mistos, para contribuir no pagamento de despesas de manutenção da propriedade. Ao se implantar o reflorestamento, recomenda-se intercalar espécies diferentes, que garantam a sobrevivência dos animais, com a produção de flores, frutos e sementes. O Ambiente Urbano Construído Prédios, estradas, indústrias, plantações e pastagens fazem parte do meio ambiente ? Muita gente hesita diante de tal pergunta e tende a uma resposta negativa, geralmente por identificar ”meio ambiente “ como os seres e os elementos da natureza: matas, rios, montanhas, animais... Ao seguir esta lógica, o homem também estaria fora do meio

Page 44: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

44

ambiente e, conseqüentemente, da natureza. Assim, a humanidade, seus produtos e sua cultura seriam estranhos à natureza. Um pouco de história Para entendermos a trajetória humana no planeta, devemos considerar que a nossa presença aqui é muito recente, se considerarmos a escala do tempo geológico. O Homo sapiens surgiu recentemente na história da terra, entre 100 a 50 mil anos, se o compararmos com outras espécies de mamíferos (200 milhões de anos), para não falarmos dos répteis (300 milhões de anos) e dos demais vertebrados (600 milhões de anos). A despeito de existirmos como espécie há muito pouco tempo, realizamos em curto espaço de tempo notáveis empreendimentos e transformações no ambiente terrestre. Vejamos alguns marcos importantes das conquistas humanas em relação ao ambiente: . Há 10 mil anos, uma grande mudança na relação dos seres humanos com a natureza foi conquistada com a “revolução agrícola “, quando tribos humanas passaram a depender menos da caça e da coleta de frutos e começaram a plantar seus alimentos e criar seus animais, criando as condições para a sedentarização, ou seja, para as construções de ambientes fixos, estabelecendo comunidades mais estáveis. . Há cerca de 300 a 400 anos, uma “revolução científica “ libertaria o homem europeu das restrições místicas e religiosas, remanescentes da mentalidade feudal, permitindo que a razão humana desenvolvesse, progressivamente, equipamentos cada vez mais eficazes de apropriação e controle dos bens naturais. . O racionalismo científico impulsionando o desenvolvimento das forças produtivas e a ampliação dos mercados ultramarinos criaram as condições para que no século XVIII uma “revolução industrial” provocasse transformações radicais nos ambientes habitados pelos homens, já em fase de urbanização. . Hoje, em pleno processo de globalização, o mundo se torna cada vez mais próximo e menor, sustentado por um modelo capaz de superar, a cada dia, novos limites em relação aos domínios da natureza. O nosso sucesso como espécie e o desaparecimento de inúmeras espécies está, em grande parte, dependendo dos rumos comportamentais dos seres humanos. Os ambientes constituídos pela humanidade, neste final de século, exigem nossa atenção, pois eles repousam sobre um frágil equilíbrio, confrontando as necessidades da produção material da existência humana com as exigências de preservação do patrimônio ambiental do planeta. Somos um conjunto de seres vivos que partilha um sistema que abriga a todos, com uma quantidade limitada de recursos. Os seres humanos agimos como se não fizéssemos parte do mundo natural, como se qualquer fator que afete a natureza não tenha conseqüência sobre nossa espécie. Os ambientes urbanos e rurais As inúmeras e profundas transformações realizadas pela humanidade, particularmente nos dois últimos séculos, construindo e diferenciando espaços, permite a diferenciação básica de dois ambientes distintos, mas interdependentes: os ambientes urbano e rural.

As diferenças entre os ambientes urbano e rural podem ser, assim compreendidas: 1. A caracterização ambiental Para a caracterização ambiental dos dois ambientes, trabalhamos com os seguintes indicadores ambientais:

Page 45: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

45

. habitação, concentração populacional, circulação, biodiversidade, elementos ambientais predominantes, fatores de degradação ambiental Indicadores Ambiente urbano Ambiente rural Habitação

* Presença predominante de edificações verticais, nos grandes e médios centros urbanos. * Existência significativa de habitações precárias (favelas), nos centros urbanos maiores. * Predominância de casas e poucos prédios, nas cidades menores.

* Presença predominante de edificações horizontais (casas), sendo comum a existência de quintais. * Casas amplas na sede das médias e grandes propriedades rurais (sítios, chácaras e fazendas).

Concentração populacional

* Alta densidade demográfica em grandes centros urbanos. * Baixa densidade demográfica em cidades pequenas.

. * Baixa densidade demográfica

Circulação

* Intensa circulação de veículos e pessoas nas ruas e avenidas. * Cobertura de asfalto em ruas e avenidas. * Presença de semáforos e sinais de trânsito.

* Pouca circulação de veículos e pessoas nas estradas. * Vias de circulação sem cobertura. * Ausência de semáforos e sinais de trânsito.

Biodiversidade

* Pouca presença de cobertura vegetal (árvores e plantas). * Pouca ocorrência de animais e pequena diversidade de espécies (mamíferos, aves e insetos).

* Cobertura vegetal bastante presente (árvores, plantas, plantações e pastagens). * Maior diversidade de espécies animais e vegetais.

Elementos ambientais predominantes

* Predominância de concreto, vidro, asfalto.

* Predominância de terra e vegetação

Fatores de degradação ambiental

* Água - alto grau de poluição por efluentes industriais, lixo e esgotos domésticos. * Atmosfera - alto grau de poluição por emissão de gases das indústrias e escapamento de motores. Solo - lixões e aterros sanitários que degradam terrenos, desmatamento de encostas, desmoronamentos e inundações. * Audição – poluição sonora intensa provocada por motores e buzinas de veículos. * Poluição visual - excesso de estímulos gráficos e luminosos.

* Água - poluição moderada devido ao uso de resíduos domésticos e pesticidas nas lavouras. * Atmosfera - poluição atmosférica proveniente de queimadas. * Solo - a monocultura intensiva provoca o esgotamento de áreas de cultivo e desmatamentos que aceleram a erosão do solo. * Audição - poluição sonora insignificante. * Visibilidade - poluição visual insignificante.

Page 46: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

46

As Funções Econômicas Os ambientes urbanos e rurais desempenham funções econômicas bastante diferenciadas e com importantes repercussões ambientais. Basicamente, existem três setores da economia: Setores Atividades Primário Relacionadas com o campo, como a agropecuária e o

extrativismo Secundário Relacionadas diretamente com a produção industrial, a

construção civil e a mineração. Terciário Relacionadas com a prestação de serviços (educação, saúde,

lazer, bancos, comunicações, transportes, cultura) e o comércio

Considerando as atividades dos setores da economia têm-se os seguintes cenários ambientais: Ambiente Urbano

Setor Secundário Setor Terciário * Os grandes centros urbanos apresentam grande variedade de atividades industriais, com grandes instalações para a produção de bens de consumo e de bens de produção.

`* As metrópoles criaram necessidade de uma ampla oferta de serviços relacionados ao comércio, ensino, saúde, finanças, lazer, cultura, transportes e comunicação.

* As cidades de médio porte costumam apresentar atividades industriais menos variadas, especializando-se em alguns setores de produção de bens de consumo duráveis e não duráveis.

* As cidades médias apresentam menos variedades de serviços, obrigando seus habitantes a recorrerem aos grandes centros para terem acesso a alguns serviços mais modernos.

* Cidades pequenas, quando abrigam atividades industriais são relacionadas aos bens de consumo não duráveis (normalmente têxtil e alimentos).

* As cidades de pequeno porte apresentam pouca oferta de serviços, restringindo-se aos serviços básicos sem muitas opções, gerando muita dependência de seus habitantes em relação às cidades maiores.

Ambiente Rural Setor Primário Setor Terceiro * Algumas propriedades rurais apresentam intensa atividade agropecuária ou extrativa em bases modernas, com emprego de máquinas, equipamentos e fertilizantes, que garante altas produtividades. As grandes e médias propriedades costumam estar equipadas tecnologicamente.

* Nas regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) as atividades rurais são apoiadas por uma rede maior de serviços relacionados à comercialização, ao financiamento e ao transporte da produção.

* Grande parte das pequenas propriedades rurais * As regiões menos desenvolvidas (Norte e

Page 47: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

47

brasileiras não dispõem de tecnologias mais avançadas e realizam suas atividades de cultivo ou de criação de animais utilizando técnicas tradicionais, com menor produtividade.

Nordeste), caracterizadas pelas atividades agropecuárias em bases tradicionais, apresentam uma precária rede de serviços comerciais, bancários e de transporte, comprometendo a produção e o desenvolvimento do ambiente rural.

A Ocupação da mão-de-obra Chamamos de População Economicamente Ativa (PEA) ao contingente populacional envolvido nas atividades referentes aos três setores da economia: primário, secundário e terciário. A distribuição da PEA pelos setores da economia representa um importante indicador do grau de desenvolvimento de um país. Países mais desenvolvidos apresentam uma concentração maior da população nos setores secundário e terciário, enquanto os países menos desenvolvidos, pouco industrializados, apresentam um grande contingente populacional ocupado ainda no setor primário. Esta distribuição, no entanto, não é estática, estando em contínuo movimento, sobretudo nas últimas décadas, face às mudanças tecnológicas (microeletrônica, informática e robótica) ocorridas nos processos produtivos, redefinindo os mercados de trabalho em todo o mundo. Considerando as diferenças segundo a ocupação da população economicamente ativa, temos as seguintes situações: Ambiente urbano Setor Secundário Setor Terciário * Parte considerável da população ocupada nas indústrias, com tendência a decréscimo à medida em que a informatização diminua a necessidade de emprego intensivo de mão-de-obra, gerando desemprego

* A maior parte da população se encontra ocupada no setor de serviços, com tendência ao crescimento e maior diversificação, sob o impulso de novas tecnologias, exigindo maior qualificação dos trabalhadores.

Observação importante: parte considerável da população urbana dos países menos desenvolvidos, como o Brasil, possui a chamada Economia Informal, através de atividades não legalizadas, como as do comércio ambulante, que crescem à medida em que diminuem as oportunidades de emprego efetivo na economia formal. É comum a exploração do trabalho infantil nessas atividades, com evidentes prejuízos à escolarização. Ambiente Rural Setor Primário Setor Terciário * População ocupada predominantemente nas atividades agropecuárias e extrativas, em decréscimo nas últimas décadas, em função das dificuldades de acesso à terra e do emprego de máquinas e equipamentos, que diminuem a necessidade de emprego de mão-de-obra.

* Parte da população ocupada no setor de serviços, com tendência a um crescimento à medida em que os ambientes rurais sejam alcançados pelos processos de modernização e diversificação de serviços, a partir dos centros urbanos.

Page 48: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

48

Observação importante: os problemas do êxodo rural verificado nas últimas décadas, resultado da modernização das atividades agropecuárias, através da introdução de novas tecnologias poupadoras de mão-de-obra e também a concentração de terra nas mãos de grandes latifundiários, além da ausência de apoio técnico e financeiro aos pequenos produtores resulta em uma crescente urbanização da população rural, que traz repercussões nos ambientes urbanos, pois o aumento de mais moradias, a ampliação das redes de água e esgoto, energia, transporte, escolas e postos de saúde pressionam a já deficiente infra-estrutura de nossas cidades. Essa realidade exige um crescente consumo e comprometimento dos recursos materiais e naturais. A falta de estímulos para a manutenção do homem no ambiente rural tem sido um dos principais indicadores de insustentabilidade econômica, social e ambiental da sociedade brasileira. A Infra-estrutura : a produção e o consumo Existem alguns fatores básicos comuns aos dois ambientes quando se trata da infra-estrutura necessária ao desenvolvimento das atividades urbanas e rurais : água, energia, alimentação, comunicação, transporte e equipamentos. Tais fatores, apesar de considerados comuns aos dois ambientes, eles se diferenciam quanto à complexidade dos sistemas, ao volume dos recursos envolvidos e à natureza dos equipamentos. São considerados comuns porque as estruturas urbanas e rurais tendem a se integrar cada vez mais, apresentando exigências de produção e consumo de bens indispensáveis à sociedade como um todo. As deficiências de infra-estrutura na esfera de produção e de consumo, de qualquer um dos fatores em questão, repercutem desfavoravelmente na qualidade ambiental e na qualidade da vida da população.

Fatores Ambiente Urbano Água * Existência de sistemas de tratamento e abastecimento de água de grande

porte para atendimento da crescente demanda dos processos produtivos, de bens de consumo e de produção, bem como para o abastecimento doméstico-familiar.

Energia * Necessidade de manutenção e ampliação de extensas e complexas redes de transmissão de energia, sobretudo a partir de hidroelétricas e nucleares, para a sustentação de todas as atividades econômicas dos setores secundário e terciário, assim como para o consumo doméstico.

Alimentação * Existência de grande rede de supermercados e demais instalações comerciais, varejista e atacadista, de alimentos para abastecer toda a população.

Comunicações * Necessidade de constantes aperfeiçoamentos dos sistemas de comunicação (telefonia, fax, internet, imprensa, rádio e televisão) para garantia dos fluxos de informação dos agentes econômicos entre si, entre estes e os habitantes e entre os próprios habitantes.

Transportes * Existência de uma rede viária para o transporte de cargas predominantemente rodoviário (caminhões) e também de passageiros. Nos centros urbanos encontramos sistemas integrando automóveis, ônibus, trens, e metrô para circulação da população.

Equipamentos * Dependendo da vocação da cidade, temos a predominância de determinados equipamentos sobre outros. Cidades industriais apresentam áreas ocupadas com instalações industriais; cidades portuárias possuem equipamentos para movimentação de cargas; cidades turísticas apresentam uma boa rede hoteleira e assim por diante.

Page 49: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

49

Já no Ambiente Rural Fatores Ambiente Rural Água * Necessidade de sistema de captação e distribuição de água, elemento

fundamental para assegurar fertilidade dos solos e manutenção dos rebanhos saudáveis, além de indispensável presença no consumo doméstico. Em muitas regiões, diante da ausência de sistema de canalização de água, predomina a existência de poços para atingir os lençóis d’água subterrâneos.

Energia * As redes de distribuição de energia nem sempre atingem as áreas rurais, comprometendo a economia dessas regiões e a qualidade de vida de seus moradores. As grandes propriedades rurais costumam ser atendidas, consumindo a energia necessária para a sustentação de suas atividades agrícolas e pecuárias.

Alimentação * Nos ambientes rurais, o abastecimento de alimentos costuma ser mais precário, nem sempre contando com rede de mercados para o atendimento da demanda alimentar da população. Mesmo sendo regiões produtoras de alimentos, esta carência é verificada, pois os grandes comerciantes atacadistas compram as produções locais para o abastecimento de centros urbanos.

Comunicações * A não ser os grandes empreendimentos agropecuários e os de extração mineral, as atividades sócio-econômicas nas regiões rurais não são devidamente atendidas pelos serviços de comunicação mais modernos, dificultando o melhor desempenho das mesmas, em função da dificuldade de acesso às informações, restringindo o universo cultural e econômico de seus habitantes.

Transportes * A má conservação da malha rodoviária brasileira, por onde circula a maior parte dos passageiros e cargas, tornando as viagens perigosas, lentas e onerosas, tem comprometido a sustentabilidade de muitas atividades rurais, particularmente em relação às regiões mais distantes dos centros urbanos de consumo. Por outro lado, a pequena rede ferroviária existente, apesar de assegurar transporte mais barato e com menores impactos ambientais, quase sempre está associada a grandes mineradoras, ligando seus empreendimentos aos terminais portuários para exportação dos minérios.

Equipamentos * As grandes propriedades rurais de regiões mais desenvolvidas( Sul e Sudeste) costumam dispor de modernos equipamentos para o plantio, colheita e estocagem de produção agrícola e na pecuária e avicultura intensivas, com o emprego de técnicas laboratoriais sofisticadas para a melhoria de suas criações. Nas pequenas e médias propriedades de regiões menos desenvolvidas( Norte e Nordeste), predominam técnicas e equipamentos tradicionais, com pouca ou nenhuma mecanização.

A interdependência entre os ambientes urbanos e rurais Embora existam muitas características intrínsecas de cada ambiente, existem também muitos laços de dependência, com fortes implicações sociais, econômicas e ambientais. Podemos considerar que os ambientes urbanos se especializaram na produção e fornecimento de mercadorias industrializadas e de serviços, enquanto que os ambientes rurais garantem a produção e o fornecimento de alimentos, ambos responsáveis pelo

Page 50: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

50

atendimento das necessidades de toda a população. As populações rurais não podem prescindir da produção desenvolvida nos espaços urbanos e muito menos os habitantes das cidades podem prescindir da produção dos espaços rurais. Se tomarmos como exemplo a água, bem sabemos que as fontes e os mananciais de água se localizam nas regiões serranas e montanhosas, tendo quase sempre por vizinhança as comunidades rurais. Do comportamento dessas populações em relação à preservação e integridade desses mananciais dependem a qualidade e o volume de águas que serão captadas para o consumo nas comunidades e nos centros urbanos. As atividades econômicas que provocam desmatamento próximo aos mananciais comprometem de maneira irreversível o fluxo de águas, diminuindo em quantidade e qualidade a captação deste recurso para o consumo industrial e doméstico, que apresenta demanda crescente nos espaços urbanos. Poluição

A palavra poluir vem do latim poluere e significa sujar, e hoje não atende completamente ao sentido prático ligado ao controle da qualidade do meio ambiente. Originalmente o termo era aplicado somente à água, poluição do ar e do solo são expressões recentes. Associava-se em épocas anteriores à microscopia, turbidez da água, por exemplo, à transmissão de doenças. Isso nem sempre se traduz em uma relação direta, embora água contaminada por detritos, e , eventualmente materiais fecais contendo microorganismos patogênicos tornam-se turvas. Ecologicamente poluição costuma ser definida como as alterações nas propriedades físicas, químicas ou biológicas de um determinado ecossistema que acarreta prejuízos ao desenvolvimento das populações e desequilíbrios na natureza. Os poluentes são aqueles detritos orgânicos e inorgânicos, que introduzidos no ambiente provocam alterações. Entre os principais poluentes da água, do solo e do ar destacam-se: monóxido de carbono, dióxido de carbono, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, pesticidas, radioatividade, metais pesados, petróleo, detergentes, efluentes líquidos. Poluentes atmosféricos Monóxido de carbono (CO) O monóxido de carbono é um gás inodoro e incolor decorrente da queima de um combustível rico em carbono. Nas zonas urbanas, a circulação de automóveis é a principal responsável pela poluição atmosférica pelo monóxido de carbono. Estima-se que na cidade de São Paulo são liberadas mais de mil toneladas de monóxido de carbono por dia e que as queimadas da Amazônia, em 1997, liberaram uma quantidade desse gás equivalente à quantidade liberada por São Paulo durante algumas dezenas de anos. Uma vez inspirado, o CO passa dos alvéolos pulmonares para o sangue, penetrando nas hemácias e estabelecendo com a hemoglobina uma ligação tão estável (carboxiemoglobina) que essa importante molécula se torna completamente inutilizada para o transporte de oxigênio. A exposição prolongada ao CO pode provocar aumento do volume do baço, hemorragias, náuseas, diarréias, pneumonia, perda de memória e outros males. Dióxido de carbono ( CO2 ) O dióxido de carbono ou gás carbônico está presente na atmosfera numa proporção de 0,0037%, servindo de matéria-prima para a atividade fotossintetizante das plantas clorofiladas. Há uma tendência de aumento desse gás devido à excessiva combustão do

Page 51: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

51

carbono, principalmente proveniente de combustíveis fósseis, que pode contribuir para o aquecimento global. Dióxido de enxofre ( SO2 ) O dióxido de enxofre é um dos poluentes mais comuns na atmosfera. É resultado da atividade vulcânica, decomposição natural da matéria orgânica e combustão do carvão e do petróleo. A presença excessiva de SO2 na atmosfera pode acarretar a morte de muitas espécies vegetais ou comprometer a produtividade de plantas cultivadas. A ausência de musgos e líquens principalmente em árvores das vias públicas, parques e jardins urbanos é indicadora desse gás, que causa a morte desses organismos. No ser humano, o SO2 pode acarretar irritação dos olhos, da pele, do nariz e da garganta, bronquite, estreitamento dos bronquíolos e até mesmo a morte, em pessoas propensas a doenças cardíacas e pulmonares. O SO2 é um dos fatores geradores das chuvas ácidas. Na atmosfera úmida, o gás reage com o oxigênio e o vapor de água até originar o ácido sulfúrico; os óxidos de nitrogênio, por sua vez, originam o ácido nítrico. Esses ácidos conferem à água da chuva um caráter ácido, provocando corrosão em estruturas metálicas, de mármore, concreto, danos às folhas das árvores, comprometimento das lavouras etc. Óxidos de nitrogênio Os óxidos de nitrogênio aparecem na atmosfera provenientes da combustão dos motores dos automóveis e aviões, dos incineradores e do uso excessivo de fertilizantes nitrogenados na agricultura. Juntamente com outros gases, contribuem para a destruição da camada de ozônio situada nas altas camadas da atmosfera. Pode acarretar um aumento na incidência dos raios ultravioleta sobre a superfície terrestre. Eutrofização Eutrofização é o processo pelo qual a água de rios e lagos é enriquecida com nutrientes diversos, principalmente compostos nitrogenados e fosforados. Resulta do carreamento de fertilizantes utilizados na agricultura lixo orgânico e esgotos domésticos, além de efluentes industriais. O enriquecimento da água favorece o desenvolvimento de uma superpopulação de microrganismos decompositores que consomem rapidamente o oxigênio disponível. Em conseqüência, o nível de O2 da água reduz-se drasticamente. acarretando a morte das espécies aeróbicas. O ambiente passa a exibir uma nítida predominância de organismos anaeróbicos que produzem substâncias tóxicas diversas, como o ácido sulfídrico. Pesticidas Pesticidas, agrotóxicos, defensivos ou praguicidas são produtos químicos utilizados no combate às pragas e doenças animais e vegetais. Dependendo dos organismos que visam combater, esses produtos podem ser denominados inseticidas, fungicidas, herbicidas, raticidas, acaricidas, nematicidas etc. Considerando o estágio atual de desenvolvimento da humanidade e a carência de alimentos, seria utopia a abolição total desses venenos. Um grande problema do uso de pesticidas reside nos abusos praticados ser humano. O limite entre o veneno e o remédio está na dosagem e na maneira de aplicação. A dosagem excessiva e inadequada tem provocado o envenenamento maciço dos alimentos, colocando em risco, muitas vezes, o próprio aplicador. Após a Segunda Guerra, a partir de 1945, houve uma grande revolução no campo de produtos sintéticos, fazendo com que o mercado de agrotóxicos aumentasse consideravelmente. O que não se detectou a tempo é que alguns produtos que eram capazes de erradicar as pragas e persistiam por longo período de tempo no ambiente também estavam perdendo a batalha contra pragas mais poderosas,

Page 52: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

52

porque não havia critério de seleção; consequentemente, muitas espécies, quer nocivas, quer úteis, eram dizimadas. Os inimigos naturais das pragas, como as aves e outros animais, também eram dizimados. Os inseticidas fosforados, de curto e médio poder residual (degradam-se relativamente rápido) são muito tóxicos, inibindo a ação da enzima colinesterase. Nos seres humanos causam tremores, paralisia muscular, dificuldades respiratórias e, em casos extremos, morte. Os inseticidas clorados (Aldrin, BHC, DDT etc) possuem médio a alto poder residual e podem acumular-se durante muitos anos, até séculos, no ambiente. Atualmente, há preocupação em desenvolver produtos químicos e biológicos que atuem somente sobre uma praga específica, protegendo os inimigos naturais e diminuindo o impacto sobre o meio ambiente. O conceito mais aceito mundialmente é aquele em que é necessário um aprendizado e um convívio com as pragas, uma vez que erradicá-las totalmente é uma tarefa impossível e, na maioria das vezes, indesejável. O manejo integrado de pragas passa a ser uma ferramenta muito importante e inteligente para quem convive com a praga e consiste na integração de métodos visando evitar que uma determinada praga atinja um nível de prejuízo econômico.

Radioatividade Os elementos radiativos podem ser muito úteis ao homem, quando bem manipulados. Assim, o césio 137 e o cobalto 60 são utilizados em equipamentos para tratamentos de câncer. Outros elementos se prestam à produção de energia elétrica. A poluição radioativa tem-se tornado uma preocupação mundial, por causa dos inúmeros efeitos perigosos às populações animais e vegetais. Os produtos radioativos podem ser lançados no meio ambiente através das explosões atômicas ou das águas utilizadas para o resfriamento dos reatores das usinas nucleares e pelos detritos atômicos gerados nas usinas. Todos os poluentes radioativos são perigosos, destacando-se o estrôncio 90, que é metabolizado pelo organismo de maneira semelhante ao cálcio. Ele pode adquirido pela ingestão de leite e ovos contaminados, alojando-se nos ossos, próximo à medula. A radioatividade altera a atividade da medula, provocando anemia e leucemia. O iodo radioativo provoca câncer na tireóide. O vazamento da usina nuclear de Chernobyl (antiga União Soviética) e a bomba de césio de Goiânia, de triste lembrança para toda a humanidade, são exemplos de poluição causada por elementos radioativos. Metais pesados

Entre os metais pesados, destaca-se inicialmente o mercúrio. O envenenamento geralmente ocorre pela ingestão de sais solúveis de mercúrio, como o cloreto de mercúrio ou pela inalação de vapores mercuriais. No Brasil, o mercúrio é intensivamente utilizado nas zonas de garimpo de ouro. O mercúrio metálico forma uma amálgama (mistura) com o ouro, de maneira a separá-lo das impurezas. Com o auxílio de um maçarico, o garimpeiro faz evaporar o mercúrio, obtendo o ouro desejado. Grande parte do mercúrio evaporado é inalado pelo garimpeiro, causando a sua intoxicação. O mercúrio também pode atingir os rios e se concentrar ao longo das cadeias alimentares, principalmente nos peixes carnívoros, atingindo finalmente ser humano que consumir os peixes contaminados. As pessoas contaminadas podem perder a visão, além de ficar com pés e mãos retorcidos, corpo esquelético e sistema nervoso deteriorado Outros sintomas observados são gengivas ulceradas, tremores nas pálpebras, lábios, língua, mandíbulas e gangrena em muitos membros. Podem nascer crianças anormais, se houver ingestão de material contaminado durante a gravidez.

Page 53: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

53

Outro metal pesado perigoso é o chumbo. A poluição pelo chumbo é provocada por indústrias diversas (fundições, minas, indústrias de cristais etc). Os automóveis que utilizam o tetraetilato de chumbo como antidetonante de gasolina são também grandes fontes de poluentes desse metal. O acúmulo de chumbo no organismo pode causar o saturnismo, doença que provoca perturbações nervosas, nefrites crônicas, paralisia cerebral, anemia, confusão mental e alterações profundas no sistema digestivo. Petróleo Sem dúvida, o petróleo é a maravilha do século XX. Um vazamento de um navio transportador, no entanto, pode provocar danos irreparáveis ao meio ambiente. A formação de uma camada de óleo sobrenadante de espessura de 1 cm é suficiente para reduzir a capacidade de penetração de luz na água, afetando drasticamente a atividade fotossintetizante das algas. A mancha negra dificulta a oxigenação da água, provocando a morte de inúmeras formas de vida aeróbicas, por asfixia. O petróleo adere às brânquias dos peixes e de outros animais aquáticos, impedindo a difusão de oxigênio para os vasos sangüíneos. As aves ficam impedidas de voar, perde, a capacidade de impermeabilizar suas penas e podem morrer por afogamento ou em consequência do desequilíbrio térmico. O fitoplâncton é envenenado e intoxica os organismos dos demais níveis tróficos. Poluição térmica A poluição térmica consiste no aquecimento das águas naturais pela introdução da água quente utilizada na refrigeração de centrais elétricas, usinas nucleares, refinarias, siderúrgicas e indústrias diversas. A elevação da temperatura afeta a solubilidade de 02 na água, fazendo com que esse gás escape mais facilmente para a atmosfera e diminua a sua disponibilidade na água, prejudicando as formas aeróbicas aquáticas. Detergentes Os detergentes são produtos químicos capazes de colocar, em suspensão ou em solução, certas partículas que aderem a uma determinada superfície. Aparecem nas águas como resultado de lavagens domésticas e industriais. Os detergentes sulfônicos não têm uma ação tóxica muito acentuada, mas seus efeitos secundários são graves. Destroem as células dos microorganismos, não permitindo a oxidação dos materiais biodegradáveis contidos nos esgotos.

Muitas vezes provocam a formação de espumas brancas que reduzem a penetração de 02 na água. Os detergentes podem também enriquecer as águas naturais com substâncias fosfatadas, favorecendo o processo de eutrofização. Mesmo os detergentes chamados biodegradáveis podem aumentar a população microbiana, reduzindo a disponibilidade de 02 na água.

Energia A energia é a força propulsora de todos os ecossistemas, naturais ou construídos. O

consumo e a dissipação de energia está diretamente ligada à conservação do meio ambiente. Ao utilizar, transformar ou consumir alguma forma de energia, o ser humano causa ao planeta imensos impactos ambientais, como desmatamentos, inundações, alterações nas cadeias alimentares e extinção de espécies devido às construções de barragens nas hidrelétricas, vazamentos e uma crescente emissão de poluentes. Uma outra questão a ser pensada é a disponibilidade dos recursos, pois as principais fontes de energia utilizadas convencionalmente utilizam recursos finitos, não renováveis. Torna-se necessário pesquisar outras formas de energia, como a solar, a eólica, a geotérmica e a nuclear.

Page 54: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

54

O petróleo é, sem dúvida, a principal fonte de energia deste século. Atualmente, responde por cerca de 40% de toda a energia consumida no mundo; em seguida, vem o carvão mineral, com 30%; o gás natural, com 20%, e a energia hidroelétrica, com 10%. Considerando o Brasil, esse perfil é diferente e quase inverso, graças às características naturais, com imensos cursos d’água e dimensão quase continental, mas com baixas reservas naturais de petróleo, carvão mineral e gás natural; foi necessária a construção de usinas hidroelétricas em quase todo o país para garantir o suprimento de energia e, assim, o consumo industrial e doméstico. A energia hidroelétrica atende a 37% das necessidades energéticas do País, seguida do petróleo, com 29%, da biomassa( madeira e carvão vegetal), com 27%, do carvão mineral, com 5% e do gás natural, com 2%. As fontes não renováveis de energia respondem, juntas, por 90% da demanda mundial de energia. Se o nível atual de consumo for mantido, a partir dessas únicas fontes, alguns especialistas no assunto estimam que tais fontes se esgotarão em menos de duzentos anos. Para evitar esse risco, tornam-se necessárias algumas medidas: - Utilizar racionalmente as fontes de energia para evitar seu esgotamento rápido, - Diminuir a perdas de energia, resultantes dos processos de geração, transporte e distribuição;

- Utilizar fontes de energia renovável, como álcool, por exemplo. -

A energia hidroelétrica Apesar de ser renovável, a energia hidroelétrica tem um limite dado pelos recursos hídricos das bacias fluviais de cada região. Uma vez aproveitada a capacidade hidroenergética de todos os rios, não haverá mais como produzir energia, a partir dessa fonte. A usina hidroelétrica não polui e substitui, com vantagem, outras fontes de energia, como o petróleo e o carvão. Seu maior problema, no entanto, está na fase de implantação da usina. Ao se construir a barragem para regularizar o fluxo de água do rio para a futura geração de energia, cria-se um reservatório ou lago que inunda grande área, incluindo terras férteis e áreas cobertas com florestas. Além disso a maioria das usinas não tem se preocupado em favorecer a piracema, impedindo as espécies de peixe de migrar no rio, levando à extinção local muitas espécies. A construção da barragem e a desocupação da área atingida provocam, o deslocamento de milhares de pessoas, afetando a economia da região e provocando fortes impactos sociais. Usinas de grande porte, como as de Itaipu e Tucuruí, não são mais construídas, pelos grandes impactos ambientais e sociais provocados. Atualmente, são construídas usinas de menor porte. Economizar energia é uma alternativa viável quando se pensa em racionalização dos recursos naturais e na redução de impactos ambientais. Economizar, também, implica em melhorar os processos de obtenção e utilização de energia. Uma indústria, por exemplo, pode melhorar a forma de aquecer a água para produzir vapor que faz girar uma turbina. Para isso, é preciso criar um meio de se gastar menos óleo para produzir vapor na caldeira. O resultado, por certo, é a economia de toneladas de óleo e a diminuição da poluição ambiental. Outro modo de economizar energia é o aprimoramento técnico dos equipamentos, com o fim de se melhorar o desempenho, reduzindo as perdas de energia e poluindo menos. Uma simples regulagem no motor do automóvel pode aumentar a eficiência, diminuir o consumo de combustível e diminuir a poluição. Outro modo de economizar energia é o aproveitamento de resíduos que podem ser transformados em energia, como é o caso do bagaço de cana, aparas de serraria e, até mesmo, o próprio lixo. Através da combustão ou da fermentação em biodigestores, produz-se o gás que é utilizado na produção de energia elétrica.

Page 55: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

55

O LIXO

“O lixo é apenas um estado da matéria. Se devidamente tratado, deixa de ser um problema. Reciclando nosso modo de viver, produzir e consumir, é possível

transformar nossa qualidade de vida. E para que a nossa vida seja melhor, basta reciclarmos as nossas atitudes.“

O que acontece com os pássaros e outros animais quando morrem ? Para onde vão as folhas que caem das árvores? A resposta é bem simples: todas as plantas e animais morrem, apodrecem e se decompõem. É o processo de reciclagem da natureza. Uma grande diversidade de macro, meso e microorganismos como minhocas, formigas, aranhas, larvas de insetos, colêmbolos, ácaros, nematóides, bactérias e fungos, vão quebrando moléculas complexas de proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos nucleicos em moléculas mais simples, até que a decomposição completa libere os minerais, água e CO2, que se combinaram na fotossíntese para formar toda a matéria viva. O CO2 é liberado para a atmosfera e os elementos químicos e nutrientes químicos que eles contêm voltam à terra. Podem ficar no solo, nos mares, nos rios e serão usados novamente pelas plantas e animais. É um processo natural de reutilização de materiais. É um interminável ciclo de morte, decomposição, nova vida, crescimento, morte... A natureza é muito eficiente no tratamento dos seus resíduos. Na verdade, todo o resíduo que ela produz se transforma em “matéria prima”.

A diferença entre os “produtos” fabricados pela natureza e pelos seres humanos é que os primeiros são totalmente recicláveis. Os produtos fabricados por nossa sociedade de consumo nem sempre são necessários e a produção é, em grande parte dos casos, uma via de mão única, ou seja gera, no final do processo de fabricação, ou após a utilização, um resíduo inútil e de difícil degradação, denominado comumente de lixo, que se acumula no ambiente causando uma série de problemas.

A preocupação com o lixo é crescente e muitas alternativas começam a ser propostas como a solução definitiva do problema, dentre elas, redução, reutilização e reciclagem. É urgente porém que façamos alguns questionamentos. Será suficiente equacionar o problema com priorização de técnicas de destinação e programas de reciclagem? Isso é apenas ter um mínimo de bom senso. Mas se a geração de lixo continuar luxuosa e irresponsavelmente, não haverá forma viável de solucionar. Será que a questão mais importante está merecendo atenção? Não é chegado o momento de pensar em não produzir tanto lixo? O que nós precisamos realmente produzir e consumir?

Talvez o que nós precisemos seja encontrar um novo estilo de vida, baseado em valores internos e não externos. Buscar uma razão de viver que não seja colecionar o maior número de coisas materiais. Essa atitude pode ser também uma grande oportunidade para descobrirmos algo novo sobre nós mesmos. Quando olharmos para trás e pudermos observar que os melhores momentos de nossas vidas não foram proporcionados por coisas compradas. A capacidade humana de inventar coisas novas traz inúmeros benefícios, mas também causa muitos problemas. E um dos problemas mais sérios é o esgotamento dos recursos naturais. A maioria dos recursos que tiramos do planeta não fornece duas safras, ou seja, eles não são renováveis. É o caso do petróleo, do minério de ferro, do gás natural, dos minerais e das pedras preciosas. Por certo, chegará a hora que a humanidade terá de buscar substitutos para as matérias-primas que são convencionalmente usadas para a fabricação dos produtos que hoje consumimos. Vivemos numa sociedade que é continuamente estimulada consumir. E o estilo de vida moderno está sempre a exigir alternativas de conforto e comodidade para as pessoas. E, é claro, o consumo de recursos

Page 56: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

56

naturais cresce proporcionalmente a essas exigências, além do aumento progressivo da população. Falando sobre lixo Atualmente, vivemos num ambiente onde a natureza é profundamente agredida e alterada. Milhões e milhões de toneladas de matérias-primas provenientes dos mais diferentes lugares do planeta são industrializadas e consumidas, gerando, ao mesmo tempo, uma série de rejeitos e de resíduos, que se chama lixo. À época das cavernas, o lixo não era verdadeiramente um problema, porque a quantidade gerada era muito pequena e porque a natureza facilmente o reciclava, devido ao grau de complexidade e natureza dos produtos. Com as cidades de hoje, cada vez maiores, temos enormes quantidades de lixo concentradas em alguns pontos do planeta. E o lixo passou a ser um dos maiores problemas dos tempos modernos. Algumas pessoas chegam a produzir até 1,8 kg de lixo diariamente. A Grande São Paulo chega a recolher até 1.800 caminhões de lixo por dia. E a tendência é de aumentar a cada dia. No Brasil, apenas metade do lixo produzido é coletado, seja por falta de recursos, seja por descaso das autoridades competentes. E somente 3%, isso mesmo, 3% do lixo coletado vão para um lugar adequado. E quanto mais se produz lixo, mais se precisa de locais de aterro para depositá-lo. E, na maioria das cidades, o lixo é jogado em cursos d’água ou em terrenos vagos, geralmente afastados do centro da cidade, chamados de “lixões“. Lá se misturam ratos, baratas, urubus, porcos, mulheres, homens e crianças. Doenças nem se fala. O lixo é jogado para longe das pessoas, mas continua trazendo problemas porque não recebe qualquer tratamento. É uma falsa solução, do tipo colocar sujeira debaixo do tapete. O lixo passa a ser um assunto extremamente importante, porque obriga à reflexão sobre a participação de cada um nos ciclos da natureza. Faz-se necessário criar novos hábitos que vão desde não consumir desenfreadamente, até direcionar corretamente os resíduos, não jogar lixo nas ruas, no fundo do quintal, no piso das escolas, até sobre nosso modo de vida, a quantidade e a qualidade do lixo, o que fazemos para nos livrarmos dele e as alternativas de aproveitar, reutilizar e reciclar os materiais oriundos dele. Aspectos sanitários e de saúde pública Segundo a Organização Mundial de Saúde, pode-se definir saúde como o completo bem-estar físico, mental e social e, não somente, a ausência de doenças. Segundo a mesma organização internacional, saneamento é o controle de todos os fatores do meio ambiente que exerçam ou possam exercer algum efeito deletério sobre a saúde humana. A saúde está diretamente relacionada e dependente da qualidade dos serviços de saneamento básico. Nos países em desenvolvimento, a principal forma de destinação final dos resíduos sólidos é o despejo a céu aberto. Nessas condições, há uma proliferação dos vetores biológicos que aí encontram as condições ideais de nutrição, proteção e reprodução, contaminando o solo, a água, o ar, os animais e as plantas. Os principais agentes infecciosos são as bactérias, protozoários, fungos, vermes, bacilos, vírus etc. Quadro 1 - Doenças passíveis de ocorrerem por vetores relacionados aos resíduos sólidos urbanos. DOENÇAS AGENTE VETORES SINTOMAS Febre tifóide Febre paratifóide

Salmonella typhosa Salmonella paratyphi

Moscas Moscas

Febre contínua, manchas no corpo, cefaléia, diarréia.

Moscas Vômitos, perturbações do

Page 57: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

57

Ancilostomose Ancylostomus duodenale sono, dores abdominais, distúrbios intestinais.

Amebíase Entamoeba histolystica Moscas e baratas

Diarréia e fezes com sangue

Poliomielite Poliovirus Baratas Febre, náuseas, cefaléia, vômitos, paralisia.

Gastroenterites Bactérias intestinais Baratas Diarréia, vômitos, febre Elefantíase Wulchereria bancroti Mosquitos Edema linfático, aumento

dos vasos. Febre amarela Arbovírus Grupo “B” Mosquitos Febre, calafrios, náusea,

vômitos, cefaléia, icterícia Leptospirose Leptospiras sp Ratos Febre alta, corisa, cefaléia,

hemorragia, icterícia Peste Yersinia pestis Ratos Inflamações hemorrágicas

baço, fígado, pulmões e sistema nervoso central

Toxoplasmose Toxoplasma gondi Suínos e urubus

Calcificações intracerebrais, distúrbios psicomotores

Hepatite infecciosa Bactéria Contato agulhas plasma

Febre, náuseas, icterícia, fadiga, dores abdominais.

Os principais macrovetores associados aos resíduos sólidos urbanos: Moscas,

Baratas, Ratos, Mosquitos, Cães, Aves, Suínos, Eqüinos e Bovinos. O que fazer com o lixo? Uma destinação correta para o lixo das cidades é o aterro sanitário, que exige impermeabilização do terreno, sistemas de drenagem e cobertura de todo o material ali depositado, evitando-se a poluição do ar e do solo, através da captação dos gases e do tratamento do líquido resultante da decomposição dos materiais, denominado chorume ou percolato. No aterro sanitário, o lixo é espalhado e compactado por tratores. Camadas de terra são intercaladas a cada camada de lixo. O aterro sanitário apresenta como vantagens ser um técnica ambientalmente confiável e de baixo custo operacional. Como desvantagem pode ocorrer o comprometimento físico de áreas extensas e se não for rigorosamente administrado , o aterro pode transformar-se em um foco e difundir todo tipo de organismos patogênicos. Se for explorado como uma técnica isolada elimina a possibilidade de reciclagem de vários materiais de interesse.

Outro método de eliminar o lixo é queima ou incineração, com a função de se diminuir o seu volume e se evitar doenças A queima do lixo exigirá equipamentos especiais para não poluir o ar, mas é possível o aproveitamento da energia, proveniente da queima, como subproduto. Para o lixo hospitalar ( curativos, seringas, vísceras e restos humanos), a alternativa mais viável é a queima, descartando-se todas as outras alternativas. A queima apresenta como vantagem a redução significativa do volume original, produz resíduo sólido estéril, o processo em si é higiênico quanto à proliferação de organismos patogênicos, sendo apropriado para o lixo hospitalar. Permite também obter energia em processos recuperativos. Como desvantagens pode-se dizer que a heterogeneidade do material pode trazer sérios problemas ao incinerador, pode se tornar uma fonte de poluição atmosférica, desperdiça materiais reaproveitáveis.

Page 58: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

58

Se o lixo for considerado apenas um refugo, um material de descarte, ou mesmo, um material indesejável, por certo o nosso planeta se transformará numa lixeira sem tamanho. A outra maneira de se tratar o lixo , talvez a mais racional, a mais econômica e a de menor impacto ambiental, é a instalação de usinas de reciclagem e de compostagem. São usinas que separam os materiais inorgânicos( papel, vidro, plástico e metais) dos restos de alimentos e de outros materiais orgânicos, que se transformam em adubo, através da compostagem. Todos os materiais inorgânicos e orgânicos do lixo envolvem matéria-prima, energia, dinheiro; por isso, são reaproveitados e vendidos. O lixo propriamente dito, ou seja, o que não pode ser aproveitado ou reciclado, tem, como destino final, o aterro sanitário ou os depósitos de lixo a céu aberto, sem nenhum critério técnico, conhecidos popularmente como lixões. A usina de reciclagem e compostagem funcionaria muito melhor e se geraria muito menos lixo se houvesse coleta seletiva do lixo selecionando o lixo no próprio local onde é gerado, seja em casa, escola ou local de trabalho. O processo da compostagem reduz o volume do lixo e o produto final (composto) pode ser usado como adubo e como cobertura de aterro sanitário. Comparado com outras técnicas há uma baixa taxa (velocidade) do processo. A reciclagem minimiza o impacto ambiental, permite o reaproveitamento de diversos materiais, permite o desenvolvimento de tecnologia para recuperação de papel (a hidrólise permite a produção de várias substâncias químicas), plásticos (produção de diversos utensílios, como bacias, cinzeiros e outros vasilhames), metais (reutilização direta ou indireta na produção de objetos metálicos). O nosso lixo é u luxo Mais de 50%, ou seja, a metade do que chamamos de lixo e que vai entupir os aterros e formar os lixões é composto de materiais que poderiam ser reutilizados ou reciclados. Mas o lixo e só apenas um estado da matéria e só será um problema se não lhe for dado um tratamento adequado. É preciso, pois, rever os valores que estão norteando o nosso modelo de desenvolvimento e, antes de se falar em lixo, é preciso reciclar o nosso modo de viver, produzir, consumir e descartar. Qualquer iniciativa neste sentido deverá levar em conta os conceitos de REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM. Os três conceitos devem ser complementares. A reciclagem de materiais é importante sob o aspecto ecológico, sanitário, social, econômico, pedagógico e político. Algumas de suas vantagens: - diminui a exploração de recursos naturais e o consumo de energia; - contribui para diminuir a poluição do solo, da água e do ar; - contribui para formar uma consciência ecológica; - melhora a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população; - prolonga a vida útil dos aterros sanitários e possibilita a produção de composto orgânico; - gera empregos para a população não qualificada; - gera receita pela comercialização dos recicláveis; - extingue a condição humilhante e sub-humana de mendigos e desempregados que sobrevivem de restos e sucatas dos lixões a céu aberto; - elimina focos de insetos, roedores e pássaros que transmitem doenças. Há muitas empresas que vivem de comprar e reciclar os materiais separados pelos catadores, garrafeiros e usinas. E todo lixo reciclável vale dinheiro.

A composição dos resíduos sólidos urbanos pode ser assim representada:

Page 59: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

59

Materiais inertes - 20% (representa todo o material seco reciclável) Materiais descartáveis - 30% (representa todo o material seco descartado, não aproveitável, cujo destino final é o aterro sanitário) Materiais orgânicos biodegradáveis - 50% (representa todo material que é transformado em composto orgânico que retorna à terra como excelente substrato para a vida vegetal).

Composição do Lixo A composição média do lixo de uma cidade é a seguinte: Tipo de material Porcentagem( peso) Orgânico 52,5 Papel 28,4 Plástico 5,6 Metais 4,9 Vidros 3,1 Outros 5,5 Produção e Bem-Estar Social Quantidade e Qualidade de água Atualmente, a água já é considerada um recurso escasso e finito, embora seja o de menor preço entre todos os produtos do mercado. Supõe-se que, a cada vinte anos, dobram os volumes de água necessários à satisfação das necessidades humanas. Na Europa, têm-se levantamentos e previsões de que no ano 2030 se equilibrarão oferta e demanda de água. O planeta Terra deveria ser conhecido como planeta Água, uma vez que 97% da sua superfície é ocupado com água, uma quantidade estimada em 1,4 bilhões de metros cúbicos. Segundo os organismos internacionais, o consumo médio diário per capita varia de 30 litros (países em desenvolvimento) até 6 mil litros (países desenvolvidos). O consumo de água está sempre condicionado a uma série de fatores, como o nível de industrialização, o número de habitantes, o sistema de distribuição, o uso correto da água pela população etc. Mesmo no Brasil, existem desigualdades no consumo de água; nas regiões do Sul e do Sudeste, o consumo médio é superior aos 100 litros necessários à sobrevivência, enquanto nas regiões Norte e Nordeste (menos desenvolvidas) existem populações sem acesso aos serviços de abastecimento, consumindo pouca água e de má qualidade, com sérias conseqüências para a saúde humana. Mesmo nas cidades grandes, como Rio de Janeiro e São Paulo, os segmentos da população mais pobre, que mora na periferia, são privados dos serviços de abastecimento e tratamento de água, absolutamente necessários para assegurar um padrão de vida satisfatório aos seus habitantes. Algumas considerações sobre a água: . A água é geradora de vida e isto tem um significado ético. . As águas nascem no ambiente e são o melhor indicador de seu estado. . É preciso evitar qualquer desperdício, mesmo sendo um recurso pago. . É preciso incorporar em cada cidadão a idéia da parceria e do cidadão da água para o benefício comum. É a política do desenvolvimento sustentável. . A água, antes de ser uma bênção e uma dádiva, é um bem econômico, é um recurso natural que, sabiamente utilizado, promove um benefício social e gera riquezas.

Page 60: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

60

Os custos do tratamento da água e as tarifas Com a promulgação da Constituição de 1988, todos os corpos d’água passaram a ser de domínio público, cabendo ao Poder Público a outorga de direitos de uso dos recursos hídricos, segundo critérios estabelecidos pela Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9433, de janeiro de 1997). Os serviços de água e esgoto costumam ser mantidos por empresas concessionárias que têm o direito de cobrar pelos serviços. Os objetivos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos são: . reconhecer a água como um bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; . incentivar a racionalização do uso da água; . obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. Para corrigir uma série de distorções em relação às tarifas sobre o consumo d’água, que muitas vezes penalizam com preços altos os pequenos usuários, enquanto grandes consumidores, como indústrias, pagam proporcionalmente pouco pelo volume de água consumido, tem vigorado, em algumas unidades da federação, o princípio de que “quem consome mais deve pagar mais”. Nesse sentido, a chamada Tarifa Social, colocada em prática por algumas empresas concessionárias, tem garantido tarifas menores para famílias de baixa renda. Em alguns casos, as famílias podem ser até isentas de pagamento, devido ao seu baixo consumo de água. São tentativas de democratizar o acesso à água, diferenciando as tarifas segundo indicadores sócio-econômicos dos usuários. Para o devido controle do consumo de água, em qualquer residência ou estabelecimento são instalados hidrômetros, aparelhos que, além de medir o consumo, ajudam a identificar eventuais vazamentos nas instalações hidráulicas. Poluição das águas Um dos traços mais perturbadores do futuro diz respeito à escassez de água, com promessa de afetar substancialmente as condições de vida do planeta. As águas continentais, nesse sentido, tem sido consideradas um bem estratégico para as gerações futuras, exigindo esforços compartilhados no sentido de preservar os ecossistemas que sustentam os mananciais de água doce. Nosso processo civilizatório tem mantido diversas atividades sócio econômicas que tem ameaçado a qualidade e a quantidade das águas disponíveis para o usufruto da humanidade e das demais espécies. Ao tratarmos de poluição hídrica, consideramos três diferentes tipos de agressão ambiental: . introdução de substâncias artificiais e estranhas ao meio, como o lançamento de efluentes industriais num rio; . introdução de substâncias naturais estranhas ao meio, como sedimentos minerais ou orgânicos, que provocam o assoreamento de um lago ou curso d’água; . alteração na proporção ou nas características de um meio, como a diminuição de oxigênio presente em determinado corpo d’água. Fontes de Poluição dos Mananciais Devido à precariedade da rede de esgotos sanitários em nosso país, grandes volumes de água contaminada com fezes humanas, restos de alimentos e detergentes são diariamente

Page 61: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

61

despejados sem tratamento em córregos, rios e mares, atingindo as formas de vida nesses ecossistemas aquáticos, além de comprometer seriamente a saúde humana. Os esgotos humanos provocam dois tipos de contaminação das águas: . contaminação por bactérias - principalmente por coliformes presentes nas fezes humanas, responsáveis pela grande incidência de diarréias e infecções intestinais. Porcentagem considerável da mortalidade infantil no País é atribuída a doenças diarreicas, através de água contaminada. . contaminação por substâncias orgânicas degradáveis através dos nutrientes presentes em detergentes, como o nitrogênio e o fósforo, responsáveis pela eutrofização dos corpos d’água. A eutrofização é um processo natural de “fertilização” das águas, que é intensificado pelo excesso de nutrientes na água, devido à interferência humana, provocando a proliferação de algas e outros organismos autótrofos que consomem grande parte do oxigênio dissolvido e provocam a morte de peixes e demais espécies aquáticas. Os Efluentes Industriais O processo de industrialização tem sido historicamente um importante fator de degradação ambiental. O despejo de efluentes industriais nos corpos d’água, sem o devido tratamento, tem provocado sérios problemas sanitários e ambientais. Os principais poluentes de origem industrial são os compostos orgânicos e inorgânicos. Poluição por Compostos Orgânicos Um dos principais poluentes de águas continentais de origem industrial são os compostos fenóis, provenientes de indústrias químicas e farmacêuticas e dos esgotos hospitalares que, mesmo em baixas concentrações, alteram a potabilidade da água e o sabor dos peixes contaminados. Outro poluente importante são os detergentes para limpeza de equipamentos, utilizados em indústrias diversas, afetando principalmente os peixes. Embora mais freqüentes nos mares e oceanos, existem registros de vazamento de petroleiros. Em áreas continentais, há registros de rompimento de oleodutos, podendo atingir o lençol freático e as águas subterrâneas. Calcula-se que um litro de petróleo inutiliza cerca de um milhão de litros de águas subterrâneas. Poluição por compostos inorgânicos Os principais compostos inorgânicos que ameaçam a integridade dos recursos hídricos são basicamente os metais pesados, provenientes de indústrias químicas e farmacêuticas, de indústrias de papel e celulose, de indústrias madeireiras, de usinas siderúrgicas, além das atividades de mineração. Quadro 2 - Relação dos metais pesados mais perigosos para a saúde humana e o meio ambiente, sua origem industrial e seus efeitos.

Metal Ramo Industrial Efeito Mercúrio Mineração Acumula-se no sistema nervoso, nos rins e

na medula, com perda gradual dos movimento e lesão renal.

Cádmio Petroquímica Fertilizantes Refinarias de petróleo Siderúrgicas

Atinge o sistema nervoso e os rins, provoca perda do olfato, redução dos glóbulos vermelhos e remoção do cálcio dos ossos.

Chumbo Papel Atinge os ossos, os rins, a musculatura,

Page 62: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

62

Petroquímica Fertilizantes Refinarias de petróleo Usinas siderúrgicas

provocando agitação, epilepsia, anemia e perda da capacidade intelectual.

Atividades Agrícolas O esforço para aumentar a produção de alimentos para atendimento da crescente demanda alimentar dos centros urbanos, bem como do mercado externo, tem concorrido para a difusão de práticas agrícolas responsáveis pelo agravamento da poluição das águas continentais. Três causas principais: Uso de agrotóxicos Tem sido comum, nas últimas décadas, o uso intensivo de inseticidas, herbicidas e fungicidas para proteger as plantações de ataques de pragas que ameaçam as colheitas e os lucros dos produtores rurais. É preciso considerar que as pragas, em geral, representam um sintoma de desequilíbrio proveniente de alguma alteração drástica em determinado ambiente, como um desmatamento que prepara o solo para um cultivo. Sem considerar os fatores determinantes do desequilíbrio, tornou-se hábito entre os agricultores o uso sistemático de substâncias tóxicas contra as pragas, ou seja, contra espécies que proliferaram excessivamente, provavelmente em resposta à diminuição ou desaparecimento de seus predadores naturais, anteriormente abrigados nas matas. Muitas vezes, sem orientação técnica, os agrotóxicos são indevidamente lançados sobre as plantações e os solos que, levados pela chuva, acabam atingindo córregos, rios, lagos e alcançam finalmente os mares. Mesmo em baixas concentrações, tais substâncias são extremamente perigosas, pois estão sujeitas a um tipo de contaminação cumulativa. O fenômeno de bioacumulação pode atingir cadeias alimentares inteiras a partir de pequenas concentrações tóxicas. Basta que num lago ou rio, por exemplo, microrganismos aquáticos retenham pequena concentração de um biocida proveniente de uso agrícola. Pequenos peixes que se alimentam desses microrganismos potencializam essa intoxicação, aumentando a concentração dessas substâncias em seus organismos. Peixes maiores que se alimentam dos pequenos também se contaminam, elevando a referida concentração tóxica, que pode atingir aves em concentrações mais elevadas e o próprio homem, quando se alimentam de peixes contaminados por biocidas, com graves prejuízos à saúde do homem e dos animais. Uso de Fertilizantes Para aumentar a produtividade agrícola, tornou-se habitual o emprego de fertilizantes químicos inorgânicos ricos em potássio, cálcio, nitrogênio e fósforo. As chuvas se constituem no principal veículo desses nutrientes, principalmente os nitrogenados e os fosfatados que, levados dos campos de cultivo para os corpos d’água, contribuem para a proliferação de microrganismos autótrofos, grandes consumidores de oxigênio dissolvido na água, em prejuízo das demais espécies que habitam esses ambientes aquáticos. Os processos de eutrofização podem provocar a morte de peixes e outras espécies aquáticas. Desmatamento das Matas Ciliares As matas ciliares são faixas de mata que margeiam um curso d’água. O desmatamento dessa vegetação, quase sempre para uso agrícola, constitui uma série de problemas para a saúde de um córrego ou um rio. Essas matas cumprem um importante papel no ciclo de água de um ecossistema, pois as raízes das árvores permitem a infiltração

Page 63: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

63

de parte das águas das chuvas para o lençol freático, evitando um aumento excessivo do volume de água na calha do rio ou córrego. Sem as raízes, as margens perdem a sua proteção natural contra os desbarrancamentos, aumentando a deposição de sedimentos e assoreando o curso d’água. O assoreamento de um rio ou de um córrego favorece o transbordamento de água da calha natural na época de chuvas, muitas vezes provocando enchentes, acarretando prejuízos materiais, sociais e ambientais. A preservação das matas ciliares é fundamental para a saúde dos mananciais. Preservando os Recursos Hídricos Dispondo de 8% de todo a água doce do planeta, o Brasil, suas lideranças políticas e empresariais, suas organizações governamentais e não governamentais e todos os cidadãos conscientes precisamos compartilhar responsabilidades no sentido da preservação deste patrimônio hídrico inestimável para a sustentabilidade de nosso futuro comum. Do ponto de vista legal, realizamos um considerável avanço recentemente com a aprovação da Lei 9433 (08/01/97) pelo Congresso Nacional, instituindo a Política Nacional de Recursos Hídricos, a exemplo de muitos países, que procuram assegurar uma gestão ambientalmente sustentável desses recursos. Tendo em vista a necessidade de conciliação entre o uso econômico e a preservação dos mananciais de água, a referida lei se baseia nos seguintes princípios fundamentais: . As bacias hidrográficas são tomadas como unidades de planejamento, que devem objetivar, através do confronto de disponibilidades de demandas, a realização de um balanço hídrico sustentável. . A gestão dos recursos hídricos deve assegurar o uso múltiplo das águas, sem privilégios para qualquer tipo de usuário, garantindo a democratização de acesso a esses recursos. . A água deve ser reconhecida como bem finito e vulnerável, exigindo esforços no sentido da sua preservação, em termos de quantidade e qualidade. . É importante reconhecer o valor econômico da água, a fim de favorecer o uso racional deste recurso, instituindo a cobrança pelos múltiplos usos dos recursos hídricos. . A instituição da gestão descentralizada e participativa pretende assegurar ampla participação dos usuários e de organizações da sociedade civil no processo de gestão dos recursos hídricos em fóruns locais - os comitês de bacias hidrográficas - funcionando como um “parlamento das águas da bacia”. A mesma lei prevê o funcionamento do “Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos” que deve coordenar um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre os recursos e fatores importantes para sua gestão, com base na descentralização da produção de dados. Para tanto será necessário o monitoramento dos corpos d’água em todas as bacias hidrográficas do País, de modo a permitir o acesso aos dados e informações a toda a sociedade. A existência de uma lei, por melhor que ela seja, não nos assegura a preservação desejada de nosso patrimônio hídrico ou outro qualquer. É preciso a participação consciente de todos, assumindo de forma compartilhada a responsabilidade pela efetivação vigente, para que as gerações futuras possam usufruir de água em quantidade e qualidade satisfatórias ao atendimento de suas necessidades. Verdade seja expressamente dita: a legislação tem sido uma alquimia desconhecida para a população. É assunto para especialistas que manipulam e desvendam os caminhos no labirinto complexo das normas jurídicas. Desta forma, a lei, que seria do povo, passa a ser atributo do Estado, que deveria mostrar alguma concepção de justiça, torna-se possível instrumento de dominação que, ao invés de regular a sociedade, passa a justificar as desigualdades. A velha e conhecida retórica afirma serem as leis boas e suas aplicações ineficazes. Por quê? Falta de

Page 64: Texto para Avaliação de Seleção Mestrado em Meio Ambiente e ... · palavras que o constituem “meio” e “ambiente” são s inônimos e ... Ecossistema O ecossistema é o

64

divulgação, falta de fiscalização educativa, punitiva etc. Não é possível entender o direito como sendo composto por facetas isoladas que podem ser tratadas isoladamente. Se uma lei é boa, mas não é aplicada, significa simplesmente que ela é deficiente. Passa a ser o óbvio negado. O Direito não pode e não deve ser considerado tão somente como dádiva do Estado, mas como fruto de lutas da sociedade organizada, a fim de que suas prerrogativas sejam constituídas e respeitadas. Para que possamos entender a questão do meio ambiente é necessário afastar o modelo conceitual de certas marcas naturalistas e o vício de encarar a questão nos estritos termos econômicos. É imperioso que o exercício da cidadania seja consolidada de forma ampliada, buscando sem cessar a sistemática e eficiente participação na organização social, política e jurídica de cada cidadão, que, em conjunto na sua comunidade, certamente fortalecerá a sua organização, para fazer prevalecer os seus direitos.. Tudo isso enquadra numa nova e transformadora ética, que poderá vir a ser a salvação do desaparecimento do ser humano, do meio ambiente e do planeta Terra. Tal tarefa complexa é, acima de tudo, difícil e exigente no que diz respeito à sua atividade constante, enfim, é uma obrigação de todos nós. Perante os questionamentos do meio ambiente só há duas possíveis posições: a ação ou a omissão que, consequentemente, determina a destruição e a morte, ou a ação transformadora, que enseja a construção racional e adequada para propiciar a vida saudável. Em síntese, a questão ambiental não está nem à nossa esquerda, nem à nossa direita, nem, muito menos, ao centro: ela está à frente de cada um de nós, voltada para o nosso futuro. Fonte: Universidade Federal de Viçosa/Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - CD nº 813666006.