texto distúrbios da personalidade

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PERSONALIDADE 14. Distinções terminológicas. Por fm, é interessante que se evite conusões acerca de áreas que embora sejam próximas, possuem limites claros. Assim, deve-se dierenciar os conceitos de Psiquia Psicanálise do de Psicolo ia! a" Psiquiatria ! é um ramo da #edicina que tem por escopo tratamento de doen$as mentais, sendo permitida a prescri$%o de medicamentos& b" Psicologia ! como vimos, é uma ci'ncia aut(noma que estuda os processos mentais e o comportamento )umano, n%o sendo permitida a prescri$%o de medicamentos. *bserva-se que a Psicolo ia se ocupa d uncionamento do psiquismo em sua totalidade e n%o só de en(menos patoló icos& A psicolo ia divide-se em diversas áreas de estudo do )umano. c" Psicanálise ! como estudado no item anterior, é uma teoria ps+quica ormuladapor reud, que tem por base o estudo do inconsciente. 15. Personalidade. m dos maiores temas de interesse de estudo da Psicolo ia, que ao mesmo tempo é bastante utili ado pelo /ireit personalidade. A personalidade se reere aos aspectosda subjetividade do indiv+duo, resultado da intera$%o de seus aspectos +sicos aspectos ps+quicos. *u ainda, na li$%o de Ana #erc's 0a)ia 0oc1 et al 2 Psicologias . 34. ed. 5%o Paulo! 5araiva, 3666, p. 337"! /e modo eral, a personalidade reere-se ao modo relativo constante e peculiar de perceber, pensar, sentir e a ir do indiv+duo. A defni$% tende a ser ampla e acaba por incluir )abilidades, atitudes, cren$a emo$ões, desejos, o modo de comportar-se e, inclusive, os aspectos +sicos do indiv+duo. A defni$%o de personalidade en loba também o modo como todos esses aspectos se inte ram, se or ani am, conerindo peculiaridade e sin ularidade ao indiv+duo. Ainda, se undo a mesma obra, a psicolo ia eral se ocup estabelecer leis erais sobre o uncionamento da personalidade )umana 2ouseja, o que existe em comum em todos os seres )umanos", ao mesmo tempo em que uma psicolo ia dierencial busca o sin ular em cada personalidade, permitindo a descoberta da individualidade. 8essalte-se que n%o )á valora$%o de aspectos da personalidade, é, n%o existem bons ou maus atributos, mas sim, caracter+sticas qu repetem de modo relativamente constante no indiv+duo. 9xistem diversas teorias da personalidade propostas pelas corre psicoló icas, cada uma com um determinado enoque. Ana #erc's 0a)i 0oc1 et al nos ornece os princ+pios que norteiam a aborda e personalidade 2 Psicologias . 34. ed. 5%o Paulo! 5araiva, 3666, p. 33:"! a" Al uns estudiosos colocam em destaque na orma$%o da personalidade determinantes conscientes 2;urt <e=in", enquanto out sustentaram a predomin>ncia dos determinantes inconscientes& b" /ependendo da teoria adotada, a personalidade )umana pode se

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O texto traz exemplos dos mais comuns distúrbios da personalidade.

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PERSONALIDADE

14. Distines terminolgicas. Por fim, interessante que se evite confuses acerca de reas que embora sejam prximas, possuem limites claros. Assim, deve-se diferenciar os conceitos de Psiquiatria e Psicanlise do de Psicologia:a) Psiquiatria: um ramo da Medicina que tem por escopo o tratamento de doenas mentais, sendo permitida a prescrio de medicamentos;b) Psicologia: como vimos, uma cincia autnoma que estuda os processos mentais e o comportamento humano, no sendo permitida a prescrio de medicamentos. Observa-se que a Psicologia se ocupa do funcionamento do psiquismo em sua totalidade e no s de fenmenos patolgicos; A psicologia divide-se em diversas reas de estudo do ser humano.c) Psicanlise: como estudado no item anterior, uma teoria psquica formulada por Freud, que tem por base o estudo do inconsciente.15. Personalidade. Um dos maiores temas de interesse de estudo da Psicologia, que ao mesmo tempo bastante utilizado pelo Direito a personalidade.A personalidade se refere aos aspectos da subjetividade do indivduo, resultado da interao de seus aspectos fsicos com seus aspectos psquicos. Ou ainda, na lio de Ana Mercs Bahia Bock et al (Psicologias. 12. ed. So Paulo: Saraiva, 1999, p. 114):De modo geral, a personalidade refere-se ao modo relativo constante e peculiar de perceber, pensar, sentir e agir do indivduo. A definio tende a ser ampla e acaba por incluir habilidades, atitudes, crenas, emoes, desejos, o modo de comportar-se e, inclusive, os aspectos fsicos do indivduo. A definio de personalidade engloba tambm o modo como todos esses aspectos se integram, se organizam, conferindo peculiaridade e singularidade ao indivduo.Ainda, segundo a mesma obra, a psicologia geral se ocupa de estabelecer leis gerais sobre o funcionamento da personalidade humana (ou seja, o que existe em comum em todos os seres humanos), ao mesmo tempo em que uma psicologia diferencial busca o singular em cada personalidade, permitindo a descoberta da individualidade.Ressalte-se que no h valorao de aspectos da personalidade, isto , no existem bons ou maus atributos, mas sim, caractersticas que se repetem de modo relativamente constante no indivduo.Existem diversas teorias da personalidade propostas pelas correntes psicolgicas, cada uma com um determinado enfoque. Ana Mercs Bahia Bock et al nos fornece os princpios que norteiam a abordagem da personalidade (Psicologias. 12. ed. So Paulo: Saraiva, 1999, p. 117):a) Alguns estudiosos colocam em destaque na formao da personalidade determinantes conscientes (Kurt Lewin), enquanto outros sustentaram a predominncia dos determinantes inconscientes;b) Dependendo da teoria adotada, a personalidade humana pode ser produto do determinismo ambiental, ou seja, o homem nasce como uma folha em branco sendo preenchida ao longo do tempo em sua vida, ou do determinismo psquico, que defende a ideia do indivduo como fonte de seus atos;c) Destaca-se a relevncia de aspectos genticos e a base biolgica sobre a formao da personalidade, variando a intensidade da influncia desses fatores sobre o indivduo. Assim, alguns estudiosos sustentaro que as caractersticas hereditrias ou biolgicas determinaro de forma preponderante a personalidade do homem, enquanto outros autores defendero a influncia de forma bastante relativa;d) Para teorias isoladas, a personalidade fruto do contexto sociocultural em que vive, defendendo que o comportamento pode ser moldado pelas condies culturais do meio.O instituto da personalidade sofre tratamento multifacetado pelo Direito, obtendo desde proteo constitucional at a previso nos mais diversos diplomas legais. A ttulo de exemplo, o Cdigo Civil trata de aspectos da personalidade em seus dois primeiros captulos. Por sua vez, o art. 59 do Cdigo Penal determina que o juiz atentar para a personalidade do agente, dentre outras circunstncias, para a fixao da pena.16. Transtornos de personalidade. No se tem o intuito de esgotar todas as psicopatologias, mas apenas desfilar alguns transtornos mais comuns.Transtornos de personalidade so padres de comportamento rgidos e constantes, que comprometem o desenvolvimento da vida social do indivduo, sendo acompanhado de sofrimento subjetivo. somente quando os traos de personalidade so inflexveis e mal-adaptativos que se constituem como disturbios da personalidade.Osvaldo Pereira de Almeida et al (Manual de psiquiatria. So Paulo: Guanabara Koogan, 1996) aponta a classificao dos distrbios da personalidade em trs grupos apresentada no DSM-IV, sendo eles: 1. Excntrico ou bizarro: distrbios paranide, esquizide e esquizotpico.2. Dramtico ou emocional: distrbios anti-social, limtrofe, histrinico e narcsico.3. Ansioso: distrbios evitador, dependente, obsessivo-compulsivo e no especificado.

Ainda h os distrbios sdico e autodestrutivo que, porm, necessitam de estudos mais avanados para serem includos em alguma classificao.Abaixo, apresentamos uma breve descrio dos distrbios da personalidade, de acordo com a CID-10 e DSM-IV (Osvaldo Pereira de Almeida et al. Manual de psiquiatria. So Paulo: Guanabara Koogan, 1996, p.184-185):ParanoideCaracteriza-se pela tendncia excessiva a desconfiana e suspeitas, auto-referncia e preocupaes com explicaes conspiratrias sobre os acontecimentos. Associa-se tambm a cimes injustificados e a interpretar atitudes alheias como hostis e deliberadamente prejudiciais. Desconfia de todos, at do prprio advogado e para se defender toma medidas de segurana muitas vezes inoportunas e ofensivas.

Esquizoide Frieza emocional, preferncia pelo isolamento e atividades solitrias, introspeco, fantasias derresticas. Em seu comportamento, o indivduo no retribui demonstraes de afeto. Por no ter vnculos prximos, ter dificuldade para encontrar quem se disponha a testemunhar em seu favor.

EsquizotpicoCaracteriza-se pelo padro geral de dificuldades nas relaes interpessoais e peculiaridades nas idias, aparncia e comportamento. Costumam estar presentes: idias de referncia, ansiedade em situaes sociais, crenas bizarras ou pensamentos mgicos e inadequao dos afetos.

Anancstico ou obsessivo-compulsivoSentimentos excessivos de dvida e cautela, preocupaes com ordem e perfeccionismo, escrupulosidade, rigidez nas condutas.

Dependente Incapacidade de assumir, por si, a responsabilidade por decises importantes da prpria vida. H subordinao s pessoas de quem se sentem dependentes, assim, tornam-se alvo fcil de pessoas inescrupulosas. Nada fazem sem a opinio e a presena do advogado. Sensao de desamparo quando esto sozinhos ou sem o reasseguramento de outrem.

Anti-socialNotvel disparidade entre seu comportamento e as normas sociais; falta de considerao pelo sentimento dos outros, incapacidade de manter relaes duradouras, porm, no de inici-las, baixa tolerncia a frustraes, liberao impulsiva da agressividade, falta de culpa.

NarcsicoSentimento e comportamento de grandeza, falta de empatia, hipersensibilidade face avaliao pelos demais, tendncia a explorar os outros em seu benefcio, inveja, busca de admirao e poder.

Ansioso ou evitadorSentimento persistente de tenso e apreenso, de inadequao social ou inferioridade; medo de crtica ou rejeio em situaes sociais, restrio das atividades em funo da insegurana, timidez excessiva.

Impulsivo ou emocionalmente instvelInstabilidade emocional e falta de controle dos impulsos. Exploses de violncia.

HistrinicoExpresso exagerada das emoes, teatralidade, sugestionabilidade. Apresenta afetividade superficial e lbil, busca de aprovao pelos outros. manifesta-se no uso da seduo, na busca de ateno excessiva na expresso das emoes de modo exagerado e inadequado. Busca ser o centro das atenes. Os relacionamentos interpessoais, no so gratificantes, pois embora exagerados, so superficiais

Limtrofe (borderline)Alm de vrias caractersticas de instabilidade emocional, agregam-se distrbios de auto-imagem, metas e preferncias internas (inclusive sexuais). Acompanha-se geralmente de um sentimento crnico de vazio. As relaes interpessoais so geralmente instveis, com repetidas crises emocionais.

Passivo-AgressivoResistncia passiva s demandas por desempenho social e ocupacional adequados; procrastinao de tarefas; crticas injustificadas em relao aos superiores hierrquicos; boicote ao trabalho alheio por omisso; ressentimento em relao as demandas usuais.

SdicoPadro global de comportamento cruel, humilhante e agressivo; prazer com o sofrimento dos outros, procura aviltar aqueles que esto sob sua autoridade.

Auto-destrutivoComportamento geral auto-destrutivo, com evitao de experincias prazerosas, escolha de pessoas e comportamentos que levam a fracasso e maus tratos; elicia respostas de rejeio nos demais; engaja-se em tarefas com auto-sacrifcio excessivo revelia dos supostos beneficirios.

GONZAGA, A. & ROQUE, N.. Vade mecum humanstico, 4 edio. So Paulo: Editora Mtodo, 2014.