texto de apoio redação 6 - recursos naturais, geopolítica e tecnologia

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Texto sobre Recursos Naturais ED. 243 | MAIO 2016 A era humana Material plástico acumulado no fundo dos oceanos pode definir um novo período na história da Terra, o Antropoceno IGOR ZOLNERKEVIC | Foto: © GIANLUIGI GUERCIA / AFP  No final de abril, um gr upo internacional formado por geólogos, arqueólogos, geoquímicos, oceanógrafos e paleontólogos participou de um encontro em Oslo, na Noruega. O objetivo inicial da reunião, que fez sentar à mesma mesa pesquisadores de áreas tão distintas, era consolidar uma proposta a ser apresentada em agosto na África do Sul para marcar o início do processo de reconhecimento oficial de que a Terra vive uma nova época geológica: o Antropoceno, a era dos seres humanos. Após dois dias de discussão, porém, o grupo decidiu adiar para 2018 a proposta de formalização do Antropoceno. Até lá, devem ser reunidas mais evidências de que as transformações ambientais provocadas pela ação humana são tão intensas que já produziram marcas indeléveis no registro geológico do planeta. Produtos plásticos em lixão: f onte de material sintético que integra sedimentos depositados nas praias e nos oceanos “Queremos apresentar uma proposta suficientemente robusta para que a comunidade científica internacional não tenha dúvidas sobre a formalização do Antropoceno”, conta a oceanógrafa Juliana Ivar do Sul, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), no Rio Grande do Sul, que participou do enc ontro. Segundo o grupo que esteve na Noruega, dos anos 1950 para cá, as atividades humanas teriam causado alterações nos processos geológicos da Terra – modificando o ritmo de desgaste de rochas e acúmulo de sedimentos desde a superfície dos continentes até o fundo dos oceanos – muito mais intensas do que as que ocorrem naturalmente. Uma característica marcante desse novo estágio na história da Terra seria a presença cada vez mais abundante de um sedimento artificial, formado por lama e areia misturadas com grãos de materiais sintéticos, em especial o plástico, vindos do lixo produzido pelo ser humano. “Propor uma nova época geológica é algo muito complexo”, afirma Juliana. “Precisamos das mais diversas evidências científicas e o efeito do plástico nos processos geológicos é só uma delas”, conta a pesquisadora. Especialista na investigação dos efeitos da poluição dos oceanos pelo plástico, Juliana integra o Grupo de Trabalho do Antropoceno, coordenado pelo paleontólogo Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, e pelo geólogo Colin Waters, do Serviço Geológico Britânico. O grupo foi cr iado em 2009 pela União Internacional de Ciências Geológicas (Iugs, na sigla em inglês), que define a tabela cronoestratigráfica internacional. Essa tabela organiza as camadas de rochas que for mam os continentes e o fundo dos oceanos seguindo a ordem cronológica em que elas surgiram – as camadas mais antigas aparecem na parte inferior da tabela. As convenções definidas nessa tabela permitem aos geólogos comparar sedimentos e rochas de locais diferentes e determinar suas idades relativas quando não há datação direta, reconstituindo, assim, a história da Terra. De acordo com a tabela, a época atual é o Holoceno, que começou há 11. 700 anos. O início do Holoceno foi definido oficialmente apenas em 2008, quando um grupo de trabalho revisou as evidências c ientíficas de que as camadas de rocha, sedimento e gelo com cerca de 11.700 anos de idade apresentavam marcas deixadas pelas mudanças climáticas que ocorreram no fim da última era glaci al do planeta. A ideia de que o Holoc eno teria chegado ao fim com mudanças ambientais provocadas pela civilização moderna, dando início ao Antropoceno, tornou-se conhecida no início da década passada por meio de artigos e conferências do holandês Paul Crutzen, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 1995 por seus trabalhos sobre a formação do buraco na camada de ozônio da atmosfera. As ideias de C rutzen inspiraram Zalasiewicz a propor à Iugs um g rupo de trabalho para debater o assunto e tentar definir o iníc io do Antropoceno e as suas características.

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Texto sobre Recursos Naturais

ED. 243 | MAIO 2016 

A era humanaMaterial plástico acumulado no fundo dos oceanos pode definir um novo período na

história da Terra, o Antropoceno

IGOR ZOLNERKEVIC | Foto: © GIANLUIGI GUERCIA / AFP No final de abril, um grupo internacional formado por geólogos,arqueólogos, geoquímicos, oceanógrafos e paleontólogos participou deum encontro em Oslo, na Noruega. O objetivo inicial da reunião, quefez sentar à mesma mesa pesquisadores de áreas tão distintas, eraconsolidar uma proposta a ser apresentada em agosto na África do Sulpara marcar o início do processo de reconhecimento oficial de que aTerra vive uma nova época geológica: o Antropoceno, a era dos sereshumanos.

Após dois dias de discussão, porém, o grupo decidiu adiar para 2018 aproposta de formalização do Antropoceno. Até lá, devem ser reunidasmais evidências de que as transformações ambientais provocadas pelaação humana são tão intensas que já produziram marcas indeléveis noregistro geológico do planeta.

Produtos plásticos em lixão: fonte de materialsintético que integra sedimentos depositados naspraias e nos oceanos

“Queremos apresentar uma proposta suficientemente robusta para que a comunidade científica internacional nãotenha dúvidas sobre a formalização do Antropoceno”, conta a oceanógrafa Juliana Ivar do Sul, pesquisadora daUniversidade Federal do Rio Grande (Furg), no Rio Grande do Sul, que participou do encontro.

Segundo o grupo que esteve na Noruega, dos anos 1950 para cá, as atividades humanas teriam causado alterações noprocessos geológicos da Terra – modificando o ritmo de desgaste de rochas e acúmulo de sedimentos desde asuperfície dos continentes até o fundo dos oceanos – muito mais intensas do que as que ocorrem naturalmente. Umacaracterística marcante desse novo estágio na história da Terra seria a presença cada vez mais abundante de umsedimento artificial, formado por lama e areia misturadas com grãos de materiais sintéticos, em especial o plástico,vindos do lixo produzido pelo ser humano.

“Propor uma nova época geológica é algo muito complexo”, afirma Juliana. “Precisamos das mais diversas evidênciascientíficas e o efeito do plástico nos processos geológicos é só uma delas”, conta a pesquisadora. Especialista nainvestigação dos efeitos da poluição dos oceanos pelo plástico, Juliana integra o Grupo de Trabalho do Antropoceno,coordenado pelo paleontólogo Jan Zalasiewicz, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, e pelo geólogo ColinWaters, do Serviço Geológico Britânico. O grupo foi criado em 2009 pela União Internacional de Ciências Geológicas(Iugs, na sigla em inglês), que define a tabela cronoestratigráfica internacional.

Essa tabela organiza as camadas de rochas que formam os continentes e o fundo dos oceanos seguindo a ordemcronológica em que elas surgiram – as camadas mais antigas aparecem na parte inferior da tabela. As convenções

definidas nessa tabela permitem aos geólogos comparar sedimentos e rochas de locais diferentes e determinar suasidades relativas quando não há datação direta, reconstituindo, assim, a história da Terra.

De acordo com a tabela, a época atual é o Holoceno, que começou há 11.700 anos. O início do Holoceno foi definidooficialmente apenas em 2008, quando um grupo de trabalho revisou as evidências científicas de que as camadas derocha, sedimento e gelo com cerca de 11.700 anos de idade apresentavam marcas deixadas pelas mudanças climáticaque ocorreram no fim da última era glacial do planeta.

A ideia de que o Holoceno teria chegado ao fim com mudanças ambientais provocadas pela civilização moderna,dando início ao Antropoceno, tornou-se conhecida no início da década passada por meio de artigos e conferências doholandês Paul Crutzen, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 1995 por seus trabalhos sobre a formação do buracona camada de ozônio da atmosfera. As ideias de Crutzen inspiraram Zalasiewicz a propor à Iugs um grupo de trabalho

para debater o assunto e tentar definir o início do Antropoceno e as suas características.

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Embora as conclusões do grupo só devam ser sumarizadas e apresen-tadas em 2018, as principais evidências levantadas por ele vêm sendodivulgadas e discutidas há algum tempo. O trabalho mais recente adefender o Antropoceno é um artigo de revisão escrito por Waters,Zalasiewicz e mais 22 colaboradores e publicado em janeiro naScience. No paper , os pesquisadores defendem que as atividadeshumanas já mudaram o planeta a ponto de produzirem em todo oglobo sedimentos e gelo com características distintas daquelesformados no restante do Holoceno.

Segundo essa revisão, as camadas de gelo e sedimento depositadasrecentemente contêm fragmentos de materiais artificiais produzidosem abundância nos últimos 50 anos: concreto, alumínio puro e plás-tico, além de traços de pesticidas e outros compostos químicos sinté-ticos. Mesmo em lugares remotos do planeta, como a Groenlândia, ossedimentos acumulados de 1950 para cá apresentam concentraçõesde carbono, resultado da queima de combustíveis fósseis, e de fósforoe nitrogênio, usados como fertilizantes na agricultura, muito maiselevadas do que nos últimos 11.700 anos.

Waters, Zalasiewicz e seus colegas estimam ainda que o impacto das atividades humanas atuais pode permanecerregistrado por dezenas de milhões de anos. A mineração, as mudanças no clima global e o aumento na taxa de

extinção de espécies de plantas e animais também devem deixar suas marcas nas rochas. “O artigo causou muitapolêmica”, lembra Juliana. “Muitos pesquisadores discordam de que o Holoceno tenha chegado ao fim e essadiscussão ainda deve durar alguns anos.”

Entre os críticos da proposta está o geólogo Stanley Finney, da Universidade do Estado da Califórnia em Long Beach,Estados Unidos. Ele é diretor do conselho executivo da Iugs que define a tabela cronoestratigráfica e, ao lado de LucyEdwards, do United States Geological Survey, discordou da ideia de criação do Antropoceno em um artigo de opiniãopublicado na edição de março/abril do boletim GSA Today , da Associação Geológica Americana. No texto, Finney eLucy afirmam que muitas das camadas depositadas nos últimos 70 anos nas porções mais profundas do oceano nãotêm mais de 1 milímetro (mm) de espessura. Eles dizem ainda que a maioria das evidências apresentadas pelosdefensores do Antropoceno se baseia em previsões sobre o potencial registro em rochas de um futuro remoto. Ainclusão do Antropoceno na tabela cronoestratigráfica teria uma razão mais política (denunciar o impacto ambiental

da humanidade) do que científica.

“Para se definir uma nova época é necessário que o material depositado tenha expressão na coluna de sedimento emmuitos lugares do planeta e em ambientes diversos”, explica o geólogo Michel Mahiques, professor do InstitutoOceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP). “Não sabemos até que ponto o Antropoceno atende à Iugsnesse pressuposto, uma vez que a época já pode ter expressão em alguns ambientes, como as regiões costeiras, equase nenhuma expressão em outros, como o fundo das bacias oceânicas.”

© MARCELLO CASAL JR / AGÊNCIA BRASIL

Amostra de plastiglomerado: rocha formada porsedimentos de origem mineral e material plástico,encontrada na praia de Kamilo, no Havaí  

Juliana lembra que não há consenso nem entre os que apoiam a oficia-lização do Antropoceno. O grupo de Zalasiewicz, por exemplo, defen-de um dia para o início dessa nova época: 16 de julho de 1945, o diaem que foi detonada a primeira bomba atômica, em Alamogordo, no

estado norte-americano do Novo México. A data marca o início de umacontaminação da atmosfera por isótopos radioativos liberados em tes-tes de armas termonucleares que já teriam tido tempo para se incorpo-rar ao gelo e ao sedimento de toda a superfície do planeta, deixandoum sinal claro para os geólogos do futuro. Outros pesquisadoressugerem, porém, datas mais remotas, como o início da RevoluçãoIndustrial, em torno de 1800, para englobar todas as transformaçõesque a humanidade já provocou no ambiente terrestre.

Microplásticos ao mar

Zalasiewicz e Waters convidaram Juliana para participar do Grupo de

Trabalho do Antropoceno depois de lerem uma revisão que ela e a oceanógrafa Mônica Costa, da Universidade Federade Pernambuco, publicaram em 2014 na Environmental Pollution sobre o acúmulo de microplásticos nos oceanos.

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Microplásticos são fragmentos com menos de 5 mm, em geral invisíveis a olho nu quando flutuam nos oceanos ouestão misturados na lama ou na areia. “Eles queriam saber se poderiam usar os microplásticos como um marcadorgeológico para o Antropoceno”, conta a pesquisadora, que já coletou o material na superfície do mar em torno detodas as grandes ilhas oceânicas brasileiras, como Fernando de Noronha e Trindade. Com mais 16 membros do grupo,ela realizou um trabalho de revisão publicado em janeiro na Anthropocene resumindo tudo o que se sabe sobre ocaminho que os plásticos percorrem pelo planeta. No artigo, os pesquisadores enfatizam que esse tipo de material temum elevado potencial de ser preservado nos sedimentos marinhos.

A origem dos microplásticos encontrados no mar é variada. Os chamados pellets, esferas do tamanho de uma lentilha,são usados como matéria-prima para fabricar objetos plásticos maiores. Outros resultam da degradação no ambientede peças maiores. Os microplásticos mais abundantes, porém, são as fibras com 2 a 3 mm de comprimento por 0,1 mmde espessura que compõem o filtro dos cigarros ou se destacam de tecidos sintéticos durante a lavagem. De 1950 paracá, a produção mundial de plástico passou de 2 milhões de toneladas para 300 milhões de toneladas por ano. Estima-se que o total de plástico já produzido (algo da ordem de 5 bilhões de toneladas) seja suficiente para embrulhar oplaneta em filme plástico algumas vezes.

Descartados em lixões, os materiais plásticos chegam aos oceanos e às regiões costeiras. Um estudo coordenado pelobiólogo Alexander Turra, do IO-USP, indicou anos atrás que há 10 vezes mais partículas de microplástico enterradas naareia de uma praia do que na sua superfície. “Antes de nosso estudo, as pessoas subestimavam a quantidade deplástico na areia”, diz Turra. Como a tendência do plástico é boiar, os pesquisadores supunham que os microplásticospermanecessem sempre sobre a areia. Turra e seus colegas, porém, os encontraram enterrados a até 2 metros deprofundidade em quatro praias do litoral paulista (ver  Pesquisa Fapesp nº 219). Desde então a equipe confirmou o

fenômeno em mais 13 praias. Pela distribuição das partículas, Turra suspeita que os microplásticos sejam enterradospela força de ocasionais tempestades marítimas. Outra parte do plástico produzido e descartado está flutuando nosoceanos. E há, ainda, outro destino: o fundo do mar.Fósseis plásticos

Embora flutuem no início, os pedaços de plástico (grandes ou pequenos) que permanecem por muito tempo na águasalgada acabam colonizados por microrganismos e afundam. Também podem ser engolidos por organismos maiores,de microscópicos zooplânctons a peixes, e submergir com suas fezes ou carcaças. Expedições já encontraram plásticosem diferentes profundidades no relevo submarino. Robôs já fotografaram garrafas, sacolas e redes de pesca emcânions submarinos ao redor da Europa e, em 2015, pesquisadores encontraram microplásticos a mais de 5quilômetros de profundidade sobre o sedimento da fossa de Karil-Kamchatka, no oceano Pacífico. Testemunhos desedimentos marinhos indicam que há fibras plásticas por todo o assoalho oceânico.

Zalasiewicz é especialista em microfósseis de 500 milhões de anos de idade, entre eles, os graptólitos, cuja estruturaera composta de moléculas orgânicas com estrutura semelhante à dos plásticos. Se esses microrganismos deixaramregistros fossilizados, Zalasiewicz suspeita que o plástico depositado no fundo do mar, especialmente aquele presenteno sedimento de cânions submarinos próximos às bordas das plataformas continentais, também tem grande chancede ser preservado por milhares de anos e, quem sabe, um dia intrigar futuros paleontólogos que encontrarem garrafasPET, CDs e bitucas de cigarro fossilizados.

 Artigos científicos ZALASIEWICZ, J. et al. The geological cycle of plastics and their use as a stratigraphic indicator of the Anthropocene. Anthropocene. 18 jan.2016.TURRA, A. et al. Three-dimensional distribution of plastic pellets in sandy beaches: Shifting paradigms. Scientific Reports. 27 mar. 2014.IVAR DO SUL, J. A. e COSTA, M. F. The present and future of microplastic pollution in the marine environment. Environmental Pollution.fev. 2014.

http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/05/19/a-era-humana/?cat=ciencia 

Edição Impressa - segunda-feira, 27 de julho de 201

Os geoengenheiros estão chegandoRonaldo Lemos

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Alquimia dos nossos tempos, geoengenharia poderia corrigir clima da Terra, mas suscita debate 

A Academia de Ciências dos EUA acaba de publicar dois amplos relatórios sobre o que existe de mais próximo daalquimia nos nossos tempos: a geoengenharia.

Trata-se da ideia de que com a tecnologia atual é possível fazer intervenções diretas sobre o clima da terra, corrigindoo que for preciso.

Por exemplo, para resolver o aquecimento global bastaria soltar uma nuvem de sulfato nas camadas superiores daatmosfera, bloqueando parte da incidência da luz solar. Ou despejar grandes quantidades de ferro nos oceanos parafertilizar algas que capturam carbono. Ou ainda cobrir vastas extensões de gelo oceânico com bolsas de silicone,reduzindo a velocidade do degelo.

Os dois relatórios fogem do nome "geoengenharia". Preferem falar em "intervenção climática" ("climateintervention"). Faz sentido. O termo engenharia denota uma boa dose de previsibilidade sobre seus resultados. Asações reunidas pelos relatórios são imprevisíveis. Quem poderia dizer com certeza os impactos de se despejar sulfatona atmosfera ou ferro nos oceanos?

Apesar disso, o debate veio para ficar. Os dois estudos lançados pelos EUA ajudarão a catapultar o tema, antes restritoa círculos científicos especializados, para a opinião pública em geral. Um sintoma disso é a presença de discussõessobre geoengenharia na COP 21 (21ª Conferência do Clima), que acontecerá no fim de novembro em Paris. A COP vemtentando construir a duras penas um acordo político para lidar com o aquecimento global, sem grande sucesso.

Dar um chapéu nesses obstáculos políticos é um dos grandes atrativos (e perigos) da geogenharia. Enquantodiplomatas do mundo todo se reúnem há anos sem encontrar uma solução efetiva, um único país poderia decidir

tomar o problema em suas próprias mãos e agir, produzindo efeitos em escala global.

Nesse sentido, há dois caminhos para a intervenção climática: a captura de carbono e o gerenciamento de incidênciada luz solar. A captura de carbono é menos arriscada, só que lenta e cara. Mexer na incidência da luz solar é caminhobarato e rápido, capaz de produzir efeitos imediatos. Só que com riscos e resultados imprevisíveis. Uma nuvem desulfato lançada sobre a Índia poderia gerar enchentes na África, ou seca generalizada no Brasil.

Por isso, a principal crítica que se deve fazer à geoengenharia não é em relação à tecnologia em si, mas, sim, ao fato deque ela ignora a questão política de fundo que está na raiz do aquecimento global. Em especial a dependência globaldos combustíveis fósseis. Confiar na geoengenharia esperando que ela seja um remédio eficaz para a ressaca do abusodo carbono é colocar o problema para baixo do tapete. Além de caminho politicamente irresponsável.

Como diz a ambientalista Naomi Klein: "A solução para o aquecimento global não é consertar o mundo, mas, sim,

consertar a nós mesmos".

READER  JÁ ERA Achar que o aquecimento global não existeJÁ É 'Antropoceno' como palavra científica da modaJÁ VEM A popularização do termo geoengenharia

RONALDO LEMOS é advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de [email protected] 

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/227451-os-geoengenheiros-estao-chegando.shtml 

A geoengenharia, uma aposta arriscada contra amudança climática18 abr 2015 - atualizado às 10h20

Alguns cientistas estudam métodos para manipular o clima da Terra como se fosse um termostato, com a ideia de queseria possível reverter o aquecimento global com uma redução artificial da temperatura do planeta.

Esse é o controverso objetivo da geoengenharia, que estuda uma maneira de esfriar o planeta com métodos diversos,

como gerar certo de tipo de nuvens que reflitam mais luz solar ou lançar partículas de sulfato na estratosfera para bloquear os raios solares.

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Enquanto algumas vozes pedem que esta tecnologia seja levada em conta, outros advertem que a geoengenharia nuncafoi testada, pode ter resultados imprevisíveis e desfoca a verdadeira solução à mudança climática: reduzir os gases doefeito estufa.

Segundo os críticos, é como um remédio que reduziria os sintomas, mas não as causas da febre que acalora o planeta.

Estes métodos são baseados na manipulação humana do clima, como gerar certo tipo de nuvens de gelo - cirros - paraque reflitam mais a luz solar ou usar aviões para que borrifem aerossóis de sulfato na estratosfera.

Este último exemplo é inspirado na redução das temperaturas globais durante meses, ao redor de meio grau centígrado,após a erupção em 1991 do vulcão Pinatubo (Filipinas), que lançou à atmosfera toneladas de gases.

Ken Caldeira, da Universidade de Stanford (EUA), é um dos pioneiros mundiais em geoengenharia, e embora em seus

muitos estudos dedicados à matéria conclua que estes métodos esfriariam o planeta, é absolutamente contrário aempregá-los.

Caldeira espera que nunca sejam aplicados os modelos que estuda e os vê unicamente como opções de urgência peranteuma potencial situação catastrófica, explicou à Agência Efe em Viena durante a reunião da União Europeia deGeociências, que terminou nesta sexta-feira.

"Está claro que os riscos são elevados, o mundo real é mais complicado que os modelos climáticos que manejamos, enão podemos estar seguros do que aconteceria", sustentou.

Para Caldeira, a única forma de lutar contra a mudança climática é reduzir os gases do efeito estufa, mas, caso o mundoenfrentasse uma situação limite, o método mais rápido de esfriar o planeta seria lançar aerossóis na estratosfera.

"Mudar de sistema energético leva cerca de meio século, e mesmo então não esfriaria o planeta, mas evitaria que

seguisse aquecendo", explicou."Se chegarmos a esse cenário - acrescentou - haverá alguma pressão para esfriar o planeta de forma rápida, mas a únicacoisa que um político poderá fazer é iniciar este sistema de geoengenharia solar".

"E se o líder de um país tem milhões de pessoas a ponto de morrer de fome e acredita que pode fazer algo para salvarsuas vidas, fica difícil de imaginar que não o usasse", raciocinou.

"Em algum momento no futuro poderia fazer sentido utilizá-lo, mas espero que não cheguemos a essa situação",considerou.

Caldeira lembrou que outros cientistas defendem já utilizar estas tecnologias ao invés de esperar uma situação de crise."Dizem: Por que esperar até que surja uma crise? Por que não usá-lo antes? Para mim os riscos são altos demais",respondeu.

E de onde vem essa tão má impressão da geoengenharia? "É sensato ser muito cético sobre as intenções de interferir emcertos processos da escala planetária", declarou, embora tenha dito que é partidário de seguir estudando-a, mas de nãousá-la.

O uso desta tecnologia é, além disso, tão barato que qualquer país teria acesso, expôs Caldeira, ressaltando que seuefeito é global.

Segundo seus estudos, embora a temperatura da Terra em conjunto cairia, em algumas regiões poderiam causartranstornos em certos ciclos, como nos trópicos, com redução das precipitações.

A geoengenharia é alvo de um intenso debate, com vários estudos apontando que seus efeitos profundos sãodesconhecidos.

Uma pesquisa apresentada neste encontro em Viena adverte sobre as "incertezas" que geraria utilizar esses aerossóis, já

que levariam "a um estado climático completamente novo".

Assim, segundo Hannele Korhonen, do Instituto de Meteorologia da Finlândia, se ocorresse uma grande erupçãovulcânica enquanto essa técnica de geoengenharia estivesse ativa, é "provável" que em amplas partes da Europa,América do Norte e da Antártica a temperatura aumentasse em até 1,5 graus centígrados.

"Existem grandes incertezas sobre a viabilidade e o impacto climático" da geoengenharia, resumiu Korhonen aos jornalistas.

http://noticias.terra.com.br/ciencia/a-geoengenharia-uma-aposta-arriscada-contra-a-mudanca-climatica,f1f70d4f2c9cc410VgnCLD200000b2bf46d0RCRD.html 

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A CIA pode usar o clima como arma?De repente, o serviço secreto dos EUA descobre o potencial militar da geoengenhariapor The Observer — publicado 01/03/2015 07h05

 Por Patrick Barkham 

Usar o clima como arma para subjugar o mundo soa como o modus operandi de um vilão de James Bond, mas umimportante cientista da área climática manifestou preocupação sobre o aparente interesse do serviço de inteligênciados Estados Unidos pela geoengenharia.

A geoengenharia pretende combater a mudança climática removendo o dióxido de carbono da atmosfera ouaumentando a efetividade da Terra – com nuvens ou poeira espacial – para reduzir o calor do Sol.

Ela é criticada por muitos ativistas ambientais, incluindo Naomi Klein, por sugerir que um simples truque tecnológicopara reduzir o aquecimento global está próximo, mas a geoengenharia pode ter um lado mais sinistro.

Alan Robock, que estudou o potencial impacto de um inverno nuclear nos anos 1980, deu o alarme sobre ofinanciamento parcial pela CIA de um relatório da Academia Nacional de Ciências sobre diferentes abordagens aocombate da mudança climática, e o fato de que a CIA não explicou seu interesse pela geoengenharia.

Fazer do clima uma arma não é novidade. Documentos do governo do Reino Unido mostraram que, 99 anos atrás, umem cada seis testes na estação militar experimental de Orford Ness, em Suffolk (Leste da Inglaterra), tentava produzirnuvens artificiais que, esperava-se, atrapalhariam as máquinas voadoras alemãs durante a Primeira Guerra Mundial.

Assim como muitos experimentos militares, esses testes falharam, mas a semeadura de nuvens tornou-se umarealidade entre 1967 e 1968, quando a Operação Popeye dos EUA fez as chuvas aumentaram em uma porcentagemestimada em 30% em partes do Vietnã, na tentativa de reduzir o movimento de soldados e recursos para o Vietnã doSul.

Nos últimos anos, o programa americano de pesquisas militares Haarp espalhou uma nevasca de teorias sobre comoessa instalação secreta no Alasca manipulou os padrões climáticos com sua pesquisa da ionosfera. Se o Haarprealmente tivesse tanto sucesso, provavelmente não estaria sendo fechado este ano.

O argumento de que se fosse possível aprender a controlar o clima os bandidos já o estariam fazendo não combinacom as teorias da conspiração, entretanto. Alguns acreditam que o clima já está sendo moldado por “rastros químicosde aviões, deliberadamente preparados com substâncias tóxicas, e misteriosos defensores da guerra climática estão,por motivos desconhecidos, tornando o Leste dos EUA insuportavelmente frio e a Califórnia dominada pela seca.Cientistas climáticos rejeitam essas teorias, e evidências como a longa lista de patentes de instrumentos quemodificam o clima tendem a demonstrar o âmbito ilimitado da imaginação humana, mais que o alcance mais restritoda tecnologia operacional.

Robock está certo ao levantar preocupações sobre quem controlará as tecnologias de modulação climática que deremcerto, mas as profecias de James Bond são boas. A filmagem do novo filme da série Espectro foi interrompida no iníciodeste mês por fortes ventos na Áustria coberta de neve.

Se existe um deus do clima, ainda não somos ele.http://www.cartacapital.com.br/revista/838/a-cia-pode-usar-o-clima-como-arma-5055.html 

Estamos no limiar de uma guerra no espaço?China, Rússia e Estados Unidos testam e desenvolvem controversas capacidades para travar

combates na órbita da Terra

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O ponto crítico militar mais preocupante e nebuloso domundo não está, indiscutivelmente, no Estreito deTaiwan, na Península da Coreia, no Irã, em Israel, naCaxemira ou na Ucrânia. De fato, ele não pode serlocalizado em nenhum globo em miniatura. O territóriocontestado? A “terra de ninguém” que é a órbitaterrestre, onde está se desdobrando um conflito que éuma corrida armamentista em tudo, menos no nome.

Cerca de 1.300 satélites ativos atualmente residem naregião do espaço exterior que circunda diretamente o

nosso planeta, de onde propiciam comunicações globais,navegação por GPS, previsão meteorológica e muitomais. Para nações que dependem de um seleto númerodesses satélites para guerras modernas, o espaço setornou o “terreno elevado” por excelência, com os EUAno “topo da colina”, como indisputável rei. Agora, à medida que China e Rússia tentam desafiar agressivamente asuperioridade americana no espaço, com ambiciosos programas de defesa e exploração próprios, essa luta pelo podercorre o risco de deflagrar um conflito que poderia paralisar a infraestrutura espacial de todo o planeta.

Embora possa começar lá no alto, no espaço, um conflito desses poderia facilmente provocar uma guerra total aqui, nasuperfície da Terra.

Ao depor perante o Congresso no início de 2015, James Clapper, diretor de Inteligência Nacional dos EUA, ecoou aspreocupações de muitos altos funcionários do governo sobre a crescente ameaça, ao declarar que a China e a Rússiaestão desenvolvendo tecnologias capazes de sabotar cruciais satélites militares americanos. A China, em particular,salientou Clapper, tem demonstrado “a necessidade de interferir com, danificar e destruir” satélites dos EUA,referindo-se a uma série de testes chineses de mísseis antissatélite que começaram em 2007.

O mais recente deles ocorreu em 23 de julho de 2014 e, como todos os anteriores, envolveu o lançamento de ummíssil que poderia ser usado como uma “arma cinética” para atingir e destruir satélites. Autoridades chinesas insistemque os propósitos dos testes são pacíficos e destinados apenas à defesa antimíssil e a experimentos científicos, masespecialistas de fora estão céticos. Um teste em particular, realizado em maio de 2013, gerou ondas de choque atravéda comunidade de inteligência americana. Aquela manobra lançou um míssil ameaçador que chegou a uma altitude de30 mil km acima da Terra, aproximando-se do elevado domínio da órbita geossincrônica (ou geoestacionária), onde

satélites se movem à mesma velocidade da Terra abaixo em seu movimento de rotação, pairando, portanto, sobre umdeterminado ponto do planeta. É nessas órbitas que se encontram satélites estratégicos dos EUA, inclusive os que sedestinam a detectar o lançamento de mísseis nucleares, assim como muitos satélites de comunicação comerciais.

Os americanos também têm sido ativos. Pouco depois do lançamento chinês de 2013, os EUA liberaram a divulgaçãode detalhes de seu programa ultrassecreto Consciência Situacional do Espaço Geossincrônico (GSSAP, na sigla eminglês), um planejado conjunto de quatro satélites capazes de monitorar as altas órbitas da Terra e até de se encontrarcom outros satélites para inspecioná-los de perto. Os dois primeiros GSSAPs foram colocados em órbita em julho de2014. “Este costumava ser um [chamado] ‘programa preto’, algo que oficialmente nem existia”, explica Brian Weedenanalista de segurança e ex-oficial da Força Aérea dos EUA que estudou e ajudou a divulgar o teste chinês. “Elebasicamente foi oficializado (liberado para divulgação) para enviar uma mensagem dizendo: ‘Ei, se você estiver

fazendo algo suspeito dentro e ao redor do cinturão geossincrônico, nós veremos’”.Enquanto isso, a administração Obama programou um orçamento de pelo menos US$ 5 bilhões a serem gastos nospróximos cinco anos para aprimorar tanto as capacidades defensivas como as ofensivas do programa espacial militardo país. Um inimigo poderia explodir provocativamente os satélites americanos com mísseis, mas as autoridades e atecnologia também precisam se preparar para táticas incapacitantes mais sutis e inescrupulosas que, à primeira vista,parecem inócuas. Uma nave espacial poderia simplesmente se aproximar de um satélite e lançar (borrifar) tinta sobreseus dispositivos ópticos, ou quebrar manualmente suas antenas de comunicação, ou ainda desestabilizar sua órbita.

Lasers também poderiam ser usados para desativar por algum tempo ou danificar de forma permanente oscomponentes de um satélite, em particular seus delicados sensores. E ondas de rádio ou micro-ondas poderiambloquear ou sequestrar transmissões para ou de controladores em terra. Os encarregados da defesa dos EUA queremestar prontos para qualquer eventualidade.

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8/16/2019 Texto de Apoio Redação 6 - Recursos Naturais, Geopolítica e Tecnologia

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À parte suas iniciativas militaristas, o país também pretende reduzir os níveis de intensidade do problema por meio dadiplomacia, embora os esforços tenham fracassado até agora; no final de julho, nas Nações Unidas, discussões hámuito esperadas sobre um código de conduta para nações que exploram o espaço, redigido tentativamente pela UniãoEuropeia, empacaram completamente devido à oposição da Rússia, China e de vários outros países, inclusive Brasil,Índia, África do Sul e Irã. O fracasso colocou soluções diplomáticas para a crescente ameaça em um limbo, conduzindoprovavelmente, a muitos anos mais de debates na Assembleia Geral da ONU.

No fim, os destroços de um satélite destruído – e não um ataque inicial – poderiam ser a maior ameaça para a delicadainfraestrutura orbital da Terra. Satélites se deslocam pelo espaço a velocidades de milhares de quilômetros por hora;portanto, até o impacto de um objeto tão pequeno quanto uma bolinha de gude poderia desativar ou destruirinteiramente uma dessas naves espaciais de um bilhão de dólares. E uma colisão tão destrutiva geraria, por si só,

“estilhaços” ainda mais ameaçadores, criando potencialmente uma cascata de destroços que poderiam transformar aórbita terrestre em uma competição de demolição durante séculos futuros.

Sem uma rigorosa responsabilização e supervisão internacional, o risco de colisões acidentais e impactos de detritoscontinuará aumentando à medida que mais nações lançam e operam mais satélites. E, à medida que a chance deacidentes aumenta, o mesmo acontece com a possibilidade de eles serem mal interpretados como ações deliberadas ehostis na tensa intriga melodramática dessa movimentada competição militar no espaço.

Lee Billings 

http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/estamos_no_limiar_de_uma_guerra_no_espaco_.html