texto 10 - modalidades de defesa

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Segunda Fase OAB – XVI EXAME UNIFICADO Material de apoio disponibilizado na Área do Aluno LFG – www.lfg.com.br/areadoaluno TURMA: OAB 2ª FASE- CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON MODALIDADES DE DEFESA Nos processos de jurisdição contenciosa, necessário que existam ao menos duas partes, Uma que pede uma prestação jurisdicional e outra contra quem se pede esta mesma providência. Da mesma forma que se está assegurado como preceito constitucional o direito de ação afeto ao autor, um igual preceito confere ao réu o poder de resistência à esta mesma pretensão. O artigo 5º, LV prevê que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os recursos a ela inerentes”. Importante que se diga que o réu em defesa não formula nenhuma pretensão em face do autor, mas sim a exclusão do direito ora posto em juízo afirmando que não está sujeito àquela obrigação, ou seja, deseja uma sentença declaratória negativa. Sob a rubrica “da resposta do réu” a lei processual aglutinou seus atos postulatórios num mesmo capítulo contestação, reconvenção e as exceções. Todavia, não se descurou em enumerar em artigos diversos, as demais modalidades de defesa, não se cingindo apenas nas acima enumeradas como também a denunciação da lide (art. 70), o chamamento ao processo (art. 77), a impugnação ao valor da causa (art. 261), a ação declaratória incidental (art. 5º e 325) dentre outros. ______________________________________CONTESTAÇÃO Base Legal – artigos 300-303 Prazo – 15 dias (regra) Notas importantes não esquecer de observar quando da apresentação da defesa a regra da eventualidade e o ônus da impugnação específica.

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Segunda Fase de Direito Constitucional Exame de Ordem

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    TURMA: OAB 2 FASE- CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL PROF. NATHALIA MASSON

    MODALIDADES DE DEFESA

    Nos processos de jurisdio contenciosa, necessrio que existam ao menos duas partes, Uma

    que pede uma prestao jurisdicional e outra contra quem se pede esta mesma providncia.

    Da mesma forma que se est assegurado como preceito constitucional o direito de ao afeto

    ao autor, um igual preceito confere ao ru o poder de resistncia esta mesma pretenso. O

    artigo 5, LV prev que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados

    em geral so assegurados o contraditrio e a ampla defesa, com os recursos a ela inerentes.

    Importante que se diga que o ru em defesa no formula nenhuma pretenso em face do

    autor, mas sim a excluso do direito ora posto em juzo afirmando que no est sujeito quela

    obrigao, ou seja, deseja uma sentena declaratria negativa.

    Sob a rubrica da resposta do ru a lei processual aglutinou seus atos postulatrios num

    mesmo captulo contestao, reconveno e as excees. Todavia, no se descurou em

    enumerar em artigos diversos, as demais modalidades de defesa, no se cingindo apenas nas

    acima enumeradas como tambm a denunciao da lide (art. 70), o chamamento ao processo

    (art. 77), a impugnao ao valor da causa (art. 261), a ao declaratria incidental (art. 5 e

    325) dentre outros.

    ______________________________________CONTESTAO

    Base Legal artigos 300-303

    Prazo 15 dias (regra)

    Notas importantes no esquecer de observar quando da apresentao da defesa a regra da

    eventualidade e o nus da impugnao especfica.

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    1. Introduo

    A contestao a defesa clssica do ru contra o autor e oportunidade em que se concentram

    todos os elementos de resistncia demanda inicial. a pea processual que veicula a

    impugnao ao mrito. Pela conotao ampla que lhe confere os artigos 300 e 301, pode-se

    afirmar que a contestao concentra TODA modalidade de defesa que no esteja reservada

    aos incidentes e s excees (salvo no caso em que a lei dispuser de outra forma i.e pedido

    contraposto).

    O prazo da contestao de 15 dias contados da juntada aos autos do AR (se a citao foi

    procedida por um agente dos correios) ou do mandado (se a citao se realizou por oficial de

    justia). Esta regra merece flexibilizao em dadas situaes que a lei processual conferiu trato

    distinto tanto pessoa que litiga quanto ao nmero de rus que participam do processo (como

    nos artigos 188, 191, 241, III e L. 1060/50, art. 5 5).

    Pela sua relevante importncia no mundo jurdico e para que se possam nortear os caminhos a

    serem trilhados pelo ru, a lei processual determina a existncia de dois preceitos na pea de

    defesa que determinam e fixam o contedo da contestao. So eles;

    Regra da eventualidade O CPC no artigo 300 dispe que compete ao ru alegar na

    contestao toda matria de defesa, expondo as razes de fato e de direito, com que se

    impugna o pedido do autor especificando as provas que pretende produzir. Trata-se da regra

    da eventualidade da qual toda matria de defesa dever ser argida em contestao. A sua

    no observncia acarreta precluso consumativa. Esta regra imperiosa ainda que as

    proposies (rectius, matrias) aduzidas no sejam compatveis umas com as outras.

    Entretanto o artigo 303 excepciona esta regra e aduz matrias que no se submetem ao

    imprio preclusivo da eventualidade, so elas:

    1 as relativas a direito superveniente por coerncia lgica do sistema esta regra encontra-

    se inserta no artigo 303 do CPC, em consonncia com o art. 462 do mesmo diploma legal que

    permite a apresentao ou o conhecimento de oficio de matrias que surgiram aps a

    propositura da lide, mas que incidem seus reflexos no deslinde do processo, e.g. parcelas

    peridicas vencidas posteriormente.

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    2 cognoscveis de ofcio So as objees processuais, sejam porque se revestem de ordem

    pblica, sendo matrias cogentes, portanto, (art. 2673 e 3014), seja por determinao legal

    (art. 194 CC).

    3 expressa autorizao legal so matrias que, no sendo de ordem pblica, franqueou o

    legislador possibilidade de serem apreciadas independente do limite preclusivo apresentado

    no artigo 300. Dentre elas podemos enumerar a prescrio patrimonial e a decadncia.

    nus da Impugnao especifica no basta ao ru argir TODA matria de defesa

    contestao, necessrio que se impugne especificamente tudo, sob pena de presumirem-se

    aceitos os fatos alegados na inicial (artigos 319 c/c 334, III CPC). Ou seja, necessrio que se

    especifique e contraponha fato por fato uma vez que no possvel a defesa por negativa

    geral (que no se aplica, por disposio legal, ao advogado dativo, ao curador especial e ao

    MP, ex vi do artigo 302, pargrafo nico, pela dificuldade que se ter na produo da prova).

    Entretanto a regra da impugnao especifica no espraia os seus efeitos em trs situaes de

    fato:

    1 inadmissibilidade de confisso so fatos que no se tornam incontroversos, a despeito de

    sobre eles haver confisso pela parte. Pode-se dizer dos direitos indisponveis art. 351 CPC

    (questes de estado e capacidade das pessoas) e os casos de litisconsrcio unitrio (art. 47) da

    qual a confisso de um dos litisconsortes no aproveita aos demais que, evidncia, no

    confessaram.

    2 exclusiva prova documental nos casos em que a lei determina a apresentao em juzo de

    documento pblico para que se faa prova da consubstanciao do ato (documentos notariais,

    certido de casamento, propriedade imobiliria), a sua ausncia determina que o autor faa a

    sua prova nos autos, ainda que no tenha o ru impugnado este ponto.

    3 contradio com a defesa - constatada a contradio (que se pode dar pela via

    reconvencional), mesmo no havendo a impugnao por parte do ru dever o autor prov-

    los.

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    Estrutura lgica da contestao

    Para estruturar bem uma pea de contestao, seja para concurso, exame de ordem ou

    mesmo na prtica, importante observar algumas regras de estrutura da pea. Para tanto,

    criaremos um caminho a ser seguido pelo peticionrio para que se possa cumprir com mais

    facilidade as etapas que se seguiro. Assim toda contestao conter as fases que aqui se

    apresenta:

    1- ENDEREAMENTO

    2 QUALIFICAO DAS PARTES

    3 FATOS

    4 PRELIMINARES

    5 MRITO

    6 QUESTES PROCESSUAIS

    7 PEDIDO

    1 ENDEREAMENTO

    O endereamento da contestao ser sempre perante o juzo pela qual corre o processo. No

    se pode apresentar a defesa em outra comarca sobre o pretexto que o foro eleito pelo autor

    incompetente. A exceo de incompetncia o instrumento adequado para a adequao

    territorial.

    2 QUALIFICAO DAS PARTES

    Segue a mesma ritualstica que a inicial. Apenas, por completa desnecessidade (e isso se aplica

    tambm aos concursos jurdicos) no h necessidade de se deduzir a qualificao completa

    (nome, prenome, endereo) se a inicial j o fez corretamente.. assim, no desarrazoado

    colocar Mvio, j qualificado por seu advogado.....

    Importante apenas frisar que a contestao no se interpe ou prope, mas se APRESENTA.

    Assim, a parte vem apresentar contestao pelos motivos abaixo expostos...

    ltima questo relevante: quando a parte colocar a fundamentao jurdica (os artigos de lei)

    que do base sua argumentao, SEMPRE apresente os artigos de lei que entende por

    corretos elidir a pretenso do autor. Assim, se o autor pleiteia determinado direito com base

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    no Cdigo Civil e a contestao tiver por escopo afastar a exigibilidade do pedido com base no

    Cdigo de Defesa do Consumidor, siga o CDC e no o CC.

    3 FATOS

    Ao contrrio do que se imagina os fatos vm antes das preliminares. E isso porque muitas

    preliminares se confundem com o mrito (vide as condies da ao) assim importante

    para que o magistrado/examinador possa inferir a preliminar, conhecer dos fatos do processo.

    Nessa oportunidade nenhuma defesa ser deduzida. Os fatos se limitam a narrar o pedido do

    autor na inicial (ou do problema, quando se tratar de pea prtica). Assim no se deve emitir

    nenhum juzo de valor nos fatos nada devo ou alegaes mentirosas, pois esta

    argumentao ser reservada ao captulo do mrito. No mximo retire um pouco da fora

    argumentativa da inicial com as expresses alegada dvida, suposto crdito.

    4 - PRELIMINARES

    Conforme premissa que havamos traado, a regra da eventualidade determina que toda

    matria de defesa seja argida em contestao sob pena de precluso. Essa baliza serve como

    parmetro para que se possa entender a estrutura da pea de defesa. Nessa esteira, e sem

    prejuzo da apreciao do direito apresentado, est oportunizado ao ru, outrossim, a

    possibilidade de atacar o PRPRIO processo que veicula a pretenso do autor. Por raciocnio

    lgico, essa matria vir antes da matria de mrito. A estas matrias que so susceptveis de

    discusso chamamos de preliminares que, por definio legal, a defesa direta contra o

    processo. Sob a gide de um nico artigo (301 CPC), o legislador hospedou todas as

    preliminares que podem ser suscitadas pela parte e tambm conhecidas de oficio pelo juiz,

    exceo do compromisso arbitral (art. 301 4).

    Como o momento de suscitar as preliminares se confunde com o ingresso do ru aos autos

    deve ser feito em contestao. Conquanto as matrias enumeradas no artigo 301 no sofram

    precluso consumativa, conforme visto, (art. 303, II), o ru contumaz que no argi-las na

    primeira oportunidade arcar com as custas de retardamento (vide artigos, 22, 113 1 e 267

    3).

    Assim cabe ao ru alegar preliminarmente em sua contestao:

    1. inexistncia ou nulidade de citao comparecendo o ru para se defender a nulidade da

    citao ficar suprida pelo princpio da instrumentalidade das formas (art. 244 CPC) e tendo

    aduzido esta preliminar, no ocasionar efeito jurdico nenhum no processo (art. 214 1).

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    Entretanto, comparecendo apenas para suscitar a nulidade ou ausncia do ato e sendo esta

    reconhecida, devolver o magistrado o prazo para defesa, contado da data da intimao da

    deciso concessiva (art. 214 2).

    2. incompetncia absoluta nos termos do artigo 113 a incompetncia absoluta pode ser

    argida a qualquer tempo e grau de jurisdio, j as relativas (territorial e pelo valor da causa)

    s so argveis por meio de exceo. Todavia, poder o ru suscitar em preliminar de

    contestao a incompetncia absoluta, que, por ser matria cogente, poder ser conhecida de

    oficio pelo magistrado.

    3. inpcia da petio inicial inepta a petio inicial quando est nela contida um dos vcios

    do pargrafo nico do artigo 295. Contrario sensu, o conceito de aptido se abstrai por

    excluso, quando no se preenchem os requisitos do indigitado artigo.

    4. perempo - quando o autor der causa por trs vezes extino do processo nos termos do

    artigo 267, III (que trata do abandono de causa por mais de trinta dias) e somente esse caso.

    Com a perempo extingue-se somente o direito de ao, mas no o direito material nela

    deduzido, o que quer dizer que o autor no pode ajuizar nova ao, mas poder se defender

    numa ao sob o mesmo fundamento (art. 268 nico). Da porque a extino sem faz sem

    julgamento de mrito.

    5. litispendncia Ocorre litispendncia quando se reproduz ao idntica outra que est em

    curso. Por aes idnticas entenda-se com as mesmas partes, mesma causa de pedir (remota e

    prxima) e mesmo pedido (mediato e imediato).

    6. coisa julgada a definio a mesma de litispendncia (identidade de elementos entre duas

    demandas), porm so diferidas pelo seu aspecto temporal. Tendo esgotado todas as formas

    recursais contra a sentena (ou mesmo deixado transcorrer in albis o prazo recursal), a

    sentena se reveste de imutabilidade e sobre ela no se insurge mais nenhuma manifestao

    (salvo casos especiais como a rescisria e a querella nulitatis). Atente-se ao fato que essa

    preliminar se atina apenas coisa julgada material (301 3 CPC).

    7. conexo a teor do artigo 103, reputam-se conexas duas ou mais aes, quando lhes for

    comum o objeto ou a causa de pedir. Quando se fala em objeto, leia-se pedido. A conexo

    causa de modificao de competncia relativa (art. 102 CPC) e importa no deslocamento do

    processo para o juzo prevento para o julgamento em conjunto a fim que se evite decises

    conflitantes (art. 105 CPC). Com interpretao extensiva deste inciso aloca-se, outrossim, a

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    continncia (art. 104) em que se tem duas aes iguais em curso (partes e causa de pedir), mas

    com pedidos de dimenses diferentes. Prevento, evidncia, a ao de maior pedido.

    8. incapacidade de parte, defeito de representao ou falta de autorizao qualquer um

    desses vcios so pressupostos processuais que ensejam a extino do processo se no

    sanadas ao seu tempo e modo (art. 7, 12 e 13, CPC).

    9. conveno de arbitragem regida pela lei 9.307/96 (revogando, portanto os artigos 1072

    a 1102 do CPC). A conveno de arbitragem no se enquadra no rol das matrias cognoscveis

    de oficio pelo magistrado (art. 301 4) e, portanto, dever ser manifestada pelo ru em sede

    de preliminar sob pena de precluso. A sua decretao importa na extino do processo sem

    julgamento do mrito (art. 267, VII) e na obrigatoriedade de se fazer cumprir a clusula pelo

    rbitro (ou cmara arbitral) ora convencionada.

    10. Carncia de ao carecedor do direito de ao aquele que no preenche uma(s) da(s)

    condio(es) da ao, quais sejam, possibilidade jurdica do pedido, legitimidade de parte e

    o interesse de agir.

    11. Falta de cauo ou de outra prestao quando a lei determina para o prosseguimento

    vlido ou regular do processo o depsito de determinada quantia ou bem, desde que previsto

    por lei. Assim como o ente com sedefora do pas e que quiser demandar no Brasil poder faz-

    lo desde que antecipe, a ttulo de cauo, o valor das custas e honorrios advocatcios da parte

    contrria, conquanto no tenha bens mveis no Brasil para garantir futura execuo.

    As preliminares no nosso sistema podero ser dilatrias ou peremptrias conforme os efeitos

    que elas incidiro no processo se acolhidas. As preliminares peremptrias ensejam a extino

    do feito. O rol das preliminares peremptrias (incisos III, IV, V, VI, IX e X). J as dilatrias, visam

    somente corrigir algum vcio endoprocessual retardando a marcha do processo at que essa

    invalidade seja sanada. So os casos dos incisos I, II, VII, VIII, XII.

    Esta diferenciao ser sobremodo importante para o entendimento de como montar uma

    preliminar conforme se ver abaixo;

    Como se monta um preliminar;

    Basicamente a estrutura da preliminar resolve-se por uma equao matemtica:

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    Artigo 301 inc___ + fundamentao jurdica + conseqncia (artigo 267 ou regularizao do

    feito).

    Assim imagine-se uma preliminar de ilegitimidade de parte (preliminar peremptria):

    Preliminarmente o ru parte ilegtima para figurar no feito nos termos do artigo 301, X do

    CPC. E isso porque conforme se verifica no contrato trazido ao processo ru no figura como

    locatrio, mas sim terceira pessoa. Desta forma requer a extino do processo sem julgamento

    de mrito nos termos do artigo 267, VI.

    Agora uma preliminar dilatria;

    Preliminarmente este Juzo absolutamente incompetente para conhecer do feito nos

    termos do artigo 301, II do CPC. E isso porque a ao ora proposta versa sobre direito de

    famlia e este juzo de competncia exclusiva cvel. A incompetncia material absoluta, no

    comportando derrogao por nenhuma das partes. Desta forma requer a remessa dos autos

    para a vara cvel competente.

    5 - MATRIA DE MRITO

    Pela prpria manifestao do princpio da eventualidade, cabe ao ru, outrossim, formular

    defesa sobre a matria que o autor trouxe para o juzo. Em verdade a matria de mrito a

    prpria finalidade da contestao, pois o ru comparece em juzo para dizer no processo que

    o autor, justamente, no assiste ao direito que postula.

    Todavia, importante ressaltar que o conceito de mrito ainda uma zona nebulosa do nosso

    sistema processual. Isso se deve mais falta de elementos tcnicos no ordenamento que nos

    permita formular um conceito convincente e apto a criar alguma serventia no sistema (sob

    pena de se criar um conceito meramente acadmico).

    A definio de mrito no nosso conceito a pretenso posta em juzo sobre um dado direito

    material, j que o conceito de mrito mais claramente visto (o seu julgamento ou no) nas

    hipteses dos artigos 267 e 269 que evidncia deflagram o final do processo.

    errado pensar que a matria de mrito se dirige contra o pedido diretamente, pois a defesa

    de mrito ataca a sustentao do pedido, os argumentos e fatos que do base pretenso a

    causa de pedir remota e prxima. So elas, portanto:

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    Defesa de mrito direta ocorre quando o ru ataca diretamente os fatos que fundamentam o

    pedido, negando-os. Nesse caso o ru no apresenta um direito prprio, mas conseqncias

    jurdicas diversas daquelas pretendidas com base no mesmo fato (no comprei, no contratei),

    desta forma como o fato se mantm controverso cabe mesmo ao autor provar a sua

    existncia.

    Defesa de mrito indireta na defesa de mrito indireta o ru no nega os fatos constitutivos

    do direito do autor, mas impe outros fatos; impeditivos, modificativos ou extintivos a fim de

    impedir que o ru logre xito na sua demanda. Os contra-fatos que a parte poder apresentar

    podem ser;

    Extintivos que visam expurgar do mundo jurdico os fatos que o autor pretende ver

    acolhido. o caso da prescrio.

    Modificativos visam alterar as conseqncias jurdicas dos fatos trazidos pelo autor.

    Assim se a parte alega a compensao, ela no nega o fato constitutivo o crdito do

    autor mas impe outro que um crdito seu contra o mesmo que quer ver

    compensado (art. 368 CC).

    Impeditivos nesse caso pretende o ru, mesmo aceitando os fatos do autor, obstar a

    produo dos seus efeitos. o caso da exceptio non adimpleti contractus (art. 476 CC) da

    qual nos contratos bilaterais de vencimento simultneo, uma das partes no pode exigir

    o implemento da outra se no cumprir a sua parte na avena. Essa argumentao pode

    ser usada pelo ru para conseguir retardar a produo dos efeitos da pretenso.

    Importante que se diga que a despeito do ru formular novos fatos, ele no assume a posio

    de autor (salvo nos casos de reconveno e pedido contraposto), pois seu objetivo apenas

    um provimento jurisdicional que negue ao autor o acesso a um determinado bem jurdico

    colimado.

    6 QUESTES PROCESSUAIS

    DENUNCIAO DA LIDE possvel denunciar ao ru denunciar a lide nas hipteses do artigo 70

    do CPC. O caso mais comum o ru, demandado em ao de responsabilidade civil decorrente

    de acidente de veiculo automotor, denuncia a seguradora.

    CHAMAMENTO AO PROCESSO possvel chamar ao processo os demais coobrigados da relao

    jurdica de direito material que no foram trazidos ao processo. As hipteses de chamamento

    (fiana/solidariedade) esto no artigo 77 do CPC.

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    PRESCRIO A prescrio no matria preliminar, pois a sua decretao acarreta o

    encerramento do processo com julgamento de mrito nos termos do artigo 269, IV do CPC.

    PEDIDO CONTRAPOSTO a reconveno dentro da prpria defesa. Utilizada somente em alguns

    casos que o sistema veda a reconveno, como o rito sumrio, o JEC e as possessrias.

    7 - PEDIDO

    O pedido da contestao se limita a pedir que o juiz acolha a (s) preliminar (es) argida (s) e no

    mrito que seja o pedido julgado improcedente.

    Requer produo de provas.

    Custas e honorrios para que sejam arcados pelo autor.

    ______________EXCEES RITUAIS (incompetncia, impedimento e suspeio)

    Base Legal artigos 304-314

    Prazo 15 dias contados da data em que se tomou cincia do fato

    Notas importantes nas excees de impedimento e suspeio o ru (excepto) o prprio

    juiz.

    Conforme visto, a contestao forma de defesa do ru contra o pedido do autor objetivando,

    no mais das vezes, uma sentena de improcedncia. Todavia o rol das defesas processuais no

    se exaure naquelas enumeradas no artigo 301. Existem defesas processuais outras como a

    continncia (artigo 104, CPC), a impugnao ao valor de causa (artigo 261, CPC) e as excees

    rituais, que a partir daqui falaremos, que atinam exclusivamente ao juzo ou ao juiz que judica

    na causa.

    Conforme erigimos alhures, os pressupostos processuais devem ser levados em conta de

    acordo com as pessoas que figuram no processo o juiz o autor e o ru. Em relao ao juiz,

    no basta estar ele investido de jurisdio (como pressuposto de existncia que ) necessrio

    tambm que o juiz seja competente e imparcial para o julgamento da causa no caso concreto.

    falta de um desses pressupostos de desenvolvimento caber, portanto parte, o manuseio

    das excees rituais da qual a lei chama simplesmente de exceo. Exceo , portanto, um

    incidente destinado a afastar a incompetncia relativa e a parcialidade do juiz num dado

    processo. Existem caractersticas pertinentes aos incidentes da qual se faz importante

    ressaltar;

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    Incidentalidade as excees como visto tm natureza de incidente no se constituindo uma

    relao jurdico-processual autnoma, mas um processo dependente do principal. Tem seu

    trmino com uma deciso interlocutria que desafia o recurso de agravo. No faz coisa

    julgada e no atinge a vida das pessoas fora do processo ex vi do artigo 469, III do CPC.

    Suspenso processual Nos termos dos artigos 180, 265, III e 306, a oposio da exceo

    acarreta a suspenso do processo principal. O termo inicial da suspenso se d com o mero

    protocolo do incidente no judicirio. Quanto ao termo final, ou seja, at quando perdura o

    estado de sobrestamento, h de se relativizar o contedo do prprio artigo 306 que aduz at

    que seja definitivamente julgada. A suspenso se prolonga at a deciso de 1 grau, j que

    eventual agravo de instrumento (que pela nova sistemtica da lei 11.187/05 poder ser de

    instrumento desde que comprovada a urgncia) no dotado, ope legis, de efeito suspensivo.

    O trmino da suspenso acarreta a continuidade da tramitao do processo seja no foro em

    que vinha correndo seja no foro da qual foi remetido o processo. H necessidade de intimao

    desse ato.

    Legitimidade e prazos O artigo 297 enumera as excees no capitulo Da Resposta do Ru.

    Todavia, apenas a incompetncia legitimao exclusiva do ru. O impedimento e a suspeio

    possibilitam que tanto o autor, como o ru possam arg-la. Tal situao deflui do fato que

    nesses casos o incidente incide sobre a pessoa do juiz que poder ser parcial para qualquer das

    partes. J a incompetncia perde sua razo de ser para o autor, pois foi ele quem ajuizou a

    ao na comarca que se quer ver alegada a incompetncia e restaria essa impossibilidade

    afastada por precluso lgica e falta de interesse.

    Quanto ao prazo, a lei preconiza no artigo 305 que ser apresentada a exceo no prazo de 15

    (quinze) dias, contado do fato que ocasionou a incompetncia, o impedimento e a suspeio.

    H de se atentar apenas que no rito sumrio a exceo dever ser argida em audincia assim

    como os especiais no prazo que a lei disciplinar caso a caso para a defesa. Importante que se

    diga que a apresentao da contestao gera precluso consumativa para a apresentao de

    exceo de incompetncia e de suspeio que no podero mais ser argidas posteriormente.

    A recproca no verdadeira, pois a oposio da exceo suspende o prazo para a contestao

    que ser protocolizada quando do julgamento do incidente pelo juiz de 1 grau, no prazo

    remanescente.

    Exceo de Incompetncia sabido que a competncia instituto criado para distribuir e

    organizar os rgos do poder judicirio de suas funes. Este incidente se destina a suscitar

    somente a incompetncia relativa (territorial), pois a absoluta (que versa sobre a matria e a

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    funo), por ter natureza de objeo, deve ser argida em preliminar de contestao (artigo

    301, II CPC). No poder ser argida de oficio pelo juzo a quo (sumula 33 STJ) e a sua no

    oposio acarreta a prorrogao da competncia (art. 114 CPC) para o juzo que era

    relativamente incompetente para a causa (e que passa a ser, portanto, absolutamente

    competente). A exceo ser apresentada em petio escrita com os documentos necessrios

    para se provar a juridicidade daquilo que se alega. necessrio indicar o foro competente (art.

    307 CPC).

    Abre-se vista ao excepto para se manifestar em 10 dias sobrevindo deciso nos outros dez

    dias.

    Exceo de impedimento e suspeio As definies de impedimento e suspeio esto

    respectivamente catalogadas nos artigos 134 e 135 do CPC. O vocbulo parcialidade no se

    apresenta como o mais adequado para afastar o juiz do julgamento de um dado processo, pois

    incide numa conotao subjetiva, da qual o juiz seja parcial o que no verdade. Desta

    forma o legislador criou situaes de direito material (e.g. parentesco) e processual (e.g

    quando foi advogado no processo) para que ele fique obstado de julgar a causa. O critrio

    deve ser tomado objetivamente, ou seja, se o juiz recair numa das hipteses enumeradas pelo

    legislador deve ser proibido de julgar a causa, independentemente de se perquirir se h o

    interesse no litgio ou no.

    Processualmente falando o impedimento se difere da suspeio, pois as causas ali enumeradas

    so mais prximas e mais factveis do juiz se inclinar a um dos lados. A prova se faz de plano e

    o sistema trata como verdadeira objeo processual. J a suspeio depende de uma anlise

    mais acurada dos fatos. J que difcil chegar ao conceito (e deste conceito a sua relevncia

    para o processo), do amigo intimo, o inimigo capital, o interesse no julgamento favorvel para

    uma das partes.

    Importante que se diga que nas excees da qual estamos falando, o excepto o juiz e no a

    outra parte.

    A petio deve estar instruda com os documentos que comprovem as alegaes deduzidas e

    rol de testemunhas (art. 312 CPC). Recebida a exceo o juiz poder reconhecer seu

    impedimento ou suspeio e remeter os autos, em deciso irrecorrvel, ao seu substituto legal.

    Contrariu sensu poder, em no concordando, apresentar suas razes em dez dias (nos

    mesmos moldes do artigo 312 CPC) sendo endereada a superior instncia para julgamento.

    Em sendo procedente a exceo no tribunal, haver deliberao sobre quais atos do processo

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    sero invalidados, bem como determinar as custas processuais a serem pagas pelo juiz

    substitudo. Ao juiz vedado recorrer desta deciso. Todavia cabero recursos para o STJ e STF

    da deciso que julgar a exceo improcedente, desde que, evidentemente, preenchidos os

    pressupostos de sua admissibilidade.

    O impedimento poder ser argido aps o trnsito em julgado por meio de ao rescisria

    (art. 485, II, CPC).

    _____________________________________RECONVENO

    Base Legal artigos 315-318

    Prazo 15 dias, concomitante com a contestao (art. 299)

    Notas importantes ru reconvinte (autor da reconveno) e autor reconvindo (ru da

    reconveno)

    Conforme vimos, o ru poder tomar diferentes posturas em relao pretenso do autor

    dentro do processo, com um nico e exclusivo intuito: obter do Poder Judicirio uma sentena

    de improcedncia quanto ao pedido formulado. Pode, contudo, o ru, transbordar os limites

    passivos e estticos de defesa e partir para uma postura inversa, de verdadeira pretenso

    contra o autor. A esse fenmeno o sistema denomina de reconveno, permitida desde que

    preenchidos determinados parmetros legais. Reconveno , portanto, a pretenso

    formulada pelo ru, e sem perder essa qualidade, contra o autor dentro do mesmo processo.

    A reconveno uma demanda dentro de um processo pendente, apresentada juntamente

    com a contestao.

    Requisitos da reconveno na prtica:

    1) endereado ao prprio juiz da causa por preveno

    2) a distribuio ser por dependncia ao processo principal

    3) por garantia necessrio qualificar (novamente) as partes por se tratar de uma ao

    (exigncia do artigo 282, II, CPC)

    4) o reconvinte dever requerer a intimao do reconvindo na pessoa do seu advogado para

    apresentar defesa em 15 dias.

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    So requisitos especiais da reconveno;

    Quanto legitimidade - sabido que somente o ru poder reconvir (artigo 315, CPC). No

    pode ser o autor legitimado extraordinrio j que se estaria demandando em nome alheio e,

    portanto, no poder responder aos termos da demanda do ru (reconveno). De ordinrio,

    quele que estiver capacitado para figurar como ru na demanda originria estar tambm

    para propor a ao como reconvinte.

    Compatibilidade de procedimento A reconveno como processo destinado obteno de

    uma sentena instituto especifico das aes cognitivas de jurisdio contenciosa, no se

    admitindo nos processos executivo, monitrio, cautelar e de jurisdio voluntria. Nos

    procedimentos especiais segue-se a regra do princpio da legalidade ampla (a parte poder

    fazer tudo aquilo que a lei no veda art. 5, II, CF), ou seja, cabvel a reconveno desde

    que no ocorra uma dessas situaes: a) seja incompatvel com a estrutura do procedimento

    (falncia, inventrio); b) quando o procedimento tiver previso de pedido contraposto

    (possessrias, prestao de contas) e c) quando no comportar o contra-ataque (ex. converso

    de separao judicial em divrcio). Mas como regra principal, basta verificar se o

    procedimento adquire o rito ordinrio a partir da apresentao da defesa. Se sim, a

    reconveno cabvel.

    Juzos competentes mais um requisito que se faz necessrio de que o juiz que conhece da

    causa originria deve ser competente para conhecer da reconveno sob pena de ferir regra

    de competncia absoluta (rectius funcional e material). A higidez da norma tem motivo (a

    competncia de jurisdio de cunho constitucional e no pode ser derrogada por lei de

    processo alguma que so hierarquicamente subordinadas quela). Atente-se ao fato que basta

    apenas a competncia relativa para fins de reconveno, j que a conexo como pressuposto

    necessrio para a reconveno uma das causas de modificao de competncia.

    Conexidade - talvez o requisito mais importante para a reunio dos feitos de autor e ru seja a

    conexo. O artigo 315 do CPC prev a possibilidade de se ofertar reconveno sempre que

    esta for conexa com a ao principal ou com o fundamento da defesa. A conexo entre duas

    demandas pressupe a identidade de pedido ou de causa de pedir. O pedido deduzido em

    contestao deve inserir-se no mesmo campo jurdico daquilo que pleiteia o autor.

    Quanto conexidade pela causa de pedir, basta ao juiz estar convicto que as duas demandas

    propostas (originria e reconveno) tero um deslinde em conjunto, uma sentena nica.

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    Aes dplices algumas aes pela prpria estrutura de seu procedimento (e no mais das

    vezes, pela celeridade que o sistema impinge) no comportam o manuseio da reconveno.

    Nesses casos o ru oferecer a sua pretenso dentro da prpria contestao por meio do

    pedido contraposto, como so chamadas as aes dplices (duas peas em uma s). H

    necessidade de previso expressa em lei.

    So casos de aes de natureza dplice; a) todas que seguem o rito sumrio; b) prestao de

    contas; c) as do Juizado especial Cvel (L. 9.099/95); d) as aes possessrias dentre outras.

    Importante que se diga ser torrente o entendimento doutrinrio no sentido de que o pedido

    contraposto subsiste mesmo com a extino do processo principal, a despeito desse pedido

    no ter uma base procedimental prpria.

    Procedimento A reconveno dever ser apresentada simultaneamente com a defesa (artigo

    299, CPC), sob pena de precluso consumativa. Ou seja, o protocolo das duas peas deve se

    dar no mesmo momento, no podendo ser apresentadas em dias distintos. A petio ser

    apresentada ao prprio juiz da causa originria. Recebida a reconveno ser o autor-

    reconvindo intimado na pessoa do seu advogado para apresentar defesa no prazo de 15 dias.

    A no defesa do autor na reconveno no gera revelia, pois este j mostrou interesse na

    causa quando da propositura da ao.

    Conquanto a reconveno e o processo originrio devam ser julgados numa mesma sentena

    sob pena de nulidade (RT 504/180), o artigo 317 deixa clara a autonomia procedimental que

    gozam as duas demandas dentro do processo. E isso porque a extino prematura de uma

    delas (reconveno ou originrio) no acarreta o fim da outra. Logo, por no colocar termo ao

    processo (j que no se extinguiu nada, apenas reduziu o objeto do processo que uno) a

    extino de uma das demandas tem natureza de deciso interlocutria que desafia o recurso

    de agravo (art. 522, CPC), portanto.

    AO DECLARATRIA INCIDENTAL

    O artigo 297 no faz meno ao declaratria incidental como forma de defesa do ru.

    Todavia modalidade de resposta cuja previso fica diferida para os artigos 5 e 325 do CPC.

    Difere-se no procedimento da ao declaratria do artigo 4 CPC, j que no depende, em

    especial, de questo subordinada para que possa ser julgada em carter prejudicial.

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    O pedido aquilo que o autor busca em Juzo. Todavia no basta pedir. Pela regra da

    substanciao necessrio que o pedido seja motivado o que chamamos no ordenamento

    jurdico de causa de pedir.

    Independente do que se busca do Estado (declarao, condenao ou constituio de

    determinada tutela), a fundamentao ftica versa sempre sobre a existncia ou no de uma

    relao jurdica, j que a partir dela o autor retira a conseqncia jurdica que deseja. Desta

    forma, toda sentena declara algo, seja por ser esse o seu interesse (e to somente esse;

    declarar), seja como sucedneo de uma posterior constituio ou condenao.

    Assim, o magistrado condena o ru no pagamento da indenizao desde que se verifique a

    existncia do contrato e da ocorrncia do ato ilcito que merece ser reparado. No se coloca

    no dispositivo isto posto declaro existente o contrato porque est nsito que se houve

    condenao contratual, o magistrado j superou questo da existncia do instrumento que

    alis sequer foi objeto do pedido.

    De outro norte conforme asseveramos linhas atrs a defesa de mrito do ru num dado

    processo pode ser indireta (quando oferece situaes que visam afastar o efeito pretendido

    pelo autor sem, contudo negar a sua existncia) quando nesse caso o nus da prova lhe

    pertence. J a defesa de mrito direta constitui numa verdadeira negativa da existncia da

    prpria relao jurdica de direito material que alicera o pedido do autor. Nesse especifico

    caso surge uma questo prejudicial, pois a existncia ou no da relao jurdica fator

    principaliter para o deslinde dos fatos no processo.

    Portanto perfeitamente admissvel que essa controvrsia surja no curso da lide requerendo,

    portanto, uma declarao incidente sobre a requestada situao. E ai que o sistema

    oportuniza o manuseio da ao declaratria incidental, que tem por conseqncia ampliar o

    objeto da lide, deslocando a causa de pedir para o pedido a fim de que sobre ela o juiz decida

    (agregando-a a parte dispositiva da sentena), para que se possa ser imunizada pelos efeitos

    da coisa julgada.

    Uma vez proposta ao declaratria incidental, os limites da coisa julgada se estendero

    tambm a ela (artigo 470, CPC). Sem a sua propositura, ela se limita a ficar na parte de

    fundamentao da sentena (art. 469, CPC).

    Discordamos de boa parte da doutrina que entende que a ao declaratria apresentada pelo

    ru nada mais do que uma reconveno com pedido declaratrio, j que ambas ampliam o

    limite objetivo da lide. Todavia no entendo que h ampliao, apenas transferncia da causa

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    de pedir para o pedido o que se aumenta a coisa julgada (no sentido de potencializao). A

    reconveno um novo pedido em face do autor dentro do mesmo processo. A ADI o

    simples pedido de ampliao da parte dispositiva da sentena quilo que j estava nos autos

    como premissa do pedido, para que se possa ser acobertada pela coisa julgada, pois prejudicial

    ao pedido principal.

    A reconveno no depende da contestao, pois tem pedido autnomo, ao passo que a

    declaratria sim, pois s se decide a relao prejudicial quando houver questo, que no

    sentido carnelutiano so os pontos controvertidos entre autor e ru no processo e, portanto,

    necessrio defesa (contestao) para que essa controvrsia exista.

    Portanto so requisitos da ao declaratria incidental:

    a) a existncia de questo prejudicial - Por questo prejudicial entende-se nas questes que,

    por influenciar na deciso subseqente, devem ser julgadas antes. b) litigiosidade o fato

    gerador da ADI a controvrsia, o surgimento da questo que s aparece com a apresentao

    da contestao.

    c) competncia absoluta do juiz conforme visto, a declaratria incidental utiliza-se do mesmo

    prtico procedimental que a reconveno e, portanto, haver julgamento conjunto com a

    causa originria (artigo 318, CPC).

    procedimento O artigo 325, aparentemente restringe a legitimao da ADI para o autor, o

    que falso e j devidamente afastado pelo ordenamento. O artigo 5 arreda essa suposta

    dvida franqueando a qualquer das partes o manuseio da requestada ao sempre que no

    curso do processo, se tornar litigiosa a relao jurdica de cuja existncia ou inexistncia

    depender o julgamento da lide. Faz eco o artigo 470 do referido diploma legal.

    Desta feita, podemos verificar que a lei confere o prazo de 10 dias para que o autor ajuze a

    ao incidente aps ser intimado da apresentao da defesa.

    No silencio da lei, o prazo para o ajuizamento pelo ru de 15 dias. Uma porque o legislador

    concedeu uniformidade temporal a todos os atos postulatrios praticados por ele, 15 dias.

    Outra porque a questo se tornou controvertida quando da citao. por isso que a ao

    declaratria dever ser apresentada (em pea autnoma) junto com a contestao sob o

    mesmo rigor que se tem com a reconveno precluso consumativa.

    Sendo proposta por qualquer das partes ser anotada no distribuidor (artigo 253 CPC) abrindo-

    se vista para que a outra parte possa impugnar (rectius, contestar) no prazo analgico de 15

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    dias. Terminando ambas as demandas juntas (e sempre que possvel, far-se- instruo em

    conjunto) sero julgadas na mesma sentena, respeitando, evidentemente, cada qual o seu

    captulo na deciso. Todavia se uma terminar antes da outra, a deciso que se fala ai

    interlocutria, desafiando o recurso de agravo (a despeito da Lei mencionar sentena no

    artigo 325. A ao declaratria cabvel somente nos processos de conhecimento, pois so

    nestes que se objetivam uma sentena. Por excluso, no se acomoda no processo monitrio,

    executivo, cautelar, tampouco nos de jurisdio voluntria, bem como naqueles que a lei

    expressamente veda como o rito sumrio (artigo 280 CPC) e o Juizado Especial Cvel, artigo 31.

    IMPUGNAO AO VALOR DA CAUSA

    Da mesma forma que a Ao Declaratria Incidental. o artigo 297 no faz meno

    impugnao ao valor da causa. Essa modalidade de resposta, todavia, vem disciplinada no

    artigo 261 do cdigo. Trata-se de uma hiptese privativa do ru (e demais legitimados

    conforme se ver abaixo) para o fim de se adaptar o valor da causa (seja para mais, seja para

    menos) s regras pertinentes aos artigos 259 e 260 que disciplinam o valor na inicial.

    Relevante dizer que, ao contrrio da contestao, a impugnao no visa discutir o pedido. Seu

    desiderato se cinge a adaptar o valor da causa situao de direito material apresentada em

    juzo. No h, nesse particular, qualquer emisso de valor acerca da legitimao do pedido.

    Podendo, portanto, o ru pedir majorao do valor, o que no significa aumentar a

    condenao pedida.

    cabvel em todo e qualquer tipo de processo, j que toda causa tem valor (artigos 258, c/c

    282, V, CPC).

    Trata-se de incidente processual e no uma nova ao. Ser autuada em apenso ao processo

    principal (salvo no Juizado especial que ser apresentada na mesma pea da contestao art.

    30, L.9099/95) e, como apenso que , da deciso acerca do pedido de impugnao cabvel o

    recurso de agravo j que se trata de deciso interlocutria.

    Quanto ao processamento, ser apresentada no prazo de defesa, ou seja, 15 dias no rito

    ordinrio e no rito sumrio em audincia. A sua interposio no suspende o processo e o

    autor ser intimado, na pessoa do seu advogado para se manifestar em cinco dias. A no

    impugnao presume-se aceito o valor da causa tal qual estipulado (art. 261, nico, CPC) o

    que nos faz crer que ao juiz seja vedado conhecer de oficio do valor sem que a parte tenha

    suscitado, salvo se desse conhecimento resultar a modificao territorial ou o rito, j que um

    dos critrios tanto de um, quanto do outro o valor da causa.

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    No h vedao que o chamado ao processo (art. 77 CPC), o denunciado lide (art. 70 CPC), o

    nomeado autoria (art. 62, CPC) possam impugnar o valor da causa, pois este influi na sua

    esfera de direitos encargos de sucumbncia (art. 20 CPC). Assim como o Ministrio Pblico e

    as Fazendas como parte e o curador especial tm essa legitimidade. O MP como fiscal da lei

    desde que seja em interesse do demandado.

    No tem legitimidade o opoente (artigo 56, CPC). Com a modificao do valor da causa para

    mais, o autor ser intimado para complementar as custas processuais que eventualmente

    decorrentes dessa modificao.

    condenando o embargante em 1% sobre o valor da causa (artigo 538, pargrafo nico) e com a

    reiterao, a multa poder ser dada na monta de 10%.