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  A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: O QUE AS CRIANÇAS DA COMUNIDADE POR FI   TEM A DIZER? CATAVENTOS ISSN: 2176-4867  ANO 6, N. 01, 2014. 40 A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: O QUE AS CRIANÇAS DA COMUNIDADE POR FI   TEM A DIZER?  ALVES 1 , Cíntia Fabiana de; BACKES 2 , Dalila Inês Maldaner RESUMO Para a cultura ocidental, a educação, a escola e o sujeito, ocupam um lugar de destaque o que traz à tona o seguinte questionamento: será que todas as culturas compartilham dessa perspectiva? No caso da cultura indígena, especificamente, a escolarização começou por volta do ano de 1500 com os primeiros navegadores europeus, sendo essa por muito tempo forçada. Sabe-se, com base em estudos já desenvolvidos, que a cultura indígena é uma cultura baseada na oralidade, em que os ensinamentos passam de geração a geração de forma oral. A partir disso, surgem vários questionamentos: De que forma a figura da escola foi se constituindo para os povos indígenas? Como significar a escrita para eles? Qual a importância da escola para essas crianças? O que é a escola para eles? Esses questionamentos instigaram a realização do presente estudo, que teve como objetivo identificar e analisar a representação e a importância da escola para as crianças Kaingangs da comunidade Por Fi  de São Leopoldo. Desde 2004 a Universidade Feevale vem atuando na comunidade Por Fi  com o projeto de Extensão Múltiplas Leituras: povos indígenas e interculturalidade visando contribuir na efetivação dos direitos e na preservação da identidade e cultura desse povo. Fazem parte do projeto os cursos de Pedagogia, Letras, Artes Visuais, História e Direito. O curso de Pedagogia auxilia na alfabetização dos alunos do 2° ano da escola indígena, através de um trabalho diferenciado, partindo da realidade dos alunos com a preocupação de oferecer um ambiente lúdico, incentivando a leitura. Entende-se que para o pedagogo realizar seu trabalho ele precisa conhecer seu aluno, sua realidade, sua cultura. Para tanto, utilizou-se como métodos de investigação a observação participante e o grupo focal com as crianças que participaram das oficinas que acontecem uma vez por semana na comunidade. Como resultados parciais, pode-se afirmar que a escola ocupa um lugar de prestígio na comunidade, sendo que durante as atividades desenvolvidas é possível perceber a entrega total dos alunos. Diante disso, percebe-se que a cultura indígena vive uma dicotomia entre aceitar a escola que pertence a cultura ocidental em que a escrita e a leitura são valorizadas, e a necessidade de conhecer o que 1  Aluna do curso de Pedagogia e voluntária no projeto de extensão: Múltiplas Leituras: povos indígenas e interculturalidade da Universidade Feevale. 2  Professora Mestre do curso de Pedagogia da Universidade Feevale e professora assistente do projeto de extensão: Múltiplas Leituras: povos indígenas e interculturalidade, orientadora do presente artigo. 

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  • A EDUCAO ESCOLAR INDGENA: O QUE AS CRIANAS DA COMUNIDADE POR FI TEM A DIZER?

    CATAVENTOS ISSN: 2176-4867 ANO 6, N. 01, 2014. 40

    A EDUCAO ESCOLAR INDGENA: O QUE AS CRIANAS DA COMUNIDADE POR FI TEM A DIZER?

    ALVES1, Cntia Fabiana de; BACKES2, Dalila Ins Maldaner

    RESUMO Para a cultura ocidental, a educao, a escola e o sujeito, ocupam um lugar de destaque o que traz tona o seguinte questionamento: ser que todas as culturas compartilham dessa perspectiva? No caso da cultura indgena, especificamente, a escolarizao comeou por volta do ano de 1500 com os primeiros navegadores europeus, sendo essa por muito tempo forada. Sabe-se, com base em estudos j desenvolvidos, que a cultura indgena uma cultura baseada na oralidade, em que os ensinamentos passam de gerao a gerao de forma oral. A partir disso, surgem vrios questionamentos: De que forma a figura da escola foi se constituindo para os povos indgenas? Como significar a escrita para eles? Qual a importncia da escola para essas crianas? O que a escola para eles? Esses questionamentos instigaram a realizao do presente estudo, que teve como objetivo identificar e analisar a representao e a importncia da escola para as crianas Kaingangs da comunidade Por Fi de So Leopoldo. Desde 2004 a Universidade Feevale vem atuando na comunidade Por Fi com o projeto de Extenso Mltiplas Leituras: povos indgenas e interculturalidade visando contribuir na efetivao dos direitos e na preservao da identidade e cultura desse povo. Fazem parte do projeto os cursos de Pedagogia, Letras, Artes Visuais, Histria e Direito. O curso de Pedagogia auxilia na alfabetizao dos alunos do 2 ano da escola indgena, atravs de um trabalho diferenciado, partindo da realidade dos alunos com a preocupao de oferecer um ambiente ldico, incentivando a leitura. Entende-se que para o pedagogo realizar seu trabalho ele precisa conhecer seu aluno, sua realidade, sua cultura. Para tanto, utilizou-se como mtodos de investigao a observao participante e o grupo focal com as crianas que participaram das oficinas que acontecem uma vez por semana na comunidade. Como resultados parciais, pode-se afirmar que a escola ocupa um lugar de prestgio na comunidade, sendo que durante as atividades desenvolvidas possvel perceber a entrega total dos alunos. Diante disso, percebe-se que a cultura indgena vive uma dicotomia entre aceitar a escola que pertence a cultura ocidental em que a escrita e a leitura so valorizadas, e a necessidade de conhecer o que

    1 Aluna do curso de Pedagogia e voluntria no projeto de extenso: Mltiplas Leituras: povos indgenas e interculturalidade da Universidade Feevale.

    2 Professora Mestre do curso de Pedagogia da Universidade Feevale e professora assistente do projeto de extenso: Mltiplas Leituras: povos indgenas e interculturalidade, orientadora do presente artigo.

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    ensina essa escola para que sua cultura e histria no se percam com o tempo, permanecendo, ento, registradas.

    PALAVRAS- CHAVE: Cidadania. Mltiplas leituras. Crianas. Indgenas. Escola.

    ABSTRACT For the occidental culture, education, school and individuals take a highlighted place which brings up the following question: do all cultures share this perspective? Regarding the Brazilian indigenous culture, schooling began around 1500 with the European navigators, apparently against indigenous will. According to several studies, the indigenous culture is based on orality in which the teachings are transmitted from generations to generations orally. From this statement many questions arise: How the school role was constituted for indigenous peoples? How to signify the writing for them? What is the importance of school for indigenous children? What do school means for them? These questions motivated the realization of the present study that aimed to identify and to analyze the representation and the importance of school for Kaingangs children from the Por Fi community, located in So Leopoldo. Since 2004, the Feevale University has been working in the Por Fi community with the extension project Multiple Readings: indigenous peoples and interculturality that aim to contribute in the rights enforcing and the preservation of the identity and the culture of the Kaingangs people. The project is composed by students and professors of different courses: Education, Languages, Visual Arts, History and Law. The Education course assists in the literacy of students attending the second year of the indigenous school. It is a differentiated work that considers the students' reality and provides a playful environment in order to encourage the reading. It is understood that the educator must know his students, their reality and their culture to conduct his work. Therefore, the investigation was carried out using the methodology of participant observation and the focus group with the Kaingangs children that participated in the workshops that occur weekly in the Por Fi community. Preliminary results showed that the school occupies a prestigious place in the community once that during the activities it is possible to perceive the great commitment of the students. Thus, it is noticed that the indigenous people experience a dichotomy between accept the school that belongs to the occidental culture, in which the writing and the reading are valued, and the need of knowing what this school teaches in order to maintain registered the culture and the history of the indigenous people.

    KEYWORDS: Citizenship. Multiple Readings. Indigenous Children. School.

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    INTRODUO

    Na atualidade a Fundao Nacional Indgena - FUNAI responsvel pelas

    polticas indigenistas desde que foi fundada em 1967 vem perdendo algumas

    demandas para outros setores governamentais ou instituies civis, isso acontece,

    pois no est conseguindo cumprir obrigaes legitimadas pela Constituio Federal

    de 1988, dessa forma tem sido alvo de muitas crticas. Dentre algumas das

    atribuies que designa a outros setores, podemos citar aes para a educao e

    sade, questes essas que exigem muita ateno e aes que atendam as

    necessidades reais dos povos indgenas.

    Como j estudamos, a educao sistematizada pela cultura ocidental

    adentra a cultura indgena por volta de 1500, com a chegada dos europeus ao

    Brasil. Nesse perodo de colonizao, os jesutas, padres de diversas ordens

    religiosas catlicas preparam aulas na lngua dos ndios, frisando a alfabetizao.

    Nesse momento, os ndios entram em contato com a estrutura de escola, montada

    pelos colonizadores. Outra questo importante, que nesse perodo muitas crianas

    e jovens indgenas foram obrigados a irem para os seminrios religiosos. Tudo isso

    veio "facilitar" a relao entre indgenas e colonizadores.

    Esse perodo da educao escolar indgena, foi o mais longo da histria; e

    deixou muitas marcas, percebemos nessa relao que a cultura indgena foi omitida,

    interditada pela cultura europeia. Diante da repudia a diversidade cultural indgena,

    entendia-se que os colonizadores eram superiores e que por isso, aos ndios,

    sujeitos inferiores, sem cultura, cabia a submisso, o povo indgena tornava-se

    ento a primeira mo de obra do Brasil. Anos mais tarde, os missionrios

    evanglicos percorreram todo o Brasil, com projetos de alfabetizao escolar e

    grafia das lnguas indgenas.

    A escola passa a ser o meio encontrado para transferir conhecimentos,

    utilizando materiais prprios, profissionais especializados, organizados em um

    tempo e espao, mas que no dizem respeito cultura indgena, e sim a cultura

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    ocidental. E por isso, preciso ter um entendimento de educao indgena, para que

    a mesma no seja utilizada como meio de dominao.

    Quando se trata de educao escolar indgena, importante lembrar que, ao longo de todo esse tempo, teve-se uma poltica de integrao. A escola foi forjada, e em boa dose ainda , para transmitir conhecimentos, e os faz a partir de preceitos e condies que esto longe de ser universais. A ideia de que deve haver um modelo de ensino especializado para crianas, materiais especficos e profissionais especializados e um espao e tempo para esse aprendizado so construes histricas que dizem respeito a uma histria particular, a ocidental. (FERREIRA, 2012, p.12)

    Com relao aos ndios Kaingangs, no existem fontes da existncia de

    escola especificamente para ndios no sculo XIX, o que se tem registro da

    participao deles em escolas nas colnias aos arredores das suas comunidades.

    Como podemos ver um relatrio de 1927 que faz o apontamento para duas escolas

    que atenderam alunos indgenas, uma nas terras de So Jernimo (PR) e a outra no

    Ncleo Colonial Dr. Rodolpho de Miranda, atendendo em mdia 15 alunos. J havia

    registro que antes disso um aluno kaingang tinha frequentado a escola da Colnia

    Militar de Jata. Em nenhuma dessas escolas a lngua indgena era falada, apenas

    eram alfabetizados em lngua portuguesa, e ainda tinham educao moral e crist. A

    partir do sculo XX com o surgimento do Servio de Proteo ao ndio - SPI em

    1910, comeam adentrar de forma muito lenta nas terras indgenas, e assim foi se

    constituindo as escolas nas aldeias, esse processo ganha fora em meados da

    dcada de 1940.

    Segundo dados histricos, at a dcada de 1970 nenhuma escola pensou

    na cultura indgena, nas particularidades desses alunos ndios, a escola estava

    voltada para deferir a classe dominante. O objetivo era tornar os ndios "sociveis",

    "disciplinados" para assim conviverem na sociedade nacional. Cabe ressaltar que

    quase todas essas escolas eram mantidas pelo SPI, que foi substitudo pela FUNAI,

    sobre acusao de corrupo.

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    Podemos perceber que at o referido momento histrico a educao escolar

    entre os povos indgenas era voltada somente para integr-los na sociedade, j que

    eles estavam "fora" dos padres exigidos pela sociedade dominante. Dessa forma,

    as escolas do SPI, apenas alfabetizaram alguns ndios, dificilmente os indgenas que

    se alfabetizaram na sua aldeia, continuaram seus estudos fora da comunidade.

    Nesse momento tambm as comunidades Kaingangs passam por um instante de

    desunio, por consequncia surgem conflitos internos, estes no estavam

    relacionados somente a educao, mas tambm com o relacionamento entre os

    funcionrios do SPI.

    Aps a extino do SPI, a FUNAI passa a ser responsvel pela efetivao

    da educao escolar. Porm no incio no ocorrem muitas mudanas na estrutura e

    nas ideologias dessa educao. A comear pelos professores, eram os filhos ou

    esposas dos chefes do rgo que ensinavam os ndios. Sem nenhuma preocupao

    apresentavam um modelo escolar que era destinado a alunos no indgenas, e com

    isso no atendiam as necessidades histricas e sociolingusticas da comunidade.

    Hoje temos uma realidade um pouco diferente da que tnhamos alguns anos

    atrs, todas as comunidades Kaingangs possuem escolas, que so referenciadas

    pelas Secretarias Estaduais de Educao ou em alguns casos pelas municipais. Em

    geral, nas comunidades Kaingangs os alunos tem acesso ao ensino fundamental,

    poucas so as que oferecem o ensino mdio, quase sempre os alunos precisam

    frequentar escolas aos arredores da comunidade.

    Essas mudanas significativas esto relacionadas tambm a uma nova

    organizao das comunidades Kaingangs, que buscam atravs das polticas

    pblicas obterem os seus direitos como cidados que so.

    Povo Kaingang, quem so? Comunidade Por Fi

    Os Kaingangs possuem atualmente uma populao em torno de 35mil

    pessoas, que abrangem e vivem em cerca de 32 Terras Indgenas, reconhecidas

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    desde So Paulo ao Rio Grande do Sul. O povo Kaingang representa quase 50% da

    populao dos povos de lngua J, esto entre os cinco povos indgenas mais

    populosos do Brasil. (FERREIRA, 2012)

    Muito do que se tem na cultura Kaingang e tudo que existe, lua, sol, estrelas,

    animais, plantas, foram gerado segundo suas lendas pelos irmos Kam e Kairu. O

    povo Kaingang se divide em dois grupos, os Kam e os Kairu, e isso permite uma

    organizao dualista, j que ambos ao mesmo tempo em que se ope tambm se

    integram. Ou seja, a forma como os kaingang se organizam, exogmicamente, diz

    que os homens de uma tribo s podem se casar com as mulheres da outra tribo.

    Segundo a lenda Kaingang, os irmos Kam e Kairu, formavam dois grupos

    distintos; os descendentes do Kam tinham o corpo grosso, ps grandes, e eram

    vagarosos nos seus movimentos e resolues; j os Kairu tinham o corpo fino,

    peludo, ps pequenos, ligeiros nos seus movimentos e nas solues de problemas.

    Por isso, a organizao exogmica, para que os descendentes tivessem um pouco

    das caractersticas de cada um.

    Na tradio Kaingang, os filhos, independente do sexo, pertencem a famlia

    do pai, pois segundo eles, o homem responsvel pela criao do filho. J as

    mulheres ficam encarregadas dos ensinamentos culturais, de transmitir os valores

    da tribo.

    Com relao ao sustento das tribos Kaingang, podemos dizer que vivem

    principalmente, da coleta e da caa, mas como estavam cercados pelos povos

    Guaranis, aprenderam com eles a prtica da agricultura. Viam na natureza todos os

    meios para se organizarem, por meio, do crescimento das plantas ou das estaes

    do ano. claro, que agricultura ocidental acabou tomando conta de quase todo

    territrio verde, tornado as florestas em campos para suas plantaes. Os

    Kaingangs tiveram que se adaptar a essa nova realidade, assim foram constituindo-

    se, construindo suas aldeias nas terras demarcadas pela FUNAI.

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    Da mesma forma o povo Kaingang, da Comunidade Por Fi de So Leopoldo

    foi se instituindo e marcando seu territrio. O povo Kaingang que hoje est

    localizado no bairro Feitoria, antes morava em baixo da ponte na BR 116, mas em

    funo da violncia, da falta de uma vida digna, no ano de 1995 se organizaram,

    reivindicando um lugar melhor para morar. A prefeitura da poca concedeu uma

    rea para que pudessem se instalar. Localizados na Estrada do Quilombo nmero

    1015, no bairro Feitoria na cidade de So Leopoldo; a comunidade Kaingang Por Fi

    ocupa uma rea de aproximadamente 2,5 hectares de terra, onde moram 30 famlias

    totalizando cerca de 150 pessoas. Quase todos viviam sob o viaduto, alguns

    preferiram voltar para suas localidades de origem e outras famlias vieram assim que

    souberam da conquista da rea.

    No comeo o grupo Kaingang passou por muitas dificuldades, pois

    necessitavam de estruturas bsicas, como a construo de casas, banheiros

    adequados, viabilizar a escola, nem a FUNAI e nem a prefeitura se mobilizavam

    para fazer alguma coisa. Logo no incio, sofreram muito com preconceito, foram

    estigmatizados pelos moradores da redondeza e pelo poder pblico. Passado algum

    tempo, a estrutura da aldeia foi tomando um novo formato, casas j foram

    construdas paras a famlias, um centro cultural para festas e reunies e a escola

    que est vinculada a Secretaria Estadual de Educao.

    Em relao economia da comunidade Por Fi, percebemos que a

    agricultura no o foco principal, at por causa da falta de espao, eles cultivam

    alguma coisa no quintal das suas casas, porm o forte econmico da comunidade

    o artesanato. O processo de produo e venda feito individualmente, cada famlia

    responsvel pela coleta e fabricao dos materiais. So produzidos cestos,

    bijuterias, materiais de decorao, filtros de sonho. Na comunidade tambm h

    indgenas que buscam outros meios de trabalho, por causa da instabilidade na

    venda dos artesanatos. Algumas famlias recebem o auxlio do programa

    governamental Bolsa Famlia.

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    A partir das observaes e conversas informais com os indgenas da

    Comunidade Por Fi percebemos que a cultura indgena possui peculiaridades muito

    distintas da cultura ocidental, uma delas sua forma de educar, de transmitir seus

    conhecimentos de gerao para gerao. Dessa forma, a educao indgena

    acontece dentro de contextos diferentes, nas mais diversas relaes, nos rituais, na

    coleta de material para elaborao do artesanato, no preparo e no tingimento da

    taquara, na elaborao de comidas tpicas, nas danas etc. e "estes conhecimentos

    so produzidos com a experincia, a vivencia, e geralmente, so aprendidos pela

    oralidade (FERREIRA, 2012, p.37).

    Por muito tempo os indgenas foram tratados como "selvagens", sem

    conhecimento, essa viso vem mudando medida que passamos a conhecer um

    pouco mais sobre esses povos.

    Os Kaingangs possuem um grande conhecimento acumulado, seja da matemtica, do local onde vivem (geografia), dos ciclos da natureza, da fauna e flora (biologia), de tcnicas e medicamentos naturais (fitoterapia) com o poder de combater muitas doenas e assim por diante. Tm ainda conhecimentos histricos, entendem e explicam a origem do mundo, da sociedade atravs de mitos que so passados de gerao para gerao, possuem conhecimentos da agricultura, sabendo as pocas de plantio e de colheita, o manejo das sementes e os cuidados que de deve ter com a terra. (FERREIRA, 2012, p.38)

    Sabemos, porm que isso vem se perdendo devido as mudanas ocorridas

    no meio ambiente, devida as influncias das igrejas, das escolas, da sociedade e at

    mesmo do modelo oficial de indigenismo.

    Percebemos tambm o quanto as crianas desde muito pequenas

    participam do processo de produo do artesanato, aprendendo todos os detalhes

    da fabricao do mesmo. Elas vo aprendendo atravs das situaes corriqueiras,

    direcionadas pelos adultos, aprendem tudo o que necessitam para sua vida adulta.

    Notamos tambm algumas mudanas relacionadas estrutura, h pouco

    tempo foi realizada uma pequena reforma na escola, adequando o espao para a

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    utilizao das classes novas enviadas pela Secretaria do Estado, bem como a

    organizao de um espao para um pequeno refeitrio com mesa adequada e a

    cozinha foi separada da sala de aula.

    A Educao Escolar Indgena na Comunidade Por Fi

    O artigo 210 da Constituio Federal (BRASIL, 1988) legitima as

    comunidades indgenas o uso de suas lnguas maternas e mtodos prprios de

    aprendizagem, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (BRASIL, 1996)

    tambm legaliza uma educao singular, que atenda as especificidades da

    comunidade indgena. Mesmo com leis que reconhecem que os indgenas tm

    direito a uma educao de qualidade e diferenciada, a prtica ainda incipiente e,

    portanto, temos muito a avanar para a efetivao do que preconiza a legislao.

    Frente a isso, percebemos que a escola tem um lugar importante na vida dos

    Kaingangs, e isso no quer dizer que os ndios vo deixar de serem ndios, de

    possuir uma cultura, uma tradio, por estarem em busca de novos conhecimentos.

    Eles buscam sim, o reconhecimento e a valorizao da sua cultura, da sua histria e

    a educao articulada o meio encontrado como refere Ferreira, (2012, p.39)

    A educao escolar, pensada em conjunto com os sujeitos do processo, professores, alunos e comunidade indgena, possibilitar a relao entre educao escolar e a vida. Essa dimenso histrica da educao indgena, na medida em que trabalhar com os conhecimentos provenientes das comunidades indgenas e os conhecimentos oriundos da sociedade ocidental na qual a comunidade est inserida, bem articulada, poder garantir avanos na educao escolar.

    Porm, para que tudo isso acontea de fato, preciso que o Estado cumpra

    com suas obrigaes, discutindo com as comunidades as reais necessidades,

    garantindo assim uma educao indgena de qualidade. A questo no

    implementar escolas, mas pensar que essa escola uma escola indgena, que suas

    necessidades no so as mesmas que as dos alunos no indgenas. Sabemos que

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    a educao indgena possui peculiaridades distintas, que foram se constituindo ao

    longo de muitos anos, pois

    [...] a educao escolar indgena foi resultado da soma dos processos educativos de cada etnia, que se caracterizou de diversas maneiras desde o contato entre os povos indgenas com os no-ndios do nosso pas. A necessidade pela instituio escola s aconteceu aps este contato, e na atualidade se caracteriza por ser reivindicada pelos ndios com as caractersticas de ser diferenciada, bilngue e intercultural. (BELZ, 2008, apud SEVERO, 2011, p.9)

    Por isso, o currculo da escola indgena deve estar atrelado aos

    conhecimentos tradicionais da comunidade, buscando conhecer outras culturas.

    Assim, deve-se pensar num currculo intercultural que atenda as necessidades

    especficas dos indgenas; como conhecer e aprender a lngua materna, os rituais,

    as msicas, que valorize a sua histria e a sua cultura, portanto o que deve ser

    destacado que as escolas indgenas devem servir para o desenvolvimento da

    comunidade referida, sem sobrepor os costumes do grupo com os modos de vida

    hegemnicos da sociedade envolvente( SEVERO, 2011, p.17)

    Na comunidade Por Fi, atualmente a escola atende alunos do 2ano com

    idades entre 7 e 8 anos e um aluno com 12 anos; e alunos do 3 e 4 ano, com

    idades entre 10 e 14 anos. No turno da manh so atendidos os alunos do 3 ano e

    do 4 e a tarde os alunos do 2 ano do Ensino Fundamental, pelo professor da

    prpria comunidade formado em Magistrio. Ele registra os contedos, a frequncia

    dos alunos em instrumento prprio, que so trimestralmente encaminhados escola

    estadual na qual esto vinculados.

    O que as crianas da Comunidade Por Fi tem a dizer sobre a Escola?

    Desde 2004, a Feevale desenvolve aes de extenso junto comunidade,

    atravs do projeto Mltiplas Leituras: povos indgenas e interculturalidade.

    Contando com a participao de acadmicos, especialmente estudantes das

    Licenciaturas, o Mltiplas Leituras tem como objetivo contribuir para a efetivao

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    dos direitos e o reforo da identidade tnica da comunidade, a partir da atuao dos

    cursos de Pedagogia, Artes Visuais, Histria, Direito e Letras.

    Em uma pequena pea de madeira, classes, livros e um quadro verde denotam que se trata de uma sala de aula. Crianas de diversas idades dividem o espao, o material e s vezes, at mesmo a cadeira. Escutam atentas, desenham e escrevem envolvidas em uma atividade ministrada por uma professora do curso de Letras da Universidade Feevale. Uma sala de aula como outras tantas em nosso Pas. No entanto, nessa cena, muitas diferenas: a lngua falada no o Portugus, muitos dos materiais utilizados tambm no esto presentes na maioria das escolas e os cabelos escuros dos alunos e alunas revelam uma origem diversa e nica. Localizada na comunidade Kaingang Por Fi, em So Leopoldo, trata-se de uma Escola Indgena, na qual crianas e professores so indgenas e o idioma principal o Kaingang, embora o Portugus tambm seja ensinado e estudado. (REICHERT, 2011, [s/p])

    Esse cenrio, to belamente descrito pela professora Ins Reichert, o

    espao de atuao das oficinas que so realizadas na comunidade uma vez por

    semana pelos acadmicos de Pedagogia, Artes Visuais, Histria.

    Todas as melhorias realizadas na estrutura da escola foram significativas e

    denotam a preocupao das lideranas com a educao. Essas mudanas j fazem

    com que os alunos olhem diferente para esse espao, muito marcante a questo

    estrutural da escola para eles. muito presente o modelo de escola tradicional, so

    bastante apegados aos itens que referenciam a escola: classe, cadeira, caderno,

    mochila. E por isso, difcil trazer uma proposta diferenciada, como por exemplo,

    ouvir uma histria sentados no cho.

    Assim muitas interrogaes surgem: Mas que tipo de trabalho iremos fazer?

    Como iremos trabalhar? muito difcil pensar em atividades para uma escola

    indgena, j que estudamos para dar aula para alunos no indgenas. O que eles

    precisam aprender? Qual o entendimento deles de escola, de educao? Qual a

    importncia da escola para as crianas da comunidade Por Fi?

    Para elucidar essas questes foi utilizado o grupo focal com os alunos, que

    segundo Morgan e Krueger (1993, apud GATTI, 2005, p. 9) como:

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    [...] a pesquisa com grupos focais tem por objetivo captar a partir das trocas realizadas no grupo, conceitos, sentimentos, atitudes, crenas, experincias e reaes, de um modo que no seria possvel com outros mtodos, como por exemplo, a observao, a entrevista ou questionrios.

    Essa tcnica foi utilizada com dois grupos de alunos da escola, o grupo 1

    formado por alunos do segundo ano e o grupo 2 formado por alunos do terceiro e

    quarto ano que segundo Gatti (2005, p. 18) que se baseie em algumas

    caractersticas homogneas dos participantes, mas com suficiente variao entre

    eles para que apaream opinies diferentes ou divergentes.

    Para dinamizar esse momento as questes para discusso foram colocadas

    em uma caixa e medida que girava a roleta, indicava quem iria retirar a questo e

    falar sobre ela. Essas respostas foram registradas e subsidiaram o presente artigo.

    A partir de algumas observaes percebemos o quanto o corpo, a oralidade

    eram caractersticas marcantes na aprendizagem deles; atravs da tcnica do grupo

    focal, destacamos que eles pouco so ouvidos, isso ficou muito marcante com o

    grupo dos alunos do 3 e 4 ano. E at soa um tanto contraditrio, j que a oralidade

    se faz to presente na cultura indgena. Mas, ao mesmo tempo possvel de se

    entender j que por muitos anos a voz indgena foi calada pela voz ocidental. O

    contexto histrico no mostra o quanto os indgenas foram negados pela sociedade

    ocidental, explicitado por Ferreira, (2012, p. 25)

    [...] com a proclamao da Repblica, a relao do Imprio brasileiro com os povos indgenas no muda de cara; muda apenas a fachada, a forma de submeter estes povos, mas no o contedo. Desde ento, o Brasil sempre foi e continua sendo o pas das elites anti-indgenas, preconceituosas e prepotentes em relao aos direitos mais elementares desses povos. A grande mudana ocorrida no discurso oficial acerca dos ndios do perodo colonial para o Imprio acentua-se com a Repblica. As leis republicanas reforam os caracteres atribudos aos indgenas, como primitivos, imaturidade, atraso cultural e incapacidade social daqueles povos. O Imprio espalhou as sementes da mentira, da falcia e da discriminao. A Repblica, por sua vez, as regou e cultivou. No sculo XX, acelerou-se o extermnio dos indgenas, sendo reduzidos ao menor ndice populacional desde o sculo XVI: entre 80 e 150mil pessoas no final de 1950, conforme

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    levantamento realizado pelo ento Servio de Proteo aos ndios e conduzido pelo antroplogo Darcy Ribeiro.

    Com o primeiro grupo, os alunos do 2 ano, constatamos que a escola um

    espao para brincar, estudar, aprender a ler e a escrever. Outra questo marcante e

    como j citamos, com relao estrutura e a organizao do espao escolar.

    Sinalizaram que se pudessem fariam modificaes na escola, exemplificando dessa

    forma: "Os livros, esto misturados, a no d para achar.", "fazer brilhar, arrumando

    todo dia.", "desmonta tudo, fazer de novo, a uma escola de pedra.", "dar mais papel

    para desenhar, arrumar um lugar para pendurar os trabalhos.". Percebemos

    relaes na resposta do grupo 2, alunos do 3 e 4ano, alguns responderam "Os

    livros que esto no cho.", "Limpar em volta da escola", "Arrumar uma estante,

    prateleira para os livros. Percebe-se atravs dos relatos que a escola precisa de

    algumas melhorias, que sua estrutura e visual os incomodam, porm sabe-se que de

    maneira geral as escolas indgenas sofrem com problemas estruturais, e isso

    influncia muito na aprendizagem, segundo Ferreira (2012, p.41) "a infraestrutura

    das escolas outro fator que dificulta a aprendizagem. Muitas escolas funcionam de

    forma improvisada, com salas de aula pequenas e com grande nmero de alunos

    prensados como sardinha em lata."

    Perguntamos tambm para o grupo 2 "O que voc gostariam de aprender na

    escola?" e algumas respostas foram: "Ingls.", "Lngua Estrangeira", "Aula de

    Informtica"; com referncia a pergunta "Por que voc vem para escola?" a

    respostas foram muito parecidas "Para ser alguma coisa.", "Para saber ler e

    escrever, para sair em diferentes lugares, pegar nibus."; na pergunta "O que voc

    quer ser quando crescer?", vrias foram as respostas, por exemplo, "jogador de

    futebol", "trabalhar na polcia", "mdico".

    Atravs dessa entrevista fica muito marcante a questo de identidade,

    "querer ser alguma coisa", e mais uma vez observamos os resultados deixados aps

    anos de excluso, da negao de uma cultura. Percebemos nas suas falas a

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    importncia da escola para comunidade, e entendo aqui que a escola uma porta

    de entrada para serem vistos pela sociedade, ou seja, para serem reconhecidos

    como cidados que so. Conhecendo a cultura ocidental, sua organizao,

    entendendo suas polticas, apropriando-se da escrita e da leitura, mas sem perder

    sua essncia, sua cultura.

    A escola indgena tem um papel fundamental na vida dessas crianas e

    jovens Kaingang pertencente comunidade Por Fi, resgatar a identidade indgena,

    de contar e preservar uma cultura, uma histria, que poucos tm acesso. A escola

    ocidental ainda em pleno sculo XXI mostra o indgena como se ele ainda vivesse

    em 1500, ainda veem o indgena como selvagem, ignorante, sem educao.,

    conforme Meli (1979, p.9) pensar que o ndio no tem educao, como pensar que

    ele se perpetua por natureza, ambas as colocaes so resultado, ou de

    desconhecimento ou de preconceito.

    O que essa experincia tem nos ensinado

    Atravs do projeto Mltiplas Leituras, ampliamos nosso olhar sobre uma

    cultura pouco conhecida, outra realidade que mesmo to perto se faz to distante

    das nossas vivncias. Para ns futuras professoras esse espao de aprendizagem

    contribui muito para nossa formao, conhecer um pouco mais sobre a cultura

    indgena e de uma forma real de suma importncia para no produzirmos

    esteretipos, lembrando dos indgenas apenas no dia 19 de abril.

    O conhecimento que grande parte da populao tem sobre os indgenas foi

    o visto na escola no indgena, e muitas vezes uma histria deturpada. O que

    resulta ainda mais no afastamento e no preconceito para com essa cultura.

    Poder conhecer essa histria, um pouco sobre a cultura Kaingang atravs da

    comunidade Por Fi, do Mltiplas Leituras auxiliou para desmitificar uma figura, a do

    ndio, como sujeitos sem cultura, que no eram mais ndios, pois se desenvolveram

    e viviam num mundo globalizado, e que este mundo somente pertencia aos no

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    ndios. Devemos considerar que as inmeras transformaes que ocorreram na

    nossa sociedade influenciaram fortemente a cultura indgena, pois estes esto

    inseridos em nossa sociedade e precisaram se adequar aos novos tempos.

    atravs da alegria dos alunos em nos verem, na recepo calorosa, cheia

    de abraos e beijos; na vontade deles em aprender, em participar das atividades, de

    ouvir histrias, de participar dos jogos e brincadeiras, que mostram o quanto a

    escola importante para eles. Este momento no s de aprendizagem para os

    alunos Kaingangs, sim para todos ns, h uma troca de conhecimentos, de

    saberes, que teoria nenhuma explica, s por meio da vivncia, da experincia que

    sente e aprende.

    Percebemos na fala dos prprios alunos, fazer brilhar, arrumando todo dia,

    que a escola ocupa um lugar de destaque na vida deles, e acredito que o fazer

    brilhar corresponde tanto aos aspectos estticos que para eles to importante,

    quanto a eles mesmos, que eles possam brilhar na escola, na vida atravs do

    reconhecimento e valorizao da sua cultura.

    REFERNCIAS

    BRASIL. Constituio de 1988. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF: Senado, 1988.

    BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional: n 9394/96. Braslia: 1996.

    FERREIRA, Bruno. Polticas pblicas para uma educao escolar indgena diferenciada. So Leopoldo: Oikos, 2012 (Cadernos do COMIN, n. 10).

    GATTI, Bernadete Angelina. Grupo focal na Pesquisa em Cincias Sociais e Humanas. Braslia-DF: Liber Livro Editora, 2005.

    MELI, Bartomeu. Educao indgena e alfabetizao. So Paulo: Loyola, 1979.

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    REICHERT. Ins Caroline. Da aldeia para o mundo: escrita indgena, autoria e mltiplas leituras. 2011. Disponvel em: Acesso em: 13 ago. 2013

    SEVERO, Diego Fernandes Dias. Educao indgena em So Leopoldo: processos educativos formais e no-formais entre os ndios Kaingang. 2011. Monografia (Concluso de Curso em Licenciatura em Cincias Sociais) - Unisinos, So Leopoldo, RS, 2011. Disponvel em: Acesso em: 23 jul. 2013.