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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARINSTITUTO DE GEOCINCIAS
PROGRAMA DE PS GRADUAO EM GEOLOGIA E GEOQUMICA
TESE DE DOUTORADO
DETECO DE MUDANA E SEDIMENTAO NO ESTURIODO RIO COREA
Tese apresentada por:
SUZAN WALESKA PEQUENO RODRIGUESOrientador: Prof. Dr. Pedro Walfir Martins e Souza Filho (UFPA)
BELM
2014
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Dados Internacionais de Catalogao de Publicao (CIP)
Biblioteca do Instituto de Geocincias/UFPA
Rodrigues, Suzan Waleska Pequeno, 1983-
Deteco de mudana e sedimentao no esturio do Rio Corea / Suzan
Waleska Pequeno Rodrigues.
2014.xvi, 106 f. : il. ; 30 cm
Inclui bibliografias
Orientador: Pedro Walfir Martins e Souza Filho
Tese (Doutorado) Universidade Federal do Par, Instituto de
Geocincias, Programa de Ps-Graduao em Geologia e Geoqumica,Belm, 2014.
1. Sensoriamento remoto - Corea, Rio (CE). 2. Sedimentao e depsitos
- Corea, Rio (CE). 3. Esturios. I. Ttulo.
CDD 22. ed. 621.3678098131
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Universidade Federal do Par
Instituto de Geocincias
Programa de
Ps Graduao
em Geologia e Geoqumica
DETECO DE MUDANA E SEDIMENTAO NO
ESTURIO DO
RIO
COREA
TESE APRESENTADA POR:
SUZAN W ALESKA PEQUENO RODRIGUES
Como requisito parcial obteno de Grau de Doutora em Cincias na rea de
GEOLOGIA
Data de aprovao: 02/09/2014
Banca Examinadora:
. _ ,
, EL LAFON
Membro - UFPA)
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Aos meus pais, Waldete e Salatiel,meus irmos Thanan, Walesson e Rejane,
pelo amor incondicional e incentivo infinito.
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AGRADECIMENTOS
Deus, pela ddiva da vida, por todas as pessoas que colocou em meu caminho e pela
finalizao desta Tese.
Aos meus pais: Waldete e Salatiel; irmos: Thanan, Walesson e Rejane; tios: Walmir,Waldomir, Tereza e Heloisa, por estarem sempre a meu lado, amo vocs infinitamente.
Gostaria tambm de agradecer, com grande satisfao, as seguintes instituies,
pesquisadores e colegas:
Universidade federal do Par (UFPA), o qual passei grande parte da minha vida acadmica;
ao Programa de Ps Graduao em Geologia e Geoqumica (PPGG) da UFPA, onde cursei o
mestrado e agora o Doutorado; ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico
(CNPq) pela concesso da Bolsa de Doutorado e Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal deNvel Superior (CAPES) pela concesso da bolsa sanduche para o estgio realizado na Universidade
de Washington (UW).
Ao meu orientador, professor Pedro Walfir, pela orientao ao longo de grande parte da
minha vida acadmica, e grandes conselhos fornecidos no desenvolvimento desta Tese.
Aos professores: Cludio Lamaro, Alexandre Casseb, Francisco Berredo e Odete Silveira,
por gentilmente terem assinado a carta de avaliao para a bolsa sanduche.
Aos professores: Alberto Figueiredo, Jean Lafon, Lus Maia pelas observaes e sugestes
dadas em minha qualificao, assim como os dados fornecidos sobre a rea pela UFC.
Aos colegas do Laboratrio de Anlise de Imagens do Trpico mido (LAIT) e da UFPA, o
qual convivi grande parte da minha graduao e ps-graduao: Helenice Silva, Lorival Junior, Cla
Arajo, Glenda Carvalho, Afonso Quaresma, Sheila Teixeira, Wilson Nascimento, Paulo Jos, Edson
Pereira, Francisco Costa, Mrcio Sousa, Susane Rabelo, Michele Cougo, Diogo Santos, Luiza Reis e
Tain.
Aos professores Charles Nittrouer e Andrea Ogston pela enorme ajuda e ateno durante
minha estadia na UW, me acolhendo como parte do grupo de pesquisa.
Aos colegas do grupo de sedimentologia UW: Katie Boldt, Richard Hale, Emily Eidam, Dan
Nowacki, Aaron Fricke e Kristie Lee pela ateno e grande ajuda com o processamento das
amostras.
Aos alunos do LIOG da UFPA, que me ajudaram com a sub-amostragem, assim como as
pessoas que me ajudaram no trabalho de campo em Camocim-CE:Josu, Rafael, Afonso e Wilson.
Por fim agradeo a todos aqueles que me ajudaram direta e indiretamente, e que por ventura
possa ter esquecido de citar nomes.
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Os melhores resultados na vida so normalmente atingidospor meios simples e o exerccio de qualidades comuns.
Estes podem, por sua maior parte, ser resumido em dois:bom senso e perseverana
Owen Feltham
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RESUMO
O uso de novas tcnicas para estudar a evoluo e preenchimento de vales incisos tem
fornecido, ao longo dos anos, importantes resultados para entendermos como foi a evoluo costeira
brasileira. Neste contexto, esta tese teve como objetivo estudar a evoluo do esturio do rio Corea,localizado no estado do Cear, em diferentes escalas temporais, seja Eventual (meses, anos),
Engenharia(anos, decdas) e Geolgica (centenas, sculos, milnios), proposta por Cowell et al.
(2003), com intuto de avaliar se as transformaes/alteraes ao longo dos anos foram significativas
ou no. Como resultados, obteve-se no primeiro objetivo, utilizando tcnicas de sensoriamento
remoto, a partir de imagens dos sensores TM, ETM+e OLI do satlite Landsat 5,7 e 8 e LISS-3 do
satlite ResourceSat-1 de 1985 a 2013, uma alterao mnima em relao a transformaes
morfolgicas ao longo do esturio nos ltimos 28 anos (entre as escalas Eventual e de Engenharia),houve neste perodo um acrscimo de 0,236 km (3%) de rea, no trazendo sigificativas mudanas
para o esturio. Em relao a taxa de sedimentao, correspondente ao segundo bjetivo, a partir da
coleta de 9 testemunhos, de at 1 m de profundidade e utilizando o radionucldeo 210Pb, ao longo do
esturio, obteve-se uma taxa que variou de 0,33 cm/ano a 1 cm/ano (escalas entre Engenharia e
Geolgica) prximo a foz do esturio, e com uma rpida sedimentao percebida na margem leste do
rio, onde encontram-se sedimentos mais recentes em relao a margem oeste. Em relao ao
preenchimento, terceiro e ltimo objetivo, a partir da amostragem de testemunhos de at 18 m de
profundidade, utilzando o amostrador Rammkernsonden (RKS), foram gerados perfis e sees
estratigrficas que ajudaram a entender o preenchimento do vale inciso do esturio do rio Corea e
entender que trata-se de um esturio fluvio-marinho, preenchendo os vales formados no Grupo
Barreiras nos ltimos 10.000 anos antes do presente.
Estas anlises e resultados serviro como base para comparao com outros esturios, sejam
fluviais, fluvio-marinhos ou marinhos, para entendermos melhor quais os possveis eventos que
dominaram a sedimentao ao longo da costa brasileira em diferentes escalas.
Palavras-chaves: Sensoriamento Remoto.Vale nciso. Esturio. Taxa de sedimentao, Manguezais.
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ABSTRACT
The use of new techniques to study the evolution and filling incised valleys has provided,
over the years, important results was to understand how the coastal evolution of the Brazilian coastal
zone. In this context, this thesis aimed to study the evolution of the estuary Corea River, located in
the state of Cear, in different time scales, is "Possible" (months, years), "Engineering" (years,
decades) and "Geology" (hundreds, centuries, millennio), proposed by Cowell et al (2003), with the
goal to assess whether changes /alterations over the years were significant or not in the estuary. As a
result, we obtained the first goal, using remote sensing techniques from image sensor TM, ETM+and
OLI of Landsat 5, 7 and 8 and sensor LISS-3 of satellite ResourceSat-1 from 1985 to 2013, a change
minimal in relation to morphological changes along the estuary in the last 28 years (between Possible
scales and Engineering), there was an increase in this period of 0.236 km (3%) of the area, not
bringing significant changes to the estuary. Regarding sedimentation rate, corresponding to the
second goal, from the collection of nine witnesses, up to 1m deep and using radionucldeo 210Pb
along the estuary, we obtained a rate that ranged from 0,33 cm/year 1 cm/year (between scales
Geological and Engineering) near the mouth of the estuary, and with a quick sedimentation
perceived on the east bank of the river, where there are younger sediments toward the west margin.
Regarding the fulfillment, third and final goal from the sampling of testimonials to 18 m depth, using
the sampler Rammkernsonden (RKS), profiles and stratigraphic sections that helped understand
filling the valley section of the estuary of the Corea river were generated and that it is a fluvial-
marine estuary, filling the valleys formed in group Barriers in the last 10.000 years before present.
These analyzes and results serve as a basis for comparison with other estuaries, either fluvial,
fluvio-marine or marine, to better understand what the possible events that dominated sedimentation
along the coast of Brazil at diferent scales.
Keywords:Remote Sensing. Subsection valley. Estuary. Sedimentation rate. Mangroves.
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LISTA DE ILUSTRAESCAPTULO 1:
Figura 1.1. Eventos espaciais geolgicos baseados na escala temporal proposta por Cowell et al.,
2003). ..................................................................................................................................................... 2
CAPTULO 2:
Figura 2.1. Representao esquemtica das definies de esturio de acordo com Pritchard (1967)
(A) e definies de esturio proposta por Dalrymple et al. (1992) (B) e (C). ....................................... 5
Figura 2.2. Representao dos tipos de mar: (A) mar semidiurna; (B) mar mista e (C) Mar
diiurna; (D) passagem da mar ao longo de um esturio (Pethick, 1984 depois de Hayes 1975). A
largura da faixa hachurada representa a frequncia da ocorrncia. ....................................................... 6
Figura 2.3. Classificao dos esturios baseada em parmetros morfolgicos, sedimentolgicos eoceanogrficos (Reinson, 1992). ............................................................................................................ 7
Figura 2.5. Curvas dos nveis relativos do mar nos ultimos 7000 anos de vrios trechos do litoral
brasileiro (Suguio et al. 1985). ............................................................................................................... 9
Figura 2.6. Modelo de evoluo geolgica das plancies costeiras das regies leste e nordeste do
litoral brasileiro durante o Quaternrio, com destaque para a sedimentao das rochas do Grupo
Barreiras e Ps-Barreiras. Adaptado de Suguio et alin Sousa et al. (2009). ....................................... 11
Figura 2.7. Histrico de lanamento da srie Landsat e durao de funcionamento. ......................... 13
CAPTULO 3:
Figura 3.1. Mapa de localizao da rea de estudo. ........................................................................... 17
Figura 3.2. Localizao da Zona Costeira do Nordeste baseada na diviso de (A) Zembruscki et al.
(1972) e Palma (1984) e (B) Tessler e Mahiques (2003). .................................................................... 19
Figura 3.3. Litoral nordestino (imagem SRTM). Linhas tracejadas representam diviso das bacias
hidrogrficas, linhas finas e contnuas representam drenagem (Dominguez, 2009). .......................... 19
Figura 3.4. Principais bacias hidrogrficas, com nfase para as bacias que desguam na zona
costeira do nordeste brasileiro (ANA, 2006). A paleta de cores de elevao no est legvel. ........... 20
Figura 3.5. Mapa geolgico sinttico da margem continental e poro emersa adjacente do Estado
do Cear (Silva Filho et al., 2007). ...................................................................................................... 21
Figura 3.6. Espacializao e quantificao das sub-bacias do estado do Cear (COGERH, 2003 e
Paulino & Fuck Jr, 2001). .................................................................................................................... 22
Figura 3.7. Mapa geolgico esquemtico da bacia do Corea. Fonte: CPRM , 2003 e INESP, 2009.
.............................................................................................................................................................. 23
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Figura 3.8.(A) Imagem Spot do esturio do rio Corea, (B) Mapa geomorfolgico e (C) Principais
fluxos de matria e energia responsveis pelos processos morfogenticos . ....................................... 26
Figura 3.9. Grfico da temperatura mdia anual do intervalo de 2005 a 2011, estao 46-sensor-3-
Camocim. FUNCEME, 2012: .............................................................................................................. 26
Figura 3.10. (A) Perfil mdio dirio, (B) Perfil mdio mensal e (C) direo do vento em Camocim a
60m de altura (Lira et al., 2011). ......................................................................................................... 27
CAPTULO 4:
Figura 4.1. Fluxograma com as etapas de execuo de PDI nas imagens de 1985 a 2013. ............... 29
Figura 4.2. Fluxograma apresentando as etapas e anlises aps coleta dos sedimentos. ................... 38
Figura 4.3. (A) Localizao dos pontos amostrados. (B) Esquema para amostragem e
subamostragem dos testemunhos na rea de estudo, utilizando oPush Corer. ................................... 39
Figura 4.4.(A) Aparelho de raio-x. (B) Esquema mostrando o imageamento com o Sistema Controle
de Diagnstico de Raio-X porttil (UW/SO/EUA). ............................................................................ 40
Figura 4.5. Fluxograma representativo das etapas de processamento dos filmes negativos de raio x.
(A) Pseudocor - etapas 1 e 2 (azul); (B) Contraste e transformao IHS-RGB, etapas 1,2,3 (verde) . 41
Figura 4.6.Fluxograma com as etapas realizadas nas amostras da rea estudada. ............................ 43
Figura 4.7. (A) Equipamentos: Martelo a percursso (rammkernsonden), amostrador de 1m e
sistema hidrulico- para retirada dos amostradores. (B) Localizao dos pontos amostrados e das
sees transversais e longitudinal. ....................................................................................................... 44
CAPTULO 5:
Figura 5.1. rea classificada de manguezal e tanques de cultivo (fazenda de camaro e salinas) com
suas respectivas reas ........................................................................................................................... 49
Figura 5.2.Deteco de mudana no manguezal do esturio do rio Corea. ..................................... 52
Figura 5.3. Deteco de mudana total no manguezal (1985-2013) .................................................. 55
CAPTULO 6:
Figura 6.1. (A) Totais de precipitao (mm) e vazo mdia anual (m3/s), no esturio do Rio Corea
Tendncias, nas ultimas trs dcadas, dos totais anuais de precipitao (mm) em azul e vazo (m3/s);
(B) Periodograma das sries mencionadas onde se destacam dois sinais, sendo: um de 3-4 anos,
provavelmente associado aos eventos ENSO, mais evidente nos totais de precipitao, e outro de 10
anos. ..................................................................................................................................................... 57
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Figura 6.2. Os destaques coloridos identificam as reas de maior correlao entre as anomalias de
precipitao e de TSM das citadas bacias ocenicas, a saber: Atlntico Norte, ATLN (50W-20W;
10N-25N), Atlntico Sul, ATLS (30W-0; 20S-5S) e Pacfico Equatorial, PACEq (150W-90W; 5S-
5N). ..................................................................................................................................................... 58
Figura 6.3. (A) Variabilidade anual da precipitao total de Camocim-SE e da TSM (mdia do
perodo de Fevereiro Maio), de cada ano. As anomalias de TSM - aTSM (oC), so referentes s
bacias: a) Atlntico Norte aatlN; b)Atlntico Sul-aatlS e c) Pacfico Equatorial aPaceq. Os
nmeros, na extremidade de cada barra, indicam o ano de ocorrncia da anomalia de precipitao
servindo, tambm, como referncia para as anomalias de TSM. (B) Correlao linear entre as
anomalias de precipitao de Camocim e anomalias de TSM, para: a) Atlntico Norte; b) Atlntico
Sul e c) Pacfico Equatorial. Coeficientes de correlao, dispostos no canto superior direito, so
significativos ao nvel de 99,9%, para (a) e (c), e 95% para (b), no Teste t-Student. .......................... 59
Figura 6.4. Relao entre a precipitao e os dipolos na rea estudada. ............................................ 60
Figura 6.5. Scree-plotdas 4 componentes principais. ........................................................................ 62
Figura 6.6. Grfico Loading plot representando a espacializao das variveis em relao s
componentes principais 1 e 2. .............................................................................................................. 62
CAPTULO 7:
Figura 7.1 (A) Mapa de Deteco de mudana no esturio do rio Corea com a localizao dos 9
pontos amostrados (B) zoom (verde) com a evoluo de uma pequena ilha (Imagens dos sensores do
Landsat composio 453 RGB para todas as imagens com excesso do ano de 2013 - 675 RGB). ... 65
Figura 7.2Taxa de sediementao, granulometria e radiografia dos testemunos (A) TX1 e (B) TX2.
.............................................................................................................................................................. 67
Figura 7.3. Taxa de sedimentao, granulometria e radiografia dos testemunhos Tx3, Tx6, Tx8 e
Tx9. ...................................................................................................................................................... 68
Figura 7.4. Taxa de sedimentao, granulometria e radiografia dos testemunhos TX2, TX4 e TX7. 69Figura 7.5. (A) Localizao dos pontos amostrados para a taxa de sedimentao e (B) zoom da rea
coletada com a representao espacial da velocidade de sedimentao..............................................71
CAPTULO 8:
Figura 8.1. Mapa com a localizao dos pontos amostrados a partir do amostrador RKS, e o
posicionamento das sees transversais S1, S2 e S3 e longitudinal L1............................................... 73
Figura 8.2.Fotografia dos testemunhos representando as principais fcies encontradas na rea de
estudo. Pa/D= Praia arenosa/Dunas; Ap=Apicum; PL/Mz= Plancie lamosa/Manguezal; BE=Baa
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estuarina; BAS=Barras arenosas de submar; Pd=Paleodunas ; DCF= Delta de cabeceira fluvial; CF=
Canal fluvial; GB= Grupo Barreiras. Os depsitos alternam fcies representativas de ambiente fluvial
(direita), sobrepostas por fcies transgressivas estuarinas (meio) e esquerda, recobertos por fcies
progradantes de plancies lamosas (manguezal) e a esquerda ambiente elico (dunas). ..................... 74
Figura 8.3. (A) Litoral cearence evidenciando o esturio do rio Corea e fotografias de campo das
dunas (B) e da praia arenosa da ilha Carapebas (Ilha do Amor) (C). .................................................. 75
Figura 8.4. Fotografia de campo evidenciando o apicum em contato com o manguezal (Ilha
Carapebas). (A) Sul da ilha e (B) Norte da Ilha. .................................................................................. 76
Figura 8.5. Fotografias de campo ao longo do rio Corea. (A) Vegetao de mangue e (B)
Manguezal adulto (margem oeste), (C) Plancie lamosa/Manguezal e (D) Manguezal (Margem leste).
.............................................................................................................................................................. 77
Figura 8.6. Seo transversal A-B e suas principais associaes de fcies a partir da correlao
vertical e lateral de colunas estratigrficas dos testemunhos CMRK1-C1, C2 e C3. .......................... 78
Figura 8.7. Seo transversal C-D e suas principais associaes de fcies a partir da correlao
vertical e lateral de colunas estratigrficas elaboradas a partir dos testemunhos CMRK2-C1; C2; C3 e
C4 . ....................................................................................................................................................... 80
Figura 8.8. Seo transversal E-F e suas principais associaes de fcies a partir da correlao
vertical e lateral de colunas estratigrficas elaboradas a partir dos testemunhos CMRK3-C1; C2 e C3.
.............................................................................................................................................................. 81
Figura 8.9. Seo longitudinal G-H e suas principais associaes de fcies a partir da correlao
vertical e lateral de colunas estratigrficas elaboradas a partir dos testemunhos CMRK-L1; L2; L3;
L4, L5 e L6. ......................................................................................................................................... 84
Figura 8.10. (A) seo estratigrfica transversal e longitudinal do vale inciso do rio Corea e (B)
zoom mostrando a localizao dos pontos coletados na rea de estudo. ............................................. 87
Figura 8.11. (A) Bloco diagrama (esquemtico) com a distribuio dos principais ambientes da rea
de estudo (B) seo longitudinal esquemtica a-a`e (C) seo transversal esquemtica b-b`. ............ 89
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LISTA DE TABELAS
CAPTULO 2:
Tabela 2.1. Caractersticas dos satlites da srie Landsat .................................................................... 13
CAPTULO 4:
Table 4.1. Caractersticas das imagens ................................................................................................ 30
Tabela 4.2. Padro planimtrico e erro das classes A, B e C. .............................................................. 32
Tabela 4.3. Frmulas para anlise do PEC (Camargo et al., 2007) ..................................................... 32
Tabela 4.4. Regras para classificao (descritores e algoritmos) usados para o processo de deciso 1,2 e 3 ...................................................................................................................................................... 33
Table 4.5. rvore de processamento utilizado na elaborao do processamento de deteco de
mudanas.............................................................................................................................................. 34
Tabela 4.6. Perodo dos dados adquiridos de pluviosidade e vazo do Rio Corea. ........................... 35
Tabela 4.7. Esquema de classificao das sries histricas de precipitao e da TSM usando-se o
mtodo dos percentis (ou quantis). ...................................................................................................... 36
CAPTULO 5:
Tabela 5.1. Deteco de mudana nas reas de manguezal (km). ...................................................... 49
Tabela 5.2. Interpretao do ndice Kappa. ......................................................................................... 50
Tabela 5.3. Alteraes naturais e artificiais no manguezal do rio Corea em km. ............................ 53
CAPTULO 6:
Tabela 6.1. Determinao dos anos chuvosos e secos, obtido atravs dos percentis de precipitao e
Vazo. .................................................................................................................................................. 57
Tabela 6.2. Principais componentes das variveis estudadas .............................................................. 61
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A.P. - Antes do presenteANA Agncia Nacional de guasCPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CPTECCentro de Previso de Tempo e Estudos ClimticosETM+-Enhanced Thematic Mapper Plus.FUNCEME- Fundao Cearense de Meteorologia e Recursos HdricosGCP - Ground Control pointsGPS - Global Positioning SystemICP Independent Check pointsINESP- Instituto de Ensino Superior e PesquisaINPE Instituto Nacional de Pesquisas EspaciaisISRO- Organizao Indiana de Pesquisa Espacial
ITZC -Intertropical Convergence ZoneLAITLaboratrio de Anlises de Imagens do Trpico midoLANDSAT -Land Remote Sensing SatelliteLISS-Linear Imaging Self-ScannerMMAMinisterio de Meio AmbienteMSS-Multispectral Scanner SystemNASA - National Aeronautics and Space AdministrationOLI- Operacional Terra ImagerPDIProcessamento digital de imagens
PEC-Padro de Exatido CartogrficaPIXEL -Picture X ElementsRBV-Return Bean VidconRMSE -Room Mean Square ErrorSAR- Synthetic Aperture RadarSIG- Sistema de Informao GeogrficaSRH- Secretaria dos Recursos Hdricos do Estado do CearSRTM - Shuttle Radar Topography MissionTIRS- Thermal Infrared SensorTM - Thematic Mapper
TSMTemperatura da Superfcie do MarUFPAUniversidade Federal do ParWIFS - Wide Field Sensor
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SUMRIO
DEDICATRIA .............................................................................................................................................. ivAGRADECIMENTOS ..................................................................................................................................... vEPGRAFE ...................................................................................................................................................... vi
RESUMO ........................................................................................................................................................ viiABSTRACT .................................................................................................................................................... viiiLISTA DE ILUSTRAES ........................................................................................................................... ixLISTA DE TABELAS ................................................................................................................................... xiiiLISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................................... xiv
CAPTULO 1: CONSIDERAES INICIAIS.............................................................................................. 1
1.1. INTRODUO ...................................................................................................................................... 1
1.2.OBJETIVOS E ORGANIZAO DA TESE .............................................................................................. 2
CAPITULO 2: FUNDAMENTAO TERICA......................................................................................... 4
2.1. SISTEMA ESTUARINO ............................................................................................................................. 4
2.2. ZONA COSTEIRA BRASILEIRA .............................................................................................................. 7
2.2.1. Eroso costeira no Brasil........................................................................................................................ 7
2.2.2 Flutuaes do nvel do mar...................................................................................................................... 8
2.3. FASES EVOLUTIVAS DAS PLANCIES BRASILEIRAS ..................................................................... 10
2.4. SENSORIAMENTO REMOTO ................................................................................................................ 12
2.4.1. Sistemas Landsat................................................................................................................................... 12
2.4.1.1. Sensores TM, ETM+ e OLI .................................................................................................................. 14
2.4.2. Satlite IRS- P6 ou ResourceSat-1 .......................................................................................................... 14
2.4.2.1. Sensor LISS-III, LISS-IV e WIFS ........................................................................................................ 15
2.4.3. Processamento digital de images - PDI................................................................................................ 15
CAPTULO 3: CARACTERSTICAS GERAIS DA REGIO ESTUDADA........................................... 17
3.1. LOCALIZAO DA REA DE ESTUDO .............................................................................................. 17
3.2. ZONA COSTEIRA DO NORDESTE - Contexto regional ........................................................................ 18
3.2.1. O Setor Nordeste brasileiro.................................................................................................................. 20
3.3. ARCABOUO GEOTECTNICO ........................................................................................................... 20
3.4. REAS ADJACENTES ............................................................................................................................. 22
3.4.1.Bacia hidrogrfica.................................................................................................................................. 22
3.5. PLANCIE FLVIO-MARINHA DO RIO COREA .............................................................................. 24
3.6. ASPECTOS METEOROLGICOS E OCEANOGRFICOS .................................................................. 24
3.7. CARCINICULTURA NO BRASIL - Regio nordeste .............................................................................. 27
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CAPITULO 4: MATERIAIS E MTODOS UTILIZADOS....................................................................... 28
4.1. SENSORIAMENTO REMOTO (atende ao objetivo especfico: item 1) .................................................. 28
4.1.1. Dados de sensores remotos................................................................................................................... 29
4.1.2. Processamento Digital de Imagens....................................................................................................... 30
4.1.3. Segmentao orientada a objeto e classificao.................................................................................. 32
4.1.4. Deteco de mudanas a partir da classificao orientada a objeto................................................ 34
4.2. VARIAES DE ANOMALIA DE TSM DO OCEANO ATLNTICO E PACFICO,PRECIPITAO, VAZO E DINMICA DAS REAS DE MANGUEZAL (atende ao objetivo especfico:item 1) ..................................................................................................................................................34
4.2.1.Processamento de dados de anomalia de TSM, pluviosidade e vazo............................................... 35
4.3. ESTUDO DA TAXA DE SEDIMENTAO LAMOSA (atende ao objetivo especfico: item 2) ........... 37
4.3.1. Anlise dos sedimentos.......................................................................................................................... 38
4.3.1.1. Coleta dos sedimentos com oPush Core............................................................................................. 38
4.3.2. Anlise radiogrfica por Raio-X.......................................................................................................... 39
4.3.3. Anlise Granulomtrica dos Sedimentos............................................................................................. 41
4.3.4. Quantificao da acumulao de sedimentos 210Pb......................................................................... 42
4.4. EVOLUO DO PREENCHIMENTO DO ESTURIO DURANTE O QUATERNRIO (atende aoobjetivo especfico: item 3) ................................................................................................................................ 42
4.4.1. Anlise dos sedimentos.......................................................................................................................... 42
4.4.1.1.Coleta com o RKS (Rammkernsonde) ................................................................................................... 43
4.4.1.2. Subamostragem de Sedimentos coletados pelo RKS ........................................................................... 43
4.4.1.3.Anlise granulomtrica .......................................................................................................................... 45
4.4.1.3. Anlise geocronolgica ........................................................................................................................ 45
4.4.1.4. Anlise faciolgica ............................................................................................................................... 45
CAPTULO 5: DETECO DE MUDANAS EM UM ESTURIO DE CLIMA SEMI-RIDO APARTIR DE TCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO ................................................................ 46
5.1. INTRODUO .......................................................................................................................................... 46
5.2. RESULTADOS .......................................................................................................................................... 48
5.2.1. Mapeamento da floresta de manguezal, tanques de carcinicultura e salinas................................... 48
5.2.2. Anlise da acurcia................................................................................................................................ 50
5.2.3. Deteco de mudana............................................................................................................................ 50
5.3. DISCUSSO .............................................................................................................................................. 53
5.4. CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................................................... 55
CAPTULO 6: INFLUNCIA DAS VARIAES DE ANOMALIA DE TSM DO ATLNTICO E DO
PACFICO NA PRECIPITAO, VAZO E DINMICA DAS REAS DE MANGUEZAL DOESTURIO DO RIO COREA, NORDESTE DO BRASIL...................................................................... 56
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6.1. INTRODUO .......................................................................................................................................... 56
6.2. RESULTADOS .......................................................................................................................................... 56
6.2.1. Anlise dos dados de Anomalias, pluviosidade e vazo para o esturio do Rio Corea................. 56
6.2.1.1. Tendncia e Regime Pluviomtrico ...................................................................................................... 56
6.2.1.2. Variabilidade Interanual ....................................................................................................................... 58
6.2.2. Classificao e quantificao das alteraes no manguezal............................................................... 60
6.2.3. Anlise de Principais Componentes (APC)......................................................................................... 60
6.3. DISCUSSO .............................................................................................................................................. 63
6.4. CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................................................... 63
CAPTULO 7: TAXA DE ACUMULAO DE SEDIMENTO NO ESTURIO DO RIO COREA,NORDESTE DO BRASIL.............................................................................................................................. 64
7.1. INTRODUO .......................................................................................................................................... 64
7.2. RESULTADOS .......................................................................................................................................... 64
7.2.1. Taxa de sedimenao no esturio do rio Coreau 210Pb.................................................................... 64
7.3. DISCUSSO .............................................................................................................................................. 71
7.4. CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................................................... 71
CAPTULO 8: EVOLUO E PREENCHIMENTO DO VALE INCISO DO ESTURIO DO RIOCOREA NO QUARTENRIO................................................................................................................... 73
8.1. INTRODUO .......................................................................................................................................... 73
8.2. RESULTADOS .......................................................................................................................................... 73
8.2.1. Descrio das associaes de fcies...................................................................................................... 74
8.2.1.1. Praias arenosas/Dunas (Pa/D) ............................................................................................................... 75
8.2.1.2. Apicum (Ap) ......................................................................................................................................... 76
8.2.1.3. Plancie de mar lamosa/Manguezal (PL/Mz) ...................................................................................... 76
8.2.1.4. Barra arenosa de submar (BAS) ......................................................................................................... 77
8.2.1.5. Paleodunas (Pd) .................................................................................................................................... 77
8.2.1.6. Delta de cabeceira fluvial (DCF) .......................................................................................................... 79
8.2.1.7. Baa estuarina (BE) ............................................................................................................................... 79
8.2.1.8. Canal fluvial (CF) ................................................................................................................................. 79
8.2.2. Interpretao das associaes de fcies............................................................................................... 82
8.2.3. Preenchimento do vale inciso do rio corea........................................................................................ 85
8.4. CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................................................... 89
CAPTULO 9: CONCLUSES .................................................................................................................... 91
REFERNCIAS
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CAPTULO 1: CONSIDERAES INICIAIS
1.1. INTRODUO
O litoral brasileiro possu extenso de 7.408 km, diversificando-se entre a desembocadura do
Rio Oiapoque ao Arroio Chu (Schaeffer-Novelli et al. 2000), com diversos ecossistemas, que variam
entre campos de dunas, ilhas, recifes, costes rochosos, baas, esturios, brejos, falsias praias,
lagunas e manguezais. Dentro deste contexto, se destacam ao longo do litoral brasileiro diversos
esturios com reas superiores a 100 km no Brasil (Lessa, 2005), sendo 17 localizados no estado do
Cear (Farias, 2006). Estes esturios desenvolvem-se entre os ambientes fluvio-marinhos e podem
ser dominados por rios, mars e ondas. Esturios dominados por ondas apresentamcaracteristicamente um pontal arenoso transversal desembocadura e uma energia baixa na poro
mdia, onde h a tendncia ao acmulo de lama. Por sua vez, esturios dominados por mars tm
barras arenosas longitudinais ao fluxo fluvial e canais meandrantes na poro intermediria
(Dalrymple et al. 1992). A rea estimada para o manguezal de 25.000 km no litoral brasileiro dos
150.000 km presentes no mundo (Spalding et al. 2010). A respeito da ampla ocorrncia dos
manguezais e sua j descrita habilidade de reter sedimentos finos e promover sedimentao, alguns
estudos tm descrito a sedimentologia (Allison et al. 1995; Allison & Kepple, 2001; Walsh &Nittrouer, 2004) e a dinmica sedimentar (Behling & Costa, 2004; Costa et al. 2004; Furukawa et al.
1997; Souza Filho et al. 2006) de manguezais em detalhe, particularmente em reas com interao
entre as descargas fluviais e os processos marinhos que incluem as mars e ondas. Os processos
atuais de transporte e transformao que ocorrem nestes ambientes so bastante complexos,
abrangendo uma ampla gama de escalas de tempo e espao (Perillo, 1995). Em termos de escala
geolgica este ambiente efmero, com tempo de existncia dependente do balano entre as taxas de
sedimentao e as taxas de elevao/descida do nvel do mar (Dyer, 1997).A zona costeira passa por diversas transformaes ao longo dos anos, estas transformaes so
produtos de processos morfodinmicos que funcionam de modo contnuo e cclico em diferentes
escalas espaciais e temporais, influenciados diretamente pelo tempo e intensidade de um
determinado fenmeno (Carter & Woodroffe, 1994; Cowell e Thom, 1994). Neste contexto, a
evoluo de ambientes costeiros precisa ser compreendida em escalas de tempo geolgico (acima de
100 anos), uma vez que elas controlam as tendncias nos movimentos e na morfologia litornea que
tm importncia nas escalas de tempo do gerenciamento; em escalas de tempo histrico, relacionados
a eventos sazonais a seculares; escala de evento (dias a anos), relacionada a modifices em escala
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espacial de 80 a 800 m; e em escala instantnea que envolvem mudanas ocorridas a curto perodo
de tempo como por exemplos as ondas, mars e tempestades (Cowell et al. 2003). Assim, o presente
trabalho pretende contribuir para o entendimento da evoluo quaternria do esturio do rio Corea,
na costa nordeste do Brasil, atravs da compreenso da dinmica da linha de costa utilizando
imagens de sensores remotos de resoluo espacial moderada, da determinao da taxa de
sedimentao lamosa em ambiente de plancie de mar e proposio de modelo de preenchimento
sedimentar para o vale inciso do esturio do rio Corea, associado aos eventos de variao do nvel
relativo do mar ocorridos durante o Quaternrio. A Figura 1.1 sintetiza os objetivos desta tese
apresentados na seo abaixo.
Figura 1.1. Eventos espaciais geolgicos baseados na escala temporal proposta por Cowell et al.
(2003).
1.2.
OBJETIVOS E ORGANIZAO DA TESE
Os objetivos propostos nesta tese so: 1) reconhecer e quantificar as alteraes no manguezal
ao longo do rio Corea nos ltimos 30 anos, a partir de imagens de senores orbitais, em relao as
variabilidades climticas, hidrolgicas e antropolgicas; 2) calcular a taxa de acumulao de
sedimentos, no depsito lamoso de intermar, ao longo do esturio do rio Corea, para investigar se
nos dias atuais ocorre ou no progradao lamosa costeira; e 3) propor um modelo de evoluo
deposicional do esturio do rio Corea dos ultimos 10.000 anos.
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CAPITULO 2: FUNDAMENTAO TERICA
2.1. SISTEMA ESTUARINO
Diferentes definies surgiram para se determinar e classificar um esturio (Dalrymple et al.
2007; Yoshida et al. 2007). Uma das definies mais clssicas adotadas na oceanografia fsica a de
que um esturio um corpo de gua costeiro semifechado, com uma livre ligao com o oceano
aberto (Figura 2.1 A), no interior do qual a gua do mar mensuravelmente diluda pela gua doce,
oriunda da drenagem continental (Pritchard, 1955; Cameron & Pritchard, 1963). Como esta definio
abrange apenas a regio de influncia do mar ou zona de mistura, outras definies surgiram, ora
destacando a presena de trs zonas ao longo do esturio: esturio inferior ou marinho, esturio
mdio ou de mistura, esturio superior ou fluvial (Dionne, 1963), ora destacando a influncia da
intruso da salinidade e a da mar do rio (Harleman et al. 1977). Outras definies passaram a
incorporar a gnese geolgica e os processos regionais que contribuem para a formao de ambiente
estuarino, intrissicamente ligado as caractersticas geomorfolgicas e fisiogrficas encontradas na
natureza (Kjerfve et al. 1987). Posteriormente, classificao relacionada aos processos costeiros, sua
evoluo e as variaes do nvel do mar foram apresentadas por Dalrymple et al. (1992). Este o
conceito mais utilizado na literatura geolgica atualmente e tem se baseado na interao entre o
prisma de mar, ondas e a descarga fluvial (Figura 2.1 C e D), responsveis pela gerao dos
diferentes tipos de circulao, morfologia, sedimentao e evoluo costeira (Yoshida et al. 2007).
Segundo Perillo (1995), a propagao da onda de mar pode representar o principal
mecanismo fsico de circulao no ambiente estuarino. A penetrao da mar fundamental na
renovao e mistura das massas dgua, na distribuio de sal, sedimentos e nutrientes aos esturios.
A altura da mar pode variar de poucos centmetros a vrios metros ao longo da costa, sendo
classificadas em: micromar (< 2 metros), mesomar (2 e 4 metros), macromar (4 e 6 metros) ehipermar (> 6 metros), dependendo da zonao latitudinal (Hayes, 1975). O regime de mars nos
esturios podem ser: diurna, semidiurna ou mista (Figura 2.2 A, B e C). Normalmente os esturios
apresentam o tipo semidiurna, sendo observadas variaes entre os perodos de enchente e de
vazante, relacionadas com a circulao geral das guas e conseqentemente com a sua fisiografia e
geomorfologia (Figura 2.2 D). Correntes de deriva litornea induzidas por ondas so importantes
para a dinmica costeira, pois elas podem transportar sedimentos por quilmetros, paralelamente
costa, atravs da incidncia oblqua das ondas no litoral (Hayes, 1975).
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Figura 2.1. Representao esquemtica das definies de esturio de acordo com Pritchard (1967)
(A) e definies de esturio proposta por Dalrymple et al. (1992) (B) e (C).
A diferena de densidade entre a gua fluvial e marinha responsvel pela circulao
gravitacional no esturio, sendo as diferenas de nvel entre o rio e o oceano (mar) e a atuao dos
ventos outros dois fatores muito importantes na mistura e formao dos gradientes longitudinal e
vertical de densidade e salinidade em esturios (Day et al. 1989).
A Figura 2.2 apresenta exemplos de cada um dos trs tipos de mar, utilizando trs dias de
registos maregrficos de: Hampton Roads, Virgnia; So Francisco, Califrnia; e Pensacola, Flrida.
A linha horizontal em cada curva representa o nvel mdio do mar e a intensidade da subida e
descida da mar acima e abaixo do nvel mdio do mar indicada pela escala esquerda.
A dimenso de um esturio, varia entre as escalas pequena a mdia, em relao ao oceano
adjacente, e para a maioria dos esturios o seu comprimento (L) maior do que a largura (B). Entre a
cabeceira e a boca, a salinidade varia entre a gua fluvial (praticamente zero) e a regio costeira
adjacente (So), gerando um gradiente longitudinal mdio com intensidade So/L. O efeito dessa
propriedade termolina dominante sobre a densidade (Miranda et al. 2002).
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Figura 2.2. Representao dos tipos de mar: (A) mar semidiurna; (B) mar mista e (C) Mar
diiurna; (D) passagem da mar ao longo de um esturio (Pethick, 1984 depois de Hayes, 1975). A
largura da faixa hachurada representa a frequncia da ocorrncia.
Tendo como base que a interao entre o volume total de gua salgada (prisma de mar) e adescarga de gua doce so responsveis pela gerao dos diferentes tipos de circulao e padres
sedimentares, o prisma de mar que circula em um esturio submetido a micro e mesomars
aumentaria de acordo com a rea superficial do esturio; enquanto que naqueles dominados por
macromars, os efeitos da descarga fluvial seriam contidos. A partir destas consideraes Reinson
(1992), props uma classificao de esturios baseado na morfologia e sedimentologia (Figura 2.3).
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Figura 2.3. Classificao dos esturios baseada em parmetros morfolgicos, sedimentolgicos e
oceanogrficos (Reinson, 1992).
2.2. ZONA COSTEIRA BRASILEIRA
A zona costeira brasileira compreende uma faixa de 8.698 km de extenso e largura varivel,
contemplando um conjunto de ecossistemas contguos sobre uma rea de 324.000 km. Inclui 17
estados da federao: Amap, Par, Maranho, Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espirito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo, Paran, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, e cerca de 400 municpios, onde vive 25% da populao brasileira,distribudas em uma densidade mdia de 121 hab./km, seis vezes superior mdia nacional (20
hab./km) (MMA, 2008).
2.2.1. Eroso costeira no Brasil
A eroso costeira no Brasil atribuda a diferentes fatores naturais e a diversas intervenes
antrpicas (Souza, 2009). Suas principais causas naturais so provenientes de diversos fatores como:
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dinmica de circulao costeira que apresentam centros de divergncia de clulas de deriva litornea
em determinados locais fracamente fixos da linha de costa (efeito "foco estvel"); intervenes na
deriva litornea resultante, causada por fenmenos climticos meteorolgicos intensos; elevaes do
nvel relativo do mar de curto perodo devido a efeitos combinados da atuao de sistemas frontais e
ciclones extratropicais, mars astronmicas de sizgia e elevaes sazonais do nvel do mar;
morfodinmica praial; efeito "molhe hidrulico"; depsitos de sobrelavagem; obstculos fora da
praia (barras arenosas, ilhas, arenitos de praia e recifes); balano sedimentar atual negativo originado
por processos naturais individuais ou combinados (Souza et al. 2005; Souza, 2009).
As causas antrpicas podem ser influenciadas pela urbanizao da orla, com destruio de
dunas e/ou impermeabilizao de terraos marinhos holocnicos e eventual ocupao da ps-praia;
armadilhas de sedimentos associadas implantao de estruturas artificiais, devido interrupo de
clulas de deriva litornea e formao de pequenas clulas; converso de terrenos naturais da
plancie costeira em reas urbanas (manguezais, plancies fluviais/ e lagunares) gerando
impermeabilizao dos terrenos e mudanas no padro de drenagem costeira (perda de fontes de
sedimentos); a explorao indiscriminada de areia de dunas, ps-praia e antepraia, para a construo
civil e aterros, agrava seriamente o dficit de sedimentos nas praias e acelera seu processo de
emagrecimento (Cunha, 2005).
2.2.2 Flutuaes do nvel do mar
As flutuaes do nvel do mar na costa brasileira foram realizadas com base em evidncias
sedimentolgicas e paleoecolgicas. As evidncias sedimentolgicas principais so duas geraes de
terraos marinhos situados acima do nvel atual de deposio e por antigas geraes de beach rocks
(arenitos de praia). Outras evidncias constatadas como as denominadas ecolgicas consistem de
incrustao de vermitdios, conchas de ostras e ourios encontrados em nveis mais elevados que seu
habitat natural e que permitem uma boa reconstruo da antiga posio do nvel do mar (Suguio et al.1985; Martin et al. 1986; Dominguez et al. 1992). Partindo destas evidncias e associada ao estudo
detalhado da geomorfologia costeira, foi determinada a evoluo paleogeogrfica da plancie costeia
e a reconstruo da curva de flutuao do nvel do mar (Dominguez et al. 1992)
O nvel elevado mais recente apresenta uma consolidada determinao, devido a grande quantidade
de dataes por radiocarbono (Suguio et al.1985). O mximo desta transgresso foi definido como
de 5.100 anos Antes do presente, com o nvel relativo do mar alcanando entre 3 e 5 m acima do
atual (Figura 2.5). Nos ltimos 3.900 anos acompanhou-se um perodo de regresso quando o nvelmarinho atingiu cotas mais baixa do zero atual, assim, um terceiro evento transgressivo se
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desencadeou, sendo considerado mais antigo do que a Penltima Transgresso, denominado
Transgresso Mais Antiga, marcada por uma rpida elevao do nvel relativo do mar, chegando a
atingir 3,5 m. Aps esse perodo houve mais um evento regressivo, seguido por outro transgressivo
por volta de 2.500 A.P, nvel mdio do mar atingiu o mximo de 2,5 m acima do atual. Desde entao,
teve incio um processo regressivo lento e gradual at atingir o nvel mdio atual (Bittencourt et al.
1979; Martin et al. 1986; Dominguez et al. 1992).
No Brasil foram reconhecidos trs nveis do mar acima do atual no setor leste brasileiro que
foram denominadas por Bittencourt et al. (1979), como transgresso antiga (>120.000 anos),
penltima transgresso (= 120.000 anos) e ltima transgresso (5.000 anos).
Figura 2.5. Curvas dos nveis relativos do mar nos ltimos 7000 anos de vrios trechos do litoral
brasileiro (Suguio et al. 1985).
Trabalhos mais recentes tem evidenciado a influncia destas variaes, na regio nordeste do
Brasil, eles relatam a presena de flutuaes quaternras do nvel do mar, a partir de caractersticas
geomorfolgicas, marinhas e geolgicas presentes na zona costeira (Maia, 1993; Morais, 2000;
Meireles et al. 2001; Meireles e Silva, 2002; Bezerra et al. 2003; Caldas et al. 2006).
Para o nordeste estudos feitos por Bezerra et al. (2003) relatam sobre a histria do nvel do
mar na costa do Rio Grande do Norte, com base em 48 dataes pelo mtodo de radiocarbono,
usando o modelo relativo de mudana do nvel mdio para essa regio apresenta uma ascenso
relativamente rpida, ficando entre 7.100-5.800 anos A.P., mantendo-se estvel at aproximadamente
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os 5.000 anos A.P., com elevao em torno de 2.5 - 4.0 m, o que ocasionou um recuo do litoral na
regio. O nvel do mar baixou imediatamente e elevou-se outra vez h 2.100 - 1.100 anos A.P., tendo
por resultado um segundo recuo do litoral no Holoceno (Ferreira et al. 2011).
2.3. FASES EVOLUTIVAS DAS PLANCIES BRASILEIRAS
Segundo Suguio et al. (1985) as flutuaes do nvel relativo do mar contribuiram para a
evoluo das plancies brasileiras, estas foram divididas em oito fases evolutivas: Sedimentao da
Grupo Barreiras, Mximo da transgresso antiga, Sedimentao da Formao Continental Ps-
Barreiras, Mximo da penltima transgresso e construo de terraos marinhos pleistocnicos,
mximo da ltima transgresso, construo de deltas interlagunares e construo de terraos
marinhos holocnicos, estas fases so vlidas para os trechos entre Recife (PE) e Maca (RJ) (Figura
2.6).
De acordo com estudos de Maia (1993), Morais (2000), Meireles (2001), Meireles & Silva
(2002), Meireles et al. (2005), Meireles (2011) para a costa cearense, as oito fases evolutivas
destacadas anteriormente, seriam restritas a cinco, adequando-se melhor as particularidades locais,
como por exemplo as baixas latitudes e sazonalidade climtica. A Fase 1(18 a 22 Ma), refere-se ao
plioceno superior, quando o nvel do mar atingiu cotas superiores a 6,0 m acima da cota de marmxima atual, com a presena de regolitos depositados nos sops das montanhas, na forma de leques
aluviais, e sequencialmente sedimentados na faixa litornea (Grupo Barreiras), com mudana para
um clima mais rido e excacez de vegetao. A Fase II (120.000) refere-se a penltima transgresso
marinha, quando o nvel do mar encontrava-se at 90 m abaixo do atual, e sedimentos depositados na
fase anterior foram erodidos, causando o afogamento de rios, sendo estes transformados em esturios
e lagunas costeiras. A Fase III (123.000 A.P.) representa o mximo da penltima transgresso,
quando o nvel do mar alcanou cota de aproximadamente 3 m acima do nvel do mar atual. Duranteesta fase ocorreu a construo dos terraos marinhos e formao de extensas plancies costeiras
(Martin et al. 1986). A Fase IV (7.000 a 2.000 A.P.) refere-se ao final da ltima transgresso, ou
transgresso holocnica (flandriana), quando o nvel do mar alcanou aproximadamente 3 m acima
do nvel atual. A plancie costeira pleistocenica do Cear, de acordo com Morais (2000), foi
parcialmente destruida, afogando a rede de drenagem instalada sobre os terracos pleistocnicos,
favorecido principalmente pela descida acentuada do nvel da base anterior, sendo afogada e gerando
o aparecimento de vales escavados no Grupo Barreiras. A Fase V- refere-se ao ltimo processo de
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regresso marinha que se deu de forma gradual e proporcionou a criao de terracos marinhos
holocnicos. O Nvel relativo do mar alcana a cota atual.
As rochas sedimentares do Grupo Barreiras situadas no litoral do Cear e Rio Grande do
Norte apresentam idades do Mioceno (Suguiu et al. 1985). Lima et al. (2007) e Lima (2008)
realizaram estudos em xidos e hidrxidos de ferro detrticos e xidos e hidrxidos de ferro e
mangans autignicos pelos mtodos (U-Th)/He e 40Ar/39Ar para definir a idade desta formao. Os
resultados 40Ar/39Ar mostraram que os sedimentos do Grupo Barreiras, j estavam depositados e
intemperizando h 13,61,4 Ma e que este intemperismo se estendeu at 7,70,4 Ma. J os
resultados de (U-Th)/He revelaram que os sedimentos j estavam depositados h 17,81,8 Ma e que
o processo de ferruginizao se estendeu at 7,50,8 Ma, consistente com os resultados de
40Ar/39Ar. Em resumo, as rochas do Grupo Barreiras, no litoral leste do Cear, teriam idades do
Mioceno inferior, entre 18 Ma (Burdigaliano) e 22 Ma (Aquitaniano).
Figura 2.6. Modelo de evoluo geolgica das plancies costeiras das regies leste e nordeste do
litoral brasileiro durante o Quaternrio, com destaque para a sedimentao das rochas do Grupo
Barreiras e Ps-Barreiras. Adaptado de Suguio et alin Sousa et al. (2009).
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2.4. SENSORIAMENTO REMOTO
Os elementos fundamentais para um sistema de sensoriamento remoto so: o objeto de
estudo, a radiao eletromagntica e o sensor. Existem dois tipos de sensores: ativos e passivos, estes
sensores podem ser posicionados em qualquer nvel de aquisio seja terrestre, areo ou orbital. Os
sensores ativos no dependem de uma fonte natural, pois liberam sua prpria energia e recebem de
volta aps interagir com o alvo. Os sensores passivos precisam de uma fonte de energia natural para
que interaja com o alvo, para s assim captar a energia refletida ou emitida (Novo, 1989, 1992).
Uma das caractersticas importantes dentro dos sensores remotos so as resolues, elas so
denomindas de: resoluo espacial - capacidade do sensor em dividir ou resolver os elementos na
superfcie terrestre; resoluo espectral - capacidade do sensor em operar em vrias e estreitas bandas
espectrais; resoluo radiomtrica- est relacionada ao nvel de quantizao ou sensibilidade do
sensor em detectar pequenas variaes radiomtricas; e resoluo temporal- definida em funo do
tempo de revisita do sensor para um mesmo ponto da superfcie terrestre (Novo et al. 1989).
2.4.1. Sistemas Landsat
O sistema Landsat faz parte de um programa de Levantamento de Recursos Terrestres
lanado pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) em 1972, com intuto demapear a superfcie da Terra de forma contnua, ele foi chamado inicialmente de ERTS-1 e aps o
lanamento do Landsat-2 em 1975, foi ento renomeado de Landsat-1. Foram lanados ainda o
Landsat-3 em 1978, Landsat 4 em 1982, Landsat-5 em 1984, Landsat-6 (perdido) em 1993, Landsat-
7 em 1999 e Landsat-8 em 2013. Abaixo esquema da histria e durao do sistema Landsat (Figura
2.7).
As principais caractersticas dos satlites da srie Landsat esto representados na tabela 2.1.
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Tabela 2.1. Caractersticas dos satlites da srie Landsat
Nos trs primeiros satlites (Landsat 1, 2 e 3), o sistema MSS foi colocado em rbita a uma
altitude de 920 Km. Para dar uma volta em torno da Terra estes satlites gastavam 103 minutos e 27
segundos, totalizando, ao final de um dia, 14 faixas imageadas com largura de 185 km. Os satlites
possuiam uma rbita sncrona com o sol com um ngulo de inclinao em relao ao equador de
9911', fazendo com que a rbita fosse quase polar em torno da Terra. A configurao da rbita dos
trs primeiros satlites foi estabelecida de tal modo que, a cada 18 dias, o sistema MSS imageava a
mesma regio da superfcie terrestre, que havia sido imageada h 18 dias atrs, atribuindo assim uma
resoluo temporal ao sistema de 18 dias.
Figura 2.7. Histrico de lanamento da srie Landsat e durao de funcionamento.
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2.4.1.1. Sensores TM, ETM+ e OLI
O sensor Thematic Mapper(TM) foi lanado em 1984 juntamente com o satlite Landsat-5,
este sensor foi desenvolvido para atender a demanda de coleta de dados geoambientais, substituindo
oReturn Bean Vidcon(RBV) locado no Landsat-4. O sensor TM possui uma resoluo espacial de
30 m, enquanto oMultispectral Scanner System(MSS) que tambm est a bordo do Landsat-5 possui
79 m. A melhor resoluo espacial permite uma melhor anlise visual, comportando um nmero
maior de bandas, permitindo assim uma melhor resoluo espectral (Richards, 1993).
O sensorEnhancement Thamtic Mapper Plus(ETM+), desenvolvido para substituir o sensor
TM, foi lanado em 1999, apresentando como melhorias a insero de uma banda pancromtica de
resoluo espacial de 15 m e uma banda termal com uma resoluo espacial de 60 m, enquanto que a
banda termal do sensor TM era de 120 m. Como melhoria constatou-se o aprimoramento na
geometria de imageamento, o que resulta numa maior preciso em imagens corrigidas apenas a partir
de dados de efemrides de satlite geradas pelo GPS de bordo, muito prxima da preciso obtida
com imagens georreferenciadas com pontos de controle cartogrficos.
O Operacional Terra Imager(OLI), foi desenvolvido para substituir o ETM+sendo lanado
em 2013. O sensor possui nove bandas com resoluo espacial que varia de 30 metros para as
multiespectrais, 15 m para a pancromtica e 100 m para as termais. Possui como novidade uma
banda chamada de ultra-azul, til para estudos costeiros e aerosol, uma banda chamada de cirrus, til
para a deteco de nuvens.
A resoluo temporal para os trs sensores de 16 dias, enquanto a resoluo radiomtrica
de 8 bit para as multiespectrais do TM e ETM+e de 12 bits para as bandas do OLI.
2.4.2. Satlite IRS- P6 ou ResourceSat-1
Em 17 de outubro de 2003, o satlite indiano de sensoriamento remoto ResourceSat-1 foi
lanado em uma rbita hliosncrona a uma altitude de 817 km pela Organizao Indiana de Pesquisa
Espacial (ISRO). O ResourceSat-1 o mais avanado satlite construdo pela ISRO, trazendo
continuidade para os atuais programas IRS-1C e 1D e melhorando significativamente a qualidade
dos dados. O ResourceSat-1 possui trs sensores:Linear Imaging Self-Scanner(LISS-IV e LISS-III)
e Wide Field Sensor (WIFS), fornecendo imagens com 5.8, 23.6 m, e 56 m de resoluo espacial
respectivamente, nas bandas pancromticas e multiespectral, para uma maior variedade de aplicao.
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2.4.2.1. Sensor LISS-III, LISS-IV e WIFS
O sensor LISS-III foi desenvolvido em duas verses: a primeira a bordo dos satlites IRS-1C
e IRS-1D, operando em quatro comprimentos de onda e oferecendo resolues espaciais
diferenciadas, variando entre 23,6 a 180 metros em cenas de 142 ou 148 km; a segunda verso do
LISS-III foi lanada a bordo do satlite IRS-P6 ou ResourceSat-1 onde as principais mudanas
apresentadas foram na resoluo espacial que passou a ser de 23,5 metros para todos os canais
espectrais, em faixas imageadas de 141 km. Os satlites que possuem este sensor a bordo fornecem
informaes relacionadas a vegetao, caracterizao de culturas e espcies vegetais.
O sensor LISS-IV opera em trs bandas espectrais, no Visvel e no Infra-Vermelho Prximo
(VNIR) ou no modo PAN com 5.8 metros de resoluo espacial, possui a capacidade de ngulo de
visada de +/- 26 graus para obter imagens estereoscpicas e resoluo temporal de 5 dias.O sensor WIFS foi lanado a bordo dos satlites IRS-1C; IRS-1D e IRS-P3 direcionado aos
estudos de vegetao. Nos dois primeiros satlites o instrumento operou em dois comprimentos de
onda, nas regies do vermelho e infravermelho prximo. A segunda verso, lanada pelo IRS-P3 em
1996, disponibilizou uma terceira banda na regio do infravermelho mdio. Este sensor utilizado
em estudos dinmicos da vegetao.
2.4.3. Processamento digital de images - PDI
definido como manipulao de imagem por computador ou qualquer forma de
processamento de dados, onde a entrada e sada so imagens digitais oriundas de fotografias, vdeos
ou Scanner(Crsta, 1992).
O tratamento de imagens preocupa-se com a manipulao de figuras para sua representao
final, enquanto que o processamento de imagens uma concepo para novos processamentos de
dados, tais como aprendizagem de mquina ou reconhecimento de padres. A maioria das tcnicasenvolve o tratamento da imagem como um sinal bi-dimensional, no qual so aplicados padres de
processamento de sinal. Para se obter bons resultados a partir de imagens de satlite muito
importante saber utilizar e manipular as diferentes tcnicas de processamento digital de imagens. De
acordo com Crsta (1992, p. 17), a funo principal do processamento de imagens fornecer
ferramentas para facilitar a identificao e a extrao de informaes contidas nas imagens. Para
tanto, na interpretao de imagens necessrio observar caractersticas importantes tais como:
tonalidade/cor, textura, forma, tamanho, sombra e padro (Rosa, 2003; Jensen, 2009). Assim, com o
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auxlio de sistemas computacionais, softwares especficos e interpretes possvel extrair informaes
das imagens envolvendo o reconhecimento de objetos ou padres.
Segundo Novo (2011), as tcnicas de PDI podem ser classificadas em trs conjuntos: tcnicas
de pr-processamento (preparao das imagens) em que ocorre a transformao dos dados digitais
brutos em dados corrigidos radiomtrica e geometricamente, dentre as quais a correo dos efeitos
atmosfricos; tcnicas de realce que visam melhorar a qualidade visual das imagens e as tcnicas de
classificao permitindo a identificao automtica de objetos da cena a partir da anlise quantitativa
dos nveis de cinza.
Pr-processamento: consiste na maior parte de transformaes lineares e no-lineares
aplicadas imagem visando melhoramento de contraste, remoo de rudo, regies de interesse,
descorrelao e codificao das informaes para transmisso da imagem, reamostragem dos pixels
em uma nova escala, treinamento e extrao de caractersticas de imagem para segmentao, entre
outros. Muitas aplicaes requerem apenas operaes de pr-processamento. As informaes de
interesse podem tambm ser extradas das imagens e representadas de uma outra forma. Para tanto, a
segmentao de imagens particiona a imagem em regies disjuntas com algum significado para a
aplicao (Roncero, 2005). Por exemplo, podemos querer separar um objeto de interesse do resto dos
pixels da imagem particionando-a em duas regies. A sada da segmentao pode ser a fronteira do
objeto com seu exterior ou os pontos de seu interior. Isto define duas formas de representao para o
objeto (Roncero, 2005). A representao consiste, portanto, das vrias formas de armazenar a
fronteira e o interior de objetos segmentados. Esta nova representao da imagem contm
informaes sobre a forma e a topologia dos objetos. A descrio quantitativa destas informaes
atravs da extrao de caractersticas estruturais complementa o sentido de representao. Em
seguida, com base na descrio, o reconhecimento associa um rtulo a cada objeto segmentado
enquanto a interpretao associa um significado ao conjunto de objetos segmentados.
Processamento de imagens: O processamento digital de imagem geralmente mais verstil,
confivel e preciso, alm de ser mais fcil de implementar que seus duais analgicos. Hardwareespecializado ainda usado para o processamento digital de imagem, contando comarquiteturas de
computadorparalelaspara tal, em sua maioria no processamento de vdeos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hardwarehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_de_computadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_de_computadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o_paralelahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o_paralelahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_de_computadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_de_computadorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hardware -
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CAPTULO 3: CARACTERSTICAS GERAIS DA REGIO ESTUDADA
3.1. LOCALIZAO DA REA DE ESTUDO
O esturio do Rio Corea est localizado na costa oeste do Estado do Cear, Nordeste do
Brasil, na Regio Hidrogrfica Atlntico Nordeste Oriental (Figura 3.1). Segundo dados da
Secretaria dos Recursos Hdricos do Estado do Cear - SRH (1992), o Rio Corea tem uma extenso
total de aproximadamente 150 km. O rio Corea tem suas nascentes no sop do Planalto da Ibiapaba
e percorre parte da depresso perifrica local, at chegar ao litoral onde encontra-se o seu baixo
curso. Tem como principais afluentes os rios So Mateus, do Meio, Imburana e Fortuna, possuindo
duas grandes ilhas no esturio, a dos Amores e Trindade, tendo ainda uma grande extenso de praiajunto margem direita de sua desembocadura e, margem esquerda, um conjunto de falsias vivas e
a cidade de Camocim.
Figura 3.1. Mapa de localizao da rea de estudo.
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3.2. ZONA COSTEIRA DO NORDESTE - Contexto regional
A zona costeira do Nordeste se estende desde a Baa de So Marcos - Maranho at a Baa de
Todos os Santos - Bahia. Esta zona est subdividida em dois grandes compartimentos (Figura 3.2): a
Costa Semirida, que situa-se noroeste do Cabo Calcanhar, e a Costa Nordeste Oriental, que vai do
Cabo Calcanhar at a Baa de Todos os Santos (MMA, 1997). Segundo Dominguez (2009), esta
provavelmente a seo do litoral brasileiro que recebe, nos dias de hoje, os menores
volumes de sedimentos, estando estes associados aos ventos alsios intrabasal e aos baixos valores de
precipitao. Esta zona caracterizada por uma tendncia de longas linhas de costa (Figura 3.3),
cercadas por beach rocks e falsias ativas esculpidas no Grupo Barreiras (Rossetti et al. 2013).
A zona costeira ou interface terra-mar uma ampla zona que se estende desde os limites mais
interiores dos ambientes terrestres influenciados por processos marinhos (mars e ondas), at os
limites mais externos dos ambientes marinhos influenciados por processos continentais (descarga
fluvial), onde ocorrem esturios, manguezais, deltas, plancies de mars, pntanos salinos, ilhas
barreiras, lagunas, praias, entre outros (Summerfield, 1991). Comparada com outras regies costeiras
do Brasil, a Zona Costeira do Nordeste caracterizada como sendo uma regio de baixas
precipitaes, alta temperatura, baixa descarga de guas continentais e, baixa descarga de partculas
em suspenso, e mesomars.
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Figura 3.2. Localizao da Zona Costeira do Nordeste baseada na diviso de (A) Zembruscki et al.
(1972) e Palma (1984) e (B) Tessler & Mahiques (2003).
Figura 3.3. Litoral nordestino (imagem SRTM). Linhas tracejadas representam diviso das baciashidrogrficas, linhas finas e contnuas representam drenagem (Dominguez, 2009).
rea de estudo
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3.2.1. O Setor Nordeste brasileiro
De acordo com Zembruscki et al. (1972), o setor Nordeste compreende uma rea que segue
da baia de So Marcos (MA) ao cabo So Tom, no Rio de Janeiro (RJ), com rea estimada de
845.000 km, distinguindo-se dos outros setores pela complexidade de seu relevo, resultado de
atividades vulcnicas e tectnicas intensas. Segundo os autores citados, apresenta uma topografia
acidentada, com quebras bruscas de gradientes que proporcionam a presena de terraos, plats e
formas topogrficas salientes. Possui diversos montes submarinos que ocupam, principalmente, o
talude e o sop continentais (Zembruscki et al. 1972).
Sobre a influncia exercida pelos rios que desguam na Zona Costeira do Nordeste, as
principais bacias hidrogrficas que desembocam na regio (Figura 3.4) so representadas pela rede
Hidrogrfica do Atlntico Nordeste Ocidental, Parnaba, Atlntico Nordeste Oriental, So Franciscoe Atlntico leste.
Figura 3.4. Principais bacias hidrogrficas, com nfase para as bacias que desguam na zona costeira
do nordeste brasileiro (ANA, 2006). A paleta de cores de elevao no est legvel.
3.3. ARCABOUO GEOTECTNICO
O Cear abrange trs blocos crustais, colados durante a Orogenia Brasiliana/Pan-Africana,
entre 640 e 580 Ma (Jardim de S, 1994): Domnio Noroeste do Cear, Domnio Cear Central e
Domnio Rio Grande do Norte (Fetter et al. 2000). Estes domnios so separados entre si por
descontinuidades crustais de grande porte, como a zona de cisalhamento Sobral-Pedro II, situada
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entre os domnios Noroeste do Cear e Cear Central e que faz parte da extremidade nordeste do
Lineamento Transbrasiliano, e a zona de cisalhamento de Senador Pompeu, situada entre os
domnios Cear Central e Rio Grande do Norte (Figura 3.5). Tambm se destacam outras feies,
como as zonas de cisalhamento de Granja (Noroeste do Cear), Tau (Cear Central) e Jaguaribe
(Rio Grande do Norte).
Segundo Matos (2000), a poro oriental da margem equatorial teve sua origem no processo
de estiramento crustal fortemente influenciado por movimentos laterais que culminou com uma fase
sintransformante, entre o Albiano e Eocenomaniano. Nesse contexto, formaram-se as duas bacias
importantes no presente enfoque: Bacia do Cear e Bacia Potiguar. A primeira separada da Bacia
Potiguar, a sudeste, pelo Alto de Fortaleza, sendo dividida por altos internos em quatro sub-bacias
(de leste para oeste): Munda, Icara, Acara e Piau-Camocim (Costa et al. 1990). J a Bacia
Potiguar, a qual apresenta expressivos campos petrolferos, localiza-se em quase sua totalidade ao
largo do Rio Grande do Norte, com a extremidade noroeste da poro submersa ocorrendo ao largo
do Cear. Sua arquitetura composta degrabensseparados por altos internos, os da poro emersa
com eixos NE-SW e aqueles da poro submersa com eixos maiores paralelos linha de costa
(Bertani, 1990).
Figura 3.5. Mapa geolgico sinttico da margem continental e poro emersa adjacente do Estado doCear (Silva Filho et al. 2007).
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3.4. REAS ADJACENTES
3.4.1.Bacia hidrogrfica
A bacia do Corea localiza-se na poro Noroeste do Estado do Cear (Figura 3.6). Faz
contato com as seguintes bacias: ao sul as bacias do Poti-Long e Acara, a oeste com a bacia do
Parnaba, a leste a bacia do rio Acara e ao norte o Oceano Atlntico. A linha de costa possui uma
extenso de aproximadamente 130 km (INESP, 2009).
O rio Corea e seus tributrios drenam gua para esta bacia e para as microbacias que se
abrem diretamente para o Oceano Atlntico, tais como as dos rios Timonha, Tapuio, Jaguarapi,
Pesqueiro e da Prata, totalizando 10.633,66 km de rea correspondendo a 7% do territrio cearense,
em relao as bacias do Cear.
Figura 3.6. Espacializao e quantificao das sub-bacias do estado do Cear (COGERH, 2003 ePaulino & Fuck Jr, 2001).
As altitudes variam de 0 m (litoral) a pouco menos de 900 m (Cuesta da Ibiapaba),
apresentando as menores amplitudes pluviomtricas do Estado com precipitao mdia mnima anual
(mm) de pouco menos de 1.000 (norte da bacia) e precipitao mdia mxima anual (mm) de pouco
menos de 1.350 (sul da bacia) (INESP, 2009). As altitudes, nas sedes dos municpios, variam entre
10 a 120 m, em mdia. Apresenta a maioria de suas nascentes localizadas no Planalto da Ibiapaba, o
qual funciona como divisor com a Bacia do Parnaba, ao sudoeste e sul.
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Segundo dados da CPRM (2003) presente no estudo sobre a Bacia do Rio Corea feito pelo
INESP (2009), a geologia da Bacia do Corea (Figura 3.7) composta por terrenos cristalinos Pr-
Cambrianos representado por gnaisses e migmatitos diversos, quartzitos e metacalcrios, associados
a rochas plutnicas e metaplutnicas de composio predominantemente grantica e por rochas
sedimentares, como: arenitos da Formao Serra Grande, sedimentos areno-argilosos, no ou pouco
litificados do Grupo Barreiras e das Coberturas Colvio- eluviais, sedimentos elicos constitudos de
areias bem selecionadas de granulao fina a mdia, s vezes siltosas, dunas/paleodunas e cascalhos,
areias, silte e argilas, com ou sem matria orgnica, formados em ambientes fluviais, lacustres e
estuarinos recentes dos depsitos aluvionares e de mangues.
As principais unidades geolgicas encontradas na rea em estudo (entorno do esturio do rio
Corea) encontra-se constitudo de litotipos pr-cambrianos e de idade cenozica (Tercirio eQuaternrio). Os termos pr-cambrianos esto representados pelos corpos litolgicos definidos como
pertencentes ao Complexo Granja e ao Grupo Martinpole, de acordo com as descries de
Nascimento et al. in Projeto RADAM BRASIL Vol. 21 (1981). Com pequena representao
geogrfica, ocorre um "stock" grantico associado as intruses paleozicas posteriores ao
Vulcanismo Parapu. As unidades tercirias so representadas pela Formao Camocim, depositada
durante o Mioceno, e pela Formao Barreiras cuja acumulao se deu durante o Plioceno. Os
termos quaternrios so representados por sedimentos litorneos tais como os rochas de praia ou
"beach rocks", as dunas mveis, semi-fixas e fixas, sedimentos flvio-marinhos e os depsitos de
praia atual. Ocorrem ainda durante este perodo os sedimentos lacustres e os sedimentos aluvionares
(GEOCONSULT, 2008).
Figura 3.7. Mapa geolgico esquemtico da bacia do Corea. Fonte: CPRM , 2003 e INESP, 2009.
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3.5. PLANCIE FLVIO-MARINHA DO RIO COREA
A plancie fluvio-marinha do Rio Corea foi estudada por Meireles (2001), Meireles & Silva
(2002) e Farias (2006), Silva (2013), Farrapeira (2013). Estes caracterizaram ambientalmente o
esturio do Rio Corea, alm de associar os aspectos geomorfolgicos com as diversas unidades
fluvio-marinhas. Meireles & Silva (2002) subdividiram o esturio em trs sistemas (Figura 3.8 A):
(1) Ambiente marinho - Controlado pelas oscilaes dirias de mar, dinmica das ondas, ao dos
ventos e transporte de sedimentos por deriva litornea; (2) Sistema fluvio marinho Zonas de
convergncia das energias geradas pela vazo fluvial, fluxo e refluxo das mars, ondas e ventos; (3)
Sistema fluvial - Aporte fluvial controlado pelas condies ambientais de clima semirido, com
vazo fluvial concentrada durante o primeiro semestre. A fonte dos sedimentos est relacionada com
os materiais do Grupo Barreiras e embasamento cristalino.
Ainda segundo Meireles & Silva (2002), a unidade pedolgica predominante no esturio do
rio Corea so complexas agrupaes de solos indiscriminados de manguezal, com ocorrncias de
Gleisolo Slico e Glaisolotiomrfico. Apresentaram caractersticas hidro e halomrficas, pobres em
clcio e ricos em matria orgnica, textura argilo-arenosa, elevada concentrao de sais de sdio e
enxofre, com acentuada deficincia de oxignio no substrato. So solos imprprios ocupao
agrcola, mas favorecem ao desenvolvimento de uma flora altamente adaptada. O sistema ambiental
guarda em suas margens e leito uma sequncia de morfologias (Figura 3.8 B) representadas por
mangues atuais e antigos, bancos areno-argilosos internos ao leito principal, plancies de mar
circundadas por vegetao de mangue e entre o contato erosivo com o leito do esturio e o
interflvio tabular (com morfologias localmente denominadas de apicummangue em Tupi-Guarani
e salgado), arenito de praia, paleoplataformas de abraso, terraos marinhos, falsias mortas
(paleofalsias) e vivas. Seu limite fluvio-marinho interior foi marcado pela presena de terraos
fluviais e vegetao caracterstica de mata de tabuleiro, com a presena marcante de carnaubais. A
margem direita est associada a um grande campo de dunas mveis, que migra de nordeste parasudoeste (Figura 3.8 C).
3.6. ASPECTOS METEOROLGICOS E OCEANOGRFICOS
Em relao as condies climticas que influenciam no baixo curso do rio Corea, deve-se
destacar que apesar do litoral possuir um clima tropical submido, a maior parte de sua bacia,
incluindo suas nascentes, esto inseridas no domnio climtico do semirido. Tal fato indica que o
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fluxo hdrico montante da plancie flvio-marinha possui um regime intermitente, estando
permanncia de sua drenagem diretamente influenciada pelos perodos de chuva (Meireles e Silva,
2002).
De acordo com dados de sries temporais disponibilizados pela FUNCEME da estao 46-
sensor-3 de Camocim- CE, no intervalo de 2005 a 2011, a temperatura mdia anual da rea de estudo
tem 25 (Figura 3.9).
Segundo Meireles & Silva (2002), os ventos em Camocim apresentam direes dominantes
de SE, ESE e E, tendo um desempenho atuante nas formaes elicas e na deposio de sedimentos
na plancie flvio-marinha. O perfil dirio de velocidade mdia do vento de 12,0 m/s, s 17:00h,
horrio local, medida a uma altura de 60 m (Lira et al. 2011). Considerando-se o perfil mensal de
velocidade mdia, os perodos onde se verifica os maiores e os menores ndices de velocidade mdia
do vento coincidem com os mesmos perodos de estao seca e com a estao chuvosa da regio.
A Figura 3.10 apresenta o perfil mdio dirio e mensal da velocidade do vento na Torre
Anenomtrica-TA de Camocim, evidenciando tambm que a direo predominante do vento de
leste, com variaes entre as direes de nordeste e sudoeste. Segundo Barreto et al. (2002), isto
uma caracterstica da influncia dos ventos alsios na regio.
De acordo com Freire (1985), durante a realizao da operao GEOMAR XVIII foram realizadas
quatro estaes de corrntometria, uma delas, localizada na plataforma interna prxima a foz do rio
Corea, na qual apresentou uma corrente geral com velocidade na ordem de 0,24 m/s e direo
238N na superfcie e 0,21 m/s com direo de 87N no fundo (Arajo, 2011) As mars no Estado
do Cear podem ser classificadas por ondas semi-diurnas com desigualdade de amplitude e com
perodo mdio de 12,4 horas (Freire, 1985). De acordo com a proposta de Schaeffer-Novelli et al.
(1990), a regio costeira do estado do Cear est compreendida no segmento IV da diviso do litoral
brasileiro. Segundo essa proposta, essa regio est sujeita a um regime de mesomars (amplitudes de
mars entre 2 e 4 metros), possuindo uma costa submetida a baixa energia de ondas (Kampbel et al.
2005).
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-77862011000300003&script=sci_arttext#fig23http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-77862011000300003&script=sci_arttext#fig23 -
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Figura 3.8. (A) Imagem Spot do esturio do rio Corea, (B) Mapa geomorfolgico e (C) Principais
fluxos de matria e energia responsveis pelos processos morfogenticos (Meireles & Silva, 2002).
Figura 3.9. Grfico da temperatura mdia anual do intervalo de 2005 a 2011, estao 46-sensor-3-
Camocim. FUNCEME, 2012:
2323,5
24
24,525
25,526
26,527
2005 2007 2008 2009 2010 2011Temperaturam
diaaual()
Ano
Temperatura mdia anual
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Figura 3.10. (A) Perfil mdio dirio, (B) Perfil mdio mensal e (C) direo do vento em Camocim a
60m de altura (Lira et al. 2011).
3.7. CARCINICULTURA NO BRASIL - Regio nordeste
Segundo dados do Ministrio da Agricultura, Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca em
2004 (BRASIL, 2004), a implantao e cultivo do camaro a nvel empresarial, iniciou em meados
dos anos 80 no Brasil, com o uso da espcie extica Penaeus japonicus, contudo, com a baixa
produtividade, os viveiros foram desativados e convertidos em salinas na regio nordeste. No inicio
dos anos 90 com a utilizao da especieLitopenaeus vannamei, proveniente do oceano pacfico, quese adequou as guas oligohalinas, inclusive as salitradas do nordeste brasileiro, a carcinicultura foi
projetada ao mercado externo (IBAMA, 2005).
A partir dos dados da Associao Brasileira de Criadores de Camaro-ABCC, a p