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  • ASSIS RODRIGUES ABBUD VILLELA

    ESTUDO DE CAMADA DE BASE ASFLTICA DE MDULO ELEVADO PARA RESTAURAO DE RODOVIAS DE TRFEGO MUITO PESADO

    So Paulo 2012

  • ASSIS RODRIGUES ABBUD VILLELA

    ESTUDO DE CAMADA DE BASE ASFLTICA DE MDULO ELEVADO PARA RESTAURAO DE RODOVIAS DE TRFEGO MUITO PESADO

    Tese apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Doutor em Engenharia

    rea de Concentrao: Engenharia de Transportes

    Orientadora: Professora Titular, Doutora Liedi Lgi Bariani Bernucci

    So Paulo 2012

  • FICHA CATALOGRFICA

    Villela, Assis Rodrigues Abbud

    Estudo de camada de base asfltica de mdulo elevado para restaurao de rodovias de trfego muito pesado / A.R.A. Villela. -- So Paulo, 2012.

    206 p.

    Tese (Doutorado) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes.

    1. Pavimentao 2. Pavimentao asfltica 3. Trfego rodo- virio 4. Mdulos I. Universidade de So Paulo. Escola Politc-nica. Departamento de Engenharia de Transportes II. t.

    Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador. So Paulo, 15 de fevereiro de 2012. Assinatura do autor ____________________________

    Assinatura do orientador _______________________

  • FICHA DE APROVAO ASSIS RODRIGUES ABBUD VILLELA ESTUDO DE CAMADA DE BASE ASFLTICA DE MDULO ELEVADO PARA RESTAURAO DE RODOVIAS DE TRFEGO MUITO PESADO Texto apresentado Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do Ttulo de Doutor rea de concentrao: Engenharia de Transportes Aprovado em: _____________________________________

    BANCA EXAMINADORA

    Professora Titular, Doutora Liedi Lgi Bariani Bernucci Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (USP)

    Professor Doutor Carlos Yukio Suzuki Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (USP)

    Professora Doutora Laura Maria Goretti da Motta Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ / COPPE)

    Doutora Leni Figueiredo Mathias Leite Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Amrico Miguez de Mello (CENPES / Petrobras)

    Professor Doutor Jorge Augusto Pereira Ceratti Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

  • Ao Joo e Hel, pelos

    incontveis desenhos que

    criamos e colorimos juntos ao

    longo do desenvolvimento

    desta tese. Nossa geladeira

    uma verdadeira galeria de arte!

  • Embora muito da produo de uma tese resulte de horas solitrias diante de folhas preenchidas ou a preencher, nada se faz sozinho. sempre no dilogo com os outros que se constroem as ideias e se realiza o trabalho. Agradecer-lhes reconhecer sua importncia em minhas realizaes. Por isso minha profunda gratido:

    A Deus, pela graa da vida, pela sade, pelos dons e meios concedidos realizao e concluso de mais uma jornada.

    Ao Joo e Hel pelo amor, respeito e pela presena, fundamentais em toda essa

    minha trajetria. Sobretudo, por compreender minhas dificuldades e minhas ausncias, com constantes palavras de nimo e total confiana no meu sucesso. Fortalece-me o simples fato de saber que vocs existem em minha vida.

    Ao meu pai Luiz (in memoriam) e a minha me Rosa Alice, que me incentivaram em

    toda possvel curiosidade, na busca constante do conhecimento e na dedicao aos estudos. O que talvez vocs no tivessem adivinhado ou previsto que eu faria da curiosidade, do desejo de tudo conhecer, de experimentar toda novidade, um doce complemento de minha profisso. Aos meus irmos, Anthuza e Juliano, que me estimularam nesse longo perodo de estudo.

    minha famlia (Abbud, Bruel, Gemin, Villela), o fato de saber que posso contar com

    vocs me permite progredir constantemente no caminho que escolhi. Em diversos momentos da vida encontrei na famlia meu porto seguro, que se revelou imprescindvel mesmo quando teimei em achar o contrrio. tia Angelina que, dentre tantos conselhos e conversas prazerosas, ao redor de uma bela mesa de caf tipicamente mineira, teve a coragem de indicar um garoto de 18 anos de idade, que recm havia ingressado na engenharia, para lecionar aulas de matemtica. Sua generosidade e todo aquele aprendizado naqueles anos letivos resultaram nesta tese.

    minha orientadora Professora Liedi, por permitir este convvio, uma das

    experincias determinantes de minha formao acadmica, profissional e pessoal. Neste perodo, aprendi a confiar na racionalidade e ainda mais na capacidade de aprimoramento tcnico. Ao admir-la, mantenho a esperana de que a vida pode e deve ser mais leve e agradvel.

    Ao Professor Suzuki, pela valiosa contribuio dada a esta tese, incentivando-me a

    reformular o estudo paramtrico e presenteando-me com excelentes sugestes durante o exame de qualificao e, em outras oportunidades, em seu escritrio.

    Professora Laura, pelo estmulo ainda nos primeiros anos de mestrado quando

    visitava a COPPE. Nunca me esquecerei de sua generosidade em compartilhar os mais recentes artigos tcnicos, num tempo em que no eram disponibilizados pela internet. Por toda contribuio e pelo constante interesse no desenvolvimento de minha tese.

    Doutora Leni, pela oportunidade de interlocuo, tendo aceitado participar da

    banca examinadora desta tese e principalmente por ter viabilizado o CAP duro para execuo do Trecho Experimental.

    Ao Professor Ceratti, pela arguio atenta e ricas sugestes oferecidas no exame de

    qualificao. Saiba que suas contribuies so enriquecedoras, desde o tempo do mestrado.

  • Aos docentes do Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Transportes: Professor Balbo, Professor Hugo, pela competncia com que ministraram as disciplinas. Em especial ao Professor Quintanilha, pelas inmeras horas que generosamente concedeu-me para o auxilio a anlise estatstica desta tese.

    amiga Elieni (in memoriam). No sou realmente capaz de expressar a sorte e

    alegria de, contigo, ter convivido em tantos e significativos momentos. Mas, se aqui todos os agradecimentos sero necessariamente insuficientes, que essas palavras sirvam pelo menos para relembrar quo fantstico foi t-la conhecido.

    amiga Mrcia Aps, por ter me recebido ainda nos tempos de IPT e acreditado nas

    minhas intenes, no processo de trabalho e na construo de conhecimento que propus por meio do plano de trabalho ainda na fase embrionria desta tese. Amizade assim no se pode retribuir com palavras. Deixo somente o registro do meu mais total apreo, na certeza de que esta tese coroa este relacionamento fraternal.

    Ao amigo Cludio Renato, companheiro de muitas reflexes e destinos, comparsa de

    toda jornada para a execuo, madrugada adentro, do Trecho Experimental. Sem seu apoio, dezenas de situaes teriam sido difceis e, sem dvida, esta tese no seria a mesma.

    Aos velhos amigos da poca da UFSC Cssio, Geralci, Renato e Rodolfo, que mesmo

    distantes so para mim exemplos da amizade incondicional e perene. Floripa no mais a mesma!

    Ao Laboratrio e seus mais do que inestimveis (e eternos) membros: Amanda, Ana,

    Diomria, Edson Moura, Erasmo, Kamilla, Kendi, Manuela, Mary, Renato, Rosngela, Rosely, Srgio, Tiago. Sem vocs a tarefa de terminar este doutorado teria certamente passado de difcil a improvvel.

    A Camila, Edson Silva, Luciana, Patrcia, Simone, e todo o pessoal da secretaria do

    PTR. O trabalho de bastidores que vocs realizam pode ser, a muitos olhos, invisvel. Mas certamente s invisvel quando bem feito. E ele extremamente bem feito.

    ANTT, pelos incentivos pesquisa por meio de Recursos de Desenvolvimento

    Tecnolgico (RDT).

    s empresas que colaboraram para a execuo e monitoramento do Trecho Experimental desta tese: CENPES, em nome de Leni e Luiz Nascimento; Cibermtrica, em nome de Rodrigo Barella; COPAVEL, em nome de Luciano e Rodrigo Vasconcelos; EPT, em nome de Ricardo Ishikawa; Grupo CCR, em nome de Barba, Bur, Dcio, Escudeiro e Paulo Rangel; LENC, em nome de Debora Targas e Joel; RACUM Tecnologia, em nome de Ronaldo Racum; SERVENG CIVILSAN, em nome de Adilson, Calil e Fred.

    Enfim agradeo a todos que, mesmo que no soubessem, me fizeram fazer esta tese.

  • Nunca haver uma porta, e te achas dentro

    e esse alcar abarca o universo

    e no tem nem anverso, nem reverso,

    nem muro externo, nem secreto centro.

    No cuides que o rigor de teu caminho,

    que tenazmente se bifurca em outro,

    que tenazmente se bifurca em outro,

    ter fim [...]

    [Jorge Luis Borges, Labirinto]

  • i

    RESUMO

    A partir dos anos 1980, iniciou-se na Frana o uso de misturas asflticas de mdulo

    elevado (EME - Enrob Module leve) em intervenes de pavimentos para a

    restaurao de vias urbanas e de trechos de rodovias sujeitas a trfego pesado e

    intenso. Estas experincias tiveram como principais finalidades reduzir a

    deformabilidade e as espessuras das camadas do pavimento, elevando sua rigidez e

    melhorando seu comportamento mecnico quanto deformao permanente e

    vida de fadiga, em comparao com outros materiais convencionais. Com base nos

    estudos paramtricos, esta pesquisa analisa as deflexes, tenses e deformaes

    atuantes nas diversas camadas da estrutura de um pavimento, a fim de estudar o

    comportamento de camadas de EME empregadas nos servios de restaurao. Desde

    que sejam conhecidas as condies estruturais do pavimento existente e do futuro

    trfego, pode-se definir rapidamente as caractersticas geomtricas e mecnicas das

    misturas de EME a serem empregadas nas camadas sobrejacentes das restauraes

    de pavimentos. So apresentados os ensaios laboratoriais com misturas de EME para

    definio do projeto de mistura, comportamento mecnico, Prensa de Cisalhamento

    Giratria (PCG - Presse Cisaillement Giratoire) e deformao permanente, cujos

    resultados atenderam s especificaes tcnicas. Esta pesquisa conta com a

    execuo de um Trecho Experimental na rodovia Presidente Dutra, localizado no

    municpio de Jacare/SP, que sujeita a trfego pesado e intenso. Durante a sua

    execuo, no foram verificadas dificuldades adicionais de usinagem e de execuo

    em pista. Neste trecho composto de trs diferentes sees experimentais, variando-

    se a espessura da camada de base de mdulo elevado, foi avaliado e comprovado o

    bom comportamento estrutural do pavimento com mistura de EME como base

    asfltica para restaurao do pavimento de rodovia com trfego muito pesado.

  • ii

    ABSTRACT

    Since 80s it has started in France the use of high modulus asphalt concrete (EME -

    Enrob Module leve) in pavement interventions for the restoration of urban roads

    and some sections of highways with heavy and high traffic. Those experiences had

    the main purpose of reducing deformability and decreasing layers thicknesses of the

    pavement, which could raise its strength and improve its mechanical behavior,

    concerning rutting and fatigue life, in comparison to other conventional materials.

    Based on a parametric studies, this research analyses deflections, tensions and

    deformations that act in all pavement structure for studying the behavior of EME

    layers in restorations. Since structural conditions of the existing pavement and the

    future traffic are known, it can be rapidly defined the geometrical and mechanical

    characteristics of EME mixtures for being used as wearing courses in pavement

    restorations. Laboratory tests were carried out with EME in terms of mixture design,

    mechanical behavior, French gyratory compaction (PCG - Presse Cisaillement

    Giratoire) and rutting and the results were in compliance with technical

    specifications. This research includes a trial section on Presidente Dutra highway in

    Jacare city/SP, which is a heavy and high trafficked road. During the construction,

    no additional difficulties in mixing and laydown operations were found. This test track

    composed of three sections with different thicknesses of EME as a base layer was

    evaluated, and proved the good structural behavior of EME mixture as an asphalt

    base layer for pavement rehabilitation of a very high trafficked road.

  • iii

    SUMRIO

    1. CONSIDERAES INICIAIS 11

    1.1. RELEVNCIA DA PESQUISA E CONTEXTUALIZAO DO PROBLEMA 11

    1.2. ENQUADRAMENTO DA PESQUISA 12

    1.3. DELIMITAES E PRESSUPOSTOS DA PESQUISA 13

    1.4. HIPTESE 14

    1.5. OBJETIVO 14

    1.6. DESCRIO SUMRIA DOS CAPTULOS ESTRUTURA DO TRABALHO 15

    2. MISTURAS ASFLTICAS DE MDULO ELEVADO (EME) 17

    2.1. INTRODUO 17

    2.2. CARACTERSTICAS DAS MISTURAS DE MDULO ELEVADO (EME) 20

    2.3. EXPERINCIAS ANTERIORES COM PAVIMENTOS CONSTITUDOS DE

    MISTURAS ASFLTICAS DE MDULO ELEVADO (EME) 26

    2.3.1. Experincias Francesas 26

    2.3.2. Experincias Espanholas 30

    2.3.3. Experincia Sua 31

    2.3.4. Experincias Portuguesas 32

    2.3.5. Experincia Polonesa 34

    2.3.6. Experincia Italiana 35

    2.3.7. Experincias Brasileiras 36

    3. TRECHO EXPERIMENTAL 45

    3.1. LOCALIZAO DO TRECHO EXPERIMENTAL 45

    3.2. CLIMA E TRFEGO ATUANTES NA REGIO DO TRECHO

    EXPERIMENTAL 46

    3.2.1. Clima Atuante na Regio do Trecho Experimental 46

    3.2.2. Trfego Atuante na Regio do Trecho Experimental 48

    3.2.3. Velocidades dos Veculos na Regio do Trecho Experimental 48

    3.3. SONDAGENS NO TRECHO EXPERIMENTAL 50

    3.4. DEFINIO DO TRECHO EXPERIMENTAL 54

    3.5. ESTUDOS LABORATORIAIS 56

    3.5.1. Distribuio Granulomtrica do EME 56

    3.5.2. Caracterizao do Ligante do EME 56

    3.5.3. Projeto da Mistura do EME 57

    3.5.4. Propriedades Mecnicas do EME Deformao Permanente e

    PCG 61

    3.6. USINAGEM E EXECUO DO TRECHO EXPERIMENTAL 62

    3.6.1. Usinagem do Trecho Experimental 62

    3.6.2. Execuo do Trecho Experimental 66

    3.6.2.1. Preparo da Superfcie 66

    3.6.2.2. Distribuio e Compactao do EME 66

  • iv

    3.6.2.3. Sistema de Drenagem 67

    3.6.2.4. Controle da Execuo 67

    3.6.2.5. Execuo da Camada de Rolamento 68

    4. ESTUDOS PARAMTRICOS 69

    4.1. ESTUDOS PARAMTRICOS ANTECEDENTES 69

    4.2. ESTUDOS PARAMTRICOS PARA ESTRUTURAS DE PAVIMENTO

    RESTAURADAS COM CAMADA DE BASE EM EME 71

    4.2.1. Dimensionamento de Estruturas de Restaurao de

    Pavimentos 71

    4.2.2. Descrio das etapas para o Desenvolvimento do Estudo

    Paramtrico 72

    5. ANLISE DOS RESULTADOS 103

    5.1. ANLISES MECANSTICAS 103

    5.1.1. Levantamento Deflectomtrico 103

    5.1.2. Anlise da Linearidade do Sistema Estrutural Multicamadas 106

    5.1.3. Anlise das Medidas de Deflexes 111

    5.1.3.1. Anlise das Medidas de Deflexes entre Sees

    de Comportamentos Similares 111

    5.1.3.2. Anlise das Medidas de Deflexes ao longo do

    Trecho Experimental 117

    5.1.4. Retroanlises dos Mdulos de resilincia das Camadas de

    EME 119

    5.2. AVALIAO DA CONCENTRAO DE DEFEITOS 125

    5.3. AVALIAO ESTRUTURAL PELO DNER PRO-11/79 127

    5.3.1. Modelos Propostos para Misturas Asflticas de Mdulo

    Elevado (EME) 129

    5.3.1.1. Fator de Reduo K de Deflexo para EME 129

    5.3.1.2. Modelos Empricos para EME 132

    6. CONCLUSES 138

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 143

    ANEXOS 151

    Modelos Desenvolvidos 153

    Levantamentos Deflectomtricos 167

  • v

    RELAO DE FIGURAS

    Figura 2.1 Estruturas do pavimento para a temperatura de 15C e 10 Hz,

    estudadas por QUINTERO (2011)

    42

    Figura 2.2 Estruturas do pavimento para a temperatura de 30C e 10 Hz,

    estudadas por QUINTERO (2011)

    43

    Figura 3.1 Localizao do Trecho Experimental (imagem extrada no

    Google Earth)

    45

    Figura 3.2 Localizao dos Sensores a lao indutivo para classificao e

    identificao e identificao da velocidade dos veculos, km 170+360

    49

    Figura 3.3 Distribuio dos veculos em relao velocidade trafegada 49

    Figura 3.4 Estaca 170+420: Grau de trincamento da superfcie do pavimento 51

    Figura 3.5 Estaca 170+260: Grau de trincamento de superfcie do pavimento e

    deficincia do dispositivo de drenagem

    51

    Figura 3.6 Estaca 170+260: Poo de Inspeo P05 e materiais extrados 51

    Figura 3.7 Estaca 170+260: detalhe da camada de base contaminada 51

    Figura 3.8 Perfil longitudinal com a estrutura do pavimento no local do Trecho

    Experimental

    53

    Figura 3.9 Localizao de cada Seo do Trecho Experimental 55

    Figura 3.10 Curva granulomtrica da mistura de EME estuda 57

    Figura 3.11 Massa especfica aparente (g/cm) 60

    Figura 3.12 Massa especfica terica (g/cm) 60

    Figura 3.13 Volume de vazios (%) 60

    Figura 3.14 Vazios do agregado mineral (%) 60

    Figura 3.15 Relao betume/vazios (%) 60

    Figura 3.16 Resistncia trao (MPa) 60

    Figura 3.17 Aptido de compactao para o ensaio na Prensa de Cisalhamento

    Giratria (PCG)

    61

    Figura 3.19 Deformao permanente em trilha de roda no simulador LCP 62

    Figura 3.18 Usina Gravimtrica Jambeiro Serveng-Civilsan 63

    Figura 3.19 Tela de controle das atividades da Usina Gravimtrica 63

    Figura 3.20 Acabamento da superfcie de EME 68

    Figura 4.1 Fluxograma de representao dos Estudos Paramtricos 73

    Figura 4.2 Pavimento tipo com camadas de revestimento e EME como

    restaurao

    74

    Figura 4.3 Desenho esquemtico da distribuio do carregamento para

    simulao com FWD

    76

    Figura 4.4 Desenho esquemtico da distribuio do carregamento para

    simulao com VBK

    77

    Figura 4.5 Anlise dos resduos para os Indicadores Estruturais e para os

    Indicadores de Curvatura

    92

    Figura 4.6 Comparao dos modelos em funo MRREM e D0REM ante ao tEME

    Retroanalisados

    98

  • vi

    Figura 4.7 Comparao dos modelos em funo MRREM e D0REM ante ao tEME

    Retroanalisados

    99

    Figura 4.8 Comparao dos modelos em funo MRREM e D0REM ante ao VREM

    Retroanalisados

    99

    Figura 4.9 Ajuste do modelo VREM em relao aos modelos em funo MRREM e

    D0REM

    101

    Figura 5.1 Estgios dos levantamentos deflectomtricos 104

    Figura 5.2 Distribuio das deflexes mximas (D0) e seus coeficientes de

    determinao em cada seo experimental na Estrutura Primitiva

    107

    Figura 5.3 Distribuio dos valores de SCI e seus coeficientes de determinao

    em cada seo experimental na Estrutura Primitiva

    107

    Figura 5.4 Distribuio das deflexes mximas (D0) e seus coeficientes de

    determinao em cada seo experimental no Fundo de Caixa Fresada

    108

    Figura 5.5 Distribuio dos valores de SCI e seus coeficientes de determinao

    em cada seo experimental no Fundo da Caixa Fresada

    108

    Figura 5.6 Distribuio das deflexes mximas (D0) e seus coeficientes de

    determinao em cada seo experimental na Camada de EME

    109

    Figura 5.7 Distribuio dos valores de SCI e seus coeficientes de determinao

    em cada seo experimental na Camada de EME

    109

    Figura 5.8 Distribuio das deflexes mximas (D0) e seus coeficientes de

    determinao em cada seo experimental no Topo do Revestimento

    110

    Figura 5.9 Distribuio dos valores de SCI e seus coeficientes de determinao

    em cada seo experimental no Topo do Revestimento

    110

    Figura 5.10 Bacias de deflexes na seo de 140 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 2,1 tf

    112

    Figura 5.11 Bacias de deflexes na seo de 110 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 2,1 tf

    113

    Figura 5.12 Bacias de deflexes na seo de 80 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 2,1 tf

    113

    Figura 5.13 Bacias de deflexes na seo de 140 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 4,1 tf

    114

    Figura 5.14 Bacias de deflexes na seo de 110 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 4,1 tf

    114

    Figura 5.15 Bacias de deflexes na seo de 80 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 4,1 tf

    115

    Figura 5.16 Bacias de deflexes na seo de 140 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 6,5 tf

    115

    Figura 5.17 Bacias de deflexes na seo de 110 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 6,5 tf

    116

    Figura 5.18 Bacias de deflexes na seo de 80 mm de EME da pista

    experimental, com intensidade de carregamento de 6,5 tf

    116

    Figura 5.19 Medidas de deflexo mxima ao longo do Trecho Experimental, nos

    diversos Estgios

    118

    Figura 5.20 Mdulo de resilincia da Camada de EME, levantamento no Estgio 2

    (final da obra do EME)

    120

  • vii

    Figura 5.21 Mdulo de resilincia da Camada de EME, levantamento no Estgio 3 120

    Figura 5.22 Mdulo de resilincia da Camada de EME, levantamento no Estgio 4 121

    Figura 5.23 Condio de saturao das camadas do pavimento 122

    Figura 5.24 Execuo dos dispositivos de drenagem 122

    Figura 5.25 Fator de reduo da deflexo K (PRO 11) 131

    Figura 5.26 Potencial de reduo da espessura de reforo em EME (K = 27) em

    comparao com o CBUQ convencional (K = 40)

    134

    Figura 5.27 Caractersticas geomtricas e mecnicas adotadas para a simulao 135

    Figura 5.28 Valores da deflexo mxima e do mdulo de resilincia mnimo

    admissveis no topo do remanescente, com seus graus de confiabilidade

    136

  • viii

    RELAO DE TABELAS

    Tabela 2.1 Faixas Granulomtricas para a mistura de mdulo elevado adotadas

    em camada de base em Portugal (JAE, 1998 e BRANCO et al, 2006)

    22

    Tabela 2.2 Caractersticas dos ligantes duros (CAP 10-20 e CAP 15-25) adaptada

    de ECS (2006)

    24

    Tabela 2.3 Caractersticas das misturas de elevado mdulo (EME 1 e EME 2)

    adaptada de AFNOR (1999) CORT e SERFASS (2000) e CORT (2001)

    25

    Tabela 2.4 Coeficientes estruturais de camadas novas, usadas na Frana para

    dimensionamento de pavimentos de aeroportos (PARIZ et al, 1998)

    29

    Tabela 2.5 Coeficientes estruturais das novas misturas BBME e EME

    determinados para dimensionamento de pavimentos de aeroportos na Frana

    (PARIZ et al, 1998)

    30

    Tabela 2.6 Caractersticas mecnicas das misturas estudadas por MAGALHES

    (2004)

    36

    Tabela 2.7 MR e RT das misturas estudadas por FREITAS (2007) 38

    Tabela 3.1 Contribuio da precipitao (mm), ao longo das estaes do ano 46

    Tabela 3.2 Contribuio da temperatura do ar (C), ao longo das estaes do ano 47

    Tabela 3.3 Dados de trfego 48

    Tabela 3.4 Localizao dos Poos de Inspeo 50

    Tabela 3.5 Localizao das Sondagens Rotativas 52

    Tabela 3.6 Constituio geral do Trecho Experimental 54

    Tabela 3.7 Caracterizao do ligante fornecido pela Petrobras 58

    Tabela 3.8 Caractersticas Tcnicas da Usina Jambeiro 64

    Tabela 3.9 Valor dos mdulos de riqueza das amostras 65

    Tabela 3.10 Espessuras de fresagem nas sees experimentais 66

    Tabela 3.11 Temperatura ambiente na de execuo do trecho experimental 67

    Tabela 4.1 Parmetros investigados nos estudos paramtricos antecedentes 70

    Tabela 4.2 Parmetros considerados para o plano fatorial de modelagem 78

    Tabela 4.3 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores estruturais da

    VBK

    82

    Tabela 4.4 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores de curvatura

    da VBK

    82

  • ix

    Tabela 4.5 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores estruturais do

    FWD

    83

    Tabela 4.6 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores de curvatura

    do FWD

    83

    Tabela 4.7 Valores dos coeficientes de determinao (R) para cada modelo

    85

    Tabela 4.8 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores de curvatura

    para VBK, exceto Q

    86

    Tabela 4.9 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores de curvatura

    para FWD, exceto Q

    87

    Tabela 4.10 Valores de DOREM correspondentes a cada MRREM 87

    Tabela 4.11 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores estruturais

    da VBK

    88

    Tabela 4.12 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores de curvatura

    da VBK

    88

    Tabela 4.13 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores de curvatura

    da FWD

    89

    Tabela 4.14 Coeficientes e parmetros de anlises para indicadores de curvatura

    do FWD

    89

    Tabela 4.15 Comparativo dos coeficientes de determinao entre os indicadores

    estruturais

    90

    Tabela 4.16 Comparativo dos coeficientes de determinao entre os indicadores

    de curvatura

    90

    Tabela 4.17 Principais parmetros para controle dos Indicadores Estruturais (IE)

    90

    Tabela 4.18 Equaes de Correlao entre os Esforos Solicitantes e D0 e os

    Indicadores de Curvatura, a partir dos estudos paramtricos em funo de MRREM

    94

    Tabela 4.19 Equaes de Correlao entre os Esforos Solicitantes e D0 e os

    Indicadores de Curvatura, a partir dos estudos paramtricos em funo de D0REM

    95

    Tabela 5.1 Dia da Realizao do levantamento e respectivo Estgio 105

    Tabela 5.2 Relao das faixas de valores deflectomtricos para os substratos

    remanescentes

    112

  • x

    Tabela 5.3 Anlise de varincia dos MREME para os carregamentos do FWD

    Estgio 2

    124

    Tabela 5.4 Anlise de varincia dos MREME para os carregamentos do FWD

    Estgio 3

    124

    Tabela 5.5 Anlise de varincia dos MREME para os carregamentos do FWD

    Estgio 4

    125

    Tabela 5.6 Evoluo da condio geral da superfcie do pavimento 126

    Tabela 5.7 Solicitaes do trfego no Trecho Experimental 126

    Tabela 5.8 Modelos empricos para EME, comparados com CBUQ e Asfalto

    Borracha

    133

    Tabela 5.9 Valores da deflexo mxima e do mdulo de resilincia mnimo

    admissveis para a estrutura remanescente atingir at DadmREV = 30 (10-2 mm)

    136

  • 11

    1. CONSIDERAES INICIAIS

    1.1. RELEVNCIA E CONTEXTUALIZAO DO PROBLEMA

    O pavimento constitui parte de maior custo na infraestrutura de transportes

    de uma rede rodoviria ou urbana, representando um patrimnio cujo

    gerenciamento, manuteno e conservao adequados so vitais para a

    minimizao do custo global envolvido no transporte.

    Alm desse fato, verifica-se no Brasil uma oferta insuficiente de infraestrutura

    de transporte rodovirio, tanto em extenso quanto na qualidade de suas

    vias. A m conservao das rodovias impacta negativamente na economia do

    Pas, alm de gerar um processo de antieconomia, ou seja, o volume

    poupado em servios de manuteno no momento adequado resulta em

    acrscimos em gastos futuros com obras de reconstruo e em custos

    adicionais para os usurios (BARTHOLOMEU, 2006).

    Desse modo, cabe pesquisa em pavimentao o desenvolvimento de

    tecnologias que possibilitem a construo de rodovias com uma maior

    durabilidade, proporcionando a postergao de intervenes de reabilitao e

    a diminuio na frequncia de atividades de manuteno (NEVES FILHO,

    2004).

    Com base nessas evidncias, estabelece-se o seguinte questionamento como

    motivao para o desenvolvimento desta tese: Pode-se desenvolver uma camada

    de base capaz de compor uma estrutura de pavimento que resista s trincas por fadiga

    e deformao permanente nas trilhas de roda, em um determinado perodo de vida

    til, como estruturas convencionais de reconstruo e que seja de rpida execuo ?

  • 12

    1.2. ENQUADRAMENTO DA PESQUISA

    Visando melhorar o desempenho mecnico e em contrapartida reduzir as espessuras

    das camadas asflticas durante servios de recuperao de pavimentos urbanos e

    restaurao de rodovias, foram desenvolvidas na Frana, na dcada de 80, as

    chamadas misturas asflticas de mdulo elevado (EME1). Essas misturas apresentam

    rigidez superior das misturas asflticas convencionais e se caracterizam pelo uso de

    granulometria contnua e ligantes duros, com penetrao a 25C entre 10 e 20 (10-1

    mm) e temperatura de amolecimento anel e bola 55C (BROSSEAUD, 2002).

    As misturas asflticas de mdulo elevado (EME) so usadas nas camadas de base ou

    de ligao e especificadas de acordo com a norma francesa

    NF P 98-140 (AFNOR, 1999). So misturas asflticas com elevado desempenho e

    durabilidade que permitem a reduo de at 25% de espessura nas camadas de

    pavimento ante as constitudas com materiais convencionais (BROSSEAUD, 2002;

    2006).

    Pelo exposto, este trabalho busca trazer contribuies no estudo do comportamento

    de misturas asflticas de EME, submetidas a trfego pesado e intenso executadas em

    escala real. Outras pesquisas nacionais, descritas no captulo a seguir, abordaram

    este mesmo tema sob o enfoque da anlise das caractersticas fsicas e mecnicas

    em laboratrio (MAGALHES, 2004; FREITAS, 2007 e QUINTERO, 2011) ou da

    avaliao de comportamento estrutural em pista teste submetida a carregamentos

    acelerados com simulador de trfego (ROHDE, 2007).

    Prope-se nesta pesquisa adaptar a tecnologia francesa de misturas asflticas de

    EME para as condies brasileiras de dimensionamento, execuo e avaliao de

    desempenho. Pretende-se ainda discutir, a partir do EME, uma nova tecnologia de

    restaurao de pavimentos que propicie maior rigidez e que apresente bom

    comportamento em relao vida fadiga alm de minimizar, o quanto possvel, os

    1 Neste trabalho, optou-se por utilizar a sigla EME que comumente utilizada na literatura tcnica rodoviria para designar misturas asflticas de mdulo elevado, sendo suas iniciais derivadas da expresso francesa: enrob module lev.

  • 13

    transtornos para o usurio por meio de sua rpida execuo. Como assinala

    BROSSEAUD (2002; 2006) ao utilizar ligantes de consistncia mais elevada, apesar

    de teores relativamente maiores, em torno de 6%, e de misturas com baixos

    volumes de vazios, na ordem de 3 a 6%, consegue-se manter um bom

    comportamento em relao fadiga, possibilitando pavimentos de menores

    espessuras e com caractersticas mecnicas superiores a de estruturas

    convencionais.

    1.3. DELIMITAES E PRESSUPOSTOS DA PESQUISA

    Alguns pressupostos adotados na pesquisa so essenciais para a delimitao das

    fronteiras do trabalho de investigao, tornando mais clara a formulao e

    compreenso do objetivo desta tese.

    Previamente, faz-se necessrio estabelecer que o objeto de estudo a mistura

    asfltica de mdulo elevado (EME) com finalidade de restaurao, ou seja, como

    parte integrante da estrutura de um pavimento remanescente deteriorado em

    decorrncia da solicitao do trfego ao longo dos anos.

    A base dos conceitos e tcnicas utilizadas nesta pesquisa so a associao e a

    integrao entre quatro etapas fundamentais: [i] as caractersticas dos materiais que

    compem a mistura de EME; [ii] a anlise do comportamento mecnico das

    estruturas com camada de base em EME sob a ao das cargas do trfego, por meio

    de processos mecansticos-empricos no desenvolvimento de estudos paramtricos;

    [iii] as etapas e o processo de construo do Trecho Experimental e [iv] o seu

    comportamento mecnico mensurado in situ.

  • 14

    1.4. HIPTESE

    Tem-se como hiptese da pesquisa que a adoo de um cimento de asfltico de

    petrleo (CAP) de baixa penetrao, a 25C, entre 10 e 20x10-1mm e temperatura de

    ponto de amolecimento anel e bola 55C2, na composio de misturas asflticas

    pode servir como contribuio para insero de mais uma tcnica dentre s

    comumente utilizadas na pavimentao rodoviria brasileira para situaes de

    estruturas de pavimento submetidas a trfego pesado e intenso.

    Atualmente a fabricao deste CAP no Brasil est em estgio incipiente pelas

    produtoras de ligantes asflticos, no representando ainda um volume significativo

    de produo. Todavia, acredita-se ser propcia sua adoo em escala comercial no

    Brasil por considerar que haver demanda nas vias de trfego pesado e intenso,

    alm de ser uma alternativa para: aeroportos (pista de pouso e decolagem e de

    taxiamento), terminais e corredores exclusivos de nibus, praas de pedgios,

    balanas de controle de pesagem para veculos comerciais, ptios e estacionamentos

    de manobras de veculos comerciais, em curvas de raios curtos que proporcionam

    forte esforo tangencial e em vias com rampas acentuadas, principalmente, as

    ascendentes.

    1.5. OBJETIVO

    O presente trabalho tem como objetivo estudar a tecnologia francesa para execuo

    de camada de base constituda de EME e adapt-la para as condies brasileiras a

    fim de possibilitar a anlise de seu comportamento em laboratrio e em campo por

    meio do Trecho Experimental submetido ao trfego real da rodovia Presidente Dutra

    (BR-116), no estado de So Paulo.

    2 As demais caractersticas do CAP duro bem como da mistura asfltica de mdulo elevado (EME) sero apresentadas no item 2.2 desta tese.

  • 15

    A partir do objetivo descrito, desdobram-se as etapas a serem cumpridas, que

    envolvem:

    Discutir por meio do estudo bibliogrfico e principalmente pela execuo de

    Trecho Experimental as caractersticas dos materiais, o processo de produo

    e a execuo da camada asfltica de EME;

    Analisar as caractersticas e o funcionamento mecnico do pavimento

    constitudo de camada de EME sob a influncia dos parmetros que podem

    afetar o seu desempenho estrutural;

    Avaliar as etapas e os processos para a construo do Trecho Experimental;

    Analisar o comportamento de campo do Trecho Experimental; e,

    Propor um conjunto de indicadores que contribua para a definio de uma

    metodologia de dimensionamento de pavimento brasileiro para camada

    asfltica de EME, considerando: faixa de valores de mdulo de resilincia

    (MREME) e fator de reduo de deflexo estrutural3 (K) admissveis para

    projeto de reforo.

    1.6. DESCRIO SUMRIA DOS CAPTULOS ESTRUTURA DO TRABALHO

    Alm deste primeiro captulo que apresentou a relevncia do tema, o enquadramento

    temtico da tese, o objetivo da pesquisa e as etapas programadas para alcan-lo; a

    tese ser dividida por mais cinco captulos apresentados conforme descrio sumria

    a seguir:

    O segundo captulo compreende a apresentao da literatura a respeito do tema,

    incluindo informaes sobre o histrico de aplicaes de Misturas Asflticas de

    Mdulo Elevado (EME) em diversos Pases, suas propriedades, os materiais

    empregados, produo, execuo e ensaios de controle.

    3 O fator de reduo de deflexo K preconizado pelo procedimento de restaurao de pavimentos DNER-PRO 011/79.

  • 16

    apresentada no terceiro captulo a descrio do Trecho Experimental,

    contemplando suas caractersticas geomtricas, climticas e de trfego. A seleo e

    caracterizao dos materiais utilizados para a produo da mistura de EME estudada,

    a dosagem, o comportamento mecnico e ainda a execuo do trecho do Trecho

    Experimental, so tambm abordados neste captulo.

    No quarto captulo, so apresentadas as caractersticas e o funcionamento da

    estrutura constituda de EME como camada de base na estrutura de pavimento, a

    partir do estudo paramtrico desenvolvido nesta tese.

    A anlise dos resultados dos levantamentos deflectomtricos, a partir de todos os

    Estgios em que foram executados apresentada no quinto captulo.

    Finalmente, no sexto captulo, so descritas as principais concluses acerca dos

    estudos realizados que sintetizam as contribuies desta pesquisa, abordando

    tambm as limitaes pertinentes ao trabalho desenvolvido, e sugerindo algumas

    recomendaes para pesquisas futuras com a finalidade de aperfeioar os critrios

    de projeto, a produo da mistura, o controle de campo e a avaliao de

    desempenho do tipo de estrutura proposto na presente tese.

    No conjunto de anexos so apresentados os modelos desenvolvidos e os

    levantamentos executados em campo no Trecho Experimental.

  • 17

    2. MISTURAS ASFLTICAS DE MDULO ELEVADO (EME)

    2.1. INTRODUO

    O desenvolvimento das misturas asflticas de mdulo elevado (EME) se deu como

    consequncia da crise do petrleo ocorrida na dcada de 1970. A crise do petrleo

    estimulou a busca por solues que permitissem a reduo da quantidade de asfalto

    e que mantivesse o mesmo desempenho das misturas tradicionais francesas. A

    produo de ligantes duros (CAP 10/20) tinha como objetivo reduzir a espessura das

    camadas de concreto asfltico por meio do aumento de sua rigidez (elevado mdulo

    de deformabilidade), diminuindo assim a demanda por cimento asfltico (FEE, 2002).

    Neste sentido, iniciou-se a execuo de misturas de EME como camada de base

    sobre sub-bases granulares ou em base e sub-base de pavimentos a fim de garantir

    um melhor desempenho da estrutura.

    Mas foi a partir de 1980, na Frana, que as primeiras experincias com misturas

    asflticas de mdulo elevado (EME) ocorreram, sendo estudada e desenvolvida uma

    nova famlia de misturas asflticas para camadas estruturais de pavimentos

    rodovirios, apresentando um comportamento superior s misturas tradicionalmente

    usadas face aos mecanismos de runa considerados no dimensionamento:

    trincamento por fadiga e deformao permanente (CAPITO, 2003).

    Com dificuldades em empregar solues convencionais de manuteno de estruturas

    em pavimento de rodovias submetidas a trfego elevado e intenso e em vias urbanas

    (com restries altimtricas, em virtude s interferncias de redes de utilidade

    pblica de abastecimento, limitaes de caladas e guias), os franceses propuseram

    a adoo de mistura de EME, como camada de base em reforos com ou sem

    fresagem ou escavao parcial do pavimento antigo, empregando camadas mais

    esbeltas (CAROFF e CORT, 1994; CORT, 2001; BROSSEAUD, 2006).

  • 18

    Aps 1985, verificou-se o uso de misturas asflticas de mdulo elevado (EME) em

    situaes nas quais as misturas betuminosas tradicionais no apresentavam

    comportamento adequado. O CAP duro foi utilizado nas misturas com agregados de

    baixa qualidade a fim de produzir misturas de bom desempenho. Na maioria dos

    casos usaram-se estas misturas em camadas de base associadas a uma camada de

    rolamento delgada sem funes estruturais, proporcionando assim uma reduo na

    espessura total de camadas asflticas (VRHE et al, 1991; CORT 2001). Esta

    reduo, proporcionada pela substituio de uma camada asfltica tradicional por

    outra constituda de EME, permitiu uma considervel economia de materiais e de

    tempo de construo dos pavimentos.

    A partir de 1990, iniciou-se a aplicao de betumes duros, em geral modificados, no

    desenvolvimento de misturas de mdulo elevado destinadas camada de rolamento

    pelo fato de desempenharem um papel estrutural importante quanto resistncia

    formao de trilha de roda. Nesse sentido, questionando-se sobre a necessidade da

    utilizao das duas camadas com funes distintas, uma de base constituda de

    mistura de EME e outra de rolamento, LESAGE (1993) e LESAGE et al (1993)

    apresentaram uma mistura que proporcionasse as duas funes. Esta mistura

    denominada concreto betuminoso de mdulo elevado na Frana de bton bitumineux

    module lev (BBME) e especificada pela norma NF P 98-141 (AFNOR, 1992).

    Segundo DELORME et al (1996), para o desenvolvimento destas novas concepes

    de misturas com ligantes de baixa penetrao, foi necessrio no s um grande

    nmero de ensaios de laboratrio, para a comparao entre o desempenho das

    misturas tradicionais e das novas, mas tambm foram essenciais os testes destas

    misturas no Simulador de Trfego Circular de Nantes, alm da observao de trechos

    experimentais por 10 a 15 anos. Dessa forma, embora iniciado na dcada de 1980,

    s em 1992 foi possvel propor uma primeira especificao francesa para misturas

    asflticas de mdulo elevado (EME).

    Com a finalidade de reduzir os riscos de deformao permanente o uso de misturas

    asflticas de mdulo elevado (EME) tem sido frequentemente acompanhado pelo uso

  • 19

    de misturas asflticas delgadas descontnuas usinadas a quente (Bton Bitumineux

    Trs Mince BBTM) como camada de rolamento com finalidade estritamente

    funcional. O uso conjunto dessas solues, camada de rolamento delgada e mistura

    de EME, tem mostrado as seguintes vantagens:

    baixa porcentagem de vazios e alta rigidez das misturas de mdulo elevado

    que fornece proteo para a camada subjacente quanto fadiga e

    deformao permanente;

    alta textura superficial do BBTM devido a sua granulometria descontnua que

    proporciona elevada resistncia derrapagem.

    As misturas de mdulo elevado foram normalizadas em outubro de 1992 pela AFNOR

    com a denominao NF P 98-140 e em 1993 com a denominao NF P 98-141 para

    as misturas do tipo EME e BBME respectivamente (CORT, 2001).

    As misturas BBME eram utilizadas em menor escala em comparao com as misturas

    EME at a dcada de 1993 (MARSOT, 1993). Existem algumas experincias com esse

    tipo de mistura, como podem ser citados os trabalhos de GLITA et al (2000) e

    JAMOIS et al (2002). Tambm na Frana (KOBISH et al, 1997; JAMOIS et al, 2000),

    foram estudadas misturas ainda mais rgidas que as EME, denominadas misturas

    asflticas de mdulo muito elevado (EMTE), utilizadas como camada de base e

    constitudas de CAP mais consistentes, com penetraes a 25C inferiores a 10 x 10-1

    mm.

    Tanto as misturas de BBME quanto as de EMTE no fazem parte de objeto de estudo

    deste trabalho.

    Aps os estudos desenvolvidos para a avaliao do comportamento mecnico em

    laboratrio, aplicao e desempenho em campo das misturas asflticas de mdulo

    elevado (EME) na Frana, outros Pases tambm realizaram pesquisas com esta

    tecnologia a fim de comprovarem as vantagens da tecnologia francesa nas condies

  • 20

    construtivas e de solicitao locais. No item 2.3 deste captulo, sero apresentadas

    de forma sucinta algumas dessas experincias.

    2.2. CARACTERSTICAS DAS MISTURAS DE MDULO ELEVADO (EME)

    As misturas asflticas de mdulo elevado (EME) utilizadas na Frana so empregadas

    em pavimentos asflticos de estrutura plena (do tipo full depth) ou estruturas mistas.

    So tambm muito utilizadas na execuo de restaurao de pavimentos, ou seja,

    com a presena de um substrato remanescente que, portanto, sofreu aes do

    trfego ao longo de sua vida de servio.

    A adoo desta tcnica pode ainda resultar em reduo da espessura final do

    pavimento de 25%, resultando em economia de agregados e ligante asfltico

    (SETRA, 1998 e RGRA, 2005).

    Essas misturas so caracterizadas pelo uso de ligantes duros, granulometria contnua

    e apresentam faixa de valores de mdulos de resilincia bem superiores aos

    encontrados nas misturas convencionais. So misturas densas, de granulometria

    contnua (30% a 35% passante na peneira de 2mm e 7% a 8% de fler) e possuindo

    em sua formulao agregados com dimetro mximo de 10mm, 14mm ou 20mm.,

    sendo aplicado em camadas variando de 60 a 150 mm de espessura. Possuem alto

    teor de asfalto em torno de 6% (razo entre o peso do asfalto e o peso do

    agregado), maior quando comparado ao concreto asfltico comumente utilizado. Na

    Frana, o mais usual EME 0/14.

    Quanto s caractersticas de deformabilidade das misturas asflticas de mdulo

    elevado, o uso de um asfalto duro como ligante aumenta a rigidez da mistura

    asfltica (CORT, 2001). Portanto, a dureza do CAP empregado confere elevado

    mdulo de deformabilidade mistura asfltica permitindo, com igual espessura,

    reduzir os esforos transmitidos ao subleito. Alm disso, o alto do teor de asfalto

    possibilita o aumento da compacidade da mistura e da sua resistncia fadiga.

  • 21

    As misturas de mdulo elevado esto divididas em dois tipos de acordo com sua

    aplicao seja para camada de ligao (binder) ou camada de base (enrob

    module lev EME ) ou camada de rolamento (bton bitumineux module lev

    BBME ). As normas NF P 98-140, estabelecida para EME e NF P 98-141, estabelecida

    para BBME so frutos de mais de 10 anos de aplicao em obras e acompanhamento

    do desempenho de trechos experimentais e anlises laboratoriais.

    A mistura de EME divida em duas classes: EME 1 introduzida somente em 1988,

    devido ao reduzido teor de asfalto, prximos das camadas de base tradicionais

    francesas denominadas grave-bitume (GB), apresenta baixa durabilidade e

    resistncia fadiga, sendo usada preferencialmente em camadas sujeitas

    compresso; e o EME 2 correspondente a primeira gerao deste material, com

    maior teor de ligante e apresentando maior durabilidade e resistncia a fadiga

    (CORT, 2001).

    A mistura de mdulo elevado conhecida como EME 2, associada a uma camada de

    rolamento em concreto asfltico delgado (20 a 30 mm) constitui uma das tcnicas de

    manuteno mais frequentes para os pavimentos de trfego pesado e intenso alm

    da elevada resistncia a formao de afundamento de trilhas de roda e boa

    manuteno da macrotextura (aderncia e rugosidade). Para conciliar duas

    propriedades como a rigidez elevada (mdulo rigidez a 15C 10Hz maior que

    14.000 MPa) e a resistncia elevada fadiga (6 130 def, EME2) necessrio,

    alm de outras caractersticas4, usar um asfalto duro (baixa penetrao, a 25C,

    entre 10 e 20x10-1mm e temperatura de ponto de amolecimento anel e bola

    55C). Essa consistncia elevada permite uma dosagem relativamente alta em

    ligante (em torno de 6%, para o EME2), sem que a resistncia afundamento de

    trilhas de roda seja afetada, mesmo o material apresentando uma baixa

    porcentagem de vazios, variando de 3 a 6% para o EME 2 (BROSSEUAD, 2002).

    4 As demais caractersticas do CAP duro bem como da mistura asfltica de mdulo elevado (EME) sero apresentadas na Tabela 2.2 desta tese.

  • 22

    Segundo BROUSSEAUD (2002), nas normas francesas no existem faixas

    granulomtricas a serem seguidas. Todo o projeto de dosagem da mistura baseado

    no produto final a ser alcanado ou no desempenho requerido da mistura,

    confirmado pelos ensaios mecnicos.

    H, entretanto, nas normas portuguesas indicao da faixa granulomtrica que a

    mistura de EME 0/205 deve se enquadrar (JAE, 1998 e BRANCO et. al., 2006).

    Tabela 2.1 - Faixas Granulomtricas para a mistura de mdulo elevado adotadas em

    camada de base em Portugal

    (JAE, 1998 e BRANCO et al, 2006)

    Abertura das malhas

    das peneiras ASTM % passante

    (mm) n Limite

    superior Limite inferior

    25 1" 100 100

    19 3/4" 100 90

    12,5 1/2" 90 70

    9,5 3/8" 80 60

    4,75 n 4 62 44

    2,36 n 8 44 30

    0,85 n 20 30 16

    0,425 n 40 21 10

    0,18 n 80 14 7

    0,075 n 200 10 6

    Quanto aos ligantes, embora as normas francesas no faam restries s suas

    caractersticas, que tanto pode ser um ligante puro, modificado com polmeros ou

    com aditivos (fibras), a dosagem mnima em asfalto fixada por meio do mdulo de

    riqueza que representa uma espessura mnima de filme de asfalto sobre o agregado

    (BROSSEAUD, 2002).

    A partir da escolha de uma determinada curva granulomtrica, define-se o teor de

    ligante em funo da superfcie especfica e do tipo de mistura a partir do mdulo de

    riqueza k, conforme a equao 2.1:

    5 BRANCO et. al. (2006) citam que, em Portugal, as misturas asflticas de mdulo elevado (EME) utilizadas na execuo de camadas de base de granulometria 0/20, como nas misturas convencionais.

  • 23

    5 kligantedeTeor (2.1)

    Na equao 2.1,

    k o mdulo de riqueza;

    o coeficiente de correo em funo da densidade do agregado, segundo a

    equao 2.2;

    efD

    65,2 (2.2)

    Na equao 2.2,

    Def a densidade efetiva da mistura de agregados;

    a superfcie especfica calculada, segundo a equao 2.3;

    fsSG 135123,225,0 (2.3)

    Na equao 2.3,

    G a porcentagem de agregados com dimetro superior a 6,3 mm;

    S a porcentag em de agregados com dimetro entre 6,3 e 0,315 mm;

    s a porcentagem de agregados com dimetro entre 0,315 e 0,075 mm;

    f a porcentagem de agregados com dimetro inferior a 0,075 mm.

    A partir da determinao do teor mnimo de ligante, espera-se que haja o

    recobrimento total dos agregados e consequentemente maior durabilidade da

    mistura.

    Segundo SERFASS et. al. (1997) as misturas de mdulo elevado podem ser dividas

    em duas categorias quanto ao mdulo de riqueza k:

  • 24

    misturas ricas: que tm mdulo de riqueza maior que 3,2; apresentando teor

    de ligante entre 5,5% e 6,2% com excelente desempenho mecnico em

    termos de rigidez, deformao permanente e vida de fadiga comprovada pelo

    monitoramento de vrios trechos, desde 1992. Essas misturas apresentam

    maior aptido compactao, menor porcentagem de vazios, maior

    resistncia gua (ensaio Duriez), maior resistncia fadiga e pequena

    diferena na resistncia deformao permanente em relao s misturas

    pobres ou fracas;

    misturas pobres ou fracas: com mdulo de riqueza entre 2,5 e 3,2;

    apresentando teor de ligante entre 4,0% e 5,4%, foram extensivamente

    desenvolvidas com propsitos essencialmente econmicos.

    A Tabela 2.2, adaptada de ECS (2006), e a Tabela 2.3, adaptada de AFNOR (1999)

    CORT e SERFASS (2000) e CORT (2001), apresentam as especificaes com os

    desempenhos mecnicos mnimos e parmetros exigidos para o ligante duro e para

    as misturas de alto mdulo utilizadas na Europa.

    Tabela 2.2 Caractersticas dos ligantes duros (CAP 10-20 e CAP 15-25) adaptada de ECS (2006)

    Parmetro Ligante duro

    CAP 10-20 CAP 15-25

    Penetrao a 25C, 5s, 100 g (10-1 mm) 10-20 15-25

    Temperatura de ponto de amolecimento

    anel e bola 60-76C 55-71C

    Variao de massa, aps RTFOT, mxima

    0,5% 0,5%

    Penetrao retida, aps RTFOT, mnima 55% 55%

    Aumento da temperatura de amolecimento aps RTFOT, mximo

    10C 10C

    ndice de penetrao antes do ensaio

    (no ligante original) -1,5 a +0,7 -1,5 a +0,7

    Viscosidade cinemtica a 135C, mnima 700 mm2/s 600 mm2/s

    Temperatura de inflao, mnima 245 C 245 C

    Solubilidade, mxima 99% 99%

  • 25

    Tabela 2.3 - Especificaes para misturas de elevado mdulo (EME 1 e EME 2) adaptada de AFNOR (1999) CORT e SERFASS (2000) e CORT (2001)

    Parmetro EME 1 EME 2

    Granulometria contnua contnua

    Mdulo de riqueza (k) 2,5 3,3 3,4

    Dimetro mximo 0/10 60 a 100 mm 0/10 60 a 100 mm

    dos agregados (0/D) e 0/14 70 a 120 mm 0/14 70 a 120 mm

    espessura das camadas 0/20 100 a 150 mm 0/20 100 a 150 mm

    % Ligante, para 0/10 4,0 5,0 5,2 6,2

    % Ligante, para 0/14 3,8 4,8 5,0 6,0

    % Ligante, para 0/20 3,6 4,6 4,9 5,8

    Nvel de compactao (%) 94 - 98 94 - 98

    Ensaio Duriez

    (18C) NF P 98-251-1 0,70 0,70

    Deformao Permanente

    (60C, 30.000 ciclos)

    NF P 98-253-1

    7,5%

    (vazios entre 7 e 10%)

    7,5%

    (vazios entre 3 e 6%)

    Mdulo Rigidez

    (15C, 10 Hz) MPa

    NF P 98-280-2

    14.000

    (vazios entre 7 e 10%)

    14.000

    (vazios entre 3 e 6%)

    Trao Direta

    MPa NF P 98-260-1

    14.000

    (vazios entre 7 e 10%)

    14.000

    (vazios entre 3 e 6%)

    Ensaio de Fadiga 6 (10-6)

    (15C, 25 Hz), em 1 milho de

    ciclos NF P 98-260-1

    100 def

    (vazios entre 7 e 10%)

    130 def

    (vazios entre 3 e 6%)

    PCG Volume de vazios (%) 10 6

    Alm da realizao de ensaios laboratoriais, que tem por finalidade simular as

    condies de servio dos materiais de pavimentao, a caracterizao do

    comportamento de pavimentos com EME foi feita tambm por meio da construo e

    monitoramento de pistas experimentais. Outro procedimento habitual monitorar

    trechos executados em estradas da rede viria. Em ambos os casos, o objetivo

    fundamental caracterizar melhor o desempenho em servio dos materiais. No item

    a seguir sero apresentadas de forma sucinta algumas dessas experincias.

  • 26

    2.3. EXPERINCIAS ANTERIORES COM PAVIMENTOS CONSTITUDOS COM

    MISTURAS ASFLTICAS DE MDULO ELEVADO (EME)

    Algumas experincias foram desenvolvidas com a execuo de estruturas de

    pavimentos e submetendo-as a carregamentos simulados, outras com trecho de

    pavimento executado em vias submetidas a trfego real. Em ambos os casos, sendo

    avaliado o seu comportamento mecnico. Outras ainda foram desenvolvidas

    estritamente com simulao de trfego laboratorial a fim de conhecer o

    comportamento mecnico da mistura de EME em comparao com misturas

    asflticas convencionais.

    Apresentam-se a seguir algumas pesquisas que relatam as experincias na utilizao

    de EME na Frana e em alguns outros Pases, inclusive no Brasil.

    2.3.1. Experincias Francesas

    VIVIER e DEGUINES (1986)

    Tem-se como referncia em diversos outros estudos sobre misturas asflticas de

    mdulo elevado a pesquisa de VIVIER e DEGUINES (1986).

    Segundo essa pesquisa, o projeto previa originalmente um pavimento constitudo por

    270 mm de camadas asflticas. A falta de material ptreo de boa qualidade na regio

    e a abundncia de agregados aluvionares6 foram determinantes para a adoo de

    EME. Assim, as camadas estruturais foram realizadas com misturas asflticas de

    mdulo elevado proporcionando uma reduo significativa nos custos da obra em

    decorrncia da diminuio da espessura das camadas do pavimento e, por haver

    grande quantidade de seixo na regio, proporcionando reduo no custo transporte

    do material e na sua produo.

    6 Agregados aluvionares so materiais ptreos (seixos) transportados por guas correntes e, por conseqncia, submetidos eroso pluvial, sendo muitas vezes de forma arredondada.

  • 27

    LAUTIER et al (1991)

    LAUTIER et al (1991) apresentam em seu trabalho a execuo de um trecho

    constitudo de EME na RD 570, em Bouches-du-Rhne. O projeto em sua concepo

    original previa a construo de uma camada de 700 mm de material britado assente

    em geotxtil nos trechos de pavimento novo, e de 200 a 300 mm se colocada sobre

    o pavimento existente; uma camada asfltica de 240 mm alm de uma camada de

    rolamento em concreto asfltico com 60 mm de espessura.

    A alternativa proposta manteve as camadas granulares, alterando apenas as

    camadas asflticas para: 25 mm de rolamento; 120 mm de concreto betuminoso e

    90 mm de EME. Tal alterao resultou em uma reduo na espessura total das

    camadas asflticas superior a 20%, que apresentou um bom comportamento em

    servio.

    CORT et al (1994)

    CORT et al (1994) estudaram a deformao permanente de camadas de rolamento

    por meio do simulador de trfego circular do LCPC (Laboratoire Central des Ponts et

    Chausses) e ensaios de laboratrio (simulador LPC e ensaios de creep esttico e

    dinmico). Nesta pesquisa, foram estudadas misturas com 4 tipos diferentes de

    ligantes, sendo 3 com mesma classe de penetrao 50/70: um convencional, outro

    modificado por SBS e o Shell Multigrade (de baixa sensibilidade trmica); e um

    ligante duro com penetrao 10/20.

    As estruturas analisadas apresentaram as mesmas espessuras e caractersticas para

    todas as camadas, exceto a composta pelo ligante duro, que alm de 80 mm de

    mistura como as demais, apresentava tambm um revestimento de 25 mm de

    camada asfltica constituda de ligante modificado por SBS. Aps 202.000 ciclos de

    carregamento no simulador circular, as maiores deformaes encontradas,

    superiores a 12 mm, ocorreram nas misturas com o ligante convencional 50/70, no

  • 28

    modificado por SBS e no Shell Multigrade variaram de 5 e 7mm e enquanto que as

    menores, de 3 a 5 mm, ocorreram com o ligante duro.

    SETRA (1997)

    Segundo a SETRA (1997), foi desenvolvida na Frana uma avaliao de desempenho

    de 47 trechos de pavimentos construdos no incio dos anos oitenta com idades de 2

    a 14 anos. Nesta pesquisa as misturas asflticas de mdulo elevado (EME)

    demonstraram-se bem sucedidas. Os trechos foram implantados em rodovias

    francesas, do tipo autoestradas e vias urbanas expressas, compreendendo diversas

    faixas de volumes trfego com idades distintas. As extenses dos trechos

    experimentais variaram entre menor que 1 km (21 trechos), entre 1 e 5 km (19

    trechos) e maior que 5 km (7 trechos).

    Os trechos estudados foram distribudos entre trechos novos e restaurados, sendo a

    maioria (36 trechos) executada com uma camada de rolamento do tipo concreto

    betuminoso delgado ou muito delgado (BBM ou BBTM). Este estudo conclui que os

    trechos com idade entre 2 e 6 anos no apresentaram degradao nem fissuras

    incipientes; os trechos com idade entre 6 e 10 anos apresentaram certa

    porcentagem de fissuras, porm de baixa a moderada severidade; e, os trechos com

    mais de 10 anos apresentaram uma tendncia similar sem, no entanto, requererem

    intervenes de restaurao significativas. Nenhum dos trechos deste estudo

    apresentou necessidade de reconstruo.

    PARIZ et al (1998)

    PARIZ et al (1998) descrevem o estudo que permitiu o emprego de misturas de

    mdulo elevado em aeroportos franceses, com a introduo do coeficiente de

    equivalncia estrutural (CE) deste material em relao aos tradicionais. Esta

    pesquisa teve como motivao o mtodo de dimensionamento de pavimentos de

    aeroportos usado pelos franceses para aeroportos que, naquela poca, baseava-se

  • 29

    no mtodo do CBR, que tem como princpio calcular uma estrutura equivalente total

    em termos de camada granular.

    Para dividir a espessura total do pavimento em camadas de materiais diferentes,

    segundo o mtodo do CBR, preciso trabalhar com o conceito de coeficiente de

    equivalncia estrutural. Os coeficientes de equivalncia estrutural comumente

    utilizados naquela poca na Frana, para os materiais novos de uso em aeroportos

    so apresentados na Tabela 2.4.

    Tabela 2.4 Coeficientes estruturais de camadas novas, adotadas na Frana para

    dimensionamento de pavimentos de

    aeroportos (PARIZ et al, 1998)

    Material Coeficiente

    estrutural (CE)

    Concreto Betuminoso Usinado

    a Quente (CBUQ) 2,00

    Agregado Betume (Grave

    Bitume - GR) 1,50

    Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC)

    1,50

    Agregado Emulso (AE) 1,20

    Brita Graduada Simples (BGS) 1,00

    Areia Tratada com Cimento (ATC)

    0,75

    Bica Corrida (BC) 0,50

    Na determinao de cada coeficiente de equivalncia estrutural para o BBME e para

    o EME, foram executados trechos experimentais com estes materiais e com os

    convencionais. Estes trechos foram solicitados por carregamentos em servio

    variando de 18tf a 24tf. Com estes experimentos foram obtidos os coeficientes de

    equivalncia mostrados na Tabela 2.5. Tais valores foram verificados por meio do

    programa computacional ALIZ.

  • 30

    Tabela 2.5 Coeficientes estruturais das misturas BBME e EME, determinados para dimensionamento de pavimentos

    de aeroportos na Frana (PARIZ et al, 1998)

    Material Coeficiente de

    equivalncia (CE) Tipo de camada

    Concreto Asfltico de

    Mdulo Elevado (BBME) classe 1

    (NF 98-141)

    2,50 rolamento

    Mistura Asfltica de Mdulo Elevado

    (EME) classe 2 (NF P 98-140)

    1,90 base

    2.3.2. Experincias Espanholas

    ROCHA (1992)

    Na Espanha, o interesse por materiais de alto desempenho surgiu no final dos anos

    1980. ROCHA (1992) apresenta a experincia realizada na Espanha, onde foram

    executados trechos experimentais a fim de estudar uma estrutura alternativa com

    mistura asfltica de mdulo elevado e investigar seu comportamento em servio. Foi

    executada parte destes trechos com misturas asflticas convencionais cujas

    espessuras foram definidas no projeto original e outra construda com EME e

    sofrendo redues de espessura variando cerca de 0 a 40%.

    Os resultados de trs levantamentos deflectomtricos nos trechos experimentais

    mostraram aceitveis redues de espessura em at 25% em relao s misturas

    convencionais. Obtiveram-se deflexes mais elevadas nos trechos realizados com

    EME nos casos onde a reduo de espessura foi superior a 30%.

    VAL MELS (1996)

    VAL MELS (1996) apresenta os resultados de um estudo desenvolvido sobre

    camadas de base constitudas de misturas asflticas de mdulo elevado entre 1991 e

    1993 na Universidade Politcnica de Madri, com a finalidade de adaptar o uso destes

    materiais realidade espanhola. Nesta pesquisa, foram dosadas misturas segundo o

  • 31

    mtodo Marshall utilizando quatro tipos de ligante asfltico com penetraes a 25C

    variando entre 21 e 29 10-1 mm.

    Ainda descrito pelo autor que, a partir de 1992, foram executados na Espanha

    alguns trechos experimentais empregando camadas de base de misturas asflticas

    de mdulo elevado (EME), tanto em pavimentos novos quanto em reforo de

    pavimentos antigos em rodovias com baixo volume de trfego (< 300 veculos

    pesados, por dia, por faixa).

    De acordo com a experincia espanhola, VAL MELS (1996) indica valores de 175 a

    185C no final da operao da mistura. Durante a compactao a temperatura

    mnima deve variar entre 140C e 150C. A compactao combina normalmente

    rolos vibratrios e de pneus e pode ser mais simples devido ao alto teor de ligante

    proporcionar um efeito lubrificante. Em geral, as espessuras das camadas de mistura

    de mdulo elevado variam entre 80 e 160 mm, sendo aconselhvel executar em

    duas camadas quando exceder 130 mm.

    2.3.3. Experincia Sua

    PERRET et al (2004)

    Na Sua, anteriormente introduo das misturas asflticas de mdulo elevado nas

    especificaes para pavimentao, um projeto experimental foi desenvolvido com a

    construo de trs trechos experimentais solicitados por um simulador de trfego a

    fim de avaliar o comportamento dos materiais sob diferentes carregamentos e

    temperaturas (PERRET et al, 2004).

    Dois trechos incluram em sua estrutura EME classe 1 e 2 nas camadas de base,

    seguindo as especificaes francesas. O terceiro trecho, de referncia, foi executado

    com base asfltica seguindo as recomendaes locais. Os trs trechos avaliados

    foram projetados para apresentar resistncias fadiga equivalentes.

  • 32

    A partir da avaliao do desempenho das estruturas para diferentes tipos de

    carregamento em diferentes temperaturas, concluiu-se que a mistura do tipo EME

    classe 1 avaliada no proporcionou reduo significativa na espessura das camadas

    de base de pavimentos, enquanto que a mistura EME classe 2 permitiu reduo de

    30% em relao mistura convencional.

    2.3.4. Experincias Portuguesas

    PAUL e SOUZA (1999)

    PAUL e SOUZA (1999) apresentam os resultados de um experimento com uma

    mistura asfltica de mdulo elevado projetada para a recuperao de uma rodovia

    portuguesa denominada EN-106 com um trfego mdio dirio estimado em 2.000

    veculos comerciais. O pavimento original tem uma estrutura constituda por 180 mm

    de camada asfltica e 120 mm de macadame hidrulico assente sobre solos com CBR

    da ordem de 12%.

    Nesta pesquisa, a soluo para recuperao previa a fresagem de 160 mm e

    recomposio com uma mistura de mdulo elevado e posterior recapeamento com

    uma camada de desgaste convencional com 60 mm de espessura.

    A dosagem volumtrica da mistura foi efetuada a partir do mtodo Marshall tomando

    como referncia alguns parmetros de dosagem para a mistura EME 2 (0/20), tais

    como: mdulo de riqueza maior que 3,4 e vazios menor que 6%.

    O teor de projeto adotado foi de 5,5%. Os resultados de mdulo de resilincia e de

    fadiga foram obtidos por meio de ensaio de dois cutelos. Este ensaio foi realizado

    deformao controlada com temperatura de ensaio de 23C e uma frequncia de

    10 Hz que, segundo os autores, corresponde a uma velocidade estimada de 60 km/h

    dos veculos comerciais.

  • 33

    Como resultados obtiveram-se que, para o teor de 4,5% de ligante, o mdulo de

    resilincia foi de 19.532 MPa; para 5,0%, foi de 17.405 MPa e; para 5,5%, foi de

    16.811 MPa. As curvas de fadiga apresentam valores de deformaes inferiores aos

    admissveis, comprovando o bom desempenho.

    CAPITO (2003)

    A pesquisa desenvolvida por CAPITO (2003) teve como objetivo avaliar e modelar o

    comportamento mecnico de misturas asflticas de mdulo elevado a partir de

    ensaios capazes de representar as condies climticas portuguesas. O estudo

    buscou ainda apresentar indicadores de desempenho a fim de permitir o

    desenvolvimento de especificaes tcnicas locais para misturas asflticas de mdulo

    elevado.

    Na pesquisa, foi executado um trecho experimental de restaurao com 16 km de

    extenso na rodovia EM-14, constitudo de camada estrutural de mistura asfltica de

    mdulo elevado de 160 mm de espessura. A partir da avaliao de caractersticas

    volumtricas e de propriedades mecnicas, foram definidas duas misturas de

    agregados diferentes: uma com 2% de fler calcrio (mistura A) e outra com 5% de

    fler calcrio (mistura B), cada uma delas fabricada com trs teores diferentes de

    ligante (4,8; 5,3 e 5,8%).

    Foram executados trechos experimentais aplicando dois nveis de compactao

    diferentes para cada uma das seis composies estudadas: N1 e N2,

    correspondentes a 30 passagens (20 com rolo de pneus e 10 com rolo de chapa) e

    22 passagens (16 com rolo de pneus e 6 com rolo de chapa) do equipamento

    compactador, respectivamente.

    Aps a construo dos trechos experimentais, foram recolhidos corpos-de-prova

    cilndricos e retangulares, de cada uma das doze composies volumtricas em

    anlise, para a realizao de estudo laboratorial das caractersticas de

    deformabilidade e da resistncia fadiga das misturas.

  • 34

    Foram realizados ensaios de flexo de cargas repetidas em corpos-de-prova

    prismticos, ensaios em simulador de trfego do tipo LCPC e ensaios de compresso

    uniaxial de cargas repetidas em corpos-de-prova cilndricos. Alm das amostras

    extradas dos trechos experimentais, foram tambm ensaiadas amostras moldadas

    em laboratrio.

    A partir dos resultados obtidos, foram propostos modelos de previso para as

    caractersticas de deformabilidade das misturas asflticas de mdulo elevado EME,

    em funo das condies de solicitao, e dos parmetros de composio das

    misturas. Em relao resistncia fadiga e deformao permanente, chegou-se a

    um conjunto de modelos que permite estimar alguns indicadores de comportamento,

    para situaes de solicitao previsveis no territrio portugus. Estes parmetros

    podem ser adotados para estabelecer critrios de dosagem e elaborar especificaes

    tcnicas relativas s misturas asflticas de mdulo elevado (EME).

    2.3.5. Experincia Polonesa

    BROSSEAUD et al (2003)

    Na Polnia, um estudo em conjunto entre o Laboratrio de Estradas de Poznan e o

    LCPC avaliou a possibilidade de empregar a soluo de restaurao constituda de

    BBTM como camada de rolamento, sobre uma camada de EME (BROSSEAUD et al,

    2003)

    Durante os ensaios laboratoriais, foi avaliada uma mistura EME empregando um

    ligante com penetrao a 25C de 25 10-1 mm e ponto de amolecimento anel e

    bola de 58C. A dosagem Marshall resultou em uma mistura com 5,3% de ligante e

    volume de vazios de 3,7%; a estabilidade e a fluncia medidas a 60C foram de

    14kN e 4 mm, respectivamente. De posse da mistura projetada, foi executado um

    trecho experimental composto por 120 mm de EME e 30 mm de BBTM.

  • 35

    Os autores concluram que estruturas de pavimento constitudas de camadas

    asflticas com EME e BBTM como camada de rolamento pode resultar na

    modernizao dos projetos de pavimentos novos e de reforos estruturais,

    proporcionando maior segurana e conforto aos usurios das rodovias.

    2.3.6. Experincia Italiana

    MONTEPARA e TEBALDI (1999)

    MONTEPARA e TEBALDI (1999) apresentam os resultados de uma pesquisa que

    avaliou o desempenho de misturas asflticas de mdulo elevado (EME) para

    aplicao em rodovias italianas em substituio s camadas de base cimentada.

    Foram preparadas quatro misturas moldadas com o compactador Marshall e com o

    compactador giratrio, variando-se o teor de polmero SBS, sendo que nenhum dos

    ligantes adotados na pesquisa apresentou penetrao dentro dos parmetros

    estabelecidos nas normas francesas para elaborao de misturas asflticas de

    mdulo elevado. Os valores de penetrao variaram de 34 a 57x10-1mm,

    temperatura anel e bola de 75,4 a 82,6C e com viscosidade a 60C de 1730 a 825

    Pa.s. Os teores de betume foram da faixa de 4,1 e 4,8%.

    As misturas foram executadas em trechos experimentais na pista sul da Autostrada

    del Brennero A22, com um trfego mdio dirio correspondente 21.374 veculos

    comerciais, no ano de 1997. A estrutura executada foi de 50 mm de camada asfltica

    de rolamento, 50 mm de camada asfltica convencional, 180 mm de base com

    mistura asfltica de mdulo elevado e uma manta de geotxtil sobre uma sub-base

    de agregado bem graduado com 350 mm.

    As misturas preparadas com o compactador giratrio apresentaram caractersticas

    mecnicas muito semelhantes das amostras extradas do trecho experimental,

    diferentemente daquelas preparadas com o compactador Marshall.

  • 36

    Os autores concluram que as misturas asflticas de EME ensaiadas apresentaram

    uma resistncia fadiga trs vezes maior do que as misturas convencionais por eles

    utilizadas.

    2.3.7. Experincias Brasileiras

    At ento, no Brasil, foram desenvolvidas as seguintes pesquisas envolvendo

    misturas asflticas de mdulo elevado (EME):

    MAGALHES (2004) dissertao de mestrado desenvolvida na COPPE, Rio

    de Janeiro;

    FREITAS (2007) dissertao de mestrado desenvolvida na COPPE, Rio de

    Janeiro;

    ROHDE (2007) tese de doutorado desenvolvida na UFRGS, Rio Grande do

    Sul;

    QUINTERO (2011) dissertao de mestrado desenvolvida na UFSC, Santa

    Catarina, e,

    MOTTA et al (2011) pesquisa em desenvolvimento na COPPE, Rio de

    Janeiro.

    MAGALHES (2004)

    MAGALHES (2004) comparou duas misturas asflticas de mdulo elevado com

    ligante modificado por EVA (AMP EVA) e um resduo asfltico de petrleo (RASF) e

    uma mistura com CAP 20, preparadas com agregado de natureza mineral grantica.

    As misturas preparadas com ligantes especiais apresentaram mdulo de resilincia

    at trs vezes maiores que a mistura convencional. A Tabela 2.6 apresenta os

    valores de mdulo de resilincia (MR), resistncia trao (RT) e da relao MR/RT.

    Tabela 2.6 - Caractersticas mecnicas das misturas estudadas por MAGALHES (2004)

    Mistura MR 25C (MPa) RT 25C (MPa) MR / RT

    CAP 20 6603 1,58 4183

    AMP EVA 10982 2,25 4874

    RASF 16341 3,50 4676

  • 37

    O autor destaca ainda que as misturas asflticas de mdulo elevado preparadas com

    ligantes especiais apresentaram excelente comportamento deformao

    permanente, com afundamentos na trilha de roda em simulador do tipo LCPC entre 3

    e 4,5%. Com base em curvas de fadiga e em anlises paramtricas, o autor conclui

    que a mistura preparada com RASF apresentou desempenho superior quando

    comparado com a mistura de AMP EVA, com relao vida de fadiga para um N

    maior que 108.

    A partir de uma anlise mecanstica, MAGALHES (2004) concluiu que as misturas

    asflticas de mdulo elevado atendem aos valores crticos de diferena de tenses

    quando aplicadas como camada de ligao apoiadas sobre camadas cimentadas com

    espessuras em torno de 100 a 120 mm, devido a reduo das tenses de trao na

    fibra inferior das misturas asflticas de mdulo elevado proporcionada pela camada

    cimentada. Sobre camadas granulares de menor rigidez, por exemplo brita graduada,

    a espessura mnima de mistura asfltica de mdulo elevado sugerida pelo autor

    150 mm.

    FREITAS (2007)

    FREITAS (2007) estudou a possibilidade do uso de uma escria de aciaria como

    agregado em misturas asflticas de mdulo elevado. A autora empregou uma nica

    curva granulomtrica, constituda por 97% de escria e 3% de cal, e trs tipos de

    ligantes (CAP 30/45, Resduo de Vcuo e CAP 30/45 com 4% de SASOBIT) para as

    misturas em estudo. Foram dosadas misturas de referncia com a mesma

    granulometria sem uso de escria FREITAS e MOTTA (2008). Todas as misturas

    foram caracterizadas mecanicamente por meio de ensaios de mdulo de resilincia,

    resistncia trao esttica por compresso diametral, fadiga por compresso

    diametral tenso controlada e compresso axial esttica (creep esttico). A Tabela

    2.7 apresenta o MR e a RT obtidos pela pesquisadora para as misturas com escria e

    teor de ligante de projeto de 7% e com agregado convencional e 5% de ligante.

  • 38

    Tabela 2.7 - MR e RT das misturas estudadas por FREITAS (2007)

    Ligante asfltico Escria Convencional

    MR (MPa) RT (MPa) MR (MPa) RT (MPa)

    Resduo de vcuo 8062 1,76 7121 1,62

    CAP 30/45 + SASOBIT 9173 1,79 9080 1,89

    CAP 30/45 8608 1,92 7082 1,68

    A partir de resultados de estudos mecansticos utilizando o programa computacional

    FEPAVE2, a autora concluiu que a utilizao de misturas asflticas de mdulo

    elevado (EME) formuladas com escria de aciaria e CAP 30/45 + 4% de SASOBIT

    pode resultar em pavimentos com espessuras de camadas mais esbeltas. O

    desempenho mecnico das misturas com escria foi superior ao das misturas

    produzidas com agregado convencional, embora com teor ligeiramente maior de

    ligante.

    ROHDE (2007)

    Com o objetivo caracterizar misturas asflticas de mdulo elevado, ROHDE (2007)

    desenvolveu sua tese empregando procedimentos laboratoriais e testes acelerados

    por meio da utilizao do simulador de trfego da UFRGS.

    No estudo laboratorial foram desenvolvidas misturas de mdulo elevado empregando

    os ligantes RASF, AMP EVA e tambm foi utilizado um CAP 30/45 modificado por

    1,2% de cido polifosfrico (PPA 30/45) no projeto de misturas asflticas de mdulo

    elevado. Alm destes ligantes, como referncia, foi utilizado o CAP 50/70 puro.

    Outra etapa foi dedicada ao projeto, execuo e monitoramento de uma seo

    experimental com mistura asfltica de mdulo elevado submetida ao trfego imposto

    pelo simulador linear UFRGS-DAER/RS.

  • 39

    Pelo fato de, naquela ocasio7, no serem produzidos em escala comercial ligantes

    asflticos com as caractersticas necessrias para a formulao de EME (penetrao,

    a 25C, entre 10 e 20x10-1 mm e temperatura de ponto de amolecimento anel e bola

    entre 60 e 85C), esta pesquisa analisou materiais alternativos para garantir o

    desempenho esperado. No desenvolvimento do projeto da mistura asfltica para a

    execuo da pista experimental foram analisadas as seguintes possibilidades,

    considerando-se o emprego de materiais em disponibilidade no Estado do Rio Grande

    do Sul:

    Um CAP 50/70 modificado por 2% de cido polifosfrico, modificado no

    Laboratrio de Pavimentao da UFRGS, denominado PPA 50/70;

    Um ligante asfltico modificado em escala laboratorial por asfaltita fornecido

    pela Petrobras Distribuidora S. A., denominado CAPPLUS 106B; e,

    Um resduo asfltico proveniente do beneficiamento do petrleo em torre de

    vcuo, produzido na Refinaria Alberto Pasqualini, localizada na regio

    metropolitana de Porto Alegre (Canoas/RS).

    Para a dosagem da mistura asfltica empregando o ligante modificado por cido

    polifosfrico (PPA 50/70) a composio granulomtrica foi avaliada, buscando

    minimizar a utilizao de areia e cal hidratada. Foi constatada na pesquisa que,

    tendo em vista o desempenho esperado para misturas asflticas de mdulo elevado,

    a presena de cal hidratada resultou na reduo do efeito modificador proporcionado

    pelo cido polifosfrico, revelando valores de mdulo de resilincia (MR) abaixo dos

    preconizados na literatura internacional (MR > 10.000 MPa). Portanto, foi possvel

    concluir que a utilizao de ligante modificado por este tipo de aditivo no

    adequada em misturas asflticas contendo cal hidratada em sua composio. Neste

    sentido, as misturas modificadas com ligante PPA 50/70 no foram satisfatrias e,

    portanto, descartada sua utilizao na execuo da pista experimental.

    7 At o momento, a produo do ligante consistente (ou com modificao para proporcionar seu endurecimento) encontra-se em estgio incipiente no Brasil, mas h um grande potencial para sua utilizao em larga escala, como relatado no item 1.4 desta tese.

  • 40

    A mistura asfltica dosada com CAPPLUS 106B foi considerada a soluo mais

    adequada para a execuo da pista experimental, visto que os resultados alcanados

    pela mistura formulada com RV foram superiores, porm a impossibilidade de

    fornecimento do ligante por parte da Refinaria levou ao abandono da alternativa.

    O concreto asfltico formulado com RV apresentou as caractersticas adequadas ao

    emprego como mistura de mdulo elevado. A modificao do CAP 50/70

    empregando cido polifosfrico (PPA) reduz a penetrao e eleva o ponto de

    amolecimento do ligante, permitindo a formulao de material adequado utilizao

    em misturas asflticas de mdulo elevado (EME).

    A pista experimental projetada foi composta de dois subtrechos: um com 160 mm de

    camada de racho; 120 mm de brita graduada simples; 120 mm de EME e o outro

    manteve todas as camadas do pavimento da anterior alterando-se apenas a camada

    de EME para 80 mm. Muito embora seja preconizada pela literatura tcnica

    (BROUSSEAUD, 2002), uma mistura asfltica delgada a quente como camada de

    rolamento, sobre a camada de mdulo elevado (EME) foi executada uma camada de

    microrrevestimento asfltico a frio.

    Durante o perodo de operao do simulador de trfego, foram aplicados inicialmente

    100.000 ciclos de carga de 100 kN e presso de inflao dos pneumticos de 0,62

    MPa (90 psi). Posteriormente, houve um incremento do carregamento e da presso

    de inflao dos pneumticos para 120 kN e 0,69 MPa (100 psi), respectivamente. O

    emprego de carregamento superior ao especificado para o eixo padro (82 kN)

    objetivou acelerar a degradao da seo de teste.

    Aps anlises estruturais efetuadas por meio de avaliaes deflectomtricas com viga

    Benkelman (VBK) e Falling Weight Deflectometer (FWD), foi selecionada a regio da

    trilha de roda externa do subtrechos constitudo de 80 mm de EME para os ensaios

    acelerados. A escolha deste local ocorreu por ser a regio de melhor condio

    estrutural dentre toda a rea da pista experimental.

  • 41

    Durante o perodo de operao do simulador de trfego, foi monitorada a evoluo

    da degradao do pavimento da pista experimental com 80 mm de EME em funo

    das solicitaes de carregamento impostas e a variao de parmetros ambientais

    como temperatura do ar e precipitaes pluviomtricas.

    Apesar de as deformaes mximas terem atingido 8 mm no final do experimento,

    concluiu-se que as misturas modificadas para a formulao de EME tm melhor

    desempenho que a mistura de referncia adotada (CAP 50/70 puro).

    Ao final ROHDE (2007) cita que a execuo de misturas asflticas de mdulo elevado

    (EME) em camadas estruturais de pavimentos poder contribuir para o aumento da

    vida til das rodovias.

    QUINTERO (2011)

    A pesquisa de QUINTERO (2011) foi desenvolvida a partir da comparao de

    desempenho laboratorial de duas misturas asflticas francesas, uma referente a uma

    mistura denominada grave-bitume dosada com ligante convencional (CAP 30/45) e

    outra mistura asfltica de mdulo elevado (EME) dosada com CAP de baixa

    penetrao, a 25C, 10x10-1mm.

    Na formulao das duas misturas asflticas, foram abordadas as caractersticas dos

    materiais, as curvas granulomtricas e a descrio dos ensaios realizados em cada

    nvel de formulao segundo a metodologia francesa (LCPC, 2007): verificao da

    habilidade da mistura asfltica compacidade no ensaio de compactao por

    cisalhamento giratrio PCG (AFNOR, 1999), a sensibilidade gua no ensaio de

    Duriez (AFNOR, 1995), a resistncia deformao permanente (AFNOR, 1993a), o

    mdulo complexo (AFNOR, 1992) e a resistncia fadiga (AFNOR, 1993b).

    No ensaio de fadiga a 30C e 25 Hz, a deformao correspondente a 1 milho de

    ciclos mudou de 240 def a 10C e 25 Hz para 173 def a 10C e 25 Hz, e

    consequentemente as respectivas deformaes admissveis de 112,9 def para 82,5

  • 42

    def. Este fato apontou que a mistura asfltica de mdulo elevado possui

    caractersticas mecnicas superiores, sendo pouco suscetvel variao de

    temperatura.

    A partir dos dados adquiridos no desempenho laboratorial, as duas misturas foram

    combinadas em trs estruturas para o dimensionamento segundo as diretrizes da

    metodologia francesa (SETRA-LCPC, 1994 e 1997). Tal dimensionamento foi

    realizado com o programa ViscoRoute, considerando o modelo reolgico de Huet-

    Sayegh. As estruturas adotadas esto indicadas na Figura 2.1.

    Figura 2.1 - Estruturas do pavimento para a temperatura de 15C e 10 Hz, estudadas por QUINTERO (2011)

    Para as trs primeiras estruturas de pavimento, considerando a deformao

    admissvel para as misturas adotadas temperatura de 10C e 25Hz e temperatura

    equivalente de 15C, no se encontrou variao significativa nas espessuras das

    camadas.

    A fim de analisar o efeito da temperatura no dimensionamento, alm das trs

    estruturas, uma quarta foi dimensionada considerando para a mistura asfltica de

    mdulo elevado o valor de deformao admissvel correspondente temperatura de

    30C. A estrutura adotada apresentada na Figura 2.2.

  • 43

    Figura 2.2 Nova estrutura do pavimento para a temperatura de 30C e 10 Hz, estudadas por QUINTERO (2011)

    Verificou-se nesta pesquisa, portanto, que a mistura de EME obteve comportamento

    superior em relao grave-bitume, tanto nos ensaios laboratoriais realizados

    quanto na comparao das estruturas de pavimento dimensionadas.

    MOTTA et al (2011)

    O objetivo desta pesquisa foi planejar e executar dois trechos experimentais8. Os

    trechos foram executados prximos do km 57 da rodovia BR-040, entre os dias 10 a

    13 de dezembro de 2010. O primeiro trecho experimental de referncia, executado

    com mistura asfltica convencional (CAP 50/70)9, encontra-se entre as estacas

    5649+10 m e 5659+000, com extenso de 190 m. O segundo, com mistura asfltica

    de mdulo elevado (EME), encontra-se entre as estacas 5639+10 m e 5649+10 m,

    com 200 m de extenso.

    Aps a fresagem total do revestimento antigo de 110 mm de espessura, os dois

    trechos foram executados em duas camadas asflticas: 60 mm (camada inferior) e

    50 mm (camada superior), recompondo os 110 mm fresados. Essa remoo total do

    revestimento asfltico antigo foi em decorrncia do elevado grau de trincamento

    existente na superfcie do pavimento e das deflexes mximas mdias na ordem de

    110x10-2 mm encontrados na estrutura primitiva (antes das intervenes previstas). 8 Esta pesquisa encontra-se ainda em desenvolvimento pela UFRJ/COPPE e por esta razo haver a execuo de um novo segmento com asfalto morno, alm do estudo do trfego visando previso do crescimento e pontos de interesse de mudana de Volume de Trfego Dirio para fins de dimensionamento dos pavimentos. 9 O CAP utilizado no trecho de referncia da rodovia BR-040 (CAP 50/70) difere do ligante utilizado no trecho de referncia desta tese (CAP 30/45), embora ambos sejam comumente utilizados nos servios de recuperao e restaurao no Brasil.

  • 44

    Embora enfatizassem que esta pesquisa encontra-se em fase insipiente e que, por

    esta razo, seria prematuro traar concluses definitivas acerca do comportamento

    dos trechos estudados, os autores apresentaram um balano das atividades

    realizadas at aquele momento, com as seguintes consideraes:

    Apesar do pouco tempo de exposio ao trfego (cerca de 2 meses), os dois

    trechos experimentais apresentaram afundamentos de trilha de roda em 90%

    das estacas avaliadas. Em ambos os trechos os valores de afundamentos de

    trilha de roda variaram de 1 a 5 mm, embora os resultados no trecho de mdulo

    elevado (EME) apresentassem em geral resultados menores que os do trecho de

    mistura convencional, excetuando-se em dois pontos (estacas 5648 e 5649);

    Os pontos levantados com pndulo britnico revelaram valores de resistncia

    derrapagem (VRD) para a mistura asfltica de mdulo elevado (EME) entre

    54 e 72, sendo classificados como rugosos a medianamente rugosos, assim

    como o trecho experimental convencional, cujos valores apresentaram-se

    ligeiramente mais baixos;

    Nos levantamentos de macrotextura pde-se observar que a maior parte dos

    resultados obtidos no levantamento do trecho de EME se enquadrou entre os

    valores de HS de 0,81 e 1,20, que representa uma macrotextura grossa.

    Entretanto, os valores encontrados no trecho convencional foram inferiores

    aos da mistura de EME, em sua maior parte enquadrada na faixa de

    classificao de macrotextura mdia, variando HS de 0,41