tese de doutorado - delza r. de carvalho

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i [Digite uma citao do documento ou o resumo de uma questo interessante. Voc pode posicionar a caixa de texto em qualquer lugar do documento. Use a guia Ferramentas de Caixa de Texto para alterar a formatao da caixa de texto da cita [Digite uma UFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PR - REITORIA DE PS - GRADUAO E PESQUISA NCLEO DE PS GRADUAO EM GEOGRAFIA DELZA RODRIGUES DE CARVALHO A VALORAO DA PAISAGEM: UMA REFLEXO DO ESPAO CONCEBIDO, PERCEBIDO E VIVIDO SO CRISTOVO SERGIPE BRASIL 2011 ii [Digite uma UFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PR - REITORIA DE PS - GRADUAO E PESQUISA NCLEO DE PS GRADUAO EM GEOGRAFIA DELZA RODRIGUES DE CARVALHO A VALORAO DA PAISAGEM: UMA REFLEXO DO ESPAO CONCEBIDO, PERCEBIDO E VIVIDO TeseapresentadaaoNcleodePs-graduaoem Geografia(NPGEO),daUniversidadeFederaldeSergipe (UFS),comorequisitoparcialparaobtenodograude Doutora em Geografia. Orientadora: Profa. Dra. Maria Geralda de Almeida SO CRISTOVO SERGIPE BRASIL 2011 iii iv FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE C331v Carvalho, Delza Rodrigues de Avaloraodapaisagem:umareflexodoespao concebido,percebidoevivido/DelzaRodriguesde Carvalho. So Cristvo, 2011. 364 f. : il. Tese(DoutoradoemGeografia)NcleodePs-GraduaoemGeografia,Pr-ReitoriadePs-Graduaoe Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2011. Orientador: ProfDr Maria Geralda de Almeida. 1.GeografiaeconmicaDiamantina,Chapada(BA).2. GeografiaeconmicaLisboaeSintra(Portugal).3. Geografia do turismo.4.Paisagens.I. Ttulo. CDU 911.3:338.483(813.8+469) v

DEDICATRIA Aosmeuspais,JoaquimeMariadeLourdes (In memoriam), por terem me ensinado a aprender. AHarlemeCelsonRicardo,porteremmelevadoa aprender a ensinar.AMarcosAlberto,pelacumplicidadeirrestritanoque fao,pelocompanheirismo,asreflexes,afirmezanas horasdifceis,oapoiofundamentalnainfraestrutura domstica,e,principalmente,pelapacincia....sem palavras.... Emespecial,manifestoomeuagradecimento,aomestre dosmestres,Jesus,pelasbenesconcedidasaminha vida, sendo uma delas, a concluso desse doutorado. vi AGRADECIMENTOS Essesanosdepesquisaforammarcadosdedesafio,construoeamadurecimento. Nesse perodo, aprendi que uma tese ou qualquer outro trabalho a extenso da vida do autor. Dessa forma, para que algo de valor seja produzido, a pessoa deve primeiro criar algo de valor em si mesma.Albert Einstein afirmou que entre as dificuldades se esconde a oportunidade. Assim sendo,nenhumidealrealizadodeformafcilesemesforo.Poressemotivo,agradeoa todosaqueles,quecontriburamdeformavariadaeemdiferentesnveis,aolongodo desenvolvimentodostrabalhos,queculminaramnaconclusodessedoutorado.Muito obrigada,porpossibilitaremessaexperinciaenriquecedoraegratificante,degrande importncia para meu crescimento como ser humano e profissional. AgradeoaProfa.Dra.MariaGeralda,pelascrticascompetentes,oportunase inteligentesquecontriburamparaoaperfeioamentodotexto,enriquecendoocontedo terico,emtodososestgiosdatese.Paramim,umahonrat-lacomoorientadorade pesquisa, nesse doutorado. Muito obrigada! Agradeo de forma muito especial, a Profa. Dra. Creuza Santos Lage e a Profa. Dra M. AugustaMundimVargas,pelasobservaespertinenteserecomendaesvaliosasfeitasna banca do exame de qualificao de doutorado, que muito ajudaram no desenvolvimento dessa tese.SougrataaProfa.Dra.AlexandrinaLuzConceio,peloconvvio,peloapoio,pela amizadee,sobretudopelacompetncia,quandoministrouadisciplinaHistriado PensamentoGeogrfico,toimportantenaminhavidaacadmicaenodesenvolvimento dessa tese.MeurespeitosoagradecimentoaProfa.Dra.EdnaMariaFurtado,quegentilmente, aceitouoconviteparaparticiparcomomembrodabancaexaminadoradessatese.Eem extenso,ressalvoomeuagradecimentopelaparticipaodetodososmembrosdabanca examinadora da defesa final dessa tese. Algumas entidades e pessoas, tambm, merecem ser agradecidas, face s contribuies que deram para a realizao dessa tese: AUESB,pelascondiesproporcionadasparaarealizaodessecursodePs- Graduao, sendo, portanto, justo que compartilhe da alegria e do mrito desse trabalho. vii Manifesto aqui a minha gratido a todos os professores, funcionrios e amigos do Ncleo dePs-GraduaoemGeografia(NPGEO),emparticular,aEverton,minhaespecial gratido, pela sua habitual presteza. AosprofessoresecolegasdoMestradoeDoutoradoemGeografiapeloconvvio acadmico. Aoe-GEOCentrodeEstudosdeGeografiaePlanejamentoRegionaldaFaculdadede CinciasSociaiseHumanas-UniversidadeNovadeLisboa.Demaneiraespecial,a Bruno Miguel A. Neves, pelo espontneo assessoramento na confeco dos mapas. ComissodeAperfeioamentodePessoaldeEnsinoSuperior(CAPES),pelavaliosa oportunidade de fazer o Estgio de Doutorando - Balco (sanduche), em Portugal. AoSistemaNacionaldePrevenoeCombateaosIncndiosFlorestais(PREVFOGO), representado pela Coordenadora Estadual, a Sra. Maria do Carmo Santos Gonalves, pelos esclarecimentossobreosincndiosflorestaisocorridosnaRegiodaChapada Diamantina. SuperintendnciadeDesenvolvimentodoTurismo,pelasinformaesnecessrias realizao dessa tese. AtodasasentidadesdascidadesquelimitamaRegiodoParqueNacionaldaChapada Diamantina/ (BR), Lisboa/Sintra-Portugal/ (PT), que nos forneceram informaes durante as entrevistas de campo, necessrias ao desenvolvimento da pesquisa. A todos aqueles que entrevistei na Chapada Diamantina/ (BR), Lisboa e Sintra/ (PT), pela confiana em prestarem seus depoimentos. Pela colaborao solidria de Celson Ricardo (filho), Elisngela (nora) e Rafael (sobrinho e afilhado), durante as entrevistas de campo, necessrias ao desenvolvimento da pesquisa. PelaespontneacolaboraoehabitualprestezadeNbia,duranteonossoconvvioem Aracaju.Enfim,atodosaquelesquesempremeincentivaram,mesmoestandodistantesdomundo acadmico. viii RESUMO O estudo discute sobre a importncia, desenvolvimento e aplicabilidade do mtodo de avaliaoambiental,denominadoMtododeContingncia.Nessaperspectiva,atcnica desenvolvidapelaEscolaNeoclssica,foicomplementadapelaabordagemdaCincia EconmicaaliadaaCinciaGeogrfica.Essatcnicametodolgicaparavaloraoda paisagempodefornecerinformaes,quedemonstremounoanecessidadede conservar/preservardeterminadasreasambientais;recomendarsoluesaosproblemasde ocupaodeterritrios;programarerealizarplanejamentoparaocupaodereasque causemmenosimpactoaoambientenatural.Comoreferencialtericoincorporou-seas abordagensdeproduoespacialdeLefebvre,nadimensodoconcebido,dovividoedo percebido,associadoobradeMiltonSantos.Nabasetericadesseautorbuscam-seos elementos constitutivos do espao- os homens, s firmas, as instituies, as infraestruturas e omeioecolgico,complementadocomascategoriasdeanlise-forma,funo,estruturae processo-utilizadasparaabordaroespao/territrionassuasperspectivassincrnicas, enquanto paisagem, e diacrnica como resultante de um processo. Assim, dentro do processo de dominao e/ou apropriao dos municpios delimitados na rea de estudo, o territrio e a territorializaosotrabalhadosnamultiplicidadedesuasmanifestaeshistricase socioculturaisenfatizandoamultiplicidadedepoderes,nelesincorporadosatravsdos mltiplos atores / agentes sociais envolvidos. As diferentes concepes espaciais possibilitam areflexo,decomoosdiferentesatores/agentessociais,dosmunicpiosdeLenis, Mucug, Palmeiras, Andara e Ibicoara, localizados no Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/ Portugal atribui valores desiguais, na forma de Disposio a Pagar (DAP) pelos recursos paisagsticos epelaconservaodosbensnaturais.Porfim,reconhece-sequeasagnciasdoturismo, sutilmentedirecionamaescolhadoturista,controlaedeterminalugaresquedevem,ouno ser vistos, pois longe de se criar uma identidade, produz mercadorias para serem consumidas segundo os interesses empresariais. PALAVRAS-CHAVE: Valorao econmica; Mtodo de Contingncia; Espao (concebido, percebido e vivido) ix ABSTRACT Thestudydiscussestheimportance,developmentandimplementationof environmentalassessmentmethod,called"MethodofContingency."Fromthisperspective, thetechniquedevelopedbyNeoclassicalSchool,wascomplementedbytheapproachofthe Economic Science Allied Geographical Science. This methodological technique for assessing the landscape can provide information showing whether or not the need to conserve / preserve certainenvironmentalareas;recommendsolutionstotheproblemsofoccupationof territories, schedule and carry out planning for the occupation of areas that cause less impact tothenaturalenvironment.Astheoreticalapproachesbecamepartofproductionspaceof Lefebvre, the size of the unborn, the lived and perceived, associated with the work of Milton Santos. On the theoretical basis of this author is seeking the elements of the space- the men, firms,institutions,infrastructureandecologicalenvironment,completewithcategoriesof analysis-form,function,structureandprocess-usedtoaddressspace/synchronic perspectivesintheirterritory,whilethelandscape,andasaresultofadiachronicprocess. Thus, in the process of domination and / or ownership of municipalities defined in the study area,territoryandterritorializationareworkedinthemultiplicityofitshistoricaland socioculturaleventsemphasizingthemultiplicityofpowersembodiedinacrossmultiple stakeholders/social actorsinvolved.Thedifferentconceptsofspaceallowforreflectionon howthedifferentstakeholders/socialactors,thedistrictsofLenis,Mucug,Palmeiras, AndaraandIbicoara,locatedinBrasil,Bahia,LisboaandSintra/Portugalassignsunequal values in the form of the provision Pay by DAP and scenic resources for the conservation of natural resources. Finally, it is recognized that the tourism agencies, subtly guide the choice of touristplacescontrolsanddetermineswhatshouldornotbeseenasawayofcreatingan identity, produces goods to be consumed according to business interests. KEYWORDS: Economic valuation; Contingency Method; space (conceived, perceived and lived) x SUMRIO LISTA DE FIGURASi LISTA DE QUADROSii LISTA DE TABELASiv LISTA DE FOTOSv LISTA DE SIGLASvi RESUMOvii ABSTRACT INTRODUO 2 1 FUNDAMENTAO TERICA15 1.1A Teoria para Valorao da Paisagem15 1.2As Categorias Conceituais da Geografia 22 1.3A paisagem Rumo a Construo da Identidade33 1.4A Identidade como Questo Territorial39 1.5AnliseCusto-Benefcio(ACB)ComoIndicadordeViabilidade Econmica 47 1.5.1Valor Econmico Total dos Recursos Ambientais 50 1.6Os Mtodos de Valorao Econmica Ambiental 52 1.6.1Mtodo Direto 54 1.6.2Mtodos Indiretos 56 1.7Anlise de Dados Multivariados60 1.7.1Tcnica Utilizada para Tratamento dos Dados: Anlise Fatorial (AF) 61 2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS DE PESQUISA 64 2.1A Individualizao das Paisagens64 2.2Enquadramento Geogrfico das Regies Localizao e Delimitao 65 2.3Enquadramento Histrico-Cultural 66 2.4Enquadramento Humano e Tcnico 66 2.4.1Tamanho e Formas de Composio da Amostra 66 xi 2.4.2Instrumento de coleta de dados: Questionrio, Entrevista e Observaes Diretas. 71 2.4.3Pr-Teste e Aplicao do Instrumento de Coleta de Dados75 2.4.4Procedimentos para tratamento de dados76 2.5Enquadramento Terico76 2.6O Mtodo de Valorao das Paisagens78 2.7Disposio a Pagar (DAP) 79 2.8Estratgias de Interpretao e Apresentao dos Resultados da AFCM80 2.8.1Sinais dos produtos dos valores padronizados80 2.8.2Valores Possveis de r e Interpretao da Correlao81 2.8.3Apresentao dos Resultados da AFCM82 3 ANLISEDIACRNICAESINCRNICADAPAISAGEM CENTRADANOESPAOE/OUNOTERRITRIODA CHAPADA DIAMANTINA 91 3.1Caractersticas Geoeconmicas da Chapada Diamantina 91 3.2Potenciais tursticos dos Municpios que delimitam o Parque Nacional da Chapada Diamantina 96 3.3Uma Anlise dos Elementos Constitutivos do Espao102 3. 4Asmltiplasdimensesdeespaovinculadasaosespaosconcebidos, percebido e vivido da Chapada Diamantina. 113 4 A TRIPLICE CONFIGURAO ESPACIAL DOS CONCELHOS DE LISBOA E SINTRA 122 4.1OOlharGeogrficodoPatrimnioCultural,TurismoeIdentidadese Representaes Territoriais 125 4.1.2AsDiversasRepresentaesSociaiseIdentitriasEstabelecidasSobreo Patrimnio Histrico Cultural 131 4.1.3A Valorizao Qualitativa da Paisagem 137 4.1.3.1Atores Sociais: Tipologias e Gesto do Patrimnio Arquitetnico e Arqueolgico 139 4.1.3.2Atores Sociais: Moradores de Lisboa e Sintra144 4.1.3.3Atores Sociais: Turistas146 4.1.4A Valorizao Quantitativa da Paisagem149 xii 4.1.4.1A Anlise Fatorial Mltipla dos Atributos da Paisagem149 4.1.4.2ADisposiodePagar(DAP)peloValorHistricoeIdentitriodoPatrimnio Construdo de Lisboa e Sintra 158 4.1.4.3A Anlise Fatorial Mltipla da Imagem da Paisagem de Lisboa e Sintra 160 4.2Tipologias de Sensibilidade Ambiental da Paisagem167 5 OOLHARGEOGRFICOSOBREOPATRIMNIO HISTRICO-CULTURAL,TURISMO,IDENTIDADESE REPRESENTAESTERRITORIAISNACHAPADA DIAMANTINA 173 5. 1O Espao Lefebvriano 173 5.2Valor de Uso e No-Uso da Paisagem da Chapada Diamantina 176 5.3Pressupostos Valorativos do Espao Concebido 180 5.3.1Programa de Desenvolvimento Regional Sustentvel na Regio da Chapada Diamantina 180 5.3.2ProgramadeAoparaDesenvolvimentodoTurismoEstadual (PRODETUR-BA) 182 5.3.3ProgramadeAoparaDesenvolvimentodoTurismoRegional (PRODETUR -NE) 184 5.4A Atividade Turstica da Chapada Diamantina 188 5.4.1 Perfis dos Atores/Agentes Sociaisda Chapada Diamantina 190 5.5 DeterminaodoValordosAtrativosTursticos:TcnicadeValorao de Contingente Hibrida 193 5.5.1Disposio de Pagar (DAP)195 5. 6OTurismoComoAtividadeIndutoradeTransformaesnoEspao Geogrfico 197 5.7Turismo,IdentidadeeRepresentaesdaPaisagem:GrutaBrejo Verruga200 6 ASPAISAGENSEINTENCIONALIDADESDOS AGENTES/ATORESSOCIAISDOSMUNICPIOS LIMTROFESAOPARQUENACIONALDACHAPADA DIAMANTINA 217 xiii 6.1Percepo da Paisagem 217 6.2Auto de Infrao: Termo de Ajustamento de Conduta da Gruta do Poo Encantado 227 6.3Preferncias pelas Paisagens:Nvel de Significncia do Teste () (nvel-p) 231 6.4Anlise Fatorial Mltipla - Resultados da Estatstica Descritiva 235 6.5Percepo da Paisagem Vivida e Tipologias de Sensibilidade Ambiental240 7CONSIDERAES FINAIS 249 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 260 APNDICES 269 APNDICE A - Quadro 5 - Perfil dos Informantes e Profissionais271 APNDICE-B - Atores Sociais Entrevistados: Hotis- Sintra/ (PT)272 APNDICE-C - Atores Sociais Entrevistados: Hotis- Lisboa/ (PT)273 APNDICE-D - Atores Sociais Entrevistados: Comerciantes de Sintra/ (PT)274 APNDICE-E - Atores Sociais Entrevistados: Comerciantes de Lisboa/ (PT)275 APNDICE-F - Atores Sociais Entrevistados: Agncias de Viagens, Lisboa/ (PT)276 APNDICE-G - Atores Sociais Entrevistados: Agncias de Viagens, Sintra/ (PT)278 APNDICE-H - Atores Sociais Entrevistados: Agncias de Viagens, Lisboa/ (PT)279 APNDICE-I - Agentes Sociais e Atores Sociais Entrevistados em Lisboa / (PT): IGESPAR 281 APNDICE-J - Agentes Sociais e Atores Sociais Entrevistados em Lisboa / (PT). Ministrio do Ambiente, do Ordenamento do Territrio e do Desenvolvimento Regional283 APNDICE-K - Agentes Sociais e Atores Sociais Entrevistados no Castelo de So Jorge Lisboa / (PT) 284 APNDICE-L - Agentes Sociais e Atores Sociais Entrevistados nos Monumentos - Museus Parques de Sintra / (PT) 285 xiv APNDICE-M-Inquiridos:Doutores,MestreseBolsistasdo(e-Geo) (Doutorandos e Mestrandos) 287 APNDICE-N-Entrevista:AgentesSociais:TcnicoseProfissionaisdeNvel Intermdio(PessoaldosServiosPblicos,PessoaldeEmpresa privada) 288 APNDICE-O-Entrevista:AgentesSociais:TcnicoseProfissionaisdeNvel Intermdio (Pessoal Administrativo e Similares) 291 APNDICE-P - Entrevistas: Agentes Sociais Ligados ao Turismo294 APNDICE-Q - Entrevistas: Atores Turistas298 APNDICE-R - Entrevistas: Atores Qualificados (Profissionais de Ensino301 APNDICE-S-Entrevistas:AtoresNoQualificados(MoradoresdeLisboae Sintra) 305 APNDICE-T-OfcioSolicitandoEntrevistaaosDiversosAtores/Agentes Sociais 309 APNDICE-U - Caderno de Fotografias da Chapada Diamantina-Bahia310 APNDICE-V - Caderno de Fotografias da Lisboa e Sintra/ (PT)314 APNDICE-W - Planejamento Metodolgico de Pesquisa316 APNDICE-X- Grade de Observao: Pesquisa de Campo319 APNDICE-Y- Entrevista: Agente Social: Turistas322 APNDICE-Z Entrevista: Agente Social: Comerciante324 APNDICE-AA Entrevista: Agente Social: Corpo de Bombeiro326 APNDICE-BB Entrevista: Agente Social: Moradores328 APNDICE-CC - Entrevista: Agente Social: Donos de Hotis330 APNDICE-DD - Entrevista: Agente Social: (IBAMA)332 APNDICE-EE - Entrevista: Agente Social: Secretrio de Turismo335 APNDICE-FF- Entrevista: Agente Social: Agncias de Turismo338 xv ANEXOS ANEXO A - Distribuio T de Student 341 xvi LISTA DE FIGURAS Figura 1Mtodo de Avaliao Contingente Hibrida (MVCH) 7 Figura 2Processo de Construo do Conhecimento da Geografia 19 Figura 3As Categorias Conceituais da Geografia 22 Figura 4Perspectiva de Lugar e Tempo 28 Figura 5Runas de Igatu-Andarai (Ba) 30 Figura 6Ilustrao do Conceito de Paisagem 35 Figura 7Apreenso da Paisagem 37 Figura 8Identidade na Concepo de Patrimnio 43 Figura 9Ameaas da complexidade espacial 45 Figura 10Mtodos de Valorao dos Recursos Naturais 54 Figura 11Taxa de Visitas 57 Figura 12Distrito de Lisboa 65 Figura 13Evoluo da Populao dos Municpios 67 Figura 14Disposio a Pagar (DAP) 80 Figura 15A explorao grfica dos Eixos Fatoriais sobre a Matriz 81 Figura 16Interpretao de r e Interpretao da Correlao 82 Figura 17Caderno de Fotografias da Chapada Diamantina (Ba) 85 Figura 18Caderno de Fotografias de Lisboa e Sintra (Pt) 88 Figura 19Localizao da rea de Estudo no Estado da Bahia91 Figura 20Estado da Bahia - Regies Econmicas 93 Figura 21Estado da Bahia- Territrios de Identidade 94 Figura 22 TerritriodeIdentidadedaChapadaDiamantinaTerritriodeIdentidadeda Chapada Diamantina 95 Figura 23Cachoeira do Recanto Verde-Ibicoara (Ba) 96 Figura 24Centro de Andara (Ba) 96 xvii Figura 25Praa Tancredo Neves, Ibicora 97 Figura 26Centro de Lenis 97 Figura 27Ribeiro do Meio 98 Figura 28Vista de Mucug (Ba) 99 Figura 29Cemitrio Bizantino 99 Figura 30 Laboratrio de Reproduo da Planta Sempre - Viva100 Figura 31Palmeiras (Ba) 100 Figura 32Morro do Pai Incio101 Figura 33Elementos Constitutivos do Espao 104 Figura 34 Descarte final Lixo - Andara 110 Figura 35 Descarte final Lixo- Andara 110 Figura 36 Pousada Ecolgica- Andara 110 Figura 37 Universidade a L. Distncia- Andara 110 Figura 38 Banco do Brasil Andara 110 Figura 39 Identidade Digital- Andara 110 Figura 40 Concelho Tutelar Andara 110 Figura 41 Hospital de Andara 110 Figura 42 Hospital de Andara 110 Figura 43 Posto de Sade Andara 110 Figura 44Casa do Cidado Andara 110 Figura 45 Banco do Nordeste-Andarai 111 Figura 46 Hotel de Lenis 111 Figura 47 Banco do Brasil de Lenis 111 Figura 48 Vista Parcial do Mercado de Lenis 111 xviii Figura 49 Telefonia Fixa de Lenis 111 Figura 50 Descarte final Lixo de Lenis 111 Figura 51 Descarte final Lixo de Lenis 111 Figura 52a Aeroporto da Chapada Diamantina 111 Figura 52b. Aeroporto da Chapada Diamantina 111 Figura 53 Abastecimento de gua Tratada 111 Figura 54 Tratamento de Esgotamento Sanitrio 111 Figura 55 Descarte final Lixo de Palmeiras 111 Figura 56 Unidade Bsica de Sade do Capo 111 Figura 57 Descarte final Lixo de Ibicoara 112 Figura 58a Fumiya Igarashi-Distrito de Cascavel 112 Figura 58b Fumiya Igarashi-Distrito de Cascavel 112 Figura 59 Calamento de Ruas 112 Figura 60a Usina de compostagem e reciclagem de lixos urbanos de Mucug 112 Figura 60b Usina de compostagem e reciclagem de lixos urbanos de Mucug 112 Figura 60c Usina de compostagem e reciclagem de lixos urbanos de Mucug 112 Figura 60d Usina de compostagem e reciclagem de lixos urbanos de Mucug 112 Figura 60e Usina de compostagem e reciclagem de lixos urbanos de Mucug 112 Figura 61a Hotel Alpina - Mucug 112 Figura 61b Hotel Alpina - Mucug 112 Figura 62 Praa de Mucug 112 Figura 63 Vista Panormica de Lisboa 122 Figura 64 Distritos, Regies Autnomas e os Concelhos 123 Figura 65 Estudantes de Capas e de Batinas 126 xix Figura 66Loja de Artesanatos, Baixa do Chiado, Lisboa126 Figura 67 Carro Ambulante CDS de Fados 127 Figura 68Vista Parcial de Sintra 128 Figura 69Castelo de Sintra128 Figura 70Porto Interior do Palcio N. do Pena129 Figura 71Castelo de S. Jorge 129 Figura 72Vista Parcial de Lisboa do Castelo de S. Jorge 129 Figura 73Mosteiro dos Jernimos130 Figura 74Viso Parcial Torre de Belm130 Figura 75Espetculo de Levitador, Lisboa132 Figura 76Esttua Viva, Sintra 133 Figura 77 Fonte Luminosa de Belm, (PT) 136 Figura 78 Procedncia do Turismo em Lisboa e Sintra 138 Figura 79 Habilitaes Acadmicas dos Inquiridos em Lisboa e Sintra 139 Figura 80 Faixa Etria dos Inquiridos 139 Figura 81 Mosteiro de Alcabaa, (PT) 140 Figura 82 Preferncias pelas Visitas Anuais aos Patrimnios Histricos Culturais 142 Figura 83 Opes/Escolhas dos Patrimnios Culturais 148 Figura 84 Teste da Esfericidade de Bartlett 153 Figura 85 Total da Varincia Explicada dos Atributos da Paisagem 155 Figura 86 Eigenvalue/Scre-Plot 155 Figura 87 Componente de Espao Rotativo 156 Figura 88 Resumo dos Pesos Fatoriais - Atributos da Paisagem 157 Figura 89 Valor Histrico e Identitrio 158 xx Figura 90 Disposio de Pagar 159 Figura 91 KMO e Teste de Esfericidade de Bartlett 160 Figura 92 Scree- pilot 161 Figura 93 Imagem de Lisboa e Sintra 162 Figura 94 Componente da Parcela em Rotao no Espao165 Figura 95 Teste de Confiabilidade Estatstica 166 Figura 96TiposdeEspaoemFunodaPeriodizaoHistricadosModosde Produo 174 Figura 97 Valorao Econmica de reas Protegidas 177 Figura 98 Incndio nas reas de Proteo Ambiental (APAs) Marimbus e Iraquara 178 Figura 99 Incndio nas reas de Proteo Ambiental (APAs) Marimbus e Iraquara 179 Figura 100 Impactos Ambientais do Turismo 185 Figura 101 HORTUS Agroindustrial S.A, Cascavel/Ibicoarara 189 Figura 102 Procedncia dos Entrevistados na Chapada Diamantina 190 Figura 103 Habilitaes Acadmicas dos Entrevistados na Chapada Diamantina 191 Figura 104 Faixa Etria dos Entrevistados 191 Figura 105 Dados Estatsticos dos Entrevistados 191 Figura 106 Faixa de Renda dos Entrevistados 192 Figura 107 Preferncias pelos Atrativos da Chapada Diamantina 192 Figura 108 Valor dos Atrativos Tursticos 193 Figura 109 Disposio a Pagar (DAP) 196 Figura 110 A No Concordncia Pelos Pagamentos das Taxas 196 Figura 111 Museu Vivo do Garimpo Diamante/Mucug 198 Figura 112 Restaurante Caseiro do Sr. Niu em Andara 199 Figura 113 Casaro em Igatu 201 xxi Figura 114 Rua das Palmas- Igatu 201 Figura 115 Rua do Bambolim -Igatu 201 Figura 116 Ruinas de Igatu 201 Figura 117 Igreja de Igatu 202 Figura 118 Cemitrio de Igatu 202 Figura 119 Praa de Igatu 202 Figura 120 Centro de Igatu 202 Figura 121 Projeto Brejo Verruga 206 Figura 122 Premissas da Hiptese 231 Figura 123 KMO e Teste de Esfericidade de Bartlett 234 Figura 124Determinante de Correlao 235 Figura 125Estatstica Descritiva das Percepes dos Atores/Agentes Sociais 237 Figura 126 Matriz de Componentes 239 Figura 127 Grfico de Componentes 240 Figura 128Tipologias de Sensibilidade Ambiental Face Paisagem da Chapada 243 xxii LISTA DE QUADROS Quadro 1 Estrutura do Trabalho11 Quadro 2Prticas Espaciais 24 Quadro 3Tipologias de Identidades Territoriais32 Quadro 4Estatsticas-chaves associadas Anlise Fatorial62 Quadro 5Perfil Profissional dos Entrevistados70 Quadro 6Dimenses Espaciais da Chapada Diamantina114 Quadro 7Enquadramento Histrico e Identitrio140 Quadro 8Atributos da Paisagem150 Quadro 9Estatstica Descritiva dos Atributos a Paisagem 150 Quadro 10Identificao de Variveis160 Quadro 11 Tipologias de Sensibilidade Ambiental Face Paisagem de Lisboa e Sintra 169 Quadro 12 MaiorPrefernciapelasPaisagenssobasintencionalidadesdos Agentes/AtoresSociaisdosMunicpiosLimtrofesaoParque Nacional da Chapada Diamantina 221 Quadro 13 MenorPrefernciapelasPaisagenssobasintencionalidadesdos Agentes/AtoresSociaisdosMunicpiosLimtrofesaoParque Nacional da Chapada226 Quadro 14Percepo da Paisagem235 Quadro 15Estatstica Descritiva das Percepes das Paisagens236 Quadro 16Mtodo de Extrao: Anlise de Componentes Principais237 Quadro 17 TipologiasdeSensibilidadeAmbientalFacePaisagemda Chapada Diamantina 242 xxiii LISTA DE TABELAS TABELA- 1Coeficientes de Correlao de Pearson152 TABELA- 2 Comunalidades dos Atributos da Paisagem 154 TABELA- 3Mtodo de Rotao Varimax Componente Matriz de Transformao156 TABELA-4 Resumodospesosfatoriais,oseueigenvalue,acomunalidadeeo percentual de varincia explicada pelo fator 157 TABELA- 5Mdia e Desvio Padro das Taxas de Valoraes Patrimoniais159 TABELA-6 Resumodospesosfatoriais,oseueigenvalue,acomunalidadeeo percentual de varincia explicada pelo fator 162 TABELA- 7 Resumodospesosfatoriais,oseueigenvalue,acomunalidadeeo percentual de varincia explicada163 TABELA- 8Varincia Total Explicada165 TABELA-9 Preferncia Pelos Atrativos Tursticos233 TABELA-10Varincia Total Explicada238 TABELA-11Matriz de Componentes em Rotao239 xxiv LISTA DE SIGLAS ACBAnlise Custo-BenefcioAFMAnlise Fatorial Mltipla AGFIAdjusted Goodness-of-Fit IndexAPAsreas de Proteo AmbientalBRAL Brigada Voluntria de Lenis BVL Brigada de Resgate Ambiental de Lenis CECAVCentro Nacional de Pesquisa e Conservao de Cavernas CPRMCompanhia de Pesquisa de Recursos MineraisCOELBACompanhia de Eletricidade do Estado da BahiaDAPDisposio de Pagar EMBRATURInstituto Brasileiro de Turismo FPMFundo de Participao dos Municpios ICMBIOInstituto Chico Mendes de Conservao da BiodiversidadeICMSImposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios IPHANInstitutodo Patrimnio Histrico eArtstico NacionalIGESPARInstituto de Gesto do Patrimnio Arquitetnico e ArqueolgicoIMAInstituto de Meio AmbienteIPTUImposto Predial e Territorial Urbano IRImposto de Renda KMOKaiser-Meyer-OlkinMACHMtodo de Avaliao de Contingente Hibrida MVCMtodo de Avaliao de ContingenteMVCHMtodo de Avaliao de Contingente Hibrida MPH Mtodo de Preos Hednicos xxv MCV Mtodo de Custo Viagem MCVHMtodo de Custo Viagem Hednicos MDRMtodo de Dose Resposta PARNA Parque Nacional da Chapada DiamantinaPREVFOGOSistema Nacional de Preveno e Combate aos Incndios Florestais PRODETURPrograma de Desenvolvimento Turstico para o Nordeste SEBRAEServio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SEISuperintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da BahiaSUDENESuperintendncia de Desenvolvimento do NordesteVUIValor de Uso Indireto UNESCOOrganizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a CulturaVOValor de Opo VUDValor de Uso Direto VEValor de Existncia INTRODUO 2 INTRODUO Natomadadedecisoparaimplementaodeplanos,programaseprojetosde desenvolvimento,poucainformaolevantadaarespeitodasexternalidades socioambientaisque,alongoprazo,provocamosmaioresdanosaosistemabio-scio-econmicoafetado.Dessaforma,anecessidadedepromoverestudosdeavaliaoe valoraodeimpactossocioambientaisseoriginoudainadequaodosmtodos tradicionaisdeavaliaodeprojetos.Esses,noconsideramaproteodomeio ambiente e o uso racional dos recursos naturais. Por isso, a preocupao com os problemas socioambientais exigia, ento, que se dispusesse de novas metodologias e tcnicas que permitissem introduzir, na elaborao das decises pblicas ou privadas, os efeitos dos projetos de desenvolvimento no meio natural e social, os quais eram, e ainda, so difceis de identificar e quantificar. Nesseesforodeestimarpreosparaosrecursosambientaise,dessaforma, fornecersubsdiostcnicosparasuaexploraoracional,insere-seosmtodos,ou tcnicas de valorao econmica ambiental.Reconhece-se que o referencial terico dos mtodosconfereumrigorcientficoaostrabalhos,criandoumambientepropcio discusso e ao aprimoramento das tcnicas. Essas tcnicasmetodolgicas de valorao econmicaambiental,enquantoinstrumentosanalticostmsidopaulatinamente incorporadosnosprocessosdecisriosrelativosdefiniodeplanos,programas, projetos e polticas de investimentos nos padres ambientais.Osestudosqueenvolvemavaloraodapaisagemsetornamcadavezmais importantes,poispodemapresentarsoluesprticasaosproblemasdeocupaode territrios e planejamento ambiental, com vistas conservao ou preservao de reas que causem menos impacto ao ambiente natural.OsdiversosorganismosgovernamentaisconsideramoMtododeValorao Contingente (MVC), como subsdio as decises e fundamentao das polticas pblicas ambientais. Ele tem sido utilizado para fundamentar as penalidades judiciais quando da compensaodedanoscausadospordesastresambientaissociedade,assimcomoos custos de recuperao dos ecossistemas afetados.Esse mtodo tem sido utilizado para obter a estimativa de benefcios econmicos eaviabilidadedeprojetosdesenvolvidos,ematendimentoasnormasinstitucionaisde 3 agentesfinanceirosinternacionais,aexemplodoBancoInternacionalparaa ReconstruoeDesenvolvimento(BIRD)eoBancoInteramericanode Desenvolvimento (BID).Aindanessecontexto,aimportnciadesseestudodeve-seaointeresseem minimizaracarnciadasuniversidadesbrasileiras,especificamente,emtrabalhosde valoraoeconmicaambiental,nareadasCinciasHumanas-Geografia.As limitaestericasemetodolgicasdostrabalhosdevaloraoeconmicaambiental justificam a incapacidade de interferir na formulao de polticas pblicas consistentes, queasseguremagestoeeficciadoplanejamentoacercadousodosrecursos ambientais. Nesses termos, sob o ponto de vista do interesse acadmico, o estudo oportuno. Com ele, pretende-se demonstrar que a valorao econmica ambiental constitui-se em instrumentoanalticoquecontribuemparaumatcnicadeavaliaodeprojetosmais abrangente:aconhecidaAnliseCusto-Benefcio(ACB).Esta,melhorqualificaa tomada de deciso na composio dos investimentos, que visam maximizao do bem -estarsocial.Arelevnciasocialdessametodologiaseconstituiemdemonstrarquea valorao da paisagem est diretamente relacionadas diferentes intencionalidades dos atores/agentes sociais sobre o espao. OespaodosmunicpiosquedelimitamoParqueNacionaldaChapada Diamantina/Brasil,LisboaeSintra/Portugal,tradicionalmentefoianalisadosobum olhareconmico.Aoincorporarnovasabordagens,comoacultura,ampliaseuleque explicativo.Acredita-sequeesseespaocontextualizado,possuiumaformao econmica,mastambmpolticaecultural,poisosgrupossociaisquealiatuam, tambm assimilam essas outras dimenses. Nesseestudo,tevecomoobjetivogeraldesenvolverumametodologiapara valoraodapaisagemdosmunicpios18,localizadosnaChapada Diamantina/Brasil/Bahia,LisboaeSintra/Portugal,queintegrassemasabordagensda CinciaEconmicaeCinciaGeogrfica,(Figura1,p.7),MtododeValoraode Contingente Hibrida (MVCH). Ainda, nesse contexto se pretendeu: 18Lenis, Palmeiras, Andarai, Ibicoara e Mucug. 4 I.Fazerumaanlisecrticadaliteraturaabordandoosaspectospositivose negativosdosmtodosdevaloraoeconmicaambientalnabuscadeuma melhor eficincia alocativa de bens dos recursos ambientais; II.Analisar a valorao da paisagem, luz do valor de uso dos moradores locais e turistas,associadosaossujeitosqueefetivamenteexercepoder-comerciantes locaisempresriosdoturismo(donosdehotiseagnciasdeturismo)e instituies(InstitutoBrasileirodoMeioAmbienteedosRecursosNaturais Renovveis-IBAMA)-essesdefatocontrolamosespaosdaChapada Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/Portugal, vinculando as representaes do espao ao percebido, concebido e vivido; III.AplicaroMVCparaestimarosvaloresmdiosemedianosqueosindivduos, estariam dispostos a pagar (DAP) pela: Conservao dos atrativos tursticosformados por um conjunto de vales, serras, riqueza arquitetnica das cidades histricas19, quedas dgua,cachoeiras,grutas cavernaserunasdeantigospovoados,queevocamoaugedaminerao,bem como, o patrimnio histrico cultural de Lisboa e Sintra/Portugal; ValoraodapaisagemdaChapadaDiamantina/Brasil/Bahia,LisboaeSintra/ Portugal,vinculandoasrepresentaesdoespaoaoconcebido,percebidoe vividoaovalordeusodosmoradoreslocaiseturistaseovalordetrocados sujeitos que exercem poder sobre o espao - comerciantes locais, empresrios do turismo e instituies de conservao e preservao ambiental.Com esse procedimento procurou-se entender como as instituies, as empresas eosmaisdiversosagentes/atoressociaisdesenvolvemsuasprpriasestratgiasde apropriao do territrio, suas territorialidades.Seus efeitos justapostos sobre o mesmo espaosocialproduzidoeconcebido,emtermosdeorganizaoedeproduo,razo pelaqualdesencadeiamosconflitosinerentesasdiferentesintencionalidadessobreo valor de uso e valor de troca do espao. Facesquestesqueseapresentaramcomrelaotemticafizeram-seos seguintes questionamentos: 19FachadasdeestiloNeoClssicoedoNeo-Gticodeprdioshistricosdosmunicpios-Andara,Mucug, Lenis, Palmeiras e Ibicoara - que delimitam o Parque Nacional da Chapada Diamantina. 5 I-possvelaintegraoentreosmtodosdevaloraoeconmicaambientalea abordagem da Geografia Cultural para valorao da paisagem? II.Em que medida, os mtodos de valorao econmica ambiental, contribuiu para atcnicadeAnliseCusto-Benefcio(ACB)dosprojetosestruturantes (implantado/aimplantar),constantesnoProgramadeDesenvolvimento Regional Sustentvel da Regio da Chapada Diamantina? III. Qualseriaovalormdioemediano,deusoenouso,queosdiferentes atores/agentessociaisestariamdispostosapagar(DAP),pelaconservaodos atrativostursticosepatrimnioshistricosdeLenis,Andara,Mucug, Lenis e Palmeiras, e tambm, dos concelhos de Lisboa e Sintra/Portugal? IV. Existempercepoevaloraoambientaldiferenciadaporpartedosdiversos grupossociais(moradoreslocais,turistas,empresrios,comerciantes)da Chapada Diamantina/Brasil/Bahia, Lisboa e Sintra/ Portugal? V.EmquemedidaexistemltiplasdimensesdoespaodaChapada Diamantina/Brasil/Bahia,LisboaeSintra/Portugal,apartirdocotidiano/no cotidianodosgrupose/ouclassessociais(Moradoreslocais,turistas, empresrios,comercianteseinstituies)vinculandoasrepresentaesdo espao ao percebido, concebido e vivido? Paraauxiliarodesenvolvimentodainvestigao,acimamencionada,foram formuladas as hipteses:I.Ascategoriasgeogrficas-espao,territrioelugar-fundamentadossoba abordagemculturaloferecempossibilidadesdeinterfacecomosmtodosde valoraoambientaldesenvolvidopelaEscolaNeoclssica.Essanova metodologia apresenta maior consistncia nas anlises de valorao da paisagem (Figura 1, p.7), Mtodo de Valorao de Contingente Hibrida (MVCH); II.Constitui-se numa falcia a aplicabilidade dos mtodos de valorao econmica ambientaldesenvolvidapelaTeoriaNeoclssica,naformulaodepolticas pblicas.Aslimitaestericasemetodolgicasrefletemnaincapacidadede asseguraragestoeeficciadoplanejamento,acercadousodosrecursos ambientais,bem como,deatenuaralgicadosistemacapitalista,queconverte 6 emdescartvel,suprfluoedesperdiado,tudoaquiloquedeveriaser conservado.III.Aapreensodapaisagemconstitui-senumprocessoseletivodepercepo. Emboraarealidadesejasingular,cadapessoaavsobaticadiferente. CompartilhandocomaideiadeMiltonSantos(1988),aapreensodascoisas materiais,peloator,sempredeformada,poisavisodepaisagempodese expandirousealterar,apartirdosdistintoslugaresemqueselocalizao observador; IV.Ousoeaapropriaodosespaospelosindivduos,representadosporturistas, empresriosdoturismo20ecomerciantesrelacionadosaosespaospblicosda regiodaChapadaDiamantina/Brasil/Bahia,LisboaeSintra/Portugal,tmuma lgicacontrriapercepoevivncia,porm,favorvelmaterializaodo espaoconcebido.Amaterializaodoespaoconcebidoobedecelgicada trocadomercadomonitoradopelointeressedaclassedominantedocapital.Dessa forma, entende-se que a apropriao do espao pelos moradores locais dos municpios ocorre no plano da vida cotidiana do vivido , e por isso, entra emconflitocomosgruposqueatuamnoespaocomoformadereproduziro capital o concebido. Nessecontexto,entende-sequeoMVC,enquantotcnicadevalorao ambientaldapaisagemestrelacionadaaoaspectoexterior,ouseja,aparncia, relativamenteestticaqueaspessoasatribuem-lhesvaloremdecorrnciadolazer,da belezadolugar,daestticaambiental.Dessaforma,valorarosrecursosnaturaise inseriressemontantenaanliseeconmicaseconstitui,pelomenos,emtentativasde corrigir as tendncias negativas do mercado. Logo, a observao da paisagem, a luz da anlise econmica, insuficiente para explicararelaohomem-natureza,associadadimensopolticaecultural.Daa necessidade de ir alm da aparncia e apreender a essncia dessa relao: a organizao doespaogeogrficonasuatotalidadeobjetivandoacomplementaridadeterico-metodolgica de pesquisa. 20 Donos de hotis e agncias de turismo. 7 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx8 Utilizou-se,paraoestudoemquesto,odelineamentodepesquisaenquadrado comoestudodecaso,delimitadanotempoenoespao.Areadeestudoabrangeos municpios de Lenis, Mucug, Palmeiras, Andara e Ibicoara, localizados na regio da Chapada Diamantina Bahia, e tambm, os concelhos de Lisboa e Sintra/Portugal.Os dados utilizados neste trabalho so procedentes de livros, teses universitrias, artigosemrevistacientifica(PortaldePeridicosdaCAPES),relatriotcnicopara solicitaodeemprstimoerelatriodeavaliaodosaspectosambientaise socioeconmicosdaregiodaChapadaDiamantina,(1997;2001).Estesrelatrios forampreparadospeloGovernodoEstadodaBahiaeencaminhadosinstituio financiadora do BID, e tambm, dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica e Documentos Cartogrficos (IBGE). Narevisobibliogrfica,buscou-seadiscussoconceitualcombaseem Raffestin(1993),Lefebvre(1986),Harvey(2007),Haesbaert(1997),Santos(1997a, 1997b).Nessaperspectiva,procurou-secompreender,emquemedidaexistemltiplas dimensesdoespao,apartirdocotidiano/nocotidianodosgrupose/ouclasses sociais,vinculando avaloraoambientaldiferenciadapelosdiversosagentessociais21 da Chapada Diamantina, s representaes do espao percebido, concebido e vivido. Paratanto,fundamentou-senascategoriasgeogrficas-espao,lugare Territrio,pois,compreende-sequeasmesmascontemplamopodernosentido concreto, de dominao, e tambm, no sentido simblico de apropriao. Assim, para o processo de dominao e/ou apropriao, dos municpios delimitados na rea de estudo, oterritrioeaterritorializaoforamevidenciadosediscutidosnamultiplicidadede suasmanifestaeshistricasesocioculturaisenfatizandoamultiplicidadedepoderes neles incorporados atravs dos mltiplos agentes/sujeitos envolvidos.No referencial terico destacou-se que o territrio configura-se de acordo com os sujeitos que os constroem, sejam eles indivduos, grupos sociais, instituies, o Estado e empresas.Nessaperspectivadeanlise,oterritrioeosagentes/atoressociais 22so distinguidospelossujeitosqueefetivamenteexercempoder,isto,quedefato 21 (Moradores locais, turistas, empresrios, comerciantes e instituies). 22 A desterritorializao se produz no processo de desapropriao doespao social, tanto do ponto devista concreto como do simblico. No caso especifico, como resultado dos processos de formao econmica da Regio da Chapada Diamantina. 9 controlamosespaos23consequentemente,osprocessossociaisqueoscompemnas formas mais sutis do poder simblico. Em atendimento a problemtica e aos objetivos propostos na pesquisa, o estudo, almdaintroduo,estestruturadoemseisoutroscaptulosapresentadosno (Quadro1).Noprimeirocaptulo,foifeitaumadiscussosobreafundamentao terica, necessria valorao da paisagem.Nesta perspectiva, foi apresentada a teoria para valorao da paisagem, as categorias conceituais da Geografia e o valor econmico total dos recursos ambientais. Nosegundocaptuloabordam-seosaspectosmetodolgicosematendimento problemtica e aos objetivos propostos na pesquisa. Apresentam-se o procedimento para coleta de dados, a metodologia aplicada ao desenvolvimento do pr-teste e a aplicao doinstrumentodecoletadedados,atcnicautilizadaparatratamentodosdadoseos procedimentos para organizao e anlise dos dados.Em seguida, no terceiro captulo feita uma anlise diacrnica e sincrnica das paisagensdosmunicpios,quedelimitamoParqueNacionaldaChapadaDiamantina (BA).Abordam-seascaractersticasgeoeconmicaseumaanlisedospotenciais tursticosdosmunicpios.Numsegundomomento,asdiscussessonorteadascom basenoselementosconstitutivosdoespao,bemcomonasmltiplasdimenses vinculadas aos espaos concebidos, percebido e vivido, desses municpios. Noquartocaptulo,aborda-seatrpliceconfiguraoespacialdosconcelhosde LisboaeSintra(PT).Nessaseo,evidencia-seoolhargeogrficodopatrimnio cultural,turismo,identidadeserepresentaesterritoriais.Emseguida,procede-sea valorao da paisagem, sob o enfoque das dimenses espaciais.Nesse, comparado s opiniesdosentrevistadosemrelaospaisagensdosconcelhosnumaabordagem integradora.Nessaexpectativa,soconsideradasasdiferentesdimenseseescalasde anlise da paisagem, bem como so confrontados diferentes perfis de pesquisados. Noquintocaptulo,analisa-seoolhargeogrficodopatrimniohistrico-cultural,doturismo,dasidentidadeserepresentaesterritoriaisnaChapada Diamantina.Nessesentido,destacam-seosmltiplosolharesdosdiferentesagentes/ 23 Onde ficam localizados os municpios de Lenis, Mucug, Palmeiras, Andara e Ibicoara, ( BR/BA), e tambm, os concelhos de Lisboa e Sintra (PT). 10 atores Sociais24, a partir do valor de uso e no uso da paisagem local. So discutidos os pressupostosvalorativosnadimensodoespaoconcebido,eemseguida,aborda-sea vocaotursticadaregio,enquanto,atividadeindutoradetransformaesdoespao geogrfico.Aindanessaseo,apresenta-seadeterminaodovalordosatrativos tursticos:MtododeValoraodeContingenteHibrido(MVCH).Eporfim,trata-se do turismo, identidades erepresentaesterritoriais do Projeto Brejo Verruga, que tem comoobjetivoarefuncionalizaodousodagruta,apartirdeumconjuntode modificaes tanto materiais como simblicas no espao. Nosextocaptulo,aborda-seaprefernciapelaspaisagensdosmunicpios,que delimitam o Parque Nacional da Chapada Diamantina, a partir das intencionalidades dos agentes/atores sociais. Nesse tpico, discutem-se as diferentes percepes da paisagem, e, em seguida, pondera-se sobre o auto de infrao - Termo de Ajustamento de Conduta paraconservaodaGrutadoPooEncantado,localizadonomunicpiodeItaet. Ainda,nessecaptulofeitaumaanliseestatstica,utilizandoaTcnicaFatorial Mltipla.Enfim,naltimaseofeitaumaanlisesobreapercepodapaisagem vivida e as tipologias de sensibilidade ambiental, na delimitao espacial de pesquisa. Porfim,nasconsideraesfinaisretomam-seasassertivasdefinidasnas hipteses para suas validaes respaldadas nos resultados obtidos do trabalho emprico, ereferencialtericometodolgicodepesquisa.Emseguida,soapontadasalgumas perspectivasrespaldadasnosresultadosobtidos,apartirdoembasamentoterico- metodolgico de pesquisa. 24 turistas, comerciantes, corpo de bombeiro, moradores, donos de hotis, IBAMA, secretrio de turismo, agncias de turismo e chefe da Casa Civil Militar. 11 QUADRO 1- ESTRUTURA DA TESE INTRODUO FUNDAMENTAO TEORICA E CONCEITUAL CAPTULO 1 A Teoria para Valorao da PaisagemAs Categorias Conceituais da Geografia A paisagem Rumo a Construo da IdentidadeA Identidade como Questo TerritorialAnliseCusto-Benefcio(ACB)ComoIndicadordeViabilidade Econmica Valor Econmico Total dos Recursos Ambientais Os Mtodos de Valorao Econmica Ambiental Mtodo Direto Mtodos Indiretos Anlise de Dados MultivariadosTcnica Utilizada para Tratamento dos Dados: Anlise Fatorial (AF) PROCEDIMENTOS METODOLGICOS DE PESQUISA CAPTULO 2 A Individualizao das Paisagens Enquadramento Geogrfico das Regies Localizao e DelimitaoEnquadramento Histrico-CulturalEnquadramento Humano e TcnicoTamanho e Formas de Composio da AmostraInstrumento de coleta de dados: Questionrio, Entrevista e Observaes Diretas. Pr-Teste e Aplicao do Instrumento de Coleta de Dados Procedimentos para tratamento de dados Enquadramento TericoO Mtodo de Valorao das PaisagensDisposio de Pagar (DAP)Estratgias de Interpretao e Apresentao dos Resultados da AFCMSinais dos produtos dos valores padronizados Valores Possveis de r e Interpretao da Correlao Apresentao dos Resultados da AFCM 12 ANLISE DIACRNICA E SINCRNICA DA PAISAGEM CENTRADA NO ESPAO OU NO TERRITRIO DA CHAPADA DIAMANTINA CAPTULO 3 Caractersticas Geoeconmicas da Chapada Diamantina Potenciais tursticos dos Municpios que delimitam o Parque Nacional da Chapada Diamantina Uma Anlise dos Elementos Constitutivos do EspaoAsmltiplasdimensesdeespaovinculadasaosespaosconcebidos, percebido e vivido da Chapada Diamantina. A TRIPLICE CONFIGURAO ESPACIAL DOS CONCELHOS DE LISBOA E SINTRA CAPTULO 4 OOlharGeogrficodoPatrimnioCultural,TurismoeIdentidadese Representaes Territoriais. AsDiversasRepresentaesSociaiseIdentitriasEstabelecidasSobreo Patrimnio Histrico Cultural A Valorizao Qualitativa da PaisagemAtoresSociais:TipologiaseGestodoPatrimnioArquitetnicoe ArqueolgicoAtores Sociais: Moradores de Lisboa e Sintra Atores Sociais: Turistas A Valorizao Quantitativa da Paisagem A Anlise Fatorial Mltipla dos Atributos da Paisagem ADisposiodePagar(DAP)peloValorHistricoeIdentitriodo Patrimnio Construdo de Lisboa e Sintra. A Anlise Fatorial Mltipla da Imagem da Paisagem de Lisboa e SintraTipologias de Sensibilidade Ambiental da Paisagem 13 O OLHAR GEOGRFICO SOBRE O PATRIMNIO HISTRICO-CULTURAL, TURISMO, IDENTIDADES E REPRESENTAES TERRITORIAIS NA CHAPADA DIAMANTINA CAPTULO 5 O Espao Lefebvriano Valor de Uso e No-Uso da Paisagem da Chapada Diamantina Pressupostos Valorativos do Espao Concebido ProgramadeDesenvolvimentoRegionalSustentvelnaRegioda Chapada Diamantina Programa de Ao para Desenvolvimento do Turismo Estadual ProgramadeAoparaDesenvolvimentodoTurismoRegional (PRODETUR-NE) A Atividade Turstica Chapada Diamantina Perfil dos Atores/Agentes Sociais da Chapada Diamantina DeterminaodoValordosAtrativosTursticos:Tcnicade Valorao de Contingente Hibrida Disposio de Pagar (DAP) OTurismoComoAtividadeIndutoradeTransformaesnoEspao Geogrfico Turismo,IdentidadeeRepresentaesdaPaisagem:GrutaBrejo VerrugaAS PAISAGENS E INTENCIONALIDADES DOS AGENTES/ATORES SOCIAIS DOS MUNICPIOS LIMTROFES AO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DIAMANTINA CAPTULO 6 Percepo da Paisagem AutodeInfrao:TermodeAjustamentodeCondutadaGrutado Poo Encantado Nvel de significncia do teste (o) (nvel-p) Anlise Fatorial Mltipla - Resultados da Estatstica Descritiva PercepodaPaisagemVividaeTipologiasdeSensibilidade Ambiental CONSIDERAES FINAIS Fonte: Elaborada por Delza Rodrigues de Carvalho, 2011. 14 CAPTULO IENQUADRAMENTOTERICO E CONCEITUAL 15 1. FUNDAMENTAO TERICA1.1 A Teoria para Valorao da PaisagemTendoemvistaanaturezaeobjetivosanalticosrequeridospelapesquisa, desenvolve-senestetpico,ummarcoderefernciaterico-metodolgico.Neleso abordados os aspectos conceituais e teorias, relativos s variveis das hipteses, em que est consubstanciada a anlise pretendida. AbordarotemaAvaloraodapaisagemumadiscussoepreocupao recente da Geografia e Economia. No desenvolvimento da pesquisa foi feita uma anlise comparativa,entreaspaisagensdealgunsmunicpioslocalizadosnoBrasil/(BA), LisboaeSintra/(PT).Emprimeirolugar,aanlisefoipriorizadapelacondiode semelhanas e dessemelhanas decorrentes da condio histrica depais colonizador e colonizado.Emsegundolugar,nomeadamente,noquesereferepercepoe valoraoambientaldiferenciada, considerandoocotidiano/nocotidianodosdiversos atores/agentes sociais.Em terceiro lugar, pelo valor mdio e mediano diferenciado, que osdiferentesatores/agentessociaisestariamdispostosapagar(DAP),pelousoeno uso dos atrativos tursticos naturais (Brasil) e patrimnios histricos (Portugal).Paratentarconsolidarestatarefarealizou-seumabreveanlisedaliteratura sobreotema,destacandoascontribuiesconsideradasimportantese/ouatuais,nas diferentes escalas de abordagens com vistas s questes, as hipteses e aos objetivos da pesquisa.Algunspesquisadoresfizeramestudossobreaproblemticadaeconomiado meioambienteapartirdosdiferentesparadigmassociais,econmicoseculturais, evidenciando-se as diferentes caractersticas e os limites de cada uma delas.Sousa e Mota (2006), por exemplo, discutem sobre a problemtica da valorao econmicadereasderecreaonoscentrosurbanos,acriaoemanutenode espaos pblicos destinados preservao ambiental e aos usos de recreao e lazer. Os autoresnopresenteestudoestimamovalorparamanterasfunesdoParque MetropolitanodePituau,Salvador,Bahia,atribudopelosseususurios,comusodo Mtodo de Avaliao Contingente (MAC). Ribemboim, (2004), em seus estudos aplica o Mtodo do Custo de Viagem para valorarosefeitosnadinmicaeconmico-ambientalevaloraomonetriadoParque 16 NacionaldaChapadadosVeadeiros.Dessaforma,elelevantaquestesconceituais, tericasdeordemprtica,sobreaaplicabilidadedessemtodoemoutrosstiosde interesse preservacionista em todo pas, avaliando, inclusive, o perfil tpico do visitante easmudanassociais,econmicaseambientaissobreapopulaolocalresidenteno entorno do Parque. RomeiroeMaia(2003)reconhecemamensuraodomeioambiente,apartir das atitudes e comportamento dos indivduos na disposio de pagar.De acordo com os autores,oMtododeValoraodeContingncia(MVC)diferedosdemaismtodos pelaformadiretadecaptaodosvaloresdapopulao,possibilitandoaestimativa tanto dos valores de uso quanto dos valores de existncia dos recursos ambientais.Nessa perspectiva, afirmam os autores. Essemtodovemganhandoaceitabilidademedidaquenovos estudos aprimoraram a tcnica e forneceram base para a avaliao dos resultados.Atualmenteomtodoaceitopordiversosorganismos nacionaiseinternacionais,eutilizadoparaavaliaodeprojetosde grandes impactos ambientais. (ROMEIRO e MAIA, 2003, p. 819). Paratalpropsito,omtodotemsidoamplamenteusadonosEstadosUnidos, onde as polticas e os projetos ambientais exigem uma rigorosa justificativa econmica. Esses so fundamentados, principalmente na anlise dos custos e dos benefcios visando o bem estar social dos diferentes atores/agentes sociais. Por isso, a valorao monetria dosrecursosambientaisexigidapelamaioriadasagnciasergospblicose privados envolvidos com programas e projetos que afetem o meio ambiente.Poroutrolado,oMtododeValoraodeContingncia(MVC)estsujeitoa vrioserros,poissetratadeumatcnicafundamentadanaanlisederespostasdeum conjunto de entrevistados, em situao hipottica. Essa condio exige que o MVC, seja aplicadodeformacriteriosa,neutralizandoosresultadosduvidososefavorecendoque oserrossejamidentificadosediminudos,afimdeasseguraravalidadee aconfiana do mtodo.Nas suas discusses tericas e metodolgicas Drumond eFonseca, (2003, p.97) citamasprincipaisrazesdeerrodomtododenominadosdevieses.Osprincipais 17 vieses25 seriam o vis hipottico, o vis estratgico, o vis da influncia da informao, o vis do ponto inicial, o vis da parte-todo e o vis do entrevistado-entrevistador.Nogueiraetal(2000)fazemumarevisocrticadaliteraturasobreosmtodos devaloraoeconmicaambientalindicandoosaspectospositivosenegativosda aplicaodessesmtodosnabuscadeumamelhoreficinciaalocativadosrecursos ambientais, visando maximizao do bem-estar social. Para os autores esse objetivo se consolida por meio da apresentao dos principais mtodos de valorao econmica de bens e servios ambientais, destacando as suas bases na teoria econmica neoclssica. Moraes (1997) destaca textos tericos e ensasticos que podem ser agrupados em doisconjuntosdepreocupaes:umdelesarticulareflexessobreasbasesterico-metodolgicaspara a anlise da problemtica ambiental, outro aborda tpicos relativos esfera do planejamento e da gesto do uso do meio ambiente. As orientaes tericas, nesseestudo,soimportantesporqueservemdeparmetroscomparativoscomos mtodosdevaloraoambiental,desenvolvidospeloseconomistasdaescola neoclssica. Para tratar da questo ambiental, Marques e Comune (1996), no artigo sobre A teoria neoclssica e a valorao ambiental apresentam uma discusso sobre a valorao do meio ambiente a partir de dois diferentes referenciais tericos: o neoclssico e o da economia ecolgica. 25VisHipottico-mercadoshipotticospodemgerarvaloresquenocorrespondemareaispreferncias individuais tendo em vista que se trata de simulaes.VisEstratgico-estevisdizrespeitopercepodoentrevistadoquantoverdadeiracobranapelobemou servio ambiental que se est oferecendo em funo da sua DAP. Se o entrevistado achar que de fato pagar o valor a que se comprometer com a pesquisa, poder responder valores abaixo de sua verdadeira DAP. VisdaInformao-AformadeapresentaoeonveldeprecisodainformaoafetamasrespostasdeDAPe DAAdoscenrioshipotticos.Algumasevidnciasempricassugeremaocorrnciadestevisemmaiormonta, outras em menor, tendo alguns autores argumentado que a informao sempre afetar a DAP, independentemente do bem ser pblico ou privado. VisdoPontoInicial-Aapresentaodosvalorespelosquestionriostendeainduziroentrevistadoaoptarpelo primeirovalorapresentado,consideradoovalor"correto".Estevisestassociadoaousodomtodoreferendum, podendo ser minimizado por intermdio do uso de cartes de pagamento, situao em que o entrevistado escolhe um lance entre vrios apresentados numa escala de valores dada.Vis da Parte-Todo - Este vis pode ser verificado quando o somatrio da DAP para cada bem ou servio ambiental ofertadosuperaaDAPparaatotalidadedestesmesmosbenseserviosquandoofertadosemconjunto.Os entrevistadospodemsuperestimarsuaDAPaoconsiderarqueestejamresolvendoproblemasambientaisglobais (todo)enosomenteproblemasambientaisespecficos(parte),dopontodevistageogrfico,debenefciooude abrangncia institucional. Vis do Entrevistado e do Entrevistador - O entrevistado pode sentir-se compelido a oferecer uma DAP maior em razo da presena fsica do entrevistador, que pode inibir o entrevistado. Alternativas como, pesquisas por telefone ou por correio resultam em outros problemas, tais como, vis hipottico ou baixo retorno dos questionrios. 18 Destacam-se ainda, as anlises de Benakouche e Cruz (1994), sobre os principais mtodostericoseosinstrumentosdeavaliaomonetriadomeioambiente.Eles indicam as vrias possibilidades destas ferramentas s questes ambientais (conservao e proteo ambiental, dano ambiental etc.). Ainda,nessepropsito,destacam-sealgunsartigos,trabalhosdedoutoradoe mestrado que j aplicaram o MVC em ativos naturais - Almeida (2006) discute sobre a atividadeturstica,afirmandoaexistnciadeumacombinaoentreomateriale imaterialaolanaroseuolharsobreosterritriostursticos.Aautora,afirmaqueo olhar tem suas ambiguidades, pois a cultura turstica se realiza no plano do simbolismo. Assim, o turista se fascina por cenrios, no qual a mercadoria e valor de uso no so as preocupaesessenciaisdassociedadespr-capitalistas,quegeralmenteocupamestes espaos. Ento, segundo a autora, o turismo inventado, a partir do valor atribudo pelo turista, aliado aos interesses dos seus atores (Estados, agentes privados, mdia e guias de viagem);Santana,(2003)utiliza-sedomtodo,enquantoferramentadegestodo ParqueNacionaldeJaAmazonas;Silva(2003),emseusestudosvaloraoParque AmbientalChicoMendesRioBranco;OliveiraFilha(2002),emsuaanlisevaloraa recuperao e preservao das praias de Niteri, Rio de Janeiro; Hildebrand (2001) faz avaliaoeconmicadosbenefciosgeradospelosparquesebosquesurbanosde Curitiba;Mota(2000)fazavaloraodeativosambientaisdoParqueNacionalgua Mineral, localizado em Braslia, como subsidio a deciso pblica; Ferreira (2000) aplica omodelodeavaliaodecontingente,noParqueNacionaldoIguau,Paran,numa perspectivadevalordeusorecreativo.Ascontribuiesdadaspermitemapreenderos diferentesenfoquesquetratamavaloraoambiental,asmetodologiaseosobjetosde estudo que se prestam a este procedimento analtico; Dubeux, (1998) efetua uma anlise crtica dos procedimentos metodolgicos utilizados na anlise de viabilidade econmica do Programa de Despoluio da Baa de Guanabara (PDBG). Em seguida, no processo de construo do conhecimento abordam-se discusses dealgunsautoresdaGeografiadestacam-seasreflexesdeHarvey(2007),ePiresdo Rio (2001; 2003), sobre economia e cultura; Almeida (2006; 2005; 2004; 1993) discute temas relacionados dimenso espacial e imaginrio espacial; Almeida(2008)estende seuinteressepelatemticasobrereflexestericasculturais;Claval(1999;1997), Frmont (1980), Le Boss (2004), Sauer (1998), Haesbaert (2001a; 2001b; 1999; 1997) donfaseatemasrelacionadosidentidadeespacialeterritorial;Corra(2005)e 19 Silva, J. (2004) esto presentes com discusses voltadas a formas simblicas; Cosgrove (1999; 1994; 1993a; 1993b), Duncan (1995) e Berque (1998) do contribuies sobre a paisagemcultural;osautoresCorra(2008)eRosendahl(2000)temumasignificante produo terica vinculada temtica de regio cultural. Observe a (Figura 2).Existemparaotermocultura,vriasacepes.Culturapodeserempregue primeiro,comosinnimodecultivo,designandooatodefazercresceremultiplicar seres vivos. A palavra cultura pode reportar-se, numa acepo mais erudita, s obras do gniohumanoamsica,apintura,aliteratura,afilosofia.Eculturapodeainda, finalmente,aparecercomumsentidoassimilvelaodemododevidaqueseremetea umconjuntodosvalores,crenas,conhecimentosecostumesquecaracterizame diferenciamdosvriosgruposhumanos oupovos,bemcomoparaasformas materiais em que aqueles valores, crenas e conhecimentos se exprimem. Cabedestacar,queanoodegeografiaculturalantiga.Encerraconcepes diversasdeautoresqueseesforaramparaqueessasefundamentenuma metodologia cientifica. O resgate dos elementos subjetivos na geografia passou a ocorrer com maior nfaseapsadcadade1990,quandoosfundamentosestritamentevinculadosao ABORDAGENS DAGEOGRAFIAEconomia e culturaHarvey (2007); Pires do Rio (2001; 2003)Dimenso imaginrio espacialAlmeida (2006; 2005; 2004; 1993)Regio culturalCorra (2008), Rosendahl; Corra (2000)Paisagem culturalCosgrove (1999;1998; 1994;1993a.; 1993b.),Duncan (1995) eBerque (1998)Formas simblicasCorra (2005) e Silva, J. (2004)Identidade espacial e territorialLe Boss (2004), Sauer (1998), Haesbaert (2001 a.; 2001b; 1999; 1997)Identidade espacial e territorialClaval (1999; 1997),Sauer (1998),Frmont (1980) Reflexes tericas culturaisAlmeida (2008)Figura 2- Processo de Construo do Conhecimento da Geografia Fonte: Elaborada por Delza Rodrigues de Carvalho, 2011. 20 econmico,aoconcreto,comearamaperderseupoderexplicativo,ouserem questionados.Nessecontexto,asdiferentesabordagenssooportunasparaanalisara valoraodapaisagemluzdosdiferentessujeitossociaisdosmunicpiosque delimitamoParqueNacionaldaChapadaDiamantina/Brasil,LisboaeSintra/Portugal. Paratanto,feitaalgumascorrelaesdacategoriapaisagemcomacultura,e especificamente, identidade cultural, abordando a sua relao com o imaginrio.SegundoWasserman(2001),aidentidadeconstitui-senumtermopolissmico. Estrelacionadotantoaoindivduonummbitopessoal,quantonasrelaesentreo indivduo e coletividade. Assim, as subjetividades individuais e coletivas so matria-primadasidentidades.NombitodaGeografia,oqueinteressasoasidentidades coletivas,ouseja,daespacialidadedosfenmenossociais,abordadasapartirdo significado que cada grupo social expressa no espao, tradicionalmente, denominado de identidade territorial. Neste sentido, Haesbaert esclarece: Partimos do pressuposto geral de que toda identidade territorial uma identidadesocialdefinidafundamentalmenteatravsdoterritrio,ou seja,dentrodeumarelaodeapropriaoquesedtantonocampo dasideiasquantonodarealidadeconcreta,oespaogeogrfico constituindoassimpartefundamentaldosprocessosdeidentificao social.[]Deformamuitogenricapodemosafirmarquenoh territriosemalgumtipodeidentificaoevaloraosimblica (positivaounegativa)doespaopelosseushabitantes. (HAESBAERT, 1999, p. 172). (Grifos Nossos)Desta forma, percebe-se que a territorializao, parte da apropriao de espaos econstruodeidentidadesterritoriais,quepermitirodelimitaroscontornosdo territrio,designadocomonossosespaoseosespaosdosoutros.Muitasvezes, ligadasaoprocessoidentitrio,apreende-seumahierarquizaoouclassificaodas culturas,comautilizaodeparmetrosdecomparabilidadetransformandooque apenas diferente em desigual.Over-seperanteodiferenteremete percepodesi mesmo,reconhecendo-se comosingularperanteooutro.Ento,ficaevidente,quenoodealteridadedefinea identidade de um grupo, construda e permeada pelo espao, pelo tempo e pela histria. Asuaconstruosocialremeteideiadequeaspessoastmdiferentesgrausde prefernciaougostospordiferentesbensouserviosoferecidosnoterritrio.Issose manifesta quando elas vo ao mercado e pagam quantias especficas por eles. Inclusive, quandoosatores/agentessociaisestimamovaloreconmicodebenseservios.A 21 abordagemrecomendadapeloautorrejeitaoprincipiodauniversalidade,epriorizaas individualidades, a partir das significaes materiais e afetivas dos lugares. importante lembrar, que no se pode associar identidade, como algo estanque, imutvel, pois ela tambm transitria, faz parte da dinmica social. Depende da poca, dos lugares e da idade cronolgica de cada grupo e assim, a identidade se apresentar de maneira diferente.Por isso: Aidentidadeaparececomoumaconstruocultural.[...]Elaofaz selecionandoacertonmerodeelementosquecaracterizaaomesmo tempo,oindividuoeogrupo:artefatos,costumes,gnerosdevida, meio,mastambmsistemasderelaesinstitucionalizadas, concepesdanatureza,doindividuoedogrupo[...]aidentidade deveseranalisadacomumdiscursoqueosgrupostmsobreeles mesmosesobreosoutros,paradarsentidoasuaexistncia. (CLAVAL, 1999, p.15). E mais adiante o autor prossegue: osentimentoidentitriopermitequesesintaplenamentemembrode um grupo, dot-lo de uma base espacial ancorada narealidade [...] os problemasdoterritrioeaquestodaidentidadeesto indissociavelmenteligados:aconstruodasrepresentaesque fazemcertasporesdoespaohumanizadodosterritrios inseparveldaconstruodasidentidades.Umaeoutraestas categorias so produtos da cultura. (CLAVAL, 1999, p. 16). interessanteperceberque,noespaogeogrficoexistemvriasidentidades. Essastmumvnculomuitofortecomaquestoespacial.Emalgumassituaes,a identificaodosujeitosocialfeitapelograudeparentescoMariadeFrancisco mudou-separaSoPaulo.Assim,osindivduossereconhecemapartirdasua territorializao, num determinado lugar.Para Le Boss (2004), o lugar apresenta-se como suporte essencial da identidade cultural,poistemumaligaoemocional,carregadodevaloredesentido,pela subjetividadedosindivduosedosgrupos.Aidentidadeconstrudatomandocomo parmetrosassubjetividadesindividuais ecoletivas,epodeestarrelacionada agrupos sociaisouaopertencimentoterritorial.Aincorporaodadimensosimblica,do imaterialnodiscursogeogrfico,temagregadovalornasanlisessobre aproduodo espao, das paisagens, das territorialidades.Assim,salienta-sequeosestudossobovisdepercepo,mercadoe representao,permitementenderosatores/agentessociais,enquantoconstrutoreseas 22 paisagens,enquantoidentidadesdinmicas.Essasrefletematnicadominantedo trabalhohumanodosdiferentesatoressociais,materializadoemdecorrnciadasua natureza social e econmica. Nesse propsito, busca-se valorar a forma de apropriao da paisagem pelos sujeitos que efetivamente exercem poder e controlam esses espaos. Ento,possvelcompreenderquaisfatoresintervmnoprocessodepercepo ambiental dos diversos sujeitos, bem como, de que forma se engendram alguns de seus valoreseatitudesconcernentespaisagemdareadeestudo,queabrangemo Brasil/Bahia e Lisboa e Sintra/Portugal. 1.2 As Categorias Conceituais da Geografia Existemdiversasconcepesterico-metodolgicasdaCinciaGeogrfica. Porm,nestetrabalhosoutilizadasas definiesfundamentadasnaabordagem Cultural,HumanistaeHistrico-Dialtica parafundamentaodascategorias utilizadas. Dascategoriasgeogrficas, (Figura3),oespaodespertaum significativointeressedosprofissionais acadmicoseparafalaremespao inicialmente, destaca-se o discurso de Santos (1988). Este autor enfatiza que a paisagem componentedaconfiguraoterritorial,noentanto,noseconfundem,pormse diferem.Assim,aconfiguraoterritorialconstitudaporumconjuntoderecursos naturaisetambmderecursoscriados.Logooespaoapaisagem,associadavida nelaexistente.Maisainda,asociedadeajustadapaisagem,emdecorrnciada naturezasocialeeconmicaquerefletenamaterialidadedasformascriadaspelos homens. Nas palavras desse autor, tanto a paisagemquanto o espao so uma espcie de palimpsesto.Emdecorrnciadeacumulaesesubstituies,aaodasdiferentes geraessesuperpe.Eleafirma,aindaque,apaisagemapenasumaabstrao, mesmo considerando sua concretude como coisa material, pois sua realidade histrica, portanto, resulta de sua associao com o espao social:EspaoTerritrioLugarFonte: Elaborada por Delza Rodrigues de Carvalho, 2010. Figura 3- Categorias Conceituais da Geografia 23 ....asociedade,isto,ohomem,queanimaasformasespaciais, atribuindo-lhesumcontedo,umavida.Savidapassveldesse processoinfinitoquevaido passadoao futuro,selatemopoderde tudo transformar amplamente. (SANTOS, 1997b, p. 88). Na citao, fica claro que a sociedade, ao agir sobre oespao, age no somente sobreosobjetoscomorealidadefsica,mastambm,comorealidadesocial,formas-contedo, ou seja, objetos sociais j valorizados aos quais ela busca oferecer ou impor um novo valor. Para Tuan (1983), espao e lugar so termos que indicam experincias comuns, considerandoqueoespaopodetransformar-seemlugar,medidaqueadquire personalidade, torna-se vivido. De acordo com o autor, o lugar segurana e o espao liberdade:estamosligadosaoprimeiroedesejamosooutro,(TUAN,1983,p.3). Assim,quandosevivenciaeseestabelecemvaloresaoespao,osignificadosefunde com o de lugar, em anlogo ao pensamento definido por Tuan, o espao transforma-se em lugar medida que adquire definio e significado (Ibidem, p. 151). Segundoocomentriodesseautor,oentendimentoconceitualdelugarede espao est relacionado aos vnculos de experincias comuns e significados mantidos comestascategoriasdeconstruoespacial.Acondioexpressapelassensaesde experinciascomunsesignificadopossibilitaaconversodoespaoemlugar,ou do contrrio, o sentimento de no ter a construo desse vnculo construdo possibilita a transformao de lugar em espao.O terico francs, Lefebvre, teve um relevante papel nas discusses relativas ao espao. O autor considera que espao socialmente produzido, envolvendo relaes de produoereproduo,sendo,portanto,dinmico.Enessascondies,Lefebvre (1986), vincula as prticas espaciais26 ao percebido, concebido e vivido, justificando as mltiplasdimensesdoespao,comasidentidadeseocotidianodosgrupose/ou classes sociais, (Quadro-2). 26 ParaLefebvre,asprticasespaciaisenvolvemaproduoeareproduo,realidadecotidiana,umacerta competncia e performance. 24 Oespaopercebido,naconcepodeLefebvre,atribuisrepresentaes mentaismaterializadas,funcionalidadeseusosdiversos,quecorrespondemauma lgicadepercepodaproduoedareproduosocial.Destemodo,oespao percebidoaparececomoumaintermediaodaordemdistanteeaordemprxima (experincia cotidiana), referentes aos desdobramentos de prticas espaciais oriundas de atos, valores e relaes especficas de cada formao social.Asegundadimenso,oconcebido,constitui-senasrepresentaesabstratasdo espao,referentessrelaesdeproduo,aordemqueestasimpem,aservioda estratgiahegemnicadocapital,pelopensamentohierarquizado,imvel,etambm, distantedoreal.Advindodesabertcnico,e,aomesmotempo,ideolgico,as representaes do espao privilegiam a ideia de produto devido preeminncia racional do valor de troca.O espao vivido aborda a dimenso concreta e abstrata, que corporifica o real e o imaginrio,formandoosespaosderepresentaes,capazesdeinterpretarema realidade social. A experincia cotidiana (ordem prxima) est vinculada ao espao das representaes por meio da subverso de usos contextuais, materializando-se, inclusive, oresquciodeclandestinidadeirracional.Oespaosocial,ento,configura-secomoa expresso mais concreta do espao vivido, quando legitimado pela soberania do homem sobreoobjeto,pelasuaapropriaopelacorporeidadedasaeshumanas, (LEFEBVRE, 1986). Evidencia-se que esta anlise espacial remete produo do espao no processo dereproduosocial.Porconseguinte,oespaoconsideradoumcampode Quadro 2- Prticas espaciais Prticas Espaciais Materiais -PercebidoFuxos, circulao, transferncias einteraes fsicos e materiaisRepresentaes do Espao-ConcebidoEspao instrumental dos cientistase dos planejadores, espao doconhecimento (mapas grficos efotografias)Espaos de Representaes-Vivido(Cdigos, signos, discursosespaciais, planos topicos,paisagens imaginrias e espaossimblicos); os medos, asimaginaes, emoes e sonhosFonte: Levebvre, (1986). Adaptado por Delza Rodrigues de Carvalho 25 possibilidadesdeconstruodeumespaodiferencial,queseopeaohomogneoe contemplaouso.Emdecorrnciadestaafirmao,percebe-sequenoexisteuma imutabilidadeentreasdimensesespaciais;destaforma,nadaimpedequeoespao concebido absorva o espao das representaes (vivido). DentroasvriasdiscussesdaGeografia,essatradecorrespondeadiferentes caminhosdeentendimentodaproduodoespao.Essaslhesatribuemqualidadese atributosdiferentes,pormasdimensessointer-relacionadaseinteragementresi. Nessesentido,aconcepodeCarlos(2001),vemlegitimarestasideias,umavezque ela afirma: [...]aexistnciaconcretaligaovividoepercebidoquiloque permite/impedeatoseaespelaexistnciadasnormas,comoparte integrante da prtica social, povoa o mundo das representaes que as pessoas, que habitam o espao, criam. (CARLOS, 2001, p. 51). EmanlisecomplementaraopensamentodeLefebvre,cabeacrescentar,a contribuiodeSantos(1997a,p.49),quandopropequatrocategoriasdeanlise- forma,funo,estruturaeprocesso,elementosfundamentaisparacompreensoda produo de espao na sua totalidade. O autor destaca: forma, funo, estrutura e processo so quatro termos disjuntivos, mas associados,aempregarsegundoumcontextodomundodetododia. Tomadosindividualmente,representamapenasrealidadesparciais, limitadasdomundo.Consideradasemconjunto,porm,e relacionados entre si, elas constroem uma base terica e metodolgica apartirdaqualpodemosdiscutirosfenmenosespaciaisem totalidade. (SANTOS 1997a, p. 52). Assim posto, nas discusses que norteiam as categorias de anlise espacial, no possveldissociarforma,efuno,da estruturaeprocesso.Esseconjuntoasseguraa leituradanaturezadoespaogeogrfico,noquedizrespeitonaturezasociale econmicaemseumovimentodetransformao,numdadomomentodotempo histrico, dos municpios delimitados na rea de estudo. Acategoriageogrficaintituladalugarnosedestacoucomoconceitoda geografia, sendo quase sempre tomado como referncia locacional. Essa foi revista pela geografiaculturalepelageografiahumanstica.Comestaabordagem,Tuan,foio principaldefensordestacategorianaGeografia.Apartirdainflunciahumanistae fenomenolgica,opensargeogrficodeumdeterminadolugaredosproblemas 26 socioambientais que o afetam, passou a considerar os aspectos da percepo de quem ali habita.Nessadiscusso,trazparaodebatequestesquegiramemtornodomundo vivido: Esta preocupao com o espao vivido colocou no centro da anlise o lugar.Istoporqueolugar,maisqueoespao,queserelaciona existnciarealeexperinciavivida.Olugar,porm,vistopela Geografia sob influncia da fenomenologiano como um lugar em si, umlugarobjetivo,mascomoalgoquetranscendesuamaterialidade, por ser repleto de significados. Por isso que o lugar, concreto, nico equetemumapaisagem,noapenasnatural,masessencialmente cultural,torna-seocentroeoobjetodoconhecimentogeogrfico. (LENCIONI, 2003, p.154, grifos nossos). Ageografiafenomenolgicasurgecomoabordagemcapazdepermeara complexidadedomundovividosemextinguirossignificadoserepresentaesdos lugares.Ora,essaposturacomplementa-secomatarefaqueenvolveumexerccio subjetivo do olhar considerando os sentimentos,os valores e as preferncias do homem cultural. AnneButtimer(1982,p.172)aovislumbrarafenomenologiaparaageografia destacaopapeldaexperincia,comoelementoessencialnaconcepodomundo vivido. Utilizando-se desse termo, a autora esclarece que ele no um mero mundo de fatosenegcios[...] masummundode valores,debens,um mundoprtico.Eleest fundamentadonumpassadoeprojetadoparaumfuturo;umhorizontedeusogeral, embora cada indivduo possa constru-lo de um modo singularmente pessoal. Ainda nesse contexto, ao longo dessa linha de pensamento, se pode compreender queafenomenologianoselimitaaomodosubjetivodeconhecimentorejeitandoa relaocomomodoobjetivo.Nelatambmhumaideiadeintersubjetividade, defendida pela autora, que reconhece a validade de ambos: Enquantoomodosubjetivoconcentra-senaexperinciaindividual nica,eomodoobjetivoprocuraageneralizaoeproposies testveisacercadaexperinciahumanaagregada,omodo intersubjetivooumodofenomenolgicoesforar-se-iaparaelucidar umdilogoentrepessoasindividuaiseasubjetividadedoseu mundo. (BUTTIMER 1982, p. 175) Emsuasreflexes,estaautoradestacaasquestesdoconhecimentoedo significado a partir da intencionalidade. E, nestes termos, a busca da inseparabilidade do ser, pensamento, smbolos e aes para interpretar os valores negligenciados no mbito 27 dosabergeogrfico.Aautorareconhecequetaisvalorespoderiamserforjados,ou mesmo adaptados por elementos de diferentes esferas, como crenas pessoais, virtudes, turbilhotecnolgicoeideologias.Ora,acategorialugarrepresentaumaconcepo dotadadeumaexpressoexistencialecoletiva,aotempoquerepresentaosomatrio dasdimensessimblicas,emocionais,polticas,culturalebiolgico.Enfim,umadas preocupaes dessa cincia, principalmente em suas razes francesas, foi a de colocar no centro das atenes o individuo perante a diferena no/do espao. ParaFrmont(1980),aregioseriaumespaovivido,reconhecidocomoum espaodevidaconstrudoerepresentadopelasrelaesdosdiferentessujeitossociais com o seu ambiente. Nesse propsito, o autor enfatiza os procedimentos metodolgicos de investigao baseado no vivido, a partir da experincia humana dos lugares.Frmont, recomenda que o gegrafo culturalista precisa conviver no ambiente de pesquisa,utilizandoospressupostostericosdaPsicologiaGenticaedaPsicanlise. DestacaqueaGeografiadevefalardasformas,dascores,doscheiros,dossonsedos rudos.Aabordagemrecomendadapeloautordescartaprincipiodauniversalidade, prioriza as individualidades, e tambm, requer uma especial ateno s redes de valores, de significaes materiais e afetivas dos lugares. Enfim, tratam das representaes que estruturam os valores atutidinais vivenciadas no espao. Tuan (1980, 1983), em suas discusses, embora com outro enfoque aborda esta questo.Segundoele,olugarencarnaasexperinciaseasaspiraespessoais,uma realidadequedevesercompreendidadaperspectivadosquelhedosignificado.Para esse autor, o lugar era um conjunto complexo, enraizado no passado e incrementando-se comapassagemdotempo,comoacmulodeexperinciasedesentimentos.Seriaa experincia primitiva do espao experimentada a partir do corpo. Porconseguinte,lugaretemporelacionam-sedetrsmodos:tempocomo movimento ou fluxo; afeio pelo lugar em funo do tempo; lugar como tempo visvel ou lembrana de tempos passados, (Figura 4). 28 NaperspectivadageografiahumansticaapregoadaporTuan,olugar,como categoria filosfica, no se fundamenta numa construo objetiva, pois s existe a partir doespao,quesetornafamiliaraoindividuo;oespaodovivido,doexperenciado pleno de significado. Entreosgegrafosquediscutempaisagemeutilizamaabordagemcultural, destaca-se Cosgrove (1999). Para o autor, elas esto relacionadas ao simbolismo, vida cultural, a identidade e o significado.Paraele,oslugares alcanam identidade e significado pelaintenohumana. Primeiramente,analisao relacionamentoqueexisteentre asinteneseosatributos objetivosdolugarcircunscritos aocenriofsicoeasatividades desenvolvidas.Emseguida, observa que o significado cultural introduzidonapaisagem,e tambm,podelig-laaoutros campos simblicos. Aseguir,busca-seacategoriageogrfica-Territrio,destacando-seaviso de Santos:Oterritrioolugaremquedesembocamtodasasaes,todasas paixes,todosospoderes,todasasforas,todasasfraquezas,isto, ondeahistriadohomemplenamenteserealizaapartirdas manifestaes da sua existncia, pois o territrio o lugar de todos os homens,detodasasempresasedetodasasinstituies.(SANTOS, 2002, p. 9) nessecontextoqueemergeaimportnciadefundamentar-senacategoria territrio.Esegundooautortudoqueessencialnomundosefazapartirdo conhecimentodoterritrio.Ainda,emconsonnciaaoobjetivodoestudo,tambm, tomou-se como base terica a obra de Raffestin, ao enfatizar que:LUGARETEMPO Tempo como movimento ou fluxo; Afeio pelo lugar em funo do tempoLugar como tempo visvel ou lembrana de tempos passados.Figura 4- Perspectiva de Lugar e Tempo Fonte: Tuan (1980, 1983). Adaptadapor Delza Rodrigues de Carvalho 29 oespaoanterioraoterritrio.Oterritrioseformaapartirdo espao,oresultadodeumaaoconduzidaporumator sintagmtico....oespaoaprisooriginal,oterritrioapriso queoshomensconstroemparasi...Oterritrioseapoianoespao, mas no o espao. (RAFFESTIN 1993, p.143-144) Conclui-sequeosterritriosconstituem-seemrelaessociaisdepoder projetadas no espao e no apenas espaos concretos. Desse modo, pode-se dizer que o ator territorializa o espao quando se apropria desse de forma concreta ou abstrata.Na opiniodeRaffestin,(1993),soosatoresqueproduzemoterritrio,compostopor malhas,nseredes.Segundooautoremquesto,umaredepodeserabstrataou concreta, invisvel ou visvel. A ideia bsica considerar a rede como algo que assegura a comunicao (...) (Ibidem, p.156).Comessaabordagem,compreende-sequeaformaodeumterritrioimplica em comunicao, a partir da qual um indivduo informa ao outro suas intenes sobre espaoqueelesocupam.Umindivduo,localizadoemdeterminadopontooureado espao,relaciona-secomoutrospontosereas,deacordocomseusobjetivose estabelece,nessarelao,umarepresentaodoespao.Nessacondio,a representaodoespaosetornaofiocondutor.Inclusive,podeserconsideradaa dialticarepresentaodoespao-espao,omovimentobsicodesseprocessode construo, por meio da intersubjetividade, do espao da ao.ParaSouza(2001),oterritrionoapenasassocia-seaopoderdoEstado,mas tambm cultura, por meio dos membros da coletividade, que tambm no deixam de exercer poder. O territrio uma complexa rede de relaes socioespaciais. O exemplo dissosoasterritorialidadesqueseconstituemnasgrandesmetrpolesporgrupos sociaisdiversos,comoosterritriosdaprostituio,dotrficodedrogas,dos nordestinos,dosgachos,entreoutros.Almdisso,esteautorargumentasobrea importnciadecompreenderasrelaesdepoder,comosrecursosnaturais,de produo,ou asligaesafetivasedeidentidadesentreumgruposocialeseuespao. Porm,importante,compreensodequemdominacomodominaedequeforma influencia nesse espao. As relaes exercidas sobre o espao-territrio nos dias atuais so complexas. O modo de produo capitalista tem dinamizado o territrio a partir de novas necessidades decirculaodepessoas,informaes/comunicaesemercadorias,inclusive,as transformaes no cotidiano das pessoas tambm se alteraram sensivelmente.30 Porfim,destacam-seasponderaesequivalentesdosautoresSouza,(2001)e Raffestin(1993),sobreterritrio.Ambos,reconhecemoterritrio,comoespaode relaesdepoder(apropriao),nocomoproduodoespao.SegundoSouza,o poderestonipresentenasrelaessociais,oterritrioestconfiguradoemtoda espacialidadesocial,porm,svezesumespaosocialnoseconfiguranumdado territrio. Pensa-se, ento, na cidade de Igatu-Ba.No auge dos garimpos de diamantes, estacidade(Figura5),chegouacontar commaisde30.000habitantes. Hoje,perdida no tempo, so apenas, runas de casas dos garimpeiros, construdas de pedra.Nesseescopo,destaca-sea aodosatoresqueoutroraagiram sobre o espao de Igatu, configurando-o emterritrio.Enfatiza-se,aqui,o trabalhodaextraodediamantes,as aes, e as transformaes que se deram aoespaodecorrentedoexercciode poderdosatoressociais,sobreesse espao. Contextualizando,porpoderentende-seacapacidadedosatores27deagir, realizaraeseproduzirefeitos,ouseja,defazerusodoterritrioedetransform-lo, respondendoaosinteressesesdemandasdosatorespertencentesa este.Porm, hoje, por exemplo, no espao concreto das runas de Igatu, os homens agem de forma tmida. No existe mais o domnio do territrio, e a potencial modificao desencadeada pelas relaes sociais que se constituem a fonte fundamental do poder. Agora,quejforamexaminadasalgumasfacetasdessacategoriageogrfica, Territrio,compreende-sequeamesmacontemplaosentidosimblicode apropriao e tambm, o poder no sentido concreto de dominao. A apropriao de um determinadoespaoconstitui-seapartirdomomentoemqueoindivduoougrupoo representaparasieparaosoutros.Enquantoespaoda ao,oterritriopassaa sera 27 Representados por grupos e/ou classes sociais - moradores locais, turistas, empresrios, comerciantes e instituies. Autora: Delza Rodrigues de Carvalho, 2010. Figura 5- Runas de Igatu-Andarai-Ba 31 mediao entre dois indivduos ou grupos. uma relao triangular, pois a relao com o territrio uma relao mediadora da relao entre os sujeitos sociais. Lefebvre(1986)fazadistinoentreapropriaoedominao(possesso, propriedade).Nesseintuito,distingueaapropriaocomosendoumprocesso simblico,carregadodasmarcasdovivido,dovalordeuso,enquantoosegundo termo, mais concreto, funcional e vinculado ao valor de troca. Segundo o autor:O uso reaparece em acentuado conflito com a troca no espao, pois ele implica apropriao e no propriedade. Ora, a prpria apropriao implica tempo e tempos, um ritmo ou ritmos, smbolos e uma prtica. Tantomaisoespaofuncionalizado,tantomaiseledominado pelos agentes que o manipulam tornando-o unifuncional, menos ele se presta apropriao. (LEFEBVRE, 1986: p.411- 412). Combasenasponderaesdoautor,agua-seanecessidadedeuma retrospectivahistrica,quepermita entendercertascaractersticas edeterminaesque compemasparticularidadesdaformaodaChapadaDiamantinanocontextodo Estado da Bahia, que teve por bero uma formao colonial. A busca da mais-valia da ColniaPortuguesa,fezcomqueasedeprimeiradoimpulsoprodutivo,fosse destrutiva,aptrida,extraterritorial,indiferentesrealidadeslocais,esrealidades ambientais.Pode-sededuzirqueoterritrioexpressasimultaneamentediferentes combinaes,funcionalesimblica,poisossujeitosexercemdomniosobreoespao tantopararealizarfunesquantoparaproduzirsignificados.Haesbaertsinalizatrs vertentes de conceitos para territrio:1)jurdicopolticadefinidopordelimitaesecontroledepoder, especialmenteodecarterestatal;2)acultural(ista)vistocomo produtodaapropriaoresultantedoimaginrioe/ouidentidade socialsobreoespao;3)aeconomiadestacadopela desterritorializao como produto do confronto entreclassessociaise da relao capital-trabalho. (HAESBAERT, 1997, p. 39-40). Omesmoautorafirmaque,nosestudosterritoriais,osmaiscomunssoas posies mltiplas, compreendendo sempre mais de uma das vertentes.Convm frisar, (Ibidem,1997),queoautorcompreendeoterritrio,apartirnosdodomnioe controlepoliticamenteestruturado,mastambm,deumaapropriaoincorporandoa dimenso simblica e identitria dos grupos que o constitui. 32 AlmeidacompartilhadaopiniodeHaesbaert,noquedizrespeitoidentidade territorial.Destacaqueadinmicahistricaepolticadesvendaoterritrio,como, resultadodavalorizaoedaapropriaodoespao,contendoumavalorizao simblica,identitrio-existencial(2005,p.112).Ainda,deacordocomograude pertencimentooudeidentidadedoshabitantesdeumdadoterritrio,Bassand(1999) estabeleceumatipologiaidentificada como-osapticoseosresignados,osmigrantes potenciais,osmodernizadores,ostradicionalistaseosregionalistas,deacordocomas caractersticas do (Quadro -3). Esses cinco tipos de identidades territoriais tm suas representaes em Lisboa e Sintra/Portugal.Elassorepresentadaspordiferentesgrupossociaiserevelamuma determinadaconscinciascio-espacial.Nasuagrandegeneralidade,osapticoseos migrantessoencontradosentreasrecepcionistas,vendedores,comerciantese moradores de Lisboa e de Sintra.Osregionalistaseosmodernizadorescorrespondemaospolticos,profissionais deensino,serviosligadosaoturismoeempresriosdeempreendimentostursticos (gerentesdehotis,gerentesdeagnciasdeturismoeguiastursticos),enquantoos grupos sociais vinculados s atividades tursticas. Quadro -3 Tipologias de Identidades Territoriais Tipologias Caractersticas dos Agentes Sociais Apticos e os Resignados Atitudepassivaeindiferenaaosinteresseslocaise territoriais. Migrantes Potenciais Buscamoportunidadesdemigraremparaoutros territrios, na falta de perspectiva aos interesses pessoais. Modernizadores Parceladosindivduosbemsucedidosnapolticaena economialocal.Consideramastradiesobsoletase retardadas. Na maioria das vezes, so os depredadores do patrimnio e da historia local.Tradicionais Dotadosdeidentidadehistricaepatrimonial conservadora,reivindicamaimplantaodeumprojeto territorialqueestacionearegionomodelode desenvolvimento atual.Regionalistas Soaquelesagentessocaisqueidealizamo desenvolvimentoautnomodaregio.Noaprovamo centralismo estatal. Fonte: Bassand (1999), apud Almeida (2005, p. 110). Adaptada por Delza Rodrigues de Carvalho, 2010.33 Em ltima anlise, incluem-se os tradicionalistas (tcnicos das agncias das rotas dePortugal,tcnicosauxiliaresdeturismoecomerciantesligadosprestaode servios, em geral). Esses atores/agentes sociais idealizam o desenvolvimento autnomo da regio, sem, contudo, aprovarem o centralismo estatal. 1.3 A Paisagem Rumo a Construo da IdentidadeAavaliaodapaisagemrefleteasuamultiplicidade,existindotrsdiferentes abordagens:acientfica;aaplicada;eacultural.Cadaumadessasesferasencerram objetivosdistintos,osquaisfundamentamasinvestigaesemdiferentesperspectivas da paisagem e comandam as questes a avaliar.Emtermosgerais,aabordagemcientficadapaisagempriorizaapesquisa centradanouniversovisveldoambienteterritorial,assumidanumaperspectivade articulaodesistemasfsicosehumanos(Geografia,EcologiadaPaisagem, ArquiteturaPaisagista,outras).Emregra,procuradarrespostaasituaesrelativas mitigao de fragilidades, utiliza a experimentao, a quantificao e a generalizao.O estudo da paisagem numa abordagem aplicada tem objetivos prticos na esfera doordenamentoegestoterritorial,oqueabarcaaseleodeprioridadesdeacordo com interesses socioeconmicos e diretrizes polticas. Dessa forma, os planos devem ter emcontaosatoressociaisquevivemeusufruemapaisagem(agenteseconmicos; foras polticas; pessoas e/ou grupos sociais, outros). Altima,aabordagemcultural,visafundamentalmentecategorizaratitudese comportamentosfacepaisagem,apartirdedimensessubjetivas,frutodouniverso simblico,edaexperinciadevidadosindivduos(opinies)e/ouinterpretar representaes da paisagem. Suportes, na qual este estudo se posiciona. Convmfrisar,queaformamaisusualdeentenderoespaogeogrficosed peloterritrio,peloestudodolugar,enotanto,pelaexpressofisionmicada paisagem.Desde que o observador um sujeito, o conceito de paisagem impregnado de conotaes culturais e ideolgicas. Sauerfoireconhecidocomoopaidageografiaculturalamericanaouda geografiaculturaldaEscoladeBerkeley.Ainflunciadosalemespodeser reconhecidanoseulivroTheMorphologyofLandscape(1925).Todavia,eleadota uma abordagem mais prxima Antropologia, explicando a origem e difuso da cultura 34 fundamentadanahistrianatural.Tambmcomoosalemes,desconheciaopapeldas dimenses sociais e psicolgicas da cultura. DeacordocomSauer(1925)asqualidadesfsicasdapaisagemseriam determinadasapartirdaaodohomem:asconstrues,oscultivoseestas transformaesdecorremdaaosobreavegetaoeomundoanimal.Oautor argumentaqueapaisagemculturalmodeladaporumgrupocultural,apartirdos materiaisfornecidospelapaisagemnatural.Portanto,aculturaseriaoagente,area natural o meio, a paisagem o resultado. O autor defende o estudo morfolgico, num plano sistemtico geral, enfatizando asanlisesestruturaisefuncionaisdapaisagem.Consideraosaspectosaparentemente naturais do cenrio ao alcance da ao humana, onde no eram considerados os aspectos subjetivosdapaisagem.Nessesentido,aidentidadedapaisagemserdeterminada, prioritariamente, pela visibilidade da forma.Tambm, Sauer destaca que a interao entre os elementosnaturais e antrpicos como necessria ao entendimento da paisagem. Nopodemosformarumaideiadepaisagemanoseremtermosde suasrelaesassociadasaotempo,bemcomosuasrelaes vinculadasaoespao.Elaestemumprocessoconstantede desenvolvimentooudissoluoesubstituio.nessesentidouma apreciao verdadeira de valores histricos...... No sentido corolgico, entretanto, a modificao darea pelo homem e sua apropriao para o seu uso so de importncia fundamental. A rea anterior atividade humanarepresentadaporumconjuntodefatosmorfolgicos.As formasqueohomemintroduziusoumoutroconjunto.(SAUER, 1925, p. 42).Nessepropsito,oautorsugereumaseparaodapaisagememnaturale cultural,edestacaaatuaodohomem,comosujeitoquetransformaanatureza.Ao mencionaracapacidadedetransformao,eleprojetaduaspossveisformasde natureza,umaanteseoutradepoisdaapropriaohumana,privilegiandoasucesso histrica entre as duas.Em linhas gerais as criticas efetuadas ao pensamento de Sauer fundamentam-se nofatodequeasuaanlisedapaisagemnopodeestarlimitadaaossentidos.Essas basesseriamconfundidascomosentidogenricodosaberhumano,quenasceda experinciacotidiana(sensocomum),apropriadoparadesignaraaparnciadeum espao imediatamente percebido, e limitado. 35 Contrariamente ao pensamento do autor, anteriormente mencionado, a paisagem, segundoSantos(1988)oresultadodetudoaquiloquevemos,oqueavisoalcana, formadadevolumes,cores,movimentos,odoresesons.(Figura6).Demaneira sinttica,apaisagemformadaporobjetosmateriaiseimateriais.Segundooautor,a dimensodapaisagemaextensodapercepo,quechegaaossentidos.Daa importnciadoaparelho cognitivo,nessaapreenso,pelofatodequetodaa educao, formalouinformal,feitadeformaseletiva.Essacondioasseguraquepessoas diferentesapresentemdiversas versesdeummesmofato.Por isso, a viso homem pelas coisas materiaissempredeformada (alterada),quandoseencontra localizadoemngulosdistintos: no cho, nos diversos andares de umedifcio,sobrevoandode avio e assim por diante. Assimposto, preliminarmente, pode se afirmar que as paisagens, pelo olhar dos moradoresdaChapada Diamantina/BA, Lisboa e Sintra/(PT), so diferentes ao olhar do turista. O olhar desse direcionado para os aspectos da paisagem que os separa da experincia de todos os dias. Aoviajar,oturistabuscaamudanadeambiente,orompimentocomocotidiano, realizaopessoal,almdaconcretizaodeexpectativas,fantasiaseaventura.Esse direcionamentoimplicanumasensibilidadeprpriadecadaumdossujeitos,voltada para determinados elementos visuais, caractersticos de um determinado lugar visitado. Contudo,arepresentaodapaisagemcaractersticadolugarvisitado,encontra-se circunscrita,expectativadoturista,mastambm,podeserresultadodoprocessode produoquenadatemdeautnomoouinteiramentesubjetivo,poisoseuolharpode ser monitorado pelos interesses do empresrio do setor turstico. Utilizando-sedaabordagemdeSauermencionadoporSantos(1988,p.22), prope-seadistinguirosconceitosdepaisagens,emnaturaleartificial.Nassuas proposiesdeanlise,argumentaquecadapaisagemdecorrentedosdiversosnveis SONSS CORES MOVIMENTOS ODORES VOLUMES PAISAGEM Figura 6- ilustrao do Conceito de Paisagem Fonte: Santos (1988). Adaptada por Delza Rodrigues de Carvalho 36 deforasprodutivas,materiaiseimateriais.Pode-se,inclusive,dizerqueo conhecimento parte integrante dessas foras produtivas: Apaisagemartificialapaisagemtransformadapelohomem, enquantogrosseiramentepodemosdizerqueapaisagemnatural aquela ainda no mudada pelo esforo humano. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente no existemais.Seumlugarnofisicamentetocadopelaforado homem,ele,todavia,objetodepreocupaesedeintenes econmicas ou polticas. (SANTOS, 1988, p. 64). Santos, assegura que paisagem no construda de uma s vez, porm criada porprocessosdeacrscimosesubstituies.Dessaforma,justifica-seoempregoda metfora, que assegura a construo da paisagem a partir de uma escrita sobre a outra. E ainda, que a paisagem um conjunto de objetos que tm idades diferentes, enfim, uma herana de muitos e diferentes momentos. Essas reflexes, sobre o fato da paisagem no ser criada de uma s vez, justifica tambm o juzo de no permanncia. Nessa perspectiva de anlise, a paisagem constitui-se objeto de mudana. As formas espaciais criadas pelos homens expressam as relaes sociaisvigentesnapocadesuarealizao,decorrentedahistriadotrabalho,edas tcnicas. Numaoutraabordage