tese 10 eclesiologia

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10. A diversidade de eclesiologias do Novo Testamento (Eclesiologia) Discorra sobre a diversidade de eclesiologias do Novo Testamento, a partir dos seguintes tópicos: 1. Elementos comuns às Igrejas do Novo Testamento: (a) Assembléia pós-pascal, (b) O derramamento do Espírito, (c) Comunidades vivas, (d) Organização, (e) Proclamação da Palavra, (f) Liturgia e sacramentos, e (g) Missão; As Igrejas do NT – são chamadas a anunciar a Boa Nova do Reino, a proclamar a Palavra , assim como o Mestre – Jesus. A pregação da Palavra é um ministério central da Igreja e na Igreja., trata-se de uma mensagem de paz, anúncio não de palavra humana, mas divina que deve ser acolhida e vivida. Assim sendo deverá anunciar a Boa Nova mesmo frente aos desafios, com o seu fiel testemunho e no compromisso com o Reino, para que a justiça anunciada pelo Cristo seja alcançada, pois a Igreja é sinal de esperança e da realização da Vontade de Deus no mundo. Liturgia (Sacramentos) - experiência no tempo da salvação - Kairós e escatológica, já e ainda não. Aponta para uma realidade definitiva, experimentamos aqui o que será no futuro. Através do batismo, morremos e ressuscitamos com Cristo para uma vida nova. O batismo realiza a constituição da comunidade e a Eucaristia, mistério pascal de Cristo, fortalece a comunhão com o Senhor e a unidade eclesial. Espaço de renovação do compromisso de fé com Cristo e empenho para serem no mundo sinal de comunhão e de fraternidade, pessoas capazes de transmitir com atos e palavras – testemunho, um novo modo de viver. Sendo pessoas de esperança e de comprometimento com Jesus e o Reino anunciado por Ele. Chamadas a viver a fração do pão e a oração, celebrar e partilhar a vida, prática da caridade, esperança escatológica. É o Israel de Deus cuja unidade não está mais fundamentada na descendência e herança carnal de Abraão, mas na fé no cumprimento das promessas feitas a Abraão, na fé em Jesus Cristo. Para a consciência da Igreja apostólica é impensável um Cristianismo individualista independente da comunidade eclesial, fé em Cristo, vida recebida de Cristo, união com Cristo só se dão no seio da comunidade dos fiéis unidos com o seu Senhor. A Tradição apostólica que os mantém unidos na mesma fé no Cristo Ressuscitado. Paulo diz: “eu transmito aquilo que recebi”. Atitude que se espera daquele que segue a Cristo. Missão que se expandiu para os de fora (pagãos), mas ocorre também “ad intra”. A Igreja primitiva não se conformou com uma posse egoísta da Ressurreição.

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Page 1: Tese 10 eclesiologia

10. A diversidade de eclesiologias do Novo Testamento (Eclesiologia)

Discorra sobre a diversidade de eclesiologias do Novo Testamento, a partir dos

seguintes tópicos:

1. Elementos comuns às Igrejas do Novo Testamento: (a) Assembléia pós-pascal, (b)

O derramamento do Espírito, (c) Comunidades vivas, (d) Organização, (e)

Proclamação da Palavra, (f) Liturgia e sacramentos, e (g) Missão;

As Igrejas do NT – são chamadas a anunciar a Boa Nova do Reino, a proclamar

a Palavra , assim como o Mestre – Jesus. A pregação da Palavra é um ministério central

da Igreja e na Igreja., trata-se de uma mensagem de paz, anúncio não de palavra

humana, mas divina que deve ser acolhida e vivida. Assim sendo deverá anunciar a Boa

Nova mesmo frente aos desafios, com o seu fiel testemunho e no compromisso com o

Reino, para que a justiça anunciada pelo Cristo seja alcançada, pois a Igreja é sinal de

esperança e da realização da Vontade de Deus no mundo.

Liturgia (Sacramentos) - experiência no tempo da salvação - Kairós e

escatológica, já e ainda não. Aponta para uma realidade definitiva, experimentamos aqui

o que será no futuro. Através do batismo, morremos e ressuscitamos com Cristo para

uma vida nova. O batismo realiza a constituição da comunidade e a Eucaristia, mistério

pascal de Cristo, fortalece a comunhão com o Senhor e a unidade eclesial. Espaço de

renovação do compromisso de fé com Cristo e empenho para serem no mundo sinal de

comunhão e de fraternidade, pessoas capazes de transmitir com atos e palavras –

testemunho, um novo modo de viver. Sendo pessoas de esperança e de

comprometimento com Jesus e o Reino anunciado por Ele.

Chamadas a viver a fração do pão e a oração, celebrar e partilhar a vida, prática

da caridade, esperança escatológica. É o Israel de Deus cuja unidade não está mais

fundamentada na descendência e herança carnal de Abraão, mas na fé no cumprimento

das promessas feitas a Abraão, na fé em Jesus Cristo. Para a consciência da Igreja

apostólica é impensável um Cristianismo individualista independente da comunidade

eclesial, fé em Cristo, vida recebida de Cristo, união com Cristo só se dão no seio da

comunidade dos fiéis unidos com o seu Senhor. A Tradição apostólica que os mantém

unidos na mesma fé no Cristo Ressuscitado. Paulo diz: “eu transmito aquilo que recebi”.

Atitude que se espera daquele que segue a Cristo. Missão que se expandiu para os de

fora (pagãos), mas ocorre também “ad intra”. A Igreja primitiva não se conformou com

uma posse egoísta da Ressurreição.

Page 2: Tese 10 eclesiologia

Portanto a missão é tarefa que deve ser levada em frente pela Igreja seguindo o

exemplo do próprio Jesus. Com efeito, por ser comunhão a Igreja é missionária o que

pertence à sua vocação.

2. Apresente e comente algumas características da Igreja nas cartas paulinas 1Cor,

2Cor, Rm e nas cartas pastorais (1Tm, 2Tm e Tt);

1Cor: a Igreja não é um partido político. Paulo usa a metáfora do corpo para dizer que

mesmo os membros sendo diferentes, todos trabalham em função do mesmo corpo, ou

seja, em vista da edificação (unidade) do corpo, no qual não há membro melhor ou pior.

Todos são membros que formam o corpo que é a Igreja.

2Cor: a comunidade de Corinto tem dificuldade de aceitar a autoridade de Paulo. O

confronto de Paulo com os opositores de Corinto não foi uma briga pessoal, nem uma

luta pelo poder entre chefes concorrentes buscando a supremacia sobre a comunidade de

Corinto, mas um confronto entre o verdadeiro e o falso cristianismo. (2Cor 11,4)

Rm: universalidade da salvação – a salvação é para todos. A comunidade recebeu de

Deus o dom da salvação. As pessoas são convidadas a ter amizade com Deus - a fé é a

resposta à convocação. A Igreja é a Igreja dos salvos.

Cartas pastorais (1Tm, 2Tm, Tt)

As cartas pastorais se referem à Igreja em vista da organização, bom espírito,

cumprimento de sua função para que os cristãos atinjam o objetivo final que é a

salvação.

Fortalecimento da hierarquia para combater a heresia. Dar instruções aos

pastores (múnus de ensinar, governar e santificar).

1Tm: dá orientação a respeito dos bispos e diáconos e procedimento geral.

2Tm: fidelidade às Escrituras. Se todos forem fiéis as Escrituras não teremos heresias.

Tt: preocupação com os presbíteros.

3. Apresente e comente algumas características da Igreja no evangelho de Lucas e

no livro dos Atos dos Apóstolos;

Evangelho de Lucas: promessa, anúncio, cumprimento. É a Igreja que anuncia Jesus

Cristo. A missão da Igreja é decorrente da missão de Jesus Cristo: cumprir a promessa.

A promessa é para nós que estamos aqui. E a Igreja não está desvinculada com o

acontecido de Jesus. A Igreja faz parte da historia da salvação. Ela está entre a primeira

Page 3: Tese 10 eclesiologia

e segunda vinda de Jesus. Para Lc não há uma separação entre a história da salvação e a

história humana. Deus age na historia humana, o AT e o NT – continuidade e

descontinuidade.

Atos dos Apóstolos: a comunidade era assídua ao ensinamento dos apóstolos, à fração

do pão e as orações. A comunidade era um só coração, uma só alma e uma só fé.

Para Lucas após Cristo a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo.

Por que Lucas não apresenta os anciãos ou presbíteros como chefe da Igreja, porque é

guiado pelo E. S.

4. Apresente e comente algumas características da Igreja no evangelho de João e

no livro do Apocalipse;

Jo: A Igreja em João é marcada pela unidade: Jo 15,1ss (a videira e os ramos). Em

contraposição luzes-treva, a Igreja é constituída pelos “filhos da luz”: “Enquanto tendes

luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz.” (Jo 12,36).

Dessa forma, é o Espírito quem dá testemunho de Jesus através dos discípulos. “Mas,

quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da

verdade, que procede do Pai, testificará de mim” (Jo 15,26). Mas o Espírito só é

operativo e eficaz na comunidade. → “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o

Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo

quanto vos tenho dito” (Jo 14,26); “o Espírito diz às Igrejas…” (Ap 2,7. 11.17.19; 3,6.

13.22); “Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu do seu

Espírito” (1Jo 4,13).

Igrejas que experimentavam uma florescente vida litúrgico-sacramental: culto a Deus

entendido como “adoração do Pai em Espírito e verdade” (Jo 4,23). A páscoa nestas

comunidades substitui e leva à plenitude a páscoa judaica (cf. Jo 2,13; 6,4; 11,55), dado

que elas possuem o verdadeiro cordeiro pascal, Cristo (cf. Jo 19,36s; 1,29). Através do

Espírito Santo a comunidade de discípulos é convidada à missão, lutando contra um

mundo hostil (Jo 16,33). Nesse sentido, a comunidade eclesial será vitoriosa sobre o

mundo graças à presença do Espírito consolador (Jo 15,26s). ou seja, preocupação

apresentada no evangelho de João está relacionada com a fidelidade a Jesus Cristo.

Por isso, o autor relata os sete sinais que através deles, tenhamos uma fé sólida para que

o Reino possa acontecer. Somos impelidos ver os sinais no dia-a-dia, e é missão da

Igreja fazer que os sinais de Cristo sejam manifestos no mundo: ela dá o vinho novo, a

cura ao cego através do batismo. Portanto, é a comunidade dos seguidores que realizam

os sinais.

Page 4: Tese 10 eclesiologia

Apocalipse: este livro pretende fortalecer a fé da Igreja. Como forma de simbolizar os

conflitos existentes na comunidade primitiva, é apresentado o confronto entre o exército

do cordeiro e o dragão (o filho da mulher e o filho da besta). É uma Igreja que aparece

frágil na perseguição, como a mulher em dor de parto. Diante da fragilidade da Igreja,

aparece-se a grandeza da Igreja, que sendo fiel ao Cristo que a ela vence o mal. É uma

Igreja de mártires, que peregrina em direção ao encontro definitivo com o Cordeiro.

Nesse sentido, a Igreja aparece como esposa do Cordeiro que caminha para a

celebração das núpcias eternas, como verdadeiro Israel escatológico.

Diferença dos sinópticos de João: a primeira é hierárquica (Paulo e Pedro) e a segunda é

a do discípulo amado: universal.

5. Frutos que a compreensão da diversidade de eclesiologias do NT traria, nos dias

de hoje, para o ecumenismo. [Tenha em conta, por exemplo, a cisão eclesial

ocorrida na Europa do século XVI. Este evento deu ocasião à elaboração de duas

eclesiologias: a eclesiologia da Reforma, com suas variantes; e a eclesiologia do

Concílio de Trento];

Em grandes linhas: a eclesiologia de Lutero pedia uma reforma radical na Igreja:

na cabeça e nos membros, Lutero não tinha uma intenção separatista, mas pedia-se uma

reforma dentro da Igreja. Pedia-se igualdade dos batizados, opunha-se ao clericalismo e

hierarquização, propunha uma teologia da cruz em oposição à pompa e a gloria da igreja

romana. Lutero e os reformadores propunham uma volta radical as Escrituras, pois para

Lutero a Palavra de Deus contida nas Escrituras e a única fonte de verdade e graça.

A eclesiologia do concilio de Trento nasce como resposta contrária aos

reformadores. Defende a estrutura hierárquica da Igreja, afirma a importância não

somente da Escritura, mas também da Tradição. Dá-se ênfase aos sacramentos e

institucionalização da Igreja.

Acrescente ainda:

A reforma questionou numerosos aspectos da vida cristã, particularmente, e em

primeiro lugar, a instituição eclesial e a autoridade eclesiástica identificada com o

papado. Roma, escreve Lutero, se entrincheirou atrás de três muralhas: a reivindicação

da superioridade do poder espiritual sobre o secular, o monopólio da interpretação da

Escritura e o fato de reservar ao papa a convocação do concílio geral. Importante é

deixar claro que os reformadores não procuravam estabelecer outra Igreja, eles

Page 5: Tese 10 eclesiologia

imaginavam que seu movimento fosse provisório, enquanto a Igreja mãe não se

reformasse.

Lutero propunha, em linhas gerais, que no lugar do direito canônico e de suas

regras totalmente humanas, a única autoridade é da Palavra de Deus.

As posições eclesiológicas de Lutero (1483-1546) se alimentam nas correntes

tradicionais herdadas da Idade Média, mas sobretudo, de seus numerosos comentários

da Escritura. A seus olhos, a Palavra de Deus contida na Escritura é a única fonte de

verdade e graça. A essa luz, a definição mais verdadeira da Igreja é que ela é uma

criação da Palavra divina. “Toda a vida e a substância da Igreja estão na Palavra de

Deus”. Essa Palavra, nascida da iniciativa divina, nos é transmitida pela Escritura

quando esta é proclamada na pregação viva da Igreja. Essa proclamação possui uma

força eficaz que constrói a Igreja ao atingir a consciência dos ouvintes. Com efeito, a

Palavra é portadora do Espírito Santo, que age nela e comunica aos ouvintes o dom da

fé. É assim que ela constitui a Igreja, o povo de Deus que é seu destinatário e o lugar de

sua pregação. Dela provém toda a vida da Igreja, que não cessa de se alimentar dela ao

longo de sua história. Com essa base, a Igreja só pode estar escondida aos olhos do

mundo e manifesta apenas aos olhos de Deus1. A Igreja está em estado de kénose2

O Concílio de Trento

e

participa do aniquilamento de Cristo, cuja divindade permanece oculta na encarnação.

Pode-se compreender que, partindo dessa perspectiva, fosse difícil para Lutero situar a

estrutura visível da Igreja sendo esta, antes de tudo, uma realidade de fé; e tanto mais

que sua crítica tinha oportunidade de se exercer eficazmente contra numerosos abusos.

Alguns pontos de sua doutrina provocaram a discussão com diversos teólogos.

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1 Segundo os reformadores, a Igreja é o conjunto dos verdadeiros crentes, daqueles que vivem da fé na graça salutar de Deus dada em Jesus Cristo e comunicada por seu Espírito Santo. Como tal essa Igreja não é claramente reconhecível: só Deus a conhece. É neste sentido que Lutero fala da Igreja escondida. Nas aulas o professor referiu-se a isto também nos termos de “Igreja no coração dos fiéis” ou “Igreja espiritual ou invisível”.

(1545-1563) foi, no campo dogmático, a resposta aos

reformadores, no entanto, e surpreendentemente este Concílio, não abordou a

eclesiologia à primeira vista. Nem mesmo falou do papa. Esse silêncio estranho deveu-

se a diversas razões. Em primeiro lugar, os objetivos do concílio eram a reforma da

Igreja e a resposta direta às posições dos reformadores. Ora, estas não partiam primeiro

2 Lutero propõe a Teologia da Cruz (a Kénose) em oposição à Teologia da Glória no catolicismo. Para Lutero a Igreja deve estar em estado de Kénose tal como o Cristo. 3 Trento foi a articulação católica para responder ao processo de ruptura que se levantou com a Reforma Protestante.

Page 6: Tese 10 eclesiologia

de uma problemática eclesiológica, mas de posição sobre a graça e a justificação. Para

responder às conseqüências que eles tiravam quanto à estrutura da Igreja, os Padres de

Trento dispunham de uma herança eclesiológica de elementos disparatados: havia

posições papistas, outras oriundas das correntes espiritualistas e ainda outras do

conciliarismo. Os membros do concílio não eram unânimes a respeito dessas questões.

Nenhuma dessas correntes estava à altura de oferecer uma eclesiologia orgânica e

equilibrada: todas estavam marcadas por uma problemática centrada nos poderes do

papa. [...] Embora Trento não tenha decidido sobre estes pontos, não podia deixar de

tomar a defesa da estrutura hierárquica da Igreja, radicalmente questionada pelos

reformadores. Ao fazê-lo, devia forçosamente tocar em questões eclesiológicas, ao

menos indiretamente, e suas posições exerceram grande influência sobre a eclesiologia

dos séculos seguintes.

O concílio tomou posição contra a suficiência da sola Scriptura como fonte da

fé, e afirma que a Igreja recebe a Escritura e a Tradição “com o mesmo respeito”. Sem

entrar na questão das relações entre elas, o Concílio distingue bem entre a Tradição

apostólica e as tradições eclesiásticas, sujeitas a erros e abusos (e, portanto,

reformáveis). Baseia-se não na letra do texto bíblico, mas no Evangelho conservado

pela Igreja em sua pureza, fonte comum da Escritura e da Tradição autêntica. Esta

última se caracteriza pela continuidade histórica da transmissão e sua constante

recepção na Igreja. Com isso, o concílio, sem teorizar, não negligencia o papel do

consensus da Igreja para a transmissão fiel da revelação, nem o do Espírito cuja

assistência garante essa fidelidade.

Lutero fundara sua crítica da hierarquia na doutrina do sacerdócio universal dos

fiéis. Diante de suas negações, o concílio não podia deixar de reafirmar a existência

dessa hierarquia e sua origem divina.

Sobre os poderes do concílio e sua posição em relação ao papa, Trento se privou

de tomar posição, mas inúmeros debates mostram que a questão estava muito presente.

De outro lado, outro aspecto da vida eclesial pesou nos séculos seguintes,

inclusive na compreensão corrente da Igreja. A época do Concílio de Trento assistiu ao

desenvolvimento da administração da Cúria romana com suas “congregações”,

departamentos comparáveis aos gabinetes ministeriais. O desenvolvimento destes

aparelhos administrativos contribuiu para modelar a imagem corrente da Igreja católica:

a de um estado centralizado, governado a partir de Roma por uma administração

Page 7: Tese 10 eclesiologia

complexa, na base de um sistema jurídico aperfeiçoado, e cuidando de todos os detalhes

da vida eclesial. A partir disto, cada vez mais frequentemente, a própria palavra “Igreja”

vai designar não o conjunto dos discípulos de Cristo, mas a instituição, mais

particularmente seu governo, mais precisamente ainda seu governo romano.

Além destes aspectos institucionais, merece destaque dentro os debates do

concílio, os concernentes ao uso da noção de “senso da Igreja”: a ideia tradicional de

que uma posição doutrinal, uma prática, são conformes à fé na medida em que são

“recebidas” pelo conjunto do povo crente.

A reforma empreendida em Trento e continuada nos decênios que se seguiram

dá testemunho de uma vitalidade renovada da velha Igreja em múltiplos domínios.

Nesse sentido, a expressão “Contra-reforma” não é suficiente para caracterizar a

renovação eclesial da época. A expressão “Restauração católica”, às vezes empregada,

negligencia o fato de que o modelo de Igreja que então se esboça possui traços bem

distintos dos da Idade Média. A “luta contra a heresia” se fez num espírito de

reconquista bastante triunfalista, do qual o mais belo exemplo é, sem dúvida, a arte

barroca, mas que se exprime também na literatura, marcada por um “novo heroísmo”.

Aquilo que o protestantismo criticara na vida exterior da Igreja se acha exaltado de

todas as maneiras nessa renovação da arte cristã. O esplendor dos edifícios católicos se

opõe à nudez dos templos protestantes. A arte glorifica a Virgem, os santos, as relíquias,

a vida sacramental da Igreja, o papado.

(fonte: SESBOÜE, p. 386-393, tomo III).

DH 1501 – Propósito do Concílio de Trento: “... tendo sempre diante dos olhos a sua

intenção de que, extirpados os erros, se conserve na Igreja a pureza do Evangelho que,

prometido primeiramente pelos profetas nas santas Escrituras, NSJC, promulgou por

sua própria boca e então mandou a seus apóstolos “pregá-lo a toda criatura”...”

A Imagem de Igreja em Trento: Conservadora; Sacramentalista; Hierárquico-

sacerdotal; visível. Essa Igreja visível é a Igreja que triunfa sobre o inimigo

“reformado”.

A Igreja Católica é a Igreja de Cristo = a Igreja Romana = a Igreja do Papa, as Igrejas

nascidas da Reforma não são verdadeiras Igrejas de Cristo.

Page 8: Tese 10 eclesiologia

O concílio enfatizou a dimensão institucional da Igreja.

A Igreja assumiu uma nova postura apologética, diferente da apologética dos Santos

Padres, que defendia a Igreja das heresias e das rupturas de comunhão, agora mais

agressiva em relação aos que a ela se opõem.

6. Frutos que a compreensão da diversidade de eclesiologias do NT traria para a

animação pastoral das comunidades eclesiais católicas.

*Ainda estou tentando responder... fico devendo a cada um esta resposta.