terceira idade
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A INFLUÊNCIA DA PSICOPEDAGOGIA NA TERCEIRA IDADE
Fátima M C Noronha 1
RESUMO
A escolha da abordagem sobre a influência da psicopedagogia na terceira idade como tema justifica-se em razão de uma reflexão sobre o papel do psicopedagogo na terceira idade, Nesse sentido, o objetivo geral nesse estudo é conscientizar aos leitores que as pessoas na terceira idade tem e devem usufruir dos seus direitos e valores para viverem com mais dignidade e alegria sentindo-se mais útil a sociedade e mais especificamente chamar a atenção das pessoas e da sociedade em geral no que diz respeito às responsabilidades de todos em relação às pessoas idosas, de modo que cada um se sinta motivado a assumir o seu papel; esclarecer sobre os preconceitos contra as pessoas idosas presentes em nossa sociedade, a fim de que sejam superados e elas tenham, em conseqüência, uma vida mais digna.. Para tanto, foram utilizadas como referenciais teóricos: Albuquerque (2003), Beauvoir (1990), Bíblia Sagrada (1997), Bortolanza (2002), Cachioni (1999), Coralina (1965), Grinberg (2003), Léo (1999), Minayo (2002, 2007), Neri (1991), Visca (1991). A metodologia aplicada caracterizou-se por uma revisão de literatura à luz dos referenciais citados com abordagem qualitativa. Conclui-se que a prática psicopedagogica tem um valor significativo para o idoso, pois ele passa a ver que as limitações impostas pelo envelhecimento podem ser superadas, mesmo que elas tentem se impor e falar mais alto.
Palavras-Chave: Terceira Idade. Psicopedagogia. Qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
Como tema apresenta-se a Influência da Psicopedagogia na Terceira Idade. Sabemos
que o indivíduo não é um ser acabado, devendo procurar se aprimorar sempre. È natural que
na terceira idade prossiga neste processo de crescimento, inserindo-se em diversos grupos, ao
invés de isolar-se, deprimir-se e/ou viver à margem das inovações.
A terceira idade é definida, pela Organização Mundial de Saúde – OMS – como
aquela com sessenta anos ou mais de idade. Esta definição é válida para países
1 Aluna Concludente do Curso de Especialização em Psicopedagogia clinica e Institucional
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subdesenvolvidos, elevando-se este limite para sessenta e cinco anos de idade, em países
desenvolvidos.
Atualmente, a questão da velhice tem mostrado grande necessidade de atenção no
que diz respeito às necessidades de desenvolver estudos especializados, que possam contribuir
para que o idoso tenha uma vida digna. O número de idosos no Brasil tem aumentado
significativamente nos últimos tempos e viver a terceira idade é para muitos uma situação de
desconforto, é como se deixasse de ter utilidade, algo que não serve mais, um peso para
àqueles que dele cuida.
A Psicopedagogia desenvolverá um importante papel através de seus profissionais
bem formados e informados com competência procurando congregar conhecimentos com
outras áreas, para compreender e discernir o trabalho de mediação e de assessoria aos idosos e
seus grupos, como também mobilizar a sociedade e poderes públicos a exigir políticas mais
justas para atender melhor as pessoas da terceira idade.
Neri (1991. p. 79) Começa de forma ambígua com a questão cronológica a partir do
nascimento.
No ciclo vital em todas as etapas do desenvolvimento, envelhecer significa adaptar-
se a mudanças na estrutura, funcionamento do corpo e cognição, por um lado, e mudanças no
âmbito psicossocial por outro. Isto seria simples, se não fosse a terceira idade tão
marginalizada e hostilizada pela sociedade.
Como todo processo da evolução humana o processo de envelhecimento também
ocorre de forma peculiar a cada individuo, dependendo, dentre outros fatores, de sua herança
genética, cultura e historia de vida. Foi observando essas diferenças individuais, que optamos
por um estudo de como a psicopedagogia pode influenciar em uma melhor qualidade de vida
do idoso.
Entretanto, os representantes dessa classe emergem em um trabalho silencioso,
buscando meios que possam beneficiá-los e que venham a ajudá-los a melhorar sua qualidade
de vida e aumentar a longevidade. Para tanto é imprescindível que essa população se
mantenha autônoma, independente e tenha capacidade de gerenciamento próprio e condições
de superar os problemas de ordem física, mental, social e emocional, advindos dos anos
vividos.
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Nesta configuração, a velhice é entendida como uma fase da vida que está ligada à
acumulação de experiências e conhecimentos (por ter um saber significativo). Deste modo,
destaca-se a importância de ser reconhecido como uma fonte de privilégio para quem atinge
este estágio de desenvolvimento.
Posto isto, é possivel perceber a importancia de se estudar sobre os efeitos da
psicopedagogia na população em foco, não so pelos aspectos cognitivos, mas, tambem nos
aspectos sociais, que então intrinsecamente ligados.
O objetivo geral desse artigo é conscientizar aos leitores que as pessoas na terceira
idade tem e devem usufruir dos seus direitos e valores para viverem com mais dignidade e
alegria sentindo-se mais útil a sociedade e como objetivos específicos; chamar a atenção das
pessoas e da sociedade em geral no que diz respeito às responsabilidades de todos em relação
às pessoas idosas, de modo que cada um se sinta motivado a assumir o seu papel; esclarecer
sobre os preconceitos contra as pessoas idosas presentes em nossa sociedade, a fim de que
sejam superados e elas tenham, em conseqüência, uma vida mais digna.
Buscou-se respaldo teórico para a sustentação das idéias aqui apresentadas, reflexões
e conceitos emitidos por autores que abordam essa temática, tais como: Albuquerque (2003),
Beauvoir (1990), Bíblia Sagrada (1997), Bortolanza (2002), Cachioni (1999), Coralina
(1965), Grinberg (2003), Léo (1999), Minayo (2002, 2007), Neri (1991), Visca (1991) e
outros que contribuíram para o compreendimento dos argumentos levantados durante a
revisão bibliográfica.
No que tange a pesquisa bibliográfica, destaca-se que o material obtido foi em
decorrência de pesquisas e obras já publicadas, constituído, principalmente, de livros, artigos
de periódicos e, atualmente, com material disponibilizado na Internet (Minayo, 2007).
Como metodologia aplicada caracterizou-se por uma revisão de literatura à luz dos
referenciais citados com abordagem qualitativa.
Assim, a escolha do tema de investigação surgiu de motivações de ordem pessoal e
epistemológica, na medida em que se trata de um tema de grande atualidade que se reflete na
amplitude e algumas imprecisões próprias duma problemática recente e em elaboração.
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O trabalho abordará três capítulos: no primeiro momento apresentaremos o histórico
da terceira idade, no segundo momento sobre a qualidade de vida do idoso e no terceiro
capitulo abordaremos a influência da psicopedagogia na terceira idade.e
1. HISTÓRICO DA TERCEIRA IDADE
As primeiras abordagens científicas sobre a velhice começam a surgir no século XVI
e cientistas como Bacon e Descartes já se preocupavam em analisar aspectos referentes ao
envelhecimento. Contudo, o médico francês Jean Marie Charcot, em 1867, foi o primeiro a
apresentar um trabalho científico sobre a terceira idade.
Historicamente, o percurso da Psicopedagogia brasileira mostra que desde os seus
primórdios, sua maior preocupação esteve voltada à inclusão. Esta afirmativa é possível pelo
fato de percebermos que, ao eleger cuidar de crianças, adolescentes, jovens e adultos com
dificuldades de aprendizagem, nossa Psicopedagogia atuou e ainda atua com enfoque
inclusivo.
O Processo histórico sobre o envelhecimento não eram incluídos no rol das
prioridades para pesquisa, mas com a mudança da pirâmide etária, o aumento do contingente
de idosos e a conseqüente longevidade, foram assumindo e se impondo com maior
visibilidade, respeito e referencial teórico consistente.
[...] a velhice, como todas as situações humanas, tem uma dimensão existencial: modifica a relação com o mundo e com sua própria história. Por outro lado, o homem nunca vive em estado natural: na sua velhice, como em qualquer idade, um estatuto lhe é imposto pela sociedade a qual pertence. (BEAUVOIR, 1990, p. 15)
A partir do século XIX surgem, gradativamente, diferenciações entre as idades e
especialização de funções, hábitos e espaços relacionados a cada grupo etário. Têm início a
segmentação do curso da vida em estágios mais formais, as transições rígidas e uniformes de
um estágio a outro e a separação espacial dos vários grupos etários. Desse modo, o
reconhecimento da velhice como uma etapa única é parte tanto de um processo histórico
amplo – que envolve a emergência de novos estágios da vida como infância e adolescência –,
quanto de uma tendência contínua em direção à segregação das idades na família e no espaço
social.
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Já no século XX se faz um dos principais vetores relativos a pesquisas e textos sobre
envelhecimento com simetria existencial e teorias de ressocialização que confusa ao
cientivismo positivista e suas transformações sociais que objetivam a qualidade de vida
durante o processo de maturação no decorrer da vida a pessoa precisa ser ressocializada, para
não ficar marginalizado, sentindo-se inútil. O idoso hoje ainda é considerado inútil
O ano de 1999 foi considerado o Ano Internacional do Idoso em virtude da grande
importância e preocupação em relação a este segmento da população, mas pouco se avançou
em práticas significativas para essa faixa etária no sentido de uma valorização do idoso na
sociedade, e, no ano de 2003, essa faixa etária foi contemplada como tema da Campanha da
Fraternidade, ressaltando sua importância e a necessidade de maiores pesquisas nesse campo.
A tendência no Brasil é valorizar aquilo que é novo e desprezar o que é velho. A
própria educação faz o velho se sentir um objeto fora de uso. Dessa realidade emerge a
necessidade de programas alternativos que garantam maior qualidade de vida para essa
população desprezado e até muitas vezes pela família e pela sociedade, porque não produz
mais para a sociedade capitalista e para a família.
O surgimento da categoria ‘terceira idade’ é considerado, pela literatura
especializada, uma das maiores transformações por que passou a história da velhice. O
surgimento recente aquela noção – que aparece nos cenários francês e inglês por volta de
1950 mas é legitimada somente na década de 80.
De fato, a modificação da sensibilidade investida sobre a velhice acabou gerando
uma profunda inversão dos valores a ela atribuídos: antes entendida como decadência física e
invalidez, momento de descanso e quietude no qual imperavam a solidão e o isolamento
afetivo, passa a significar o momento do lazer, propício à realização pessoal que ficou
incompleta na juventude, à criação de novos hábitos, hobbies e habilidades e ao cultivo de
laços afetivos e amorosos alternativos à família.
1.1 Processos Históricos Relacionado Ao Envelhecimento
Definir ou conceituar velhice é o primeiro ponto para reflexão; para tanto, ao analisar
esse estudo, deve-se levar em consideração todos os diferentes critérios que existem, e que
são freqüentemente usados na caracterização do que é velhice.
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A terceira idade é mais uma etapa da vida de um individuo. Ressaltando que, nesta
fase a pessoa é considerada de terceira idade, dependendo da cultura e do desenvolvimento da
sociedade em que ela vive.
Os cientistas Bacon e Descartes, no século XVI, se preocuparam em analisar os
aspectos referentes ao envelhecimento. Nesta época surgiram as primeiras abordagens
científicas sobre velhice. O primeiro trabalho científico apresentado pelo médico Frances Jean
Marie Chacort, foi em 1967. Em 1970 começaram a se preocupar com os reflexos deste
fenômeno para a integração de pessoas idosas à sociedade, em estudos envolvendo não
somente aspectos físicos e mentais, como transformações sociais advindas desse processo.
Nos países em desenvolvimento, somente aqueles ou aquelas pessoas que já
completaram 60 anos são considerados de terceira idade. Porém a Geriatria comprova que, é
só a partir dos 75 anos. De acordo com o IBGE em dados de 1995 a 1999, no Brasil o número
de pessoas idosas com mais de 60 anos cresceu de 14,5%. Esse número, porém, aumentou
consideravelmente nos últimos dias.
Organismos internacionais que indicam o momento específico para se considerar
fase da velhice:
Organização mundial de Saúde-O.M.S- 65 anos se inicia a velhice.
Organização das Nações Unidas- ONU-65 anos é o marco desta fase
O envelhecimento não pode ser considerado como um processo homogêneo, “{...] Cada pessoa vivencia esta fase da vida de uma forma, considerando sua história particular e de todos os aspectos estruturais (classe, gênero e etnia) a ela relacionada como saúde, educação e condições econômicas.” (MINAYO 2002. p. 14).
Para Salgado 1996, p.4 “[...] é um critério que muito embora nada tenha de científico
deve ser levado em consideração, pois dele resulta autoconfiança necessária a auto-imagem,
determinante que é de comportamento mais integrativo ou menos integrativo”. Salgado
preocupado em se considerar aspectos múltiplos na busca de um conceito sobre o que é
velhice complementa:
Ao lado da indagação sobre o que é velhice, podemos lançar outras questões como, por exemplo:o que vem ser a infância, a juventude mesmo a idade adulta? As ciências que por longo tempo já vêm desenvolvendo amplos estudos sobre estas etapas da vida ainda não conseguiram compor e
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satisfaçam integralmente a natureza especulativa dos homens, pois, para qualquer proposta apresentada, sempre serão descobertos. Aspectos descobertos não considerados mais ou menos importantes segundo as diferentes óticas de análise, contendo as definições em simples aproximações caráter absolutamente temporal. SALGADO 1996, p. 5).
Cachioni 1999, p. 141, em seus estudos clínicos sobre senilidade e doenças crônicas
procurava destacar a relevância dos estudos sobre envelhecimento, centrando-se em suas
causas e conseqüências para o organismo humano, vista que é um dos últimos passos no
processo chamado envelhecimento.
Ainda o mesmo autor diz que a senilidade ocorre quando o envelhecimento, acarreta
um esmorecimento da memória e dificuldades físicas, que é mais comumente conhecido como
demência, é caracterizada por uma diminuição das habilidades cognitivas. Isso pode incluir a
capacidade de uma pessoa para se concentrar, recordar a informação, e para avaliar
adequadamente a situação. Uma pessoa com estágio avançado de senilidade pode ser certeza
de que ele ou ela é. A velhice é uma etapa para viver, conviver, apropriar-se de outras razões
éticas e estéticas, compreendendo que nem todos os pretextos são equivalentes, privilegiando
ações sustentadoras da alegria e do sonho, reinvestindo em novas situações de ação e de
aprendizagem.
A longevidade nem sempre foi tida como incapacidade, mas ao longo da historia
obteve diversidade em seu relato, em Deuterônimo (cap.5, vers.16) in Bíblia Sagrada (1997)
fica impresso que entre os 10 mandamentos se deve “Honrar o seu pai e mãe, de acordo com
os mandamentos de Deus.” Assim evidenciando o poder de Deus e sua sabedoria, os gregos
acreditavam que envelhecer os relacionava ao poder, como nos mitos gregos aonde o ser
mitológico é poderoso, faz e desfaze de tudo e de todos. Já na Grécia antiga, na cosmologia
foi marcada por uma visão mística e folclórica, havendo uma dialetização do ser mitológico,
concomitante a oposição da juventude junto à velhice.
Contudo, a sociedade grega teve transformações sócio-políticas, que romperam com
a visão cíclica do viver e, conseqüentemente passaram a hierarquizar o poder com teorias do
calor intrínseco, que principia a essência da vida, cuja velhice tende a lenta extinção.Não
diferenciando a era atual que define o idoso, como um ser desprovido de vontade, inerte a
realidade humana, mas a ciência e suas novas tecnologias tendem a mudar esse conceito,
concomitante as novas áreas que vem a mudar o contexto do idoso.
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Os psicopedagogos em equipe multidisciplinar poderão transformar essa virtualidade
em prática. Desta forma, poderão mobilizar suas competências profissionais, assim como uma
relação com os saberes, reconhecendo que a aprendizagem na terceira idade tem um sentido
que vem de mais longe, que se enraíza na cultura familiar, na história de vida, na ancoragem
social e na perspectiva existencial de cada idoso.
QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO
A OMS (organização mundial de saúde) define a qualidade de vida na terceira idade
como a manutenção da saúde em seu melhor nível possível, em todos os seus aspectos, isso é
tanto no aspecto físico, como no emocional, social e espiritual.
O conceito de qualidade de vida está relacionado à auto-estima e ao bem-estar
pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o nível
socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o
autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a
religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o
ambiente em que se vive como a família que é um fator importante para que esse fato
transcorra da melhor maneira possível.
Estudos atuais mostram que a capacidade de interagir socialmente é fundamental
para o idoso, a fim de que este possa conquistar e manter apoio social e garantir melhor
qualidade de vida.
Uma das preocupações que geralmente as pessoas tem é chegar ao seu
envelhecimento ou à terceira idade sem ter uma doença que limite seu dia-a-dia e a torne
dependente de outras pessoas. Estudos realizados com pessoas idosas têm demonstrado que a
maioria considera a saúde como o valor mais fundamental, reforçando o dito popular “o
importante é estar com saúde”.
Desse forma desafiar a natureza do corpo, a passagem do tempo ou o acumulo de
eventos biológicos, são fatores que a ciência e as novas tecnologias vêm desenvolvendo para
promover uma realidade que objetive a qualidade de vida.
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A expectativa de vida está aumentando em todo o mundo. Com isto, o numero cada vez maior de indivíduos passa a sobreviver até 70, 80, 90 anos. Qual a qualidade dessa sobrevivência? Como aumentar o vigor físico, intelectual, emocional e social dessa população até os momentos que precedem a morte? A maioria dos indivíduos desejam viver cada vez mais, porem a experiência do envelhecimento (a própria e a dos outros) está trazendo angustia e decepções, pelo menos em nosso país. Como favorecer uma sobrevida cada vez maior, com uma qualidade de vida cada vez melhor?” (PASCHOAL 1996, p. 313)
Com o aumento da qualidade e da expectativa de vida, a velhice não precisa ser
sinônimo de isolamento e improdutividade, é possível encontrar prazer na terceira idade. Para
isso é necessário manter não só o corpo saudável e ativo, como a mente também. As
mudanças decorrentes da terceira idade requerem adaptação por parte do idoso, a forma como
cada um se adapta também determinará um envelhecimento saudável ou com dificuldades.
Conforme Paschoal 1996 para termos qualidade de vida, é necessário também
modificarmos os hábitos cotidianos, já que a expectativa de vida está aumentando, e para isso
é preciso que procuremos mais recursos na alimentação, esporte e lazer já que no que se refere
ao setor de saúde, que é muito complexo, existem grandes dificuldades na área social e
financeira quando o idoso procura em seu beneficio. Por esta razão os profissionais da saúde
devem observar os princípios modernos de qualidade de vida, estilos de vida e padrões de
comportamento da população. Essa deve ser a mais importante conduta e atuação efetiva.
Segundo os autores Coelho Neto, A. et Coelho de Araújo (2006), se isto não
acontecer os sofisticados e mal-empregados mecanismos de trangêneses (introdução de genes
para uma espécie em outra), eugenesia (escolha de genes para qualquer características
hereditária); na notecnologia (construção de máquinas microscópicas) e outras atuais que
estão aparecendo com grande velocidade, vencerão os aspectos éticos, sociais e até jurídicos e
a nossa humanidade poderá não vir ter a qualidade de vida que queremos, e para que isto
aconteça é necessário também o equilíbrio tanto na nossa mente com no nosso corpo e
espírito.
Segundo MANTOVANI (2007, p.43)
diz que, com o envelhecimento, vários fatores influenciam na qualidade de vida de nutrição dos idosos. A alimentação é um dos fatores centrais para a saúde e qualidade de vida do indivíduo. Um padrão alimentar equilibrado proporciona melhor condição de saúde e contribui diretamente na prevenção e controle das principais doenças que acometem os idosos.
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Há vários fatores associados a qualidade de vida do Idoso, e um deles é ter garantido
sua autonia e independência. Segundo a política de saúde do idoso (Brasil, 1999), a
capacidade funcional é a “capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias
para uma vida independente e autônoma.
O equilíbrio também é um dos fatores e está entre a nossa realidade física, mental e
também espiritual é muito necessária tanto nas crianças, jovens, adultos e terceira idade, pois
sem esse equilíbrio acontecerá os maiores e mais complexos problemas com o avanço rápido
e desordenado da tecnologia moderna.
Em todos os países do mundo tem acontecido tremendas mudanças de
comportamento, nessas últimas décadas representam embora com diferenças importantes uma
verdadeira explosão de transformações de paradigmas, princípios, valores, maneira e estilo de
vida.
Em muitos países do mundo de maneira marcante, desenvolve um movimento da
pessoa humana o qual tende a tornar-se uma importante reação da humanidade á tecnologia
prejudicial.
Tem havido várias reações e manifestações contra essas novas tecnologias não
comprovadamente éticas e necessárias, mas tem sido na Medicina onde isso tornou-se muito
evidente. O auto cuidado (orientado) em saúde, o parto na residência (em países
desenvolvido) e outros elementos chamados da promoção da saúde estão se tornando
extremamente populares em muito países do mundo.
Saúde da família, menos cirurgia e menos técnicas radicais tem sido uma grande
tendência atual.em técnicas simples e apropriadas, muitos médicos estão ficando famosos em
países desenvolvidos.
O idoso para ter boa qualidade de vida deve ter saúde, segurança, lazer, condições
financeiras para sua sobrevivência, boa moradia, acesso a educação e acima de tudo uma
família que o compreenda e respeite principalmente nessa fase da vida.
Segundo Albuquerque (2003, p.43) A qualidade de vida na velhice é uma meta a ser
alcançada, adotando-se medidas e programas para que os idosos sejam vistos como um
recurso valioso para a sociedade e não um fardo.
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O estudo da qualidade de vida do idoso vem ocupando lugar de destaque, pois os
avanços na medicina contribuíram para o aumento na expectativa de vida e no contingente de
idosos, mas de que adianta ter uma grande população de idosos vivendo mais de 80 anos, se
não for possível proporcionar a eles a qualidade de vida para que os mesmos sintam-se
valorizados não um fardo na vida dos seus familiares.
Segundo Vieira (1996), alguns fatores favoráveis como aceitar mudanças, prevenir
doenças, estabelecer relações sociais e familiares positivas e consistentes, manter um senso de
humor elevado, ter autonomia e um efetivo suporte social contribuem para a promoção do
bem-estar geral do idoso e conseqüentemente, influenciam diretamente numa melhor
qualidade de vida.
Portanto a terceira idade pode ser sim de muitas alegrias, e felicidades, assim como
pode ser de tristezas e cansaços, mas basta que os idosos queiram e saibam buscar estes
momentos bons da vida, que ainda lhes restam. Ou seja, vivendo de maneira muito saudável e
feliz, de acordo é claro com as suas próprias vontades fazendo com que tenha uma boa
qualidade de vida.
A INFLUÊNCIA DA PSICOPEDAGOGIA NA TERCEIRA IDADE
A necessidade de continuar a aprender na terceira idade, tem sido atualmente a tonica
do mercado produtivo. As pessoas que estão hoje em qualquer tipo de serviço sabem que
devem estar se aprimorando constantemente como forma de se manterem atualizadas e de
vencerem novos desafios. Neste sentido, a aprendizagem continuada apresenta-se como uma
condição necessária para manter a posição de um trabalho que elas ocupam.
Por outro lado, observante o crescente numero de programas criados pelas
instituições educacionais para atender a população da terceira idade, nota-se que o desejo de
continuar a aprender vai alem das necessidades impostas pelo mercado. As atividades
educacionais com a terceira idade indicam que aprender esta deixando de ser simplesmente
condição para manter posições atuais ou conseguir melhores salários e tornando-se uma
maneira de se divertir “de ocupar a mente”, de preencher o tempo e de estar em sintonia com
a atualidade. Indicam também que todas as caracteristicas prazeirosas da aprendizagem que a
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terceira idade esta descobrindo e vivenciando devem estar presentes em outros períodos da
nossa vida educacional, principalmente no escolar e no profissional na qual entra a
Psicopedagogia para devolver a esse idoso a sua alto-estima quando ele acha que seu valor
profissional já não conta mais.
Para Visca (1991) A psicopedagogia surgiu da necessidade de melhor compreensão
do processo de aprendizagem das crianças, jovens, adultos e terceira idade, comprometido
com a transformação da realidade de aprendizagem, na medida em que possibilita, mediante
dinâmicas em sala de aula ou não, contemplar a interdisciplinaridade, juntamente com outros
profissionais da área de educação.
Através da ação-reflexiva da literatura e de profissionais da área da psicopedagogia,
buscou-se compreender o fenômeno gerontológico no enfoque psicopedagógico, resultando
na elaboração do presente artigo. O tema exige um aprofundamento de estudos, bem como,
um olhar mais científico sobre a velhice e sobre a natureza do trabalho psicopedagógico nesse
contexto.
Segundo a sociedade moderna, o idoso é desprovido de responsabilidades e muitas
vezes, tido como um ser inerte a realidade do mundo, sendo esquecido em casas de repouso,
clinicas psiquiátricas, hospitais, deixando assim de participar da vida na família, comunidade
e por conseguinte na sociedade .
Quanto à atuação do psicopedagogo na área da gerontologia, pouco se tem
pesquisado ou escrito sobre esse tema. Cabe ao psicopedagogo congregar conhecimentos e
profissionais de diversas áreas, com o objetivo de compreender, discernir e empreender um
trabalho de mediação e de assessoria aos idosos e aos seus grupos.
Portanto o que a psicopedagogia visa no trabalho na terceira idade é reintegrá-lo na
sociedade, retomando a autoria sua própria história, com orgulho e com a sabedoria que só o
idoso tem ou seja a reprodução de um conhecimento, de uma vivência que nem um livro
consegue captar. Dessa forma o que a psicopedagogia pretende é estimular o cérebro destas
pessoas, proporcionar-lhe novas sinapse, incitar a produção de neurônios, reativar a memória
através de suas técnicas, com exercícios, leituras, danças, jogos, cantos, tocar algum
instrumento, atividades manuais como: artesanato, pinturas, bordados, reciclagem todo tipo
de atividade que proporciona prazer, auto estima, alegria de se sentir gente, útil e feliz;.
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O objetivo da psicopedagogia é embora de maneira ainda muito devagar nova e com
a atualização individualizada pretende melhorar a qualidade de vida do idoso e proporcionar a
elevação da auto estima otimizando o tempo e a vida da pessoa da 3ª idade, da quarta etc.
A educação na terceira idade pode estar ligada a um processo informal de aquisição
de conhecimento, de desenvolvimento de habilidades, ou de contato com novas tecnologias
que podem facilitar a vida de cada um.
É possível citar, por exemplo, o fato de que com o passar do tempo, novas
perspectivas foram geradas pelo próprio movimento de revisão pelo qual acredito que a
Psicopedagogia Brasileira está passando, no que concerne ao surgimento de novos
pesquisadores e autores em seu campo e, também, no que diz respeito às próprias dinâmicas
da profissionalidade psicopedagógica, sempre em permanente movimento.
Segundo a sociedade moderna, o idoso é desprovido de responsabilidade, muitas
vezes, tido como um ser inerte a realidade do mundo, sendo esquecido em casas de repouso,
clinicas psiquiátricas, hospitais a margem da sociedade.
Neste sentido, no campo da Psicopedagogia e da Educação Inclusiva, novas
demandas surgem, pois se torna essencial pensar, refletir, aprender e desaprender sobre o
próprio conceito de mudança. Temas como formação humanística, identidade, alteridade e
diversidade devem estar presentes nas formações de profissionais tanto do campo educacional
inclusivo como no campo psicopedagógico.
Para Borbolanza (2002) O trabalho psicopedagógico com o idoso visa, basicamente,
reintegrá-lo à sociedade, retomando a autoria de sua própria história, com o orgulho e com a
sabedoria, que apenas os mais velhos têm. Nesse caso, não seria a produção, mas a
reprodução de um conhecimento, de uma vivência, que nenhum livro ou manual consegue
captar. Estimular o cérebro da pessoa idosa, proporcionar novas sinapses, incitar a produção
de neurônios, reativar a memória com exercícios, seja a leitura, a dança, os jogos, o canto, o
tocar um instrumento, atividades manuais, tarefas que proporcionem prazer, uma espécie de
ócio produtivo.
Segundo Leo (1999) isso tudo é possível com o trabalho de Intervenção
Psicopedagógica, a inteligência, o idoso não perde. O que ocorre é uma lentidão da atividade
mental, daí a necessidade de uma quantidade maior de explicações e repetições para que ele
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entenda o que estamos dizendo. No entanto é preciso destacar que aqueles que mantêm sua
mente em atividade minimizam suas perdas cognitivas, caso contrário, o idoso, aos poucos,
perde sua identidade, sua meta de vida, seu foco e passa a fazer parte, simplesmente de um
retrato. Um Retrato como o poema de Cecília Meirelles, em que a face se esvai e nem se sabe,
se de fato, valeu a pena tantas perdas e mudanças.
Assim como o empreendedorismo tem como objetivo melhorar a qualidade de vida
na terceira idade, o trabalho psicopedagógico, de uma maneira ainda muito tímida, nova e
com atuação individualizada, tem como pretensão, também, melhorar a qualidade de vida e
proporcionar a elevação da auto-estima, otimizando o tempo e a vida da pessoa idosa.
Há um mundo novo a ser descoberto, desde que cada um se disponha a nele entrar,
para os mistérios desvendar superando dificuldades, barreiras interiores e preconceitos.
No entanto, fica evidenciado que o maior aprendizado acontece, não somente dentro
da sala de aula, mas durante a plenitude da vida e de seu aprendizado, onde o tempo é o nosso
maior aliado e pior inimigo, é dele que temos relações e inter-relações.
Todo processo sócio-historico e que suas transições voluntarias, devem focar a
identidade do idoso, remetendo a objetivos que visam empreender uma nova historia, Cora
Coralina nos relata o seguinte “Estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o
tempo.” (Cora Coralina, 1965).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste estudo corroboram as teorias de que o envelhecimento ativo,
produtivo, contribui para o bem estar físico, cognitivo e emocional para as relações sociais,
emprestando significado e satisfação à existência.
Através da análise do presente estudo fica evidente que o idoso, ao participar das
sessões psicopedagogicas, passa a aceitar melhor as mudanças pelas quais está atravessando,
percebendo, desta maneira, que as limitações desta fase da vida podem ser superadas,
elevando, assim, a auto-estima dos referidos sujeitos, dessa forma pudemos constatar através
da revisão bibliográfica que os objetivos propostos foram alcançados satisfatoriamente,
podendo os mesmos serem adaptados às realidades do dia-a-dia dos idosos.
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O número de pessoas entrando na terceira idade cresce mais e mais e o nosso país e
não está devidamente preparado para enfrentar essa nova realidade que logo mais será um
país velho. Existem ainda muitos preconceitos e discriminações em relação ao idoso, por parte
dos familiares e da sociedade.
As ciências e suas novas tecnologias desenvolvem técnicas para que cada vez mais o
adulto chegue à longevidade que já se prevê até mais de um século futuramente. Essa
possibilidade vai depender da qualidade de vida das pessoas desde a infância, adolescência e
adultos.
Dessa forma a ciência juntamente com a sociedade e a psicopedagogia em parcerias
com outras áreas, mesmo não sendo reconhecida profissionalmente, tendo pessoas bem
formadas e informadas, competentes, irão proporcionar melhores condições de vida com
qualidade, integrando as pessoas da terceira idade à sociedade Com a participação delas se
auto-ajudando para ter uma auto-estima saudável, não se sentindo peso para a família e tendo
os seus direitos respeitados, certamente terão uma velhice mais feliz.
Em suma, o psicopedagogo tem como objetivo fundamental aceitar
incondicionalmente o outro (perspectiva humanista) e respeitar o lugar do outro, e ajudá-lo a
ultrapassar as suas dificuldades, ou prevenir possíveis problemas já que a ação-reflexão e
razão, sobre o saber-fazer psicopedagógico junto ao idoso, evidenciou-se a relevância da ação
psicopedagógica na mediação entre o idoso e a construção e reconstrução do conhecimento.
Além disso, o psicopedagogo tem papel importante na inclusão do idoso nos grupos
de convivência, facilitando a interação do mesmo com o conhecimento e com seus pares,
estendendo essas habilidades desenvolvidas no grupo para a convivência social ampla,
contribuindo para a redefinição do papel do idoso na sociedade.
Esse estudos confirmam que a manutenção de um estilo de vida ativo retarda os
efeitos do envelhecimento, preservando a autonomia do ser idoso (Vilanova et. al., 2005).
Como vimos, a vida cotidiana tem alguns pontos que se assemelham aos fatores
motivacionais que levam o idoso a se inserir em programas regulares de aprendizagens nos
quais favorecem bem-estar na convivência com a comunidade em que vivem inseridos.
É necessário que se criem espaços, brechas, novas possibilidades de viver o
envelhecimento, para além da atividade que está atrelada ao sujeito fisicamente ativo. Como
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já foi apontado, o trabalho com os idosos deve estimular também a participação na vida
social, cultural, espiritual e cívica, incentivando a autonomia e a independência, adequando-se
à heterogeneidade característica dessa população.
Assim a terceira idade é veiculada como uma etapa da vida que merece atenção,
cuidados, mas considerando que o indivíduo ainda muito tem de potencial para desenvolver e
continuar se formando.
Outros estudos são sugeridos a fim de caracterizar a realidade das possibilidades de
uma melhor qualidade de vida atualmente disponíveis para a terceira idade no sentido de
servir como instrumento importante de verificação, análise e reinvidicação do direito
fundamental que o idoso têm constitucionalmente garantido.
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