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TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DEMEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica

Organização Mundial da Saúde, Genebra

OMS, 2001

(c) Copyright 2001 de Fazer Recuar o Paludismo/Organização Mundial da Saúde

Este documento não é uma publicação oficial da Organização Mundial da Saúde e todos os direitos sãopropriedade da organização. Contudo, o documento pode ser livremente comentado, resumido,reproduzido ou traduzido, em parte ou na íntegra, mas não vendido nem utilizado para fins comerciais.

As denominações utilizadas e a apresentação do material nesta publicação, incluindo mapas e quadros,não implicam por parte do secretariado da Organização Mundial da Saúde nenhuma tomada de posiçãoem relação ao estatuto jurídico de países, territórios, cidades ou zonas ou das suas autoridades, ou emrelação ao traçado das suas fronteiras ou limites. Linhas ponteadas em mapas representam linhas defronteira aproximativas para as quais pode ainda não haver acordo total.

A menção de firmas específicas ou de certos produtos comerciais não implica a sua aprovação nem a suarecomendação pela Organização Mundial da Saúde de preferência a outros de natureza semelhante nãomencionados. Salvo erro ou omissão, uma maiúscula inicial indica que se trata de um nome registado.

Gabinete do Projecto Fazer Recuar o Paludismo

Organização Mundial da Saúde

20, Avenue Appia

CH-1211 Genebra 27, Suíça

Tel: +41 (22) 791 3606, Fax: +41 (22) 791 4824,

E-mail: [email protected] Web site: http://www.rbm.who.int/

Editor: M. Geyer

Apresentação e produção: Graficim

Os autores agradecem as contribuições para a redacção deste relatório feitas a nível nacional por Ministérios

da Saúde e outros parceiros, Sedes Regionais da OMS, e a um nível mundial por relatórios de missões,

parceiros e a equipa do Projecto FRP.

WHO/CDS/RBM/2001.35

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

ÍNDICEIntrodução. 51. Associação terapêutica no contexto de política de tratamento. 6

1.1 Finalidade da política de medicamentos 61.2 Associação terapêutica com medicamentos antipalúdicos 7

Fundamento logico para uso de associação terapêutica na África. 7

2. Medicamentos antipalúdicos de associação terapêutica. 92.1 Associações não à base de artemisina. 9

Cloroquina mais sulfadoxina-pirimetamina. 9Amodiaquina mais sulfadoxina-pirimetamina. 10Atovaquone-proguanil (MalaroneTM). 11Mefloquina-sulfadoxina-pirimetamina (FansimefTM). 11Quinina mais tetraciclina.. 12

2.2 Associações à base de artemisina. 13Artesunato mais cloroquina. 14Artesunato mais amodiaquina. 14Artesunato mais sulfadoxina-pirimetamina. 14Artesunato mais mefloquina. 15Artemeter-lumefantrine (CartemTM, RiametTM Novartis). 15

2.3 Associações em preparação. 16Piperaquina-diidroartemisina-trimetoprima (ArtecomTM).

(ArtecomTM) mais primaquina (CV8TM). 16Pironaridina mais artesunato . 17Naftoquina-diidroartemisina. 17Cloroproguanil-dapsona-artesunato (CDATM ou Lapdap plusTM). 18

3. Questões de implementação. 183.1 Critério para escolha de associações de medicamentos antipalúdicos.. 18

Eficácia terapêutica. 19Segurança.. 19Aceitação pelo consumidor. 20Conformidade com o tratamento.. 20Custo e custo-eficácia. 20Potencial para retardar ou evitar o desenvolvimento de resistência. 21

3.2 Exigências técnicas e processo para introduzir associação terapêutica. 21Registo de medicamentos. 21Controlo e garantia de qualidade.. 22

3.3 Parcerias industriais e seu papel. 22

4. Conclusões e recomendações.. 23

Referências. 26

Anexos 30Anexo 1 Lista de participantes.. 30Anexo 2 Matriz para comparação de associações terapêuticas de medicamentos antipalúdicos.. 32Anexo 3 Calendário da disponibilidade de medicamentos de associação. 36Anexo 4 Cenários possíveis para alteração de política de tratamento de primeira linha com cloroquina para

associação terapêutica. 37

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TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

ABREVIAÇÕES

ACT associação terapêutica baseada em artemisinaSIDA Síndrome de Imunodeficiência AdquiridaAQ amodiaquinaCQ cloroquinaCT associação terapêuticaDHA diidroartemisinaDRA autoridades reguladoras de medicamentosG6PD glicose-6-fosfato deidrogenaseGMP boas práticas de fabricoVIH vírus da imunodeficiência humanaP. falciparum Plasmodium falciparumP. vivax Plasmodium vivaxFRP Fazer Recuar o PaludismoSP sulfadoxina-pirimetaminaTDR Programa Especial de Investigação e Formação no Domínio das Doenças

TropicaisOMS Organização Mundial da Saúde

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

INTRODUÇÃO

Realizou-se em Genebra, Suíça, a 4 e 5 de Abril de 2001, uma Reunião Consultiva Técnicada OMS sobre Associação Terapêutica com Medicamentos Antipalúdicos. Os participantesrepresentavam uma vasta gama de competências em desenvolvimento e uso de medicamentosantipalúdicos (Anexo 1).

Um dos principais componentes técnicos da estratégia mundial de combate ao paludismoé o diagnóstico precoce e tratamento imediato (1). A eficácia desta intervenção dependeenormemente dos medicamentos antipalúdicos que não só devem ser seguros e eficazes mastambém disponíveis, de custo acessível e aceitáveis pela população a risco. O uso racional de ummedicamento antipalúdico eficaz, além de reduzir o risco de doença grave e morte e abreviar aduração da doença, também contribui para diminuir o desenvolvimento da resistência do parasitaa medicamentos antipalúdicos. O aparecimento e propagação rápida da resistência do P.falciparum a medicamentos antipalúdicos comumente utilizados representa um grave desafio àeficácia de diagnóstico precoce e tratamento imediato como uma estratégia prioritária no contextodos esforços actuais de combate ao paludismo (2-4).

Em Novembro de 2000, a OMS realizou em Genebra uma Reunião Consultiva Informalsobre o Uso de Medicamentos Antipalúdicos. Com base nas informações disponíveis, esta reuniãoanalisou e actualizou recomendações sobre uso de medicamentos antipalúdicos paraquimioprofilaxia e tratamento. A reunião reconheceu o número limitado de opções de tratamentoà disposição dos países para melhorar as suas políticas de tratamento. Isto é especialmentepreocupante em zonas de maiores restrições de recursos, tal como na África sub-sariana onde umafalta de recursos contribuiu para o uso contínuo de medicamentos cuja eficácia tem sidocomprometida pela resistência do parasita aos medicamentos. O valor potencial da terapiaantipalúdica utilizando associações de medicamentos (5-9) foi identificada como uma opçãoestratégica e viável para melhorar a eficácia e retardar o desenvolvimento e selecção de parasitasresistentes. Contudo, o estudo sistemático dos dados existentes sobre associação terapêutica parapaludismo e identificação de medicamentos potenciais específicos, especialmente para a África,não estava no âmbito da reunião de Novembro.

Assim, para que o papel da associação terapêutica seja reconhecido, o programa FRPconsiderou oportuno convocar uma reunião consultiva técnica para:

• estudar a evidência actualmente existente sobre associação terapêutica com medicamentosantipalúdicos

• recomendar critérios mínimos para escolha e uso de associações terapêuticas commedicamentos antipalúdicos em contextos epidemiológicos diferentes

• escolher associações apropriadas para uso, especialmente em países africanos

• identificar a investigação prioritária, o desenvolvimento de produtos e as necessidades deprodução para facilitar a implementação de associações terapêuticas antipalúdicas.

A reunião técnica consultiva consistiu em apresentações baseadas em documentos detrabalho e discussões plenárias, nas bases das quais foram aprovadas conclusões e recomendaçõesespecíficas. O presente relatório apoia-se nas actas da reunião e documentos de trabalho.

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1. ASSOCIAÇÃO TERAPÊUTICA NO CONTEXTO DE POLÍTICA DE TRATAMENTO

Uma política nacional sobre tratamento antipalúdico é um conjunto de recomendações edisposições relativas à disponibilidade e uso racional de medicamentos antipalúdicos num país(10). Tal política deve proporcionar, aos responsáveis de tomadas de decisões, recomendaçõesbaseadas em experiência, e dar aos trabalhadores de saúde directrizes claras para fornecimento dediagnóstico precoce e tratamento imediato apropriados ao contexto local.

1.1 Finalidade da política de medicamentos

O objectivo de uma política nacional sobre tratamento antipalúdico é permitir o acesso dapopulação em risco de infecção palúdica a medicamentos antipalúdicos seguros, de boa qualidade,eficazes, de custo acessível e aceitáveis, para:

• assegurar a cada paciente com paludismo uma cura clínica rápida e duradoira

• evitar a progressão do paludismo sem complicações para doença grave e morte

• encurtar os episódios clínicos de paludismo e reduzir a ocorrência de anemia a eleassociada em populações residentes em zonas de grande transmissão da doença

• reduzir as consequências de infecção palúdica placentária e anemia materna associada apaludismo por meio de quimioprofilaxia ou tratamento preventivo intermitente durantea gravidez

• impedir o desenvolvimento e alastramento da resistência a medicamentos antipalúdicos.

Um desafio importante que o desenvolvimento de uma política de tratamento antipalúdicoenfrenta é conseguir um equilíbrio entre dois princípios essenciais, mas às vezes antagonistas:assegurar tratamento antipalúdico precoce e assegurar que os medicamentos antipalúdicostenham uma acção terapêutica útil ao máximo (figura 1). Contudo, estas duas partes essenciaisdevem ser complementares. Assegurar regulamentação e controlo do uso de medicamentos devepermitir equidade e uso racional de medicamentos antipalúdicos, o que resulta em redução damortalidade e ao mesmo tempo redução ou impedimento da resistência dos parasitas aosmedicamentos.

Um tratamento antipalúdico eficaz de primeira linha deveria ter um maior impacto naredução da mortalidade por paludismo do que simples melhoramento de tratamento de segundalinha ou de tratamento de paludismo grave. Assim, as comunidades devem poder dispor deassociações terapêuticas, economicamente acessíveis, para uso no tratamento de primeira linha dopaludismo.

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

Figura 1. Equilíbrio entre (1) prestação de diagnóstico precoce e tratamento imediato, e(2) minimização do desenvolvimento de resistência a medicamentos antipalúdicos

Diagnóstico precoce e Redução da evolução da

tratamento imediato resistência a medicamentos

1.2 Associação terapêutica com medicamentos antipalúdicos

O conceito de associação terapêutica baseia-se no potencial sinérgico ou cumulativo de doisou mais medicamentos para melhorar a eficácia terapêutica e também impedir o desenvolvimentode resistência aos componentes individuais da associação.

A associação terapêutica com medicamentos antipalúdicos é o uso simultâneo de dois oumais medicamentos esquizonticidas com modos de acção independentes e alvos bioquímicosdiferentes no parasita. No âmbito desta definição, as terapias multimedicamentosas que incluemum medicamento não-antipalúdico para reforçar o efeito antipalúdico dum medicamentoesquizonticida não são consideradas associações terapêuticas. Da mesma maneira, certosmedicamentos antipalúdicos que são conformes aos critérios de associações sinérgicas de dose fixasão considerados, do ponto de vista operacional, como produtos individuais, não devendonenhum dos componentes ser, por si só, empregue para tratamento antipalúdico. A sulfadoxina-pirimetamina é um exemplo.

Fundamento lógico para uso de associação terapêutica na África

Calcula-se actualmente que 90% dos casos mundiais de paludismo clínico e 90% damortalidade mundial por paludismo ocorrem na África a sul do Sara. Os esforços feitos na regiãopara combater a doença foram enormemente afectados pelo aparecimento e propagação daresistência à cloroquina. Isto foi notificado pela primeira vez em 1979 na África Oriental, masagora as notificações provêm de quase todos os países endémicos da África (11). Até recentemente,a sulfadoxina-pirimetamina (SP) era considerada como sucessora evidente da cloroquina.Contudo, a resistência a SP está a se desenvolver rapidamente mesmo mo âmbito do seu usoactual (12, 13), reduzindo assim a acção terapêutica útil de tal medicamento.

As associações terapêuticas à base de artemisina têm dado mostras de melhorar a eficácia dotratamento embora se verifique resistência na Ásia do Sudeste (14, 15, 16).

• Objectivo: redução da morbilidade e mortalidade • Objectivo: redução e impedimento da resistência

• Acesso geral a medicamentos antipalúdicos • Acesso restrito a medicamentos antipalúdicos

• Insistência em tratamento comunitário e domiciliário • Insistência em regulamentação e controlo douso de medicamentos

• Exige grande precisão de diagnóstico • Exige grande precisão de diagnóstico

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Contudo, existem obstáculos importantes à introdução e uso de associações terapêuticascom medicamentos antipalúdicos, especialmente na África. Estes incluem:

• escolha das associações de medicamentos mais indicadas para as diferentes situaçõesepidemiológicas

• custo da associação terapêutica

• calendário da introdução da associação terapêutica (por exemplo, esta deve serintroduzida em zonas onde a monoterapia ainda é eficaz?)

• obstáculos à implementação, especialmente aceitação.

O quadro apresentado a seguir compara os factores favoráveis à introdução na regiãoafricana de uma associação terapêutica à base de artemisina com os factores potencialmentenegativos.

Factores favoráveis Eventuais factores negativos

Em comparação com os medicamentos tradicionais utilizados correntemente na Áfricacomo monoterapia, as associações terapêuticas antipalúdicas são dez vezes mais dispendiosas.Assim, a modificação para associação terapêutica e sua implementação implicaria para os serviçosde saúde custos directos e indirectos mais altos, necessitando apoio financeiro importante atravésde apoio internacional público/privado constante, pois para muitos países em desenvolvimento,especialmente na África ao sul do Sara, tais custos estariam fora das suas possibilidades.

Embora a associação terapêutica seja aceite como a abordagem racional de tratamento decasos na África, a evidência actual da sua eficácia na região é limitada. As informações sobresegurança e eficácia da associação terapêutica em mulheres grávidas e crianças pequenas, que sãoos grupos específicos a grande risco na África, também são poucas ou inexistentes. Para abordarestes desafios, o processo de implementação de associação terapêutica na região deve incluirestudos de investigação prática cuidadosamente planificados. Recomenda-se uma abordagemregional ou sub-regional à introdução de associações de medicamentos antipalúdicos, o quefacilitará a troca de informações e conhecimentos entre países.

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• Insuficiência actual de tratamentos de primeiralinha em muitos países, incluindo possíveisproblemas inaparentes resultantes de paludismo eanemia crónica

• Grande eficácia dos derivados de artemisina paraeliminação de sintomas e parasitas

• Até à data, nenhuma resistência comprovada deresistência a artemisina e seus derivados

• Possível retardo ou diminuição da expansão daresistência a medicamentos antipalúdicosdisponíveis, eficazes e economicamente acessíveis,se incluídos em associação terapêutica

• Eventual redução da transmissão, devido aosefeitos dos derivados de artemisina na taxa detransmissão de gametócitos (aplicável em zonasonde a transmissão do paludismo é baixa oumoderada)

• Possibilidade de má utilização de derivados de artemisina, arriscando o seu valor em tratamento de paludismo grave

• Conhecimento e uso limitados de associações terapêuticas com ou sem derivados de artemisina

• Problemas de seguimento dos tratamentoscom associações co-administradas(variáveis), especialmente a domicílio

• Falta de evidência da sua eficácia pararetardar o desenvolvimento de resistênciaem zonas de grande transmissão

• Custo mais elevado dos derivados deartemisina

• Esforço e custo da alteração das políticasterapêuticas

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

2. MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS DE ASSOCIÇAO TERAPÊUTICA

2.1 Associações não à base de artemisina

2.1.1 Cloroquina mais sulfadoxina-pirimetamina

A cloroquina (CQ) e a sulfadoxina-pirimetamina (SP) são medicamentos antipalúdicosfrequentemente utilizados na África,quer como medicamentos de primeira linha ou de segundalinha no tratamento do paludismo por P. falciparum. A CQ é uma 4-aminoquinoleína enquantoa SP é uma combinação de dose fixa de dois compostos antifólicos. Estes são medicamentosesquizonticidas activos contra o P. falciparum sem resistência contrária conhecida. Na África, aresistência do P. falciparum à CQ tem-se alastrado e intensificado desde que foi pela primeira vezassinalada em 1979. Da mesma maneira, a resistência do P. falciparum a SP também aumentoudesde os fins dos anos 1980, especialmente na África Oriental onde tem sido utilizada em grandeescala como medicamento de primeira linha (12, 13, 17). Também se pode observar resistência aSP em certas partes da África Ocidental (18).

Vários médicos na África já estão a aplicar a associação CQ+SP no tratamento da infecçãopor P. falciparum em cuidados individuais, e autoridades sanitárias nacionais introduziram o usode tal associação em certos países (e.g. Etiópia) onde tanto o P. falciparum como o P. vivax sãopresentes.

As propriedades farmacocinéticas da CQ e SP têm sido estudadas individualmente e emprofundidade (19,20). Ambas têm perfis farmacocinéticos razoavelmente semelhantes, comdiversos modos de acção sobre diferentes alvos bioquímicos do parasita, e são por isso candidatostecnicamente adequados para associação terapêutica. Contudo, como não há informaçãopublicada sobre as interacções farmacodinámicas in vitro da associação, não se sabe se as suasactividades são sinérgicas, antagónicas ou aditivas (Warhurst D., personal communication).

Em zonas com altos níveis de resistência do P.falciparum à CQ e resistência moderada à SP,não é de esperar que a associação de CQ+SP consiga taxas de cura muito melhores do que a SPsozinha. Mais ainda, é improvável que a utilização de CQ+SP retarde o desenvolvimento eselecção de resistência a SP.

Apesar da resistência dos parasitas, a CQ ainda tem uma acção anti-inflamatóriaimportante através da modulação da “via citocinética”, e assim a utilização de CQ+SP podeconseguir um desaparecimento mais rápido dos sintomas do que o tratamento unicamente comSP.

Estudos realizados na Gâmbia (21) e na Papuásia Nova-Guiné (22) comparando a eficáciae segurança de CQ+SP à SP sozinha, mostram que a eficácia da associação depende dos níveis deresistência dos componentes individuais. A associação medicamentosa tem sido utilizada emVanuatu desde 1994, e não foi registado nenhum caso mortal devido a paludismo desde 1996,embora esta redução não possa ser totalmente atribuída a tal uso (Shapira A., personalcommunication). A associação CQ+SP também tem sido um tratamento de primeira linha na

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parte peninsular da Malásia desde 1997, e na Papuásia Nova-Guiné desde 2000, duas zonas cominfecções por P. falciparum e P. vivax.

Globalmente, as provas disponíveis mostram que é improvável que a associação CQ+SPtenha uma vantagem importante sobre a SP sozinha em zonas onde é predominante a transmissãopor P. falciparum com grandes níveis de resistência à CQ. Como isto reflete a situação actual namaior parte da África ao sul do Sara, é improvável que uma mudança para esta associação comouma política de tratamento de primeira linha venha a ter a longo prazo qualquer vantagem útil eimportante.

2.1.2 Amodiaquina mais sulfadoxina-pirimetamina

A amodiaquina (AQ) é uma 4-aminoquinolina semelhante em estrutura e actividade àcloroquina, e tal como ela tem propriedades antipiréticas e anti-inflamatórias.

Uma análise recente de estudos sobre o tratamento de paludismo por P. falciparum semcomplicações, realizados durante os últimos dez anos na África, mostrou que a amodiaquina tinhauma eficácia terapêutica mais alta que a cloroquina, com uma tendência para restabelecimentoclínico mais rápido. Esta diferença também foi observada em zonas com resistência fraca amoderada do parasita à cloroquina (23,24).

A utilização mundial da amodiaquina tem diminuido devido a notificações de reacçõesgraves seguintes ao seu uso em quimioprofilaxia do paludismo (25-27). A maior parte dos casoscomunicados referia-se a pacientes do sexo masculino com mais de 40 anos de idade (26,28,29).Contudo, alguns países têm continuado a utilizá-la no tratamento de paludismo semcomplicações e não tem havido notificações de casos graves.

AQ e SP têm perfis farmacocinéticos razoavelmente semelhantes, com diversos modos deacção sobre alvos bioquímicos diferentes no parasita e são por isso candidatos tecnicamenteadequados para associação terapêutica.

Há actualmente três estudos publicados sobre a eficácia e segurança de AQ+SP emcomparação com AQ sozinha. Todos datam dos anos 1980. Um foi realizado na China (30), e osoutros dois em Moçambique (31,32). Numa meta-análise de tais estudos, as médias de 28 dias deeliminação do parasita tendem para dar preferência a AQ+SP (33). Uma experiência recenterealizada no Uganda (Kamya M., et al. unpublished), mostrou uma taxa mais alta de cura clínicae parasitológica com AQ+SP do que com SP unicamente. Contudo, a associação não era maiseficaz do que a AQ sozinha que ainda tinha uma eficácia de 95% quando utilizada comomonoterapia. Os dados sobre a segurança obtidos com estes estudos clínicos são limitados masnão sugerem que as reações adversas da AQ fossem acentuadas pela administração conjunta de SP.

Em certos países na África Ocidental e Central, onde os níveis de resistência à AQ sãogeralmente inferiores aos da CQ (23), uma mudança para AQ+SP seria uma opção mais eficazem relação ao custo com uma acção terapêutica útil mais longa, do que uma mudança paramonoterapia com SP. Contudo, ainda subsistem certas preocupações sobre a segurança da AQpara tratamento generalizado, sem controlo e repetido. Há necessidade de mais dados sobresegurança, incluindo o seu uso durante a gravidez.

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2.1.3 Atovaquona-proguanil (MalaroneTM, GlaxoWellcome)

Isto é uma associação de dose fixa de atovaquona (um derivado de naftoquinona) eproguanil. Existe em comprimidos para adultos e crianças. Embora a atovaquona tenha actividadeantipalúdica, quando utilizada sozinha ocorre uma recrudescência de parasitemia num terço dospacientes com infecção por P. falciparum (34). Contudo, em associação com cloridrato deproguanil observa-se um efeito sinérgico. Atovaquona-proguanil é muito eficaz contra o P.falciparum, incluindo estirpes resistentes à cloroquina e mefloquina, com taxas de cura de 94-100% (34, 37).

O perfil farmacocinético e a toxicologia de MalaroneTM já foram documentados (38, 39).Mas embora os dados disponíveis sobre eficácia e segurança do tratamento por MalaroneTM sejamencorajadores, o seu custo elevado e disponibilidade restrita limitam o seu potencial como umaopção indicada para associação terapêutica. O fabricante não prevê a sua comercialização activaem países com paludismo endémico. Em vez disso, Glaxo Wellcome lançou um Programa deDoação MalaroneTM propondo uma doação mundial de um milhão de medicações para gestão decasos de paludismo sem complicações cujo tratamento não deu resultado (35,40). Este programafoi iniciado em várias localizações no Quénia e no Uganda. Segundo as directrizes do Programade Doação, o uso do medicamente deve ser limitado a pacientes com paludismo por P. falciparumconfirmado que não respondam ao tratamento com os medicamentos correntes de primeira esegunda linhas.

O uso de MalaroneTM em crianças com anemia grave às quais é possível administrarmedicamentos por via oral está a ser investigado na Zâmbia. O MalaroneTM administrado emconjunto com artesunato também tem sido estudado na Tailândia (White N., personalcommunication). A OMS está a investigar a segurança e eficácia de MalaroneTM no tratamento dopaludismo durante a gravidez.

As actuais contra-indicações incluem hipersensibilidade a atovaquona ou proguanil einsuficiência renal. Devido à escassez de dados apropriados sobre segurança e eficácia, o seu usonão é recomendado em crianças pequenas pesando menos de 11 kg, mulheres grávidas e mulheresque amamentem.

2.1.4 Mefloquina-sulfadoxina-pirimetamina (FansimefTM, Roche)

A associação de mefloquina-sulfadoxina-pirimetamina (MSP) foi elaborada para usoterapêutico com base na observação que os seus componentes mostram pelo menos actividadeaditiva e que a sua associação pode retardar o aparecimento de resistência no parasita (19). Nãohá nenhuma interacção farmacocinética entre os componentes, com perfis de mefloquina e SPcorrespondendo aos obtidos com doses iguais dos componentes individuais. A longa eliminaçãodurante a vida média da mefloquina (=20 dias nos adultos) é uma vantagem para tratamento dedose única, mas uma desvantagem em zonas de transmissão intensa do paludismo onde o nívelresidual do medicamento durante um longo período tem probabilidades de exercer uma pressãoaltamente selectiva sobre a população de parasitas (41).

Em contradição com postulados teóricos, o uso de MSP como tratamento de primeiralinha para infecções sem complicações por P. falciparum na Tailândia foi associado a um

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desenvolvimento rápido de resistência a mefloquina na fronteira com o Camboja (42,43). Pensa-se que isso foi provocado por níveis residuais e pós-terapêuticos de medicamento no sangue deindivíduos que tinham voltado para zonas com transmissão intensiva e que tinham contraídonovas infecções (44) mais do que pela dose relativamente pequena de mefloquina na associaçãomedicamentosa (45). Outros factores contribuintes incluiam a resistência a SP já existente naTailândia (46) assim como o uso concomitante de mefloquina com menor biodisponibilidade doque na MSP como monoterapia. A má combinação entre as vidas médias da mefloquina e da SP(47) também pode ter afectado a acção terapêutica útil da MSP pois a protecção mútua dosmedicamentos só diz respeito à fase terapêutica, i.e. o tratamento da infecção.

Como resultado, e devido a receios sobre o risco de reacções graves, a associação MSP nãofoi recomendada, quer como profilaxia quer como tratamento, para uso geral nos programas deluta contra o paludismo.

2.1.5 Quinina mais tetraciclina ou doxiciclina

Em zonas com susceptibilidade decrescente do P. falciparum à quinina, onde umtratamento com esse medicamento durante sete dias não consegue cura completa, a associação detetraciclina de acção relativamente lenta assegura uma taxa de cura alta (48). A administraçãoconjunta de quinina e de tetraciclina tem sido utilizada desde os fins dos anos 1970 no tratamentode paludismo por P. falciparum sem complicações.

A doxiciclina, um derivado da oxitetraciclina, tem um espectro de actividade idêntico ao datetraciclina e também está actualmente a ser utilizada em associação com quinina. A doxiciclina émelhor absorvida, mais solúvel em lípidos, mais estável, e menos susceptível de se transformarnum produto tóxico. Também tem uma vida média plasmática mais longa do que a tetraciclina.Como os custos são equivalentes, o regime de uma dose diária de doxiciclina oferece vantagenspráticas importantes em relação à tetraciclina que deve ser administrada quatro vezes por dia.

Os problemas práticos com o tratamento combinado de quinina e tetraciclina relacionam-se principalmente com adesão do paciente e segurança. A adesão do paciente é fortementeinfluenciada por reacções à quinina e a natureza incómoda do tratamento que exige a tomada dedoses de quinina de oito em oito horas durante três a sete dias, e doses de tetraciclina de seis emseis horas durante sete dias (no total, 37 a 49 doses de medicamento). O regime pode ser muitosimplificado pelo uso de uma dose diária de doxiciclina em vez de tetraciclina. Tetraciclina edoxiciclina estão contra-indicadas em mulheres grávidas, mulheres que amamentam e criançascom menos de oito anos.

Em conclusão, é difícil recomendar quinina mais tetraciclina como tratamento de primeiralinha para paludismo sem complicações. Contudo, quinina mais doxiciclina (de preferência)podem ser consideradas como uma opção para tratamento de pacientes que não responderam atratamento de primeira linha e/ou segunda linha e ainda podem tomar medicamentos via oral.

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2.2 Associações à base de artemisina

As vantagens da associação terapêutica à base de artemisina (ACT) estão relacionadas comas propriedades únicas e modo de acção do componente artemisina, que incluem:

• redução importante e rápida da biomassa do parasita

• desaparecimento rápido dos sintomas clínicos

• acção eficaz contra resistência multimedicamentosa do P. falciparum• redução da transmissão de gametócitos o que pode reduzir a transmissão de cepas

resistentes (em zonas com pouca ou moderada transmissão de paludismo)

• ausência, até à data, de notificação de resistência do parasita na utilização de artemisina eseus derivados

• poucas reacções adversas assinaladas, contudo, os dados pré-clínicos de toxicologia sobreos derivados de artemisina são limitados.

Artemisina (qinghaosu), artesunato, artemeter e dihidriartemisina todos têm sido utilizadosem associação com outros medicamentos antipalúdicos no tratamento do paludismo (49). Entretodos, o artesunato tem a informação clínica mais documentada.

Estudos pré-clínicos têm mostrado que a artemisina e os seus derivados não apresentamactividade mutagénica nem teratogénica. Contudo, em experiências em roedores, osmedicamentos causaram reabsorção fetal em doses relativamente fracas de >10mg/kg, quandodados depois do sexto dia de gestação (50). Os dados sobre o uso destes medicamentos em sereshumanos durante a gravidez são limitados (51,52). Assim, tendo em conta os efeitos em roedorese a escassez de dados sobre seres humanos, os derivados de artemisina não são actualmenterecomendados para uso durante o primeiro trimestre de gravidez (53).

Devido à vida média muito curta dos derivados de artemisina, a sua utilização comomonoterapia exige um regime de dose múltipla durante sete dias. A associação de um destesmedicamentos com um medicamento antipalúdico “associado” de vida média mais longa permiteuma redução da duração do tratamento por artemisina, e ao mesmo tempo reforça a eficácia ereduz a probabilidade de desenvolvimento de resistência ao medicamento associado.

Artesunato utilizado em associação terapêutica tem mostrado retardar o desenvolvimentode resistência ao medicamento associado (mefloquina) em zonas de fraca transmissão dopaludismo na Ásia do Sudeste (9,54-56). O efeito sobre desenvolvimento de resistência em zonasde forte transmissão ainda não foi determinado. Na maioria das ACT actualmente utilizadas ouem avaliação, o medicamento associado é eliminado lentamente e mantém-se sem protecção umavez que o composto de artemisina é eliminado do corpo, expondo assim níveis sub-terapêuticosno sangue a novas infecções. As implicações desta má combinação farmacocinética em ACT aindanão são claras, especialmente em zonas de forte transmissão do paludismo.

Como os compostos de artemisina derivam de extratos de plantas e como o seu cultivoprecisa de dois anos pelo menos, o fornecimento de matérias primas pode tornar-se um problemaimportante e retardar o desenvolvimento de ACT.

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2.2.1 Artesunato mais cloroquina

A eficácia e segurança da associação de artesunato mais cloroquina foram avaliadas em trêsestudos clínicos aleatórios, duplo cegos, controlados por placebos realizados no Burkina Fasso,Costa do Marfim e São Tomé e Príncipe. A associação foi bem tolerada sem reacções adversasdesagradáveis. Contudo, estudos preliminares disponíveis de Burkina Fasso e São Tomé e Príncipemostravam taxas muito altas de insucesso da cloroquina (>60%) e eficácia sub-óptima daassociação com quase 85% de taxa de cura parasitológica ao fim de 14 dias em análises visando otratamento . Foram obtidos resultados semelhantes do estudo da Costa do Marfim (Olliaro P.,personal communication). Com base nestes resultados, não parece que o artesunato + CQ seja umaopção válida em zonas onde já existam níveis moderados a altos de resistência do P. falciparum àCQ.

2.2.2 Artesunato mais amodiaquina

A eficácia e segurança da associação de artesunato mais amodiaquina foram avaliadas emtrês estudos clínicos aleatórios duplo cegos, controlados por placebos realizados no Gabão, Quéniae Senegal. A associação foi eficaz e bem tolerada. O nível de eficácia coincide com níveis baixosde resistência a AQ nos sítios dos estudos. A taxa de cura parasitológica de 14 dias foi, em todosos sítios, >90% em análises visando o tratamento. (Olliaro P., personal communication)

O artesunato mais amodiaquina parece ser uma opção viável especialmente em zonas ondea eficácia da CQ já está comprometida. Contudo, seria preciso controlar cuidadosa econtinuamente a resistência à AQ e o impacto de tal resistência sobre a eficácia da associação.

2.2.3 Artesunato mais sulfadoxina-pirimetamina

A eficácia e segurança de SP mais artesunato foram avaliadas em três estudos clínicosaleatórios, duplo cegos, controlados por placebos realizados na Gâmbia (57), Quénia e Uganda.Esta associação foi muito bem tolerada e, tal como as associações de CQ e AQ com artesunato, aeficácia terapêutica dependia do nível da resistência, já existente, ao medicamento associado. Estesestudos também avaliaram a eficácia de SP combinada com dois regimes diferentes de doses deartesunato: um único dia ou três dias de artesunato. O regime de três dias era mais eficaz do queo de um dia (Olliaro P., personal communication). Os níveis crescentes de resistência a SP limitaráo uso de artesunato + SP, especialmente na África Oriental. Contudo, ainda poderá ser uma opçãoviável para certos países da África Ocidental e de outras regiões onde a eficácia de SP ainda nãoestá comprometida por resistência.

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2.2.4 Artesunato mais mefloquina

A administração conjunta de artesunato mais mefloquina há muitos anos que é utilizadaem partes da Tailândia, tendo-se tornado o tratamento de primeira linha em várias partes da Ásiado Sudeste (54-56). Os regimes têm variado desde uma dose simples de artemisina (ou seusderivados) mais mefloquina (15mg/kg, dose simples), ao regime correntemente recomendado deartesunato (4mg/kg uma vez por dia) durante três dias mais mefloquina (25mg/kg) dada comodose fraccionada de 15mg/kg no segundo dia e 10mg/kg no terceiro.

As reacções adversas notificadas e relacionadas com o uso de mefloquina incluiam efeitosneuropsiquiátricos graves, alguns casos de efeitos cardiotóxicos (58-60) e vómitos em criançaspequenas (o que pode ser reduzido dividindo a dose de 25mg/kg e administrando-a em dois dias(61). Também foi demonstrado que o uso da grande dose de mefloquina em associação comartesunato resulta em menos reacções adversas do que o uso de mefloquina sozinha,provavelmente devido ao facto da administração desta ser retardada, i.e. depois dos sintomas dopaludismo terem sido refreados pelo artesunato (61).

A associação de artesunato mais mefloquina não é considerada uma opção viável para usocomo terapia de primeira linha na África. Receia-se que a longa vida média da mefloquina possacausar a selecção de parasitas resistentes em zonas de transmissão intensa. Mais ainda, também sereceia um aumento possível de efeitos secundários relacionados com a mefloquina quandoutilizada sem controlo em grande escala em tratamento do paludismo.

Experiências realizadas na Tailândia estabeleceram a superioridade de um tratamento de trêsdias sobre um tratamento de um dia com artesunato quando utilizado em associação commefloquina. Assim, não se recomenda um tratamento de artesunato de um só dia maismefloquina mesmo na fase aguda de uma urgência complexa nem durante epidemias depaludismo. Um regime alternativo de 8mg/kg de mefloquina por dia durante três dias facilitariaa associação de mefloquina e artesunato num condicionamento “blister” ou a produção de umadose fixa. Contudo, este regime de mefloquina ainda não foi avaliado.

2.2.5 Artemeter-lumefantrine (CoartemTM, RiametTM Novartis)

Isto é uma fórmula conjunta de artemeter e lumefantrine (um álcool arílico relacionadocom quinina, mefloquina e halofantrine), sobre a qual foram realizados 16 estudos clínicos naEuropa, Ásia do Sudeste e África com mais de 3000 pacientes, incluindo crianças com menos de5 anos. Esta associação mostrou ser tão eficaz, e melhor tolerada, como artesunato maismefloquina no tratamento de paludismo por P. falciparum resistente a tratamentomultimedicamentoso quando administrado segundo um regime de seis doses durante três dias(62). Em zonas de transmissão intensa com grande imunidade de base, um regime de quatro dosestem resultado, mas em populações não imunes (sobretudo na Ásia do Sudeste) tal regime obtevecomo resultado taxas de insucesso de cerca de 20%. Aumentando a dose para um regime de seisdoses (63-66), tais taxas foram reduzidas a menos de 5%. Ainda não foram notificadas reacçõesadversas graves, e estudos realizados não mostram indicações de cardiotoxicidade (67). Contudo,o medicamento não é recomendado para mulheres grávidas ou amamentando pois a segurança de

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utilização nestes grupos ainda não foi estabelecida. Também é preciso que CoartemTM realizeestudos sobre vigilância pós-venda e Fase IV.

Artemeter-lumefantrine é o mais viável tratamento por associação de artemisina disponívelactualmente (embora não seja recomendado para mulheres grávidas e amamentando), pois alémda sua eficácia, segurança e tolerância está disponível como uma fórmula de dose fixa,aumentando a probabilidade do paciente se conformar com o regime medicamentoso.

2.3 Associações em preparação

É possível que algumas das associações de medicamentos antipalúdicos actualmente emdesenvolvimento provarão ser muito eficazes, seguras e bem toleradas, com potencial para usogeneralizado a preços economicamente acessíveis na maior parte do mundo. É preciso ter emconta que alguns dos componentes destas associações serão “novas entidades químicas” que nuncaforam utilizadas como monoterapia antipalúdica. Assim, a resistência a estas novas associaçõespode desenvolver-se mais lentamente.

2.3.1 Piperaquina-diidroartemisina-trimetoprima (ArtecomTM) e (ArtecomTM) mais primaquina (CV8TM)

A formulação conjunta de Piperaquina-dihidroartemisina-trimetoprima, chamada(ArtecomTM) pelos seus produtores chineses, e a administração conjunta de ArtecomTM comprimaquina, CV8TM (CV = China-Vietname) são o resultado de investigação em animais iniciadano Instituto Guangzhou de Medicina Tradicional da China. Os estudos clínicos têm sidorealizados principalmente em zonas do Vietname resistentes a tratamento multimedicamentoso.

Embora não existam dados farmacocinéticos sobre ArtecomTM, existem certos dados sobreos componentes individuais da associação. Estudos realizados em animais sobre toxicologiaindicam toxicidade cumulativa dos componentes da associação. Um estudo sobre os efeitos daassociação sobre o comportamento de ratos indicava um efeito sedativo com 10 vezes a dosecurativa, mas não havia efeito com a dose normal. Em cães bigles, não foram demonstrados efeitosno sistema cardiovasculare (incluindo com ECG) nem no respiratório. Não se dispõe de dadossobre mutagenicidade ou teratogenicidade da associação (Hien T., personal communication).

Estudos com ArtecomTM mais primaquina (CV8TM), realizados no sul e centro do Vietnameentre 1993 e 1998, utilizando um regime de três dias em pacientes com mais de sete anos deidade, deu uma eficácia consistentemente superior a 93% em testes de 28 dias, mesmo em zonascom resistência multimedicamentosa. Isto também foi documentado em Hainan (China) emzonas onde existe resistência a piperaquina. (Hien T., personal communication).

Não foram observadas reacções graves em nenhum dos estudos em seres humanos. Asprincipais reacções adversas foram náuseas e vómitos, devidas a piperaquina e relacionadas com adose. Um estudo clínico notificou um caso de sinus bradicardia e os futuros estudos da Fase III

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devem procurar detectar tal reacção. Não há dados sobre crianças menores de 7 anos, mulheresgrávidas ou resíduos de medicamento em leite materno.

O Vietname decidiu manter a primaquina no comprimido de associação terapêutica,segundo os investigadores de Guangzhou, por causa do seu efeito gamonticida. Contudo, adihidroartemisina (DHA), que é um componente de ArtecomTM, tem efeitos semelhantes(embora menos marcados), anulando assim o fundamento lógico a favor da primaquina. Aposologia da primaquina é de 40mg administradas durante três dias. Não se tem a certeza se estafraca posologia causa reacções adversas em indivíduos com deficiência em G6PD.

Antes do ArtecomTM poder ser registado internacionalmente e incorporado em políticas detratamento para paludismo sem complicações, será necessário obter dados mais detalhados detoxicologia pré-clínica em animais, e dados clínicos sobre eficácia, segurança e tolerância emcrianças pequenas e mulheres grávidas. Isto poderia ser conseguido num período relativamentecurto com estudos de colaboração com múltiplos centros, e, sendo os resultados positivos,ArtecomTM poderia ser um medicamento de associação viável para uso generalizado, com o preçode uma dose completa para adulto actualmente estabelecido a cerca de 1,20$EUA.

É encorajante o facto da associação ser muitíssimo eficaz no Vietname numa zona comresistência multimedicamentosa, assim como em zonas de Hainan com resistência à piperaquina.Contudo, a longa vida média da piperaquina é preocupante em relação ao desenvolvimentopotencial de resistência em zonas de grande transmissão de paludismo.

2.3.2 Pironaridina-artesunato

Pironaridina (uma base Mannich de tipo acridina) associada a artesunato. Não há dadosfarmacocinéticos sobre a associação embora tenham sido feitos estudos sobre pironaridina masnuma escala limitada. A toxicidade da pironaridina é comparável ao da cloroquina, mas emgrandes doses tem sido observado mutagenicidade e reabsorção fetal em ratos (20).

Um estudo realizado em Hainan (uma zona com resistência do P. falciparum a pironaridinadevido ao uso anterior generalizado do medicamento), mostrou uma taxa de resposta clínica de100% com a associação num regime diário de pironaridina (400mg) mais diidroartemisina(DHA) (100mg) durante dois dias (Liu Dequan, personal communication). Um regime depironaridina (400mg) em associação com artemeter (150mg) ou artesunato (150mg) duas vezespor dia, deu uma eficácia clínica de 100% (68). Não há dados sobre crianças menores de cincoanos, mulheres grávidas ou resíduos de medicamento em leite materno.

2.3.3 Naftoquina-diidroartemisina

Naftoquina e diidroartemisina (DHA) foram elaboradas em conjunto para finsexperimentais. Actualmente, a proporção exacta dos componentes ainda é confidencial. Emboraas informações sobre a toxicologia, farmacocinética e segurança sejam muito limitadas, o interessepela sua produção aumentou devido aos resultados de alguns estudos clínicos preliminares

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indicando uma taxa de cura de 100% obtida com um regime de duas doses num dia. LiGuangqian, num estudo comparativo em 1999, obteve uma eficácia clínica de 100% emcomparação com 80% usando um tratamento de cinco dias com artesunato (69). Os dadosclínicos deste produto são de grande interesse, mas a falta de dados pré-clínicos, especialmente detoxicologia da naftoquina, dificulta a determinação da importância potencial deste produto nofuturo.

2.3.4 Cloroproguanil-dapsona-artesunato (CDATM ou Lapdap plusTM)

O produto final de CDATM será uma co-formulação de proporção fixa de cloroproguanil-dapsona (LapdapTM) e artesunato. Embora existam dados para LapdapTM e artesunatoindividualmente, ainda não existem para CDATM. Contudo, estão em curso trabalhos iniciaissobre toxicologia, enquanto está previsto para breve o início de outros estudos incluindo estudosfarmacocinéticos da Fase I, estudos sobre doses de artesunato da Fase II e estudos sobre segurançae eficácia em adultos da Fase III. Também há necessidade de dados sobre segurança e eficácia emcrianças pequenas, mulheres grávidas e mães que amamentam.

LapdapTM está a principiar a sua fase final de desenvolvimento e espera-se a suadisponibilidade em certos países africanos em 2002, j* para uso como monoterapia. EmboraCDATM forneça uma opção de associação possível, receia-se que a introdução de LapdapTM comomonoterapia para uso generalizado possa afectar a acção terapêutica útil de CDATM. Por isso, nãose recomenda a introdução de LapdapTM como monoterapia na África para evitar um possívelcompromisso da acção terapêutica útil de CDATM. O uso de um associado que não tenha sidointroduzido previamente como monoterapia representa também uma vantagem suplementar.

3. QUESTÕES DE IMPLEMENTAÇÃO

3.1 Critérios para escolha de associações de medicamentos antipalúdicos

Foi proposto (Anexo 2) um conjunto de critérios para ajudar a determinar os méritosrelativos de várias terapias com associação de medicamentos antipalúdicos para condiçõesepidemiológicas diferentes. Tais critérios formam os parâmetros de orientação para escolha eselecção de associações de medicamentos antipalúdicos Embora este conjunto de critérios incluaum sistema de atribuição de pontos, estes são arbitrários e secundários para o processo deidentificação dos factores determinantes essenciais realçados por estes critérios. Os resultadosobtidos não se destinam a aplicação rigorosa, mas são um meio de comparação de diferentesassociações terapêuticas. Segundo a sua ordem de importância, os principais critérios são:

1. Eficácia terapêutica da associação, independentemente da eficácia dos componentes individuais;

2. Segurança dos medicamentos em associação, especialmente para grupos a grande risco;

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3. Potencial para uso generalizado da associação a todos os níveis do sistema de cuidados desaúde, incluindo o seu uso em tratamento domiciliário;

4. Potencial de conformidade do consumidor com o tratamento;

5. Custo-eficácia;

6. Potencial para retardar ou evitar desenvolvimento de resistência;

7. Outros factores incluindo disponibilidade do produto, capacidade de produção e potencial para uso generalizado a um nível sub-regional.

3.1.1 Eficácia terapêutica

A eficácia terapêutica da associação é o critério mais importante. Compara as associaçõesem termos de cura clínica e parasitológica, e a rapidez de restabelecimento clínico. A eficáciaterapêutica (cura clínica) é correntemente proposta para orientar o processo de alteração dapolítica de tratamento antipalúdico na região africana (70). Isto também pode ser aplicado àassociação de medicamentos antipalúdicos. A taxa de cura parasitológica é também muitoimportante pois tem estado estreitamente ligada ao desenvolvimento de resistência pelos parasitas.Ainda não está definido o nível de resistência do parasita a um único medicamento a partir doqual o medicamento deixa de ser considerado útil como componente de uma associaçãoterapêutica. É geralmente aceite que quanto mais baixo for o nível de resistência, maiores são aspossibilidades do medicamento da associação ter uma acção terapêutica útil mais longa. Assim, osmelhores candidatos para associação terapêutica serão os medicamentos novos que não tenhamsido previamente usados em monoterapia, que não tenham demonstrado resistência dos parasitas,e que não vão ser usados para monoterapia.

3.1.2 Segurança

A principal preocupação sobre segurança de produtos de associação é a possibilidade deinteracções prejudiciais aditivas ou sinérgicas entre os componentes. Estas interacções podemtomar a forma de:

• interacções químicas podendo diminuir a eficácia, aumentar a toxicidade e diminuir avida do produto;

• interacções biológicas com um efeito aditivo ou sinérgico em reacções adversas; e

• interacções farmacocinéticas com influência de um componente sobre a absorção,distribuição, biotransformação ou eliminação do segundo componente, resultando emaumento ou diminuição de potencial de toxicidade.

É essencial estabelecer o perfil toxicológico em estudos sobre animais antes de avaliar asegurança na população humana em geral. O perfil da segurança é especialmente exigido paragrupos a risco especiais tais como mulheres grávidas, crianças com menos de 5 anos, mulheres queamamentam (passagem do produto para o leite materno e seus efeitos sobre a criança) e pessoascom VIH/SIDA.

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3.1.3 Aceitação pelo consumidor

A aceitação pelos pacientes de qualquer estratégia de tratamento depende das verdadeirascaracterísticas do medicamento (eficácia, vida média e efeitos secundários) assim como dascaracterísticas observadas pelos consumidores (e.g. apresentação do produto - gosto, cor, etc).

Outros factores influenciando também a aceitação incluem a reputação do medicamentoou associação de medicamentos, a sua capacidade para provocar início rápido de alívio dossintomas (antipirético), independentemente da proporção de eliminação de parasitas, com omínimo de efeitos secundários.

3.1.4 Conformidade com o tratamento

A aceitação de novo tratamento também pode ser influenciada pela complexidade doregime de doses. Co-formulação, embalagem apropriada, posologia simplificada e redução daduração do tratamento irão influenciar de maneira positiva a conformidade dos pacientes com aterapia.

3.1.5 Custos e custo-eficácia

Alterar políticas e implementar uma estratégia de associação terapêutica resulta para osserviços de saúde em custos directos e indirectos. Para compreender as implicações económicas deuma tal alteração, é preciso comparar tais custos aos custos associados às consequências da nãoalteração de tais políticas (que podem incluir os custos adicionais resultantes de tratamentos malsucedidos, de tratamento de infecções que evoluem para doença grave, além de mortalidade eperda de produtividade).

Devido ao custo crescente e à complexidade inerente à maioria, ou mesmo a todas asestratégias de terapia multimedicamentosa, o seu êxito dependerá mais fortemente da existênciade um sistema de saúde funcional com maior exigência de infra-estrutura, equipamento edesenvolvimento de recursos humanos. Contudo, existem alguns exemplos sugerindo que umtratamento muito eficaz, fornecido numa forma de utilização simples, pode produzir benefíciosmesmo em situações com sistemas de saúde fracos (Foster S., personal communication).

Cada vez mais, um sistema eficaz de fornecimento de medicamentos para distribuição demedicamentos antipalúdicos é considerado uma mistura eficaz de participação pública e privada(lucrativa e não-lucrativa) nas áreas de aquisição, armazenagem e transporte, assim como deentrega do medicamento ao paciente.

O critério de custo-eficácia tem sido difícil de aplicar na maior parte dos sistemasreguladores. Contudo, com o uso crescente de vários meios fármaco-económicos, um certonúmero de países começaram a explorar a possibilidade de incorporar custo-eficácia com outrosmarcadores tradicionais (segurança, eficácia e qualidade) na avaliação de produtos. A competênciae o apoio da OMS neste campo serão valiosos.

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3.1.6 Potencial para retardar ou evitar desenvolvimento de resistência

Com base em propriedades farmacocinéticas e farmacodinámicas diferentes, a capacidadepotencial da associação para retardar o desenvolvimento de resistência contra cada componenteda associação está associada com:

1. Vida média compatível dos componentes da associação

2. Modo de acção (sinérgico ou cumulativo)

3. Actividade gamonticida - capacidade de redução da transmissão de estirpes resistentes.

3.2 Exigências técnicas e processo para introduzir associação terapêutica

A regulamentação e controlo de medicamentos a nível nacional tem lugar no âmbito dapolítica nacional de saúde e da estrutura legal existente. A estrutura legal inclui legislaçãoratificada, decretos principais, e regulamentos e directrizes habilitadas.

As duas funções essenciais das Autoridades Reguladoras de Medicamentos (DRA) são:

• Registo de medicamentos; e

• Controlo e garantia de qualidade de produtos farmacêuticos, incluindo vigilância doscanais de distribuição de medicamentos e controlo da informação.

3.2.1 Registo de medicamentos

O registo de medicamentos é a primeira componente da garantia de qualidade dosmedicamentos disponíveis no mercado e é uma das principais responsabilidades das AutoridadesNacionais Reguladoras de Medicamentos. Na maioria dos países já se registam os medicamentoscom base em critérios de segurança, eficácia, qualidade e, em certos casos, necessidades de acesso.

Com a introdução de novos medicamentos antipalúdicos, incluindo associações inovadorasde medicamentos já existentes, o registo de medicamentos e autorização de venda será vital. Aadministração conjunta de medicamentos já registados individualmente para monoterapia podenão exigir qualquer acção reguladora especial. Contudo, o condicionamento conjunto de taismedicamentos pode exigir a justificação da necessidade além de uma demonstração de segurança.Também há necessidade de elaborar novos condicionamentos. A co-formulação de medicamentosde associação também pode exigir um processo regulador completo, necessitando a criação de umdossier regulador. A documentação técnica para o dossier deve conter detalhes administrativos,fórmulas, dados químicos e farmacêuticos, farmacologia e toxicologia, etiquetagem,condicionamento e condições de armazenagem do produto.

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3.2.2 Controlo e garantia de qualidade

As Autoridades Nacionais Reguladoras de Medicamentos também têm a responsabilidadede assegurar que a informação e os materiais de promoção relativos aos medicamentos satisfazemos padrões e os critérios éticos de promoção de medicamentos.

É muito importante que todos os medicamentos antipalúdicos apresentados sejam de boaqualidade e eficazes. Para assegurar que os medicamentos antipalúdicos disponíveis no mercadocorrespondem às descrições de qualidade desejada, os países precisam de ter programas deinspecção farmacêutica competentes, apoiados por laboratórios nacionais de controlo dequalidade de medicamentos, bem equipados e funcionais. Meios rápidos de avaliação daqualidade, como os mini-laboratórios, podem completar o controlo de medicamentos em pontosde entrada e a nível periférico.

Há necessidade de medidas práticas para reforçar o controlo, de maneira a assegurar aqualidade dos medicamentos, e para lutar contra medicamentos falsificados que serãoprovavelmente uma importante ameaça com a introdução, e grande procura prevista, demedicamentos antipalúdicos mais caros. As Autoridades Reguladoras de Medicamentos devemabordar a garantia de qualidade global combinando a inspecção das fábricas de produtosfarmacêuticos em relação a boas práticas de fabrico, com a segurança que os produtosfarmacêuticos disponíveis no mercado satisfazem as especificações de qualidade estipuladas. Deveter-se presente que as Autoridades Reguladoras de Medicamentos têm capacidades variáveis parainspecção de práticas de fabrico. Na maior parte da África ao sul do Sara, esta área deregulamentação farmacêutica não está devidamente desenvolvida e pode ser benéfico tomarabordagens sub-regionais para reforçar as capacidades nestas áreas.

A regulamentação pelas Autoridades Reguladoras de Medicamentos de canais públicos eprivados de distribuição de medicamentos, através da atribuição de licenças e autorizações, deveser reforçada. Estes canais de distribuição incluem farmácias de grosso e retalho, hospitais e postosde saúde onde são aviados medicamentos em grandes quantidades.

3.3 Parcerias industriais e seu papel

A colaboração com o sector industrial privado é vital para a Investigação eDesenvolvimento, e para a produção de medicamentos antipalúdicos para associação terapêutica.Exemplos de colaboração já existente incluem:

• Recolha de dados sobre vigilância pós-marketing (e.g. Novartis e CoartemTM);

• Desenvolvimento e registo de novos produtos (e.g. GlaxoSmithkline e CD/CDATM; ShinPoong e Pironaridina mais artesunato);

• Co-patrocínio de trabalho de desenvolvimento pós-registo pela OMS e MSF (e.g. GMPartesunato + SP co-condicionado em embalagem “blister” com IDA); e

• Parcerias locais públicas e privadas (e.g. desenvolvimento de ArtecomTM e CV8TM porinvestidores locais privados no Vietname e na China; fornecimento de artesunato porSanofi-synthelabo para estudos do TDR na África).

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Parcerias privadas e públicas poderiam ajudar facilitando avaliações reguladorasapropriadas, necessárias para combinar medicamentos antipalúdicos existentes. Implicandoinstituições de investigação capazes de fornecer dados pré-clínicos e clínicos, e assegurando aprodução de medicamentos segundo os padrões GMP internacionais, uma parceria activa com ofabricante nas fases de planeamento do processo de desenvolvimento seria claramente benéfica.Poderia haver negociações para compensar o financiamento pelo sector público de “preçospreferenciais”.

Uma questão de interesse especial para a OMS é o melhoramento da avaliação dasnecessidades de produção de medicamentos e previsões de mercado através de colaboração com osector privado. Também deveria ser explorado de maneira mais activa o potencial para parceriapública-privada na promoção de acesso a associações terapêuticas eficazes.

O Anexo 3 apresenta um projecto de calendário sobre a disponibilidade de novosmedicamentos antipalúdicos associados para política de tratamento.

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Resumo

As conclusões e recomendações da reunião aprovam plenamente o uso possível de terapiamultimedicamentosa na África. Estudos apropriados de base nacional e regional devem seriniciados o mais depressa possível para avaliar a sua possibilidade de incorporação em PolíticasNacionais em preferência a monoterapia. Contudo, é preciso entrar em linha de conta com doisaspectos práticos:

• A experiência clínica em relação a muitas das associações consideradas é limitada.Reconhece-se que é preciso demonstrar segurança total e eficácia numa base de caso acaso, implicando estudos apropriados, incluindo quando necessário estudos de controloe de fase IV, e vigilância apropriada especialmente de reacções adversas

• Reconhece-se que no caso de associações baseadas em artemisina o custo do tratamentoaumentará de maneira importante em relação a monoterapias tradicionais tais comocloroquina ou sulfadoxina-pirimetamina (podendo chegar a 10 vezes mais). Em paísesonde os sistemas de saúde não tenham possibilidades económicas para introduzir terapiascom associação de medicamentos, poderá ser necessário considerar outras alternativas.

Estes aspectos resumem o dilema que muitos programas nacionais de luta contra opaludismo devem enfrentar. Para facilitar a utilização adequada, e compra, de medicamentosantipalúdicos mais favoráveis, haverá necessidade de maior financiamento mundial. Aincapacidade em assegurar maior financiamento para medicamentos antipalúdicos será umobstáculo muito importante para muitos países africanos mudarem para a terapiamultimedicamentosa.

• A resistência crescente a cloroquina e sulfadoxina/pirimetamina causará provavelmenteum aumento da morbilidade e mortalidade por paludismo, especialmente em crianças, ehá necessidade de uma acção urgente para substituir os medicamentos antipalúdicos quese tornaram, ou estão a ficar rapidamente, ineficazes.

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• As associações terapêuticas usando de preferência “novos” medicamentos antipalúdicoscom modos de acção diferentes são o caminho a tomar para melhorar a eficáciaterapêutica e retardar o desenvolvimento de resistência na quimioterapia antipalúdica.

• As associações à base de artemisina têm várias vantagens distintas pois produzem curaclínica e parasitológica rápida, ainda não houve notificação de resistência ao parasita,reduzem a taxa de passagem de gametócitos, e são geralmente bem toleradas.

• Com base nos dados existentes sobre segurança e eficácia, estão actualmente disponíveise têm potencial para emprego (em ordem preferencial), se os custos não forem obstáculos,as seguintes opções terapêuticas:

i. artemeter-lumefantrina (CoartemTM)

ii. artesunato (três dias) mais amodiaquina

iii. artesunato (três dias) mais SP em zonas onde a eficácia de SP se mantém grande

iv. SP mais amodiaquina em zonas onde a eficácia tanto da amodiaquina como da SP continua grande. Isto limita-se principalmente a países da África Ocidental.

• Como parte de qualquer processo de implementação potencial, estas opções deassociações terapêuticas necessitam de documentação contínua sobre segurança eeficácia, especialmente entre crianças muito pequenas, mulheres grávidas, e mulheres queamamentam e seus bebés.

• Na África, as associações terapêuticas à base de artemisina estão numa fase inicial e hánecessidade de grandes estudos da Fase IV e vigilância pós-marketing.

• Recomendam-se para desenvolvimento acelerado outras associações terapêuticas empreparação à base de artemisina, especialmente a associação piperaquina-DHA(ArtecomTM, CV8TM), Lapdap-artesunato e pironaridina-artesunato.

• Cloroproguanil-dapsona é uma monoterapia actualmente em desenvolvimento comgrande potencial num futuro próximo como componente de associação terapêutica.Assim, o seu emprego como monoterapia numa larga escala na África não érecomendado.

• Opções de associação que não são recomendadas para política neste momento incluem:i. associações à base de cloroquina (CQ + SP e CQ + artesunato)

ii. tratamento de um dia com artesunato + SP

iii. associações à base de mefloquina (e.g. mefloquina mais artesunato) em zonas de grande transmissão de paludismo

iv. tratamento de um dia com artesunato mais mefloquina na fase aguda duma urgência complexa ou epidemias de paludismo

• Constatou-se a falta de terapias preventivas, seguras e eficazes, para aplicação na gravidezem zonas de grande transmissão resistente a SP e em situações de epidemia. É urgenteabordar esta questão.

• É preciso estabelecer alianças entre países para ajudar, a níveis de fronteiras e sub-regional, a desenvolver processos reguladores de medicamentos e directrizes paratratamento. Isto facilitará a troca de informações e conhecimentos entre países.

A próxima geração de medicamentos antipalúdicos eficazes e de primeira linha serácomposta de associações terapêuticas que serão nitidamente mais dispendiosas do que cloroquina,amodiaquina ou SP. Contudo, para reduzir a mortalidade por paludismo, é primordial ter umtratamento de primeira linha eficaz. Assim, as associações terapêuticas devem ser utilizáveis para

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TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Page 25: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

tratamento antipalúdico de primeira linha, economicamente acessíveis para as comunidades edisponíveis através do sector privado.

Acções políticas e institucionais apropriadas para financiamento constante são requisitosprévios para dar acesso a tais medicamentos.

As recomendações do grupo consultivo baseiam-se na melhor evidência ciêntificadisponível actualmente. Contudo, o grupo reconhece que, em muitas áreas, há falta de provas eincita a aprofundar a investigação como sublinhado nas recomendações. Este grupo tambémcalculou que custo e logística podem entravar a implementação de algumas das suasrecomendações. Estas questões de custo e logística merecem atenção importante e imediata,especialmente na África a sul do Sara.

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

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TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Page 29: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

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69. Li Guangqian. Second International Meeting on Tropical Medicine, Sanya, China 1999 (unpublisheddabstract)

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

Page 30: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

Anexo 1

LISTA DE PARTICIPANTES

Technical advisers1

• Professor Pierre Ambroise-Thomas, Interactions Cellulaires Parasite-Hùte (ICPH) ER CNRS 2014 Facultéde Médécine, Université Joseph Fourier, 38043, Grenoble, França

• Dr Fred Binka, School of Public Health, University of Ghana, Accra, Gana

• Dr Peter Bloland, Malaria Epidemiology Branch, Division of Parasitic Diseases, National Center forInfectious Diseases, CDC, Georgia, EUA (Relator)

• Dr Dennis Carroll, Senior Public Health Adviser, Office of Health and Nutrition, U.S. Agency forInternational Development, Washington DC, EUA

• Dr Susan Foster, Chair, Dept. of International Health, Boston University School of Public Health, Boston,EUA

• Professor Oumar Gaye, Parasitology Service, Faculty of Medicine, C.A. Diop University, Dakar, Senegal

• Professor Brian Greenwood, Department of Infectious & Tropical Diseases, London School of Hygiene &Tropical Medicine, Londres, Reino Unido (Chairman)

• Dr Andrew Kitua, Director-General, National Institute for Medical Research, Dar-es-Salaam, RepúblicaUnida da Tanzânia

• Dr Jacques Le Bras, Centre National de Référence de la Chimiosensibilité du Paludisme, HÙpital BichatClaude Bernard, 75018, Paris, França

• Ms Gugu Mahlangu, Director-Medicines Control, Medicines Control Authority of Zimbabwe, Harare,Zimbabue

• Dr Sylvia Meek, Head, Malaria Consortium, London School of Hygiene and Tropical Medicine, Londres,Reino Unido.

• Dr Robert Ridley, Chief Scientific Officer, Medicines for Malaria Venture (MMV), Genebra, Suíça

• Dr Alistair Robb, Senior Public Health Specialist, Health and Population Department, Department forInternational Development, Londres, Reino Unido.

• Professor Lateef Salako, Chief Executive, Federal Vaccine Production Laboratory, Yaba, Lagos, Nigeria (co-Presidente)

• Dr Richard Steketee, Division of Parasitic Diseases, National Center for Infectious Diseases, CDC, Atlanta,GA, EUA

• Dr William Watkins, Senior Research Fellow, Department of Pharmacology & Therapeutics, University ofLiverpool, Liverpool, Reino Unido

• Dr Wilson Were, Resident Paediatrician, Rubaga Hospital, Kampala, Uganda

• Professor Walther Wernsdorfer, Department of Specific Prophylaxis and Tropical Medicine, University ofVienna, Viena, Áustria

• Professor Nicholas White, Faculty of Tropical Diseases, Mahidol University, Bangkok, Tailândia

• Professor Jack Wirima, Mwaiwathu PVT Hospital, Blantyre, Malaui

1 Antes da reunião, todos os participantes completaram formulários de declaração de interesse

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TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Page 31: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

Secretariado da OMS

Consultores regionais

• Dr Keith Carter, Regional Adviser - Malaria, WHO Regional Office for the Americas, Pan AmericanSanitary Bureau, Washington, DC, EUA

• Dr Yao Kassankogno, Regional Adviser - Malaria, WHO Regional Office for Africa, Parirenyatwa Hospital,Harare, Zimbabué

• Dr Allan Schapira, Regional Adviser - Malaria, WHO Regional Office for Western Pacific, Manila,Filipinas

• Dr Vinod Sharma, WHO Regional Office for South-East Asia, New Delhi, Índia

• Dr Tom Sukwa, Malaria Drug Policy, WHO Regional Office for Africa, Parirenyatwa Hospital, Harare,Zimbabué

Sede da OMS, Genebra, Suíça

• Mr David Alnwick, Project Manager, Roll Back Malaria

• Dr Andrea Bosman, Roll Back Malaria

• Dr Kabir Cham, Roll Bank Malaria

• Dr Jane Crawley, Roll Back Malaria

• Dr Charles Delacollette, Roll Back Malaria

• Dr Elisabeth Feller-Dansokho, Roll Back Malaria

• Dr Win Gutteridge, UNDP/World Bank/WHO Special Programme for Research and Training in TropicalDiseases/Product Research and Development

• Dr Jane Kengeya-Kayondo, UNDP/World Bank/WHO Special Programme for Research and Training inTropical Diseases/Intervention Development and Evaluation

• Dr Kamini Mendis, Roll Back Malaria

• Dr Bernard Nahlen, Roll Back Malaria

• Dr Piero Olliaro, UNDP/World Bank/WHO Special Programme for Research and Training in TropicalDiseases/Intervention Development and Evaluation

• Dr Peter Olumese, Roll Back Malaria (Secretário)

• Dr Clive Ondari, Essential Drugs and Medicines Policy/Drug Action Programme

• Dr Aafje Rietveld, Roll Back Malaria

• Dr Jean Rigal, UNDP/World Bank/WHO Special Programme for Research and Training in TropicalDiseases/Intervention Development and Evaluation

• Dr Robert Taylor, UNDP/World Bank/WHO Special Programme for Research and Training in TropicalDiseases/Intervention Development and Evaluation

• Dr Awash Teklehaimanot, Technical Co-ordinator, Roll Back Malaria

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

Page 32: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

Anexo 2

MATRIZ PARA COMPARAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES TERAPÊUTICAS DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Apresenta-se a seguir uma proposição de atribuição de pontos para comparação de váriasassociações. É um plano para orientação do processo de selecção de associações terapêuticas demedicamentos antipalúdicos. Os pontos atribuídos a este conjunto de critérios são arbitrários esecundários em relação ao processo de avaliação das várias questões levantadas por tais critérios.Os resultados obtidos não são destinados a aplicação rigorosa mas sim a fornecer um meio decomparação objectiva de associações medicamentosas diferentes por meio de uma escala de valoresarbitrária. (Observação: um resultado inferior é melhor para cada uma das categorias individuaise assim para o resultado total).

Os critérios são agrupados segundo a seguinte ordem de importância:

A. Eficácia terapêutica

Com base na directiva recomendada pela AFRO para alteração de política de tratamentoantipalúdico (70), a eficácia da associação (independentemente da eficácia doscomponentes individuais) é registada segundo:

Insucesso do tratamento: < 5% = 1; 6%-15% = 2; 16%-24% = 3; e > 25% = 4

B. Segurança clínica

Com base em “segurança para uso clínico” em diferentes grupos a risco (marcar os pontosde cada grupo):

1. Todos os grupos etários

2. Crianças menores de cinco anos

3. Crianças

4. Mulheres grávidas

5. Mulheres amamentando

6. Pessoas com o VIH/SIDA

Recomendado para uso clínico = 1; Não recomendado para uso clínico = 2

C. Potencial para uso generalizado em diferentes contextos de cuidados de saúde

Qualquer formação especial ou serviço de apoio (diagnóstico, armazenagem e entrega de medicamentos, etc.) necessários para distribuição da associação a níveis diferentes deprestação de cuidados de saúde:

a. Tratamento na comunidade/a domicílio

b. Postos de saúde/centros de saúde

c. Hospitais

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TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Page 33: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

Capacidade de uso a todos os níveis = 1; Outros níveis excepto de tratamento na comunidade/a domicílio = 2; Unicamente hospitais = 3

D. Potencial para conformidade do paciente com o tratamento

Com base em factores do produto que podem influenciar a sua aceitação e uso peloconsumidor:

a. Formulação do produto: Co-formulação =1; Co-administração = 2

b. Posologia: Número de doses diárias multiplicado pela duração do tratamento

c. Aceitação pelo consumidor: Aceitável = 1; o valor aumenta até um máximo de 4 pontos sendo a redução da aceitação baseada em factores como efeitos secundários, gosto, cor, número de comprimidos por dose, etc.

d. Formulação da dosagem: adulto e pediátrica = 1; só adulto = 2

E. Custo e custo-eficácia

Avaliação do custo por resultado clínico (cura clínica e/ou cura radical)

F. Potencial para retardar a resistência do parasita à associação

Com base nas diferentes propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas, a capacidadepotencial da associação para retardar o desenvolvimento de resistência a cada componenteda associação marca:

1. Vida média compatível ideal dos componentes da associação

Vida média compatível = 1; vida média não compatível = 2

2. Modo de acção

Sinérgico = 1; acção aditiva = 2; actividade antagonista = 3

3. Actividade gametocida - capacidade para reduzir a transmissão de estirpes resistentes

Actividade gametocida = 1; Actividade não-gametocida = 2

G. Disponibilidade do produto

1. Capacidade de produção:

a. Fonte de produção segura (padrões GMP): Sim = 1; Não = 2

b. Capacidade de produção segura: Sim = 1; Não = 2

2. Disponibilidade local:

a. Registrado para uso: Sim = 1; Não = 2

b. Disponível a custo acessível para uso generalizado: Sim = 1; Não = 2

Page 34: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Critérios Medic.A Medic.B Medic.C Medic.D

A. Eficácia terapêutica da ass

a. Estudos de eficácia

b. Estudos comparativos sobre eficácia

B. Segurança clínica

a. Grupos de todas as idaddes

b. Crianças com menos de 5 anos

c. Bebés

d. Mulheres grávidas

e. Mulheres amamentando

f. Pessoas com VIH/SIDA

C. Potencial para uso generalizado

em diferentes contextos de cuidados

de saúde

a. Tratamento na comunidade/em casa

b. Postos de saúde/Centros de saúde

c. Hospitais

D. Potencial para aceitação e

conformidade do paciente com

o tratamento

a. Formulação do produto

b. Posologia

c. Aceitação

d. Formulação da dosagem

(adulto/pediátrica)

E. Custo e custo-eficácia

F. Potencial para retardar a

resistência ao medicamento

a. Vida média compatível

b. Modo de acção

c. Actividades gamonticidas

G. Disponibilidade

a. Fonte de produção segura

b. Capacidade de produção adequada

Disponibilidade local

a. Registada

b. A custo acessível

H. Potencial para vasta aplicação geográfica

Expansão regional da aplicação

Matriz para comparação de associações terapêuticas

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Page 35: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

H. Potencial para vasta aplicação geográficaIsto é uma avaliação para uso potencial, regional/sub-regional, em larga escala do produto,com base numa associação de factores como:

• perfil da eficácia a nível regional

• estatuto legal e capacidade de produção

• custo-eficáciaPotencial para uso em larga escala = 1; Aplicação limitada = 2

Pode não ser possível avaliar certas questões de acesso importantes, e.g. colaboração entrepaíses, estrutura e serviços do sistema de saúde, etc.

Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

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Page 36: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

Anexo 3

CALENDÁRIO DA DISPONIBILIDADE DE NOVOS MEDICAMENTOS DE ASSOCIAÇÃO

(Será preciso mais tempo para registo e provavelmente para estudos da Fase IV antes daimplementação da política em larga escala)

2001: Co-administração de amodiaquina mais artesunato

Co-administração de SP mais artesunato

Co-administração de amodiaquina mais SP

Co-administração de cloroproguanil-dapsona mais artesunato

2002-2003: Co-formulação de amodiaquina-artesunato

2004-2005: Co-formulação de cloroproguanil-dapsona-artesunato

Co-formulação de pironaridina-artesunato

Co-formulação de DHA-piperaquina (+/- trimetoprim +/- primaquina

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TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

Page 37: TERAPIA COM ASSOCIAÇÃO DE

Anexo 4

CENÁRIOS POSSÍVEIS PARA ALTERAÇÃO DE POLÍTICA DE TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA COM

CLOROQUINA PARA ASSOCIAÇÃO TERAPÊUTICA

1. Cloroquina directamente para uma estratégia de associação terapêutica “durável a longo prazo” (ACT).

2. Cloroquina antes de uma estratégia temporária passando depois a uma estratégia de associação terapêutica “durável a longo prazo”.

3. Cloroquina com ou sem uma estratégia temporária a um sistema de tratamento por etapas:

a. Estratégia de um medicamento para administração na comunidade e um segundo para administração em serviço de saúde.

b. Estratégia de um medicamento para tratamento geral e um segundo para administração a mulheres grávidas.

Observações:

1. Para países sem necessidade de substituição urgente da cloroquina, a opção 1 seriaaconselhada o mais depressa possível para evitar o desenvolvimento de resistência a outros medicamentos antipalúdicos usados como monoterapia, e.g. zonas da ÁfricaOcidental seriam muito provavelmente incluídas nesta categoria.

2. Muitos países da África oriental e austral já adoptaram, por defeito, o que poderia ser considerada uma estratégia temporária implicando SP como terapia de primeira linha(Malaui, Quénia, Tanzânia, certas províncias da África do Sul, Botsuana, etc). Umaalteração subsequente seria uma estratégia de associação terapêutica “durável”(idealmente sem incluir nos seus componentes um medicamento que tenha tido um usogeneralizado).

3. Os países que necessitam urgentemente de pôr de lado a cloroquina estão numa posiçãodifícil. Embora certas associações terapêuticas estejam disponíveis actualmente (ou irãoestar brevemente), nenhuma, com excepção de mefloquina mais artesunato, têm dadossuficientes sobre segurança e eficácia em zonas de transmissão pouca a moderada paraeliminar a maior parte das dúvidas sobre o seu uso em larga escala.

Contudo, a mefloquina não é actualmente recomendada em zonas de transmissãointensa e por isso a mefloquina mais artesunato não é uma opção em tais zonas.

4. Os países adoptando uma estratégia temporária devem considerar a inclusão, na suapolítica de medicamentos, de um medicamento de associação terapêutica como umtratamento de segunda linha, mesmo se a associação terapêutica não for utilizada paratratamento de primeira linha. Isto daria a possibilidade de ganhar experiência clínica e prática com o medicamento antes da sua adopção como tratamento de primeira linha.

5. A prevenção e tratamento do paludismo durante a gravidez merece atenção urgente. Uma possibilidade seria reservar SP unicamente para tratamento intermitentepreventivo na gravidez até serem identificados medicamentos alternativos seguros eeficazes. No futuro imediato, as opções de associações terapêuticas não incluindo SPpara tratamento de primeira linha de mulheres não-grávidas limitam-se a amodiaquinamais artesunato ou artemeter-lumefantrina.

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Relatório de uma Reunião Consultiva Técnica, OMS, Genebra, 4 -5 Abril 2001

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TERAPIA COM ASSOCIAÇAO DE MEDICAMENTOS ANTIPALÚDICOS

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