teorias filosóficas sobre o conhecimento

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Entre os filosófos que assumiram uma perspectiva empirista destacam-se John Locke (1632 -1704) e David Hume (1711-1776).

a ) Locke afirma que o conhecimento começa do particular para o geral, da impressões sensoriais para a razão. O espíritohumano é uma espécie de "tábua rasa" , onde se irão gravar as impressões provenientes do mundo exterior. Não há ideias nemprincípios inatos. Nenhum ser humano por mais genial que seja é capaz de de construir ou inventar ideias, e nem sequer é capazde destruir as que existem. As ideias, quer sejam provenientes das sensações, quer provenham da reflexão, têm sempre naexperiência a sua origem. As ideias complexas não são mais do que combinações realizadas pelo entendimento de ideiassimples formadas a partir da recepção dos dados empíricos. A experiência é não apenas a origem de todas as ideias, mastambém o seu limite.

b) Hume rejeita, como Locke o inatismo carteseano. As ideias são o resultado de uma reflexão das impressões (sensações)recebidas das experiências sensíveis. A imaginação permite-nos associar ideias simples entre si para formar ideias complexas.

Exemplo de ideias simples decorrentes das impressões: vermelho, tomates, macio.Exemplo da formação de ideias complexas a partir de ideias simples: os tomates são vermelhos e macios. 

Qualquer ideia tem assim origem em impressões sensoriais. As impressões não nos dão a realidade, mas são a própriarealidade. Por isso podemos dizer que as mesmas são verdadeiras ou falsas. As ideias só são verdadeiras se procederam deimpressões. Neste sentido, todas aquelas que não correspondam a impressões sensíveis são falsas ou meras ficções, como é ocaso das ideias de "substância espírito", "causalidade", pois não correspondem a algo que exista. 

Tipos de Conhecimento segundo Hume:

  Distingue dois tipos de conhecimento:

1. Conhecimento resultante das relações entre ideias. Nesta categoria inclui a aritmética, a algebra e geometria.Estamos perante raciocínios demonstrativos, cujas conclusões são independentes da realidade e se apresentamcomo necessárias.

2. Conhecimento resultante da relação entre factos. Estes raciocínios são indutivos, logo apenas prováveis.Correspondem em geral a relações de causa-efeito.

A Questão da Causalidade segundo Hume

 

Introduz um dado novo nas teses empiristas quando afirma que a identidade entre a ordem das coisas e a ordemdas ideias resulta de hábitos mentais ou na crença que existe uma ligação necessária entre os fenómenos. A

ligação causal entre os fenómenos não é algo que possa ser observado. O que observamos é uma sucessãocronológica de fenómenos, em que uns são anteriores a outros.

Esta sucessão leva-nos a concluir que o acontecimento A foi causado pelo acontecimento B, mas o queefectivamente observamos foi que o primeiro se seguiu ao segundo. Não observámos a relação causal entre osfenómenos. A ligação que estabelecemos, segundo Hume, resulta de um hábito. 

 Acreditamos que a natureza é regida por leis invariáveis de causa-efeito, mas tal não passa de uma ilusão. Emborano passado uma dada sucessão de acontecimentos se possa ter verificado, nada nos garante que no futuro talvenha a acontecer. Apesar disso continuamos a afirmá-lo como se fosse uma certeza absoluta. O nossoconhecimento está alicerçado em crenças. Os fundamentos da ciência são deste modo de natureza psicológica. 

Esta critica ao conceito da causalidade irá ter profundas repercussões em filósofos posteriores, como I.Kant (1724-1804).

Cepticismo 

Hume acaba por cair numa posição céptica sobre o conhecimento. 

( 1 ) Estamos limitados pela experiência, e por consequência tudo aquilo que não possa ser observado, nãoexiste. O conhecimento da natureza deve fundar-se exclusivamente em impressões que dela temos. Destapremissa decorre o seu cepticismo: o homem não pode conhecer ou saber nada do universo. Só conhece as

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suas próprias impressões ou ideias e as relações que estabelece entre elas por hábito. Tudo o que o homemsabe, por discurso racional, acerca do universo se deve única e exclusivamente à crença, que é um sentimentonão racional. A razão está limitada no seu poder.

( 2 ) Questiona o princípio da causalidade em que se baseiam as ciências da natureza, pois não passa de umacrença. 

(3 ) Questiona também os fundamentos lógicos da indução, ao afirmar que pelo facto de algo ter acontecidomuitas vezes no passado, não significa que venha a acontecer no futuro. O futuro não existe e como tal não é dodomínio do conhecimento.

O debate histórico entre racionalistas e empiristas, em final do século XVIII, conduziu ao criticismo que procurou superar aslimitações de ambas as correntes filosóficas. 

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Racionalismo e Empirismo - Perspectiva Histórica

 

3. Criticismo 

4.3.1. Kant (1724-1804). Todo o conhecimento inicia-se com a experiência, mas este é organizado pelas estruturas a priori dosujeito. Segundo Kant o conhecimento é a síntese do dado na nossa sensibilidade (fenómeno) e daquilo que o nossoentendimento produz por si (conceitos). O conhecimento nunca é pois, o conhecimento das coisas "em si", mas das coisas "emnós".

"O que podemos conhecer?" esta foi a questão inicial que orientou a sua investigação. Ao contrário dos empiristas, afirmouque a mente humana não era uma "folha em branco", mas sim constituída por um conjunto de estruturas inatas que recebiam,filtravam, davam forma e interpretavam as impressões externas. 

a) Sensibilidade A sensibilidade é uma faculdade que nos permite receber ou perceber objectos mediante impressões (sensações) através dossentidos externos. Estas impressões são percepcionadas no espaço e no tempo, formas puras (vazias) que fazem parte dasestruturas cognitivas inatas do sujeito. Elas são a condição indispensável para que possamos ter acesso ao conhecimentosensível (empírico).

b) Entendimento  O entendimento é uma faculdade que nos permite dar forma, unificar e ordenar os dados recebidos da sensibilidade. Paraproduzir conhecimentos (juízos) utiliza 12 categorias (causa, substância, etc), cuja função é estabelecer relações entrefenómenos (julgamentos). Os juízos são pois operações de interpretação e organização dos dados sensoriais. O conhecimentoresulta da aplicação destas categorias (conceitos puros) à experiência.

Classificou os juízos em três tipos:

- Juízos Analíticos. Ex. "O triângulo tem três lados". O predicado está contido sujeito. Trata-se de um juízo a priori, isto é,não está dependente da experiência. Este tipo de juízo é universal e necessário. 

- Juízos Sintéticos. Ex."Os lisboetas medem mais do que 1,3 metros de altura". O predicado acrescenta elementos novos

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ao sujeito. Trata-se de um juízo a posteriori, pois assenta em dados da experiência e carece da mesma como comprova. Estetipo de juízo não é universal, nem necessário. 

- Juízos Sintéticos a priori (a sua principal inovação teórica). Ex. "Uma recta é a menor distância entre dois pontos". Este juízo acrescenta algo de novo ao sujeito, mas não está dependente da experiência. Este tipo de juízo é universal e necessário.

c) Razão   A razão tem a função de sintetizar os conhecimentos, dando-lhes uma unidade mais elevada. Não trabalha sobre osconhecimentos sensoriais, mas sobre os juízos do entendimento. Elabora juízos dos juízos, produzindo "ideias" queultrapassam os limites da experiência. 

d) Fenómeno/Númeno   A teoria do conhecimento de Kant estabelece uma c lara distinção entre "fenómeno" e "númeno". 

- O Fenómeno ("aquilo que se manifesta") corresponde à realidade empírica, produzindo nos nosso sentidos impressões(sensações). É o limite de todo o conhecimento possível. Kant neste ponto concorda com os empiristas. 

- O Númeno ("noúmeno" ), isto é, a "coisa em si mesma" corresponde aquilo que os nossos sentidos não percebem, anossa estrutura inata apenas nos permite aceder aquilo que delas se manifesta aos sentidos (o fenómeno). É impossível,conhecer as coisas que estão para além dos dados dos sentidos, como seja a alma, o mundo (como totalidade) ou Deus. AMetafísica é impossív el como ciência. Embora não tenhamos a possibilidade de conhecer as coisas em si mesmas, podemostodavia através da razão tentar compreendê-las. 

Esta distinção permitiu-lhe distinguir e delimitar os domínios da Ciência e os da Religião. A Ciência está confinada aomundo físico, à experiência sensível, cabendo-lhe produzir o conhecimento. A Religião foi remetida para uma dimensão supra-sensível, o númeno. Não produz conhecimento, mas ajuda-nos a compreender o sentido da nossa existência e do mundo.

f) Crítica

 

 A teoria do conhecimento de Kant tem sido bastante contestada, num ponto c entral: a subjectividade do conhecimento.Não admite um conhecimento puramente objectiva, pois o mesmo está sempre condicionado pela subjectividade

do sujeito. Todo o nosso conhecimento está à partida condicionado pelas estruturas transcendentais (a priori), pelas intuiçõesdo espaço e do tempo, as formas mentais das nossas categorias do entendimento. Unicamente conhecemos o que com estas"formas" se objectiva. Trata-se de uma profunda limitação que é difícil de justificar e aceitar. 

4.3.2. Perspectivas Contemporâneas. Alguns f ilósofos contemporâneos defendem que o conhecimento resulta de umainteracção entre o sujeito e a experiência. Entre eles, destaca-se Jean Piaget. 

Piaget, como vimos, desenvolveu uma concepção construtivista do conhecimento. O conhecimento é indissociável daacção do sujeito. Não é pois uma simples registo feito pelo sujeito dos dados do mundo exterior. O sujeito apreende e interpretao mundo através das suas estruturas cognitivas. Estas estruturas não são todavia inatas, mas são formadas pelo sujeito na suaacção. O conhecimento é assim um processo de construção de estruturas que permitem ao sujeito apreender e interpretar arealidade.

Carlos Fontes