teoria geral direito empresarial

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    OBS.: Este resumo de aula no substitui a leitura obrigatria das bibliografiasrecomendadas.-___________________________________________________________________________

    TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL

    1 Consideraes Preliminares

    O Direito Comercial, que junto ao Direito Civil forma o que se denomina Direito Privado,assim dividido sistemtico e unicamente para fins didticos (uma vez que o Direito,verdadeiramente uno, se inter-relaciona em todos os seus ramos), surge como sistema deresoluo e organizao de atos relativos ao comrcio muito depois da adoo do conceito decomrcio, que praticado pela sociedade desde os seus mais remotos tempos.

    Assim, o Direito Comercial surge como sistema na Idade Mdia, por meio do

    desenvolvimento das corporaes de ofcio, formadas pela burguesia que vivia do comrciojunto aos feudos, e que estipulava regras jurdicas mais dinmicas e prprias de suasatividades, diferente das regras do Direito Romano e Cannico.

    Cumpre ainda observar que o Direito Comercial, em sua evoluo, passa por trs fases, aseguir sucintamente descritas:

    perodo subjetivista: as regras eram formuladas com acentuado carter corporativoe havia primazia na observncia dos costumes locais;

    perodo objetivista: iniciado com o liberalismo econmico preconizado pelaburguesia, consolida-se com o Cdigo Comercial francs, que influencia a criao

    do Cdigo Comercial brasileiro; perodo correspondente ao Direito Empresarial: Em evoluo e abraado pelo

    novo Cdigo Civil, leva em conta a organizao e efetivo desenvolvimento deatividade econmica organizada.

    Conceito de Direito Comercial

    Prestadas as informaes acima, podemos conceituar Direito Comercial como ocomplexo de normas jurdicas que regulam as relaes derivadas das indstrias e atividadesque a lei considera mercantis, assim como os direitos e obrigaes das pessoas que

    profissionalmente as exercem, de acordo com as lies do jurista Joo Eunpio Borges.Fbio Ulha Coelho, por sua vez, em sua obra Curso de Direito Comercial, apresenta

    conceito ligeiramente diverso, todavia, mais em forma que em contedo. Vejamos: Direito

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    Comercial a designao tradicional do ramo jurdico que tem por objeto os meiossocialmente estruturados de superao dos conflitos de interesse entre os exercentes deatividades econmicas de produo ou circulao de bens ou servios de que necessitamostodos para viver.

    1.2.Importncia da Definio e Proteo de Comerciantes e Empresrios

    Comerciantes e empresrios so considerados agentes econmicos fundamentais, poisgeram empregos, tributos, alm da produo e circulao de certos bens essenciais sociedade e, por isso, a legislao comercial traz uma srie de vantagens para o comerciante.Assim que a eles so deferidos institutos que do efetividade ao princpio da preservao daempresa, de origem eminentemente neoliberal em razo da necessidade de proteo aomercado, relevante para o desenvolvimento da sociedade em inmeras searas, a exemplo dafalncia, da recuperao judicial, da possibilidade de produo de provas em seu favor pormeio de livros comerciais regularmente escriturados etc.

    1.3. O Comerciante e o Regime Jurdico de Direito Comercial

    Todos os institutos acima referidos, oferecidos aos comerciantes pessoas fsicas ejurdicas, ante a necessidade da dita proteo destes, so instrumentos do que se denominaregime jurdico de Direito Comercial. Com efeito, apesar de formar junto ao Direito Civil oque se denominou direito privado, e por emprestar o Direito Civil inmeros conceitos, diverso em razo de sua maior amplitude, a que se denomina cosmopolitismo; menosformal, e por assim dizer, mais simples sem ser, contudo, simplista; e por fim, maiselstico, uma vez que exige maior dinmica ante as inovaes que diuturnamente se operam

    no comrcio, seu objeto.

    2. Teorias

    Existem teorias que se propem a definir todos aqueles que se amoldam ao conceito decomerciante. Essas teorias encontram-se abaixo definidas.

    2.1. Teoria dos Atos de Comrcio

    Adotada pelo Cdigo Comercial de 1850 e regulamentada pelo Decreto n. 737/1850, j

    revogado, leva em conta a atividade desenvolvida, exigindo a prtica de atos de comrciocomo critrio identificador do comerciante.

    O Decreto n. 737 de 1850, em seu artigo 19, enuncia os atos de comrcio. Atualmente,apesar de revogado, vem sendo utilizado como parmetro para a identificao da pessoa comocomerciante e sua conseqente sujeio Lei de Falncias.

    Dos atos de comrcio

    De acordo com as disposies legais e interpretao destas fornecidas pela doutrina ejurisprudncia, tm-se em regra os seguintes atos de comrcio:

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    Compra, venda ou troca de bens mveis ou semoventes em atacado ou varejo,industrializados ou no, para revenda ou locao.

    A compra dos produtos dos comerciantes para consumo como destinatrio final, pelosclientes, tem de gerar lucro, seno ser vista como compra de natureza civil. Atividadesbancria, de transporte de mercadoria, de seguro, entre outras, tambm so consideradas atoscomerciais, segundo a teoria em estudo. A compra e venda de bens imveis esto excludas doDireito Comercial por expressa disposio do Cdigo Comercial, em seu artigo 191.

    Atos de comrcio por determinao legal, de acordo com a Lei n. 6.404/76,artigo 2., 1. (Lei das Sociedades por Aes).

    Toda sociedade annima subordina-se ao regime jurdico mercantil, independentementedo seu objeto social. Nesse passo, ainda que se dedique compra e venda de bens imveis, associedades annimas sero comerciais.

    Empresas de Construo e Incorporao, nos termos da Lei n. 4.068/62.

    As empresas de construo so consideradas comerciais, por determinao legal, desde aedio dessa Lei, posteriormente revogada pela Lei das Duplicatas, em 1968.

    2.2. Teoria da Empresa

    Em razo da evoluo operada no comrcio mundial, notadamente com a difuso eaquisio de importncia da prestao de servios, doutrina e jurisprudncia, com o fim de

    proteger determinadas empresas que no se enquadram nos atos de comrcio, econseqentemente sujeit-las aos benefcios do regime jurdico de Direito Comercial, passou-se a fazer amplas interpretaes das regras existentes. Assim, a ttulo de exemplo, empresasantes no sujeitas ao processo falimentar, menos gravoso que a insolvncia civil, passaram aser objeto de falncia. Quanto s interpretaes, temos a agncia prestadora de servios depublicidade que, em que pese a oferecer primordialmente servios, a interpretao ampla dostribunais possibilita sua falncia por entender que, em muitos de seus servios, h compra erevenda de espaos publicitrios, bens mveis incorpreos.

    Para que se tornasse desnecessria tais interpretaes amplas, verdadeiras ginsticaslegislativas, foi criada a Teoria da Empresa, que nasceu na Itlia e desenvolveu-se paracorrigir falhas da teoria dos atos de comrcio, conforme dito. Para identificar o empresrio,desconsidera-se a espcie de atividade praticada (atos de comrcio ou no), e passa aconsiderar a estrutura organizacional, relevncia social e a atividade econmica organizadapara o fim de colocar em circulao mercadorias e servios.

    Essa teoria, adotada pelo novo Cdigo Civil acaba com a dicotomia comerciante/no-comerciante determinada pela teoria dos atos do comrcio.

    Na prtica, a teoria da empresa j vigia no Brasil, pois o nico efeito da teoria dos atos docomrcio ainda efetivo, embora mitigado pelas elsticas interpretaes judiciais, o poder desujeio ou no de determinadas empresas ao regime falimentar empresarial.

    Exemplo1: A Lei de Locao diferenciava o locatrio comerciante do no comerciante.

    Hoje esta distino inexiste, sendo o locatrio residencial ou no-residencial, nos termos daLei n. 8.245/91.

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    Exemplo2 : O Cdigo de Defesa do Consumidor determina que aquele que ofereceprodutos ou servios est servindo ao consumidor, seja este comerciante ou no.

    EmpresaModernamente conceitua-se empresa como uma atividade econmica organizada, para a

    produo ou circulao de bens ou servios, exercida profissionalmente pelo empresrio, pormeio de um estabelecimento empresarial.

    O referido conceito tem origem nas lies do autor italiano Alberto Asquini, formuladorde quatro critrios para a conceituao de empresa. Assim, ante o critrio multi-facetriodesenvolvido por Asquini, temos:

    a) Perfil objetivo

    De acordo com o perfil objetivo, empresa um estabelecimento, um conjunto de benscorpreos e incorpreos reunidos pelo empresrio, para o desenvolvimento de uma atividadeeconmica.

    b) Perfil subjetivo

    Adotado o critrio subjetivo para conceituarmos empresa, temos que esta o prpriosujeito de direitos, o empresrio, que organiza o estabelecimento para o desenvolvimento deuma atividade econmica.

    c) Perfil Corporativo

    De acordo com o perfil corporativo, empresa o conjunto formado pelo fundo decomrcio (estabelecimento comercial), o qual compreende bens corpreos e incorpreos; e ostrabalhadores, recursos humanos utilizados na execuo da atividade econmica a que aempresa se prope.

    d) Perfil funcional

    Caracteriza-se por uma atividade econmica organizada, para a produo e

    circulao de bens ou servios, que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade doempresrio. o critrio adotado pela doutrina brasileira para a conceituao de empresa e,destarte, serve de parmetro para todos os atos normativos que regem a atividade empresarial,notadamente o novo Cdigo Civil.

    Com efeito, de acordo com o novo Cdigo Civil, empresrio todo aquele que exerceprofissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ouservios (artigo 966). O novo Cdigo Civil exclui ainda o profissional liberal, o artista eoutros que exeram atividade predominantemente intelectual, do conceito de empresrio,ainda que tenham o concurso de auxiliares ou colaboradores. Porm, excepcionalmente osadmite como empresrios caso seja adotada uma estrutura empresarial, organizando fora detrabalho alheia que constitua elemento da empresa. Assim, a ttulo de exemplo, um mdico

    que contrata outros mdicos, enfermeiras, secretria, formando assim uma clnica comestrutura empresarial, e no um singelo consultrio, ser caracterizado como empresrio.

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    2.3. Conceito de Comerciante

    Comerciante, conforme dito, todo aquele que pratica algum ato de comrcio, incluindo-

    se, por determinao legal, as atividades de construo, ou aquelas empresas que seorganizam sob a forma de sociedade annima. Inclui-se ainda todos aqueles que ajurisprudncia assim considerar, mediante interpretao ampliativa da teoria dos atos decomrcio, que alm de outorgar efetividade ao princpio da preservao da empresa, de largautilizao em sede de direito falimentar, surge tambm como forma de fomento aplicao dateoria da empresa, j explicitada.

    O comerciante pode ser pessoa fsica (comerciante individual), assim entendido aqueleque exerce individualmente os atos de comrcio, ou ainda pessoa jurdica, hiptese em quesurge a figura da sociedade comercial, matria afeta ao direito societrio, a ser oportunamenteestudado.

    2.4. Critrios Identificadores de Comerciante

    Contrapem-se, de acordo com a doutrina, dois critrios para a identificao decomerciante, a saber: o critrio formal e o critrio real.

    De acordo com o critrio real, para a identificao de comerciante e conseqentemente aadoo do regime jurdico de direito comercial aos atos por este praticado, considera-se aatividade efetiva e realmente exercida, independentemente de sua regularidade (inscrio norgo do Registro da Empresa); De modo diverso, o critrio formal utiliza-se de expedientestcnicos para a identificao de comerciante, admitindo como tal somente aquelesformalmente registrados em rgos pblicos; assim, permite a diferenciao do comercianteregular daqueles que possuem atuao irregular.

    A doutrina clssica aponta, com meridiano acerto, diferena conceitual entre comerciantede fato e comerciante irregular. De acordo com suas disposies, o comerciante de fato nopossui sequer seus atos constitutivos formalizados, escritos, operando, como o prprio nomediz, de fato. De modo diverso, considerado comerciante irregular aquele que possuicontrato escrito, todavia no levado a registro no rgo competente.

    Modernamente, registra-se que, em que pese s diferenas terminolgicas entrecomerciante irregular e de fato, inexistem distines prticas, notadamente quanto sconseqncias do regime jurdico a ser aplicado entre ambos. Assim, a ttulo de exemplo,tanto o comerciante irregular quanto o de fato no podero requerer a falncia de seusdevedores.

    Para que o comerciante exera regularmente seu comrcio, deve arquivar seus atosconstitutivos, aps a devida elaborao, com observncia dos critrios legais, no rgo oficialde registro das empresas mercantis, denominado Junta Comercial, subordinado em parte aoEstado em que se situa, e em parte ao Departamento Nacional do Registro do Comrcio,autarquia federal de regime especial, ligada ao Sistema Nacional de Registro de Empresa(SINREM), responsvel pela regulamentao das atividades de registro no pas, conformeoportunamente se ver.

    2.5. Impedimentos Para o Exerccio do ComrcioA rigor, qualquer um pode ser comerciante, porm, a lei impe alguns impedimentos a

    determinadas pessoas.

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    Desse modo, no podem exercer atividade comercial, dentre outros:

    o falido, enquanto no reabilitado, nos termos da Lei de Falncias;

    o agente pblico (de forma direta) nada impede, porm, que ele participe desociedade, como scio cotista, acionista ou comanditrio, desde que no ocupecargo de administrao, de controle, e desde que no seja majoritrio;

    Cumpre registrar que na expresso agente pblico, acima utilizada, enquadram-se todosaqueles que se ligam administrao pblica e encontram-se proibidos de comerciar, nostermos da Lei. Desta feita, os membros de poder, os oficiais militares, entre outros.

    os incapazes, na forma da lei civil;

    Aqui, cabe distinguir que proibio no se confunde com falta de capacidade para exercera atividade comercial. As pessoas proibidas de comerciar possuem capacidade plena para aprtica dos atos de comrcio. No entanto, a ordem jurdica vigente decidiu por vedar-lhes oseu exerccio.

    O menor que se estabelece com economia prpria, adquire capacidade para o exerccio docomrcio, nos termos da lei. Diverge a doutrina apenas quanto idade mnima para que omenor seja considerado capaz de comerciar. Majoritariamente, tem-se que a idade mnimapara que o menor exera tal direito 16 (dezesseis) anos de idade.

    2.6. Obrigaes Comuns a Todos os Comerciantes

    Para que a atividade empresarial se mantenha regular por todo o tempo em queperpetrada, algumas obrigaes so impostas aos comerciantes. Assim, podemos vislumbrar,a priori, trs obrigaes principais:

    arquivar atos constitutivos na Junta Comercial (rgo do registro das empresasmercantis);

    escriturar regularmente os livros comerciais obrigatrios, alm dos facultativosque porventura faam a opo de utilizar;

    levantar balano patrimonial periodicamente, entendendo-se como obrigatrio olevantamento, no mnimo, anual.

    Obrigao de arquivar atos constitutivos na Junta Comercial

    As normas de registro das empresas mercantis esto disciplinadas na Lei n. 8.934/94 Lei do Registro Pblico das Empresas Mercantis e atividades afins (LRE). Com efeito, areferida lei dispe sobre os rgos que compem o sistema de registros, suas atribuies, asregras para registros de empresas etc.:

    a) rgos do Registro de Empresa

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    O registro de empresa composto de um rgo central, que orienta a atuao de outrosdois rgos de operao. Vejamos:

    Sistema Nacional dos Registros das Empresas Mercantis (SINREM): o rgocentral do registro de empresa, ligado ao Ministrio da Indstria, Comrcio eTurismo. Tem em sua composio o DNRC (Departamento Nacional do Registrodo Comrcio), autarquia federal de regime especial; e as Juntas Comerciais.

    Departamento Nacional do Registro do Comrcio (DNRC): trata-se de autarquiafederal de regime especial, conforme dito, e tem como funes principais, nostermos do artigo 4 da Lei de Registro de Empresa:

    superviso e coordenao, no plano tcnico, dos rgos de registro. Funcionatambm como segunda instncia administrativa;

    expedio de normas e diretrizes gerais relativas ao registro;

    soluo de dvidas e controvrsias oriundas do registro.

    Juntas Comerciais: so rgos de execuo do registro das empresas mercantis.Em sntese, pode ser considerada como o local em que os registros soefetivamente realizados. No plano tcnico, subordinam-se ao DepartamentoNacional do Registro do Comrcio (DNRC). Administrativamente, subordinam-seaos Estados a que pertencem, uma vez que, ainda que em parte, recebem verbas eservidores do Estado a que se vinculam.

    Atos de registro de empresa

    O ordenamento dos atos do registro de empresa, previsto nas disposies da Lei n.

    8.934/94 muito simples e compreende trs atos:

    Matrcula: a matrcula se refere aos agentes auxiliares do comrcio. Assim, somatriculados nas Juntas Comerciais, sob a superviso e segundo as normas doDepartamento Nacional do Registro do Comrcio os leiloeiros, tradutorespblicos, administradores de armazns-gerais, trapicheiros (responsveis porarmazns gerais de menor porte destinados importao e exportao), entreoutros. A matrcula uma condio para que eles possam exercer tais atividadesparacomerciais.

    Arquivamento: o arquivamento o ato pelo qual os comerciantes, pessoas fsicasou jurdicas, fazem o seu registro nas Juntas Comerciais. Diz respeito aocomerciante individual e sociedade comercial. Compreende atos de constituio,alterao e dissoluo das sociedades, inclusive. O contrato e o Estatuto social soarquivados perante a Junta Comercial.

    Autenticao: refere-se aos instrumentos de escriturao, ou seja, aos livroscomerciais. A autenticao condio de regularidade dos referidos documentos.Assim, um livro comercial, deve ser levado Junta Comercial para autenticao, eneste ato ter todos os requisitos que devem ser observados na escriturao,

    fiscalizados.

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    O artigo 35, inciso VI, da Lei n. 8.934/94 dispe que no sero arquivadas alteraescontratuais ou estatutrias por deliberao majoritria do capital social, quando houverclusula restritiva. Para se excluir um scio minoritrio nesta hiptese, deve-se tentar a via

    judicial, j que a Junta Comercial est proibida de arquivar alteraes contratuais quando

    houver clusula restritiva.

    a) Inatividade da empresa mercantil

    considerada inativa a firma individual ou a sociedade comercial que, durante dez anosconsecutivos, no arquivar nenhuma alterao contratual ou no comunicar Junta Comercialque se encontra em atividade. Como efeito, tem-se que, se for considerada inativa pela JuntaComercial, ter seu registro cancelado (artigo 60 da Lei de Registro Pblico das EmpresasMercantis e atividades afins).

    com o registro na Junta Comercial que o nome empresarial passa a gozar de proteo

    jurdica. O nome comercial consiste na firma ou denominao com a qual o comerciante seapresenta, em suas relaes comerciais, a ser oportunamente estudado.

    O comerciante que no cumprir a primeira obrigao (arquivar atos constitutivos na JuntaComercial) ser considerado comerciante irregular ou de fato. O arquivamento no pressuposto para se desenvolver a atividade comercial, mas sem o preenchimento desterequisito sua atividade ser considerada irregular, e conseqentemente sofrer sanes, almde restries quanto aos benefcios que o regime jurdico de direito comercial lheproporciona.

    b) Sanes impostas ao comerciante irregular ou de fato

    Artigo 97, pargrafo primeiro da Lei de Falncia: o credor empresrio que nocomprova sua regularidade no tem legitimidade ativa para requerer a falncia deoutro comerciante, embora possa habilitar o seu crdito. Pode, contudo, ter suafalncia decretada a pedido dos seus credores, assim como pedir autofalncia.

    Artigo 48, da Lei de Falncia: o devedor irregular ou de fato no pode requerer osbenefcios da recuperao de empresas.

    Artigo 379 do Cdigo de Processo Civil: os livros comerciais, que preencham osrequisitos exigidos por lei, provam tambm a favor do seu autor no litgio entrecomerciantes. O comerciante que no escritura regularmente seus livros, alm de

    os livros irregulares fazerem prova contra ele, no pode se valer da eficciaprobatria em seu favor. Tambm no pode propor ao de verificao de contas,para com base em seus livros, requererem a falncia de outro comerciante. Comefeito, esta previso importante, pois o pedido de falncia com base naimpontualidade (artigo 1, Lei de Falncias) exige o protesto do ttulo. Mas nemsempre o crdito est legitimado por ttulos, podendo, neste caso, haver averificao de contas, para apurao do crdito.

    Artigo 178, da Lei de Falncia: considera-se crime falimentar a inexistncia doslivros obrigatrios ou sua escriturao atrasada, lacunosa, defeituosa ou confusa.

    Obrigao de escriturar regularmente os livros comerciais obrigatrios

    a) Livros comerciais

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    Os livros comerciais podem ser obrigatrios e facultativos, subdividindo-se emcomuns e especiais, conforme abaixo:

    Obrigatrios: por livros obrigatrios entendem-se aqueles, cuja escriturao deveser inexoravelmente observada pelos comerciantes. Subdividem-se em comuns eespeciais:

    Comuns: a escriturao imposta a todos os comerciantes, sem qualquerdistino, sendo que sua ausncia implica sano. A nossa legislao prevapenas uma espcie, o Dirio (artigo 5 do Decreto- lei 486/69);

    Especiais: a escriturao imposta a uma determinada categoria decomerciante, a exemplo do livro de Registro de Duplicatas, que exigidosomente de quem emite duplicatas.

    Facultativos: tm por objetivo auxiliar o comerciante no desenvolvimento de suasatividades econmicas. Exemplo: livro-caixa, livro-razo etc. A ausncia desses

    livros no gera qualquer sano, todavia, se for realizada a opo de escritur-los,deve a escriturao ser feita nos moldes da Lei n. 9.934/94.

    Para que a escriturao mercantil seja regular e produza os efeitos jurdicos determinadospela lei, deve-se observar alguns requisitos intrnsecos e extrnsecos:

    Intrnsecos: dizem respeito ao modo como devem ser escriturados os livroscomerciais (seu contedo mnimo). O Decreto-lei n. 486/69, em seu artigo 2,define a forma de acordo com a cincia da Contabilidade. Assim, no podem

    conter rasuras, emendas, deve-se observar a cronologia, etc. Extrnsecos: dizem respeito segurana que deve ser dada escriturao

    mercantil, ou seja, o cumprimento de suas formalidades essenciais (artigo 5 doDecreto-lei 486/69). Os livros devem conter termo de abertura, termo deencerramento e estarem autenticados pela Junta Comercial.

    Obrigao de levantar balano patrimonial (artigo 1.179 do Cdigo Civil)

    Em regra, a periodicidade para a elaborao das demonstraes contbeis anual. Temosduas excees a considerar: as sociedades annimas que estabeleam em seu estatuto a

    distribuio de dividendos semestrais (artigo 204 da Lei das Sociedades Annimas) e asinstituies financeiras (artigo 31 da Lei n. 4.595/64). O perodo para elaborao do balano edemais demonstrativos nesses casos semestral. O balano objetiva demonstrar o ativo, opassivo, o circulante das empresas e firmas individuais, dentre outros dados.

    As conseqncias decorrentes do descumprimento variam, conforme segue:

    Sano penal, em face do artigo 168, pargrafo 1., da Lei de Falncia I elaboraescriturao contbil ou balano com dados inexatos; II omite, na escrituraocontbil ou no balano, lanamento que deles deveria constar, ou alteraescriturao ou balano verdadeiros; III destri, apaga ou corrompe dadoscontbeis ou negociais armazenados em computador ou sistema informatizado;

    Dificuldade de acesso a crdito bancrio ou a outros servios prestados pelosbancos;

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    No ser possvel participar de licitao promovida pelo Poder Pblico (artigo 31,inciso I, da Lei n. 8.666/93);

    No pode impetrar recuperao judicial (artigo 51, inciso II, da Lei de Falncia).

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    ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL OU FUNDO DE COMRCIO1 Conceito

    conjunto de bens corpreos e incorpreos reunidos pelo empresrio para odesenvolvimento de sua atividade econmica. Assim, torna-se foroso concluir que oestabelecimento comercial no se refere apenas ao local em si considerado, mas tambm aoacervo de bens. Segundo a doutrina, o fundo de comrcio apresenta natureza jurdica deuniversalidade de fato. Essa universalidade de bens (reunidos, organizados) pode apresentarvalor econmico superior de seus bens separados.

    O fundo de comrcio compe o patrimnio do comerciante, mas no necessariamentecorresponde totalidade desse patrimnio, pois o comerciante pode possuir bens noutilizados em sua atividade econmica, como, por exemplo, uma casa de praia. Conclui-se,por conseguinte, que o fundo de comrcio e o patrimnio do comerciante so institutos

    jurdicos distintos.

    2 ALIENAO DO FUNDO DE COMRCIO (Trespasse)

    O estabelecimento empresarial, por integrar o patrimnio do empresrio, tambmgarantia dos seus credores. Por esta razo, a alienao do estabelecimento empresarial estsujeita observncia de cautelas especficas, que a lei criou com vistas tutela dos interessesdos credores de seu titular. Em primeiro lugar, o contrato de alienao deve ser celebrado porescrito para que possa ser arquivado na Junta Comercial e publicado pela imprensa oficial(art. 1144). Enquanto no providenciadas estas formalidades, a alienao no produzir

    efeitos perante terceiros.A alienao do fundo de comrcio se faz por meio do trespasse - contrato de alienao de

    fundo de comrcio que permite a transferncia do fundo de comrcio de um comerciante paraoutro.

    O estabelecimento empresarial deixa de integrar o patrimnio de um empresrio (oalienante) e passa para o de outro (o adquirente). O objeto da venda o complexo de benscorpreos e incorpreos, envolvidos com a explorao de uma atividade empresarial.

    Nesse passo, cabe observar, que para que o comerciante possa alienar o seu fundo decomrcio, esse deve obter prvia anuncia dos credores existentes poca. Essa anunciapode ser expressa ou tcita.

    A anuncia tcita ocorre quando os credores, aps serem notificados, deixam de semanifestar em contrrio nos 30 (trinta) dias seguintes.

    Em apenas uma hiptese est o comerciante dispensado da observncia dessa cautela:caso restem em seu patrimnio bens suficientes para a solvncia do passivo. A contrariosenso, se o comerciante aliena o estabelecimento comercial sem a anuncia dos credores, nopossuindo bens suficientes para a solvncia do seu passivo, pode ter declarada sua falncia,com fundamento no art. 94, inc. III, alnea c, da Lei de Falncia. Decretada a falncianessas circunstncias, o ato da alienao ser considerado ineficaz em relao massa falidado alienante, cabendo ao administrador judicial arrecadar o fundo de comrcio.

    No tocante ao restabelecimento do alienante na mesma praa, antes da vigncia do novoCdigo Civil, a doutrina ptria, em sua maioria, defendia que a clusula de no-restabelecimento encontrava-se implcita em qualquer contrato de alienao de

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    estabelecimento comercial (trespasse); por entender que essa providncia impossibilitaria orestabelecimento do alienante em concorrncia com o adquirente, geralmente com a atraopara o novo local de seus negcios da clientela que se formou no antigo. Impedindo-se, assim,o enriquecimento indevido do alienante, por meio do desvio eficaz da clientela.

    No entanto, desde a entrada em vigor do novo Cdigo Civil de 2002, na omisso docontrato, o alienante de estabelecimento comercial no pode restabelecer-se na mesma praa,concorrendo com o adquirente, no prazo de cinco anos seguintes ao negcio, sob pena de serobrigado a cessar suas atividades e indenizar este ltimo pelos danos provenientes de desvioeficaz de clientela, sobrevindos durante o perodo do restabelecimento (art. 1147).

    No que respeita s obrigaes, o passivo regularmente escriturado do alienante transfere-se ao adquirente do estabelecimento empresarial. Todavia, continua o alienante responsvelpor este passivo, durante certo prazo (um ano, contado da publicao do contrato dealienao, para as obrigaes vencidas antes do negcio; e contado da data de vencimentopara as demais). Na hiptese de transferncia do estabelecimento, portanto, o adquirente ser

    sucessor do alienante, podendo os credores deste demandar aquele para cobrana de seuscrditos

    OBSERVAES: o contrato de trespasse pode dispor especificamente acerca datransferncia, total ou parcial, do passivo, por ato volitivo das partes contratantes.

    crditos trabalhistas: art. 448 da Consolidao das Leis do Trabalho.Consagra a imunidade dos contratos de trabalho em face da mudana napropriedade ou estrutura jurdica da empresa, o empregado pode demandar o

    adquirente ou o alienante, indiferentemente. crditos fiscais: art. 133 do Cdigo Tributrio Nacional, em que a

    responsabilidade do adquirente ser subsidiria, se o alienante continuar aexercer atividade econmica; ou integral, se o alienante no mais explorar ocomrcio.

    Cumpre observar, que nas excees legais supramencionadas, o adquirente doestabelecimento ter direito de regresso em razo dos encargos assumidos junto ao credortrabalhista ou fiscal do antecessor.

    3 BENS CORPREOS

    Os bens corpreos (mercadorias, equipamentos, instalaes, veculos etc.) no interessamao Direito Comercial porque a sua proteo jurdica cabe ao Direito Civil (proteopossessria, responsabilidade civil) e ao Direito Penal (crime de dano, roubo etc.).

    4 BENS INCORPREOS

    Os elementos incorpreos que compem o fundo de comrcio so:

    ponto comercial; nome comercial;

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    Proposta de terceiro em melhores condies (art. 72, inc. III, da Lei deLocaes): nessa hiptese, nada impede que o locatrio cubra a oferta do terceiro.A proposta do terceiro deve ser comprovada documentalmente, subscrita por este epor duas testemunhas, com clara indicao do ramo a ser explorado, no podendo

    o mesmo ser desenvolvido pelo locatrio. Havendo a retomada, sob essefundamento, caber ao locatrio o direito a uma indenizao pela perda do ponto,solidariamente devida pelo locador e o proponente (art. 75 da Lei de Locaes).

    Realizao de obras no imvel pelo locador, por determinao do PoderPblico ou por iniciativa prpria, para valorizao do seu patrimnio. Caso aretomada tenha por base estes fundamentos (obras prprias ou determinadas peloPoder Pblico), e as obras no se iniciem no prazo de 3 meses, a contar da data dadesocupao do imvel, caber ao locatrio uma indenizao pela perda do ponto.

    Uso prprio do locador ou transferncia de fundo de comrcio de suatitularidade, de titularidade de ascendente, descendente ou cnjuge, ou de

    sociedade por estes controlada. Esse fundo de comrcio deve existir h pelo menos1 ano. O fundo de comrcio no poder, ainda, dedicar-se mesma atividadeeconmica exercida pelo locatrio que ir desocupar o imvel (art. 52, inc. II, daLei de Locaes).

    d) Locao em shopping center

    O empresrio que se dedica ao ramo dos shopping centers exerce uma atividadeeconmica peculiar, pois no se limita a simplesmente manter um espao apropriado concentrao de outros empresrios atuantes em variados ramos de comrcio ou servio. A

    sua atividade no se resume locao de lojas, aleatoriamente reunidas em um mesmo local.Ele, decididamente, no um empreendedor imobilirio comum.

    d.1. Caractersticas peculiares do contrato de locao em shopping center

    O valor locatcio pode ser composto por parcelas fixas e parcelas variveis(normalmente um percentual sobre o faturamento do locatrio).

    Obrigatoriedade do locatrio filiar-se associao de lojistas, pagando para tantouma contribuio mensal.

    Obrigatoriedade do pagamento da res sperata, que consiste em uma prestao

    retributiva das vantagens de se estabelecer em um complexo comercial que jpossui clientela constituda. Essa espcie de prestao no se encontra regulada emlei, sendo negocial.

    d.2. Peculiaridades quanto ao renovatria e ao direito de retomada

    No cabe a retomada para uso do prprio locador, com fundamento no art. 52, inc.II, da Lei de Locaes, nos termos do art. 52, 2., do mesmo estatuto.

    O locador pode retomar o imvel sob o fundamento de melhor organizao doempreendimento ou planejamento de distribuio do espao denominado de

    tenant mix.

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    4.2. Nome Comercial ou Empresarial

    a) ConceitoNome comercial aquele com base no qual o comerciante desenvolve as suas atividades,

    adquirindo direitos e assumindo obrigaes. Esse instituto disciplinado pela Lei n. 8.934/94,que regulamenta o Registro de Empresas Mercantis.

    b) Espcies

    Firma ou razo social: quanto estrutura, constituda com base no nome civil docomerciante individual ou dos scios de determinadas sociedades comerciais. No tocante

    funo constitui tambm a assinatura do comerciante.

    Denominao: quanto estrutura, composta com base no nome civil dos scios dedeterminadas sociedades ou com base em uma expresso lingstica distinta, qual seja, oelemento fantasia. No que se refere funo, constitui exclusivamente elemento deidentificao do comerciante, no se prestando a outra serventia.

    Assim, para efetiva distino entre firma e denominao, conclui-se necessria aconsiderao da funo exercida pelo nome empresarial, uma vez que ambas podem adotarum nome civil para sua formao.

    A regra geral a de que somente as sociedades por aes e as sociedades por quotas deresponsabilidade limitada adotam denominao. As demais adotam, obrigatoriamente, firma

    (as excees so a sociedade por cotas de responsabilidade limitada e a sociedade emcomandita por aes podem adotar tanto firma quanto denominao).

    A proteo jurdica ao nome empresarial resulta do registro na Junta Comercial. Essaproteo restringe-se aos limites territoriais de cada Estado, pois a Junta Comercial umrgo estadual. Nada impede, porm, que o comerciante requeira o registro ao DepartamentoNacional do Registro do Comrcio (DNRC), com validade no mbito nacional.

    4.3. Propriedade Industrial

    A vigente Lei de Propriedade Industrial (LPI Lei n. 9.279/96) aplica-se proteo das

    invenes, dos modelos de utilidade, dos desenhos industriais e das marcas.

    a) Inveno e modelo de utilidade

    a.1. Inveno

    todo produto original da inteligncia humana com alguma aplicao na indstria. Devetambm ser nova.

    a.2. Modelo de utilidade

    toda inovao introduzida na forma de objetos j conhecidos, de modo a melhorar a suautilidade ou fabricao. No h uma novidade absoluta, mas sim uma novidade parcial,

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    agregada a um objeto j conhecido. Ex.: inventa-se um mecanismo que engarrafa maislquido.

    Para que a inveno e o modelo de utilidade possam ter proteo jurdica, deve o seuautor/criador requerer a concesso de uma Patente perante o Instituto Nacional de PropriedadeIndustrial (INPI).

    Apatente conferir ao inventor o direito de explorao exclusiva do invento ou modelo deutilidade. Ela o nico instrumento de prova admissvel pelo Direito para a demonstrao daconcesso do direito de explorao exclusiva da inveno ou do modelo de utilidade.

    b) Requisitos

    Para que o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) possa emitir a patente,devero ser preenchidos os seguintes requisitos:

    b.1. Novidade

    A criao deve ser desconhecida pela comunidade cientfica, tcnica ou industrial.Segundo a lei, para atender ao requisito da novidade, a inveno ou o modelo no poderoestar compreendidos pelo estado da tcnica (tudo aquilo que considerado de domniopblico anteriormente data do depsito do pedido da patente). No basta que sejam originais(carter subjetivo, diz respeito ao sujeito criador).

    b.2. Aplicao industrialDeve ter alguma aplicao na indstria (art. 15 da Lei de Propriedade Industrial). Se

    apresentar criao puramente artstica, o invento ou o modelo sero protegidos pelo direitoautoral, e no podero ser patenteados.

    b.3. Atividade inventiva

    A inveno ou o modelo so dotados de atividade inventiva sempre que para um tcnicono assunto no decorram obviamente do estado da tcnica. Devem despertar nos tcnicos umsentido de real progresso.

    b.4. No impedimento art. 8. da LPI.

    H impedimento legal para a patenteabilidade quando a inveno ou o modelo afrontar amoral, os bons costumes, a segurana, a ordem e sade pblica ou quando houver substnciasresultantes de transformao do ncleo atmico ou se constituir de seres vivos (exceto ostransgnicos, que podem ser patenteados, porque possuem caracteres no-alcanveis pelaespcie em condies naturais).

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    c) Vigncia da Patente:

    Modelo de utilidade: 15 (quinze) anos.

    Inveno: 20 (vinte) anos.

    Esses prazos contam-se a partir do depsito do pedido de patente (protocolo no InstitutoNacional de Propriedade Industrial). Objetivando garantir ao inventor um tempo mnimorazovel de utilizao, o prazo de durao do direito industrial no pode ser inferior a 10 anospara as invenes e h 7 anos para os modelos, contados da expedio da patente (art. 40 daLei de Propriedade Industrial). Assim, respeitadas essas normas, no h prorrogao emnenhuma hiptese do prazo de durao da patente.

    Aps esse prazo, as invenes passam ao domnio pblico e ao domnio da tcnica (noh mais o direito de explorao exclusivo).

    A patente confere o direito de explorao exclusiva (explorao direta), direito esse quepode ser transferido por meio do contrato de licena de uso, art. 61 da Lei n. 9.279/96(explorao indireta).

    A licena compulsria (arts. 68 a 74 da Lei n. 9.279/96) se:

    o titular da patente estiver exercendo os direitos dela decorrentes de formaabusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econmico, comprovado nostermos da lei, por deciso administrativa ou judicial. Ocorre abuso quando o atopraticado objetiva domnio de mercado, eliminao de concorrncia e aumentoarbitrrio de lucro.

    o titular da patente no estiver explorando as obrigaes dela decorrentes; se aexplorao no atender s necessidades do mercado ou houver ausncia deexplorao (desuso). Concedida a primeira licena compulsria, o licenciado tem 1ano para iniciar a explorao econmica da inveno ou modelo, sob pena decaducidade da patente, ou seja, o inventor perde o direito e o modelo ou a invenocaem no domnio pblico.

    d) Extino da patente (art. 78 da Lei n. 9.279/96)

    A patente extingue-se pela:expirao do prazo de vigncia;

    renncia de seu titular aos direitos industriais, ressalvado o direito de terceiros;

    caducidade, se, decorridos 2 anos do licenciamento compulsrio, ainda persistir oabuso ou o desuso, pode ser declarada pelo Instituto Nacional de ProteoIndustrial, de ofcio ou a requerimento de interessado no "caimento" da patente emdomnio pblico;

    falta de pagamento da taxa devida ao Instituto Nacional de Proteo Industrial,denominada retribuio anual";

    falta de representante legal, devidamente qualificado e domiciliado no Pas, compoderes para represent-lo administrativa e judicialmente, inclusive para recebercitaes, quando o titular domiciliado no exterior. A maioria dos nossos textos

    legais prev a obrigatoriedade de representante legal brasileiro para receber acitao em nome do estrangeiro, objetivando a proteo dos brasileiros quecontratam com estrangeiros.

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    A extino do direito industrial por qualquer um dos motivos informados enseja asubsuno do objeto ao domnio pblico.

    e) Surgimento de inveno no curso de um contrato de trabalho

    Quando a inveno surge no curso de um contrato de trabalho, podem ocorrer trshipteses:

    a patente pertence ao empregador, se a criao decorre de um contrato de trabalhocujo objeto seja a prpria atividade inventiva. Ex.: uma sociedade contrata umcientista para desenvolver um trabalho. Ao empregado cabe o recebimento dosalrio. Ao empregador, o direito patente;

    a patente cabe ao empregado, se a criao for desenvolvida de forma desvinculada

    do contrato de trabalho e sem a utilizao dos meios de produo do empregador; a patente cabe ao empregador e ao empregado, se a criao for desenvolvida com a

    contribuio pessoal do empregado se utilizando dos meios de produo doempregador.

    A preferncia quanto explorao da patente do empregador, cabendo ao empregado ajusta remunerao. Caso o empregador no explore ou desenvolva a patente, perder essapreferncia em favor do empregado.

    f) Invenes no-patenteveisO art. 10 da Lei n. 9.276/96 relaciona as criaes intelectuais que no so consideradas

    invenes ou modelos de utilidade, no podendo ser protegidas por patente. Ex.: tesesacadmicas, obras literrias, projetos arquitetnicos gozam de proteo como direitoautoral, mas no como patente.

    No se podem patentear seres vivos naturais e materiais biolgicos. Exceo:microorganismos que atendam aos requisitos de patenteabilidade (novidade, aplicaoindustrial e atividade inventiva), como, por exemplo, a criao de um microorganismotransgnicos.

    g) Desenhos industriaisg.1. Conceito

    Desenhos industriais (designs) so formas novas (plano tridimensional) de um produtoindustrial ou de um conjunto de linhas e cores (plano dimensional) que tm por objetivoaprimorar a sua ornamentao, proporcionando a possibilidade de um visual novo; no visamelhorar a utilidade. Servem, ainda, para distingui-los de outros do mesmo gnero. Ex.: novoformato de uma garrafa.So passveis de proteo jurdica a partir do registro no InstitutoNacional de Propriedade Industrial. O registro industrial tem carter de ato administrativoconstitutivo, ou seja, o direito de utilizao exclusiva do desenho ou da marca no nasce daanterioridade em sua utilizao, mas sim da anterioridade do registro.

    O desenho industrial diz respeito forma dos objetos. A marca o signo que identificaprodutos e servios.

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    g.2. Requisitos

    O desenho industrial deve atender aos seguintes requisitos:

    Novidade: no pode estar compreendido pelo estado da tcnica (art. 96 da Lei n.9.279/96). O resultado visual deve ser indito. uma questo de tcnica.

    Originalidade: configurao prpria, no encontrada em outros objetos, oucombinao com originalidade de elementos j conhecidos (art. 97 da Lei n.9.279/96). A originalidade refere-se esttica.

    Desimpedimento legal: situaes em que a lei veda o registro de desenho industrial(art. 100 da Lei n. 9.279/96).

    g.3. Vigncia

    O prazo de vigncia do registro de desenho industrial de 10 anos, contados da data dodepsito, prorrogvel por trs perodos sucessivos de 5 anos cada. Decorridos 25 anos, passa aser compreendido pelo estado da tcnica, caindo em domnio pblico.

    h) Marca

    h.1. Conceito

    Corresponde a todo sinal ou expresso que designa produtos e servios, estabelecendoentre consumidor e fornecedor uma identificao.

    h.2. Espcies

    H quatro espcies de marca, tendo as duas ltimas sido introduzidas no sistemanormativo ptrio pela Lei de Propriedade Industrial de 1996:

    marca de produto (para a identificao do produto);

    marca de servio;

    marca de certificao: atesta a conformidade de produtos ou servios em relao adeterminadas normas ou especificaes tcnicas, notadamente quanto qualidade, natureza, ao material utilizado e metodologia empregada, fixadas pororganismo oficial ou particular. Exs.: ISO 9000, selo de qualidade da Abrinq;

    marca coletiva: utilizada para a identificao de produtos ou servios oriundos demembros de uma determinada entidade ou associao. Ex.: uma associao dosprodutores de leite pode ter uma marca, uma cooperativa etc.

    A proteo em favor da marca s ocorre com o registro perante o Instituto Nacional deProteo Industrial.

    h.3. Requisitos

    Para a marca ser registrada, deve ser atendido trs requisitos: Novidade relativa

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    A expresso ou smbolo que se quer utilizar no precisa ser absolutamente nova, masnova deve ser a utilizao que se d a esses elementos. As marcas so protegidas dentro dedeterminados campos de atividade econmica (classes), excetuando-se as marcas de altorenome, que possuem proteo jurdica em todos os ramos de atividade econmica (ex.: Coca-cola, Nescau, Marlboro, Goodyear etc.). Essas excees so declaradas pelo prprio InstitutoNacional de Proteo Industrial.

    Cumpre observar que alguns defendem que o registro de determinada marca na categoriade alto renome ato discricionrio do Instituto Nacional de Proteo Industrial, insuscetvelde reviso pelo Poder Judicirio, seno quanto aos seus aspectos formais.

    No-colidncia com marca notria

    Determina o art. 126, caput, da Lei n. 9.279/96 que a marca notoriamente conhecida emseu ramo de atividade nos termos do art. 6. bis (I), da Conveno da Unio de Paris paraProteo da Propriedade Industrial, goza de proteo especial, independentemente de estarpreviamente depositada ou registrada no Brasil. Assim, o Instituto Nacional de ProteoIndustrial poder indeferir de ofcio pedido de registro de marca que reproduza ou imite, notodo ou em parte, marca notoriamente conhecida no pertencente ao solicitante.

    Conforme preleciona Fbio Ulha Coelho, o principal objetivo desse segundo requisitoda registrabilidade a represso contrafao de marcas (a chamada pirataria). Essa prticailcita consiste em requerer o registro de marcas ainda no exploradas pelos seus criadores noBrasil, mas j utilizadas noutros pases. Demonstrada a notoriedade da marca, o empresriopoder requerer ao Instituto Nacional de Proteo Industrial a nulidade do registro anterior,

    bem como a concesso do direito industrial em seu nome.Deve-se resguardar o direito daquele que investe na propaganda.

    Conclui-se, por conseguinte, que a marca notoriamente conhecida possui proteo noBrasil dentro de um determinado ramo de atividade econmica, independentemente deregistro, desde que assim registrada em outro pas signatrio da Conveno de Paris.

    No impedimento

    O art. 124 da Lei n. 9.279/96 enumera as expresses e os smbolos que no podem serregistrados como marcas (ex.: Braso das Foras Armadas, sinais de programas, nmeroisolado).

    O prazo de vigncia do registro de uma marca de 10 anos, prorrogvel por igualperodo, infinitamente (no passa a ser compreendida pelo estado da tcnica). Caso a suautilizao no se inicie no prazo de 5 anos, a partir da concesso, ou haja suspenso dautilizao pelo mesmo perodo (5 anos), ocorrer a caducidade.

    Caduca uma patente se, decorridos 2 anos a contar da licena compulsria, esse prazo semostrar insuficiente para prevenir ou sanar o abuso ou o desuso, salvo motivos justificveis(art. 80 da Lei n. 9.279/96).

    A Lei n. 9.279/96 traz, ainda, proteo a dois outros bens incorpreos: sinais ou

    expresses de propaganda e ttulos de estabelecimentos.

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    Sinais ou expresses: so legendas, anncios, gravuras etc. que objetivam atrair a atenodo consumidor para determinados produtos ou servios (visam recomendar determinadosprodutos ou servios). Ex.: slogans.

    A proteo jurdica dos sinais ou expresses, assim como dos ttulos de estabelecimento,no se d por registro ou patente, mas sim por meio da tipificao de sua utilizao indevidacomo crime (art. 191 da Lei n. 9.279/96). Segundo a doutrina, a proteo deveria ser feita pormeio de registro.

    Ttulo de estabelecimento: so expresses ou qualquer outra designao doestabelecimento comercial. Ex.: Casas Pernambucanas (local em que se exerce atividadeeconmica).

    Nome empresarial: identifica o sujeito de direito (o comerciante, pessoa fsica oujurdica). Ex.: Silva e Pereira.

    Marca: identifica o produto ou servio do comerciante. Ex.: Marca X.

    As expresses que compem o nome empresarial podem ser as mesmas da marca e doestabelecimento.

    O Brasil unionista, signatrio de Conveno Internacional sobre a PropriedadeIndustrial. Assim, no admissvel a criao de distino entre nacionais e estrangeiros em

    matria de Direito Industrial. O Brasil reconhece o princpio da prioridade, pelo qual possvel a qualquer cidado de pas signatrio da Unio reivindicar prioridade de privilgio ouo registro industrial no Brasil, vista de igual concesso obtida anteriormente em seu pas deorigem, desde que no prazo.

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    DIREITO SOCIETRIO

    INTRODUO

    1 Conceito de sociedade empresriaA sociedade empresria uma entidade dotada de personalidade jurdica, com patrimnio

    prprio, atividade empresarial e fim lucrativo.

    2 O ato constitutivo da sociedade

    Procede-se constituio da sociedade atravs de um instrumento pblico ou particular, firmadopor todos os scios, no qual se declaram as condies bsicas da entidade, inclusive nome,domiclio, capital social, cotas de cada scio, objeto social, forma de administrao, prazo deexistncia e processo de liquidao.

    Esse ato constitutivo dever ser arquivado no registro de empresas.

    3 Teorias contratualistas e anticontratualistas

    Mesmo quando a sociedade decorre de um acordo de vontades, lavra na doutrina fortecontrovrsia quanto natureza do ato constitutivo, entendendo alguns que no se teria a umcontrato, mas sim um ato coletivo, de instituio ou corporativo, em virtude do qual as vontades sesomariam, de forma paralela, sem portanto se contraporem.

    Com efeito, o contrato bilateral no se ajusta s caractersticas da sociedade, posto que nestano ocorre partes contrapostas, como no comum dos contratos.

    No contrato de sociedade no h essa contraposio. Ao invs, as partes se conjugam para umfim comum substituindo o sinalagma em que se cruza os interesses, coloca-se a identidade de

    interesses, instrumentalizada na criao da sociedade.Destarte, no direito ptrio, a doutrina do contrato plurilateral desfruta atualmente de uma posio

    dominante.

    4 Da desconsiderao da personalidade jurdica

    Ningum nega que as sociedades tem personalidade distinta da dos scios.

    Todavia, vem se afirmando gradativamente o entendimento de que a personalidade jurdica nodeve constituir uma couraa acobertadora de situaes antijurdicas. Aos scios ou acionistas noser dado utilizar a pessoa jurdica como um instrumento para fins a que no a destinara a ordemjurdica.

    A teoria da desconsiderao da personalidade jurdica seria aplicada sempre que, por m f,dolo ou atitude temerria a sociedade estivesse sendo empregada no para o exerccio regular docomrcio, mas para os desvios ou a aventuras de seus titulares.

    No tem essa doutrina o alcance de anular a personalidade jurdica, mas o de afasta-la emsituaes especficas nas quais, com efeito, no tenha agido a sociedade segundo seus interesses,mas os scios que a manipularam como instrumento de pretenses pessoais.

    No Brasil, aludido instituto, vem disciplinado no artigo 50 do novo Cdigo Civil que, ao tratar damatria, emitiu conceituao escorreita, vazada nos princpios que lhe so prprios, e, como tal,capaz de corrigir excessos e impropriedades:

    Art. 50 Em caso de abuso de personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de

    finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, oudo Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas edeterminadas relaes de obrigao sejam estendidos aos bens particulares dosadministradores ou scios da pessoa jurdica.

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    societria que importe em alterao do contrato social. Se, porm, a sociedade for contratada porprazo determinado, os scios no podero exercer esse direito.

    Deveres dos Scios

    Integralizar as cotas subscritas

    O scio que no cumpre com a obrigao de integralizar o capital subscrito chamado deremisso. A sociedade poder optar pela cobrana do valor a ser integralizado ou por sua excluso.Se a sociedade decidir por excluir o scio remisso, poder adquirir sua cota, desde que o faa comfundos disponveis, sem ofensa ao capital social.

    Responder pelas obrigaes sociais

    Os scios respondem pelas obrigaes sociais at o limite do valor do total do capital socialsubscrito e no integralizado.

    7 A cota social

    A cota social representa uma frao do capital social e, em conseqncia, uma posio dedireitos e deveres perante a sociedade.

    As cotas, portanto, funcionam como objeto do direito de propriedade. Os cotistas detm a suapropriedade.

    A integralizao das cotas se far em dinheiro ou qualquer outra espcie de bens suscetveis deavaliao em dinheiro.

    As cotas podero ser integralizadas desde logo, quando da criao da sociedade, ou,posteriormente, no prazo que for fixado, ou ainda de acordo com as necessidades da sociedade,conforme as chamadas que a administrao determinar.

    8 Sociedade entre marido e mulher

    O artigo 977 do novo Cdigo Civil admite, amplamente, a sociedade entre os cnjuges, comexceo das hipteses em que o regime de bens seja o da comunho universal ou em que aseparao de bens seja obrigatria.

    9 Scio pessoa jurdica

    Os scios de uma sociedade tanto podem ser pessoas fsicas como pessoas jurdicas,indistintamente. Nada impede, at mesmo, que todos os scios de uma sociedade sejam pessoasjurdicas.

    Duas ou mais sociedades s vezes se renem para constituir uma outra sociedade destinada adesenvolver atividades de interesse comum ou complementares ao seu objeto, tendo-se ento umquadro social apenas composto de pessoas jurdicas.

    Devem, porm, ser ressalvadas as sociedades em nome coletivo e as sociedades em comanditasimples, cujos scios devero ser necessariamente, pessoas fsicas.

    10 Sociedade subsidiria e sociedade holding

    Subsidiria a sociedade que controlada por outra, e, enquanto holding a sociedade decontrole.

    A holding assume a posio ativa controla; a subsidiria assume a posio passiva controlada.

    Existem sociedades que no tem nenhuma outra atividade que no seja a de controlarsociedades, sendo por isso chamadas holdings puras. Outras, alm das atividades de controle,

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    desenvolvem operaes de natureza diversa (comerciais, industriais, financeira), recebendo adesignao de holdingsmistas ou operativas.

    11 Sociedade unipessoal

    A sociedade unipessoal ou de um nico scio no admitida pelo direito brasileiro, em termosgerais. Todavia, j existe a subsidiria integral, que tem um nico scio e tambm permite-se aunipessoalidade temporria pelo espao de tempo decorrido de uma assemblia ordinria at aseguinte, respectivamente, previstas nos artigos 251 e 206, I, d da Lei n. 6.404/76. As sociedadesem geral tambm admitem a unipessoalidade temporria por um prazo de at 180 dias, previsoexpressa no artigo 1033, IV do novo Cdigo Civil.

    Classificao das Sociedades

    Quanto forma de constituio as sociedades comerciais dividem-se em sociedades regulares e

    no-regulares.

    12 Regulares

    Sociedades regulares so as que apresentam contrato escrito e registrado na Junta Comercial.

    13 No-regulares

    So sociedades no-regulares aquelas que no possuem contrato escrito e registrado na JuntaComercial. A doutrina classifica as sociedades no-regulares em trs espcies:

    Irregulares: possuem contratos escritos; todavia, no registrados na Junta Comercialcompetente;

    De fato: possuem apenas contrato verbal.

    Essa classificao apenas didtica, pois as duas espcies esto sujeitas ao mesmo regimejurdico.

    As sociedades no-regulares no tm legitimidade para o pedido de falncia dos seus devedorescomerciantes, tampouco podem gozar dos benefcios da concordata; seus livros comerciais no tmeficcia probatria (salvo contra estas), bem como todos os seus scios respondero ilimitadamente,ainda que o contrato social disponha o contrrio.

    Quanto ao Regime de Constituio e Dissoluo da SociedadeAs sociedades comerciais quanto ao regime de constituio e dissoluo classificam-se em

    sociedades contratuais e sociedades institucionais.

    14 Sociedades contratuais

    So constitudas a partir de um contrato social, podendo ser dissolvidas nas hipteses previstasem lei. Os arts. 1.033 a 1.038 do Cdigo Civil disciplinam as hipteses de dissoluo total, quedevem existir sempre que no for possvel a dissoluo parcial, soluo priorizada em razo doprincpio da preservao da empresa. Se ocorrer substituio dos scios, ser necessria a alteraodo contrato.

    Nas sociedades contratuais, os scios possuem liberdade para mudar o contrato social,preenchidos os requisitos legais, diferentemente do que ocorre nas sociedades institucionais, nasquais o scio se agrega, no podendo, em regra, alterar o estatuto.

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    So sociedades contratuais:

    sociedade em nome coletivo;

    sociedade em comandita simples;

    sociedade limitada.

    Aqui cabe destacar: nas sociedades contratuais o capital social dividido em quotas e o titular decada quota denomina-se scio.

    15 Sociedades institucionais

    So constitudas a partir de um estatuto social, podendo ser dissolvidas por deliberaomajoritria dos acionistas (assim denominados os integrantes de tais sociedades). A substituio dosacionistas feita por agregao, no sendo necessrio que participem do ato de constituio.

    So sociedades institucionais:

    Sociedade annima;

    Sociedade em comandita por aes.

    Cumpre ressaltar: nas sociedades institucionais o capital social dividido em aes e o titular decada ao denomina-se acionista.

    Quanto s Condies para a Alienao da Participao Societria

    Com relao s condies para a alienao da participao societria as sociedadescomerciais envolvem duas espcies de sociedades, quais sejam, sociedades de pessoas esociedades de capital.

    16 Sociedades de pessoas

    Nas sociedades de pessoas, as caractersticas pessoais dos scios tm relevncia para a suaconstituio, desenvolvimento e sucesso. Assim, as sociedades de pessoas so as constitudas emfuno da qualidade pessoal dos scios. Nelas no se admite a alienao da participao societriapor um scio sem anuncia dos demais. Nas sociedades de pessoas, os scios tm direito de vetar oingresso de estranho no quadro associativo.

    So sociedades de pessoas:

    sociedade em nome coletivo; sociedade em comandita simples.

    17 Sociedades de capital

    Nas sociedades de capital, relevante a contribuio material dos scios em favor da sociedade.Esse tipo de sociedade constitudo visando, principalmente, o capital social, ou seja, a pessoa doscio irrelevante. Nesta espcie, a participao societria livremente transfervel a terceiros.

    So sociedades de capital:

    sociedade em comandita por aes;

    sociedade annima.

    Observaes

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    Na verdade, no h sociedade composta somente porpessoas ou somente porcapitais, poisem qualquer sociedade esto presentes esses dois elementos.

    Outra conseqncia importante dessa distino, o fato de que as quotas sociais relativas auma sociedade de pessoas so impenhorveis por dvidas particulares do seu titular, pois apenhorabilidade seria incompatvel com o direito de veto previsto no dispositivo supracitado.

    A ltima conseqncia dessa distino diz respeito morte do scio. Em uma sociedade depessoas, ocorrer dissoluo parcial se um dos sobreviventes no concordar com o ingresso dosucessor do scio morto no quadro social. Na sociedade de capital, os scios no podem opor-se atal ingresso e, assim, no ocorre dissoluo.

    Por fim, cumpre mencionar que as sociedades contratuais, em regra, so sociedades depessoas, ao passo que as sociedades institucionais, em regra, so sociedades de capital.

    Sociedade mista:

    Na sociedade limitada, o contrato social definir a existncia, ou no, e extenso do direito deveto ao ingresso de novos scios. Assim, se admitir a transferibilidade das cotas, teremos ai umasociedade de capitais; ao contrrio, isto , inadmitindo a transferibilidade, ter-se-ia uma sociedade depessoas.

    Sociedades de responsabilidade limitada, ilimitada e mista

    18 Sociedade limitada

    Na sociedade limitada, todos os scios respondem com seu patrimnio pelas obrigaes dasociedade de forma limitada. Pertencem a esta categoria a sociedade limitada e a sociedadeannima.

    19 Sociedade ilimitada

    Na sociedade ilimitada, todos os scios respondem com seu patrimnio pessoal, de formailimitada, pelas obrigaes da sociedade. Exemplos: sociedade em nome coletivo e sociedade emcomum.

    20 Sociedade mista

    Na sociedade mista, uma parte dos scios responde de forma ilimitada pelas obrigaes dasociedade e outra parte responde de forma limitada ou sequer responde pelas obrigaes contradaspela sociedade. Pertencem a esta espcie as seguintes sociedades:

    a) Sociedade em comandita simplesb) Sociedade em comandita por aes

    O quadro social e suas mutaes

    21 Cesso de cotas

    A cesso de cotas um contrato em virtude do qual o cedente transfere ao cessionrio cotas deuma sociedade.

    O cedente ora transferir todas as suas cotas, retirando-se da sociedade, ora as transferirparcialmente, permanecendo ma sociedade.

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    O cessionrio ao ingressas na sociedade, assume a posio do cedente em relao s cotascedidas, passando a incorrer em todos os direitos e obrigaes correspondentes.

    Opera-se a cesso atravs de um instrumento de alterao contratual, firmado pelo cedente,cessionrio e demais scios. A cesso dever ser registrada na junta Comercial, a fim de que seproduzam efeitos perante terceiros.

    22 Falecimento, interdio e insolvncia de scio

    O falecimento de scio poder acarretar a partilha de suas cotas entre os herdeiros ou aapurao dos respectivos haveres em favor do esplio.

    A interdio, por determinar a incapacidade do scio, retira-lhe a condio de permanecer emsociedade de responsabilidade ilimitada.

    A insolvncia do scio levar os credores pretenso de penhorar as suas cotas na sociedade.Essa penhora no ter cabimento nas sociedades de pessoas, cumprindo, no caso, apurar oshaveres do scio insolvente para, sobre os valores encontrados, incidir a penhora.

    23 Apurao de haveres

    H uma srie de situaes em que se impe a liquidao das cotas de determinados scios,ocorrendo ento a apurao de haveres.

    Previa o cdigo Comercial de 1850 (art. 335) que as sociedades se dissolviam pela falncia,despedida ou morte de qualquer dos scios. Esse efeito foi afastado pela prtica mercantil, face aoprincpio da continuidade da empresa. Com o novo Cdigo Civil, consagra-se em lei esta regra,mediante previso expressa da liquidao da cota do scio falecido (art. 1028) ou de alguma formadespedido da sociedade (art. 1031).

    A apurao de haveres destina-se a calcular qual a parcela do patrimnio da sociedadecorrespondente s cotas do ex-scio.

    Tipos de Sociedade

    23 Tipos de Sociedade

    Existem seis tipos ou espcies de sociedades, quais sejam: sociedade simples, sociedade emnome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade em comandita por

    aes e sociedade annima. A sociedade de capital e indstria foi eliminada pelo novo Cdigo Civilque, contudo, admitiu que a sociedade simples, em sua forma prpria, pudesse ter scios de indstria(art. 997, V).

    24 Sociedade em nome coletivo

    A sociedade em nome coletivo foi mantida pelo Cdigo Civil (arts. 1039 a 1044), que preservouas suas linhas gerais.

    A marca desse tipo societrio a responsabilidade solidria e ilimitada de todos os scios. Essacaracterstica, por comprometer o patrimnio pessoal dos scios, provocou, especialmente depois dosurgimento da sociedade limitada, o quase completo desaparecimento desse modelo de sociedade.

    25 Sociedade em comandita simples

    Esse antigo tipo de sociedade, tambm em desuso, foi preservado pelo novo Cdigo Civil.

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    A caracterstica bsica da sociedade em comandita simples continua sendo a existncia de duascategorias de scios: os comanditados, que respondem solidria e ilimitadamente pelas obrigaessociais; e os comanditrios, cuja responsabilidade limitada ao valor das prprias cotas.

    A sociedade me comandita simples tanto se presta constituio de uma sociedade simplescomo constituio de uma sociedade empresria.

    26 Sociedade de capital e indstria

    A sociedade de capital e indstria encontra-se revogada pelo novo Cdigo Civil. Anote-se,porm, que a sociedade simples em sua forma prpria, admite scios de indstria.

    27 Sociedade simples

    Aspectos Gerais

    A sociedade simples um novo tipo societrio introduzido no direito brasileiro pelo Cdigo Civilrecm-promulgado, e que, de alguma maneira substitui a antiga sociedade civil regida pelo Cdigo

    Civil revogado.A sociedade simples, em sua forma tpica, somente poder ser utilizada para as atividades no

    empresariais, resumindo-se o seu campo de abrangncia aos pequenos negcios, a serem definidosem lei, s atividades rurais, ao exerccio de profisso de natureza intelectual, e bem assim aempreendimentos destitudos de qualquer estrutura organizacional.

    Atos Constitutivos

    Os atos constitutivos, que tero natureza contratual, exigem instrumento escrito, que poderrevestir a forma pblica ou particular, no qual sero declarados as condies e caractersticas bsicasda sociedade (art. 977).

    Scios

    Os scios podero ser pessoas naturais ou pessoas jurdicas, no havendo qualquer exignciaquanto ao porte dessas pessoas.

    Objeto Social

    O objeto social, que ser declinado no contrato, compreender qualquer atividade que seenquadre no conceito de pequeno negcio, a ser definido em lei, e ainda no de atividades rurais, oude natureza intelectual.

    Denominao

    A sociedade ter uma denominao (art. 997, II), ficando-lhe assim vedada a adoo de umafirma. Tal denominao dever manter alguma correlao com o objeto da sociedade.

    Capital

    O capital, tal como das demais sociedades, poder ser integralizado com qualquer sorte de bemsuscetvel de avaliao em dinheiro. A particularidade dessa sociedade a admisso de scio de

    servio, nos moldes do que ocorria na sociedade de capital e indstria, agora revogada.

    Responsabilidade dos Scios

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    O contrato social dever indicar se os scios (art. 997, VIII) respondem, ou no,subsidiariamente, pelas obrigaes sociais.

    Verifica-se, portanto, que, nessa modalidade societria, os scios podero responder ou no,segundo o que constar do contrato, pelas obrigaes sociais.

    Alteraes Contratuais

    As alteraes contratuais concernentes a matrias bsicas, que se acham enumeradas no art.997, dependem, segundo o art. 999, de consentimento unnime dos scios, nesses includos,naturalmente, os scios de servio. As demais matrias podero ser decididas por maioria absoluta,se o contrato no exigir unanimidade.

    Deliberaes Sociais

    As deliberaes dos scios sobre negcios ou interesses da sociedade sero tomadas pormaioria do capital, mas, se houver empate, prevalecer a deciso que contar com a manifestao

    favorvel da maioria dos scios, nestes includos, por razes lgicas, os scios de servio.

    Administrao Social

    A administrao da sociedade ser exercida exclusivamente por pessoas naturais (art. 997, VI)no se admitindo a delegao de poderes (art. 1018).

    Cesso de Cotas

    A cesso de cotas depende da concordncia dos demais scios (art. 1003), que, para tanto, e seestiverem de acordo, promovero a competente alterao contratual.

    Scio Remisso

    O scio remisso responde por perdas e danos (art. 1004), podendo a maioria dos demais sciospreferir a sua excluso ou a reduo de sua cota ao montante j realizado.

    Excluso de Scio

    O scio, inclusive o majoritrio, desde que tenha incorrido em falta grave no cumprimento desuas obrigaes ou por incapacidade superveniente (art. 1030), poder ser excludo da sociedade,mediante deciso judicial provocada pela maioria dos demais scios (maioria do capital).

    Reduo do Quadro Social a um nico Scio

    A sociedade poder permanecer com um nico scio pelo perodo de 180 dias (art. 1033), findosos quais, sem a recomposio da pluralidade, ser considerada dissolvida.

    Dissoluo da Sociedade

    As causas de dissoluo da sociedade esto equacionadas de modo mais preciso e consistentedo que na legislao revogada.

    O trmino do prazo de durao da sociedade no mais determina a sua dissoluo de plenodireito, se no houver oposio de nenhum dos scios ocorrer sua prorrogao por prazoindeterminado.

    O consenso dos scios, deciso unnime, continua sendo uma causa de dissoluo ordinria dasociedade.

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    Tratando-se de sociedade por prazo indeterminado, a maioria absoluta do capital poder decidira dissoluo.

    A falta de pluralidade dos scios tambm determina a dissoluo ordinria da sociedade, assimcomo a extino quando exigida, de autorizao para funcionar.

    A dissoluo judicial poder ocorrer, conforme previsto (art. 1034) quando anulada aconstituio, ou quando, por qualquer motivo, a sociedade de mostrar invivel.

    A liquidao judicial ocorrer tambm, a requerimento de qualquer dos scios, nos casos em quea liquidao ordinria no se instale, embora tenha ocorrido, por fora de lei, ou, por deliberao dosscios, a dissoluo da sociedade.

    Dissoluo e liquidao

    28 Dissoluo

    Toda sociedade se destina a exercer o seu objeto social; a dissoluo marca o fim dessadestinao.

    Com a dissoluo, encerra-se a fase ativa da sociedade, que, a partir da, entra em liquidao,que uma espcie de preparao para a morte.

    Durante a liquidao, mantm a sociedade a personalidade jurdica, mas no pode realizar novosnegcios.

    A dissoluo tanto poder ser amigvel como judicial.

    O Cdigo Civil, no art. 1033, enumera as hipteses de dissoluo ordinria: vencimento do prazode durao, vontade dos scios, reduo do quadro social a um nico scio, extino de autorizaopara funcionar.

    O art. 1034 do Cdigo Civil apresenta trs hipteses de dissoluo contenciosa, quais sejam:a) anulao da constituio da sociedade; b) esgotamento do fim social; c) inexeqibilidade do objetosocial.

    O ato que dissolve a sociedade (distrato ou sentena) dever ser arquivado na Junta Comerciale, depois, publicado.

    29 Liquidao

    A liquidao perodo do fechamento das contas. Nessa fase dever a sociedade ultimarnegcios pendentes, realizar o ativo e pagar o passivo.

    Os liquidantes, que podero ser os prprios administradores ou terceiros, transformaro emdinheiro todos os bens da sociedade e promovero o pagamento de todas as suas dvidas.

    30 PartilhaA partilha o ato final da liquidao. Uma vez atendidos todos os credores, o saldo patrimonial

    apurado pertence aos scios, devendo ser distribudos entre estes na proporo dos respectivosquinhes sociais.

    possvel que, depois de pago todo o passivo, ainda existam na sociedade bens a seremtransformados em dinheiro. Podero os scios, se o preferirem, e de comum acordo, dividir entre siesses bens, ainda in natura.

    A conta de participao

    31 Sociedade em conta de participao

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    Embora tenha o nome de sociedade e esteja includa no ttulo do Cdigo Civil que trata dassociedades, a chamada sociedade em conta de participao no uma verdadeira sociedade.

    Faltam-lhe o patrimnio prprio e a personalizao (o prprio Cdigo a considera nopersonalizada), que so caractersticas essenciais das sociedades, especialmente a partir dadeclarao do Cdigo Civil (art. 44), no sentido de que estas so pessoas jurdicas.

    Na sociedade em conta de participao, uma ou mais pessoas fornecem dinheiro ou bens a umempresrio, a fim de que este os aplique em determinadas operaes, no interesse comum.

    Aquele que aparece perante terceiros chamado scio ostensivo ou operador e os fornecedoresde recursos so chamados scios ocultos ou participantes.

    No caso de falncia, alcanar esta apenas o operador (scio ostensivo).

    A conta de participao poder ser contratada para uma nica ou para vrias operaes.

    32 Natureza jurdica e finalidade

    A relao que se estabelece entre as partes de natureza bilateral, configurando-se sempre no

    plano operador-participante. Ainda que sejam vrios os participantes, no haver uma relao destesentre si, mas to-somente de cada um destes, ou do conjunto destes, com o operador.

    A conta de participao apresenta elementos da sociedade conjugao de recursos para umaexplorao comum mas no rene os pressupostos necessrios sua classificao como tal. Pode-se, ento, afirmar que se trata de um contrato de participao.

    A finalidade desse contrato , com efeito, a obteno de capital de risco para um dadoempreendimento, proporcionando-se ao emprestador uma participao nos lucros ou prejuzos.

    33 A importncia do registro

    O cdigo civil (art. 992) dispensa, com relao conta de participao, as formalidades para aconstituio de sociedades, e permite que a sua existncia seja provada por qualquer dos meiosadmitidos em direito.

    Deve-se, contudo, lembrar que a conta de participao mantm uma faixa fronteiria com asociedade irregular. No havendo contrato escrito nem arquivamento no Registro de Empresas, correo participante o risco de ser confundido com o scio de uma sociedade irregular, do que resultaria asua responsabilidade ilimitada.

    Desse modo, embora no obrigatoriamente, devem os participantes, para no se exporem aelevados riscos, contratar a conta de participao por escrito, e providenciar o respectivoarquivamento no Registro de Empresas. O arquivamento, embora no exigido por lei, pode ser feito,

    posto que qualquer ato de interesse do empresrio passvel de arquivamento na Junta Comercial(art. 32, II e, da Lei n. 8.934/94).

    34 Relaes externas e internas

    A conta de participao apresenta uma fase externa e outra interna.

    Externamente, o empresrio atua como se no existisse a conta de participao, sendo ele onico que se obriga e que adquire direitos.

    Internamente, registra o empresrio-operador, na conta especfica, todos os ingressos, despesase dispndios incorridos e os resultados que se forem acumulando, para distribuir os lucros ou imputaros prejuzos aos participantes, imputao essa que no poder ultrapassar os fundos que cada um

    destinou ao contrato.Os participantes obrigam-se apenas perante o operador, no sendo dado aos credores qualquer

    direito ou pretenso contra aqueles.

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    35 Utilidade e aplicao

    O contrato de participao, ao contrrio das sociedades de responsabilidade limitada, queperderam inteiramente a sua importncias, um instituto em franca ascenso, sendo cada vez mais

    utilizado para uma srie de empreendimentos.Uma de suas aplicaes mais constantes vem se verificando na rea das incorporaes

    imobilirias. Uma empresa assume a obra externamente, enquanto outras fornecem terreno erecursos para, depois, ratearem entre si o proveito apurado.

    As parcerias empresariais, de que hoje muito se fala, e que se destinariam a reduzir custos eintegrar resultados entre empresas produtoras e empresas fornecedoras de peas ou componentesou ainda de servios, representam efetivas contas de participao.

    Sociedade Limitada (A)

    36 Caractersticas

    A sociedade limitada representa a mais recente das formas societrias existentes no direitobrasileiro.

    O novo Cdigo Civil regula inteiramente a sociedade limitada, assim revogando o Decreto n.3.708/19.

    A primeira mudana significativa concerne prpria designao da sociedade, que deixa dechamar-se sociedade por cotas de responsabilidade limitada para nomear-se simplesmentesociedade limitada.

    A sociedade limitada, com o novo Cdigo Civil, passa por substanciais alteraes, que afetam o

    seu funcionamento, o processo de relaes entre os scios e destes para com a sociedade, e ainda aadministrao social.

    A rigidez agora instituda, o formalismo das deliberaes sociais, a limitao dos poderes damaioria, a burocratizao de seu funcionamento tornam a sociedade limitada, no que tange aempresas com patrimnio lquido inferior a R$ 1 milho de reais, uma estrutura mais pesada do que ada sociedade annima fechada, que, com aquele limite de capital e menos de vinte scios, desfrutade condies bastante simplificadas.

    A sociedade limitada, que vinha se constituindo a forma quase exclusiva dos negcios pequenose mdios, tanto no campo das sociedades civis como comerciais, tender a perder posio, face aoseu desarrazoado engessamento.

    44 A responsabilidade limitadaA responsabilidade dos scios continua, pois, limitada integralizao do capital social subscrito.

    Conseqentemente, se algum scio no integralizar as prprias cotas, todos os demais responderosolidariamente pela correspondente integralizao.

    A responsabilidade solidria dos scios pela integralizao do capital atua como uma garantiapara os credores da sociedade. A administrao da sociedade somente poder demandar os sciospara que integralizem as prprias cotas. Terceiros, credores da sociedade, estes sim, que poderoexigir, de qualquer dos scios, a integralizao do capital, no caso de falncia, ou, face novaredao, mesmo independentemente desta, desde que no encontrem, para efeito de penhora, benslivres da sociedade.

    A responsabilidade dos scios pela integralizao do capital solidria, porm, subsidiria.

    A sociedade limitada envolve, pois, uma responsabilidade superior da sociedade annima, naqual cada acionista responde apenas pelo capital que subscreveu.

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    Integralizado, porm, o capital da sociedade limitada, estaro os scios liberados de qualquerresponsabilidade adicional.

    45 Legislao aplicvel

    sociedade limitada aplica-se, basicamente, o captulo IV do ttulo II do livro II do Cdigo Civil,que a legislao especfica sobre a matria.

    Nas omisses de sua regulao especfica, aplicam-se sociedade limitada as normas dasociedade simples (art. 1053).

    A lei das sociedades annimas, que exercia o papel de legislao supletiva das omisses docontrato da sociedade limitada, passa a exercer esse papel apenas quando invocada explicitamentepelo estatuto social (art. 1053, nico).

    46 Campo de aplicao

    Por se tratar de uma sociedade que, alm de limitada, era simples, barata e flexvel, a sociedade

    limitada vinha sendo a mais utilizada das formas societrias, tanto no mbito comercial como no civil,sendo neste quase exclusiva.

    Agora, com o novo Cdigo Civil, e as novas regras sobre limitada, que a tornam menos simples,menos barata e menos flexvel, cabe indagar a respeito de seu futuro, e de como o mercado reagir.De qualquer sorte, como mantm a responsabilidade limitada, e no se sujeita a publicaoobrigatria de balanos, continuar a contar com forte aceitao no mbito de empresas mdias emdio-grandes, que no se disponham a arcar com os custos e a exposio decorrentes dapublicao obrigatria de demonstraes financeiras completas.

    47 Administrao

    A administrao da sociedade cabe a uma ou mais pessoas, scias ou no, designadas nocontrato social ou em ato separado. Elas so escolhidas e destitudas pelos scios, observando-se,em cada caso, a maioria qualificada exigida por lei para a hiptese. Para a sociedade seradministrada por no-scio, necessria expressa autorizao no contrato social. Inexistente esta, sa scio podem ser atribudos poderes de administrador.

    No tocante ao administrador no-scio, cabe acentuar que, enquanto no integralizado o capitalsocial, somente unanimidade dos scios caber promover essa nomeao. Integralizadas todas ascotas, a designao poder se fazer por um mnimo de dois teros.

    O mandato do administrador pode ser por prazo indeterminado ou determinado. O contrato socialou o ato de nomeao em separado definem, para cada administrador ou em termos gerais, se htermo ou no para o exerccio do cargo. Na Junta Comercial devem ser arquivados os atos deconduo, reconduo e cessao do exerccio do cargo de administrador.

    O exerccio do cargo de administrador cessa pela destituio, em qualquer tempo, do titular, oupelo trmino do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, no houver reconduo.

    Tratando-se de scio nomeado administrador no contrato, sua destituio somente se opera pelaaprovao de titulares de quotas correspondentes, no mnimo, a dois teros do capital social, salvodisposio contratual diversa.

    47.1 Da responsabilidade dos scios

    A responsabilidade dos scios pelas obrigaes da sociedade limitada, como diz o nome do tiposocietrio, est sujeita a limites. Todavia, esta limitao comporta excees, a saber:

    1 - Capital social subscrito no inteiramente integralizado. Nesse caso, a responsabilidade dosscios ilimitada e solidria, abrangendo, desta feita, inclusive, o patrimnio pessoal de cada scioat o montante que faltar para integralizar o capital subscrito.

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    Deste modo, se o contrato social estabelece que o capital est totalmente integralizado, os sciosno tm nenhuma responsabilidade pelas obrigaes sociais. Falindo a sociedade, e sendoinsuficiente o patrimnio social para liquidao do passivo, a perda ser suportada pelos credores;

    2 - Os scios que adotarem deliberao contrria lei ou ao contrato social responderoilimitadamente pelas obrigaes sociais relacionadas deliberao ilcita. Os scios que deladissentirem devero acautelar-se, formalizando sua discordncia, para se assegurar quanto a estamodalidade de responsabilizao;

    3 - O cdigo civil de 2002, inclusive, probe a sociedade marital se o regime de bens no casamentofor o da comunho universal ou separao obrigatria. Assim, se, a despeito da proibio legal, forregistrado na Junta Comercial sociedade composta exclusivamente por marido e mulher, os seusscios responderia, ilimitadamente pelas obrigaes sociais;

    4 - A Justia do Trabalho tem protegido o empregado deixando de aplicar as regras de limitao daresponsabilidade dos scios. Tal orientao, de base legal questionvel, deriva, na verdade, dainteno de proteger o hipossuficiente, na relao de emprego;

    5 - Dbitos junto Seguridade Social (INSS), em razo do disposto no artigo 13 da Lei n 8.620/93,podem ser cobrados de qualquer scio da sociedade limitada.

    48 Delegao

    A delegao da gerncia era uma peculiaridade da sociedade limitada, posto que no eraadmitida em nenhuma outra espcie societria.

    Com o novo Cdigo Civil, que permitiu administradores no scios, a delegao foi inteiramentebanida do direito societrio, tanto que, no includa nas normas especficas sobre sociedade limitada,foi ainda vedada, de forma expressa, na parte geral (art. 1018), onde se estipulou que o administradorno poder se fazer substituir no exerccio de suas funes. Fica, portanto, a delegao de poderesde administrao totalmente erradicada do direito societrio brasileiro.

    Sociedade Limitada (B)

    49 A cota social

    A cota social significa uma parcela indivisvel do capital. Havendo co-proprietrios, os direitosdela decorrentes somente podero ser exercidos pelo representante designado pelos condminos, oupelo inventariante no caso de esplio.

    O cotista dever integralizar as suas cotas nos prazos e condies convencionados, podendo asociedade, se houver impontualidade, e depois de notificar o scio inadimplente, promover acompetente ao de execuo. O scio remisso, semelhantemente aos das demais sociedades,

    responder por perdas e danos, podendo a maioria dos demais scios preferir a sua excluso, comreduo do capital; ou a reduo de sua participao.

    50 Cesso de cotas

    A matria dever ser disciplinada no contrato social, no qual se especificar se as cotas sointransferveis ou transferveis e, nesse ltimo caso, se a transferibilidade livre ou condicionada. Aintransferibilidade, desde que adotada, acarretar para a sociedade a obrigao de, sempre que umscio o solicitar, promover a apurao de seus deveres, pois, se assim no fora, estaria o cotistaobrigado a permanecer indefinidamente na sociedade. Destarte, ou se permite a alienao da cota aterceiro ou se processa a sua liquidao.

    Com o novo Cdigo Civil, o tratamento conferido questo sofre uma radical inverso, posto que

    apenas se permite a livre transferncia das cotas quando o cessionrio for um outro scio. A cesso aestranho passa a depender de ausncia de oposio de cotistas que representem mais de um quarto

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    Alm dos casos de excluso de scios aplicveis sociedade simples (arts. 1004 e 1030), queso extensveis sociedade limitada e que dependem de deciso judicial, pode o scio da limitada(art. 1085) ser excludo por deliberao dos scios representativos de mais da metade do capitalsocial, sob o fundamento de que o scio em questo praticou atos graves e comprometedores paraos interesses da empresa. Essa providencia depende, porm, segundo o artigo supra referido de

    previso contratual de excluso de scio por justa causa e de ampla garantia do contraditrio.

    55 Aumento de capital

    O capital somente poder ser aumentado depois de integralizado (art. 1081). Para o aumento docapital que acarreta a alterao do contrato social, demanda a nova lei (1076, I) a manifestaofavorvel de trs quartos do capital social.

    56 Reduo de capital

    A reduo de capital, por fazer-se mediante modificao contratual, tambm depende do quorumespecial de trs quartos, podendo ocorrer quando houver perda patrimonial irreparvel ou quando o

    capital mostrar-se excessivo (art. 1082).

    57 Assemblia geral

    As deliberaes dos scios sero tomadas em reunio dos scios ou em assemblia geral,segundo o que constar do contrato social, mas, se a sociedade contar com mais de dez scios, aassemblia geral ser obrigatria (art. 1072, 1o).

    A assemblia dever observar a sistemtica de convocao e ordenao dos trabalhos previstana lei, mas, se adota a reunio de scios, caber ao contrato social disciplinar o seu funcionamento,sendo que as omisses sero supridas pelas normas legais sobre assemblia geral.

    As reunies ou assemblias gerais sero convocadas pelos administradores, mas podero

    tambm ser convocadas por qualquer dos scios se os administradores, nos casos previstos em leiou no contrato, retardarem por mais de sessenta dias a convocao. Titulares de mais de um quintodo capital tambm podero promover a convocao, se esta, solicitada aos administradores, no sefizer no prazo de oito dias. O pedido de convocao dever fazer-se acompanhar de suafundamentao e da indicao das matrias a serem decididas.

    Pode-se, porm, evitar a prpria reunio ou assemblia, se todos os scios firmarem documentodecidindo as matrias que seriam objeto de deliberao colegiada.

    O voto contrrio lei ou ao contrato acarreta a responsabilidade pessoal e ilimitada do scio quea proferir (art. 1080), circunscrevendo-se essa responsabilidade, naturalmente, aos efeitos danososda decorrentes, seja para a sociedade, seja para os demais scios, seja para terceiros.

    58 Conselho fiscalO conselho fiscal um rgo optativo, podendo o contrato social adota-lo ou no (art. 1066).

    A funo precpua desse rgo, tal como na sociedade annima, a fiscalizao da atuao dosadministradores, especialmente no que tange a seus aspectos financeiros.

    Se a sociedade tiver conselho fiscal, a minoria, com pelo menos um quinto d