teologia da reforma (trecho de apostila)

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  • 7/31/2019 Teologia da Reforma (trecho de apostila)

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    Prof. Jones F. MendonaSeminrioTeolgico BatistaCarioca

    TEOLOGIA DA

    REFORMA

    Sola

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    Scriptura

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    criptura

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    TTeeoollooggiiaaddaa

    RReeffoorrmmaa:

    CRANACH, Lucas the ElderPorta-retrato de Martinho Lutero (detalhe), 1527

    leo e tmpera sobre madeiraWartburg-Stiftung, Eisenach

    Nov/2011

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    Introduo ............................................................................................ 04

    1. Os pr-reformadores: John Wycliff e Jan Hus ...................................05

    2. Erasmo de Hoterd ........................................................................... 00

    3. Martinho Lutero ............................................................................... 00

    4. Ulrico Zwnglio................................................................................. 00

    5. Joo Calvino ..................................................................................... 00

    6. A Reforma radical ............................................................................. 00

    7. A Reforma inglesa ............................................................................ 008. A contra-reforma ............................................................................. 00

    9. A ortodoxia luterana e reformada .................................................... 00

    10. Anexo 1 ........................................................................................... 00

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    Escrever sobre a teologia dos reformadores uma tarefa que exige muita cautela.

    Historiadores seculares tendem a enfatizar demais o aspecto poltico que o movimentoacabou ganhando. verdade que sem o apoio da nobreza, interessada em libertar-se docontrole exercido pela Igreja, a Reforma no teria xito. Entretanto, no se pode negar quereformadores como Lutero, Zwnglio e Calvino foram movidos por uma intensa devoo.

    Tambm seguindo uma tendncia polarizada, alguns telogos catlicos maisconservadores insistem em destacar apenas o impacto negativo que o rompimento deLutero com a Igreja produziu: revoltas populares, fragmentao do cristianismo eminmeras denominaes, individualismo, etc. preciso destacar que a degradao moral

    do clero romano, to denunciada pelos reformadores, era algo combatida at mesmo porproeminentes cristos catlicos, tais como Nicolau de Cusa (1401-1464), o humanistaErasmo de Roterd (1466-1536) e o Papa Adriano VI (1522-1523), dentre outros. Otelogo catlico Richard McBrien chega a lamentar que o Papa e a cria no tenhamcompreendido a importncia dos movimentos de reforma, produto de uma srie de errostrgicos imperdoveis e de atos corruptos por parte da liderana da Igreja, em especial dopapado1. O Papa Pio IV, referindo-se ao herege Calvino, chegou a reconhecer que oreformador francs no era seduzido pelo dinheiro, e que se tivesse servos como ele, seusdomnios estender-se-iam de um oceano ao outro2.

    Por fim, h um grupo de protestantes que insiste em apresentar os reformadores comoheris que obtiveram pleno xito em devolver cristandade os antigos valores e doutrinasda igreja primitiva, abandonados negligentemente pela Igreja catlica. Mas no podemosfechar os olhos para o esprito pouco evanglico de Lutero expresso nos textos em queincita a perseguio de judeus e camponeses. O reformador francs Joo Calvino, numacarta a Farel, confessa que no pouparia Miguel de Serveto da morte caso colocasse os psem Genebra. Em 27 de outubro de 1553, aps ter passado por um tribunal que tinhaCalvino como acusador, Serveto foi queimado vivo, mesmo aps ter pedido clemncia. verdade que tais documentos devem ser lidos em consonncia com o ambiente contextual

    no qual foram escritos, mas ainda assim tais atos no se justificamComo se pde notar possvel enxergar a Reforma sob diversos ngulos. O que pretendocom este trabalho dar ao leitor as informaes necessrias para que ele possa formar oseu prprio juzo a respeito dos acontecimentos que abalaram a Europa do incio dosculo XVI.

    Rio de Janeiro, novembro de 2011.

    Jones F. Mendona1 MCBRIEN, P. Richard. Os papas, p. 281.2 Schaff, Swiss Reformation, 558 apud DURANT, Will.A Reforma, p. 399.

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    o sculo XI eclodiu uma srie de movimentos de reforma que ansiava pelarestaurao da vida religiosa. Tais movimentos se tornaram atrativos ao povo,escandalizado com a lassido moral, a riqueza da igreja e a rgida hierarquia

    eclesial. Buscava-se uma , que estivesse mais de acordo com aquelapraticada entre os cristos do perodo apostlico. A mudana na devoo se refletiu nasimagens de Cristo, que passou a ser retratado no mais como juiz, mas como

    3. O modo de vida feudal estava emdecadncia e em seu lugar floresciam as

    cidades4

    , um ambiente frtil para apropagao de idias contrrias Igreja.Alm disso, as cidades eram o reduto deuma nova classe em ascenso que desejavaimpedir a interveno da igreja em assuntostemporais: 5. Vale destacar que

    , fundador de um movimentoconsiderado hertico pela Igreja (osvaldenses), era um comerciante da cidade de

    Lyon.

    Todo esse clima favoreceu o afastamento deum grande nmero de fiis da rotinaparoquial, imaginando que a impureza dospadres invalidava os sacramentos queadministravam6. No imaginrio catlico

    medieval a ineficcia dos sacramentos7representava a condenao eterna, uma vez

    que na doutrina catlica eles tinham o poder que conferir graa (e a consequenteeliminao dos pecados). Como resposta a essas crticas radicais, os telogos da Igrejapassaram a insistir que a no dependia da qualidade moral

    3 BOURGEOIS, Henry. Histria dos dogmas 3, p. 364.4 Vrios fatores impulsionaram o aumento das cidades: regies privilegiadas por constiturem sede debispados; transformao de mosteiros em centros de comrcio e castelos e fortalezas que funcionavam comorefgio para os camponeses livres.5 JANOTTI, Aldo. Origens da universidade, p. 436 FERNANDEZ-FELIPE, Armesto; WILSON, Derek. Reforma: o cristianismo e o mundo 1500 a 2000, p.

    179.7 Desde Pedro Lombardo os sacramentos foram fixados em sete: batismo, crisma (ou confirmao),confisso, eucaristia, matrimnio, ordem e extrema-uno. Os sacramentos so, na teologia catlica,indispensveis para alcanar a graa de Deus.

    N

    O Cristo so redor numa I uminura empergaminho de 1216. Pierpont Morgan Library,New York.

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    do sacerdote, mas to somente da obra realizada por Jesus Cristo (ex opere operatum)8. Anfase na eficcia dos sacramentos como meio de graa e do papel dos sacerdotes comointermedirios entre Deus e o homem teve um efeito poderoso na exaltao do poder doclero. Apesar disso, para muitos fiis tais medidas no bastaram.

    No anseio pelo retorno igreja dos primeiros sculos, pautada nos valores dos Evangelhos,surgiram dentro da prpria igreja novas formas de vida religiosa, as ordens mendicantes:

    , , e os . Essas ordens religiosasdesejavam e mantiveram-se submissas liderana da Igreja.Em Milo, Lombardia e no sul da Frana floresceram movimentos de reforma que tinhamcomo caracterstica marcante a , tais como os e .Esses grupos, diferentemente dos primeiros, desafiaram a autoridade da Igreja, por isso

    foram duramente perseguidos. Para suprimir o desenvolvimento dos grupos dissidentes aIgreja organizou as (extermnio da heresia pela fora das armas) e instituiu a(corte eclesistica encarregada de localizar e julgar os hereges).

    A ruptura profundamente traumtica que se deu na igreja do sculo XVI, com MartinhoLutero, teve antecedentes significativos nesses movimentos surgidos no incio do segundomilnio, porm, possvel destacar o nome de dois padres, considerados os precursoresmais importantes da Reforma protestante. So eles: e .

    8 Os donatistas negavam a eficcia dos sacramentos caso fossem administrados por algum que merecia aexcomunho (ex opere operantis). Lutero usou esta ltima expresso num outro sentido, afirmando que osacramento s eficaz quando a pessoa que o recebe faz bom uso dele pela f. Cf. LUTERO, Martinho. Obrasselecionadas, p. 437, nota 28.9 Franciscanos: ordem inspirada na vida e na obra de Francisco de Assis. Dominicanos: fundada em 1216 porSo Domingos de Caleruega, praticamente na mesma poca do surgimento dos franciscanos, teve como

    misso a pregao da doutrina crist e a converso dos os hereges. Carmelitas: ordem mendicante surgida nosculo XI fundada por eremitas no monte Carmelo, da a designao carmelitas. Eremitas agostinianos:unio de diversos grupos eremitas numa ordem com constituio mendicante sob a tradio agostiniana(como determinava a bula Licet Ecclesiae Catholicae, 1256).