temperos picantes para uma vida longa

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50 SAÚDE & BEM-ESTAR O GLOBO 2 a Edição Domingo, 22 de janeiro de 2012 l Entre as culinárias orientais, a tailan- desa é considerada a mais saudável. Tu- do por causa da preferência por saladas que misturam legumes, grãos e frutas, carnes brancas (sobretudo peixes e frangos) e temperos fortes, como a pi- menta dedo-de-moça. No restaurante carioca My Thai, em Botafogo, a chef Vi- tória Taborda usa produtos orgânicos nos pratos e diz que a culinária tailande- sa se destaca por ser saudável e saboro- sa. Uma razão disso é o seu cozimento na panela wok, em fogo alto, permitindo a preservação dos valores nutritivos dos ingredientes. — Fazemos a combinação de ingredi- entes e temperos num elegante equilí- brio de sabores doces, salgados, aze- dos, ácidos e picantes com diferentes texturas, como a dos legumes crocantes e a das carnes macias — diz Vitória, lem- brando que a pimenta dedo-de-moça é ótima para dar sabor e favorece a saúde. — Tenho amigos que deixaram de se queixar de problemas digestivos depois que passaram a comer pimentas com moderação. Só não se pode deixá-las co- zinhar por muito tempo. As pimentas também parecem funcio- nar contra a aterosclerose. Pelo menos reduziram o colesterol total de cobaias de laboratório, numa pesquisa feita em parte na PUC-RS e na USP. Nesta experi- ência, os animais receberam dieta nor- mal (ração) e água à vontade, e ainda ex- trato de pimenta-dedo-de moça, explica a nutricionista Márcia Keller Alves, que participou do estudo. — Além de reduzir o colesterol, a pi- menta mostrou ser um anti-inflamatório poderoso e um excelente antioxidante, importante para combater o envelheci- mento celular e a oxidação — diz a pro- fessora da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves (RS). — Falta saber se o mes- mo efeito de redução de colesterol acon- tece em humanos. (Antônio Marinho) Culinária tailandesa: misturas saudáveis Preferência por cereais, saladas e temperos fortes é o destaque na cozinha oriental Guito Moreto O CURRY vermelho leva pimenta dedo-de-moça, uma importante protetora das células l A secretária de Estado Hillary Clinton costuma dizer em entre- vista que um dos segredos de sua impressionante disposição para cumprir uma agenda agita- da de trabalho é consumir pi- menta todos os dias. Agora, as pesquisas científicas revelam que ela tem razão. Conhecida pe- lo seu odor característico e sa- bor picante, mas também por seu efeito anti-inflamatório e analgésico, a família das pimen- tas, que inclui o pimentão, está se tornando um santo remédio para males crônicos. Recente pesquisa americana sugere que substâncias destas plantas e de outras especiarias, como o aça- frão-da-Índia (curcuma), são po- tentes anticancerígenos porque ajudam a controlar o ritmo de crescimento das células. Este efeito é causado, em parte, pela capsaicina, a responsável pelo ardor da planta. Novos estudos indicam também que as pimen- tas reduzem o colesterol e alivi- am enxaquecas. Uma boa notícia para os brasileiros, já que o país tem grande diversidade dessas plantas. Tanto que elas são alvos de estudos da Empresa Brasilei- ra de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O pesquisador Bharat Ag- garwal, do Departamento de Te- rapêutica Experimental da Uni- versidade do Texas, nos Estados Unidos, afirma que as especiari- as, em especial as pimentas, pre- vinem e ajudam a tratar doenças crônicas. De acordo com o pes- quisador, os temperos picantes têm a capacidade de inativar as proteínas que são conhecidas como NF kappa B. Por que isto é importante? Porque o complexo proteico fator nuclear kappa B age co- mo um interruptor do controle das inflamações e do cresci- mento celular no organismo. Então cientistas acreditam que, ao bloquear este comple- xo, reduzem o crescimento descontrolado de células, ou seja, previnem a tendência ao descontrole celular e ao cân- cer. E mesmo pacientes de câncer poderiam se benefici- ar, porque as substâncias con- tidas nas pimentas permitiri- am uma resposta melhor do organismo ao tratamento com drogas quimioterápicas. — Bloquear estas proteínas do complexo NF kappa B é uma forma de diminuir inflamações que levam a doenças crônicas, inclusive problemas coronari- anos, Mal de Alzheimer, osteo- porose, artrite e outros males autoimunes, como esclerose — afirma o pesquisador india- no, radicado na Universidade do Texas. Também pesquisadores do Cedars-Sinai Medical Center, nos Estados Unidos, constataram que a capsaicina impede a proli- feração de células malignas no câncer de próstata. Num estudo publicado na revista científica “Cancer Research”, os autores observaram que os tumores tra- tados com capsaicina tornaram- se menores. Esta pesquisa foi feita com co- baias, geneticamente modifica- das em laboratório, que conti- nham células humanas de cân- cer de próstata. Os animais rece- beram uma dose de extrato de pimenta equivalente a 400mg de capsaicina, três vezes por sema- na, quantidade equivalente ao que seria consumido por um ho- mem de 91kg. Ou seja, bem aci- ma do normal para cobaias de la- boratório. E os cientistas se mos- tram otimistas com o resultado. Afirmam que a substância que deixa a pimenta ardida, presente na inserção da semente no fruto, deverá ter aplicação farmacoló- gica no futuro, na fabricação de remédios para o controle da pro- liferação desordenada de células no organismo. Além disto, já foi comprova- do que a capsaicina é um exce- lente anti-inflamatório. O cien- tista Edemilson Cardoso da Conceição, do Laboratório de PD&I de Fitoterápicos, Fito- cosméticos e Nutracêuticos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goi- ás, diz que a capsaicina é tam- bém analgésica. Por exemplo, ela inibe a substância P, que, ao ser liberada nas articula- ções, ativa a inflamação relaci- onada à artrite reumatoide. — Já se receitam fórmulas de aplicação local para o alívio da dor, nesses casos. Mas, para enxaqueca, ainda não há com- provação de eficácia; apenas evidências — comenta Cardo- so, que também faz pesquisas em parceria com a Embrapa. — Por enquanto, não há dados confiáveis para afirmar que as pimentas queimam gordura e teriam efeito na redução do peso corporal. A nutricionista Márcia Kel- ler, professora da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves (RS), acredita que o consumo de pimenta ajuda nos casos de colesterol elevado: — Para pessoas com LDL alto, a fração nociva, recomendo o consumo frequente de pimenta. A melhor maneira de consumir o tempero é in natura; comer a pi- menta crua, junto com a refeição. É melhor iniciar aos poucos este hábito alimentar, consumindo as menos picantes, como as pimen- tas biquinho e cambuci, para, em seguida, experimentar as mais ardidas, como é o caso da pimen- ta dedo-de-moça. As pesquisas também reve- lam que as pimentas são ricas em carotenoides e em vitami- na C, ambos com efeitos antio- xidantes. E com um lembrete aos chefs de cozinha e aman- tes da culinária: quanto mais ardida, melhor!n Temperos picantes para uma vida longa Pesquisas comprovam que extratos de pimentas reduzem o colesterol e ajudam a retardar o envelhecimento precoce Antônio Marinho [email protected] Fotos de Simone Marinho A FAMÍLIA das pimentas vermelhas contém substâncias caraotenoides, pigmentos que agem como potentes antioxidantes e previnem doenças crônicas como câncer e as cardíacas. As verdes são ricas em vitamina C A ardência das pimentas ge- ralmente é medida numa uni- dade de calor chamada de Escala de Scoville, uma ho- menagem ao químico Wilbur Scoville, que desenvolveu o método. Hoje, em farmácia, existem métodos mais preci- sos, mas o índice continua valendo. E, quanto mais capsaicina, mais ardida. Para se ter ideia, esta substância pura equiva- le a 15 milhões de unidades Scoville. A pimenta indiana Naga Jolokia tem de 855 mi- lhões a1. 041.427 nesta esca- la. A Habanero chega a 300 mil unidades e a Thai Pepper e a Malagueta variam de 50 mil a 100 mil. Segundo o pes- quisador Edemilson Cardo- so, não é preciso comer as mais picantes para verificar efeitos benéficos no organis- mo. Se for muito ardida, ela vai irritar o estômago e os in- testinos, em vez de facilitar a digestão. — E vai interferir no sabor de outros alimentos — diz. Na opinião da nutricionista Márcia Keller, esta recomen- dação é ainda mais importan- te para pessoas com síndro- me do intestino irritável. — Pimentas sozinhas não são um santo remédio. Elas devem ser consumidas nu- ma alimentação balanceada, associada a outros hábitos saudáveis. n a Ardor é medido numa escala l Exame usado no diagnóstico de problemas como obstru- ções coronarianas e altera- ções da tireoide, a cintilogra- fia ganhou nova aplicação: vem sendo capaz de mostrar, também, se o paciente tem Mal de Parkinson e em que grau. A técnica teve sua utili- dade pesquisada por médicos do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, e já está sendo em- pregada no Hospital Pró-Car- díaco, no Rio. A vantagem é que ela torna mais fácil deter- minar se o paciente tem mes- mo Parkinson, uma vez que os tremores, um dos principais sintomas da doença, podem ter várias outras causas. — Com o envelhecimento da população em países como o Brasil, a incidência da Doença de Parkinson vem aumentando — diz Cláudio Tinoco, coorde- nador do Serviço de Medicina Nuclear do Pró-Cardíaco. — Sa- be-se que ela decorre da perda acelerada e importante do neu- rotransmissor dopamina, que até certo ponto é normal, a par- tir dos 40 anos. Na técnica des- crita pelo Einstein, injeta-se o ra- diotraçador Trodat-1, capaz de se ligar aos neurônios produto- res de dopamina, na veia do pa- ciente que será submetido à cin- tilografia. Se houver pouca pro- dução de dopamina no cérebro, a substância aparecerá em pou- ca quantidade na imagem do exame, o que permite um diag- nóstico mais preciso: se alguém tem tremores mas seu nível de dopamina é normal, está excluí- da a hipótese de Parkinson. Segundo a OMS, 1% da popu- lação mundial sofre desta doen- ça degenerativa do sistema ner- voso, e o número deve dobrar até 2040. No Brasil, há cerca de 250 mil casos. Além dos tremo- res, os principais sintomas são rigidez nos braços e pernas, ins- tabilidade postural (o que eleva o risco de quedas) e bradicine- sia (movimentação lenta). No Pró-Cardíaco, a cintilo- grafia é feita num aparelho SPECT/CT, usado também pa- ra tomografias — o que permi- te fundir as imagens dos dois exames, para obter um pano- rama mais acurado. No caso do Parkinson, a equipe usa, além da cintilografia, a tomo- grafia do crânio para analisar a distribuição dos neurônios produtores de dopamina. Al- guns planos de saúde cobrem a cintilografia pedida com este fim, diz Cláudio Tinoco. O exa- me custa R$ 2.105.n Nova forma de diagnosticar Parkinson Técnica, já disponível no Rio, usa a cintilografia para determinar gravidade Lilian Fernandes [email protected] Laura Marques O SPECT/CT, aparelho usado para fazer cintilografia e tomografia no Pró-Cardíaco: diagnóstico mais preciso, graças à fusão de imagens

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Page 1: Temperos picantes para uma vida longa

50 • SAÚDE & BEM-ESTAR O GLOBO 2a Edição Domingo, 22 de janeiro de 2012

l Entre as culinárias orientais, a tailan-desa é considerada a mais saudável. Tu-do por causa da preferência por saladasque misturam legumes, grãos e frutas,carnes brancas (sobretudo peixes efrangos) e temperos fortes, como a pi-menta dedo-de-moça. No restaurantecarioca My Thai, em Botafogo, a chef Vi-tória Taborda usa produtos orgânicosnos pratos e diz que a culinária tailande-sa se destaca por ser saudável e saboro-sa. Uma razão disso é o seu cozimentona panela wok, em fogo alto, permitindoa preservação dos valores nutritivosdos ingredientes.

— Fazemos a combinação de ingredi-entes e temperos num elegante equilí-brio de sabores doces, salgados, aze-dos, ácidos e picantes com diferentestexturas, como a dos legumes crocantese a das carnes macias — diz Vitória, lem-brando que a pimenta dedo-de-moça éótima para dar sabor e favorece a saúde.— Tenho amigos que deixaram de sequeixar de problemas digestivos depoisque passaram a comer pimentas commoderação. Só não se pode deixá-las co-zinhar por muito tempo.

As pimentas também parecem funcio-nar contra a aterosclerose. Pelo menosreduziram o colesterol total de cobaiasde laboratório, numa pesquisa feita emparte na PUC-RS e na USP. Nesta experi-ência, os animais receberam dieta nor-mal (ração) e água à vontade, e ainda ex-trato de pimenta-dedo-de moça, explicaa nutricionista Márcia Keller Alves, queparticipou do estudo.

— Além de reduzir o colesterol, a pi-

menta mostrou ser um anti-inflamatóriopoderoso e um excelente antioxidante,importante para combater o envelheci-mento celular e a oxidação — diz a pro-

fessora da Faculdade Cenecista de BentoGonçalves (RS). — Falta saber se o mes-mo efeito de redução de colesterol acon-tece em humanos. (Antônio Marinho)

Culinária tailandesa: misturas saudáveisPreferência por cereais, saladas e temperos fortes é o destaque na cozinha oriental

Guito Moreto

O CURRY vermelho leva pimenta dedo-de-moça, uma importante protetora das células

l A secretária de Estado HillaryClinton costuma dizer em entre-vista que um dos segredos desua impressionante disposiçãopara cumprir uma agenda agita-da de trabalho é consumir pi-menta todos os dias. Agora, aspesquisas científicas revelamque ela tem razão. Conhecida pe-lo seu odor característico e sa-bor picante, mas também porseu efeito anti-inflamatório eanalgésico, a família das pimen-tas, que inclui o pimentão, estáse tornando um santo remédiopara males crônicos. Recentepesquisa americana sugere quesubstâncias destas plantas e deoutras especiarias, como o aça-frão-da-Índia (curcuma), são po-tentes anticancerígenos porqueajudam a controlar o ritmo decrescimento das células. Esteefeito é causado, em parte, pelacapsaicina, a responsável peloardor da planta. Novos estudosindicam também que as pimen-tas reduzem o colesterol e alivi-am enxaquecas. Uma boa notíciapara os brasileiros, já que o paístem grande diversidade dessasplantas. Tanto que elas são alvosde estudos da Empresa Brasilei-ra de Pesquisa Agropecuária(Embrapa).

O pesquisador Bharat Ag-garwal, do Departamento de Te-rapêutica Experimental da Uni-versidade do Texas, nos EstadosUnidos, afirma que as especiari-as, em especial as pimentas, pre-vinem e ajudam a tratar doençascrônicas. De acordo com o pes-quisador, os temperos picantestêm a capacidade de inativar asproteínas que são conhecidascomo NF kappa B.

Por que isto é importante?Porque o complexo proteicofator nuclear kappa B age co-mo um interruptor do controledas inflamações e do cresci-mento celular no organismo.Então cientistas acreditamque, ao bloquear este comple-xo, reduzem o crescimentodescontrolado de células, ouseja, previnem a tendência aodescontrole celular e ao cân-cer. E mesmo pacientes decâncer poderiam se benefici-ar, porque as substâncias con-tidas nas pimentas permitiri-am uma resposta melhor doorganismo ao tratamento com

drogas quimioterápicas.— Bloquear estas proteínas

do complexo NF kappa B é umaforma de diminuir inflamaçõesque levam a doenças crônicas,inclusive problemas coronari-anos, Mal de Alzheimer, osteo-porose, artrite e outros malesautoimunes, como esclerose— afirma o pesquisador india-no, radicado na Universidadedo Texas.

Também pesquisadores doCedars-Sinai Medical Center, nosEstados Unidos, constataramque a capsaicina impede a proli-feração de células malignas nocâncer de próstata. Num estudopublicado na revista científica“Cancer Research”, os autores

observaram que os tumores tra-tados com capsaicina tornaram-se menores.

Esta pesquisa foi feita com co-baias, geneticamente modifica-das em laboratório, que conti-nham células humanas de cân-cer de próstata. Os animais rece-beram uma dose de extrato depimenta equivalente a 400mg decapsaicina, três vezes por sema-na, quantidade equivalente aoque seria consumido por um ho-mem de 91kg. Ou seja, bem aci-ma do normal para cobaias de la-boratório. E os cientistas se mos-tram otimistas com o resultado.Afirmam que a substância quedeixa a pimenta ardida, presentena inserção da semente no fruto,

deverá ter aplicação farmacoló-gica no futuro, na fabricação deremédios para o controle da pro-liferação desordenada de célulasno organismo.

Além disto, já foi comprova-do que a capsaicina é um exce-lente anti-inflamatório. O cien-tista Edemilson Cardoso daConceição, do Laboratório dePD&I de Fitoterápicos, Fito-cosméticos e Nutracêuticosda Faculdade de Farmácia daUniversidade Federal de Goi-ás, diz que a capsaicina é tam-bém analgésica. Por exemplo,ela inibe a substância P, que,ao ser liberada nas articula-ções, ativa a inflamação relaci-onada à artrite reumatoide.

— Já se receitam fórmulas deaplicação local para o alívio dador, nesses casos. Mas, paraenxaqueca, ainda não há com-provação de eficácia; apenasevidências — comenta Cardo-so, que também faz pesquisasem parceria com a Embrapa.— Por enquanto, não há dadosconfiáveis para afirmar que aspimentas queimam gordura eteriam efeito na redução dopeso corporal.

A nutricionista Márcia Kel-ler, professora da FaculdadeCenecista de Bento Gonçalves(RS), acredita que o consumode pimenta ajuda nos casos decolesterol elevado:

— Para pessoas com LDL alto,

a fração nociva, recomendo oconsumo frequente de pimenta.A melhor maneira de consumir otempero é in natura; comer a pi-mentacrua, juntocomarefeição.É melhor iniciar aos poucos estehábito alimentar, consumindo asmenos picantes, como as pimen-tas biquinho e cambuci, para, emseguida, experimentar as maisardidas, comoéocasodapimen-ta dedo-de-moça.

As pesquisas também reve-lam que as pimentas são ricasem carotenoides e em vitami-na C, ambos com efeitos antio-xidantes. E com um lembreteaos chefs de cozinha e aman-tes da culinária: quanto maisardida, melhor!n

Temperos picantes para uma vida longaPesquisas comprovam que extratos de pimentas reduzem o colesterol e ajudam a retardar o envelhecimento precoce

Antônio [email protected]

Fotos de Simone Marinho

A FAMÍLIA das pimentas vermelhas contém substâncias caraotenoides, pigmentos que agem como potentes antioxidantes e previnem doenças crônicas como câncer e as cardíacas. As verdes são ricas em vitamina C

A ardência das pimentas ge-ralmente é medida numa uni-dade de calor chamada deEscala de Scoville, uma ho-menagem ao químico WilburScoville, que desenvolveu ométodo. Hoje, em farmácia,existem métodos mais preci-sos, mas o índice continuavalendo.E, quanto mais capsaicina,mais ardida. Para se ter ideia,esta substância pura equiva-le a 15 milhões de unidadesScoville. A pimenta indianaNaga Jolokia tem de 855 mi-lhões a 1. 041.427 nesta esca-la. A Habanero chega a 300mil unidades e a Thai Peppere a Malagueta variam de 50mil a 100 mil. Segundo o pes-quisador Edemilson Cardo-so, não é preciso comer asmais picantes para verificarefeitos benéficos no organis-mo. Se for muito ardida, elavai irritar o estômago e os in-testinos, em vez de facilitar adigestão.— E vai interferir no sabor deoutros alimentos — diz.Na opinião da nutricionistaMárcia Keller, esta recomen-daçãoéaindamais importan-te para pessoas com síndro-me do intestino irritável.— Pimentas sozinhas nãosão um santo remédio. Elasdevem ser consumidas nu-ma alimentação balanceada,associada a outros hábitossaudáveis.

na Ardor é medidonuma escala

l Exame usado no diagnósticode problemas como obstru-ções coronarianas e altera-ções da tireoide, a cintilogra-fia ganhou nova aplicação:vem sendo capaz de mostrar,também, se o paciente temMal de Parkinson e em quegrau. A técnica teve sua utili-dade pesquisada por médicosdo Hospital Albert Einstein, deSão Paulo, e já está sendo em-pregada no Hospital Pró-Car-díaco, no Rio. A vantagem éque ela torna mais fácil deter-minar se o paciente tem mes-

mo Parkinson, uma vez que ostremores, um dos principaissintomas da doença, podemter várias outras causas.

— Com o envelhecimento dapopulação em países como oBrasil, a incidência da Doençade Parkinson vem aumentando— diz Cláudio Tinoco, coorde-nador do Serviço de MedicinaNuclear do Pró-Cardíaco. — Sa-be-se que ela decorre da perdaacelerada e importante do neu-rotransmissor dopamina, queaté certo ponto é normal, a par-tir dos 40 anos. Na técnica des-crita pelo Einstein, injeta-se o ra-diotraçador Trodat-1, capaz dese ligar aos neurônios produto-

res de dopamina, na veia do pa-ciente que será submetido à cin-tilografia. Se houver pouca pro-dução de dopamina no cérebro,a substância aparecerá em pou-ca quantidade na imagem doexame, o que permite um diag-nóstico mais preciso: se alguémtem tremores mas seu nível dedopamina é normal, está excluí-da a hipótese de Parkinson.

Segundo a OMS, 1% da popu-lação mundial sofre desta doen-ça degenerativa do sistema ner-voso, e o número deve dobraraté 2040. No Brasil, há cerca de250 mil casos. Além dos tremo-res, os principais sintomas sãorigidez nos braços e pernas, ins-

tabilidade postural (o que elevao risco de quedas) e bradicine-sia (movimentação lenta).

No Pró-Cardíaco, a cintilo-grafia é feita num aparelhoSPECT/CT, usado também pa-ra tomografias — o que permi-te fundir as imagens dos doisexames, para obter um pano-rama mais acurado. No casodo Parkinson, a equipe usa,além da cintilografia, a tomo-grafia do crânio para analisar adistribuição dos neurôniosprodutores de dopamina. Al-guns planos de saúde cobrema cintilografia pedida com estefim, diz Cláudio Tinoco. O exa-me custa R$ 2.105.n

Nova forma de diagnosticar ParkinsonTécnica, já disponível no Rio, usa a cintilografia para determinar gravidade

Lilian [email protected]

Laura Marques

O SPECT/CT, aparelho usado para fazer cintilografia e tomografia noPró-Cardíaco: diagnóstico mais preciso, graças à fusão de imagens

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