telmo keim

60
© 1997-2010 www.guiarioclaro.com.br - 20.000 exemplares - distribuição gratuita ano 3 número 27 - janeiro 2010

Upload: telmo-keim

Post on 12-Mar-2016

240 views

Category:

Documents


16 download

DESCRIPTION

FASHION ,ART PORTRAITS

TRANSCRIPT

Page 1: TELMO KEIM

© 19

97-2

010

ww

w.gu

iario

clar

o.co

m.b

r - 2

0.00

0 ex

empl

ares

- d

istrib

uiçã

o gr

atui

ta

ano 3 número 27 - janeiro 2010

Page 2: TELMO KEIM

2

Page 3: TELMO KEIM

3

Page 4: TELMO KEIM

Editor-executivo: Carlos Marques

MTB 56.683 [email protected]

Editora-assistente: Lilian Cruz

[email protected]

Redação: Daniel Marcolino, Gilson Santulo,

Marcos Abreu e Rafael Moraes [email protected]

Criação: Leonardo Hutter e Silvia Helena [email protected]

Atendimento: Angela Amaral, Otília Zanini

[email protected]

Tecnologia da Informação: Elton Hilsdorf Neves

[email protected]

Financeiro: Neliane Favaretto

[email protected]

Cadastro: Jair Senne

[email protected]

Edição e Produção: enfase - assessoria & comunicação

Avenida Sete, 540 - Andar Superior 13500-370 - Rio Claro/SP

Fone: 19 2111.5057

Impressão: Gráfica Mundo www.graficamundo.com.br

Tiragem: 20.000 exemplares

Distribuição gratuita nas cidades de Rio Claro, Araras, Piracicaba, Santa

Gertrudes e Cordeirópolis.

Page 5: TELMO KEIM

5

Page 6: TELMO KEIM
Page 7: TELMO KEIM

Editorial

Em Verão on the Rocks, Larissa e Júnior.

Foto: Telmo Keim

Capa

Este ano, faça seu pudimPor que se contentar com o ‘pudim em pó’ quan-

do podemos fazer nosso próprio ‘pudim’? Ainda que não se saiba como, existe a possibilidade de expe-rimentar e essa é a palavra para se acrescentar ao vocabulário em 2010.

Fazer de forma diferente o que se faz sempre pode significar a saída da mesmice que se resume a uma busca desenfreada por um tipo de felicidade que está sempre um passo a nossa frente. Do modelo de carro do ano – que no meio do ano se tornará mo-delo do ano passado –, às promessas de felicidade que são vendidas em livros de autoajuda.

Dois mil e dez passará rápido para desperdiçarmos as oportunidades de se fazer um ‘pudim’ diferente. Logo será Carnaval, que a cada ano se parece mais com uma corrida de cavalos já que o samba tem hora para passar e acabar, onde a alegoria tomou o lugar da alegria e a felicidade se resume à conquista de uma taça para uns, enquanto se transforma em crítica e desconfiança para outros.

Logo depois, a euforia tomará as telas de plas-ma, LED e LCD em tamanhos inimagináveis até bem pouco tempo. Em um mês, veremos o quanto somos bons com a bola sem se dar conta que o que está em jogo é uma indústria que faz de meia dúzia cra-ques, enquanto a maioria permanecerá entretida até o próximo evento.

Mais três meses e vão tentar fazer você acreditar que seu voto pode fazer alguma diferença, para de-pois tudo voltar a ser como agora. O que poderá mu-dar são as cores das cuecas e das meias já que o ‘real’ será o mesmo, apenas um pouco mais desvalorizado.

Em 2010 prefira o conteúdo à embalagem para não restar vazio. Quanto ao jeans que você usa, não es-queça de acrescentar personalidade a ele. Caso con-trário, tudo poderá parecer como um ‘espelho’ se você apenas acrescentar água ao ‘pudim em pó’.

Recicle-se, faça diferente. Um grande ano para você e boa leitura!

Carlos Marques

SumárioBazar ................................................8

Entrevista ...................................12Esportes .....................................22Comportamento ....................27

Verão on the Rocks ....30 a 44Tecnologia .............................. 46Turismo .................................... 48

Casa & Cia .............................. 50

Gastronomia ......................... 54Contraponto .......................... 58

Page 8: TELMO KEIM

Bazar

Mais um ano zero-quilômetro para rodar na história. Se a geometria da vida pede um novo caminho, eis alguns instrumentos para as direções de 2010.

Os traços e materiais outrora presentes em filmes de ficção podem compor decorações diferenciadas. As cadeiras de acrílico com base fixa cromada agregam conforto e modernidade para sair do trivial.

Preço: R$ 950,00Godoy Equipamentos para Escritórios 19 3534.3733

O futuro na sala de estar

Pisando em tecnologia

Não é mais necessário um tênis para caminhadas e outro para corridas. O tênis Reebok Smoothfit Selectride tem um botão determinante que permite propulsão e eficiência diferenciadas para caminhadas, corridas e treinos. Passos confortáveis estão garantidos com palmilha antimicrobial e sistema sem costuras e emendas.

Preço: R$ 599,00 Sapataria Lago Azul 19 3534.5448

8

Page 9: TELMO KEIM

Adrenalina para o ano todo

A manobra fantástica, a pedalada radical ou o mergulho libertador merecem registros além do que apenas sua retina é capaz de captar. Compartilhe cenas com a câmera ATC-3K da Oregon que permite filmagens embaixo d’água, em terrenos com solavancos e vento forte.

Preço: R$ 799,00VirtuAll Solutions Informática e Eletrônicos 19 3523.1514

As emoções em ebulição do novo ano podem inspirar cantores amadores. Se o chuveiro fizer parte da plateia, que ele seja colorido e amigo do meio ambiente. A ducha Rainbow da Grohe oferece um banho relaxante com redução de até 40% de água.

A partir de R$ 386,00Vallvé 11 3060.2449 - www.vallve.com.br

9

Quem canta…

Page 10: TELMO KEIM

10

Bazar

Mais do que alimento, o açaí é o fruto nobre em elementos hidratantes. Os sabonetes e cremes preparados com essa iguaria amazônica proporcionam maciez intensa para as partes mais ressecadas do corpo, como pernas, pés e cotovelos.

Vá de leve

A história de Ayrton Senna em doses diárias é a fórmula desafiadora da agenda Esporte com Arte 2010. A cada página, frames e frases da carreira do tricampeão de Fórmula 1 e espaço para os cinco dias do calendário vigente.

Preço: R$ 59,90 com 100% do valor da imagem de Ayrton destinado aos programas educacionais do Instituto Ayrton Senna.Livraria Siciliano 19 3533.1073 - www.siciliano.com.br

Inspiração de campeão

Preço: R$ 21,90 para o creme Preçoço: R$ 13,90 para a caixa com três unidades de sabonetesNatura – www2.natura.net

Se a volta às aulas já é assunto entre pais e filhos, a mochila nova pode renovar a motivação para novas e marcantes aventuras.

Barbie Mosqueteira – Preço R$ 157,00Ben 10 – Preço R$ 21,90Papelaria Escriba 19 3534.9234

Para carregar a história

Page 11: TELMO KEIM

11

Page 12: TELMO KEIM

Você conheceu a música ainda criança. Músicos amigos de seu pai que frequentavam sua casa e personagens como sua avó lhe influenciaram com o gosto por instrumentos como o bandolim e o violão. Mas desde essa época sua onda já era o samba? Como esse ritmo tocou seu coração?O samba sempre esteve presente em minha casa. E eu sempre fui apaixonada pelo samba, quando criança eu não podia ver um surdo ou um pandeiro que ficava fascinada. Eu era carnavalesca, assim como minha mãe, e fazíamos parte de uma família classe média, mas naquela época ainda não era difícil o acesso ao morro. Na década de 70 a gente podia frequentar o morro tranquilamente. Fui conhecendo sambistas e me apaixonando cada vez mais pelo ritmo. Minha avó tocava bandolim. Eu toco violão e cavaquinho. Mas, sou aberta a ouvir outros ritmos, sempre fui. Em casa sempre teve música erudita, francesa, italiana, espanhola e cubana. A bossa nova, que é um braço do samba, também me influenciou muito, aprendi a tocar violão com a bossa nova.

Em 1964, seu pai, João Francisco Leal de Carvalho, foi cassado pela ditadura e você, aos 18 anos, passou a dar aulas de violão. A música era um refúgio? Nesta época, teve alguma inspiração?A música foi meu instrumento de vida e é meu instrumento até hoje. Era uma época que os sambistas faziam músicas de protesto e a gente tentava passar recados de nosso descontentamento nas entrelinhas. Eu sempre fui muito ligada a assuntos políticos, porque minha casa sempre respirou política. Meu

Ativista do sambapor Lilian Cruz | Fotos: Thiago Côrtes

Uma das principais intérpretes do samba, com destreza ímpar, batiza seguidores e reacende o respeito por um ritmo autêntico do Brasil

Para quem gosta de samba, o início de ano sintetiza uma efervescência de sentimentos e ações. Os ponteiros do relógio parecem disparar e o tempo dá sinais de esgotamento, na graduação entre ensaios nas quadras de escolas, agendas comprometidas com a confecção de fantasias e a inevitável ansiedade dos dias que virão. Eis que, o carnaval finalmente se despede da hibernação.

Para Beth Carvalho, o início do ano é tempo como qualquer outro. É o constante exercício de inalar acordes e deixá-los cozinhar em seu íntimo, inflamando veias e ressoando em sua voz. Desde sempre, a engrenagem da vida de Beth é movida por algo que transcende barracões de alegorias e instrumentos de percussão. O ritmo que ela resume como paixão é o elo de amizade com baluartes consagrados e futuros bambas.

A moça de classe média que desafiou as convenções da década de 70 é a homenageada do ano da Estação Primeira de Mangueira e, entre um enredo e tantos outros; fala com a Drops sobre seu passo ritmado, rumo à alegria de viver de samba em mais um carnaval.

Entrevista

12

Page 13: TELMO KEIM

“O samba é revolucionário porque é a crônica do dia-a-dia do povo brasileiro. ”

Page 14: TELMO KEIM

Entrevista

pai era de esquerda e eu tive uma influência muito grande dele, graças a Deus. Desde jovem aprendi a importância de se ter uma visão política do mundo e considero que ter essa visão é fundamental para qualquer profissão, especialmente para o artista. O artista que tem uma visão política mais ampliada consegue realmente alcançar seu público. Nessa época, teve o disco Guerra de um Poeta. Te digo que não é meu forte compor, eu fiz poucas músicas, quase todas foram gravadas, eu sou mais da interpretação. Essa minha postura ativista sempre atraiu músicas com mensagens sociais, que falavam do saco de feijão, olho por olho, salário mínimo. Todas em um contexto social. Virada, que gravei em 1982, virou hino das Diretas Já. (Beth canta como se estivesse conversando) “O que adianta eu trabalhar demais, se o que eu ganho é pouco, se cada dia eu vou mais pra trás, nessa vida, levando soco. E quem tem muito tá querendo mais, e quem não tem tá no sufoco, vamos lá rapaziada, tá na hora da virada, vamos dar o troco”. Essa música entrava nos comícios das Diretas. E outras músicas que eu cantava sempre foram usadas na vida política do país.

Esse engajamento já lhe fez pensar em se candidatar a algum cargo político?(Beth ri) Não, jamais. Deus me livre...

Em 2001, você liderou ao lado do Lobão um movimento pela numeração dos CDs. Após isso, ficou cerca de três anos sem gravar por sofrer boicotes das gravadoras. O espírito revolucionário e questionador foi herança de seu pai? Olha, cantar samba é um ato revolucionário. Eu, uma mulher, cantora classe média, vinda

da Zona Sul do Rio de Janeiro. O samba é revolucionário porque é a crônica do dia-a-dia do povo brasileiro. Quem quer saber como o povo está, deve ouvir samba. No samba estão as mazelas, as pequenas alegrias, os sonhos e pesadelos do povo, porque os compositores de samba são gente do povo. Eu e Lobão conseguimos colocar os números nos discos. Vejo hoje o mercado com novos talentos, uma nova geração. Essa possibilidade de divulgar a música na Internet é muito fértil por ser uma mídia imediata. Da sua casa, você fica sabendo de tudo. Mas, há o lado negativo, agora todo mundo pode gravar, não há mais critério de seleção. Na época dos LPs, por exemplo, havia uma seleção maior, porque era necessário a

“Meu pai era de esquerda na época da ditadura e eu tive uma influência muito

grande dele, graças a Deus, aprendi desde jovem a importância de se ter

uma visão política do mundo. ”

14

Page 15: TELMO KEIM

15

Page 16: TELMO KEIM

16

Page 17: TELMO KEIM

Entrevista

indústria, a gravadora, o contrato. Hoje todo mundo grava. Está mais democratizado, isso é verdade. E a escolha fica a critério do público.

E nesses anos, o que mudou na Beth? Sempre quis ter meus masters. Fui a primeira artista a ser dona do próprio master. Comecei com o master do Beth Carvalho Montré e agora sou dona de vários outros como o DVD Beth cantora da Bahia e Beth no Teatro Municipal. Ganho mais royalties pelas músicas e tenho um relacionamento de igual para igual com as gravadoras. Me considero empresária da música há muito tempo, criei a BC Produções e passei a colocar pessoas trabalhando para mim. Paguei salário e essa foi minha resposta para a ditadura. Fiz minha carreira com a minha gente. Até pra poder dizer não pra ditadura. Eles faziam muitos shows como as Olimpíadas do Exército e eu dizia que nunca tinha data para tocar nesses shows.

Beth, como carioca da gema, você foi escolhida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro para entregar a Fidel Castro o título de Cidadão Honorário da cidade. Descreva o Fidel que você conheceu.

Muito me honrou ser escolhida para essa homenagem. Tive a oportunidade de conhecer o Fidel antes, em Cuba, ainda nos anos 80. Estive lá três vezes e em uma delas estive com Fidel. Ele é um homem fantástico, muito inteligente, engraçado e irônico. Sabe tudo do Brasil e sabe de política mundial. É um sábio. Uma pessoa que ama o povo cubano. E digo algo que a mídia não costuma publicar, sei que o Fidel disseminou uma cultura que colabora, inclusive, com os povos mais pobres americanos. Isso ninguém sabe. Os Estados Unidos não divulgam. Os cubanos encaminham médicos para os pobres dos Estados Unidos, assim como fazem com outros povos. Considero um motivo de orgulho ter entregue esse título. O Fidel é um dos meus ídolos por toda sua luta e amor por Cuba.

Beth madrinha. Esse título que revela artistas

“Quero continuar sendo como sou. Nunca vou deixar de ser guerrreira, abraçar causas que acho que tenho

que abraçar. Tenho um projeto de cantar músicas revolucionárias

latinoamericanas. ”

17

Page 18: TELMO KEIM

Entrevista

como Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Aragão e outros nomes do samba. A madrinha só batiza ou tem uma relação de aconselhamento com seus “afilhados”? Como acontecem esses encontros?Olha, sou madrinha com muito orgulho desse pessoal. Me encontrava muito com eles durante o tempo do Cacique de Ramos. Passei muito da minha experiência para eles, em uma época que eu já tinha uma carreira estruturada no mercado e eles estavam começando. Jorge Aragão e Almir Guineto faziam coro na minha banda. Alguns instrumentistas do Fundo de Quintal também foram meus instrumentistas. Ainda temos um relacionamento muito forte, nascido em uma época em que eles não tinham ninguém e eu já tinha minha carreira. Hoje nossos encontros são mais raros, por questões de agenda mesmo, mas acabamos nos cruzando em shows ou em alguma gravação.

Quadra do samba

Beth, referência da Mangueira, homenageada pela Portela, livre acesso na Império Serrano. O que no Carnaval carioca de hoje te alegra?O Carnaval ainda é a maior festa popular do Brasil. Me alegro quando vejo uma quantidade considerável de blocos surgirem na Zona Sul. Esses blocos fazem a garotada da classe média carioca se enturmar com o samba.

E a profissionalização das escolas, entristece?Vejo o lado bom e o ruim na profissionalização das escolas. Acho importante usar a tecnologia e inovar. Mas não podemos fugir da realidade da comunidade, que deve valorizar seus elementos, os sambistas que fazem a quadra funcionar. Não digo que sou contra as escolas terem convidados, celebridades, atrizes e tudo mais. Mas acho que eles não podem ter espaços mais importantes que a comunidade da escola. Atualmente não há essa igualdade, são só as celebridades.

18

Page 19: TELMO KEIM

Como está seu relacionamento com a Mangueira após o incidente de 2007 quando, por problemas de saúde, você pediu para desfilar em um carro e lhe foi negado?Hoje voltei a ter mais proximidade com a escola, porque desde que o Ivo Meirelles assumiu a diretoria, me pediu desculpas em nome da escola. Não foi a Mangueira que me magoou, foram os componentes da antiga diretoria. O amor pelo pavilhão, por tudo que a escola representa, não ficaram menores. A história de Cartola, Nelson Cavaquinho e tantos outros não deixam a Mangueira morrer. As diretorias passam, mas o amor pela escola, sempre vai ficar. Com o pedido de desculpas, serei a homenageada no enredo da Mangueira em 2010. É muita honra. Desfilo desde 1970, é espetacular fazer parte daquilo tudo.

Qual samba-enredo que não sai do coração?Tem milhões que não saem do meu coração. Mas posso escolher o samba Monteiro Lobato da Mangueira de 1967. (Beth Canta) “Quando uma luz divinal / Iluminava a imaginação / De um escritor genial / Tudo era maravilha / Tudo era sedução / Quanta alegria e fascinação”.

Você que já cantou em Harvard, Atenas, cantou até em Marte, quando sua voz acordava os robôs da Nasa com Coisinha do Pai. Dentre tantos lugares, algum ainda dá frio na espinha? Todos foram muito importantes. Cantar na Grécia, por exemplo, foi significativo demais, imagine, cantar em um teatro de arena, construído 400 anos antes de Cristo. Foi demais. Cantar no Carnegie Hall, em Manhattan, Nova Iorque, foi um dos maiores prazeres, afinal, é considerada uma das casas de shows mais importantes do mundo. E todo show requer

“Não digo sou contra as escolas terem convidados, celebridades, atrizes e tudo

mais. Mas acho que eles não podem ter espaços mais importantes que a

comunidade da própria escola. ”

19

Page 20: TELMO KEIM

Entrevista

concentração, antes de entrar no palco fico mais quietinha, para que possa entrar com tudo e fazer o show que meu público espera.

O que a Beth anda ouvindo?Continuo ouvindo muito samba. Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Sombrinha, Fundo de Quintal, Wilson das Neves, Thiago Marques, Diogo Nogueira. Também música cubana e MPB. Ouço de tudo.

Você venceu prêmios, ganhou discos de ouro e platina, conquistou o Grammy, foi tema de samba-enredo, ativista pela classe dos músicos. O que mais Beth quer ser? Esse prêmio que venci em 2009, o Grammy, pela obra, por toda uma vida, foi um prêmio muito especial. É como um Oscar. Uma homenagem muito grande. Quero continuar sendo como sou. Nunca vou deixar de ser guerrreira, abraçar causas que acho que tenho que abraçar. Tenho um projeto de cantar músicas revolucionárias latinoamericanas. Contava com Mercedez Sosa, que tinha adorado a ideia, mas ela se foi. Mas ainda trata-se de um projeto. O que há de concreto é meu disco de inéditas. Meu 32º disco. A previsão é para sair entre março e abril.

Tenho bastante material, fico feliz por isso, mas o difícil é selecionar o que gravar.

Já tem nome?Ainda está em pensamento, mas acho que será Brasileiríssimas.

Beth, na década de 70 Clarice Lispector fez entrevistas com vários artistas. Vamos usar uma pergunta que não falhava: ‘E a vida? Tem sido boa pra você?’(Beth ri) A vida tem sido ótima. Tenho uma filha linda maravilhosa que está seguindo carreira de cantora, a Luana Carvalho. Agradeço a Deus, porque a vida é muito boa comigo. Eu não gosto de ficar com as coisas só pra mim. Acredito que o espaço fica melhor com todos. Hoje tenho tanta recompensa por ter cedido o palco. Todos me homenageiam, me convidam para agradecimentos, para fazer parte de shows, DVDs e celebrações. Todos que dividiram palco comigo têm uma casa legal para morar e muitos deles eram muito pobres. Com garra encontraram seus caminhos. É por isso que fico feliz da vida.

“Quem quer saber como o povo está, deve ouvir samba.

No samba estão as mazelas, as pequenas alegrias, os sonhos e pesadelos do povo. Porque

os compositores de samba são gente do povo. ”

20

Page 21: TELMO KEIM

21

Page 22: TELMO KEIM

Em 1998, o jogador César Sampaio ves-tia a camiseta 5 da Seleção Brasileira e, aos quatro minutos após o apito inicial, defla-grava o grito de gol que milhares de bra-sileiros guardavam desde a conquista do Tetracampeonato. A seleção inaugurava o placar da primeira partida da Copa na Fran-ça. Sampaio ergueu suas mãos em direção ao céu e foi fotografado pelo universo.

Era o momento do gol, instante em que o simples ato de rolar a bola em direção a uma meta se transforma na consagração de um atleta do futebol. É o êxtase que marca a carreira e transforma o jogador em perso-nagem para o esporte. Em ano de Copa do Mundo, é o grito mais esperado por milha-res de torcedores do esporte mais popular.

Em 2010, antes de voltar os olhos para a África, os loucos por futebol terão miras mais próximas na expectativa de verem de-zenas de gols dos times da região. E eis que os campos reservam espaço novamente para César Sampaio, porém, desta vez, sem chuteiras, mas com os pés no mundo dos negócios da bola. Sócio da empresa C2B Sports, parceira do Rio Claro Futebol Clube, César comemora a volta do time à elite do futebol paulista.

Antes da Copa do Mundo, o Campeonato Paulista movimenta os gramados de Rio Claro, Araras e

Piracicaba.

A bola na regiãopor Gilson Santulo | Fotos Telmo Keim

Esporte

22

Page 23: TELMO KEIM

Craque com visão em marketing, após temporadas em clubes como Santos, Pal-meiras e agremiações do futebol japonês, Sampaio chega ao Galo Azul com ações de impacto. “Mudamos a cor do uniforme e escolhemos um tom deazul mais escuro para o Campeonato Paulista da Série A1 em 2010”, aponta.

De olho na meta, Sampaio resume seu objetivo principal em 2010, “trabalharemos para manter o time na primeira divisão do campeonato Paulista”. A frase tem resquícios da temporada de 2007, ano em que o Galo Azul disputou o campeonato na série princi-pal, mas logo voltou para a segunda divisão.

Acompanhado do sócio Cléber, ex-zaguei-ro do Palmeiras da década de 90, Sampaio assiste a chegada de reforços e aposta na atuação bem-sucedida do técnico Paulinho Mclaren, artilheiro do Santos em 1991 que, recentemente, fez boas campanhas à frente do time Sub 20 do Galo Azul.

23

Page 24: TELMO KEIM

Esporte

Nhô quimO tradicional clube XV de Piracicaba, fun-

dado em 1913, disputa em 2010 as parti-das do Campeonato Paulista da Série A-3. Reforços foram anunciados para a disputa do Campeonato Paulista, como o zagueiro Paulão, que tem em seu currículo atuações no Guarani, Ituano, Portuguesa Santista, Atlético Sorocaba e Lemense.

O gerente de futebol Paulo Moraes en-viou à Federação Paulista de Futebol as mo-dificações dos horários e dias dos jogos do XV no estádio Barão de Serra Negra na pri-meira fase da competição. Com isso apenas três jogos (Francana, Taubaté e Red Bull) fo-ram mantidos nos dias e horários originais.

O XV estreia diante de sua torcida na se-gunda rodada contra o XV de Jaú no dia 03 de fevereiro às 20h. A partida do dia 21/02 (Campinas F.C.), foi alterada para o dia 20, às 19h. Os jogos contra Olímpia, Comercial e Lemense foram mantidos as datas 03, 10 e 17 de março respectivamente, porém o

jogo começa às 20h. Contra o Itapirense, a partida foi alterada do 21 para o dia 20 de março, às 19h. Por fim, contra o Palmeiras B, originalmente no dia 28, houve a trans-ferência para o dia 27 às 19h.

O clube se orgulha de ter revelado atle-tas de projeções nacionais como o zagueiro De Sordi, o atacante Mazzola, o meio de campo Chicão, o zagueiro Eloi e o meio de campo Nardela. Em 1976 foi vice-campeão paulista, derrotado pelo Palmeiras na final do campeonato. Em 1977 chegou à fase final do Campeonato Brasileiro.

Força da União

O clube conhecido pela revelação de grandes atletas - alguns de seleção brasi-leira como Roberto Carlos, Léo e Vagner -, em 2009 negociou com o Toulose da França o atacante ararense Luan Louzã e, em 2010

empresta ao Santos o zagueiro Castan. Com um histórico de conquistas de des-

taque em 29 anos de fundação, o União São João de Araras, esteve por 17 anos ininter-ruptos (1988-2005) na elite do campeonato paulista, e inicia 2010 em busca de um re-torno através das disputas da Série A-2.

Aliás, a preparação não ocorre apenas dentro de campo, o clube lembrou-se tam-bém de seus torcedores e realizou melhorias no estádio Doutor Herminio Ometto, com lavagem da arquibancada e setor coberto do estádio. A estreia na Série A-2 ocorre em 13 de janeiro, fora de casa, diante do Ca-tanduvense. Em Araras, a estreia ocorre na segunda rodada, no confronto com o Atlé-tico Sorocaba.

24

Page 25: TELMO KEIM

25

Page 26: TELMO KEIM

26

Page 27: TELMO KEIM

Há três décadas, um dos objetos de desejo para os pés de meninas e mulheres tem nome de moça e fama internacional: ‘Melissa’. Du-rante sua trajetória, a marca brasileira criada pela Grendene exercita a possibilidade de um produto se recriar, se reposicionar de acordo com as tendências da moda e se firmar como ícone de vanguarda.

O cheiro de chiclete instiga a memória afetiva e é componente da

fórmula capaz de transformar o plástico na sandália sinal de inovação

por Lilian Cruz | Fotos Telmo Keim - divulgação

Comportamento‘Melissando’ por aí

27

Page 28: TELMO KEIM

28

Page 29: TELMO KEIM

A sandália de plástico com nome de garo-ta é considerada porta-voz do lançamento de estilo de calçado e, até mesmo, de ves-tuário em cada estação. Com mais de 500 modelos em seu histórico, contabiliza mais de 60 milhões de pares vendidos no Brasil e outros 20 milhões exportados para mais de 80 países.

Símbolo de novidade aliado ao conceito mais que necessário de sustentabilidade, por usar como matéria-prima o plástico reciclável, a Melissa deixa rastros numa es-pécie de fenômeno midiático ao ser exibida simultaneamente em desfiles e exposições de museus do mundo todo, além de extra-vasar adjetivos em comunidades de redes sociais com a inusitada conjugação do ver-bo ‘melissar’.

Prova dessa influência é o closet da ‘me-lisseira’ Renata de Moraes, engenheira de 25 anos e fã da sandália. “Desde criança ado-rava a Melissinha, aquela que vinha com a ‘pochetezinha’, mas depois de adulta, perce-bi o quanto a sandália era versátil quando comprei uma Vamp Vidro, da coleção Plas-ticodelic”, descreve a dona de cerca de 30 pares da marca.

Coleção não é o nome preferido para o ar-senal de sandálias que não cabem no abraço de Renata. “Eu, particularmente, não gosto de comprar coisas só por ter. Nunca comprei nenhuma Melissa para colecionar; só com-

pro os modelos que realmente gosto e uso. Considero isso consumismo consciente”, re-vela a engenheira.

Para o público composto por mulheres na faixa de 18 a 25 anos, não tão ponderado e que, porventura, desista dos caminhos a bordo das sandálias de plástico, a Internet abre portas de consolo. O mercado melis-seiro permite trocas, vendas e compras de Melissa em seus modelos antigos, raros e atuais. Demanda não falta aos anúncios postados no Orkut, Flickr, Blog ou Twitter. Há até leilões online com modelos raros, e ofertas que chegam a ultrapassam a casa dos mil reais.

Comportamento

1979 2010

Renata Moraes revela, em meio aos seus 30 pares de Melissa, que está a procura do modelo Scarfun Heel, da coleção de 2005. “Estou na luta, um dia desses ainda consigo o meu!”

Do modelo precursor Aranha ao lançamento Jean Paul Gaultier: em todas as épocas, a aposta no design contemporâneo

29

Page 30: TELMO KEIM
Page 31: TELMO KEIM

Quando foi que você usou um pela última vez? Se é que não está usando agora? É assim. Para onde se olha, lá está o jeans.

Para fotografar parte recente dessa história a Drops convidou algumas grifes e foi onde tudo começou, na mina. por Carlos Marques f otos Telmo Keim make/hair Cristina Maira

Verão on the Rocks

Page 32: TELMO KEIM

Ela, EquusEle, Calvin Klein

Page 33: TELMO KEIM
Page 34: TELMO KEIM

Ela, ForumEle, tng

Page 35: TELMO KEIM

1873. Em plena Revolução Industrial, carregar pedras não era para qualquer um, nem para qualquer tecido, pouco

importava se elas estavam no interior das minas de carvão ou nas construções das ferrovias do meio-oeste americano.

Como a oportunidade faz fortuna, o olhor inteligente de Levi Strauss, um ex-mineiro que abrira uma loja de tecidos, levou-o a reforçar as costuras com rebites. Renovava-se assim o uso da trama em sarja, forma de tecer que em 1567 recebeu de pescadores italianos a primeira referência do seu nome – ‘genes’, de Genova.

Dizem que o azul é uma contribuição dos franceses. O ‘Bleu de Nimes’, cidade ao sul da França, é obtido a partir do índigo, que em grego – ‘Indikon’ – designa qualquer ‘substância da índia’. No caso, um corante azul há muito utilizado pelo homem.

Page 36: TELMO KEIM

Ela, EquusEle, Sergio K

Page 37: TELMO KEIM

Ela, Le Lis BlancEle, Los Dos

Page 38: TELMO KEIM

Ela, Le Lis BlancEle, Los Dos

Page 39: TELMO KEIM

Ao longo do século 20, o jeans ganhou espaços por sua versatilidade e praticidade e, nos anos 50, seu uso toma uma

nova conotação com a rebeldia juvenil de James Dean.

A partir dos anos 70, Calvin Klein faz o jeans subir às passarelas e, com o uso do elastano, sua capacidade de modelagem passa a seduzir também o público feminino, o suficiente para colocá-lo nas coleções de grifes famosas.

Desde então , a utilização de pedras e lava vulcânica na lavagem das peças confere ao jeans novas ranhuras e texturas. Como se pode ver nas fotos, não faltam ‘fashionistas’ para utilizar um tecido, inicialmente rústico, barato e resistente, de formas e maneiras originais, além de inusitadas.

Page 40: TELMO KEIM

Ela, tng Ele, Forum

Page 41: TELMO KEIM

Ela, Calvin KleinEle, Sergio K

Page 42: TELMO KEIM
Page 43: TELMO KEIM

P or outro lado, pouco importa se esta é ou não a história do jeans que você usa, até porque a história do seu jeans é você quem faz.

O que interessa é que, mesmo longe das minas, o jeans não ficou longe das pedras e passou a fazer parte da vida das pessoas, não importa onde, nem quando.

Duvida? Então, responda: quando foi a última vez que você dispensou o jeans ao arrumar sua mala de viagem?

Page 44: TELMO KEIM

Agradecimentos

Forum - Shopping PiracicabaCalvin Klein - Laliquetng - Shopping PiracicabaEquus - Rio ClaroLos Dos , Sergio K e Le Lis Blanc - Sâmea Boutique

Pedreira Stavias Casa do ConstrutorCaffé Filmes

Ela, Larissa Mizuhira, tngEle, Libaldo Júnior, Forum

Page 45: TELMO KEIM
Page 46: TELMO KEIM

Vire a página quem nun-ca usou o buscador do

Google na Internet. O portal de buscas nú-mero um do mundo virtual arregimenta

milhões de pessoas e abre caminhos para servi-

ços muito além das pesquisas de dados na web. Sob a marca Google está um dos mais completos webmails da Inter-net, o Gmail, que permite armazenagem ex-tensa, vide o nome de batismo GigaMail.

No catálogo de serviços figuram ferra-mentas que permitem compartilhamento de dados, edição de textos, planilhas e fotos online, assim como os serviços de posiciona-mento global e mapas, como Google Maps, Google Earth e o Google Street View, este último capaz de exibir imagens em tempo real de ruas de diversos locais do mundo, chegando em janeiro a São Paulo e ao Rio de Janeiro.

Mas em 2010 a grande estrela do Google não se situa na web. O Celular Nexus One,

criado em parceria com a compa-nhia taiuanesa HTC, é um

smartphone com tela touch screen de 3,7 polegadas, 512MB de RAM, memória expan-

sível até 32 GB e uma câme-ra de 5 mega-píxels com flash de tecnologia LED e tem como grande diferen-cial o software Android, uma valiosa chan-cela Google.

Apresentado ao público no início de ja-neiro, o Nexus One pretende introduzir um novo conceito tecnológico, e assim superar a noção de smartphones, que se consolidou com a chegada do Iphone da Apple. Para tanto, o termo “superphone” foi cunhado para definir o “Google Phone”.

Outra novidade apresentada pelo Google em 2009 foi o Sistema Operacional Chrome O.S., com uma abordagem voltada para os usuários da web, assim como o navegador Chrome, que preza o ambiente online e a simplicidade. Baseado na tecnologia de có-digo aberto, como o Linux, o novo sistema disponibiliza seu código fonte a qualquer pessoa que o utilize, estude, modifique e o distribua de acordo com os ter-mos da licença.

Seus idealizadores o definem como o sistema capaz de integrar velo-cidade, simplicidade e segurança. Apesar do que

O super GoogleCom dezenas de serviços baseados na Internet,

e mesmo fora dela, o Google conquistou o mundo e promete muitas transformações para a próxima década, a começar pelo seu próprio

celular

por Rafael Moraes

Page 47: TELMO KEIM

muitos pensam, a plataforma do Chrome O.S. é separada da plataforma Android, criada ex-clusivamente para celulares. Minimalista em seu layout, a ideia do sistema operacional do Google é focado na web, portanto, em um primeiro momen-to, tem como alvo os netbooks. Na toada Chrome, o levíssimo Google Chrome al-cançou a marca de terceiro navegador mais usado no mundo, de acordo com relatório pu-blicado pelo grupo Net Applications.

Já o Google Wave, um projeto anunciado em maio de 2009, une as características de serviços como e-mail, instant messaging, wiki e social networking em um ambiente único e promete oferecer uma nova forma de imersão e conexão entre usuários. Entre suas características mais interessantes estão os avançados sistemas de correção ortográfica e tradução instantânea durante bate-papos virtuais. Mesmo que ainda esteja na versão de testes, apenas para convidados, a plata-forma surpreende pela vasta abrangência.

O entretenimento presente entre scraps e álbuns de fotos fez de um serviço Google a rede social mais acessada no Brasil, o Orkut, que em 2009 teve novo layout. Ultrapas-sado o intuito exclusivo da diversão, o You Tube – ferramenta de compartilhamento de

O que é um Google?“Googol” é um termo matemático para o número 1 seguido de 100 zeros. O termo foi inventado por Milton Sirotta, sobrinho do matemático americano Edward Kasner, e foi popularizado no livro “Mathematics and the Imagination”, de Kasner e James Newman. A ação do Google sobre o termo reflete o objetivo da empresa de organizar a imensa quantidade de informações disponíveis na web.

vídeos – comprovou sua utilidade políti-ca e social em 2009, quando divulgou, por exemplo, cenas das manifestações nas elei-ções do Irã, oportunidade em que a mídia local foi censurada.

O começoA história do Google tem início quando

Larry Page e Sergey Brin, dois jovens estu-dantes da Universidade de Stanford, na Cali-fórnia, apresentaram em 1996 um projeto de doutorado chamado BackRub que tinha como objetivo suplantar suas frustrações diante das limitações dos sites de busca na Internet.

Surgia o desenvolvimento de algo to-talmente novo: o buscador mais avançado e rápido em comparação às ferramentas disponíveis na época. Vencido o desafio da criação, os estudantes foram ‘convidados’ a migrarem o novo sistema de busca para um servidor fora da universidade, devido ao nú-mero crescente de acessos.

Esta movimentação que ocor-reu em 1998 foi o começo para a Google Inc, a gi-gante que, como todo adolescente, a todo o momento surpreende com um novo arranjo tecnológico.

47

Page 48: TELMO KEIM

No mundo há lugares privilegiados pela geografia. Vancouver, na Costa Oeste do Canadá é um deles. Com temperaturas que variam entre 10 graus negativos no inverno e 30 graus positivos no verão, a cidade oferece opções para turistas permanecerem em suas redondezas meses a fio.

Considerada pela revista inglesa The Eco-nomist (junho, 2009) como a melhor cidade do mundo para se viver, Vancouver não de-buta no ranking. Pelo segundo ano consecu-tivo, se destaca nas pontuações de cinco áre-as avaliadas: saúde, cultura e meio ambiente, educação, infraestrutura e estabilidade. A cidade canadense deixou para trás Viena na Áustria, Melbourne da Austrália e outras 137 avaliadas.

Do centro de Vancouver, é possível avistar o porto de partida rumo ao Alasca. De lá, tam-bém, em meio a prédios que variam entre 90 e 130 metros de altura - devido às regras am-bientais, – se avista montanhas, que mesmo durante o verão, conservam pontos de neve.

O fato de ostentar natureza, infraestrutura cosmopolita e índices de segurança não alar-mantes, quando comparados a outras me-trópoles, transformam Vancouver em ponto de atração para estudantes do mundo todo, que pretendem aprimorar o idioma aliado a roteiros turísticos.

A médica Ana Paula Pimentel Spadari, 26, faz parte desta estatística. “As opções que cercavam o Canadá eram tentadoras, tanto pelo preço (o dólar canadense é mais baixo que o estadunidense) como pelos atrativos locais. Escolhi Vancouver por ter muitos atrativos, como pubs, parques, shoppings e o clima mais ameno no inverno”, descreve Ana Paula, que durante 30 dias, estudou inglês em Vancouver.

Na esquina do Pacíficopor Lilian Cruz | Fotos Divulgação

Vancouver une estrutura cosmopolita e contato direto com a natureza. Ponto de atração para estudantes e turistas, a sede dos próximos Jogos Olímpicos de Inverno exibe neve para o esqui e, quando chega o verão, sol para a praia.

Turismo

A médica Ana Paula aproveitou sua estadia em Vancouver e fez turismo em Whistler, a uma hora de carro da cidade. Muita neve no circuito que fará parte dos Jogos de Inverno

Foto

Ana

Pau

la S

pada

ri

48

Page 49: TELMO KEIM

SkytrainO metrô de Vancouver tem trilhos no ar e se chama skytrain. Convive-se com uma espécie de código de honra: não há catracas e os bilhetes são comprados em terminais eletrônicos e raramente um funcionário faz a conferência do ticket. Quem não tiver o passe em mãos, recebe uma multa.

A cidade é reconhecida também como símbolo de vida ativa e saudável porque abriga cerca de 180 parques, com gra-mados que mais parecem tapetes, emol-durados por pinheiros e flores. Como re-ferência, o Stanley Park apresenta praias, pistas para caminhadas e passeios de bi-cicleta. No trajeto, resquícios da história da colonização de Vancouver através da exposição de totens aborígines.

Para as compras, lojas de departamen-tos como a Sears e a Future Shop ofere-cem grifes e tecnologia. A Robson Street e os shoppings também reservam espa-ços luxuosos para a moda. Para as ‘lem-brancinhas’ genuinamente canadenses, a Gastown e a Mainstreet são roteiros interessantes. Pins, canecas, camisetas e ursos não dispensam a folha da mapple, tradicional símbolo do Canadá.

49

Page 50: TELMO KEIM

Mistura de cores e saboresVancouver é uma mistura de povos. Com

cerca de 550 mil habitantes comprimidos em 113 quiômetros quadrados e 2,2 milhões de habitantes na sua região metropolitana, há áreas como Metrotown, em South Burnaby, tomadas pelos chineses. Outras regiões com grandes colônias italianas e indianas. E essa diversidade borbulha na gastronomia.

Há restaurantes com cardápios só em mandarim, lojas que vendem bala de peixe e guloseimas só encontradas na China e em Vancouver. Em Gastown, a tradicional cantina Old Spaguetti Factory reserva delícias italia-nas como um Fetuccini Alfredo e, na despe-dida, o sorvete de pistache com chocolate é o vilão da balança posicionada no restaurante, caso o visitante queira comparar o peso de sua culpa, antes e depois da refeição.

Quem passar pela estação Waterfront do Skytrain, pode optar por usar o SeaBus, uma espécie de balsa para atravessar as águas do Burrard Inlet. Do outro lado, a primeira para-

da é o mercado público Lonsdale Quay, que exibe lagostas, caranguejos e inúmeros pei-xes. Alguns quarteirões acima estão os mer-cados étnicos e, dentre eles, vários iranianos com seus famosos chás.

A médica Ana Paula se recorda do grande número de restaurantes japoneses presentes na cidade. “A cada esquina nos deparamos com um restaurante japonês. Como sou fã da culinária oriental, todo final de tarde co-mia um Temake”, descreve.

Turismo

50

Page 51: TELMO KEIM

Jogos de InvernoPouco conhecidas no Brasil, as modalidades

da 21ª edição dos Jogos de Inverno acontecem em Vancouver de 12 a 28 de fevereiro e farão parte das programações dos canais de esportes do mundo todo nos próximos dias.• Hóquei no Gelo: jogado numa arena de gelo com tacos para movimentar um disco.• Patinação artística: acrobacias e coreografias de atletas esguios, sempre com figurinos impecáveis.• Patinação de velocidade: corrida em pista oval de 110 metros e 400 metros. • Curling: esporte similar a bocha brasileira, jogada no gelo. • Snowboard: sob uma prancha, o

atleta desliza pela neve, na encosta de uma montanha.

• Esqui e suas modalidades com saltos, subidas e descidas.

• Bobsleigh, Skeleton e Luge: descidas com trenó em pista de gelo sinuosa. O trenó chega a atingir velocidades de até 100 km/h. Cinco atletas brasileiros estarão nas competições em Vancouver, nas modalidades de snowboard e esqui.

Tolerância zero No verão, o sol se põe por volta das 22h,

mas os pubs, boates e restaurantes perma-necem com programação rígida o ano todo: abrem por volta das 18h e fecham a uma da manhã. É proibido vender bebidas alcoó-licas após 1h30 da madrugada. Menores de 19 anos não podem beber, independente do horário. Também é terminantemente proi-bido fumar em lugares fechados.

Os comerciais de medicamentos, por exemplo, servem de contraponto às pro-pagandas brasileiras. Após o anúncio dos efeitos positivos, as modelos começam a ler os efeitos colaterais, inserido no contex-to do comercial. E os CDs virgens têm taxa adicional de 25 centavos por unidade, valor direcionado aos direitos autorais; uma vez que grande parte é usada para o download de músicas.

Saiba mais sobre os Jogos Olímpicos em www.vancouver2010.com

Saiba mais sobre Vancouver em www.tourismvancouver.com

51

Page 52: TELMO KEIM

Trabalhar deixou de ser sinônimo de escri-tório, salas individuais apertadas e impesso-ais. Graças aos avanços na telecomunicação e a tecnologia móvel, a prática de home offi-ce, o escritório em casa, ganha cada vez mais espaço no mercado de trabalho.

Também conhecido como “teletrabalho”, o método é definido pela Organização Inter-nacional do Trabalho (OIT) como a forma de trabalho efetuada em lugar distante do es-critório central e/ou do centro de produção, que permita a separação física e que impli-que o uso de uma nova tecnologia facilita-dora da comunicação.

Mas trabalhar em casa não é tão simples como parece. O principal aspecto a ser consi-derado é a disciplina. Metas e prazos devem fazer parte do cronograma a ser encarado com a mesma responsabilidade e seriedade de quem atua em um escritório. Além de or-ganização e comprometimento, o convívio harmonioso e o ambiente adequado são de extrema importância.

Para o empresário do setor de confecção de móveis para escritório, Adalto Clóvis Bue-no de Godoy, “Trabalhar em sistema home

office não é exclusividade de quem troca a rotina do escritório. Muitas pessoas que trabalham da forma tradicional, com sa-las e mesas postas em um estabelecimento comercial, também fazem questão de ter o seu espaço em casa para trabalhar, e assim, darem continuidade àquilo que vinham fa-zendo no escritório”, destaca.

Cada qual no seu cantoPara quem pretende montar seu escritório

em casa, a dica começa pela escolha do am-biente, que deve ter boa iluminação e venti-lação. Na hora de projetar ou mesmo criar um novo espaço, Godoy salienta, “a tendên-cia dos móveis de escritórios, na maioria dos casos, é seguir a mesma linha do restante da casa para harmonizar, mas existem casos em que a pessoa quer mudar todo o ambiente”.

A princípio, uma mesa e uma cadeira são suficientes. A mesa em ‘L’ é muito procura-da para esse tipo de ambiente, pois deixa à mão tudo o que é necessário no dia-a-dia, ao oferecer espaço para computador, papéis, agendas e documentos. Além de gavetas, uma estante ajuda a manter todo o material

A prática do home office ganha cada vez mais

adeptos, que salientam a flexibilidade de horários, a

queda acentuada no estresse, o ganho na qualidade de vida

e a proximidade da família como fatores decisivos na hora de mudar o cenário do mundo

coorporativo

Minha casa, meu trabalhopor Rafael Moraes | Fotos Telmo Keim

Casa & Cia

52

Page 53: TELMO KEIM

organizado e fa-cilita a consulta.

Outras ques-tões devem ser levadas a sério, como o confor-to e a postura. “A mesa deve

seguir um padrão ergonômico e de acordo com as normas da ABNT (Associação Bra-sileira de Normas Técnicas). Além da altura correta, que varia de 73 cm a 75 cm, para evitar a LER (Lesão por Esforço Repetitivo)”, afirma Godoy.

As cadeiras merecem atenção redobrada, já que também dispõem de pa-drão ergonômico e ana-tômico. “Um detalhe im-portante para quem passa várias horas sentado é a questão da curvatura do assento, pois muitas cadei-

ras podem dificultar a circulação das per-nas. Assim como os cuidados com encosto, que deve manter a coluna em um ângulo de 90º, para preservar a postura e evitar dores e problemas nas costas”, complementa Godoy.

Acima de tudo, ter bom senso para dife-renciar o tempo de trabalho e o de descanso é essencial para qualquer ofício. Criar limites e restringir atividades que não combinam com a realização do trabalho figuram como dicas importantes. E por fim, deixar claro para a família as regras de convivência que evitam atritos desnecessários, pois trabalhar em casa pode ser prazeroso e produtivo.

53

Page 54: TELMO KEIM

Gastronomia

A Rua do Porto, em Piracicaba, é sinôni-mo de boa gastronomia, de peixes frescos e representa a identidade cultural de uma cidade às margens de um rio. Lá, encon-tramos pratos a base de peixe como sua ‘pièce de résistance’. Mas engana-se quem considera que apenas na antiga morada dos pescadores se concentram as iguarias aquáticas.

Entre os diversos estabelecimentos, o Navegantes Restaurante merece destaque devido à sua proposta diferenciada ao ofe-

Para aproveitar o verão e sentir o gostinho da praia, não é preciso ir ao encontro do litoral. No interior de São Paulo essas experiências

ganham um novo significado quando os peixes e frutos do mar

são oferecidos com todo o sabor de um verdadeiro banquete oceânico

Dádiva dos Mares Texto: Rafael Moraes | Fotos: Telmo Keim

recer apenas produtos derivados do mar, e por sua conquista do primeiro lugar no 3º Festival Gastronômico da Rua do Porto, rea-lizado em agosto último.

Há 12 anos na Nova Piracicaba, a casa é comandada pela chef Sanny Braga e seu marido Dalmo Braga. Com localização pri-vilegiada, na margem oposta à célebre Rua do Porto, região residencial e calma, a casa oferece peixes e frutos do mar sempre fres-cos e cuidadosamente elaborados.

Construído em madeira, que remete às cabanas das vilas pesqueiras praianas, mas com requintados toques na decoração, o ambiente convidativo e aconchegante nos transporta à beira mar; tanto dentro da casa, ao alcance do ar-condicionado, como ao redor da varanda, em um terreno arbori-zado e bem distribuído.

Às 17 horas tem início o Happy Hour. No cardápio estão diversos quitutes marítimos e a recepção conquista a simpatia com uma porção de Camarão Crocante, composta por

A chefe Sanny Soares Braga em seu habitat natural; requinte e versatilidade dão o tom aos pratos do Navegantes

54

Page 55: TELMO KEIM

Iscas de badejo empanadas Porção de Camarões Crocantes

camarões médios, ainda com a casca e em-panados, acompanhados de um delicioso molho tártaro. Iscas de badejo também se apresentam à mesa; empanadas, sequinhas

e crocantes, abrem a noite de delícias.Para se sentir com os pés na areia, uma

deslumbrante porção de ostras frescas, com a aparência de recém saídas do mar. Trazi-

55

Page 56: TELMO KEIM

Gastronomia

das diretamente de Palhoças, em Santa Ca-tarina, chegam à mesa servidas apenas com fatias de limão siciliano e, têm como base, pedras de gelo. O conjunto da obra conta com uma cerveja gelada.

No cardápio, as atrações ficam por conta

dos peixes e frutos do mar. Para quem não gosta de se aventurar por águas desconhe-cidas, massas e carnes são igualmente encon-tradas no menu. Outro ponto forte da casa é a carta de vinhos, com diversos títulos brasileiros, argentinos, italianos, franceses e chilenos. Espumantes e champagnes, vinhos tintos e brancos, rosés e licores fortificados, são opções para todos os paladares.

Entre rolhas, cervejas de todos os tipos, sucos e refrigerantes, um espaço impo-nente é reservado: são as diversas opções de cachaças de várias regiões do país, com sabores regionais e grande variedade de produtos artesanais.

Polvo à Galega

56

Page 57: TELMO KEIM

A verdadeira estrela da noite é o prato que concedeu ao Navegantes o lugar de maior destaque no 3º Festival Gastronômico da Rua do Porto; o disputado Badejo à Caiçara, uma inusitada combinação de filés altos de badejo grelhado, temperados suavemente com um molho levemente cítrico, elaborado com azeite e suco de limão que, como a própria chef define, dá ao prato as características de ‘picante e azedinho’. A boca saliva ao avistar em meio aos filés a farofa de camarões úmida e singular, preparada com farinha biju, cebolinha, pimenta dedo-de-moça e camarões guarnecidos com palmito pupunha grelhado. De textura ímpar, proporciona uma experiência gustativa indispensável, sem esquecer o palmito fresco e grelhado, que saborosamente decoram o prato.Para completar a refeição, um prato colorido e nobre, o Polvo à Galega. Com sabores equilibrados entre tenros tentáculos de polvo, confitados no azeite e dentes de alho, acompanhados por batatas em generosas rodelas, crocantes por fora e macias por dentro. Ervas aromáticas temperadas com páprica picante instigam olfato e paladar. Em tempo, visitar o Navegantes é e dispor a um verdadeiro banquete dos mares, onde os sentidos são aguçados não apenas pelos pratos, primorosamente executados, respeitados e valorizados, mas também pelo ambiente e pela competência do gentil atendimento, que se funde aos sabores onde o ato de comer perdure além do prato vazio.

A pérola da noite

Senhoras e senhores, com vocês o vencedor do 3º Festival Gastronômico da Rua do Porto, o Badejo à Caiçara

57

Page 58: TELMO KEIM

Contraponto

Quando o Céu casa com a Terrapor Leonardo Boff

Nas minhas muitas viagens, nos encon-tros com culturas diferentes e com pessoas religiosas de todo tipo, me dei conta da ne-cessidade que todos temos de aprender uns dos outros e da profunda capacidade de veneração da qual os mais diferentes povos dão convincente testemunho.

Há alguns anos, dei palestras em mui-tas cidades da Suécia sobre ecologia e es-piritualidade. Numa ocasião me levaram quase ao polo norte onde vivem os Samis (esquimós). Eles não gostam de encontrar estrangeiros, mas sabendo que era um teó-logo da libertação, quiseram conhecer esta raridade. Vieram três líderes indígenas. O mais velho logo me perguntou: ”Os índios do Brasil casam o Céu com a Terra ou não?” Eu logo entendi a intenção e respondi de pronto: “Lógico que casam, pois deste casa-mento nascem todas as coisas”. Ao que ele, feliz, retrucou: ”então são ainda índios e não são como nossos irmãos de Oslo que já não acreditam no Céu”. E dai seguiu-se um diá-logo profundo sobre o sentido de unidade entre Deus, o mundo, o homem, a mulher, os animais, a terra, o sol e a vida.

Experiência semelhante vivi em 2008 na Guatemala quando participei de uma belís-sima celebração com sacerdotes maias junto ao lago Atitlan. Havia também sacerdotisas. Tudo se realizava ao redor do fogo sagra-do. Começaram invocando as energias das montanhas, das águas, das florestas, do sol e da mãe Terra. Durante a cerimônia, uma sa-cerdotisa se avizinhou de mim e disse:”você está muito cansado e deve ainda trabalhar

bastante”. Efetivamente, por vinte dias per-corri, de carro, vários paises participando de eventos e dando muitas palestras. E então ela com seu polegar pressionou meu peito, na altura do coração, com tal força a ponto de quase me quebrar uma costela. Tempos depois, retornou a mim e disse: ”você tem um joelho machucado”. Eu lhe perguntei: “como sabe”? E ela respondeu: “eu o sen-ti pela força da Mãe Terra”. Com efeito, ao desembarcar na praia, retorci o joelho que inchou. Levou-me junto ao fogo sagrado e por trinta a quarenta vezes passou a mão do fogo ao joelho até que esse desinchasse totalmente. Antes de terminar a celebração que durou cerca de três horas, retornou a mim e disse: ”está ainda cansado”. E nova-mente pressionou fortemente o polegar sobre meu peito. Senti estranho ardor e de repente estava relaxado e tranquilo como nunca antes. São sacerdotes-xamãs que en-tram em contato com as energias do univer-so e ajudam as pessoas no seu bem-viver.

Certa vez perguntei ao Dalai Lama:”Qual é a melhor religião”? E ele com um sorriso en-tre sábio e, malicioso, respondeu: ”É aquela que te faz melhor”. Perplexo continuei: “o que é fazer-me melhor”? E ele: ”aquela que te faz mais compassivo, mais humano e mais aberto ao Todo, esta é a melhor”. Sábia resposta que guardo com reverência até os dias de hoje.

Leonardo Boff é filósofo e teólogo., autor de diversos livros, dentre eles O casamento entre o Céu e a Terra, Salamandra 2001 e Opção Terra, a solução da Terra não cai do céu, Record 2009.

58

Page 59: TELMO KEIM

59

Page 60: TELMO KEIM