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Telma Paiva Rovina Salgado 1 20-Mai-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.1-18) O evangelista João, ao escrever este evangelho, tinha o propósito de criar uma atmosfera de reflexão para conduzir o leitor à fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Apresenta Jesus como a Vida, a Luz e o Amor. A palavra chave do evangelho é crer. No original, o início do livro (Jo 1.1-18), chamado prólogo, tem um profundo conteúdo teológico em que são estabelecidas a origem e a natureza tanto divina quanto humana do Messias. Exalta a encarnação da Palavra de Deus, eterna criadora, na pessoa de Jesus, o Cristo. Em relatos antigos, consta que os cristãos do século I se encontravam para cantar ou recitar em forma de antífona este prólogo, exaltado a Cristo. O livro foi escrito para que conheçamos Jesus como o Cristo e para que creiamos nele para que tenhamos a vida eterna (Jo 20.31). 27-Mai-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.1-2) A expressão “no princípio” refere-se a Gênesis 1.1, associando Jesus, o Verbo (ou Palavra) ao Deus da criação. A encarnação (tornar-se carne = humano) de Jesus tem um significado inigualável não só para a humanidade, mas também para todo o Universo. O Verbo (Palavra) é Jesus Cristo, a expressão eterna, definitiva de Deus. Em Gênesis, vemos a expressão de Deus a respeito de si mesmo, ordenando, dando nomes e criando. Esse expressar, esse falar, essa Palavra é Deus. É uma declaração de que a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. E essa Palavra é Jesus, o próprio Messias (Jo 1.14 e Ap 19.13). Jesus Cristo é a revelação pessoal de Deus. 03-Jun-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.1-2) Jesus é a Palavra, que é mais do que expressão falada é Deus em ação criando (Gn 1.3), revelando-se (Jo 10.30) e salvando (Sl 107.19-20 e 1Jo 1.1-2). Jesus Cristo é eterno. Nunca houve tempo em toda a eternidade no qual o Filho de Deus não estivesse presente. Ninguém o fez; Ele sempre existiu. A Today’s English Version parafraseia assim: “Desde o princípio, quando Deus era, o Verbo também era; onde Deus estava, o Verbo estava com Ele; o que Deus era, o Verbo era também”. Esta declaração afirma a eternidade, a proximidade e a identidade do Verbo com Deus. O verbo sempre foi uma realidade, antes mesmo que o tempo tivesse começado, ou seja: “O Cristo já existia e estava com Deus, Ele sempre esteve vivo e Ele mesmo é Deus”. 10-Jun-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.3-4) Jesus é o agente divino responsável por toda a criação: “Nada do que existe foi feito sem Ele, e o que foi feito tinha vida nele”. Ele criou tudo o que há - não existe nada que Ele não tenha feito. Tudo o que foi feito, no mundo visível e invisível, teve a participação de Cristo.

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Telma Paiva Rovina Salgado

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20-Mai-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.1-18) O evangelista João, ao escrever este evangelho, tinha o propósito de criar uma atmosfera de reflexão para conduzir o leitor à fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Apresenta Jesus como a Vida, a Luz e o Amor. A palavra chave do evangelho é crer. No original, o início do livro (Jo 1.1-18), chamado prólogo, tem um profundo conteúdo teológico em que são estabelecidas a origem e a natureza tanto divina quanto humana do Messias. Exalta a encarnação da Palavra de Deus, eterna criadora, na pessoa de Jesus, o Cristo. Em relatos antigos, consta que os cristãos do século I se encontravam para cantar ou recitar em forma de antífona este prólogo, exaltado a Cristo. O livro foi escrito para que conheçamos Jesus como o Cristo e para que creiamos nele para que tenhamos a vida eterna (Jo 20.31).

27-Mai-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.1-2) A expressão “no princípio” refere-se a Gênesis 1.1, associando Jesus, o Verbo (ou Palavra) ao Deus da criação. A encarnação (tornar-se carne = humano) de Jesus tem um significado inigualável não só para a humanidade, mas também para todo o Universo. O Verbo (Palavra) é Jesus Cristo, a expressão eterna, definitiva de Deus. Em Gênesis, vemos a expressão de Deus a respeito de si mesmo, ordenando, dando nomes e criando. Esse expressar, esse falar, essa Palavra é Deus. É uma declaração de que a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. E essa Palavra é Jesus, o próprio Messias (Jo 1.14 e Ap 19.13). Jesus Cristo é a revelação pessoal de Deus.

03-Jun-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.1-2) Jesus é a Palavra, que é mais do que expressão falada é Deus em ação criando (Gn 1.3), revelando-se (Jo 10.30) e salvando (Sl 107.19-20 e 1Jo 1.1-2). Jesus Cristo é eterno. Nunca houve tempo em toda a eternidade no qual o Filho de Deus não estivesse presente. Ninguém o fez; Ele sempre existiu. A Today’s English Version parafraseia assim: “Desde o princípio, quando Deus era, o Verbo também era; onde Deus estava, o Verbo estava com Ele; o que Deus era, o Verbo era também”. Esta declaração afirma a eternidade, a proximidade e a identidade do Verbo com Deus. O verbo sempre foi uma realidade, antes mesmo que o tempo tivesse começado, ou seja: “O Cristo já existia e estava com Deus, Ele sempre esteve vivo e Ele mesmo é Deus”.

10-Jun-2012

O Evangelho segundo João (Leia João 1.3-4) Jesus é o agente divino responsável por toda a criação: “Nada do que existe foi feito sem Ele, e o que foi feito tinha vida nele”. Ele criou tudo o que há - não existe nada que Ele não tenha feito. Tudo o que foi feito, no mundo visível e invisível, teve a participação de Cristo.

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No versículo 4, temos a expressão “e a vida era a luz”. As duas palavras referem-se à essência e à missão do Verbo Encarnado, isto é, à ação reveladora e salvadora de Cristo. Nele está a vida eterna e esta é a nossa vida traz luz a todas as pessoas. Jesus Cristo é a nossa vida. Ele nos deu a vida física e a vida espiritual também. Não há vida fora dele. Ninguém senão Deus pode criar a vida. A vida é dom de Deus.

17-Jun-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.5-8) No versículo 5, temos: “As trevas não o compreenderam”. (Outra versão: “As trevas não o receberam”). Isso significa que as trevas não conquistaram a luz; as trevas não são receptivas e não compreendem a luz; e as trevas nunca serão capazes de eliminar a luz. As trevas existirão enquanto os seres humanos preferirem o mal (Jo 3.14-21), mas elas nunca dominarão a luz. Esta luta já está ganha pela luz. Quando Cristo se manifestou ao mundo, destruiu as trevas da ignorância implantadas no mundo por Satanás (Is 60.19). As trevas são tudo aquilo que as mentes humanas, aniquiladas pelo pecado, geram levando o ser humano a uma profunda inimizade com Deus. Mas Jesus se manifestou ao mundo para que a sua luz esclarecesse a mente das pessoas e as libertasse (2Co 4.4).

24-Jun-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1.6-11) Cristo veio ao mundo. Com a sua vinda, tornou-se a luz verdadeira para aqueles que creem, a luz que ilumina a consciência do ser humano, tornando-o responsável e ciente da existência de Deus. Jesus é a nossa luz. Ele é o nosso guia. Mostra-nos por onde e como andar, e guarda-nos de tropeçar. Através de Jesus, o ser humano tem a possibilidade de seguir o caminho da verdade para escapar da escuridão do pecado. “O mundo não o conheceu”, isto é, muitas pessoas não o receberam, não creram nele. “Ele veio para a sua terra natal, mas seu povo não o recebeu”. Como Jesus passou a sua vida entre as pessoas na terra de Israel ou próximo a ela, pode-se concluir que o “seu” e “seus” referem-se ao povo judeu. A história de Jesus Cristo, na terra, é uma história de rejeição. Ele se dirigiu a muitos, mas poucos se tornaram seus seguidores, e ele ainda é rejeitado nos dias de hoje.

01-Jul-2012 O Evangelho segundo João (Leia João 1. 11 e 12) “Mas a todos quanto o receberam”, os que depositaram confiança na pessoa e no poder dele. O conceito de “nome”, no antigo Oriente Médio, incluía tudo que uma pessoa era. É a mesma coisa quando dizemos que alguém fala “em nome” de uma pessoa. Significa: ela representa sua autoridade e expressa seu ponto de vista.

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Mas crer não significa atribuir propriedades mágicas ao nome de Jesus em si mesmo. Crer é a resposta do ser humano com a mente e o coração à ação salvadora de Deus por meio de Jesus Cristo. Quando uma pessoa crê, recebe a vida eterna. “Ele lhe deu o poder (direito) de se tornarem filhos de Deus” - Por um lado, todos somos filhos de Deus porque fomos criados a sua imagem; por outro lado, ser filho de Deus significa ter um relacionamento íntimo e pessoal com Ele, como vários personagens da Bíblia tiveram, de modo que Deus falava com eles pessoalmente e estes falavam com Ele. Com a Nova Aliança, o crente pode estar em contato direto com Deus, seu Pai, através de Jesus Cristo, seu filho.

08-Jul-2012 Leia João 1.13-14

Todos os que crêem em Jesus como Salvador nascem de novo. Não um novo nascimento físico, resultado do desejo humano – mas da vontade de Deus. Cristo tornou-se um ser humano e morou aqui na terra entre nós. Era cheio de perdão amoroso e da verdade. Alguns de pessoas viram a sua glória – a glória do Filho único do Pai Celeste.

João ressaltou que o Verbo preexistente assumiu plenamente a existência humana, para se fazer igual aos seres humanos e manifestar-lhes a glória de Deus. João reconheceu em Jesus Cristo o próprio Deus, porque o Deus invisível se fez visível em Jesus Cristo (Cl 1.15). Quando João declarou que Jesus “habitou” entre nós, o verbo usado no original é “tabernaculou”, ou seja, colocou sua tenda de acampamento, referindo-se à presença de Deus no meio do seu povo, no tabernáculo ou santuário do Antigo Testamento (Ex 40.34-38). Leia também Apocalipse 21.3.

22-Jul-2012 Leia João 1.15-18

“Graça” no v.16 significa Deus atendendo nossas necessidades na pessoa de Jesus Cristo, incluindo todo o seu poder e provisão. “Graça”, no grego “charis”, é equivalente à palavra hebraica “chen” (graça, favor) ou “chesed” (amor leal e bondade). No v.17 lemos que a graça e a verdade são atributos pessoais de Deus que Jesus revelou de uma forma especial durante sua passagem pela terra, em sua eterna capacidade como a Palavra de Deus, que vem demonstrando à humanidade desde o inicio da criação. A graça, a verdade e a Lei (Torá) vêm de Deus, e são a elevada expressão de quem Ele é. No v.18 quando lemos que “ninguém jamais viu Deus”, podemos entender que “a suprema glória e natureza de Deus estão ocultas da humanidade pecadora”. Mas Cristo nos fez conhecer a Deus por meio da Palavra, da vida, da luz e da graça. A Palavra é Deus expresso, vida é Deus transmitido, luz é Deus resplandecendo, graça é Deus desfrutado.

29-Jul-2012 Leia João 1.19-31

João Batista não veio a terra falar de si mesmo. Tinha uma missão a cumprir. Seu privilégio era o de preparar o caminho para o Messias. Toda a vida de João foi ocupada em apresentar Cristo aos judeus.

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Ele não era o profeta Elias, mas vinha no mesmo espírito. Sua mensagem era de arrependimento e restauração. João veio preparar o caminho para o Senhor Jesus Cristo e ser sua testemunha.

No v.16, “no meio de vós”, ele fala dos líderes religiosos dizendo que eles estavam atrás do homem errado. Ele não era o Cristo, mas o Cristo estava lá.

No v.29, João Batista descreve Cristo como o “Cordeiro de Deus”. Assim como no Antigo Testamento o cordeiro derramava seu sangue nos sacrifícios para expiar os pecados, Jesus Cristo viu para morrer por nós e expiar os nossos pecados, tirando a culpa de qualquer um que lhe peça perdão. O sangue de Jesus, derramado no sacrifício da cruz do Calcário, é poderoso para aniquilar todo e qualquer pecado cometido pelos seres humanos. O seu poder não é limitado pelo tempo, mas atinge todos os pecados daqueles que creem no seu sacrifício expiatório. Este sangue remiu os pecados do passado, do presente e do futuro.

05-Ago-2012 Leia João 1.32-34

Jesus foi apresentado aos líderes religiosos como um cordeiro (v.29), acompanhado de uma pomba (v.32). O cordeiro tira o pecado do ser humano e a pomba traz Deus como vida ao ser humano. O cordeiro visa à redenção, para redimir o ser humano caído para Deus, e a pomba visa dar a vida, para ungir o ser humano com o que Deus é, a fim de introduzir Deus no ser humano. E unir os salvos em Deus. Tanto o cordeiro como a pomba são necessários para o ser humano partilhar Deus.

O testemunho de João (v.33) era de confiança por ter vindo através de revelação divina. Como Cordeiro de Deus, Jesus nos justifica e tira o nosso pecado; ao batizar com o Espírito Santo, Ele nos enche e nos dota de um poder capacitador.

Jesus Cristo é o “Filho de Deus”. Foi para ensinar esta verdade que o evangelista escreveu este evangelho e João Batista é a primeira pessoa neste livro que testificou que Jesus é Deus. O evangelista creu em Jesus e queria que outros o conhecessem, também. Esta é a mensagem: o Filho de Deus veio ao mundo para morrer, para que, o ser humano, vindo a Ele, possa viver.

12-Ago-2012 Leia João 1.35-50

O autor passa a mostrar como alguns, a partir do testemunho de João, encontram-se com Jesus e creem nele. Jesus chama seus primeiros discípulos dentre aqueles que também seguiram João Batista. Como somente André é nomeado um dos primeiros dois discípulos, o outro, provavelmente, era João, autor deste Evangelho. Jesus irá aperfeiçoando a fé dos discípulos com atos e ensinamentos.

“Messias” é uma palavra hebraica, “Cristo” é a tradução grega. Ambas significam “o ungido”. Cristo é o ungido de Deus, aquele que Deus designou para realizar o seu propósito, o seu plano eterno.

Quando Jesus faz uma menção tão precisa sobre Natanael (Jo 1.40), Ele mostra o conhecimento pessoal e completo e dos seres humanos. A figueira é uma árvore frondosa que produz sobra abundante.

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Segundo relatos rabínicos, a sombra dela era um lugar ideal para a leitura das Escrituras. Mesmo através da fachada de descrença de Natanael, Jesus discerniu sua transparência de espírito.

19-Ago-2012 Leia João 1.51

No v.51 temos a alusão ao sonho de Jacó (Gn 28.11-22). Cristo como Filho do Homem com sua humanidade é a escada posta na terra cujo topo atinge o céu, que mantém o céu aberto para a terra e une a terra ao céu, com vistas à casa de Deus, Betel. Jacó derramou o azeite (símbolo do Espírito Santo, a expressão máxima do Deus Triúno alcançando o ser humano) sobre a pedra (símbolo do ser humano transformado), para que essa fosse a casa de Deus. Temos o Espírito (v.32) e a pedra (v. 42 – Cefas significa pedra) para a casa de Deus, juntamente com Cristo em sua humanidade. Onde há isso, há um céu aberto. Os discípulos, ao presenciarem as obras, a morte e a ressurreição de Jesus, compreenderam que Jesus é a verdadeira e definitiva casa de Deus entre os ser humanos.

Assim, o capítulo 1º apresenta Cristo tanto como o Filho de Deus (v. 34 e 49) como Filho do Homem (v. 51). Como Filho de Deus, possui a natureza divina e, como Filho do Homem, possui a natureza humana. Para apresentar Deus aos seres humanos, Cristo é o Filho de Deus. Na terra, entre as pessoas, Ele é o Filho do Homem.

26-Ago-2012 Leia João 2.1-4

Os casamentos eram celebrados publicamente com um banquete que chegava a durar até uma semana, onde o vinho era servido livremente. O casamento representa a continuidade da vida humana, o prazer e o desfruto que se pode obter dela.

A presença de Jesus na festa demonstra que Ele participa da vida social e que aprova o matrimônio, reforçando o preceito da família como instituição divina.

O vinho, suco vital da uva, representa a vida. Portanto, o fato de o vinho ter-se acabado indica que a vida humana acaba. Ao se levar em conta os deveres de hospitalidade da família judaica, a falta de vinho se constituiria em um grande problema para o anfitrião e seus convidados.

Quando Jesus chama Maria de “mulher” (v. 4), esta expressão no original é de respeito e afeição. Provavelmente Maria queria que Jesus usasse essa ocasião para se apresentar abertamente como o Messias. Mas a resposta de Jesus foi: “Eu sei que você quer que eu me revele ao mundo. No entanto, a minha obra não é realizar milagres e, sim, morrer. Mas ainda não chegou esta hora”.

02-Set-2012 Leia João 2.5-12

Jesus não obedeceu prontamente às palavras de sua mãe, deixando bem claro que Ele estava iniciando seu ministério como Filho de Deus e não como filho de Maria. Não faria a vontade da mãe, mas iria agradar a seu Pai nos céus. Maria mostra sabedoria ao aceitar humildemente a resposta de seu filho.

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Não fica desanimada e exerce sua fé, ordenando confiantemente aos servos que obedeçam a qualquer ordem de Jesus. As seis talhas são um símbolo da incapacidade do judaísmo em aproximar o ser humano de Deus. O rito de purificação dos judeus com água representa a tentativa da religião de tornar as pessoas limpas por meio do cumprimento de certos ritos cerimoniais. A água pode representar a morte. E transformar a água em vinho significa transformar a morte em vida. O primeiro milagre de Moisés foi transformar água em sangue (Ex 7.14-24). O de Cristo, água em vinho. Assim, o vinho novo é símbolo do sangue que está eternizado na celebração da ceia memorial (Mc 14.23-25 e 1Co 11.25,26), a qual aponta para um vinho novo a ser compartilhado entre todos os salvos em Jesus Cristo. O vinho novo é também o símbolo da alegria que só Jesus pode dar e ninguém poderá tirar.

09-Set-2012 Leia João 2.11-17

Jesus veio para transformar o que era insípido, inodoro e incolor, em algo de bom sabor, caro e que traz alegria – a nossa nova vida em Cristo. Jesus mudou a tristeza em alegria naquela festa.

Esse primeiro sinal estabelece o princípio de todos os outros e, com ele, a divindade do Senhor se manifestou. Neste livro, todos os milagres realizados pelo Senhor são chamados de sinais. Sinais testemunhados por João que revelam a divindade de Cristo.

Jesus escolheu a vila calma de Caná, na província pouco importante da Galiléia para iniciar o seu ministério público.

A dramática reação de Jesus (v.13) aconteceu durante a época mais solene do ano e o lugar era o mais sagrado de Israel. Interpretado à luz da profecia messiânica do Salmo 69 (v. 17) o incidente fortaleceu a convicção dos discípulos de que Jesus era realmente o Messias.

Os cambistas e outros mercadores faziam transações fraudulentas; com sua atitude, Jesus demonstra sua autoridade messiânica em relação à fraude e comercialização do sistema de sacrifícios.

16-Set-2012 Leia João 2.16-22

Se os atos de Jesus foram surpreendentes (v.15), suas palavras também devem ter causado admiração (v.16), quando se referia a Deus dizendo “Meu Pai”, porque os judeus não estavam acostumados a tanta familiaridade com Deus.

O povo queria prova da autoridade de Jesus (v.18). A resposta que Ele deu foi outra surpresa (v. 19 e 20). A única prova ou sinal que Jesus deu foi sua morte e ressurreição. Cada vez que pediram a Jesus que provasse a sua autoridade, Ele deu o sinal de sua ressurreição (ler Mt 12.38-40). Sua ressurreição é o sinal supremo de sua divindade.

Os judeus não entenderam as palavras do Senhor porque pensaram que Ele falava da “construção” (o templo físico), pois não tiveram discernimento para perceberem que Ele falava do seu próprio corpo. “A

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presença de Deus entre os homens já não estará simbolizada por um lugar material, mas pela pessoa de Jesus” (Jo 4.21-24 e Ap 21.22).

Os discípulos creram nas Escrituras (v.22), naquelas passagens bíblicas referentes à ressurreição do Messias (Os 6.2; Is 53.7-12; Jo 1.17; Mt 16.4; Lc 11.29-32; Sl 16.8-11 e At 2.24-32).

23-Set-2012 Leia João 2.23-25 e 3.1-4

No versículo 23, “muitas pessoas” creram no nome dele ao ver os milagres que realizava, mas não nele (v. 24 e 25). Seus milagres as empolgavam, mas elas não reconheciam seus pecados e nem se arrependiam deles. O entendimento de Jesus sobre a natureza humana penetra a superficialidade da fé nele devido aos seus milagres (Lc 16.15). Em contraste com aquelas pessoas, Nicodemos buscava a Deus e, finalmente, alcançou a fé genuína.

João 3.1-4: Nicodemos era fariseu (tipo de religioso que priorizava a observação exata e literal da lei judaica), um homem rico e membro do Sinédrio (corte suprema de justiça judaica). Pode ter ido até Jesus à noite por temer por sua reputação e posição. Sua visita noturna também indicaria uma incerteza sobre Jesus ser o próprio Messias. Jesus não o criticou por temer buscá-lo publicamente, mas lidou com a sua necessidade que era nascer outra vez. No grego, a palavra traduzida por ‘de novo’ também pode ser traduzida por ‘de cima’ e ‘do alto’.

30-Set-2012 Leia João 3.5-13

Água pode referir-se ao nascimento físico. Os judeus usavam termos como “água” e “gota” para descrever o nascimento natural. Mas também pode ser uma referência à fé que é expressa na água do batismo (relacionado com a purificação ritual do corpo (Mt 3.1-17; Jo 1.26-24) enquanto o Espírito Santo nos dá poder para abandonar o pecado e viver uma vida santa (através da renovação e transformação), ou seja, a regeneração. Essa regeneração se realiza no espírito humano pelo Espírito Santo de Deus, quando o ser humano passa a ter a vida divina e eterna (além da vida humana natural).

A palavra grega para vento (v.8) é a mesma para espírito (Ec 11.15). Uma pessoa regenerada é como o vento, que se pode reconhecer, mas não se pode entender. Mesmo assim, é um fato, uma realidade. O uso do plural (nós dizemos, sabemos, testificamos, vimos) no v. 11 é que Jesus associa-se a outras testemunhas: João Batista (Jo 1.7,32-34), Isaías (Jo 12.41), Abraão (Jo 8.56), Moisés (Jo 5.46) e outras (Jo 5.39).

Jesus declara sua origem celestial no v.13. Em outras palavras, Ele diz: “Somente eu, o Messias, vim à terra e voltarei ao céu outra vez”.

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07-Out-2012 Leia João 3.14-16

Assim como os israelitas foram salvos da praga da serpente quando contemplaram a serpente de bronze levantada por Moisés (Nm 21.4-9), todas as pessoas são salvas da morte, da separação de Deus e do tormento eterno ao contemplar, com seus olhos espirituais, a pessoa de Jesus levantado na cruz para morrer (Jo 8.28 e 12.32).

O versículo 16 é talvez o mais famoso e mais mencionado do Novo Testamento que resume a verdade de que Deus veio tanto para os judeus quanto para os gentios, na forma de Jesus, o Messias. Este versículo nos ensina que: 1) Deus ama sua criação, o mundo (a humanidade); 2) amar é dar, amar muito é dar muito, e Deus amou tanto o mundo que deu o que tinha de mais precioso; 3) Jesus estava consciente, de maneira antecipada, de que morreria como um sacrifício para Deus; 4) Jesus sabia que Ele era o único Filho de Deus; 5) o destino do ser humano, quando ele confia em si mesmo e não crê em Jesus, é a destruição (perdição) total, não apenas uma interrupção da existência consciente, mas o sofrimento eterno que é a consequência inevitável do pecado; e 6) o destino de um indivíduo que crê em Jesus é a vida eterna, não apenas a sobrevivência além do túmulo, o que todos têm (Jo 5.28,29; Ap 20.4 e 5; 12 a 15), mas a vida positiva “em” Jesus (Jo 1.25,26).

14-Out-2012 Leia João 3.16-21

Crer em Jesus não é um mero reconhecimento intelectual, mas apegar-se, comprometer-se, confiar, ter fé, apoiar-se no fato de que Jesus é completamente humano, ou seja, plenamente identificado conosco e, ao mesmo tempo totalmente divino, inteiramente identificado com Deus.

O mundo (v.17) está sujeito à condenação e, no final, terá sua pecaminosidade condenada. No entanto, a primeira vinda de Jesus não foi com esse propósito. No dia do juízo, Ele será o Juiz que condenará o mundo (Jo 5.27). Aqueles que, após ouvirem as boas novas e compreendê-las, mas recusam-se a confiar, já foram julgados e condenados (v. 18) (Is 59.2).

Uma paráfrase dos versículos 19 a 21 seria: “A Luz do céu veio ao mundo, porém eles amavam mais a escuridão do que a Luz, porque as obras deles eram más. Eles odiaram a Luz celeste porque queriam pecar na escuridão. Ficaram longe daquela Luz, com medo dos seus pecados serem revelados e eles castigados. Mas aqueles que se comportam bem têm prazer em vir para a Luz, a fim de que todos vejam que estão fazendo o que Deus quer”.

21-Out-2012 Leia João 3.16-21

Encerrando o capítulo 3, podemos destacar que nestes versículos Jesus Cristo nos dá a verdadeira dimensão de sua missão. Duas verdades se destacam: 1) Deus, no seu infinito amor pela sua criatura (o ser humano), não hesitou em enviar seu Filho ao mundo para sacrificar sua vida em favor do pecador; pois pela sua morte e ressurreição fomos salvos para a vida eterna. 2) O ser humano continua sendo “livre” para escolher o seu caminho. Deus nos criou com capacidade de escolha, o que nos torna

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“responsáveis por nós mesmos”. O texto é muito claro. Aquele que aceitar o sacrifício de Cristo estará salvo, mas o que rejeitar já está condenado.

A morte de Jesus não foi o desfecho de um processo exigido pelo Pai ofendido, mas a concretização de um misterioso ato de amor, no qual tanto o Pai como o Filho nos revelam sua misericórdia infinita. O sacrifício de Cristo nos mostra: 1) a gravidade do nosso pecado; 2) o maravilhoso amor de Deus. Não nos esqueçamos de que foi Deus quem veio ao encontro do ser humano e não o ser humano quem foi ao encontro de Deus. O céu desceu até a terra e não a terra que subiu ao céu. A grandeza da remissão dos nossos pecados, efetuada por Cristo, está muito mais na intensidade do amor com que Deus, em Cristo, nos amou do que no tamanho da cruz ou pela quantidade de sangue derramado (Rm 5.6-10).

28-Out-2012 Leia João 4.1-6

Começam as críticas ao ministério de Jesus. Então, ele se retira da Judéia, dirigindo-se para a Galiléia.

Os judeus e os samaritanos não se entendiam desde os tempos de Oséias, o último rei de Israel (por volta de 700 a.C.) (2Rs 17.3-6, 24-27; Es 4). Na Palestina, a província da Judéia ficava ao sul e, ao norte, estava a Galiléia. Entre as duas, havia a pequena Samaria. Para evitar um encontro com os samaritanos a quem desprezavam, os judeus preferiam contornar Samaria para ir de uma província a outra.

A afirmação “Era-lhe necessário passar por Samaria” indica que o Espírito Santo fez com que a rota de Jesus fosse mudada para que uma comunidade recebesse a sua mensagem.

O v.6 diz que Jesus estava “cansado do caminho”. O mesmo João que ressalta como nenhum outro a divindade de Jesus (Jo 1.1) nesta declaração, acentua a humanidade de Jesus, que estaria esgotado pela caminhada naquela hora do dia. Segundo fontes judaicas, o horário seria meio dia. Como ser humano, Jesus experimentou a fadiga humana; como Filho de Deus, Ele trabalhava continuamente (Jo 5.17).

04-Nov-2012 Leia João 4.7-9

A aversão entre judeus e samaritanos pode ser vista em João 8.48 e em Lucas 9.51-53. Tudo começou quando Jesus decidiu afastar-se da Judéia e retornar à Galiléia. Na viagem, encontra-se com uma mulher samaritana e conversa com ela.

Segundo estudiosos do Novo Testamento, os rabinos (mestres de religião) daquela época eram proibidos de falar em público com uma mulher. Tal atitude podia denegrir a reputação de um rabino ou fariseu.

Jesus, porém, rompe com estes limites da religião judaica. Primeiramente porque foi Ele que iniciou a conversa com o pedido: “Dá-me de beber”. E, em segundo lugar, porque, além de ser uma mulher, ela também era samaritana.

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Com esta postura, Jesus deixa claro que o amor de Deus não faz distinção. Jesus está revelando a universalidade do evangelho. Deus não se deixa prender pelos obstáculos que os seres humanos criam. Seu amor derruba barreiras e quer alcançar o ser humano onde quer que ele esteja, independentemente do que ele seja. Não importa raça, nacionalidade, cor, gênero, etc.

“Onde as pessoas constroem muros, Deus constrói pontes”.).

11-Nov-2012 Leia João 4.7-20

Podemos interpretar que pedir água àquela mulher fazia parte de uma estratégia evangelística de Jesus. À medida que procura conquistar a confiança dela, ele orienta sabiamente a conversa, levando-a de um simples comentário sobre beber água à revelação de que ele era o Messias. Aquele que pedia água poderia oferecer água viva, a saber, a si mesmo. O espanto, a admiração e a curiosidade da samaritana foram crescendo à medida que a conversa ia se estendendo. Aos poucos, ele foi mostrando para ela que ele era o Cristo, o esperado, o ungido de Deus. E o faz declarando ser a fonte de águas vivas, confirmando o que os profetas haviam previsto sobre a época messiânica (Is 35.7, Jr 17.13 e Is 49.10). Ao afirmar possuir a água da vida capaz de matar para sempre a sede do ser humano, Jesus estava declarando que, com ele, a era messiânica havia chegado. Em hebraico, água viva significa água corrente de uma fonte ou de um córrego, em contraste com a água estocada numa cisterna ou poço. De forma figurativa, com Jesus, ela significa vida espiritual (Jo 7.37-39).

Quando Jesus revela a vida pessoal da samaritana, ela reconhece que Jesus poderia ser um profeta, mas, por sentir-se envergonhada e humilhada, apressou-se em mudar de assunto mencionando a antiga divergência sobre o lugar de adoração.

18-Nov-2012 Leia João 4.21-24

A conversa de Jesus com a samaritana gira em trono da verdadeira adoração. Temas sobre o lugar e o tempo da adoração, a busca dos adoradores, o verdadeiro adorador, a quem se deve adorar e o modo correto de se adorar são abordados.

O essencial é saber que Deus é espírito; e o ser humano deve procurar se aproximar dele em espírito e verdade. Em outras palavras, Deus só pode ser verdadeiramente adorado desde que seja verdadeiramente conhecido. Tal adoração dá-se através do contato direto com Deus por intermédio do Espírito Santo, operando através do espírito humano. Se Deus é espírito e a verdadeira adoração é algo vinculada à alma, então é necessário aprender a cultivar e aperfeiçoar a adoração prestada pela alma. A adoração deve ser prestada de conformidade com a verdade do Pai, que é revelada no Filho e que se recebe mediante o Espírito. Uma adoração que valoriza a leitura da Palavra de Deus para se conhecer mais profundamente a Deus e seu imenso amor pelo ser humano. A adoração legítima nunca fica à parte das Escrituras Sagradas; antes é centralizada na vontade de Deus, não em modismos baseados no misticismo e em emoções. Deus não aceita nenhuma proposta de um tipo de adoração que ignore a verdade da Bíblia, que é o alicerce da verdadeira adoração.

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25-Nov-2012 Leia João 4.22-26

Jesus mudou o conceito de adoração. Contrariando tanto o pensamento judeu quanto o samaritano, ele declara que uma nova era estava começando em que a adoração a Deus não estaria restrita a lugares, nem a holocaustos. A verdadeira adoração seria prestada pela dedicação a Deus da vontade, dos sentimentos, da fidelidade, da mente e do coração, ou seja, do espírito do ser humano. Aqueles que dedicam a Deus a própria vida, seus sonhos e ideais é que são os verdadeiros adoradores. E podem fazê-lo em qualquer lugar já que Deus é espírito e como tal não está limitado a lugares específicos.

Jesus diz: “Eu, a pessoa que fala com você, o sou” (Jo 4.26) A declaração “Eu o sou” lembra a própria revelação de Deus: “Eu sou o que sou” (Ex 3.14). Jesus disse este “Eu o sou”, nove vezes no Evangelho de João (4.26; 6.20; 8.24, 28 e 58; 13.19; 18.5, 6 e 8), implicando numa declaração até maior do que a de ser o Messias. Não só afirma que é Messias, o Filho de Deus (Mt 3.16 e 17), mas dá a dica de que Ele deve ser identificado como o próprio Deus, o Senhor.

02-Dez-2012 Leia João 4.26-42

Quando Jesus declara taxativamente ser o Messias, a samaritana é transformada numa adoradora. A semente lançada por Jesus caiu em boa terra. Esta mulher voltou para a cidade, comunicou a outros o que Jesus lhe havia dito e todos vieram ter com Jesus (v 28, 29, 30 e 39 a 42).

Quanto aos discípulos, estes ficaram surpresos ao verem Jesus conversando com uma mulher e, além disso, Jesus lhes disse que não tinha mais fome. Ele explicou que fazer a vontade de Deus, satisfazer as necessidades de pecadores como a mulher samaritana, representava mais para ele do que comida (v. 31-34). Jesus desafiou-os a que olhassem ao redor e vissem a necessidade do evangelho que o povo de Samaria estava passando. A região de Sicar, onde estava o poço de Jacó, era uma região fértil e famosa por suas plantações de trigo. Jesus indicava que os samaritanos estavam prontos para receberem o evangelho. Eram como o grão maduro que espera a colheita. A época da colheita de vidas dispostas a ouvir a mensagem do reino havia chegado. Era preciso que os outros discípulos estivessem alertas e ingressassem nesta missão, sabendo que: 1) a ceifa (colheita) pode estar mais próxima do que se pensa; 2) há galardão por todo serviço fiel a Deus; 3) quem principia um trabalho nem sempre o terminará.

16-Dez-2012 Leia João 4.39-54

Evangelizar a samaritana era fazer a vontade de Deus. Essa tarefa proporciona tanta satisfação e sustento quanto o alimento material. Devido ao testemunho da mulher, os samaritanos quiseram aprender mais. Foram a Cristo, creram nele pelo que o ouviram dizer, dando-lhe o título de “Salvador do mundo”.

Depois, Jesus curou o filho de oficial, provavelmente a serviço de Herodes. O texto não declara que o oficial não era judeu, porém, levando-se em conta a conduta romana, teria sido excepcional que ele fosse

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judeu. Como seu filho estava doente, ele se empenhou para que seu filho recebesse a visita de Jesus a fim de curá-lo. Este oficial demonstrou ter fé extraordinária ao crer que Jesus curaria seu filho mesmo sem descer a Cafarnaum. Ao retornar para casa e conversar com seus servos, ele constatou que a palavra de Jesus era verdadeira e, assim, graças a esse milagre, tanto o oficial como toda a sua família creram em Jesus Cristo.

A cura deste rapaz não demonstra apenas o poder de cura de Jesus, mas também ressalta o princípio de que Ele não encarava os sinais (milagres) como um fim em si mesmo, mas como um meio para que aquele que fosse objeto do milagre passasse a ter fé.

23-Dez-2012 Leia João 5.1-9

João não identifica qual era a festa judaica, mas o foco aqui é que Jesus estava obedecendo ao mandamento da Torá. A última frase do v. 3 e todo o v. 4 são omitidos em alguns manuscritos gregos antigos de João. As declarações podem refletir uma tradição popular associada com o tanque de que o borbulho das águas (v. 7) era causado sobrenaturalmente por um anjo. Mas alguns eruditos acreditam que o borbulho fosse causado por uma fonte intermitente.

Enquanto o restante de Jerusalém estava aproveitando o dia festivo, uma “multidão de enfermos” estava em Betesda (em hebraico: ‘lugar de Derramamento’, ‘Casa da Graça’ ou ainda ‘Casa de Misericórdia’). Nesse cenário de dor, Jesus Cristo identifica a necessidade de cura de um paralítico que estava abandonado à sua própria sorte há 38 anos, com uma possibilidade muito remota de cura. No entanto, Jesus o cura. Jesus tinha poder de conceder saúde física e espiritual imediata, completa e permanente. A cura do paralítico foi um ato deliberado de Jesus já que o homem não o procurara como fizera o nobre no cap. 3º.

30-Dez-2012 Leia João 5.8-15

Jesus disse ao homem que fizesse três coisas (v.8) que ele, na realidade, não tinha capacidade de fazer. Imediatamente, sem hesitação o homem obedeceu. Aqui se vê a fé em ação. O homem creu e suas ações demonstram sua fé. O Senhor falou e ele obedeceu.

Jesus sempre se demonstrou solidário frente aos sofrimentos humanos. Na verdade, Ele veio exatamente para trazer alívio, cura, salvação para a alma dos que o buscam (Mc 2,17), como o profeta Isaías, cerca de 700 anos a.C., havia previsto a respeito do ministério de Cristo, o Messias (Is 57.15).

Esta cura deu-se num sábado e alguns judeus não notaram que um homem coxo estava andando, mas o que eles viram foi uma de suas leis sendo quebrada (Jr 17. 21,22 e Ne 13.19), pois não era lícito que o homem carregasse a esteira que lhe servia de cama. Assim, eles ignoraram a cura milagrosa e concentraram-se somente na infração da sua versão da lei. Não conseguiram ver que o homem estava curado, atestando a glória de Deus. Isto foi apenas o início do antagonismo dos judeus para com Jesus.

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06-Jan-2013 Leia João 5.16-18

Quando Jesus afirma: “Meu Pai (Deus) tem trabalhado até agora no sábado e eu também estou trabalhando no sábado”, podemos ter uma compreensão alternativa interessante de que, numa visão geral das coisas, há um sábado que ainda está por vir (Hb 4.9-11) e, assim, a presente era da história pode ser pensada como os outros dias da semana.

Já que estamos numa época que é um dia da semana comum, é permitido que o Pai e o Filho trabalhem; e eles continuarão trabalhando até que venha o dia em que seja completamente sábado.

O descanso de Deus, depois de criar todas as coisas, ocorreu diante do término de sua obra perfeita e irrepreensível. Mas o pecado entrou na obra da criação, transtornando tudo. Agora, num mundo cheio de pecado e sofrimento, o Pai e o Filho operam incessantemente.

A oposição a Jesus é imediatamente percebida ao dizer que Deus era seu próprio Pai. Ele alegava igualdade com Deus.

Para alguns judeus, seria ideal classificar Jesus como um ser humano e não divino, já que era considerado um grande mestre pelo povo. Mas a declaração de Jesus aqui torna tal opção impossível. Como um mero grande mestre humano ensina que é igual a Deus?

13-Jan-2013 Leia João 5.19-22

No v.19, Jesus está ensinando algo sobre a natureza interior de Deus, sobre como o Filho e o Pai se relacionam um com o outro dentro da eterna unidade de Adonai (Deus).Ele é tem sua própria vontade (compare com Mt 26.39). Lendo Hebreus 5.7-9, vemos que o divino Filho “aprendeu a obedecer” e tornou-se completamente submisso à vontade do Pai através do poder do Espírito Santo, que está sobre Ele “sem medida” (Jo 3.24). Na encarnação, o Filho de Deus fez-se realmente dependente do Pai, como toda criatura humana. Jesus não é inferior a seu Pai: submeter-se e obedecer perfeitamente demonstra a perfeição de Deus; pois uma vontade que não é a vontade de Deus significa ser inferior a Deus. A visão de Jesus, seja espiritual, assim como física, o capacita a perceber o que o seu Pai faz e deseja. Jesus nos ensina que tem o poder divino. Assim, tem poder para ressuscitar os mortos (v.21) e autoridade para trazer o juízo divino (v.22).

Jesus declara: “O Pai não julga ninguém; pelo contrário, ele deixa o julgamento com seu Filho” (v. 27). Se o Pai confia o julgamento a seu Filho, então, o Pai tem um papel no juízo como aquele que delega e o Filho está incluído no que significa ser “Deus”. Eis aí o misterioso paradoxo de Jesus ser simultaneamente humano e divino (v.30 e Jo 12.48 -49).

20-Jan-2013 Leia João 5.23-47

O final do v.23 pode ser comparado com Mateus 22.33-46 e 1 João 2.23, onde é dito que não é possível que alguém possa honrar, adorar e crer em Deus sem crer em Jesus, o Messias. No v.29, é ensinado que há dois tipos de morte e ressurreição (Dn 12.2 e Rm 2.5-8). A primeira é para todos aqueles a quem

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Deus considera justos. São aqueles que confiam na execução de Jesus como expiação pelos seus próprios pecados (Jo 6.28-29; Ef 2.8-10), a quem é concedido compartilhar da “primeira ressurreição (Ap 20.4-6). A outra é para os que não confiaram em Jesus; estes estão sujeitos à separação definitiva de Deus.

No v.32, Jesus nomeia 5 testemunhas a seu favor: João Batista (v.32-35), as suas obras (v. 36), o Pai (v.37-38), as Escrituras (v.39) e Moisés (v.45-47). A primeira parte do 37 pode ser comparada com João 8.18. Entretanto, esses da Judéia não podiam receber o testemunho do Pai porque seus corações endurecidos não criam em Deus. Uma pessoa que ama a Deus verdadeiramente recebe Jesus. O principal aspecto do testemunho de Deus é a sua Palavra, as Escrituras; Jesus convida aqueles que não têm a palavra permanente nele, a buscarem as Escrituras e, assim, a agirem como os cristãos de Beréia (At 17.11).

27-Jan-2013 Leia João 5.40-47

Jesus reforça o que tinha dito até agora, argumentando que: 1) Os ouvintes não tinham o amor de Deus; 2) Pelo contrário, buscavam a honra humana e uns dos outros; 3) Se recusavam a ir a Jesus para ter a vida porque preferiam a honra uns dos outros e queriam honrar a quem vinha em seu próprio nome, e não no nome de Jesus.

Do v. 45 ao 47, Jesus traz o último argumento que seria o mais significativo para seus ouvintes: Moisés escreveu a respeito de Jesus (Lc 16.31; 24.44 e Hb 11.26). O judaísmo tradicional nega isso, mas os primeiros judeus cristãos frequentemente baseavam sua fé em Jesus como Messias nas passagens das Escrituras, incluindo aquelas escritas por Moisés (Gn 49.10, Nm 24.17 e Dt 18.15-18), textos que, dentro do judaísmo, são amplamente considerados como referências ao Messias. Portanto, disse Jesus: “Não pensem que eu serei o acusador de vocês perante o Pai. Se vocês realmente cressem em Moisés, creriam em mim, porque ele escreveu a respeito de mim. Mas se não creem no que ele escreveu como poderão crer no que eu digo?” Os judeus eram submissos às Escrituras. Era a sua regra de vida. Mas a grande tragédia foi que rejeitaram o Cristo das Escrituras. Não quiseram ir a Ele para ter vida. Mostraram apego às particularidades dos preceitos religiosos, sem qualquer compreensão do espírito desses preceitos, demonstrando insensibilidade espiritual. Acreditar não é apenas se achegar à cruz – é andar com Cristo dia após dia.

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03-Fev-2013 Leia João 6.1-7

O milagre da multiplicação dos pães e peixes é relatado em todos os evangelhos. Este milagre é um sinal que autentica que Jesus é realmente o Filho de Deus de modo a fortalecer a fé dos discípulos.

No v. 2, vemos que uma grande multidão estava seguindo o Senhor. Jesus estava num período de grande popularidade. O povo se aglomerava ao seu redor (muitos por motivos interesseiros) e era difícil para Jesus achar tempo para ficar a sós com seus discípulos. Os v. 4 e 5 podem estar extremamente ligados, se concluirmos que talvez as pessoas tivessem começado a ter seu suprimento de pão reduzido devido à proximidade da Páscoa, o que intensificaria o problema.

No v. 6, experimentar significa testar ou provar. Jesus estava dando a Filipe uma oportunidade para confessar que Jesus poderia fazer qualquer coisa. A sua preocupação em alimentar o povo é mais uma prova de que Jesus vê nossas necessidades antes mesmo de lhe pedirmos (Mt 6.8) e está sempre pronto a fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos (Ef 3.20).

No v. 7, 200 denários era aproximadamente a metade do salário anual de um trabalhador do campo.

10-Fev-2013 Leia João 6.8-14

A impossibilidade dos recursos humanos é bem ilustrada pelos discípulos de Jesus (v. 9).Este milagre mostra que é a mão de Deus que faz a natureza brotar e produzir o sustento do ser humano e não sua capacidade. O ser humano contribui com seu esforço, mas Deus é quem dá o crescimento.

No v.10, Jesus orienta os discípulos (Mc 6.39) com instruções para que, de modo ordeiro, todos pudessem receber o alimento de que precisavam. Estava ali o que havia ordenado o universo e realizado toda a criação de Deus de forma harmoniosa e gloriosa (Jo 1.1-3). No v.11, Jesus ensina a importância e a necessidade da gratidão. Sempre diante das multidões, Jesus deu “graças” quando ia operar algo para glória de Deus (Lc 10.21).

No v.12, de acordo com as leis judaicas, havia regras proibindo a destruição de alimentos. Em outras palavras, não se aceitava o ato do desperdício. Por isso, Jesus ordenou que ajuntassem os pedaços que sobraram. Deus não quer desperdício. Fartura é diferente de desperdício. Por isso, muitas vezes não recebemos o que pedimos (Tg 4.3). Há abundância nas bênçãos de Deus, mas não há lugar para desperdício e estrago.

Quando o milagre se realizou, os discípulos aprenderam com Jesus que o pouco se transforma em muito, quando Deus abençoa. Quando o Senhor age, há sempre muito mais que o necessário. E ninguém deve confiar no muito sem a bênção de Deus (Pv 10.22).

17-Fev-2013 Leia João 6.13-15

Jesus quer multiplicar o pouco que temos para que Deus seja glorificado nele. Na Bíblia, há muitos relatos em que pessoas, coisas e atos insignificantes, nas mãos de Deus, resultaram em gloriosos milagres (2Rs 4.2-4).

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Diante do milagre, o povo reconheceu que Jesus era um profeta (v. 14). Comparam-no a Moisés, que conduzira os israelitas através do deserto. Lembraram-se do maná que os seus antepassados comeram. Ter refeições gratuitas era muito agradável. Para os que viram o milagre, Jesus era o profeta (Dt 18.15-18, At 3.22,23, Mt 21.11).

Uma versão do v.15 diz: “Eles estavam a ponto de agarrá-lo e fazer dele o rei”. A multidão queria a libertação do domínio romano e paz para Israel, e pensava que Jesus era o homem da ocasião. Mas seu próprio ponto de vista era diferente: “Meu reino não é deste mundo”. Se eles fossem bem sucedidos, anulariam o plano de Deus de fazer de Jesus o Messias, o qual seria um servo sofredor, morrendo pelos pecados da humanidade, sendo ressuscitado, subindo à direita de Deus e retornando em glória futura para assumir o trono. A esperança então, como agora entre os judeus tradicionais, era por um herói libertador que estabeleceria um paraíso terreno.

24-Fev-2013 Leia João 6.16-21

Esta passagem contrasta com o conceito que o povo tinha sobre Jesus, como um governante terreno com poder limitado, mas, ao caminhar sobre as águas, Jesus se revela como tendo autoridade suprema em todo o universo.

No v.19, vinte e cinco ou trinta estádios seriam cinco ou seis quilômetros. No v.21, há uma versão que diz: “Então, de boa vontade deixaram Jesus entrar no barco, imediatamente estavam onde queriam chegar”. Antes de saberem que era Jesus que caminhava sobre as águas, os discípulos ficaram amedrontados e não queriam que aquele “vulto” ou “fantasma” (Mt 14.26) se aproximasse do barco, mas, quando souberam que era Jesus, quiseram (fizeram questão) de recebê-lo. Na segunda parte do versículo, é dito em outra versão que “o barco foi diretamente para terra” ou ainda “chegou de imediato ao lugar desejado”, o que relata outro milagre que nem Mateus nem Marcos registraram.

Esta passagem pode ser vista simbolicamente: noite tenebrosa de grande tempestade, uma viagem longa e perigosa (era madrugada) e, de repente, a vinda do Senhor traz a bonança (Mc 6.45-52). Assim o encrespamento do mar (v.18) representa os problemas da vida humana. Quando Jesus veio caminhando em direção ao barco, significa que o Senhor pode dominar todos os problemas da nossa vida. Ele pode andar sobre todas as ondas problemáticas e todas elas estão sob os seus pés. Precisamos receber o Senhor no nosso “barco” (a vida em todos os seus aspectos) e desfrutar de paz com Ele na nossa jornada.

03-Mar-2013 Leia João 6.22-14

Versículos 22-25: Muitos dos que haviam sido alimentados por Jesus permaneceram no lugar onde haviam comido, certamente na esperança de serem alimentados novamente. A notícia do milagre deve ter se espalhado depressa já que alguns barquinhos chegaram a Tiberíades. As pessoas vieram de longe, encheram os barcos e seguiram a Jesus até Cafarnaum.

Versículos 26 e 27: Mas Jesus sabia porque o tinham seguido. O povo falou ao Senhor Jesus como se realmente quisesse fazer a vontade de Deus (v. 28). Contudo, Jesus conhecia o povo e sabia que

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realmente ele não cria nele. No v. 29, Jesus diz que aquele povo não poderia agradar a Deus, nem fazer a sua obra até que aprendesse a crer em Cristo.

O povo, porém, não conseguia esquecer do alimento gratuito (v.30-31). Todos queriam outro milagre, igual ao do dia anterior. Lembraram a Jesus que Moisés continuara a alimentar os israelitas no deserto. Mas Jesus os adverte que Deus é quem dera o pão (v. 32-33). A multidão queria receber a refeição não se importando com quem lhe desse, contanto que continuasse e tivesse a promessa de mais para o futuro (v. 34).

E quanto a nós? Seguimos a Jesus pelo que achamos que podemos conseguir dele? Queremos fazer de Cristo um rei para que ele nos dê uma vida fácil? Pensamos que a nossa vinda à igreja é para agradar a Deus que, em troca, nos dará tudo o que lhe pedirmos?

10-Mar-2013 Leia João 6.33-35

No Antigo Oriente, o pão de cevada era o mais comumente usado. O grão era esmagado, a farinha misturada com água, temperada com sal, acrescentando-se depois o fermento. A massa era assada no fogo sobre pedras aquecidas, em formas ou em um forno. O Senhor Jesus usou este importante alimento para explicar quem Ele era e o seu ministério. O pão é importante porque é um alimento de todos os dias, do qual nunca enjoamos, que sustenta sem prejudicar o organismo, que combina com outros alimentos.

No v.35, vemos o ensinamento de Jesus sobre a fome espiritual. O que precisamos fazer para satisfazer esta fome? Devemos nos aproximar de Cristo, reconhecendo nossa fome e compreendendo que só ele pode satisfazer as nossas necessidades, porque este pão da vida satisfaz.

Quando Jesus diz: “O que crê em mim não terá fome”, ele está falando de sustento. É o fato de comer o pão diariamente que me sustenta cada dia. Em sentido espiritual, é através da leitura e estudo da Bíblia, oração, cânticos de louvor e etc. Assim este pão sustenta.

No v.33 lemos que o pão de Deus dá vida ao mundo. Assim, o propósito de Jesus para nós é uma nova espécie de vida. Não é para nos capacitar a viver a antiga vida de uma maneira melhor, mas para nos dar força e poder para uma nova vida. Este pão nos fortalece e renova. Somente Jesus, o “pão da vida”, pode nos capacitar a viver em uma nova dimensão (leia 2Co 5.17).

17-Mar-2013 Releia João 6.26-32

Segundo a ciência, o alimento que comemos viaja rapidamente através de nosso corpo pela corrente sanguínea. Assim, o que comemos percorre todo o nosso corpo. Do mesmo modo, quando nos alimentamos de Cristo, ele se infiltra em nossa mente, nossas emoções e nossa vontade.

Analisemos a atitude da multidão diante dos ensinamentos de Jesus: nos versículos 26 a 29, destacamos que povo desejou obter proveito de Jesus, o que gerou o seu extenso discurso relatado do versículo 7 ao 71. Os sinais miraculosos deveriam despertar a percepção das pessoas para a presença de Deus. No entanto, elas estavam conscientes somente de suas próprias necessidades físicas (v.26).

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Elas não deveriam estar perguntando a respeito dos milagres, mas sobre como agradar a Deus. Entretanto, a resposta de Jesus os surpreende (v. 28 e 29).

Versículos 30 ao 32: “Que milagre você fará para nós a fim de que possamos vê-lo e confiar em você?” É uma pergunta estranha para pessoas que tinham acabado de vê-lo fazer um milagre (v. 10-14). Mas eles pareciam diminuir sua importância ao se referirem a um milagre semelhante ou talvez, na opinião deles, maior (v.31). Leia Êxodo 16.4, Números 11.8 e Salmo 105.40. Jesus corrige seus questionadores, pois eles pensavam que estes textos eram referentes a Moisés. Todavia, Jesus esclarece que eles falavam de seu Pai, Deus.

24-Mar-2013 Releia João 6.35-40

No v.15, Jesus disse ao povo: “Eu sou o pão da vida”, “Se quiserem receber o pão do céu, deverão vir a mim”. O povo ouviu suas palavras, mas não creu nele (v. 36). Qualquer um que venha a Cristo será recebido (v. 37). Jesus nunca dá as costas a quem realmente o busca.

No v.38, Jesus dá ênfase à vontade do Pai. Neste capítulo, três coisas são ditas sobre a vontade do Pai: 1) Ele traz (v. 44): destacamos a conjunção “se”, que indica condição; assim, não podemos vir a Cristo conforme nosso desejo, mas vamos a ele apenas quando o Pai nos traz; 2) Ele nos livra. O Pai não só nos leva a Cristo, mas nos livra do mundo e da servidão de pecado e de Satanás. Faz isto de duas formas: no v. 37, o Pai nos dá a Cristo e, no v. 39, uma vez dado, estamos seguros.

“Que nenhum se perca” - está afirmação revela que nossa segurança não depende de nós, mas da libertação do Pai.

No final dos versículos 39, 40 e 44 temos: “Eu o ressuscitarei no último dia”. Esta é a terceira coisa que lemos sobre a vontade do Pai. Ele nos destina para o céu e a bênção eterna. É esta a vontade de Deus para nós. Não se trata de nos esforçarmos para conquistarmos a salvação, pois nunca seremos dignos de merecê-la. A salvação jamais poderá ser comprada por nós, porque é graça de Deus.

31-Mar-2013 Leia João 6.41-50

Por se recusarem a confiar (crer) em Jesus, mesmo tendo-o visto (v.36), o pecado daquelas pessoas era ainda maior (compare com João 15.24 e João 20.29).

Ver e crer são verbos importantes em João. E algumas vezes aparecem juntos. Mas, em João 20.29, Jesus diz a Tomé que seriam bem aventurados aqueles que não viram e creram. Muitos viram a Jesus (Jo 1.11), mas não o receberam. Ver “fisicamente” a Jesus não leva consequentemente a crer. É necessário ver o Filho ‘espiritualmente’ (“iluminados os olhos do vosso coração” - Ef 1.18). Isto é,

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reconhecer Jesus como Cristo (o Messias, Ungido) e recebê-lo como Salvador, passando a gozar o direito de se tornar filho de Deus.

Os ‘incrédulos’ passam do questionamento à murmuração (v. 41-43). Nos v.44-47, Jesus instrui o povo sobre quem ele é e o seu papel preponderante na vida do ser humano.

No v. 48, Jesus afirma que é pão da vida, reforçando o que já havia dito anteriormente, salientando que ele é o “verdadeiro” pão celeste, o real poder de sustentação da vida e que qualquer outra coisa, não importando o seu significado religioso no passado ou no presente, é um substituto totalmente inadequado.

07-Abr-2013 Leia João 6.51-66

Por causa do que Jesus disse nos v. 51 e 53, a murmuração (v. 42) rapidamente se transformou em discussão e, após uma palavra dura que eles não suportariam ouvir (v.60), surgiu uma barreira insuperável para muitos dos seus discípulos, que retrocederam e não mais andaram com ele (v. 66). Os 3 itens em que tropeçaram são os alicerces da nossa fé: 1) a encarnação (v. 41), 2) a expiação (v.51 e 52) e 3) a ressurreição (v.61e 62).

Comer a carne de Jesus e beber o seu sangue (v. 53) devem ser compreendidos espiritualmente. As expressões apontam para a morte que ele sofreria e a necessidade dos crentes participarem dos benefícios de sua morte, indo até ele e crendo nele (v. 35).

Comer o pão da vida significa crer em Jesus Cristo. Beber do seu sangue significa aceitar sua morte e ressurreição pelos nossos pecados. Crer não é apenas reconhecer que algo é verdade; crer é agir de acordo com o conhecimento desta verdade.

14-Abr-2013 Leia João 6.53-66

Embora os ouvintes particulares de Jesus pudessem também ficar chocados com o que ele disse, buscaram uma desculpa e não obedeceram a seu chamado ao arrependimento e lealdade; nem toda a audiência judaica teria reagido dessa forma.

A reação que provocam as palavras de Jesus (v. 60) não se deve unicamente à ideia de comer a sua carne e beber o seu sangue (Lv 3.l7), mas sobretudo ao fato de que ele se declara como o único que pode dar a verdadeira vida.

A compreensão judaica permite uma interpretação simbólica para comer e beber. “Comer e beber” a comida da carne do Filho do Homem significa absorver sua forma de ser e viver. A palavra grega ‘carne’ é também usada para se referir à natureza humana em geral, nos aspectos físico, emocional, mental e evolutivo da existência humana.

Jesus queria que as pessoas vivessem, sentissem, pensassem e reagissem como ele, pelo poder do Espírito Santo que nos capacita a fazê-lo.

Da mesma forma, beber seu sangue significa absorver seu alto sacrifício como motivação de nossa vida e, de fato, absorver sua própria vida, já que “ a vida da carne está no sangue” (Lv 17.11; Hb 9.22).

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21-Abr-2013 Leia João 6.63-71

Dos v. 60 ao 63, constatamos a pouca compreensão dos discípulos que acham o discurso ‘duro’, uns porque tomam ao pé da letra se escandalizando com o que Jesus disse e outros porque ainda que não conseguem aceitar o que é dito e crer nas palavras dele.

No v. 63: “A carne em nada ajuda” não significa uma degradação do corpo (como os gregos ensinavam). Pelo contrário, é uma afirmação tipicamente judaica de que, sem o Espírito de Deus, as coisas físicas não têm valor por si mesmas; comer de seu corpo material não lhes daria a vida espiritual.

Por instinto natural, ninguém recorre a Cristo para receber a vida, mas é o Pai que aponta a Cristo, pela Palavra, pelo Espírito, pela sua providência (v. 65 e 66). Assim consegue que as pessoas dispostas a recorrer a recursos e expedientes humanos venham a Cristo para receber vida espiritual dele. Jesus prosseguiu em ‘peneirar’ aqueles que não eram sinceros ou que consideravam muito alto o custo de comer sua carne e beber seu sangue (compare com Lc 25.43). Muitos não podem acompanhar ensinos espirituais e voltam para trás.

A confissão de Pedro (v. 68) sobre sua fé em Jesus pode ser comparada com os textos de Mateus 16.16, Marcos 8.29 e Lucas 9.20.

Os v. 70 e 71 referem-se ao nosso adversário, no grego ‘diabolos’, o qual originou o termo ‘diabo’.

28-Abr-2013 Leia João 7.1 e 2

Jesus não podia continuar a ensinar o povo da Judeia que queria matá-lo, porque acreditavam que Jesus tivesse blasfemado contra Deus devido às suas palavras e atitudes (Jo 5.17,18; Jo 6.32,33 e 38). Para eles, a atitude de querer matá-lo era a correta (Lv 24.16). João resume acontecimentos que ocorreram durante um período de 6 meses, entre abril e outubro (Jo 7.1). Já Marcos fez um relato detalhado (Mc 7-9)

Para a Festa dos Tabernáculos, era imperativo que as pessoas fossem para Jerusalém. No Antigo Testamento, há a descrição dos detalhes desta festa (Lv 23.33-43; Nm 29.12-39; Dt 16.13-16). Ela começa no 15º dia de Tishri (mês do calendário hebraico), cinco dias após o Yom Kipur (Dia da Expiação) e dura sete dias. O oitavo dia é do descanso. No nosso calendário, seria durante o final de setembro e o início de outubro. As famílias construíam cabanas com folhas de palmeira, parcialmente abertas para o céu, para relembrar a providência de Deus com Israel durante os 40 anos de peregrinação no deserto e vivendo em tendas.

A festa também celebrava a colheita, que chega no final do verão e, assim, essas são ocasiões de ações de graças. Para observar a festa, as pessoas levavam uma cidra, fruta cítrica representando o fruto da terra prometida e balançavam folhas de palmeira, murta e salgueiro juntas. Hoje, o mesmo é feito nas sinagogas.

05-Mai-2013 Leia João 7.3-6

Nos v. 3-5, pode-se inferir que Jesus não era apreciado nem pelos seus irmãos. Alguns até argumentam que, se os próprios irmãos de Jesus não criam nele, por que deveriam crer? Mas os irmãos de Jesus se tornaram seus seguidores após a ressurreição (At 1.14 e 12.17). Tiago não somente veio a crer nele, mas

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tornou-se líder na comunidade cristã em Jerusalém (At 15.13, 21.18; 1Co 9.5, 12.17; Gl 1.19 e 2.9) e a ele é geralmente creditada a autoria do livro de Tiago. Além disso, outro irmão, Judas, é tido como o autor do livro do Novo Testamento que leva este nome.

Jesus não se deixou influenciar pelo desafio de seus irmãos, que não punham em dúvida as suas obras poderosas. Mas eles não podiam compreender que um profeta autêntico ficasse perdendo seu tempo na inculta província da Galileia. Eles tinham uma motivação racional, amistosa, mas inteiramente humana, que era o desejo de ver seu irmão ter sucesso e tornar-se famoso, promovendo sua reputação na Judeia, em Jerusalém, que era o local mais importante do país. Nenhum messias poderia ser autêntico, se não se tornasse uma figura nacional em Israel. Mas Jesus tinha outra agenda.

“Meu tempo ainda não chegou” (v. 6), seja para ir à festa ou realizar milagres na Judeia. O tempo de Jesus é diferente do tempo das pessoas; e sua missão principal, morrer pelos pecados da humanidade, deveria acontecer exatamente no lugar e no momento certo de Deus, não podendo ser precipitado por qualquer pressão humana. Ele precisava agir quando as coisas fossem favoráveis, dirigidas por Deus.

12-Mai-2013 Leia João 7.7-18

No v.7, Jesus fala sobre o antagonismo contra ele. Por causa do seu estado espiritual degradado, o mundo se deixa atrair por indivíduos de sua própria qualidade e expressão (Jo 3.19-20; 15.18-21). Assim, a perseguição a Jesus resultava do fato dele ser uma luz que brilhava nas trevas, mas estas desejavam apagar aquela luz (Mc 13.13). Os indivíduos dispostos para o mal não apreciam a luz brilhante.

No v. 12, a opção de considerar Jesus meramente como um grande mestre não está em concordância com o que ele ensinou. É inaceitável considerá-lo apenas um bom mestre, embora ele o fosse, pois Jesus é muito mais do que isso.

No v. 15, “sem ter estudado”, isto é, sem ter frequentado nenhuma das escolas onde os rabinos inculcavam as tradições a seus alunos sentados. Aquelas pessoas estavam surpresas com a demonstração de que Jesus possuía vasto conhecimento, mas também a sabedoria de Deus, que transcende as credenciais acadêmicas.

No v. 17, “Se alguém quer fazer a vontade dele...” refere-se não somente a sentimentos, atitudes ou consentimento mental, mas à decisão de obedecer a Deus. Tal pessoa virá a conhecer se Jesus é o Messias, o Filho de Deus, como ele mesmo ensina.

19-Mai-2013 Leia João 7.7-21

V. 17-18 - Quem se decide a obedecer ao Senhor alinhará sua vontade com a vontade dele e receberá a compreensão da Palavra dele. Jesus diz ao povo que, se realmente queriam conhecer a vontade de Deus, reconheceriam que ele falava as palavras de Deus. Quem quiser conhecer a vontade de Deus terá que vir a Cristo e ouvir o que ele diz e crer nele.

V.19 - a) As pessoas não estavam obedecendo a Torá (leis do Pentateuco) que Moisés lhes dera, embora pensassem que o faziam, pois, se eles realmente o fizessem, teriam recebido Jesus (Jo 5.45-47).

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b) Jesus estava discernindo espiritualmente (Jo 2.25): ele falou daquilo que as pessoas sentiam em seus corações (o desejo de matá-lo), mas não queriam admitir.

V.20 - Uma pessoa piedosa, após ter seu pecado exposto, reage admitindo o erro, sentindo-se infeliz por ter feito algo errado e resolvendo mudar com o poder de Deus. Mas o que vemos aqui é a reação normal das pessoas com o padrão do mundo, ao ter seu pecado exposto: acusar aquele que o expôs e negar o pecado.

V.21 - “Fiz um milagre (Jo 5.9) e, por causa dele, todos vocês estão admirados, embora, ao mesmo tempo, vocês queiram me matar porque fiz isso no Shabat (sábado)”.

26-Mai-2013 Leia João 7.22-23

“Moisés lhes deu a circuncisão” (Lv 12.3). Não que ela tenha vindo de Moisés, pois Deus deu o comando da circuncisão a Abraão (Gn 17.1-27) e ele a realizou em Isaque (Gn 21.4), séculos antes de Moisés. De acordo com a Torá (Pentateuco), o menino judeu deveria ser circuncidado no oitavo dia de sua vida (Gn 17.2 e Lv 12.3), mas também esta era uma obra proibida no Shabat (Ex 20.9-10; 31.14-15 e Lv 23.3). Portanto se o oitavo dia de vida caísse no Shabat, a circuncisão poderia ser adiada para o nono dia, ou o Shabat seria quebrado ao realizar a obra de carregar instrumentos e cortar, que são necessárias para a circuncisão. Entretanto, na época de Jesus, o povo da Judéia fazia a circuncisão no sábado.

O que Jesus diz em resumo é: “Se vocês permitem quebrar o sábado para observar o mandamento da circuncisão, (já que havia um conflito entre a lei sobre trabalhar no sábado e o comando de que o menino deve ser circundado no oitavo dia de vida), quanto mais importante é curar o corpo inteiro de uma pessoa, e assim vocês deveriam permitir que o Shabat fosse quebrado por isso também.”

02-Jun-2013 Leia João 7.23-36

Jesus não se opôs à tradição dos fariseus em si mesma. Ele não era contra a legislação necessária para aplicar a Torá (Pentateuco) em momentos e circunstâncias específicas, mas ele era contra atribuir a essas legislações a inspiração divina (Mc 7.5-13).

v. 24 - “Julgue as coisas espirituais através de padrões espirituais, não por aparência”, é a advertência que Jesus faz.

v. 27 - “Sabemos de onde este homem vem”, isto é, de Nazaré e de pais humanos comuns (Jo 6.42). ‘Quando o Messias vier ninguém saberá de onde ele vem’. Esta declaração demonstra que as pessoas estavam confusas porque conheciam os fatos sobre o passado de Jesus (Jo 6.41, 42), uma vez que supunham que a vinda do Messias deveria ser mantida em segredo. Esta concepção de que a origem do Messias deveria ser envolta em mistérios contradiz Miqueias 5.1, que prediz o nascimento do Messias

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em Belém (Mt 2.1-8). Havia até alguns que acreditavam que o Messias permaneceria oculto até que Elias viesse e o desse a conhecer.

v. 35 - O povo da Judeia se perguntou se Jesus ensinaria os gentios. A palavra ‘grego’ é traduzida frequentemente por ‘gentios’ nos escritos de Lucas e Paulo. Mas também aqui pode estar se referindo à diáspora grega, que tem relação com os judeus gregos ou de fala grega.

09-Jun-2013 Leia João 7.33-36

Jesus disse ao povo que voltaria para Seu Pai (v.33). Ele sabia que o povo da Judéia estava procurando matá-lo (v.30). Mas nada do que o povo pudesse fazer mudaria os planos de Deus. Jesus disse que estaria no mundo por mais um pouco de tempo e nada poderia ser feito para evitar isso. E que somente quando sua obra estivesse completa é que Ele voltaria ao Pai.

Nos v. 34 e 36, Jesus estava avisando as pessoas que não deveriam ignorá-lo e que elas precisavam dele. Deveriam ouvi-lo porque, se depois resolvessem procurá-lo, poderia ser impossível encontrá-lo. Se não o achassem, não poderiam ir até onde Ele estava. O único meio de chegar aos céus é por Cristo. Recusá-lo significa não poder passar a eternidade com Deus.

V.37 - O último dia da festa era seu ápice. Durante os 7 dias da festa, um sacerdote especial carregava água num cântaro de ouro do tanque de Siloé (remetendo à água fornecida pela pedra em Êxodo 17.5, 6), para ser derramada numa bacia aos pés do altar pelo sumo sacerdote. Isto simbolizava uma oração por chuva e também apontava para o derramar do Espírito Santo sobre o povo de Israel. Os rabinos associavam esse costume com Isaías 12.3. Assim, no 7º dia, a água derramada era acompanhada por sacerdotes tocando trombetas douradas, levitas cantando cânticos sacros e as pessoas comuns balançando suas palmas (folhas de palmeira, murta e salgueiro) e recitando os Salmos 113 a 118.

16-Jun-2013 Leia João 7.37

Nos versículos finais (25 ao 29) do Salmo 118, que era entoado na Festa dos Tabernáculos, há a palavra ‘Salva’ que, em hebraico, é ‘Hosana’, cujo significado é ‘Salve agora’. Era mais um grito de aclamação, um apelo de um povo oprimido pedindo libertação ao seu salvador. Esses versos tinham tons messiânicos, tanto que Jesus foi saudado com o emprego deles quando fazia sua entrada triunfal em Jerusalém (Mt 21.9) pelas pessoas que o reconheceram publicamente como o Messias. Mas com o tempo a palavra ‘Hosana’ veio a ser grito padrão de louvor.

Segundo a tradição judaica, haveria o dia chamado de ‘Hosana Rabbat’, ‘Grande Hosana’, que era compreendido como o dia da chance final para alguém receber perdão pelos pecados cometidos.

A Festa dos Tabernáculos era a mais importante e a mais popular do ano. A profecia de Zacarias 14.16-19 associou esta festa com o ‘Dia do Senhor’, ocasião na qual se celebraria a esperança de que Deus enviara um libertador para o povo oprimido. Deus derramaria sobre a família de Davi e sobre os vizinhos de Jerusalém um espírito de arrependimento, fazendo abrir um manancial contra os seus pecados. “O manancial de Jerusalém tinha que fluir até os mares e o Senhor seria o rei do mundo todo”. A Festa dos Tabernáculos seria o ponto de encontro do povo para ter a sua esperança alimentada.

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23-Jun-2013 Leia João 7.37 (continuação)

A cerimônia do derramar das águas durante a Festa dos Tabernáculos, acompanhada por danças, cânticos e música, era considerada por muitos como uma demonstração da verdadeira alegria.

Era também a ocasião na qual os participantes buscavam a inspiração do próprio Espírito Santo, que pode ser possuído por aqueles cujos corações estão cheios de alegria espiritual.

Foi no meio desse derramar de águas e tocar de trombetas, balançar das palmas, cânticos dos Salmos e alegria extasiante dos participantes que buscavam perdão e na presença de todos os sacerdotes que Jesus faz a declaração, colocando-se em pé e dramaticamente dizendo: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”(Leia Is 44.3; 55.1; 58.11; Jo 4.6-11 e Ap 22.17).

Jesus viu o regozijo do povo. Sabia que aquelas pessoas ainda necessitavam de água espiritual. A rocha que lhes dera água no deserto (Ex 17.6 e Nm 20.8) era a figura dele mesmo (1Co 10.4). Sabia que precisavam dele e do Espírito Santo, que só Ele poderia dar.

Assim, Ele está , na verdade, declarando : “Eu sou a resposta para a suas orações” ; “Eu sou o cumprimento de tudo o que esta cerimônia representa”.

30-Jun-2013 Leia João 7.37-39

O convite de Jesus é universal. ‘Alguém’ significa qualquer ser humano. O convite é dirigido a todos: ‘Venham a mim’. Para saciar a sede espiritual é preciso estar em comunhão pessoal completa com o Cristo.

V.38: Aqueles que estavam ‘saciados’ com Jesus haveriam de se tornar canais de revigoramento espiritual para os outros. A figura dos ‘rios’ contrasta com uma ‘fonte’ (Jo 4.14), ilustrando a diferença entre o novo nascimento de uma pessoa e a experiência de alguém com a plenitude transbordante da vida cheia do Espírito.

A fonte de onde flui a água do Espírito é o Jesus glorificado. Quando fala sobre a água viva fluindo do interior dos crentes, Jesus está não apenas se referindo aos crentes que receberiam a bênção, como também que estes crentes teriam de se transformar em bênçãos para outras pessoas.

A promessa de matar a sede é feita por Jesus no ‘último dia’ o dia mais importante da festa. O último dia deve ser interpretado teologicamente com o v.39: “De fato, ainda não havia sido dado o Espírito porque Jesus não tinha sido glorificado”. Ou seja, “a água que está sendo oferecida” (o Espírito Santo) está relacionada com o ‘último dia’, o dia da glorificação do Senhor. Era preciso que Jesus fosse glorificado para que se pudesse receber o “outro Consolador”, o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho.

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07-Jul-2013 Leia João 7. 39 (continuação)

No v. 39, João interpreta as palavras de Jesus para referir-se ao derramamento do Espírito Santo que iria acontecer. O Espírito Santo existe desde toda a eternidade, mas ainda não tinha sido enviado. Dentro em breve, a plenitude do Espírito seria uma bênção para todo o povo de Deus (At 2.3,4 e 33).

No Antigo Testamento, o Espírito vinha sobre as pessoas para capacitá-las para alguma tarefa específica, deixando-as em seguida (Ex 31.3; Nm 11.17; Jz 6.34; 11.29; 13.25; 15.14, etc.). No Dia de Pentecostes (At 2.1-13), porém, Cristo derramou o Espírito Santo como dádiva permanente a ser desfrutada (Jo 14.16).

A glorificação de Jesus, no Evangelho de João, significa a sua morte em obediência à vontade do Pai e a sua ressurreição. Assim, crer em Jesus significa crer naquele que faz a vontade de Deus, e implica em fazermos a vontade do Pai Celestial. Se queremos ser cheios do Espírito, devemos beber dessa fonte, Jesus, única fonte capaz de saciar a sede das pessoas.

O Espírito não flui de dentro de nós; flui de Jesus. E quem quer ser cheio do Espírito deve crer em Jesus (pois não há outra exigência nem condição). De Jesus flui o Espírito para todo aquele que crê e vive esta fé em meio a todas as pessoas.

21-Jul-2013 Leia João 7. 40-53

No v. 40, ‘profeta’ refere-se à promessa de Deuteronômio 18.15 e 18. “Messias da semente de Davi” nos v. 41 e 42 está relacionado com Jeremias 23.5 e 6; Miqueias 5.2 e Salmo 89.36-38; e de onde virá o Messias refere-se a Mateus 2 e Lucas 2.1-7.

No v. 43 : “ o povo ficou dividido por causa dele”, Jesus, o Messias, sempre divide as pessoas em dois campos: os que estão com ele e os que não estão. O campo neutro rapidamente desaparece.

No v. 47: Os fariseus pensavam que seus guardas estavam enganados, mas a resposta deles (v. 46) sugere que eles estavam confusos.

No v. 48: Os questionadores supunham uma resposta negativa, mas Nicodemos poderia já estar crendo em Jesus (v.50-52), pois em João 19.39 ele certamente já cria.

No v. 49: O povo da Judeia, bastante crítico, embora treinado na Torá, que ensina o amor, desprezou a multidão porque a considerava sob maldição devido à sua falta de instrução (compare com João 7.15).

No v. 52: Eles disseram: ‘Estude as Escrituras e verá que nenhum profeta procede da Galileia’. Mas ao lermos 2 Reis 14.25 saberemos que Jonas veio de Gat-Hefer na Galileia.

No v. 53: Aqui se refere ao retorno dos peregrinos no final da festa para suas casas em regiões e nações distantes de Jerusalém.

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28-Jul-2013 Leia João 8.1 a 6

Há uma discussão sobre o fato da passagem de João 8.1-11 fazer parte do texto original do Evangelho de João. Entretanto, existem poucas dúvidas sobre se o incidente realmente aconteceu. O relato tem todas as características de “veracidade histórica”. É uma peça de tradição oral que circulava em certas partes da igreja no Oriente, que foi incorporada ao livro de João.

V. 5 - Leia Levítico 20.10 e Deuteronômio 22.22-24. Sob a lei romana, era ilegal a justiça judaica emitir uma sentença de morte, mas nem sempre era possível impedir o apedrejamento (At 7.58, 59; Jo 8.59 e 10.31).

O intuito dos fariseus não era a paixão pela santidade, mas o desejo de colocar Jesus em um dilema, ou seja, apanhar o Senhor em alguma falta. Ao perguntarem a Jesus, o que ele achava sobre a mulher ser apedrejada, sabiam que a resposta suscitaria polêmica. Como não era permitido aos judeus matar alguém, somente os romanos poderiam executar a sentença de morte. Caso Jesus respondesse: “Deve morrer”, as autoridades romanas ficariam contra Ele. Por outro lado, se dissesse “Que seja livre”, estaria quebrando a lei de Moisés. Jesus sabia muito bem o que responder e ignorando a presença destes homens, encurvando-se, escrevia no chão.

04-Ago-2013 Leia João 8.7 a 11

Os fariseus formavam a mais importante escola do pensamento religioso de Israel, cujo surgimento data de cerca de 150 a.C.. Eles se separavam os demais judeus a fim de alcançar a máxima santidade. No entanto, estes que levaram a mulher adúltera à presença de Jesus não eram melhores do que ela. Seus corações estavam carregados da maldade que jogaram sobre ela. Eles mesmos não eram puros e muito menos se importavam com a Lei de Moisés.

Como eles continuavam a insistir com Jesus, ele disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra”. Deste modo, Jesus reverteu a situação. Agora, o problema estava com os fariseus. Quiseram colocar Jesus em cheque, mas, no final, eles foram desmascarados. Tinham vindo condenar a mulher e saíram condenados. Jesus provocou, em cada um deles, um exame de consciência. Enxergando os seus próprios pecados, deixaram de ver o pecado daquela mulher (Rm 3.23).

Jesus e a mulher ficaram a sós, pois todos que a acusavam se afastaram da cena. Mas, ao invés de Cristo condená-la, ele a perdoa e mostra que há uma nova maneira de viver. Jesus Cristo era o único sem pecado. Ele poderia tê-la condenado, mas a perdoou. Ele podia perdoar porque é o Filho de Deus. Não fora a lei de Moisés que ela quebrara. Fora a lei de Deus. Somente Deus poderia perdoar. Desde que Jesus é Deus, ele podia e queria perdoar os pecados. Diante do Messias, a mulher vê o seu pecado condenado, mas encontra a graça que restaura a sua vida (Sl 32.1 e Is 55.7).

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11-Ago-2013 Leia João 8.12

A resposta de Jesus no v.7 aos fariseus mostrou 4 coisas: 1) ele não era contra a Torá; 2) ele foi misericordioso com relação à mulher; 3) ele se opôs ao seu pecado (Ex 20.13, 14); e 4) ele conseguiu silenciar e envergonhar os acusadores (compare com Mt 22.46).

Jesus se dirigiu ao povo que se reunira. Ele estava falando no lugar do gazofilácio do templo (v. 20), que era localizado no átrio das mulheres. Neste lugar, havia um enorme candelabro, colocado para a Festa dos Tabernáculos. Era aceso todas as noites, no decorrer da festa, e a luz brilhava por toda a cidade. Naquele momento, as luzes estavam apagadas (a Festa já havia se encerrado). Jesus olhou para as luzes apagadas e proclamou: ‘Eu sou a luz do mundo’ (v.12). As luzes eram temporárias para lembrar aos judeus o pilar de fogo e a nuvem que guiara seus antepassados no deserto. Nas Escrituras há várias passagens que têm sido compreendidas como referentes a Jesus como a luz ou em conexão com a luz (Is 9.2; Ml 4.2; Lc 1.78,79; Is 49.6, Jo 1.4,5 e 7 a 9; Jo 3.19-21; Jo 5.35, Jo 12.35,36, 46 e 1Jo 1.5-7).

Quando as águas de Siloé eram derramadas na Festa dos Tabernáculos, Jesus usou a ocasião para convidar as pessoas para virem a Ele e beber. Agora, ele usa o fato de que a festa é acompanhada pelo brilho da luz para anunciar que ele “é a luz do mundo”.

18-Ago-2013 Leia João 8.12

Podemos acrescentar ainda sobre o encontro de Jesus com a mulher adúltera que: 1) Só Jesus pode perdoar os pecados; 2) Para julgar os outros é preciso estar sem pecado; 3) Jesus não pronunciou palavra de julgamento, antes exortou a mulher para que não pecasse mais; 4) Jesus não trata o pecado com leviandade, nem o desculpa, porque a justiça de Deus o condena.

Jesus é a luz do mundo, que elimina as características maléficas das trevas e é a testemunha da revelação de Deus a todas as pessoas. A luz que revelou o pecado oculto dos acusadores da mulher adúltera; a luz que manifesta o perdão divino; e a luz que ilumina o caminho da santidade. Ele nos ilumina e nos leva a ter segurança na nossa vida terrena e esperança na vida eterna. Jesus é a perfeita e completa revelação do Pai. No porvir, não vamos descobrir nenhuma característica divina que Jesus já não tenha revelado.

Jesus declara que “do mesmo modo como eu era a Rocha, da qual veio a água, assim eu sou também a origem de onde emana a luz”. A água que Jesus deu era “água viva”. A luz que Jesus dá é a “luz da vida”.

A luz do mundo está à disposição de todos aqueles que seguem o Senhor Jesus Cristo. Ele disse: “Quem me segue não andará nas trevas”. Quando realmente o seguimos – isto é, obedecemos seus mandamentos – podemos ter certeza de que ele vai nos guiar passo a passo.

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25-Ago-2013 Leia João 8.13-19

Para encerrar o tema Jesus, a luz do mundo, podemos dizer que: “A luz da vida (Jesus) resplandece dentro do ser humano por meio da sensação interior de vida, a fim de livrá-lo do pecado”.

Mas o debate entre o povo da Judeia e Jesus Cristo continuou. Aqueles judeus queriam provar que Jesus estava errado. Discordaram do testemunho que ele dava de si mesmo. Sugeriram que ele não tinha direito de julgar. Novamente Jesus afirma que Deus era seu Pai. Desta vez, os judeus não discutiram, mas ficaram sarcásticos (v.19): “Onde está teu Pai?” Na verdade, eles queriam dizer: “Mostre-nos Deus, se puder”. Mas Jesus respondeu: “Se conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai”.

No v.15, quando Jesus diz: “Não julgo ninguém”, quer dizer que ele não julgava ninguém naquele momento, durante sua vida humana, sua primeira vinda. No futuro, ele julgará a todos (Jo 5.22, 27 e 30).

Os fariseus opuseram-se à ideia de que o testemunho de Jesus fosse verdadeiro, porque ele falava por si próprio, visto que, para os judeus, eram necessárias duas testemunhas (Dt 17.5 e 6 e 19.15). Jesus relatou que o Pai adicionou seu testemunho tanto pela palavra escrita (os livros da lei, dos profetas, etc.) como pelas obras que Jesus realizava.

01-Set-2013 Leia João 8.17-24

No v.17, na vossa lei” ou “mesmo na Torá de vocês”, o sentido é que desde que a Torá era deles, como eles mesmos já tinham declarado (v.5), eles deveriam compreendê-la.

No v.18, Jesus não está usando os textos referidos no versículo anterior (Dt 7.5,6) no sentido literal para provar, como se estivesse diante da corte de um tribunal, que ele tinha duas testemunhas aceitáveis. Estava usando-os de forma alegórica, já que ele e seu Pai são “duas pessoas”.

No v.19, Jesus nunca falou de José como seu pai em qualquer um dos evangelhos; mas sempre se refere a Deus como seu Pai.

No v.21, “morrerão em seus pecados”, há um novo ensinamento. Até este momento, Jesus não havia dito que o ser humano deve crer nele ou então deveria estar preparado para morrer por causa de seus pecados.

No v.24, “Eu sou”, Jesus está declarando aqui e no v.28 que ele deve ser identificado to com Deus (Jo 4,26). Eu sou é o significado do nome Javé (Ex 3.14) e Javé é um dos nomes de Deus, aquele que é, que era e que há de vir, aquele que é auto-existente e existe para sempre (Ap 1.4; Ex 3.14-15). Esse nome é usado quando se fala de Deus e seu relacionamento com o ser humano. Portanto, indica que o Senhor é o Deus que sempre existe que se relaciona com o ser humano. Todo ser humano que não crê que o Senhor é o próprio Deus morrerá em seus pecados.

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08-Set-2013 Leia João 8.25-32

No v.28, “Quando levantarem o Filho do Homem”, Jesus está predizendo a sua morte e a forma como ela ocorreria, o povo da Judeia o crucificaria (Jo 3.14 e 12.32).

No v.29, para Jesus, fazer a vontade do Pai não era uma escolha ocasional em momentos cruciais. Ao invés disso, a presença constante do Pai em sua vida sinaliza que nunca houve um momento em que ele não tenha feito a vontade de Deus.

No v.30, alguns creram nas palavras de Jesus. Mas o Senhor sabia que sua crença era muito superficial. Jesus disse a eles: “Permanecei na minha palavra, permanecei na fé”. Mas há um tipo de verdade que é insuficiente ao tentar se tornar realmente um discípulo de Jesus (Jo 2.23-25). O verdadeiro discípulo obedece a Jesus, o que é mais do que reconhecer mentalmente quem ele é.

No v.32, Jesus diz: “Se vocês continuarem a aprender a verdade, a verdade os libertará”. Isto está condicionado a obedecer ao que Jesus prega. Aqueles judeus não entenderam estas palavras. Eles não reconheciam que não eram livres (v.33), e não eram mesmo, estavam escravizados ao pecado. Há um único meio para alcançar a libertação do pecado – através de Cristo (v.36). Temos liberdade para viver – em Cristo, recebemos a vida. A liberdade espiritual vem de Cristo. Esta liberdade não significa descaso com a vontade de Deus. Temos liberdade de escolher a vontade dele para a nossa vida. Temos liberdade para segui-lo e andar na “luz da vida”.

22-Set-2013 Leia João 8.44

Jesus argumenta que, se eles fossem realmente filhos de Deus, assemelhar-se-iam a Ele e o amariam. Um filho, no sentido bíblico, é um ser que apresenta o aspecto de seu pai. Mas as obras deles revelam uma paternidade maldita. São filhos do Diabo, homicida desde o princípio e que jamais se firmou na verdade.

No v. 44, “Vós tendes por pai ao Diabo”, visto que o diabo é o pai dos pecadores, estes são seus filhos (1Jo 3.10). O Diabo é a antiga serpente (Ap 12.9; 20.2) e os pecadores também são serpentes, a raça de víboras (Mt 23.33; 3.7). Portanto, precisam que o Senhor seja levantado por eles na cruz (Jo 3.14; Nm 21.4-9), a fim de salvá-los não apenas do pecado, mas também da fonte do pecado(Hb 2.14).

No v. 44, “porque é mentiroso e pai da mentira”, as palavras do Senhor aqui revelam que no Diabo há uma coisa maligna específica que o levou a tornar-se a fonte do pecado. Isto é algo que lhe é próprio, sua característica particular, algo que outras criaturas não possuem. Visto que ele é o pai dos mentirosos, ele é a fonte do pecado. O elemento divino de Deus, que opera como vida e luz dentro do ser humano, liberta-o da escravidão do pecado. Mas o elemento maligno do Diabo, que trabalha como pecado por meio da morte e das trevas dentro do ser humano, escraviza-o ao pecado. A natureza do Diabo é a mentira e produz morte e trevas. Com as trevas, há a falsidade e o engano, que são contrários à verdade.

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29-Set-2013 Leia João 8.45-51

Podemos destacar que, desde o v. 25, vemos que Cristo está revelando a verdade a respeito: a) de si mesmo (v. 25 28 e 29); b) do Pai (v. 26,27 e 29); c) do discipulado (v.31); d) do pecado (v.33); e) da liberdade (v.36); f) dos filhos de Abraão (v.39); g) do Diabo (v.44).

No v.46, ‘Você é de Samaria’, certamente Jesus não era. No entanto, eles estavam tentando insultá-lo, replicando que ele estava louco, que não era um judeu legítimo e, sim, samaritano (produto duma fé corrompida e herege).

No v.49, Jesus observa que eles o desonram.

No v.50, Jesus declara que seus atos provêm do seu desejo de honrar a Deus, não de glorificar a si mesmo. “Há quem a busque e julgue” - Jesus se refere a Deus que justifica o Filho.

No v.51, Jesus resume seu ensino nestas palavras: “Se alguém guardar a minha palavra não morrerá”. Alguém pode morrer fisicamente e nunca “ver a morte” no sentido espiritual de ‘separação de Deus’. O verdadeiro discípulo permanece na Palavra de Deus. Somente assim pode penetrar mais profundamente nos ensinos de Jesus e receber o conhecimento da verdade que o libertará.

Releia os versículos 31 e 32.

06-Out-2013 Leia João 8.51 (Continuação)

Jesus fala da liberdade do espírito. Há muitas pessoas que pensam como aqueles judeus dos dias de Cristo que acreditavam serem livres mesmo não conhecendo a Cristo. Elas têm medo de vir a Cristo, pensando que, se o fizerem, estarão abrindo mão de sua liberdade se se entregarem a Ele.

Após a ressurreição e por meio dela, o Senhor Jesus, que se havia tornado carne (Jo 1.14), tornou-se o Espírito, que dá vida (1Co 15.45). É como Espírito que dá vida que Ele pode ser vida e suprimento de vida para nós. Quando o recebemos como o salvador crucificado e ressurreto, o Espírito dá vida entra em nós para infundir-nos vida eterna. Recebemos o Senhor Jesus, obtendo, então, o Espírito que dá vida. O Espírito é vivo e real, contudo é muito misterioso, intangível e de compreensão complexa; as palavras, no entanto, são concretas e tangíveis. Primeiro, o Senhor indicou que, para dar vida, Ele se tornaria o Espírito. A seguir, disse que as palavras que Ele fala são Espírito e Vida. Isso mostra que as suas palavras faladas são a corporificação do Espírito da Vida. Ele é o Espírito que dá vida em ressurreição, e o Espírito é corporificado nas suas palavras. Quando recebemos as suas palavras exercitando o nosso espírito, obtemos o Espírito, que é Vida.

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13-Out-2013 Leia João 8.51- 59

V.52 - É possível, ao faltar espiritualidade, atribuir a ensino sublime uma origem diabólica.

V.55 - Neste versículo, dois verbos gregos são usados no original para conhecer. O primeiro denota o conhecimento exterior, objetivo; o segundo se refere à consciência interior, subjetiva. O Senhor Jesus disse aos fariseus que eles não tinham conhecido a Deus Pai, nem mesmo com o conhecimento exterior e objetivo, mas que ele conhecia o Pai com a consciência interior e subjetiva.

V.58 - “...antes que Abraão existisse...” indica que a vida de Abraão tinha um começo específico, o que contrasta nitidamente com a reivindicação de Jesus: “Eu sou”. Ele é o Deus eterno, sempiterno. Ele era antes de Abraão e maior do que ele. “Eu sou” é autodeclaração bem clara de Jesus a respeito de sua divindade. Ficou bem claro para o povo da Judéia o que Jesus estava declarando, tanto que eles imediatamente pegaram pedras para o apedrejar por blasfêmia (v. 59). Declarar ser Deus (como Ele tinha acabado de fazer) merecia punição por morte (Lv 24.15-16). A reivindicação de Jesus quanto a ser eterno era uma reivindicação quanto a ser divino. Estas e outras passagens relacionadas neste evangelho como em João 4.26, são declarações explícitas e poderosas de Jesus ser o verdadeiro Deus encarnado.

20-Out-2013 Releia João 8

Conclusão: Neste capítulo podemos destacar que, pelas suas palavras, Jesus está defendendo a sua missão e autoridade. Ele nos apresenta a si mesmo como a Luz do Mundo (v. 12). Também apresenta as consequências da incredulidade humana: 1) ser escravo do pecado; 2) ter morte física e espiritual; 3) não conhecer nem o Pai e nem ao Filho; 4) ficar separado de Deus (para sempre); 5) ser filho do Diabo. Mas ele mostra o outro lado, as consequências da fé no Salvador: 1) ter o perdão dos pecados (se confessá-los a Deus); 2) ter apenas a morte física; 3) conhecer o Pai e reconhecer o Filho como Jesus (Salvador) e Cristo (o Ungido, o Messias); 4) conhecer a verdade que liberta; 5) permanecer na palavra, sendo discípulo de Jesus; 6) ser filho de Deus; 7) viver junto com Deus (para sempre).

Para refletirmos: 1) Jesus é o nosso Salvador? 2) Ele é o nosso Mestre? 3) Nós o adoramos como o “Filho de Deus”? 4) Ele é o nosso Senhor? 5) Ele nos guia como a “Luz do Mundo”?

Em Romanos 12.1-2, Paulo declara que a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita. Por

que não experimentar esta verdade bíblica? Vivamos seguindo a Cristo, libertos da escravidão do pecado, recebendo dele a vida, escolhendo e aceitando a vontade de Deus para a nossa vida. Sigamos a Luz do Mundo, que brilha e é como um farol a nos iluminar e orientar a cada dia o nosso navegar pelo mar que é o nosso viver aqui na Terra e não andemos nas trevas por mares tenebrosos.

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27-Out-2013 Leia João 8.58 (conclusão)

Neste versículo Jesus diz aos judeus: Antes que Abraão existisse, eu sou”. A fim de entender como são importantes estas palavras devemos voltar ao Antigo Testamento e descobrir o que significa “Eu sou”. Em Êxodo 3.1-14, lemos sobre Moisés e a sarça ardente. Quando Deus disse a Moisés que ele deveria tirar o povo de Israel do Egito, Moisés hesitou em aceitar uma tarefa tão grande e perguntou ao Senhor: “Quem direi que me mandou?” Deus disse a Moisés: “Eu sou me enviou a vós outros. Assim dirás aos filhos de Israel: Eu sou me enviou a vós outros” (Êx 3.14). O nome “Eu sou” era, portanto, o nome que Deus deu a si mesmo. Os judeus o consideravam tão sagrado que não o pronunciavam em voz alta, quando liam o Antigo Testamento. Empregavam no lugar outro dos nomes de Deus. O nome “Eu sou” dito por Jesus significa que Ele era, que é, e que há de vir (Ap 1.8). Jesus disse: “Eu sou eterno, sou auto existente, a vida está em mim, sou Deus”. Aqui está um dos maiores testemunhos da divindade de Jesus Cristo, no evangelho de João.

O nome “Eu sou” tem sentido para nós hoje. Quando Jesus faz esta declaração, está dizendo que Ele é a fonte da vida. Nossa vida depende de outra pessoa. Recebemos nossa vida física de nossos pais. Recebemos nossa vida espiritual de nosso Pai Celeste. Mas Jesus Cristo é diferente. Ele não recebe vida; Ele é a Vida (Jo 14.6). Nele está a Vida (Jo 1.4).

03-Nov-2013 Leia João 8.58 (Conclusão)

A propósito do livro de João é mostrar a divindade de Cristo pelo uso de uma série de nomes ou títulos após a expressão “Eu sou” que Jesus aplica nos seus discursos sobre si mesmo. Tais afirmações seriam vãs se fossem proferidas por outro que não fosse Deus. Somente ele pode usar estes títulos.

Em João 3.13-14, ele usa a expressão “Filho do Homem”, que mostra a humildade do Senhor e o fato de Ele se ter humilhado para tornar-se nosso salvador.

Em João 6.35, ele diz ser o “Pão da Vida”. Somente Deus pode fazer uma afirmação desta. Como não podemos viver sem alimento, do mesmo modo, não podemos viver espiritualmente sem Ele. “Satisfarei sua fome espiritual”, dizia Jesus (Jo 6.41,48 e 51).

Em João 8.12, Jesus afirma ser “a Luz do Mundo”. Não podemos viver sem luz. Não podemos andar sem luz. Jesus diz: “Eu lhe mostrarei o caminho onde andar. Se você me seguir, nunca andará nas trevas’ (Jo 9.5).

Em João 8.58, ele declara que é eterno. Cristo é o nosso Deus. Em João 10.7 e 9, ele é a porta, a entrada para a salvação. Ele é o Único que pode nos salvar.

Em João 10.11 e 14, ele diz: “Eu sou o Bom Pastor”, aquele que nos protege do mal e é provisão para as nossas necessidades. Ele diz: “Eu vou na sua frente. Eu sou a entrada do curral. Eu cuido das minhas ovelhas. Elas nada tem a temer’.

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10-Nov-2013 Leia João 8.58 (Final)

O que Jesus declara ser, após o emprego da afirmação “Eu sou” em João 8.58:

Em João 11.25, Jesus afirma: ‘Eu sou a Ressurreição e a Vida’. Sem Cristo, nunca poderíamos encarar o futuro com segurança. Estaríamos sempre preocupados com o que poderia acontecer algum dia. Ele diz: “Eu levarei vocês para que estejam comigo. Não tem nada a temer”. “Porque eu vivo, vós também vivereis” (Jo 14.19).

Em João 14.6, lemos: ‘Eu sou o caminho, e a verdade e a vida’. Quem pode andar se não houver um caminho? Quem pode ter segurança fora da verdade? Quem pode se contentar em apenas existir, sem a vida eterna? Cristo declara: ‘Eu sou a resposta a todas essas necessidades. Confiem em mim!’

Em João 15.1, lemos: ‘Eu sou a videira verdadeira’. Quem pode viver sem o poder e a força de Jesus Cristo? O Senhor conhece as nossas necessidades e nos garante: ‘Eu sou a videira, vós os ramos’ (v.5). Jesus Cristo está nos dizendo, através de todas estas afirmações: ‘Eu sou tudo de vocês’. Fora de mim nada podem fazer. Dependem de mim cada momento, para todas as suas necessidades e para fazer sua vida cheia e abundante’.

Em Filipenses 2.9-11 lemos que Deus lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai. Este é o maior de todos os seus nomes. Em Atos 4.12 constatamos que a humanidade está perdida sem Cristo e que nenhuma outra autoridade, personalidade, outro sistema ou filosofia pode afetar ou alterar o resgaste da alma humana já que o único caminho para a salvação é Jesus Cristo.

17-Nov-2013 Leia João 9.1-5

V.1: “Caminhando Jesus, viu um homem cego” - Jesus não perdeu tempo. Notou que ali havia um homem que precisava de ajuda. Os discípulos se preocuparam apenas sobre o motivo da cegueira do homem, mas Jesus não estava ocupado demais para notar alguém que precisava dele e atender sua necessidade e aproveitar a oportunidade para mostrar o poder de Deus.

V.2: Os discípulos de Jesus não foram os primeiros a atribuírem todos os infortúnios e inabilidade humana a um pecado detectável. Todo o livro de Jó é devotado a combater essa má compreensão de como o pecado tem afetado o mundo presente. (Aprende-se muito sobre este assunto com a leitura do livro de Jó). Jesus observa que, além da tragédia humanas (que, de maneira geral, são resultado da queda do ser humano e da consequente chegada do pecado, doenças, aflição e morte no mundo), a graça misericordiosa e soberana de Deus está disponível. Não podemos julgar os pecados de ninguém. Nosso dever é trazer vida a Cristo. Ele deixou isto bem claro aos discípulos. Ele também destacou que nem toda doença era resultado de pecado. Mas, o mais importante, é que, mesmo quando a doença se manifesta, podemos esperar que a ação de Deus é soberana na nossa vida.

Este caso do cego é uma prova de que a religião da lei não podia proporcionar nenhuma ajuda ao cego. Mas o Senhor Jesus, como a luz do mundo, concedeu-lhe a visão (Jo 10.10).

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24-Nov-2013 Leia João 9.1-7

Na Bíblia aparece expressa, de um lado, a ideia de responsabilidade coletiva no bem e no mal (Êx 20.5-6; 34.6-7; Nm 14.18; Dt 5.9-10; Rm 5.20-21) e, por outro lado, a reponsabilidade pessoal (Dt 24.16 e Ez 18.2-20). Os judeus criam que, se um homem era rico e próspero, isto era uma bênção de Deus. Portanto, a pessoa rica e próspera seria boa e merecedora do benefício. Da mesma forma, se alguém sofresse uma enfermidade ou qualquer outro problema grave, isto era sinal do juízo de Deus; portanto, a pessoa teria pecado. Por isso fizeram a pergunta (v.2). A resposta de Jesus (v.3) é importante para entendermos o problema da dor e do sofrimento. Notemos a surpreendente resposta de Cristo. Aquele homem nascera cego para que as obras de Deus fossem manifestadas nele. Deus usa pessoas que sofrem a fim de que, na medida em que são curadas, outras reconheçam a atuação divina. E, mesmo quando a cura não se efetua, o Senhor é glorificado através do triunfo do crente sobre a dor e no seu fortalecimento em meio a provações.

Aquele homem foi maravilhosamente abençoado. Do ponto de vista divino, o homem nascera abençoado. Todo potencial de uma bênção maravilhosa futura achava-se em sua vida; ao render-se a Deus, lhe foi permitido ter o seu mundo alargado, a sua capacidade de viver enriquecida e, por fim, a salvação da sua alma (v.38).

08-Dez-2013 Leia João 9.6-7

O barro (v.6) como o barro em Romanos 9.21 pode simbolicamente representar a natureza humana. A saliva aqui, como algo procedente da boca do Senhor (Mt 4.4), pode representar as suas palavras, que são Espírito e são Vida (Jo 6.23). O ato de fazer barro com saliva pode simbolizar o mesclar da natureza humana com a palavra viva do Senhor, que é o Espírito. O termo ungiu prova isso, pois o Espírito do Senhor é o Espírito que unge (Lc 4.18, 2Co 1.21,22 e 1Jo 2.27). Aqui o Senhor ungiu os olhos cegos com o barro feito com a sua saliva, para que a visão pudesse ser recuperada, isto é, pela unção da mescla da palavra do Senhor (que é o seu Espírito) com a nossa humanidade, nossos olhos, que foram cegados por Satanás, podem recuperar a visão.

No v.7, ‘lavar’ é limpar-se do barro. Isso representa o lavar da nossa velha humanidade, que se experimenta no batismo (Rm 6.3,4 e 6). O fato de ele ir e lavar-se indica que obedeceu à palavra vivificante do Senhor, recuperando assim a visão. Se não tivesse ido lavar-se do barro após ter sido ungido com ele, o barro o teria cegado ainda mais. Nossa obediência à unção do Senhor nos purifica e dá visão.

Para que o cego fosse curado era necessário: a) a presença, o interesse, o contato e o poder do Salvador; b) a submissão e obediência do cego; c) a lavagem com água do tanque de Siloé; d) a boa vontade do Pai.

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15-Dez-2013 Leia João 9.8-27

O homem que sempre andara tateando, voltou do tanque, andando com passo firme, vendo o caminho que pisava. A mudança foi tão radical que os seus vizinhos olharam com desconfiança e duvidaram que ele fosse aquele cego que mendigava a pouco tempo atrás (Jo 9.8-10).

Ao ser indagado, ele relata toda a maravilha que lhe acontecera (Jo 9.11-15). Os fariseus se interessaram pelo acontecimento, analisando-o de acordo com as leis do Shabat. E acusaram Jesus de não guardar o Shabat (Jo 9.16), causando uma divisão entre eles. Não podendo negar a ocorrência do milagre, eles tentaram minimizá-lo (Jo 9.17-29). Mas o homem curado, com prontidão e coragem, contou o que Jesus disse, o que ele próprio fizera e que obtivera a cura.

A discussão dos fariseus colocou-os em um dilema cuja única escapatória era invalidar o milagre que havia ocorrido. Eles argumentaram que não poderia ter acontecido nenhum milagre, pois era sábado, e Deus jamais violaria a lei do descanso curando uma pessoa. Entretanto, o fato de um homem cego agora ter uma visão perfeita contradizia a teoria deles. Assim, ou eles deveriam negar os fatos ou confessar a natureza divina de Jesus. A lógica do homem curado era simples e incontestável (Jo 9.30-31).

A fim de desvalorizar a história do homem, os seus pais foram inquiridos. Com medo do que poderia acontecer a eles e sendo excessivamente prudentes, eles não se pronunciaram a respeito da maravilha que havia sido realizada.

22-Dez-2013 Leia João 9.22-34

“Seria expulso da sinagoga” (Jo 9.22): o judaísmo possui três formas de expulsão ou excomunhão, embora nenhuma seja comum hoje. A mais leve, repreensão, podia ser declarada por uma pessoa e normalmente durava 7dias. A seguinte, disciplina ou rejeição, geralmente requeria três pessoas para a declararem, durava 30 dias e exigia-se que os demais permanecessem cerca de 2 metros da pessoa em questão. A mais severa era uma expulsão de duração indefinida e a pessoa expulsa era tratada como se tivesse morrido. Para uma família tão pobre a ponto de permitir que o seu filho mendigasse (pedir esmolas deveria ser evitado tanto quanto praticar caridade deveria ser algo frequente), ser expulso da sinagoga seria um desastre mortal.

Embora não conhecesse a Jesus, não lhe houvesse visto e só lhe soubesse o nome, o homem curado testemunhou quanto ao poder de Jesus (Jo 9.25-27). Mesmo com a ameaça de ser expulso, ele foi firme, reconhecendo que havia sido curado por Jesus, que era profeta e homem de Deus (Jo 9.30-33). Ele teve ousadia de enfrentar os líderes judeus, não se importando com as consequências, que seriam não poder assistir a nenhum serviço religioso e nem poder participar das cerimônias religiosas do povo, entre outras. E incapazes de negar o testemunho do homem, as autoridades religiosas escolheram a alternativa covarde e o excomungaram (Jo 9.34).

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29-Dez-2013 Leia João 9.34-40

Jo. 9.34 - O testemunho do homem curado resultou na sua expulsão. Os fariseus o atacaram verbalmente empregando uma palavra que se refere ao filho de um casamento proibido (Lv 18) que significa “bastardo” quando lhe responderam: “Tu és nascido todo em pecado”. Usaram termo forte e violento na intenção de insultá-lo com precisão. Ele perdera os direitos espirituais como judeu e também os direitos sociais. Entretanto, as consequências da sua cura lhe dera: nova visão, nova alegria, novo serviço, novo testemunho e novo sofrimento.

Jo 9.35-38 - Jesus encontra o recém expulso curado, que tinha trocado a exclusão de não enxergar pela exclusão na sociedade. Jesus não se esquecera dele e o levou à fé em si como o Messias. Claramente o homem estava pronto a crer. Ele aceitou que Jesus tinha vindo ao mundo para que “os que não veem, vejam”, como a sua cura atestava. Todavia, mais importante do que abrir os olhos do homem era o fato de Jesus ter aberto o seu coração para que ele reconhecesse que Jesus era o Filho de Deus e cresse nele. Este homem, que era cego e não sabia quem era Jesus, agora está curado e, além disso, adora a Jesus como seu Senhor.

Jo 9. 39-40 - A cegueira assim como o pecado é uma questão de morte. Um morto certamente é cego: “O deus desta era cegou os pensamentos dos incrédulos” (2Co 4.4). Assim, estes precisam que lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo para lhes abrir os olhos, para fazê-los voltar-se das trevas para a luz e da autoridade de Satanás para Deus (At 26.18).

05-Jan-2014 Leia João 9.34-41

João 9.39: “E os que veem se tornem cegos” - Aqueles que, como os fariseus, se dizem espirituais, mas não veem a Cristo, a luz do mundo, são cegos espirituais, que não veem o caminho e podem levar outros cegos ao abismo. Estão condenados por sua própria cegueira e orgulho. Somente por Cristo alguém pode ganhar a “luz”, para ver a vontade de Deus e obedecer a esta vontade.

Com a leitura deste capítulo podemos destacar as atitudes do cego que foram: a) obedeceu prontamente para levar os olhos no tanque; b) admitiu seu estado de cegueira; c) testificou do seu Salvador (Jo 9.11 e 17); d) confessou o que não sabia (Jo 9.12 e 25) e o que sabia (Jo 9.25, 31 e 33); e) descreveu o milagre (Jo 9.15); f) fez a pergunta certa (Jo 9.36); g) sofreu perseguição (Jo 9.34); h) creu e adorou (Jo 9.38).

As atitudes de Jesus foram: a) viu o cego e compadeceu-se dele; b) sabia a origem e a razão do seu mal; c) resolveu não perder a oportunidade; d) empregou um meio estranho de curar; e) ensinou o cego a fazer algo para sua cura; f) procurou o homem e o instruiu; g) admoestou aos fariseus.

O Senhor, que não veio ao mundo para julgá-lo, mas para salvar, contudo, pelo fato da sua presença nele, trouxe o juízo. O resultado espiritual é que os conscientemente cegos – os que por isso procuram a luz – chegam a ver, enquanto os que alegam que veem – as pessoas que possuem a sabedoria deste mundo – ficam cegos (Jo 9.39-41). O juízo que Jesus faz em sua primeira vinda consiste em tornar claro às pessoas como e onde elas realmente se encontravam com respeito a Deus, como o restante do v.39 explica. Somente na segunda vinda Ele julgará o mundo (Jo 5.22, 27-30).

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12-Jan-2014 Leia João 10.1-2

O discurso de Jesus neste capítulo deve ser lido no contexto de João 9.35-41, no qual Jesus levou a discussão da cegueira física para a cegueira espiritual, ensinando que crer nele significa ver espiritualmente, ao passo que aquele que não crê nele continua cego. O Senhor Jesus declara aos fariseus que eles não podiam guiar o povo porque não tinham vindo a Ele, a luz do mundo. Ele continua o seu discurso mostrando como eles eram realmente cegos.

O emprego de imagens pastoris neste capítulo pode ter sido influenciado pela prática de usar textos do Antigo Testamento em torno do tema ‘ovelhas e pastores’, como leituras sinagogais no primeiro sábado anterior à Festa da Dedicação (Hanukkah). A principal passagem profética era em Ezequiel 34.

Jesus faz uma alegoria (expressão de uma ideia sob forma figurada – representação de um objeto para ideia de outro) sobre si mesmo e aquele que nele crê; e sobre os fariseus que são os falsos guias do povo.

A posição e o trabalho de um pastor de ovelhas tem uma importância mínima nos dias atuais. Por isso, nós não damos a significação devida a esse título, quando Jesus chama a si mesmo de Bom Pastor. No entanto, para os judeus do tempo de Jesus, era muito diferente. Os dois maiores nomes de sua história eram Moisés e o rei Davi. A simples menção desses nomes fazia despertar atenção de todo judeu - e esses dois homens foram pastores.

19-Jan-2014 Leia João 10.1-10

Moisés viveu como um rei no Egito durante 40 anos, mas outros 40 anos ele viveu como pastor no deserto. As experiências de Moisés e Davi, cuidando de suas ovelhas, desenvolveram neles sentimentos de paciência e resignação muito necessários para liderar um povo errante e indócil. Do mesmo modo, o Senhor Jesus tem uma capacidade infinita de paciência e resignação em relação a nós (Is 53.6).

Jesus usa a figura de um aprisco (curral) oriental. Uma área cercada por um muro de pedras de aproximadamente 1,50 m de altura e com uma porta. O pastor sentava-se na porta, encostava-se num lado da porta e colocava os pés no outro lado. Assim ele era a porta das ovelhas. As ovelhas entravam no aprisco pela porta ao anoitecer. Ao lado da porta ficava o porteiro, que só abria a mesma para pessoas devidamente autorizadas. O porteiro ficava de vigia, durante a noite, do lado de dentro do aprisco, e, ao raiar da manhã, abria a porta ao pastor, quando este chegava. Um ladrão tentaria pular numa parte longe da entrada. A maneira de entrar no curral revelava quem era o verdadeiro pastor.

Os salteadores, nesta alegoria, seriam os fariseus, os falsos profetas do Antigo Testamento e os falsos messias das épocas mais recentes. Entrar no aprisco através de Jesus é uma ação salvadora, e fornece vida e provisões abundantes às ovelhas. Há somente uma entrada para o Reino de Deus. É através de Jesus Cristo. Somente as verdadeiras ovelhas e os verdadeiros pastores entram por esta porta.

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26-Jan-2014 Leia João 10.1-12

Para os judeus, o trabalho de pastor era uma profissão antiga e honrada. A responsabilidade do pastor era grande (Gn 31.39), tão grande que o próprio Deus era frequentemente chamado de Pastor de Israel (Sl 80.1, Is 40.11, Jr 23.3 e 31-10).

Para tornar-se um bom pastor, era necessário ter muita perseverança no dever. O pastor tinha de encontrar alimento e água para o rebanho em uma terra estéril (Sl 23.2). Devia proteger as ovelhas dos animais selvagens (1Sm 17.34-36) e procurar as que se perdessem (Ez 34.8 e Mt 18.12). Mas a grande prova descrita por Cristo é a do Bom Pastor que daria a própria vida pelas ovelhas.

Normalmente, o que o pastor faz por suas ovelhas? Ele as guia e a dirige. Nunca vai atrás delas. Os pastores orientais seguiam à frente de seu rebanho, nunca enxotando o rebanho por detrás.

Às vezes, mais de um pastor usava um mesmo aprisco. De manhã, cada pastor chegava à porta e chamava suas ovelhas pelo nome. As ovelhas atendiam o chamado do seu pastor, mas não davam atenção ao chamado de outros pastores.

Jesus identificou-se como a porta das ovelhas. Ele é a porta tanto da entrada como de saída. Isto não significa que uma pessoa possa vacilar em relação a estar em Cristo, num certo momento, e fora dele, no outro. Na verdade, significa que, em Cristo, temos proteção e segurança como a porta para as entradas e saídas diárias das ovelhas. Ou seja, por Jesus entramos à presença do Pai e por Ele saímos para uma vida de liberdade e serviço.

02-Fev-2014 Releia João 10.1-12

a) “As ovelhas ouvem a sua voz” (v. 3) - Essas palavras de Jesus subentendem que reina familiaridade especial entre o pastor e as ovelhas, que estão tão acostumadas com a intimidade do pastor que o reconhecem pela voz, distinguindo-a da de todos os outros, incluindo os falsos pastores. Ora, conhecendo ao verdadeiro pastor tão bem, elas o seguem e o obedecem.

b) “Ele as chama pelos nomes” (v. 3) - As palavras ‘próprias ovelhas’ são usadas aqui porque mais de um rebanho podia compartilhar do mesmo aprisco. Era necessária a separação entre os rebanhos. Em alguns casos, podia acontecer de as ovelhas pastarem com bodes ou outros animais. Assim sendo, o pastor chamava as suas próprias ovelhas pelo seu nome. Elas reconheciam a voz do pastor, que as protegia, enfrentando ladrões e animais ferozes. Entre o pastor e suas ovelhas havia simpatia e apego profundo.

c) “Ele as conduz para fora” (v. 3) - Assim como o pastor de ovelhas, Cristo nos orienta. Quando da nossa conversão, Ele nos liberta do mundo. Em seguida, Ele nos conduz a uma vida espiritual mais abundante (v. 10). Por fim, ele nos leva até à completa vida eterna, o destino apropriado dos remidos (v. 28). Cristo nos conduz à plenitude de sua graça e à presença do Pai. Ele nos leva aos pastos verdejantes de sua palavra e às aguas tranquilas de seu amor e de sua graça (Sl 23).

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09-Fev-2014 Leia João 10.9-15

“Eu sou a porta das ovelhas...” (v. 9). Há três bênçãos que decorrem do ato de passar pela porta para desfrutar da viva comunhão com Cristo (Jo 10.9): 1) Segurança – “Salvar-se-á”, que significa estar seguro ou protegido por Cristo (2Tm 4.18); 2); Liberdade – “Entrará e sairá”; aquele que entra em comunhão com Deus desfruta da familiaridade dessa comunhão; 3) Sustento – “Achará pastagens”. A ideia de ‘pastagens’ pode ser aplicada também aos “meios de graça”, a oração, a Palavra, a comunhão com o povo de Deus.

De acordo com o v. 11, o Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas para que tenham uma vida abundante. O nosso Bom Pastor deu sua vida por nós e Ele morreu pelas suas ovelhas. Sua morte foi sacrificial. Ele não morreu por si mesmo, antes morreu pelo ser humano. Ele morreu por todos, mas somente aqueles que o recebem como Salvador lucrarão com sua morte, tendo os pecados perdoados e recebendo vida abundante.

O Bom Pastor tem legítima preocupação com suas ovelhas (v. 11-14), o que contrasta com a conduta de um mercenário, cujo único interesse é a auto conservação.

A familiaridade íntima e profunda entre o Pai e o Filho (v. 15) proporciona o modelo para o relacionamento entre o Pastor e suas ovelhas.

16-Fev-2014 Leia João 10.7-15

Quando Jesus se chama a porta por quem as ovelhas podem entrar, podemos entender que elas entrarão em um lugar: a) de salvação; b) de liberdade (entrará e sairá); e c) fartura (porque não é para um curral). Jesus Cristo é a única porta. Ele não é apenas um dentre muitos caminhos para Deus. Ele é o único. Não se pode escolher outro caminho para se chegar a Deus. Jesus disse: “Eu sou a porta”, e não: “Eu sou uma porta”.

As ovelhas são usadas como emblemas da mansidão, simplicidade, paciência, utilidade, inocência, em contraste com outros animais, como os bodes, que são considerados destrutivos e repulsivos. Por essas razões tanto no Antigo como no Novo Testamento, a ovelha é usada como símbolo do verdadeiro discípulo.

A palavra “pastor” é derivada de uma raiz cujo sentido é ‘protetor’. Assim, pastor é aquele que protege as ovelhas do mal. Jesus como Bom Pastor vai à frente, liderando as ovelhas. Ele está sempre à frente, para resolver qualquer problema ou perigo que possa surgir. Ao segui-lo, vamos por um caminho seguro. Ele não nos impele, mas nos conduz (Is 40.11).

Normalmente nenhum pastor prontifica-se para morrer por seu rebanho como Jesus o fez. Ao proteger o rebanho do perigo, a preocupação básica de um pastor era evitar que as ovelhas fossem mortas. Jesus não leva suas ovelhas a uma boa pastagem, para engordá-las para o abate, mas para que possam ter vida, e vida em abundância.

Um pastor cristão deve proteger os crentes da violência espiritual, preservando-os do erro, guiando-os aos lugares seguros e protegendo-os durante a jornada para a vida celeste (Ef 4.11; Jo 21.6; 1Pe 5.2 e At 20.28).

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23-Fev-2014 Leia João 10.16-18

As outras ovelhas são os gentios que compartilharão os benefícios do seu sacrifício (Jo 10.16)

“Dou a minha vida para tornar a tomá-la” (Jo 10.17) - O Bom Pastor morreu por nós, mas não está morto agora. Morreu mas ressuscitou no terceiro dia.

João 10.18 - Jesus morreu porque quis e quando quis. Ninguém podia tirar-lhe a vida. Ele disse: “O meu tempo ainda não chegou” (Jo 7.6). Também afirmou: “O meu tempo está próximo” (Mt 26.18). Várias vezes, em capítulos anteriores, lemos que o povo quis apedrejá-lo para matá-lo, mas fracassou. Ele foi o único homem que poderia ter escolhido ‘não morrer’; os demais não têm escolha. Ele tinha domínio completo sobre a sua vida. Ele não era uma vítima, mas o cumpridor do plano eterno de Deus que é a Palavra eterna (Jo 1.1-2), humilhando-se ao tomar a forma humana, morrendo pelos pecados da humanidade (Jo 1.14 e Fp 2.6-11). As várias predições de Jesus sobre sua morte iminente para este propósito indicam que o Messias morreria e ressuscitaria.

“E poder para tomá-la” (Jo 10.18) - Foi o Pai que ressuscitou Jesus (Rm 8.11). Assim, podemos concluir que a sua morte: a) foi voluntária (“Eu de mim mesmo a dou”); b) realizou-se em obediência ao Pai (“Esse mandamento recebi de meu Pai”); c) era agradável a Deus (“Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida”).

02-Mar-2014

Leia João 10.1-9 e Gálatas 3.23-25 e 4.3-5

Jo 10.1: O ‘aprisco’ representa a lei ou o judaísmo como a religião da lei, na qual o povo escolhido de Deus foi mantido e guardado sob custódia até que Cristo viesse.

Jo 10.8: Os ‘ladrões e salteadores’ podem representar os que entraram no judaísmo e não aceitaram a Cristo. O cego que recebera a visão no capítulo anterior era a tal ‘ovelha’ do versículo 3. Ele foi conduzido pelo Senhor para fora do aprisco do judaísmo.

Jo 10.9 e os textos de Gálatas: Cristo é a porta não somente para os eleitos de Deus do Antigo Testamento, tais como Moisés, Davi, Isaías e Jeremias e outros, entrarem na custódia da lei antes de Cristo ter vindo, mas também para o seus escolhidos, como Pedro, João, Tiago e Paulo, entre outros, saírem do aprisco da lei, agora que Cristo já veio. Assim, o Senhor sinaliza aqui que Ele é a porta não somente por meio da qual os eleitos de Deus podem entrar, mas também por meio do qual os seus escolhidos podem sair.

Jo 10.9: A ‘pastagem’ aqui representa Cristo como o lugar onde as ovelhas se alimentam. Quando a pastagem não está disponível (por exemplo, no inverno ou à noite), as ovelhas devem ser guardadas no aprisco. Mas, uma vez disponível, já não há necessidade de as ovelhas ficarem no aprisco. Ser mantido no aprisco é algo transitório e temporário. Estar nas pastagens para desfrutar as suas riquezas é algo definitivo e permanente. Antes de Cristo ter vindo, a lei servia de custódia, e estar sob ela era transitório. Agora que Cristo já veio, todos os escolhidos de Deus devem sair da lei e entrar nele para desfrutá-lo como a pastagem.

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09-Mar-2014

Releia João 10.9-18 e leia Efésios 2.14-16 e 3.6

Desfrutar Jesus como a pastagem deve ser definitivo e permanente.

Visto não terem tal revelação, os maiorais do judaísmo consideravam a lei, na qual o judaísmo era baseado, como algo permanente. Em consequência disso, deixaram de ganhar a Cristo e não puderam partilhar dele como pastagem.

João 10.10: “Vida”, no grego “zoe”, é usada no Novo Testamento para referir-se à vida eterna e divina.

João 10.11: “Vida”, no grego “psiquê”, ‘alma’, isto é, vida da alma. Como ser humano, o Senhor Jesus possuiu a vida ‘psiquê’, a vida humana e, como Deus, Ele possui a vida ‘zoe’, a vida divina. Ele deu a sua vida (‘psiquê’), a sua vida humana, para efetuar a redenção por suas ovelhas (v.15, 17 e 18), a fim de elas poderem partilhar da sua vida (“zoe”), sua vida divina (v.10) a vida eterna (Jo 28), pela qual elas podem formar um só rebanho sob os cuidados dele como o único pastor. Como o Bom Pastor, Ele alimenta dessa maneira as suas ovelhas com a vida divina, visando esse fim.

João 10.16 e Efésios: O único rebanho representa a única igreja, o Corpo de Cristo produzido pela vida eterna e divina do Senhor, a qual Ele infundiu nos membros mediante a sua morte (v. 10, 17 e 19). O aprisco é o judaísmo, composto de letras e preceitos, e o rebanho é a igreja, constituída de vida e espírito (Efésios 2.11-22 e 4.4-6, 12, 15 e 16).

16-Mar-2014

Leia João 10.1-21 e Salmo 23

Jesus nos mostra as credenciais do verdadeiro pastor que: 1) entra no curral, isto é, a nação judaica; 2) entra pela porta – por submissão à lei ou circuncisão; 3) a porta é aberta para Ele pelo porteiro, o Espírito Santo; 4) Ele chama as ovelhas pelo nome porque em Israel haveria aqueles que ouviriam a sua voz; 5) Ele as tira para fora do curral do judaísmo.

O curral ou aprisco é um cercado para que as ovelhas não fujam, ao passo que o rebanho é composto por um grupo de ovelhas que não querem fugir, porque têm como guia o Bom Pastor.

As características do Bom Pastor são: 1) não é mercenário; 2) é o salvador das ovelhas; 3) dá a sua vida por elas. O Bom Pastor protege as ovelhas mesmo que tenha de perder sua própria vida. Davi sabia disto quando escreveu o Salmo 23. Ele relata a mesma verdade que Jesus ensinou ao povo. Davi sabia que o Bom Pastor nunca o deixaria. Ele escreveu: ‘Tu estás comigo’ (Sl 23.4). Esta era uma verdade para Davi e para nós também. Davi sabia que podia confiar no Senhor, tal como as suas ovelhas confiavam nele.

Assim como as ovelhas, nós também precisamos de alimentação, proteção, orientação e amor por parte do nosso Pastor. Como Bom Pastor, Ele nos ama e cuida de nós, protegendo-nos do mal e nos guardando para que não nos afastemos dele. Nosso Pastor sempre nos guiará pelas veredas certas (Jo 10.3-4).

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23-Mar-2014

Releia João 10.1-21 e Salmo 23

Lendo o Salmo 23, podemos aprender que, como “O Senhor é nosso Pastor nada nos faltará”, isto é, não nos faltará: 1) descanso (v.2); 2) bebida (v.2); 3) perdão (v.3); 4) orientação (v.3); 5) companheirismo (v.4); 6) consolo (v.4); 7) alimento (v.5); 8) generosidade e hospitalidade (v.5); 9) alegria (v.5); 10) bondade e misericórdia nesta vida (v.6); 11) morada na Casa do Senhor na vida futura (v.6).

O Senhor Jesus sabe o que vai nos acontecer no futuro. Ele conhece os perigos que estão diante de nós. Sabe as tentações que teremos de enfrentar. Ele não espera que andemos adiante dele. Ele quer que O sigamos dia a dia.

Não precisamos jamais temer que Jesus, o nosso Pastor, nos guie a qualquer lugar perigoso. Nenhum vale escuro deve nos assustar. Na tentação e na tristeza, na perseguição ou mesmo na morte, não devemos temer mal algum, pois Jesus passou por tudo isso e está agora conosco.

Nosso Bom Pastor prometeu nos proteger de nossos inimigos. E o nosso maior inimigo é Satanás (1Pe 5.8). Ele procura nos fazer pecar e desobedecer a Deus. Tenta nos impedir de confiar em Jesus. Mas temos o Bom Pastor que é capaz de cuidar de nós e de nos livrar das armadilhas de Satanás (Jo 10.9,10). E o seu amor é eterno, isto é, dura para sempre.

É essencial que haja o cuidado diário, isto é, um trabalho constante. Cristo quer nos dar orientação e alimento espiritual por meio de sua palavra, cada dia de nossa vida.

30-Mar-2014

Leia: João 10.22

A “Festa da Dedicação” (Hanukkah) era comemorada pelos judeus para celebrarem a vitória dos Macabeus sobre o rei Antíoco Epifânio, da Síria.

De 170 a.C. a 168 a.C., Antíoco atacou a Judéia, matando homens, mulheres e crianças, e invadindo o templo. Ali, removeu o altar de ouro, os candelabros e os vasos e, para mostrar desprezo pelo Deus de Israel, sacrificou ali um porco a Zeus. Ele proibiu a circuncisão, a observação do sábado, a alimentação kosher e ordenou que somente porcos fossem sacrificados no templo. Ele mesmo chegou a cozinhar um porco no templo e derramou seu sangue nos santos rolos da Torá e sobre o altar.

Oficiais sírios foram encarregados de cumprir esses decretos cruéis e blasfemos. Um dia, quando o comandante sírio ordenou a Mateus e Matatias, o Macabeu, cabeças de uma família de sacerdotes, que sacrificassem um porco, ele e seus 5 filhos se recusaram. Depois, mataram o oficial e seus soldados. Esse foi o começo de uma rebelião.

Após a morte de Matatias, seu filho Judas Macabeus reuniu judeus corajosos e levou-os a vitória contra os sírios. Por fim, eles purificaram e restauraram o templo. Foi então estabelecida a festa sagrada de Hanukkah que deveria ser celebrada por 8 dias consecutivos, de regozijo para celebrar a rededicação do templo e a consagração do altar.

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06-Abr-2014

Leia: João 10.22 e 23 (continuação)

1) O templo durante a Hannukah: A Hannukak (Festa da Dedicação) não era uma festividade de peregrinação necessária, mas os 8 dias de celebração das luzes no templo eram um momento de grande beleza. Muitos judeus afluíam a Jerusalém. Era a festa que sucedia à Festa dos Tabernáculos. A parte externa do templo tinha pórticos em todos os 4 lados. O Pórtico Real, no sul, tinha 4 fileiras de colunas. O Pórtico de Salomão ficava no lado oriental do templo, com duas fileiras de colunas. O Pórtico do Sul levava o nome de Salomão porque o povo achava que continha restos do antigo templo de Salomão. Os edifícios públicos gregos geralmente dispunham de tais pórticos, que eram utilizados como locais públicos para a realização de debates e preleções. Fazia frio em Jerusalém no inverno, de maneira que as pessoas estariam especialmente inclinadas a caminhar sob as colunatas.

2) Relação entre a Hannukah e o Natal: Da mesma forma que o Natal, a Hannukah se tornou uma espécie de refúgio e defesa dos judeus atuais contra a absorção e assimilação pela maioria gentia: “Não celebramos o Natal. Celebramos Hannukah. Somos judeus”. A troca de presentes na Hannukah (um presente a cada noite, de um total de 8) é uma tradição judaica relativamente moderna, desenvolvida em resposta à antiga tradição de presentes de Natal. Já os judeus cristãos ou messiânicos honram a Hannukah como uma ocasião para se rededicar a Deus e a seu Messias.

13-Abr-2014

Leia: João 10.22 (continuação)

1) A celebração de Hanukkah - É comemorada usando-se um candelabro de Hanukkah especial com 9 luzes. Alguém usa um fósforo para acender a shammash (luz serva) e essa é utilizada para acender uma luz na primeira noite; e assim por diante até que, na oitava noite, todas as 8 luzes e a shammash estejam queimando brilhantemente. Para os judeus cristãos a imagem é rica de significado: 1) Jesus é a luz do mundo (Jo 8.12); 2) Ele veio: como servo (Mc 10.45); para dar luz a todos (Jo 1.4,5) ; e para que possamos ser luz para os outros (Mt 5.11).

2) Mais história sobre Hanukkah - Segundo relatos históricos, foi em 25/12/168 a.C. que Antíoco sacrificou uma porca no altar e erigiu uma imagem dentro do templo judeu, profanando-o. Três anos mais tarde, com a vitória dos judeus sobre o exército de Antioco, Judas Macabeu estabeleceu o dia 25 de dezembro como o início do Hanukkah.

3) A ligação entre Hanukkah e Natal - A Bíblia não declara quando Jesus nasceu. Mas os primeiros crentes no Messias viam uma ligação entre a Hanukkah e o nascimento do Messias. Aquele evento diz respeito à edificação do templo terreno e o outro estava relacionado com o templo vivo de Deus que veio do céu, pois o próprio Jesus fez tal comparação (Jo 2.19).

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20-Abr-2014

Leia: João 10.22 (final)

Devido à Hanukkah, desde o século III, o dia 25 de dezembro, a data do calendário romano, correspondente a 25 de Kislev, tem sido geralmente aceita como o Natal nas igrejas do Ocidente (a Igreja Ortodoxa Grega observa 6 de janeiro e os armênios, 19 de janeiro).

Pode-se salientar que o Natal em si mesmo não é um feriado bíblico. No entanto, ele deveria ser observado muito mais que o feriado judaico (Hanukkah), pois o que pode ser mais digno de celebração voluntária do que a vinda do Messias judaico ao mundo, através de quem todos têm a luz da vida?

Pode-se tristemente constatar que, no ocidente secular, tanto o Natal quanto a Hanukkah foram distorcidos. O Natal se tornou uma extravagância comercial, expressando a “religião civil americana” de trivialidades piedosas e costumes sem significado, tais como: árvores, Papai Noel, e trocas obrigatórias de cartões e presentes. Um aspecto positivo é que se torna um tempo para reunião de familiares e parentes, mas, infelizmente, nesta ocasião muito pouco se pensa em Deus ou Jesus.

Esta influência mundana sorrateiramente atingiu nossos lares, quando acabamos procedendo de acordo com tradições que nem sempre são cristãs e nem tem embasamento bíblico. Não podemos nos esquecer de que nem sempre o que é tradição ou costume é uma coisa benéfica e justa perante os ensinamentos bíblicos.

27-Abr-2014 Cristo está vivo (Mateus 28.1-10) Celebrar a Páscoa é entender a vida de maneira diferente. É intuir com alegria que o Ressuscitado está conosco, sustentando sempre tudo o que é bom, belo e puro. Ele está em nossas lágrimas e penas, como consolo permanente e misterioso. Ele está em nossos fracassos e impotência, como força segura que nos defende. Ele está em nossas depressões, acompanhando em silêncio nossa solidão e nossa tristeza. Ele está em nossos pecados, com misericórdia que nos suporta com paciência infinita, e nos compreende e nos acolhe até o fim. Ele está inclusive em nossa morte, como vida que triunfa quando parece extinguir-se. Nenhum ser humano está só. Ninguém vive esquecido. Nenhuma queixa cai no vazio. Nenhum grito deixa de ser ouvido. O Ressuscitado está conosco e em nós para sempre. Por isso, a Páscoa é a festa dos que se sentem sós e perdidos. A Páscoa é a festa dos que se envergonham de sua mesquinhez e de seu pecado. A Páscoa é a festa dos que se sentem mortos por dentro. A Páscoa é a festa dos que gemem oprimidos pelo peso da vida e pela mediocridade de seu coração. A Páscoa é a festa de todos nós que sabemos que somos mortais, mas descobrimos em Cristo ressuscitado a esperança de uma vida eterna. Felizes os que acolhem em seu coração as palavras de Jesus: “Tente paz em mim. No mundo tereis tribulações, mas tende coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16.33).

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04-Mai-2014 Leia João 10.24 Compare João 10.24 com Mateus 8.4 onde Jesus diz: “Não conte isso a ninguém”. No início do seu ministério, Jesus não fez publicidade do fato de que ele era o Messias porque os judeus tinham a expectativa de um Messias que iria libertar Israel de Roma e governar em glória. Se ele fosse identificado publicamente, desde o princípio, como o Messias, as pessoas tentariam fazer dele rei (Jo 6.15). Se a tentativa fosse bem sucedida com Jesus governando em glória, ele não seria um Messias que sofreria e morreria. A atitude de Jesus pode ser denominada de ‘segredo messiânico’, quando ele oculta sua identidade messiânica do povo tanto quanto possível. As tentativas de Jesus em assegurar privacidade e ir-se revelando no momento certo, assemelha-se à de alguns profetas proeminentes do Antigo Testamento que muitas vezes trabalhavam discretamente, não buscando sua própria glória, mas tão somente o cumprimento de sua missão (1Rs 11.29, 2Rs 9.1-10) Mas, em João 10.25, Jesus declara definitivamente que Ele é o Messias, mas também afirma que o pecado impede a fé (v.26). “As obras do meu Pai”, os milagres de beneficência, eram obras do Pai por serem feitas em dependência do poder do alto, por expressarem o desejo do Pai em fazer o bem às pessoas, para provarem que o Filho era a revelação do caráter e coração do Pai.

11-Mai-2014 Leia João 10.25-30 “As obras que eu faço, testemunham a meu favor” (v. 25). O mesmo argumento está em João 5.36.

No Antigo Testamento, Israel ouve a “voz de Deus” quando obedece à lei e, através dos profetas, acata a mensagem do Senhor. As suas ovelhas conheciam-no. Deus chamava aqueles que lhe eram especiais, seus servos mais chegados “pelo nome” (Jo 10. 26, 27 – Conferir com Jo 10.3, 4; Ex 33.12, 13 e Is 43.1).

“As ovelhas de Cristo” (Jo 10.28, 29): a) ouvem a sua voz; b) Cristo conhece-as (Sl 139); c) elas o seguem; d) elas gozam da vida abençoada e eterna. A segurança das ovelhas reside no poder do Pastor e em seu relacionamento com o Pai. O pastor que realmente quer proteger suas ovelhas de qualquer ladrão ou predador tem de estar pronto a pagar um grande preço (Jo 10.12-15), o preço da fidelidade (Jr 23.4). “E dou-lhes a vida eterna”, Jesus falou verdadeiramente, pois ele de fato tem autoridade para conceder vida eterna (Mc 1.22).

“Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30) significa uma substância com o Pai. “Ninguém os arrebatará da minha mão ou das mãos do Pai” (Jo 10. 28, 29): Nada poderá nos separar do amor de Deus, que está em Jesus (Rm 8.31-39). A declaração de Jesus acerca de sua unidade com o Pai é explícita, retomando a confissão básica do judaísmo de que Deus é um só. Jesus é um com o Pai (embora distinto dele) e é Deus também.

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18-Mai-2014 Leia João 10.26-28 Jesus é o Bom Pastor que “dá a vida” pelas ovelhas, “conhece todas pelo nome”, alimenta-as com o “pão da vida”, sacia a sua sede com a “água da vida” e guia-as a pastos verdejantes.

E quanto a você? É Jesus Cristo o seu Pastor? Você é sua ovelha?

Se Jesus é seu Pastor, você: a) procura ouvir sua voz, não ouvindo a voz dos falsos mestres do mundo e prestando atenção unicamente à direção do Pastor? b) está disposto a segui-lo aonde quer que Ele queira levá-lo? c) sabe que Ele vai à sua frente e deixa-o ser seu guia? d) está determinado a usar a Bíblia para aprender o caminho por onde Ele quer levá-lo? e) confia que Ele o salvará e protegerá? f) permite que Ele te guarde e obedece a Ele para ter vida em abundância?

Jesus, o bom Pastor, está conosco desejoso e disposto a nos guiar às águas tranquilas e a nos fortalecer em tempos de vales tortuosos. Entregue-se sempre ao pastoreio de Jesus! Você poderá dizer que “a bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre” (Sl 23.6).

Leia também Isaías 40.8-11:O Bom Pastor é forte e tem poder (v.10) e a Palavra de Deus (a Bíblia) é a nossa fonte de alimento. Ela fica para sempre (v.8).

Em que pastagens você está se alimentando?

25-Mai-2014 Leia João 10.31-42 Jo 10.31-33: Como em João 8.59, a auto identificação de Jesus como Deus foi compreendida pelos moradores de Judá como blasfêmia. Por isso, queriam apedrejá-lo.

Jo 10.34-36: “Lei”, ou seja, o Antigo Testamento. “Sois deuses”- Jesus refere-se aqui ao Salmo 82. Jesus utiliza um jogo de palavras que implica num estilo rabínico de argumentação: “Se humanos que fazem obras más como eles e julgam injustamente” são chamados deuses, quanto mais Jesus, que faz boas obras (Jo 10.25, 32, 33, 37, 38), é Deus. “Se todos vocês são filhos do Altíssimo”, muito mais a descrição “Filho de Deus” aplica-se a Jesus.

Jo 10.36: “Santificou”- Jesus foi santificado, separado para a sua missão (Jo 17.17), o que pode ser relacionado com o contexto da Festa de Hannukah (consagração, rededicação ou separação) do templo de Jerusalém.

Jo 10.37: A tradição judaica enfatizava os motivos adequados, mas permitia que a obediência a um mandamento a partir de motivos inadequados era melhor que a não obediência pura e simples.

Jo 10.38: “ O Pai está unido a mim, e eu estou unido ao Pai” - Isso explica o v. 30; confira em Jo 17.21-23.

Jo 10.39-42: “Atravessou novamente o Jordão”, presumivelmente, significa que a Bereia, no tempo de Jesus era governada, assim como a Galileia, por Herodes Antipas – e bem fora da jurisdição das lideranças de Jerusalém.

Jo 10.42: “E ali muitas pessoas depositaram sua confiança em Jesus”. Como em Jo 2.23; 7.31; 8.30; 11.45 e 12.11.

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01-Jun-2014 Leia João 11.1-5 O milagre relatado neste capítulo não foi registrado em nenhum outro evangelho.

João 11.1: Betânia é mencionada em Marcos 11.11-12 como o local onde Jesus e seus discípulos permaneceram após ele ter tido sua entrada ‘triunfal’ em Jerusalém.

João 11.2: Esta Maria, irmã de Lázaro, é a que derramou perfume sobre o Senhor (Jo 12.3-8; Mt 26.6-13 e Mc 14.3-9). Jesus amava (v.3 e 5) Maria, Marta e Lázaro. Ele é a demonstração do grande amor de Deus à humanidade. Em seu ministério terreno, sempre atendeu famílias necessitadas de seu socorro divino e abençoou lares com sua maravilhosa graça. O lar de Lázaro tinha experimentado uma profunda e intensa transformação espiritual. Jesus havia entrado neste lar e o abençoara com sua Palavra (Lc 10.38). Ao receber Jesus, aquela família experimentara a graça de Deus e passara a ser amiga íntima de Jesus.

Quando tudo parecia correr normalmente, Lázaro foi acometido por uma enfermidade (v.1). Mesmo sendo amiga de Jesus, aquela família não estava imune à doença ou ao sofrimento. A doença não avisa quando vem. E, para aumentar ainda mais o sofrimento, Jesus não estava perto quando seu amigo adoeceu (Jo 10.40).

Diante da realidade da doença, as irmãs de Lázaro pediram que avisassem a Jesus (v.3). Jesus estava além do rio Jordão, a 2 dias de viagem de Betânia, quando recebeu a notícia. Marta e Maria acreditavam que Jesus viria rapidamente por causa do amor que ele tinha por eles.

08-Jun-2014 Leia João 11. 4-7 João 11.4: Jesus esclarece aos discípulos que a doença não era para a morte. De fato, Lázaro tinha morrido (v.14), mas Jesus o ressuscitou e, portanto, essa enfermidade não ‘terminou’ em morte. Jesus não agiu de acordo com o tempo previsto pelas irmãs, mas conforme o seu querer e propósito (Is 55.8,9).

Atendendo ao apelo imediatamente, Lázaro seria curado. No entanto, era através da ressurreição do seu amigo que Jesus exaltaria muito mais o poder de Deus naquele lugar.

Visitar os enfermos e orar por eles era um ato de dever e piedade para o judaísmo, mas a reputação de Jesus como “aquele que operava milagres” e curava é, sem dúvida, a razão principal das irmãs o haverem informado acerca da enfermidade de Lázaro. Informá-lo, no caso, seria uma forma polida de fazer chegar a ele o pedido pela cura do irmão.

Quando Jesus diz ‘esta enfermidade não é para morte’, temos outro exemplo da soberania divina, em meio ao sofrimento humano. Jesus através de suas palavras demonstra os objetivos e graça divinos.

Deus nunca chega atrasado. Ele está sempre presente no momento certo para manifestar seu poder e receber a glória que é devida ao seu nome (Sl 46.1). O atraso foi apenas segundo a aparência humana, pois, conforme o horário determinado por Deus, Jesus chegou na hora certa.

João 11.6: O ‘ atraso’ de 2 dias de Jesus assinala o que ele tinha ensinado constantemente; que suas ordens de ir embora vieram exclusivamente de seu Pai. Nem a necessidade de seus amigos, nem a fúria dos seus inimigos (v. 8 e 9) determinavam suas ações.

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15-Jun-2014 Leia João 11.8-15 Jo 11.8: Jesus havia saído da Judéia por causa de perseguição. Os discípulos entendiam que, se voltasse para lá, correria o risco de ser morto, pois muitos procuravam prendê-lo (Jo 10.39,40). Porém Jesus estava disposto a pagar o preço, que seria a sua morte no Calvário.

Jo 11.9: Caminhar nas trevas é uma metáfora natural de tropeço (Is 59.10 e Jr 13.16), de desvio do caminho reto (Jr 18; Ml 2.8) ou de ser destruído (Sl 27.2; Jr 20.11).

Os discípulos de Jesus não compreenderam sua volta à Judéia nem quando disse: “Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono” (v.11). Então Jesus disse-lhes claramente: ‘Lázaro está morto’ (v.14).

Para os discípulos, a morte representava o fim; para Jesus, apenas uma razão para glorificar o nome de Deus. A morte para o salvo não é o fim da vida, mas um novo começo, uma transição para a vida plena, livre das aflições deste mundo.

Jo 11.14: O Senhor não apenas cura os enfermos, mas também vivifica os mortos. O Senhor não reforma as pessoas, ele as regenera e as ressuscita da morte. Os outros milagres que Jesus havia operado foram casos de regeneração, mas agora ele iria ressuscitar um homem morto há 4 dias. Isto revela que todos os aspectos de Cristo como vida para nós incluem o princípio da regeneração e da ressurreição.

22-Jun-2014 Leia João 11.16-19 Mesmo que os discípulos não tenham entendido (v.13) que a morte de Jesus é o preço da vida devido à ressurreição de Lázaro, eles estavam realmente preparados para morrer com ele (v.16)? Este Tomé é o mesmo incrédulo de João 20.24-26.

“Descobriu que Lázaro estava no sepulcro havia 4 dias. E já começara a deteriorar” (v.39). Jesus ressuscitou outros da morte: 1) a filha de Jairo (Lc 8.41,42; 49 a 56); 2) o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17). O Antigo Testamento relata que Elias e Eliseu ressuscitaram pessoas da morte (1Rs 17.17-24 e 2Rs 4.17-37).

E, de fato, os médicos hoje podem trazer à vida pessoas que estiveram ‘clinicamente mortas’ por minutos, talvez horas. Mas, em nenhum outro lugar da Bíblia ou na história secular, há um exemplo de alguém morto há 4 dias, a ponto de ‘cheirar mal’, sendo fisicamente ressuscitado dos mortos.

Vs.17-19: Visitar enlutados, levando-lhes consolo nos dias que se seguiam à perda do parente próximo era um dever essencial imposto pela devoção judaica. Os vizinhos eram incumbidos de fornecer a primeira refeição à família enlutada, após o funeral. Lázaro teria sido enterrado no dia de sua morte.

As cerimônias fúnebres no Novo Testamento eram muito semelhantes às do Antigo Testamento. Quando a família tinha recursos, possuía um túmulo particular longe da zona residencial. Aqui, no caso, trata-se de uma gruta, em cuja entrada tinham posto uma pedra (v. 38). Sempre que possível, o morto era sepultado no mesmo dia de sua morte.

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29-Jun-2014 Leia João 11.20-24 João 11.20: A primeira semana após o enterro do ente querido era de profundo pesar. O enlutado deveria ficar em casa, de luto, sentado no chão ou num assento baixo, lamentando a morte e recebendo a visita de amigos para o confortarem e também orar com ele. Esse costume chamado shivah (designando período de ‘sete dias’), ainda é praticado hoje entre os adeptos do judaísmo, porque acreditam que seja útil para aliviar o sofrimento causado pela perda.

Quando está escrito, no v.20, que “Maria ficou assentada”, pode-se concluir que provavelmente ela estava observando esta prática; estava assentada, pranteando a morte de seu irmão.

O enlutado abstinha-se de todo o trabalho diário, diversões e até mesmo das orações na sinagoga. Não podia usar nenhum tipo de adorno ou enfeite nas 3 semanas que se seguiam ao falecimento e dos prazeres comuns durante 1 ano.

João 11.24: Marta sabia sobre a ressurreição pelo ensino de Daniel 12.2, que era uma doutrina padrão entre os fariseus, mas não entre os saduceus (Mt 3.7 e 22.23). A crença comum do judaísmo neste período era a de que, no final, os mortos seriam levantados do túmulo corporalmente.

João 11.23: O Senhor disse a Marta: ‘Teu irmão ressuscitará’. Isso queria dizer que o Senhor o ressuscitaria imediatamente, mas Marta interpretou as palavras do Senhor adiando a ressurreição que ocorreria naquela hora para o último dia.

06-Jul-2014 Leia João 11.25-32 “Eu sou a ressurreição e a vida!” (Jo. 11.25). João relata outras 7 declarações:“Eu sou”: ‘o pão que é vida’ (6.35); ‘a luz do mundo’(8.12; 9.5); ‘a porta’ (10.7); ‘o bom pastor’(10.11); ‘a ressurreição e a vida’; ‘o caminho, a verdade e a vida’ (14.6) e a ‘videira verdadeira’ (15.1). No Apocalipse, Jesus declara a respeito de si mesmo: “Eu sou o Alfa e o Ômega (Ap 1.8), o “Princípio e o Fim”.

Jesus, diante de Marta, declara que é ‘a ressurreição e a vida’. Jesus usou aqui 2 metáforas para provar que ele é a nossa garantia diante de Deus (Hb 6.18-20). Primeiro, no momento em que o pecador o aceita como Salvador passa da morte para a vida. Segundo, quem o aceita passa a ter vida com abundância (Jo 10.1).

Existem 3 tipos de morte: 1) Morte física, que se dá por falência e um ou mais órgãos vitais; 2) Morte espiritual, quando o ser humano não possui comunhão com Deus; 3) Morte eterna ou segunda morte, ou seja, todo aquele que morrer em delitos e pecados estará completamente afastado de Deus na eternidade (Ap 2.11).

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13-Jul-2014 Leia João 11.32-39 O Evangelho de João retrata um Deus divino, Filho de Deus, revelando sua natureza divina, poderosa, operando grandes milagres por toda parte. Todavia no v. 35, Jesus demonstra o lado humano de sua natureza. Suas lágrimas revelam compaixão pelas nossas aflições e a comoção revela indignação contra o pecado, que causa todas as desgraças na vida humana. O Senhor ficou muito perturbado com a tristeza daqueles a quem amava, o que deve ser um grande consolo para nós (Hb 4.15,16). Sabemos que o Jesus é o Senhor da vida e da morte, mas ele também pode chorar com os que choram. Por isso, podemos nos habilitar a confortar os que choram (Rm 12:5).

Naquela época, os mortos eram geralmente enterrados em cavernas (v. 38). Blocos de pedra eram rolados até a entrada do túmulo, onde eram encaixados de modo a protegê-los de animais, do mau tempo e, ocasionalmente, de ladrões.

O corpo era envolto em pano e depositado no chão da antecâmara do túmulo (v. 39). Após 4 dias (v. 17), o processo de decomposição estava bem avançado, sobretudo porque não era mais inverno (v. 55). Qualquer substância aromática para retardar o mau cheiro já não teria efeito algum.

Antes de ressuscitar a Lázaro, Jesus disse: “Tirai a pedra”. Ele não dependia daquela pedra para ressuscitar a Lázaro, mas, sim, da sua Palavra poderosa. Entretanto, a parte que cabe ao ser humano fazer, não pode ser suprida por ele. A pedra era o último empecilho humano para que a glória de Deus se manifestasse.

20-Jul-2014 Leia João 11.40-44 Jo 11.41 e 42: Diante do sepulcro, Jesus olhou para o alto e orou. Ele orou com seus olhos abertos como o povo judeu de hoje. Os cristãos usualmente oram de olhos fechados para evitar distrações visuais e concentra-se em Deus. Ele disse: “Pai, graças te dou, por me haveres ouvido”, mostrando diante de todos que suas obras tiveram sua origem no Pai. O grande propósito de Jesus era levar aquele povo a crer no grande amor de Deus.

Jo 11.43 e 44: A ressurreição de Lázaro aconteceu de forma extraordinária para que todos percebessem o seu significado e toda a sua relevância. Jesus tinha trazido fisicamente de volta à vida um cadáver frio, em deterioração, morto havia 4 dias, e esse milagre coroou o ministério de Jesus antes de sua morte e ressurreição, produzindo uma profunda reação entre a população e as autoridades religiosas judaicas.

Segundo os costumes judaicos, o morto era envolto em longas tiras de pano. Era embrulhado (enfaixado) completamente de modo que os seus membros eram atados para mantê-los em linha reta e até as maçãs do rosto, de modo a manter a boca fechada. O véu com que era coberta a face talvez tivesse quase 1 metro quadrado. A rigidez desse embrulho teria tronado bastante difícil para uma pessoa viva o deslocamento das pernas – isso sem falar no fato de que se tratava de uma pessoa morta a caminhar para fora do túmulo. Essa dificuldade salienta ainda mais a natureza miraculosa desse acontecimento

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27-Jul-2014 Leia João 11.39-46 A ressurreição do corpo é uma doutrina fundamental das Escrituras. A ressurreição de Lázaro tem um simbolismo glorioso com o que acontecerá na ressurreição dos salvos (Jo 5.28-29). Jesus chamou Lázaro pelo nome, com a autoridade que o Pai lhe conferiu. Tão logo Jesus falou, Lázaro surgiu à porta do sepulcro.

O fato de Lázaro se levantar não foi uma ressurreição à qual seguiu-se uma vida física sem fim. Cabia ao Pai iniciar a ressurreição do seu próprio Filho, inaugurando uma nova ordem de vida à qual todos os seguidores estão aguardando esperançosos. Jesus restaurou Lázaro à vida física, que terminaria com sua morte subsequente.

Como com todos os outros que haviam morrido em Cristo, Lázaro aguarda a ressurreição corporal prometida a todos aqueles que fazem parte do povo de Cristo.

No tempo de Jesus, os fariseus não tinham autoridade para deter ninguém, embora os principais sacerdotes tivessem. Havia os oficiais, que era a guarda levítica do templo. A principal oposição enfrentada pelos cristãos nas décadas que se seguiram veio dos fariseus.

Mas quem eram os fariseus? Eram de um movimento que abrigava milhares de varões judeus piedosos que procuravam interpretar a Lei de Moisés zelosamente, de acordo com as tradições das gerações piedosas anteriores. Não tinham poder político na época de Jesus, mas eram muito respeitados, exercendo influência sobre a população mais ampla. Enfatizavam sua própria versão das regras de pureza e aguardavam a ressurreição dos mortos.

03-Ago-2014 Leia João 11.47-54 João 11.47, 48 - Os fariseus e os principais sacerdotes literalmente convocam um ‘Sinédrio’ (reunião do conselho governante dos judeus) porque estavam preocupados com a possibilidade de que Jesus, com suas palavras e ações, fosse interpretado como um messias político que ameaçaria o poder da classe e a estabilidade da Judeia, atraindo contra ela a intervenção romana. Os romanos aceitavam apenas um rei - César. Ou seja, a religião estabelecida tinha um relacionamento com Roma, embora esse fosse um poder estrangeiro opressivo. Os religiosos judeus temiam que esse relacionamento pudesse ser interrompido caso Roma considerasse que alguém estava tentando liderar uma revolta para estabelecer um governo independente.

O Sinédrio era composto pelo sumo sacerdote, que o presidia, por outros homens importantes de famílias sacerdotais, por um grupo de homens notáveis de famílias não sacerdotais (os anciãos) e por um grupo de mestres da Lei, até completar o número 71. Tinha autoridade em questões internas dos judeus, especialmente religiosas.

João 11.48 - “Todos confiarão nele”, ou seja, o verão como o tão esperado rei messiânico que restauraria a glória nacional de Israel. Caifás conservou seu posto como Sumo Sacerdote (que presidia o Sinédrio) dos anos de 18 a.C. a 36 d.C.; por mais tempo que qualquer outro, porque soube manter a paz para os romanos. Quando Caifás diz no v. 50: “Morra um homem pelo povo e que não pereça toda a nação”, ele queria dizer: é melhor que Jesus morra do que milhares do nosso povo nas mãos dos romanos ao sufocarem uma rebelião. Sacrificar poucos em favor de muitos pode ser bom politicamente falando, mas, como ato religioso, é de mau efeito.

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10-Ago-2014 Leia João 11.49-57 As palavras de Caifás tinham um significado mais profundo, implicando no cumprimento de Isaías 53.6 por Jesus. Ele pagou com a morte a penalidade pelo pecado a favor do povo de todos nós (Jo 11.52 e Jo 10.16).

V. 51-52 - Embora ele fosse um homem mau, foi usado por Deus para profetizar; suas palavras carregavam um sentido mais profundo do que o próprio Caifás podia perceber.

V. 54 - Efraim: situado, provavelmente, a nordeste de Jerusalém.

V. 55 - João menciona três Páscoas durante a atividade de Jesus (2.23, 6.4 e esta). Os outros evangelhos somente mencionam esta última, o que fundamenta a ideia de que o ministério de Jesus durou cerca de três anos.

V. 55 - Purificação cerimonial antes da Páscoa; aqueles que se tornaram impuros ritualmente por terem tocado num corpo morto tinham que se purificar por imersão (Nm 9.10-13). Os tribunais do templo dispunham de inúmeros tanques destinados ao ritual da purificação.

V. 56 - Não podiam acreditar que um mestre dotado de tamanha devoção religiosa como Jesus não comparecesse a um dos grandes festivais de peregrinação que a própria lei determinava. Em outras palavras, já que ele sabe que as autoridades buscam sua morte, desobedecerá o Torá e para salvar a sua pele, não aparecerá?

V. 53 e 57 - É triste verificar que até mesmo a mais maravilhosa das bênçãos de Deus pode ser pervertida pela mente de pessoas vis. Apesar de Jesus ter provado ser o Senhor da vida e da morte, houve alguns naquele dia que se recusaram a aceitar o fato evidente e ansiavam por prendê-lo para o matarem. (v.53).

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17-Ago-2014 Releia João 11 Que lições podemos tirar deste capítulo?

A) Uma oração não respondida prontamente não indica indiferença; 1) a demora não implica em falta de compaixão; 2) o que nós chamamos de calamidade, às vezes é para a glória de Deus; o bem pode resultar de um mal, quando houver fé verdadeira; 3) a fé é fortalecida por seu exercício nos dias sombrios; 4) a vida e a ressurreição são intimamente identificadas com a pessoa do Salvador.

B) Ações de Jesus: 1) Comoção (v.33) na presença da morte; 2) Compaixão (v.35) chorando com os que choram; 3) Pede que tirem a pedra (v.39), porque ele não faz milagrosamente aquilo que compete ao ser humano fazer; 4) Jesus ora e dá graças (vs. 41, 42), na certeza de que o Pai o ouvia; 5) Manda que Lázaro saia do sepulcro (v. 43); 6) Instrui aos amigos para libertarem o ressuscitado.

C) A consequência do milagre foi de grande alcance: 1) a família foi restaurada; 2) os discípulos foram abençoados (v.15); 3) muitos judeus creram (v.46); 4) os fariseus tomaram uma terrível decisão (v.43).

D) O Senhor atendeu às necessidades de cada membro da família. Ele desafiou Marta a crer, deu a Maria o conforto das suas lágrimas, e a Lázaro ele trouxe de volta à vida.

E) O efeito produzido pelo milagre foi profundo e foi a causa da entusiástica recepção que Jesus teve em Jerusalém (Jo 1.12,13).

F) A ressurreição pode ser considerada o acontecimento mais significativo da história. Toda verdade fundamental do Cristianismo está envolvida na ressurreição de Cristo. A ressurreição de Cristo é o penhor de nossa ressurreição futura: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé” (1Co 15.14). A ressurreição de Lázaro aponta para a ressurreição final (Leia 1Coríntios 15).

24-Ago-2014 Leia João 12. 1- 4

vs.1 e 2: Às refeições normais, o convidado “sentava-se”. “Às refeições sociais, tipo festa ou banquete, o convidado ‘reclinava-se’ em divãs. Jesus era convidado a inúmeros banquetes – até então, provavelmente em homenagem a Ele. Os primeiros mestres itinerantes eram frequentemente convidados a proferir palestras em almoço ou jantares, em troca de refeições e acomodações gratuitas.

v. 3: A “litra” era a medida de capacidade talvez equivalente a um terço de litro. Um frasco normalmente não conteria mais que isso, de modo que Maria parece aqui incrivelmente extravagante. Era costume ungir a cabeça de convidados, mas para os pés do anfitrião certamente providenciaria apenas água. Além disso, os religiosos judeus ressentiam-se das mulheres casadas que deixavam descoberta a cabeça e expunham seus cabelos aos olhos dos homens. Por serem mencionados o irmão e a irmã de Maria, sem nenhuma referência a marido, é possível que ela não fosse casada (seria solteira, viúva ou divorciada). Mas agindo dessa maneira diante de um rabino famoso (Jesus) podia ainda provocar olhares recriminatórios.

“Nardo puro” era um valioso e perfumado unguento derivado das raízes secas da planta que leva o seu nome. Por volta do séc. I d.C., ela já estava sendo importada da Índia, em caixas de alabastro. Devido ao custo elevado, o nardo era usado somente em ocasiões muito especiais. Poderíamos dar a estes primeiros versículos um subtítulo de ‘A gratidão de Maria’.

v. 4: Somente aqueles cuja virtude inspirava mais confiança teriam autorização para cuidar das finanças de um grupo (leia Jo 13.29). Isso tornava, pois, a traição de Judas ainda mais escandalosa.

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31-Ago-2014 Leia João 12. 5-8

(v. 5) - A preocupação aparente de Judas com os pobres, era apenas fingimento. Os discípulos deveriam servir aqueles que estavam em desvantagem, mas, nesse caso, Maria estava ‘servindo’ a Jesus enquanto ele ainda estava com eles.

(v. 6 e 7) - No tocante à unção dos cadáveres, o costume era que os corpos fossem ungidos normalmente com óleo (depois lavados com água) antes do sepultamento. As especiarias não eram usadas para todos, mas eram para os corpos das pessoas especiais. Elas reduziam o imediato mau cheiro da decomposição.

(v. 8) - A resposta de Jesus contém uma alusão a Deuteronômio 15.11, que ensina que se trate com generosidade aos pobres, os quais sempre estarão na Terra. Jesus não menospreza o dar aos pobres, mas exalta sua morte iminente. Ele deve ser o primeiro compromisso de seus seguidores. A atitude de amor de Maria com relação ao Messias é avaliada por Deus precisamente por falta de egoísmo. Além disso, a importância dos recursos aqui tirados do pobre é desprezível se comparada com suas necessidades e com tantas oportunidades disponíveis para doadores em potencial.

Muitas pessoas nos dias de hoje concordariam com o que Judas disse. Aquele perfume era valioso. Um ‘denário’ era o salário de um dia de trabalho; portanto, trezentos ‘denários’ era o salário de um ano – usado num momento apenas! Que contraste entre a atitude de Judas e Maria!

O que estamos prontos a dar e fazer por Jesus? Maria não apenas gastou seu dinheiro; ela também demonstrou a adoração de um coração agradecido, dando toda a glória a Jesus.

07-Set-2014 Leia João 12. 9-13

v.10 - Os sacerdotes eram a principal oposição a Jesus, e eles buscavam não somente matá-lo, mas também eliminar todos os sinais de sua obra.

v. 11 - ‘por causa dele’, isto é, ao ver Lázaro, que tinha sido ressuscitado dos mortos por Jesus. Muitos judeus estavam deixando seus líderes e depositando sua confiança em Jesus.

O efeito produzido pela ressurreição de Lázaro foi profundo o que levou: 1) a entusiástica recepção que Jesus teve em Jerusalém (vs.12,13); 2) muitos passaram a crer em Jesus. Isto irritou os sacerdotes que tomaram a deliberação de matar a Lázaro também. No entanto, a conspiração contra a vida de Lázaro parece que não foi levada a efeito.

O sinédrio reuniu-se e decretou a morte de Jesus porque o povo o saudava como rei; se realmente ele fosse aceito como tal, também as suas doutrinas acerca de um reino espiritual seriam acolhidas e todas as esperanças de resistências ao poder dos romanos se perderiam e seriam anuladas todas as tentativas de restaurar o governo teocrático terreno.

v.9 a 11- A ironia de João: os que recebem a vida através da morte de Jesus devem morrer por causa dela. Testemunhas são martirizadas. Que os líderes religiosos conspirassem contra a vida de Lázaro, eis outra ironia. A ironia, de fato, era um recurso literário muito comum na Antiguidade.

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14-Set-2014 Leia João 12. 12-19

Embora mestres judeus posteriores tenham entendido ‘o rei montado num jumentinho’ (Zc 9.9) messianicamente, não está claro que toda a multidão entendeu messianidade de Jesus. Se membros da guarnição romana percebessem as implicações do que estava acontecendo na realidade, eles teriam prendido Jesus. Que Jesus tenha escolhido um jumentinho novo reforça a imagem de humildade, refletindo a primeira vinda de Jesus para morrer pelos nossos pecados como um criminoso. Em sua segunda vinda, ele virá sobre um cavalo (Ap 19.11), como é digno de um rei. Era previsível que heróis militares fossem vistos a cavalgar em carros de guerra. Mas Jesus chegou como um humilde homem de paz.

Os súditos de um rei lhe prestavam homenagem, preparando-lhe um carpete de ramos e até de vestes para caminhar. Os que já estavam presentes em Jerusalém receberam os peregrino espalhando ramos em seu caminho. Ramos de palmeiras eram usados na Festa dos Tabernáculos. Esses ramos eram um dos símbolos nacionalistas da Judéia, sendo usados para celebrar vitórias militares. É provável que nem toda a multidão reconhecesse a importância daquela entrada de Jesus.

‘Hosana’ significa “Salve agora”. Era mais um grito de aclamação. Essencialmente era um apelo de um povo oprimido, pedindo libertação ao seu Salvador. Mais tarde, veio a ser um grito padrão de louvor. As saudações feitas no v.13 vêm do Salmo 118.25. Os Salmos 113 a 118, chamados de Hallel, eram regularmente cantados na época da Páscoa. Esperanças de restauração do reino davídico também se elevavam nesta época do ano.

21-Set-2014 Leia João 12. 12-18

Os peregrinos que tinham ido à Jerusalém para a Páscoa tinham ouvido sobre a ressurreição de Lázaro, realizada por Jesus. Então, muitos estavam convencidos de que Jesus realmente era o Messias. Eles o acompanharam à cidade, gritando louvores a Deus e cantando Salmos. A euforia era porque desejavam que suas esperanças messiânicas fossem cumpridas junto com os acontecimentos nacionalistas.

Comparando o relato desta entrada de Jesus em Jerusalém com Mateus 22.1-11 e Marcos 11.1-11, lemos, no v.9 de Mateus e v.10 de Marcos, referência à vinda do Reino quando Davi ou seus descendentes tornariam a reinar, ou seja, aqui está a esperança associada àquele que vem em nome do Senhor. A Páscoa comemorava a libertação dada por Deus a Israel da escravidão no Egito. Consequentemente, as esperanças judaicas de uma futura libertação de seus atuais problemas aumentavam durante essa época e Roma tinha tropas prontas em Jerusalém no caso de haver necessidade de controlar levantes. Ao tratar Jesus como objeto de qualquer uma dessas esperanças, as multidões estavam vendo nesse Mestre uma possível ‘figura messiânica’ que poderia liderá-las contra os romanos.

Podemos destacar sobre esta passagem, os seguintes pontos: 1) a manifestação popular pode ser superficial; 2) é mais fácil dar a Jesus o título de Rei do que submeter o coração ao seu senhorio; 3) Jesus não reprova uma homenagem, embora saiba do seu pouco valor; 4) até mesmo discípulos deixam de perceber o cumprimento de uma profecia; 5) um fariseu perverso pode ficar aborrecido ao ver as pessoas irem após Cristo.

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28-Set-2014 Leia João 12.20-25

V.20, 21: ‘alguns judeus de língua grega’ - eram judeus que viviam no oriente helênico cuja etnia era provavelmente grega. Eram pessoas temerosas a Deus, que vinham adorar em Jerusalém (Jo 7; 35).

Filipe é um dos únicos discípulos de Jesus com nome grego. Sendo originário de Betsaida é provável que mantivesse contatos comerciais com os gentios e que provavelmente falasse grego.

‘...queremos ver Jesus...’ - a resposta de Jesus (v.23 e seguintes) sugere que o propósito desses gregos era oferecer a Ele novas oportunidades para ministrar naquela parte do mundo. Jesus diz que o tempo para a expansão das suas atividades no mundo tinha acabado, mas que seu efeito no mundo, entretanto, seria ainda maior.

“Glorificado” assim como “levantado” (v.32) remete a Isaías 52.13, à morte do servo sofredor que os cristãos primitivos reconheciam como sendo Jesus.

V.24: Compare com 1 Coríntios 15.35,36. Um princípio vida-morte já está operando na criação. Uma semente deve passar pelo processo de morte para que uma nova vida se manifeste na forma de fruto ou grão.

V.25: Aqui, neste contexto, Jesus aplica essa mensagem a si mesmo já que ele é o autor e consumador da nossa fé (Hb 12.1). Neste versículo, três palavras gregas são traduzidas por “vida”: psuche (vida animal); bios (vida material, bens, etc.) e zoe (geralmente vida abundante, espiritual). “Quem ama a sua psuche perde-lá-a, e quem neste mundo aborrece a sua psuche guarda-lá-a, para a zoe eterna”.

05-Out-2014 Leia João 12.26-28

v.26: Compare com Mt 20.28 e Mc 10.45. Jesus é o modelo de serviço que ele espera dos seus discípulos. O amor tem o espírito de servo. A mente do mundo nunca compreenderá ou aceitará esse chamado. Um servo é alguém que aceita e reconhece um lugar abaixo daquele a quem ele serve, alguém disposto a abrir mão dos sistemas do status social na nossa escala humana de valores. Os servos são vistos como pessoas que fazem tarefas indignas e consideradas inferiores àquelas de quem servem. Mas Jesus diz que aqueles que atuam como servos dele – servindo o mundo em nome dele – serão honrados pelo Pai celeste. Todo verdadeiro servo será honrado, por Aquele a quem serve e que lhe prometeu honra por esse serviço.

v.27: Compare com a oração de Jesus no Getsêmani (Mt 26.38-39; Mc 14.34-36; Lc 22.41-43). A agonia que Jesus sofreu não foi causada por medo ou morte física, mas pela associação de sua morte com o pecado (2Co 5.21); pois Deus não imputa nossos pecados a nós. Ao invés disso, ele os imputou a Cristo, que não tinha pecados de qualquer espécie (Hb 4.15, 1Pe 2.22, 1Jo 3.5). Ele suportou nossos pecados na cruz e sofreu a penalidade que merecíamos, para que, nela, fôssemos feitos justiça de Deus.

v.28: ‘Voz do céu’, o fenômeno é bem conhecido na literatura judaica, a qual usa o termo para falar de uma voz ou mensagem de Deus. No Antigo Testamento, Deus se revelou no Monte Sinai, falou com Abraão, Isaque, Jacó e Moisés, e ainda com muitos profetas e com outras pessoas séculos depois do Sinai. No Novo Testamento, ouviu-se uma ‘voz vindo do céu’ no batismo de Jesus (Mt 3.17), no monte da transfiguração (Mt 17.5) e aqui, no v.28, em resposta ao pedido de Jesus para que Deus glorificasse seu nome nele.

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12-Out-2014 Leia João 12.29-40

v.29: Nas histórias antigas do judaísmo, Deus sempre respondia orações enviando anjos, o que pode ter parecido menos dramático a alguns dos seus ouvintes do que uma voz do céu.

v.31: ... ‘governante deste mundo, o adversário, Satanás’. Deus é o soberano do mundo em quase todos os textos judaicos, mas esses textos também falam de anjos caídos a governar boa parte do mundo sob o decreto dele e reconhecem que o príncipe dos anjos maus governava a maior parte do mundo, exceto Israel. João concordaria que Deus sempre foi o soberano de tudo. Mas aqui ele fala da dominação satânica nos negócios humanos e da presente derrota das forças espirituais demoníacas, que o judaísmo só esperava no tempo do “Reino”.

Jesus redefiniu sua morte iminente. Os sofrimentos de Jesus e, especialmente sua morte, eram a causa mais profunda do Pai para glorificá-lo. Segundo a perspectiva de João, Jesus não foi glorificado apenas em sua ressurreição e ascensão, mas sua glorificação já ocorrera em sua morte e em seu sacrifício na cruz. No v.32 e no seu comentário no v.33, observamos que a cruz está no centro da missão e mensagem da igreja, que atrai todas as pessoas a Jesus.

v. 32: “Quando eu for levantado da terra”, Leia Números 21.6-9; João 3.14 e João 8.28.

v.38,39,40: No judaísmo, a citação de um texto das Escrituras implica em todo o contexto, não apenas nas palavras citadas. Deste modo, aqui a referência fala de todo o texto de Isaías 53.1-12 aplicado a Jesus.

19-Out-2014 Leia João 12.23-39

v. 23: Quando lemos: ‘É chegada a hora em que o Filho do Homem há de ser glorificado’ – a preocupação de Jesus não é tanto com o fato e o processo da sua morte, mas com a consumação final (Jo 19.30).

Em relação à glorificação de Jesus, podemos entender que: 1) esta glorificação somente podia ser mediante a morte (v.24); 2) somente assim podia o celeiro de Deus ficar cheio de muito fruto (v.24); 3) somente assim podia a honra de Deus ser reivindicada, e o pecado expiado (reparado, pago); 4) somente assim ele podia ensinar às pessoas o verdadeiro segredo da vida (vs. 25 e 26); 5) somente assim podia ser rompido o poder de Satanás (v.31); 6) somente assim podia Cristo atrair todos a si (v.32); 7) somente assim podia haver para o ser humano a luz da vida (v.35).

v. 39: A razão pela qual não podiam crer: Deus oferece a todos a oportunidade de crer e confiar nele. O grego “pistis “e o equivalente hebraico “emunah” podem ser traduzidos ou por “crer” ou “confiar”. “Pistis” é principalmente um assentimento mental a doutrinas e fatos, enquanto a “Emunah” é uma atitude do coração de confiança que se expressa em atos de justiça.

Entretanto, é fato que somente esta última representa o tipo de confiança que Deus honra tanto no Antigo Testamento quanto no Novo. A natureza da fé verdadeira no cristianismo, significa reconhecer quem Deus é e tudo aquilo que Ele fez para se aproximar do ser humano, crer em suas promessas, depender dele para obter a capacidade de viver uma vida santa.

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26-Out-2014 Leia João 12.39-43

V.39 – “Não podiam crer” porque não queriam crer. Podemos também incluir o sentido de que, quando o coração não deseja a verdade de Deus, a inteligência não consegue percebê-la. Certamente não se ensina aqui que Deus proíbe alguns de serem crentes, pois Ele quer que todas as pessoas se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1Tm 2.4). Quando as pessoas rejeitam a oportunidade de acreditar nele, Deus pode tornar sua fé impossível: Ele endurece corações (Rm 9.18). Nos versículos 40 e 41, Deus os cegou, assim como endureceu o coração de Faraó (Ex 9.12 e 11.10) após o próprio Faraó endurecer seu coração (Ex 8.32).

V.41 – Isaías disse estas coisas porque viu a glória de Deus e Jesus e falou sobre ela. Sobre essa glória), João refere-se à glória de Jesus, e não à do Pai. Contudo, a alusão é a Isaías 6.1-3. Aparentemente, o evangelista diz que na visão celestial, Isaías teve o relance da glória futura manifesta.

V.42 e 43 – Verdadeiros crentes em Jesus não ocultam a sua fé, mas a confessam abertamente. O que aquelas pessoas tinham era um assentimento intelectual sem poder, que não podia salvá-los (Rm 10.8,9).

V.43 – A palavra grega traduzida como ‘aprovação’ ou ‘glória’ também pode traduzir-se como ‘reputação’ ou ‘honra’.

02-Nov-2014 Leia João 12.37-50

v.37: Um sinal nem sempre produz fé;

v.38: “o braço do Senhor” é o próprio Senhor Jesus.

v.40: Essas duas coisas, a cegueira e a dureza do coração, estão relacionadas; são um castigo para os incrédulos. No versículo 41 confirma-se que o Senhor Jesus é o próprio Deus, cuja glória foi vista por Isaías (Is 6.3). Essa glória foi vista e apreciada por Isaías, mas não foi amada pelos fracos no Senhor (v 42 e 43), naquela época já havia os “crentes medrosos”.

v.44: Essa foi a declaração do Senhor aos fanáticos religiosos incrédulos. Isso implicava que: 1) Ele era Deus manifestado ao ser humano (v. 44,45); 2) Ele veio como luz para o mundo, para que quem cresse nele, não permanecesse nas trevas (v. 46, 36); e 3) Ele veio ao ser humano com as palavras vivas; todo aquele que recebe as suas palavras tem a vida eterna, agora e para sempre; e todo aquele que as rejeita será por elas julgado no último dia (v. 47-50).

v.46: Jesus era a perfeita revelação do Pai; problemas espirituais se esclarecem na presença de Cristo.

No v.46, ‘trevas’ é equivalente a escuridão, lugar sombrio, mal, pecado, obscuridade, noite, ignorância, depravação mental. O Novo Testamento usa especialmente a palavra em sentido metafórico de ignorância da verdade divina, da natureza pecaminosa do ser humano, da total ausência de luz e de uma falta de percepção espiritual. A “luz” equipara-se à felicidade; as “trevas”, à infelicidade. Trevas como escuridão espiritual descreve basicamente tudo que é terreno, demoníaco e que está em inimizade com Deus.

v.47: O judaísmo acreditava que a Lei de Deus era o padrão através do qual Ele julgaria seu povo no final dos tempos. Assim é que Jesus apresenta suas palavras como equivalentes às palavras de Deus.

v.48,49: Um agente ou embaixador deveria ser recebido com as honras devido àquele que o enviou. Esperava-se também que este agente ou embaixador representasse com exatidão aquele que o enviara.

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09-Nov-2014 Leia João 12.1-24

Todas as pessoas que estavam ao redor de Jesus acabavam passando por uma prova das suas qualidades quando interagiam com Ele. Os principais sacerdotes e fariseus conspiravam para matá-lo; Simão, o leproso, preparou sua casa para Ele; Marta o servia; Lázaro testificava acerca dele; Maria o amou; Judas estava prestes a traí-lo; e muitos creram nele. O Senhor é o centro gerador das ações das pessoas que se encontravam com Ele. Assim qualquer um que tenha contato com Ele inevitavelmente será posto à prova e poderá até ser desmascarado.

A glorificação de Jesus (v.24) como Filho do Homem seria a sua ressurreição, isto é, a liberação do seu elemento divino, a sua vida divina, de dentro da casca da sua humanidade, para produzir muitos crentes em ressurreição (1Pe 1.3), assim como o ‘grão de trigo’ libera o seu elemento vital quando cai na terra e brota dele para dar muito fruto, ou seja, produzir muitos grãos.

Segundo o ponto de vista do mundo (v.24), Jesus estava nessa hora, no seu momento áureo. Grande multidão de judeus o tinha em alta conta e o havia acolhido calorosamente por causa da ressurreição de Lázaro (v. 17-18) e até mesmo os gregos o buscavam (v. 20-22). Mas Ele preferiu cair na terra tal qual grão de trigo e morrer, para produzir muitos grãos com vistas à igreja.

Esse ‘muito fruto’ (v.24) tornou-se o aumento de Cristo em ressurreição. Esse aumento é a glória na qual Cristo entrou por meio da morte e ressurreição (Lc 24.26). O trecho a partir do v.23 deste capítulo até o final do capítulo 17 é um discurso sobre o mistério dessa glória. Cristo tinha a glória junto de Deus (17.5). A sua encarnação fez com que a sua glória divina ficasse oculta na sua carne. Mediante a sua morte e ressurreição, a sua glória foi liberada, produzindo muitos grãos, que se tornam o seu aumento como expressão de sua glória (Jo 12.23,28; Jo 13.31,32; Jo 14.13; Jo 15.8; Jo 16.14 e Jo 17.1,4,5,10,22 e 24).

16-Nov-2014 Releia João 12.25-32 (Conclusão – 2ª. Parte)

A mesma palavra grega para vida (v. 25) encontra-se em João 10.11,15 e 17. O Senhor, como grão de trigo que caiu na terra, perdeu sua vida ‘humana’ na morte, para liberar a vida eterna em ressurreição para os muitos grãos. Como os grãos, nós devemos também perder a nossa vida, da ‘carne’, a fim de desfrutarmos a vida eterna em ressurreição. Isto é, segui-lo, a fim de servi-lo e andar com Ele (v. 26).

Glorificar o nome do Pai é fazer com que o elemento divino do Pai seja expresso. O elemento divino do Pai, que é a vida eterna, estava no Filho encarnado. A casca da encarnação do Filho tinha de ser rompida por meio da morte, para que o elemento divino do Pai - a vida eterna - fosse liberado e expresso em ressurreição, assim como o elemento vital do grão de trigo é liberado quando rompe sua casca, e é expresso quando floresce. Essa é a glorificação de Deus Pai no Filho.

No v. 31: Agora é o “juízo”. A palavra grega aqui quer dizer “arranjo”. O mundo é um sistema maligno arranjado sistematicamente por Satanás. Todas as coisas da terra, especialmente as que se relacionam com a humanidade, e todas as coisas dos ares, têm sido sistematizadas por Satanás, em seu reino de trevas para ocupar as pessoas, impedindo-as de cumprir o propósito de Deus, e distraí-las do desfrute de Deus. Esse sistema maligno, o reino das trevas, foi julgado quando o seu príncipe, Satanás, foi expulso em consequência da crucificação do Senhor. Na cruz (v. 32), o Senhor, como Filho do Homem (v. 23), foi levantado tal qual a serpente (Jo 3.14), isto é, em semelhança da carne do pecado (Rm 8.3). Satanás, a antiga serpente (Ap 12.9 e 20.2), o príncipe deste mundo, havia injetado a si mesmo na carne humana. Mas, por meio da morte na cruz, em semelhança da carne do pecado, o Senhor destruiu Satanás, que

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está na carne humana (Hb 2.14), Dessa maneira, o Senhor também julgou o mundo, que está pendurado em Satanás. Portanto o fato de o Senhor ter sido levantado fez com que o mundo fosse julgado e o seu príncipe, Satanás, expulso.

23-Nov-2014 Releia João 12.25-32 (Conclusão – Parte final)

Se, por um lado, a morte do Senhor equivale a Ele cair na terra, como revela o v.24, por outro, equivale a Ele ser levantado no madeiro (1Pe 2.24). Ele caiu na terra para produzir muitos grãos e, ao mesmo tempo, Ele foi levantado no madeiro para atrair todos a si mesmo. Os muito grãos produzidos pelo fato de Ele ter caído na terra são os ‘todos’ que foram atraídos a Ele pelo fato de ter sido levantado no madeiro.

Neste capítulo de João, a morte de Jesus é revelada não como a morte redentora, mas como a morte que produz e gera. Por essa morte, a casca de sua humanidade foi rompida, possibilitando-lhe realizar seu propósito triplo: (1) produzir os muitos grãos e atrair todos a si mesmo (v.24 e 32); (2) liberar o elemento divino, a vida eterna (v.25 e 28); (3) julgar o mundo e expulsar o seu príncipe (v.31). Temos de experimentar a morte do Senhor para podermos participar do propósito triplo que Ele realizou.

Os rabinos costumavam explicar que guardar os mandamentos de Deus, mesmo os menores, garantiam a vida eterna (isto é, a vida no mundo por vir), ao passo que a desobediência mesmo aos menores mandamentos poria a perder essa vida. Jesus (v.50) descreve sua comissão pessoal, conferida por Deus, nos mesmos termos.

Fora a provação de Jesus, estas foram as últimas palavras do mestre direcionadas a um público maior do que o seu círculo de discípulos. Há um sentido de término ecoando dessas palavras - como se fosse um último apelo (v. 37 a 50).

A verdadeira “vida” é conhecida no caminho da obediência. Jesus Cristo estava ocupado em pensamentos, palavras e obras – mas tudo em obediência ao Pai, dando um exemplo de humildade absoluta (Jo 5.30; Jo 7.16; Jo 8.28; Jo 14.10 e Jo 17.4).

A mensagem que Jesus deu deve nos encorajar a não sermos crentes tímidos e, sim, nos tornarmos testemunhas públicas que não têm medo de proclamar sua confiança em Deus e em sua verdade, através não apenas das palavras, mas das ações. Rejeitar a Jesus é rejeitar a Deus, pois sua mensagem permanecerá para julgar toda a humanidade.

30-Nov-2014 Leia João 13.1-5

Até o capítulo 12, o evangelista vem mostrando que o Senhor veio por meio de sua encarnação para introduzir Deus na vida humana a fim de ser a vida deste e a geração da igreja. A vida veio e produziu a igreja, composta dos que foram regenerados.

Em seu espírito, estes que foram regenerados, estão em Deus e nos lugares celestiais, mas, em seu corpo físico, ainda vivem na carne e andam na terra. Em seu contato com as coisas terrenas, eles se sujam com frequência. Isso atrapalha a sua comunhão com o Senhor e uns com os outros.

Por isso, é preciso lavar-se com o Espírito Santo (a água: Tt 3.5), a palavra (Ef 5.26 e 1Jo 15.3) e a vida (Jo 19.34). Esse é o lavar que remove a sujeira para que se mantenha a comunhão com o Senhor e uns com os outros. Não se trata do lavar em que se removem os pecados, que é por meio do sangue (1Jo

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1.9). Visto que este evangelho é um livro de sinais, o que é registrado neste capítulo deve ser considerado um sinal com significado espiritual. A prática da lavagem dos pés não deve ser tomada apenas no sentido físico e, sim, no sentido espiritual.

v. 1 - Jesus sabia que a sua hora era chegada. Tal hora tinha sida estabelecida desde antes da fundação do mundo. Ela achava-se nos planos de Deus antes da criação do mundo. A contagem regressiva do Calvário entrava nos momentos mais dramáticos. E Jesus tinha conhecimento antecipado disto.

v.3 - O Pai tudo depositara, nas mãos do Filho. Que enorme responsabilidade! Cabia agora a Jesus tratar da situação (1Pe 2,24). Jesus viera de Deus, puro e imaculado e deveria voltar da mesma forma, mas entre a vinda e a volta achava-se o Calvário e a culpa de um mundo pecador. E Jesus sabia qual era a sua missão.

07-Dez-2014 Leia João 13.1-5

Jesus introduz o lava-pés com presságios da traição e da cruz. As refeições (v.2) eram ambiente propício para a ministração do ensino. Os judeus calçavam sandálias e, como as suas estradas eram poeirentas, seus pés se sujavam facilmente. Era costume reclinarem-se à mesa dos banquetes com os pés estendidos. Se os mesmos estivessem sujos, certamente atrapalhariam a comunhão por causa da sujeira e odor. O Senhor lavou os pés dos discípulos para mostrar-lhes que Ele os amava ao extremo (v.1) e ordenou-lhes fazer o mesmo uns aos outros em amor (v. 14 e 34).

Havendo os peregrinos percorrido uma longa distância, ficava o anfitrião incumbido de fornecer água para lavagem dos pés como sinal de hospitalidade (Gn 18.4). Contudo, desatar as sandálias e pessoalmente lavar os pés de outra pessoa era considerado servil, tarefa de criado ou de esposas e filhos mais submissos.

v.4: Como não havia nenhum servo e nenhuma pessoa assumira a função de lavar os pés dos convidados, Jesus usou a ocasião para instruir sobre humildade e altruísmo. O ato de Jesus remover suas vestes externas para servi-los também representava um sinal de grande humildade diante deles.

v.4: Em algumas versões, temos “as vestes de cima”, que podem representar as virtudes e atributos do Senhor em sua expressão. Por isso, tirar as vestes de cima significaria despir-se do que Ele é em sua expressão. “Toalha” palavra derivada do latim, denota uma toalha de linho. “Cingir-se” significaria ser amarrado e restrito pela humildade (1Pe 5.5).

vs. 4 e 5: O ato de tirar as vestes mostra que Jesus estava pronto para trabalhar como um servo comum ou escravo – um trabalho bem humilde. No momento em que os discípulos se reuniram, o lava-pés deveria ter sido feito por um deles, mas eles não estavam preparados para tirarem as vestes e se humilharem.

14-Dez-2014 Leia João 13.4-11

Observando a sequência dos movimentos orquestrados por Jesus (v. 4 e 5): “tendo despido as vestes externas (de cima), Jesus colocou uma toalha em seu lugar, derramou água, lavou os pés e os enxugou”, tem-se um ato prático, simbólico e exemplar. Notamos que, primeiro, Ele agiu; depois, Ele explicou; iniciou com a prática e, então, mencionou a teoria. Foram várias as ações e, enquanto as praticava nada

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fora dito até ser interpelado por Pedro (v.7), quando revela o ensino que queria transmitir aos discípulos naquele local.

Frequentemente comete-se o erro de pensar que ser humilde é permitir-se ser “pisoteado”. No entanto, não há nada de negativo na atitude de Jesus: era um ato determinado que cumpria um propósito definido e ensinava uma lição prática.

Assim servindo, Jesus prefigura sua morte como servo sofredor de Isaías 53 em nome de muitos. Ao contrário da sociedade greco-romana, o judaísmo valorizava a humildade, mas, mesmo assim, havia algumas restrições com relação à posição que as pessoas ocupavam na sociedade ou em algum grupo. No entanto, Jesus subverte até mesmo posições de ‘status’ social. Jesus vai além disso.

v.8 - O ato de Jesus viola tão completamente a fronteira do status cultural que Pedro acha inconcebível.

v. 9 e 10) Aqui o “banho”, presumivelmente, alude à cerimônia de purificação a que Jesus e os discípulos haviam se submetido antes da festa (Jo 11.55), mas Jesus aplica em sentido espiritual, ou seja, o lavar da regeneração (Tt 3.5 e Jo 3.5).

21-Dez-2014 Leia João 13.6-11

Pedro fica embaraçado e confuso. Lavar os pés era um ato que deveria ter sido realizado, mas ninguém se apresentara voluntariamente. Notamos que a toalha, a bacia e a água já estavam preparadas. A objeção de Pedro não estava relacionada ao ato do lava-pés, mas ao fato de Jesus realizá-lo. Ele sabia que Jesus jamais deveria fazer tal coisa. No v.6, Pedro fica surpreso; no v.8, recusa ter seus pés lavados por Jesus com justa indignação. Mas, quando Jesus lhe disse que a purificação por Cristo era essencial à comunhão, Pedro então clamou por uma experiência mais completa de purificação (v.9).

No v.10, Jesus explicou que a pessoa que já se banhou estava limpa, apenas precisando lavar os pés da sujeira do caminho, ou seja, Jesus estava dizendo a Pedro que ele estava limpo.

Podemos concluir que nós cristãos ficamos limpos do pecado quando nos aproximamos da cruz pela primeira vez; mas necessitamos ser sempre limpos da sujeira do caminho. Os pecados do passado foram perdoados; não precisamos que sejam perdoados novamente. No entanto há uma contínua necessidade de arrependimento dos novos pecados cometidos, de fazer a reparação por eles e buscar perdão. Em 1 João 1.5 a 2.2, há ensino mais explícito a respeito disso.

Jesus de joelhos, vestido como um escravo, lavou os pés de Judas, que logo o trairia. Exemplo perfeito de como “amar aos inimigos”. Jesus estava tirando a sujeira e o cansaço dos pés de quem Ele sabia que, em breve, iria até o sumo sacerdote, para fazer um acordo e trair a Jesus. “Nem todos estais limpos’ (v.10 e 11): os pés de Judas podem ter ficado limpos, mas o seu coração e a sua mente estavam cheios de pecado.

28-Dez-2014 Leia João 13.1-17

v.12: Os discípulos não sabiam porque Jesus lhes lavara os seus pés.

v.13: Ele era o Mestre. Todos os discípulos deviam aprender sobretudo pela imitação dos atos dos seus mestres.

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v.15: Jesus afirma: “Como eu vos fiz, façais vós também”. A primeira coisa a ser feita antes de lavar os pés é tirar as vestes de cima. Todas as diferenças de posição social devem ser afastadas juntamente com as roupas. Deve-se lavar os pés dos inimigos assim como os dos amigos. Pedro aprendeu uma grande lição e jamais a esqueceu. Tanto que em sua carta ele fala: “Cingi-vos todos de humildade” (1Pe 5.5). A palavra “cingir” aqui significa “vestir um avental” – amarrar uma toalha na cintura e mostrar-se humilde.Jesus não estivava procurando instituir uma prática literal para ser observada sempre na igreja. Mas Ele demonstra uma grande preocupação para que o verdadeiro significado de “servir” seja bem compreendido, que ninguém julgue abaixo de sua dignidade realizar as mais baixas tarefas para os outros. Por fim, ‘servir’ é uma disposição do coração e do espírito que se expressa através de ações concretas.

v. 16 e 17: Qualquer que fosse a autoridade exercida por escravos derivava de seus senhores a quem eles eram subordinados; um agente era sempre subordinado àquele que enviara. Sua autoridade era limitada à extensão da autoridade que lhe fora delegada.

v.17: “Se, como é o caso, vocês sabem estas coisas, serão abençoados se as praticarem”. Em outras palavras: “Vocês encontrarão a felicidade ao se comportarem em conformidade com isso”.

04-Jan-2015 Leia João 13.12-17

v.12: Os discípulos não sabiam porque Jesus lavara os seus pés.

v.13: Ele era o Mestre; todos os discípulos deviam aprender sobretudo pela imitação dos atos dos seus mestres. Jesus afirma: “Como eu vos fiz, façais vós também” (v. 15). A primeira coisa a ser feita antes de lavar os pés é tirar as vestes de cima. Todas as diferenças de posição social devem ser afastadas juntamente com as roupas. Deve-se lavar os pés dos inimigos assim como os dos amigos. Pedro aprendeu uma grande lição naquela ocasião e jamais a esqueceu. Tanto que em sua primeira carta, ele escreveu: “Cingi-vos todos de humildade” (1Pe 5.5), ou seja, sobre a necessidade de humildade e submissão. A palavra “cingir” aqui significa “vestir um avental” – amarrar uma toalha na cintura e mostrar-se humilde.

Jesus não estava instituindo uma prática literal para ser observada continuamente na igreja. Mas Ele demonstrava uma grande preocupação para que o verdadeiro significado de “servir” fosse bem compreendido, para que ninguém julgasse abaixo de sua dignidade realizar as mais baixas tarefas para os outros. Servir é uma disposição do coração e do espírito que se expressa através de ações concretas.

v. 16 e 17: Qualquer que fosse a autoridade exercida por escravos derivada de seus senhores, um agente era sempre subordinado àquele que enviara. Sua autoridade era limitada à extensão da autoridade que lhe fora delegada.

v.17: “Se, como é o caso, vocês sabem estas coisas; serão abençoados se as praticarem”. Em outras palavras: “Vocês encontrarão a felicidade e alegria ao se comportarem em conformidade com isso”.

11-Jan-2015 Leia João 13.18 a 20 e releia do 1 ao 20

v.18 - Aqui Jesus cita o Salmo 41.9, de um justo sofredor. Um estudioso chamou a atenção para o fato de que se erguer na ponta dos pés é um ato de desdém em culturas semelhantes ao antigo judaísmo. A

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confraternização à mesa era considerada vínculo de intimidade, e a traição que se seguisse a ela era particularmente perversa.

v.19 - Confira com Isaías 41.26, 44.7, 11 e 48.3-7. Aqui há outra declaração “Eu sou”. Deus prevê o futuro, de modo que, quando chegar, seu povo finalmente reconhecerá que Ele, ao contrário dos deuses das nações, é verdadeiro.

v.20 - Nas culturas antigas, reagia-se aos agentes, embaixadores e outros representantes de acordo com o sentimento da pessoa em relação a quem os credenciou. Compare com Lucas 10.16 e Mateus 10.40.

Relendo estes 20 versículos, aprendemos também que Jesus lavou os pés dos discípulos: 1) porque em breve ocorreria sua partida para o Pai; 2) como prova do seu amor: 3) no pleno reconhecimento de todo o seu poder divino; 4) no cumprimento da sua missão. Na verdade, o ato se reveste de significação que é muito mais profunda do que um singelo exemplo de humildade. A chave está no v.8: nas palavras de Jesus – ‘parte comigo’. Durante os 3 anos do seu ministério, Jesus tinha tido parte com seus discípulos em todas as circunstâncias humildes da sua vida diária: comer, viajar, dormir, etc. Agora a cena vai mudar. Ele vai se retirar para a casa do Pai. Para os discípulos terem comunhão com Ele no palácio celestial é necessário “outro asseio”, espiritualmente falando e, mais particularmente falando, purificação da contaminação inevitável que resulta da passagem pelo mundo. A figura é uma contaminação incidental: não do pecado – que é purificado com sangue e não com água; leia 1 João 1.7.

18-Jan-2015 Leia João 13.21 a 30

Reunido com seus discípulos para a celebração da Páscoa, Jesus sabia que estava chegando a hora do seu sofrimento e da sua morte. O pior é que ele seria entregue às autoridades por um de seus próprios discípulos, que iria trai-lo. Angustiado, disse isso claramente a seus discípulos.

A partir daí houve uma grande agitação no grupo dos discípulos. Era natural que eles desejassem saber quem seria o traidor. João estava perto de Jesus e Simão Pedro fez-lhe um sinal para que descobrisse o nome do traidor. Nesse momento, Jesus respondeu que o traidor seria aquele a quem ele iria entregar um pedaço de mão molhado.

Da palavra Jesus partiu para a ação: entregou um pedaço de mão molhado para Judas Iscariotes. Nesse momento, o discípulo foi tomado por Satanás.

Jesus, então, o orientou dizendo: “O que pretendes fazer, faze-o depressa!”

Como Judas era o que carregava a bolsa com os recursos dos discípulos, pensaram que ele recebera a ordem para sair a fim de adquirir mais pão.

Na verdade, estavam todos equivocados. Judas saiu para trair o seu mestre. Judas saiu para entregá-lo às autoridades a fim de que fosse preso e morto.

E o texto termina dizendo que Judas saiu logo. E era noite.

Havia urgência em fazer o mal. E havia necessidade de se aproveitar as trevas da noite para se praticar a mais hedionda tradição.

É assim que o mal acontece muitas vezes em nosso mundo. As pessoas sentem urgência em praticá-lo. Somos lentos na prática do bem, mas somos ágeis na prática do mal. E, quando praticamos o mal, preferimos que as trevas nos escondam.

Como verdadeiros discípulos de Jesus, devemos buscar sempre a luz para a prática do bem.

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25-Jan-2015 Leia João 13.21 a 26

Da cerimônia do lava-pés podemos também levantar os seguintes pontos: 1) o objetivo proposto: os discípulos já conheciam Jesus como Emanuel: “Deus conosco”, mas Ele queria que aprendessem uma verdade preciosa: “Nós com Deus” na intimidade da comunhão celestial. 2) O serviço necessário era de purificação e não de expiação. Necessário porque Jesus iria para outra esfera e queria que os “seus” fossem preparados para estar naquele mesmo ambiente. 3) O espírito adequado para semelhante serviço, era a humildade que nasce do amor, que tem prazer em servir, que não poupa esforço, que persiste até conseguir.

(v. 21) - Embora os filósofos gregos valorizassem o permanecer com espírito tranquilo e imperturbável, nem todos na Antiguidade compartilhavam desse valor. João sempre destaca a divindade de Jesus na sua narração deste livro; no entanto, aqui neste versículo vemos também destacada a sua humanidade.

(v. 23)- Nas festas, os homens se reclinavam em divãs (as mulheres não faziam refeições na mesma sala com um grupo de homens fora de sua família). Cada um reclinava-se ligeiramente atrás da pessoa à sua direita. Assim é que João podia deixar pender para trás a cabeça. nivelando-a com o tórax de Jesus. (Eles se reclinavam sobre o cotovelo esquerdo, deixando livre o braço direito, não podendo, por conseguinte, cortar a carne. Ela já viria pré-fatiada no banquete). Esse discípulo amado era presumivelmente João que parece ocupar uma das posições de prestígio naquela refeição especial.

(v. 26) “um pedaço de pão”, um pedaço de matzá não era levedado. “Molhado no charôsset (molho servido na Ceia da Páscoa e\ou maror (ervas amargas). “Ervas amargas” porque na refeição de Páscoa, relembravam a amargura da escravidão de Israel no Egito, e eram apropriadas também para essa ocasião. O anfitrião mergulhar um pedaço de pão e passá-lo a outra pessoa normalmente era um sinal de honra para quem recebesse o pão molhado. O contexto implica um diálogo particular entre João e Jesus, que os outros não ouviram. Jesus aqui exerce pleno controle da situação.