tecnologia na petrobrs internet livro 1

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    RECORDAES DAS LUTASPELA TECNOLOGIA NA

    PETROBRS

    (EPISDIOS QUE VIVI)-------------------------

    DORODAME MOURA LEITO

    ------------------

    RIO DE JANEIRO2004

    ------------------------------------

    Verso resumida para transmisso pelaInternet

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    APRESENTAO

    O texto apresentado a seguir foi baseado em livro do autor com omesmo ttulo, escrito com a inteno de ser publicado pela PETROBRS porocasio das comemoraes dos 50 anos da lei 2004, de 3 de outubro de 1953.Como no foi possvel conseguir-se tal publicao, por desinteresse dasautoridades da empresa procuradas durante o ano de 2003, o autor decidiuelaborar uma verso resumida do livro e divulg-lo pela Internet para amigos,antigos colegas e demais pessoas interessadas na histria da evoluotecnolgica da PETROBRS na rea de refinao de petrleo.

    O trabalho de adaptao do livro para a Internet foi desenvolvidodurante os meses de abril e maio de 2004. Em 26 de maio de 2004, o autor envioumensagem pela Internet para seus correspondentes oferecendo o envio dosepisdios do livro atravs de 21 remessas semanais e solicitando a divulgao doassunto entre pessoas de seu relacionamento, potencialmente interessados notema do livro (texto dessa mensagem encontra-se abaixo).

    As remessas foram efetuadas, regularmente, todas sextas-feiras entre4 de junho e 22 de outubro de 2004 para um total de mais de 100 pessoas. Arepercusso foi muito boa, sendo inclusive atingidas as novas geraes defuncionrios da PETROBRS e jovens alunos da COPPE, principais alvo do autor.O atual documento rene todas as remessas, agrupadas para atender solicitaesque continuam a chegar por esta verso resumida do livro.

    O livro, em sua verso completa, foi editado pelo autor em 2005, empequena tiragem, e distribudo entre parentes e amigos mais chegados.

    MENSAGEM ENVIADA PELA INTERNET EM 26 DE MAIO DE 2004OFERECENDO O LIVRO EM SUA VERSO RESUMIDA

    Amigas e amigos:

    Quis o destino que, durante os 31 anos que passei na PETROBRS(1959 a 1990), eu desenvolvesse atividades ligadas a todas as etapas doprocesso de evoluo tecnolgica da empresa na rea de refinao de petrleo.

    Quando comecei minha carreira de Engenheiro de Processamento,tive a oportunidade de participar dos primeiros estgios do processo tecnolgicoquando a grande questo era conseguir operar nossas primeiras refinariasconstrudas com a utilizao de tecnologia importada, muitas das vezesinadequada s nossas condies de matria prima e mercado de derivados.

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    Posteriormente, estive envolvido em atividades de formao depessoal especializado em processamento de petrleo, em iniciativas voltadas parao reconhecimento da importncia e para a consolidao da atividade de projetos

    de processamento ("process design"), em pesquisa cientfica e tecnolgica, nogerenciamento do processo tecnolgico e finalmente em atividades deplanejamento estratgico voltado para a identificao de necessidades futuras detecnologia na PETROBRS.

    Em meus ltimos anos de PETROBRS tive a ventura de coordenar aimplantao de novas medidas gerenciais no CENPES visando permitir que aempresa chegasse ao ponto mximo desse processo de evoluo tecnolgica que o da criao de uma inovao nvel mundial!

    importante se salientar que o processo de evoluo tecnolgica da

    PETROBRS no foi um processo trivial. Foi extremamente complexo, pleno dedificuldades, incompreenses, avanos e recuos e, tambm, de episdioshericos. Foi uma verdadeira saga! Grande parte desses acontecimentos desconhecida especialmente das novas geraes que chegaram PETROBRSnos ltimos quinze anos.

    Desde 1990, com o Governo Collor, a PETROBRS passou a servtima de um processo de destruio, lento, porm pertinaz. Eram os princpiosneoliberais do "estado mnimo" que comeavam a ser impostos ao nosso pas eencampados por nossos governantes. Foi a poca de se ver o prprio Governodesmoralizando as estatais, apresentadas ao grande pblico como elefantes,

    pesadas e ineficientes ou como dinossauros, atrasados e superados pela"modernidade"! Como a PETROBRS era a estatal de maior sucesso e projeo,foi a vtima preferencial dos ataques desses novos valores impostos pelo capitalinternacional interessado nas riquezas e potenciais do nosso pas.

    Com o advento do Governo FHC, o processo recrudesceu. Com oobjetivo de privatizar a empresa, foi colocado em prtica por esse governo e seusaclitos, um processo de desmonte da empresa e de descaracterizao dosvalores bsicos que sempre prevaleceram na PETROBRS e que permitiram quese chegasse ao sucesso que a empresa hoje representa, com reconhecimentomundial da sua eficincia e eficcia, em especial na rea tecnolgica.

    Transformaram a PETROBRS em uma empresa financeira, desligada de suasrazes que eram totalmente voltadas para estimular e catalisar o desenvolvimentobrasileiro. Para atingir esses objetivos, uma das formas utilizadas foi a destruiodos valores bsicos de sua forte cultura organizacional. sabido que essa aforma mais eficiente de se transformar uma empresa.

    Dessa forma, tentaram destruir os valores ligados ao nacionalismo quepresidiram a criao da empresa, atravs da campanha do "PETRLEO NOSSO!" e que permitiram que a empresa crescesse, se consolidasse ealcanasse suas finalidades. Para todos ns que entramos na PETROBRS emseus primeiros anos, foram esses valores que nos estimularam a vencer o desafio

    de provar que os brasileiros poderiam construir uma empresa desse porte.

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    Apesar de no terem conseguido privatizar a empresa, o que, noentanto, j estava sendo feito "pelas beiradas", os oito anos do Governo FHC

    conseguiram destruir muita coisa. Uma das mais importantes est ligada memria dos tempos hericos de construo da PETROBRS. Com isso, existehoje um desconhecimento quase que total das novas geraes sobre a saga quefoi a construo dessa grande empresa, orgulho de todos os brasileiros.

    Essas foram as principais motivaes para que, durante o anopassado, eu procurasse registrar alguns dos principais episdios que vivi direta ouindiretamente, nos anos em que tive a felicidade de participar das lutas que foramtravadas para a evoluo tecnolgica da PETROBRS. Senti-me,tambm, estimulado pela mudana do Governo Federal e dos dirigentes daempresa, alguns dos quais foram meus parceiros nas lutas para construir a

    empresa e sua tecnologia. Imaginei que, com essas mudanas, haveria interesseem fazer um esforo para permitir que a empresa retornasse aos caminhosditados por suas razes, voltando-se novamente para colocar seu enormepotencial tecnolgico, gerencial e financeiro a servio do desenvolvimentobrasileiro, acima de quaisquer outros objetivos! Achei, tambm, que ascomemoraes dos 50 anos da empresa ofereciam uma oportunidade impar parase relembrar e tentar incutir nas novas geraes os valores que determinaram acriao da PETROBRS e permitiram que ela alcanasse o sucesso queconseguiu. Essa seria uma forma de retomar esses valores na culturaorganizacional atual da empresa.

    Foram essas as razes que me levaram a escrever um livro intitulado"RECORDAES DAS LUTAS PELA TECNOLOGIA NA PETROBRS".Neste livro, para poder discutir o processo de evoluo tecnolgica daPETROBRS, fao primeiramente uma rpida anlise do processo tecnolgicocomo visto pelos pases desenvolvidos e de como esse processo se desenvolveuem nosso pas e na PETROBRS, apresentando um aprendizado tecnolgicototalmente diverso daquele encontrado nos pases desenvolvidos. A seguir,descrevo alguns episdios que vivi direta ou indiretamente, ligados aos diversosestgios do processo de aprendizado tecnolgico da PETROBRS na rea derefinao de petrleo, onde atuei a maior parte de minha carreira na empresa. importante deixar claro que os episdios so relatos pessoais de fatos por mim

    vividos ao longo desses 31 anos. So, pois, depoimentos pessoais. Imagino queessa forma de narrao mais autntica do que se eu tentasse romancear anarrativa e/ou descrever os acontecimentos de forma impessoal.

    Infelizmente, contudo, as pessoas a quem procurei na atual direo daPETROBRS no se interessaram em publicar esse livro que, pelas minhassugestes, poderia vir a ser o primeiro de uma srie de depoimentos pessoais deoutros profissionais pioneiros que viveram essa grande saga em outras reas deatividade. Esses depoimentos poderiam vir a se constituir em uma coleopatrocinada pela PETROBRS para resgatar a sua memria tecnolgica! Almdisso, os livros desta coleo poderiam ser distribudos entre os novos

    funcionrios da empresa por ocasio da sua admisso. A coleo, como

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    imaginei, seria lanada durante as comemoraes dos 50 anos da Lei 2004, quecriou a PETROBRS, em 3 de outubro de 1953. Contudo, como essa minhaargumentao e propsitos no foram aceitos pela PETROBRS, resolvi divulgar

    esse livro pela Internet, em uma verso simplificada e reduzida para melhor seadequar ao veculo utilizado na divulgao. Essa a razo desta mensagem.

    Para isso, estou pretendendo enviar pela Internet trechos do livro emremessas semanais para os meus correspondentes que se interessarem peloassunto. Pretendo fazer essas remessas s sextas-feiras em anexos de cerca de5 a 6 pginas, redigidas em ambiente Word, o que facilitar o acesso a quasetodos, uma vez que trata-se de programa que praticamente todos os internautaspossuem. Aqueles que, por acaso, no possurem o Word, me avisem queenviarei o texto dentro da prpria mensagem. Por outro lado, para se conseguirampla divulgao desses textos, autorizo a quem apreci-los e achar que eles

    podem interessar a outras pessoas que os remeta a seus correspondentes. Podeser que, com isso, acabem chegando at os funcionrios mais novos. Caso esseprocesso de divulgao funcione a contento, espero ter dado uma pequenacontribuio para a retomada dos valores bsicos existentes nas razes daempresa. Espero, tambm, que possa ter ajudado, embora modestamente,a manter acesa a chama da PETROBRS que, com tantos sacrifcios, ajudamos aconstruir. Aquela a quem dedicamos os melhores anos de nossas vidas paraprovar que os brasileiros poderiam construir uma empresa de petrleo de prestgiomundial. A PETROBRS catalisadora do desenvolvimento brasileiro!

    Como anexo da presente mensagem, envio algumas

    informaes bsicas sobre o livro, como a sua folha de rosto, alguns dospensamentos que me estimularam a desenvolver esse trabalho, as dedicatrias eo sumrio, com o material que pretendo enviar a vocs nas prximas 20 semanas.

    Desculpem a extenso desta mensagem, mas se fazia necessrioexplicar-lhes esta minha iniciativa em detalhe.

    AbraosDorodame

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    ALGUM DEVE REVER, ESCREVERE ASSINAR OS AUTOS DO PASSADO

    ANTES QUE O TEMPO PASSE TUDO ARASO.

    CORA CORALINA

    __________________________

    MEMRIA IDENTIDADE. SCONSEGUIMOS TER UMA CERTAIDIA DE QUEM SOMOS SE

    DISPUSERMOS DE ALGUMASREFERNCIAS A RESPEITO DO

    CAMINHO QUE PERCORREMOS PARACHEGAR ONDE ESTAMOS.

    LEANDRO KONDER

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    DEDICO ESSE LIVRO DE MEMRIAS

    PETROBRS, MAIOR REALIZAODO POVO BRASILEIRO NO SCULO

    XX.

    A TODOS MEUS COMPANHEIROS DELUTAS QUE, DESDE O COMEO,

    ACREDITARAM QUE A PETROBRSERA POSSVEL, APESAR DOS

    DESCRENTES E ENTREGUISTAS;

    E QUE, COM IDEALISMO EDEDICAO, LUTARAM PELA

    CONSTRUO E CONSOLIDAODESTA GRANDE EMPRESA E PELO

    DESENVOLVIMENTO DE SUATECNOLOGIA.

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    SUMRIO

    1. INTRODUO

    2. O PROCESSO TECNOLGICO

    3. O PROCESSO TECNOLGICO DA PETROBRS

    4. APRENDIZADO POR FORMAO DA CAPACITAO TCNICA

    EPISDIO 1 - O SEGREDO DO SUCESSO DA PETROBRS

    EPISDIO 2 - O CURSO DE REFINAO CHEGA AO NORDESTE

    5. APRENDIZADO POR OPERAO

    EPISDIO 3 - AS DORES DO PIONEIRISMO

    EPISDIO 4 - ASSUMIMOS A RESPONSABILIDADE PELA OPERAO DASNOVAS UNIDADES DE LUBRIFICANTES!

    6. APRENDIZADO POR ASSIMILAO E DESEMPACOTAMENTO

    EPISDIO 5 - PRIMRDIOS DA ATIVIDADE DE PROJETO DEPROCESSAMENTO NA PETROBRS

    EPISDIO 6 - PESQUISA TECNOLGICA EM UNIDADE INDUSTRIAL!

    7. APRENDIZADO POR ADAPTAO E MELHORAMENTO

    EPISDIO 7 - PRIMEIROS TEMPOS DA PESQUISA TECNOLGICA NA REA

    DE REFINAOEPISDIO 8 - CRIAO E CONSOLIDAO DA DIVISO DE TECNOLOGIA DEREFINAO (DITER)

    EPISDIO 9 - AS PESQUISAS NA REA DE CATLISE

    EPISDIO 10 - UM CASO DE SUCESSO NA ADAPTAO DA TECNOLOGIADE REFINAO REALIDADE BRASILEIRA

    EPISDIO 11 - A CRIAO DA ENGENHARIA BSICA NO CENPES

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    8 - APRENDIZADO POR CRIAO

    EPISDIO 12 - A INDUSTRIALIZAO DO XISTO, UM PONTO FORA DACURVA NO PROCESSO DE APRENDIZADO TECNOLGICO

    EPISDIO 13 - UMA TENTATIVA DE SE CRIAR TECNOLOGIA NA DCADA DE60

    EPISDIO 14 - DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE OBTENO DEETENO A PARTIR DO ETANOL

    EPISDIO 15 - UMA RARA OPORTUNIDADE PARA A CRIAO DE NOVASTECNOLOGIAS: A PESQUISA SOBRE FONTES DE ENERGIA

    COMPLEMENTARES AO PETRLEO

    EPISDIO 16 - MUDANAS NO PROCESSO DE GESTO DO CENPESFAVORECEM A ENTRADA DA PETROBRS NO APRENDIZADO PORCRIAO

    EPISDIO 17 - A PETROBRS CHEGA VANGUARDA TECNOLGICAMUNDIAL: O PROGRAMA DE CAPACITAO EM GUAS PROFUNDAS(PROCAP)

    9 - CONCLUSES

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    "RECORDAES DAS LUTAS PELA

    TECNOLOGIA NA PETROBRS"(verso simplificada para circulao pela Internet)

    DORODAME MOURA LEITO--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

    1. INTRODUO

    PRLOGO

    Escrevi esse livro durante os primeiros meses do ano de 2003. Minhainteno era de que ele pudesse ser publicado antes do dia 3 de outubro de 2003,como parte das comemoraes pelos 50 anos da lei 2004, que criou aPETROBRS. Acreditava que, nessas comemoraes, a empresa fosse dar umdestaque especial s recordaes do processo de construo da sua capacitaotecnolgica, uma vez que o domnio da complexa e diversificada tecnologia que aempresa hoje utiliza em todas as operaes foi a razo principal do sucessoalcanado pela PETROBRS na implantao da indstria de petrleo no Brasil a

    partir da estaca zero!Por esse motivo e por constatar que no existe hoje na empresa, porparte das novas geraes, uma conscincia das dificuldades enfrentadas pelosque aceitaram o enorme desafio de assimilar e adaptar a tecnologia importadapara a realidade brasileira e at criar novas tecnologias que vieram a permitir aconstruo e consolidao da PETROBRS como uma das maiores empresas depetrleo do mundo, me animei a tentar interessar os atuais dirigentes da empresaa patrocinarem a publicao deste livro.

    Deixei claro desde o comeo que no pretendia nenhum retornopessoal com essa publicao. O meu objetivo principal era a de que o livro fossedistribudo, principalmente, entre os novos funcionrios para que eles

    conhecessem as lutas, os valores e as crenas que permitiram a PETROBRSchegar aonde chegou ao completar os 50 anos de sua criao. Coloquei-me,inclusive, disposio da Empresa para proferir palestras que transmitissem aosmais novos o entusiasmo com que as geraes mais antigas ajudaram a construira PETROBRS. Alm de conhecerem melhor a histria da empresa, os novosfuncionrios teriam a oportunidade de sentirem a importncia dos valores ecrenas bsicas que impulsionaram todas aquelas lutas pela tecnologia naPETROBRS. So esses valores e crenas que permeiam todos os episdiosnarrados neste livro.

    A divulgao do livro entre os novos funcionrios proporcionaria,portanto, um reforo para a reconstruo da cultura organizacional que prevaleceu

    nos primeiros anos da empresa e que foi destruda pelas gestes que, durante o

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    Governo FHC, praticamente transformaram uma modelar empresa estataltotalmente voltada para o desenvolvimento brasileiro, em primeiro lugar, em umaempresa de "mercado" preocupada quase que exclusivamente com o lucro e, por

    isso, cada vez mais afastada de suas origens.Alm disso, imaginei que a publicao deste livro poderia servir como

    um processo de emulao para que outros colegas que viveram episdiossemelhantes em outras reas tecnolgicas viessem, tambm, a registrar suaexperincia pessoal. Imaginei, inclusive, a criao de um Projeto Cultural daPETROBRS denominado "Depoimentos Pessoais", em que pioneiros doprocesso tecnolgico registrariam suas experincias pessoais de participao naevoluo tecnolgica da empresa. Com isso, seria possvel resgatar a memriatecnolgica da PETROBRS, o que permitiria no futuro se escrever estaverdadeira saga do povo brasileiro que foi a criao e a consolidao da empresa.

    Preocupa-me muito o fato de que recentes publicaes da empresa,

    editadas para comemorar seus 50 anos, contenham erros clamorosos quanto anomes de pessoas de destaque na histria da PETROBRS e quanto a fatosrelevantes, alm de omitirem pessoas e acontecimentos importantes por purodesconhecimento! Por outro lado, essas publicaes, supostamente voltadas parao levantamento da memria da empresa, me pareceram mais preocupadas com adivulgao de fatos pitorescos e curiosos do que com os acontecimentos queforam realmente relevantes para a construo da empresa! Dessa forma, aempresa, atravs dessas publicaes, est desinformando e acabando com apossibilidade de algum dia ser contada a verdadeira Histria da PETROBRS!

    Infelizmente, contudo, meus argumentos a favor da publicao dolivro no foram aceitos e/ou entendidos e acabei no conseguindo alcanar esse

    meu objetivo de publicar e divulgar uma pequena parte da histria do processotecnolgico da PETROBRS entre os novos funcionrios. Aquela que conheobem porque a vivi! Fracassei em minha tentativa de, com a publicao edivulgao do livro, prestar uma pequena e modesta contribuio nessa direo.Sem maiores explicaes sobre as razes para no patrocinar a publicao dolivro, os originais me foram devolvidos.

    Neste ano de 2004, contudo, j refeito da decepo que tive, acheique no deveria abdicar deste meu projeto, embora, evidentemente, sem oalcance que seria possvel com a distribuio do livro entre os novos funcionriosda empresa. Uma primeira alternativa que me ocorreu foi tentar divulgar os textosque escrevi pela Internet atravs de meus correspondentes a quem possa

    interessar l-los e divulga-los. Evidentemente, para permitir sua divulgao pelaInternet, os textos tiveram que ser "enxugados" e reduzidos. Se mantidos como nooriginal, os textos ficariam pesados demais para serem includos em mensagenseletrnicas, onde deve primar a conciso e a objetividade.

    Dessa forma, a verso Internet do livro uma verso simplificada eresumida. Suprimi alguns episdios e "enxuguei" os textos, deixando apenas oque considerei essencial. Para tornar maior a difuso do assunto, imaginei quequem vier a gostar do que foi escrito, se encarregaria de divulg-lo entre seusconhecidos e, assim, o livro poderia chegar at os novos funcionrios.

    Uma outra possibilidade que aventei seria publicar o livro s minhasexpensas e distribu-lo entre amigos e conhecidos que se interessem pela histria

    da empresa, tal como j venho fazendo com os livros de memrias que tenho

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    escrito. Nesse caso, o alcance seria muito pequeno, pois a tiragem seria reduzidapara diminuir seus custos. Ainda estou analisando esta hiptese.

    MOTIVAO

    Em 3 de outubro de 2003, foram completados 50 anos da Lei 2004que criou a PETROBRS. Em s conscincia, nem o seu mais acirrado inimigopoder negar o sucesso desta empresa que deveria ser orgulho de todos osbrasileiros. Partindo da estaca zero, ou quase isso, a PETROBRS alcanoutodos os seus objetivos, colocando-se, hoje, entre as maiores empresas depetrleo do mundo, sob todos os aspectos, at mesmo dentro do fechadssimo ecomplexo campo da tecnologia.

    Quis o destino que, durante minha carreira na empresa, desenvolvidade 1959 a 1990, eu tivesse a ventura de participar de praticamente todas asetapas do processo de evoluo tecnolgica da PETROBRS, dentro dos limitesda minha rea de especializao, a refinao do petrleo. Por isso, achei oportunoque, ao ensejo da passagem dos primeiros 50 anos da empresa, eu registrasse edivulgasse alguns dos episdios dos quais participei na luta travada pelos tcnicosda PETROBRS em busca do domnio da tecnologia necessria para operar egerenciar suas unidades operacionais e para solucionar problemas tecnolgicostipicamente brasileiros na indstria de petrleo.

    Embora a histria do desenvolvimento tecnolgico da PETROBRSencerre um grande nmero de acontecimentos memorveis em todas as suasreas de atividade, me limitarei neste livro a apresentar alguns dos principaisepisdios que vivi direta ou indiretamente. Dessa forma, a nfase principal dessasrecordaes ser nas atividades desenvolvidas na rea de refinao de petrleo,onde atuei a maior parte do meu tempo de PETROBRS. No obstante, algunsepisdios desenvolvidos em outros campos tecnolgicos sero aqui abordadospara complementar ou reforar a linha de pensamento exposta sobre o processode aprendizado tecnolgico da empresa.

    importante deixar claro que outros episdios, to ou maisimportantes que os que narro nessas memrias foram desenvolvidos tanto na reade refinao, como nos outros campos de atuao da empresa. Escrevo sobre osque julgo mais importantes entre os que vivi. So depoimentos pessoais. Incentivooutros colegas que viveram esses episdios, que os narrem, para que sejapossvel, algum dia, escrever-se uma histria mais completa da saga que foi odesenvolvimento tecnolgico da PETROBRS. . Deixo, portanto, um desafio paraoutros colegas que viveram esses tempos pioneiros que se animem a registrarepisdios semelhantes aos narrados neste livro, ocorridos na construo dacapacitao tecnolgica da PETROBRS em outras reas de atividade.

    O APRENDIZADO TECNOLGICO DA PETROBRS

    Os episdios apresentados neste livro no so narrados em umaseqncia estritamente cronolgica. Para que fique mais claro como se processoua evoluo tecnolgica da PETROBRS na rea de refinao de petrleo, preferi

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    apresent-los dentro de cada etapa do processo de evoluo tecnolgica a que seligaram mais fortemente. Essas etapas sero discutidas previamente atravs daapresentao de um modelo que desenvolvi para entender o processo de

    aprendizado tecnolgico que a PETROBRS percorreu.Nos pases, como o Brasil, que se industrializaram por importao de

    tecnologia, em "caixa preta", ou seja, apenas atravs da compra de tecnologiapronta e acabada, sem nenhuma informao sobre os parmetros e fundamentosque permitiram se chegar at uma determinada instalao industrial, a evoluotecnolgica se deu atravs de um processo que se passou em uma seqnciacompletamente inversa a ocorrida na evoluo tecnolgica dos pasesdesenvolvidos que detm o conhecimento tecnolgico.

    Hoje, tal constatao pode parecer bvia a quem milita na reatecnolgica. Contudo, durante muitos anos os dirigentes governamentais dessespases menos desenvolvidos, a quem cabia fixar polticas industriais e

    tecnolgicas, s tinham em suas cabeas, o modelo divulgado e debatidointensamente nos pases mais desenvolvidos tecnologicamente. Todo oconhecimento disponvel sobre polticas e gesto do processo tecnolgico vinhadesses pases. Devido a esse fato, muitas iniciativas com vistas a incrementar odesenvolvimento tecnolgico foram tentadas e fracassaram, sem que seconhecessem as razes reais de tais malogros.

    A PETROBRS, criada no incio dos anos 50, seguiu o mesmocaminho de todas as empresas situadas em pases de industrializao tardia. Asprimeiras unidades industriais foram construdas sob o regime "turn key", aqueleno qual o proprietrio do empreendimento apenas tem que "virar a chave" para darpartida em sua unidade industrial. O fornecedor de tecnologia vende a unidade j

    funcionando! Ele se responsabiliza pelas informaes necessrias para aconstruo da unidade, para a sua partida e operaes iniciais. Normalmente,inclusive, tem a atribuio de acompanhar e fiscalizar a construo da unidade.Nenhum dado sobre os conhecimentos existentes para se chegar ao projetobsico e de detalhamento, ou mesmo, sobre a especificao dos equipamentos fornecido no pacote tecnolgico. Por isso, a tecnologia adquirida consideradacomo uma "caixa-preta" ou "pacote fechado"!

    No caso da indstria de petrleo no Brasil, contudo, nem mesmopara dar a partida e operar as unidades industriais, existia experincia no pas nadcada de 50, quando a PETROBRS foi criada! O pas no formava profissionaiscom os conhecimentos necessrios para atender a tal demanda. A PETROBRS

    teve que criar cursos de especializao para formar os profissionais que precisavapara iniciar e expandir suas operaes. Os cursos foram um sucesso total e,rapidamente, a empresa formou uma equipe tcnica de nvel internacional, o queveio a permitir a sua evoluo tecnolgica.

    MARCOS IMPORTANTES DO PROCESSO TECNOLGICO

    Podemos destacar como momentos marcantes nesse processo deevoluo tecnolgica, dentro da rea de refinao de petrleo:

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    - A criao e o funcionamento do Centro de Aperfeioamento e Pesquisas emPetrleo (CENAP), em 1955.- A operao de suas primeiras refinarias: Mataripe e Cubato que comearam a

    funcionar ainda na dcada de 50.- A criao do CENPES em 1966 e sua mudana para a Ilha do Fundo, em 1973.- A centralizao das atividades de projetos de processamento (EngenhariaBsica), dentro do CENPES, em 1976.

    O CENAP foi fundamental para iniciar o processo de aprendizadotecnolgico, treinando e capacitando os profissionais da empresa em curso dealtssimo nvel e sucesso total, como pde se observar com o posteriordesenvolvimento tecnolgico da PETROBRS.

    As duas primeiras refinarias se destacaram pelo pioneirismo na lutapelo aprendizado de operao e gerenciamento de unidades industriais em um

    pas sem nenhuma tradio em indstrias de grande porte. Mataripe pelaexcelncia na formao dos engenheiros de processamento com experincia naoperao de complexos de refinao de petrleo e Cubato, pela nfase naqualificao de profissionais na atividade de projetos de processamento,acompanhamento e controle da operao. Essas duas refinarias foramverdadeiras escolas de formao dos primeiros engenheiros de processamentoque permitiram o crescimento da empresa, com a construo de mais oitorefinarias de petrleo nas dcadas de 60 e 70.

    O CENPES, com suas atividades de pesquisa tecnolgica,desacreditado dentro da prpria empresa ao seu incio, foi de importncia capitalpara permitir que o processo de aprendizado tecnolgico seguisse em frente,

    chegando ao seu nvel mximo ainda na dcada de 80.Finalmente a Engenharia Bsica que, embora tenha sido criada

    tardiamente e, por isso, tenha atrasado por alguns anos o processo deaprendizado tecnolgico na rea de refinao, mostrou ser fator indispensvelpara permitir a evoluo do processo tecnolgico, viabilizando a total abertura dopacote tecnolgico e a consolidao do aprendizado por adaptao emelhoramento.

    Todos esses atores aparecero ao longo dos episdios aquirecordados dando uma viso mais completa do intrincado e complexo processo deaprendizado tecnolgico de uma empresa que iniciou suas operaes atravs daimportao de tecnologia importada e j chegou, hoje, vanguarda mundial do

    processo tecnolgico na indstria de petrleo.

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    2. O PROCESSO TECNOLGICO

    MODELO CLSSICO DO PROCESSO TECNOLGICO

    O processo envolvido na criao de novos produtos, processos eservios tem sido bastante estudado nos pases desenvolvidos, desde ostrabalhos pioneiros de Joseph Schumpeter, em 1939, sobre inovao e inveno ea sua ligao com o sistema econmico. (1)

    Em seus estudos, Schumpeter sugeriu que o processo de inovaopode ser dividido em trs fases:

    - Inveno, quando postulada ou estabelecida a viabilidade de umnovo produto, processo ou servio.

    - Inovao propriamente dita, quando, pela primeira vez, umacompanhia vende um produto novo ou melhorado, ou usa um processo deproduo novo ou melhorado, com sucesso.

    - Difuso, que ocorre quando esse produto ou processo, novo oumelhorado, adotado em escala crescente, por outras companhias, em nvelnacional ou internacional.

    Depois dos estudos bsicos de Schumpeter, diversos autores, todosoriundos dos pases desenvolvidos, propuseram diversos modelos para estudar ofenmeno da inovao tecnolgica. (2)(3) Estes modelos podem ser resumidos esimplificados em cinco etapas bsicas:

    - Identificao de uma necessidade da sociedade ou a descoberta deum novo conhecimento cientfico. Assim, a idia que surge para a inovao, podeser gerada por uma demanda do mercado ("market pull") ou pela descoberta deum novo conhecimento cientfico ou tecnolgico ("science push" ou "technologypush").

    - Concepo e avaliao da idia. Nesta etapa, ocorre aconsolidao da idia e a avaliao de sua viabilidade, a partir dos conhecimentoscientficos disponveis. Nestas duas primeiras etapas ocorre a inveno, tal como

    identificada por Schumpeter.- Resoluo do problema. Essa etapa engloba as atividades de

    pesquisa que vo caracterizar, claramente, a inovao. Elas se iniciam pelapesquisa cientfica, caso os conhecimentos cientficos existentes sejaminsuficientes. Depois se segue a pesquisa bsica dirigida e a pesquisa tecnolgica

    1- C. Freeman, "Policies for Technical Innovation in the New Economic Context"- Technology Policy andIndustrial Development in Scandinavia, Workshop, Copenhagen, 19812-S. Myers e D. G. Marquis, "Sucessful Commercial Innovation", National Science Foundation, Washington,D. C., NSF - 69 - 71, 19693- J. A. Morton, "A Model of the Innovative Process", in "Science of Managing Organized Technology", vol.1 , Gordon and Breach Science Publishers, New York, 1965

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    ou aplicada. Dependendo do caso, podem se seguir atividades de escalada("scale-up") do processo ou produto em processo de inovao e as atividades deengenharia que viabilizaro a passagem da pesquisa para a utilizao prtica da

    inovao.- Implementao dos resultados. Nesta etapa, ainda dentro do

    processo de inovao, esto os testes com prottipos, a fabricao pioneira e ostestes finais.

    - Produo e comercializao. Essa etapa final refere-se produoe comercializao de um produto novo ou melhorado, ou fabricado por novoprocesso. Caso haja sucesso, iniciar-se- a fase de difuso prevista no modelo"schumpeteriano".

    Dessa forma, a viso clssica do processo tecnolgico englobadesde a concepo ou gerao de uma idia at a sua utilizao em escala

    comercial, incluindo a criao, desenvolvimento e difuso de produtos, processosou servios novos ou melhorados. Tudo dentro de uma seqncia lgica eorganizada, em que se parte de uma idia e chega-se a um processo ou a umproduto novo.

    O PROCESSO TECNOLGICO EM PASES DEINDUSTRIALIZAO TARDIA

    Os pases de industrializao tardia, ou seja, aqueles que seindustrializaram atravs da importao de tecnologia dos pases maisdesenvolvidos ainda no conscientizaram devidamente como se processou o seuprocesso tecnolgico. Em primeiro lugar, isso se deve ao fato de que aesmagadora maioria dos trabalhos publicados sobre inovao tecnolgica provmde autores de pases desenvolvidos e, portanto, retratam a realidade daquelespases.

    Alm desse fato, os pases que se industrializaram via importao detecnologia, s recentemente comearam a se conscientizar da importncia dofator tecnolgico no seu processo de desenvolvimento.

    Esses pases, na realidade, comearam pelo extremo final doprocesso existente nos pases desenvolvidos, onde a tecnologia foi desenvolvidade acordo com o modelo que acabamos de apresentar. Dessa forma, para ospases de industrializao tardia, preferimos falar em aprendizado tecnolgico eno no processo clssico de inovao tal como imaginado por Schumpeter ebastante analisado por diversos autores nos pases desenvolvidos.

    Nesses pases que chegaram atrasados Revoluo Industrial, oprocesso tecnolgico se passa no sentido contrrio ao verificado nos pasesdesenvolvidos! O aprendizado comea com a produo, quando esses pasesimportam as informaes que permitem se construir uma unidade industrial eaprendem a oper-la. Com a evoluo do processo, o aprendizado passa etapa

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    de implementao, quando se aprende a construir fbricas e instalarequipamentos ou a constru-los, tudo utilizando conhecimento importado. (4)

    O aprendizado em operao permitir conhecer-se o processo em

    seus aspectos macro, possibilitando melhoramentos e adaptaes maisadequadas realidade do pas importador de tecnologia. Nem sempre atecnologia importada se adequa devidamente a essas necessidades.

    Prosseguindo o processo, passa-se a aprender a "engenheirar"conhecimentos, utilizando-se procedimentos copiados e imitados. No caso dafabricao de produtos, nessa etapa que se promove a famosa engenhariareversa, em que os produtos so desmontados para se descobrir como mont-los.

    S depois de dominada essa etapa, chega-se s atividades degerao de conhecimentos atravs de atividades de pesquisa e desenvolvimento.Elas se mostram necessrias, inicialmente, para complementar e/ou explicar comosurgiram os conhecimentos obtidos na operao e na engenharia reversa e, a

    partir da, adapt-los ou modific-los para atender realidade do pas.O processo tecnolgico que permitiu aos pases de industrializao

    tardia se industrializarem, passou-se, portanto, no sentido inverso ao que ocorrenos pases desenvolvidos. Somente depois de chegar-se s atividades depesquisa que a empresa do pas de industrializao tardia poder voltar nosentido inverso, inovando. Mesmo assim, com menores possibilidades que ospases desenvolvidos, uma vez que seus recursos, quantitativa e qualitativamente,so muito menores. Normalmente, esses pases se limitam chamada inovaosecundria, ou seja, adaptao do processo ou produto s necessidades dopas.

    Dessa forma, pode-se concluir que o processo de aprendizado

    tecnolgico nos pases de industrializao tardia, passa-se de uma forma geral,atravs das seguintes etapas:

    - Aprendizado por capacitao tcnica. Essa etapa foi importantepara empresas como a PETROBRS que tiveram que formar suas equipestcnicas para possibilitar o incio do aprendizado por operao, ou seja, aoperao das primeiras unidades industriais construdas com tecnologiaimportada.

    - Aprendizado por operao. Nessa etapa, se d o domnio datecnologia a nvel operacional, atravs do processo de aprender fazendo ("learningby doing"). Deve ser includo, tambm nessa etapa, o aprendizado adquirido

    atravs de modificaes introduzidas a nvel operacional.- Aprendizado por assimilao e desempacotamento. Aqui ocorre a

    reproduo dos conhecimentos importados, aprendendo-se a copiarprocedimentos de montagem industrial, de construo de equipamentos e deengenharia (bsica e de detalhamento), referentes s tecnologias importadas.

    - Aprendizado por adaptao e melhoramento. Nessa etapa, estoincludas as adaptaes ou modificaes introduzidas nas tecnologias importadas,depois de sua assimilao e desempacotamento, no nvel da engenharia bsica e

    4- Dorodame Moura Leito, O Aprendizado Tecnolgico de Pases de Industrializao Tardia, Revista daEscola Superior de Guerra - ano V - n13 - p.93/100 - novembro de 1989.

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    pesquisa tecnolgica, com vista a novos usos, caracterizando as chamadasinovaes secundrias.

    - Aprendizado por criao. Este o ponto culminante do processo,

    aonde s se chega em casos excepcionais. quando depois de se dominar astecnologias importadas, consegue-se identificar nichos tecnolgicos, onde hespao para inovaes primrias. Nessa etapa, esto as novas concepestecnolgicas, ou inovaes primrias. Nesse caso, os pases de industrializaotardia tero que seguir o mesmo caminho j discutido para os pasesdesenvolvidos quando desenvolvem uma verdadeira inovao.

    importante que se entenda que essas etapas no so estanques.Elas significam avanos no processo de aprendizado como um todo. As etapas seintercomunicam e no terminam quando outra comea. Assim, o aprendizado porcapacitao, por exemplo, deve coexistir com todas as etapas. Da mesma forma,para determinadas tecnologias, o aprendizado por operao pode existir

    simultaneamente com uma etapa mais avanada para outra tecnologia. Contudo,a medida que as etapas vo se consolidando, a empresa tem condies de seguirpara outra etapa mais avanada, se as condies existentes assim o permitirem.Para se dominar cada etapa, existem condicionantes que determinam aviabilidade de seu alcance.

    BREVE NOTA SOBRE O PROCESSO TECNOLGICO NAINDSTRIA DE PETRLEO

    A indstria de petrleo possui alto grau de integrao vertical,abrangendo desde as atividades de explorao geolgica na busca de jazidas depetrleo e gs at a distribuio dos derivados em postos de atendimentoindividualizados, passando por atividades de produo de petrleo, seu transporte,refino e distribuio.

    Devido a esse grande nmero de atividades de caractersticastcnicas diversas, porm altamente interligadas entre si, a indstria de petrleo extremamente complexa do ponto de vista tecnolgico. O conhecimentotecnolgico por ela exigido inclui desde atividades paleontolgicas, com ainvestigao de microfsseis at o "know-how" para o projeto e a construo degigantescas plataformas usadas na produo de petrleo "offshore". Compreendedesde o conhecimento geolgico que exige pesquisa cientfica at o conhecimentotecnolgico, muitas vezes emprico, para o projeto e operao de enormescomplexos industriais.

    Dessa forma, a tentativa de explicitar um modelo que seja vlido paratodo o processo tecnolgico da indstria de petrleo, deve levar em conta, porexemplo, que as caractersticas especiais das atividades de explorao, muito adiferenciam das demais. A interdependncia dessas atividades com as cinciasgeolgicas muito grande e, alm disso, elas possuem caractersticas marcantesde um trabalho de investigao. J nas outras reas de atuao da indstria depetrleo, as ligaes mais fortes so com os conhecimentos tecnolgicos, muitasvezes empricos e as caractersticas so de processos de produo.

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    Por sua vez, a rea de explotao, que compreende as atividades deperfurao e produo, possui caractersticas que tambm a distinguem da reade refinao. O seu objeto de trabalho, a jazida, apenas parcialmente conhecido

    durante todo o processo de explotao. Assim, essa atividade, alm do seuobjetivo precpuo de produzir petrleo, possibilita, continuamente, o aumento dosconhecimentos sobre a jazida, envolvendo, dessa forma, atividades deinvestigao, embora em menor escala que a explorao. Em face dessasdiferenas marcantes, podemos dizer que, enquanto as atividades industriais"downstream" tm carter determinstico, as de explorao e explotao, possuemforte teor probabilstico.

    Por todos esses motivos, a apresentao de um modelo unificadopara definir o processo tecnolgico para uma indstria como essa extremamentecomplexo e sujeito a debates e discordncias. Alm disso, como o presente livrose limitar apresentao de episdios marcantes que vivi em minha experincia

    profissional na PETROBRS e que foram essencialmente na rea de refinao,evitarei discutir um modelo unificado para o processo tecnolgico na indstria depetrleo, que, embora exija muitas simplificaes, possvel, conforme j mostreiem trabalho apresentado em simpsio. Os interessados no assunto que quiseremaprofund-lo, podem consultar o referido trabalho. (5)

    Por esse motivo, o modelo que ser discutido no prximo captulo eque ser utilizado na apresentao dos textos aplicvel principalmente rea derefinao de petrleo, cujo aprendizado tecnolgico o objeto principal deste livrode memrias.

    5 - Dorodame Moura Leito, O Processo Tecnolgico na Indstria de Petrleo: Proposta de um ModeloUnificado" - Anais do XII Simpsio Nacional de Pesquisa em Administrao de Cincia e Tecnologia -FEA/USP - outubro de 1987.

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    3. O PROCESSO TECNOLGICO DA PETROBRS

    A evoluo do processo tecnolgico na PETROBRS se passou deacordo com um modelo comum s empresas de pases de industrializao tardia,tal como o Brasil. O modelo que descreve esse processo mostra uma seqncianatural de etapas que se interligam, se sobrepem e, assim, permitem que asempresas avancem no domnio das tecnologias que utilizam. Assim, para que setenha uma viso evolutiva desse processo de aprendizado, procurarei classificaros diversos episdios que recordo neste trabalho, dentro das etapas doaprendizado tecnolgico da empresa.

    Para que isso seja possvel, discutirei inicialmente o modelo deaprendizado tecnolgico que utilizo para a apresentao dos episdios que vivi

    nas lutas pela tecnologia na PETROBRS. Desenvolvi tal modelo em 1984,durante meus estudos para entender as peculiaridades do processo dedesenvolvimento tecnolgico da PETROBRS na rea de refinao. (6)Posteriormente, verifiquei que tal modelo, com pequenas diferenas, era comum atodas as empresas de pases de industrializao tardia.

    Verifiquei, tambm, que embora o modelo tenha sido desenvolvidopara a rea de refinao, ele poderia ser adaptado para englobar as demais reasde atividade da indstria de petrleo. Tal generalizao exige algumassimplificaes na caracterizao das etapas que normalmente so seguidas pelascomplexas atividades tecnolgicas envolvidas em todo o espectro da indstria dopetrleo. Contudo, como os episdios que sero narrados neste livro se referem

    mais fortemente s atividades na rea de refinao que foi a minha especializaoinicial nas atividades que desenvolvi dentro da empresa, ser dada atenoespecial discusso do modelo mais completo e que se ajusta a essa rea deatividade.

    MODELO PARA O PROCESSO TECNOLGICO NA REA DEREFINAO

    Na poca em que a PETROBRS foi criada estava sendo iniciado

    um processo de industrializao no Brasil, catalisado por empresas estatais quecriaram as condies de demanda e incentivo para o desenvolvimento do parqueindustrial brasileiro, praticamente inexistente e sem expresso.

    Contudo, a PETROBRS, tal como aconteceu com outras empresasbrasileiras e de outros pases que se industrializaram tardiamente, teve queimportar tecnologia pronta e acabada, j existente em pases mais desenvolvidos

    6- Dorodame Moura Leito, O Processo de Aprendizado Tecnolgico nos Pases em Desenvolvimento: OCaso da Refinao de Petrleo no Brasil - Anais do IX Simpsio Nacional de Pesquisa em Administrao deCincia e Tecnologia - FEA/USP - outubro de 1984, publicado no Boletim Tcnico da PETROBRS - vol.28- n3 - julho/setembro de 1985 e na Revista de Administrao (USP) - vol.20 - n3 - julho/setembro de 1985.

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    para implantar suas instalaes industriais. Ao incio, essa importao detecnologia se processou sob a forma de caixa preta, ou pacote fechado, isto ,s eram transmitidas pelo detentor do conhecimento tecnolgico, as instrues

    necessrias para colocar em funcionamento a unidade industrial, nada sendodivulgado sobre os conhecimentos que permitiram o projeto e a montagemdaquelas instalaes. Transmitia-se o "know-how", mas no o "know-why".

    a) - Aprendizado por Formao da Capacitao Tcnica

    Na poca da construo e operao das primeiras refinarias, a maiorpreocupao da Empresa foi com a formao de quadros tcnicos bem treinadosque aprendessem a operar e gerenciar essas unidades.

    Dessa forma, a formao da capacitao tcnica visou, inicialmente,preparar os tcnicos que iriam operar e gerenciar as unidades operacionaisconstrudas com tecnologia totalmente importada.

    importante lembrar, contudo, que posteriormente, esse processode capacitao deveria prosseguir, em estgios mais avanados, para prepararprofissionais capacitados para as atividades de engenharia bsica (cursosavanados de projeto de processamento) e de pesquisa tecnolgica (cursos demestrado e doutorado). Nesses estgios mais avanados, contudo, o processono ocorreu da forma organizada e eficiente, como no primeiro estgio, por razeshistricas.

    b) - Aprendizado por OperaoCom a montagem paulatina de quadros competentes e a

    conseqente operao de suas unidades industriais foi possvel, com o tempo,criar-se na PETROBRS um conhecimento, importante naquela poca,relacionado com a operao dessas unidades. Foi ele que permitiu empresaconstruir e colocar em operao uma refinaria a cada trs anos, nas dcadas de60 e 70.

    Estava tendo continuidade o processo de aprendizado tecnolgico darea de refinao da empresa, atravs do Aprendizado por Operao. Este novoestgio do processo permitiu um maior conhecimento das variveis operacionais

    e, por via de conseqncia, possibilitou um incipiente aprendizado sobre asadaptaes necessrias para adequar as tecnologias importadas para ascondies de mercado e matria-prima nacionais.

    Evidentemente que esse tipo de aprendizado foi muito maior nasunidades operacionais que apresentaram problemas para funcionar, pois nasunidades que funcionaram bem desde o comeo, procurava-se no mexer nascondies operacionais de projeto para evitar surpresas. Da minha experinciapessoal na Refinaria de Mataripe, vivida em unidades que apresentaramserissimos problemas para iniciar a operao regular, lembro que operando umadessas unidades, aprendemos tanto sobre o seu processo que efetuamos, em umano, mais de 100 pequenas modificaes no projeto original para possibilitar que a

    unidade operasse a contento.

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    c) - Aprendizado por Assimilao e Desempacotamento

    Esta nova etapa do processo de aprendizado ocorreu quando seconseguiu desempacotar a tecnologia, a nvel operacional, ou seja, se entendermelhor o efeito das diversas variveis operacionais no processo.

    Nesse estgio preliminar, a assimilao do processo muitas vezespermite a cpia das tecnologias importadas com nenhuma ou com pequenasmudanas. Este foi o caso da tecnologia de montagem industrial, quando asprimeiras firmas nacionais atuando na rea, copiaram e adaptaram informaese instrues usadas por firmas estrangeiras nas primeiras montagens. Isso podeocorrer tambm em projetos de processamento simples, como, por exemplo, os detorres de destilao de petrleo, em que a maior parte dos conhecimentos

    emprica. Para que o completo desempacotamento da tecnologia importadaocorra com xito, contudo, h necessidade de se desenvolver atividades deengenharia bsica e de pesquisa tecnolgica. Na realidade, o desempacotamentocompleto de tecnologias mais complexas s ocorre quando se desenvolvematividades em unidades-piloto e de bancada de laboratrio, que iro permitir ainvestigao dos fenmenos fsico-qumicos que compem o processo industrial.

    Dessa forma, o Aprendizado por Assimilao e Desempacotamento,a nvel operacional, o estgio mais avanado a que pode chegar uma empresaque no possua atividades estruturadas e competentes de engenharia bsica epesquisa tecnolgica.

    d) - Aprendizado por Adaptao e Melhoramento

    Neste estgio, as tecnologias existentes, importadas e j assimiladaspelas atividades de operao, podero ter aberto seu pacote tecnolgico e seremadaptadas e modificadas em seus propsitos originais para atenderem a novasconjunturas de mercado e matria prima. a chamada inovao secundria, maiscomum em pases menos desenvolvidos tecnologicamente e em indstriasmaduras como, por exemplo, a refinao de petrleo, onde as inovaes primriasficam restritas, quase que somente, aos avanos que possam ser conseguidos

    nos catalisadores.Contudo, para abrir o pacote tecnolgico e efetuar as modificaesnecessrias, a empresa precisa contar com atividades de engenharia bsica epesquisa tecnolgica estruturadas e centralizadas para que seja possvel desceraos conhecimentos fundamentais de cada tecnologia. o conhecimento dessesfundamentos que permitir as adaptaes das tecnologias importadas para novascondies de matria-prima e mercado diferentes daquelas para as quais oprocesso foi originalmente desenvolvido. nesse estgio que verdadeiramente aempresa comea a inovar, embora ainda no nvel da chamada inovaosecundria.

    Na PETROBRS, a atividade de pesquisa tecnolgica foi prevista

    desde os seus primrdios. Na criao do Centro de Aperfeioamento e Pesquisas

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    de Petrleo (CENAP) em 1955, a idia estava embutida, embora muito poucotenha sido feito nos primeiros anos. Durante muitos anos, a grande prioridade daEmpresa continuou sendo a formao de seus quadros de especialistas para

    permitir a grande expanso exigida da rea de refinao com vistas aoatendimento da demanda crescente de derivados de petrleo, ocorrida durante asdcadas de 60 e 70 no Pas.

    Somente em 1966, a pesquisa tecnolgica mereceu um tratamentoespecial da PETROBRS com a criao do Centro de Pesquisas eDesenvolvimento (CENPES) e a sua separao das atividades de formao depessoal.

    Contudo, mesmo depois de criado, o CENPES continuou tendodificuldades para apresentar resultados de expresso, que permitissem o avanodo processo de Aprendizado Tecnolgico da PETROBRS. Face s dificuldadescom instalaes e recursos humanos inadequados para a demanda potencial da

    empresa, as suas atividades continuaram limitadas a servios tcnicos depequeno porte, ainda inexpressivos dentro do processo de aprendizado porassimilao e praticamente inexistentes na etapa seguinte de Aprendizado porCriao.

    Outro fator importante para esse descompasso na atuao dapesquisa tecnolgica, diz respeito falta da atividade de engenharia bsica,estruturada e organizada de forma centralizada dentro da empresa.

    Algumas atividades de engenharia bsica j vinham sendo levadas aefeito, especialmente na Refinaria de Cubato, que valorizava essa atividade.Esses trabalhos eram desenvolvidos, contudo, de forma isolada e semcoordenao central, paralelamente a outras tarefas de acompanhamento do

    processo nas refinarias.Todo esse potencial de engenharia bsica existente na empresa

    resultou na tentativa de criao de um grupo centralizado no Servio deEngenharia, no incio da dcada de 60. Apesar de alguns trabalhos de porte, ogrupo teve curta durao, sendo dissolvido pouco tempo depois.

    Somente em 1976, mais de dez anos depois dessa primeiratentativa, a atividade de Engenharia Bsica foi criada na PETROBRS, no Centrode Pesquisas, apesar das presses contrrias que ainda existiam na ocasio.

    Essa inverso na seqncia normal das etapas do processo deevoluo tecnolgica na PETROBRS, com a criao da atividade de engenhariabsica depois da de pesquisa tecnolgica, atrasou sobremaneira o seu processo

    de Aprendizado Tecnolgico, em especial no que se refere etapa deaprendizado por assimilao e melhoramento de tecnologias mais complexas.

    e) - Aprendizado por Criao

    Este o estgio final do processo, quando a empresa chega inovao primria, ou seja, com os conhecimentos adquiridos atravs de todas asetapas do processo de aprendizado tecnolgico, ela chega vanguarda doconhecimento mundial em determinado assunto. Normalmente essa etapa requeruma retaguarda de pesquisa bsica na rea investigada. So necessrias,

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    tambm, articulaes com universidades e outras empresas especializadas nosconhecimentos investigados.

    No fcil e comum, para um pas menos desenvolvido

    tecnologicamente, chegar at a inovao primria. Contudo, em casos especiais,conhecidos como nichos tecnolgicos ou "janelas de oportunidade", possvel aum Pas como o Brasil, chegar at a inovao primria, ou seja, o ponto mximodo processo de aprendizado tecnolgico de pases de industrializao tardia,quando esses pases chegam at a vanguarda do conhecimento tecnolgicomundial.

    No caso da PETROBRS, este ponto mximo do processo j foialcanado, por exemplo, na rea de produo de petrleo em guas profundas,onde a PETROBRS, hoje, possui posio de vanguarda tecnolgica mundial.Nessa rea, a empresa deixou de ser um mero seguidor do progresso tecnolgicopara fazer parte dos pases que lideram, mundialmente, o avano dos novos

    conhecimentos sobre um determinado campo tecnolgico.Outro campo onde tal fato j ocorreu na PETROBRS refere-se ao

    conhecimento desenvolvido para a industrializao do xisto betuminoso, rea ondeo Brasil assumiu a liderana tecnolgica mundial por volta da dcada de 80 doSculo XX. Nesse caso, contudo, o processo tecnolgico no se completou, umavez que a tecnologia no chegou escala comercial.

    importante se ressaltar que a industrializao do xisto um pontofora da curva do modelo de aprendizado tecnolgico da PETROBRS. Para odesenvolvimento desse conhecimento tecnolgico, a PETROBRS no seguiu omodelo de aprendizado discutido neste livro, uma vez que no existia tecnologiadisponvel no mundo todo, que se pudesse transferir para processar o xisto

    brasileiro. O processo de evoluo tecnolgica teve que seguir, portanto, o modeloclssico de inovao, como poder ser visto em um dos episdios a seremdescritos neste trabalho.

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    4. APRENDIZADO POR FORMAO DA CAPACITAO

    TCNICA

    A partir deste item, comearei a contar alguns episdios que vivi,direta ou indiretamente, nas lutas pela evoluo tecnolgica da PETROBRS, oprincipal propsito deste livro de memrias.

    Como no existia capacitao tcnica nas universidades brasileiraspara se operar uma indstria de petrleo, a PETROBRS teve que criar, como umdos seus primeiros passos, uma "universidade" interna, com cursos de ps-graduao, para formar os tcnicos que precisava para iniciar suas operaes.Essa "universidade" foi o CENAP (Centro de Aperfeioamento e Pesquisas do

    Petrleo). importante lembrar, contudo, que o aprendizado por formao dacapacitao tcnica na rea de refinao comeou, na realidade, antes da criaoda empresa. O Curso de Refinao foi criado pelo Conselho Nacional do Petrleo(CNP) em 1952 e repassado PETROBRS em 1955. Nessa ocasio, a empresacriou o CENAP para cuidar da formao da capacitao dos tcnicos da empresa.

    EPISDIO 1 - O SEGREDO DO SUCESSO DA PETROBRS

    Neste primeiro episdio, recordo minha entrada naPETROBRS para fazer o Curso de Refinao em 1959. Lembro como foiimportante para o sucesso da empresa a seriedade e o rigor com que essescursos de especializao eram levados a efeito na PETROBRS em seusprimrdios. Mostro como o CENAP foi fundamental na formao dos quadrostcnicos que permitiram empresa iniciar seu longo e complexo aprendizadotecnolgico, fator indispensvel para que a PETROBRS atingisse sua principalmisso, a de abastecer o pas de derivados de petrleo, aos menores custos paraa sociedade brasileira. O CENAP foi, portanto, o segredo do sucesso daPETROBRS!

    DE BANCRIO A ENGENHEIRO DE PROCESSAMENTO DE PETRLEO (7)

    No final de agosto de 1958, eu estava no meu trabalho deescriturrio na Carteira de Crdito Agrcola e Industrial (CREAI) do Banco doBrasil, quando recebi um telefonema do Marcos (Marcos Luiz dos Santos), meucolega de turma na Escola de Engenharia, me avisando que o concurso para aPETROBRS seria realizado no prximo fim de semana e que as inscries

    7- Dorodame Moura Leito - "Tempos de PETROBRS" - Volume 1 - Ciclo Tecnolgico (1959 a 1970) -Edio do Autor - 1999

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    seriam encerradas no dia seguinte. Estava quase na hora do lanche. Pedi licenaao meu chefe e sa. Fui na Av. Rio Branco, 80 - dcimo andar, onde ficava oescritrio do CENAP (Centro de Aperfeioamento e Pesquisas do Petrleo) e fiz

    minha inscrio para o concurso.Nos dias 30 e 31 de agosto de 1958, sbado e domingo, participei do

    referido concurso e fui aprovado. Prestei os exames mdico e psicolgico e, em 9de janeiro de 1959, assinei o contrato de trabalho com a PETROBRS, parafreqentar o Curso de Refinao de Petrleo com durao prevista para poucomais de um ano. Estava unindo meu destino ao da PETROBRS! Como o cursoera eliminatrio, pedi uma licena sem vencimentos no Banco do Brasil paragarantir meu retorno, caso no me desse bem no curso.

    No final de 1958, eu havia me formado em Engenharia Civil, tendome especializado em Pontes e Grandes Estruturas no ltimo ano do curso. Iria,portanto, dar uma guinada de 180 graus em minha vida, enfrentando um curso

    mais baseado nos conhecimentos da Engenharia Qumica. Alm disso, teria quedeixar o Banco do Brasil, onde j trabalhava h quatro anos e, apesar de ser umsimples escriturrio, ganhava mais, trabalhando seis horas por dia, do quecomearia ganhando na PETROBRS, como engenheiro e trabalhando oito horasou mais. Fui chamado de maluco por muitos que no entendiam como eu poderiadeixar um emprego no Banco do Brasil, um dos mais cobiados pelos jovens deminha gerao, por uma estatal recm-criada e que, para muita gente, teria vidacurta.

    Contudo, era mais forte o idealismo de poder participar daconstruo de uma empresa criada por inspirao popular para ajudar odesenvolvimento de nosso pas. Tinha conscincia de que precisvamos mostrar

    que os brasileiros tinham competncia para construir uma empresa desse porte ecomplexidade. Alm disso, me atraia o desafio profissional de entrar em reatecnolgica nova no pas, com tudo por explorar e realizar!

    A formao de pessoal especializado na indstria de petrleo foi umanecessidade que a PETROBRS teve que enfrentar com deciso, em seusprimeiros anos de atividade. As nossas escolas superiores no formavamprofissionais que pudessem ser prontamente utilizados na operao de suasatividades. Alm disso, o Brasil no possua tradio industrial e no tinhaengenheiros especializados em atividades ligados indstria de grande porte.

    Na poca, cerca de 80 % dos formandos das Escolas de Engenhariaeram Engenheiros Civis. Formavam-se poucos Engenheiros Mecnicos e

    Eletricistas. Por outro lado, as Escolas de Qumica estavam formando suasprimeiras turmas de Engenheiros Qumicos, em nmero ainda muito pequeno.No existiam Escolas de Geologia. A maioria dos Gelogos do CNP era oriundada Escola de Minas e Metalurgia de Ouro Preto. Grande parte delescomplementava seus estudos com cursos no exterior. A PETROBRS tomou,ento, a deciso de formar seus prprios quadros!

    Esse foi um dos segredos para o sucesso alcanado pela empresaao iniciar as suas operaes a partir de praticamente zero. Acredito que tenha sidoo maior deles. A ateno que seus dirigentes deram formao de suas equipestcnicas. A indstria de petrleo tecnologicamente muito complexa e exigeconhecimentos especializados no s para a operao de suas instalaes, mas

    tambm e principalmente para se encontrar a soluo tecnolgica mais adequada

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    aos problemas particulares de determinadas matrias primas e/ou mercadointerno.

    O CENAP

    Para dar conta desse enorme desafio, em 19 de agosto de 1955, aPETROBRS criou o Centro de Aperfeioamento e Pesquisas de Petrleo(CENAP), rgo encarregado de conduzir esses programas de especializao. OCENAP sucedeu ao Setor de Superviso do Aperfeioamento Tcnico (SSAT) doConselho Nacional de Petrleo (CNP), que havia comeado, em 1952, os Cursosde Refinao de Petrleo no Brasil.

    O Superintendente do CENAP, desde a sua criao, foi o EngenheiroQumico Antonio Seabra Moggi, que j havia exercido a chefia do SSAT do CNP ea cuja competncia e alto nvel de exigncia, deve-se grande parte do xito naformao dos primeiros tcnicos brasileiros especialistas na indstria do petrleo eque viabilizaram o sucesso alcanado pela PETROBRS. (8)

    O primeiro curso a ser criado no CENAP foi o Curso de Refinao(CR), que j existia no CNP. Outros cursos foram sendo criados nos mesmosmoldes do CR. Assim, em 1959, ano em que eu entrei na PETROBRS, o CENAP

    j conduzia quatro cursos de ps-graduao para engenheiros:- O Curso de Refinao de Petrleo, para preparar os tcnicos em refinao queiriam operar as refinarias da empresa. Mais voltado para a Engenharia Qumica,aceitava, naquela poca, engenheiros de diversas formaes e Qumicos de nvelsuperior, uma vez que os cursos de Engenharia Qumica no Brasil, formavampoucos engenheiros, insuficientes para uma boa seleo. Esse curso era dado noRio, em convnio com a Universidade do Brasil.- O Curso de Engenharia de Perfurao e Produo, reorganizado em 1959, parapreparar engenheiros especialistas nestas duas atividades. Era destinado,principalmente, a engenheiros mecnicos e eletricistas. Era ministrado emSalvador, em convnio com a Universidade da Bahia.- O Curso de Geologia de Petrleo, criado em 1957, tambm dado na Bahia, emconvnio com a Universidade da Bahia, com dois anos de durao. Tambmaceitava engenheiros com qualquer tipo de formao.- O Curso de Manuteno de Equipamentos, criado em 1958, em convnio com oInstituto Tecnolgico da Aeronutica (ITA) e depois transferido para as RefinariasPresidente Bernardes e Duque de Caxias.

    O CURSO DE REFINAO DE PETRLEO

    Em funo da minha experincia pessoal, me limitarei a analisarnesta rpida apreciao da atividade de formao dos tcnicos especialistas daPETROBRS, o Curso de Refinao de Petrleo, depois transformado em Cursode Engenharia de Processamento. Outras histrias de sucesso, contudo, podem edevem ser contadas em relao ao esforo desenvolvido pela PETROBRS na

    8- Alceu Pinheiro Fortes, "A Formao e o Aperfeioamento de Pessoal na PETROBRS - (Primeiro

    Decnio - 1954 - 1964)" - Publicao Avulsa - 2002

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    formao de pessoal especializado nas reas de Geologia, de Engenharia dePerfurao e Produo e, tambm, de Manuteno.

    Em 1959, quando comecei a tomar parte neste extraordinrio desafio

    que foi a criao e o desenvolvimento da PETROBRS, o Curso de Refinao dePetrleo era ministrado no Rio de Janeiro, em prdio prprio, situado dentro do"campus" da Universidade do Brasil, na Avenida Pasteur, 250 - Fundos, PraiaVermelha.

    O Professor-Chefe do curso, desde a sua criao, em 1952, era oProf. Ford Campbell Williams, canadense, que veio ao Brasil para os primeiroscursos, mas que aqui se radicou. No incio, a maioria de seus professores era deestrangeiros, contratados nos E.U.A. e no Canad e as aulas, assim como asprovas, eram dadas em Ingls. Seus assistentes, no entanto, eram brasileiros,egressos de cursos anteriores e que estavam sendo preparados para substituir osprofessores estrangeiros no futuro.

    Para que se tenha uma idia da seriedade, rigor e exigncia destaatividade de formao de especialistas levada a efeito pela PETROBRS, tomareicomo exemplo, o curso que freqentei em 1959. Naquele ano, o curso j tinhaalguns anos de existncia e acumulara razovel experincia sobre comoespecializar engenheiros na atividade de refinao de petrleo no Brasil, face realidade das nossas escolas de nvel superior e s necessidades da empresa.

    O curso era mantido com regularidade desde a criao do CENAP ej possua um quadro de professores brasileiros, funcionrios da empresa ededicados, em tempo integral, atividade de ensino. Por ser uma atividadecorrelata ao magistrio, prevista na organizao do CENAP, esses profissionaisbrasileiros comearam a desenvolver atividades de servios tcnicos e assistncia

    aos rgos operacionais e, embrionariamente, alguma pesquisa tecnolgica, queera a outra finalidade do CENAP. Este quadro de professores brasileiros foi sendomontado, ano a ano, e foi sendo preparado para substituir os professoresestrangeiros. Eram profissionais formados em anos anteriores e selecionados comrigor pelos resultados alcanados no curso e pelas caractersticas pessoais.

    O curso era levado a efeito em instalaes prprias, construdasdentro do "campus" da Universidade do Brasil, na Avenida Pasteur. Possua salasde aula, salas para os professores, laboratrio de anlises qumicas e laboratriode Operaes Unitrias, com equipamentos semelhantes aos que iriam serencontrados nas refinarias, para a prtica dos alunos.

    Lembro que quando l cheguei, em janeiro de 1959, fiquei muito bem

    impressionado com as instalaes e a organizao do curso. Outra caractersticamarcante do curso era o seu carter eliminatrio. Eram exigidas notas mnimaspara aprovao e exigia-se muito dos alunos. A filosofia seguida pelo Prof.Williams era a de que as pessoas podem dar muito mais de si do que pensamserem capazes. Assim, a cobrana era constante e exigia um permanenteacompanhamento da matria ministrada. As avaliaes eram quase que dirias, oque exigia uma dedicao constante e total. A matria tinha que estar sempre emdia!

    Ao fim de cada perodo eram divulgadas as notas alcanadas pelosalunos, assim como a sua classificao. Com isso, o curso era bastantecompetitivo e possua um sistema de constante avaliao dos alunos, atravs de

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    testes, trabalhos de casa, trabalhos de equipe e provas e ainda notas de conceitodadas pelos professores.

    O curso era baseado em conhecimentos fundamentais da

    Engenharia Qumica, acrescidos de outros especializados da indstria de petrleo.Em 1959, o Curso de Refinao constou de quatro perodos, ao fim de cada qualhavia uma avaliao geral para verificar se os alunos tinham alcanado as notasmnimas exigidas para continuar no curso. O rigor e a exigncia desses cursos foifundamental para que se formassem as equipes competentes que permitiram PETROBRS chegar, em poucos anos, a ser uma das maiores empresas depetrleo do mundo.

    O curso comeava pelo chamado Perodo Introdutrio, no qual eramtransmitidos conhecimentos gerais bsicos, necessrios a uma uniformizao dabagagem profissional dos alunos, que tinham formao em vrios campos daengenharia e em qumica.

    Na minha turma de 1959, foram matriculados 38 alunos, aprovadosno concurso realizado no ano anterior. Havia Engenheiros Qumicos, QumicosIndustriais, Bacharis em Qumica e at Engenheiros Civis, cuja participao eraaceita devido ao pequeno nmero de Engenheiros Qumicos formados naquelapoca no Brasil, o que no permitia uma seleo mais rigorosa, como exigia ocurso.

    As aulas deste Perodo Introdutrio tiveram a durao de doismeses. As aulas eram dadas em Portugus. Os principais professores pertenciam Escola de Qumica da Universidade do Brasil. A eles, devo dar grande destaque,pela sua importncia na formao das primeiras turmas de Engenheiros deProcessamento de Petrleo da PETROBRS. Eram eles, o Professor Paulo

    Emdio Barbosa, grande figura humana, professor excepcional, um dos melhoresque tive em toda a minha vida de estudante e o Prof. Alberto Luiz Coimbra que,em 1963, criaria o Curso de Mestrado em Engenharia Qumica, embrio daCoordenao de Programas de Ps-Graduao em Engenharia (COPPE) quetantos servios tem prestado formao de professores e pesquisadores na reade Engenharia no Brasil.

    Ao fim do Perodo Introdutrio, numa demonstrao dos critriosrigorosos adotados pelo curso, dos 38 alunos que comearam o curso, 11 (quaseum tero da turma!) foram reprovados, por no terem conseguido a mdia mnimaexigida em cada matria.

    Depois do Perodo Introdutrio, veio o Primeiro Perodo, quando

    entraram os professores estrangeiros e, por conseqncia, as aulas em Ingls, oque aumentou o nvel de dificuldade do curso. Neste perodo comearam,tambm, as aulas prticas, de laboratrio. Este perodo durou trs meses e asmatrias j eram voltadas para a indstria de petrleo. Complementando asdisciplinas especializadas, tivemos aulas tambm de Ingls Tcnico, dadas porprofessor contratado e de Noes de Administrao, ministradas pela Profa.Beatriz de Souza Warlich, da Fundao Getlio Vargas.

    Alm do Professor Ford Campbell Williams que dava aulas e exerciao cargo de Professor-Chefe, tivemos aulas com os Professores Bernard Wendrowe John Duncan Leslie, tambm estrangeiros. O Professor Paulo Emdio continuouconosco, tambm nesse perodo. Como prova do rigor do curso, ao final desse

    perodo, foram afastados mais quatro alunos por insuficincia de notas. O

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    Segundo Perodo, tambm teve trs meses de durao. Os professores foram osmesmos do Primeiro Perodo. Todos os 23 alunos que iniciaram o perodo foramaprovados.

    Nestes trs perodos, os demais professores e assistentesresponsveis pelas diversas disciplinas, pertenciam ao quadro de professoresbrasileiros formado para assumir a responsabilidade pelo curso. Creio ser de

    justia, citar os profissionais que naquele, j distante, ano de 1959, formavam oquadro de professores brasileiros que se dedicavam, em tempo integral satividades de ensino e foram co-responsveis pelo xito alcanado pelo Curso deRefinao (CR) durante os mais de dez anos de existncia do CENAP(1955/1965).

    Desse quadro de competentes profissionais, destaco as Engenheirasde Processamento Gloria Conceio Oddone e Ileana Zander Williams, da turmade 1952 do CNP, primeiras Engenheiras de Processamento da PETROBRS,

    pioneiras na atividade de ensino e, posteriormente, na de pesquisa tecnolgica.Recente publicao da PETROBRS elaborada para destacar a atuao dasmulheres na empresa, estranha e injustamente, no mencionou sequer o nomedessas importantes pioneiras!!!

    Outros profissionais que participaram dos primeiros anos destaatividade de sucesso foram os Engenheiros e Qumicos Roberto Gomes da Costa,Leonardo Nogueira, Gilberto Dantas Veiga, Flvio Jos Teixeira Luz, SiegfriedGondim Meira Chaves, Washington Luiz de Castro Land e Hlio da RochaTentilho, todos egressos dos cursos de 1955 a 1958. Deve ser lembradotambm, o Qumico Guilherme Ferreira que, embora no sendo egresso do Cursode Refinao, tambm ministrou aulas no Perodo Introdutrio do CR-1959.

    O ltimo perodo do Curso foi o estgio prtico de cinco meses,realizado na Refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, na Bahia. Neste estgiotivemos a oportunidade de trabalhar na histrica unidade de destilao ecraqueamento trmico, a primeira unidade de refinao de petrleo a operar emMataripe, em 1950.

    No dia 3 de fevereiro de 1960, foi realizada uma cerimnia no Salodo Conselho Universitrio da Universidade do Brasil, para a entrega solene doscertificados de concluso do Curso de Refinao de Petrleo da PETROBRS. Aturma foi distribuda pelas unidades da PETROBRS existentes naquela ocasio:Refinaria de Mataripe (RLAM), Refinaria de Cubato (RPBC), Superintendncia doXisto (SIX) e CENAP. Comevamos a nossa participao na luta da

    PETROBRS pelo domnio, adaptao e criao da tecnologia na rea deprocessamento de petrleo!

    EPISDIO 2 - O CURSO DE REFINAO CHEGA AO NORDESTE

    Esse episdio serve para exemplificar um desafio tpico dosprimeiros anos da PETROBRS. Os problemas requeriam soluo urgente etinham que ser enfrentados e resolvidos mesmo que no se dispusesse dasmelhores condies. Tnhamos que enfrentar os desafios mesmo que no nos

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    sentssemos totalmente preparados para a misso, e mesmo que nodispusssemos dos recursos mnimos exigidos. Tudo tinha que ser solucionadocom muita criatividade, disposio para o trabalho, coragem e crena no que

    fazamos. Estvamos construindo uma empresa para ajudar o desenvolvimento dopas!

    A IDENTIFICAO DA NECESSIDADE DO CURSO

    Desde a sua criao pelo C.N.P. em 1952 e depois quando passoupara a responsabilidade do CENAP, em 1955, o Curso de Refinao eraministrado no Rio de Janeiro. Normalmente, o pessoal que freqentava o cursoera oriundo das universidades situadas no sudeste e sul do pas, com algumasraras excees. Assim, os Engenheiros de Processamento que iam trabalhar em

    Mataripe, normalmente desejavam voltar para as unidades da PETROBRS nosul e sudeste logo que adquiriam experincia operacional. Tal fato acabavaacarretando alta rotatividade do pessoal especializado e resultava em problemasadministrativos para os Superintendentes da Refinaria Landulpho Alves - Mataripe(RLAM).

    Em 1962, em meio a uma crise que atingiu a empresa naquelaocasio, o Arquiteto Jairo Jos de Farias assumiu a Superintendncia da RLAM,em substituio ao Engenheiro Roque Consani Perrone. Entre os problemas queteve que enfrentar para gerenciar a refinaria, o novo Superintendente viu que teriaque arranjar uma soluo para a alta rotatividade dos Engenheiros deProcessamento. Logo ao assumir, foi procurado por cinco engenheiros que

    estavam desejando sair de Mataripe. Inclusive eu!Teve ele, ento, a idia de realizar em Mataripe, um curso s para

    engenheiros recrutados no nordeste do pas de forma a que se radicassem emMataripe e se evitasse, desta forma, a evaso de profissionais que havia naquelapoca. O mesmo foi pensado para a rea de Manuteno.

    Para tanto, ele entrou em contato com o CENAP, nessa ocasiodirigido pelo Engenheiro Hugo Regis dos Reis e conseguiu a sua aprovao paralevar a efeito os dois cursos em Mataripe somente voltados para engenheirosformados e residentes nos estados do nordeste brasileiro. Para o Curso deManuteno foi indicado o Professor Cndido Toledo, antigo mestre do curso. OCENAP, contudo, no conseguiu motivar e interessar nenhum de seus

    professores para aceitarem o encargo de organizar e coordenar o Curso deRefinao em Mataripe.

    Na mesma ocasio, final de 1962, eu estava tentando acertar aminha volta para o Rio. Achava que meu objetivo de trabalhar em Mataripe jhavia sido alcanado. Os trs anos que passei na operao tumultuada dasunidades de lubrificantes, sendo dois anos de turno, equivaliam a mais de dezanos em refinarias operando normalmente. Isso verdade porque s se aprenderealmente, quando surgem os problemas. Se a operao est normal e nadaacontece, a tendncia se entrar em rotina operacional e o processo deaprendizado lento e incompleto.

    Meu objetivo era ir trabalhar no CENAP, aceitando convite que o

    Prof. Williams me fez, quando terminei o curso. Na ocasio, preferi ir para

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    Mataripe devido oportunidade mpar que a refinaria oferecia para se adquirirexperincia prtica na operao de refinarias. Mas, no fundo, o que eu queriamesmo era ser pesquisador. Esse meu desejo se reforou depois da experincia

    que tive na operao da Unidade 13, quando tivemos que fazer pesquisatecnolgica para conseguir operar a unidade! Essa experincia, eu conto em outroepisdio deste livro.

    Como o Jairo sabia que eu pretendia ir para o CENAP, e noconseguia que um professor do Rio viesse coordenar o curso em Mataripe, meconvidou para assumir a enorme responsabilidade de criar o Curso de Refinaodo Nordeste a ser realizado em Mataripe e coordenar a sua primeira turma. Comocompensao, concordaria com a minha transferncia para o CENAP, ao fim docurso.

    Apesar de ter apenas quatro anos de PETROBRS, incluindo o anoque passei fazendo o Curso de Refinao, nunca ter pretendido ser professor,

    nem ter nenhuma experincia prvia com esse tipo de assunto, aceitei o desafioque me foi proposto e acabei enfrentando, o que considero, uma das tarefas maisdifceis que tive na minha carreira na PETROBRS. O meu nome foi proposto aoCENAP e aceito pelo Hugo Regis dos Reis. Fui nomeado Coordenador do cursoem portaria assinada pelos dois Superintendentes.

    ORGANIZAO DO CURSO

    A PETROBRS j havia realizado um processo seletivo, em 1962,em todas as capitais dos principais estados do norte e nordeste e havia recrutado25 engenheiros. Esses engenheiros j estavam esperando ser chamados quandoeu assumi a responsabilidade de organizar o curso. Estava previsto que nocomeo de fevereiro de 1963, poucos dias depois de eu haver aceitado o desafiode organizar o curso, deveriam ser iniciadas as suas atividades.

    De repente, me dei conta do tamanho do problema! Tinha 25engenheiros recrutados e mais nada. No tinha local para as aulas, no tinhaprofessores, no tinha os livros especializados, utilizados no curso. Em resumo,no tinha nada, a no ser os alunos. Expliquei ao Jairo as dificuldades e ele medeu carta branca. Queria o curso. Que eu dissesse o que precisava que ele medaria.

    A primeira coisa que consegui foi o local para as aulas. Era umprdio situado fora da rea da refinaria. Fizemos adaptaes no prdio que ficoucom uma sala de aula e dois escritrios no fundo. Uma para mim e outra para oSecretrio do Curso, Anbal Vital Carnaba Filho, funcionrio antigo e queconhecia todo o mundo na refinaria. Na realidade, o Carnaba foi um dospioneiros nos primeiros tempos da refinaria, em 1950. Alm de uma grande figurahumana, ele era muito eficiente e foi uma grande ajuda que eu tive para levar afrente o desafio.

    Outra grande ajuda que consegui foi do Engenheiro Michel DibTachy, egresso do Curso de Refinao de 1961 e que havia chegado a Mataripeh pouco tempo. O Michel era dotado de grande vitalidade, capacidade detrabalho e vontade de fazer. Consegui a sua colaborao, em tempo parcial, como

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    Coordenador Assistente, e ele foi fundamental para me ajudar a organizar o curso,em especial nos primeiros tempos, quando estava tudo por fazer.

    O Curso contou, ainda, com a importante ajuda do Chefe do Centro

    de Treinamento da refinaria, na poca, o Administrador Temstocles Campos deArago. Ele se responsabilizou pelo apoio administrativo ao curso.

    Para fazer o curso funcionar, consegui, em regime de emergncia,entre outras coisas, um nibus para fazer o transporte dos alunos entre Salvador eMataripe; a cesso de uma casa na Vila Residencial, que foi transformada em"repblica" dos alunos solteiros que preferiram morar em Mataripe, durante ocurso; os livros bsicos para o curso por emprstimo dos engenheiros deMataripe.

    Alm disso, viajei ao Rio de Janeiro, para conversar com o Prof.Williams e receber suas sugestes sobre a forma de conduzir o curso. Sempreacatei suas orientaes e ouvi seu conselho de mestre experiente. Aproveitei

    tambm para sondar professores do CENAP para virem participar do curso emMataripe. Consegui que o CENAP e a RLAM garantissem recursos para pagaradicionais extras de ensino para os professores que aceitassem vir passar algumtempo na Bahia.

    Preparei um Plano Global de Desenvolvimento do curso, explicandoque o curso seguiria as normas e o formato do Curso de Refinao conduzido noRio, com as devidas adaptaes. O Plano detalhava, tambm, todas as disciplinasa serem abordadas em cada perodo, justificando as pequenas modificaes queintroduzi em relao ao curso do Rio.

    O CURSO DE REFINAO DO NORDESTE - 1963

    a) - Perodo Introdutrio

    Para poder realizar o Perodo Introdutrio, em fevereiro e maro de1963, entrei em contato com a Universidade da Bahia, atravs do seu Instituto dePesquisas Tecnolgicas, tendo conseguido a colaborao dos Professores CarlosEspinheira de S e Jos Ges de Arajo, alm da cesso de salas de aula paraesse fim. Michel e eu ficamos como co-responsveis das disciplinas ministradaspor esses professores, para evitar que o curso dado pelo pessoal de fora daPETROBRS se afastasse muito dos nossos objetivos. O perodo se desenvolveucom aulas em Mataripe e na Universidade da Bahia.

    Comearam o curso, 29 alunos, dos quais 25 engenheiros aprovadosnos testes de seleo e 4 j pertencentes refinaria, e por ela indicados parafazer o curso. Terminaram o perodo, com aproveitamento, apenas 19 dos 25estagirios. Dos tcnicos indicados pela refinaria, s dois concluram comaproveitamento. Tive que manter o nvel de exigncia seguido no Curso do Rio,para no desvalorizar os alunos deste curso do Nordeste em sua carreira naempresa.

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    b) - Primeiro Perodo

    Com vistas ao desenvolvimento do curso nos dois perodos

    seguintes, quando entravam as matrias relativas ao processamento do petrleo eo curso ficava mais exigente, consegui atrair o interesse de trs tcnicos quehaviam terminado o Curso de Refinao no Rio, em 1962, para atuarem, comoprofessores assistentes e de quatro professores do CENAP, dois por perodo.

    Os professores assistentes que vieram foram os Engenheiros PedroPaulo da Poian, que s ficou no Primeiro Perodo, Ricardo Henrique Kozak e JooCarlos Gobbo, que ficaram os dois perodos. Do CENAP vieram, para o PrimeiroPerodo, os Professores Flvio Teixeira Luz e Hlio da Rocha Tentilho.

    O Primeiro Perodo foi desenvolvido de abril a junho de 1963.Continuei contando com a colaborao do Prof. Jos Ges de Arajo, do Institutode Pesquisas Tecnolgicas e contratei o Prof. Adelmar Linhares, da Escola de

    Administrao, ambos da Universidade da Bahia.Tive a colaborao especial de vrios engenheiros da RLAM, sem os

    quais o curso no poderia ter sido realizado. Destaco os Engenheiros WalmerPaixo e Luiz Rogrio Galvo de Souza que foram responsveis por disciplinas docurso. Eu e Michel ficamos como responsvel e co-responsvel, respectivamente,pela cadeira Fundamentos de Refinao, para podermos acompanhar melhor aturma.

    Para tornar possvel a realizao das aulas prticas de OperaesUnitrias, foi montado um pequeno laboratrio no Instituto de PesquisasTecnolgicas, da Universidade da Bahia. Este laboratrio permitiu a execuo deaulas prticas semelhantes s ministradas no curso do Rio.

    Iniciaram este perodo, 21 alunos, entre os quais os dois indicadospela refinaria. Terminaram, com xito, 15 dos 19 novos estagirios e um dosindicados pela refinaria. Durante esse perodo, bastante mais "puxado" que oIntrodutrio houve reclamaes por parte dos alunos e tive que conversar comeles, algumas vezes, para mostrar-lhes que as exigncias do curso eram em seuprprio proveito. Mostrei-lhes que minha inteno era que o Curso de Refinaodo Nordeste fosse mantido com o mesmo nvel de qualidade e exignciacaractersticas do curso mantido no Rio. Assim, no futuro, ningum poderia alegarque o curso deles era inferior e darem menor valor aos profissionaisespecializados aqui. Eles aceitaram a argumentao e as coisas se acalmaram.

    c) - Segundo Perodo

    O Segundo Perodo foi desenvolvido de julho a setembro de 1963. Ocorpo docente deste perodo foi constitudo pelos professores do CENAP RogrioTristo de Magalhes, que havia sido meu colega de turma no CENAP e LeonardoNogueira, depois grande amigo e colega meu, no CENPES. O Prof. Williams veio,tambm, dar algumas aulas.

    Continuaram colaborando o Kozak e o Gobbo. O Prof. Jos Ges deArajo da Universidade da Bahia continuou tambm. Contratei o Prof. Luiz PondBarreto da Escola de Administrao, da mesma universidade.

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    Novamente, o pessoal da refinaria ajudou muito. Destaque para osEngenheiros Geraldo Santana, Joel Pereira dos Santos e Jos de AnchietaRibeiro da Silva que foram responsveis por disciplinas do curso. A cadeira

    Fundamentos de Refinao continuou sob a responsabilidade do Michel e minha.Terminaram o perodo e, conseqentemente, o curso, com

    aproveitamento, 15 dos alunos recrutados e mais o Maury Cardoso Fernandes,indicado pela RLAM. O curso chegava ao fim. Formamos 15 novos Engenheirosde Processamento para a PETROBRS. Foi uma tarefa rdua, uma das maisdifceis que enfrentei em meus anos de PETROBRS! Para que se tenha umaidia da complexidade da administrao de um curso como foi esse, lecionaramnos trs perodos do curso 28 professores, oriundos de sete organizaesdiferentes: RLAM, CENAP, Refinaria Duque de Caxias, Superintendncia deIndustrializao do Xisto, Instituto Yazigi, Instituto de Pesquisas Tecnolgicas eEscola de Administrao da Universidade da Bahia.

    ENCERRAMENTO DO CURSO

    Em 5 de outubro de 1963, no Salo Nobre da Escola Politcnica daUniversidade da Bahia, foi realizada a cerimnia de encerramento dos Cursos deRefinao e de Manuteno do Nordeste. A turma de Refinao escolheu, mui

    justamente, como Patrono, o Dr. Jairo Jos de Farias, a esta altura, Diretor daPETROBRS.

    Para meu orgulho e satisfao, fui escolhido como o Paraninfo daturma. Para mim, foi a melhor prova de que houve um reconhecimento da turmade que eu havia feito o melhor que pude para dar-lhes um treinamento do qual, daipara a frente, em suas carreiras na PETROBRS, eles s teriam que se orgulhar.Apesar de ter "apertado" a turma durante todo o curso e de ter reduzido seuefetivo, com as exigncias de qualidade imprimidas ao curso, de 25 para apenas15 alunos, eles mesmos reconheceram minha seriedade e dedicao.

    Guardo at hoje, o discurso que proferi para agradecer ahomenagem. Acho interessante reproduzir nestas recordaes alguns trechos queservem para mostrar o entusiasmo com que ns, pioneiros da PETROBRS,encarvamos o nosso trabalho e a crena com que enfrentvamos os desafiosque a empresa nos colocava diuturnamente, certos de que estvamos construindouma empresa que iria ser uma importante alavanca para o desenvolvimento

    brasileiro. (9)

    "Estamos comemorando, esta noite, um fato do maiorsignificado para a nossa PETROBRS, com reflexos acentuados na luta queo nosso Pas trava para o desenvolvimento de sua regio mais pobre e maissofrida. O Brasil, nos conturbados dias que vivemos, trava uma luta decisivapela sua independncia econmica. Este ser o passo indispensvel quenecessitamos dar para conseguirmos romper a barreira dosubdesenvolvimento e conquistarmos a posio de destaque que nos

    9- Dorodame Moura Leito, Discurso de Paraninfo da Turma CRN-63 - Salvador - Bahia - 5 deoutubro de 1963.

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    caber, em futuro prximo, entre as demais naes. E a PETROBRS, meussenhores, com sua afirmao, com seu desenvolvimento extraordinrio, elemento de vanguarda nesta luta."

    Poucos dias antes da cerimnia de encerramento do curso, aPETROBRS havia feito 10 anos (3/10/63) e eu registrei o fato:

    "H poucos dias, vimos, com grande satisfao, transcorrer odcimo aniversrio de nossa empresa estatal de petrleo. So dez anos delutas que ainda prosseguem e que serviram para testar e confirmar, de modoirrespondvel, a capacidade do homem brasileiro em resolver seus prpriosproblemas. Temos tido, constantemente, provas incontestes destacapacidade, em todos os campos da indstria petrolfera. Nossos tcnicos enossos operrios desmentiram, neste perodo, as afirmaes de derrotistasque argumentavam contra a criao da PETROBRS, afirmando no termoscondies para, sem ajuda estrangeira, fazer funcionar, com sucesso, essacomplexa indstria. Em apenas uma dcada, j dominamos toda a tcnicanecessria para fazermos a PETROBRS alcanar a situao de destaqueque possui no mundo."

    Em outro trecho, chamei a ateno dos novos tcnicos para minhaexpectativa sobre o papel da PETROBRS dentro do contexto desenvolvimentistado Pas, deixando transparecer todo o sentimento nacionalista que perpassava anossa gerao:

    "A nossa gerao, senhores, a gerao destinada,historicamente, a ser aquela que ir arrancar o nosso Pas de seu todecantado subdesenvolvimento econmico e social. Temos de nosconvencer que o Brasil j iniciou essa arrancada e que ela irreversvel.Nada poder mais deter o nosso povo, que j possui conscincia de seusdireitos, na sua marcha para um destino digno da grande nao que somos.E a fronteira que vocs escolheram, meus colegas, para essa luta, a maisrepresentativa, a vanguarda, porm, tambm, a que mais sacrifcios, maisesforos e mais luta requer de seus homens. A nossa empresa, pelosucesso que tem alcanado, servindo de exemplo para outras naes queainda so espoliadas em seu desenvolvimento econmico, o alvo preferidopara o ataque constante e incansvel dos grandes trustes estrangeiros que,por todos os meios, procuram abrir uma brecha e enfraquecer-nos parapoder vir sugar nossas riquezas minerais. Por isso, colegas, precisamossempre e cada vez mais, nos prepararmos, nos organizarmos, nosfortalecermos, construir nossa prpria tecnologia, para podermos dar nossaparcela nessa luta histrica pela nossa independncia econmica."

    Grifei o destaque que dei questo tecnolgica para mostrar quedesde aquela poca, a questo tecnolgica merecia um destaque naspreocupaes dos tcnicos da PETROBRS.

  • 7/26/2019 Tecnologia Na Petrobrs Internet Livro 1

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    EPLOGO

    Em 1 de outubro de 1979, j com vinte anos de PETROBRS, commuito orgulho, fui promovido a Engenheiro de Processamento IV, o nvel mais altoda minha especialidade profissional. Qual no foi minha satisfao ao ver quetinha como companheiro nesta promoo, um dos meus alunos d