técnicas de redação para concursos - ano 2010-lilian furtado e vinícius carvalho pereira

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L ilian F urtado V inícius C arvalho P ereira TÉCNICAS DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS m * /~ v j Teoria e Questões Como vencer as provas discursivas aplicadas em concursos públicos ■S Dicas práticas para organizar a redação Exercícios para treinar a estruturação de parágrafos ■s Temas cobrados em provas oficiais * ** n r* EDITORA METODO SAO PAULO \n r\ Vicente Marcelo

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  • L il ia n F u r ta d o

    V in c iu s Ca r v a l h o P ereira

    TCNICAS DE REDAO PARA CONCURSOSm * /~v jTeoria e Questes

    Como vencer as provas discursivas aplicadas em concursos pblicos

    S Dicas prticas para organizar a redaoExerccios para treinar a estruturao de pargrafos

    s Temas cobrados em provas oficiais

    * * *n r *E D I T O R AMETODO

    SAO PAULO

    \n r \VicenteMarcelo

  • ED ITO RA M TODOUma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional

    Rua Dona Brgida, 701, Vila Mariana ~ 04111-081 - So Paulo - SP Tel.: (11) 5080-0770 / {21) 3543-0770 Fax: (11) 5080-0714

    Visite nosso site: www.editorametodo.com.brmetodo@grupogen. com. br

    Capa: Rafael Moiotievsch

    Coordenao Editorial: Lus Gustavo Bezerra de Menezes

    CIP-BRASIL. CATALOGAO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

    Furtado, LilianTcnicas de redao para concursos : teoria e questes / Lilian Furtado, Vincius

    Carvalho Pereira. -1 . ed. [Reimpr.] - Rio de Janeiro : Forense ; So Paulo : MTODO, 2010.

    Inclui bibliografia ISBN 978-85-309-3243-5

    1. Lngua portuguesa - Composio e exerccios. 2. Lngua portuguesa - Problemas, questes, exerccios. 3. Servio - Brasil - Concursos. I. Pereira, Vincius Carvalho. II. TuiO- III. Srie.

    10-2576. CDD: 469.8CDU: 811.134.3'27

    1. ed., 1 * tir.: jun./2010; 2.3 f/r.: set./2010.

    A Editora Mtodo se responsabiliza pelos vcios do produto no que concerne sua edio (impresso e apresentao a ftm de possibilitar ao consumidor bem manuse-lo e l-lo). Os vcios relacionados atualizao da obra, aos conceitos doutrinrios, s concepes ideolgicas e referncias indevidas so de responsabilidade do autor e/ou atualizador.Todos os direitos reservados. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, proibida a reproduo total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eietrnico ou mecnico, inclusive atravs de processos xerogrficos, fotocpia e gravao, sem permisso por escrito do autor e do editor.

    Impresso no Brasil Prnted in Brazil

    2010

  • ,W5

    A minha me e minha irm, minhas inseparveis e melhores amigas,sem vocs nada faria sentido.

    Ao meu pa i (m memoriamj, que me ensinou o valor mais nobreda sociedade: a palavra do homem.

    A voc, Fabiano, que me ensinou e me ensina a no ser to exigente comigo e com a vida.

    Aos meus queridos amigos, Rodrigo Purceti, Flvia Gonalves e Juliana Machado.

    Aos meus eternos alunos, que sempre me motivaram a fazer o livro,eis o resultado de nossas aulas.

    A Deus, que, com todo o seu amor, sempre sarou todas as minhas feridas.Lilian Furtado

    A minha querida me, amiga de todos os momentos, com quem aprendi a ler e a me inscrever no mundo da linguagem, que hoje habito com tanto gosto.

    Ao meu av (In memoriam) e minha av, os quais sempre me apoiaram na busca dos sonhos, acreditando neles junto comigo.

    Ao Cristiano, que me ensina, a cada dia, a ver o mundo com olhos desurpresa alegre e curiosidade inquieta.

    Aos meus familiares e amigos, que vibram comigo a cada conquista e sempre perguntam: Qual ser a prxima?

    Aos meus to queridos alunos e ex-alunos, que sempre me acrescentam mais a cada encontro e me motivam a crescer como profissional.

    A Deus, que todos os dias me d foras para levantar e viver intensamente a aventura da existncia.

    Vincius Carvalho Pereira

  • A p a la v ra fa la d a um fenm eno natural;

    a p a la v ra escrita um fenm eno cu ltu ra l.

    F er n a n d o P esso a

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu grande mestre, Marcelo Rosenthal, que, com o passar dos anos, tomou-se um grande amigo. Mestre, obrigada por um dia ter me dito: Menina, vai fazer Letras! Hoje eu sou essa pessoa extremamente feliz e realizada na prtica de ensino de Lngua Portuguesa.

    Aos meus amigos, professores de concurso pblico, Alexandre Arajo, Alexander Ruas, Leandro Antunes, Lus Gustavo e Rodrigo Cmara.

    Lilian Furtado

    Aos meus professores, da pr-escola ao Doutorado ora em curso, os quais compartilharam e compartilham comigo um bem to precioso quanto o conhecimento. Merece meu agradecimento cada um desses indivduos que um dia lecionaram em uma aula na qual estive presente, contribuindo para minha formao como homem, cidado e professor.

    Aos amigos de profisso, com quem sempre compartilhei cafs, conversas nos corredores das instituies e muito aprendizado: Alexander Ruas, Lus Gustavo, Marcelo Rosenthal, Mrcio Hilrio, Manoel Afonso, Cristiane Brasileiro e Sebastio Votre.

    Vincius Carvalho Pereira

  • PREFCIO

    O novo assusta, assusta por ser o novo, o desconhecido. O novo gera preconceito e medo. Mas os velhos se esquecem de que um dia foram novos e, consequentemente, geraram medo e preconceito nos velhos de outrora. Ns nos estabelecemos e agora vem uma nova gerao que tambm est se estabelecendo. Vincius e Lilian so dois cones da nova gerao, dois professores brilhantes, que hoje j tm mais para nos ensinar do que para aprender.

    Lilian foi minha. parceira na produo dos meus livros e conheo bem a sua capacidade. Inteligentssima, estudiosa e talentosa, capaz de simplificar o estudo de Lngua Portuguesa, transformando-a em algo fcil e agradvel. Nunca vi uma aula de redao igual dela. Trabalho efetivo de construo de texto, de organizao de pensamento, de estruturao do desenvolvimento, de emprego de recursos argumentativos etc.

    J o Vincius chamou a minha ateno nos momentos de conversas informais nas salas de professores. Jamais conheci uma pessoa com a idade dele com tanto conhecimento. E quantas vezes fiquei a ouvir embevecido os seus ensinamentos. E, posso dizer, ouvi com muita ateno, pois tambm ainda tenho muito a aprender.

    Estou de fato impressionado com a obra deles. Nesses anos todos, praticamente s vi livros de redao que passavam ao largo do assunto. Eram Gramticas disfaradas de livros de redao. Passavam quase o tempo todo ensinando pontuao, emprego de acento grave, regncia... Somente em uma pequena parte do livro falavam sobre tipologia textual, coeso e coerncia, e mesmo assim com pouqussimo aprofundamento. Aqui no, o candidato - a obra objetivamente voltada para os concurseiros - ter efetivamente informaes de como organizar a sua redao, como estruturar o pargrafo introdutrio, que possibilidades ele tem para desenvolver a argumentao e quais tipos de fechamento so mais apropriados. A gramtica, sim, est aqui apenas como apoio, e no como base. A gramtica s visitada para que o candidato no cometa os erros mais corriqueiros.

  • I Q j TCNICAS DE REDAO PARA CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho Pereira

    O livro de redao, de construo textual, e no de ensinamentos gramaticais. Perfeito para o que se prope, e verdadeiro.

    Enfim, livro obrigatrio na estante de quem pretende ingressar na carreira pblica, sobretudo para aqueles que prestaro concursos com redao.

    Marcelo Rosenthal

  • NOTA DOS AUTORES

    Cada vez mais, os concursos pblicos tm cobrado, alm das tradicionais questes de mltipla escolha, provas discursivas ou redaes, que avaliam o conhecimento do candidato sobre determinado assunto e tambm sua capacidade de expresso e organizao do pensamento. Tal fato deveria ser recebido com bons olhos pela populao, pois garante que os futuros servidores sejam mais preparados para a comunicao escrita, tarefa rotineira na esfera profissional.

    No entanto, muitos candidatos temem esse tipo de prova e, s vezes, at desistem do concurso por causa da redao. Veja, porm, que aprender a escrever um texto para uma prova discursiva ou uma dissertao de prova no difcil Voc plenamente capaz de faz-lo, precisando apenas se dedicar, estudar e praticar. Nesse sentido, este livro foi escrito para ajud-lo na empreitada.

    Assim, em primeiro lugar importante saber que, para se sair bem em qualquer prova de redao, essencial que o candidato tenha conhecimento de mundo. Portanto, a leitura diria e geral fundamental para a elaborao de um texto. Alm disso, necessrio ler assuntos relacionados ao concurso para o qual se deseja fazer a prova, visto que muitas bancas aplicam propostas de redao cujo tema diz respeito rea de atuao do rgo para o qual os candidatos esto sendo selecionados. Isso quer dizer que, em concursos para tribunais, por exemplo, grandes so as chances de o tema da redao girar em torno da lei, da justia ou da Constituio brasileira.

    No entanto, lembre-se: dominar o contedo no garantia de uma redao nota dez, pois preciso tambm conhecer a estrutura de elaborao do texto, fazer um bom planejamento, saber organizar as ideias e respeitar a norma culta. No que diz respeito s regras gramaticais, erros de acentuao, pontuao, concordncia ou ortografia demonstram falta de conhecimento ou de cuidado com o texto, acarretando penalizao na nota final.

  • Q | V - . TCNICAS DE. REDAO PARA CONCURSOS r lil ia n Fu/iado Vincius arvalhp Perim ]

    Embora haja diversos tipos de texto, geralmente cobra-se em concursos o texto dissertativo, que se constitui como exposio ou defesa de ideias e possui uma estrutura a ser seguida: introduo, desenvolvimento e concluso. Esse esquema geral ajuda o candidato a no se perder ao longo da tarefa, pois facilita sua organizao e o prprio trabalho do corretor, que passa a ver aquela redao de forma mais simptica.

    Toda redao corrigida sob orientao de um espelho (uma espcie de roteiro) que traz os critrios cobrados pela banca examinadora, os quais justificaro a nota obtida. Isso garante que diferentes corretores, avaliando tantas redaes em to pouco tempo, sejam justos na correo, que se toma equnime graas aos critrios objetivos definidos no espelho.

    Esta apenas uma breve apresentao de tudo aquilo que detalharemos e aprofundaremos ao longo do livro, com vistas a capacit-lo para escrever uma redao de sucesso. Esta obra, pois, tem o objetivo de proporcionar um melhor entendimento no que diz respeito elaborao do texto dissertativo, alm de contemplar a elaborao de questes discursivas para concursos pblicos.

    Nota da Editora: Esta obra foi redigida e. revisada segundo o novo Acordo v Ortogrfico. .

  • SUMRIO

    CAPTULO INOES GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL........................ 21

    1. A definio de tipo textual .................................................... 211.1. Texto narrativo................................................................. 211.2. Texto descritivo................................................................ 221.3. Texto injuntivo................................................................. 231.4. Texto dialogai .................................................................. 241.5. Texto dissertativo............................................................. 25

    2. Elaborando um texto dissertativo .......................................... 282.1. Detalhando a estrutura do texto dissertativo.................... 29

    2.1.1. introduo........................................................... 302.1.2. Desenvolvimento ................................................ 312.1.3. Concluso ........................................................... 31

    3. Conhecendo a folha de redao ............................................ 32- 4. Exerccios ................................................................................ 34

    CAPTULO IIO PARGRAFO ............................................................................. 43

    1. A diviso das idias em pargrafos ...................................... 432. A estrutura do pargrafo ........................................................ 46

    2.1. O tpico frasal.................................................................. 462.2. O desenvolvimento do tpico frasal ................................ 48

    2.2.1. Apresentando uma adio ao que foi expostono tpico frasal................................................... 49

    2.2.2. Apresentando uma causa do que foi exposto notpico frasal ........................................................ 49

  • TCNiCAS DE REDAO PARA CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho.-Pereira

    2.2.3. Apresentando uma conseqncia do que foiexposto no tpico frasal..................................... 50

    2.2.4. Apresentando um exemplo do que foi expostono tpico frasal................................................... 51

    2.2.5., Apresentando uma oposio ao que foi expostono tpico frasal................................................... 51

    3. Exerccios ................................................................................ 524. Atividade de produo textual ............................................... 63

    CAPTULO IIIO PARGRAFO DE INTRODUO........................................... 67

    1. A estrutura geral do pargrafo de introduo ...................... 672. Tcnicas para redigir um pargrafo de introduo ............... 70

    2.1. Abordagem padro........................................................... 702.2. Definio ...:...................................................................... 702.3. Questionamento(s)........................................................... 712.4. Citao ............................................................................. 722.5. Seqncia de frases nominais .......................................... 722.6. Exposio do ponto de vista oposto................................. 732.7. Analogia............. .............................................................. 732.8. Aluso histrica ............................................................... 74

    3. A afirmao da tese e a impessoalizao do discurso .......... 744. Exerccios ................................................................................ 775. Atividade de produo textual ............................................... 87

    CAPTULO IVO PARGRAFO DE DESENVOLVIMENTO.............................. 91

    1. A estrutura geral do pargrafo de desenvolvimento ............ 911.1. Pargrafos expositivos ..................................................... 911.2. Pargrafos argumentativos............................................... 92

    2. Tipos de argumento ................................................................ 952.1. Argumentao por causa/consequncia ........................... 952.2. Argumentao por exemplificao................................... 972.3. Argumentao por dados estatsticos............................... 982.4. Argumentao por testemunho de autoridade.................. 99

  • 11 .v.V^ ; "I : V -:; v:'V '.--:'-/-^ -.' v:;V S

    2.5. Argumentao por contra-argumentao......................... 1003. Exerccios ................................................................................ 1024. Atividade de produo textual ............................................... 108

    CAPTULO VO PARGRAFO DE CONCLUSO............................. ....... ....... 113

    1. Consideraes gerais sobre o pargrafo de concluso ........ 1132. Mtodos de raciocnio .............................................i............. 114

    2.1. Mtodo dedutivo .............................................................. 1142.2. Mtodo indutivo............................................................... 1162.3. Mtodo dialtico .............................................................. 117

    3. Estrutura geral do pargrafo de concluso ......................... 1194. Exerccios ..................................................................... .......... 1205. Atividade de produo textual ............................................... 128

    CAPTULO VICOESO TEXTUAL ...................................................................... 131

    1. A definio de coeso textual ............................................... 1312. Coeso referencial .... ............................................................ 131

    2.1. Coeso referencial pronominal........................................ 1322.1.1. Referncia exofrica ........... .............................. 1332.1.2. Referncia.endofrica ....................................... 136

    2.2. Coeso referencial por elipse........................................... 1392.3. Coeso referencial lexical................................................ 140

    3. Coeso seqencial .................................................... .............. 1443.1. Classificao das conjunes segundo aNGB ................ 1453.2. As conjunes e as relaes semnticas e contextuais ..... 145

    3.2.1. Relaes de causa e conseqncia .................... 1453.2.2. Relaes de oposio ....................................... 1473.2.3. Relao de condio ......................................... 1503.2.4. Relao de finalidade ........................................ 1523.2.5. Relao de adio ............................................. 1523.2.6. Relao de concluso .......... ............................. 153

    4. Problemas gerais da construo do perodo ........................ 1545. Exerccios ..................... .......................................................... 156

  • TCNICAS- DE REDAO PARA CONCURSOS - Liiiaii Furtado e Vincius, Carvalho Pereira

    CAPTULO VIICOERNCIA TEXTUAL............................................................... 165

    1. Introduo ................................................................................ 1652. A identificao de informaes implcitas ............................ 166

    2.1. Pressuposio................................................................... 1672.2. Inferncia......................................................................... 168

    3. Regras da coerncia textual ............................................. ..... 1693.1. Regra da repetio ........................................................... 1693.2. Regra da progresso......................................................... 1703.3. Regra da no contradio................................................. 1713.4. Regra da relao .............................................................. 172

    4. Exerccios ................................................................................ 173

    CAPTULO VIIIREGRAS DA NORMA PADRO.................................................. 181

    1. Introduo ................................................................................ 1812. Ortografia ................................................................................. 181

    2.1. Palavras que costumam gerar dvidas............................. 1812.1.1. acerca de/a cerca de/cerca de/h cerca de ........ 1812.1.2. a fim/afim............................................................ 1822.1.3. a princpio/em princpio ..................................... 1822.1.4. ao encontro de/de encontro a ............................ 1822.1.5. ao invs de/em vez de ....................................... 1832.1.6. h /a ...................................................................... 1832.1.7. onde/aonde .......................... ................................ 1832.1.8. se no/seno ........................................................ 1842.1.9. tampouco/to pouco ........................................... 1842.1.10. porque/por que/por qu/porqu........................ 184

    2.2. Reforma ortogrfica......................................................... 1862.2.1. Novo alfabeto ..................................................... 1862.2.2. Mudanas nas regras de acentuao grfica ..... 1872.2.3. Mudanas nas regras do h fen........................... 188

    3. Concordncia verbal ............................................................... 1913.1. Sujeito composto anteposto ao verbo .............................. 191

  • : ; 7 : VSMRIO :

    3.2. Sujeito composto posposto ao verbo ....... ....................... 1913.3. Verbo ser ........................................................... .............. 1913.4. Um e outro......... :............................................................ 1923.5. Um dos q u e ................... ,................................................. 1933.6. Quem..................................................................... .......... 1933.7. Q ue............ ............................................................. ......... 1933.8. Pronome de tratamento...................................... .............. 1933.9. Nomes prprios no plural ............................................... 1933.10. Expresses partitvas (um tero de, trinta por cento de, a

    metade de, a maior parte de, a menor parte de, uma partede, a maioria de, a minoria de etc.) ................................. 194

    3.11. Sujeito oracional .... ....................................................... 1943.12. Verbo haver .................................................................... 1943.13. Verbo fazer..................................................................... 1953.14 Verbos que indicam fenmenos da natureza.............. .... 1953.15. Verbo + se ...................................................................... 195

    4. Concordncia nominal ................................... ........................ 1964.1. Adjetivo junto ao verbo ser.............................................. 1964.2. Bastante......... .................................................................. 1964.3. M eio................................................................................. 1974.4. S ........................ ............................................................ 1974.5. Anexo, incluso, apenso...................... ............................. 1974.6. Mesmo ............................................................................. 1984.7. Possvel............................................................................ 1984.8. Haja vista ......................................................................... 1984.9. Um adjetivo funcionando como adjunto adnominal de dois

    ou mais substantivos ........................................................ 1995. Regncia ............... .................................................................. 199

    5.1. Agradar ............................................................................ 1995.2. Aspirar.............................................................................. 2005.3. Assistir ..........*................................................................. 2005.4. Avisar/alertar/informar etc................................................ 2015.5. Chegar.............................................................................. 2015.6. Custar............................................................................... 2015.7. Implicar............................................................................ 201

  • .TCNICAS D REDAO PARA CONRSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho Pereira

    5.8. Lembrar e esquecer.......................................................... 2025.9. Obedecer e desobedecer .................................................. 2025.10. Preferir........................................................................... 2025.11. Visar............................................................................... 203

    6. Crase ..... ................................................................................... 2036.1. Quando no utilizar acento grave .................................... 2046.2. Casos especiais ................................................................ 206

    7. Colocao pronominal ............................................................ 2107.1. No se inicia orao com pronome oblquo tono............ 2107.2. As conjunes subordinativas, os advrbios, os pronomes

    interrogativos, os pronomes relativos e os pronomes indefinidos atraem o pronome oblquo tono ......................... 210

    7.3. No futuro do pretrito e no futuro do presente, ocorrer amesclise.......................................................................... 211

    7.4. H regras especficas para a colocao pronominal emlocues verbais............................................ ................... 211

    8. Pontuao ............... .................................................................. 2138.1. Vrgula ............................................................................. 213

    8.1.1. Quando no utilizar a vrgula............................ 2138.1.2. Quando utilizar a vrgula ................................... 214

    8.2. Ponto e vrgula................................................................. 2168.3. Ponto-inal........................................................................ 2178.4. Dois-pontos...................................................................... 2188.5. Parnteses ........................................................................ 2188.6. Aspas................................................................................ 2188.7. Travesso ......................................................................... 2198.8. Ponto de interrogao ...................................................... 2208.9. Ponto de exclamao ....................................................... 2208.10. Reticncias..................................................................... 220

    9. Exerccios ................................................................................ 2219.1. Ortografia......................................................................... 2219.2. Concordncia verbal .............. .......................................... 2239.3. Concordncia nominal.............................................. ....... 2269.4. Regncia .......................................................................... 2289.5. Crase ................................................. ............................... 2309.6. Colocao pronominal..................................................... 2339.7. Pontuao......................................................................... 235

  • CAPTULO IXTEMAS DE REDAO............ ........... ,........................................ 239

    1. Temas CESPE/UnB ......................... ....................................... 2392. Temas Fundao Carlos Chagas (FCC) ................................ 2493. Temas Cesgranrio ....................................................... ............ 2544. Temas Fundao Getlio Vargas (FGV) ............................... 2555. Temas Ncleo de Computao Eletrnica (NCE/UFRJ) .... 2556. Temas FUNRIO ...................................................................... 258

    CAPTULO XQUESTES DISCURSIVAS .................................................. 261

    1. Temas CESPE/UnB ................................................................. 2612. Temas Fundao Carlos Chagas (FCC) ................................ 2653. Temas Cesgranrio .................................................................... 2664. Temas Fundao Getlio Vargas (FGV) ............................... 2715. Temas Ncleo de Computao Eletrnica (NCE/UFRJ) .... 2756. Temas FUNRIO ...................................................................... 2797. Temas Escola Superior de Administrao Fazendaria

    (ESAF) ....... r........................................................................... 279

    CONCLUSO.................................................... ............................. 281

    BIBLIOGRAFIA.............................................................................. 283

    1 SUMRIO

  • NOES GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL

    1. A DEFINIO DE TIPO TEXTUAL

    Um tipo. textual (tambm chamado de modo textual) se caracteriza pela forma como o texto organizado, ou seja, como composto em relao aos aspectos lexicais, aos aspectos sintticos, aos tempos verbais etc. Alm desse critrio mais estrutural, no entanto, a classificao txpolgica dos textos tambm leva em considerao o carter da informao a ser apresentada, o que quer dizer que uma narrao diz coisas diferentes de uma descrio, empregando estruturas lingsticas tambm distintas.

    Os tipos textuais apresentados pela tradio lingstica terica so trs: o narrativo, o descritivo e o dissertativo (argumentativo ou expositivo). Porm, atualmente, novos estudiosos consideram tambm a existncia de mais dois tipos de texto: o injuntivo e o dialogai. Nas prximas sees, analisaremos detidamente cada um desses tipos, acrescentando exemplos ilustrativos.

    1.1. Texto narrativo

    Levando em considerao que o teor da informao apresentada ajuda a caracterizar o tipo textual, pode-se dizer que uma narrao pode ser definida como uma seqncia de aes (enredo), ordenadas ao longo do tempo. Isso quer dizer que, nesse tipo de texto, a progresso temporal o que mantm a seqncia lgica do discurso.

    Como conseqncia da importncia dos fatos e acontecimentos para o texto narrativo, os verbos de ao so predominantes nesse tipo textual, designando o que fazem ou sofrem as personagens em determinado espao e determinado tempo. Em outras palavras, a narrao uma forma de relato de um fato real ou imaginrio, contado por um narrador.

  • TCNICAS DE REDAO PARA CONCURSOS - UHan Furtado q Vincius Carvalho Pereira

    Vale lembrar tambm que, nesse tipo de texto, predominam verbos no presente ou no pretrito perfeito, utilizados maj oritariamente para indicar aes que ocorreram pontualmente, isto , percebidas como um evento passado encerrado.

    Exemplo:Como um filho querido

    Tendo agradado ao marido nas primeiras semanas de casado, nunca mais quis ela se separar da receita daquele bolo. Assim, durante 40 anos, a sobremesa louvada comps sobre a mesa o almoo de domingo, e celebrou toda a data em que o jbilo se fizesse necessrio.

    Por fim, achando ser chegada a hora, convocou ela o marido para o concilibulo apartado no quarto. E tendo decidido ambos, comovidos, pelo ato solene, foi a esposa mais uma vez cozinha assar a massa aucarada, confeitar a superfcie.

    Pronto o bolo, saram juntos para lev-lo ao tabelio, a fim de que se lavrasse ato de adoo, tomando-se ele legalmente incorporado famlia, com direito ao prestigioso sobrenome Silva, e nome Herm- genes, que havia sido do av.

    (Extrado da obra Contos de amor rasgados, de Marina Colasanti.)

    1.2. Texto descritivo

    O texto descritivo pode ser considerado uma seqncia de caractersticas. Assim, na descrio, h construo de um conhecimento que irdetalhar um objeto, um indivduo, um fato etc. Observa-se a predominncia de verbos de situao, de adjetivos, de enumeraes e de expresses qualificativas. O autor, na descrio, chama a ateno para o pormenor, tendo como objetivo a construo da imagem por meio da apresentao de caractersticas do ser. Alm disso, nesse tipo textual costumam abundar verbos no presente e no pretrito imperfeito do indicativo.

    Exemplo:A casa materna

    H, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna.As grades do porto tm uma velha ferrugem e o trinco se ocultanum lugar que s a mo filial conhece. O jardim pequeno parecemais verde e mido' que os demais, com suas plantas, tinhores e samambaias que a mo filial, fiel a um gesto de infncia, desfoiha ao longo da haste.

    E sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mos filiais se pousam sobre a mesa farta de almoo, repetindo uma antiga imagem. H um tradicional silncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre o qual ainda

  • . Cap I N O E S .GKRAS DE TIPOLOGIA TEXTUAL' :

    escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como era prece, nos mesmos lugares onde as situaram as mos maternas quando eram moas e lisas. Rostos irmos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mos maternas careciam sonhar.

    A casa materna o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filiai admirava ao tempo em que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibel. E tem um corredor escuta de cujo teto noite pende uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de sombras. Na estante, junto escada, h um' tesouro da juventude com o dorso pudo de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma grfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema de beleza: o verso.

    Na escada h o degrau que esala e anuncia aos ouvidos matemos a presena dos passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o trreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memria. Embaixo h sempre coisas fabulosas na geladeira e no armrio da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangas espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoito de araruta - pois no h lugar mais propcio do que a casa materna para uma boa ceia noturna. E porque uma casa velha, h sempre uma barata que aparece e morta com uma repugnncia que vem de longe. Em cima ficaram guardados antigos, os livros que lembram a nfanca, o pequeno oratrio em frente ao qual ningum, a no ser a figura materna, sabe por que queima, s vezes, uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitao diurna. Hoje, vazia.

    A imagem patema persiste no interior da casa materna. Seu violo dorme encostado junto vitrola. Seu corpo como se marca ainda na velha poltrona da sala e como se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre da casa, a figura patema parece mergulh-la docemente na eternidade, enquanto as mos maternas se faziam mais lentas e mos filiais mais unidas em tomo da grande mesa, onde j vibram tambm vozes infantis.

    (Vnicius de Moraes)

    A respeito desse texto, importante fazer uma observao: embora se trate predominantemente de uma descrio, possvel reconhecer nele caractersticas narrativas, mesmo que em um plano secundrio. muito freqente que mais de um tipo textual aparea associado, ainda que se possa identificar aquele que se sobressai em cada caso.

    1.3. Texto injuntivo

    O texto injuntivo aquele em que o autor tem como objetivo fazer com que o leitor (ou ouvinte) tome determinadas atitudes ou pratique

  • TNjCS D. RE.D PAR O|\1URSOS ~ Lilidr Fyriad&VjrifduyCirvalhptir.:

    certos atos, sendo marcado por uma seqncia de comandos. possvel observar, portanto, a predominncia de verbos no imperativo e a ordenao seriada das informaes, especialmente sob a forma de oraes coordenadas, justapostas ou absolutas.

    Exemplo:

    Limpe bem o peixe, corte-o em postas e deixe-o em uma vasilha cora suco de um limo. Conserve por uma hora. Coloque, em uma panela de barro, duas colheres de leo, uma de azeite, cebola, coentro, tomate, pimenta e alho. Arrume as postas de peixe e repita a camada de temperos. No adicione gua ou sal. Cozinhe em fogo brando.Quando abrir fervura, coloque gotas de limo, o leite de coco e um pouco de azeite de dend. Tampe. Espere dez minutos. A moqueca est pronta!

    (Receita de moqueca baiana)

    1.4. Texto dialogai

    Nesse tipo de texto, observa-se predominantemente uma seqncia de falas alternadas, formando um dilogo. E produzido por no mnimo dois locutores, cuja conversa pode ser composta por perguntas e respostas. Geralmente, esse tipo textual caracteriza o texto teatral e as entrevistas. Vale ressaltar, portanto, que, diferente da narrativa, o texto dialogai no apresenta narrador.

    Exemplo:

    Folha - Como o seu processo de trabalho?Joo Cabral - Eu demoro muito a escrever. Tem poemas meus

    que eu levei dez anos para escrever. Fao um esboo, trabalho sobre ele, depois deixo, depois retomo.

    No sou desses escritores de suspiros poticos e saudades, ttulo do livro daquele poeta romntico [Gonalves de Magalhes], Para um sujeito desses, no ter a vista no nenhum problema. Basta a ele cantar seus poemas (risos).

    Folha - Saiu recentemente uma biografia do Carlos Drummond,Os sapatos de Orfeu, de Jos Maria Canado, que fala do afastamento entre ele e o sr. a partir de uma certa poca...

    Joo Cabral - No houve afastamento nenhum. O que o pessoal ignora que desde 47 eu vivi no estrangeiro. Eu era diplomata de carreira. De 47 a 87 eu vivi fora do Brasil. No houve afastamento nenhum. Eu no sou de escrever carta, compreende, mas eu continuei amigo do Carlos at ele morrer. Alis, eu estava no Porto quando ele morreu. De minha parte no houve afastamento. Se houve da dele,

  • no sei. Carlos Drummond nunca foi muito homem de receber visita. Em geral ele era encontrvel na cidade. Minhas passagens pelo Rio eram rpidas, quando eu mudava de uni posto para outro, de forma que eu nem ia no centro da cidade.

    (Trecho da entrevista da Folha Online, )

    '' Cap..t - NOES GERAIS :DE TIPOLOGIA TEXTUAL . ^

    1.5. Texto dissertativo

    A dissertao consiste na elaborao de um text em que se apresentam fatos ou opinies sobre determinado assunto. H um encadeamento de hipteses e conceitos que so direcionados para a apresentao de ideias ou para a defesa de uma tese/opinio. A depender de seu objetivo maior, o texto dissertativo pode ser expositivo (informativo) ou argumentativo. O primeiro no tem o propsito de convencer o leitor, havendo apenas uma apresentao, uma explicao, acerca de determinado assunto. No segundo, o autor tenta convencer o leitor a concordar com alguma ideia defendida e, para isso, emprega um raciocnio coerente baseado na evi- ^dncia de provas.

    Para entender melhor essa diferena, observe os exemplos a seguir.

    Exemplo de texto dissertativo expositivo:

    O crebro da nutrigenmicaO estudo das relaes entre nutrientes e os genes levar criao

    de dietas personalizadas.A maioria dos problemas de sade faz parte de uma complexa

    interao entre o que fazemos (alimentos preferidos, quantidade de atividade fsica) e os cdigos genticos que esses hbitos ativam ou suprimem. A nutrigenmica promete elucidar muitas dessas relaes.Quando comemos, damos s clulas toda a energia de que elas precisam para funcionar corretamente.

    Mas nossos genes respondem aos nutrientes que consumimos.Mutaes podem afetar a orquestrao entre os genes e o ambiente (alimentos). Se o equilbrio quebrado, surge a doena.

    No h programa perfeito para todo o mundo porque cada um de ns geneticamente nico. Mas, por enquanto, invivel oferecer bilhes de programas nutricionais diferentes. Ento preciso agrupar as pessoas para simplificar o problema. Funciona como escolha de sapatos. Os ps de cada um tm suas particularidades, mas a maioria das pessoas no manda fazer sapatos sob medida. Elas escolhem pelo nmero e muitas vezes isso suficiente para que se sintam confortveis. Com as dietas ocorre o mesmo.

    (Entrevista de Jos M. Ordovas, poca n. 351, 07.02.2005,com adaptaes.)

  • Observe que o autor desse texto no tem por objetivo convencer o leitor acerca de algo, apenas inform-lo sobre o conceito de nutrigenmica e suas aplicaes na vida humana. A abordagem do tema imparcial e o autor no revela de forma explcita qualquer posicionamento pessoal em relao ao que apresenta em seu texto.

    Veja agora um exemplo de texto dissertativo diferente.

    Exemplo de texto dissertativo argumentativo:

    Reciclando ideiasMuitas pessoas, especialmente nos domnios dos negcios e da

    cincia, dedicam-se inovao. Pensam, lecionam e escrevem sobre as maneiras pelas quais se pode estimular, medir e gerir a inovao. Como e por que a inovao acontece? - perguntam. Por que existem lugares e momentos histricos mais favorveis que outros inovao?

    Fiorena, durante o Renascimento, serve como exemplo; ou a Inglaterra nos estgios iniciais da Revoluo Industrial, quando surgiram as mquinas txteis e a locomotiva a vapor; ou o Vale do Silcio (Califrnia, EUA), na dcada de 70, plataforma de tantos avanos na eletrnica e na informtica... Algumas pessoas acreditam que a inovao possa ser encorajada por meio da criao de centros de pesquisa; outras, por meio da meditao, sesso de discusso ou at mesmo softwares que facilitariam a gerao de idias... Mas o que, exatamente, inovao?

    Suspeito que a viso da era do romantismo continue a prevalecer at hoje. De acordo com ela, a inovao o trabalho de um gnio solitrio, muitas vezes um professor distrado, que carrega uma ideia brilhante na cabea - aquilo que meu tio, um fsico que trabalhava no setor industrial, costumava chamar de onda cerebral. Caso de Isaac Newton, por exemplo, que supostamente descobriu a gravidade quando uma ma caiu em sua cabea. No entanto, existe uma viso alternativa da inovao, da qual compartilho. De acordo com essa viso, a inovao gradual, em lugar de sbita, e coletiva, em vez de individual. No existe uma oposio acentuada entre tradio e inovao. possvel at mesmo identificar tradies de inovao, sustentadas ao longo de dcadas, como no caso do Vale do Silcio, ou de sculos, como nos campos da pintura e da escultura durante a Renascena ftorentina. Por isso, em vez da metfora da onda cerebral, talvez fosse mais esclarecedor usar como metfora a reciclagem, o reaproveitamento ou o uso improvisado de materiais.

    O caso da tecnologia serve como exemplo. Na metade do sculo XV, Gutenberg inventou a mquina de impresso. No entanto, prensas estavam em uso na produo de vinho havia muito tempo. A brilhante ideia de Gutenberg representou uma adaptao da prensa de vinho a uma nova funo.

    (Peter Burke, Folha de S. Paulo> 24.05.2009.Traduo de Paulo Miglacci, com adaptaes.)

    TCNICAS DE REDAO PRA CONCURSOS r Liiian Frtdo e Vincius Carvalho Pereira

  • Cap. I >- NOES GERAIS. DE TIPOLOGIA TEXTUAL

    Este um texto dissertativo nitidamente argumentativo, pois seu autor se posiciona de forma muito clara diante do tema inovao, querendo convencer o leitor sobre seu ponto de vista. Assim, sua tese fica nitidamente expressa em trechos como Suspeito que a viso da era do romantismo continue a prevalecer at hoje e No entanto, existe uma viso alternativa da inovao, da qual compartilho. De acordo com essa viso, a inovao gradual, em lugar de sbita, -e' coletiva, em vez de individual. Para sustentar esse posicionamento, o autor lanou mo de uma srie de argumentos, que envolvem exemplos clebres e convincentes.

    Note, porm, que, como este um artigo jornalstico de opinio, e no uma dissertao argumentativa para concursos, h aqui a presena dal.a pessoa do singular, recurso discursivo que voc deve evitar na hora da prova, a fim de garantir impessoalidade ao seu texto.

    Importante!

    Na grande maioria das provas de redao para concursos pblicos, exige-se do candidato um texto dissertativo. Algumas bancas determinam com clareza, indusve, se esperam um texto expositivo ou argumentativo, porm nem sempre isso acontece. Como tal informao essencial para que o candidato possa escrever de acordo com as expectativas do corretor, importante conhecer algumas dicas para identificar que tipo de dissertao a banca est pedindo, ainda que isso no esteja expicto no enunciado da prova.

    Veja a proposta de redao a seguir, do concurso para Analista de Controle Externo do TCU (2006), elaborada pela ESAF:

    Dissertar, sobre o mbito de incidncia do regime jurdico nico, estabelecido na Lei n. 8.7 72/90, e quanto s normas constitucionais relativas aos servidores pblicas, regidos por aquele diploma legal, suas garantias fundamentais e fiscalizao especfica estabelecida na Constituio expressamente para aferir a legalidade de determinados atos administrativos, concernentes a suas relaes jurdico-funcionais.

    Como voc pode perceber, no h espao nessa proposta para a opinio do candidato. Ele deve apenas expor seus conhecimentos sobre o tema apresentado na prova, amparado pelo que aprendeu ao estudar as outras disciplinas. A banca no quer saber o ponto de vista particular do candidato sobre o regime jurdico nico, mas sim seus conhecimentos objetivos acerca desse ponto do editai.

    Por outro lado, observe outra proposta de redao, elaborada pelo CESPE, para o concurso para Analista Administrativo da ANATEL (2008):

  • TCNICAS DE REDAO PARA CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho Pereira

    O levantamento Mapa da Violncia: os Jovens da Amrica Latinaindicou que o Brasil ocupa o quinto lugar entre os pases do continente com maior nmero de homicdios de jovens. A pesquisa indicou ainda que o Brasil tambm ostenta um dos mais altos ndices de vitimizao juvenil do mundo, o que significa que a taxa de homicdios entre os jovens bem maior do que entre os no jovens. Nesse quesito, o pas aparece em terceiro lugar no ranque, atrs apenas de Porto Rico e Venezuela. Traduzindo em nmeros: entre 1994 e 2005, a taxa de homicdio total no Brasil passou de 20,2 para 25,2 mortes para cada 100 mil habitantes. No mesmo perodo, esse ndice, apenas entre os jovens, subiu de 34,9 para 51,6 homicdios.

    (,Famiia Crist, fev. 2009, p. 19, com adaptaes.)

    Considerando que o texto acima tem carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema.

    A TRAGDIA DA VIOLNCIA E OS JOVENS

    Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

    a) violncia como caracterstica do mundo contemporneo;

    b) drogas ilcitas, lcool, trnsito e violncia;

    c) oportunidades educacionais, culturais e profissionais: caminho para reduzir a violncia juvenil.

    Embora a banca no tenha usado o termo "argumentao" em toda a proposta, esse um tema sobre o qual cabe opinar, uma vez que no diz respeito mera reproduo de um contedo especfico do edital. Nesse caso, o candidato deveria apresentar sua tese a respeito do tema, apresentando argumentos que a sustentassem.

    2. ELABORANDO UM TEXTO DISSERTATIVO

    Em um concurso pblico, no basta que o candidato escreva qualquer coisa sobre o tema proposto pela banca. Muitas vezes, pessoas desacostumadas tarefa da escrita simplesmente leem o tema proposto e pem-se a escrever desordenadamente sobre ele, na ordem em que as ideias vm mente. Mesmo aqueles que julgam escrever bem caem nessa armadilha, acreditando que lanar as palavras folha de resposta logo aps a leitura do tema uma forma de ganhar tempo.

    Tal engano conduz muitas pessoas a se perderem ao longo do texto, desviando-se do foco central e enveredando por mincias pouco relevantes. H tambm aqueles que, por no se organizarem bem, dizem a mesma coisa vrias vezes, repetindo-se exausto em parfrases vazias.

  • : Cap. I - NOES ERiS DE TIPOLOGIA TEXTUAL' 29

    Dessa forma, importante ter em mente que todo texto dissertativo precisa apresentar na introduo uma tese sobre determinado assunto. Tal tese ser discutida no desenvolvimento por meio de argumentos e encerrada na concluso. Para isso, o texto precisar ser dividido em pargrafos, nos quais ocorrer a apresentao de ideias bsicas.

    Veja, a seguir, um esquema bsico da organizao do texto dissertativo.

    2*1. Detalhando a estrutura do texto dissertativo

    Para a elaborao de uma redao, o ideal que o candidato se habitue a montar um planejamento (roteiro) sobre suas ideias a respeito do tema. De forma geral, uma boa redao dever ser dividida em introduo, desenvolvimento e concluso. Ou seja, importante a montagem do planejamento, um esboo que abarque as ideias a serem discutidas no texto. Isso pode ser feito por meio de um esqueleto redacional, como vemos a seguir:

    Na prova, o tema sugerido pela banca examinadora. Dessa forma, ainda no planejamento, o candidato dever traar com poucas palavras os tpicos que julga mais importantes tratar, defender e discutir no decorrer de toda a redao. interessante selecionar trs tpicos, ou pelo menos dois, a fim de que haja uma abertura maior para a discusso. Cada ideia destacada ainda no

  • , TCNICAS DE REDAO PARA CONCURSOS H Lilian. Furtado; e Vincius Carvalho Preira

    planejamento dever ser apresentada e fundamentada em seu prprio pargrafo de desenvolvimento. Em outras palavras, se partirmos de duas ideias, teremos um desenvolvimento com dois pargrafos; se partirmos de trs ideias, teremos um desenvolvimento com trs pargrafos; e assim por diante.

    Na maioria das vezes, as provas de concursos limitam a redao entre 25 e 30 linhas, o que faz com que seja melhor a elaborao de uma redao com no mximo trs ideias principais, alm da introduo e da concluso. Entretanto, se a prova solicitar mais linhas para a elaborao da redao, o candidato poder traar mais tpicos ou fundamentar mais detalhadamente os j apresentados.

    Assim, de forma resumida pode-se dizer que a redao deve conter cinco pargrafos e cada um deles ter cerca de cinco linhas, para corresponder ao que foi solicitado pela banca examinadora. importante lembrar que isso apenas uma mdia, pois os pargrafos podem ter mais ou menos linhas, embora seja interessante manter certa simetria entre eles.

    A seguir, veja as principais caractersticas de cada uma das sees do texto dissertativo. Note, porm, que todas elas sero estudadas mais aprofundadamente nos prximos captulos.

    2.7.7. IntroduoEste pargrafo deve apresentar a ideia principal a ser desenvolvida

    e defendida no texto. Lembre-se: o leitor precisa saber de forma clara sobre o assunto central do texto, o que exige que o candidato apresente logo no primeiro pargrafo o recorte que julgou mais apropriado em relao ao tema. Quando nos referimos a recorte, queremos dizer que, de uma proposta muito ampla apresentada pela banca, o candidato deve delimitar um ncleo de informaes sobre as quais vai escrever, deixando isso claro bem no incio do texto. Alm disso, na introduo tambm deve ser expressamente definida a tese do autor, caso se trate de um texto argumentativo.

    Observe o esquema a seguir:

  • 2.1.2. Desenvolvimento

    O desenvolvimento a parte mais extensa do texto, era que o candidato dever discutir o tema proposto por meio de argumentos, caso se trate de uma argumentao, ou apresentar imparcialmente os tpicos mais importantes de um dado tema, caso se trate de um texto expositivo. nesse momento que o candidato apresenta seu conhecimento sobre o assunto e persuade V Cap. I " NOES GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL ^ j | |

    2.13. CondusoA concluso a parte final do texto, em que h o fechamento das

    ideas discutidas, com a retomada do assunto principal ou da tese de forma finalizadora. importante no esmorecer nesse ltimo pargrafo, evitando concluses simplistas ou utpicas. Caso queira, voc pode ainda apresentar propostas de soluo a problemas mencionados ao longo do texto, ou mesmo sintetizar os argumentos que foram trabalhados nos pargrafos anteriores.

    Observe o esquema a seguir:

  • | Q | : TNAS-.DE REDAO PARA CONURSS V Lilipr Furtado Vincius: arvqh Pereira .

    3. CONHECENDO A FOLHA DE REDAO

    O candidato receber duas folhas parecidas com o desenho a seguir. Em primeiro lugar, fundamental que se respeitem as margens da esquerda e da direita da folha de redao. A primeira linha de cada pargrafo dever comear com um distanciamento de um centmetro da margem esquerda da folha. Em relao margem direita, as palavras devero chegar at o fim da linha.

    123456789101112131415161718192021222324252627282930

  • Cap. I - NOES GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL

    Por fira, se a ltima palavra de uma linha no couber inteiramente nela, deve-se separar o vocbulo por um trao translineador e o restante da palavra dever continuar na linha seguinte, rente margem esquerda (veja, no exemplo a seguir, as palavras cincia e inovao).

    Exemplo:

    01 Muitas pessoas, especialmente nos domnios dos negcios e da cin02 cia, dedicam-se inovao. Pensam, iecionam e escrevem sobre as maneiras03 pelas quais se pode estimular e mensurar a inovao. "Como epor-que a inova04 o acontece?" perguntam. Por que existem iugares e momentos histricos mais

    05 favorveis que outros inovao?

    O candidato tambm no dever pular linha de um pargrafo para outro, nem mesmo do ttulo (caso exista) para o incio da redao. A esse respeito, cabe destacar a grande polmica que existe quanto colocao ou no de ttulo. Se a prova for explcita quanto sua obrigatoriedade, o candidato deve obviamente adicion-lo em seu texto; caso contrrio, no haver necessidade de acrescent-lo redao. Por fim, caso haja uma linha centralizada e sem nmero no incio da folha, est subentendido que ali se deve escrever o ttulo.

    Vale lembrar tambm que, caso a banca pea que se d um ttulo ao texto, deve-se buscar aquilo que melhor resume a ideia centrai discutida na redao. Note ainda que alguns tericos mais tradicionais recomendam que no se coloque verbo no ttulo do texto.

    Observe os exemplos abaixo:

    - Exemplo:Elabore um texto dissertativo argumentativo e adicione um ttulo.

    01 Reciclando ideias

    02 Muitas pessoas, especialmente nos domnios dos negcios e da cin

    03 cia, dedicam-se inovao. Pensam, lecionam e escrevem sobre as maneiras

    Exemplo:Elabore um texto dissertativo argumentativo.

    01 Muitas pessoas, especialmente nos domnios dos negcios e da cin

    02 cia, dedicam-se inovao. Pensam, lecionam e escrevem sobre as maneiras

  • ;;;TGNIS '0E;REPD ^RA NCRSQS - /ia/r;^^

    Veja que, como o comando no solicitou ttulo, o texto dever iniciar j na linha um, embora no seja proibida a colocao do ttulo.

    Exemplo:Elabore um texto dissertativo argumentativo e adicione um ttulo.

    Reciclando ideias

    01 Muitas pessoas, especialmente nos domnios dos negcios e da cin

    02 cia, dedicam-se inovao. Pensam, lecionam e escrevem sobre as maneiras

    Observe que, no ltimo exemplo, h uma linha centralizada e sem nmero para a insero do ttulo; no segundo exemplo, como isso no acontece, o candidato dever redigi-lo na primeira linha numerada.

    4. EXERCCIOS

    1. Relacione as colunas de acordo com a tipologia textual:(1) Descrio (2) Narrao (3) Dissertao

    a) ( } Maria baxa e magra, como convm a algum que sempre comeu muito pouco, e sua pele tem a colorao tpica dos que tomam sol, chuva, mormao, ou qualquer coisa que no se possa escolher ou evitar.

    b) ( ) H opinies divergentes quando as autoridades discutem a eliminao das favelas existentes em vrios pontos das grandes metrpoles.

    c) ( ) Nas proximidades da Cidade de Campo Limpo, existe um pequeno stio. Em sua parte mais baixa, h um milhara! que se estende at a casa de paredes brancas e janelas enormes.

    d) { ) Carla matriculou-se em um famoso cursinho, desses que preparam os alunos para os exames vestibulares. Logo no primeiro dia de aula, depois de subir os seis lances de escadas que conduziam sua classe, de duzentos e quarenta alunos, entrou na sala espantada com a quantidade de colegas.

    e) { ) Chegando ao terceiro milnio, o homem ainda no conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populaes imersas em completa misria, a paz interrompida frequentemente por conflitos internacionais e, alm do mais, o meio ambiente encontra-se ameaado por srio desequilbrio ecolgico.

    f) ( ) O rapaz, depois de estacionar seu automvel em um pequeno posto de gasolina daquela rodovia, perguntou a um funcionrio onde ficava a cidade mais prxima. Ele respondeu que era um vilarejo a dez quilmetros dali.

    g} ( ) O cu, uniforme e pacfico, estende-se por sobre as numerosas ruas, avenidas. Espraia-se, entre os edifcios, a rea sombreada.

    h) ( ) indiscutvel o espantoso avano conseguido pelos meios de comunicao ao longo dos tempo. O desenvolvimento tecnolgico deste sculo garantiu a eficincia e a rapidez na comunicao, quer entre indivduos, quer por meio dos meios ele-

  • Cap. I - NOES GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL

    trnicos, que fazem a informao chegar aos povos de qualquer parte do planeta em questo de segundos.

    ) ( ) Em uma noite chuvosa do ms de agosto, Paulo e o irmo caminhavam pela rua mal iluminada que conduzia sua residncia. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assaltante. Era, entretanto, somente um bbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.

    j) ( ) Tem havido muitos debates sobre a eficincia do sistema educacional brasileiro. Argumentam alguns que eie deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informaes dos mais diferentes tipos e relacion-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a compreenso dos problemas socioeconmicos e que despertasse no alun a curiosidade cientfica seria por demais desejvei.

    k) ( } Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trpicos. Os olhos negros e amendoados espelhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traos bem desenhados compunham uma fisionomia caima, que mais parecia uma pintura.

    Leia o texto a seguir para responder questo de nmero 2.

    Brasil e frica do Sul assinam acordo de cooperao

    O Ministrio da Educao do Brasil e o da frica do Sul assinaram no incio de julho um acordo de cooperao internacional na rea da educao superior. Alm de apoiar o ensino universitrio e prever a promoo conjunta de eventos cientficos e tcnicos, o acordo contempla o intercmbio de materiais educacionais e de pesquisa e o incentivo mobilidade acadmica e estudantil entre instituies de ensino superior, institutos de pesquisa e escolas tcnicas. Para incentivar a mobilidade, alm de projetos conjuntos de pesquisa, os dois pases devem promover a implantao de programas de intercmbio acadmico, com a concesso de bolsas, tanto a brasileiros na frica do Sul quanto a sul-africanos no Brasil, para professores e alunos de doutorado e ps-doutorado. Ainda nessa rea, a cooperao tambm prev a criao de um programa de fomento a publicaes cientficas associadas entre representantes dos dois pases.

    Segundo o ministro da Educao brasileiro, Fernando Haddad, as equipes de ambos os ministrios da Educao trabalham h tempos na construo de um acordo para incrementar a cooperao entre os dois pases. "Brasil e frica do Su! tm uma grande simwilaridade de pensamento, oportunidades e desafios. Espervamos h tempos a formatao de um acordo slido".

    (, com adaptaes.)

    Julgue o item a seguir quanto compreenso do texto e tipologia textua.

    (CESPE) Quanto tipologia, o texto caracteriza-se como informativo.

    Leia o texto a seguir para responder questo de nmero 3.

    Podem ser fios demais cados no travesseiro. Ou fios de menos percebidos na cabea ao se olhar no espelho. No fim das contas, o resultado o

  • . TCNICAS DE REDAO PARA.CONCURSOS - Lilian Furtado sVincius Carvalho Pereira

    mesmo: voc est perdendo cabelo. E no est sozinho. "A calvcie atinge 50% da populao masculina", diz o dermatologista Ademir Carvaiho Leite Jr. Se tanta companhia no vaie como consolo, a vantagem de ter muita gente sofrendo com o problema que isso estimula as pesquisas cientficas. "H equipes estudando o uso de cluias-tronco para tratamento da calvcie" conta Leite Jr. Tambm j foi descoberto que so oito os pares de genes envolvidos no crescimento dos cabelos, segundo ele, o que abre possibilidades pesquisa gentica.

    "Entre as perspectivas, est o desenvolvimento de testes genticos para diagnstico da aopecia androgentica, ou seja, a ausncia de cabelos provocada pela interao entre os genes herdados e os hormnios masculinos. O teste pode determinar o risco e os graus de calvcie antes de sua manifestao, permitindo o tratamento precoce" diz Arthur Tyko- cinski, dermatologista da Santa Casa de So Paulo, que aponta ainda, entre as novidades na rea, os estudos para uso de robs no processo de transplante de cabelos.

    (Iara Biderman, Folha de S.Pauio, 29.08.2008, com adaptaes.)

    Com relao s ideias, organizao e tipologia do texto, jugue o item que se segue.

    (CESPE) A linguagem empregada no texto permite caracteriz-lo como predominantemente informativo.

    Leia o texto a seguir para responder questo de nmero 4.

    Uma pesquisa realizada em 16 pases mostrou que os jovens brasileiros so os que colecionam o maior nmero de amigos virtuais. A mdia brasileira de contatos mais do que o dobro da mundial, que tem como base pases como Estados Unidos da Amrica (EUA) e China. O levantamento avaliou a participao da tecnologia na vida de 18 mil jovens de 8 a 24 anos, com acesso fcil Internet, telefones celulares e pelo menos dois outros aparelhos eletrnicos. Os brasileiros com idade entre 14 e 24 anos tm em mdia 46 amigos virtuais, enquanto a mdia giobal de 20.No mundo, os jovens costumam ter cerca de 94 contatos guardados no celular, 78 na lista de programas de mensagem instantnea e 86 em stios de relacionamento como o Orkut.

    (Jornal do Brasil, 27.07.2007, p, A24, com adaptaes.)

    Tendo o texto acima como referncia iniciai, julgue os itens que se seguem, tanto acerca de estruturas lingsticas desse texto quanto do impacto do desenvolvimento cientfico-tecnoigico nos mais diversos setores da vida contempornea.

    (CESPE) O texto entrelaa caractersticas de dissertao; de narrao e de descrio.

  • ap. I - NOES GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL r a

    Leia o texto a seguir para responder questo de nmero 5.

    Dentro de um ms tinha comigo vinte, aranhas; no ms seguinte cinqenta e cinco; em maro de 1877 contava quatrocentas e noventa. Duas foras serviram principaimente empresa de as congregar: o emprego da lngua delas, desde que pude discerni-la um pouco, e o sentimento de terror que ihes infundi. A minha estatura, as vestes talares, o uso do mesmo idioma fizeram-lhes crer que eu era o deus das aranhas, e desde ento adoraram-me. E vede o benefcio desta iluso. Como as acompanhasse com muita ateno e miudeza, lanando em um livro as observaes que fazia, cuidaram que o livro era o registro dos seus pecados, e fortaleceram-se ainda mais nas prticas das virtudes. (...)

    No bastava associ-las; era preciso dar-lhes um governo idneo. Hesitei na escolha; muitos dos atuais pareciam-me bons, alguns excelentes, mas todos tinham contra s o existirem. Explico-me. Uma forma vigente de governo ficava exposta a comparaes que poderiam amesquinh-la. Era-me preciso ou achar uma forma nova ou restaurar alguma outra abandonada. Naturalmente adotei o segundo alvitre, e nada me pareceu mais acertado do que uma repblica, maneira de Veneza, o mesmo molde, e at o mesmo epteto. Obsoleto, sem nenhuma analogia, em suas feies gerais, com qualquer outro governo vivo, cabia-lhe ainda a vantagem de um mecanismo complicado, o que era meter prova as aptides polticas da jovem sociedade.

    A proposta foi aceita. Serenssima Repblica pareceu-lhes um ttulo magnfico, roagante, expansivo, prprio a engrandecer a obra popular.

    No direi, senhores, que a obra chegou perfeio, nem que l chegue to cedo. Os meus pupilos no so os solrios de Campanela ou os utopistas de Morus; formam um povo recente, que no pode trepar de um salto ao cume das naes seculares. Nem o tempo operrio que ceda a outro a lima ou o alvo; ele far mais e melhor do que as teorias do papel, vlidas no papel e mancas na prtica.

    (Machado de Assis. A Serenssima Repblica [conferncia do cnego Vargas]. In Obra completa, vol. ii. Contos. Papis avulsos. Rio de Janeiro:

    Jos Aguilar, 1959, p. 337-8.)

    No que se refere aos sentidos, organizao das ideias do texto e tipologia textual, julgue os itens a seguir.

    (CESPE) O autor do texto, por meio de narrativa alegrica, uma parbola, expe seu ponto de vista acerca do comportamento humano e da organizao poltica e soctal.

    Leia o texto a seguir para responder questo de nmero 6.

    Por intermdio da Bolsa de Mercadorias e Futuros, a Prefeitura de So Paulo colocou venda 808.450 Redues Certificadas de Emisses (RCEs), que correspondem a 1,64 milho de toneladas de gs metano, produzidas pelo Aterro Sanitrio Bandeirantes, em Perus, que deixaram de ser lanadas na atmosfera.

  • TCNSCAS DE REDAO PAR CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius. Carvalho Pereira

    O matria! orgnico presente no fixo se decompe ientamente, formando biogs rico em metano, um dos mais nocivos ao meio ambiente por contribuir intensamente para a formao do efeito estufa. No Aterro Bandeirantes, foi instalada, no ano passado, a Usina Termeltrica Bandeirantes, uma parceria entre a prefeitura e a Biogs Energia Ambientai. L, 80% do biogs usado como combustvel para gerar 22 megawatts, energia eltrica suficiente para atender s necessidades de 300 mil famlias.

    Em reiao s ideias e a aspectos morfossintticos do texto acima, julgue os itens a seguir.

    6. (CESPE) Trata-se de um texto dissertativo composto a partir de segmentos narrativos e descritivos.

    Leia o texto a seguir para responder questo de nmero 7.

    Tempo iivre

    A questo do tempo livre - o que as pessoas fazem com ele, que chances eventualmente oferece o seu desenvolvimento - no pode ser formulada em generalidade abstrata. A expresso, de origem recente - alis, antes se dizia cio, e este era um privilgio de uma vida folgada e, portanto, algo qualitativamente distinto e muito mais grato -, ope-se a outra: de tempo no livre, aquele que preenchido pelo trabalho e, poderamos acrescentar, na verdade, determinado de fora.

    O tempo livre acorrentado ao seu oposto. Essa oposio, a relao em que ela se apresenta, imprime-lhe traos essenciais. Alm do mais, muito mais fundamentalmente, o tempo livre depender da situao geral da sociedade. Mas esta, agora como antes, mantm as pessoas sob um fascnio. Decerto, no se pode traar uma diviso to simpies entre as pessoas em si e seus papis sociais. (...) Em uma poca de integrao socia sem precedentes, fica difcil estabelecer, deforma geral, o que resta nas pessoas, alm do determinado pelas funes, isso pesa muito sobre a questo do tempo livre. Mesmo onde o encantamento se atenua e as pessoas esto ao menos subjetivamente convictas de que agem por vontade prpria, isso ainda significa que essa vontade modelada por aquilo de que desejam estar livres fora do horrio de-trabalho.

    A indagao adequada ao fenmeno do tempo livre seria, hoje, esta: "Com o aumento da produtividade no trabalho, mas persistindo as condies de no liberdade, isto , sob relaes de produo m que as pessoas nascem inseridas e qMe, hoje como antes, ihes prescrevem as regras de sua existncia, o que ocorre com o tempo livre?" (...) Se se cuidasse de responder questo sem asseres ideolgicas, tornar-se-ia imperiosa a suspeita de que o tempo livre tende em direo contrria de seu prprio conceito, tornando-se pardia deste. Nele se prolonga a no liberdade, to desconhecida da maioria das pessoas no livres como a sua no liberdade em si mesma.

  • Podemos esclarecer isso de maneira simples por meio da ideologia do hobby. Na naturalidade da pergunta sobre qual hobby se tem, est subentendido que se deve ter um, provavelmente tambm j escolhido de acordo com a oferta do negcio do tempo livre. Liberdade organizada coercitiva: "Ai de ti se no tens um hobby, se no tens ocupao para o tempo livre! Ento tu s um pretensioso ou antiquado, um bicho raro, e cais em ridculo perante a sociedade, a qual te impinge o que deve ser o teu tempo livre." Tal coao no , de nenhum modo, somente exterior.Ela se Siga s necessidades das pessoas sob um sistema funcional. No camping ~ ho antigo movimento juvenil, gostava-se de acampar - havia protesto contra o tdio e o convencionalismo burgueses. O que os jovens queriam era sair, no duplo sentido da palavra. Passar-a-noite-a-cu-aberto eqivalia a escapar da casa, da famlia. Essa necessidade, depois da morte do movimento juvenii, foi aproveitada e institucionalizada pela indstria do camping. Ela no poderia obrigar as pessoas a comprar barracas e motor homs, alm de inmeros utenslios auxiliares, se algo nas pessoas no ansiasse por isso; mas a prpria necessidade de liberdade funcio- nafizada e reproduzida pelo comrcio; o que elas querem ihes , mais uma vez, imposto. Por isso, a integrao do tempo livre alcanada sem maiores dificuldades; as pessoas no percebem o quanto no so livres l onde mais livres se sentem, porque a regra de tal ausncia de liberdade lhes foi abstrada.

    (T. W. Adorno. Palavras e sinais, modelos crticos 2. Traduo de Maria Helena Ruschel. Petrpolis: Vozes, 1995, p. 70-82, com adaptaes.}

    De acordo com a tipologia textual o texto classifica-se como descritivo-nar- rativo, visto que descreve como as pessoas se comportam na sociedade em relao ao tempo livre e narra como os jovens, no antigo movimento juvenil, protestavam contra o tdio e o convencionalismo burgueses.

    .. Cap. - I^OES 'GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL

    Leia o texto a seguir para responder questo de nmero 8.

    Secretria

    O teste definitivo para voc saber se voc est ou no integrado no mundo moderno a secretria eletrnica. O que voc faz quando liga para algum e quem atende uma mquina.

    Tem gente que nm pensa nisso. Falam com a secretria eletrnica com a maior naturalidade, qual o problema? apenas um gravador estranho com uma funo a mais. Mas a que est. No uma mquina como qualquer outra. uma mquina de atender telefone. O telefone (que eu no sei como funciona, ainda estou tentando entender o estilingue) pressupe um contato com algum e no com alguma coisa.

    A secretria eletrnica abre um buraco nesta expectativa estabelecida. desconcertante. Atendem - e algum dizendo que no est l! Seguem instrues para esperar o bip e gravar a mensagem.

    a que comea o teste. Como falar com ningum no telefone? Um telefonema como aqueies livros que a gente gosta de ier, que s tem

  • dilogos. travesso voc faia, travesso fala o outro. E de repente voc est falando sozinho. No nem monlogo. dilogo s de um.

    - Ahn, sim, bom, mmm... olha, eu teiefono depois. Tchau. O "tchau" para a mquina. Porque temos este absurdo medo de mago-la. Medo de que a mquina nos telefone de volta e nos xingue, ou peio menos nos bipe com reprovao.

    Sei de gente que muda a voz para falar com secretria eletrnica. Fica formal, cuida a construo da frase. s vezes precisa resistir tentao de ligar de novo para regravar a mensagem porque errou a colocao do pronome.

    Outros no resistem. Ao saber que esto sendo gravados, limpam a garganta, esperam o bip e anunciam:

    - De Augustn Lara...E gravam um bolero.Talvez seja a nica atitude sensata.

    8. (NCE) Considerando o texto como um todo, podemos classific-lo predominantemente como:

    TCNICAS DE REDAO PAR CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho Pereira

    a} narrativo;b) descritivo;c) expositivo;d) argumentativo;e) conversacional.

    Leia o texto a seguir para responder s questes de nmeros 9 e 10.

    Por que o Budismo encanta o Ocidente?

    O budismo faz tanto sucesso no Ocidente porque possui caractersticas que correspondem s tendncias da ps-modernsdade neoliberal. Num mundo em que muitas reiigies se sustentam em estruturas autoritrias e apresentam desvios fundamenta listas, o budismo apresenta-se como uma no religio, uma filosofia devida que no possui hierarquias, estruturas nem cdigos cannicos. No budismo no h a ideia de Deus, nem de pecado. Centrado no indivduo e baseado na prtica da yoga e da meditao, o budismo no exige compromissos sociais de seus adeptos, nem submisso a uma comunidade ou crena em verdades reveladas, H, contudo, muitos budistas engajados em iutas sociais e polticas.

    Nessa cultura do elixir da eterna juventude, em que o envelhecimento e morte so encarados, no como destinos, mas como fatalidades, o budismo oferece a crena na reencarnao.

    Acreditar que ser possvel viver outras vidas alm dessa sempre consolo e esperana para quem se deixa seduzir pela ideia da imortalidade e no se sente plenamente realizado nessa existncia.

    Outro aspecto do budismo que o torna to paiatvei no Ocidente a sua adequao a qualquer tendncia religiosa. Pode-se ser catlico ou

  • Cap. I - NOES GERAIS DE TIPOLOGIA TEXTUAL

    protestante e abraar o budismo como disciplina mental e espiritual, sem conflitos. Mesclar diferentes tradies religiosas uma tendncia crescente para quem respira a ideologia ps-moderna do individualismo exacerbado, segundo a qual cada um de ns pode ser seu prprio papa ou pastor, sem necessidade de referncias objetivas.

    Como mtodo espiritual, o budismo de grande riqueza, pois nos ensina a lidar, sem angstia, com o sofrimento; a iimpar a mente de inquietaes; a adotar atitudes ticas; a esvaziar o corao de vaidades e ambies desmedidas; a ir ao encontro do mais ntimo de ns mesmos, i onde habita aquele Outro que funda a nossa verdadeira identidade.

    A felicidade, que em si resultaria de um projeto temporal, reduz-se hoje ao mero prazer instantneo derivado, de preferncia, da dilatao do ego (poder, riqueza, projeo pessoal etc.) e dos "toques" sensitivos (tico, epidrmico, gustativo etc.). A utopia privatizada. Resume-se ao xito pessoal. A vida j no se move por ideais nem se justifica pela nobreza das causas abraadas. Basta ter acesso ao consumo que propicia excelente conforto: o apartamento de luxo, a casa na praia ou na montanha, o carro novo, o kft eletrnico de comunicaes (telefone celular, computador etc.), as viagens de lazer. Uma ilha de prosperidade e paz imune s tributaes circundantes de um mundo movido a violncia. O Cu na Terra - prometem a publicidade, o turismo, o novo equipamento eletrnico, o banco, o carto de crdito etc.

    (Frei Betto)

    9. (NCE) Assinale a opo que est de acordo com a direo argumentativa dotexto.a} O prazer instantneo derivado da dilatao do ego decorrente de um projeto

    temporal.b} A felicidade para o mundo contemporneo prescinde dos toques sensitivos.c} Substitui-se, hoje, um projeto temporal, que envolveria causas e ideais nobres, pelo

    prazer instantneo.d) O xito pessoa! resulta de uma utopia privatizada que conseqncia de um projeto

    temporal.e} Os ideais e a nobreza das causas levam ao consumo, prosperidade e paz, o que

    torna o ser humano imune violncia.

    10. (NCE) Pela estrutura e contedo, a melhor definio para esse tipo de texto:a) narrativo didtico, pois ensina e mostra diferentes aspectos em ordem cronolgi

    ca;b) expositivo preditivo, pois antecipa situaes futuras das relaes entre as crenas;c) argumentativo polmico, pois apresenta ideias que defendem uma posio contra

    outras possveis;d) descritivo informativo, pois informa caractersticas novas sobre o budismo, que so

    de interesse geral;e) dissertativo normativo, pois visa dar normas de conduta aos leitores.

  • TCNICAS p. REDAO PARA'CONCURSOS - Lifin Furtado: Vincius Carvalho Pereira:

    GABARITO

    1 - a) 1 2 - C

    b) 3 3 - C

    C)1 4 - Cd) 2 5 ~ Ce) 3

    f ) 2

    9)T

    h) 3

    i) 2

    6 - C

    7 - E

    8 - D

    9 ~ C

    j>3 1 0 - C

    k p

  • Captulo I

    O PARGRAFO

    1. A DIVISO DAS IDEIAS EM PARGRAFOS

    No captulo anterior, voc estudou os diferentes tipos e gneros textuais, aprofundando-se no texto dissertativo, uma vez que esse o mais cobrado em provas de Redao de concursos pblicos. No entanto, no basta apenas conhecer a macroestrutura desse tipo textual, isto , sua organizao em introduo, desenvolvimento e concluso. necessrio que voc saiba como agrupar em blocos lgicos as ideias de seu texto, a fim de garantir sua legibilidade, coeso e coerncia. Para tanto, este captulo se destina ao estudo do pargrafo, uma microestrutura textual cujo domnio necessrio para escrever bem.

    A primeira coisa que tem de ficar clara para o candidato do concurso a importncia de dividir o texto em pargrafos. Escrever um longo bloco ininterrupto de frases toma o texto confuso e compromete sua apresentao, lio que diz respeito a aspectos de limpeza e legibilidade. As bancas descontam pontos referentes a esse critrio quando o candidato faz rasuras demais, desrespeita as margens, tem caligrafia pouco legvel ou no respeita a paragrafao. Lembre-se, pois, de que esses pontos podem ser cruciais para a sua aprovao.

    Alm disso, um nico pargrafo excessivamente longo dificulta a apreenso das ideias do texto. Como veremos neste captulo, cada pargrafo tende a apresentar uma nica informao central, a respeito da qual se aprofunda. Se voc escrever um bloco muito extenso de frases, acrescentando-lhe dados muito diversos, o leitor ter dificuldades de perceber quais so as ideias centrais abordadas por voc.

    Assim, para no cometer esse erro, preciso que voc delimite claramente cada uma das ideias que julga mais relevante no seu texto, separando-as em pargrafos diferentes. Isso demonstra, inclusive, que voc reconhece a hierarquia lgica das informaes, agrupando as perifricas sempre em tomo de uma principal.

  • TCNICAS DE REDAO PARA CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho Pereira

    Nesse sentido, vale ressaltar que algumas bancas, como o CESPE/ TJnB, at costumam dizer, na prova, que pontos temticos devem ser cobertos pelo autor da redao. Esses tpicos sero atentamente buscados pelo corretor quando este ler sua redao, sendo necessrio delimit-los de forma bem evidente no seu texto.

    Para ficar mais claro como isso funciona, veja o exemplo a seguir de uma proposta de redao elaborada pelo CESPE/UnB para o cargo de Analista Judicirio do TRE-MA em 2009:

    Prova discursiva Nesta prova, faa o que se pede, usando o espao para rascunho indicado no

    presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a folha de texto definitivo da prova discursiva, no local apropriado, pois no sero avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos.

    Qualquer fragmento de texto alm do limite mximo de linhas disponibilizado ser desconsiderado.

    Na folha de texto, definitivo, identifique-se apenas no cabealho da primeira pgina, pois no ser avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.

    "Torna-se essencial dotar o Estado de condies para que seus governos enfrentem com xito as falhas do mercado. Para isso, necessrio dotar o Estado de mais governabilidade e governana; preciso, alm de garantir condies cada vez mais democrticas de govern-lo, torn-lo mais eficiente, de forma a atender as demandas dos cidados com melhor qualidade e a um custo menor".

    (Bresser Pereira, 1998.)

    Considerando que o texto acima tem carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo a respeito do seguinte tema.

    EM BUSCA DA GOVERNANA DO ESTADO BRASILEIRO COMO ALICERCE PARA A CONSOLIDAO DA CIDADANIA.

    Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes tpicos:

    construo da definio de governana;

    tecnologias de gesto aplicadas busca da governana;

    desafios a serem transpostos para a consolidao da governana e da cidadania.

    Como voc pde observar, a banca definiu claramente trs tpicos que devem integrar a redao do candidato. Para o desenvolvimento de

  • Cap. II - O PARGRAFO 1 9

    cada um deles, o corretor pode atribuir uma determinada pontuao, definida no espelho de correo. No entanto, para que algum possa receber integralmente essa pontuao, sem penalizaes diversas, muito importante estruturar o texto de forma organizada, direcionando o leitor para a identificao dos tpicos mencionados na proposta de redao feita pela banca.

    Para tanto, o ideal colocar cada um desses tpicos em um pargrafo distinto, alm dos pargrafos de introduo e concluso. Acrescentar mais de um desses itens em um mesmo pargrafo pode fazer com que o corretor julgue seu texto mal estruturado ou mesmo pouco aprofundado, no que diz respeito ao desenvolvimento de cada um dos pontos exigidos pela banca.

    Assim, o ideal seria organizar o texto desta forma:

    * 1. pargrafo - introduo (apresentao do tema e do ponto de vista defendido);

    * 2. pargrafo - desenvolvimento (argumentao sobre construo da definio de governana);

    * 3. pargrafo desenvolvimento (argumentao sobre tecnologias de gesto aplicadas busca da governana);

    * 4. pargrafo - desenvolvimento (argumentao sobre desafios a serem transpostos para a consolidao da governana e da cidadania);

    * 5. pargrafo - concluso (reafirmao do ponto de vista defendido).

    Nos prximos captulos, estudaremos em detalhes cada uma das trs principais sees do texto dissertativo - introduo, desenvolvimento e

  • concluso atentando para suas especificidades. Por ora, nosso foco recai sobre a estrutura geral do pargrafo, como veremos a seguir.

    TCNiCAS DE REDAO PARA CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho Pereira

    Importante!

    Vale ainda lembrar um erro muito freqente de candidatos inexperientes: o hbito de escrever no computador desacostumou muitas pessoas redao feita mo. Como os programas editores de texto ajudam o usurio na formatao de seus documentos, diversas pessoas esquecem, na hora da prova, um detalhe importante: a necessidade de deixar um espao em branco no incio da primeira linha de cada pargrafo. Na escola, as professoras do ensino fundamental costumam at dizer para o aluno que deixe "um dedinho" depois da margem, antes de iniciar o pargrafo. Sabemos que isso parece um pormenor pouco relevante, mas a falta desses espaos no incio de cada pargrafo faz com que o candidato perca pontos no critrio de limpeza e legibilidade, j mencionado neste captulo.

    2. A ESTRUTURA DO PARGRAFO

    2.1.0 tpico frasal

    Antes de expormos a teoria acerca da estruturao do pargrafo, vamos ler um texto dissertativo que servir como modelo para nossas anlises:

    Soluo oh entrave?Promulgada em setembro de 2008, a nova Lei do Estgio ainda

    provoca dvidas entre empresrios e estudantes. Fruto de um ongo debate, seu maior objetivo, segundo o ministro do trabalho, Carlos Lupi, era: Proporcionar a milhes de jovens estudantes brasileiros os instrumentos que facilitem sua passagem do ambiente escolar para o mundo do trabalho. A lei reconhece o estgio como um vnculo educativo-profissionalizante, supervisionado e desenvolvido como parte do projeto pedaggico e do itinerrio formativo do educando. Isso quer dizer, com todas as letras, que estgio no emprego. E o ponto de partida para qualquer discusso sobre o tema.

    O Brasil no dispunha de uma lei que regulamentasse claramente os direitos e deveres das empresas, das escolas e dos estagirios. O presidente do Centro de Integrao Empresa-Escola (CIEE) explica que, at o ano passado, ais regras eram balizadas por decretos, normas e portarias, que comearam a entrar em vigor h 45 anos. Foi quando nasceu o CIEE, responsvel por realizar a ponte entre o mundo do trabalho e o mundo do saber.

    Mantido por contribuies das empresas associadas, o CIEE lanou o Guia prtico para entender a Nova Lei do Estgio, com respostas a mais de 30 perguntas acerca das mudanas e normas mais importantes. Entre elas, destacam-se a limitao da jornada diria para seis horas, a obrigatoriedade de pagamento do auxlio-transporte, a concesso

  • Gap; 11 - O PARGRAFO

    do recesso obrigatrio de 30 dias aps um ano de estgio e o limite mximo de dois anos de permanncia em uma mesma empresa.

    A nova lei no recebeu mais questionamentos quando foi apresentada em setembro de 2008. Algumas poucas vozes se levantaram poca, temendo que mais encargos s empresas inibissem a oferta de vagas. Mas, em geral, foi saudada, principalmente pelos estudantes, cansados de passar o dia em atividades banais pouco instrutivas ou de trabalharem mais de oito horas dirias, sem dcimo terceiro,INSS, FGTS, frias.

    (Celso Marcondes. Soluo ou entrave? CartaCapUal,29.04.2009, p. 8-9, cora adaptaes.)

    Quando lemos um texto, podemos identificar em cada um dos pargrafos uma ideia principal, que geralmente se articula diretamente com o assunto central do texto. No caso do artigo dissertativo-argumentativo que voc acabou de ler, o tema a criao da Lei do Estgio, em 2008, como se percebe logo nas primeiras linhas.

    Se voc analisar atentamente o primeiro pargrafo do artigo, vai perceber que sua primeira frase dialoga diretamente com o tema do texto e resume bem a ideia desse pargrafo. A essa frase principal, que apresenta a informao central do pargrafo, chamamos de tpico frasal. Geralmente, tal perodo mais curto que os outros, apresentando uma informao genrica, que as demais frases do pargrafo desenvolvem e aprofundam.

    No obrigatrio que a primeira frase do pargrafo seja o tpico frasal: h casos em que o tpico um perodo do meio do pargrafo, ou mesmo do final. No entanto, na hora de escrever uma redao em um concurso, vale lembrar que costuma ser mais rpido escrever pargrafos iniciados pelo tpico frasal, apresentando brevemente a informao central daquele bloco. Isso tambm evita que o autor do texto se perca e facilita o trabalho do conretor, o qual identifica rapidamente a que se refere cada pargrafo do texto, logo na primeira leitura.

    Voltando ao texto Soluo ou entrave?, vamos analisar detidamente a estrutura de cada um dos seus pargrafos:

    1. pargrafo - O tpico frasal que o abre apresenta imediatamente a ideia em torno da qual as demais frases se articulam: a Lei do Estgio. Os demais perodos caracterizam os objetivos da Lei do Estgio e resumem suas contribuies para a sociedade.

    2. pargrafo - O tpico frasal que o abre apresenta a informao central do pargrafo: a situao do Brasil anterior promulgao da lei. As outras frases do pargrafo aprofundam essa viso panormica inicial, trazendo um testemunho de autoridade acerca

  • do assunto e contexualizando a criao do CIEE, intimamente relacionado implementao da Lei do Estgio.3. pargrafo - O tpico frasal que o inicia introduz na discusso a redao do Guia prtico para entender a Nova Lei do Estgio. A frase, subsequente acrescenta algumas das informaes principais desse guia, que visa a elucidar dvidas quanto lei de que trata o texto.4. pargrafo ~ O tpico frasal que o inicia traz baila a aceitao quase geral da Lei do Estgio. Os demais perodos apresentam os motivos pelos quais essa lei foi to bem-aceita, a despeito de alguns poucos opositores a ela.

    ' TCNICAS DE REDAO PARA CONCURSOS - Lilian Furtado e Vincius Carvalho Pereira. .

    Como voc pde ver, muito importante que o tpico frasal carregue uma informao de cunho geral, a fim de que seja desenvolvido nos prximos perodos. Isso facilita a leitura e evita que voc escreva frases excessivamente longas, as quais tomam o texto confuso. Apresentar as ideias no pargrafo de forma ordenada vai fazer com que voc escreva mais rpido e com mais qualidade, uma vez que no correr o risco de se perder no meio do percurso. Basta lembrar que as frases que se sucedem ao tpico frasal devem se remeter a ele, aprofundando algum aspecto nele contido.

    Outra coisa que voc pode concluir a partir desta exposio que, em uma prova de redao para concursos pblicos, devemos evitar pargrafos com uma s frase. Um pargrafo formado por um nico perodo invariavelmente incorrer em um dos seguintes problemas: comprimento excessivo, prejudicando a leitura, ou superficialidade na abordagem, dada a exiguidade de informaes apresentadas. Assim, sempre que voc vir que escreveu apenas uma frase de sentido genrico (o tpico frasal), esforce-se para acrescentar ao fim dela outro perodo, aprofundando o que foi dito no tpico.

    2 .2 . 0 desenvolvimento do tpico frasal

    Como voc acabou de perceber, no basta redigir um tpico frasal, na hora de escrever seu prgrafo.. preciso tambm acrescentar frases que expandam esse tpico, introduzindo informaes complementares.

    No h exatamente regras que definam como se deve desenvolver um tpico frasal, mas apresentamos a seguir algumas sugestes de tcnicas que voc pode empregar na hora da prova. Estar consciente dessas tcnicas vai ajud-lo na hora de elaborar sua redao, caso voc se sinta

  • Cap. II - O PARGRAFO

    sem criatividade ou sem ideias do que escrever. Trata-se de algumas orientaes gerais que voc deve adaptar s exigncias especficas do tema proposto pela banca. Lembre-se de que o que vamos ver agora no deve limitar sua escrita, mas sim servir como possibilidade de ajuda. Voc pode combinar diferentes tcnicas em um mesmo pargrafo ou mesmo usar tcnicas distintas das que aqui apresentaremos. O importante escrever cada vez melhor e ser aprovado no concurso!

    Veja, ento, algumas sugestes a respeito do desenvolvimento do tpico frasal, com as respectivas explicaes e exemplos:

    2.2. h Apresentando uma adio ao que foi exposto notpico frasal

    Essa a forma mais simples de desenvolver um tpico frasal. Basta incluir perodos que adicionem informaes acerca de determinado item no tpico frasal, tomando o cuidado de acrescentar apenas dados relevantes para seu texto. Note que importante faz-lo de forma coesa, empregando palavras que liguem as frases, estabelecendo relaes entre elas. Veja o exemplo a seguir:

    O Ministrio da Sade anunciou, nesta quinta-feira (25), a incluso dos adultos que tm entre 30 e 39 anos entre os grupos que recebero a vacina contra a gripe A (H1N1). A campanha de imunizao, que comea no dia 8 de maro, j inclua profissionais da sade, povos indgenas, crianas pequenas, pessoas com problemas crnicos e jovens entre 20 e 29 anos