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TEATRO DO OPRIMIDO AUGUSTO BOAL

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Page 1: Teatro do oprimido

TEATRO DO OPRIMIDO

AUGUSTO BOAL

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Abordagens

Para iniciar uma abordagem sobre o “Teatro doOprimido”, torna-se necessário uma apresentaçãode seu criador, o dramaturgo, diretor e teórico deteatro Augusto Boal, nasceu no Rio de Janeiro em1931 e faleceu em 2 de maio de 2009) cujo nomecompleto é Augusto Pinto Boal. Este carioca quedirigiu centros de teatro na França e no Rio deJaneiro buscando sempre lutar contra todas asformas de opressão, desenvolveu na sua luta afavor dos explorados e oprimidos, um teatro decunho político, libertário e transformador.

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O Teatro do Oprimido é genuinamente brasileiro,mas hoje é difundido no mundo inteiro - em mais de70 países. O método estimula uma postura activa emseus praticantes e espectadores. Como linguagem,pode incentivar à discussão de qualquer tema no qual

exista um conflito claro e objectivo e o desejo e anecessidade de mudança. Por fim, oferece condiçõespara que alternativas sejam encontradas eestimuladas, e que extrapolem o âmbito do palcopara a vida real, tornando-se factos concretos.

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Histórico

No período em que a ditadura militar reprimiu com maior força a voz do povo e de seus representantes, nos diferentes âmbitos sociais, Boal aliou-se a educadores e intelectuais da América Latina, dispostos a desenvolverem uma tomada de consciência dos oprimidos, a começar pelo projeto de alfabetização, ALFIN – Programa de Alfabetização Integral, no Peru, na década de setenta, cuja concepção metodológica do projeto era inspirada na pedagogia do oprimido de Paulo Freire.

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Objetivos

O “Teatro do Oprimido”, de acordo com opróprio Boal, pretende transformar oespectador, que assume uma forma passivadiante do teatro aristotélico, com o recursoda quarta parede, em sujeito atuante,transformador da ação dramática que lhe éapresentada, de forma que ele mesmo,espectador, passe a protagonista etransformador da ação dramática.

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“Teatro-Jornal”

A poética do Teatro do Oprimido está organizada em diferentes formas/técnicas de ações dramáticas, acrescentando que para Boal o teatro é ação.

O “Teatro-Jornal” foi uma forma de ação teatral desenvolvida por Boal no Teatro de Arena, em São Paulo, no período anterior a sua saída do Brasil por força da ditadura daquele momento.

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O “Teatro-Imagem”

O “Teatro-Imagem”, que integra a estética do Teatro do Oprimido, tem a intenção de ensaiar uma transformação da realidade, através do uso da imagem corporal. Primeiramente, um ator decide um tema problema a ser tratado, que pode ser local ou global, mas que de certa forma tenha um significado para a maioria do grupo. Em seguida alguns atores se disponibilizam no espaço cênico como massas moldáveis, ou melhor, futuras estátuas, o ator protagonista vai esculpindo essas estátuas buscando representar imageticamente a situação em questão. É fundamental que haja silêncio total. Ao montar o quadro vivo os espect-atores são convidados a modificarem as imagens problema para uma situação ideal. Por fim, cria-se a imagem de transição entre o problema e a solução.

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o “Teatro Invisível”,

Outra possibilidade de ação dramática dentro do arsenal do Teatro do Oprimido é o “Teatro Invisível”, cuja proposta é a representação de uma cena diante de pessoas que não sabem que estão sendo espectadoras da ação dramática, e precisa acontecer num ambiente diferente do teatral, o mais dentro do cotidiano das pessoas. Para esta forma de apresentação é preciso a preparação de um roteiro de improvisação, onde já se ensaie a possível interferência do espectador no ato estético coletivo. Cabe aos atores prolongarem a discussão dos espectadores a respeito do tema abordado na cena, de forma que outros “atores anônimos” se insiram no contexto e reafirme a veracidade da ação para o espectador, que neste momento já passa a ser protagonista da ação teatral proposta. É imprescindível o caráter invisível dos atores para que os espec-atores atuem com liberdade.

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“Teatro-fotonovela”

O “Teatro-fotonovela” apresenta uma forma dedesmistificação da Fotonovela, por ser uma literaturadirecionada as classes mais baixas da população, isto antesda popularização da TV, e por veicular uma ideologiaprópria das classes dominantes. Na prática é fazer a leiturade uma fotonovela, sem que os atores saibam que se tratade um folhetim fotografado, enquanto esses atores vãointerpretando a história que está sendo lida. Em seguidapartem para refletir sobre as ações que foram produzidaspelos atores e as que estão publicadas paralelamente asfalas, com isto, é comum perceber distorções, pela minoriaque produz essas fotonovelas, em relação a real situaçãodos sujeitos mencionados pela história.

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“Curinga”.

Dentro do “Teatro do Oprimido” existe uma figura muito importante para o desenvolvimento da cena junto aos espectadores, esta peça é o “Curinga”.

Ao curinga cabem-lhe as funções de:

- explicar as regras do jogo;

- corrigir erros;

- encorajar uns e outros a interromper a cena e intervir

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O “Teatro-Fórum”

O “Teatro-Fórum” é uma técnica em que os atores representam uma cena até a apresentação do problema, e em seguida propõem aos espectadores que mostrem, por meio da ação cênica, soluções para o então problema apresentado.

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“Espect-atores”

A idéia central é que o espectador ensaie a suaprópria revolução sem delegar papéis aospersonagens, desta forma conscientizando-seda sua autonomia diante dos fatos cotidianos,indo em direção a sua real liberdade de ação,sendo todos “espect-atores”.

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PAPEL DO ESPECT-ATOR

Um outro espectador poderá parar a cena e dizer “Pára!”,indicando de onde deseja que a peça seja retomada –como numa cassete de vídeo, em que podemos ir para afrente e para trás –, e uma nova solução pode ser tentada,e tantas quantas forem as intervenções dos espect-actores. A peça recomeça sempre a partir do ponto que oespect-actor deseja examinar. Após cada intervenção, ocuringa (que é o mestre-decerimónias do espectáculo)deverá fazer um claro resumo do significado de cadaalternativa proposta, devendo igualmente indagar aplateia se algo lhe escapa ou s ealguém discorda: não setrata de vencer a discussão, mas de esclarecerpensamentos, opiniões e propostas.

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PASSO 1

interromper a ação quando acharem que o actor poderia reagir de outro modo à situação proposta.

tomar o lugar do protagonista quando este estiver cometendo um erro, ou optando por uma alternativa falsa ou insuficiente, e procurar uma solução melhor para a situação que a peça apresenta.

O espect-actor deve gritar da plateia ou aproximar-se da cena e dizer “Pára!” ou “Stop!”.

Os actores deverão imediatamente congelar a cena, imobilizando-se em seus lugares.

Imediatamente, o espect-actor deve dizer de onde quer que a cena seja recomeçada, indicando uma frase, momento ou movimento a partir do qual se retoma a ação.

A peça recomeça no ponto indicado, tendo agora o espectador como protagonista.

PAPEL DO ESPECT-ATOR

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PASSO 2

A partir do momento em que o espect-actor toma o lugar do protagonista e propõe

uma nova solução, todos os outros actores se transformam em agentes de opressão – ou

se já exerciam essa opressão, intensificam-na, a fim de mostrar ao espect-actor o quanto

será difícil transformar essa realidade – salvo, é claro, os personagens aliados do

protagonista.

PAPEL DO ESPECT-ATOR

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Teatro do Oprimido e Plínio Marcos

[Plínio Marcos de Barros nasceu em Santos, em 29 de Setembro de 1935, e faleceu em São Paulo, em 19 de Novembro de 1999. Filho de um bancário (Armando) e de uma dona-de-casa (Hermínia), tinha 4 irmãos e uma irmã.]

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O teatro só faz sentidoquando é uma tribuna livreonde se pode discutir até as últimas consequências osproblemas dos homens.

Plínio Marcos

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O oprimido na obra de PlínioMarcos

Nossa pesquisa partirá de estudos através das obras do dramaturgo Plínio Marcos UTILIZANDO O MODELO DE TEATRO FÓRUM.

Peças escolhidas:

Barrela

O abajur lilás

Querô

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Barrela

Escrita em 1958, teve sua estréia em 1º de novembro de 1959, em Santos. Após ficar proibida pela Censura Federal por 21 anos, foi reescrita pelo autor e estreou em 1980, em São Paulo, montagem de O BANDO.Foi também adaptada para cinema.

Plínio Marcos diz ter baseado sua peça em episódio ocorrido na década de 50, em Santos, quando um rapaz sem antecedentes criminais foi preso por causa de uma briga de bar. Colocado numa cela abarrotada de criminosos perigosos, alguns condenados por homicídio, o rapaz é violentado por eles – eis a “barrela” do título.

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Abajur lilás

em 1970, o texto foi proibido por cinco anos para todo o território nacional. Em 1975, portanto, o texto estaria liberado.]

O grande achado de Plínio foi ter criado uma história que se basta em si mesma, autêntica na sua crueza. Têm uma verdade inconfundível as relações entre Giro, proletário homossexual do prostíbulo, seu truculento auxiliar Oswaldo, e as prostitutas Dilma, Célia e Leninha

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QUERÔ – UMA REPORTAGEM MALDITA

Querô nasceu nas quebradas, filho de uma prostituta quese matou bebendo querosene. Ficou sob os cuidados dacafetina que explorava sua mãe. Cuidado nenhum. Querôficou mesmo jogado de um canto para o outro. Passou umtempo em reformatório, no tempo em que nem haviaFebem e outros bens, lá pelos anos 70, quando haviamilagres e ditaduras, uma perversa mistura de mentiras eviolências. Deu no que deu. Querô cheirou cola, puxoufumo, se envolveu com pequenos e grandes bandidos,dentro da lei e fora da lei. Morreu, menino, furado de bala.De muita bala. Da lei. Ninguém se deu conta. Ficou por issomesmo. Um a menos na contabilidade da polícia. Um amais na nossa contabilidade de gente de bem, cidadãosque se agarram ao que podem para sobreviver à mortecoletiva, lenta, às vezes silenciosa, permanente.