teatro do oprimido
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Slides da formação do dia 31/07/2013 sobre Teatro do Oprimido.TRANSCRIPT
O TEATRO DO OPRIMIDO
AUGUSTO BOAL
“Creio que o teatro deve trazer felicidade,
deve ajudar-nos a conhecermos melhor a
nós mesmos e ao nosso tempo. O nosso
desejo é o de melhor conhecer o mundo
que habitamos, para que possamos
transformá-lo da melhor maneira. O
teatro é uma forma de conhecimento e
deve ser também um meio de
transformar a sociedade. Pode nos ajudar
a construir o futuro, em vez de
mansamente esperarmos por ele”.
Aquele homem que se sente
oprimido por sua classe social
pode, ao mesmo tempo, ser o
opressor de sua mulher, de seu
filho, de seu vizinho.
Gera-se uma cadeia de
opressões, que parece nunca ter
fim, visto que a força de um
oprimido comumente é voltada
contra outro mais fraco que ele,
e nunca contra o seu próprio
opressor.
Para Augusto Boal (1931 – 2009), uma das maiores relações
opressivas da arte está no teatro, justamente no contato,
ou na falta de contato, entre o espectador e o ator.
“Tudo aquilo que um homem é capaz de fazer,
todos os homens são igualmente capazes. (…)
Todas as pessoas podem escrever, até mesmo os
escritores. Todas as pessoas podem falar, até
mesmo os oradores. Todas as pessoas podem
fazer teatro, até mesmo os atores”.
Com essa ideia, Augusto Boal cria o conceito de
Teatro do Oprimido. Nele, a primeira opressão
quebrada é a diferença entre ator/espectador,
acabando com o “ritual imobilista”
que é assistir a uma peça de teatro.
Para isso o espectador deve interagir diretamente
com a cena, de forma consciente ou não.
É o teatro que busca ser ferramenta contundente na transformação social.
O Teatro do Oprimido é um método estético que sistematiza Exercícios,
Jogos e Técnicas Teatrais que partem do princípio
de que a linguagem teatral é a linguagem
humana que é usada por todas as pessoas no cotidiano.
Sendo assim, todos podem desenvolvê-la e fazer teatro.
Desta forma, o TO cria condições práticas para que o oprimido
se aproprie dos meios de produzir teatro e assim amplie
suas possibilidades de expressão.
Além de estabelecer uma comunicação direta, ativa
e propositiva entre espectadores e atores.
Teatro Jornal
O Teatro-Jornal foi uma resposta estética à censura imposta,
no Brasil, no início dos anos 70, pelos militares, para escamotearem
conteúdos, inventarem verdades e iludirem. Nesta técnica, encena-se o
que se perdeu nas entrelinhas das notícias censuradas,
criando imagens que revelam silêncios.
Ainda hoje é usada para explicitar as manipulações utilizadas pelos
meios de comunicação.
Dentro do sistema proposto por Boal, o treinamento do ator segue uma série
de proposições que podem ser aplicadas em conjunto ou mesmo
separadamente.
Teatro Imagem
No Teatro-Imagem, a encenação baseia-se nas linguagens não-verbais.
Essa foi uma saída encontrada por Boal para trabalhar com indígenas, no
Chile, de etnias distintas com línguas maternas diversas, que
participavam de um programa de alfabetização e precisavam se comunicar
entre si. Esta técnica teatral transforma questões, problemas e sentimentos
em imagens concretas.
Teatro Invisível
O Teatro-Invisível não é revelado como teatro e é realizado no local onde a situação
encenada deveria acontecer. Uma cena do cotidiano é encenada e apresentada no local onde
poderia ter acontecido, sem que se identifique como evento teatral.
Desta forma, os espectadores são reais participantes, reagindo e opinando
espontaneamente à discussão provocada pela encenação.
Teatro-Fórum
A barreira entre palco e plateia é destruída e o diálogo
implementado.
Produz-se uma encenação baseada em fatos reais, na
qual personagens oprimidos e opressores entram em
conflito, de forma clara e objetiva,
na defesa de seus desejos e interesses . No confronto, o
oprimido fracassa e o público é estimulado, pelo Curinga
(o facilitador do Teatro do Oprimido), a entrar em cena,
substituir o protagonista (o oprimido) e buscar
alternativas para o problema encenado.
Teatro Legislativo
O resultado de 25 anos sem o direito de votar e eleger seus representantes,
criou um vácuo que ainda hoje tem reflexos na falta de politização
da grande maioria da população.
O Teatro Legislativo é um novo sistema, que inclui todas as formas anteriores do
Teatro do Oprimido e mais algumas, especificamente parlamentares.
Com o TL as pessoas percebem que fazer política é da própria natureza humana.
Que tudo é uma ação política, inclusive dizer que não quer saber de política.
Porque quem diz isso faz a ação política de recusar-se a fazer algo para mudar
alguma situação que a oprime.