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Introdução De acordo com Mariano (1997), a lixa pequena lPhy/lachora torrendie/la) é uma importante doença da cultura do coqueiro que existe somente no Brasil, onde foi assinalada pela primeira vez em Pernambuco, em 1945. A doença ocorre de forma generalizada desde o Estado do Pará até o Rio de janeiro, sendo que em Pernambuco, Pará, Alagoas e Bahia é considerada a doença mais importante. Todas as variedades e híbridos de coqueiro cultivados são suscetíveis em diferentes graus. 0Ji. 10 ~f) Técnico ISSN 1517-4077 Novembro, 2002 Macapá, AP Ocorrência de Lixa Pequena (Phyllachora torrendiella) em coqueiros {Cocus nucifera} no Estado do Amapá Jurema do Socorro Azevedo Dias 1 Gilberto Yokomizo" Imara Castelo dos Santos" Lana Patrícia Santos de Oliveira" Gizelle Dias de Souza" A doença causa seca e queda das folhas inferiores, impossibilitando a sustentação dos frutos e reduzindo a produção, e tem seus danos potencializados quando associada à queima-das-folhas, causada pelo fungo Botryosphaeria cocogena (Lasiodiplodia theobromae). No Amapá, a doença tem alcançado importância, principalmente no período chuvoso, em virtude de sua incidência aumentar consideravelmente, prejudicando a cultura. Dentre os municípios do estado, Porto Grande é o que tem apresentado maior incidência da doença em suas plantações. 'Eng. Agr., M.Sc. Pesquisador da Embrapa Amapá, Rodovia Juscelino Kubitschek, km 05, CEP-68.903-000, Macapá - AP, [email protected] 2Eng. AW" Dr., Pesquisador da Embrapa Amapá, E-mail: [email protected] 3Academlcas do Curso de Ciências Biológicas, bolsistas da Embrapa Amapá/UNIFAP/FUNDAP

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Introdução

De acordo com Mariano (1997), a lixapequena lPhy/lachora torrendie/la) é umaimportante doença da cultura do coqueiroque existe somente no Brasil, onde foiassinalada pela primeira vez emPernambuco, em 1945. A doença ocorrede forma generalizada desde o Estado doPará até o Rio de janeiro, sendo que emPernambuco, Pará, Alagoas e Bahia éconsiderada a doença mais importante.Todas as variedades e híbridos decoqueiro cultivados são suscetíveis emdiferentes graus.

0Ji. 10 ~f)

Técnico ISSN 1517-4077Novembro, 2002Macapá, AP

Ocorrência de LixaPequena (Phyllachoratorrendiella) emcoqueiros {Cocusnucifera} no Estadodo AmapáJurema do Socorro Azevedo Dias 1

Gilberto Yokomizo"Imara Castelo dos Santos"Lana Patrícia Santos de Oliveira"Gizelle Dias de Souza"

A doença causa seca e queda das folhasinferiores, impossibilitando a sustentaçãodos frutos e reduzindo a produção, e temseus danos potencializados quandoassociada à queima-das-folhas, causadapelo fungo Botryosphaeria cocogena(Lasiodiplodia theobromae).No Amapá, a doença tem alcançadoimportância, principalmente no períodochuvoso, em virtude de sua incidênciaaumentar consideravelmente,prejudicando a cultura. Dentre osmunicípios do estado, Porto Grande é oque tem apresentado maior incidência dadoença em suas plantações.

'Eng. Agr., M.Sc. Pesquisador da Embrapa Amapá, Rodovia Juscelino Kubitschek, km 05,CEP-68.903-000, Macapá - AP, [email protected]. AW" Dr., Pesquisador da Embrapa Amapá, E-mail: [email protected] do Curso de Ciências Biológicas, bolsistas da Embrapa Amapá/UNIFAP/FUNDAP

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2 Ocorrência de Lixa Pequena (Phy/lachora torrendie/la) em coqueiros (Coccus nuciferae) no Estado do Amapá

Agente causalO agente causal da doença é o fungoascomiceto Phyllachora torrendiella (=Catacauma torrendiella Batista eSphaerodothis torrendiella (Batista)Bezerra), tido como parasita obrigatório.Para a caracterização deste fungo, folhascom sintomas da doença coletadas emárea de agricultor na Colônia Agrícola doMatapi, no município de Porto Grande/AP,foram levadas ao Laboratório deFitopatologia da Embrapa Amapá, paraposterior análise (Figuras 1 e 2).

Inicialmente este material foi prensadopara preparo de exsicatas e posteriorcomparação com literatura especializada.Cortes à mão livre, foram realizadoscolocando-se uma pequena seção dotecido da planta com estromas do fungoem um pedaço de cortiça. Utilizando-se deuma lâmina, efetuaram-se cortes nosentido transversal da cortiça com otecido da planta em seu interior. Finascamadas dos tecidos lesionados, foramposteriormente transferidas para umalâmina com corante, por meio de umapinça, depositando-se sobre elas umalamínula.

Após o preparo do material, as estruturasdo fungo foram verificadas sobmicroscópio óptico e sendo registradasatravés de fotomicrografias, noLaboratório de Histopatologia do Centrode Energia Nuclear na Agricultura -CENA, no município de Piracicaba, Estadode São Paulo.

As estruturas do fungo, foram medidasutilizando-se um micrômetro acoplado aomicroscópio ótico e comparadas comliteraturas especializadas (Warwick, D. etaI., 1998; Menezes & Hanlin, 1996;Mariano, 1997).

o fungo foi caracterizado comoPhyllachora torrendiella (= Catacaumatorrendiella Batista e Sphaerodothistorrendiella (Batista) Bezerra), porapresentar ascos cilindro-clavados,octósporos, unitunicados, pedicelados,medindo de 75 a 115 11m de comprimentopor 17,5 a 27,5 11m de largura. Entre osascos foram observadas paráfisesfilamentosas, as quais são utilizadas parafacilitar a disseminação dos ascósporos.Os ascósporos observados foram do tipofusiformes, hialinos, unicelulares, medindode 15 11m a 22,5 11m de comprimento por7,5 11m a 10 11m de largura (Figura naprimeira página).

SintomasVerificou-se que a doença no campo.caracterizada-se por apresentar pequenospontos negros, os estromas, tambémconhecidos como verrugas, os quaispodem apresentar-se dispersos por todo ofolíolo, isolados ou na forma de umlosango, de acordo com a descriçãorealizada por (Renard, 1982; citado porWarwick, D. et aI., 1998). Com aevolução da doença os folíolos secamprogressivamente, culminando com a secatotal da folha.

A B c

Figura 2. Sintomas da Lixa Pequena: A. Estromasem forma de losango na folha; B. estromasdispersos na folha C. folha em estágio evolutivo deressecamento. (Fotos: Jurema A Dias).

DisseminaçãoOs ascósporos são as unidades infectivas.Não se conhece a forma de penetração dofungo na planta, mas seu período deincubação dura, provavelmente, de 3 a 4

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Ocorrência de Lixa Pequena (Phyllachora torrendiella) em coqueiros (Coccus nuciferae) no Estado do Amapá 13

meses. O patógeno sobrevive na plantaem folhas infectadas, mas ainda vivas, ounas recentemente cortadas, mas aindaverdes. sendo liberado em condições dealta umidade relativa do ar etemperaturas amenas. A disseminaçãodá-se através do vento (Mariano, 1997).No Amapá, as condições de altaprecipitação pluviométrica do períodochuvoso favorecem a liberação e adisseminação dos esporos do fungo ecomo conseqüência, mesmo na épocaseca, ainda observa-se os sintomas dadoença no campo.

ControleDe acordo com Mariano (1997) existemtrês tipos de controle para a Lixa Pequenado coqueiro: cultural, químico e biológico,sendo importante assinalar que esteúltimo (o biocontrole) tem despertadointeresse, mas precisa ser mais estudado.Deve-se frisar, que apenas o controlecultural, através da poda das folhasatacadas pela doença, tem sidorecomendado até hoje, no Amapá.Verificou-se porém, que o grau de inóculoexistente na área de produção doscoqueiros foi bastante reduzido,resultando em melhorias nas condições doplantio.

Controle culturalO corte e a queima das folhas muitoinfectadas reduzem a quantidade demóculo. Ainda com vistas à essa reduçãodeve-se fazer, quando possível, o corte

ComunicadoTécnico, 78

Exemplares desta edição podem seradquiridos na:Embrapa AmapáEndereço: Rodovia JuscelinoKubitschek, km 05,CEP-68.903-000,Caixa Postal 10, CEP-68.906-970,Macapá, APFone: (96) 241-1 551Fax: (96) 241 -1480E-mail: [email protected]

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA.PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

IGOVERNO IFEDERAL

Trabalhando em todo <> 8 ra $11 13 Edição1" Impressão 2002: tiragem 350exemplares

parcial das folhas infectadas. Também sãorecomendados a roçagem, o coroamentoe a calagem do solo, bem como aadubação e o plantio de leguminosasentre os coqueiros para permitir a fixaçãode nitrogênio.

Controle químicoO controle químico pode ser feito,preventivamente, com a utilização damistura benomyl + PCNB (0,1 % +0,1 %p.a) ou benomyl + carbendazim (0,1% +0,1% p.a), ambas eficientes tanto emcoqueiros jovens quanto adultos.

Referência Bibliográfica

HANLlN, R. T.; MENEZES, M. Gênerosilustrados de ascomicetos. Recife:Imprensa da Universidade Federal Rural dePernambuco, 1996. 272p.: il.

MARIANO, R.L.R. Doenças do Coqueiro.In: KIMATI, H. et aI. Manual deFitopatologia: doenças das plantascultivadas, 3 ed., São Paulo: AgronômicaCeres, p.301-302, 1997. 2v.: il.

WARWICK, D. R. N.; LEAL, E. C.; RAM,C. Doenças do Coqueiro. In: FERREIRA,J.M. S.; WARWICK, D. R. N.; SIQUEIRA, L.A. A cultura do coqueiro no Brasil. 2 ed.ver. E ampl. - Brasília: Embrapa-SPI;Aracaju: Embrapa-CPATC, 1997. 292p.:il.

Comitê dePublicações

Presidente: Nagib Jorge MelémJúniorSecretária: Solange Maria deOliveira Chaves MouraNormalização: Maria Goretti GurgelPraxedesMembros: Edyr Marinho Batista,Gilberto Ken-Iti Yokomizo,Raimundo Pinheiro Lopes Filho,Silas Mochiutti, Valéria SaldanhaBezerra.

Expediente Supervisor Editorial: Nagib JorgeMelém JúniorRevisão de texto: Elisabete da SilvaRamosEditoração Eletrônica: Otto CastroFilho

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