FACULDADE ESTADUAL DE EDUCAO CINCIAS E LETRAS DE PARANAVA FAFIPA UEPR PIBID - PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAO DOCNCIA

Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade: Medicao no Contra Turno e Resultados no PIBIDHugo Murilo Rodrigues1 Marcos Vinicius de Oliveira Peres2 Lucineide Keime Nakayama de Andrade3 RESUMO

Hoje muito comum falar de Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH), mas poucas pessoas sabem exatamente o que tal transtorno. Todo o processo de diagnstico e medicao deve ser muito cauteloso, feito apenas por especialistas. Nesse trabalho, observamos situaes no Programa Institucional de Bolsa de Iniciao Docncia (PIBID), subrea de matemtica, que envolvia atitudes dos alunos com TDAH, e as atitudes dos bolsistas em aplicar suas metodologias frente a esses alunos. Como o trabalho do PIBID era realizado no contra turno, muitos alunos com TDA iam para o projeto sem medicao, o que gerava certos transtornos ao empregar metodologias tradicionais. A didtica usada em sala foi satisfatria e claro que os alunos com TDAH podem acompanham o ritmo normal de uma sala de aula, uma vez que so integrados ao ensino de maneira efetiva, mas necessrio fazer uso de metodologias adequadas a eles. PALAVRAS CHAVES: TDAH; PIBID; Matemtica.

INTRODUO O Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH) uma disfuno neurobiolgica em que os neurotransmissores, dopamina e noradrenalina,1

: Acadmico do curso de Matemtica - Universidade Estadual do Paran (Campus de Paranava). Email: hugo_murilo@hotmail.com. 2 : Acadmico do curso de Matemtica - Universidade Estadual do Paran (Campus de Paranava). Email: marcosperes1991@hotmail.com. 3 : Mestre em Matemtica pela UEM Docente do Colegiado de Matemtica da Universidade Estadual do Paran (Campus de Paranava). Email: lematematicalu@yahoo.com.br.

substncias qumicas do crebro que so responsveis pelas informaes entre as clulas nervosas, encontram-se diminudos, fazendo com que a atividade do crtex pr-frontal seja menor. Essa regio coordena as funes executivas: observao, orientao, direo, assim como inibio do comportamento, organizao, planejamento, e responsvel pela manuteno da ateno e do autocontrole. Segundo Barkley (2002), acredita-se que o TDAH um transtorno que afeta a ateno, o controle de impulsos e o nvel de atividade. As caractersticas do transtorno dificultam os alunos no que diz respeito a um aprendizado de qualidade os tornando desatentos e ou excessivamente ativos dependendo das variantes do problema e o quadro em que se encontram. O TDAH pode ser subdividido em quatro tipos, sendo eles: - TDAH predominantemente desatento: no possibilita a criana o domnio da ateno inviabilizando a construo do conhecimento; - TDAH impulsivo/hiperativo: so excessivamente ativos e inquietos, gerando falta de ateno por parte deles e dos demais sua volta; - TDAH combinado: traz sintomas dos dois anteriores citados, sendo a forma do transtorno que mais causa dificuldade de aprendizagem. - TDAH especfico: no se atribui a nenhum dos casos anteriores por falta do acumulo de sintomas, sendo os poucos diagnosticados, agravantes do problema de aprendizagem. O diagnstico do transtorno essencialmente clnico, sendo muitas vezes previsto por pais e educadores atravs dos sintomas visveis e de fcil interpretao, mas somente um especialista pode dar um diagnstico preciso. Alunos com este transtorno fizeram parte do pblico alvo da aplicao das oficinas, havendo assim a necessidade de buscar alternativas metodolgicas para que o trabalho pudesse ter sucesso, observando que havia um agravante, j que muitos ainda vinham escola sem fazer o uso da medicao. A alternativa encontrada para as aulas foram os jogos matemticos. As aulas se tornaram dinmicas e, dessa forma, foi possvel prender a ateno dos alunos e formalizar os conceitos matemticos proposto para cada aula.

DIAGNSTICO TRATAMENTO E MEDICAO O diagnstico correto requer uma investigao de mdicos especialistas como neurologistas, psiquiatras e psiclogos. Este diagnstico resultado de anlises de diversas situaes que envolvem observaes dirias do paciente e relatos de pais, familiares e educadores, considerando os aspectos

neuropsicolgico, educacional e social. As caractersticas comumente relatadas incluem: histria de dficit de ateno, reduo da capacidade de diferenciar entre pensamentos pertinentes ao assunto e pensamentos de pouca relevncia, ou nitidamente irrelevantes; instabilidade afetiva, impulsividade, hiperatividade moderada a grave. O diagnstico deve ser baseado na histria e na avaliao completas da criana, e no apenas na presena de uma ou mais dessas caractersticas. O tratamento com medicamentos no indicado para todas as crianas com a sndrome. O Tratamento do TDAH deve ser uma combinao de medicamentos, orientao aos pais e aos professores, alm de orientaes ao portador, tendo em vista a reorganizao comportamental. Deve ser feito um ajuste acadmico. e necessrio um acompanhamento psicolgico regular, sendo que, na maioria dos casos, deve haver a terapia farmacolgica. A medicao parte importante do tratamento, e os principais medicamentos so compostos de metilfenidato, tendo como principais produtos comerciais: Ritalina (ao curta, com efeito mdio de 4 horas), Concerta e Ritalina LA (esses dois ltimos, de ao longa: o primeiro com efeito de 12 horas, e o segundo com efeito de 8 horas ). O tratamento com medicamentos no indicado para todas as crianas com a sndrome. Os medicamentos no so indicados a crianas que apresentem sintomas secundrios a fatores ambientais (em particular, crianas submetidas a maus-tratos) e/ou distrbios psiquitricos primrios, incluindo as psicoses. Alguns

sintomas adversos da medicao so: sonolncia durante o dia, episdios de sono inapropriados e ocorrncia sbita de perda da contrao imediatamente muscular voluntrio.

TDAH NOS PROBLEMAS DE APREDIZADO Segundo DROUET (2006, p.11),A capacidade de fixar-se em um assunto um fator intelectual que interfere na aprendizagem. Da maior ou menor capacidade de o individuo concentra-se no objeto do conhecimento depender sua maior ou menor facilidade para aprender.

Normalmente,

os

portadores

do

TDAH

tm

mais

problemas

de

comportamento do que de notas, mas normalmente o desempenho acadmico de um portador de TDAH esta abaixo do que a maioria dos alunos da turma. Em compensao, se o portador no tiver problemas de inteligncia e nem de leitura, comum que, apenas se dedicando mais, o desempenho dele melhore significativamente. Os problemas com as notas acontecem quando os alunos no conseguem completar atividades individuais (trabalhar em grupo mais fcil); quando no conseguem prestar ateno nas explicaes do professor nem nas instrues das tarefas, e quando tm dificuldades de estudar em casa. Contudo, o portador pode ter outras dificuldades que causem problemas na escola: a dificuldade de leitura (Transtorno de Leitura ou Dislexia); com a matemtica (Transtorno da Matemtica ou Discalculia), e com a escrita (transtorno de Expresso Escrita ou Disortogrfica) so os mais comuns. Os portadores de TDAH que tm disgrafia no conseguem adquirir capacidade motora para escrever nmeros ou letras. Isso interfere no desempenho aritmtico, mas no como os da discalculia, que impedem a criana de compreender os princpios e operaes matemticas. Os portadores de TDAH com a sua dificuldade de ateno e ainda com dislexia tm grandes dificuldades de interpretao de problemas.

A dislexia, a discalculia e a disortografia so transtornos de aprendizado e ocorrem na populao geral. No entanto, em portadores de TDAH, os casos desses transtornos ocorrem mais freqentemente do que o normal. A maioria dos portadores de TDAH no apresenta Transtornos de Aprendizado.

PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS AO TDAH Os portadores do transtorno podem ter comportamentos impulsivos e pouca desenvoltura social. Isto pode resultar numa baixa aceitao ou at mesmo rejeio por parte de colegas e conhecidos. Deve-se, contudo, analisar se a criana comear a evitar a interao com outras crianas, professoras e famlia; se ela apresenta comportamento subordinado e tmido;no querer participar de atividades em grupo; , ficar isolada frequentemente, pode ser que esta criana esteja com um quadro de Depresso ou de Fobia Social. Quando se verificar um comportamento sem desejo aparente de interao com as outras pessoas, dificuldade de expresso oral e/ou apresentar manias, possvel que o portador do transtorno tenha a presena de autismo. Se o aluno parece envergonhado em sala de aula, se ficar ansioso para realizar as provas, ficar muito preocupado com notas, comear a evitar e no fazer os deveres; se o desempenho escolar cair, deve-se investigar o Transtorno de Ansiedade, isto , nveis autos de ansiedade que prejudicam o seu desempenho. O aluno pode tambm demonstrar tristeza ou desmotivao, podendo ficar longos perodos quieto, sem se interagir e sem desenvolver quaisquer atividades; chorar com facilidade; ficar sem apetite; estar mais quieto do que normalmente apresenta; cansar-se com freqncia; culpar-se ou auto-recriminar-se. Se esse for o caso, possvel que este aluno tenha Depresso, e isto prejudica muito o desempenho do aluno. Outro problema comum ocorre quando o aluno comea a pegar objetos que no sejam seus, tratar animais com crueldade, fazer vandalismo, mentir

frequentemente, demonstrar excessivo interesse por sexo, estar freqentemente agressivo. Esses so possveis sintomas de Transtorno de Conduta. Sempre se deve ter em mente que importante que esses

comportamentos sejam avaliados por um especialista. Tambm se deve ter cautela, j que nem todos os problemas podem ser atribudos ao TDAH.

O TDAH E AS OFICINAS DO PIBID O PIBID tem como objetivo a formao docente integral e um programa voltado para acadmicos de licenciatura financiado pela Capes. Especificamente, o projeto de matemtica conta com vinte e quatro bolsistas, divididos em duplas, atende alunos da rede estadual de ensino, em contra-turno, ajudando a construir conhecimento matemtico de maneiras alternativas ao que o ensino regular oferece. O PIBID atendeu trs escolas estaduais, cujo pblico oriundo dos municpios de Paranava, Alto Paran e Maristela (distrito de Alto Paran). As oficinas foram planejadas e ministradas sempre por dois acadmicos, com atendimento mdio de vinte alunos por dupla. Ao iniciar as aulas nas escolas estaduais, percebeu-se um alto ndice de alunos com TDAH de imediato e bem evidenciado pela falta de medicao no contra turno da maioria dos portadores, j que o medicamento prescrito para atender o perodo regular das aulas e apresenta durao aproximada de quatro horas. O domnio da classe em situaes nas quais se trabalhou foi sempre atingvel, o que possibilitou uma observao contnua de comportamentos entre alunos no portadores do transtorno, portadores no medicados e portadores medicados, tendo em vista o alcance de uma metodologia que atingisse os trs casos simultaneamente. Os alunos portadores de TDAH impulsivo/hiperativo eram a maioria, conforme informao das escolas atendidas pelo programa. Muitas vezes, esses

alunos vinham at os bolsistas, e falavam o seguinte: [...] professor tomei meu remdio s de manh, preciso tomar outro. E no foi apenas uma vez. Outra frase bem comum, quando lhes era pedido para se conterem a fim de que se pudesse iniciar/continuar alguma atividade ou explicao, era a seguinte: [...] o efeito do meu remdio j passou, sem ele no fico quieto. As observaes levaram a mtodos alternativos de ensino quando presentes diversas personalidades em sala de aula, como acontece

frequentemente em escolas que atendem a comunidades carentes e no carentes no mesmo espao. Metodologias tradicionais no surtiram efeitos como previsto, nas vezes em que requerem ateno e disciplina excessiva, comportamentos escassos em portadores de TDAH no medicados. Como em tudo h um ciclo de contedos, jogos, conceitos e formalizao, jogos, e assim sucessivamente, que deve ser respeitado para que os resultados sejam alcanados perante a esse pbico to diversificado. O tempo de durao de cada fase do ciclo importante e pode variar, dependendo do contedo abordado. Cada fase no necessariamente precisa ser longa, mas devem-se sempre separar momentos que requerem muita ateno e disciplina.

ATITUDES ESPECFICAS NA SALA O portador de TDAH precisa focalizar-se em determinada atividade de seu interesse para que consiga desenvolv-las adequadamente. Segundo MATTOS (2008, p.114),[...] a ateno (deles) pode ser aumentada, [...], entretanto, eles no conseguem fazer isso o tempo todo ou de modo satisfatrio, s conseguem durante um curto intervalo de tempo ou quando a tarefa muito interessante.

O melhor mtodo encontrado pelos bolsistas do PIBID, tanto para conseguir ateno de alunos portadores quanto no portadores de TDHA, foi a aplicaes de jogos e atividades manuais, dividindo sempre as atividades em pequenas etapas, para que todo o pblico pudesse acompanhar e a aprendizagem fosse significativa.

Os jogos aplicados foram vrios, tais como quebra-cabea, domin, batalha naval, entre outros. Porm, todos tinham como principal objetivo fazer uma introduo, fixao do contedo e tornar possvel a aplicao dos mesmos. Os materiais manipulveis como geoplano e material dourado tambm foram utilizados, mas sempre como ferramenta para verificao prtica do contedo. Outra atitude aconselhada por MATTOS foram as atividades realizadas em dupla ou em grupo. Nessas, estava certamente inclusa a realizao dos jogos e a utilizao dos materiais manipulveis. Havia sempre o cuidado para que os alunos com TDAH sentassem na primeira fila e, preferencialmente, longe das janelas e das portas. Junto a essa atitude, prosseguia sendo o mais claro possvel, tentando no apenas explicar verbalmente, mas tambm atravs de formas visuais, como desenhos no quadronegro e manipulao de objetos. Alguns dos alunos com TDAH apresentavam capacidades acima da mdia da classe, resultando no fato de terminarem as atividades antes da maioria. Diante dessa situao, devia-se tomar atitudes rpidas, como pedir para que ajudassem os amigos ou que se dirigissem ao quadro para ajudar o professor, mas nunca deix-los esperando o trmino dos outros. Outro fator decisivo para conseguir a ateno foi o nmero reduzido de alunos por turmas. Segundo texto de Elisangela Fernandes, da Revista Nova Escola, edio 243, a reduo de 30% no nmero de alunos pode implicar um aumento de 44% na aprendizagem. Nenhuma dupla de bolsistas teve mais que 26 alunos. Dessa forma, foi possvel trabalhar as atividades com maior facilidade, e dar maior ateno aos alunos. Normalmente, as turmas tinham

aproximadamente 15 alunos, e nesse contexto, com poucos alunos, o que era planejado para as aulas,sempre era executado. fato que,de acordo com MATTOS (2008, p.114),[...] em condies especificas, essas crianas so capazes de aprender e obter resultados semelhantes aos de outras crianas da mesma faixa etria e escolaridade.

CONSIDERAES FINAIS A organizao metodolgica, associada a metodologias alternativas seguidas de ordens coerentes, mostraram-se eficazes: os alunos mantiveram ateno e ainda, no processo de aprendizado, muitas vezes fizeram matemtica com diverso. Os portadores de TDAH que eram antes vistos como "meninos problemas", na verdade, acabaram se tornando alunos exemplos. Os transtornos

comportamentais dos mesmos fora suprido pela didtica aplicada. A proposta do projeto, sendo aplicada por meio de oficinas, torna as aulas menos tradicionais, pois, no sempre o mesmo professor e no sempre a mesma metodologia, o que torna a matemtica mais agradvel. A execuo das aulas em dupla foi muito conveniente, pois no havia a quebra de raciocnio do professor, causado por dvidas de alunos ao explicar determinado conceito, ao passo que o outro professor ficava encarregado de suprir essas dvidas em tempo real, evitando tambm que o aluno viesse esquecer a mesma e encontrasse problemas posteriormente, melhorando assim o andamento e o rendimento da aula. Portanto, todo o trabalho realizado por meio dos mtodos que foram aplicados, obtiveram-se resultados incrveis, principalmente no distrito de Maristela. Nas primeiras oficinas, os alunos estavam sempre muito inquietos e resistentes. com o passar do ano, as melhoras na ateno e na participao foram notveis, resultando em adio significativa de conhecimento matemtico.

REFERNCIAS

DROUET, Ruth Carib da Rocha, Distrbios de aprendizagem. 4. ed. So Paulo: tica, 2006.

JOS, Elisabete de Assuno; COELHO, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. 12. ed. So Paulo: tica, 2002.

MATTOS, Paulo. No Mundo da Lua: perguntas respostas sobre transtorno do dficit de ateno com hiperatividade em crianas, adolescente e adulta. So Paulo: Editora Casa, 2008.

FERNANDES, Elisngela, Caminhos que levam a um aprendizado melhor. Revista Nova Escola, So Paulo, ano 26, n. 243, p.83, jun./jul. 2011. JOU, Graciela Inchausti de et al. Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade: Um olhar no Ensino Fundamental. Psicologia: Reflexo e Critica. 11 set. 2008. Disponvel em: . Acesso em 28 out. 2011.

Associao Brasileira de Dficit de Ateno. Tratamento. Disponvel em . Acesso em 28 out. 2011.

DIAS, Irineu. TDAH - Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade. Disponvel em: . Acesso em 28 out. 2011.

Instituto Paulista de Dficit de Ateno. TDAH e hiperatividade - como o diagnstico. Disponvel em: . Acesso em 28 out. 2011.

NOVARTIS Biocincias S.A. Bulrio Eletrnico NetMed: Ritalina . Disponvel em: . Acesso em 28 out. 2011.