tccii - 2º semestre - evolução dos motores final (1)
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Evolução do motoresTRANSCRIPT
ANHANGUERA EDUCACIONAL
RIBEIRÃO PRETO
ENGENHARIA MECÂNICA
Flavio Eduardo Dos Santos
Alexander Paterno
Diego Garcez Martins
Wesley Guimarães F. da Silva
EVOLUÇÃO DOS MOTORES NA INDÚSTRIA
AUTOMOTIVA
RIBEIRÃO PRETO
2014
Flavio Eduardo Dos Santos
Alexander Paterno
Diego Garcez Martins
Wesley Guimarães F. da Silva
EVOLUÇÃO DOS MOTORES NA INDÚSTRIA
AUTOMOTIVA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Engenharia
Mecânica da Faculdade Anhanguera de
Ribeirão Preto requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Mecânica
em 2014.
Orientador(a): Prof. Dr. César Augusto
Agurto Lescano.
RIBEIRÃO PRETO
2014
Santos, Flavio Eduardo dos... [et al.]
S235e Evolução dos motores na indústria automotiva. / Flavio Eduardo
dos Santos ... [et al.]. - Ribeirão Preto (SP) : Faculdade Anhanguera de
Ribeirão Preto, 2014.
81p. ; il.
Orientador : Prof. Dr. César Augusto Agurto Lescano.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia
Mecânica).
1. Engenharia 2. Engenharia Automotiva 3. Motores
CDD: 629
Flavio Eduardo Dos Santos
Alexander Paterno
Diego Garcez Martins
Wesley Guimarães F. da Silva
EVOLUÇÃO DOS MOTORES NA INDÚSTRIA
AUTOMOTIVA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Engenharia
Mecânica da Faculdade Anhanguera de
Ribeirão Preto como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Mecânica em 2014.
Ribeirão Preto, 2 de dezembro de 2014.
_________________________________
César Augusto Agurto Lescano
Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto
Doutor em Engenharia Química
Dedicamos este trabalho a nossas
famílias, pelo apoio incondicional e
incentivo em mais uma etapa de nossas
vidas.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente em nossas vidas, nos abençoando com
mais essa conquista: Bacharéis em Engenharia Mecânica.
Ao orientador prof. Dr. César Augusto Agurto Lescano, por todo o
conhecimento que nos foi transmitido, através do acompanhamento ímpar e decisivo,
que fez toda a diferença.
A nossas famílias pelo suporte, nos dando forças quando já não havia mais de
onde tirar.
A sorte de termos formado um grupo de estudo coeso, sólido e que perseverou
desde o 1º ano de faculdade.
Finalmente, a todos os amigos, colegas e familiares que nos apoiaram nesta
caminhada.
“O único lugar onde o sucesso vem
antes do trabalho é no dicionário.”
(Albert Einstein)
RESUMO
Ao adotar-se o tema A Evolução dos Motores na Indústria Automotiva, a
principal preocupação foi escolher um tema tão amplo e com tamanha discussão em
qualquer mercado, tanto nacional quanto internacional busca por melhorias em todos
os sentidos, foi apresentar-se um conteúdo elaborado, aprofundado e que se faça ser
compreendido por todos que vierem a ter conhecimento sobre essa análise. A história
dos motores para automóveis tem seu primeiro grande marco com Henry Ford, o
fundador da Ford Motor Company, que o mundo pode ter a primeira grande indústria
de produção de veículos em série. Não se pode falar de motores a combustão sem
citar os ciclos termodinâmicos empregados: O Ciclo de Otto e o Ciclo Diesel, onde
através do estudo de ambos puderam se criar motores que aproveitam de forma mais
dinâmica e eficiente à energia produzida pelo ciclo e utilizá-la na movimentação de
um veículo. Dentre as principais buscas por melhorias que se tem dentro da indústria
automotiva, a eficiência dos motores, tem atenção especial. Citando um exemplo, os
atuais motores disponíveis no mercado com 1000 cm³ de cilindrada que tem 82
cavalos de potência que ao serem comparados com motores 1800 cm³ de cilindrada,
de 15 anos atrás, que tem 89 cavalos de potência, pode-se ver nitidamente a evolução
dos motores ao longo dos anos. Tal busca possibilita carros com consumo de
combustível menor, maior rendimento e eficiência. A sustentabilidade tem sido
amplamente estudada de forma a conseguir combustíveis que interfiram de forma
menos nociva para o meio ambiente, além de ser renovável por poderem ser
cultivados como é o caso do etanol. A busca intensa e incessante por tecnologias,
eficiência, rendimento, consumo, eficiência e tipos de combustível entre as
montadoras, fabricantes e desenvolvedores nos remete a seguinte pergunta: Quais
os fatores estimularam a evolução dos motores?
Palavras-Chave: Motor. Potência. Rendimento. Combustível. Eficiência.
Consumo.
ABSTRACT
By adopting the theme The Evolution of Engines in the Automotive Industry, the
main concern was to choose a very embracing and with such discussion in any market,
both national and international search for improvements in every kind of theme, was to
show himself content prepared , depth and make it be understood by all that they are
aware of this analysis. The history of automobile engines has its first major milestone
with Henry Ford, founder of Ford Motor Company, that the world may have the first
major industry vehicle production in series. One cannot speak of combustion engines
without citing thermodynamic cycles employed: The Otto Cycle and Diesel Cycle,
where through the study of both could create engines that take more dynamic and
efficient energy form produced by the cycle and used drive it in a vehicle. Among the
top searches for improvements that have within the automotive industry, engine
efficiency has special attention. Citing an example, current engines available in the
market with 1000 cc of displacement which has 82 horsepower when compared to
engines with 1800 cc of displacement, 15 years ago, which has 89 horsepower, one
can see clearly the development of engines over the years. This search allows cars
with lower fuel consumption and higher yield and efficiency. Sustainability has been
widely studied in order to achieve fuel that interfere less harmful manner for the
environment, and is renewable since they can be grown as is the case of ethanol. The
intense and relentless pursuit of technology, efficiency, income, consumption and fuel
types among automakers, manufacturers and developers brings us the following
question: What factors stimulated the evolution of engines?
Keywords: Motor. Power. Yield. Fuel. Efficiency. Consumption.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Motor ...................................................................................... 05
FIGURA 2 – Trabalho do pistão ................................................................. 07
FIGURA 3 – Comparação entre os sistemas IEDC e IEIC ......................... 08
FIGURA 4 – Sistema de injeção eletrônica monoponto ............................. 09
FIGURA 5 – Sistema de injeção eletrônica multiponto ............................... 09
FIGURA 6 – Turbo alimentador .................................................................. 15
FIGURA 7 – Funcionamento do turbo ........................................................ 16
FIGURA 8 – Turbo fluxo simples monofluxo ............................................... 18
FIGURA 9 – Turbo fluxo duplo pulsativo .................................................... 18
FIGURA 10 – Sistema Reflow .................................................................... 19
FIGURA 11 – Turbo sistema convencional ................................................. 20
FIGURA 12 – Turbo sistema com válvula ................................................... 20
FIGURA 13 – Turbo de geometria variável ................................................. 21
FIGURA 14 – Modelo de etiqueta do programa brasileiro de etiquetagem
veicular .................................................................................................................. 30
FIGURA 15 – Marcas dos programas “NOTA VERDE” do IBAMA e “Programa
Brasileiro de Etiquetagem Veicular” do INMETRO ................................................ 32
FIGURA 16 – Freio de Prony ...................................................................... 34
FIGURA 17 – Analisador de gases para motores do ciclo Otto. ................ 51
GRÁFICO 1 – Evolução dos limites de emissão dos poluentes –
Veículos Leves ........................................................................................... 31
GRÁFICO 2 – Evolução dos limites de emissão dos poluentes –
Veículos Pesados ....................................................................................... 31
GRÁFICO 3 – Motores 1000cc....................................................................53
GRÁFICO 4 – Motores de 1600cc...............................................................56
GRÁFICO 5 – Motores de 2000cc...............................................................56
GRÁFICO 6 – Evolução da Eficiência do motor Otto...................................61
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Motores de 1000cc ................................................................ 52
TABELA 2 – Motores de 1600cc ................................................................ 54
TABELA 3 – Motores de 2000cc ................................................................ 55
TABELA 4 – Fiat Uno Turbo 1.4 (1994) ..................................................... 58
TABELA 5 – Volkswagen Gol 1.0 16v Turbo (2000) .................................. 59
TABELA 6 – Fiat Punto T-Jet 1.4 16v Turbo (2014) .................................. 60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AESA – Anhanguera Educacional S.A.
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
DOU – Diário Oficial da União
ENCE – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
EV – Eficiência Volumétrica do Motor
GNV – Gás Natural Veicular
ICE – Ignição a Centelha Elétrica
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia Qualidade Tecnologia
IAP – Instituto Ambiental do Paraná
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IECD – Injeção eletrônica direta de combustível
IEIC – Injeção eletrônica indireta de combustível
INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
IPI – Imposto sobre Produto Industrializado
PBEV – Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular
PI – Partículas Inaláveis
PMS – Ponto Morto Superior
PMI – Ponto Morto Inferior
PROCONVE – Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos
Automores
PROMOT – Programa de Controle da Poluição do Ar por Motocicletas
PRONAR – Programa Nacional de Controle de Qualidade do Ar
PTS – Partículas Totais em Suspensão
RAC – Relação Ar/Combustível
RCA – Relação Combustível/Ar
RMSA – Região Metropolitana de São Paulo
SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
TCP - Texaco Combustion Process
TGV - Turbo de Geometria Variável
LISTA DE SÍMBOLOS
- Letra grega Eta: eficiência do motor (%)
- Letra grega Pi: diâmetro dividido pelo comprimento da circunferência,
equivalente a 3,1415926
- Letra grega Rô: massa específica ou densidade
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 01
1.1 Justificativa 02
1.2 Objetivo geral 03
1.3 Objetivos específicos 03
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 04
2.1 Motores a combustão 04
2.1.1 Conceituação histórica dos motores a combustão interna 04
2.1.2 Funcionamento de um motor Otto 05
2.1.3 Sistema de Injeção direta 07
2.1.4 Evolução dos motores 10
2.2 Turbo Alimentadores 12
2.2.1 Origem do turbo alimentador 14
2.2.2 Nomenclaturas do turbo alimentador 14
2.2.3 Funcionamento do turbo 15
2.2.4 Fluxo de óleo no turbo alimentador 16
2.2.5 Tipos de turbo alimentador 17
2.2.6 Quanto ao fluxo de ar no conjunto do compressor 19
2.2.7 Quanto ao controle de rotações do turbo alimentador 19
2.2.7.1Sistema convencional 19
2.2.7.2 Sistema com válvula 20
2.2.7.3 Turbo de geometria variável (TGV) 21
2.3 Emissão de Poluentes e Qualidade do Ar 21
3 MATERIAIS E MÉTODOS 33
3.1 Dinamômetro 33
3.1.1 Definições 36
3.1.1.1 Pressão Média Efetiva (Pm) 37
3.1.1.2 Pressão Média Indicada (Pi) 39
3.1.1.3 Consumo de Combustível e Rendimento Térmico 39
3.1.1.4 Rendimento Térmico 41
3.1.1.5 Consumo de Ar – Relação Ar/Combustível 41
(RAC) e Relação Combustível/Ar (RCA). 41
3.1.1.6 Relação Ar-Combustível 42
3.1.1.7 Relação Combustível-Ar 42
3.1.1.8 Rendimento Volumétrico 43
3.1.1.9 Efeito do Turbo Alimentador 43
3.1.1.10 Efeito da Velocidade 44
3.1.2 Elementos para Análise de Desempenho – Comparação
de Motores 44
3.1.3 Condições Atmosféricas Padrão 44
3.1.4 Fatores de Redução 45
3.1.5 Tipos de Testes 46
3.1.5.1Testes de Velocidade Variável 46
3.1.5.1.1 Descrição do Ensaio 47
3.1.5.2 Testes de Velocidade Constante 47
3.1.5.2.1 Descrição do Ensaio 48
3.1.5.3 Testes de Torque e Avanço 48
3.1.5.3.1 Descrição do Ensaio 48
3.1.5.4 Teste de Potencia de Atrito 50
3.2 Analisador de gases para motores do ciclo Otto 50
4 RESULTADOS 52
4.1 Análise dos Motores á combustão Ciclo Otto 52
4.2 Análise de turbinas nos motores a combustão Ciclo Otto 57
4.2.1 Fiat Uno 1.4 Turbo 57
4.2.1.1 Turbina 57
4.2.2 Volkswagen Gol 1.0 16v Turbo 59
4.2.2.1 Turbina 59
4.2.3 Fiat Punto T-Jet 1.4 16v Turbo 59
4.2.3.1 Turbina 59
4.2.4 Resultado da eficiência 61
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 62
5.1 Acompanhamento Estatístico 63
5.2 Novas Tecnologias 64
5.3 Desenvolvimento do Sistema de Partida 65
5.4 Desenvolvimento de Comando de Válvulas 65
5.5 Ganho de Pressão na Admissão 67
5.6 Desenvolvimento dos Carburadores 67
5.7 Desenvolvimentos da Injeção de Combustível 68
5.8 Sensores e Controladores 68
6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 71
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 76
1
1 INTRODUÇÃO
O tema utilizado para a análise teórica será A Evolução dos Motores na
Indústria Automotiva.
O intuito deste trabalho foi evidenciar a evolução histórica dos motores de
veículos leves nos quesitos melhor tecnologia, potência, economia de combustível e
utilize não só o combustível fóssil, mas também combustível renovável.
O TCC apresentou a história dos motores a combustão e sua evolução ao longo
dos anos, assim como as tecnologias empregadas e os avanços conquistados através
dos estudos e testes incessantes das empresas automotivas.
Há muitos anos atrás, o homem descobriu que a pressão do gás aumentava
quando este era aquecido dentro de um recipiente fechado. Sabendo disso, um
engenheiro chamado James Watt, tratou logo de usar a energia proporcionada por
essa pressão, para fazer com que a máquina produzisse trabalho mecânico. Assim
surgiu a máquina a vapor que possuía uma caldeira onde a água era fervida para ser
vaporizada
Watt usou sua máquina para substituir os cavalos, até então utilizados para
trabalho pesado. Nessa substituição ele comparou o trabalho desempenhado pela
máquina e o trabalho desempenhado pelos cavalos. Dessa comparação surgiu a
unidade de potência conhecida até hoje como cavalo-vapor (cv).
No século XVIII, construído pelo francês Cugnot, o primeiro carro a vapor que
percorreu as ruas de Paris. Essa invenção revolucionou e mudou a sociedade
transformando-se em beneficio para milhões de pessoas em todo o mundo. Ainda no
século XVIII, surgiu o primeiro motor de combustão interna, que utilizava componentes
menos robustos podendo equipar os automóveis.
Considerando o coração do automóvel, o motor foi constantemente
aperfeiçoado. Modificaram o número de cilindros, sua disposição, seu sistema de
arrefecimento, sua localização no automóvel e muitos outros componentes. O motor
com ignição espontânea surgiu no final do século XVIII, pelas mãos de Rudolf Diesel
e foi considerado um grande avanço para a história do automóvel.
Entretanto, foi nas grandes guerras que a tecnologia deu um grande salto.
Novos componentes foram acrescentados proporcionando força, velocidade e
2
conforto ao condutor. Vários conceitos da Mecânica e da Termodinâmica são
aplicados ao estudo dos motores de combustão interna.
Os avanços tecnológicos, tornaram os processos de manufatura dos motores
cada vez mais eficiente, onde cada vez mais vem sendo utilizados processos
automatizados ou robôs, o que elimina o fator de falha humana, trazendo benefícios
em precisão e acabamento, reduzindo perdas por atrito, ou por excesso de folga.
A tecnologia vem desenvolvendo não apenas na manufatura, mas também no
melhoramento dos combustíveis, melhorando seu rendimento e reduzindo
componentes nocivos ao ambiente e para as pessoas. Além dos combustíveis tem
sido aprimorado cada vez mais o estudo e aplicações dos materiais de construção,
obtendo materiais compostos cada vez mais resistentes, leves e menos corrosivos.
A preocupação com a emissão de poluentes foi outro fator que contribuiu na
evolução dos motores. Visto que além de poluir o meio ambiente, a emissão excessiva
de poluentes é um efeito que evidencia a causa da queima ineficiente ou incompleta
do combustível, resultando na perda de eficiência. Assim as normas e legislações
contribuíram para que houvesse um controle da emissão dos poluentes, o que levou
a um monitoramento e esses dados foram utilizados para auxiliar em novas melhorias
nos motores.
1.1 Justificativa
A escolha do tema se tratar de um símbolo da mecânica, onde um único
assunto engloba as diversas áreas da engenharia. Além de ser um assunto em
constante evolução quer seja na melhoria em economia, ganho de potência, utilização
de novos materiais para a fabricação de peças mais leve e que tenham maior
resistência a esforços e desgaste, utilização de novos processos de fabricação e
controles de medição que garantem tolerâncias mais precisas, maior eficiência dada
pela união entre a potência e economia e por fim a sustentabilidade.
3
1.2 Objetivo geral
Analisar e a constante evolução do motor de veículos leves, através do estudo
sobre à evolução dos motores a combustão, seus componentes, tipos de ciclos,
trabalho realizado, queima de combustível, auxílio de turbo compressores e a emissão
dos poluentes gerados.
1.3 Objetivos específicos
Estudar o funcionamento do motor a combustão e seus componentes, tais
como:
- pistões
- bico injetor
- injeção eletrônica
- admissão de combustível
- cabeçote
- bloco do motor
- conjunto do virabrequim
Estudar o funcionamento do turbo compressor, qual o ganho de potência e
autonomia alcançado com a utilização deste tipo de item nos motores a combustão.
Analisar as emissões de poluentes durante a queima do combustível realizada
pelo motor para a geração de energia.
4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O desenvolvimento da análise teórica será feito através da explicação sobre o
funcionamento dos motores e turbo compressores, além das normas e órgãos
responsáveis pela medição e controle da poluição emitida.
2.1 Motores a combustão
2.1.1 Conceituação histórica dos motores a combustão interna
De acordo com PASSARINI (1993) o motor a combustão interna por ignição a
centelha elétrica, ICE, teve seu desenvolvimento inicial em 1862, quando o físico
francês Alphonse Beau de Rochas sugeriu quais seriam as condições indispensáveis
para que um motor a combustão interna (quatro tempos), funcionasse com a melhor
relação de economia. Rochas também indicou, por meio de eventos sequenciais,
como a economia e a eficiência em um motor a combustão interna poderiam ser
alcançadas, no entanto, Rochas não conseguiu desenvolver um protótipo.
Para PASSARINI (1993) o motor a combustão foi experimentalmente
desenvolvido apenas em 1872, mas, só em 1876 este motor foi colocado em prática
por Nikolauss Otto, que também determinou o ciclo teórico sob o qual trabalha o motor
ICE. Assim os motores passaram a ser fabricado pela firma alemã Otto und Langen,
passando a ser chamado popularmente de motor Otto.
De acordo com SENAI-SP (2003) um motor de combustão interna é constituído
de três partes fundamentais:
Cabeçote;
Bloco;
Conjunto móvel.
5
Figura 1 – Motor
Fonte: www.overcar.com.br
O cabeçote é onde as câmaras de combustão, válvulas e outros elementos
ficam alojados.
A estrutura principal do motor é denomina de bloco, onde podemos encontrar
os cilindros e as câmaras de arrefecimento e lubrificação.
O conjunto móvel é composto de êmbolos, bielas, polias, volante e virabrequim.
2.1.2 Funcionamento de um motor Otto
Conforme SENAI-SP (2003) para o funcionamento do motor Otto, é necessário
uma mistura de ar e combustível, que é aspirada para as câmaras de combustão. Em
seguida, a mistura é comprimida e uma centelha é produzida pelos eletrodos da vela,
produzindo assim a combustão da mistura. Os gases que resultam desta queima
empurram o êmbolo, cujo movimento é transmitido, pelas bielas, ao virabrequim, que
transforma o movimento retilíneo alternado do pistão em um movimento rotativo.
6
De acordo com ANDRADE (2007) o motor a combustão interna é denominado
assim, por realizar a queima de uma mistura de vapor de combustível e ar dentro de
um cilindro. Quando ocorre a combustão, formam-se gases, que expandem-se
rapidamente, empurrando o êmbolo do motor para baixo, gerando um movimento
alternado das partes interiores do motor. O movimento alternado dos êmbolos é
transformado em movimento rotativo, que por sua vez movimento rodas, hélices e
máquinas, evidenciando a conversão da energia química do combustível em energia
mecânica.
Para ANDRADE (2007) um motor a combustão interna pode ser classificado
como quatro tempos ou dois tempos. Durante o funcionamento do motor,
continuamente é admitido uma quantidade de ar combustível, que é comprimida e
queimada e posteriormente é expandida, antes de ser expulsa do cilindro. O ciclo
completo de potência é realizado quando o pistão executa quatro movimentos, sendo
dois para cima e dois para baixo, assim, o motor é chamado de quatro tempos.
Quando o motor executa apenas dois movimentos (um para cima e um para baixo)
durante o ciclo, o motor é denominado com dois tempos.
Segundo ANDRADE (2007) os quatro tempos de um ciclo de combustão de um
motor Otto podem ser definidos da seguinte forma, ainda de acordo com:
Admissão: Nesta fase o pistão se encontra no PMS e começa o movimento de
descida até o PMI, o que gera uma depressão no interior do cilindro, fazendo com que
a mistura ar-combustível entre no cilindro através da válvula de admissão, que nessa
fase se encontra aberta;
Compressão: esta fase se inicia após a admissão, quando o êmbolo que se
encontra no PMI começa a subir até o PMS, com as válvulas de admissão e escape
fechadas, comprimindo a mistura ar-combustível no cilindro. À medida que o êmbolo
sobe, o volume do cilindro diminui, aumentado a pressão até que ocorra a centelha
elétrica para iniciar a combustão;
Expansão: ocorre após a fase de compressão, com o êmbolo no PMS e com
as válvulas de admissão e escape fechadas. Através da centelha pela vela de ignição,
a combustão da mistura ar-combustível acontece. Há uma intensa liberação de
energia e um grande aumento de pressão, resultando em uma força que empurra o
êmbolo para baixo até o PMI;
7
Escape: após a expansão, com o êmbolo no PMI, abre-se a válvula de escape.
Com o êmbolo subindo ao PMI, os gases provenientes da combustão são escoados
pela válvula de escape.
A sequência pode ser melhor entendida pela figura 2:
Figura 2 – Trabalho do Pistão
Fonte: www.antonioguilherme.web.br.com
2.1.3 Sistema de Injeção direta
IECD é o sistema de injeção eletrônica direta de combustível na câmara de
combustão de um motor cujo regime é o ciclo Otto. O IECD oferece diversas
vantagens sobre um sistema de injeção indireta (IEIC), como maior potencial
termodinâmico para redução do consumo de combustível, partida rápida e maior
precisão no controle da mistura ar-combustível.
8
Figura 3 – Comparação entre os sistemas IEDC e IEIC
Fonte: ZHAO et al.(1997)
O motor ICE com sistema de injeção direta de combustível.
Segundo HARADA (1997) é o mais eficiente tanto na economia de combustível
quanto no alto desempenho e ainda possuem alta resposta de aceleração e excelente
dirigibilidade em condições de baixa temperatura, além de apresentar alta eficiência
volumétrica e características antidetonantes.
De acordo com KOWALEWICZ (1984) é o motor com menor índice de emissões
de gases, maior economia, em cargas parciais, e possibilita a queima de combustíveis
de baixa octanagem.
Segundo CARNEIRO (2011) define injeção eletrônica como um sistema não
acionado pelo motor, que é comandado eletronicamente, dosando a quantidade de
combustível a ser injetado, controlando a mistura ar-combustível em função das
necessidades imediatas do motor.
Conforme CARNEIRO (2011) ainda cita que podem existir dois tipos de
sistemas: monoponto e multiponto.
9
O sistema monoponto possui apenas um bico injetor de combustível, que fica
localizado junto ao corpo de borboleta e é responsável pela injeção em todos os
cilindros.
Figura 4 – Sistema de injeção eletrônica monoponto
Fonte: CARNEIRO (2011)
Já o sistema multiponto possui um bico injetor para cada cilindro, que ficam
dispostos anteriores à válvula de admissão.
Figura 5 – Sistema de injeção eletrônica multiponto
Fonte: CARNEIRO (2011)
10
2.1.4 Evolução dos motores
De acordo com HILDEBRAND JR. (1998) a utilização de sistemas de injeção
de combustível de forma direta nos motores a combustão foi iniciada antes da
Segunda Guerra Mundial, onde os cientistas utilizavam instalações semelhantes às
utilizadas nos motores a diesel.
Segundo IWAMAMOTO (1997) antes mesmo do desenvolvimento de
sofisticados carburadores, a indústria aeronáutica passou a adaptar sistemas de
injeção direta de combustível, baseando-se em tecnologias até então, empregadas
nos motores de ignição por compressão. Este sistema acabou caindo em desuso com
o desenvolvimento dos carburadores. Durante este período de pesquisas os motores
com injeção direta passaram a adaptar sistemas que antecipavam a injeção, ou seja,
a injeção de combustível era realizada durante o curso de admissão do pistão, para
que a mistura entre o ar e o combustível fosse homogênea. Devido a este uso,
economia de combustível era algo intangível.
GLOËCKLER (1981) em 1930 o Instituto de Pesquisas Aeronáuticas da
Alemanha deu início a um programa de incremento ao sistema de injeção de
combustível na câmara de combustão, fazendo uso de um injetor de um motor a
diesel. Este programa tinha como meta realizar um completo enchimento do cilindro,
o que veio a proporcionar um ganho de 4% de potência no motor.
De acordo com HILDEBRAND JR. (1998) falando ainda da Alemanha, durante
a Segunda Guerra Mundial, o exército alemão passou a utilizar amplamente o sistema
de injeção direta nos motores de seus aviões.
Conforme DOLZA (1957) realizaram, em um motor monocilíndrico, ensaios com
injeção direta, fazendo comparações com o sistema de carburador convencional
variando condições de velocidade, temperatura e carga do motor.
DAVIS (1961) Na Texaco Reserach Center – Beacon, inseriram no interior de
um cilindro um sistema de injeção direta. Este experimento tinha por finalidade
produzir um motor de alta eficiência térmica, que estava associada à combustão de
misturas pobres. Este projeto foi denominado de Texaco Combustion Process (TCP).
O processo do TCP praticava a rotação da mistura ar-combustível na câmara de
combustão, que era proporcionada devido ao ângulo existente entre a parede do
11
cilindro e o bico injetor. Esta pesquisa impetrou seus objetivos, no entanto, a produção
de um motor com essas configurações era de valores elevados, o que fez regredir tal
fabricação.
Segundo IWAMOTO (1997) muitos estudos utilizando o sistema de injeção
direta foram realizados até o ano de 1980, almejando-se configurar um motor com alta
economia de combustível. No entanto, conclui-se que este tipo de motor deveria ser
atuado em pobres condições, onde a carga seria estratificada, preparando assim, uma
mistura suavemente rica na vela de ignição. Devido a este fator, foram propostos neste
período diversos conceitos de combustão aplicando carga estratificada.
SINTOMA CAUSA
Emissão de hidrocarbonetos. Dificuldade de se realizar a
combustão completa.
Incrustação de fuligem na vela
de ignição.
Jato de combustível próximo à
vela, formando fuligem.
Baixo desempenho. Devido ao sistema mecânico de
injeção de combustível, a variação do
tempo de injeção era limitada,
portanto, este motor deveria ser
operado com uma mistura uniforme em
altas cargas. A taxa de excesso de ar
deveria ser mantida alta, para que se
prevenisse a emissão de fuligem, o
que acabou provocando baixo
desempenho.
Diluição do óleo lubrificante. O combustível chocava-se com
a parede do cilindro e com a superfície
do pistão, o que provocava a diluição
do lubrificante.
Acúmulo de sedimentos na
câmara de combustão.
Uma camada de combustível
era formada sobre a superfície do
12
Tais conceitos padronizaram uma configuração física para o motor
posicionando a vela de ignição ao lado do jato de combustível. Apesar da
comprovação de uma combustão estável neste arranjo e de ser um motor avançado
para a época, os sintomas que se seguem foram cruciais para o veto da produção
destes motores:
Ainda de acordo com IWAMOTO (1997) a economia de combustível prosseguiu
a ser o principal objetivo dos fabricantes, pois é o principal fator para redução do
consumo de energia e também para a redução da emissão de CO, que é um dos
gases mais maléficos para a regeneração da camada de ozônio e um dos que mais
influencia para o aumento do efeito estufa.
Pesquisas na área de energética decorreram a constituir as novas tecnologias
para o sistema de injeção direta.
A evolução de tecnologias nas áreas de tratamento de gases provenientes da
queima e o aprimoramento de sistemas de controle do motor e injeção eletrônica de
combustível, assim como, maior rigorosidade com o controle de emissão de poluentes
são fatores contribuintes para o desenvolvimento dos motores ciclo Otto.
Novas tecnologias com o uso de energias mistas ou renováveis têm sido
desenvolvidas com o intuito de auxiliar o desempenho de motores ciclo Otto e até
mesmo vir a substituí-los.
2.2 Turbo Alimentadores
De acordo com PORTAL DO MECÂNICO (2014) a pressão atmosférica é
a pressão exercida pela camada de moléculas de ar sobre a superfície. A pressão é
a força exercida por unidade de área, neste caso a força exercida pelo ar em um
determinado ponto da superfície. As moléculas de ar são atraídas pela força de
gravidade da terra e, portanto, têm peso. Por causa desse fenômeno que não se
dispersam pelo espaço. Devido ao seu peso, a atmosfera exerce uma pressão
pistão, causando o acúmulo de
sedimentos.
13
(pressão atmosférica) sobre todos os objetos nela imersos. Ao nível do mar, a pressão
atmosférica é de aproximadamente 1,033 Kg por cm2 de área ou 1,013 bar ou ainda
760 mm /Hg e diminui à proporção de 1 mm /Hg para cada 30,48 cm de elevação
alterando-se de acordo com a variação da temperatura do ar. Com isso é possível
entender que se o ar sob pressão ocupa todos os espaços da terra, o ar presente no
filtro de ar, nos dutos, coletor de admissão e cilindros do motor a explosão deverá ser
misturado a uma quantidade de combustível para formar a mistura ar/combustível que
faz o motor funcionar. Logo, o rendimento de um motor a explosão está diretamente
ligado ao fluxo do ar atmosférico que consegue entrar em cada cilindro desse motor,
e é influenciado pelo tipo e estado do filtro de ar, assim como o formato e a rugosidade
do coletor de admissão, dos dutos do cabeçote, abertura da(s) válvula(s) de admissão,
velocidade angular do pistão (para quando atinge os pontos de transição [PMs] e
atinge o máximo na metade de seu curso), rotação do motor (quanto maior a rotação,
maior a dificuldade para preencher o cilindro.
PORTAL DO MECÂNICO (2014) uma das dificuldades relevantes é a expulsão
dos gases do cilindro (gases de escapamento). Por estarem muito dilatados devida a
alta temperatura, fatores como formato da câmara de combustão, tipo e quantidade
de válvulas de escapamento, rugosidades, formato e capacidade (diâmetro, curvas e
comprimento) do tubo de escapamento podem bloquear sua saída. Se esses gases
não deixarem o cilindro com a rapidez necessária, ocuparão espaço no cilindro, e por
consequência dificultam a entrada da nova mistura. Essa dificuldade aumenta, à
medida que a rotação do motor sobe. Estes fatores, somados ao ângulo de
cruzamento das válvulas e tipo de perfil do comando de válvulas, influenciam no que
chamamos de Eficiência Volumétrica do Motor (EV). Comparando-se 2 motores, um
de 2 válvulas por cilindro e outro de 4 válvulas por cilindro, enquanto no primeiro caso
a EV é no máximo 65% de enchimento de cada cilindro, já no segundo caso este valor
sobe para 80%. Considerando um motor aspirado de 2.000 cc (2.0) nominais, o
mesmo consegue admitir um fluxo de mistura de aproximadamente 1.300 cc, se for
equipado com 2 válvulas por cilindro, e 1.600 cc se possuir 4 válvulas por cilindro. O
turbo compressor atua aumentando ainda mais esta eficiência volumétrica, na medida
em que os gases de escapamento fazem girar uma turbina, que está montada no
14
mesmo eixo do compressor, fazendo com que este aumente a pressão do ar admitido
e empurre mais ar para dentro do motor.
2.2.1 Origem do turbo alimentador
De acordo com MASTER POWER (2014) os turbo alimentadores estão cada
vez mais equipando motores de concepção avançada, mas sua tecnologia não é tão
recente quanto parece. A turbo alimentação tem sua história ligada à aviação, como
o ar é rarefeito em grandes altitudes, o turbo alimentador compensava isso com uma
pressão de ar maior que a atmosférica nos cilindros. Em paralelo a isso o motor tinha
sua potência aumentada, o que posteriormente se tornou um recurso a mais para os
carros de corrida. Hoje em dia, gradativamente os motores turbo-alimentados se
incorporam à indústria de motores leves, se consagrando como uma versão
aperfeiçoada do motor comum. O turbo alimentador tem como função fornecer um
volume de ar maior ao motor, proporcionando melhor queima de combustível e melhor
desempenho.
2.2.2 Nomenclaturas do turbo alimentador
MASTER POWER (2014) o turbo alimentador se trata de um componente que
utiliza a energia dos gases de escape para convertê-la em energia cinética, é esta
energia que movimenta o rotor da turbina que, ligada a um eixo, transmite o
movimento ao rotor do compressor. O conjunto do compressor é composto pela
carcaça compressora e rotor do compressor e tem a função de aspirar o ar atmosférico
e comprimi-lo pra dentro do cilindro, podendo atingir até três vezes a pressão
atmosférica.
15
Figura 6 – Turbo alimentador
Fonte: www.masterpower.com.br
MASTER POWER (2014) o conjunto rotativo é composto pela carcaça dos
mancais, mancais radiais, mancal axial, prato difusor, defletor de calor, anéis trava,
colar, anéis de pistão e alguns outros itens específicos de cada modelo de turbo. Este
conjunto tem como objetivo receber o óleo lubrificante do motor e fornecer sustentação
ao conjunto do eixo rotor e rotor do compressor. O conjunto da turbina é composto
pela carcaça de ferro fundido e conjunto eixo rotor.
2.2.3 Funcionamento do turbo
MASTER POWER (2014) de toda a energia produzida por um motor de
combustão interna, somente um terço é disponível para o deslocamento do veículo,
os outros dois terços são perdidos das seguintes formas:
Um terço se dissipa no sistema de arrefecimento através do calor e é
consumido pelo próprio mecanismo de funcionamento do motor.
O restante é eliminado como gases de escape. Esta energia térmica, de
velocidade e pressão desses gases serão utilizadas para girar o conjunto eixo rotor
16
da turbina, que estando unida ao rotor do compressor faz com que ambos girem na
mesma rotação.
A carcaça da turbina atua como um tubo em forma e caracol, direcionando o
fluxo de gases para as palhetas do rotor da turbina, fazendo com que o mesmo gire,
e logo após sendo liberado para a atmosfera.
O ar, previamente filtrado pelo filtro de ar, é aspirado pelo rotor em conjunto
com a carcaça compressora, onde é comprimido e enviado em alta pressão para o
coletor de admissão.
Figura 7 – Funcionamento do turbo
Fonte: www.masterpower.com.br
2.2.4 Fluxo de óleo no turbo alimentador
O sistema de lubrificação é essencial para um bom funcionamento das partes
móveis do turbo, pois o mesmo minimiza qualquer atrito, principalmente do conjunto
eixo rotor com os mancais radiais.
O sistema se utiliza da mesma bomba e do mesmo óleo que fazem a
lubrificação do motor, sendo conduzido através de flexíveis ou tubulações específicas
até os mancais. Após entrar nas galerias o óleo é direcionado para o mancal axial e
17
os mancais radiais, onde forma uma película lubrificante que os envolve, mantendo
flutuantes todos os componentes móveis.
Após realizada a lubrificação forçada, o óleo retorna para o carter por gravidade
através da tubulação de retorno.
O perfeito funcionamento do turbo proporciona uma serie de benéficos, tais
como:
Aumento de potência - O aumento da densidade do ar na câmara de
combustão possibilita injetar maior quantidade de combustível,
resultando em elevação de potência.
Preservação do meio ambiente - A aplicação correta do turbo
possibilita equalizar a mistura ar/combustível, proporcionando um
melhor rendimento dentro do mesmo limite de emissão de gases
poluentes.
Compensação de altitude - Conforme a altitude aumenta, o ar se torna
mais rarefeito e a pressão atmosférica diminui, isto faz com que motores
naturalmente aspirados percam aproximadamente 10% de sua potencia
a cada 1000 metros. O turbo consegue minimizar essa perda através da
entrada forcada de ar na admissão.
Redução do consumo de combustível - Com o melhor aproveitamento
da capacidade volumétrica do motor e melhor queima de combustível, o
veículo se torna mais econômico (consumo específico)
Aumento de torque - Aproveitando melhor a capacidade dos
componentes do motor e também sua maior potencia, o veículo
apresenta melhor desempenho em baixas rotações e melhores
retomadas de velocidade.
2.2.5 Tipos de turbo alimentador
A criação de novos tipos de turbos é contínua, devido á constante evolução da
tecnologia presente nos motores, o qual é o tema de nossa monografia, visando
economia, proteção ambiental, segurança e melhor custo x benefício.
18
Atualmente, pode-se citar como tipos de turbo, quanto ao fluxo de gases de
escape na carcaça da turbina:
Fluxo simples monofluxo - A passagem dos gases de escapamento
ocorre em um único canal, tanto no coletor de escapamento quanto na
carcaça da turbina.
É utilizado principalmente em motores de pequeno porte.
Figura 8 – Turbo simples monofluxo
Fonte: www.masterpower.com.br
Fluxo duplo pulsativo - A passagem dos gases de escapamento é
dividida em dois canais, tanto no coletor quanto na carcaça da turbina.
Este sistema proporciona um melhor rendimento em rotações baixas através
do aproveitamento dos pulsos dos gases de acordo com a ordem de explosão dos
cilindros.
Figura 9 – Turbo fluxo duplo pulsativo
Fonte: www.masterpower.com.br
19
2.2.6 Quanto ao fluxo de ar no conjunto do compressor
O sistema Reflow possui uma galeria na carcaça compressora que é ligada á
área de aspiração através de um canal, o que contribui para o aumento do fluxo de ar
em baixas rotações.
Figura 10 – Sistema Reflow
Fonte: www.masterpower.com.br
2.2.7 Quanto ao controle de rotações do turbo alimentador
2.2.7.1Sistema convencional
Neste sistema toda energia térmica dos gases de escapamento é convertida
em giro do conjunto eixo rotor, e consequentemente, há a aspiração e compressão de
todo o volume de ar disponível.
20
Figura 11 – Turbo sistema convencional
Fonte: www.masterpower.com.br
2.2.7.2 Sistema com válvula
Diferente do sistema convencional, este sistema possui um atuador que
controla a pressão e a rotação do turbo alimentador de acordo com os ajustes pré
definidos na fabricação do mesmo.
Figura 12 – Turbo sistema com válvula
Fonte: www.masterpower.com.br
21
2.2.7.3 Turbo de geometria variável (TGV)
Este tipo de turbo alimentador existe um sistema no interior da carcaça da
turbina, que, mediante o funcionamento do atuador, direciona o fluxo dos gases de
escapamento com maior ou menor incidência sobre as palhetas do rotor da turbina.
Quando em baixas rotações e menor fluxo de gases de escapamento, o
sistema provoca a aceleração dos gases, simulando uma carcaça de área reduzida.
Quando ocorre o aumento da rotação e maior fluxo de gases de escapamento, as
palhetas se abrem, diminuindo a velocidade dos gases e mantendo a pressão de
sobre alimentação estável, conforme a necessidade do motor.
Figura 13 – Turbo de geometria variável
Fonte: www.masterpower.com.br
2.3 Emissão de Poluentes e Qualidade do Ar
O ar é essencial para todos os seres vivos: sem ele sufocaríamos em poucos
minutos. O petróleo é rico em enxofre, um dos principais culpados, pois quando
entram em combustão liberam gases de dióxido de enxofre e dióxido de carbono.
De acordo com o site do IBAMA (2014) além de causar congestionamentos
constantes, com a consequente degradação ambiental, devido à poluição do ar e
22
sonora provocada pelos veículos automotores, o crescimento do número de veículos
eleva os custos socioeconômicos e provoca sérios danos à saúde humana, devendo
ser controlados através da adoção de medidas eficazes de controle da
poluição veicular, direta ou indiretamente.
Com o objetivo de reduzir e controlar a contaminação atmosférica por fontes
móveis (veículos automotores) o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
criou os Programas de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores:
PROCONVE (automóveis) e PROMOT (motocicletas) fixando prazos, limites máximos
de emissão e estabelecendo exigências tecnológicas para veículos automotores,
nacionais e importados.
De acordo com o site do CETESB (2014) desde que foi implantado, em 1986,
o Programa reduziu a emissão de poluentes de veículos novos em cerca de 97%, por
meio da limitação progressiva da emissão de poluentes, através da introdução de
tecnologias como catalisador, injeção eletrônica de combustível e melhorias nos
combustíveis automotivos. Constatada a gravidade da poluição gerada pelos veículos,
a CETESB, durante a década de 80, desenvolveu as bases técnicas que culminaram
com a Resolução nº 18/86 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, que
estabeleceu o PROCONVE - Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos
Automotores, posteriormente complementada por outras Resoluções CONAMA. A Lei
Federal nº 8723 de 28 de outubro de 93 (republicada no Diário Oficial da União por
incorreções em 29 de outubro de 1993) definiu os limites de emissão para veículos
leves e pesados.
O PROCONVE (2014) foi baseado na experiência internacional dos países
desenvolvidos e exige que os veículos e motores novos atendam a limites máximos
de emissão, em ensaios padronizados e com combustíveis de referência. O programa
impõe ainda a certificação de protótipos e de veículos da produção, a autorização
especial do órgão ambiental federal para uso de combustíveis alternativos, o
recolhimento e reparo dos veículos ou motores encontrados em desconformidade com
a produção ou o projeto e proíbe a comercialização dos modelos de veículos não
homologados segundo seus critérios.
A CETESB (2014) é o órgão técnico conveniado do IBAMA para assuntos de
homologação de veículos, tendo a responsabilidade pela implantação e
23
operacionalização do PROCONVE no país. Assim, todos os novos modelos de
veículos e motores nacionais e importados são submetidos obrigatoriamente à
homologação quanto à emissão de poluentes. Para tal, são analisados os parâmetros
de engenharia do motor e do veículo relevantes à emissão de poluentes, sendo
também submetidos a rígidos ensaios de laboratório, onde as emissões reais são
quantificadas e comparadas aos limites máximos em vigor.
Nesse sentido o IBAMA (2014), a CETESB, juntamente com o segmento dos
fabricantes/importadores de veículos automotores rodoviários e os refinadores de
petróleo, começaram a discutir em 2002 a segunda etapa do PROCONVE, visando
instituir limites de emissão mais restritos para os veículos no período 2004-2012. Isso
culminou no estabelecimento da Resolução CONAMA 315/02 que fixou novas etapas
para o controle das emissões de veículos leves, pesados e motores de aplicação
veicular nesse período.
O PROCONVE (2014) considera a qualidade do combustível e a concepção
tecnológica do motor como os principais fatores da emissão dos poluentes. Para obter
a menor emissão possível, é necessário dispor de tecnologias avançadas de
combustão e de dispositivos de controle de emissão, bem como de combustíveis
"limpos" (baixo potencial poluidor). O Brasil, pelo fato de ter adicionado 22% de álcool
à gasolina, passou a produzir um combustível de elevada qualidade sob o ponto de
vista ambiental e nos colocou como pioneiros na utilização em larga escala na adição
de compostos oxigenados à gasolina e no uso de combustíveis renováveis. Além
disso, a compatibilidade entre o motor e o combustível é fundamental para o pleno
aproveitamento dos benefícios que podem ser obtidos, tanto para a redução das
emissões, quanto para a melhoria do desempenho, dirigibilidade, consumo de
combustível e manutenção mecânica. Ainda a disponibilidade do etanol hidratado e
da mistura Gasolina C, no mercado nacional desde o princípio da década de 80, trouxe
benefícios para o meio ambiente e para a saúde pública, destacando-se a redução
drástica das concentrações de chumbo na atmosfera, visto que o etanol é também um
antidetonante substituto do aditivo a base de chumbo, totalmente retirado do
combustível nacional desde 1991. Além disso, a adição de etanol à gasolina trouxe
imediatamente reduções da ordem de 50% na emissão de CO da frota antiga dos
veículos.
24
Há uma tendência mundial para a adição de alguns compostos oxigenados à
gasolina, visando a redução do impacto poluidor. A experiência internacional nesse
sentido tem demonstrado a superioridade da utilização de alcoóis, notadamente do
etanol como no caso brasileiro, em relação aos éteres, sob o ponto de vista ambiental
e de saúde pública.
Quanto aos aspectos de proteção à pública, as ações do PROCONVE (2014)
têm estabelecido ganhos notáveis desde a sua implantação. Estudos recentes
conduzidos pelo Laboratório de Poluição do Ar da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo concluíram que no período 1996 a 2005 as mortes
evitadas pelas reduções nas emissões veiculares na Região Metropolitana de São
Paulo, em especial o material particulado (fumaça) dos veículos a diesel, foram de
14.495, nos grupos de crianças e idosos.
De acordo com o Portal do Meio Ambiente – PR (2014), o nível da poluição do
ar é medido pela quantificação das principais substâncias poluentes presentes neste
ar, os chamados Indicadores da Qualidade do Ar. Considera-se poluente qualquer
substância presente no ar e que, pela sua concentração, possa torna-lo impróprio,
nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem estar público, danoso aos
materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança.
Temos no Brasil padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Resolução
CONAMA 03/90, para os sete seguintes indicadores:
Partículas Totais em Suspensão (PTS)
Fumaça
Partículas Inaláveis (PI ou PM10)
Dióxido de Enxofre (SO2)
Monóxido de Carbono (CO)
Ozônio (O3)
Dióxido de Nitrogênio (NO2)
O tamanho das partículas é o critério utilizado para a classificação destes
materiais. Partículas mais grossas ficam retidas no nariz e na garganta, provocando
incômodo e irritação, além de facilitar que doenças como gripe se instalem no
organismo. Poeiras mais finas podem causar danos ao aparelho respiratório e
25
carregar outros poluentes "de carona" para os alvéolos pulmonares, provocando
efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.
Dióxido de Enxofre - SO2:
A emissão de dióxido de enxofre está principalmente relacionada com o uso de
combustíveis de origem fóssil. Pode provocar irritação e aumento na produção de
muco, desconforto na respiração e o agravamento de problemas respiratórios e
cardiovasculares. Outro efeito relacionado ao SO2 refere-se ao fato de ser um dos
poluentes precursores da chuva ácida, efeito global de poluição atmosférica,
responsável pela deterioração de diversos materiais, acidificação de corpos d'água e
destruição de florestas.
Monóxido de Carbono – CO:
A emissão de monóxido de carbono está relacionada diretamente com o
processo de combustão tanto em fontes móveis, motores à gasolina, diesel ou álcool,
quanto de fontes fixas industriais. Esse gás é classificado como um asfixiante
sistêmico, pois é uma substância que prejudica a oxigenação dos tecidos. Os efeitos
da exposição dos seres humanos ao CO estão associados à diminuição da
capacidade de transporte de oxigênio na combinação com hemoglobina do sangue.
Uma vez que a afinidade da hemoglobina com CO é 210 vezes maior que com o
oxigênio, a carboxihemoglobina formada no sangue pode trazer graves
consequências como confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada
das funções cerebrais e em casos extremos, morte aos seres humanos.
Ozônio - O3:
O ozônio é um gás composto por três átomos de oxigênio, invisível, com cheiro
marcante e altamente reativo. Quando presente nas altas camadas da atmosfera
(estratosfera) nos protege dos raios ultravioletas do sol. Quando formado próximo ao
solo (troposfera) comporta-se como poluente tóxico. É o principal representante do
grupo de poluentes designados genericamente por oxidantes fotoquímicos, sendo
formado pela reação dos hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio presentes no ar, sob
ação da radiação solar. Pode causar irritação dos olhos e redução da capacidade
pulmonar. Agravar doenças respiratórias, diminuir a resistência contra infecções e ser
responsável por disfunções pulmonares, como a asma. O ozônio interfere na
fotossíntese e causa danos às obras de arte e estruturas metálicas.
26
Dióxido de Nitrogênio - NO2:
É formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes
na atmosfera. Pode provocar irritação da mucosa do nariz, manifestada através de
coriza, e danos severos aos pulmões, semelhantes aos provocados pelo enfisema
pulmonar. Além dos efeitos diretos à saúde, o NO2 também está relacionado à
formação do ozônio e da chuva ácida.
De acordo com o site do CETESB (2014) a relação entre efeitos à saúde e
poluição atmosférica foi estabelecida a partir de episódios agudos de contaminação
do ar e estudos sobre a ocorrência do excesso de milhares de mortes registradas em
Londres, em 1948 e 1952. No caso da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP, o
crescimento desordenado verificado na Capital e nos municípios vizinhos,
especialmente da região do ABC, a partir da 2ª Guerra Mundial, levou à instalação de
indústrias de grande porte, sem a preocupação com o controle das emissões de
poluentes atmosféricos, sendo possível a visualização de chaminés emitindo enormes
quantidades de fumaça, além do grande volume de automóveis que vem crescendo a
cada dia.
Há registros em jornais da década de 60 e especialmente de 70, de episódios
agudos de poluição do ar que levaram a população ao pânico devido aos fortes
odores, decorrentes do excesso de poluentes lançados na atmosfera, causando mal-
estar e lotando os serviços médicos de emergência.
O monitoramento da qualidade do ar, com a avaliação das concentrações de
poluentes no Estado de São Paulo, foi iniciado na Região Metropolitana de São Paulo,
em 1972, com a instalação de 14 estações para medição diária dos níveis de dióxido
de enxofre (SO2) e fumaça preta. Nessa época, a qualidade do ar passou a ser
divulgada diariamente à população por meio de boletins encaminhados à imprensa.
Parte das estações, denominadas manuais, continuam sendo utilizadas pela CETESB
no monitoramento da qualidade do ar.
Em 1981, foi dado um salto qualitativo, com o início do monitoramento
automático e a instalação de novas estações, para a avaliação de SO2, material
particulado inalável (MP10), ozônio (O3), óxidos de nitrogênio – (NO, NO2 e Nox),
monóxido de carbono – (CO) e hidrocarbonetos não-metânicos – (NMHC), além dos
27
parâmetros meteorológicos como direção e velocidade do vento, temperatura e
umidade relativa do ar.
O IBAMA (2014) definiu o processo de fabricação de veículos, dividindo em três
passos:
Passo 1 - Homologação de protótipo
É a comprovação de que os fabricantes/importadores aplicam conceitos de
projeto que asseguram um baixo potencial poluidor aos veículos novos e uma baixa taxa
de deterioração das emissões ao longo da sua vida útil. Tal comprovação se dá através
da análise técnica das especificações de engenharia e resultados de ensaio.
Passo 2 - Controle de produção/importação
É o acompanhamento estatístico das linhas de produção/importação, para
assegurar a conformidade com o projeto homologado bem como uma baixa dispersão
dos índices de emissão dos veículos.
Passo 3 - Controle pós-venda
É o mecanismo que busca induzir os proprietários e reparadores a seguirem
rigorosamente os procedimentos de manutenção preventiva, indicados pelos
fabricantes. São os chamados, Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em
Uso - I/M.
O controle de emissão de poluentes é executado a partir da seguinte classificação
de veículos automotores:
1 - Veículo Leve de Passageiros: automóvel projetado para o transporte de até
12 passageiros, ou seus derivados para o transporte de carga.
2 - Veículo Leve Comercial: veículo utilitário projetado para o transporte de carga
ou misto e seus derivados ou projetados para o transporte de mais que 12 passageiros
ou ainda, com características especiais para uso fora de estrada.
3 - Veículo Pesado: ônibus e caminhão projetados para o transporte de
passageiros e/ou carga.
4 - Veículo de Duas Rodas: ciclomotores, motocicletas e similares.
Os resultados positivos alcançados até agora, mostram que a estratégia para
implantação do controle de emissão de poluentes por veículos automotores foi vitoriosa.
O êxito do programa deve-se ao seu cronograma com etapas cada vez mais restritivas,
28
e, sempre em sintonia com a realidade brasileira. Os resultados mais expressivos
alcançados pelo PROCONVE são:
1. A modernização do parque industrial automotivo brasileiro;
2. A adoção, atualização e desenvolvimento de novas tecnologias;
3. A melhoria da qualidade dos combustíveis automotivos;
4. A formação de mão-de-obra técnica altamente especializada;
5. O aporte no Brasil de novos investimentos, de novas indústrias e de
laboratórios de emissão;
6. geração de empregos;
7. diversificação do parque industrial; e,
8. a redução na fonte (veículo) em até 98% da emissão de poluentes.
Antes dos programas, a emissão média, por exemplo, de monóxido de carbono
(CO) de um veículo leve era de 54g/km. Na atualidade essa emissão está por volta de
0,4 g/km. Note-se que mesmo com o significativo aumento da frota brasileira de veículos
automotores, estes resultados fizeram e fazem com que tenhamos condições de exercer
um melhor controle sobre a poluição atmosférica, garantindo a qualidade do ar nas
grandes cidades brasileiras.
Dicas para reduzir emissão de poluentes e economizar combustível:
Prefira trafegar com a marcha mais elevada possível, evitando a perda de
potência causada pela fricção interna do motor. Mude as marchas antes dos
2.500 RPM nos automóveis a gasolina e antes dos 2.000 RPM nos a diesel;
Evite mudanças bruscas de velocidade, com acelerações e frenagens,
preferindo manter uma velocidade constante e antecipando as paradas nos
semáforos;
Reduza a velocidade de passeio para o máximo de 100 km/h. Isso diminui o
consumo de combustível em 15%;
Desligue o motor nas pequenas paradas a partir dos 20 segundos. Nos veículos
antigos, onde a ligação do motor necessita de pressão sobre o acelerador,
apenas desligue o motor quando o tempo de parada for superior a 1 minuto;
Não exagere na utilização do ar-condicionado e dos sistemas de som de
potência elevada, que acarretam um aumento de 13% no consumo. Não utilize
29
o ar-condicionado para reduzir a temperatura abaixo dos 23ºC e na estrada, a
mais de 80Km/h prefira fechar as janelas e ligar o ar-condicionado;
Evite pesos desnecessários no automóvel;
Verifique sempre a pressão dos pneus e trafegue com a pressão adequada. O
aumento do atrito aumenta o consumo do veículo em até 2%;
De acordo com o site do IBAMA (2014) os carros fabricados a partir de 2011
saíram da fábrica com uma etiqueta conjunta do Ibama e do Inmetro contendo
informações sobre a eficiência energética e as emissões de poluentes. O presidente
do Ibama, Abelardo Bayma, e do Inmetro, João Jornada, assinaram portaria a
unificando o Nota Verde, do órgão ambiental, que classifica os veículos leves de
acordo com as emissões de poluentes e a etiqueta do Programa Brasileiro de
Etiquetagem Veicular (PBEV), do instituto de metrologia, relativa à eficiência
energética (consumo de combustível).
A portaria visa também a definir novos critérios de fixação do percentual do IPI
para veículos automotores com base em indicador ambiental/eficiência energética, em
estudo no Ministério da Fazenda, substituindo ao que vigora atualmente baseado no
combustível e na cilindrada do motor.
Ao instituir uma classificação única proveniente da união dos indicadores
ambientais do INMETRO e do IBAMA, o governo se preocupa com a necessidade de
aperfeiçoar e harmonizar os instrumentos de informação ao consumidor, visando a
orientar uma decisão de compra ambientalmente correta, e quem ganha com isso é o
consumidor.
Para presidente do INMETRO (2014), João Jornada a iniciativa, de certa forma,
provocará uma concorrência positiva entre as montadoras, que vão se preocupar em
produzir veículos mais eficientes, com baixa emissão de poluentes e com baixo
consumo de combustível. “As indústrias terão a oportunidade de colocarem a sua
expertise no campo ambiental e da sustentabilidade”, observou Jornada.
Já o presidente do IBAMA (2014), Abelardo Bayma, comentou que a portaria é
uma medida estruturante e fortalece a importância da sinergia e convergência de
ações entre os Institutos. Também enfatizou que a unificação dos instrumentos é um
importante fator de contribuição para a boa qualidade do ar nas cidades brasileiras,
30
com reflexos na saúde, no clima e na decisão de compra ambientalmente correta do
consumidor.
“A nova classificação dos veículos em relação aos níveis de emissão de
poluentes e a eficiência energética são uma importante ferramenta de estímulo ao
consumo consciente e ao processo de melhoria contínua da indústria”, afirmou Bayma
(2014).
A metodologia utilizada pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por
Veículos Automotores (Proconve), com os indicadores de eficiência energética do
Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), leva em consideração as
seguintes condicionantes:
• a união dos indicadores ambientais e de eficiência energética não implica
qualquer alteração nos critérios de classificação dos dois instrumentos;
• os valores de emissão de poluentes passam a ser divulgados, também, na
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), do PBEV, sob o título Energia
e Ambiente;• o valor de CO2 (Dióxido de Carbono) divulgado na etiqueta será o
declarado ao PBEV pelo fabricante ou importador do veículo.
Figura 14 – Modelo de etiqueta do programa brasileiro de etiquetagem
veicular
Fonte: INMETRO
31
Gráfico 1 – Evolução dos limites de emissão dos poluentes do PROCONVE e do
PROMOT – Veículos Leves
Fonte: INMETRO
Gráfico 2 – Evolução dos limites de emissão dos poluentes do PROCONVE e do
PROMOT – Veículos Pesados
Fonte: INMETRO
32
Figura 15 – Marcas dos programas “NOTA VERDE” do IBAMA e “Programa
Brasileiro de Etiquetagem Veicular” do INMETRO
Fonte: IBAMA e INMETRO
33
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para realizar a análise teórica do TCC em questão, foi consultado primeiramente
normas e legislações para obter-se uma base do que mais seria necessário pesquisar
em bibliografias como livros, revistas, sites de órgãos entre outras fontes.
Tornou-se necessário adquirir o conhecimento de alguns critérios estabelecidos
por algumas normas como:
DIN, NBR, ISO: A potência do motor é medida com o ventilador, bomba de água,
bomba injetora, alternador, silencioso e filtro de ar.
CUNA (Itália): A potência do motor é medida sem o filtro de ar e sem silencioso.
É de 5 a 10% superior aos valores em DIN, NBR e ISO
SAE: A potência do motor é medida sem os agregados e consumidores de
energia. É de 10 a 25% superior aos valores em DIN, NBR e ISO.
E também conhecer como trabalham os tipos de equipamentos utilizados para
a medição dos respectivos processos apresentados:
3.1 Dinamômetro
Dinamômetro é o equipamento capaz de medir a potência, trabalho executado
na unidade de tempo, de um motor em suas diversas condições de funcionamento.
O dispositivo mais antigo, utilizado até os dias de hoje para medir a potência do motor,
é constituído por um volante circundado por uma cinta conectada a um braço cuja
extremidade se apóia sobre a plataforma de uma balança. O volante, acionado pelo
motor, tem o seu movimento restringido pela pressão aplicada à cinta, que transmite o
esforço ao braço apoiado sobre a balança. A partir das leituras da balança, calcula-se
o esforço despendido pelo motor. Esse dispositivo é conhecido como FREIO DE
PRONY. O cálculo da potência do motor se faz considerando:
34
Figura 16 – Freio de Prony
Fonte: www.ifi.unicamp.br
Rotação do motor = 𝑵 (em rpm)
Comprimento do braço = 𝑹 (em m ou ft)
Leitura da balança = 𝑷 (em lb. ou Kg)
Com os elementos citados, sabendo-se que a periferia do volante percorre, no
intervalo de uma rotação, a distância 𝟐𝝅𝒓 contra a força de atrito 𝒇, aplicada pela cinta,
então, em cada rotação, tem-se:
𝑻𝒓𝒂𝒃𝒂𝒍𝒉𝒐 = 𝟐 𝝅 𝒓 𝒇 (1)
Conjugado resistente ao atrito é formado pelo produto da leitura 𝑷 da balança
pelo valor do comprimento do braço de alavanca 𝑹 e será exatamente igual ao
produto 𝒓 vezes 𝒇, conjugado que tende a mover o braço. Logo:
𝒓 𝒇 = 𝑷 𝑹 (2)
e, em uma rotação, 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 = 2 𝜋 𝑃 𝑅
Se o motor funcionar a 𝑵 rpm, o Trabalho por minuto será dado por:
𝝉 = 𝟐 𝝅 𝑷 𝑹 𝑵 (3)
35
Expressão acima define a potência desenvolvida pelo motor, que pode ser
expressa em HP (Horsepower) ou em CV (Cavalo-vapor), dependendo das unidades
empregadas.
Assim:
𝑯𝑷 =𝟐𝝅 𝑷 𝑹 𝑵
𝟑𝟑𝟎𝟎𝟎 == 𝑯𝑷 =
𝑷 𝑹 𝑵
𝟓𝟐𝟓𝟐 (4)
Para 𝑷 em libras, 𝑹 em pés e 𝑵 em rpm, ou:
𝑪𝑽 =(𝟐𝝅 𝑷 𝑹 𝑵)
𝟒𝟓𝟎𝟎 == 𝑪𝑽 =
(𝑷 𝑹 𝑵)
𝟕𝟏𝟔,𝟐 (5)
Para 𝑷 em Kg, 𝑹 em metros e 𝑵 em rpm.
Constantes 4.500 e 33.000 são resultantes das definições de CV e HP, que são,
respectivamente, a potência necessária para elevar a altura de um metro, em um
segundo, uma carga de 75 quilogramas, o que corresponde a 75 x 60 = 4500 para
transformação em minuto e a potência necessária para elevar a altura de um pé, em
um segundo, uma carga de 550 libras, donde 550 x 60 = 33000 para transformar em
minuto.
O Freio de Prony apresenta vários inconvenientes operacionais, destacando-se
o fato de manter a carga constante independente da rotação empregada. Então, se a
rotação cai, em virtude do motor não suportá-la, a rotação irá diminuir até a parada total
do mesmo. Consequentemente, essa máquina vem sendo substituídas por
dinamômetros mais versáteis, com predominância dos DINAMÔMETROS
HIDRÁULICOS, onde a carga aplicada varia em razão diretamente proporcional ao
cubo da rpm. Se a rotação cair a carga imposta pelo dinamômetro diminuirá, dando
tempo ao operador de reajustar a carga e corrigir a velocidade para o valor desejado.
Nos dinamômetros hidráulicos o freio é exercido pela ação de um rotor que,
pressionando água contra aletas fixas na carcaça, produz o mesmo efeito físico que no
Freio de Prony. O braço e a balança, embora possam ser empregados neste tipo de
equipamento, foram substituídos por uma Célula de Carga. As Células de Carga, por
36
vezes, são constituídas de um cristal de quartzo, cujo efeito piezelétrico, resultante da
compressão exercida pela extremidade do braço, é transformado em leitura para um
instrumento. Em alguns casos, em vez de cristal de quartzo, utiliza-se uma câmara de
pressão acoplada a um transdutor que executa a mesma função.
3.1.1 Definições
POTÊNCIA É o trabalho realizado pelo motor, num intervalo de
tempo.
POTÊNCIA OBSERVADA É a potência medida nas condições do ensaio.
POTÊNCIA REDUZIDA É a potência observada reduzida (corrigida) para as
condições atmosféricas padrão.
POTÊNCIA BRUTA
É a potência obtida com o motor básico (apenas com
os componentes essenciais ao seu funcionamento, sem
ventilador, silencioso, filtro de ar, alternador ou dínamo sem
carga).
POTÊNCIA LÍQUIDA É a potência obtida com o motor completo.
POTÊNCIA EFETIVA
É a potência disponível no eixo para produção de
trabalho, abreviadamente designada por BHP (Brake Horse-
power).
POTÊNCIA INDICADA
É a potência dentro dos cilindros. Abreviadamente
denominada de IHP (Indicated Horse-power), consiste na
soma das potências efetiva e de atrito nas mesmas
condições de ensaio. IHP = BHP + FHP
RENDIMENTO
MECÂNICO
É a razão entre a potência medida no eixo e a
potência total desenvolvida pelo motor, ou seja: = (BHP
/ IHP). Como BHP = IHP - FHP, resulta que = 1 - (FHP /
IHP).
37
PRESSÃO MÉDIA
EFETIVA (Pm)
É definida como sendo a pressão hipotética
constante que seria necessária no interior do cilindro,
durante o curso de expansão, para desenvolver uma
potência igual à potência no eixo.
PRESSÃO MÉDIA
INDICADA (Pi)
É definida como a pressão hipotética que seria
necessária no interior do cilindro, durante o curso de
expansão, para desenvolver uma potência igual à potência
indicada. Como o rendimento mecânico () é igual a
relação BHP / IHP, também = (Pm / Pi)= relação entre as
pressões média e efetiva.
CILINDRADA
É o volume do cilindro, igual ao produto da área
da cabeça do pistão pelo curso, mais o volume da
câmara de combustão, se houver. A soma dos volumes
de todos os cilindros é denominada de CILINDRADA
TOTAL ou DESLOCAMENTO.
TAXA DE COMPRESSÃO
Também denominada de razão ou relação de
compressão, é a relação entre o volume total do cilindro,
ao iniciar-se a compressão, (V1)e o volume no fim da
compressão (V2), constitui uma relação significativa
para os diversos ciclos dos motores de combustão
interna. Pode ser expressa por
r = (V1/ V2).
3.1.1.1 Pressão Média Efetiva (Pm)
A pressão média efetiva é uma variável muito expressiva no julgamento da
eficácia com que um motor tira proveito do seu tamanho (Cilindrada), sendo, por isso,
muito usada para fins de comparação entre motores. O torque, por exemplo, não se
presta muito para comparar motores porque depende das dimensões do motor. Os
motores maiores produzirão maiores torques. A potência, também, não é um bom
elemento para permitir a comparação de motores, pois depende, não somente das
38
dimensões, mas também da velocidade de rotação. Assim, num projeto tem-se sempre
em mente construir motor de pressão média efetiva elevada, como podemos concluir
das considerações a seguir.
Sabe-se que:
Potência = Trabalho / Tempo
𝑷 =𝝉
𝒕 (6)
Pode-se escrever então:
𝑷 = 𝑷𝒎. 𝑨. 𝑳. 𝒏.𝑵
𝒙 (7)
Sendo:
𝑷𝒎 = Pressão média efetiva em psi (libra/in²) ou em kg/cm²;
𝑨 = Área da cabeça do pistão em in² ou cm²;
𝑳 = Curso do pistão em pol. ou cm;
𝒏 = Número de cilindros do motor;
𝒙 = Número de rotações por cilindro, entre dois cursos de expansão. (Para
motores de quatro tempos, x = 2);
𝑵 = Número de revoluções por minuto (rpm) e
𝑫 = Cilindrada total do motor em in³ ou cm³.
Como:
𝑫 = 𝑨 . 𝑳 . 𝒏 (8)
a expressão para cálculo da pressão média efetiva resulta, então:
𝑷𝒎 =𝑷.𝒙
𝑫.𝑵 (9)
Ajustando as unidades para converter Potência para HP, temos:
𝑃𝑚 =𝐵𝐻𝑃.2.12.33000
𝐷.𝑁 == 𝑃𝑚 =
𝐵𝐻𝑃.792000
𝐷.𝑁 (10)
Para 𝑩𝑯𝑷 em HP, 𝑫 em in³ e 𝑵 em rpm, ou então:
39
𝑷𝒎 =𝑩𝑯𝑷.𝟗𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎
𝑫.𝑵 (em Kg / cm2) (11)
Para 𝑩𝑯𝑷 em CV, 𝑫 em cm³ e 𝑵 em rpm.
3.1.1.2 Pressão Média Indicada (Pi)
É definida como a pressão hipotética constante que seria necessária no interior
do cilindro, durante o curso de expansão, para desenvolver uma potência igual à
potência indicada.
𝑷𝒊 =(𝑰𝑯𝑷.𝟏𝟐.𝒙.𝟑𝟑𝟎𝟎𝟎)
𝑫.𝑵 (em lb / in2) (12)
Como rendimento mecânico é a relação entre as potências efetiva e indicada,
pode-se escrever então:
𝒏𝒎 =𝑩𝑯𝑷
𝑰𝑯𝑷== 𝒏𝒎 =
𝑷𝒎
𝑷𝒊 (13)
3.1.1.3 Consumo de Combustível e Rendimento Térmico
Um método simples de efetuar avaliações do consumo de combustível consiste
em manter sobre uma balança o reservatório de combustível (pode ser um balde
comum) e, fixando-se a carga no dinamômetro em determinado valor, efetuar leituras
da balança em intervalos de tempo cronometrados, obtendo-se assim o peso (ou
massa) de combustível consumido com o motor operando a determinada potência. De
posse dos valores de massa de combustível consumido, potência medida e tempo,
pode se calcular o consumo especifico de combustível em g/CV.h ou lb./HP.h.
Tomando-se medições em diferentes condições de carga e rpm, é possível plotar em
gráfico os diversos resultados e traçar uma curva de consumo para o motor em prova.
Outros recursos mais elaborados, como medidores de vazão (fluxímetros),
40
especialmente no caso dos motores Cummins, apresentam algumas dificuldades, em
função da quantidade de combustível retornada. O consumo horário é determinado por:
𝒒 =𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂
𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 (em Kg/h ou lb./h) (14)
Outro processo consiste em utilizar um vasilhame graduado e cronometrar o
tempo gasto para o motor consumir, em determinado regime constante de carga e rpm,
um volume conhecido de combustível. De posse desses valores, a Massa será igual
ao produto do Volume pela sua Densidade:
𝑴 = 𝝆. 𝑽 (15)
𝑪𝒆𝒄 =𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂
𝒑𝒐𝒕𝒆𝒏𝒄𝒊𝒂 . 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 == 𝑪𝒆𝒄 =
𝝆.𝑽
𝑩𝑯𝑷.𝒕 (16)
Onde:
= Densidade do combustível;
𝑽 = Volume de combustível consumido;
𝑩𝑯𝑷 = Potência do motor no dinamômetro e
𝒕 = Tempo
Para facilidade de aplicação das unidades usuais, podemos adotar:
𝑪𝒆𝒄 =𝝆.𝑽.𝟑𝟔𝟎𝟎
𝑩𝑯𝑷.𝒕 em g/HP.h, (com t em segundos) (17)
O consumo específico de combustível é um parâmetro de comparação muito usado
para mostrar quão eficientemente um motor está transformando combustível em
trabalho. O emprego deste parâmetro tem maior aceitação que o rendimento térmico
porque todas as variáveis envolvidas são medidas em unidade padrão: Tempo,
Potência e Peso.
41
3.1.1.4 Rendimento Térmico
É a relação entre a potência produzida e a potência calorífica entregue, ou seja,
é a eficiência de transformação de calor em trabalho, para um ciclo.
Por definição: 𝟏 𝑯𝑷. 𝒉 = 𝟐𝟓𝟒𝟓 𝑩𝑻𝑼,
Chamando-se o poder calorífico de 𝑸 (em BTU/g) e o consumo específico de
combustível de 𝑪𝒆𝒄, tem-se:
𝑪𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒓𝒆𝒄𝒆𝒃𝒊𝒅𝒐 = 𝑪𝒆𝒄 . 𝑸 e o rendimento térmico resulta:
𝒏𝒕 =𝟐𝟓𝟒𝟓
𝑪𝒆𝒄.𝑸 (18)
3.1.1.5 Consumo de Ar – Relação Ar/Combustível (RAC) e Relação
Combustível/Ar (RCA).
Para determinar a relação ar/combustível é necessário conhecer as quantidades
de combustível e de ar consumidas pelo motor. Entretanto, medir a vazão de ar não é
muito fácil. Existem processos que permitem medir, quando necessário, a quantidade
de ar consumida pelo motor. Um processo normalmente utilizado é o emprego de um
reservatório sob pressão controlada, que fornece ar ao motor através de orifícios
calibrados. Sabendo-se a vazão permitida por cada orifício, sob a pressão medida, é
possível calcular a massa de ar que o motor aspira. O método tem o inconveniente de
permitir quedas de pressão no coletor de admissão, na medida em que os orifícios
somente são abertos após constatada a necessidade de suprir mais ar ao motor, uma
vez que é necessário manter a pressão de coletor constante. Se um único elemento
medidor for usado, a queda de pressão no sistema e a pressão no coletor de admissão,
estarão sujeitas a variações, dependendo da velocidade de escoamento, função direta
da rpm do motor. A utilização de vários orifícios em paralelo seria um atenuante eficaz
para as dificuldades citadas. Para pequenas quantidades de ar, um elemento, apenas,
seria aberto, sendo os demais progressivamente colocados na linha, à proporção que
a quantidade de ar aumentasse, tendo-se atenção à queda total de pressão no sistema,
que deve ser mantida aproximadamente constante. O tanque ou reservatório de
42
equilíbrio é indispensável, pois se o ar for aspirado diretamente, o escoamento será
pulsante, levando a grandes erros nas medidas de pressão através dos orifícios
calibrados. Em geral, como o conhecimento da quantidade de ar consumida pelo motor
só tem importância para o dimensionamento de filtros de ar, turboalimentadores e
elementos conexos, prefere-se avaliar a quantidade de ar por meio de cálculos. O
resultado obtido por cálculos, (Ar teórico) é a quantidade mínima de ar que contém as
moléculas de oxigênio suficientes para a combustão. A relação entre as quantidades
de ar real e teórica, para os motores Diesel de quatro tempos, deve ser mantida acima
de 1,3, a fim de permitir a combustão com máximo aproveitamento do combustível.
Para motores a gasolina, é necessário que essa relação seja, sempre, mantida entre
0,9 e 1,3, pois caso contrário não haverá combustão, verificando-se os fenômenos
conhecidos como mistura pobre ou mistura rica e os desequilíbrios da mistura, em
qualquer proporção, resultarão em desperdício de combustível.
3.1.1.6 Relação Ar-Combustível
𝑹𝑨𝑪 =𝑴𝒂𝒓
𝑴𝒄𝒐𝒎𝒃 (19)
É definida como a relação entre a massa de ar e a massa de combustível em
um intervalo de tempo 𝒕.
3.1.1.7 Relação Combustível-Ar
É o inverso da relação ar/combustível.
𝑹𝑪𝑨 =𝟏
𝑹𝑨𝑪 == 𝑹𝑪𝑨 =
𝑴𝒄𝒐𝒎𝒃
𝑴𝒂𝒓 (20)
43
3.1.1.8 Rendimento Volumétrico
É a relação entre a massa de ar aspirado por um cilindro e a massa de ar que
ocuparia o mesmo volume nas condições ambientes de pressão e temperatura.
Sendo:
𝑴𝒂 = Massa de ar aspirado por hora (lb./h), dividida pelo número de aspirações
por hora e
𝑴𝒕 = Massa de ar, nas condições atmosféricas presentes, necessária para
preencher o volume da cilindrada de um cilindro, o rendimento volumétrico será:
𝒏𝒗 =𝑴𝒂
𝑴𝒕 (21)
A expressão rendimento volumétrico, na realidade, define uma relação entre
massas e não entre volumes, como seria de se esperar.
3.1.1.9 Efeito do Turbo Alimentador
Normalmente denominado por turbina, supercharger, turbocompressor, sobre-
alimentador, supercarregador, ou simplesmente turbo, o que mais importa são os seus
efeitos sobre o desempenho do motor. No caso dos motores Diesel, tem a finalidade
de elevar a pressão do ar no coletor de admissão acima da pressão atmosférica,
fazendo com que, no mesmo volume, seja possível depositar mais massa de ar, e,
conseqüentemente, possibilitar que maior quantidade de combustível seja injetada,
resultando em mais potência para o motor, além de proporcionar maior pressão de
compressão no interior do cilindro, o que produz temperaturas de ignição mais altas e,
por conseqüência, melhor aproveitamento do combustível com redução das emissões
de poluentes. Para melhorar os efeitos do turbo-alimentador, adiciona-se ao sistema
de admissão de ar, um processo de arrefecimento do ar admitido, normalmente
denominado de aftercooler ou intercooler, dependendo da posição onde se encontra
instalado, com a finalidade de reduzir a temperatura do ar, contribuindo para aumentar,
ainda mais, a massa de ar no interior dos cilindros. A tendência, para o futuro, é que
44
todos os motores Diesel sejam turbo-alimentados. Nos motores turbo-alimentados, o
rendimento volumétrico, em geral, é maior que 1.
3.1.1.10 Efeito da Velocidade
Nas altas velocidades, começa haver dificuldade no enchimento dos cilindros,
devido ao aumento das perdas de carga e a inércia da massa de ar, fazendo cair o
rendimento volumétrico.
3.1.2 Elementos para Análise de Desempenho – Comparação de Motores
Para se comparar os desempenhos dos motores, os seguintes elementos são
geralmente considerados:
1 - Consumo específico de combustível (lb./HP.h ou g/CV.h)
2 - Pressão média efetiva (lb./in² ou Kg/cm²)
3 - Relação peso/potência (peso do motor/BHP)
4 - Potência por unidade de cilindrada (BHP/in³ ou BHP/cm³)
A comparação depende do fim a que se destina o motor. Para motores de
aviação, por exemplo, os elementos 1 e 3 podem ser os mais significativos enquanto
para um motor estacionário, o consumo específico de combustível é de importância
fundamental.
3.1.3 Condições Atmosféricas Padrão
Segundo a norma NBR 5484 da ABNT:
Pressão barométrica
Bp = 746 mmHg (150m de altitude,
aproximadamente)
Temperatura ambiente Tp = 30ºC
Pressão de vapor Hp = 10mmHg
Pressão barométrica de ar seco Bs = 736mmHg
Densidade absoluta do ar seco Ds = 1,129 Kg/m³
45
3.1.4 Fatores de Redução
O método de redução recomendado se baseia na premissa de que a relação
ar/combustível, o rendimento térmico indicado, a potência de atrito e a eficiência
volumétrica não se alteram com as variações das condições atmosféricas de pressão,
temperatura e umidade ou que esse efeito é desprezível. Porém essa suposição só é
válida se a faixa das condições ambientais for pequena, de modo a não serem afetadas
as características da combustão do motor. A faixa recomendada é:
Pressão barométrica = 690 a 770mmHg
Temperatura de admissão do ar = 15ºC a 45ºC
Em motores do Ciclo Otto, o fator de redução é calculado pela expressão:
𝑹𝒐 =(𝟐𝟗,𝟗𝟐)
𝑷𝒂 . (
(𝑻𝒂+𝟒𝟔𝟎)
𝟓𝟐𝟎)𝟏/𝟐 (22)
Para 𝑷𝒂 em inHg e 𝑻𝒂 em ºF, ou
𝑹𝒐 =𝟕𝟑𝟔
𝑷𝒂 . (
𝑻𝒂+𝟐𝟕𝟑
𝟑𝟎𝟑)𝟏/𝟐 (23)
Para 𝑷𝒂 em mmHg e 𝑻𝒂 em ºC.
𝑷𝒂 = Pressão barométrica do ar seco (pressão barométrica observada = pressão
parcial de vapor levantada com auxílio da carta psicrométrica).
𝑻𝒂 = Temperatura absoluta do ar aspirado (medida a 15 cm da entrada da
admissão).
Este fator permite a correção do torque, da potência e da pressão média efetiva
observados durante o ensaio. Não deve ser aplicado ao consumo específico de
combustível, pois supõe-se que o motor receba a quantidade correta de combustível a
ser queimado com o ar aspirado.
Em motores Diesel funcionando com relação ar/combustível constante, o fator
de redução é dado pela expressão:
46
𝑹𝒅 =𝟐𝟗,𝟗𝟐
𝑷𝒂 .
𝑻𝒂+𝟒𝟔𝟎
𝟓𝟐𝟎 (24)
Para 𝑷𝒂 em inHg e 𝑻𝒂 em ºF.
Ou:
𝑹𝒅 =𝟕𝟑𝟔
𝑷𝒂 .
𝑻𝒂+𝟐𝟕𝟑
𝟑𝟎𝟑 (25)
Para 𝑷𝒂 em mmHg e 𝑻𝒂 em ºC.
NOTA:
Para motores Diesel, em ensaios com fornecimento constante de combustível
(limitação fixa da bomba injetora) o método empregado para redução dos resultados é
gráfico. A descrição deste método pode ser encontrada na norma NBR 5484 da ABNT.
3.1.5 Tipos de Testes
Pode-se destacar entre os tipos de testes realizados em motores:
1. Teste de velocidade variável;
2. Teste de velocidade constante;
3. Teste de torque e avanço (para motores do ciclo Otto) e
4. Teste de potência de atrito.
3.1.5.1 Testes de Velocidade Variável
É o teste freqüentemente apresentado para motores automotivos e marítimos.
Normalmente são realizados a plena carga, ou seja, com o acelerador na posição de
máxima rotação do motor e os testes de cargas parciais (75%, 50% ou 25% de carga)
onde o acelerador é mantido em posições intermediárias.
47
3.1.5.1.1 Descrição do Ensaio
O teste de plena carga determina a potência máxima do motor em cada rotação
de funcionamento. Para tal, após o aquecimento do motor e estabilização das
temperaturas, leva-se o acelerador para a posição de máxima rotação e, gradualmente,
ajusta-se a carga do dinamômetro e observa-se a queda de rotação, anotando-se os
valores de potências lidos e a rpm correspondente. Em geral, nos motores Diesel, os
valores mais importantes são os nominais de placa neste teste. Por exemplo, se o
motor é de 400 HP a 2100 rpm, dados constantes na plaqueta de identificação, ao
posicionar o acelerador em máxima rpm, sem carga, o tacômetro deverá assinalar algo
como 2500 rpm. Aumentando-se gradualmente a carga aplicada, ao atingir 2100 rpm
a carga deverá ser de 400 HP, como informado pelo fabricante. É importante que sejam
estabelecidos os pontos de medição desejados, para cada motor, onde serão
efetuadas as leituras e os valores anotados, para que a prova possa ser repetida.
Parâmetros como temperatura dos gases de escape, pressão no coletor de admissão
e temperaturas da água e do óleo lubrificante, assim como a coloração dos gases de
escape, são indicadores importantes de problemas que necessitam ser corrigidos.
Deve-se ter em mente que a coloração dos gases de escape é um indicativo da carga
do motor porém não é absoluto, posto que outros fatores, tais como injeção atrasada,
compressão inadequada e injeção desigual nos diversos cilindros produzem fumaça.
Para um motor em boas condições, o aspecto dos gases de escape dá uma idéia
satisfatória da situação de carga do motor.
3.1.5.2 Testes de Velocidade Constante
O teste de velocidade constante é normalmente utilizado na análise de
desempenho de motores estacionários, que acionam geradores por exemplo, onde a
velocidade de rotação é constante e deseja-se medir a potência máxima e o consumo
de combustível para várias condições de carga, na mesma rpm.
48
3.1.5.2.1 Descrição do Ensaio
Inicia-se o teste com o motor funcionando sem carga (ou somente com a carga
de aquecimento), atuando-se no acelerador até atingir a velocidade desejada. O
acelerador é mantido fixo nessa posição e, segundo um roteiro de testes pré
estabelecido, aplica-se a carga até o valor desejado, sendo mantida a rotação
constante. A maioria dos motores para essas aplicações estão dotados de um
governador automático de rpm, na bomba injetora, que se encarrega de manter
constante a velocidade ajustada. Quando o ensaio estiver sendo efetuado sem o
governador, é necessário corrigir a velocidade manualmente. Atingidos os valores
pretendidos, efetua-se as leituras e anotações dos parâmetros que se pretende avaliar.
O teste pode ser conduzido em várias etapas de valores de carga, sendo a última o
teste de plena carga. Adotando-se incrementos de carga adequados, é possível traçar,
por exemplo, uma curva de consumo específico de combustível.
3.1.5.3 Testes de Torque e Avanço
Tem como finalidade determinar a curva de avanço ideal para o distribuidor, em
motores do ciclo Otto, com o motor funcionando tanto em plena carga quanto em
cargas parciais.
3.1.5.3.1 Descrição do Ensaio
Inicia-se o teste com o motor funcionando em plena carga, na rotação de
funcionamento mais baixa. A seguir aciona-se manualmente o distribuidor até descobrir
a posição de torque máximo. Registra-se o avanço correspondente a esta posição e
em seguida movimenta-se o distribuidor para um dos lados observando em que
momento ocorre uma variação de torque. Neste instante, registra-se o avanço
correspondente. Faz-se o mesmo procedimento girando o distribuidor para o outro lado.
Feito isso, fica determinada uma faixa de avanço para a condição de torque máximo,
para uma rotação do motor. Todo este procedimento será repetido até que todas as
rotações de funcionamento sejam abrangidas. Analogamente é feita a pesquisa de
49
avanço nas cargas parciais. Para uma velocidade de rotação e uma carga estabelecida
(25%, 50%, 75% da plena carga) determina-se o avanço que corresponde a
manutenção da rpm e da carga com a menor abertura do acelerador. Neste instante,
registra-se o vácuo presente no coletor de admissão. Repete-se este procedimento,
até que toda a faixa de velocidade e carga seja abrangida. Ao final do teste, os
resultados encontrados são organizados em forma de tabela.
Para os motores do ciclo Otto o avanço total é
𝑨𝒕 = 𝑨𝒊 + 𝑨𝒄 + 𝑨𝒗 (26)
onde:
𝑨𝒕 = Avanço total;
𝑨𝒊 = Avanço inicial ou fixo colocado na rotação de marcha lenta do motor;
𝑨𝒄 = Avanço centrífugo;
𝑨𝒗 = Avanço à vácuo.
Nas condições de trabalho sem carga apenas estão atuando os avanços inicial
e centrífugo, uma vez que não há presença de vácuo no coletor de admissão para
acionar o avanço à vácuo.
Desta forma, se estabelece um avanço inicial (por exemplo, 10º APMS) e com
os resultados obtidos no teste de plena carga, determina-se a curva de avanço
centrífugo que deve ser preparada no analisador de distribuidor, que é o equipamento
destinado para este fim.
Em motores de 4 tempos, para completar-se um ciclo, a árvore de manivelas
gira 720º enquanto o eixo do distribuidor gira 360º. Desta forma, as rotações e os
avanços observados no motor correspondem no distribuidor à metade dos valores
observados.
De forma análoga, a curva de avanço à vácuo do motor é determinada em
função de um avanço inicial pré-fixado, do avanço centrífugo determinado e do avanço
total registrado em cada condição de carga parcial.
Finalmente, de posse de todos os dados levantados, o distribuidor é preparado
com o auxílio de um analisador de distribuidores, onde procura-se colocar o distribuidor
dentro das faixas ideais determinadas por ocasião do teste em dinamômetro.
50
3.1.5.4 Teste de Potencia de Atrito
Tem por objetivo determinar a potência necessária para acionar o motor em
condições de funcionamento, vencendo todas as resistências mecânicas resultantes
do atrito das partes móveis mais os esforços para vencer os tempos de compressão,
admissão e expulsão dos gases. O motor deve ser acionado pelo dinamômetro, sem
queimar combustível e a potência de atrito será considerada como igual a consumida
pelo dinamômetro para as considerações de ensaio (rotação, temperatura de óleo,
etc.).
3.2 Analisador de gases para motores do ciclo Otto
Inspeção Veicular Ciclo Otto. Para os veículos movidos à gasolina, álcool, GNV
ou flex o equipamento utilizado é um analisador de gases do tipo infravermelho. Ele é
capaz de medir quatro ou cinco gases com o uso de uma sonda coletora instalada no
escapamento. São eles:
HC – Hidrocarbonetos: Combustível que não foi queimado. O HC para veículos
a gasolina e GNV deve estar abaixo de 700 ppm; já para os veículos a álcool e flex
deve ficar abaixo de 1100 ppm.
O2 – Oxigênio: Indicador de mistura pobre. O oxigênio servirá apenas para o
diagnóstico do motor, afinal não é um gás tóxico. Sua presença no escapamento é
resultado de uma combustão parcial. Vale lembrar que em uma combustão perfeita, só
teríamos H2O (água) e N2 (nitrogênio) e CO2 (dióxido de carbono) no escapamento
dos veículos.
CO – Monóxido de Carbono: Indicador de mistura rica, também é resultado de
uma combustão parcial. A nossa legislação adota o valor de CO corrigido e fixa limites
por faixa de ano de fabricação. Para termos uma referência, a partir de 1997 todos os
veículos devem emitir abaixo de 1%, já para os veículos fabricados até 1979 o limite é
6%.
CO2 – Dióxido de Carbono: Indicador de eficiência da combustão. Sua leitura
deve ser superior a 12%. Poderíamos dizer que quanto maior o CO2 lido, melhor; mas
esse gás é um grande vilão para o efeito estufa, porém na análise das emissões, quanto
51
mais CO2, maior é a eficiência da combustão, automaticamente, menor será o
consumo de combustível, melhor será o rendimento geral e menor será a emissão dos
altamente tóxicos: HC e CO.
Um valor alto de HC pode indicar mistura rica ou mistura pobre. Para ficar mais
fácil, sempre avalie o valor de HC em paralelo aos valores de CO e O2. Tenha sempre
em mente:
HC alto e CO baixo = mistura pobre.
HC alto e CO alto = mistura rica.
Para auxiliar na avaliação das emissões e nos fatores que podem interferir em
uma medição, como um furo no escapamento, o programa do analisador de gases
também exibe mais duas medições: CO corrigido e Diluição.
O valor de Diluição, pela legislação, sempre deve estar acima de 6%. Essa
leitura, nada mais é que a soma do valor de CO + CO2.
O valor de CO corrigido está diretamente relacionado ao valor de CO lido, porém
com uma correção em função do valor da Diluição. Para facilitar, quanto mais próximo
de 15% for o valor de CO2 (queima eficiente e sem entrada de ar no escapamento), o
valor de CO corrigido ficará mais próximo ao valor de CO lido.
Figura 17 – Analisador de gases para motores do ciclo Otto.
Fonte: www.lojaeasydiagnosticos.com.br
52
4 RESULTADOS
4.1 Análise dos Motores a combustão Ciclo Otto
Os estudos incessantes dos motores a combustão interna Ciclo Otto, bem como
novas tecnologias empregadas com a injeção eletrônica e novas formas de montagem
dos motores resultam em inúmeras melhoras no aumento de potência e rendimento,
podendo ser notadas desde os motores de 1.0. Os resultados podem ser observados
de ordem cronológica, conforme a tabela 1 a seguir que contém as quatro principais
montadoras de veículos brasileiras.
Características Ford Fiat Chevrolet Volkswagen
1990
Modelo Fiesta Palio ED Corsa Super Gol 1000
Potência (cv) 51,5 61 60 62,5
Torque (Kgf.m) 7,55 8,1 8,3 9,1
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina
Válvulas 8V 8V 8V 8V
Peso 968 890 904 932
2000
Modelo Fiesta Street Palio ELX Celta Life Gol Special
Potência (cv) 65 70 70 54
Torque (Kgf.m) 8,9 9,6 8,8 8,5
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina
Válvulas 8V 16V 8V 8V
Peso (Kg) 980 905 864 910
2010
Modelo Fiesta Rocam Palio Fire Economy Celta LS VHCE Gol City
Potência (cv) 69 (G) / 73 (E) 75 77 (G) / 78 (E) 68 (G) / 71 (A)
Torque (Kgf.m) 8,9 (G) / 9,3 (E) 9,9 9,5 (G) / 9,7 (E) 9,4 (G) / 9,7 (A)
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina / Etanol Gasolina Gasolina / Etanol Gasolina / Etanol
Válvulas 8V 8V 8V 8
Peso 1084 920 890 877
2014
Modelo New Ford KA Palio Attractive Onix Gol Track
Potência (cv) 80 (G) / 85 (E) 73(G) / 75(A) 78 (G) / 80 (E) 72 (G) / 76 (A)
Torque (Kgf.m) 10,2 (G) / 10,7 (E) 9,5 (G) / 9,9 (A) 9,5 (G) / 9,8 (E) 9,7 (G) / 10,6 (A)
Nº de Cilindros 3 4 4 4
Combustível Gasolina / Etanol Gasolina/Etanol Gasolina / Etanol Gasolina / Etanol
Válvulas 12V 8V 8V 8V
Peso 1007 999 1019 974
Tabela 1 – Motores de 1000cc
53
A partir da tabela 1, segue abaixo o gráfico 3 dos motores de 1000cc das
principais marcas brasileiras, onde podemos observar o quanto estas vem buscando
evoluir sua tecnologia, aumentando gradativamente a potência dos seus motores a
cada novo lançamento de carros.
Gráfico 3 – Motores 1000cc
O mesmo estudo aplica-se em motores de 1600cc, conforme tabela 2 e gráfico
4 e motores de 2000cc, conforme tabela 3 e gráfico 5. Lembrando que para realizar
esta comparação foram selecionados motores de veículos similares entre cada marca.
40
44
48
52
56
60
64
68
72
76
80
84
88
1990 2000 2010 2014
Po
TÊN
CIA
(H
OR
SE P
OW
ER)
ANO DE FABRICAÇÃO
MOTORES DE 1000cc
Ford Fiat Chevrolet Volkswagen
54
Características Ford Fiat Chevrolet Volkswagen 1990
Modelo Fiesta GLX Palio Corsa GL MPFi Gol CL
Potência (cv) 95 106 92 88,5
Torque (Kgf.m) 14,1 15,1 13 13,2
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina
Válvulas 8V 16V 8V 8V
Peso 1025 1020 982 970
2000
Modelo Fiesta Trend Palio Stile Corsa GLS Gol Plus
Potência (cv) 105 (G) / 110 (A) 106 102 97 (G) / 99 (A)
Torque (Kgf.m) 14,8 (G) / 15,8 (A) 15,4 14,8 14 (G) / 14,3 (A)
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina / Etanol Gasolina Gasolina Gasolina / Etanol
Válvulas 8V 16V 16V 8V
Peso (Kg) 1102 1005 1025 990
2010
Modelo New Fiesta SE Palio Essence Sonic LTZ Gol Highline
Potência (cv) 110 (G) / 115 (A) 115 (G) / 117 (A) 116 (G) / 120 (A) 101 (G) / 104 (A)
Torque (Kgf.m) 15,8 (G) / 16,2 (A) 16,2 (G) / 16,8 (A) 15,8 (G) / 16,3 (A) 15,4 (G) / 15,6 (A)
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina / Etanol Gasolina/Etanol Gasolina / Etanol Gasolina / Etanol
Válvulas 16V 16V 16V 8V
Peso 1145 1062 1150 1085
2014
Modelo New Fiesta Palio Dualogic Sonic Effect Fox Highline
Potência (cv) 125 (G) / 130 (A) 115 (G) / 117 (A) 116 (G) / 120 (A) 110 (G) / 120 (A)
Torque (Kgf.m) 15,4 (G) / 16 (A) 16,2 (G) / 16,8 (A) 15,8 (G) / 16,3 (A) 15,8 (G) / 16,8 (A)
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina / Etanol Gasolina/Etanol Gasolina / Etanol Gasolina / Etanol
Válvulas 16V 16V 16V 16V
Peso 1126 1062 1150 1105
Tabela 2 – Motores de 1600cc
55
Características Ford Fiat Chevrolet Volkswagen 1
99
0
Modelo Verona Ghia Marea HLX Astra GLS Passat GL
Potência (cv) 116 142 116 115
Torque (Kgf.m) 17,7 18,1 17,3 16,9
Nº de Cilindros 4 5 4 4
Combustível Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina
Válvulas 8V 20V 8V 8V
Peso 1128 1351 1136 1298
20
00
Modelo Focus Ghia Marea Turbo Astra CD Passat Fsi
Potência (cv) 147 182 116 150
Torque (Kgf.m) 19,1 27 17,3 20,4
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina
Válvulas 16V 20V 8V 16V
Peso (Kg) 1231 1310 1130 1418
20
10
Modelo Focus GLX Linea 1.9 Astra Advantage Passat Turbo Fsi
Potência (cv) 143 (G) / 148 (A) 130 (G) / 132 (A) 133 (G) / 140 (A) 200
Torque (Kgf.m) 18,8 (G) / 19,5 (A) 18,1 (G) / 18,6 (A) 18,9 (G) / 19,7 (A) 28,4
Nº de Cilindros 4 4 4 4
Combustível Gasolina / Etanol Gasolina / Etanol Gasolina / Etanol Gasolina
Válvulas 16V 16V 8V 16V
Peso 1356 1315 1180 1463
20
14
Modelo Focus Titanium n/a Vectra Expression Passat Tsi DSG
Potência (cv) 175 (G) / 178 (A) n/a 133 (G) / 140 (A) 211
Torque (Kgf.m) 21,5 (G) / 22,5 (A) n/a 18,9 (G) / 19,7 (A) 28,5
Nº de Cilindros 4 n/a 4 4
Combustível Gasolina / Etanol n/a Gasolina / Etanol Gasolina
Válvulas 16V n/a 8V 16V
Peso 1399 n/a 1268 1474
n/a não aplicável
Tabela 3 – Motores de 2000cc
56
Gráfico 4 – Motores de 1600cc
Gráfico 5 – Motores de 2000cc
84
88
92
96
100
104
108
112
116
120
124
128
132
136
1990 2000 2010 2014
PO
TÊN
CIA
(H
OR
SE P
OW
ER)
ANO DE FABRICAÇÃO
MOTORES DE 1600cc
Ford
Fiat
Chevrolet
Volkswagen
100
110
120
130
140
150
160
170
180
190
200
210
220
1990 2000 2010 2014PO
TÊN
CIA
(H
OR
SE P
OW
ER)
ANO DE FABRICAÇÃO
MOTORES DE 2000cc
Ford
Fiat
Chevrolet
Volkswagen
Motor com turbo
57
4.2 Análise de turbinas nos motores a combustão Ciclo Otto
Os resultados sobre turbinas serão apresentados baseando-se em três
veículos de fabricação nacional utilizando a tecnologia de turbocompressores
instalados originalmente no veículo, ou seja, direto da fábrica, e ordenados de forma
cronológica para que possa ser observada a evolução desta tecnologia através dos
anos.
4.2.1 Fiat Uno 1.4 Turbo
O Fiat Uno Turbo foi o primeiro carro turbinado de série do Brasil, o modelo foi
fabricado entre maio de 1994 e abril de 1996, totalizando 1801 unidades fabricadas.
Além de ser o primeiro turbo de série nacional, o modelo também veio lançando a
tendência de downsizing (motores de pequena cilindrada, alta potência e baixo
consumo) no Brasil, que, como veremos mais á frente está em alta atualmente.
Este veículo desenvolve 118 cv de potência e acelerava de 0 a 100 km/h em
apenas 9,2 segundos, números invejáveis até hoje. Extremamente bem projetado e
dimensionado, o motor, juntamente com o turbocompressor entregam a potência
muito bem ao condutor.
4.2.1.1 Turbina
A turbina aplicada nesse veículo é da marca Garret modelo T2. Uma turbina
empregada em motores de 1000 a 1400cc é muito versátil.
No caso específico do Uno Turbo, foi feito um ajuste especial entre a Garret e
a Fiat para que a turbina atendesse perfeitamente o motor.
Em termos de desempenho a turbina mostra sua força aos 3000rpm do motor,
atingindo seu ápice aos 3500rpm, onde mostrava todo o seu potencial.
A seguir, tabela com dados técnicos do veículo para posterior comparação.
58
Fiat Uno Turbo 1.4 (1994)
Motor Dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1372 cm3, injeção multiponto, gasolina
Diâmetro x Curso 80,5 x 67,4 mm
Turbina Garret Modelo T2, 0,8 bar de pressão
Taxa de Compressão 7,8:1
Potência 118 cv a 6000 rpm
Torque 17 m.kgf a 3500 rpm
Peso 1065 quilos
Aceleração 0 a 100 km/h 9,2 s
Velocidade máxima 192 km/h
Consumo 11,4 km/l (média)
Tabela 4 – Fiat Uno Turbo 1.4 (1994)
4.2.2 Volkswagen Gol 1.0 16v Turbo
A exemplo do Uno Turbo, o Gol Turbo também foi pioneiro no Brasil, ao
apresentar o primeiro motor turbo brasileiro de 1 litro, no ano 2000.
Este veículo veio para revolucionar a indústria na época, pois contava com
quatro válvulas por cilindro, turbocompressor, intercooler e variador de fase no
comando de válvulas, o que fazia com que tivesse potencia equivalente á motores de
2 litros aspirados, rendendo 112cv.
4.2.2.1 Turbina
A turbina utilizada é da marca Allied Signal, modelo GT12. Uma turbina leve,
compacta e 90% nacional de compressor centrífugo.
Por se tratar de uma turbina compacta, oferece respostas rápidas quando o
motorista aciona o pedal do acelerador, tudo isso graças á baixa inércia das peças
móveis do conjunto, favorecendo o torque em todas as faixas de utilização, o que faz
com que a dirigibilidade seja primorosa para um veículo com turbocompressor.
A seguir, tabela com dados técnicos do veículo para posterior comparação.
59
Volkswagen Gol 1.0 16v Turbo (2000)
Motor Dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 999 cm³, injeção multiponto, gasolina
Diâmetro x Curso 67,1 x 70,6 mm
Turbina Allied Signal Modelo GT12, 0,98 bar de pressão
Taxa de Compressão 8,5:1
Potência 112 cv a 5.500 rpm
Torque 15,8 m.kgf a 2.000 rpm
Peso 1061 quilos
Aceleração 0 a 100 km/h 9,8 s
Velocidade máxima 191 km/h
Consumo 11,3 km/l (média)
Tabela 5 – Volkswagen Gol 1.0 16v Turbo (2000)
4.2.3 Fiat Punto T-Jet 1.4 16v Turbo
Mais uma vez a Fiat sai na frente no conceito de carros turbinados no Brasil,
atingindo em 2014 a marca de montadora com mais veículos turboalimentados
lançados no Brasil.
O Punto T-Jet conta com o motor 1.4 16V Turbo T-Jet com 152cv de potência
máxima e 21,1kgfm de torque, encontrados já a partir dos 2.250 rpm, mantendo-se
até 4.500 rpm. Ele atende á uma tendência que se iniciou em 1994 com o Uno turbo:
o downsizing, no qual motores mais compactos, com menos capacidade cúbica,
atingem altos desempenhos, com mais economia de combustível. O Punto T-Jet é a
última palavra em dirigibilidade, robustez e desempenho. Duas décadas atrás um
motor 1.4 sobrealimentado rendia 118cv e já era considerado extremamente potente
para sua cilindrada, com a chegada deste novo motor 1.4 16V Turbo esta potência
teve um enorme salto, ressaltando como a tecnologia maximiza a potência de motores
de mesma cilindrada.
4.2.3.1 Turbina
O turbocompressor que equipa o Punto T-Jet é da marca japonesa IHI modelo
RFH3. É refrigerado a água, tem carcaça de ferro fundido á base de níquel e oferece
60
até 1 bar de pressão. Por conta da presença desse turbo, o motor foi equipado com
virabrequim em aço, pistões revestidos, bielas de aço fraturadas, pino flutuante e
cargas de anéis de pistão otimizadas, para garantir menor ruído e melhorar o
consumo.
Por ser uma turbina compacta e leve, entra em ação cedo, logo que o motor
alcança os 2000 rpm, também conta com um intercooler para resfriar o ar comprimido.
Tudo isso se traduz em acelerações estimulantes e rápidas.
A seguir, tabela com dados técnicos do veículo para posterior comparação.
Fiat Punto T-Jet 1.4 16v Turbo (2014)
Motor Dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1368 cm³, injeção multiponto, gasolina
Diâmetro x Curso 72 x 84 mm
Turbina IHI Modelo RHF3, 1 bar de pressão
Taxa de Compressão 9,8:1
Potência 152 cv a 5500 rpm
Torque 21,1 kgfm a 2250 rpm
Peso 1263 quilos
Aceleração 0 a 100
km/h 8,3 s
Velocidade máxima 203 km/h
Consumo 9,1 km/l
Tabela 6 – Fiat Punto T-Jet 1.4 16v Turbo (2014)
61
4.2.4 Resultado da eficiência
De acordo com os trabalhos do Prof. José Israel Vargas ("An Brazilian Energy
Scenario and the Environment: an Overview ´CBPF- CS-003/92) e como fonte de
dados ("Energy and Power", Chauncey Starr, Scientific American, vol. 225,3, 1971),
foi elaborado um gráfico descrevendo a evolução da eficiência de conversão para
energia motriz, conforme pode ser observado no gráfico 6.
Gráfico 6 – Evolução da Eficiência do motor Otto
Fonte: www.ecen.com
62
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Ao analisar-se os resultados obtidos, pode-se observar que o desenvolvimento
de tecnologias aplicadas em motores de combustão interna propiciou resultados como
aumento de potência específica, durabilidade do motor, redução de consumo
específico de combustível, aplicação de novos materiais, diminuição das emissões de
poluentes, melhoria de dirigibilidade e aumento da eficiência de conversão de
combustível.
Ao analisar as tabelas e gráficos do capítulo anterior, é possível verificar uma
evolução gradual dos motores entre as marcas, destacando que temos alguns picos
neste crescimento nos pontos em que se é agregado turbos ou assopradores no
sistema, disparando uma grande diferença no ganho de potência.
Na década de 80 foi iniciado uma nova direção nos estudos e desenvolvimento
de novos motores, voltados a busca de uma queima ideal da mistura ar e combustível,
por este motivo, após um período para que fosse possível coletar amostras de dados,
os resultados avaliados no capítulo anterior tiveram como seu ponto de partida na
década de 90.
De acordo com a metodologia FMEA (Analise de Efeito e Modulo de Falha), o
critério de severidade do efeito no produto mais importante, e que tem a nota mais
alta no NPR (resultado da multiplicação da severidade, ocorrência e detecção), está
relacionado com o modo de falha potencial que afeta a operação segura do veículo
e/ou envolve não conformidade com regulamentação governamental. Como esta é
uma metodologia fundamental na elaboração dos projetos da automobilística, como
na década de 80 começou a surgir leis, normas e regulamentos cada vez mais
rigorosos, obrigatoriamente estes passaram a fazer parte dos novos projetos.
Nesse mesmo contexto as tecnologias aplicadas tornaram os motores capazes
de trabalhar com mais de um tipo de combustível, propiciando aos usuários as
possibilidades de utilizar um combustível de acordo com uma finalidade específica,
seja por menor custo, maior autonomia, melhor desempenho ou por ser um
combustível menos agressivo ao meio ambiente.
Entre todos esses benefícios trazidos de inovações tecnológicas, os que mais
merecem destaque são aqueles que contribuíram de alguma forma para a
63
sustentabilidade do meio ambiente. Com relação às emissões provenientes dos gases
de escapamento de motor, as tecnologias de controle do motor e de pós-tratamento
de gases conseguiram minimizar severamente as emissões de gases como CO, HC
e NOx.
Porém todas essas medidas ainda não são suficientes. O gás carbônico, por
exemplo, é apontado como um dos causadores do efeito estufa e aquecimento global,
sendo lançado ao meio ambiente proporcionalmente ao consumo de combustíveis em
motores de combustão interna.
Essa demanda pelo melhor aproveitamento do combustível tem levado à
tendência de veículos com motores de combustão interna cada vez menores, que
consumam menos combustíveis e, logo, emitam menos poluentes.
Os tópicos mais importantes a respeito das mudanças nos motores a
combustão, serão tratados a seguir.
5.1 Acompanhamento Estatístico
Segundo informações do INEE dos 31 milhões de carros circulando no Brasil,
57% são FLEX, 40% a gasolina e 3% a etanol hidratado. Dos 17 milhões de
motocicletas, 18% são FLEX. As projeções indicam que, em 2020, 81% dos carros e
61% das motos serão FLEX. Estima-se que, hoje, cerca de ¼ dos carros FLEX
estejam usando etanol hidratado.
O consumo de combustíveis para o ciclo Otto foi de 50 bilhões de litros
equivalentes de gasolina. Desses, 60% sob a forma de GNV e gasolina produzidos no
Brasil, 32% de etanol e o restante importado. Em 2021, a demanda global deve atingir
75 bilhões de litros, não estando ainda definido como será atendida a nova demanda.
Em 2013 o INMETRO avaliou a eficiência energética de veículos leves, sendo
226 modelos FLEX, 126 a gasolina e nenhum a etanol hidratado. A eficiência
energética (km/MJ) de todos os FLEX comercializados em 2013 foi inferior à
observada quando usam gasolina.
A densidade energética do etanol hidratado (20,1 MJ/litro) é cerca de 30% menor
do que o da gasolina brasileira (E22; 28,9 MJ/litro). Propriedades físico-químicas do
64
etanol hidratado permitem que este tenha bem mais eficiência do que a obtida em
motor a gasolina equivalente.
5.2 Novas Tecnologias
Várias tecnologias estão sendo introduzidas para aumento da eficiência dos
motores de combustão interna, entre as quais pode-se citar a HCCI, do inglês
Homogeneous Charge Compression Ignition, na qual o aumento de eficiência do
motor do ciclo Otto é obtida pela compressão e aquecimento da mistura ar-
combustível até o seu ponto de auto-ignição, fazendo com que um motor movido à
gasolina ou álcool tenha uma eficiência similar à de um motor diesel; ou a estratégia
de downsizing, conhecida pelo aumento da potência específica do motor em kW/litro,
ou seja, é o desenvolvimento de um motor 1.0 litros com potência de 1.6 ou mais;
além da Injeção Direta de Combustível, na qual o bico injetor é posicionado de forma
que o combustível seja injetado e misturado ao ar dentro do próprio cilindro, gerando
uma combustão mais limpa e eficiente do que aquela obtida no coletor de admissão.
Uma característica dos motores de combustão interna é a necessidade de
assistência para a partida até atingirem o seu funcionamento autônomo. Os sistemas
de partida inicialmente eram acionados manualmente, e depois o uso do motor elétrico
com algumas funções adicionais (como o impulsor de partida) se tornou largamente
utilizado tanto para motores do ciclo Otto (motores à gasolina/álcool) quanto para os
motores do ciclo diesel.
O novo bloco tricilíndrico 1.0 a gasolina, que cumpre as normas Euro 6,
apresenta melhores performances, ao mesmo tempo que foram minimizados os níveis
de emissões, ruído e de vibrações. E também vem surgindo os motores híbridos com
ciclo Atkinson, que permite um aumento da expansão e reduz as perdas de calor
através de uma elevada taxa de compressão (13,5:1), resultando numa superior
eficiência térmica. E com a Lei 15.997/14 aprovada em São Paulo, dando incentivos
para este conceito de motores, vai acelerar ainda mais essa nova tendência, que por
enquanto há em poucos carros, distribuídos nas marcas Toyota, Mercedes Benz, Ford
e Honda.
65
5.3 Desenvolvimento do Sistema de Partida
Os sistemas de partida utilizados atualmente também começam a evoluir, após
mais de um século de poucas alterações desde a invenção do motor de partida
convencional. Alguns conceitos inovadores começam a surgir, como o motor-gerador
integrado, que é acoplado ao motor de forma contínua por meio de correia, no qual
um único sistema tem a dupla função de motor de partida e de alternador.
Esses novos conceitos de sistemas de partida não-convencionais podem
também contribuir para o aumento da eficiência dos motores de combustão interna,
através da economia de combustível, e também na redução das emissões de gases
poluentes. A tecnologia conhecida como start-stop, por exemplo, permite que em
situações de congestionamento usuais em grandes cidades, a economia de
combustível possa atingir cerca de 8%, medida que pode variar dependendo do ciclo
urbano considerado na avaliação, mas que se torna um fator decisivo para a adoção
desse tipo de sistema de partida.
5.4 Desenvolvimento de Comando de Válvulas
Um dos fatores importantes para a eficiência dos motores com o ciclo Otto é o
comando de válvula variável.
Este tipo de comando de válvulas permite a variação no tempo de abertura do
curso das válvulas. Com o comando convencional as válvulas abrem e fecham de
maneira mecânica, ou seja, com tempo fixo, por esse motivo cada montadora optava
por ter um motor mais potente ou mais econômico. Com a tecnologia dos comandos
de válvula variável, é permitido que as válvulas sejam abertas e fechadas de acordo
com a necessidade de cada regime.
Diversas melhorias foram desenvolvidas para se controlar adequadamente a
variação da abertura e do fechamento das válvulas de admissão e escape em um
motor de ciclo Otto. Com o ajuste adequado do comando de válvulas, o motor
poderá obter, por exemplo, maior torque, maior desempenho, maior economia de
combustível e menor emissão de poluentes.
66
Os benefícios da utilização do comando de válvulas variável pode trazer para
um motor de ciclo Otto são:
Eliminação das perdas na eficiência volumétrica na admissão e o aumento do
aproveitamento do combustível - ocorrem com o controle da massa de ar pela
própria válvula de admissão, ou seja, não seria feito pela válvula borboleta, o
que causa perdas térmicas e consequentemente diminui a eficiência térmica
do motor, a válvula borboleta permaneceria aberta e o controle da massa de ar
para o cilindro seria feito controlando a válvula de admissão.
Aumento do torque - é realizado melhorando-se os tempos de abertura e
fechamento das válvulas, o que faz com que a curva de torque seja mais
achatada em relação a variadas rotações, em outras palavras, ela não terá um
valor de pico somente na faixa de rotações médias do motor, como é usado
atualmente nos comandos de válvulas convencionais.
Maior eficiência na operação sem ou com pequena carga - Uma maior
eficiência operando sem ou com pequena carga é obtida quando a maior
parte da combustão é completada no início da fase de expansão, então,
precisa-se de uma maior turbulência dos gases de admissão para que tenha
uma maior taxa de queima.
Diminuição da quantidade de monóxidos de nitrogênio e dióxidos de
nitrogênio durante a combustão - A descarga dos resíduos é promovida por
dois fatores. O primeiro fator é a diferença de pressão existente no conduto
de escape, e a pressão no interior do cilindro, próxima da pressão residual da
combustão. Fechando-se a válvula de escape um pouco antes do PMS, faz
com que uma última porção de gases residuais fique presa no cilindro,
favorecendo para que haja uma redução dos picos de temperatura na
combustão e diminuição da quantidade de óxidos de nitrogênio.
Melhoria no efeito RAM - Devido ao deslocamento do embolo no interior do
cilindro com certa aceleração e desaceleração, uma diferença de pressão é
67
gerada entre cilindro e coletor de admissão, esta diferença de pressão produz
um fluxo de ar para a região de menor pressão, no caso, o cilindro.
5.5 Ganho de Pressão na Admissão
A potência desenvolvida por motores a combustão interna pode ser aumentada
com a elevação da pressão de admissão. Este fenômeno é obtido com aplicação da
superalimentação. Este processo consiste em forçar o ar para o interior do cilindro,
de modo que o peso da carga aumente. Os superalimentadores são de dois tipos:
Sopradores - dispositivo que tem por finalidade manter um fluxo de ar
contínuo e forçado para o interior do cilindro. É acionado pelo próprio motor.
Turbinas - dispositivo composto de dois rotores, ligados entre si por um eixo.
É acionado pela energia cinética dos gases queimados.
5.6 Desenvolvimento dos Carburadores
Carburador é um aparelho ou dispositivo, que a partir de um combustível líquido
e do ar da atmosfera, prepara e fornece para todos os regimes de trabalho do motor,
uma mistura de fácil queima.
Carburação é um processo de mistura ar/combustível, que começa no
carburador e termina no interior da câmara de combustão do motor. Este processo
poderá sofrer influências de diversos fatores: pressão atmosférica, filtro de ar,
carburador, coletor de admissão, comando de válvulas, válvulas, ignição, o estado
geral de conservação do motor, sistema de arrefecimento, combustível, etc.
Os carburadores eletrônicos fazem parte de uma geração de carburadores para
veículos de alta performance e baixo nível de emissões de poluentes.
Na configuração básica nos carburadores de corpo duplo foi incorporado um
sistema de controle de marcha lenta incluindo um afogador automático. Estes
carburadores podem ser aplicados em motores longitudinais ou transversais.
68
5.7 Desenvolvimentos da Injeção de Combustível
A injeção de combustível é feita por válvulas injetoras instaladas no coletor de
admissão, as quais são acionadas através de impulsos elétricos enviados pelo módulo
de controle eletrônico. Este por sua vez, recebe sinais de sensores e interruptores que
indicam as condições de funcionamento do motor.
As válvulas injetoras são alimentadas por uma bomba elétrica que mantém a
pressão de combustível, cuja pressão máxima é controlada pela válvula reguladora
de pressão.
5.8 Sensores e Controladores
Sensor de rotação do motor - conjunto do sensor é constituído de um disco
dentado montado sobre a árvore de manivelas, e de uma bobina de tipo indutiva, que
é fixada no bloco do motor de forma radial em relação ao disco dentado. O disco
dentado possui 58 dentes e uma lacuna na qual faltam 2 dentes, que estão separados
a uma distância de 15º um do outro.
Quando o disco passa pelo sensor, é gerada uma corrente alternada. A
frequência da corrente alternada é transformada em rotações do motor. O espaço dos
dois dentes, gera no sensor uma tensão mais elevada que informa ao módulo de
controle a posição da árvore de manivelas para a determinação do ponto de ignição.
Este condutor entre o sensor e o módulo de controle é blindado.
Sensor de fluxo de ar e temperatura do ar - O fluxo de ar aspirado pelo motor
desloca uma palheta que está sob tensão de mola. Seu eixo está ligado a um
potenciômetro que através de sinais elétricos informa ao módulo de controle eletrônico
(ECM) a quantidade de ar admitida pelo motor. Essa informação é utilizada pelo
módulo para calcular a quantidade exata de combustível a ser injetada. Na carcaça
do sensor de temperatura do ar. Este sinal é utilizado pelo módulo de controle para
calcular a densidade do ar.
A ligação entre a carcaça do sensor de fluxo de ar e o alojamento da borboleta
de aceleração é feita por tubulação flexível a fim de absorver as vibrações do motor.
69
Sensor de massa de ar - A forma ideal para controlar a carga dos motores a
combustão é através da medição da massa de ar aspirada pelo motor. Esta medição
é independente da pressão e da altitude.
O medidor de massa de ar a fio aquecido e o medidor de massa de ar a filme
aquecido são sensores “térmicos” de carga. Eles são instalados entre o filtro de ar e
borboleta de aceleração e registram a massa de ar aspirado pelo motor. Ambos os
sensores funcionam pelo mesmo princípio. No fluxo do ar aspirado, encontra-se um
corpo eletricamente aquecido que é resfriado pelo fluxo de ar.
Sensor de temperatura do ar de admissão - O sensor de temperatura informa
a temperatura do ar de admissão ao módulo de controle eletrônico (ECM). Este sensor
está situado na carcaça do medidor de fluxo, ora na mangueira ora integrado ao
sensor de pressão absoluta e é um sensor do tipo NTC (Coeficiente de Temperatura
Negativo), ou seja, sua resistência decresce com o aumento da temperatura.
Potenciômetro da borboleta aceleradora - A borboleta é comandada pelo pedal
do acelerador e é responsável pelo volume de ar admitido nos cilindros. No eixo,
encontra-se instalado um potenciômetro que informa a carga de trabalho de motor
para o módulo de controle e este, por sua vez, calcula o ângulo de ignição ideal e o
ponto de injeção e, ainda, serve de referência para a regulagem da marcha lenta. A
unidade de controle baseia-se nas curvas características gravadas no mapeamento.
O sensor de pressão absoluta é ligado pneumaticamente ao coletor de
admissão em tubo flexível e como sensor agregado, fixado nas proximidades ou
diretamente no coletor de admissão.
Sensor de pressão absoluta - O sensor é subdividido em uma célula de pressão
com dois elementos sensores e uma câmara para o circuito de avaliação reunido em
um mesmo substrato de cerâmica. O elemento sensor consiste de um diafragma de
camada espessa em forma de campânula, que inclui um volume de referência com
pressão interna definida. Dependendo da intensidade da pressão do coletor de
admissão, o diafragma é defletido com intensidade diversa.
Sensor de temperatura do motor - Este sensor de temperatura informa a
temperatura do líquido de arrefecimento do motor ao módulo de controle eletrônico.
Está situado na carcaça da válvula termostática e é um sensor do tipo NTC, ou seja,
sua resistência decresce com o aumento da temperatura.
70
O módulo utiliza esta informação para alterar o avanço da ignição e o tempo de
injeção de combustível de acordo com a temperatura do motor. Este sinal também é
utilizado para fechar o circuito de controle da lambda.
Sensor Lambda - Este sensor está localizado no sistema de escapamento e
mede o fluxo de gases de escapamento proveniente dos cilindros.
O sensor possui um material cerâmico que torna-se condutor na presença de
oxigênio, a partir de aproximadamente 300o C. A diferença na concentração de
oxigênio nos dois lados do sensor resultará na geração de tensão elétrica entre as
duas superfícies.
Regulagem Closed Loop - O sensor de oxigênio (lambda) envia um sinal de
tensão ao módulo de controle eletrônico (ECM). Baseado neste sinal, o módulo de
controle comanda o sistema de injeção de combustível para que a mistura torne-se
mais rica ou mais pobre. O módulo de controle (ECM) possui um programa que
controla um limite, a fim de definir se a mistura é pobre ou rica. Portanto, o módulo de
controle varia o volume de combustível injetado no motor.
Os componentes e processos citados anteriormente influenciaram na evolução
gradativa da eficiência, potência, economia de combustível, geometria do motor e
redução da emissão de poluentes dos motores de combustão interna do ciclo Otto.
Os resultados obtidos pela evolução dos motores a combustão interna no ciclo
Otto estão evidenciados nas tabelas contidas no capítulo 4 – Resultados, onde se
pode comparar as mudanças ocorridas nas últimas três décadas conforme as
especificações de cada motor, tais como:
- Motores de 1000 cm³ de cilindrada
- Motores de 1400 cm³ de cilindrada
- Motores de 1600 cm³ de cilindrada
- Motores de 1800 cm³ de cilindrada
- Motores de 2000 cm³ de cilindrada
71
6 CONCLUSÔES E RECOMENDAÇÕES
Nossa sociedade vive em constante mudança, “obrigando” as empresas a
efetuarem constantes inovações e adaptações. Novas tecnologias surgem a cada dia,
a economia está globalizada, a concorrência é extremamente feroz, diversas
exigências são geradas por normas e legislações e há ainda a acrescentar a cada vez
mais importante preocupação com o meio ambiente e com a responsabilidade social.
Perante este cenário de rápidas e constantes mutações, as empresas encaram-no
como ameaça ou oportunidade.
Em um mercado competitivo, buscar a evolução e melhoria continua dos seus
produtos é essencial, assim, ganhar vantagem competitiva e passar a ser cada vez
mais atrativo para o mercado. Cada empresa possui a sua estratégia de acordo com
suas necessidades e possibilidades. Conhecendo a concorrência e suas estratégias,
uma empresa pode traçar sua própria estratégia competitiva e prever como seus
oponentes reagirão à sua estratégia.
A preocupação constante do mercado é oferecer sempre produtos e serviços
com altos índices de qualidade. Ser competitivo é ter qualidade nos produtos e/ou
serviços, estar sempre inovando possuir bons preços.
Questões como essas estimularam no desenvolvimento de tecnologias para
projetos e produção de motores cada vez mais potentes e econômicos. Porem tudo
surge de acordo com as oportunidades e necessidade do mercado.
A partir dessa ideia, podemos concluir que, James Watt, aproveitou da
oportunidade de usar a energia proporcionada por uma pressão, para fazer com que
uma máquina produzisse trabalho mecânico. E assim mais tarde, pela necessidade
das pessoas e desejo em possuir uma máquina dessa em proporção menor e mais
leve, que surgiu, no século XVIII, construído pelo francês Cugnot, o primeiro carro a
vapor que percorreu as ruas de Paris.
E daí em diante, não apenas o motor mas como o carro em geral passou por
inúmeras modificações e melhorias. Mas o que destacou e deu o ponta pé inicial no
incentivo de pesquisas e de desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar a
eficiência do motor de forma significativa, foram as normas e legislações ambientais.
No início da década de 80, em especifico no Brasil com a resolução 18/86 e a lei
72
Federal 8723, na Europa com a regulamentação EG N° 761 e em geral no mundo com
a DIN EN ISO 14001.
Onde partimos do princípio que, para uma melhor eficiência do motor, é preciso
chegar o mais próximo possível da queima ideal, para assim em contra partida reduzir
a emissão de poluentes, ou seja, esses dois fatores estão direta mente relacionados.
Isso porque em uma queima completa seria produzido apenas agua e dióxido de
carbono, já em uma queima incompleta pode ser produzido fuligem, etileno, acetileno,
monóxido de carbono, ácidos carboxílicos, acetonas, aldeídos e até mesmo parafinas.
Para isso era preciso novos avanços tecnológicos em combustíveis, melhora
na mistura de ar com combustível, formas de medições e controles dos seus
componentes. Pois até então não haviam dados de medições e controles dos
componentes.
No Brasil, em 1976, o governo do estado de São Paulo promulgou a Lei 997/76,
que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente. Em 2 de setembro de
1981, o governo Federal criou a Lei N° 6.938, que institui a Política Nacional do Meio
Ambiente, e de lá pra cá outras dezenas de leis e resoluções apertam cada vez mais
o cerco contra más práticas ambientais, acelerando significativamente as pesquisas e
desenvolvimentos tecnológicos. E ainda continuamos em constante evolução, e
podemos esperar que o Brasil logo alavancará ainda mais, visto que o IQA (Instituto
da Qualidade Automotiva) inaugurou o primeiro laboratório do instituto para o
desenvolvimento de tecnologia automotiva.
Assim na década de 80 iniciou a fase de desenvolvimento de novos projetos,
menos poluentes, com tecnologias com maiores controles e padrões melhores
definidos. E nesse período, com os controles e medições foi possível levantar diversos
dados estatísticos, conhecendo melhor o motor e seu sistema e assim surgindo novas
oportunidades.
São vários os fatores que influenciam a eficiência volumétrica, dentre eles a
velocidade do pistão, as pressões de admissão e exaustão, a taxa de compressão do
motor, a transferência de calor, a geometria do sistema de admissão e a exaustão, e
outras variáveis de operação do motor, a disposição do coletor de admissão também
pode influenciar fortemente o desempenho da eficiência volumétrica e, por
consequência, o motor. E por isso passou a ser medido e controlado a rotação do
73
motor, tensão primaria e segundaria da ignição, ângulo de permanência e de ignição,
corrente, tensão e resistência, tempo de injeção, relação de ciclo, inicio de
alimentação/avanço de injeção, temperatura do óleo, temperatura do ar e pressão de
vácuo na tubulação de aspiração.
Os centros de pesquisa automobilísticos têm investido fortemente em
pesquisas que visam ao desenvolvimento de carros que atendam a essas
características e que sejam competitivos no mercado globalizado. No início das
pesquisas já foi possível evidenciar que o formato, rugosidade e dutos dos filtros de
ar, já são suficientes para interferir na eficiência do motor. Por este motivo na norma
CUNA da Itália, a potência do motor é medida sem o filtro de ar, e isso resulta num
valor de 5 a 10% maior do que nos valores medidos nas normas DIN e NBR.
Como parte integrante do automóvel, o motor é um dos principais objetos de
estudo, sendo este o responsável pela transformação da energia química presente
nos combustíveis em energia mecânica, que permite o deslocamento do veículo.
Podemos acompanhar características marcantes em sua evolução, como quando foi
adicionado um carburador de fluxo descendente, depois o carburador de fluxo
horizontal, carburadores com uma câmara, com duas câmaras, então surgiu o sistema
de carburador controlado eletronicamente, aderindo junto diversos sensores, como o
potenciômetro da borboleta de aceleração, sensor de temperatura, interruptor de
marcha lenta, e enfim chegou a injeção eletrônica central e a individual com mais
diversos componentes como regulador de mistura, medidor de fluxo de ar, distribuidor
de combustível, válvulas, regulador de aquecimento entre outros. Agora estamos na
fase dos motores híbridos quem vem melhorando ainda mais os veículos, e temos
também os turbos, que não é muito comum em veículos leves mas foi um grande salto
evolutivo no ganho de eficiência dos motores.
Motores originais de duas válvulas por cilindro geralmente atingem eficiência
volumétrica máxima em torno de 55%; motores com 4 válvulas por cilindro têm
eficiência em torno de 75%; e motores superalimentados (turbo, compressor) muitas
vezes ultrapassam os 150%, pois a mistura é forçada a entrar nos cilindros.
Os novos motores, a serem apresentados até 2015, beneficiam das tecnologias
que permitem melhorar a qualidade de combustão e reduzir perdas energéticas, nos
motores associados a sistemas híbridos. Com estas melhorias, espera-se obter
74
reduções de consumo de, pelo menos, 10%, mesmo associado a uma transmissão
convencional.
A Toyota foi uma das empresas que conseguiu cumprir com as normas Euro 6,
alcançando um nível de eficiência térmica – a parte de energia contida no combustível
que é convertida em energia mecânica – de mais de 37%, valor extremamente alto
entre os motores a gasolina de produção em série (em média, conseguem uma
eficiência térmica entre 30 e 35%). As emissões de CO2 do motor 1.0 foram, assim,
diminuídas: 110 para 99 g/km.
Para obter este resultado, os engenheiros procuraram, acima de tudo, otimizar
a relação peso/potência. Por exemplo, a integração na cabeça do cilindro da conduta
de admissão permitiu reduzir o peso e tornar o motor ainda mais compacto. E para
reduzir o consumo sem beliscar a performance, a taxa de compressão foi aumentada
de 10,5:1 para 11,5:1.
As condutas de admissão e pistões foram redesenhadas para aumentar o efeito
de enchimento do cilindro (através da turbulência provocada na entrada da mistura)
promovendo uma maior velocidade na combustão. O efeito de empurrar os gases do
interior do cilindro por uma mistura fresca e o arrefecimento da câmara de combustão
foram aumentados através de um novo coletor de escape, permitindo atrasar a
detonação e introduzir uma grande quantidade de gases de escape em recirculação,
diminuindo as perdas por bombagem.
Por último, os níveis de fricção foram reduzidos através da adoção de uma
cobertura em carbono tipo diamante (DLC) para as touches das válvulas, na alteração
no tratamento da superfície dos êmbolos, do desenho diferente do mecanismo da
corrente de distribuição e de uma melhor gestão de arrefecimento do motor,
principalmente devido à nova forma do cárter, que garante que o motor alcance a
temperatura ideal de funcionamento mais depressa.
Como consequência, o novo motor terá uma eficiência térmica máxima de 38%,
o mais elevado entre motores produzidos em série. As novas tecnologias, em parceria
com o sistema que desliga o motor quando o veículo se imobiliza e outras funções,
vão permitir ganhos de eficiência de, aproximadamente, 15% em comparação com os
atuais veículos.
75
Hoje significativas melhoras no desempenho do motor, redução da emissão de
poluentes e sistemas de controle mais eficientes podem ser conseguidos por meios
computacionais, utilizando ferramentas de simulação. Não é possível o
desenvolvimento de novos motores sem o uso dessas ferramentas de modelagem.
Configurações ineficientes de motor podem ser eliminadas com uma previsão por
meio da simulação.
76
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