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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA _________________________________________ Robson Ferrari Muniz Show De Física: Ascendendo o Patamar do Conhecimento Científico por Meio de Extensão Universitária e sua Indissociabilidade com o Ensino e a Pesquisa Institucionalizada _________________________________________ Maringá - PR 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA

_________________________________________

Robson Ferrari Muniz

Show De Física: Ascendendo o Patamar do Conhecimento Científico por Meio de

Extensão Universitária e sua Indissociabilidade com o Ensino e a Pesquisa

Institucionalizada

_________________________________________

Maringá - PR 2009

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ROBSON FERRARI MUNIZ

SHOW DE FÍSICA: ASCENDENDO O PATAMAR DO CONHECIMENTO

CIENTÍFICO POR MEIO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E SUA

INDISSOCIABILIDADE COM O ENSINO E A PESQUISA INSTITUCIONALIZADA

Monografia apresentada ao Departamento de

Física da Universidade Estadual de Maringá como

requisito parcial para a aprovação na disciplina de

Monografia para Licenciatura em Física.

Orientadora: Profª. MSc. Alice Sizuko Iramina

Maringá-PR

2009

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Dedico este trabalho à minha família, na certeza que

seus sentimentos estão repletos de alegria e orgulho.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer pode não ser tarefa fácil. Para não correr o risco da injustiça, agradeço

previamente a todos que de alguma forma contribuíram para a concretização de mais essa

etapa da minha vida. Contudo, discorro, sem medo e lamentos, meus sinceros agradecimentos

àqueles que diretamente tornaram possível a construção da pessoa que hoje sou.

O primeiro direciono a DEUS, por me conceder a oportunidade de viver e por todas as

dádivas que me são oferecidas diariamente.

O segundo agradecimento conduzo à minha querida família, que me proporcionou

ambiente para as experiência da minha vida. Partilhamos alegrias e tristezas.

À minha mãe, não por ser minha mãe, mas por ser minha vida. Agradeço aos seus

abraços que me acolhem e me curam, seu sorriso e olhar que sempre me cativam. Obrigado

mãe pelos sacrifícios feitos em função da minha vida e educação. É impossível colocar em

palavras o que sinto por você. Obrigado por tudo.

Ao meu pai, pelo amor, apoio e compreensão. Por trabalhar incansavelmente para nos

dar o conforto. Obrigado pelo exemplo. Por me mostrar a importância de ser uma pessoa de

bem, honesto e batalhador.

Às minhas irmãs Simone e Silvana por sempre torcerem por mim. Por cada “puxão de

orelha”, por todos os momentos, que hoje, só Deus sabe o quanto sinto falta.

Aos amigos, Mayse Otofuji, Marcio André, “Marquinhos”, Fábio Zubioli, Pedro e

Yara Nishiyama, Professora Soninha, Denise Adorno, Rafael Salvalagio, Camila Ogawa,

Breno Ferraz, Fernando Calsavara que sempre me proporcionaram momentos de felicidades e,

mais importante, que diante das dificuldades da vida distante da família, sempre nos portamos

como tal. Também agradeço aos meus amigos de infância, que muito provavelmente, não

lerão esse trabalho, mas que sempre estarão em minhas recordações.

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À Prof.ª Alice Sizuko Iramina, pela orientação, confiança e pela oportunidade das

experiências universitárias desde o início da graduação. A ela expresso meu carinho e

respeito.

Por fim, agradeço ao corpo docente do Departamento de Física da Universidade

Estadual de Maringá, que muito me ensinaram. Conhecimento este, que levarei para o resto

vida.

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“A inteligência e o caráter é o objetivo da verdadeira educação”

Martin Luther King

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RESUMO

A formação acadêmica fundamenta-se na tríade: Ensino, Pesquisa e Extensão. O

primeiro não sobrevive sem a necessária ligação com os outros dois aspectos. No escopo de

evidenciar tais facetas e sua importância o trabalho resultou da revisão de currículos e busca

de meios orientados de como utilizar desse recurso para ascender o modelo da Física hoje

apresentada. Em especial nosso trabalho tem como fundamento a divulgação do

conhecimento científico, mais especificamente no ensino de Física por meio de Extensão

Universitária. Uma das formas de realização desta pode ser observada no projeto “Show de

Física” em que será apresentada a relevância dos métodos empíricos apresentados das mais

diversas formas, centrando auferir conceitos dessa ciência, bem como analisá-los e relacioná-

los às concepções curriculares aceitas oficialmente. A constituição deste trabalho segue de

maneira organizada, na qual, de primórdio, será elencado um contexto histórico desde a

implantação do ensino superior e a extensão até política educacional no Brasil nos últimos

anos, que relatará uma estrutura cronológica de eventos correlacionando às manifestações

políticas e situação educacional no transcurso desse momento. Em uma segunda conjuntura

com caráter de revisão bibliográfica, serão discutidos acerca da alfabetização científica;

relevância do projeto para a formação docente, acadêmica e cidadã; momento histórico do

ensino no Brasil e suas modalidades; problemática aparente de que o conhecimento científico

e tecnológico envolva uma complexibilidade, que na visão de muitos, torna-a não accessível;

as propostas de extensão universitária assim como suas funções no processo de aprendizagem.

Atrelando os conhecimentos adquiridos na literatura, os problemas levantados, as

subtemáticas analisadas e as experiências existidas na realização do projeto apresentam-se

nessa monografia resultados que corroboram com o sucesso da Indissociabilidade entre o

ensino, pesquisa e extensão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 10

Capítulo I............................................................................................................................ 13

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................................... 13

Capítulo II........................................................................................................................... 15

Aspecto do Problema de Investigação.............................................................................. 15

2 - Estatísticas e Processos Didáticos da Aprendizagem: Uma investigação Bibliográfica 16

2.1 - Ensino de Física e Desempenho Estudantil.............................................................. 16

2.2 - Professores de Física: Estudo indicativo da oferta e demanda do profissional........ 17

2.3 - Conhecimentos procedurais: o problema das Concepções Alternativas................... 22

2.4 – Itinerância................................................................................................................. 23

Capítulo III......................................................................................................................... 25

Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária...................................................................... 25

3 - Sistemas de Organização do Ensino Universitário........................................................ 25

3.1 - Contextualizações Históricas.................................................................................... 25

3.2 - Extensão Universitária na Universidade Estadual de Maringá................................. 27

Capítulo IV......................................................................................................................... 28

O Show de Física................................................................................................................ 28

4 - Interação e Compreensão de Conceitos.......................................................................... 28

4.1 – Aspecto e Descrição do Projeto............................................................................... 28

4.2 – Atividades e responsabilidades do grupo................................................................. 31

4.3 - O Show no “Educação com Ciência”, “Fera com Ciência” e “Paraná em Ação”.... 33

4.4.1 - Plataforma Giratória: Conservação do Momento Angular................................. 35

4.4.2 - Gerador de Van de Graff: estática dos elétrons.................................................. 36

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4.4.3 - Nitrogênio Líquido: Criogenia e Termodinâmica............................................... 36

4.4.4 - Looping: Força Centrípeta e conservação de Energia........................................ 37

4.4.5 - Banco de Pregos: Força, Superfícies de Contato e Pressão................................ 38

4.4.6 - Trenzinho: Cinemática e Dinâmica do movimento............................................ 39

4.4.7 - Transformador redutor: Movimento ordenado dos elétrons............................... 40

4.4.8 - Bicicleta Geradora de Energia Elétrica............................................................... 41

4.4.9 - Transformador Elevador: O uso das bobinas e a Ionização do ar....................... 42

Capitulo V........................................................................................................................... 47

Análise de Subsídios........................................................................................................... 47

5 - Depoimentos e Discussões............................................................................................. 47

5.1 Aceitações Críticas da Física nas Suas Abordagens Sistêmicas................................. 47

5.2 - Métodos Facilitadores do Ensino de Física: Profissionais com Habilidades

Diferenciadas........................................................................................................................

52

CONSIDERAÇÃOES FINAS........................................................................................... 57

REFERÊNCIAS.................................................................................................................

SUGESTÕES DE LEITURA............................................................................................

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INTRODUÇÃO

Atualmente, a pesquisa na área de ensino de ciências cinge variedade de temática e

diferentes metodologias. Assim sendo, este trabalho fundamenta-se na busca de organizar e

executar propostas experimentais de fenômenos físicos, os quais auxiliam não só os próprios

investigadores, mas despertam na sociedade perspectivas de compreensão da natureza de

forma tátil e visual.

O método empírico há muito tempo vem sendo uma ferramenta utilizada no processo

ensino-aprendizagem. Porém, apenas há algumas décadas, surgiu uma preocupação em se

determinar os adequados objetivos desse recurso e qual o melhor modo para a realização do

mesmo. Locke (1997), parte do pressuposto que o processo do conhecer, do saber e do agir é

aprendido pela experiência, pela tentativa e erro. Nessa perspectiva, é dada à experiência a

pretensão de atingir a essência geral do conhecimento pelo cerceamento da transcendência ou

da dúvida.

Dessa forma, o conhecimento de Física vai muito além de fixar termos científicos. Os

projetos a que se refere este trabalho utilizam como base o método empírico, ou seja, é por

meio de experimentos de Física e da Extensão Universitária que os conceitos científicos são

compartilhados entre comunidade universitária e a sociedade em que estão inseridos.

As universidades, responsáveis pela formação do professor de Física, além de oferecer

todo o contexto teórico e prático dos assuntos estudos por ela, buscam também o contato do

aluno com a comunidade. Essa ligação pode ser observada por meio da extensão universitária,

que a partir vinculo direto com a realidade e com os diferentes segmentos sociais possibilita a

articulação do ensino e da pesquisa. No entendimento de Melo Neto (2002 apud GAMBOA,

2004, p. 145) a extensão é entendida como:

Processos educativos culturais e científicos que articulam o ensino e a pesquisa de

forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e a

sociedade. A extensão é uma via de mão dupla, com transito assegurado à

comunidade acadêmica que encontrará a sociedade, a oportunidade de elaboração da

práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno a universidade, docentes e

discentes trarão um aprendizado que, submetido a reflexão teórica, será associado

aquele conhecimento.

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O que significa dizer que extensão possibilita a unificação entre teoria e pratica

acadêmica, essenciais para uma formação crítica.

De acordo com Souza (1995 apud FERREIRA, 2005), na década de trinta ocorreu o

manifesto dos pioneiros da Escola Nova que preconizava uma tríplice função para a produção

e difusão do conhecimento na qual indicou as primeiras idéias de extensão. Atualmente o

Ministério da Educação e Cultura (MEC) recomenda a extensão inserida nos diversos ramos

do conhecimento universitário inclusive da Física.

Com base na premissa anterior o departamento de Física da Universidade Estadual de

Maringá (UEM) em conjunto com o Programa Museu Dinâmico Interdisciplinar (PROMUD),

desta mesma instituição, realiza projetos de extensão articulando a Pesquisa e Ensino

possibilitando a convivência com grupos e a participação real nos processos globais.

Muniz et al. (2007, p. 1) afirmam que,

A combinação entre Física e arte cênica é uma boa oportunidade para notar que o

ensino de Física pode ser atraente, motivante, divertido e próximo do mundo

vivencial dos alunos e, que a Física é uma Ciência interdisciplinar, contextualizada e

de suma importância para a alfabetização científica de todo cidadão, muito diferente

da Física ensinada em grande parte das instituições de Ensino.

Essa premissa evidencia a importância de se trabalhar a Física de maneira

diferenciada. Desse modo este trabalho subsidiará discussões sobre a indissociabilidade do

ensino, pesquisa e extensão sempre fundamentada nas atividades realizadas pelo grupo e

estudos teóricos sobre o ensino de ciências.

O alicerce das atividades realizadas pelo grupo, discutidos neste trabalho, é o projeto

Show de Física. Ele foi criado e realizado por acadêmicos e professores do departamento de

Física da Universidade Estadual de Maringá. Sua organização foi possível graças ao programa

PROMUD, e a Diretoria de Extensão Universitária (DEX), desta instituição.

Assim, este trabalho tem como objetivo de demonstrar as contribuições do projeto

Show de Física como ferramenta para viabilizar um aprendizado dinâmico interativo

agrupado com desenvolvimento senso crítico a fim de exercer uma cidadania consciente.

Iramina (2003) classifica atividades desse gênero como estratégia de ensino compatível com

uma visão de ensino-aprendizagem que beneficia a sociedade. O cenário permite aos alunos e

ao público leigo explorar dimensões emocionais de modo motivador e desafiador.

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Organizamos este trabalho em cinco capítulos: Procedimentos metodológicos; Aspecto

do Problema de Investigação; Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária; O Show de Física e

Análise de Subsídios.

No primeiro capítulo, apresentaremos os procedimentos metodológicos utilizados na

busca de atingir o objetivo proposto.

No segundo capítulo, discutiremos aspectos gerais da formação do professor de Física,

o desempenho dos alunos nessa disciplina, preliminares sobre as concepções alternativas e

considerações sobre a importância da itinerância.

No capítulo três abordaremos o contexto histórico da extensão universitária no Brasil e

da extensão na UEM.

O capítulo intitulado “Show de Física” apresenta inicialmente uma descrição

informativa histórica, seguido da estrutura e forma de realização bem como alguns

experimentos utilizados nesse projeto.

No ultimo capítulo colhemos depoimentos de alunos e professores; analisamos os

dados apresentados no trabalho e fundamentamos os resultados de acordo com a bibliografia

utilizada.

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CAPÍTULO I

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A elaboração do trabalho foi conseqüência conjunta de práticas observadas durante os

últimos quatros anos de execução de projetos extensionistas1, do levantamento e análise de

fontes bibliográficas, conversas e depoimentos com participantes e alunos vinculados ao

projeto Show de Física.

As referências consultadas tiveram por finalidade teorizar o ensino de Ciências, em

especial da Física. Realizamos uma busca em banco de dados digitais, artigos científicos, e

livros sobre a temática.

Para abalizar a importância do projeto Show de Física no âmbito das escolas de ensino

fundamental e médio realizamos, por meio de conversas informais, entrevistas com os alunos

participantes do “Show de Física”, após assistirem o espetáculo. Nessa ocasião perguntamos a

eles:

O que você acha da Física?

Como você avaliaria a importância de projetos como o show de Física?

O que mais chamou sua atenção?

Esta metodologia permitiu-nos avaliar os benefícios alcançados na nova maneira de

encararem a Física, além disso, possibilitou a análise critica que deveria auferir-nos futuras

discussões sobre cada apresentação realizada.

Com intento de avaliar e entender as contribuições adquiridas para o exercício da

profissão coletamos, por meio de questão, depoimentos de atuais e ex-participantes do projeto

Show de Física.

Portanto, no capitulo referente às discussões acima, para fins didáticos dividiremos

esses depoimentos em dois blocos. O primeiro é constituído pelos testemunhos dos alunos

1 Apresenta-se como projetos extensionistas os cinco projetos de extensão reservados à Física, por meio do

programa PROMUD, estes serão elencados no decorrer do trabalho.

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(platéia), já no segundo serão evidenciados as informações coletadas com os ex e atuais

apresentadores.

Para analise dos dados unimos as informações obtidas com a literatura sobre o assunto

e avaliamos as respostas dos alunos e profissionais.

Para subsidiar as discussões dos dados usaremos alusões de autores que avaliam

importante a prática atividades experimentais atípica do laboratório didático. Também será

auxiliada por agentes que viabilizam a extensão, pesquisa e ensino como recursos

indissociáveis de aprendizagem.

Prestaremos no trabalho informações sobre realização do Show de Física, bem como

os experimentos utilizados. Sobre esses seguirão de forma organizada suas devidas

descrições, apresentações e fotos.

Em processo de construção coletiva, os acadêmicos e orientadores selecionam os

materiais de maior caráter ilustrativo à serem utilizados como suporte nas apresentações. Em

alguns experimentos evidenciamos minuciosamente os conceitos físicos, o funcionamento e

aplicações do aparelho no cotidiano. A seleção dos equipamentos aqui divulgados foi feita

respeitando-se o critério de maior utilização no Show, sendo elas transcritas na presente

pesquisa. Para compreender a dinâmica da apresentação, reproduzimos detalhadamente o

dialogo que ocorre entre o apresentador e o espectador, no qual empregamos como exemplo

os experimentos “Transformador elevador” e “Bicicleta Geradora”, que serão explicados

posteriormente.

Por fim, fundamentamos este trabalho em teorias que subsidiem as discussões sobre a

contribuição deste projeto para o aprendizado de Física.

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CAPÍTULO II

ASPECTO DO PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

Infelizmente o ensino de Física, hoje, não se encontra provido das adequadas

conjunturas experimentais. Reprimido nas estruturas dos livros didáticos e planejamentos

curriculares não têm contribuído para maximizar a divulgação do conhecimento científico.

Contextualizando dessa forma, qual a importância e influência do projeto Show de Física na

formação dos futuros professores?

Percebemos, primeiramente, que o aprender da natureza, muitas vezes caminha no

sentido em que se elevam as dificuldades. Sustentadas por uma linguagem científica

especializada essas informações tem focalizado apenas uma pequena parcela de pessoas.

Sendo assim novos recursos devem ser inseridos como mediadores de aprendizagem. Entre

esses recursos, podemos destacar o Show de Física, que consideramos um veículo motivador

responsável pela manutenção do elo entre o meio acadêmico e a sociedade2.

Para Muniz e Iramina (2007, p. 2) projetos desse caráter devem:

Levar alunos, professores e comunidade em geral, em um processo prazeroso e

didático a entender uma ciência que por mais extensa e complexa que seja, tem as

respostas para o funcionamento de toda natureza, adaptando conceitos literários a

um enorme processo de descobertas com uma estrutura de funcionamento simples e

de certa forma conciliar diversão e aprendizagem através de experimentos de Física,

fazendo dessa combinação uma mistura homogênea de saberes.

Sob esse ponto de vista, destacamos a função do projeto como um processo prazeroso

de descoberta científica. Nesse feitio, o Show de Física3 convém no arrefecimento da

abstração dos conceitos físicos. A formação dos licenciados, participantes do projeto, também

é favorecida tornando-os donos de uma postura consciente e autônoma frente aos desafios

impostos pelas constantes transformações nos ambientes educacionais.

2 O elo entre as duas comunidades caracteriza, no entendimento do trabalho, a extensão universitária.

3 Neste trabalho referimos o projeto Show de Física de duas formas: projeto, Show de Física e Show.

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2 - Estatísticas e Processos Didáticos de Aprendizagem: Uma investigação Bibliográfica

2.1 - Ensino de Física e Desempenho Estudantil

Diante de várias experiências vividas durante a graduação da Licenciatura em Física e,

também, em virtude da participação no projeto Show de Física constatamos, por meio de

conversas informais com alunos e professores, que a Física vivenciada durante a educação

básica e o ensino superior esta, em alguns casos, diretamente relacionada a recordações

desagradáveis.

Corroborando com nossas idéias Trampus; Velenje (1996 apud MEDEIROS; MEDEIROS,

2002, p. 79) posicionam a respeito do ensino de Física:

O ensino da Física nas escolas e nas universidades não tem parecido ser uma tarefa

fácil para muitos professores. Uma das razões para essa situação é que a Física lida

com vários conceitos, alguns dos quais caracterizados por uma alta dose de

abstração, fazendo com que a Matemática seja uma ferramenta essencial no

desenvolvimento da Física. Além disso, a Física lida com materiais que, muitas

vezes, estão fora do alcance dos sentidos do ser humano tais como partículas

subatômicas, corpos com altas velocidades e processos dotados de grande

complexidade. Uma tal situação, freqüentemente, faz com que os estudantes se

sintam entediados ou cheguem mesmo a odiarem o estudo da Física.

Conforme explicitado pelos autores é evidente o desinteresse dos alunos por essa

disciplina. As causas apontadas para essa realidade são múltiplas e as mais variadas, porém

como o próprio autor destaca,é a abstração e complexibilidade dos conceitos.

Os indicadores dos problemas de aprendizagem são verificados na prática pedagógica

de nossas escolas e até mesmo das universidades. Podemos constatar essa problemática

analisando o alto índice de evasão escolar e repetência, a crescente difusão dos chamados

cursinhos informais preparatórios e, principalmente, no fraco desempenho dos alunos quando

colocados diante de ocasiões em que são solicitados a explicitar seu aprendizado. O

desempenho estudantil, hoje, é analisado por meio de indicadores como o Exame Nacional do

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Ensino Médio (Enem) e Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), esse último

destinado para avaliação do ensino superior.

Com respeito aos resultados obtidos nessas provas Bonadiman; Nonenmacher (2007,

p. 195) comentam:

O fraco desempenho estudantil nesses processos avaliativos é um problema geral,

que perpassa todos os campos do conhecimento, não sendo exclusividade de

nenhuma área específica. No entanto, as dificuldades de aprendizagem se revelam de

forma mais contundente quando se trata do ensino das ciências da natureza. Nesse

particular, nossa preocupação é com o ensino da Física. O que se observa é que, de

um modo geral, nas escolas de nível médio, se aprende pouco da Física e, o que é

pior, se aprende a não gostar dela.

Partindo desse pressuposto, evidenciamos nossa preocupação em transformar o

tradicional4 ensino de Física, em um aprendizado que contribua para a formação e que não

esteja distanciado do cotidiano vivenciado pelos alunos.

2.2 - Professores de Física: Estudo indicativo da oferta e demanda do profissional

Vários autores e pesquisadores da educação, mais especificamente, da área de

formação de professores, defendem que o docente deve ser o elaborador de suas próprias

propostas educacionais. Entende-se como proposta educacional, a organização e

problematização de conceitos e praticas. Esta temática vem se tornando cada vez mais

expressiva, indo além do campo da formação de professores. Sendo explorada, também, na

área da Didática e do Currículo.

Compreendemos o quão é notória a importância do professor que oportunize a

formação pessoal. Na formação do professor de Física destaca-se que o número de

professores é bastante pequeno quando comparado à necessidade deste profissional. Com

intuito de traçar um panorama sobre os professores do Brasil em 2003 o INEP (Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) publicou o documento intitulado “Estatísticas

4 Em nossa concepção, caracteriza-se como ensino tradicional de Física a apresentação de conceitos teóricos

desarticulados das leis e fórmulas com ênfase ao fornecimento de informações, memorização de equações,

muitas vezes livresco e desatualizado

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dos professores do Brasil” que aponta o desequilíbrio entre a oferta e demanda de professores,

principalmente de Física, reunindo as principais estatísticas brasileiras sobre os professores.

QUADRO 1 - Demanda estimada de funções docentes e número de licenciados por disciplina do ano de

2003 – Brasil

Disciplina Demanda estimada para 2002 Nº de Licenciados

Ensino

Médio

Ens. Fund.

5ª a 8ª series

Total 1990-2001 2002-2010 *

Língua Portuguesa 47.027 95.192 142.179 52.829 221.981

Matemática 35.270 71.364 106.634 55.334 162.741

Biologia 23.514

(Ciências)

95.152

55.231 53.294 126.488

Física 23.514 55.231 7.216 14.247

Química 23.514 55.231 13.559 25.397

Língua Estrangeira 11.757 47.576 59.333 38.410 219.617

Educação Física 11.757 59.333 76.666 47.576 84.916

Educação Artística 11.757 23.788 35.545 31.464 12.400

História 23.514 47.576 71.089 74.666 102.602

Geografia 23.514 47.576 71.089 53.509 89.121

Fonte INEP / MEC. * Dados estimados

O quadro 1 mostra que o números de professores licenciados é menor que a

necessidades desses profissionais. Observamos que de todas as áreas de formação, a Física, é

que apresenta a menor quantidades de formados. Em contrapartida, notamos que o curso que

mais forma licenciados foi o de história.

Ao compararmos as estimativas, realizadas pelo INEP, percebemos que a quantidade

de licenciados em língua portuguesa e estrangeira ultrapassarão 200.000 pessoas, enquanto o

curso de Física ainda permanecerá abaixo média, com 14.247 pessoas, sendo maior apenas

que o número de licenciados em Educação Artística.

Diante dos dados apresentados e das estimativas futuras sobre o número de

licenciados, reafirmamos nossa apreensão não somente sobre ao quantitativo percentual da

oferta, mas também a formação qualificada desses profissionais.

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Dados mais recentes sobre o problema são aclarados mediante resultados do Censo

Escolar de 2007, também realizado pelo INEP. Este documento é composto por tabelas

divididas por etapas e modalidades de ensino que trazem a distribuição dos professores por

sexo, faixa etária, raça / cor, escolaridade, características das escolas, turmas, disciplinas, por

áreas de formação de curso superior, dentre outras. Na concentração desses temas, destacamos

as áreas de formação de nível superior de cada professor para topar com as estatísticas

apresentadas na pesquisa de 2003, que presta dados detalhados sobre o descompasso entre a

demanda e oferta de docentes de Física.

QUADRO 2 - Professores de Nível Superior do Ensino Médio Segundo a Área de Formação – Brasil 2007

Área de Formação Professores do Ensino Médio

Formados Com Licenciatura Sem Licenciatura

Número % Número Número

Física 12.335 2,8 11.490 865

Matemática 49.229 11,4 46.778 2.521

História 37.999 8,8 36.552 1.447

Geografia 31.299 7,2 30.009 1.543

Letras/Literatura/

Língua Portuguesa

67.049 15,4 64.290 2.759

Educação Física 27.175 6,3 21.126 1.072

Ciências Biológicas 28.346 6,5 26.898 1.448

Pedagogia 37.776 8,7 35.229 2.547

Química 15.787 3,6 14.541 1.246

Fonte: MEC/ INEP / Deed

O quadro 2 mostra que a área de formação em que encontramos o maior número de

professores é a de Letras/Literatura/Língua Portuguesa totalizando 67.049 professores,

correspondendo a aproximadamente 15 % deles.

Confrontando os dados dos quadros 1 e 2 verificamos, inicialmente, que as estimativas

do número de licenciados para 2010 apresentaram-se consistentes. Sendo nesse período

estimado 14.247 formandos e em 2007 já alcançávamos o valor de 12.355. Apesar dos dados

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serem consistentes, a necessidade está longe de um patamar adequado, fato que pode ser

notado analisando o quadro 3.

QUADRO 3 – Professores do Ensino Médio, com e sem Licenciatura, por Disciplina que Lecionam –

Brasil 2007

Área de Formação Professores por Disciplina

Disciplina

Total Com Licenciatura Sem Licenciatura

Número Número Número

Física 44.566 40.804 3.762

Matemática 67.447 62.866 4.581

História 48.893 46.609 2.284

Geografia 45.536 43.275 2.261

Letras/Literatura/

Língua Portuguesa

78.628 74.919 3.709

Educação Física 33.582 31.619 2.294

Biologia 43.480 40.560 2.920

Artes 33.417 31.123 2.294

Química 38.271 35.183 3.688

Fonte: MEC/ INEP / Deed

Observando os dados do quadro 3 notamos que existe uma grande quantidade de

professores que lecionam a disciplina de Física. Em contrapartida, com informações do

quadro 2, percebemos no entanto que existe um grande número de profissionais atuando na

área da Física sem a licenciatura da mesmo.

Consideramos, no mínimo, alarmante a discrepância entre a demanda e oferta desses

profissionais. Devemos considerar, ainda, que nem todos os concluintes com licenciatura

atuarão, necessariamente, como professores. Em especial os de Física, fazem opção por áreas

afins, como engenharia, que oferece um maior status social e uma maior oportunidade de

trabalho. Para uma melhor compreensão de como é suprido esse problema elaboramos um

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gráfico, de acordo com os dados do INEP, evidenciando a formação dos atuais professores de

Física segundo sua área de formação.

Gráfico 1 – Professores do Ensino Médio que Lecionam Física segundo a Área de Formação

na Graduação – Brasil – 2007

O gráfica 1 foi elaborado comparando os dados dos quadros 2 e 3, para uma melhor

visualização da quantidade de docentes que ministram aulas de Física sem formação

específica.

Ao analisarmos, mais detalhadamente, a formação dos professores que ministram a

disciplina Física, chama a atenção o elevado número de docentes com formação em “Outras

Áreas”, que corresponde a 38% dos 44.566 docentes da disciplina. Outro dado marcante é a

quantidade de graduados em Matemática que também atuam em Física , 34% do total.

Acontece que para responder a demanda desse quantigente o governo vem

regulamentando os Institutos Superiores de Educação a adotarem medidas como a formação

aligeirada e de baixo custo. Essa, por sua vez, é cada vez mais freqüente em espaços não

universitários ou até mesmo virtuais. Não é intento de nosso trabalho diligenciar as questões

da substituição do princípio universidade pela equidade. Porém, ao nosso modo de pensar

esse é um dos fatores que proporciona a desqualificação do professor. O concebimento acerca

da Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, em nossa visão, só será concreta

Formação em

Física com

Licenciatura

26%

Formação em

Física - sem

Licenciatura

2%

Formação em

Matemática

34%

Outras Áreas

38%

Perfil dos Professores de Física

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quando efetivada de maneira estrutural e sistemática sendo responsabilidade dos centros de

formação entendida como essencial por seus membros.

Como afirma Cunha (1991 apud ARAUJO et. al, 1998 p. 178) “[...] todo o

conhecimento é uma produção humana, contextualizada num tempo e lugar que provocou sua

geração”, sendo fundamental dar direção coletiva ao que se ensina e se aprende na

Universidade.

Dessa maneira, colocamos em processo de finalização a análise a que nos referimos

acima, acreditamos que é indispensável indicar e executar o que se aprende na graduação, é

necessário que ela exista de forma concreta e elaborada. O acadêmico deve vivenciar as

experiências do aprender a ensinar e viabilizar um plano de aprendizagem através de meio

extracurriculares como a pesquisa e extensão.

2.3 - Conhecimentos procedurais: o problema das Concepções Alternativas

Ao tratarmos de ensino de ciências, em particular da Física, é muito importante que o

educador ou mediador do conhecimento esteja sempre atento nos aspectos conceituais

adquiridos antes do momento escolar decorrentes de idéias e situações contexto

contextualizadas principalmente no âmbito social e familiar.

Por concepções alternativas, entendemos os conhecimentos que se originam no

contexto cultural, político e econômico, produzidos nas interações e vivências no seu

cotidiano familiar, escolar e social. Esses saberes podem ser conhecimentos aceitos pela

ciência, relacionados com a linguagem e com os conceitos próprios da Física, ou podem ser

saberes do senso comum, ditos alternativos ou conhecimento cotidiano.

Segundo (CHAUÍ, 2000) o conhecimento senso comum difere-se do conhecimento

científico pelas seguintes razões: enquanto o primeiro é baseado em “hábitos, preconceitos,

tradições cristalizadas”; o segundo baseia-se “em pesquisas, investigações metódicas e

sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade

sobre a verdade sobre a realidade”.

As concepções alternativas podem ser aplicas tanto em espaços de educação formal

quanto não-formal. Libâneo (1998) define a educação formal como um desdobramento da

educação intencional. Ela é definida como tudo o que implica uma forma, isto é, algo

inteligível, estruturado, o modo como algo se configura, ou seja, é a educação estruturada,

organizada, planejada, intencionalmente, sistemática. Nesse sentido, a educação escolar

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convencional é tipicamente formal. Mais isso não significa dizer que não ocorra educação

formal em outros tipos de educação intencional.

Já a educação não-formal são aquelas atividades com caráter de intencionalidade,

porém com baixo grau de estruturação e sistematização, implicando certamente relações

pedagógicas, mas não formalizadas. Na escola são práticas não-formais as atividades extra-

escolares que provêem conhecimentos complementares, em conexão com a educação formal

(feiras, visitas, etc) (LIBÂNEO, 1998).

2.4 - Itinerância

Algumas fontes de aprendizagem têm sido introduzidas nas práticas educativas, os

museus e centros de ciências atualmente representam uma boa parcela no âmbito de

divulgação do conhecimento por meio de um ambiente motivador, que resultam no sucesso

em busca de um novo status (MUNIZ et. al., 2008).

Além disso, constatamos a importância dos centros e museus de ciências

principalmente, em relação á Física, no que diz respeito à acessibilidade da população ao

conhecimento científico. Um dos fatores que permite o acesso do conhecimento científico é a

itinerância.

Sobre o caráter itinerante Santos et al (2005) aponta esse recurso como indispensável

na promoção da divulgação científica e, conseqüentemente, no auxílio de difusão e

representação social. Confirmamos assim, a eficiência dos métodos itinerantes do projeto

Show de Física, este que busca atender, muitas vezes, regiões não metropolitanas a fim de

oportunizar o conhecimento científico em ambiente além dos grandes centros.

Hoje é possível notar um importante número de Centros e Museus de Ciências, porém

alertamos que a maioria desses espaços não-formais de educação são localizados nas

Universidades, habitualmente localizadas nas metrópoles. Portanto, esse segmento móvel do

Projeto é outro fator que contribui na mediação dos objetivos destacados anteriormente. Para

transporte dos materiais e alunos o projeto, por compor o MUDI, conta com um caminhão e

um ônibus. A estrutura para a realização do mesmo é instalada pelos próprios acadêmicos e

técnicos do Museu.

O projeto já foi apresentado em várias cidades, isso pode ser verificado nas fotos

abaixo e na subseção 4.3, intitulada O Show no “Educação com Ciência”, “Fera com Ciência”

e “Paraná em Ação”.

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24

Figura 1 – Show de Física realizado em diferentes cidades do Paraná, estrutura itinerante do

projeto.

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CAPÍTULO III

ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

3 – Sistemas de organização do Ensino Universitário

3.1 - Contextualização Histórica

Para entendermos melhor sobre a Extensão Universitária e os rumos da educação no

Brasil, devemos conhecer um pouco da história das universidades, conseqüentemente, do

processo de educação nos últimos anos no Brasil. Para uma melhor análise a contextualização

será subdividida em função do transcurso dos últimos governos. É de muita importância essa

análise, pois é no âmbito das políticas que se deve encontrar o planejamento das competências

de um país.

Atualmente, a extensão Universitária é realizada nos centros de ensino superior, que

chegou com a corte portuguesa e foi implantado no Brasil por D. João VI. Seu caráter era

especializado, ou seja, uma faculdade para cada profissão. Só, então, em 1912 surge no Brasil

a Universidade Livre de São Paulo, cujos temas abordados eram complexos e não destinados

aos anseios da população ao qual se destinavam.

Datado nos anos 1930, os primeiros documentos que relatam a extensão afirmam que

as pessoas diretamente ligadas ao ensino superior deveriam aumentar seus benefícios aos

demais membros da sociedade. Para Fagundes (1986 apud VIEIRA, 1992, p. 18),

A extensão Universitária se destina a dilatar os benefícios da atmosfera da

universidade, dando assim, maior amplitude e mais larga ressonância às atividades

universitárias, que concorrerão de modo eficaz para elevar o nível da cultura geral

do povo, integrando assim a universidade na grande função educativa que lhe

compete no panorama da vida contemporânea, função que só ela justifica ampla e

cabalmente, o sistema de organização do ensino sobre base universitária.

Assim sendo, observa-se a preocupação das autoridades em não apresentar a

universidade em um contexto elitista, e com estratégias voltadas somente as classes

dominantes. Apesar dos princípios deste modelo estarem bem expostos, o compartilhamento

do conhecimento com a comunidade apresentava uma característica informativa, e não

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formativa, de modo que, a população participava fantasiosamente dos recursos oferecidos por

essas instituições. Considerando esses fatos, a discussão sobre os segmentos das atividades

extensionistas tornou-se palco de coordenações políticas, por meio do MEC, apresentando

vários documentos sobre a questão conceitual da extensão universitária.

Nesse momento as dificuldades sobre o plano conceitual da extensão eram muitas, já

que, muitas vezes, ela era tida como uma atividade com caráter de prestação de serviço. Mais

tarde, do assistencialismo passou-se ao questionamento das ações desenvolvidas por ela de

função inerente à universidade, a extensão começou a ser percebida como um processo que

articula o ensino e a pesquisa, organizando e assessorando os movimentos sociais que

estavam surgindo. Percebemos, portanto, que a extensão passou a ser parte efetiva do corpo

universitário, em que era concebido: A pesquisa com a missão da aquisição de conhecimento,

o ensino responsável pela transmissão do conhecimento e a extensão que deveria aplicar o

conhecimento.

Rocha (1980 apud VIEIRA, 1992) elabora um documento que descreve as “oitos teses

equivocadas sobre a extensão universitária”, que a relatava da seguinte forma: Extensão como

forma de prestação de serviços; como função de agregação universidade aos programas

governamentais; como forma de estágio; mecanismos de captação de recursos; conhecimento

da realidade; função optativa e secundaria; extensão dissociada do ensino e da pesquisa e a

compreendendo todas aquelas atividades que não se enquadram no âmbito das demais funções

da universidade.

Essas concepções quando analisadas isoladamente são interpretadas de formas

errôneas, portanto, em 1987 com reconhecimento legal dessa atividade acadêmica e sua

inclusão na Constituição, o Ministério da Educação e Cultura (MEC, 2001) no Fórum de Pró-

Reitores de Extensão, implanta em um grande número de universidades a seguinte

formulação,

A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o

Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora

entre Universidade e Sociedade. A Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito

assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade

de elaboração da praxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade,

docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será

acrescido àquele conhecimento.

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Dentro dessas delimitações, a questão do ensino e conhecimento cientifico, das quais

fazem parte o trabalho apresentado , via extensão, se faria na troca de saberes sistematizados,

acadêmico e popular, tendo como conseqüência a democratização do conhecimento, a

participação efetiva da comunidade na atuação da universidade e uma produção resultante do

confronto com a realidade.

3.2 - Extensão Universitária na Universidade Estadual de Maringá

Na UEM, a tríade universitária está presente em diversas áreas, e o seu símbolo

representa isso. Três setas apontando uma para a outra em um sentindo infinito. Uma delas

significa a produção de novos conhecimentos científicos, a pesquisa, enquanto outra

representa o processo ensino-aprendizagem. A extensão por sua vez, pode ser entendida como

uma forma de ensino inter-relacionado com a comunidade, ou seja, o conhecimento produzido

na Universidade é compartilhado com a população. Na UEM a organização e

acompanhamento dos projetos de extensão competem a Diretoria de Extensão (DEX), essa

localizada no Bloco A-34, sala 06 no campus dessa mesma instituição.

A função da DEX é desenvolver atividades de apoio efetivo à organização e

acompanhamento de projetos de cursos, eventos e de extensão universitária, propostos por

discentes ou docentes; orientar quanto ao procedimento à elaboração de projetos de extensão

universitária, cursos e eventos; apoiar a elaboração do orçamento dos referidos projetos;

providenciar o encaminhamento dos projetos a órgãos financiadores; proporcionar ao

coordenador do projeto infra-estrutura necessária à montagem de seu projeto e organizar e

acompanhar a realização de cursos e eventos de extensão, em conjunto com a coordenação

destes. (DIRETORIA DE EXTENSÃO E CULTURA, 2009).

Como já tratado o Show de Física é concretizado programa PROMUD, Departamento

de Física da UEM e pela Diretoria de Extensão e Cultura (DEX), desta instituição. Conta com

quatro projetos5 bolsas de extensão que são disponibilizadas, via de regra, por de seleção pela

DEX. Apesar do baixo número de bolsas, o projeto sempre conta com aproximadamente vinte

participantes sendo, muitos deles, voluntários. Para estes, são fornecidos certificados com

horas de atividades acadêmicas complementares (AACs)6, bem como a experiência de atuar

em projetos de extensão, vinculando o ensino e a pesquisa

5 Os projetos serão indicados no capítulo seguinte.

6 As AACs adquiridas valem como atividades complementares acadêmicas características de cada curso. No caso

da Física é obrigatória a realização de 125 horas.

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CAPÍTULO IV

O SHOW DE FÍSICA

4 - Interação e Compreensão de Conceitos

4.1 – Aspecto e Descrição do Projeto

Atualmente o projeto “Show de Física” é realizado por uma equipe de docentes e

discentes do curso de Física, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em conjunto com

o Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI) da mesma instituição.

Consolidado no ano de 1999 passou a divulgar a ciência, em especial a Física,

selecionando e expondo experimentos de óptica, mecânica, eletricidade e magnetismo, muitos

deles, referidos neste trabalho.

O MUDI é um programa de extensão empenhado em divulgar o conhecimento

científico por meio da interação entre a universidade e a comunidade. É importante destacar

que o projeto compreende diversos temas secundários vinculados a um tema central que

possui como base a divulgação científica e a concretização emancipatória do monitor frente

aos desafios de sua formação7 como futuro professor.

A DEX da UEM com finalidade de incentivar a participação do meio acadêmico em

atividades extensionistas oferece, por meio de seleção, uma bolsa auxílio aqueles que

participam do projeto8 qual é, no qual atuou na condição de monitor

9 do MUDI. Podemos

classificar o projeto de acordo com sua forma de realização: fixo e itinerante. Por forma fixa

entende-se que é destinado um espaço físico nas dependências do MUDI, onde os monitores

de forma dinâmica e interativa apresentam os experimentos explicados nos próximos

capítulos. Já a forma itinerante, principal foco deste estudo, visa levar os fatos e atividades

7 Em 2005, eu, autor deste trabalho, interessado pela temática, pesquisei sobre o projeto e percebendo a

contribuição deste para minha formação acadêmica tornei-me parte dele. No início atuei como voluntário

dedicando, inicialmente, 12 horas semanais.

8 O autor deste trabalho vincula-se no quadro de bolsista desde 2005 até dezembro de 2009.

9 Apreendem-se como monitores os acadêmicos vinculados ao MUDI e, conseqüentemente, ao Show de Física

cujas funções serão discutidas detalhadamente adiante.

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científicas a comunidade externa, buscando atingir, principalmente, localidades com carência

de conhecimento científica.

As apresentações são realizadas em colégios, universidades e eventos de diversas

naturezas. O Show de Física, por se tratar de um espetáculo, possui uma seqüência estrutural

bem definida organizada, previamente, pelos monitores e coordenadores por meio de reuniões

e encontros que ocorrem periodicamente. Nesses encontros discutimos, a partir de pautas pré-

definidas, os roteiros dos Módulos Didáticos e a elaboração das atividades que os compõem.

Essas se fazem necessárias para harmonizar as idéias e acertar detalhes como a preparação

dos experimentos, o transporte e as instalações adequadas para a apresentação.

Os recursos materiais disponíveis para a realização do projeto contemplam as

necessidades. Além dos materiais de cunho prático específico, os experimentos, o Show de

Física possui instrumentos como: Balcões construídos especificadamente para a exposição

dos equipamentos, cobertura tensionada (tipo lona de circo), palco pré-moldado, materiais

para instalações elétricas, recursos de midiáticos entre outros.

A evolução material do Show pode ser verificada com a aquisição e readequação

estrutural dos aparelhos. Um exemplo é a exposição dos experimentos: Desde o início de suas

atividades, o grupo se preocupou com a comunicação visual do espetáculo. Depois de oito

anos expondo nossos experimentos em mesas utilizadas em laboratórios convencionais, em

2007 foram confeccionados cinco balcões de madeira revestidos com fórmicas coloridas. Sua

fabricação foi pensada de forma estratégica, sendo que em seu interior os experimentos

podem ser colocados tanto para armazenamento quanto para transporte. Apesar dessa

funcionalidade o objetivo da substituição visou, principalmente, à produção de um ambiente

cada vez mais afastado de um laboratório didático.

Outra atração que se tornou parte do Show foi o giroscópio humano. Em termos

financeiros, esse é o experimento de maior custo, sua aquisição só foi possível em virtude do

desempenho dos coordenadores dos projetos vinculados ao MUDI que, em 2006, viabilizaram

recursos para a construção, por meio direitos autorais de Livros por eles publicados.

Esse aparelho compõe o acervo do MUDI, e não exclusivamente do Show, o que

acarretava uma deficiência nas exposições do Museu quando Shows fora do campus da UEM

eram realizados. Só a disponibilidade de outro aparelho solucionaria esse problema. No inicio

do presente ano, com recursos do Cnpq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico), adquirimos um segundo equipamento, com maior funcionalidade de montagem

e transporte suprindo as necessidades dos projetos da Física, sendo esse utilizado para fins

itinerantes.

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30

Quanto à interação dos participantes do espetáculo com a platéia, podemos dizer que

ela ocorre de maneira espontânea. Os voluntários são escolhidos aleatoriamente entre o

público e convidados a participar de uma passagem do Show. Conforme demonstramos nas

figuras.

Figura 2 – Interação entre apresentadores e espectadores durante o Show.

Em platéias tímidas a inibição entre o aluno e apresentador deve ser superada pelo

envolvimento dinâmico entre eles. Nesse tipo de platéia isso ocorre, inicialmente, mas no fim

de cada espetáculo ou apresentação, sempre há alguém que nos solicita mais explicações,

fazendo perguntas, relatando experiências da própria vida e fazendo uma correlação com

conceitos apresentados. Muitas vezes pedem para repetir alguma experiência ou participar

dela, mostrando assim, seu interesse que, por inibição, não se manifestou na hora da

apresentação.

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Uma das estratégias que utilizamos no espetáculo para descontrair o publico e

minimizar a inibição é a “Montanha Russa” em que simulamos os movimentos dentro desse

brinquedo. Observamos melhor sua pratica na figura.

Figura 3 – Dinâmica da “ Montanha Russa”, evidenciando estratégia de inibição e interação.

4.2 – Atividades e responsabilidades do grupo

A tarefa dos acadêmicos, bolsistas e voluntários, responsáveis pela realização do Show

não se resume somente à apresentação dos experimentos. Esses devem realizar estudos

teóricos e práticos que darão suporte às atividades educacionais adequadas, visando à

aquisição de sua autonomia enquanto orientador junto à platéia.

Entendemos que na realização do show o aluno necessita de instrumentos próprios para se

realizar. Como já comentado, participam do projeto alunos que recentemente ingressaram, os que

estão cursando e os que já concluíram o curso de Física. Por isso, consideramos que uma função

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básica dos “veteranos” 10 é servir de instrumento de referência, juntamente com os planejamentos

educacionais desenvolvidos nas reuniões, para que o próprio iniciante, avalie, reveja, reoriente

suas ações pedagógicas cotidianas.

A idéia é que cada um possa, gradativamente, avançar em direção a um processo de

apresentação que contemple as exigências das práticas docentes. Para chegarmos ao

conhecimento emancipatório, necessitamos segundo Habermas (1987 apud MION;

ANGOTTI, 2004), igualmente do conhecimento técnico e do conhecimento prático,

interpretativo. Isso nos leva a compreender que, para produzir conhecimento crítico,

necessitamos da objetividade e da subjetividade.

Outra questão ao qual devemos estar sempre atentos é a manutenção, conservação e

limpeza dos materiais frente às ordens e condições de funcionamento de cada um. Além disso,

podemos propor e elaborar novos experimentos para ampliação do acervo e,

conseqüentemente, de conceitos abordados em cada espetáculo. Dessa forma, possibilitamos

um maior número de conceitos físicos e discussão das implicações da relação ciência,

tecnologia e educação.

Sobre o ingresso do acadêmico no grupo, no inicio de cada ano letivo, propomos como

forma de seminário, um evento de caráter teórico-prático, em que os projetos de extensão

vinculados ao programa MUDI são evidenciados cada qual destacando suas atividades. O

evento tem por finalidade enfatizar a necessidade dos projetos de extensão no âmbito

indissociável das universidades, bem como a contribuição na formação acadêmica. Ao final

do evento, os alunos são certificados e os interessados em compor a equipe do MUDI,

preenchem uma ficha cadastral com informações pessoais e acadêmicas que serão analisadas

pelo professor orientador da referida área. Entre os projetos mencionados acima a Física é

representada por quatro, sendo um deles o Show de Física. Para os orientadores dos projetos

de Física a relação entre os cinco projetos é de extrema importância, portando os alunos que

participam do Show de Física estão diretamente ligados as outras quatro atividades

extensionistas: “Brincando e apreendendo sobre mecânica e acústica no Museu Dinâmico

Interdisciplinar”, “ Brincando e aprendendo sobre óptica no Museu Dinâmico

Interdisciplinar”, “Aprendendo a ensinar Física I no Museu Dinâmico Interdisciplinar”,

“Aprendendo a ensinar Física II no Museu Dinâmico Interdisciplinar”.

Dentro de um plano de estudo o projeto concede oportunidades para a associação com

o ensino e pesquisa, que é a mola-mestra ao qual se discute esse trabalho. Em 2006, sobre

10

São denominados veteranos os alunos que participam do projeto a mais de um ano, portanto possuem

experiência. Logo, este termo será utilizado para nominá-los.

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33

coordenação dos orientadores do projeto, iniciamos o evento “Física Fazendo Ciclo de

Palestras”. Ele direcionado principalmente a professores de Física preocupados em

aperfeiçoar seus conhecimentos, na tentativa de superar técnicas de ensino. Os encontros

realizavam-se, quinzenalmente, as quartas-feiras salvo de feriados ou outros imprevistos. Os

temas eram propostos pelos orientadores ficando, algumas vezes, a critério do ministrante,

que pesquisaria o assunto aliando teoria e prática11

. Esse método firma uma solução para o

entrave que o professor muitas vezes encontra em sala de aula e proporciona a ampliação de

conhecimentos do acadêmico por meio da pesquisa.

4.3 - O Show no “Educação com Ciência”, “Fera com Ciência” e “Paraná em Ação”

Em termos quantitativos os resultados do projeto são significativos. Isso pode ser

comparado pelo expressivo número de pessoas que têm assistido às exposições realizadas

pelo projeto. Nesse contexto, destacamos os eventos “Educação Com Ciência”, “Fera Com

Ciência” e “Paraná em Ação”, que contam a com participação desse projeto como via de

divulgação cientifica. Os dois primeiros são realizados pela Secretaria de Estado de Educação

do Paraná (SEED), e tem por objetivo desenvolver uma atividade pedagógica complementar e

interativa, no qual as escolas – alunos e professores – terão espaço para expor publicamente

suas produções planejadas e executadas no cotidiano escolar. O evento é composto

basicamente de exposições, oficinas, discussões e pesquisas (PARANÁ, 2006).

O Paraná em Ação é de responsabilidade da Secretaria Especial de Relações com a

Comunidade (SERC) do Paraná. O Programa Paraná em Ação tem o claro objetivo de

oferecer serviços gratuitos que promovam cidadania e inclusão social da população.

No ano de 2005 o Show se fez presente no I Educação Com Ciência - Módulo

Maringá. Em 2006, por intermédio do mesmo evento, o Show contemplou as cidades de:

Arapongas12

, Guarapuava, Antonina e Maringá. Na terceira edição do Evento, em 2007, o

Show se fez presente novamente nas etapas de Maringá e Arapongas.

Em termos quantitativos, 2008 foi um ano de expressiva participação do Show nesses

eventos. Pois, o Show passou a fazer parte do rol de convidados a participar do Paraná Em

11

As práticas são realizadas com os materiais do Show de Física ou com experimentos confeccionados pelos

participantes. 12

As cidades aqui citadas são do estado do Paraná.

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Ação13

. A primeira participação aconteceu no mês de julho em Campo Mourão, seguido da

capital do Paraná, Curitiba. Os próximos locais beneficiados pelo evento foram: Maringá,

Francisco Beltrão e Laranjeiras do Sul.

No mesmo ano o evento Educação Com Ciência passou a ser Fera Com Ciência,

contemplando agora, além de atividades científicas e tecnologias, as expressões artísticas dos

alunos e professores. Maringá, Cambará, Dois Vizinhos, Toledo e Laranjeiras do Sul

sediaram os eventos que tiveram, além do Show, oficinas elaboradas pelos apresentadores do

mesmo.

Em 2009, o grupo viajou para Foz do Iguaçu para mais uma etapa do Paraná em Ação,

além da participação no Fera com Ciência, realizado na cidade de Ibaiti, aumentando ainda

mais o número de milhares de pessoas que assistiram as apresentações.

Sobre a divulgação do projeto e as práticas educacionais realizadas pelo grupo é

importante destacar o site do MUDI14

que disponibiliza subsídios sobre o programa. Nessa

página de internet existe um link exclusivo do Show de Física com informações e fotos sobre

o projeto.

4.4 – Experimentos: Prática de educação científica

Apuramos, no decorrer dos trabalhos realizados, que o uso de atividades experimentais

como estratégia de ensino de Física tem sido apontado por professores e alunos como uma das

maneiras mais benéficas de se minimizar as dificuldades no entendimento da ciência, em

especial, da Física. Observamos, também, várias metodologias e tendências na sua prática. O

trabalho desenvolvido por nós é abalizado em métodos de investigação com emprego de

atividades demonstrativas e interativas, que de modo ativo ilustraram os aspectos dos

fenômenos físicos abordados, tornando-os, de alguma forma, perceptíveis e com possibilidade

de propiciar aos participantes do Show de Física a elaboração de representações concretas e

adequadas. Apesar da linguagem simples, tomamos o cuidado com a transposição didática.

Para o projeto os experimentos devem desenvolver novas habilidades e posturas nos

estudantes, mesmo que viole o senso comum, e deve ser realizada com investigações bem

estruturadas dos experimentos com ou sem ajuda de roteiros fechados.

13

No Paraná em Ação a forma de realização do Show é diferenciada, sendo este realizado parcialmente. Não são

realizadas sessões fechadas, e sim de acordo com o fluxo contínuo do publico. 14

O site mencionado é http://www.mudi.uem.br

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35

Como já registrado, os experimentos descritos nesse trabalho são apresentados na

forma de um espetáculo propriamente dito, em que os participantes do projeto tornam-se

“apresentadores do Show”. É apresentado na forma de espetáculo com: palco, microfone,

música e muita interatividade. Essa estratégia permite maior interação entre o público e os

“apresentadores” difundindo o conhecimento científico de maneira dinâmica com uma

linguagem mais coloquial e menos científica.

Nesse contexto serão apresentados alguns experimentos, alguns evidenciando apenas

os conceitos físicos, funcionamento e aplicações no cotidiano. Outros transcritos de forma

minuciosa e de acordo com uma das apresentações do Show15

.

4.4.1 - Plataforma Giratória: Conservação do Momento Angular

Consiste de uma Plataforma de forma circular em que uma pessoa pode girar

livremente em torno de um eixo vertical.

Sua realização é feita em dois momentos, uma na qual o voluntário convidado é girado

com os braços abertos segurando dois alteres e em seguida com os braços fechados ao peito.

Quando ela encolhe os braços, isto faz com que seu momento de inércia seja reduzido

do valor inicial, porque a massa está agora concentrada numa região mais próxima do eixo de

rotação. Verifica-se um aumento na velocidade da rotação.

Não há nenhum torque externo atuando sobre o sistema. Deste modo, o momento

angular do sistema em torno do eixo de rotação deve permanecer constante. Na discussão com

os participantes sempre é relatado o exemplo das bailarinas, que se utilizam desses conceitos

físicos para realizar os movimentos em suas apresentações.

Se uma pessoa estiver sentada numa cadeira giratória sem apoiar seus pés no chão e

tentar girar seu corpo num sentido, sentirá que a cadeira também gira no sentido oposto. O

fenômeno de conservação novamente é verificado. Porém em novo contexto, sobre o sistema

de acoplamentos ocorre movimento de rotação dos dois objetos, que passam a girar no sentido

oposto, como se um tentasse compensar o giro do outro. Isso explica também o motivo dos

helicópteros caírem sempre em rotação quando apresentam suas hélices danificadas.

A abordagem desse experimento transcursa de maneira a respeitar toda didática

defendida ao longo do trabalho. Dessa forma, demonstramos que é possível explicar conceitos

15

As abordagens descritas sobre os experimentos poderão ser utilizadas, futuramente, como banco de dados e

pesquisa para os novos participantes do projeto.

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36

de momento angular de maneira simples. Consideramos esse conteúdo muito importante na

mecânica e, muitas vezes, não faz parte do planejamento dos professores no ensino médio.

4.4.2 - Gerador de Van de Graff: estática dos elétrons

Equivale a um terminal de alta tensão formado por uma esfera metálica oca e disposta

na parte superior de uma coluna isolante.

Por intermédio de um motor movimenta-se uma correia de borracha que passa por

duas polias, uma inferior delas acionada por um motor elétrico, responsável pela manutenção

do movimento. A segunda polia encontra-se dentro da esfera metálica oca. Com o movimento

constante, a correia perde elétrons e fica carregada positivamente, por um processo de

eletrização denominado atrito. Por meio de pontas metálicas superfície externa da esfera

acumula carga elétrica positiva, até atingir altas tensões.

Se uma pessoa coloca as mãos na esfera, o sistema pessoa-esfera fica carregado

positivamente; os cabelos ficam arrepiados, pois as cargas tendem a se acumular nas pontas e

se repelem por terem o mesmo sinal.

4.4.3 - Nitrogênio Líquido: Criogenia e Termodinâmica

Para o entendimento da criogenia e aplicações das baixas temperaturas, a descrição

abaixo subdivide os conceitos físicos de acordo com os eventos seqüenciais em que segue a

apresentação desse experimento.

Durante a apresentação do líquido para o público, este se encontra em uma caixa de

isopor. Quando a tampa da caixa é aberta, um grande volume de fumaça (gás) preenche as

proximidades da face superior da caixa porém, com uma diferente característica de uma

fumaça comum, ela desce ocupando as regiões laterais e no sentido do chão. Ainda que

demonstração prática do experimento tenha iniciado, já é possível os apresentadores

discutirem um conceito, às vezes abstrato, que é a convecção.

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O calor é a transferência de energia capaz de realizar-se de três maneiras diferentes,

sendo uma a convecção. O fato pelo qual o gás (nitrogênio em vaporização a baixa

temperatura) dirige-se no sentido inferior ao qual estava, explica-se por sua maior densidade,

fato que se contrapõe ao funcionamento de um balão que aquece o ar tornando-o menos

denso.

Todos os elementos possuem valores distintos de temperatura para as mudanças de

fases. No caso do nitrogênio a passagem do estado gasoso para o líquido (liquefação) ocorre a

77 K ou -196,15ºC. O contrário também é válido. Quando no estado líquido, se elevarmos a

temperatura do nitrogênio a partir de 77K ele passa do estado líquido para o gasoso

(vaporização). A obtenção do nitrogênio líquido ocorre submetendo o ar a baixas pressões.

Como o ar possui uma grande quantidade de nitrogênio, o mesmo se liquefaz a uma

determinada pressão. Quando isso ocorre a temperatura apresentada é de 77 K.

Seqüencialmente, um segundo fenômeno que verificamos nessa parte do Show é a

solidificação instantânea de uma folha vegetal, usualmente, uma folha de alface.

Quando um balão de ar inflado é inserido dentro do recipiente com o nitrogênio vai

diminuindo gradativamente seu volume, sem estourar, até perder completamente o viço.

Atingimos o auge desse experimento, tornando-o mais atraente e divertido, quando um

salgadinho tipo “chips” é imerso no nitrogênio e oferecido como aperitivo ao público.

Em seguida, assinalamos varias área Os bancos de sêmen utilizam na conservação

possibilitando futuras inseminações artificiais. São convenientemente empregados na

absorção de gases poluente mediante o uso de filtros a baixas temperaturas. Na medicina o

uso do bisturi criogênico proporciona cirurgias cuja cicatrização ocorre mais rapidamente e

com menos riscos de infecções. O avanço tecnológico dos supercondutores só foi possível

graças à criogenia. Estes são apenas alguns exemplos da utilização do nitrogênio líquido.

4.4.4 - Looping: Força Centrípeta e conservação de Energia

Uma bola colocada sobre trilhos de um arquétipo de montanha russa simula os

movimentos físicos desse brinquedo. Nesse ensaio, conceitos de conservação de energia,

velocidade e força centrípeta, podem ser explicitamente desvendados e elucidados.

Muito provavelmente, se alguém ainda não “andou” em uma montanha russa, já

testemunhou depoimentos sobre o “friozinho” na espinha causada pelo looping. Quem já

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andou com certeza na esquece esta sensação. Porém, alguns pontos Físicos, são no mínimo

curiosos.

Como é possível que alguém permaneça de “cabeça para baixo”, literalmente, sem

cair?

Não existe possibilidade do carrinho da montanha russa parar no instante do looping?

Para compreendermos os movimentos realizados na montanha russa necessitamos

alguns conceitos físicos.

De principio, devemos entender como o looping é possível. O carro da montanha russa

parte de um ponto acima da altura do looping, isto é necessário para que haja um “acúmulo”

de energia potencial gravitacional. Quando o carro é liberado esta energia potencial começa a

ser convertida em energia cinética. Na partida temos a energia potencial máxima, na base do

looping, temos a energia cinética máxima.

Como já assinalamos, o carro deve ser de um ponto acima do looping, isso se deve ao

fato que a energia acumulada no ponto de partida ser convertida em energia cinética, o que faz

o carro se mover. Nesse caso, no topo do looping ainda existe energia cinética e por isso o

carro não para. Agora, se o carro partisse, por exemplo, de um ponto na mesma altura do

looping, ele iria começar a converter a energia potencial acumulada em movimento, porém,

como não haveria “mínimo de energia”, no topo, o carro iria parar.

Sobre a permanência da pessoa no assento do carrinho é importante enfatizar que o

cinto de segurança é um recurso para qualquer eventual problema mecânico do brinquedo, e

não para assegurar que no momento do looping este permaneça em contato com a cadeira.

Neste caso, se uma pessoa se desprendesse do carro no topo do looping, por exemplo, ela

seria arremessada em uma direção tangencial ao mesmo. E, além disso, a aceleração

centrípeta assegura que ele se mantenha no carro (como se essa pessoa fosse pressionado

contra o banco do carro) 16

.

4.4.5 - Banco de Pregos: Força, Superfícies de Contato e Pressão

Que fenômeno físico possibilita a façanha do faquir deitar-se numa cama de pregos?

O faquir é um iniciado numa ordem Sufi praticante da mendicância. A palavra vem

do termo árabe para pobreza. Por extensão, é usada para se referir a homens santos ascéticos

16

Outro exemplo que ilustra este fato se dá quando você gira um balde com água, sem que esta saia do balde.

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indianos, que não vestem nada além de dhotis (tangas). No entanto, o termo é usado

principalmente para se referir a mágicos itinerantes indianos, que alegam ser homens divinos.

Os faquires viajam de povoado em povoado e operam "milagres" como materializar vibhuti

(cinzas sagradas) ou jóias. Fazem, também, outros truques como caminhar sobre brasas,

engolir fogo e principalmente permanecer sobre instrumentos pontiagudos como facas e

pregos.

Conceitos físicos aclaram que deitar ou sentar sobre uma cama de pregos não é

privilégio de alguns seres totalmente puros, como sugere alguns faquires e yogues (praticantes

de yoga, que pelo fato de meditarem muito e cantarem mantras, geralmente são associados

com a meditação sobre camas de pregos), todos os humanos, inclusive os carnívoros (pois

yogues são vegetarianos) podem sentar ou deitar sobre camas de prego e não se ferirem. A

razão disso se dá pelo fato de que a pressão é uma força (peso) aplicada em superfície de

contato (área); quando aumentamos a superfície de contato em que a força é aplicada, a

pressão diminui.

A pressão é o resultado da relação entre duas grandezas: a força (exercida por um

corpo sobre o outro) dividida pela área. Logo, a força do corpo de uma pessoa sobre a

minúscula área da ponta de um prego resulta numa grande pressão, capaz de perfurar, mas,

quando a mesma pessoa senta no banco, distribui o peso por uma área maior, diminuindo a

pressão.

Por exemplo, se sentarmos sobre um único prego, a superfície de contato é muito

pequena e a nossa área corporal que entrará em contato com o prego é muito grande, mas

quando sentamos sobre o banco de pregos o peso do nosso corpo continua o mesmo, mas a

superfície de contato (área de pregos) será aumentada, ficando assim, em contato com muitos

pregos, fazendo com que o nosso peso fique distribuído sobre a ponta de cada prego, a

pressão é pequena e insuficiente para machucar a pele. Outro fato que contribui para que não

saíamos machucados é que todos os pregos estão à mesma altura, se um prego estiver mais

alto que os pregos restantes, a superfície corporal de contato com o prego mais elevado

provocará uma perfuração na pele, pois o nosso peso será sustentado por um único prego, que

está mais elevado.

4.4.6 - Trenzinho: Cinemática e Dinâmica do movimento

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Sua explicação permite-nos atingir, principalmente, conhecimentos sobre movimento

relativo. Considerações sobre a inércia e referencial inercial revelam-se de forma aparente.

Localizados no interior de um trem que se move em relação à Terra, também

estaremos nos movendo em relação à mesma, mas para os outros passageiros dentro do trem

estaríamos em repouso. Esses episódios são explanados na descrição do referido experimento.

Alocado no interior do trenzinho há uma esfera de aço que pode ser lançada,

livremente, para cima, por meio de um dispositivo elétrico. No movimento do trenzinho, a

bolinha possui mesma velocidade que este em relação à Terra, princípio de inércia, neste caso

ao atirarmos a bola para cima, verificamos que para o referencial do trem há somente um

movimento vertical, de subida e descida. Nesse caso constatamos que ao cair ela retorna sobre

o mesmo ponto que saiu. Podemos comprovar esse fenômeno dentro de um carro ou ônibus,

em movimento, ao jogarmos um objeto verticalmente para cima, aguardando que ele retorne

em suas mãos.

Adotando como referencial a Terra, observamos uma nova trajetória descrita pela bola,

trata-se de um arco de parábola. Isto ocorre porque a bola acompanha o movimento do trem.

Desta maneira, uma pessoa fora do mesmo verá a bola com a mesma velocidade do trem e

descrevendo a trajetória parabólica. Fato aclarado com conceitos básicos de inércia. Apesar de

a esfera estar subindo e descendo na vertical, na horizontal ela está com velocidade constante.

Se ela está com velocidade constante, o trenzinho também. Quando ela cair, a única

alternativa é cair sobre o ponto de onde saiu.

4.4.7 - Transformador redutor: Movimento ordenado dos elétrons

Esse experimento manifesta conceitos de eletricidade. Composto por um núcleo de

ferro, uma argola metálica e por um circuito elétrico combinado com uma bobina com 300

espiras – uma bobina é um enrolamento de fio, neste caso de cobre, em torno de um eixo. Ela

trabalha ligada a uma diferença de potencial de 127 V, ou seja, ligada na tomada.

O anel metálico é disposto verticalmente na haste ferro, com a extremidade superior

livre. Entre o circuito existe um dispositivo de manobra, interruptor de campainha, que

acionado estabelece fluxo de energia entre os fios da bobina fazendo com que a argola suba.

Ocorre que o fluxo magnético variará e induzirá no anel uma corrente elétrica que

gerará campo magnético oposto ao criado pela bobina primária. Assim ocorrerá uma repulsão

entre o anel e a bobina.

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Além de conceitos de eletricidade podemos observar as transformações de energia. Em

simples palavras, energia elétrica convertida em energia cinética somada a potencial

determinando energia mecânica.

Pedimos que o voluntário para que o voluntaria segure o anel de modo que não admita o

seu movimento. Nesse caso a corrente nele induzida produzirá o seu aquecimento.

Averiguamos, mais uma vez, a lei de conservação de energia é satisfeita. A energia elétrica

não é transformada em mecânica, pois o voluntário mantém o anel estático, no entanto a

energia será transformada em calor, energia térmica

Em um segundo instante, convidamos outro voluntário, fechamos o núcleo de ferro e,

novamente, apertamos o interruptor. Um filamento de cobre, ou outro material condutor,

incandesce. Revelando que nas extremidades dos terminais existe uma diferença de potencial.

Mesmo com uma corrente elétrica fluindo nos fios, se alguém segurar os dois pólos da

segunda bobina, não tomará choque, pois agora, temos um transformador elétrico redutor,

significa que ele transforma uma tensão alta para uma mais baixa, por isso, ninguém toma

choque ao segurá-lo.

Agora, o fato de o filamento ter ficado incandescido foi porque ele apresentou uma

barreira à passagem de elétrons, ou seja, o filamento apresentava uma resistência elétrica.

Como a energia elétrica se “perdia” na passagem pelo filamento, ela deveria se transformar

em outro tipo de energia pela lei de Lavoisier, ou seja, ela se transformava em energia térmica

e em energia luminosa.

4.4.8 - Bicicleta Geradora de Energia Elétrica

A adaptação de uma bicicleta permite a realização do presente experimento. Na

associação das coroas e catracas é acoplado um gerador, permitindo que quando uma pessoa

pedale converta sua energia química em mecânica e posteriormente em elétrica. Para verificar

esse fenômeno uma fonte é inserida nos terminais desse gerador, que estabilizará a corrente

utilizada para ligar uma televisão17

.

Na apresentação pedimos, educadamente, para que o voluntário suba na bicicleta e

comece a pedalar e alguns segundos depois, o televisor começa a funcionar.

A seguir, na íntegra, descrevemos a passagem de uma apresentação do Show em que

utilizamos esse experimento.

17

O televisor não possui antena externa, para que uma imagem seja formada utiliza-se uma câmera de vídeo que

captura a imagem do publico participante.

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Senhoras e senhores todos nós sabemos o quanto é difícil perder peso, ou ao menos

mantê-lo. Às vezes dá a impressão que tudo é mais divertido que praticar alguma atividade

física.

Pois bem, quem aqui prefere ver televisão que praticar um exercício físico?

Eu vou apresentar a solução para isso, inclusive acho que todos deveriam ter uma dessas

acopladas aos seus eletrodomésticos.

Você esta vendo aquele televisor ali? Pois é, ele só funciona se você praticar um

exercício físico, ou seja, só funciona se você pedalar essa bicicleta.

Ai você pode dizer “Mas eu sou uma pessoa culta! eu prefiro ler ver televisão!” eu te

respondo, não tem problemas, a partir de hoje você só vai ler a noite, e nada de desperdiçar

energia elétrica, elevando a conta de seus pais

(nesse momento, desligamos a televisão e ligamos as lâmpadas próprias para o gerador)

Pois muito bem, você agora só vai ler um bom livro se produzir sua própria iluminação, ou

seja, se praticar exercícios físicos.

(começamos a explicação)

Esta bicicleta, envolve conceitos mecânicos, relacionados a associação de polias, pois

é assim que conseguimos aumentar, ou se quiséssemos, diminuir a velocidade de rotação do

gerador, nos fornece também conceitos de energia, trabalho e potência, e como podemos

relacionar a física diretamente com nosso dia a dia.

Temos uma energia “humana”, que adquirimos através de nossos alimentos, sendo

transformada em energia mecânica, e posteriormente em energia elétrica.

Conhecendo o teor calórico de nossos alimentos, e a potência de um determinado

eletrodoméstico, poderíamos saber a quantidade de alimentos que deveríamos ingerir para

produzir a energia necessária para mantê-lo funcionado. Podemos também, determinar por

quanto tempo deveríamos pedalar para manter nosso peso ou perder algumas gramas

indesejadas, alem de ser uma possível solução para o apagão.

Um importante assunto também discutido é a disposição e funcionamento das usinas

responsáveis pela produção e distribuição de energia elétrica.

4.4.9 - Transformador Elevador: O uso das bobinas e a Ionização do ar

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A explicação abaixo é encontrada em livros didáticos de Física e, comumente,

apresentada aos alunos em sala de aula:

O transformador é um aparelho estático que transporta energia elétrica, por indução

eletromagnética, do primário (entrada) para o secundário (saída). Os valores da tensão e da

corrente são alterados, porém, a potência, no caso do transformador ideal, e a freqüência se

mantêm inalterados.

O processo de desenvolvimento da aprendizagem de acordo com o exposto não

consegue contemplar os objetivos propostos por este projeto. Para nós, a falta de discussão,

criatividade e, principalmente, o descomprometimento com a prática social não podem ser

considerados em segundo plano. As questões de Física devem estimular uma postura reflexiva

e investigativa sobre os fenômenos da natureza e de como a sociedade nela intervém,

utilizando seus recursos e criando uma nova realidade social e tecnológica. Portanto refletir

sobre a prática docente, muitas vezes, ajuda na construção de uma ação consciente na

sociedade possibilitando a intervenção do indivíduo enquanto cidadão atuante, ou seja, o

desconhecimento dos princípios da ciência pode transformar o indivíduo em um excluído

socialmente.

O princípio físico deste experimento consiste em aplicar uma tensão relativamente

baixa em um conjunto de bobinas elétricas e obter uma elevação no valor de sua diferença de

potencial. Como o ar possui uma grande resistividade elétrica, não ocorre o fenômeno de

ionização, (para cada milímetro precisa-se de 3000 volts). Porém, se ascendemos uma vela

sobre a base da qual se erguem as barras metálicas, diminuímos a resistividade dielétrica,e o

ar passa a conduzir corrente produzindo um arco voltaico, ionizando, portanto, o ar. O

aparelho experimental disponibilizado pelo Show consiste, essencialmente, em um

transformador elevador de tensão com duas hastes metálicas longas conectadas aos terminais

de alta tensão. Estas hastes estão dispostas na vertical. Este transformador apresenta no

primário uma bobina de 120 a 250 espiras e no secundário uma bobina de 12 000 espiras,

essas por sua vez, dispostas independentemente e encaixadas em um pesado núcleo de ferro.

Conforme explicitado anteriormente, a estrutura do espetáculo possibilita uma maior

aproximação com o público. Dessa forma, com intuito de demonstramos essa dinâmica,

detalhamos a seguir, um exemplo de dialogo que ocorreu em um dos Shows

Apresentador: _ Assim como os demais experimentos, precisarei agora de mais uma cobaia,

digo voluntário. Caso você não queira vir levante a mão do seu amigo do lado, ou faça com

que ele diga: eu!

Voluntário: _ Eu!

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Apresentador: _ Você não, você é muito feio

Voluntário: _ Ah!

Apresentador: _ Estou brincando, pode vir.

Nesse momento interagimos com o aluno perguntado seu nome, idade, estado civil,

conta e senha bancária, etc. O objetivo nesse primeiro momento é fazer com que o voluntário

sinta-se confortável com as brincadeiras conduzindo o espetáculo de maneira descontraída e

respeitosa.

Nessa segunda parte, descrevemos o experimento para o voluntario e para a platéia.

Apresentador: _ Está vendo estas duas hastes metálicas enormes?

Voluntário da risada: _ Sim.

Apresentador: _ Você gostou delas?

Voluntário: _ Muito.

Apresentador: _ É? Mas nem pense em levá-las para casa.

Voluntário: _ Ah! Que pena.

Apresentador: _ Verdade, elas te deixariam eletrizado.

Apresentador: _ Mas vamos trabalhar então. Essas duas hastes, metálicas e condutoras

elétricas, possuem suas extremidades ligadas em terminais conectados por fios na energia

elétrica, ou seja, está ligada na tomada.

Voluntário: _ São 110 volts? Eu vou levar choque? Não vou fazer isso não. Posso voltar para

o meu lugar?

Apresentador: _ Calma. Uma pergunta de cada vez. Sim é ligado em uma tomada de 110

volts. Choque? Como assim? Quem falou em Choque? Eu nem falei para que te chamei.

Voluntário: _ Está bem, vamos ver no que vai dar.

Apresentador: _ Bom, vamos lá então. Se afaste, por favor e apenas observasse, preste

bastante atenção, pois depois gostaria que você explicasse, com suas palavras, o que

aconteceu.

Conectamos, então, o aparelho na tomada e acionamos o interruptor, porém nada

acontece.

Apresentador: E então. O que aconteceu?

Voluntário: _ Nada.

Apresentador: _ Nada, como assim?

Voluntário: _ Sim, você acionou, mas não aconteceu nada.

Apresentador: _ Já que nada aconteceu, deve estar quebrado. E segundo minha mãe tudo que

não presta a gente joga fora ou queima.

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Com auxílio de um isqueiro, acendemos uma vela e aproximamos junto à extremidade

inferior das hastes metálicas, subitamente uma centelha caminha de seu ponto mais baixo até

sua extremidade superior arrancando da platéia um afinado e contínuo “óóóóóóóóó”.

Apresentador: _ E agora o que aconteceu?

Voluntário: _ O fogo Subiu.

Convidamos a platéia para agradecer o voluntário, por meio de aplausos. Esse volta

para seu lugar e junto de seus companheiros acompanhará as explicações e curiosidades

acerca da alusão ali demonstrada.

Apresentar: _ Gostaram?

Platéia: _ Sim.

Apresentador: _ Agora, vamos ao que interessa. Frente a esse experimento várias

perguntas dever ter surgido. Quando apertamos o interruptor fechamos o circuito elétrico

então uma tensão de 110 VAC é estabelecida nessa bobina primária, que é essencialmente

um núcleo envolto por fios de cobre. Outra bobina chamada de secundária, que como vocês

estão vendo, contem um número maior de voltas de fio de cobre, produz aproximadamente

5000 VAC. Esta alta tensão induzida não é suficiente para ionizar o ar junto às hastes, ou

seja, fazer com que apareça a centelha que vimos a pouco. O ar possui uma grande

resistividade dielétrica, caracterizado pela dificuldade de torná-lo condutor, portanto não

ocorre o fenômeno de ionização, (para cada milímetro precisa-se de 3000 volts). Quando

acendemos uma vela na parte inferior da haste, o ar entre as hastes fica aquecido,

diminuindo assim sua resistividade dielétrica, comparada em condição normal. Com o ar

aquecido e a alta tensão entre as hastes faz com que esse ar permita o fluxo alternado de

cargas elétricas (elétrons e íons), estabelecendo um arco entre os eletrodos (corrente de

intensidade da ordem dos 10 mA). Uma vez estabelecido o arco, ele passa a elevar-se hastes

acima, até chegar ao alto da haste, onde se extingue. Uma nova centelha é produzida na

base das hastes e o ciclo reinicia. Até aqui tudo bem?

Esta capacidade do transformador permitiu a grande expansão no transporte,

distribuição e utilização da energia elétrica. e, juntamente com o motor de corrente

alternada, mostrou o grande interesse da utilização da corrente alternada, numa época em

que se confrontavam idéias sobre a melhor maneira de usar a energia elétrica, se sob a

forma de corrente contínua ou sob a forma de corrente alternada. Outro fator muito

importante a discutir é que a combinação eletricidade e fogo podem ser comparadas a bebida

alcoólica e direção, definitivamente não combinam. Como vocês puderam observar quando

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aquecido o ar muda sua propriedade isolante para condutor, assim facilitando para que uma

centelha entre os fios, um risco enorme.

Frente à apresentação, verificamos que problemas e cuidados do dia-a-dia são

abordados. Muitas situações de risco merecem cuidados, se tratando da energia elétrica. E a

desinformação tem levado a vários acidentes com a eletricidade, algumas vezes fatais. A

população precisa ter em mente que uma queimada, próxima de linha de transmissão ou a

queda de um balão sobre uma subestação podem provocar desligamentos de grandes

proporções, com sérios prejuízos e transtornos para muita gente, quando não um acidente

mais grave”.

Ao ver do projeto, seguindo essa linha é possível alcançar uma vasta gama objetivos

educacionais, uma vez que estas atividades apresentam uma maior flexibilidade metodológica

de demonstração, verificação, e análise social. Enriquecer o emprego dessas ações e

direcionar os fenômenos abordados à realidade vivida pelos estudantes caracterizará situações

nas quais eles criam suas próprias concepções construindo reestruturação conceitual.

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CAPÍTULO V

ANÁLISE DE SUBSÍDIOS

5 – Depoimentos e Discussões

5.1 - Aceitações Críticas da Física nas Suas Abordagens Sistêmicas

Nesse capítulo, elencamos os depoimentos e entrevistas realizadas com os

espectadores do Show, bem como seus executores, avocados aqui, simplesmente, como

apresentadores.

Primeiramente, apresentamos os dados adquiridos nas conversas com alunos que

formavam a platéia após uma apresentação do projeto. Essas informações são abraçadas com

pesquisas bibliográficas e seguidas das competentes discussões.

Sobre a imagem que os estudantes têm da Física Bonadiman & Nonenmacher (2007,

p. 196) expõem:

Quando o jovem estudante ingressa no Ensino Médio, proveniente do Ensino

Fundamental, vem estimulado pela curiosidade e imbuído de motivação na busca de

novos horizontes científicos. Entre os diversos campos do saber, a expectativa é

muito grande com relação ao estudo da Física. Porém, na maioria das vezes e em

pouco tempo, o contato em sala de aula com esse novo componente curricular torna-

se uma vivência pouco prazerosa e, muitas vezes, chega a constituir-se numa

experiência frustrante que o estudante carrega consigo por toda a vida.

Dessa forma, demonstraremos a complexibilidade da Física, em sala de aula, limitada

a transmissão de conceitos abstratos e descontextualizados. Daí, denotamos a importância

desse projeto como mediados do conhecimento.

As questões presentes nesse primeiro bloco são respostas de alunos do 1° ao 3° ano

do Ensino Médio, resultado das seguintes perguntas:

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O que você acha da Física?

Como você avaliaria a importância de projetos como o show de Física?

O que mais chamou sua atenção?

Lembramos que os alunos podiam expressar criticas e sugestões sobre a realização do

projeto.

R. Z (Aluno do 3º Ano do Ensino Médio)

O show de Física nos deu a chance de aprender melhor sobre as teorias da Física, o

modo de entreter os alunos foi uma forma divertida e ao mesmo tempo informativa. As

apresentações envolveram alguns alunos, o que foi ainda mais divertido. O Show estava

muito bom, porque tudo que estudamos são demonstrados de um jeito bem simples e

divertido.

Depois do Show deu até vontade de prestar vestibular pra essa matéria que todos

ficam com a cabeça quente quando o professor marca a prova.

As experiências foram bem objetivas, divertidas, em minha opinião se as aulas

tivessem praticas seriam bem mais interessantes.

Foi uma experiência muito boa não só para mim, mas para todos os alunos que

criticam a Física. Portanto após essa apresentação pode-se acreditar que muitas pessoas vão

mudar de idéia sobre a Física.

Diante do testemunho, observamos que o aluno já não encarava a Física como uma

atividade desagradável. Verificamos essa situação quando citadas, pelo aluno, as

oportunidades que o Show disponibiliza no entendimento prazeroso de conceitos vistos em

sala de aula.

T. S. (Aluno do 2º Ano do Ensino Médio)

Durante a realização do show de Física podemos ver na prática, certos conceitos da

física que, mesmo estudando fórmulas durante uma semana, não entenderíamos. Todos,

acredito, viram pela primeira vez o nitrogênio líquido, que é uma substância muito alheia do

nosso cotidiano.

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Nesse dia a Física deixou de ser um monstro de sete cabeças, como conhecida, e

passou a ser analisada de situações corriqueiras do nosso dia-a-dia como: choque, ondas

eletromagnéticas, força, potencia, etc.

O Show de Física foi um evento muito importante para nós todos, que prestigiamos o

trabalho e empenho dos alunos da UEM. Apresentou muitos conceitos que eu não tinha

conhecimento e explicou muitos outros que eu acreditava entender mais estava errado.

Confesso que até gosto mais de Física.

Esse depoimento retrata o aspecto do “novo” e do “impactante” vivenciados pelos

alunos durante a realização do espetáculo. O contato com elementos novos faz aguçar ainda

mais a curiosidade pelos conceitos científicos, como por exemplo, entender como é possível a

obtenção de nitrogênio no estado líquido e a uma temperatura tão baixa.

Ao fim do depoimento, registramos uma passagem relevante, as concepções

alternativas. Para o aluno a apresentação conveio, também, para o devido esclarecimento de

conceitos já julgados conhecidos. A discussão de elementos intuitivos, derivados de

conhecimentos procedurais, de hábitos adquiridos ou simplesmente do bom senso, são

argumentados no Show por princípios físicos organizados de acordo com o nível de abstração

de cada público.

A. M. S.(Aluno do 1º Ano do Ensino Médio)

O Show de Física foi massa e mostrou que, aprender Física pode ser dinâmico e

divertido. Os apresentadores do Show contribuíram muito, pois conseguiram ensinar de

forma simples e engraçada, alguns importantes temas físicos.

Eu gostei muito da participação do publico no show, várias pessoas participaram,

inclusive eu.

De todos os experimentos, os que mais gostei foram: nitrogênio líquido, que em

segundos fazia uma planta com aspecto normal se solidificar e quebrar facilmente, também

murchava bexigas, e quando jogado no palco desapareceu num instante, muito legal. Outro

ponto legal foi o da bolinha que atravessava um circuito, cheios de Loopings, e chegava

exatamente no alvo, claro que tudo dependia de onde a bolinha era jogada, aprendi um

pouco sobre energia mecânica.

Por fim, foi ótimo ir ao Show de Física e se houverem mais oportunidades pretendo ir.

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A interatividade cumprida conjuntamente com o publico é bem enfatizada neste

depoimento. Destaca, também, que ao trabalharmos os conceitos físicos de forma lúdica

estimula o aluno a aprender.

J. P. F. (Aluno do 2º Ano do Ensino Médio)

O Show de Física foi muito interessante, tivemos a chance de aprender mais e tirar

algumas dúvidas. Serviu-nos também para mostrar como a Física pode ser aplicada na

prática, já que não tivemos essa oportunidade no colégio.

Uma coisa é aprender a Física na teoria, outra é poder exercê-la, praticá-la, de modo

que o aprendizado e o entendimento é muito mais rápido e proveitoso. Através das

experiências realizadas no Show, pudemos presenciar assuntos que já aprendemos como a

questão da energia cinética, energia elétrica, magnetismo, força, atrito e muitos outros.

A experiência mais interessante, não sei se é pelo fato de eu nunca ter visto, foi a da

bexiga no nitrogênio líquido, que colocada no recipiente a fazia murchar, e que após retirá-

la enchia-se novamente.

Enfim, foi um Show muito proveitoso, para expandir o nosso conhecimento em uma

matéria complexa como a Física.

O aluno aponta que na escola não realizou aulas práticas, ainda destacou que as

atividades realizadas serviram para o entendimento de conceitos já estudados, porém não

assimilados.

R. M. (Aluno do 2º Ano do Ensino Médio)

A física é muito importante, pois ela está em toda a parte e tudo que usamos. No Show

de Física tudo que foi mostrado foi de grande aproveito e interesse, mostrou o funcionamento

de vários aparelhos. Um fato que me chamou muito a atenção foi o gerador de “Van Der

Graffitt” que fez com que os cabelos das pessoas, que colocavam a mão nele, arrepiassem e

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também quando a pessoa estava com apenas uma mão no gerador e encostava a outro na

pessoa do lado elas recebiam uma pequena descarga elétrica, um choque.

Foi muito interessante ver aquela plataforma giratória onde a pessoa ficava em cima

e a outra girava plataforma, quando ela fechava os braços ela girava mais rápida e quando

ela abria a velocidade diminuía.

Enfim, o Show de Física foi de extrema importância para a comprovação das teorias,

alem disso, mostrou-nos o quanto a Física é interessante e esta presente no cotidiano, e que

não apenas aquilo que os livros trazem.

Enquanto as equações e teorias são encaradas como algo distante dos alunos, o

depoimento nos mostra o quão importante e interessante é a Física do cotidiano. Os princípios

físicos acontecem a nossa volta e, muitas vezes, não paramos para analisar esses conceitos

que nos rodeiam.

S. R. M. (Aluno do 2º Ano do Ensino Médio)

Entre tantas matérias existentes de nosso aprendizado, em minha opinião, podemos

dizer que a Física é uma das mais interessantes, pois dentro de seu conteúdo podemos

perceber vários exemplos práticos, e isso é o que diferencia essa matéria das outras. Um

exemplo pratico de que a Física não se desenvolve apenas em torno dos livros é o Show de

Física, um belíssimo espetáculo, pois lá conseguimos perceber que a maioria das coisas ao

nosso redor giram em torno da Física.

Desde o passado ouvimos dizer que a Física é um monstro de sete cabeças, porem

sabemos que não é bem assim, a Física pode até não ser uma das matérias mais fáceis, mas

agora, acredito que podemos repensar um pouco mais antes de criticá-la.

Por fim, todos os depoimentos nos mostram, ao mesmo tempo, a importância da

atividade experimental para os alunos que não tiveram a oportunidade de praticá-las em

conjunto com a aquisição de experiências fornecidas a nós, por meio das críticas e sugestões.

Quando defendemos a prática como estratégia de ensino, deve ficar bem claro que

sabemos da importância da teoria, a reflexão sobre algo é essencial para a formação de um

aprendizado. Sobre isso, Pimenta (2005, p. 26) afirma que “o saber docente não é formado

apenas da prática, sendo também nutrido pelas teorias da educação”. Dessa forma, tanto a via

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teórica quanto os experimentos são fundamentais para que as práticas docentes alcancem um

patamar de qualidade.

5.2 Métodos Facilitadores do Ensino de Física: Profissionais com Habilidades

Diferenciadas

Este grupo de depoimentos foi realizado com atuais e ex-participantes do projeto que

hoje atuam na área da educação.

A elaboração da pergunta é justificada segundo HAMBURGER (1998), onde ela

discutiu as habilidades profissionais adquiridas por um monitor18

.

Para HAMBURGER (1998), “um monitor bem formado, que tenha boa idéia do que é

ciência, o que é divulgação para seu publico, além de marcar a instituição onde atua, torna-se

uma pessoa com lastro diferenciado da profissão que vai exercer”. Na condição de ex-

participante do Show de Física da UEM, e hoje atual profissional da área de educação, você

considera essa premissa verdadeira?

O que o projeto contribuiu para a sua formação e para sua atuação profissional?

B. F. O. (2001 – 2007)19

O projeto do Show de Física, com certeza, forma um profissional diferenciado. Este

projeto exigiu de forma natural uma compreensão profunda sobre da física dos experimentos

que eram apresentados durante o show. Este fato ocorria devido à necessidade de explicar

sobre os fenômenos físicos que rodeavam os experimentos para um público com grande

diversidade de idade e nível cultural. Além disso, esse contato com o público também

contribuiu para minha formação pessoal, no sentido de melhorar minha desenvoltura frente a

uma platéia.

Inicialmente, norteamos as discussões do citado depoimento, em direção da benfeitoria

que o projeto forma na busca independente da pesquisa, fato que pode ser verificado na

18

O apresentador do Show é entendido, segundo o ponto de vista dos projetos de extensão do MUDI, como um

monitor. 19

O período compreendido entre parênteses, após a abreviação de cada nome corresponde ao ano de entrada e

saída, respectivamente no projeto Show de Física.

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primeira menção do entrevistado. As apresentações do Show de Física demandam, dos

apresentadores, uma vasta visão dessa ciência, sendo essa alcançada com a pesquisa e o

estudo científico. Seguindo essas conjunturas, deve-se ressaltar que quando falamos de

pesquisa, não restringimos os estudos somente aos conceitos físicos, as investigações

contemplam as literaturas sobre as praticas pedagógicas, pois como citado, o publico é

composto com diversidade de idade, nível cultural e social. A organização dessas pesquisas é

relevante no direcionamento de questões como semelhanças e diferenças entre a linguagem

comum e a cientifica, origens históricas e evolução de idéias, questões sociais e culturais e,

principalmente, educação dialógica HAMBURGER (1998),

M. F. S. A. (2007 – 2009)

Certamente. Para aquele que “detém” o conhecimento, na maioria das vezes, a

grande dificuldade está em transmitir o conhecimento adquirido, ou seja, possibilitar ao

público o seu entendimento. Tendo em vista que no ambiente universitário os diálogos

acontecem entre colegas de curso e professores, conhecedores da ciência, o Show de Física

permite a interação entre monitores, que sabem a ciência do experimento explicado e o

público, geralmente, leigo cientificamente e, não somente. Desta forma, o Show capacita o

monitor a adaptar suas falas ao público, de acordo com a faixa etária e nível de

escolaridade, por serem, os espectadores deste espetáculo, muito diversificado. Assim, tal

experiência permite utilizar meios diferenciados para expressar o conhecimento a ser

adquirido pelos alunos de forma que possa ser facilmente compreendido.

Face o exposto, abalizamos a clara apreensão sobre o saber ensinar. Nas palavras do

entrevistado é possível balizar variados recursos que o projeto proporciona para suplantar essa

problemática. A amarração dos conceitos científicos com as informações do publico, muitas

vezes concepções alternativas, é elencada pelo grupo envolvido que dimensiona as situações,

ajustando-as a cada apresentação realizada. Nesse contexto, acreditamos que qualquer citação,

por melhor que seja não seria mais conveniente que o seguinte pensamento:

“Não entendeste realmente alguma coisa enquanto não a conseguires explicar à tua

avó.” Albert Einstein.

F. S. C. (2007 – Atual)

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Concordo com Hamburger. Consegui, por meio do treinamento, dos conceitos

aprendidos e das experiências adquiridas como monitor do 'Show da Física', me preparar

melhor para entrar em uma sala de aula e ensinar aos estudantes, ter postura e

autoconfiança frente ao público que anteriormente não possuía. Alguns professores, que

estavam em apresentações minhas do show, hoje são colegas de trabalho. “Sendo que ouço,

de vez em quando, comentários dos mesmos sobre minhas falas e explicações durante os

„Show da Física‟.”

Este depoimento sugere a coleção de experiências adquiridas pelo acadêmico no

desenvolvimento do projeto, mas especificamente as apresentações do Show de Física,

didaticamente falando vem reforçar e complementar os comentários já apontados

anteriormente.

P. J. B. O. N. (2005 – 2009)

Em minha opinião, ser monitor no projeto show de Física da UEM me torna um

profissional muito mais capacitado, tendo em vista que o fato de participar do projeto

garante que o aprendizado adquirido em sala de aula ao longo dos anos de graduação seja

mais bem estimulado durante uma apresentação ou algum outro evento, fazendo com que o

monitor chegue mais preparado ao mercado de trabalho.

No contexto apresentado, destacamos de forma positiva, a citação feita pelo

apresentador sobre os eventos diretamente ligados ao projeto. O Ciclo de Palestras, as

Oficinas e Mini-Cursos realizados pelo grupo possuem uma metodologia diferenciada, porém

as práticas, assim como o Show, são sempre refletidas de acordo com as demandas sociais e

culturais, visando a popularização da ciência.

Aliando-se tudo isso ao a própria motivação que os acadêmicos encontram,

veiculamos nossas esperança na formação de profissionais que verdadeiramente

compreendam a Indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e extensão de forma competente.

Esses depoimentos vão ao encontro das Diretrizes Curriculares da Educação Básica –

Física (PARANÁ, 2008 p.14) que estabelecem

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os conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo

contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares e

colocando sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam

quanto o estatuto de verdade atemporal dado a eles. Desta perspectiva, propõe-se

que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas e

econômicas presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem

compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos

contextos em que elas se constituem.

Isso significa que o Show atende as expectativas do governo enquanto

complementação curricular.

Para as Diretrizes (PARANÁ, 2008), essa concepção de escola orienta para uma

aprendizagem específica, colocando em perspectiva o seu aspecto formal e instituído, o qual

diz respeito aos conhecimentos historicamente sistematizados e selecionados para compor o

currículo escolar.

Nesse sentido, a escola deve incentivar a prática pedagógica fundamentada em

diferentes metodologias, valorizando concepções de ensino, de aprendizagem e de avaliação

que permitam aos professores e estudantes conscientizarem-se da necessidade de

“(...)uma transformação emancipadora. É desse modo que uma contraconsciência,

estrategicamente concebida como alternativa necessária à internalização dominada

colonialmente, poderia realizar sua grandiosa missão educativa” (MÈSZÁROS, 2007 apud

PARANÁ,2008, p.15).

Um projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente aos sujeitos, seja qual

for sua condição social e econômica, grupo étnico e cultural e às possíveis necessidades

especiais para aprendizagem. Essas características devem ser tomadas como

potencialidades para promover a aprendizagem dos conhecimentos cuja função da escola é

ensiná-los, para todos (PARANÁ,2008).

Esse documento faz uma crítica ao currículo vinculado ao academicismo/cientificismo

em que os saberes a serem socializados nas diferentes disciplinas escolares são oriundos

das ciências que os referenciam. Nessa perspectiva, a disciplina escolar é vista como

decorrente da ciência e da aplicabilidade do método científico como método de ensino. Esse

tipo de currículo pressupõe que o “processo de ensino deve transmitir aos alunos a

lógica do conhecimento de referência. [...] é do saber especializado e acumulado pela

humanidade que devem ser extraídos os conceitos e os princípios a serem ensinados aos

alunos” (LOPES, 2002 apud PARANÁ,2008 p. 17).

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A crítica das Diretrizes (PARANÁ,2008) ao currículo definido pelo

cientificismo/academicismo é que ele trata a disciplina escolar como ramificação do

saber especializado, tornando-a refém da fragmentação do conhecimento. A consequência

são disciplinas que não dialogam e, por isso mesmo, fechadas em seus redutos, perdem a

dimensão da totalidade.

A perspectiva defendida pelas Diretrizes (PARANÁ, 2008) é a do currículo como

configurador da prática, produto de ampla discussão entre os sujeitos da educação,

fundamentado nas teorias críticas e com organização disciplinar e a concepção de

conhecimento considera suas dimensões científica, filosófica e artística, enfatizando-se a

importância de todas as disciplinas.

Para a seleção do conhecimento, que é tratado, na escola, por meio dos

conteúdos das disciplinas concorrem tanto os fatores ditos externos, como aqueles

determinados pelo regime sócio-político, religião, família, trabalho quanto as

características sociais e culturais do público escolar, além dos fatores específicos do sistema

como os níveis de ensino, entre outros. Além desses fatores, estão os saberes acadêmicos,

trazidos para os currículos escolares e neles tomando diferentes formas e abordagens em

função de suas permanências e transformações, esses devem ser trabalhados numa abordagem

histórica e crítica a respeito da constituição das disciplinas escolares, de sua relevância e

função no currículo e de sua relação com as ciências de referência (PARANÁ,2008).

Na relação com as ciências de referência, é importante destacar que as

disciplinas escolares, apesar de serem diferentes na abordagem, estruturam-se

nos mesmos princípios epistemológicos e cognitivos, tais como os mecanismos

conceituais e simbólicos. Esses princípios são critérios de sentido que organizam a

relação do conhecimento com as orientações para a vida como prática social,

servindo inclusive para organizar o saber escolar. Embora se compreendam as

disciplinas escolares como indispensáveis no processo de socialização e

sistematização dos conhecimentos, não se pode conceber esses conhecimentos

restritos aos limites disciplinares. A valorização e o aprofundamento dos

conhecimentos organizados nas diferentes disciplinas escolares são condição para

se estabelecerem as relações interdisciplinares, entendidas como necessárias para

a compreensão da totalidade (PARANÁ, 2008 p.20).

Assim, o fato de se identificarem condicionamentos históricos e culturais,

presentes no formato disciplinar de nosso sistema educativo, não impede a perspectiva

interdisciplinar. Tal perspectiva se constitui, também, como concepção crítica de educação e,

portanto, está necessariamente condicionada ao formato disciplinar, ou seja, à forma como

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o conhecimento é produzido, selecionado, difundido e apropriado em áreas que dialogam

mas que constituem-se em suas especificidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossa experiência no campo da divulgação cientifica permitiu-nos compreender

melhor o processo de produção e exposição do conhecimento, em especial da Física.

Associado a projetos de extensão e ao programa Museu Dinâmico Interdisciplinar o Show de

Física tem apresentado metodologias ampliando as investigações de ensino aprendizagem e

desenvolvendo materiais e estratégias didáticas para a popularização da ciência.

Junto essa passagem é interessante retomar o capítulo da análise de subsídios e

prende-la aos depoimentos dos alunos que enfatizam, com suas palavras: “O Show é muito

proveitoso para expandir o nosso conhecimento em uma matéria complexa como a Física.”

Diante dessa premissa e de todas as informações prestadas ao longo deste trabalho o

objetivo principal do ”Show de Física” pode ser visto como o entendimento dessa ciência

dinamicamente com os conhecimentos produzidos ao longo da história. A respeito desses

desígnios podemos destacar ainda a postura participativa, reflexiva e critica produzida nas

interações do espetáculo.

Para tanto, nos estudos para a elaboração deste trabalho, reservamos ainda um único

capítulo sobre a Extensão Universitária. Concluímos que essa não deve ser entendida como

assistencialismo, mas tem por objetivo um artifício coletivo e cooperativo, com interlocução

entre profissionais, alunos e parceiros externos à Universidade,. Sendo assim, projetos com o

“Show de Física” favorecem na firmação de um elo entre o mundo o mundo dos conceitos,

leis e teorias com a prática experimental, definidos e fixados cuidadosamente no roteiro de

apresentação do Show.

A partir do levantamento de resultados dos projetos e programas extensionistas, em

especial do Show de Física, sancionamos que a motivação para o desenvolvimento do

trabalho tem duas vertentes. Por um lado, envolve a difusão do conhecimento cientifico, para

que esse não fique restrito a um pequeno grupo de pessoas. Por outro envolve a formação dos

licenciados levando-os a ter uma atitude consciente e adequada diante dos desafios impostos

pelas constantes transformações dos ambientes educacionais.

A alfabetização científica de populações pode ser aprimorada por meio da divulgação

científica, que pode ocorrer por meios formais ou informais. (SANTOS et al 2005).

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Para Muniz et al.(2008), aparentemente o estudo de Ciências envolve uma

complexidade que , na visão de muitos, torna-a não acessível.

Fora da âmbito escolar, é nosso papel atuar na esfera educacional, como mediadores e

instigadores para a busca do conhecimento científico e transformá-lo em algo prático e

próximo a realidade vivida pela comunidade.

Numa esfera social, esse projeto contribuiu para a aquisição de saberes científicos por

uma população que dificilmente teria acesso a eles.

Os fenômenos da comunicação são mais amplos do que se imagina à primeira vista,

hoje em dia comunicação está associada a meios que fazem parte do mercado, tais como

televisão, rádio, cinema, jornais, revista, outdoors, computadores, etc (SILVA 2006). Dessa

forma as expressões artísticas (música, esculturas, pinturas, artes cênicas, etc) são formas de

texto, portanto, podem ser utilizadas como meio de comunicação. Utilizar-se desses recursos

para popularizar a ciência tem sido cada vez mais freqüente.

Tomando como base essas premissas, consideramos importante a formação

pedagógica do projeto Show de Física, sendo de grande valia a sua contribuição tanto para

seus realizadores quanto para seus participantes.

Com isso, entende-se a escola como o espaço do confronto e diálogo entre os

conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular. Essas são as

fontes sócio-históricas do conhecimento em sua complexidade (PARANÁ,2008). E nesse

sentido, a educação não-formal, principalmente nos museus e centro de ciências, por meio de

ações extensionistas, estimulam o aprendizado dos conteúdos científicos, uma vez que, o

Show desperta em seus expectadores o fascínio, o desejo pela descoberta do conhecimento, e

em seus idealizadores elaborar estratégias de ensino que não seriam possíveis dentro da

escola. Acreditamos que não basta realizar as práticas experimentais, mas sim determinar os

adequados objetivos desse recurso.

Por fim, à guisa de conclusão, o desenvolvimento do projeto e o conhecimento

adquirido na literatura nos mostra que o ensino, pesquisa e extensão, realizados de forma

indissociável, são ótimos instrumentos para construção de um plano democrático frente à

sociedade.

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