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    1-INTRODUO

    A acne vulgar uma condio inflamatria crnica da unidade polissebcea,

    muito comum em adolescentes e adultos jovens. Apesar de no haver relatos de casos

    de mortalidade relacionados a essa doena, existe uma significante morbidade fsica e

    psicolgica. (STEINER; BEDIN; MELO., 2011)

    Segundo Azulay., (2008), trata-se de uma doena gentico-hormonal,

    autolimitada, de localizao pilossebcea, com formao de comedes, pstulas e leses

    nodulocsticas, em cuja evoluo, dependendo da intensidade, se soma processo

    inflamatrio que leva formao de pstulas e abcessos, com freqente xito

    cicatricial.

    Os fatores que predispem a acne podem ser, gentico, hormonal, hiperproduo

    sebcea, hiperqueratinizao folicular e aumento da colonizao de Propionibacterium

    acnes (P. acnes) no ducto glandular. uma doena menos freqente em orientais e

    negros, mas pode ocorrer em todas as raas. (COSTA; ALCHORNE;

    GOLDSCHMIDT., 2008)

    uma doena que predomina entre os adolescentes, mais precoce em

    adolescentes femininos do que masculinos, normalmente regride espontaneamente aps

    os 20 anos de idade; entretanto as formas mais intensas de acne so mais comuns no

    sexo masculino, porm costuma ser mais persistente no sexo feminino, o que

    explicado pela alta freqncia de distrbios endcrinos. (AZULAY; AZULAY., 2008)

    Entre o 3 e o 4 ms de gestao, o embrio j revela a presena de glndulas

    sebceas; que existem em praticamente todo o corpo. As glndulas sebceas esto

    conectadas aos folculos pilosos, formando assim a unidade pilossebcea. Essas

    glndulas tm sua maior atividade na puberdade, devido ao hormonal andrognica,

    principalmente da testosterona. (AZULAY; AZULAY., 2008)

    Quanto aos fatores etiopatognicos da acne vulgar (AV), pode-se notar que h

    alterao nos componentes do sebo dos portadores de AV, se comparados aos

    indivduos sos. De todos os componentes alterados, o cido linolico, que um cido

    graxo essencial, o mais importante, j que desprotege a parede epitelial glandular, que

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    passa a ser agredida pelos cidos graxos livres, obtidos pela hidrlise das triglicrides

    atravs das lpases do P. acnes, acarretando hiperqueratinizao infundibular e

    inflamao drmica. (COSTA, et al, 2007)

    A acne no perodo pr-menstrual ocorre em 30% das mulheres, devido ao

    aumento da secreo de sebo rica em cidos graxos livres, diminuio dos stios

    foliculares entre o 15 e o 20 dias do ciclo e aumento da progesterona nessa fase do

    ciclo. (COSTA; ALCHORNE; GOLDSCHMIDT., 2008)

    Existem diversos frmacos eficazes, tpicos e sistmicos, que atuam nos

    diferentes estgios de evoluo das leses de acne, e esses frmacos podem ser usados

    isoladamente ou em combinao (em funo das caractersticas de cada doente). (VAZ,

    2003)

    A teraputica da acne efetiva, porm, prolongada, e isso deve ser dito de forma

    bastante clara ao adolescente que, geralmente acredita em uma melhora imediata. O

    tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possvel, com realizao, sempre que

    possvel de teraputica de manuteno. Independentemente da gravidade, a introduo

    de tratamento certamente est indicada, na presena de risco para morbidade

    psicolgica. (LOURENO., 2011)

    Por ser considerada um processo normal do desenvolvimento, h um atraso na

    procura de ajuda mdica que, normalmente pode levar ao desenvolvimento de

    cicatrizes, tanto a nvel cutneo como a nvel psico-social. As leses inflamatrias so

    dolorosas e o agravamento da acne pode causar uma baixa auto-estima, perda de auto-

    confiana, isolamento social e at mesmo depresso. (VAZ, 2003)

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    2-OBJETIVO

    Objetivo geral Descrever a etiologia da acne e suas implicaes sociais.

    Objetivo especfico Descrever a doena acne e apresentar alternativas

    teraputicas viveis.

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    3-METODOLOGIA

    O mtodo utilizado foi uma pesquisa bibliogrfica atravs de livros, artigos

    cientficos atuais e banco de dados cientficos.na internet.

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    4-FUNDAMENTAO TERICA

    4.1-Pele

    A pele um dos maiores rgos, que atinge 16% do peso corporal e desempenha

    mltiplas funes. Ela recobre a superfcie do corpo e constituda por uma poro

    epitelial de origem ectodrmica, a epiderme, e uma poro conjuntiva de origem

    mesodrmica, a derme. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)

    4.1.1-Epiderme

    constituda por epitlio estratificado pavimentoso queratinizado. A poro

    mais profunda da epiderme constituda de clulas epiteliais que se proliferam

    continuamente para manter seu nmero. A epiderme, normalmente descrita como

    constituda de quatro ou cinco camadas ou estratos, devido ao fato da camada lcida

    estar ou no includa, sendo observada apenas em determinadas amostras de pele

    espessa. Pode-se observar da derme para a superfcie as seguintes camadas celulares:

    4.1.2-Camada Germinativa (Basal)

    Camada mais profunda, assim denominada porque gera novas clulas e

    apresenta intensa atividade mittica. responsvel pela renovao constante da

    epiderme, substituindo as que so perdidas na camada crnea. (GUIRRO; GUIRRO.,

    2004)

    4.1.3-Camada Espinhosa

    Suas clulas so cubides ou ligeiramente achatadas, ncleo central, citoplasma

    com curtas expanses que contm feixes de filamentos de queratina. Essas expanses se

    aproximam e se mantm unidas com as clulas vizinhas por meio de desmossomos, o

    que d o aspecto espinhoso. Esses filamentos de queratina e os desmossomos so

    importantes no papel da manuteno da coeso entre as clulas da epiderme e na

    resistncia ao atrito. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)

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    4.1.4-Camada Granulosa

    Sua caracterstica a presena de grnulos de querato-hialina que parecem estar

    associados com o fenmeno de queratinizao dos epitlios. A camada granulosa

    formada por clulas que j esto em franca degenerao, cujos sinais so os grnulos de

    queratina ou melanina que esto no seu citoplasma. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)

    4.1.5-Camada Lcida

    Mais evidente na pele espessa, formada por uma camada delgada de clulas

    achatadas, eosinfilas e translcidas, cujos ncleos e organelas citoplasmticas foram

    digeridos por enzimas dos lisossomos e desapareceram. O citoplasma apresenta

    numerosos filamentos de queratina, compactados e envolvidos por material eltron-

    denso. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)

    4.1.6-Camada Crnea

    Camada mais superficial da epiderme. formada de vrios planos de clulas

    mortas e intimamente ligadas. Assim que seu citoplasma for substitudo por uma

    protena fibrosa denominada queratina, estas clulas mortas so referidas como

    corneificadas. Essas clulas corneificadas formam uma cobertura ao redor de toda a

    superfcie do corpo, protegendo o organismo contra a invaso de vrios tipos do meio

    externo, como tambm ajudam a restringir a perda de gua do organismo. Apesar de sua

    pequena espessura, sua capacidade de reteno hdrica conserva a pele macia.

    (GUIRRO; GUIRRO., 2004)

    4.2-Derme

    uma espessa camada de tecido conjuntivo, na qual se apia a epiderme e une a

    pele ao tecido subcutneo ou hipoderme. Sua superfcie externa irregular.

    constituda por duas camadas, de limites poucos distintos: a papilar, superficial,e a

    reticular, mais profunda. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)

    4.2.1-Camada Papilar

    delgada, formada por tecido conjuntivo frouxo, as papilas drmicas constituem

    sua parte mais importante. Acredita-se que a funo das papilas aumentar a superfcie

    de contato derme-epiderme, promovendo assim, maior resistncia a pele. Muitas papilas

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    possuem alas capilares; outras contm receptores sensoriais que reagem a estmulos

    externos, como mudanas de temperatura e presso. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)

    4.2.2-Camada Reticular

    mais espessa, formada por tecido conjuntivo denso. (JUNQUEIRA;

    CARNEIRO., 2008). Sua denominao devido ao fato de que os feixes de fibras

    colgenas da qual formada, entrelaam-se formando um arranjo com o aspecto de uma

    rede. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)

    As duas camadas possuem muitas fibras elsticas, responsveis, em parte, pela

    elasticidade da pele. Alm dos vasos sanguneos e linfticos, e dos nervos, na derme

    tambm so encontrados, derivados da epiderme, folculos pilosos, glndulas sebceas e

    glndulas sudorparas. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)

    4.3-Hipoderme

    formada de tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira no muito firme a

    derme aos rgos subjacentes. Essa camada responsvel pelo deslizamento da pele

    sobre as estruturas em que est apoiada. Dependendo da regio e do grau de nutrio do

    organismo, a hipoderme poder ter uma camada varivel de tecido adiposo, que modela

    o corpo, uma reserva de energia e protege contra o frio. (JUNQUEIRA; CARNEIRO.,

    2008)

    4.4-Anexos da Pele

    4.4.1Plo

    So estruturas delgadas e queratinizadas, que se desenvolvem a partir de uma

    invaginao de epiderme. Quanto a cor, tamanho e disposio variam de acordo com a

    raa e a regio do corpo. Presentes em quase todo o corpo e crescem descontinuamente.

    Cada plo se origina de uma invaginao da epiderme, o folculo piloso, que se

    apresenta com uma dilatao terminal no plo em fase de crescimento. (JUNQUEIRA;

    CARNEIRO., 2008)

    Os queratincitos, clulas de revestimento da unidade pilossebcea, em

    condies normais, descamam regularmente e transportam o sebo para a superfcie

    cutnea, o que estabelece um equilbrio entre as clulas produzidas e as descamadas. Na

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    acne, h um aumento da proliferao dos queratincitos, formando camadas densas que

    no descamam adequadamente e no transportam o sebo para a superfcie. Esta

    hiperqueratose de reteno, designada microcomedo, clinicamente invisvel, o

    precursor das leses de acne. (NUNES; COSTA., 2011)

    4.4.2-Glndulas Sebceas

    Esto situadas na derme e seus ductos, revestidos por epitlio estratificado,

    geralmente desembocam nos folculos pilosos. A pele da palma das mos e da planta

    dos ps no possui glndulas sebceas. Essas glndulas so acinosas. Os cinos

    apresentam-se formados por uma camada externa de clulas epiteliais achatadas que

    ficam sobre uma membrana basal. A atividade secretora dessas glndulas bem

    pequena at a puberdade, quando comea a ser estimulada pelos hormnios sexuais. So

    glndulas holcrinas, pois a formao da secreo resulta na morte das clulas. A

    secreo sebcea uma mistura complexa de lipdios que contm triglicerdeos, cidos

    graxos livres, colesterol e steres de colesterol. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)

    As glndulas sebceas tornam-se ativas quando comeam a serem estimuladas

    pelos hormnios sexuais andrgenos, produzidos pelas gnadas adrenais. (HASSUN.,

    2000)

    A secreo sebcea constante e uma importante proteo contra bactrias e

    fungos que invadem a pele. (MEZZOMO., 2007)

    4.4.3-Glndulas Sudorparas

    So tubulosas simples enoveladas, cujos ductos se abrem na superfcie da pele,

    eles no se ramificam. Nessas glndulas existem clulas secretoras de dois tipos, as

    clulas escuras e as clulas claras. As escuras so adjacentes ao lmen, enquanto as

    claras se encontram entre as clulas escuras e as clulas mioepiteliais. O ducto da

    glndula abre-se na superfcie da pele e segue um curso em hlice ao atravessar a

    epiderme. O suor secretado por essas glndulas uma soluo extremamente diluda,

    que contm pouqussima protena, alm de sdio, potssio, cloreto, amnia e cido

    rico. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)

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    Figura 1: Pele e seus anexos

    Fonte: auladeanatomia.com

    5-ACNE

    5.1-Aspectos Patolgicos

    A acne, de uma maneira geral, uma erupo polimorfa caracterizada pela

    presena de comedes (cravos), ppulas, pstulas e leses nodulocsticas, com grau

    varivel de inflamao e cicatrizes. (AZULAY; AZULAY., 2008)

    A acne uma doena da unidade pilo-sebcea (composta pelo folculo piloso e

    pela glndula sebcea), que geralmente afeta reas onde estas so maiores e mais

    numerosas (face, trax e dorso). (VAZ., 2003)

    A acne pode causar distrbios emocionais, que conseqentemente podem

    agrav-la. Estudos demonstram que portadores de acne parecem ter maior prevalncia

    de distrbios psicossociais. (MENESES; BOUZAS., 2009)

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    5.2-Incidncia

    A acne no possui perfil epidemiolgico universal, aceito que sua prevalncia

    varie entre 35% e 90% nos adolescentes, com incidncia de 79% a 95% entre os

    adolescentes do Ocidente. (MENESES; BOUZAS., 2009)

    A acne atinge em geral os adolescentes, 60% das mulheres e 70% dos homens

    passam por isso na puberdade. Ocorre mais cedo na populao feminina, por volta dos

    14 anos, j na masculina costuma surgir em torno dos 16 anos; em geral regride

    espontaneamente aps os 20 anos de idade. Costuma ser mais intensa nos homens,

    porm mais persistente nas mulheres, devido alta freqncia de distrbios endcrinos.

    (AZULAY; AZULAY., 2008)

    A acne feminina ps-adolescncia pode ser dividida em persistente, a qual

    representa uma continuidade do quadro relacionado puberdade, e acne de inicio tardio,

    que se inicia apos os 25 anos de idade. Essas formas de acne diferem clinicamente da

    dos adolescentes porque tendem a ser mais inflamatrias, com menos comedes. Alm

    disso, as leses so mais comuns ao redor da boca, queixo e linha da mandbula.

    (SCHMITT; MASUDA; MIOT., 2009) Em um estudo epidemiolgico realizado na

    Frana com 4.000 mulheres descobriu-se que 41% das mulheres adultas apresentam

    acne. Possivelmente essas pacientes possuem anormalidades incipientes nas funes

    ovarianas ou adrenais, requerendo sempre uma investigao. (ADDOR; SCHALKA.,

    2010)

    Em alguns poucos casos, a evoluo da acne pode ser prolongada e marcada pela

    superposio de leses ndulo-csticas, supurativas, crnicas e recidivantes, podendo

    persistir acima dos 20 anos. Essas formas podem acarretar um prejuzo esttico maior,

    com risco de cicatrizes indelveis e severas influncias sobre a vida afetiva, social e

    profissional. (MEZZOMO., 2007)

    Segundo dados americanos, a acne afeta 80-85% dos indivduos com idades

    compreendidas entre os 12 e os 25 anos, caindo este nmero para 8% nos indivduos

    entre os 25 e 34 anos, e para 3% entre os 35 e os 44 anos. (VAZ., 2003)

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    5.3-Classificao

    A acne classificada clinicamente em quatro nveis:

    grau I- a forma mais leve, no inflamatria ou comedoniana, caracterizada pela

    presena de comedes fechados e/ou abertos raras leses inflamatrias e raras cicatrizes.

    (LOURENO., 2011)

    Figura 2: Quadro acneico de grau I

    Fonte: angraderme.blogspot.com

    grau II- acne inflamatria ou papulo-pustulosa, em que se associam aos

    comedes, ppulas e pstulas de contedo purulento. A intensidade do quadro

    varivel, com poucas a numerosas leses e eritema inflamatrio tambm varivel.

    (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)

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    Figura 3: Acne grau II

    Fonte: criasaude.com.br

    grau III- acne ndulo-cstica, quando se somam ndulos mais exuberantes, se constitui

    de seborria, comedes abertos, ppulas e pstulas, com reao inflamatria intensa,

    levando formao de ndulos, que podem conter pus. (ESTEINER; BEDIN; MELO.,

    2011)

    Figura 4: Acne Grau III

    Fonte: acessa.com

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    Figura 5: Acne Grau III

    Fonte: nossoblogzinho.blogspot.com

    grau IV- acne conglobata, na qual h formao de abscessos e fstulas, que

    podem drenar espontaneamente. (MENESES; BOUZAS., 2008)

    O comedo ocorre quando h bloqueio do duto polissebceo por um tampo de

    queratina, isso causa uma intensa resposta de clulas inflamatrias neutrfilas.

    (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)

    Ppulas so leses rosadas ou avermelhadas, palpveis; com at 5 mm de

    dimetro. Quando essa leso evolui, aparecendo pus em seu contedo, ela recebe o

    nome de papulopstula, mais conhecida como espinha. O ndulo uma leso slida e

    elevada, com profundidade maior que a ppula e dimetro acima de 5 mm. (VAZ.,

    2003)

    Alm da acne vulgar ou acne juvenil, forma mais conhecida da doena, existem

    outras formas clnicas, com caractersticas peculiares, que devem ser levadas em

    considerao.(AZULAY; AZULAY., 2008)

    Acne neonatal: inicia-se nas primeiras seis semanas de vida e devido ao dos

    andrgenos maternos. Apresenta comedes fechados e microppulo-pstulas nas

    regies frontal, nasal e malares;

    Acne infantil: inicia-se entre o terceiro e sexto ms de vida, acometendo a face com

    leses inflamatrias; mais freqente no homem, talvez seja devido secreo precoce

    de andrgenos gonadais;

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    Acne do adulto: pode ser uma continuao da acne da adolescncia ou ter incio na

    idade adulta. mais freqente na mulher e apresenta menor nmero de leses com

    ppulo-pstulas quando comparada ao adolescente, alm de ser mais comum na regio

    mentoniana e mandibular e ter exacerbao com o ciclo menstrual;

    Acne andrgena: Ocorre pela produo excessiva de andrgenos por doena ovariana

    ou adrenal;

    Acne escoriada: caracteriza-se por comedes, ppulas, numerosas escoriaes e

    cicatrizes. Observada quase exclusivamente em mulheres, fundamentalmente de

    origem neurtica. (ALCHORNE; PIMENTEL.,2011 )

    5.4-Etiopatogenia

    A etiopatogenia da acne multifatorial, porm a maioria dos estudos relaciona

    quatro fatores principais; hiperqueratinizao, alta produo de sebo, multiplicao

    bacteriana no folculo, liberao de elementos inflamatrios no folculo. (LOURENO.,

    2011)

    Um fator coadjuvante na etiopatogenia da acne vulgar a influncia hormonal.

    Mesmo no sendo elementos fundamentais, os hormnios exercem papel que pode ser

    vital para o surgimento e/ou manuteno do quadro dessa dermatose em alguns de seus

    portadores. Essa participao, contudo, tanto maior quanto proximidade e incluso de

    seus portadores do perodo puberal. (MENESES; BOUZAS., 2009)

    5.4.1-Hiperqueratinizao

    De todos os fatores, esse um dos mais importantes. (COSTA; ALCHORNE;

    GOLDSCHMIDT., 2008). A hiperqueratinizao pode ocorrer na regio superior do

    folculo piloso, favorecendo a obstruo do ducto e assim causando reteno dos

    produtos originados na glndula sebcea. (CLUDIO; KLINGELFUS; FERNANDES.,

    2008)

    Com isso o contedo sebceo fica retido no interior da glndula. No interior

    dessa leso, as proteases hidrolticas, produzidas pelo P. acnes, agem sobre o epitlio

    glandular, rompendo-o, o que leva expulso do contedo sebceo para a derme. Com

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    isso, lpidios sebceos, plos, P. acnes e epitelicitos cornificados so injetados na

    derme, geram resposta imune do tipo corpo estranho, posteriormente, estabelece-se uma

    resposta do tipo humoral ficando estabelecida a inflamao. Os andrgenos estimulam

    as glndulas sebceas a produzirem sebo atravs de suas aes sobre receptores

    celulares. (COSTA, et al, 2008)

    5.4.2-Alta Produo de Sebo

    Um dos fatores fundamentais da formao da acne, as glndulas sebceas esto

    diretamente sob influncia dos hormnios. (CLUDIO, KLINGELFUS,

    FERNANDES., 2OO8).Quanto maior a gravidade da acne, menor a concentrao de

    cido linolico no sebo, e essa taxa, no perodo da puberdade, diminui na proporo

    inversa do nmero de leses acnicas. Portanto, a reduo dos nveis de cido linolico

    parece ser o elemento primordial na comedognese. (COSTA, ALCHORNE,

    GOLDSCHMIDT., 2008)

    A produo de sebo aumenta aps a adrenarca, quando as glndulas sebceas se

    desenvolvem e so estimuladas pelos hormnios andrognicos. A di-idrotestosterona,

    resultante da converso local da testosterona pela enzima 5-alfa-redutase, o principal

    andrgeno que determina o aumento da produo de sebo. (LOURENO., 2011)

    Com relao aos fatores ambientais e a acne, o sebo seria o componente mais

    influenciado. A presena de hiperinsulinemia, normalmente secundria ingesto

    excessiva de alimentos com alto ndice e carga glicmicos (acar branco), assim como

    a ingesto de leite e derivados, poderia estimular diretamente a produo de sebo. A

    hiperinsulinemia pode tambm, junto com o fator de crescimento insulina-smile 1

    (IGF-1), estimular a sntese de andrgenos por vrios tecidos do corpo, os quais sabe-se

    que tambm estimulam a produo de sebo. (COSTA; ALCHORNE;

    GOLDSCHMIDT., 2008)

  • 22

    5.4.3-Multiplicao Bacteriana

    Um fato determinante para a formao da acne a presena dos

    microorganismos. (CLUDIO, KLINGELFUS, FERNANDES., 2008) Apesar de fazer

    parte da flora bacteriana normal da pele a P. acnes, bactria gram-positiva, anaerbia,

    do gnero Corynebacterium o principal microorganismo envolvido na etiopatogenia

    da acne vulgar. Quando h hiperproduo sebcea pela glndula, ocorre proliferao

    dessa bactria, o que favorece o aparecimento da acne. Tambm se encontra, em grande

    quantidade na pele de indivduos acnicos, espcimes como o P. avidum e P.

    propionicum. (COSTA, ALCHORNE, GOLDSCHMIDT., 2008)

    Em ambiente anaerbio rico em gorduras (sebo), a bactria metaboliza

    triglicrides, hidrolisando-os, produzindo cidos graxos e glicerol que determinaro um

    efeito irritativo no folculo, o que desencadeia o processo inflamatrio e de acordo com

    a intensidade formam-se as ppulas e pstulas. Quando a reao inflamatria atinge a

    profundidade do folculo, os ndulo-cistos se formam, contendo cornecitos

    degenerados e formao de pus. (LOURENO., 2011) (ALCHORNE; PIMENTEL.,

    2011)

    5.4.4-Liberao de Elementos Inflamatrios no Folculo

    A inflamao pode ocorrer tanto pela ao irritante do sebo, que extravasa para a

    derme quando h ruptura da parede folicular, como pela presena de fatores

    quimiotticos e de mediadores pr-inflamatrios produzidos pelo P. acnes. (VAZ.,

    2003)

    Recentes estudos sobre o P. acnes demonstram algumas propriedades que

    contribuem com a resposta inflamatria local, como produo de enzimas que facilitam

    a ruptura folicular, a existncia de protenas de superfcie que estimulam resposta imune

    celular e humoral e outras substncias que contribuem para danificar os tecidos

    adjacentes inflamao. A produo de citoquinas e mediadores inflamatrios, em

    associao com os efeitos irritativos dos elementos resultantes da liplise pelo P. acnes

    atraem clulas inflamatrias que, posteriormente por ao lisossomal, determinam

    ruptura do folculo. Conseqentemente, o extravasamento desses elementos de

    inflamao, determina a piora do quadro. (LOURENO., 2011)

  • 23

    5.4.5-Outros

    Entre os fatores predisponentes da acne, ainda podemos citar: hereditariedade,

    stress emocional, andrgenos, presso e/ou frico excessiva da pele, exposio a

    substncias qumicas industriais, utilizao de cosmticos comedognicos ou de certos

    medicamentos. (VAZ., 2003)

    A gentica tambm tem influncia muito importante, acredita-se que seja

    proporcional ao grau da dermatose. Para a acne grau I essa participao de 88%; para

    grau II, 86%; e grau III, 100%. A influncia gentica ocorre sobre o controle hormonal,

    a hiperqueratinizao folicular e a secreo sebcea, mas no sobre a infeco

    bacteriana. (MENESES; BOUZAS., 2009)

    A Sndrome dos Ovrios Policsticos (SOP) acomete em torno de 5 -10% da

    populao feminina em idade reprodutiva e pode ser considerada a maior representante

    das doenas endocrinolgicas neste perodo da vida da mulher. Clinicamente costuma

    ser caracterizada pela presena de anovulao crnica e hiperandrogenismo. A acne

    vulgar e a oleosidade cutnea so problemas que ocorrem em torno de 30-40% nas

    mulheres portadoras de SOP. (LEITE; LEITE., 2005)

    5.5-Mitos e Verdades

    Por se tratar de um sucesso, o chocolate, carrega consigo muitos mitos. Por

    exemplo, ser o causador da acne, mas os cientistas j revelaram que o chocolate no o

    responsvel pelo seu aparecimento. Todavia, pode aumentar a oleosidade da pele e

    assim contribuir com o aparecimento dela. A acne decorre do excesso de gordura nas

    glndulas sebceas, com isso, muitas pessoas acreditam que esses alimentos gordurosos

    proporcionariam o aumento de cravos e espinhas, mas conforme as pesquisas no h

    nenhuma relao. Os alimentos com alto ndice glicmico, ou seja, aqueles que contm

    dose alta de acar podem possibilitar no agravamento da acne quando consumidos em

    excesso. (SOUZA et al., 2008)

    Quanto ingesto de leite e seus derivados, apesar de possurem baixo ndice

    glicmico, eles induzem ao aumento dos nveis de IGF-1, favorecendo o surgimento

    e/ou agravamento da acne. Alm disso, o leite contm estrgeno, progesterona,

  • 24

    precursores andrgenos e esterides 5a-redutases-dependentes, alguns dos quais esto

    implicados na comedognese. (COSTA; LAGE; MOISS., 2010)

    Estudos dizem que a incidncia da acne menor em esquims, que ingerem uma

    dieta rica em AGEs (cidos graxos essenciais), aumentando consideravelmente quando

    mudam seu hbito alimentar para uma dieta ocidental, rica em gorduras saturadas.

    (MEZZOMO., 2007)

    A higiene deficiente da pele no provoca a acne, porm uma limpeza obsessiva

    pode agrav-la; as reas afetadas devem ser lavadas com suavidade e secas com muita

    delicadeza. Coar ou espremer as leses aumenta a inflamao e a probabilidade de

    formao de cicatrizes. Cosmticos, hidratantes e protetores solares oleosos devem ser

    evitados, porque podem ser comedognicos (apesar de produtos comedognicos serem

    raros atualmente). No se afirmou que a acne seja causada pela ingesto de chocolate,

    alimentos gordurosos ou qualquer tipo de alimento, porm aconselhada uma dieta

    saudvel, evitando alimentos que claramente agravam as leses. A acne no causada

    nem agravada pela atividade sexual (incluindo a masturbao) ou por doenas venreas.

    (VAZ., 2003).

    6-Tratamento

    Antes da dcada de 1940, no se conhecia tratamento efetivo para a acne.

    Aguardava-se a cura espontnea ou prescreviam-se as poucas opes existentes, tais

    como tpicos de baixa eficcia como enxofre, cido saliclico, entre outros; tratamentos

    sistmicos ineficazes como clcio, auto-hemoterapia, arsnico, etc.; e radioterapia, que

    controlava a doena, produzindo atrofia da pele e das glndulas sebceas, porm

    causava efeitos adversos srios e tardios consequentes ao dano acumulativo tipo

    radiodermite crnica e ate cncer de tireide. (SAMPAIO; BAGATIN., 2008)

    O tratamento da acne est relacionado com a intensidade do acometimento

    cutneo e da presena de inflamao. de extrema importncia a cooperao do

    paciente com o tratamento, que depende muitas vezes do uso regular e prolongado de

    medicamentos. (MENESES; BOUZAS., 2008)

    O tratamento da acne tem como objetivo, prevenir ou tratar as leses; reduzir o

    desconforto fsico provocado pelas leses inflamadas; melhorar a aparncia do doente;

    prevenir ou minimizar as cicatrizes; evitar o desenvolvimento de efeitos psicolgicos

  • 25

    adversos e realizado principalmente atravs do emprego de antimicrobianos,

    retinides e agentes abrasivos. (VAZ., 2003) (PIANA; CANTO., 2010)

    Para o tratamento da acne grau I pode ser administrado tretinona, isotretinona,

    adapaleno ou cido azelaico, medicamentos que tem como objetivo os efeitos anti-

    inflamatrios, anticomedognico e comedoltico. Na acne grau II, podem ser utilizados

    antibiticos por via oral como tetraciclina, minocilina ou sulfa, alm de medicamentos

    contendo antimicrobianos tpicos, como perxido de benzola, eritromocina ou

    clindamicina sob a forma de gel ou loo alcolica. Nos graus III e IV utilizam-se os

    medicamentos descritos anteriormente ou a monoterapia sistmica com isotretinona

    oral. (MENESES; BOUZAS., 2009)

    So muitos frmacos eficazes, de uso tpico e sistmico, que atuam nos

    diferentes estgios de evoluo das leses de acne. Podem ser usados isoladamente ou

    combinados, depende das caractersticas de cada doente. (VAZ., 2003)

    Tambm esto disponveis outras alternativas, tais como; extrao manual dos

    comedes; infiltrao intralesional com esterides nas leses csticas; drenagem dos

    abscessos e exrese (manobra crrgica para retirada de parte ou totalidade de rgo

    tecido, com finalidade teraputica) de cistos; "peelings" superficiais de cido gliclico e

    cido saliclico; tcnicas de correes das cicatrizes da acne, como preenchimentos,

    subciso, exciso de cicatrizes profundas e abraso cirrgica. (ALCHORNE;

    PIMENTEL., 2011)

    6.1-Antimicrobianos

    Os antimicrobianos so compostos que inibem ou reduzem o crescimento de

    diversos microorganismos. Os mais empregados no tratamento da acne so o cido

    azelico e o perxido de benzola. (PIANA; CANTO., 2010). Entre os antibiticos orais

    habitualmente utilizados esto: tetraciclina, doxiciclina, minociclina, eritromicina,

    clindamicina, ampicilina, cefalosporinas e trimetopim-sufametoxazol. (VAZ., 2003)

    Os antibiticos tpicos so uma importante opo de tratamento na acne

    inflamatria, pois reduz a colonizao do P. acnes e a inflamao local. Os veculos

    mais usados so gel, loo e solues hidroalcolicas base de eritromicina ou

    clindamicina. Outros antibiticos como metronidazol e base de enxofre tambm

    podem ser, eventualmente, utilizados. A resistncia aos antibiticos vem aumentando

  • 26

    nos ltimos anos, logo devem ser utilizados sob critrios. Os antibiticos sistmicos

    agem na supresso do crescimento do P. acnes e da inflamao. (ESTEINER; BEDIN;

    MELO., 2011)

    O perxido de benzola libera radicais livres de oxignio que oxidam as

    protenas bacterianas, tendo um efeito bactericida sobre o P. acnes. A reduo da

    populao bacteriana leva a diminuio da produo de cidos gordos livres

    (comedognicos e irritantes) e de fatores quimiotcticos. Tambm parece reduzir o

    tamanho das glndulas sebceas. (VAZ., 2003) um agente tpico comumente usado,

    principalmente em graus menos avanados da acne inflamatria, sendo bactericida para

    o P. acnes, em concentraes de 2,5% a 10% (gel e loo). (ESTEINER; BEDIN;

    MELO., 2011)

    Em preparaes tpicas, o acido azelico possui efeito hipopigmentante, tem

    como possvel efeito adverso, a irritao local e fotossensibilizao. No considerado

    como tratamento de primeira escolha, mas uma boa alternativa para acne leve a

    moderada ou com hiperpigmentao ps inflamatria. relativamente atxico, e no h

    evidncia de interao medicamentosa com outros frmacos devido a sua baixa

    absoro sistmica. usado na forma de creme ou gel entre 5 % a 15 %. Quando

    utilizado com perxido de benzola, clindamicina, tretinona ou eritromicina aumentam

    sua eficcia. (PIANA; CANTO., 2010)

    Os antibiticos devem ser interrompidos assim que houver melhoria clnica

    evidente ou se no existir resposta clnica. (NUNES; COSTA., 2011)

    6.1.1-Tetraciclina

    Tetraciclina (oxitetraciclina): usada na dose de 500 mg de 8/8 horas ou de 12/12

    horas por dois a quatro meses. Aps melhora significativa reduz-se a dose para 500 mg

    por dia para manuteno por longo perodo. A administrao desta droga deve ser com

    gua uma hora antes ou duas horas aps a refeio. contra-indicada na gravidez. Os

    efeitos colaterais mais relatados so as reaes gastrointenstinais e a fototoxicidade.

    (ALCHORNE; PIMENTEL.,2011 )

  • 27

    Figura 6: Estrutura Qumica da Tetraciclina

    Fonte: laboratoriodequimicagonzaga.blogspot.com

    6.1.2-Azitromicina

    Azitromicina bem aceita por causa dos poucos efeitos colaterais e da

    comodidade posolgica; dose: 500mg via oral uma vez ao dia durante trs dias; trs a

    quatro ciclos com intervalo de dez dias. (BONETTO; et al., 2004). Alm disso, tambm

    tem apresentado timos resultados observados em estudos, aps poucas semanas de

    tratamento. Pode haver combinao do uso dos antibiticos sistmicos e perxido de

    benzola para uso local. (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)

    Figura 7: Estrutura Qumica da Azitromicina

    Fonte: netdrugs.info

  • 28

    6.2-Retinides

    Os retinides formam, atualmente, o grupo mais potente de queratolticos, pois

    normalizam a queratinizao. Isso leva a extruso de comedes e acelerao da

    diviso cornedoctica, inibindo a formao de novos comedes. Eles tambm melhoram

    o aspecto da hiperpigmentao ps-inflamatria, principalmente nas peles escuras.

    (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)

    Sua absoro aumentada em at 50% quando ingeridos com alimentao. So

    transportados por protenas plasmticas no sangue. Possui metabolizao heptica que

    ocorre no citocromo P450, 3A4. Nas clulas, eles se ligam a receptores de superfcie,

    penetram na clula, so metabolizados e transportados at o ncleo por protenas

    citoslicas. (AZULAY; AZULAY., 2008)

    Incluem compostos naturais e sintticos derivados do retinol que exibem

    atividade de vitamina A. So compostos que interferem em muitas atividades como a

    proliferao e a diferenciao celular, atividade imune, inflamao e produo de sebo.

    Os mais empregados so a isotretinona, por via sistmica, o adapaleno, o tazaroteno e a

    tretinona por via tpica. Possuem efeito fotossensibilizante, portanto deve-se evitar a

    exposio solar durante o tratamento. Em geral, o uso concomitante dos retinides com

    tetraciclinas no recomendado devido hipertenso intracraniana. Tambm, deve ser

    evitada a associao com a vitamina A, devido a problemas de hipervitaminose A.

    (PIANA; CANTO., 2010)

    A tretinona atua atravs do aumento da renovao celular da epiderme e da

    diminuio da coeso das clulas queratinizadas, levando a uma fragmentao e

    expulso do microcomedo, expulso de comedes e converso de comedes fechados

    em abertos. Tambm previne a formao de novos comedes. Este frmaco est

    disponvel nas concentraes de 0,025%, 0,05% e 0,1% na forma de creme. (VAZ.,

    2003)

    A isotretinona o cido 13-cis-retinico, um ismero sinttico da tretinona,

    administrado por via sistmica. Foi aprovada para uso em acne em 1982 e trata-se, sem

    dvida, de um dos medicamentos mais revolucionrios da histria da dermatologia ao

    lado da penicilina e dos corticides. Seu uso proporcionou pacientes portadores de

  • 29

    acne grave, at ento condenados aos tratamentos paliativos e cicatrizes indelveis, uma

    real chance de cura. (SILVA et al., 2009). Ela vai atuar na pele inibindo a diferenciao

    sebcea no interior da glndula sebcea, assim como a hiperqueratinizao. A reduo

    da produo de sebo deixa a glndula sebcea e a superfcie da pele inspita para o P.

    acnes. (LEITE; LEITE., 2005)

    Figura 8: Estrutura da Isotretinona

    Fonte: DINIZ et al., 2002

    O perfil farmacocintico da isotretinona anlogo ao da vitamina A.

    excretada pela bile aps ser conjugada com o cido glicurnico, possuindo meia-vida

    mdia de eliminao de 25 horas. Com a administrao repetida, a concentrao de

    equilbrio estabelecida em 5 a 7 dias. Sua dosagem teraputica varia de 0,5 a 2

    mg/kg/dia por 16 a 24 semanas. (DINIZ; LIMA; ANTONIOSI., 2002)

    Por possuir um grande potencial teratognico e muitas possveis reaes

    adversas, o tratamento com isotretinona deve ser restrito aos casos de acne mais graves

    e refratrios a outras medidas teraputicas. Sua prescrio deve observar os Protocolos

    Clnicos e Diretrizes Teraputicas preconizados pelo Ministrio da Sade (Portaria N

    389, de 19 de setembro de 2001. DO 182-E, de 21/09/01). A relao entre o risco e o

    beneficio deve ser cuidadosamente avaliada nos pacientes com predisposio a

    desenvolver alteraes em rgos ou sistemas. (SILVA et al., 2005)

    Esses efeitos colaterais ocorrem na maioria dos pacientes e incluem secura

    labial, queilite e ressecamento das mucosas nasal, oral e ocular. Tambm podem ocorrer

    eritema e dermatite faciais. Esses fenmenos no impedem a continuao do tratamento.

    Epistaxes, conjuntivites, eflvio telgeno, mialgias e artralgias no so muito comuns.

    (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)

  • 30

    A toxicidade sistmica dos retinides pode atingir msculos, ossos, trato

    gastrointestinal, sistema nervoso central, olhos, ouvidos, tireide e rins. Alteraes

    sseas foram observadas em pacientes tratados para distrbios de queratinizao,

    durante longo perodo. Porm as alteraes sseas causadas pelo frmaco, no so

    preocupantes, sendo a grande maioria hiperostoses assintomticas e insignificantes.

    (BRITO et al., 2007) Tambm so esperadas alteraes de humor, aumento dos nveis

    sanguneos de colesterol total e triglicerdeos, e teratogenicidade, o que implica a

    necessidade do impedimento da gravidez durante a utilizao e, por no mnimo, 6 meses

    aps o trmino do tratamento, tambm contra indicada na amamentao. Casos de

    depresso, psicoses, pensamentos e atentados suicidas em pacientes que utilizam este

    medicamento, j foram relatados. No entanto, no existe relao causal entre

    isotretinona e depresso, no estando, ainda, estabelecido a causa ou mecanismo que

    produza este tipo de manifestao. (PIANA; CANTO., 2010)

    Dados sobre gestao durante o tratamento com isotretinona oral, nos Estados

    Unidos, em 2002, demonstraram que ocorreram quatro gestaes para cada 1.000

    pacientes tratadas. Dessas pacientes, 26% ocorreram antes do inicio do tratamento, 14%

    ja estavam grvidas na consulta inicial, 12% no esperaram a menstruao para iniciar o

    tratamento, como recomendado, e em 64% das mulheres a gravidez aconteceu durante o

    tratamento. No Brasil, em 2002, estimou-se que ocorreu aproximadamente 0,4 gestao

    para cada 1.000 pacientes. (SAMPAIO; BAGATIN., 2008)

    Apesar de tudo isso, a isotretinona uma droga segura e o nico risco

    irreversvel a teratogenicidade. Logo aps o incio da medicao, pode ocorrer uma

    piora das leses (aps duas a quatro semanas), com melhora subsequente. E pode haver

    elevao de colesterol e triglicrides. Aps o tratamento, esta alterao , geralmente,

    revertida. (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)

    O adapaleno um cido naftico, com atividade retinide semelhante

    tretinona. indicado no tratamento da acne no-inflamatria, mas tambm parece ser

    eficaz na acne inflamatria. Est disponvel na concentrao de 0,1%, sob a forma de

    gel e creme, parece ser mais irritativo que a tretinona. (VAZ., 2003)

  • 31

    Figura 9: Estrutura qumica do adapaleno

    Fonte: idealfarma.com.br

    6.3-Terapia Hormonal

    Os contraceptivos orais tem grande efeito em mulheres com acne severa,

    desordens hormonais e em pacientes com tratamento refratrio e prolongado com

    antibiticos. Anticoncepcionais orais com etinilestradiol 0,035 mg e progestgeno

    melhoram consideravelmente o quadro acnico, geralmente aps algumas semanas at

    trs a quatro meses, com poucos efeitos colaterais. O acetato de ciproterona

    (progestgeno) a 2 mg tambm muito indicado, apresentando timos resultados.

    (PIANA; CANTO., 2010)

    A espironolactona tambm tem efeitos antiandrognicos, e pode ser usada com

    os anticoncepcionais orais e antibiticos sistmicos, na dose inicial de 50 mg/dia (por

    duas a quatro semanas). Esta dose pode ser aumentada para at 100 mg/dia, se bem

    tolerada. (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)

    Eles agem por reduzir a produo de sebo induzida por andrognios e,

    conseqentemente, reduz o nmero de comedes. Um novo conceito promissor sobre a

    terapia tpica com antiandrognicos a inibio da 5--redutase, que metaboliza

    testosterona 5--dihidrotestosterona em tecidos regulados por andrognios. A

    principal limitao da terapia antiandrognica o fato bvio de que ela no pode ser

    utilizada em pacientes do sexo feminino sob condies normais. (LARA., 2008)

  • 32

    6.4-Peeling Qumico

    Consiste na aplicao na pele, de uma ou mais substncias qumicas esfoliantes

    com o intuito de melhorar ou remover as alteraes antiestticas da superfcie cutnea.

    uma remoo controlada da pele fotoenvelhecida, levando a uma pele mais jovem, na

    qual a epiderme e/ou derme alterada so substitudas. indicado principalmente, para

    rugas finas, melanoses e ceratoses actnicas, melasma, hiperpigmentaes ps-

    inflamatrias, acne e aflides. (AZULAY; AZULAY., 2008)

    Figura 10: Peeling

    Fonte: betemacedo.blogspot.com

  • 33

    Figura 11: antes e depois do peeling facial

    Fonte: acne-tratamentos.blogspot.com

    6.5-Drenagem Linftica

    Pode ser indicada para os casos graves de acne, porm o segredo da massagem

    est na drenagem linftica manual, que vai acalmar a acne, retirarando as toxinas que

    comprometem a pele, acalmando as glndulas sebceas e melhorando a qualidade da

    ctis. A tenso, a agitao e o estresse so fatores estimulantes que podem provocar a

    acne. O correto as glndulas sebceas funcionarem de 3 em 3 horas, mas, com a

    agitao, elas trabalham sem parar. Como a massagem altamente relaxante, ela vai

    acalmar esse processo. (MEZZOMO., 2007)

  • 34

    Figura 12: drenagem linftica facial

    Fonte: daianapontesestetica.blogspot.com

    6.6-Psicoterapia

    Ainda que, do ponto de vista clnico, a intensidade possa ser considerada banal,

    no se deve desvalorizar a queixa e o sofrimento psicolgico embutidos no processo. As

    repercusses na auto-estima da maioria dos jovens so evidentes. A participao do

    neuropeptdeo substncia P pode explicar o agravamento da acne em situaes de

    grandes tenses emocionais. (AZULAY; AZULAY., 2008)

    6.7-Laser e Fototerapia

    Uma nova linha teraputica est tomando cada vez mais o lugar de tratamentos

    com cremes, so os aparelhos de laser e de fototerapia. Neste ltimo grupo, atravs da

    aplicao de uma fonte de luz na pele acometida, pelo menos 2 vezes por semana, em

    torno de 15 minutos cada sesso, a acne inflamatria reduz drasticamente num perodo

    de 2 meses. A bactria propioniumbacterium acnes extremamente sensvel a esta luz,

    logo, ela destruda aps aplicaes repetidas. Ou seja, diminuindo a populao desta

  • 35

    bactria, diminui o processo inflamatrio e infeccioso da acne, melhorando o quadro do

    paciente. J o laser atua na derme profunda, onde esto localizadas as glndulas

    sebceas. Atravs de um aquecimento intenso nesta regio, estas glndulas diminuem

    sua atividade de secretar sebo para a superfcie da pele, melhorando a seborria e

    conseqentemente a acne. Devido a esta atuao na derme, o aquecimento vai promover

    a formao de um novo colgeno, levando, tambm, a uma melhora das cicatrizes da

    acne. Porm, no se deve esquecer que o melhor tratamento ainda o convencional, ou

    seja, a limpeza da pele e que estas novas teraputicas podem ser combinadas com ela ou

    uma opo para tratar os pacientes resistentes aos tratamentos convencionais ou que no

    possam fazer uso das medicaes. O laser tem sido usado h algum tempo como

    tratamento para reduzir cicatrizes deixadas pela acne, porm esto sendo feitas

    pesquisas para utilizao do laser na preveno da acne. (MEZZOMO., 2007)

    Figura 13: Fototerapia a laser

    Fonte: redeparede.com.br

  • 36

    Figura 14: Pacientes antes e depois da Fototerapia dupla de acne

    Fonte: scienceofacne.com

  • 37

    7-CONCLUSO

    Com base no trabalho apresentado, pode-se concluir que a acne uma doena

    muito comum entre adolescentes durante a fase da puberdade. Porm pode ocorrer em

    mulheres maduras. No possui restrio de classe social ou raa, sendo pouco comum

    em orientais.

    Sua etiopatogenia multifatorial e seu tratamento consiste na erradicao dos

    fatores predisponentes. Sendo assim, necessrio saber o fator causal.

    Por ser uma doena muito comum, existe uma grande demora pela procura de

    tratamento, o que pode dificultar no resultado deixando cicatrizes indelveis. Com isso

    h maiores chances de afetar psicologicamente esse paciente levando a uma baixa auto-

    estima grave. No se deve desconsiderar os efeitos psicolgicos que acne pode causar

    nos indivduos, sendo de extrema importncia, um contnuo acompanhamento

    profissional do paciente.

    A acne tem tratamento. Deve-se analisar o quadro do paciente e descobrir a

    causa. O tratamento precisa ser iniciado o mais rpido possvel, evitando cicatrizes

    graves e irreversveis. demorado e exige total adeso do paciente, o que deve ser

    esclarecido ao mesmo, para que uma possvel decepo no atraso de uma melhora

    significante, no leve ao abandono da terapia.

    A teraputica da acne bem vasta, sendo que a melhor escolha, geralmente a

    associao de duas ou mais formas de tratamento.

  • 38

    8-REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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