tcc-laura
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1-INTRODUO
A acne vulgar uma condio inflamatria crnica da unidade polissebcea,
muito comum em adolescentes e adultos jovens. Apesar de no haver relatos de casos
de mortalidade relacionados a essa doena, existe uma significante morbidade fsica e
psicolgica. (STEINER; BEDIN; MELO., 2011)
Segundo Azulay., (2008), trata-se de uma doena gentico-hormonal,
autolimitada, de localizao pilossebcea, com formao de comedes, pstulas e leses
nodulocsticas, em cuja evoluo, dependendo da intensidade, se soma processo
inflamatrio que leva formao de pstulas e abcessos, com freqente xito
cicatricial.
Os fatores que predispem a acne podem ser, gentico, hormonal, hiperproduo
sebcea, hiperqueratinizao folicular e aumento da colonizao de Propionibacterium
acnes (P. acnes) no ducto glandular. uma doena menos freqente em orientais e
negros, mas pode ocorrer em todas as raas. (COSTA; ALCHORNE;
GOLDSCHMIDT., 2008)
uma doena que predomina entre os adolescentes, mais precoce em
adolescentes femininos do que masculinos, normalmente regride espontaneamente aps
os 20 anos de idade; entretanto as formas mais intensas de acne so mais comuns no
sexo masculino, porm costuma ser mais persistente no sexo feminino, o que
explicado pela alta freqncia de distrbios endcrinos. (AZULAY; AZULAY., 2008)
Entre o 3 e o 4 ms de gestao, o embrio j revela a presena de glndulas
sebceas; que existem em praticamente todo o corpo. As glndulas sebceas esto
conectadas aos folculos pilosos, formando assim a unidade pilossebcea. Essas
glndulas tm sua maior atividade na puberdade, devido ao hormonal andrognica,
principalmente da testosterona. (AZULAY; AZULAY., 2008)
Quanto aos fatores etiopatognicos da acne vulgar (AV), pode-se notar que h
alterao nos componentes do sebo dos portadores de AV, se comparados aos
indivduos sos. De todos os componentes alterados, o cido linolico, que um cido
graxo essencial, o mais importante, j que desprotege a parede epitelial glandular, que
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passa a ser agredida pelos cidos graxos livres, obtidos pela hidrlise das triglicrides
atravs das lpases do P. acnes, acarretando hiperqueratinizao infundibular e
inflamao drmica. (COSTA, et al, 2007)
A acne no perodo pr-menstrual ocorre em 30% das mulheres, devido ao
aumento da secreo de sebo rica em cidos graxos livres, diminuio dos stios
foliculares entre o 15 e o 20 dias do ciclo e aumento da progesterona nessa fase do
ciclo. (COSTA; ALCHORNE; GOLDSCHMIDT., 2008)
Existem diversos frmacos eficazes, tpicos e sistmicos, que atuam nos
diferentes estgios de evoluo das leses de acne, e esses frmacos podem ser usados
isoladamente ou em combinao (em funo das caractersticas de cada doente). (VAZ,
2003)
A teraputica da acne efetiva, porm, prolongada, e isso deve ser dito de forma
bastante clara ao adolescente que, geralmente acredita em uma melhora imediata. O
tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possvel, com realizao, sempre que
possvel de teraputica de manuteno. Independentemente da gravidade, a introduo
de tratamento certamente est indicada, na presena de risco para morbidade
psicolgica. (LOURENO., 2011)
Por ser considerada um processo normal do desenvolvimento, h um atraso na
procura de ajuda mdica que, normalmente pode levar ao desenvolvimento de
cicatrizes, tanto a nvel cutneo como a nvel psico-social. As leses inflamatrias so
dolorosas e o agravamento da acne pode causar uma baixa auto-estima, perda de auto-
confiana, isolamento social e at mesmo depresso. (VAZ, 2003)
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2-OBJETIVO
Objetivo geral Descrever a etiologia da acne e suas implicaes sociais.
Objetivo especfico Descrever a doena acne e apresentar alternativas
teraputicas viveis.
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3-METODOLOGIA
O mtodo utilizado foi uma pesquisa bibliogrfica atravs de livros, artigos
cientficos atuais e banco de dados cientficos.na internet.
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4-FUNDAMENTAO TERICA
4.1-Pele
A pele um dos maiores rgos, que atinge 16% do peso corporal e desempenha
mltiplas funes. Ela recobre a superfcie do corpo e constituda por uma poro
epitelial de origem ectodrmica, a epiderme, e uma poro conjuntiva de origem
mesodrmica, a derme. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)
4.1.1-Epiderme
constituda por epitlio estratificado pavimentoso queratinizado. A poro
mais profunda da epiderme constituda de clulas epiteliais que se proliferam
continuamente para manter seu nmero. A epiderme, normalmente descrita como
constituda de quatro ou cinco camadas ou estratos, devido ao fato da camada lcida
estar ou no includa, sendo observada apenas em determinadas amostras de pele
espessa. Pode-se observar da derme para a superfcie as seguintes camadas celulares:
4.1.2-Camada Germinativa (Basal)
Camada mais profunda, assim denominada porque gera novas clulas e
apresenta intensa atividade mittica. responsvel pela renovao constante da
epiderme, substituindo as que so perdidas na camada crnea. (GUIRRO; GUIRRO.,
2004)
4.1.3-Camada Espinhosa
Suas clulas so cubides ou ligeiramente achatadas, ncleo central, citoplasma
com curtas expanses que contm feixes de filamentos de queratina. Essas expanses se
aproximam e se mantm unidas com as clulas vizinhas por meio de desmossomos, o
que d o aspecto espinhoso. Esses filamentos de queratina e os desmossomos so
importantes no papel da manuteno da coeso entre as clulas da epiderme e na
resistncia ao atrito. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)
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4.1.4-Camada Granulosa
Sua caracterstica a presena de grnulos de querato-hialina que parecem estar
associados com o fenmeno de queratinizao dos epitlios. A camada granulosa
formada por clulas que j esto em franca degenerao, cujos sinais so os grnulos de
queratina ou melanina que esto no seu citoplasma. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)
4.1.5-Camada Lcida
Mais evidente na pele espessa, formada por uma camada delgada de clulas
achatadas, eosinfilas e translcidas, cujos ncleos e organelas citoplasmticas foram
digeridos por enzimas dos lisossomos e desapareceram. O citoplasma apresenta
numerosos filamentos de queratina, compactados e envolvidos por material eltron-
denso. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)
4.1.6-Camada Crnea
Camada mais superficial da epiderme. formada de vrios planos de clulas
mortas e intimamente ligadas. Assim que seu citoplasma for substitudo por uma
protena fibrosa denominada queratina, estas clulas mortas so referidas como
corneificadas. Essas clulas corneificadas formam uma cobertura ao redor de toda a
superfcie do corpo, protegendo o organismo contra a invaso de vrios tipos do meio
externo, como tambm ajudam a restringir a perda de gua do organismo. Apesar de sua
pequena espessura, sua capacidade de reteno hdrica conserva a pele macia.
(GUIRRO; GUIRRO., 2004)
4.2-Derme
uma espessa camada de tecido conjuntivo, na qual se apia a epiderme e une a
pele ao tecido subcutneo ou hipoderme. Sua superfcie externa irregular.
constituda por duas camadas, de limites poucos distintos: a papilar, superficial,e a
reticular, mais profunda. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)
4.2.1-Camada Papilar
delgada, formada por tecido conjuntivo frouxo, as papilas drmicas constituem
sua parte mais importante. Acredita-se que a funo das papilas aumentar a superfcie
de contato derme-epiderme, promovendo assim, maior resistncia a pele. Muitas papilas
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possuem alas capilares; outras contm receptores sensoriais que reagem a estmulos
externos, como mudanas de temperatura e presso. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)
4.2.2-Camada Reticular
mais espessa, formada por tecido conjuntivo denso. (JUNQUEIRA;
CARNEIRO., 2008). Sua denominao devido ao fato de que os feixes de fibras
colgenas da qual formada, entrelaam-se formando um arranjo com o aspecto de uma
rede. (GUIRRO; GUIRRO., 2004)
As duas camadas possuem muitas fibras elsticas, responsveis, em parte, pela
elasticidade da pele. Alm dos vasos sanguneos e linfticos, e dos nervos, na derme
tambm so encontrados, derivados da epiderme, folculos pilosos, glndulas sebceas e
glndulas sudorparas. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)
4.3-Hipoderme
formada de tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira no muito firme a
derme aos rgos subjacentes. Essa camada responsvel pelo deslizamento da pele
sobre as estruturas em que est apoiada. Dependendo da regio e do grau de nutrio do
organismo, a hipoderme poder ter uma camada varivel de tecido adiposo, que modela
o corpo, uma reserva de energia e protege contra o frio. (JUNQUEIRA; CARNEIRO.,
2008)
4.4-Anexos da Pele
4.4.1Plo
So estruturas delgadas e queratinizadas, que se desenvolvem a partir de uma
invaginao de epiderme. Quanto a cor, tamanho e disposio variam de acordo com a
raa e a regio do corpo. Presentes em quase todo o corpo e crescem descontinuamente.
Cada plo se origina de uma invaginao da epiderme, o folculo piloso, que se
apresenta com uma dilatao terminal no plo em fase de crescimento. (JUNQUEIRA;
CARNEIRO., 2008)
Os queratincitos, clulas de revestimento da unidade pilossebcea, em
condies normais, descamam regularmente e transportam o sebo para a superfcie
cutnea, o que estabelece um equilbrio entre as clulas produzidas e as descamadas. Na
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acne, h um aumento da proliferao dos queratincitos, formando camadas densas que
no descamam adequadamente e no transportam o sebo para a superfcie. Esta
hiperqueratose de reteno, designada microcomedo, clinicamente invisvel, o
precursor das leses de acne. (NUNES; COSTA., 2011)
4.4.2-Glndulas Sebceas
Esto situadas na derme e seus ductos, revestidos por epitlio estratificado,
geralmente desembocam nos folculos pilosos. A pele da palma das mos e da planta
dos ps no possui glndulas sebceas. Essas glndulas so acinosas. Os cinos
apresentam-se formados por uma camada externa de clulas epiteliais achatadas que
ficam sobre uma membrana basal. A atividade secretora dessas glndulas bem
pequena at a puberdade, quando comea a ser estimulada pelos hormnios sexuais. So
glndulas holcrinas, pois a formao da secreo resulta na morte das clulas. A
secreo sebcea uma mistura complexa de lipdios que contm triglicerdeos, cidos
graxos livres, colesterol e steres de colesterol. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)
As glndulas sebceas tornam-se ativas quando comeam a serem estimuladas
pelos hormnios sexuais andrgenos, produzidos pelas gnadas adrenais. (HASSUN.,
2000)
A secreo sebcea constante e uma importante proteo contra bactrias e
fungos que invadem a pele. (MEZZOMO., 2007)
4.4.3-Glndulas Sudorparas
So tubulosas simples enoveladas, cujos ductos se abrem na superfcie da pele,
eles no se ramificam. Nessas glndulas existem clulas secretoras de dois tipos, as
clulas escuras e as clulas claras. As escuras so adjacentes ao lmen, enquanto as
claras se encontram entre as clulas escuras e as clulas mioepiteliais. O ducto da
glndula abre-se na superfcie da pele e segue um curso em hlice ao atravessar a
epiderme. O suor secretado por essas glndulas uma soluo extremamente diluda,
que contm pouqussima protena, alm de sdio, potssio, cloreto, amnia e cido
rico. (JUNQUEIRA; CARNEIRO., 2008)
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Figura 1: Pele e seus anexos
Fonte: auladeanatomia.com
5-ACNE
5.1-Aspectos Patolgicos
A acne, de uma maneira geral, uma erupo polimorfa caracterizada pela
presena de comedes (cravos), ppulas, pstulas e leses nodulocsticas, com grau
varivel de inflamao e cicatrizes. (AZULAY; AZULAY., 2008)
A acne uma doena da unidade pilo-sebcea (composta pelo folculo piloso e
pela glndula sebcea), que geralmente afeta reas onde estas so maiores e mais
numerosas (face, trax e dorso). (VAZ., 2003)
A acne pode causar distrbios emocionais, que conseqentemente podem
agrav-la. Estudos demonstram que portadores de acne parecem ter maior prevalncia
de distrbios psicossociais. (MENESES; BOUZAS., 2009)
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5.2-Incidncia
A acne no possui perfil epidemiolgico universal, aceito que sua prevalncia
varie entre 35% e 90% nos adolescentes, com incidncia de 79% a 95% entre os
adolescentes do Ocidente. (MENESES; BOUZAS., 2009)
A acne atinge em geral os adolescentes, 60% das mulheres e 70% dos homens
passam por isso na puberdade. Ocorre mais cedo na populao feminina, por volta dos
14 anos, j na masculina costuma surgir em torno dos 16 anos; em geral regride
espontaneamente aps os 20 anos de idade. Costuma ser mais intensa nos homens,
porm mais persistente nas mulheres, devido alta freqncia de distrbios endcrinos.
(AZULAY; AZULAY., 2008)
A acne feminina ps-adolescncia pode ser dividida em persistente, a qual
representa uma continuidade do quadro relacionado puberdade, e acne de inicio tardio,
que se inicia apos os 25 anos de idade. Essas formas de acne diferem clinicamente da
dos adolescentes porque tendem a ser mais inflamatrias, com menos comedes. Alm
disso, as leses so mais comuns ao redor da boca, queixo e linha da mandbula.
(SCHMITT; MASUDA; MIOT., 2009) Em um estudo epidemiolgico realizado na
Frana com 4.000 mulheres descobriu-se que 41% das mulheres adultas apresentam
acne. Possivelmente essas pacientes possuem anormalidades incipientes nas funes
ovarianas ou adrenais, requerendo sempre uma investigao. (ADDOR; SCHALKA.,
2010)
Em alguns poucos casos, a evoluo da acne pode ser prolongada e marcada pela
superposio de leses ndulo-csticas, supurativas, crnicas e recidivantes, podendo
persistir acima dos 20 anos. Essas formas podem acarretar um prejuzo esttico maior,
com risco de cicatrizes indelveis e severas influncias sobre a vida afetiva, social e
profissional. (MEZZOMO., 2007)
Segundo dados americanos, a acne afeta 80-85% dos indivduos com idades
compreendidas entre os 12 e os 25 anos, caindo este nmero para 8% nos indivduos
entre os 25 e 34 anos, e para 3% entre os 35 e os 44 anos. (VAZ., 2003)
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5.3-Classificao
A acne classificada clinicamente em quatro nveis:
grau I- a forma mais leve, no inflamatria ou comedoniana, caracterizada pela
presena de comedes fechados e/ou abertos raras leses inflamatrias e raras cicatrizes.
(LOURENO., 2011)
Figura 2: Quadro acneico de grau I
Fonte: angraderme.blogspot.com
grau II- acne inflamatria ou papulo-pustulosa, em que se associam aos
comedes, ppulas e pstulas de contedo purulento. A intensidade do quadro
varivel, com poucas a numerosas leses e eritema inflamatrio tambm varivel.
(ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)
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Figura 3: Acne grau II
Fonte: criasaude.com.br
grau III- acne ndulo-cstica, quando se somam ndulos mais exuberantes, se constitui
de seborria, comedes abertos, ppulas e pstulas, com reao inflamatria intensa,
levando formao de ndulos, que podem conter pus. (ESTEINER; BEDIN; MELO.,
2011)
Figura 4: Acne Grau III
Fonte: acessa.com
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Figura 5: Acne Grau III
Fonte: nossoblogzinho.blogspot.com
grau IV- acne conglobata, na qual h formao de abscessos e fstulas, que
podem drenar espontaneamente. (MENESES; BOUZAS., 2008)
O comedo ocorre quando h bloqueio do duto polissebceo por um tampo de
queratina, isso causa uma intensa resposta de clulas inflamatrias neutrfilas.
(ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)
Ppulas so leses rosadas ou avermelhadas, palpveis; com at 5 mm de
dimetro. Quando essa leso evolui, aparecendo pus em seu contedo, ela recebe o
nome de papulopstula, mais conhecida como espinha. O ndulo uma leso slida e
elevada, com profundidade maior que a ppula e dimetro acima de 5 mm. (VAZ.,
2003)
Alm da acne vulgar ou acne juvenil, forma mais conhecida da doena, existem
outras formas clnicas, com caractersticas peculiares, que devem ser levadas em
considerao.(AZULAY; AZULAY., 2008)
Acne neonatal: inicia-se nas primeiras seis semanas de vida e devido ao dos
andrgenos maternos. Apresenta comedes fechados e microppulo-pstulas nas
regies frontal, nasal e malares;
Acne infantil: inicia-se entre o terceiro e sexto ms de vida, acometendo a face com
leses inflamatrias; mais freqente no homem, talvez seja devido secreo precoce
de andrgenos gonadais;
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Acne do adulto: pode ser uma continuao da acne da adolescncia ou ter incio na
idade adulta. mais freqente na mulher e apresenta menor nmero de leses com
ppulo-pstulas quando comparada ao adolescente, alm de ser mais comum na regio
mentoniana e mandibular e ter exacerbao com o ciclo menstrual;
Acne andrgena: Ocorre pela produo excessiva de andrgenos por doena ovariana
ou adrenal;
Acne escoriada: caracteriza-se por comedes, ppulas, numerosas escoriaes e
cicatrizes. Observada quase exclusivamente em mulheres, fundamentalmente de
origem neurtica. (ALCHORNE; PIMENTEL.,2011 )
5.4-Etiopatogenia
A etiopatogenia da acne multifatorial, porm a maioria dos estudos relaciona
quatro fatores principais; hiperqueratinizao, alta produo de sebo, multiplicao
bacteriana no folculo, liberao de elementos inflamatrios no folculo. (LOURENO.,
2011)
Um fator coadjuvante na etiopatogenia da acne vulgar a influncia hormonal.
Mesmo no sendo elementos fundamentais, os hormnios exercem papel que pode ser
vital para o surgimento e/ou manuteno do quadro dessa dermatose em alguns de seus
portadores. Essa participao, contudo, tanto maior quanto proximidade e incluso de
seus portadores do perodo puberal. (MENESES; BOUZAS., 2009)
5.4.1-Hiperqueratinizao
De todos os fatores, esse um dos mais importantes. (COSTA; ALCHORNE;
GOLDSCHMIDT., 2008). A hiperqueratinizao pode ocorrer na regio superior do
folculo piloso, favorecendo a obstruo do ducto e assim causando reteno dos
produtos originados na glndula sebcea. (CLUDIO; KLINGELFUS; FERNANDES.,
2008)
Com isso o contedo sebceo fica retido no interior da glndula. No interior
dessa leso, as proteases hidrolticas, produzidas pelo P. acnes, agem sobre o epitlio
glandular, rompendo-o, o que leva expulso do contedo sebceo para a derme. Com
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isso, lpidios sebceos, plos, P. acnes e epitelicitos cornificados so injetados na
derme, geram resposta imune do tipo corpo estranho, posteriormente, estabelece-se uma
resposta do tipo humoral ficando estabelecida a inflamao. Os andrgenos estimulam
as glndulas sebceas a produzirem sebo atravs de suas aes sobre receptores
celulares. (COSTA, et al, 2008)
5.4.2-Alta Produo de Sebo
Um dos fatores fundamentais da formao da acne, as glndulas sebceas esto
diretamente sob influncia dos hormnios. (CLUDIO, KLINGELFUS,
FERNANDES., 2OO8).Quanto maior a gravidade da acne, menor a concentrao de
cido linolico no sebo, e essa taxa, no perodo da puberdade, diminui na proporo
inversa do nmero de leses acnicas. Portanto, a reduo dos nveis de cido linolico
parece ser o elemento primordial na comedognese. (COSTA, ALCHORNE,
GOLDSCHMIDT., 2008)
A produo de sebo aumenta aps a adrenarca, quando as glndulas sebceas se
desenvolvem e so estimuladas pelos hormnios andrognicos. A di-idrotestosterona,
resultante da converso local da testosterona pela enzima 5-alfa-redutase, o principal
andrgeno que determina o aumento da produo de sebo. (LOURENO., 2011)
Com relao aos fatores ambientais e a acne, o sebo seria o componente mais
influenciado. A presena de hiperinsulinemia, normalmente secundria ingesto
excessiva de alimentos com alto ndice e carga glicmicos (acar branco), assim como
a ingesto de leite e derivados, poderia estimular diretamente a produo de sebo. A
hiperinsulinemia pode tambm, junto com o fator de crescimento insulina-smile 1
(IGF-1), estimular a sntese de andrgenos por vrios tecidos do corpo, os quais sabe-se
que tambm estimulam a produo de sebo. (COSTA; ALCHORNE;
GOLDSCHMIDT., 2008)
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5.4.3-Multiplicao Bacteriana
Um fato determinante para a formao da acne a presena dos
microorganismos. (CLUDIO, KLINGELFUS, FERNANDES., 2008) Apesar de fazer
parte da flora bacteriana normal da pele a P. acnes, bactria gram-positiva, anaerbia,
do gnero Corynebacterium o principal microorganismo envolvido na etiopatogenia
da acne vulgar. Quando h hiperproduo sebcea pela glndula, ocorre proliferao
dessa bactria, o que favorece o aparecimento da acne. Tambm se encontra, em grande
quantidade na pele de indivduos acnicos, espcimes como o P. avidum e P.
propionicum. (COSTA, ALCHORNE, GOLDSCHMIDT., 2008)
Em ambiente anaerbio rico em gorduras (sebo), a bactria metaboliza
triglicrides, hidrolisando-os, produzindo cidos graxos e glicerol que determinaro um
efeito irritativo no folculo, o que desencadeia o processo inflamatrio e de acordo com
a intensidade formam-se as ppulas e pstulas. Quando a reao inflamatria atinge a
profundidade do folculo, os ndulo-cistos se formam, contendo cornecitos
degenerados e formao de pus. (LOURENO., 2011) (ALCHORNE; PIMENTEL.,
2011)
5.4.4-Liberao de Elementos Inflamatrios no Folculo
A inflamao pode ocorrer tanto pela ao irritante do sebo, que extravasa para a
derme quando h ruptura da parede folicular, como pela presena de fatores
quimiotticos e de mediadores pr-inflamatrios produzidos pelo P. acnes. (VAZ.,
2003)
Recentes estudos sobre o P. acnes demonstram algumas propriedades que
contribuem com a resposta inflamatria local, como produo de enzimas que facilitam
a ruptura folicular, a existncia de protenas de superfcie que estimulam resposta imune
celular e humoral e outras substncias que contribuem para danificar os tecidos
adjacentes inflamao. A produo de citoquinas e mediadores inflamatrios, em
associao com os efeitos irritativos dos elementos resultantes da liplise pelo P. acnes
atraem clulas inflamatrias que, posteriormente por ao lisossomal, determinam
ruptura do folculo. Conseqentemente, o extravasamento desses elementos de
inflamao, determina a piora do quadro. (LOURENO., 2011)
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5.4.5-Outros
Entre os fatores predisponentes da acne, ainda podemos citar: hereditariedade,
stress emocional, andrgenos, presso e/ou frico excessiva da pele, exposio a
substncias qumicas industriais, utilizao de cosmticos comedognicos ou de certos
medicamentos. (VAZ., 2003)
A gentica tambm tem influncia muito importante, acredita-se que seja
proporcional ao grau da dermatose. Para a acne grau I essa participao de 88%; para
grau II, 86%; e grau III, 100%. A influncia gentica ocorre sobre o controle hormonal,
a hiperqueratinizao folicular e a secreo sebcea, mas no sobre a infeco
bacteriana. (MENESES; BOUZAS., 2009)
A Sndrome dos Ovrios Policsticos (SOP) acomete em torno de 5 -10% da
populao feminina em idade reprodutiva e pode ser considerada a maior representante
das doenas endocrinolgicas neste perodo da vida da mulher. Clinicamente costuma
ser caracterizada pela presena de anovulao crnica e hiperandrogenismo. A acne
vulgar e a oleosidade cutnea so problemas que ocorrem em torno de 30-40% nas
mulheres portadoras de SOP. (LEITE; LEITE., 2005)
5.5-Mitos e Verdades
Por se tratar de um sucesso, o chocolate, carrega consigo muitos mitos. Por
exemplo, ser o causador da acne, mas os cientistas j revelaram que o chocolate no o
responsvel pelo seu aparecimento. Todavia, pode aumentar a oleosidade da pele e
assim contribuir com o aparecimento dela. A acne decorre do excesso de gordura nas
glndulas sebceas, com isso, muitas pessoas acreditam que esses alimentos gordurosos
proporcionariam o aumento de cravos e espinhas, mas conforme as pesquisas no h
nenhuma relao. Os alimentos com alto ndice glicmico, ou seja, aqueles que contm
dose alta de acar podem possibilitar no agravamento da acne quando consumidos em
excesso. (SOUZA et al., 2008)
Quanto ingesto de leite e seus derivados, apesar de possurem baixo ndice
glicmico, eles induzem ao aumento dos nveis de IGF-1, favorecendo o surgimento
e/ou agravamento da acne. Alm disso, o leite contm estrgeno, progesterona,
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precursores andrgenos e esterides 5a-redutases-dependentes, alguns dos quais esto
implicados na comedognese. (COSTA; LAGE; MOISS., 2010)
Estudos dizem que a incidncia da acne menor em esquims, que ingerem uma
dieta rica em AGEs (cidos graxos essenciais), aumentando consideravelmente quando
mudam seu hbito alimentar para uma dieta ocidental, rica em gorduras saturadas.
(MEZZOMO., 2007)
A higiene deficiente da pele no provoca a acne, porm uma limpeza obsessiva
pode agrav-la; as reas afetadas devem ser lavadas com suavidade e secas com muita
delicadeza. Coar ou espremer as leses aumenta a inflamao e a probabilidade de
formao de cicatrizes. Cosmticos, hidratantes e protetores solares oleosos devem ser
evitados, porque podem ser comedognicos (apesar de produtos comedognicos serem
raros atualmente). No se afirmou que a acne seja causada pela ingesto de chocolate,
alimentos gordurosos ou qualquer tipo de alimento, porm aconselhada uma dieta
saudvel, evitando alimentos que claramente agravam as leses. A acne no causada
nem agravada pela atividade sexual (incluindo a masturbao) ou por doenas venreas.
(VAZ., 2003).
6-Tratamento
Antes da dcada de 1940, no se conhecia tratamento efetivo para a acne.
Aguardava-se a cura espontnea ou prescreviam-se as poucas opes existentes, tais
como tpicos de baixa eficcia como enxofre, cido saliclico, entre outros; tratamentos
sistmicos ineficazes como clcio, auto-hemoterapia, arsnico, etc.; e radioterapia, que
controlava a doena, produzindo atrofia da pele e das glndulas sebceas, porm
causava efeitos adversos srios e tardios consequentes ao dano acumulativo tipo
radiodermite crnica e ate cncer de tireide. (SAMPAIO; BAGATIN., 2008)
O tratamento da acne est relacionado com a intensidade do acometimento
cutneo e da presena de inflamao. de extrema importncia a cooperao do
paciente com o tratamento, que depende muitas vezes do uso regular e prolongado de
medicamentos. (MENESES; BOUZAS., 2008)
O tratamento da acne tem como objetivo, prevenir ou tratar as leses; reduzir o
desconforto fsico provocado pelas leses inflamadas; melhorar a aparncia do doente;
prevenir ou minimizar as cicatrizes; evitar o desenvolvimento de efeitos psicolgicos
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adversos e realizado principalmente atravs do emprego de antimicrobianos,
retinides e agentes abrasivos. (VAZ., 2003) (PIANA; CANTO., 2010)
Para o tratamento da acne grau I pode ser administrado tretinona, isotretinona,
adapaleno ou cido azelaico, medicamentos que tem como objetivo os efeitos anti-
inflamatrios, anticomedognico e comedoltico. Na acne grau II, podem ser utilizados
antibiticos por via oral como tetraciclina, minocilina ou sulfa, alm de medicamentos
contendo antimicrobianos tpicos, como perxido de benzola, eritromocina ou
clindamicina sob a forma de gel ou loo alcolica. Nos graus III e IV utilizam-se os
medicamentos descritos anteriormente ou a monoterapia sistmica com isotretinona
oral. (MENESES; BOUZAS., 2009)
So muitos frmacos eficazes, de uso tpico e sistmico, que atuam nos
diferentes estgios de evoluo das leses de acne. Podem ser usados isoladamente ou
combinados, depende das caractersticas de cada doente. (VAZ., 2003)
Tambm esto disponveis outras alternativas, tais como; extrao manual dos
comedes; infiltrao intralesional com esterides nas leses csticas; drenagem dos
abscessos e exrese (manobra crrgica para retirada de parte ou totalidade de rgo
tecido, com finalidade teraputica) de cistos; "peelings" superficiais de cido gliclico e
cido saliclico; tcnicas de correes das cicatrizes da acne, como preenchimentos,
subciso, exciso de cicatrizes profundas e abraso cirrgica. (ALCHORNE;
PIMENTEL., 2011)
6.1-Antimicrobianos
Os antimicrobianos so compostos que inibem ou reduzem o crescimento de
diversos microorganismos. Os mais empregados no tratamento da acne so o cido
azelico e o perxido de benzola. (PIANA; CANTO., 2010). Entre os antibiticos orais
habitualmente utilizados esto: tetraciclina, doxiciclina, minociclina, eritromicina,
clindamicina, ampicilina, cefalosporinas e trimetopim-sufametoxazol. (VAZ., 2003)
Os antibiticos tpicos so uma importante opo de tratamento na acne
inflamatria, pois reduz a colonizao do P. acnes e a inflamao local. Os veculos
mais usados so gel, loo e solues hidroalcolicas base de eritromicina ou
clindamicina. Outros antibiticos como metronidazol e base de enxofre tambm
podem ser, eventualmente, utilizados. A resistncia aos antibiticos vem aumentando
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nos ltimos anos, logo devem ser utilizados sob critrios. Os antibiticos sistmicos
agem na supresso do crescimento do P. acnes e da inflamao. (ESTEINER; BEDIN;
MELO., 2011)
O perxido de benzola libera radicais livres de oxignio que oxidam as
protenas bacterianas, tendo um efeito bactericida sobre o P. acnes. A reduo da
populao bacteriana leva a diminuio da produo de cidos gordos livres
(comedognicos e irritantes) e de fatores quimiotcticos. Tambm parece reduzir o
tamanho das glndulas sebceas. (VAZ., 2003) um agente tpico comumente usado,
principalmente em graus menos avanados da acne inflamatria, sendo bactericida para
o P. acnes, em concentraes de 2,5% a 10% (gel e loo). (ESTEINER; BEDIN;
MELO., 2011)
Em preparaes tpicas, o acido azelico possui efeito hipopigmentante, tem
como possvel efeito adverso, a irritao local e fotossensibilizao. No considerado
como tratamento de primeira escolha, mas uma boa alternativa para acne leve a
moderada ou com hiperpigmentao ps inflamatria. relativamente atxico, e no h
evidncia de interao medicamentosa com outros frmacos devido a sua baixa
absoro sistmica. usado na forma de creme ou gel entre 5 % a 15 %. Quando
utilizado com perxido de benzola, clindamicina, tretinona ou eritromicina aumentam
sua eficcia. (PIANA; CANTO., 2010)
Os antibiticos devem ser interrompidos assim que houver melhoria clnica
evidente ou se no existir resposta clnica. (NUNES; COSTA., 2011)
6.1.1-Tetraciclina
Tetraciclina (oxitetraciclina): usada na dose de 500 mg de 8/8 horas ou de 12/12
horas por dois a quatro meses. Aps melhora significativa reduz-se a dose para 500 mg
por dia para manuteno por longo perodo. A administrao desta droga deve ser com
gua uma hora antes ou duas horas aps a refeio. contra-indicada na gravidez. Os
efeitos colaterais mais relatados so as reaes gastrointenstinais e a fototoxicidade.
(ALCHORNE; PIMENTEL.,2011 )
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Figura 6: Estrutura Qumica da Tetraciclina
Fonte: laboratoriodequimicagonzaga.blogspot.com
6.1.2-Azitromicina
Azitromicina bem aceita por causa dos poucos efeitos colaterais e da
comodidade posolgica; dose: 500mg via oral uma vez ao dia durante trs dias; trs a
quatro ciclos com intervalo de dez dias. (BONETTO; et al., 2004). Alm disso, tambm
tem apresentado timos resultados observados em estudos, aps poucas semanas de
tratamento. Pode haver combinao do uso dos antibiticos sistmicos e perxido de
benzola para uso local. (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)
Figura 7: Estrutura Qumica da Azitromicina
Fonte: netdrugs.info
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6.2-Retinides
Os retinides formam, atualmente, o grupo mais potente de queratolticos, pois
normalizam a queratinizao. Isso leva a extruso de comedes e acelerao da
diviso cornedoctica, inibindo a formao de novos comedes. Eles tambm melhoram
o aspecto da hiperpigmentao ps-inflamatria, principalmente nas peles escuras.
(ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)
Sua absoro aumentada em at 50% quando ingeridos com alimentao. So
transportados por protenas plasmticas no sangue. Possui metabolizao heptica que
ocorre no citocromo P450, 3A4. Nas clulas, eles se ligam a receptores de superfcie,
penetram na clula, so metabolizados e transportados at o ncleo por protenas
citoslicas. (AZULAY; AZULAY., 2008)
Incluem compostos naturais e sintticos derivados do retinol que exibem
atividade de vitamina A. So compostos que interferem em muitas atividades como a
proliferao e a diferenciao celular, atividade imune, inflamao e produo de sebo.
Os mais empregados so a isotretinona, por via sistmica, o adapaleno, o tazaroteno e a
tretinona por via tpica. Possuem efeito fotossensibilizante, portanto deve-se evitar a
exposio solar durante o tratamento. Em geral, o uso concomitante dos retinides com
tetraciclinas no recomendado devido hipertenso intracraniana. Tambm, deve ser
evitada a associao com a vitamina A, devido a problemas de hipervitaminose A.
(PIANA; CANTO., 2010)
A tretinona atua atravs do aumento da renovao celular da epiderme e da
diminuio da coeso das clulas queratinizadas, levando a uma fragmentao e
expulso do microcomedo, expulso de comedes e converso de comedes fechados
em abertos. Tambm previne a formao de novos comedes. Este frmaco est
disponvel nas concentraes de 0,025%, 0,05% e 0,1% na forma de creme. (VAZ.,
2003)
A isotretinona o cido 13-cis-retinico, um ismero sinttico da tretinona,
administrado por via sistmica. Foi aprovada para uso em acne em 1982 e trata-se, sem
dvida, de um dos medicamentos mais revolucionrios da histria da dermatologia ao
lado da penicilina e dos corticides. Seu uso proporcionou pacientes portadores de
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acne grave, at ento condenados aos tratamentos paliativos e cicatrizes indelveis, uma
real chance de cura. (SILVA et al., 2009). Ela vai atuar na pele inibindo a diferenciao
sebcea no interior da glndula sebcea, assim como a hiperqueratinizao. A reduo
da produo de sebo deixa a glndula sebcea e a superfcie da pele inspita para o P.
acnes. (LEITE; LEITE., 2005)
Figura 8: Estrutura da Isotretinona
Fonte: DINIZ et al., 2002
O perfil farmacocintico da isotretinona anlogo ao da vitamina A.
excretada pela bile aps ser conjugada com o cido glicurnico, possuindo meia-vida
mdia de eliminao de 25 horas. Com a administrao repetida, a concentrao de
equilbrio estabelecida em 5 a 7 dias. Sua dosagem teraputica varia de 0,5 a 2
mg/kg/dia por 16 a 24 semanas. (DINIZ; LIMA; ANTONIOSI., 2002)
Por possuir um grande potencial teratognico e muitas possveis reaes
adversas, o tratamento com isotretinona deve ser restrito aos casos de acne mais graves
e refratrios a outras medidas teraputicas. Sua prescrio deve observar os Protocolos
Clnicos e Diretrizes Teraputicas preconizados pelo Ministrio da Sade (Portaria N
389, de 19 de setembro de 2001. DO 182-E, de 21/09/01). A relao entre o risco e o
beneficio deve ser cuidadosamente avaliada nos pacientes com predisposio a
desenvolver alteraes em rgos ou sistemas. (SILVA et al., 2005)
Esses efeitos colaterais ocorrem na maioria dos pacientes e incluem secura
labial, queilite e ressecamento das mucosas nasal, oral e ocular. Tambm podem ocorrer
eritema e dermatite faciais. Esses fenmenos no impedem a continuao do tratamento.
Epistaxes, conjuntivites, eflvio telgeno, mialgias e artralgias no so muito comuns.
(ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)
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A toxicidade sistmica dos retinides pode atingir msculos, ossos, trato
gastrointestinal, sistema nervoso central, olhos, ouvidos, tireide e rins. Alteraes
sseas foram observadas em pacientes tratados para distrbios de queratinizao,
durante longo perodo. Porm as alteraes sseas causadas pelo frmaco, no so
preocupantes, sendo a grande maioria hiperostoses assintomticas e insignificantes.
(BRITO et al., 2007) Tambm so esperadas alteraes de humor, aumento dos nveis
sanguneos de colesterol total e triglicerdeos, e teratogenicidade, o que implica a
necessidade do impedimento da gravidez durante a utilizao e, por no mnimo, 6 meses
aps o trmino do tratamento, tambm contra indicada na amamentao. Casos de
depresso, psicoses, pensamentos e atentados suicidas em pacientes que utilizam este
medicamento, j foram relatados. No entanto, no existe relao causal entre
isotretinona e depresso, no estando, ainda, estabelecido a causa ou mecanismo que
produza este tipo de manifestao. (PIANA; CANTO., 2010)
Dados sobre gestao durante o tratamento com isotretinona oral, nos Estados
Unidos, em 2002, demonstraram que ocorreram quatro gestaes para cada 1.000
pacientes tratadas. Dessas pacientes, 26% ocorreram antes do inicio do tratamento, 14%
ja estavam grvidas na consulta inicial, 12% no esperaram a menstruao para iniciar o
tratamento, como recomendado, e em 64% das mulheres a gravidez aconteceu durante o
tratamento. No Brasil, em 2002, estimou-se que ocorreu aproximadamente 0,4 gestao
para cada 1.000 pacientes. (SAMPAIO; BAGATIN., 2008)
Apesar de tudo isso, a isotretinona uma droga segura e o nico risco
irreversvel a teratogenicidade. Logo aps o incio da medicao, pode ocorrer uma
piora das leses (aps duas a quatro semanas), com melhora subsequente. E pode haver
elevao de colesterol e triglicrides. Aps o tratamento, esta alterao , geralmente,
revertida. (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)
O adapaleno um cido naftico, com atividade retinide semelhante
tretinona. indicado no tratamento da acne no-inflamatria, mas tambm parece ser
eficaz na acne inflamatria. Est disponvel na concentrao de 0,1%, sob a forma de
gel e creme, parece ser mais irritativo que a tretinona. (VAZ., 2003)
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Figura 9: Estrutura qumica do adapaleno
Fonte: idealfarma.com.br
6.3-Terapia Hormonal
Os contraceptivos orais tem grande efeito em mulheres com acne severa,
desordens hormonais e em pacientes com tratamento refratrio e prolongado com
antibiticos. Anticoncepcionais orais com etinilestradiol 0,035 mg e progestgeno
melhoram consideravelmente o quadro acnico, geralmente aps algumas semanas at
trs a quatro meses, com poucos efeitos colaterais. O acetato de ciproterona
(progestgeno) a 2 mg tambm muito indicado, apresentando timos resultados.
(PIANA; CANTO., 2010)
A espironolactona tambm tem efeitos antiandrognicos, e pode ser usada com
os anticoncepcionais orais e antibiticos sistmicos, na dose inicial de 50 mg/dia (por
duas a quatro semanas). Esta dose pode ser aumentada para at 100 mg/dia, se bem
tolerada. (ESTEINER; BEDIN; MELO., 2011)
Eles agem por reduzir a produo de sebo induzida por andrognios e,
conseqentemente, reduz o nmero de comedes. Um novo conceito promissor sobre a
terapia tpica com antiandrognicos a inibio da 5--redutase, que metaboliza
testosterona 5--dihidrotestosterona em tecidos regulados por andrognios. A
principal limitao da terapia antiandrognica o fato bvio de que ela no pode ser
utilizada em pacientes do sexo feminino sob condies normais. (LARA., 2008)
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6.4-Peeling Qumico
Consiste na aplicao na pele, de uma ou mais substncias qumicas esfoliantes
com o intuito de melhorar ou remover as alteraes antiestticas da superfcie cutnea.
uma remoo controlada da pele fotoenvelhecida, levando a uma pele mais jovem, na
qual a epiderme e/ou derme alterada so substitudas. indicado principalmente, para
rugas finas, melanoses e ceratoses actnicas, melasma, hiperpigmentaes ps-
inflamatrias, acne e aflides. (AZULAY; AZULAY., 2008)
Figura 10: Peeling
Fonte: betemacedo.blogspot.com
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Figura 11: antes e depois do peeling facial
Fonte: acne-tratamentos.blogspot.com
6.5-Drenagem Linftica
Pode ser indicada para os casos graves de acne, porm o segredo da massagem
est na drenagem linftica manual, que vai acalmar a acne, retirarando as toxinas que
comprometem a pele, acalmando as glndulas sebceas e melhorando a qualidade da
ctis. A tenso, a agitao e o estresse so fatores estimulantes que podem provocar a
acne. O correto as glndulas sebceas funcionarem de 3 em 3 horas, mas, com a
agitao, elas trabalham sem parar. Como a massagem altamente relaxante, ela vai
acalmar esse processo. (MEZZOMO., 2007)
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Figura 12: drenagem linftica facial
Fonte: daianapontesestetica.blogspot.com
6.6-Psicoterapia
Ainda que, do ponto de vista clnico, a intensidade possa ser considerada banal,
no se deve desvalorizar a queixa e o sofrimento psicolgico embutidos no processo. As
repercusses na auto-estima da maioria dos jovens so evidentes. A participao do
neuropeptdeo substncia P pode explicar o agravamento da acne em situaes de
grandes tenses emocionais. (AZULAY; AZULAY., 2008)
6.7-Laser e Fototerapia
Uma nova linha teraputica est tomando cada vez mais o lugar de tratamentos
com cremes, so os aparelhos de laser e de fototerapia. Neste ltimo grupo, atravs da
aplicao de uma fonte de luz na pele acometida, pelo menos 2 vezes por semana, em
torno de 15 minutos cada sesso, a acne inflamatria reduz drasticamente num perodo
de 2 meses. A bactria propioniumbacterium acnes extremamente sensvel a esta luz,
logo, ela destruda aps aplicaes repetidas. Ou seja, diminuindo a populao desta
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bactria, diminui o processo inflamatrio e infeccioso da acne, melhorando o quadro do
paciente. J o laser atua na derme profunda, onde esto localizadas as glndulas
sebceas. Atravs de um aquecimento intenso nesta regio, estas glndulas diminuem
sua atividade de secretar sebo para a superfcie da pele, melhorando a seborria e
conseqentemente a acne. Devido a esta atuao na derme, o aquecimento vai promover
a formao de um novo colgeno, levando, tambm, a uma melhora das cicatrizes da
acne. Porm, no se deve esquecer que o melhor tratamento ainda o convencional, ou
seja, a limpeza da pele e que estas novas teraputicas podem ser combinadas com ela ou
uma opo para tratar os pacientes resistentes aos tratamentos convencionais ou que no
possam fazer uso das medicaes. O laser tem sido usado h algum tempo como
tratamento para reduzir cicatrizes deixadas pela acne, porm esto sendo feitas
pesquisas para utilizao do laser na preveno da acne. (MEZZOMO., 2007)
Figura 13: Fototerapia a laser
Fonte: redeparede.com.br
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Figura 14: Pacientes antes e depois da Fototerapia dupla de acne
Fonte: scienceofacne.com
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7-CONCLUSO
Com base no trabalho apresentado, pode-se concluir que a acne uma doena
muito comum entre adolescentes durante a fase da puberdade. Porm pode ocorrer em
mulheres maduras. No possui restrio de classe social ou raa, sendo pouco comum
em orientais.
Sua etiopatogenia multifatorial e seu tratamento consiste na erradicao dos
fatores predisponentes. Sendo assim, necessrio saber o fator causal.
Por ser uma doena muito comum, existe uma grande demora pela procura de
tratamento, o que pode dificultar no resultado deixando cicatrizes indelveis. Com isso
h maiores chances de afetar psicologicamente esse paciente levando a uma baixa auto-
estima grave. No se deve desconsiderar os efeitos psicolgicos que acne pode causar
nos indivduos, sendo de extrema importncia, um contnuo acompanhamento
profissional do paciente.
A acne tem tratamento. Deve-se analisar o quadro do paciente e descobrir a
causa. O tratamento precisa ser iniciado o mais rpido possvel, evitando cicatrizes
graves e irreversveis. demorado e exige total adeso do paciente, o que deve ser
esclarecido ao mesmo, para que uma possvel decepo no atraso de uma melhora
significante, no leve ao abandono da terapia.
A teraputica da acne bem vasta, sendo que a melhor escolha, geralmente a
associao de duas ou mais formas de tratamento.
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