tcc juliana pedroso - gerenciamento da cadeia de suprimentos em uma empresa do setor automotivo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI ADMINISTRAÇÃO INTEGRAL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO Aluna: Juliana Angélica de Souza Pedroso Orientador: Prof. Dr. Fabrício Molica de Mendonça

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

ADMINISTRAÇÃO INTEGRAL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS

GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA

EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO

Aluna: Juliana Angélica de Souza Pedroso

Orientador: Prof. Dr. Fabrício Molica de Mendonça

SÃO JOÃO DEL REI

JULHO DE 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

ADMINISTRAÇÃO INTEGRAL

GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA

EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO

Relatório Final de Estágio apresentado ao Departamento

de Ciências Administrativas e Contábeis da Universidade

Federal de São João Del Rei como parte das exigências

para integralização do Curso de Administração.

Aluna:

Juliana Angélica de Souza Pedroso

Orientador:

Prof. Dr. Fabrício Molica de Mendonça

SÃO JOÃO DEL REIMINAS GERAIS – BRASIL

2012

Juliana Angélica de Souza Pedroso

GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA

EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO

Relatório Final de Estágio apresentado ao Departamento

de Ciências Administrativas e Contábeis da Universidade

Federal de São João Del Rei como parte das exigências

para integralização do Curso de Administração.

Aprovado em:

Examinadores:

__________________________________________

__________________________________________

3

Sumário

1. Introdução............................................................................................6

2. Referencial Teórico................................................................................8

2.1 Logística..........................................................................................8

2.2 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos..........................................11

2.3 Just in Time na Administração de Estoques.........................................13

2.4 Modelo Milk Run de Suprimento........................................................16

2.5 Parcerias e Desenvolvimento de Fornecedores.....................................17

2.6 Supply Chain e o Setor Automobilístico..............................................19

3. TRW Automotive...................................................................................21

3.1 Planta de Lavras................................................................................24

3.2 Caracterização do Estágio..................................................................25

4. Conclusão..............................................................................................27

5. Referências Bibliográficas.......................................................................28

4

Lista de Figuras

Figura 1 - Funcionamento da CS em uma empresa do setor automotivo......................9

Figura 2 - Estágios Organizacionais das Competências da Gestão da Cadeia de Suprimentos........................................................................................................10

Figura 3 - Elementos de uma Supply Chain.............................................................12

Figura 4 - Modelo de abastecimento Milk Run.........................................................16

Figura 5 - Principais acontecimentos TRW Automotive...............................................21

Figura 6 - Divisão de plantas TRW................................................................22

Figura 7 - Qualificações TRW. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Figura 8 - Vista aérea planta Lavras.............................................................................24

Figura 9 - Clientes e produtos.......................................................................................24

Figura 10 - Atividadelogísticas........................................................................................25

Figura 11 - Ambiente de estágio...................................................................................26

5

1. INTRODUÇÃO

A busca por destaque empresarial tem exigido das companhias a adoção de

sistemas de gestão mais modernos e a constante renovação de seus processos, cada vez

mais abrangentes e eficientes. O termo logística deixou de ter um enfoque operacional

para adquirir um caráter estratégico – “ganhou uma nova dimensão, envolvendo a

integração de todas as atividades ao longo da cadeia de valores: da geração de matérias

primas ao serviço ao cliente final”. (WOOD JUNIOR; ZUFFO, 1998).

No século XIX, em plena era de produção artesanal, conforme Womack et

al. (1990) e Martins (1993) apud Souza e Batocchio (2003), os automóveis eram

fabricados pelas montadoras por encomendas, os consumidores decidiam juntamente

com os fabricantes o projeto do veículo, por isso era muito difícil existir carros idênticos

no mercado. Contudo, a qualidade dos veículos era seriamente comprometida, devido a

falta de controle dimensional das peças e ausência de sistemas metrológicos, o que não

permitia a produção em larga escala.

A evolução do setor automotivo se deu a partir da instalação da primeira

unidade de montagem da Ford, em 1919, na cidade de São Paulo. Até meados da década

de 50, o mercado era rudimentar e a pequena demanda por automóveis não incentivava

as grandes montadoras a se instalarem no país - a demanda era atendida pela importação

de kits desmontados e peças de outros países. Os investimentos em indústrias de base no

governo Vargas (1951-1954) bem como as políticas de substituição de importações

implementadas no governo Kubitschek (1956), promoveram a instalação das grandes

montadoras no país com o tradicional modelo de produção em massa.

Dentro deste conceito de produção em massa, observa-se ao longo da

história que os estudos se deram em prol da busca de um método científico que tivesse

como princípios dirigir com o máximo de eficácia, obter melhores rendimentos e assim

evitar qualquer perda de tempo na produção. Frederick Taylor e Henry Ford se

ocuparam com este método procurando mostrar que havia uma fonte muito maior de

desperdício, cuja causa era a desorganização das formas de produção. Neste contexto

inicia-se uma nova lógica na organização da produção e do trabalho, denominada como

a organização científica do trabalho – implanta-se a produção em massa, com esteiras

6

automatizadas impondo o ritmo da produção, a racionalização das tarefas, com o uso de

métodos padronizados para reduzir custos e aumentar a produtividade.

Por parte do mercado atual, ressaltam-se como exigências para as

companhias a agilidade na condução dos negócios, enfoque estratégico e trabalho

integrado entre as áreas operacionais, para que assim todos os desperdícios e custos

existentes sejam identificados, mensurados, informados, visando alavancar e sustentar

vantagem competitiva em seus respectivos segmentos. Percebe-se então a necessidade

das empresas buscarem novas formas de organizar e administrar a produção e de

encontrar formas alternativas de operação caracterizadas pela alta competitividade

imposta pelo mercado. Como resposta para este novo conceito de competitividade,

destaca-se o surgimento do conceito supply chain management, ou gestão da cadeia de

suprimentos, ou ainda, num futuro próximo, simplesmente SCM.

7

2. RERERENCIAL TEÓRICO

2.1 Logística

O conceito de logística esteve sempre associado às atividades militares. Tais

organizações foram as primeiras a considerar a necessidade de um planejamento

logístico, tendo como embasamento o suprimento de suas tropas com alimentação,

medicamentos, munições, e equipamentos, o qual gerava a formação de um organizado

aparato bélico cujo êxito dependia, muitas vezes, do grau de seu planejamento logístico.

No século IV a.C., o general chinês Sun Tzu já salientava a importância de cinco

elementos relativos a regras militares: a análise do terreno, cálculo da força de trabalho

e dos recursos, cálculo da capacidade logística, comparação da própria força com a do

inimigo e por fim, uma previsão de vitória ou derrota. Dessa forma, observa-se que há

cerca de 2500 anos a logística, e por conseqüência, a gestão de suprimentos já eram

objeto de atenção, embora nem sempre sob tais nomes.

A definição de logística, adotada em 1998, pelo Council of Logistics

Management (apud Novaes, 2001), nos remete a: "Logística é a parcela do processo da

cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e eficaz de

matérias primas, estoque em processos, produtos acabados e informações, relacionadas,

deste seu ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos

requisitos dos clientes”. Dessa maneira, o conceito de logística pode ser subdivido

seguindo as seguintes etapas:

Planejamento - envolve as atividades de processamento de pedidos e planejamento e

controle da produção (PCP) e tem por objetivo a previsão dos recursos necessários para

a produção dos bens ou serviços aos quais a empresa se destina.

Abastecimento - abrange as atividades de suprimentos, transportes, armazenagem e

administração de estoques que fornecem os insumos necessários ao setor de produção

da empresa.

Feitio - engloba todos os processos internos envolvidos na transformação da matéria-

prima em produto acabado.

8

Entrega - refere-se aos meios necessários à distribuição do produto acabado ao

consumidor final.

Figura 1 – Funcionamento da CS em uma empresa do setor automotivo. Fonte: Adaptado de Ching

(2001)

A partir da década de 90, a logística passou a ser visualizada dentro de um

contexto mais abrangente na competitividade empresarial, aprimorando conceitos

anteriores que focavam basicamente as atividades de compras, produção e entregas. A

partir de então, a logística passou a ser vista como parte do processo de gestão da cadeia

de suprimentos que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento de

produtos, serviços e a informações relacionadas, desde o ponto de origem até ponto de

consumo, de modo a atender às necessidades dos consumidores, de forma eficiente e

eficaz. De acordo com Lambert,

O processo de planejamento, implementação e controle do fluxo

e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas,

materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as

9

informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto

de consumo, com o propósito de atender às exigências dos

clientes.

A evolução conceitual da Logística, proposta por Boyson et al (1999),

subdivide-se em quatro estágios evolutivos distintos, no que se diz respeito ao processo

evolutivo da cadeia de suprimentos:

I. Estágio 1 – Logística Subdesenvolvida: até a década de 70, as atividades de logística

focavam a eficiência da distribuição física dentro das atividades de transporte,

armazenagem, controle de inventário, processamento de pedidos e expedição.

II. Estágio 2 – Logística Incipiente: nos anos 80, o foco foi a integração entre as funções

de logística, a fim de maximizar sua eficiência. Ênfase no transporte e na armazenagem.

III. Estágio 3 – Logística Interna Integrada: na década passada, surgiram novos canais

de distribuição e novos conceitos de processo produtivo. Busca da competitividade

através da adoção de métodos quantitativos de controle de qualidade, da oferta de

serviços aos clientes, da formulação de equipes internas interfuncionais e na

segmentação da base da cadeia.

IV. Estágio 4 – Logística Externa Integrada: nesta década tem-se verificado uma maior

preocupação com as interfaces entre os integrantes da cadeia de suprimentos. Foco no

aprimoramento da previsão de demanda e no planejamento colaborativo entre os elos da

cadeia de suprimentos. Investimentos em sistemas de compartilhamento de informação

para gerir os elos da cadeia.

Alto

Ambiente Interno

Ambiente Externo

Baixo 1970 1980 1990 2000 Tempo

10

Estágio 1

Logística SubdesenvolvidaFoco no Transporte

Estágio 2

Logística IncipienteFoco no Trasnporte e Armazenagem

Estágio 3

Logística Interna IntegradaFoco em Serviços e Clientes

Estágio 4

Logística Externa IntegradaFoco na Eficiência Estratégica

Grau

De

Integração

Figura 2 - Estágios Organizacionais das Competências da Gestão da Cadeia de Suprimentos. Fonte:

Adaptado de Boyson et al (1999)

O encurtamento do ciclo de vida dos produtos impulsionou as empresas à

constantemente inovação dos seus modelos de gestão. O tempo em que as empresas

apenas se orientavam para vender os seus produtos, sem preocupação com as

necessidades e satisfação dos clientes cessou - hoje, já não basta satisfazer, é necessário

encantar. É cada vez maior o grau de exigência por parte dos consumidores quanto à

qualidade, e valor dos produtos; como conseqüência, percebe-se por parte das

organizações, um constante esforço no que diz respeito a um eficiente e eficaz gestão de

compras, gestão de produção, gestão logística e gestão comercial. Tendo consciência

desta realidade e dos avanços tecnológicos na área da informação, “é necessária uma

metodologia que consiga planear, implementar e controlar da maneira eficaz e eficiente

o fluxo de produtos, serviços e informações desde o ponto de origem, com a compra de

matérias primas ou produtos acabados, passando pela produção, armazenamento,

stockagem, transportes, até o ponto de consumo (Alves, Alexandre da Silva; 2008; 14) .

2.2 Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

O conceito de GCS, de acordo com Christopher (1997), pode ser entendido

como a gestão e a coordenação dos fluxos de informações e de materiais entre a fonte e

os usuários como um sistema, de forma integrada - a ligação entre cada fase do

processo, na medida em que os produtos e materiais se deslocam em direção ao

consumidor.

O Supply Chain Managemet busca intensificar os benefícios de uma gestão

integrada da cadeia de suprimentos. Assim, as estratégias e as decisões deixam de ser

formuladas e firmadas sob a perspectiva de uma única empresa, mas sim de uma cadeia

produtiva como um todo. O SCM introduz uma mudança no modelo competitivo, à

medida que considera que cada vez mais a competição no mercado ocorrerá no nível das

cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de negócios isoladamente.

Este conceito envolve além do gerenciamento das atividades de forma

integrada, estratégias de relacionamentos com fornecedores e clientes visando maior

11

durabilidade nos negócios, através de parcerias baseadas na confiança e na colaboração

que geram vantagens competitivas. Cooper, Lambert e Pagh (1997) apud Waters (1999)

afirmam que GCS é a integração dos processos de negócios do usuário final através de

seus fornecedores originais que providenciam serviços e informações que adicionam

valor aos clientes. Para Waters (1999), se de um lado, a CS tem sido considerada como

uma simples extensão da logística, ligando clientes às indústrias e aos fornecedores e no

outro extremo, ela identifica um conjunto completo de atividades e organizações

conectadas por transportes, telecomunicações e intercâmbio pessoal, ainda com a

inclusão do processo de desenvolvimento de produtos.

Figura 3 – Elementos de uma Supply Chain

Para Waters (1999), quando as empresas tentaram reduzir seus custos, seus

estudos iniciais eram focados nas funções separadamente: localização de facilidades,

compras, controle de estoques, armazenagem e transporte. Porém, logo perceberam que

a melhor estratégia seria a integração, não mais observando estas funções

separadamente, mas considerando a CS na sua totalidade. Dessa forma, todos os elos da

CS procuram atingir uma situação em que haja benefícios para ambos e onde haja

oportunidades de crescimento conjunto, o que conseqüentemente aumenta o nível de

serviço logístico, agregando valor ao produto final perceptível aos clientes e

aumentando a lucratividade da cadeia.

12

Elementos de uma SC

Cliente: Ponto de parida - estágio final da cadeia.

Planejamento: Responsável pela confecção do plano de produção -

abastecimento da CS.

Compras: Contato com fornecedores; emissão de ordens de compra, visando atender as necessidades da produção.

Produção: Deslocamento de insumos para a produção, visando atender as

solicitações dos clientes.

Transporte: Escolha de métodos adequados de embarque de pedidos aos

clientes.

Chopra e Meindl (2003) salientam que é essencial em uma CS a troca de

informações entre fabricantes e fornecedores, principalmente no que tange as

informações sobre demanda, pois assim é possível para o fabricante não manter ou

reduzir níveis de estoque. Informando seus fornecedores em tempo real sobre a

demanda é possível o rápido atendimento de pedidos de matéria prima, sem nenhum

atraso na produção e sem estoques. Em termos gerais, para Pires (2004), uma CS é uma

rede de empresas autônomas ou semi-autônomas, que são responsáveis pela obtenção,

produção e liberação de um determinado produto e/ou serviço ao cliente final. Chopra e

Meindl (2003) afirmam que o objetivo de toda CS é maximizar o valor global gerado. O

valor gerado por uma CS é a diferença entre o valor do produto final para o cliente e o

esforço realizado por esta CS para atender ao seu pedido.

De acordo com Christopher (1997), podemos entender a GCS como a gestão

e a coordenação dos fluxos de informações e de materiais entre a fonte e os usuários

como um sistema, de forma integrada. A ligação entre cada fase do processo, na medida

em que os produtos e materiais se deslocam em direção ao consumidor é baseada na

otimização, ou seja, na maximização do serviço ao cliente, enquanto se reduzem os

custos e os ativos retidos no fluxo logístico. O GCS, segundo Wanke (2003), é uma

tarefa mais complexa que a gerência logística dos fluxos de produtos, serviços e

informações relacionadas do ponto de origem para o ponto de consumo. Este conceito

envolve além do gerenciamento das atividades de forma integrada, estratégias de

relacionamentos com fornecedores e clientes visando maior durabilidade nos negócios,

através de parcerias baseadas na confiança e na colaboração que geram vantagens

competitivas. Muitas empresas descobriram que através destas parcerias poderiam

melhorar o projeto de produto, estratégias de marketing e serviço ao cliente e

descobrirem formas mais eficientes de trabalharem juntas.

2.3 Just in time na administração de estoques

Para Pozo (2002), desde o início dos anos 80 as empresas ocidentais vêm

discutindo o conceito do JIT, porém muitas pessoas desconhecem o seu verdadeiro

sentido e, acham que se trata de um sistema para redução de estoques, empurrando a

13

responsabilidade para os fornecedores e assim reduzindo custos e eliminando

ineficiências na produção.

Para Christopher (1997), de todos os conceitos e técnicas que surgiram nas

últimas décadas, a filosofia JIT, com certeza, é um dos que surgiram para ficar. De

acordo com este conceito, nenhum produto deve ser feito, nenhum componente deve ser

pedido enquanto não houver necessidade. Essencialmente, o JIT adota o conceito de

puxar a produção, onde a demanda, no final do canal de suprimentos, puxa os produtos

em direção ao mercado e o fluxo de componentes pertinentes a estes produtos também é

determinado pela mesma demanda. O JIT contrasta com o sistema atual de empurrar,

onde os produtos são fabricados ou montados em lotes, antecipando a demanda, e são

posicionados na CS como reguladores entre as várias funções e entidades.

Outro requisito para a administração logística de estoques, com base no JIT,

segundo Christopher (1997), é a ligação mais forte possível entre o cliente e o

fornecedor, pelo menos em termos de troca de informações e coordenação dos

planejamentos. Dessa forma, é possível perceber também que o conceito de GCS,

embasado em relacionamentos confiáveis e duradouros entre cliente e fornecedor deriva

do JIT.

De acordo com Ching (2001), os cartões kanban de processo de produção

especificam quanto será feito e quando será necessário e especificam quanto será

retirado do estoque do fornecedor, dessa forma eliminando desperdícios de material,

mão-de-obra, tempo e conseqüentemente custos. Alterando suas ações neste sentido a

empresa obterá alguns benefícios que resultarão na redução de seus custos com estoque,

que para Ching (2001), são:

1. Redução do custo de compras;

2. Diminuição do número de fornecedores e burocracia;

3. Menores níveis de estoques;

4. Redução do espaço de estocagem;

5. Tempo de reposição reduzido;

6. Melhores níveis de serviço ao cliente;

7. Redução da perda de matérias-primas e refugo.

14

Segundo Voss, O Just-in-Time (JIT) é uma abordagem disciplinada que visa

aprimorar a produtividade global e eliminar desperdícios. Ele possibilita a produção

eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento apenas da quantidade necessária

de componentes, na qualidade correta, no momento e locais corretos, utilizando o

mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos. O JIT é

dependente do balanço entre a flexibilidade do fornecedor e a flexibilidade do usuário.

Ele é alcançado por meio da aplicação de elementos que requerem um envolvimento

total dos funcionários e trabalho em equipe. Uma filosofia-chave do JIT é a

simplificação.

De acordo com Arkader (1999) e Amato Neto (2001), as principais vantagens

para as montadoras na adoção dessas práticas são:

a) eliminação ou minimização de estoques, principalmente daqueles itens e

conjuntos de elevado volume unitário, grande variabilidade e/ou alto valor agregado, os

quais passariam a ser produzidos pelos fornecedores JIT e entregues diretamente na

linha de montagem da montadora;

b) diminuição dos investimentos com a terceirização do processo produtivo de

componentes, módulos e conjuntos para os fornecedores JIT, reduzindo

significativamente os riscos associados a elevados investimentos em uma planta muito

verticalizada, o que é interessante em épocas de incertezas e de instabilidade de

mercados;

c) maior agilidade e flexibilidade no atendimento, uma vez que os fornecedores

estão localizados bastante próximos à montadora, possibilitando entregas freqüentes em

baixos volumes;

d) melhoria na qualidade e na produtividade, devido às características intrínsecas

do sistema de produção JIT: eliminação de atividades que não agregam valor;

simplificação de atividades de recebimento e controle de materiais; redução dos custos

logísticos, devido à proximidade dos fornecedores; melhoria da qualidade, em razão da

troca de conhecimentos e transferência de tecnologias por parte da montadora; melhoria

da qualidade das peças e produtos; reduções de retrabalhos, inspeções, atrasos de

entregas, entre outras.

15

O segredo para a eficiência do sistema JIT está inteiramente ligado com a

relação estabelecida entre clientes e fornecedores, trabalhando sempre para melhoria

dos processos e redução dos desperdícios.

2.4 Modelo milk run de suprimento

O modelo MR ou rota do leite surgiu como alternativa para a concentração

ou consolidação de um volume adequado de materiais, possibilitando a redução de

custos com estoques e transporte que impacta diretamente no custo do produto final. O

MR permite às indústrias manter seu nível de estoque muito baixo, ou seja, quase zero.

Constitui-se numa estratégia que envolve um transportador que coleta a produção de

vários fornecedores e os entrega de uma só vez.

Para Pires (2004), o principal objetivo do MR é reduzir custos logísticos de

abastecimento por meio de economias de escala e racionalização das rotas, bem como

aumentar a confiabilidade do processo. A lógica desse modelo é ter um sistema de

suprimento com roteiros e horários predefinidos para as coletas de materiais junto aos

fornecedores, cujo processo é ilustrado abaixo:

Figura 4 – Sistema de coleta integrada de peças milk run. Fonte: Apostila da Ryder Integrated Logistics –

GM Brasil (1999), apud Moura (2000).

O sistema MilkRun tem como objetivo coletar peças em fornecedores, num

tempo e rota previamente determinado. Com isso, procura-se a economia de transporte,

16

a de cargas e redução de estoques na cadeia de suprimentos. Normalmente a montadora

analisa a freqüência que determinado item deve ser coletado, a quantidade de peças e

determina a rota mais eficiente.

Segundo Moura (2000), o modelo MR proporciona vantagens para os

fornecedores de matéria-prima e para as indústrias:

1. Fornecedores: redução do nível de estoques; menor custo de produção, otimização do

transporte; ampliação de negócios, redução de espaços de armazenagem.

2. Clientes: redução do nível de estoques, menor custo com compras, menor custo de

administração de materiais, redução de áreas de armazenagem, redução de pessoas e

veículos na empresa, redução de custos com transporte e embalagens.

2.5 Parcerias e desenvolvimento de fornecedores

Entre os pressupostos da GCS, destaca-se a integração e redução de

fornecedores, todavia, para que isso ocorra sem causar danos à continuidade dos

processos das empresas, é necessário qualificar e desenvolver os fornecedores que

permanecem como componentes da CS, tornando-os verdadeiros parceiros de negócios

e estabelecendo relacionamentos confiáveis e duradouros.

Os autores Badin, Novaes e Dutra (2003), afirmam que para

que ocorra uma efetiva integração da cadeia de suprimentos na

indústria automobilística, é essencial que se estabeleça parcerias com

os fornecedores, incorporando-os nas fases iniciais do processo de

desenvolvimento do produto. Desta forma, os fornecedores têm mais

oportunidades para participar nas especificações do produto,

antecipando problemas futuros, e divisão de responsabilidades no

desenvolvimento do produto, projeto, produção e distribuição.

As novas exigências têm sido seguidas como referência para que as

montadoras e seus fornecedores diretos possam manter a eficiência não só nas suas

atividades diretas, como também ao longo da cadeia. As principais exigências das

montadoras para participar como fornecedores são:

17

- Saúde financeira: custo transparente e capacidade de investimento;

- Certificação (ISO e QS 9000) e sistemas de auditoria das próprias montadoras;

- Integração eletrônica;

- Desenvolvimento conjunto de novos produtos, processos e sistemas, divisão de

responsabilidades/riscos/ganhos;

- Padrões internacionais de custo, qualidade, quantidade e preço;

- Logística - confiabilidade e prazo de entrega;

- Redução de desperdícios: resíduo, defeito e estoque zero.

Para Christopher (1997), existem muitas vantagens da abordagem pró-ativa

para o desenvolvimento de fornecedores, não somente em termos de redução de custos,

mas também sob o ponto de vista de marketing. Muitas empresas estão descobrindo que

o fornecedor È uma fonte crescente de inovação do produto ou do processo. Estas

empresas estão percebendo que, ao manterem o fornecedor envolvido no processo de

desenvolvimento do produto no estágio inicial, sempre haver a possibilidade de

introdução de uma nova perspectiva que leva às soluções inovadoras.

Muitas empresas têm estabelecido programas de treinamento para seus

fornecedores, de acordo com Christopher (1997), para auxiliá-los a alcançar níveis de

desempenho superiores. Em vez de ameaçar os fornecedores com a perda do negócio,

estas empresas inovadoras procuram meios para alcançar os resultados desejados

através da parceria.

O desenvolvimento de fornecedores, de acordo com Christopher (1997),

deve ser ampliado para uma análise de como seus sistemas e procedimentos podem ser

aperfeiçoados e alinhados com os dos clientes. Tendo sempre em mente que a vantagem

competitiva é cada vez mais uma função da eficiência e eficácia da CS, fica bastante

claro que, quanto maior a colaboração, em todos os níveis, entre os fornecedores e os

clientes, maiores são a probabilidade de obtenção de alguma vantagem.

Para Segil (1998) apud Killen et al. (2004), o desenvolvimento e o uso de

um processo de formação de alianças e de construção de fortes relacionamentos entre os

membros da CS é essencial para aumentar o sucesso da parceria. De acordo com o

mesmo autor, ainda outros fatores devem ser considerados: os interesses comuns e

18

comunicação aberta entre parceiros, o que possibilita maior visibilidade nos processos

de ambos e, conseqüentemente, otimização dos recursos.

Buttery e Buttery (1996) apud Killen et al. (2004) apresenta cinco critérios

que influenciam fortemente no sucesso das alianças/parcerias entre membros da CS. São

eles:

- Superposição de domínio: os membros devem ter algo em comum;

- Algo para oferecer: cada membro deve oferecer algo para a aliança;

- Motivação para união: membros devem ter iniciativa para buscar alianças;

- Clima: a cultura, crenças e práticas de negócios devem ser compatíveis;

- Vinculação: deve ser formado um vínculo entre os membros.

Desenvolver um fornecedor, para Handfield et al. (2000), é qualquer

atividade que uma empresa cliente realiza com o objetivo de melhorar o desempenho

e/ou capacidade do fornecedor a curto ou longo prazos. Elas podem variar de uma

avaliação informal de seus procedimentos e operações até o desenvolvimento de um

programa de investimento conjunto em treinamento, melhoria de produtos e processos,

entre outros.

Para Ching (2001), na cadeia de logística integrada, fazer parcerias com

fornecedores é essencial, pois permite ganhos de eficiência operacional; conduz a

vantagens de integração vertical e de melhor especialização do ramo, além de constituir-

se em uma vantagem competitiva sustentável frente à concorrência.

2.6 Supply Chain e o Setor Automotivo

O setor automotivo, pela sua grandeza e complexidade da cadeia de

suprimentos, é o pioneiro e ainda hoje modelo de excelência das práticas de logística

para os demais setores. A evolução do mercado automobilístico transformou os próprios

conceitos de marketing, consumo e produção industrial, fazendo todo o mercado migrar

do sistema de ‘empurrar’ produtos de acordo com a capacidade das fábricas para

‘puxar’ a produção conforme as necessidades e desejos dos clientes. Assim, as

indústrias de automóveis foram as primeiras a reduzir estoques e trabalhar com entregas

19

programadas na linha

 de montagem.

Um objetivo básico na SCM é maximizar e tornar realidade as potenciais

sinergias entre as partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final de

modo eficientemente, tanto através da redução dos custos, como através da adição de

mais valor aos produtos finais. A CS da indústria automotiva envolve montadoras,

fornecedores, varejistas e cliente final, portanto um simples atraso gerado por qualquer

um dos membros dessa cadeia pode parar a produção por falta de componentes. Devido

à complexidade de suas operações, o sucesso do gerenciamento de todos esses

componentes depende da GCS, principalmente no que tange à redução de custos

logísticos, à integração e à troca de informações. Uma das tendências mundiais é que

fique a cargo das montadoras a coordenação dessa cadeia, enquanto os fornecedores

atuam no desenvolvimento do produto e na execução dos processos de montagem dos

veículos.

A integração de todas as atividades logísticas, desde o pedido do cliente ao

fornecedor até a entrega ao consumidor final, permeada por serviços e informações que

agreguem valor, é uma realidade no ambiente empresarial. No entanto, essa integração

exige iniciativas de gestão efetiva das cadeias de suprimentos (CS), viabilizadas por

meio da gestão da cadeia de suprimentos (GCS). O GCS engloba não somente os

processos de negócios, mas também o relacionamento com clientes e fornecedores

visando parcerias estratégicas, que beneficiem todos os componentes da cadeia.O

segmento automotivo pode ser considerado representativo nesse sentido, pois apresenta

iniciativas consideráveis na GCS. De acordo com Pires (2004), durante os últimos cem

anos a indústria automotiva se desenvolveu e tornou-se um dos segmentos industriais

mais representativos. Por seu pioneirismo e nível de competitividade, posicionou-se em

termos de inovações tecnológicas e gerenciais, tornando-se um verdadeiro referencial

para o ambiente industrial.

20

3. TRW AUTOMOTIVE

A TRW Automotive destaca-se no mercado como uma empresa

multinacional, focada na fabricação de produtos de alta performance objetivando

atender as expectativas e exigências do setor automobilístico de maneira inovadora,

visando a liderança no setor. Para que seja mantida posição de destaque perante suas

concorrentes, a companhia investe alto em pesquisa e inovação de seus produtos - no

Brasil, fatores como alta tecnologia, excelência operacional e qualidade total alçaram a

TRW ao posto de líder no mercado nacional em freios, sistemas de direção e em

válvulas de motores, além de ser a segunda maior fabricante no segmento de suspensão.

No Brasil, sua história tem início em 1945, com a então Máquinas Varga,

posteriormente denominada Freios Varga. O alto nível de qualidade e serviços já era

prioridade nessa produção que empregava as melhores matérias-primas, componentes e

controle de qualidade. No ano de 2000, a Freios Varga foi adquirida pela companhia

TRW Automotive, a qual ainda trabalha com a linha de fluidos para freio da marca.

Figura 5 – TRW Automotive, principais acontecimentos

A empresa tem sede em Livonia – EUA – e emprega aproximadamente 60

mil pessoas, alocadas em mais de 200 plantas, distribuídas em 26 países. No Brasil,

conta com uma equipe de cerca de 5 000 colaboradores, conscientes do compromisso da

empresa com a excelência e melhoria contínua de seus produtos. Com sede em Limeira

(SP), a TRW fornece para as montadoras, mercado de reposição e mercados externos

21

Início da produção de rodas de madeira para o modelo T, da Ford.

1909

TRW inicia produção de freios nos EUA.

1928Início da produção de freios na Europa.

1932

TRW lança o freio ABS.

1967NorthGropu adquire a TRW.

2002

Criação da TRW Automotive, pela Blackstone.

2003

uma linha completa de sistemas de freio, direção e suspensão, módulo, sistemas

eletrônicos e de segurança, válvulas para motores e componentes de fixação.

As plantas da TRW Automotive estão localizadas nos Estados de São Paulo

e Minas Gerais e estão divididas de acordo com os produtos fabricados:

Figura 6 – Divisão de plantas TRW.

A TRW conta com laboratórios de engenharia instalados em vários

continentes, que têm a missão de desenvolver produtos que promovam conforto e

segurança para o usuário. A satisfação do cliente norteia os valores da empresa, que

cresce a medida que atende às necessidades dos mesmos com performance superior aos

concorrentes, custo competitivo e atuação socialmente responsável. Com mais de 100

anos de experiência, está presente em grande parte do mercado automobilístico

brasileiro.

Estruturalmente, atua como empresa fortemente hierarquizada e

sistematizada, seguindo os padrões americanos. Seus processos são sustentados por

22

Sistemas de direção, suspensão e freios, cintos,

volantes e aribags

Limeira

Lavras

Engenheiro Coelho

Válvulas

Três Corações

Santo André

Eletrônicos Diadema

estruturas rígidas, orientados por regras burocráticas e regulamentos formalizados. A

especificidade das tarefas, com o agrupamento das mesmas em departamento

funcionais, agilizam o desempenho eficiente de atividades padronizadas.

O sucesso da empresa é resultado do empenho e comprometimento de cada

profissional envolvido direta e indiretamente com o processo produtivo. A TRW investe

cada vez mais em ações corporativas que visem o envolvimento do funcionário e em

práticas que tornem o ambiente de trabalho um local onde cada um possa compartilhar

do sucesso da companhia – responsabilidade de cada colaborador, a qualidade é

alcançada por meio da melhoria contínua em todos os seus processos.

Como reconhecimento pela excelência tecnológica no setor de autopeças, a

companhia tem conquistado nos últimos anos, uma série de prêmios que atestam seu

compromisso em oferecer o melhor ao mercado automobilístico brasileiro. A TRW

Automotive investe continuamente para garantir a excelência tecnológica de seus

produtos. Para que seja mantida posição de destaque no mercado, a empresa conta com

as seguintes qualificações:

F i g u r a 7 – Q u a l i f i c a ç õ e s T R W .

23

ISO 14001

Especificações do Sistema Ambiental

OHSAS 18001

Sistema de Gestão de

Saúde e Segurança no

Trabalho

ISO 14000

Sistema de Qualidade

ISO TS 16949

Sistema de Qualidade

3.1 A planta de Lavras

F i g u r a 8 – V i s t a a é r e a p l a n t a L a v r a s

Localizada no distrito industrial da cidade, a TRW Automotive presta

relevante papel social para Lavras e região, gerando aproximadamente 1000 empregos

diretos e indiretos. Com capacidade produtiva de aproximadamente 1400

mecanismos/dia, a planta atende às montadoras Fiat, Ford, Renault, GM e Volkswagem,

com suas respectivas linhas de automóveis:

F i g u r a 9 – C l i e n t e s e p r o d u t o s .

24

FIAT

Punto

Palio

Uno

Doblò

FORD

Fiesta

KA

RENAULT

Clio

Logan

Sandero

Volkswagem

Gol

3.2 Caracterização de estágio

O estágio foi realizado no departamento de logística da empresa, e foi

compreendido entre Agosto de 2010 e Maio de 2012, com carga horária de 30 horas

semanais.

A divisão logística da planta de Lavras tem como principal função atender

as demandas de abastecimento das linhas produtivas das montadoras atendidas pela

empresa. Para que tal processo seja concluído com êxito, o departamento conta com a

colaboração direta de aproximadamente 40 funcionários, entre administrativo e

operacional.

Responsável por todo o processo produtivo, abrange desde o pedido da

matéria prima até a entrega do produto final às montadoras, tendo como principal

objetivo agregar valor ao produto, superando as expectativas dos clientes,

desenvolvendo para isso, relacionamentos confiáveis com os mesmos.

Figura 10 – Atividades logísticas. Fonte: Stevens, G.C. “Integrating Supply Chain” - International Journal

of Distribution and Materials Management, 1998.

Mais especificamente, as atividades desenvolvidas no estágio referem-se ao

abastecimento das linhas de produção da empresa, por meio da alimentação do sistema

que coordena todo o processo operacional e produtivo da planta de Lavras. A demanda

25

produtiva é alimentada e sustentada pelo input de informações, ou seja, todo o processo

de produção-faturamento da companhia está sujeito ao planejamento previamente

estabelecido pelo setor responsável.

Figura 11 – Ambiente de estágio

Desta forma, pode-se dizer que o setor automotivo apresenta inúmeras

especificidades que o diferenciam dos demais: o tempo é um fator de extrema

importância, uma vez que se está abastecendo linhas de montagens que não podem

parar; a velocidade das operações e o tempo de utilização dos produtos em linha de

montagem/produção são críticos; os prazos são Just In Time – o estoque é sempre

mínimo e o cumprimento dos horários é mais estreito e inflexível. A este ciclo

interrupto de abastecimento dá-se o nome de “operação nervosa”. 

A CS da indústria automotiva envolve montadoras, fornecedores, varejistas

e cliente final, portanto um simples atraso gerado por qualquer um dos membros dessa

cadeia pode parar a produção por falta de componentes. Devido à complexidade de suas

operações, o sucesso do gerenciamento de todos esses componentes depende da GCS,

principalmente no que tange à redução de custos logísticos, à integração e à troca de

informações.

26

4. CONCLUSÃO

As indústrias automobilísticas estabelecem-se como companhias onde as

inovações, no que diz respeito ao sistema de produção, manufatura, padrões de

qualidade bem como no gerenciamento da cadeia de suprimentos são constantes.

Apresenta-se como um dos principais desafios para empresas deste setor, o

gerenciamento adequado de sua cadeia de suprimentos, que envolve montadoras,

fornecedores, varejistas (distribuidoras e revendas) e cliente final.

A competitividade imposta pelo mercado atual tem exigido das empresas

uma constante busca por novos métodos de relacionamento, tanto no cenário nacional

como internacional. Tais mudanças exercem pressão sobre as práticas de

gerenciamento, em especial no que diz respeito às estratégias logísticas - a gestão da

cadeia de suprimentos apresenta crescente aplicação nos mais diversos ramos de

atividades. O atual relacionamento com os fornecedores está marcado por novas

práticas, como o estabelecimento de contratos mais duradouros, parcerias, a diminuição

no número de fornecedores diretos e desenvolvimento dos indiretos - as empresas estão

mais atentas à importância de uma análise holística de todo o seu relacionamento com

fornecedores e clientes diretos e indiretos.

Muitas foram as iniciativas, por parte das indústrias do ramo

automobilístico, visando destaque empresarial - aperfeiçoamento de seus sistemas

produtivos, a readequação de suas normas de qualidade e mais recentemente a

necessidade de integração de sua cadeia de suprimentos. Dessa forma, destaca-se como

um dos principais desafios para as empresas automotivas que visem obter vantagens

competitivas, a busca por soluções para um satisfatório gerenciamento de suas

respectivas cadeias de suprimentos.

27

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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