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  • 8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU

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    VICTOR PEDRO SANTANNA DE MORAES

    A EDUCAO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLASPBLICAS MUNICIPAIS DE BELM

    Trabalho de Concluso de Curso TCC apresentado aFaculdade de Geografia e Cartografia da UFPA comorequisito parcial para a obteno da graduao debacharelado e licenciatura em geografia.

    Orientador: Prof. Dr. Carlos Bordalo Junior

    Belm/PA2009

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    VICTOR PEDRO SANTANNA DE MORAES

    A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DASESCOLAS PBLICAS MUNICIPAIS DE BELM

    Trabalho de Concluso de Curso TCC apresentado aFaculdade de Geografia e Cartografia da UFPA comorequisito parcial para a obteno da graduao de

    bacharelado e licenciatura em geografia.

    Aprovao em ____ de setembro de 2009

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________

    Orientador

    _________________________________________

    Examinador

    __________________________________________

    Orientador

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Professor Bordalo, pela dedicao e pela orientao dos trabalhos;

    Ao Professor Clay, pela ajuda e pacincia cruciais concretizao de minha formatura;

    Ao Professor Naum, pela extrema disciplina e por me fazer olhar com mais seriedade

    questo pedaggica;

    Professora Mrcia, por tudo;

    meus amigos de curso que acabaram por coorientar este trabalho;

    Aos Professores e alunos das escolas que me receberam com carinho;

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    RESUMO

    O objetivo deste trabalho proporcionar uma aproximao terica e temtica entre

    geografia e educao ambiental e Conhecer as abordagens sobre EA realizadas porprofessores de Geografia das escolas pblicas ensino fundamental. Para o qual comeamos

    levantando um breve histrico do surgimento da questo ambiental que vai desde a revoluo

    industrial, e a mudana no modelo de produo, ate a institucionalizao da questo ambiental

    no Brasil, e a conseqente criao de uma legislao ambiental e seu seqente desdobramento

    para a educao ambiental. A partir da lana-se os olhares para a questo ambiental dentro da

    esfera de ensino formal no Brasil, norteada pelos conceitos de interdisciplinaridade e

    transversalidade, faz-se necessrio ento relacionar os conceitos de educao ambiental

    produzidos ao longo da historia. A partir de onde comea uma aproximao com a cincia

    geogrfica e seus focos de abordagem, analisando a relao entre produo/apropriao do

    espao e degradao ambiental. Estas questes abordadas culminaro nas observaes sobre a

    pesquisa de campo desenvolvida nas escolas selecionadas, onde analisaremos a prticas, estas

    existentes ou no, dos educadores a respeito de educao ambiental.

    Palavras-chave: EDUCAO AMBIENTAL ENSINO FUNDAMENTAL GEOGRAFIA PRODUO DO ESPAO PRTICAS DE ENSINO.

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    ABSTRACT

    The objective of this work is to provide a theoretical approach and focus between

    geography and environmental education and be familiar with the approaches to the task for

    geography teachers in public school education. To which we started raising a brief history of

    the emergence of environmental issues ranging from the industrial revolution and the change

    in the production model, until the institutionalization of environmental concerns in Brazil, and

    the subsequent creation of environmental legislation and its sequential development for

    education environment. Since then cast into the eyes of the environmental issue within the

    sphere of formal education in Brazil, guided by the concepts of interdisciplinary and cross-

    disciplinary, it is then necessary to relate the concepts of environmental education produced

    throughout history. From where one gets closer to science and geographical focus of its

    approach, analyzing the relationship between production / appropriation of space and

    environmental degradation. The questions addressed will culminate in the comments on the

    survey carried out in selected schools, where we analyze the practices, they exist or not,

    educators about environmental education.

    Keywords: ENVIRONMENTAL EDUCATION ELEMENTARY SCHOOL

    GEOGRAPHY PRODUCTION OF SPACE PRACTICE TEACHING.

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    NDICE

    1 - INTRODUO .............................................................................. ................................................................ 8.

    2 UMA BREVE LEITURA SOBRE A QUESTO AMBIENTAL................... ....................................... ......12.

    2.1 Construindo as bases da questo ambiental................................................... ............... ..............................1 2.

    2.2 - A institucionalisao da questo ambiental no Brasil...... ............................. ................ ..............................1 4.

    2.3 - Legislao brasileira sobre educao ambiental.................................................................................. .......17.

    .

    3 A QUESTO AMBIENTAL E EDUCAO ................................ ................................ ...................... 20.

    3.1 - Educao ambiental e ensino formal no Brasil ......... ......... ......... ..... ...... ........ ......... ......... .. ......... ......... 21.

    3.2 - Os PCNs e a Geografia............................................................................ ................ ....................... ..........22.

    3.2 - A questo da transversalidade............................................................................ ................ ........................23.3.2 Uma evoluo de conceitos da educao ambiental ................................ ................................ ............ 24.

    3.3 - Racionalidade, modernidade, educao e a problemtica ambiental ................................ ..................... 27.

    3.4 - A aproximao com a geografia ................................ ................................ ................................ ......... 29.

    4 - A PESAQUISA EM CAMPO: UMA ANALISE SOBRE AS ESCOLAS: ......... ......... ......... ..... ... ........ ... 33.

    4.1 - Uma abordagem de educao ................................ ................................ ................................ ............. 33.

    4.2 - Apresentao das escolas................................ ................................ ................................ .................... 33.

    4.3 - Os professores e as consideraes sobre a pesquisa de campo ................................ ............................. 35.

    4.4 - Analise dos textos produzidos pelos alunos ................................ ................................ ......................... 39.4.5 - A didtica em sala de aula................................................................................................... .......................40.

    4.6 - Formas de avaliao ................................ ................................ ................................ ........................... 41.

    5 - CONSIDERAES FINAIS ................................ ................................ ................................ ................ 42.

    6 - BIBLIOGRAFIAS ................................ ................................ ................................ ................................ 44.

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    1 - INTRODUO

    O conceito de Educao Ambiental sempre esteve interligado ao conceito de meio

    ambiente e ao modo como este apropriado. O conceito de meio ambiente, atrelado a um

    reducionismo natural, no permite apreciar as interdependncias nem a contribuio das

    cincias sociais e outras compreenso e melhoria do ambiente humano.

    No perodo em que estamos nenhum outro tema parece mais presente no seio da

    sociedade do que a questo ambiental. Um conceito muito usado na pedagogia e aplicado ao

    ensino de forma geral o conceito de interdisciplinaridade, e no imaginamos tema melhor

    para desenvolver essa funo seno este ambiental. A sociedade hoje vive em torno desta

    preocupao, dialogando questes relacionadas ao ambiente e prpria manuteno da vida,podemos citar a exemplo degradao ambiental, processos produtivos, conservao-

    preservao, distribuio de riquezas, sustentabilidade. As atenes esto voltadas para estes

    problemas, e diversos setores da sociedade tm se organizado e buscado alternativas para

    solucion-los. Uma delas a conscientizao para as questes ambientais atravs da educao

    escolar.

    No inteno abordar neste trabalho, com maior nfase, a questo da

    interdisciplinaridade, e sim chamar ateno para o carter transversal da educao ambiental

    assimabordada dos Parmetros Curriculares Nacionais a qual norteia e soma esforos de

    diferentes cincias.

    Seria relevante citar as palavras de Clsio Silva, gegrafo, pedagogo e amigo, que

    disse certa vez que o estudo das relaes entre sociedade-natureza, assim como suas

    experincias em sala de aula, lhe motivaram, guiaram seu interesse pela educao e pela

    escola como meios privilegiados para o surgimento de uma nova conscincia, necessria para

    a sustentabilidade da vida.

    Assim, se pode entender que a escola tem um papel fundamental diante da necessidadede reflexo e da busca por solues para os problemas ambientais, e que ser professor e ter a

    possibilidade de mediar dilogos sobre questes to complexas,so minhas motivaes para

    investigar como as escolas participam desse momento de transformao, e como podem atuar

    de forma responsvel e construtiva.

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    Iniciaremos esta pesquisa procurando investigar como a educao ambiental ocorre

    nas escolas pblicas da rede municipal de Belm, estado do Par, utilizando o ensino de

    Geografia como referncia para a anlise do discurso ambiental nas escolas, e Como os

    professores podem contribuir para a disseminao de novas idias, diante do desafio da (re)

    construo de uma leitura de mundo mais interessada na questo ambiental?

    Algumas questes secundrias, porem igualmente importantes, como o papel da

    transversalidade nesse processo de inter-relao dos saberes, e como esses saberes so

    articulados na prtica cotidiana? Ajudaram a compor os problemas a serem explorados.

    Assim, de uma forma geral, buscou-se tratar das questes ambientais, nas sries iniciais da

    rede pblica municipal de Belm, adotando como foco da analise a 5 serie em duas escolas: a

    Fundao Centro de Referencia em Educao Ambiental Professor Eidorfe Moreira e a E.M.

    Monsenhor Jos Maria Azevedo, ambas as escolas localizadas na ilha de Caratateua, esturioguajarino e distrito administrativo do municpio de Belm.

    Iniciando o projeto, apresentamos no captulo primeiro, uma reviso bibliogrfica a

    cerca da questo que nos propomos a discutir: a educao ambiental, da sua origem at o

    momento atual; a delimitao terica afunilando o entendimento sobre EA.

    No segundo capitulo, procuramos abordara, os possveis conceitos de EA, a relao

    entre meio ambiente e educao, e, de forma geral, uma aproximao terica e temtica da

    educao ambiental com a geografia,

    No capitulo trs, apresentamos o processo de pesquisa com as entrevistas e a analise

    do material produzido pelos alunos e seus resultados. Onde se procurou saber dos professores,

    em que trabalham e como concebem, em linhas gerais, o desenvolvimento das questes

    ambientais em sala de aula.

    Finalmente, apresentaremos o entendimento que fiz sobre educao ambiental e

    geografia, e comentrios s prticas dos professores do ensino fundamental no municpio de

    Belm, ilha de Caratateua, no que se refere s questes ambientais.

    A presena da educao ambiental como prtica pedaggica no ensino formal ainda se

    da de forma incipiente, comeou a ser elaborada ainda na dcada de 1960, at os dias de hoje.

    Apesar do volume de trabalhos sobre a temtica ambiental para a escola, mas sem deixar de

    reconhecer e valorizar as importantes conquistas nesse campo, ainda no podemos considerar

    um campo estvel. As transformaes das sociedades e do conceito de educao ambiental

    movidas pela prpria dinmica das sociedades e da forma de apropriao do espao fazem

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    com que este campo de conhecimento, constitudo fora da escolarizao formal, ainda no

    tenha ganho forma definida.

    A questo ambiental vem sendo gradativamente inserida na prtica pedaggica de

    inmeros professores, das mais diversas reas do conhecimento e nveis educacionais, daEducao bsica Universitria (e recentemente incorporado a grade curricular do curso de

    licenciatura e bacharelado em geografia da UFPA como disciplina regular). A abordagem nos

    PCNs sobre as questes ambientais e seu carter transversal norteia professores a refletir

    sobre o assunto, justificando assim, a importncia de pensarmos sempre a educao ambiental

    e sua estreita relao com a escola.

    Resumindo assim, que o que se pretende aqui verificar como a EA compreendida

    pelos professores e de que forma as prticas vem se desenvolvendo na rea de estudo em

    questo juntamente com a importncia da educao ambiental para o ensino de geografia.

    Este o contexto do qual partem os objetivos gerais e especficos propostos para o trabalho,

    que tem por pretenso dialogar sobre os conceitos bsicos e norteadores acerca da Educao

    Ambiental e identificar prticas desenvolvidas pelos professores das sries iniciais da rede

    municipal de ensino de Belm relacionado s questes ambientais. E assim podermos

    conhecer as abordagens sobre EA realizada por professores de Geografia das escolas pblicas

    ensino fundamental, localizadas no municpio e observar que princpios e temas da EA so

    privilegiados no processo ensino-aprendisagem, alem de fazer uma aproximao terica e

    temtica com a geografia e formar opinio sobre a importncia da educao ambiental para o

    ensino de geografia.

    O estabelecimento destes objetivos conduz a um conjunto de questionamentos, os

    quais reforo, procuramos explanar analisando a 5 serie do ensino fundamental.

    A partir do tema e dos objetivos deste trabalho, podemos considerar a Geografia a

    cincia que por excelncia trabalha com as questes ambientais na escola dentro de um

    contexto de interdisciplinaridade/transversalidade e sem perder de vista a relao sociedade-

    natureza?

    De que maneira o ensino de geografia pode contribuir para o conhecimento dos

    problemas ambientais locais e para a ampliao de uma leitura do mundo, que estabelea a

    relao entre o local e o global, permitindo uma perspectiva ambiental sobre o espao

    geogrfico?

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    Diante dessas questes acreditamos encontrar um cenrio de desigualdade, visto que

    em primeira analise, a fundao escola bosque tem uma lgica voltada para formao em

    educao ambiental.

    No que se refere a geografia, a empiria nos diz que h interlocuo entre EA e acincia geogrfica visto que eixos temticos comuns a geografia como sociedade e natureza

    ou meio ambiente e desenvolvimento sustentvel so por excelncia eixos que trabalham a

    questo ambiental, e o trabalho dos professores sob estes eixos podem contribuir e muito para

    o combate aos problemas ambientais locais.

    Conforme nos diz Milton Santos (2002, p. 264), o espao a casa do homem e

    tambm a sua priso, uma vez que este pode servir aos interesses de alguns. Assim, a

    Educao Ambiental, enquanto contedo do ensino bsico tratado pela Geografia, tem

    importncia fundamental para a construo de uma sociedade mais igualitria e para o uso

    racional dos recursos naturais, uma vez que os mais pobres so os mais afetados pela

    degradao do Planeta.

    Para a realizao deste trabalho, foram adotadas algumas estratgias fundamentais

    para o desenvolvimento do projeto de pesquisa, como a pesquisa bibliogrfica, que foi

    realizada em livros,produes acadmicas, documentos oficiais e materiais diversos. Esta foi

    realizada atravs de leitura completa, de fichamentos, e consultas a internet os quais se

    resumiram a uma base confivel durante o processo de construo do trabalho. A partir da

    entramos num segundo momento que se refere a pesquisa de campo.

    A pesquisa de campo foi realizada a partir de entrevistas por questionrio semi-

    estruturado em questes fechadas e abertas , com as quais pretendo obter o perfil dos

    entrevistados, e a categorizao dos discursos sobre os conceitos de educao ambiental e das

    prticas cotidianas.

    Referente ainda ao processo de entrevista trabalhamos tambm com o conceito de

    grupo focal, que se trata darealizao entrevistas coletivas, foram reunidos grupos de alunos

    para debates sobre questes referentes educao e meio ambiente e a qualidade do ensino na

    escola.

    Segundo (FUENTES, 2006), O grupo focal permite ao pesquisador conseguir boa

    quantidade de informao em um perodo de tempo mais curto; permite o conhecimento das

    representaes, percepes, crenas, hbitos, valores, restries, preconceitos, linguagens e

    simbologias no trato de uma dada questo por um grupo.

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    2 - UMA BREVE LEITURA SOBRE A QUESTO AMBIENTAL

    2.1 - Construindo as bases da questo ambiental

    Segundo Espinosa (1993), a partir da Revoluo Industrial, adota-se um novo modelo

    de produo baseado, principalmente, no uso intensivo de energia fssil, na super explorao

    dos recursos naturais e no uso do ambiente natural, (ar, gua e solo) como depsito de dejetos,

    o que foi apontado como a principal causa da degradao ambiental atual.

    Os problemas ambientais no passaram a existir somente aps a Revoluo Industrial.

    Certamente que os impactos da ao dos seres humanos se ampliaram violentamente com o

    desenvolvimento tecnolgico e com o aumento da populao mundial provocados por essa

    Revoluo.

    Os primeiros grandes impactos da Revoluo Industrial, ou os primeiros sintomas da

    crise ambiental, surgiram na dcada de 50.

    Em 1952, o smog, poluio atmosfrica de origem industrial,provocou muitas mortes em Londres. A cidade de Nova York viveu omesmo problema no perodo de 1952 a 1960. Em 1953, a cidade japonesade Minamata enfrentou o problema da poluio industrial por mercrio emilhares de pessoas foram intoxicadas. Alguns anos depois, a poluio

    por mercrio aparece novamente, desta vez na cidade de Niigata, tambmno Japo

    (Porto, 1996; Czapski, 1998).

    Em 1971, ocorre a primeira reunio do Conselho Interministerial da Coordenao do

    Programa sobre o Homem e a Biosfera, MAB (onde Participaram cerca de 30 pases e

    diversos organismos internacionais FAO,OMS, IUCN), na qual as discusses comeam a

    dar nfase ao carter multidisciplinar do meio ambiente, considerando a conservao da

    natureza no s como questo cientfica, mas, sobretudo, de carter poltico, social e

    econmico, ou seja, de aes antrpicas sobre a biosfera. Esta concepo, determinante para aquesto ambiental, consolida-se em 1982, quando a Comisso Mundial para o Meio Ambiente

    e Desenvolvimento publica, no Relatrio Brutndtland, o conceito de desenvolvimento

    sustentvel fazendo oposio ao crescimento econmico mundial sem limites.O relatrio

    sugere um desenvolvimento que atenda as necessidades do presente sem comprometer a

    capacidade das geraes futuras de atenderem suas prprias necessidades. A partir de ento,

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    esse conceito usado como base s discusses dos modelos econmicos, sociais e polticos a

    serem adotados s questes internacionais e nacionais sobre meio ambiente.

    Em 1972, o Clube de Roma publicou um relatrio chamado Os Limites do

    Crescimento, onde se fazia uma previso bastante pessimista do futuro da humanidade, casoas bases do modelo de explorao no fossem modificadas. No mesmo ano, a Organizao

    das Naes Unidas (ONU) realizou em Estocolmo, Sucia, a Conferncia das Naes Unidas

    sobre o Ambiente Humano, onde foi criado o Programa das Naes Unidas para o Meio

    Ambiente (PNUMA).

    Em 1975, na cidade de Belgrado, ocorreu o Seminrio Internacional de Educao

    Ambiental, o qual resultou na famosa Carta de Belgrado. Neste encontro, 65 pases se

    reuniram para formular os princpios orientadores do Programa Internacional de Educao

    Ambiental (PIEA), que passa, ento, a existir formalmente.

    Ocorrida em 1977, a Conferncia Intergovernamental de Tbilise, primeira conferncia

    dedicada especialmente EA, constri seus princpios, objetivos e estratgias de

    implementao internacionalmente reconhecidas. Tais como o enfoque humanstico, holstico,

    sistmico, descentralizado, democrtico e participativo. A base fundamental da Conferncia

    foi a recomendao aos Estados-Membros que integrassem a EA s polticas nacionais e a

    definio de se confiar escola um papel determinante no conjunto da Educao Ambiental

    e organizar, com este objetivo, uma ao sistemtica na educao primria esecundria

    (SORRENTINO, 1998), quando a EA compreendida como tema a ser contemplado em cada

    rea de conhecimento, e no como disciplina especfica, singular.O discurso de EA em

    Tbilisi aparece mais articulado. Ao analisarmos as recomendaes da Unesco se pode

    observar a transio de uma concepo de educao ambiental centrada na modificao de

    valores e comportamentos individuais, para uma preocupao com a transformao como

    projeto coletivo (p. 45). Loureiro (2004) tambm observa avanos nas propostas de Tbilisi,

    que une a EA ao meio educativo, articulando as dimenses ambientais e sociais. E tambm

    ressalta o cuidado que se tem em no creditar somente EA a responsabilidade de reverter oquadro da crise ambiental . (SORRENTINO, Op. cit.)

    Assim diante desse contexto instalado no cenrio mundial:Inicia-se um profundo questionamento dos conceitos progresso e

    crescimento econmico. Algumas correntes de pensamento afirmavam que ocrescimento econmico e os padres de consumo (nos nveis da poca) noso compatveis com os recursos naturais existentes. Uma das idias centraisera a de que os seres humanos no s estavam deliberadamente destruindo omeio ambiente, exterminando espcies vegetais e animais, como tambm

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    colocando sua prpria espcie em risco de extino (Ehlers, 1995). Parte dessascorrentes buscava formas de sensibilizar a opinio pblica sobre a urgncia dadiscusso acerca dos custos ambientais e sociais do desenvolvimento. Previama necessidade de serem desenvolvidas novas bases para o crescimentoeconmico, bases compatveis com a preservao dos recursos naturaisexistentes. Dentro desse processo dinmico e efervescente de discusso,

    esboaram-se os conceitos Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentvel,como a base terica para repensar, em termos perenes, a questo docrescimento econmico e do desenvolvimento.

    (Marcatto, 2002)

    Em 1997, no Japo, realizou-se a Conveno das partes sobre Mudanas Climticas

    que discutiu sobre a grande emisso de gases poluentes na atmosfera. Nesse encontro foi

    assinado o Protocolo de Kyoto, onde os pases desenvolvidos assumem o compromisso de

    reduo da quantidade de gases que provocam o efeito estufa ou aquecimento terrestre. Para

    que o Protocolo possa ser aprovado e entrar em vigor, precisa ser ratificado por pases

    responsveis por 55% das emisses de gases do efeito estufa, verificados em 1990. O perodo

    previsto para entrar em vigor as aes de reduo dos gases entre 2008 e 2012

    Em agosto de 2002 realizou-se em Johannesburgo, frica do Sul, o Encontro da Terra,

    tambm conhecida como Rio+10, pois teve a finalidade de avaliar as decises tomadas na

    Conferncia do Rio em 1992.

    Nesse encontro foi realizado um balano dos dez anos da Agenda 21 e reafirmou-se a

    insustentabilidade do modelo econmico vigente. A EA, dentro da perspectiva desse evento,

    afirmada como uma estratgia para alcanar o desenvolvimento sustentvel.

    2.2 - A institucionalizao da questo ambiental no Brasil

    Ao final de 1973, como resultado da grande presso internacional que o governo

    brasileiro sofreu aps a Conferncia de Estocolmo, criado o primeiro organismo oficial

    brasileiro para gesto integrada de meio ambiente. A Secretaria Especial do Meio Ambiente

    (SEMA) funcionou entre os anos de 1974 e 1989 e, aps esse perodo, une-se com outros

    organismos oficiais e forma o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA). Apesar dos

    seus limites institucionais, a SEMA exerceu na poca um papel importante na estruturao de

    polticas pblicas voltadas para o meio ambiente. Foi responsvel pelo primeiro esforo de

    incorporar a temtica ambiental no ensino formal ao organizar em Braslia, juntamente com a

    Fundao Educacional do Distrito Federal e a Fundao da Universidade de Braslia, cursos

    de extenso para professores de ensino fundamental. Entre 1977 e 1981, desenvolveu o

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    projeto de Educao Ambiental de Ceilndia (DF) que foi pioneiro ao pensar um currculo

    interdisciplinar e unir a educao escolar com as demandas da sua comunidade e tambm

    fomentou a discusso ambiental nas Universidades ao promover uma srie de debates e

    seminrios. Em 1986, com o amparo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico

    (CNPq), da Fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    (CAPES) e Pnuma, organiza o I Curso de Especializao em Educao Ambiental,

    juntamente com a Universidade de Braslia (UnB), voltada para formao de profissionais de

    nvel superior (DIAS, 1991; MEYER, 1994).

    No Brasil esse pensamento globalizante em relao s questes ambientais se efetivou

    com a promulgao da Poltica Nacional de Meio Ambiente (PNMA) em 1981. Foi a primeira

    lei que assegurou um tratamento abrangente, sistemtico e instrumentalizado para a proteo

    do meio ambiente em todo o territrio nacional. Na Constituio Federal Brasileira de 1988,vrios dispositivos institudos pela PNMA foram explicitamente recepcionados, o qual vale

    citar o artigo 225, no 1, inciso VI promover a educao ambiental em todos os nveis de

    ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.

    Em 1991, ocorreu o Encontro Nacional de Polticas e Metodologias para a Educao

    Ambiental, promovido pelo MEC e SEMA, com apoio da UNESCO/Embaixada do Canad

    em Braslia, com a finalidade de discutir diretrizes para definio da Poltica da Educao

    Ambiental e foi assinada a Portaria 678/91 do MEC, determinando que a educao escolar

    deveria contemplar a EA, permeando todo o currculo nos diferentes nveis e modalidades de

    ensino, enfatizando a necessidade de investir na capacitao de professores.

    Assim, foram criadas duas instncias no Poder Executivo, destinadas a lidar

    exclusivamente com a Educao Ambiental, que segundo FREIRE (2006), seriam: o Grupo

    de Trabalho de Educao Ambiental do MEC, que em 1993 se transformou na Coordenao

    Geral de Educao Ambiental (COEA/MEC), com o objetivo de definir com as Secretarias

    Estaduais de Educao, as metas e estratgias para a implantao da EA no pas e elaborar

    proposta de atuao do MEC na rea da educao formal e no-formal para a Conferncia daONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. E a Diviso de Educao Ambiental do

    Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA), cujas

    funes serviram para institucionalizao da Poltica de Educao Ambiental no mbito do

    SISNAMA. No ano seguinte, o IBAMA instituiu os Ncleos de Educao Ambiental em

    todas as suas superintendncias estaduais, visando operacionalizar as aes educativas no

    processo de gesto ambiental na esfera estadual. (FREIRE et al, 2006; BRASIL, 2005)

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    Quatro anos aps a promulgao da Constituio, realizado no Rio de Janeiro, A

    Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92),

    reunindo cerca de 130 pases, foi um dos maiores encontros de discusses sobre o meio

    ambiente.

    Dessa Conferncia resultaram alguns documentos que permearo as polticas dos

    governos para o futuro do meio ambiente. Um dos principais documentos resultantes do

    evento foi a Agenda 21, que se constitui em um programa recomendado aos governos,

    agncias de desenvolvimento, rgos das Naes Unidas, organizaes no governamentais e

    sociedade civil de um modo geral, para ser colocado em prtica a partir de sua aprovao, em

    14 de junho de 1992, e implementado ao longo do sculo 21. A partir de ento, tem-se uma

    serie de acontecimentos que incentivam e legitimam a ao de EA,

    J em 1993, o MEC instituiu um Grupo de Trabalho para EA, com o objetivo de

    coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as aes, metas e estratgias para a

    implementao da EA nos sistemas de ensino em todos os nveis e modalidades

    concretizando as recomendaes aprovadas na ECO 92 (FREIRE et al, 2006).

    Nessa perspectiva, os Ministrios da Educao, Meio Ambiente, Cultura, Cincias e

    Tecnologia criaram, em 1994, o Programa Nacional de Educao Ambiental (ProNEA) com o

    objetivo de capacitar os profissionais dos sistemas de educao formal e no-formal, supletivo

    e profissionalizante, em seus diversos nveis e modalidades. O ProNEA busca atingir trs

    diretrizes: (a) capacitao de gestores e educadores; (b) desenvolvimento de aes educativas

    e; (c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias (FREIRE et al, 2006; BRASIL, 2006).

    Embora tenhamos feito aqui meramente uma apresentao cronolgica dos fatos a

    cerca do processo de construo da questo ambiental no Brasil, no podemos perder de vista

    que esse processo marcado por tendncias e ideologias polticas e acadmicas, as quais

    norteiam o processo de construo do conhecimento acerca da educao ambiental e

    influenciam na forma como este apropriado.

    Tendo em vista esse carter de diviso ideolgica e poltica que se instala no processo

    de construo e desenvolvimento da gesto ambiental no Brasil, adotamos aqui uma proposta-

    sntese de periodizao do processo de desenvolvimento da gesto ambiental.

    Para Bordalo (1999), o desenvolvimento da poltica ambiental no pas seque uma

    periodizao organizada em trs fases, na qual denomina a primeira como perodo

    conservacionista, que vai da dcada de 1930 a 1970, no perodo criam-se as primeiras

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    normatizaes para apropriao e explorao dos recursos naturais, e na dcada de 1970 que

    se inicia a institucionalizao da gesto ambiental no pais com a criao da SEMA. A

    segunda, que chama de poltico-institucional, ocorre durante a dcada de 1980, e marca o

    pice da interveno estatal, com a constituio federal de 1988, a distribuio da

    competncia para todas as esferas do estado e com os estudos de impacto ambiental

    coordenados pelo SISNAMA e a terceira, na dcada de 1990, que assume um carter

    descentralizado e participativo, com a participao da sociedade civil e a difuso do conceito

    de sustentabilidade.

    Lago (2002), citando Reigota (1995), Carvalho (1998) e Medina (1994), nos diz que:

    existem, no Brasil e no mundo, duas vertentes que disputam a.hegemonia para orientar os fundamentos da educao ambiental. So elas:a vertente Ecolgico-preservacionista e a vertente Scio-ambiental. De

    acordo com Medina, a primeira tendncia conceituada como detreinamento, onde ocorre a transmisso de conceitos especficosimportantes, mas que no so suficientes, e a segunda uma abordagemque considera os aspectos polticos, sociais, econmicos, culturais,ambientais e histricos, numa viso integrada, necessria para a construode um conhecimento crtico e consciente sobre o meio ambiente.

    2.3 - A legislao brasileira sobre educao ambiental

    Marcatto (2002), ao analisar a legislao brasileira sobre EA afirma que existem

    vrios artigos, captulos e leis brasileiras com importncia para a educao ambiental. Umadas primeiras leis que cita a educao ambiental a Lei Federal N 6938, de 1981, que institui

    a Poltica Nacional do Meio Ambiente. A lei aponta a necessidade de que a Educao

    Ambiental seja oferecida em todos os nveis de ensino.

    A Constituio Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, estabelece, em seu

    artigo 225, que: Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

    uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e

    coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as atuais e futuras geraes; cabendo

    ao Poder Pblico promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a

    conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao, Lei N 9394, de dezembro de 1996, reafirma

    os princpios definidos na Constituio com relao Educao Ambiental: A Educao

    Ambiental ser considerada na concepo dos contedos curriculares de todos os nveis de

    ensino, sem constituir disciplina especfica, implicando desenvolvimento de hbitos e atitudes

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    sadias de conservao ambiental e respeito natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola

    e da sociedade. No ano de 1997, foram divulgados os novos Parmetros Curriculares

    Nacionais - PCN. Os PCNs foram desenvolvidos pelo MEC com o objetivo de fornecer

    orientao para os professores. A proposta que eles sejam utilizados como instrumento de

    apoio s discusses pedaggicas na escola, na elaborao de projetos educativos, no

    planejamento de aulas e na reflexo sobre a prtica educativa e na anlise do material

    didtico. Os PCN enfatizam a interdisciplinaridade e o desenvolvimento da cidadania entre

    os educandos. Os PCN estabelecem que alguns temas especiais devem ser discutidos pelo

    conjunto das disciplinas da escola, no constituindo-se em disciplinas especficas. So os

    chamados temas transversais. Temas transversais definidos pelos PCN: tica, sade, meio

    ambiente, orientao sexual e pluralidade cultural.

    No entanto, uma lei merece destaque por ser o marco que propiciou a legitimao daEducao Ambiental como poltica pblica nos sistemas de ensino: a Lei n 9.795, de 28 de

    abril de 1999, que dispe sobre a Poltica Nacional de Educao Ambiental (PNEA),

    determina a incluso da EA de modo organizado e oficial no sistema escolar brasileiro.

    Dentre as polticas publicas, o Programa Nacional de Educao Ambiental (PRONEA)

    merece destaque. Em dezembro de 1994 foi criado pela presidncia da repblica o

    (PRONEA), em funo da Constituio Federal de 1988 e dos compromissos internacionais

    assumidos com a Conferncia do Rio, compartilhado pelo ento Ministrio do Meio

    Ambiente, dos Recursos Hdricos e da Amaznia Legal e pelo Ministrio da Educao e do

    Desporto, com a parceria do Ministrio da Cultura e do Ministrio da Cincia e Tecnologia. O

    PRONEA foi executado pela Coordenao de Educao Ambiental do MEC e pelos setores

    correspondentes do MMA/IBAMA, responsveis pelas aes voltadas respectivamente ao

    sistema de ensino e gesto ambiental, embora tambm tenha envolvido em sua execuo,

    outras entidades pblicas e privadas do pas (BRASIL, 2003).

    O ProNEA busca atingir trs diretrizes: (a) capacitao de gestores e educadores; (b)

    desenvolvimento de aes educativas e; (c) desenvolvimento de instrumentos e metodologias.Dentro dessas linhas de ao e estratgias responsvel por realizar, a cada dois anos, a

    Conferncia Nacional de Educao Ambiental, precedida de conferncias estaduais e o apoio

    Rede Brasileira de Educao Ambiental na realizao dos Fruns Brasileiros de Educao

    Ambiental antecedidos por fruns estaduais (BRASIL, 2003).

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    Em 1995 foi criada a Cmara Tcnica temporria de Educao Ambiental no Conselho

    Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, que foi determinante para o fortalecimento da EA

    no Brasil.

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    3 - A QUESTO AMBIENTAL E EDUCAO

    A EA surge a partir dos anos de 1960 sobre a tica conservacionista, como j foi

    periodizado, reflexo darealidade histrica e da lgica social e poltica do perodo.

    Como j visto anteriormente, grandes conferncias internacionais, a partir de 70,

    tornaram a criao de programas de educao ambiental imperativo para transformao da

    sociedade. Assim,polticas de educao ambiental fazem parte das aes do estado que as

    implanta nos sistemas educacionais

    Acumulando leituras sobre a questo ao longo do curso de graduao em geografia

    pudemos perceber que a Educao Ambiental est ligada a dois eixos que me parecemessenciais: a questo dos desequilbrios ecolgicos, dos desgastes da natureza, e a questo da

    educao.

    Parece-nos obvio a primeira vista, porem, o que nos interessa questionar a que

    abordagens e a que lgicas esto ligadas seus estudos e prticas?

    Os desequilbrios ambientais e a educao so heranas de um modelo de

    desenvolvimento socioeconmico que se caracteriza pela reduo da realidade a seu nvel

    material econmico (Tristo, 2005). Dentro desta realidade a educao tem em sua herana a

    diviso do conhecimento em disciplinas que fragmentam a realidade, pela reduo do ser

    humano a um sujeitoracional, pela diviso das culturas.

    Segundo Munhoz (2004), uma das formas de levar educao ambiental comunidade

    pela ao direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Atravs de

    atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos podero entender

    os problemas que afetam a comunidade onde vivem. Porem, preciso atentarpara as formas

    como esses conceitos so apropriados pelos educadores ambientais e que posicionamentos

    poltico pedaggicos seriam mais relevantes?

    A diversidade de nomenclaturas hoje enunciadas (referenteaos diversos adjetivos atribudos ao substantivo ambiental, educaoambiental, ecologismo ambiental, educao ambiental critica...),retrata um momento da educao ambiental que aponta para anecessidade de se re-significar os sentidos identitrios e fundamentaisdos diferentes posicionamentos poltico pedaggicos. (...) O fato quedesignar diferentemente esse fazer educativo voltado questoambiental, convencionalmente intitulado de Educao Ambiental,

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    tambm estabelece outras identidades, enunciadas no prprio nome,carregadas de significados (LAYRARGUES, 2004).

    Observar o espao geogrfico sob uma perspectiva ambiental significa tornar claras as

    inter-relaes e interdependncias dos diversos elementos que compe a mesma. medida

    que a humanidade evolui suas tcnicas, aumenta sua capacidade de intervir na natureza parasatisfao de necessidades e desejos produzidos pela lgica materialista-desenvolvimentista,

    surgem tenses e conflitos quanto ao uso do espao e dos recursos.

    Um modelo de civilizao tem se imposto com o passar dos sculos, alicerado na

    industrializao, com sua forma de produo e organizao do trabalho, com os modelos de

    otimizao de explorao dos recursos naturais, a mecanizao da agricultura, o uso intensivo

    do solo, a utilizao de agrotxicos e a concentrao populacional nas cidades.

    3.1 - Educao ambiental e ensino formal no Brasil

    A educao ambiental no ensino formal tem enfrentado inmeros desafios, entre os

    quais poderamos destacar o de como se inserir de forma central nas prticas escolares a partir

    de sua condio de transversalidade.

    A EA tem como ideal a interdisciplinaridade e uma nova viso de organizao do

    conhecimento, o que a fez constituir-se como temtica transversal, porem sua essncia

    inovadora pode ser uma faca de dois gumes, pois isso pode significar tanto ganhar o

    significado de estar em todo lugar quanto, ao mesmo tempo, no pertencer a nenhum dos

    lugares j estabelecidos na atual estrutura curricular de ensino.

    A EA encontra-se numa encruzilhada, ou muda ao menos minimamente essa estrutura

    ou permanece a margem, sem construir mediaes adequadas e experincias significativas de

    aprendizado pessoal e institucional.

    Em 1996 a Secretaria de Educao Fundamental - SEF definiu as grandes diretrizes

    bsicas que deveriam ento orientar os processos de ensino-aprendizagem no ensinofundamental, que tem como temas norteadores a dignidade da pessoa humana, a igualdade de

    direitos, participao e co-responsabilidade pela vida social. Ressaltando a importncia da

    educao para formao de seres sociais reflexivos e crticos.

    O MEC, viaSecretaria de Educao Fundamental SEF, lanou os Parmetros

    Curriculares Nacionais PCNs do Ensino Fundamental, com a inteno de ampliar e

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    aprofundar um debate educacional envolvendo escolas, pais, governos e sociedade, para que

    servissem de apoio s discusses e ao desenvolvimento do projeto educativo das escolas,

    reflexo sobre a prtica pedaggica, ao planejamento das aulas, anlise e seleo de

    materiais didticos e de recursos tecnolgicos e, em especial, que pudessem contribuir para a

    formao e reciclagem dos professores. (BRASIL, 2001)

    3.2 - Os PCNs e a Geografia

    A Geografia, na proposta dos Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998),

    tem um tratamento especfico enquanto campo de conhecimento, uma vez que oferece

    instrumentos essenciais para compreenso e interveno na sociedade. A partir de

    determinadas leituras podemos compreender como diferentes sociedades interagem com a

    natureza na construo de seu espao, as singularidades e as similaridades dos lugares em que

    vivemos, e, assim, adquirirmos uma conscincia maior dos vnculos identitarios que

    estabelecemos com os mesmos. Tambm podemos conhecer as mltiplas relaes entre os

    lugares, distantes no tempo e no espao, assim como as cristalizaes do passado no presente

    do passado no presente (Santos, 1980).

    Nos PCNs, a parte de Geografia prope um trabalho pedaggico que se prope a

    ampliar a capacidade dos alunos, do ensino fundamental, de interpretar, comparar erepresentar o lugar em que vivem a partir de diferentes paisagens e espaos geogrficos.

    A primeira parte descreve uma epistemologia da Geografia, enquanto cincia e

    disciplina escolar, mostrando suas tendncias atuais e sua importncia na formao do ser

    social. Nesta so expostos tambm os conceitos, os procedimentos e as atitudes a serem

    ensinados, para que os alunos se aproximem e compreendam a dinmica deste campo de

    conhecimento.

    Na segunda parte, encontramos sugestes de como pode ser trabalhado a disciplina,

    nas sries iniciais.

    Finalizando, o documento traz uma srie de indicaes sobre a organizao do

    trabalho escolar do ponto de vista didtico. Nas orientaes didticas, os princpios e os

    procedimentos de Geografia so apresentados como recursos a serem utilizados pelo professor

    no planejamento de suas aulas e na definio das atividades a serem propostas para os alunos.

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    Abro um parntese aqui para entrar finalmente, na questo da transversalidade que por

    definio, relaciona-se a temas que perpassam, atravessam diferentes campos do

    conhecimento, porm sem constituir novos campos disciplinares.

    A transversalidade ento pressupe pontos de encontro das distintas reas do saber,transpassa a noo fragmentaria de contedo e abre a noo de parte da realidade. A

    transversalidade um desafio maior do que em princpio se pretende propor, a abordagem de

    temas transversais sugere, a meu ver de forma direta, a globalizao do currculo.

    Assim, dentro de nossa analise, podemos compreender interdisciplinaridade converte-

    se em um veiculo transversalidade, e esta j se configura como necessidade e como reao

    diante das insuficincias do paradigma mecanicista.

    3.4 - Uma evoluo de conceitos da educao ambiental

    Diversas classificaes e denominaes explicitaram as concepes que preencheram

    de sentido as prticas e reflexes pedaggicas relacionadas questo ambiental, as

    concepes e perspectivas mais relevantes ao desenvolvimento deste trabalho sero abordadas

    posteriormente. Neste primeiro momento o intuito abordar de forma geral e apontar suas

    extensas vocaes.

    O Congresso de Belgrado, promovido pela UNESCO em 1975, definiu a EducaoAmbiental como sendo um processo que visa:

    (...) formar uma populao mundial consciente e preocupadacom o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, umapopulao que tenha os conhecimentos, as competncias, o estado deesprito, as motivaes e o sentido de participao e engajamento que lhepermita trabalhar individualmente e coletivamente para resolver osproblemas atuais e impedir que se repitam (...)

    (citado por SEARA FILHO, G. 1987).

    No Captulo 36 da Agenda 21, a Educao Ambiental definida como o processo que

    busca:

    (...) desenvolver uma populao que seja consciente epreocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes soassociados. Uma populao que tenha conhecimentos, habilidades,atitudes, motivaes e compromissos para trabalhar, individual ecoletivamente, na busca de solues para os problemas existentes epara a preveno dos novos (...)

    (Captulo 36 da Agenda 21).

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    Para Loureiro:

    A constatao dos fatos histricos, considerandoprincipalmente, o atual cenrio de descuido com os nossos recursosnaturais e com a Vida, podemos afirmar que, para verdadeiramentetransformarmos o quadro de crise em que vivemos, a EA se define

    como elemento estratgico na formao da ampla conscincia crticadas relaes sociais que situam a insero humana na natureza

    (LOUREIRO, 2003 In: Layrargues, 2004 ).

    Layargues, (2004), ao abordar a esfera educacional, nos diz que:

    ... Educao Ambiental, portanto o nome quehistoricamente se convencionou dar s prticas educativasrelacionadas questo ambiental. Assim, Educao Ambientaldesigna uma qualidade especial que define uma classe decaractersticas que juntas, permitem o reconhecimento de suaidentidade, diante de uma Educao que antes no era ambiental.

    Para Brando (2002):

    devemos aprender que a EA no outra matria a mais nasnossas escolas. No um dado contedo pedaggico extra destinado aaumentar a carga de contedos de nossos currculos escolares. Nouma nova ideologia ou uma nova pedagogia atrelada aos novosparadigmas, pois dentro de suas inmeras vocaes e vertentes cabemdiferentes filosofias de vida, diversas ideologias e diferentespedagogias.

    Sauv (1996) e Carvalho (2003) nos lembram que a EA adentra no campo

    educacional, mas a interface dos campos ambientais e educativos uma conquista da

    sociedade que vai alm de um acessrio s diversas formas de educaes, constituindo-se

    como um substantivo poltico forte que redimensiona o campo educacional e ambiental.

    Reconhecer o pertencimento da EA ao campo ambiental, posicionando-a na esteira

    dos movimentos sociais e ecolgicos mais que ao campo institucional educativo estrito senso

    , de certa forma, uma tomada de posio nesta disputa poltico-conceitual

    (Carvalho, op.cit.).

    Assim podemos resumir que a EA outro ponto de partida, um outro aprender a

    saber, olhar, sentir, viver e socializar. um cenrio cultural e pedaggico de convergncia

    de diversos campos de saber, de sentido e de ao que deveria vir a ser um caminho de

    encontros por meio do qual toda a educao que praticamos possa no apenas ser

    reformulada, mas sim transformada.

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    De posse disto, no que ser apresentado a seguir, Partimos do pressuposto de que a

    educao ambiental est imbuda de um contedo poltico e de que a ao educativa situa-se

    numa ampla e complexa relao de conflitos, histrica, social e culturalmente condicionados.

    Uma vs que este estudo voltado, principalmente analise dos conceitos e praticas adotadas

    na escola publica, desenvolve - se uma reflexo, ao longo do trabalho, e mais maciamente

    nesse primeiro momento, destacando, algumas passagens dos PCN de Meio Ambiente que

    consideramos relevantes para a apreenso da concepo de Educao Ambiental, sejam estas

    tradicionais ou no.

    De modo geral, os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) propem que a escola

    dever, ao longo das oito sries do ensino fundamental, oferecer meios efetivos para cada

    aluno compreender os fatos naturais e humanos referentes a essa temtica, desenvolver suas

    potencialidades e adotar comportamentos pessoais e sociais que lhe permitam viver numarelao construtiva consigo mesmo e com seu meio, colaborando para que a sociedade seja

    ambientalmente sustentvel e socialmente justa; protegendo e preservando todas as

    manifestaes de vida no planeta e garantindo as condies para que ela prospere em toda a

    sua fora, abundncia e diversidade.

    E no que diz respeito s perspectivas na esfera do currculo, conforme assin-la

    Silva (2003, p. 17), In apud velloso (2006, p. 60):

    (...) uma teoria defini-se pelos conceitos que utiliza paraconceber a realidade. (...). O autor define, da seguinte maneira, asgrandes categorias de teoria do currculo e os conceitos a elasassociados: s teorias tradicionais referem-se os conceitos ensino,aprendizagem, avaliao, metodologia, didtica, organizao,planejamento, eficincia e objetivos; s teorias crticas, ideologia,reproduo cultural e social, poder, classe social, capitalismo, relaessociais de produo, conscientizao, emancipao e libertao,currculo oculto e resistncia; s teorias ps-crticas, identidade,alteridade, diferena, subjetividade, significao e discurso, saber-poder, representao, cultura, gnero, raa, etnia, sexualidade emulticulturalismo.

    Aqui o discurso dos PCN apresenta, acerca da questo ambiental e da educao

    ambiental propriamente dita, uma tendncia conservadora na temtica:(...) fundamental a sociedade impor regras ao crescimento,

    explorao e distribuio dos recursos de modo a garantir aqualidade de vida daqueles que deles dependam e dos que vivem noespao do entorno em que so extrados ou processados. Portanto,deve-se cuidar, para que o uso econmico dos bens da Terra pelosseres humanos tenha um carter de conservao, isto , que gere omenor impacto possvel e respeite as condies de mximarenovabilidade dos recursos (...)

    (BRASIL, 1998, p. 173).

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    J em outros trechos, uma orientao crtica na qual o processo educativo est

    comprometido com a contextualizao e o aprofundamento da problemtica ambiental nas

    relaes sociais:

    (...) a questo ambiental impe s sociedades a busca de novas formas de pensar eagir, individual e coletivamente, de novos caminhos e modelos de produo de bens, para

    suprir necessidades humanas, e relaes sociais que no perpetuem tantas desigualdades e

    excluso social, e, ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecolgica . Isso implica

    um novo universo de valores no qual a educao tem um importante papel a desempenhar

    (BRASIL, 1998, p. 180).

    3.5 - Racionalidade, modernidade, educao e a problemtica ambiental

    SALINAS (1989), In: BORDOLOZZI (1997), nos diz que dentro da construo de um

    pensamento racional seria coerente esperar que o acmulo de conhecimentos permitisse ao

    homem dominar de forma plena a natureza racionalizando indefinidamente suas condies de

    vida, baseado na crena de que razo cincia e tecnologia impulsionariam a historia

    continuamente em direo a verdade e a melhoria das condies de vida, porem, o quadro de

    crises, mais civilizatrias que ambientais, se constituem no prprio cenrio da modernidade

    reforando que nada considerado mais atual em qualquer poca que a obsesso pelatecnologia e seus efeitos sobre a humanidade pois a forma de explorao dos recursos

    naturais estabelecida pelo homem, associada a explorao cruel do modo de produo que

    resulta no modelo de degradao ambiental em que vivemos .

    A esses termos, a racionalidade passou a ser uma faca de dois gumes quando esta

    inseri a natureza no processo produtivo incorporando-a em sua cultura de dominao,

    ignorando sua prpria existncia enquanto integrante da natureza.

    A revoluo cientifica (sec. XVIII), de modo geral, instituiu uma feio mecanicista natureza. Com a revoluo industrial, ocorrem tambm mudanas nas condies econmicas,

    sociais, polticas e culturais instaurando uma reformulao nas necessidades de consumo,

    provocado pelo modo de produo capitalista como aponta (LEFEBVRE In: SANTOS, 1994)

    quando mostra que o modo de produo atual esta voltado mais para uma revoluo

    cientifica e tcnica e no social e poltica.

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    De acordo com BORDOLOZZI (1997) em meados do sculo XX, com a expanso

    econmica e o processo de globalizao instalados no mundo, e a formao de multinacionais,

    intensificam-se as formas de apropriao da natureza, A sociedade da produo industrial,

    tecnolgica e cientifica transforma natureza em recurso e organiza-se de forma cada vez mais

    eficaz explorao, tornando-se irracional.

    A partir destes entendimentos a cerca de razo, modernidade e educao ambiental,

    torna-se mais clara a percepo dessa necessidade de trazer a temtica ambiental para a sala

    de aula.

    Os novos Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 19998) propem trabalhar a

    questo ambiental de forma transversal. Temas transversais so temas norteadores dos saberes

    dentro do currculo da escolaridade obrigatria, traam eixos que guiam os contedos, as

    praticas, e as orientaes didticas de todas as disciplinas. Com isso pretende-se que esses

    temas ajam como saberes integradores das reas convencionais relacionando-as aos temas

    atuais.

    A luz dos pensamentos de Bordolozzi, podemos entender que papel da educao e

    ao nosso entendimento por conseqncia do educador contribuir para a mudana

    paradigmtica do saber atravs de aes que possam gerar agentes crticos e modificadores

    da realidade.

    Dentro de um caminho mais bem delineado na esfera do papel da educao, esta acompreenso da organizao do espao e das relaes sociais, e nestas a resposta para

    formao de um cidado comprometido com a questo ambiental, da a importncia do ensino

    de geografia, o qual tem essas questes em sua base construtiva, seu objeto de estudo: o

    espao geogrfico.

    Desse modo, a educao pode abrir caminhos para o desenvolvimento de novos

    valores necessrios ao encaminhamento de uma mudana paradigmtica do saber, o que

    ocasionara uma conscientizao da importncia da produo de novos conhecimentos,

    rompendo segundo LEFEBVRE (op. Cit.), com os fatores de homogeneizao hierarquizao

    e fragmentao do cotidiano (...).

    E pode-se entender tambm que as transformaes que se verificam no mundo atual

    trazem consigo preocupaes que historicamente envolvem a pesquisa e o ensino de

    geografia, e que esta se encontra, mais que nunca, instigada a responder a questionamentos

    como: Como relacionar o local e o global? Como sensibilizar os alunos para a importncia do

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    conhecimento da geografia para a sua vida em suas mltiplas dimenses e, em especial, para a

    compreenso dos problemas ambientais?

    Trata-se de questes que indicam queemerge a necessidade de se repensar a

    contribuio do ensino da Geografia temtica ambiental na Educao Bsica.

    Entende-se que, para que o ensino forme o aluno do ponto de vista reflexivo, flexvel,

    crtico e criativo, fundamental que este se torne um agente da pesquisa da realidade, e no

    somente um receptor do conhecimento produzido por outros. Nesse sentido, espao

    geogrfico passa a ser entendido como o resultado de uma construo do conhecimento e

    no um dado preexistente em si (OLIVEIRA, 1990, p. 28).

    3.6 - Uma aproximao com a geografia: Geografia, sociedade e educao

    Este tpico tem por pretenso aproximar a problemtica ambiental ao ensino de

    geografia, apontando os principais objetos e justificativas do estudo, e procurando apresentar

    quais so os paradigmas que constroem a viso do educador de geografia.

    Se partirmos do pressuposto da produo do espao como um produto da ao

    humana, encontramos as bases para adequao das lentes entre geografia e educao

    ambiental, uma vez que a produo do espao, atravs do trabalho humano, implica na

    transformao da natureza, e a partir da, podemos demonstrar a importncia das mesmas

    sociedade.

    Podemos observar a estreita relao do olhar geogrfico com a formao do tecido

    social Quando a geografia interpreta a formao da sociedade a partir das relaes de

    proximidade, levando a compreenso geogrfica dos lugares um pouco alem da objetividade do

    mundo fsico, tendo como objeto o espao vivido. Isso esta demonstrado de forma clara em

    FRMONT:

    O espao vivido toma dimenses sociais medida que se forma,da criana at o homem. A me e o pai, os irmos, os camaradas eos professores, os parentes e as amizades, os grupos profissionais eas relaes de vizinhana, mais alm a sociedade regional ou ovasto mundo da sociedade global constituem outras tantaspessoas ou grupos que animam os crculos da vida. As relaessociais manifestam-se atravs de certas reparties espaciais.Inversamente, as estruturas do espao humanizado no podem sercaptadas sem referncia ao conjunto das relaes de sociedade.(FRMONT, 1980 In:REFFATTI, 2001 ).

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    Esta interpretao pode tambm ser aplicada escola, como vemos em Rego:

    A escola espao privilegiado para educar a intersubjetividade pode ser tambm o espao onde a geografia supere adisciplinaridade coisificante para se converter na produo desaberes que faam da transformao do espao vivido o objetocatalisador de pensamentos e aes dos educandos. Oconhecimento geogrfico produzido na escola pode ser oexplicitamente do dilogo entre a interioridade dos indivduos e aexterioridade das condies do espao geogrfico que oscondiciona sendo esse dilogo mediado pelas dinmicasintersubjetivas estabelecidas na relao educacional,intersubjetividades que podem chegar a acordos referentes nosomente ao como compreender, mas tambm, em alguma medida,ao como transformar a realidade cotidianamente vivida.(Rego, 2000 In:REFFATTI, 2001 ).

    A Geografia, concebida de uma maneira crtica, tem como primeira preocupao a

    transformao da ordem social:

    Os gegrafos crticos, em suas diferenciadas orientaes, assumem a perspectiva

    popular, da transformao da ordem social. Buscam uma geografia mais generosa e um

    espao mais justo, que seja organizado em funo dos interesses dos homens (MORAES,

    1997, p. 127).

    A luz das idias de Milton Santos (1996), podemos dizer que o que marca a entrada do

    sculo XXI a velocidade das transformaes da sociedade e o fluxo de informaes, a

    rapidez com que acontecem as coisas acaba influenciando na transformao do espaotrazendo conseqncias que nem sempre so pensadas junto aos movimentos de produo e

    apropriao em suas diferentes escalas, causando certos impactos ao meio.

    Alguns dos temas mais discutidos na atualidade so referentes a questo ambiental,

    secas, enchentes, desmatamento, monoculturas, reserva hdrica entre outros. A emergncia

    destes problemas ambientais nas ltimas dcadas trouxeram novos desafios tanto sociedade

    quanto s cincias, no raro vermos movimentos sociais nas manchetes ou trabalhos

    acadmicos que utilizam paradigmas da temtica ambiental.

    Souza Santos (1996) In: Goettems (2006), defende que estamos numa fase de

    transio paradigmtica, tanto no mbito epistemolgico como no social: do paradigma da

    modernidade para um outro que, por no ter ainda um nome, por muitos autores

    caracterizado como ps-modernidade. Um dos sinais de desgaste da modernidade

    demonstrado pelas degradaes ambientais, resultantes do processo de desenvolvimento que

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    se d como sinnimo de acumulao capitalista, e que acaba gerando uma viso de natureza

    enquanto recurso, como mera condio de produo.

    A partir desta viso de natureza enquanto recurso forma-se as bases para a apropriao

    e o controle dos espaos que dispe destes recursos. O estabelecimento de controle e relaesde poder dentro de um determinado espao configura um territrio, organizando novos

    recortes geogrficos.

    Essa relao sociedade/natureza, baseada na apropriao de recursos, discutida na

    cincia geogrfica, como afirma Moraes (1994, p. 83), quando diz que: Algumas disciplinas

    tm aspectos da temtica ambiental dentro de seu horizonte tradicional de pesquisa. o caso

    da Geografia, por exemplo, que tem na relao homem/natureza um de seus mais clssicos

    temas de reflexo. Portanto, entendemos que a Geografia uma das cincias, que pode e

    deve trabalhar a Educao Ambiental como parte de sua rea de atuao.

    Assim, a Educao Ambiental presente no contedo do ensino bsico tratado pela

    Geografia, tem importncia fundamental para a construo de uma sociedade mais igualitria

    e para o uso racional dos recursos naturais, uma vez que os mais pobres so os mais afetados

    pela degradao do Planeta.

    Isto justifica a pertinncia e a importncia da Educao Ambiental. Isso se deve ao

    tamanho do problema que a sociedade conseguiu gerar no que tange maneira de interferir no

    ambiente

    Partimos assim do entendimento de que o ensino de geografia deve incorporar a

    problemtica ambiental e esclarecer que um mesmo espao pode constituir-se de diferentes

    problemas ambientais ou problemas ambientais semelhantes podem ocorrer em espaos

    distintos, porem, o que no se diferenciam so as causas que os originam. Assim, embora os

    problemas ambientais possam ter essas configuraes, suas causas so oriundas de um mesmo

    processo histrico de produo do espao geogrfico e de sua organizao e gesto territorial.

    Dessa forma, a prpria observao dos cenrios de degradao ambiental mostra a

    necessidade de uma autntica educao ambiental. (BORTOLOZZI, 1997).

    A geografia, ao abordar a questo ambiental, deve procurar no interpretar sociedade e

    natureza como plos antagnicos e excludentes, e sim possibilitar uma abordagem crtica das

    prticas concretas dos atores que atuam na organizao do espao

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    BORTOLOZZI (1997) ressalta tambm que os conhecimentos produzidos nas prticas

    escolares podem contribuir para uma gesto adequada dos problemas ambientais e para

    caminhar para um desenvolvimento sustentvel, pois isso ser possvel se contarmos com a

    participao de cidados conscientes.

    Segundo ele, questes como esta so pertinentes ao intuito deste trabalho de tentar aproximar

    problemtica ambiental, ensino e geografia, pois, enfatiza a necessidade da integrao entre

    escola e comunidade atravs de praticas docentes voltadas para uma EA integradora, onde a

    escola entendida como parte de espao geogrfico que foi socialmente construdo e tambm

    como um lugar de contradies que, se por um lado (re)produz formas estticas de explicar a

    realidade, por outro, pode apresentar elementos geradores de mudanas

    Introduzimos aqui, rapidamente, a questo da interdisciplinaridade, a qual entendemos

    ser uma ferramenta indispensvel para uma mudana paradigmtica na forma como se

    apresenta o saber, ou seja, a busca de uma viso mais completa da realidade. No processo de

    analise das escolas, a prxis no ensino de geografia, ao que posso compreender o

    desenvolvimento da educao ambiental, em alguns casos, parece estar perpetuando as

    mentalidades e praticas conservadoras j existentes em vez de construir novos pontos de vista.

    A questo da integrao no ensino de geografia deve ter dentro de si o conhecimento

    da realidade prxima ao aluno, como forma de educ-lo para cidadania. Assim, o ensino de

    geografia pode explicar como o espao geogrfico produzido socialmente.

    Sem esquecer que importante considerar tambm as vises que o professor de

    geografia tem sobre a questo da educao ambiental, pois suas praticas de ensino so guiadas

    pelas mesmas.

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    4 - A PERQUISA EM CAMPO: UMA ANALISE DAS ESCOLAS

    4.1 - Uma abordagem de educao

    No campo de abrangncia da educao e suas abordagens, destacamos aqui as de

    concepo dialtica, com as tradies marxistas e humanistas. Como a abordagem histrico-

    social crtica, elaborada por Saviani (2003), a qual faz parte tambm da tradio

    emancipatria.

    Para Saviani (2003), Uma teoria pedaggica crtica se "levar em conta os

    determinantes sociais da educao"; no-crtica se "acreditar (...) ter a educao o poder de

    determinar as relaes sociais, gozando de uma autonomia plena em relao estrutura

    social" (p.93).

    Ele nos diz que a pedagogia histrico-crtica, embora "consciente da determinao

    exercida pela sociedade sobre a educao", fato que a torna crtica, acredita que "a educao

    tambm interfere sobre a sociedade, podendo contribuir para a sua prpria transformao"

    (p.94), fato que a torna histrica.

    Ainda segundo Saviani, vivel, mesmo numa sociedade capitalista, "uma educao

    que no seja, necessariamente, reprodutora da situao vigente, e sim adequada aos interessesda maioria, aos interesses daquele grande contingente da sociedade brasileira, explorado pela

    classe dominante" (p.94).

    A educao, para Saviani, transmisso do saber, e precisa ser transmitido aos que

    esto sendo educados.

    Ento em resumo, uma teoria pedaggica, para ser histrico-crtica precisa reconhecer

    que a educao determinada socialmente, mas tambm admitir que ela possa transformar as

    condies sociais.

    4.2 - Apresentao das escolas

    Foram selecionadas duas escolas municipais como objetos de pesquisa Para

    desenvolvimento do processo emprico cujos resultados sero apresentados e analisados

    posteriormente a Fundao Centro de Referencia em Educao Ambiental Professor Eidorfe

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    Moreira e a E.M. Monsenhor Jos Maria Azevedo, ambas as escolas localizadas na ilha de

    Caratateua, ilha do esturio Guajarino e distrito administrativo do municpio de Belm.

    Estas foram selecionadas, primeiramente, por sua localizao geogrfica, por

    pertencerem a mesma localidade e terem como base as mesmas caractersticas ambientais;pela proposta pedaggica, caracterstica esta referente fundao Escola Bosque, e por serem

    da mesma esfera administrativa (municpio de Belm). As escolas esto situadas na regio

    insular de Belm, nos domnios da bacia hidrogrfica do rio Maguari (ilha de Caratateua), na

    regio metropolitana de Belm, local de grande extenso de reas verdes e recursos naturais

    que so utilizados pela populao local, principalmente com a economia informal com o

    turismo de lazer ou de frias para fins recreativos (balnerio), para fins de subsistncia (a

    exemplo a pesca artesanal), ou pela economia formal, representada por companhias de

    transporte martimo, movelarias, etc..

    Segundo seu prprio estatuto, finalidade da Escola Bosque fomentar a educao

    ambiental em carter formal e no formal, difundindo-a prioritariamente junto Rede

    Municipal de Ensino de Belm, mediante a formao de profissionais ligados rea de

    estudos sobre o meio ambiente e a implementao de projetos e aes educacionais voltados

    para a sua preservao. Atuando em parceria com a Secretaria Municipal de Educao, a

    Escola tem tambm como prioridade o atendimento demanda educacional das ilhas, que

    representam 69% da superfcie do Municpio de Belm.

    A proposta de formao educacional oferecida pela Escola Bosque baseia-se nos

    princpios da democratizao, no que se refere formao profissional, qualifica tcnicos em

    Manejo de Flora, Manejo de Fauna e Ecoturismo, voltados para o atendimento das demandas

    da regio amaznica.

    A E.M. Monsenhor Jos Maria Azevedo, apesar de no ter a mesma conduo do

    trabalho pedaggico este foco direcionado essencialmente a educao ambiental, est

    localizada em um bairro um pouco mais afastado das reas de aglomerao populacional,

    onde reside uma camada mais tradicional da comunidade. A populao predominante do lugar de famlias de baixa renda. Nesta comunidade configuram-se relaes de proximidade e

    vizinhana, aliceradas pela sobre-ocupao de descendentes que tambm caracteriza o lugar.

    De acordo com os dilogos do grupo focal, que veremos melhor a seguir, os alunos

    de ambas as escolas, em geral vem de famlias humildes que tem como base de seu sustento

    prestao servios, comumente informais.

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    Conclu assim, que aE.M. Monsenhor Jos Maria Azevedo seria a escola mais

    adequada para se comparar com os resultados da Fundao Centro de Referencia em

    Educao Ambiental Professor Eidorfe Moreira.

    4.3 - Os professores e as consideraes sobre a pesquisa de campo

    Foram selecionados para realizao deste trabalho oito professores como objetos de

    pesquisa Para desenvolvimento do processo emprico, porem, apenas trs professores se

    dispuseram a responder os questionrios, ainda com a restrio de no utilizar seus nomes no

    trabalho.

    Foram buscadas ainda outras escolas, entretanto no houve interesse por parte dos

    professores em participar do projeto.

    Pensou-se ainda na possibilidade de trabalhar com professores de outras disciplinas

    que estavam dispostos a colaborar com o estudo, porem essa alternativa descaracterizaria o

    trabalho que se refere mais a abordagem dos professores de geografia em relao aplicao

    da EA.

    Para a realizao deste trabalho, levamos em conta ento, a disposio dos professores

    em colaborar e dividir suas experincias e concepes no ensino de geografia.

    Assim, foram entrevistados 03 professores de geografia que vamos denominar

    professores A, B e C, por motivos de proibio do uso pleno dos dados obtidos na

    entrevista com o propsito de analisar a percepo que eles tm do conceito de educao

    ambiental e suas aplicaes. Buscou-se investigar os mtodos adotados por esses professores

    para trabalharem esse tema na 5 srie do ensino fundamental nas escolas municipais.

    Quanto ao tempo de atuao dos educadores, atuam como professor entre cinco e dez

    anos, dois possuem apenas graduao e especializao e um possui mestrado importante

    salientar que nenhum dos professores, nem o mais antigo exercendo a docncia na ilha,residem no local.

    Portanto, pode-se dizer que os professores que atuam nas escolas em questo

    apresentam significativa experincia no trabalho como educadores.

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    A experincia de trabalho como educador um requisito importante para o processo

    de ensino e aprendizagem, tanto para o desenvolvimento das prticas de ensino como para a

    formao do professor.

    Todos os professores entrevistados trabalham Educao Ambiental utilizandoprincipalmente estratgias como textos informativos, exemplos e contedos inseridos em aula

    e conscientizao e preocupao com problemas ambientais em escala global.

    Geralmente, atividades em Educao Ambiental no so aplicadas regularmente no

    cotidiano do ensino formal, a maioria ocorre oportunamente seguindo o calendrio escolar.

    Alguns dados quantitativos foram levantados para caracterizar o trabalho desenvolvido

    pelos professores do Ensino Fundamental das escolas municipais de Belm. Optou-se pela

    aplicao de um questionrio semi estruturado em questes abertas e fechadas para a obteno

    de um panorama geral a respeito do trabalho dos professores de geografia, sobre as questes

    ambientais. O objetivo aqui , portanto, apresentar os resultados do questionrio respondido

    pelos professores.

    A partir da pergunta elaborada para o questionrio: Voc costuma desenvolver

    alguma atividade extraclasse com seus alunos durante o ano letivo ? Comente. Pudemos

    extrair alguns dados muito importantes ao trabalho. O professor (B) e o professor (C)

    declararam desenvolver alguma atividade extraclasse com os alunos, referindo-se a atividades

    realizadas fora da escola. Os professores denominaram essas atividades como Trabalho deCampo.

    Entende-se como Trabalho de Campo um momento, que permite obter, por meio da

    observao e do registro, os dados qualitativos e quantitativos que posteriormente sero

    trabalhados em sala de aula.

    No dialogo com os alunos, dentro da dinmica do grupo focal, indicaram respostas que

    confirmam o grande interesse dos alunos por esse tipo de atividade, e confirmam a

    potencialidade quanto ao desenvolvimento da aprendizagem de contedos de Geografia, ou de

    qualquer outra disciplina.

    O mtodo de estudo, possibilita a realizao de uma pesquisa bsica e aplicada, o

    que requer a utilizao de certos procedimentos metodolgicos para observao,

    documentao e a interpretao de dados tericos e empricos.

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    A responsabilidade do professor de Geografia assume particular importncia

    nesse sentido, visto que estes afirmaram tomar iniciativa para a realizao de pesquisa de

    campo em suas escolas.

    Todos os professores entrevistados durante as conversas declararam que a prtica podeauxili-los na abordagem de uma multiplicidade de temas e contedos, tanto do entorno da

    escola como de aspectos com os quais a comunidade escolar no convive diretamente e que

    podem vir a ser objeto de estudo.

    Porem, Um dado relevante indicado pelo questionrio refere-se localizao das reas

    escolhidas, pelos professores, para a realizao de Trabalho de Campo, geralmente

    desenvolvem esse tipo de atividade fora do bairro em que se localiza a escola (geralmente

    reas fechadas como parques bosques ou museus) o professor da escola bosque relatou que

    realiza tais atividades em caminhadas por trilhas dentro do prprio espao escolar. Trata-se de

    um dado que denota certa falta de preocupao com a observao do entorno da escola,

    levando principalmente em considerao a geomorfologia da rea, que se constitui em parte

    por falsias, e o processo de ocupao e uso do solo com as invases em reas vitais ou de

    risco que diretamente relacionado ao tema e poderia ser abordado durante um estudo de

    qualidade de vida.

    Relacionando ao que a priori nos soou como falta de preocupao com a situao

    ambiental local, relevante analisar o item seis do questionrio que se refere a formao das

    unidades de paisagem nas margens fluviais ilha de Caratateua. Pedimos aos professores que

    pontuassem e/ou marcassem os elementos que compem a paisagem da orla, divididas em

    categorias como: unidades de paisagem, processos elicos e hidrodinmicos, formas de relevo

    resultante destes processos e formas de ocupao e uso da orla. Foi ignorada nos questionrios

    dos professores A e B a unidade de paisagem terra firme, alem de terem sido respondidas

    erradamente (ou ao menos de maneira incompleta) nos trs questionrios as formas de relevo

    que compem a paisagem da orla dentre as quais no foram assinaladas promontrios e

    enseadas.A atividade nos revelou, alem da falta de preocupao com a realidade local, algo mais

    grave que a falta de conhecimento em geografia fsica, conhecimento este necessrio

    abordagem dos temas da EA.

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    A dificuldade no trabalho da EA e com a adoo dos trabalhos de campo como

    prtica freqente nos planos de curso podem ter outra explicao alem das apresentadas pelos

    professores.

    Por outro lado levantado dentro de sala de aula discusses como o problema dapoluio e tratamento da gua ou a produo e destinao do lixo domstico na ilha, bem

    como apontamento de provveis solues para os problemas, o que sem duvida um ponto

    positivo no processo de (re)construo do saber.

    Estes so dados que remetem discusso terica desenvolvida no segundo captulo, no

    qual se procurou contextualizar, do ponto de vista do conhecimento, a relevncia da geografia

    para a educao ambiental um detalhe a ser acrescentado que nenhum dos professores

    respondeu que h participao dos alunos na fase de planejamento das atividades, como

    sugere um modelo participativo.

    (...) Acredita-se que a participao dos alunos emtodas as etapas da realizao do Estudo do Meio fundamental,tanto para conseguir o envolvimento e o compromisso de todoscomo para possibilitar a aprendizagem nas diversas etapas, desdea escolha do tema at a socializao dos resultados.

    (OLIVEIRA, 1990)

    Conforme discutido no captulo dois, a utilizao da interdisciplinaridade no caminho

    transversalidade fundamental para o estudo integrado do meio, devido sua complexidade e

    suas mltiplas possibilidades de leitura.

    Visto isso, procurou-se mensurar a preocupao dos professores com a questo, e as

    respostas obtidas, utilizando como ilustrao as palavras do professor B, foram que:

    embora tenha vontade de desenvolver atividadeem conjunto com outras disciplinas torna-se difcil na pratica porcausa do tempo, da permanncia do professor em uma s escola.Fica difcil realizar projetos a longo prazo tendo que estar emtrs ou quatro escolas diariamente

    Somente o professor da escola bosque, realizou ou incentivou algum projeto em

    Educao Ambiental em sua escola fora do contexto de Feira de Cincias ou Amostras

    Culturais, que so parte do cronograma da escola.

    Trabalhos de Ecologia, Reciclagem e Visitas Ecolgicas, tambm fora dos contextos

    citados anteriormente, no foram observados em quantidade relevante.

    Em rpida dinmica, foi pedido no questionrio que marcassem e/ou sugerissem

    tpicos em que pudessem abordar as praticas de educao ambiental. Os tpicos

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    "Conservao e Preservao do Meio Ambiente", "a sociedade e o Meio Ambiente" e

    "Prticas de Conscientizao" foram considerados o mais adequados para atividades em

    Educao Ambiental.

    Procuramos identificar, ainda por meio do questionrio mencionado, as principaisdificuldades para a realizao do Estudo do Meio.

    Os principais obstculos apontados foram, em primeiro, a falta de recursos e/ou

    material, seguido da falta de tempo e depois de incentivo/apoio por parte da instituio a qual

    faz parte.

    Com relao falta de tempo, esta uma realidade para a maioria dos professores da

    rede pblica, uma vez que eles cumprem em mdia 40 horas/aulas na semana o que na

    maioria das vezes superior, e haja verdade que a realidade do professor hoje que para

    alcanar um padro de vida razovel professores tende se submeter a cargas horrias cada vez

    maiores. Tal situao reflete a insuficincia de verbaspara as escolas pblicas em geral.

    A Educao Ambiental deve se apresentar de forma constante no cotidiano, a

    apresentao de "folders", cartazes, ou eventos isolados, que so mais abundantes nas datas

    comemorativas, no configuram uma mudana na interpretao do espao e no suficiente

    para formar ou mudar valores.

    Junto com as observaes houve tambm conversas com os professores, a respeito das

    condies de trabalho na escola pblica, das condies salariais e do trabalho realizado por

    eles com seus alunos.

    Adotamos tambm, como j foi citada, a conversa em grupo com os alunos, apesar da

    conscincia de que nossa presena por si s j alterava a rotina de seu cotidiano. Procurou-se

    tambm analisar turmas de mesmo perodo, no caso matutino, para que pudssemos ter um

    perfil semelhante entre os alunos.

    4.4 - Anlise dos textos produzidos pelos alunos

    Desse modo, foi sugerida a idia de que alm das observaes das aulas seria

    interessante ter um registro dos alunos. Sob a iniciativa de um dos professores foi sugerida

    uma redao a eles com o tema problemas e solues ambientais na ilha de Caratateua. O

    que nos chamou a ateno para a facilidade no trato com elementos da problemtica

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    ambiental numa escala global, respeitando a idade e a capacidade de sistematizao de

    informaes de alunos egressos na 5 serie, o que nos refora a idia de que a questo

    ambiental esta estreitamente ligada a totalidade das realidades sociais. Neste processo

    podemos observar tambm uma equivalncia no volume de informaes de ambas as turmas.

    Tantos detalhes fizeram com que a anlise das redaes fosse adotada como um dos

    componentes centrais do processo de pesquisa.

    Em cada redao buscamos identificar idias aplicadas de acordo com o tema

    proposto, referente a questo ambiental, ainda que de forma desorganizada, pude notar que os

    alunos se valiam, grosso modo, de conhecimentos geogrficos para o desenvolvimento de

    seus textos, como mencionar Aspectos naturais, sociais e culturais; uso da natureza pela

    sociedade; degradao da paisagem e citao de rgos como o IBAMA dentro de suas

    opinies. Podemos observar certa confuso na aplicao dos conceitos de paisagem enatureza, quando a maioria dos alunos relaciona natureza ao que pode ser percebido com a

    viso.

    As observaes apreciadas s foram levadas em considerao quando verificamos a

    incidncia nas duas turmas. J nas analises entre alunos de uma mesma turma podemos

    observar uma distancia significativa entre o volume de informaes e o trato com os

    problemas comuns ao cotidiano. Dentre as razes para isso jamais poderemos nos esquecer

    que analisamos indivduos com subjetividade, o que j nos basta para no devermos esperar

    uniformidade. Outras razes possveis so a influncia familiar e o histrico escolar,

    esclarecendo que alguns alunos vieram de outras escolas.

    4.5 - A didtica em sala de aula

    As escolas utilizam como material de ensino os livros didticos de geografia da 5

    serie distribudos pelo MEC, via SEMEC (secretaria municipal de educao), salvo o

    professor da Fundao Escola Bosque, que tambm utiliza material de elaborao prpria. As

    aulas tm durao de 45 minutos, dos quais na escola Monsenhor foi preenchido apenas com

    parte expositiva, em que o professor apresenta e explica o assunto. J na Escola Bosque o

    professor preocupou-se em organizar dinmicas que explicassem o contedo e resoluo de

    exerccios.

  • 8/7/2019 TCC GEOGRAFIA - A EDUCAO AMBIENTAL E A GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PBLICAS MU

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    4.6 - Formas de avaliao

    Na escola Monsenhor as formas de avaliao so tradicionais, ou seja, baseadas em

    provas, sendo estas, testes de mltipla escolha com algumas questes dissertativas. Enquanto

    na escola bosque, a maioria das avaliaes dada em produo de textos ou seminrios.

    Conclui-se ento, que a escola Monsenhor desenvolve uma educao essencialmente

    tradicional, as prticas de ensino e os contedos no so trabalhados de forma significativa, e

    a formao do aluno no direcionada a nada, sendo tratada apenas como quesito obrigatrio

    obteno de diploma de ensino fundamental.

    J da fundao escola bosque se pode dizer que desenvolve uma pedagogia

    significativa, critica, flexvel e fluida. As praticas de ensino e os contedos so trabalhados

    sob a perspectiva histrico-crtica, e so organizados com um objetivo muito bem definido

    que a preparao dos alunos para o nvel tcnico ofertado pela escola.

    Contudo um a questo nos surpreende que a questo das redaes, com tantas

    caractersticas diferentes, sobre tudo com relao a forma como o ensino transmitido, por

    que os alunos apresentaram tanta proximidade no volume de informaes a cerca do tema?

    Uma primeira explicao possvel e retomada aqui, a questo da difuso do debate

    sobre os temas ambientais pelos diversos veculos e nveis sociais globalizando os temas e

    incorporando-os ao cotidiano da v