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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA FILIPPE FARIAS DA ROCHA INDENIZAÇÃO DE RISCO DE VIDA NA REMUNERAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA Palhoça 2014

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

FILIPPE FARIAS DA ROCHA

INDENIZAÇÃO DE RISCO DE VIDA NA REMUNERAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR

DE SANTA CATARINA

Palhoça 2014

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FILIPPE FARIAS DA ROCHA INDENIZAÇÃO DE RISCO DE VIDA NA REMUNERAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR

DE SANTA CATARINA

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Alexandre Botelho, Msc.

Palhoça 2014

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Dedico este trabalho aos Policiais Militares do Estado de Santa Catarina, que devotam sua própria vida em prol de uma sociedade melhor.

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AGRADECIMENTOS

A essa força que nos move a buscar, cada dia mais, o conhecimento e a lutar pelo

Direito.

Aos meus pais, que me propiciaram uma educação de qualidade, fundamentada no

respeito ao próximo.

À minha esposa e filha, por compreenderem as dificuldades e percalços

encontrados na jornada acadêmica e, mesmo assim, não pouparam esforços na colaboração e

motivação, sempre presentes e compreensivas.

Ao Comando do 22º Batalhão de Polícia Militar, que incentiva o estudo, sendo

acessível e coerente às dificuldades.

Ao amigo Reinaldo Lélis Pontes, motivador, incentivador, exemplo de vida e um

dos percussores ao ingresso nessa jornada acadêmica.

A todos os colegas da faculdade que fizeram parte dessa caminhada, em especial

ao grupo inseparável, amizade ímpar nesse convívio acadêmico: Caroline Costa, Fernanda

Rodrigues Steffler, Marcelo Bitencourt, Rodrigo Nelson Marques, Scheila Cristina Martins e

Willian Lopes de Aguiar, amigos que ficarão para o resto da vida.

Ao consultor jurídico do Estado de Santa Catarina Ary Sérgio Dias, pela

paciência, atenção e apoio para a fundamentação da pesquisa.

A todos os colegas que compreenderam a minha ausência.

Aos professores, mestres da vida, pela indicação ao caminho dos estudos e pelo

conhecimento repassado.

Ao grande Mestre, amigo e orientador, Professor Alexandre Botelho, um dos

melhores professores que tive o prazer de ser aluno, com uma didática excepcional, pois não

troca apenas conhecimento, mas ensina a arte de pensar.

A todos que, de alguma forma, colaboraram para este trabalho.

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O vosso tanque General, é um carro forte Derruba uma floresta esmaga cem homens,

Mas tem um defeito: - Precisa de um motorista.

O vosso bombardeiro, General

É poderoso: Voa mais depressa que a tempestade

E transporta mais carga que um elefante Mas tem um defeito

- Precisa de um piloto.

O homem, meu General, é muito útil: Sabe voar, e sabe matar

Mas tem um defeito - Sabe pensar! Bertold Brecht

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RESUMO

A presente pesquisa se debruça sobre o direito e a forma de adimplemento do direito a

indenização pelo risco de vida devido aos policiais militares do Estado de Santa Catarina

diante do advento da Lei Complementar estadual n. 614/13. O relatório da pesquisa possui o

objetivo de verificar a adequação constitucional e legal, assim como o percentual devido pelo

Estado de Santa Catarina aos seus policiais militares. Para alcançar este objetivo, julgou-se

necessário e oportuno trazer à tona o histórico da instituição castrense, a caracterização da

atividade policial, com destaque para o risco à vida no exercício da função (e mesmo fora

dela, nos períodos de folga), culminando com o exame do Estatuto da Polícia Militar de Santa

Catarina, em particular quanto à exigência de abdicação da vida no cumprimento do dever.

Com a finalidade de ressaltar a importância e envergadura constitucional do direito à vida e

dos direitos dela decorrentes, fez-se uma apresentação sintética das dimensões dos direitos

fundamentais, sua recepção pelo texto constitucional em vigor, normas infraconstitucionais e

tratados internacionais, com nítido enfoque à proteção da vida na relação de trabalho. Ainda

se procede a uma análise crítica e sintética do sistema remuneratório dos policiais militares de

Santa Catarina no período de tempo anterior a Lei Complementar estadual n. 614/13, bem

como um estudo perfunctório da legislação de regência, com ênfase para a “Indenização do

Serviço Ativo” (ISA), devido ao seu vínculo com o objeto da pesquisa. No desenvolvimento

do trabalho é utilizado o método de abordagem dedutivo, com procedimento monográfico e

técnicas de pesquisa bibliográfica e documental. O aprofundamento do estudo permite

verificar que o legislador catarinense inovou conceitos, os quais vão de encontro a legislação

e doutrina estabelecidas, violando princípios constitucionais e da relação de trabalho próprios

do sistema remuneratório da Polícia Militar de Santa Catarina.

Palavras-chave: Polícia Militar; Risco de vida; Remuneração, LC nº 614/2013.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9

2 A POLÍCIA MILITAR ....................................................................................................... 11

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS ................................................................................................ 11

2.1.1 A Polícia no mundo ....................................................................................................... 11

2.1.2 O contexto da Polícia no Brasil .................................................................................... 14

2.1.3 Polícia Militar de Santa Catarina ................................................................................ 17

2.2 ATIVIDADE POLICIAL ................................................................................................... 18

2.3 ESTATUTO DA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA .................................... 22

3 INDENIZAÇÃO DO RISCO DE VIDA ............................................................................ 26

3.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................................................................................... 26

3.1.1 Direito à vida .................................................................................................................. 29

3.2 PREVISÃO CONSTITUCIONAL ..................................................................................... 30

3.3 PROJETO DE LEI 6.307 ................................................................................................... 33

3.4 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO ............................................................. 35

3.5 MILITARES ESTADUAIS DO ACRE E SERGIPE ........................................................ 37

4 A REMUNERAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA ................... 40

4.1 REMUNERAÇÃO ............................................................................................................. 40

4.2 PERICULOSIDADE E RISCO DE VIDA ........................................................................ 43

4.3 SUBSÍDIO .......................................................................................................................... 44

4.4 LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N. 614/2013 ......................................................... 47

4.4.1 Indenização do serviço ativo ......................................................................................... 50

4.4.2 Salário complessivo ....................................................................................................... 53

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58

ANEXOS ................................................................................................................................. 66

ANEXO A – Polícia Militar: ocorrências envolvendo Policiais Militares ......................... 67

ANEXO B - Nota 558/CmtG/2014 - Nota sobre escalas de serviço .................................... 69

ANEXO C- Lei Complementar 614/2013 ............................................................................. 72

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1 INTRODUÇÃO

Os direitos e garantias fundamentais, em virtude de seu alargamento

constitucional e da grande quantidade de grupos sociais distintos, não poucas vezes são

sonegados a uma determinada parcela da sociedade, os militares estaduais que, assim como

diversas outras minorias, também sofrem com a não concretização de direitos constitucionais,

especialmente aqueles referentes ao desenvolvimento da atividade policial.

Muito embora não haja, nessa pesquisa, espaço e tempo suficientes para tratar de

todos os aspectos relacionados às violações dos direitos constitucionais dos policiais militares

estaduais, pretende-se destacar a importância do reconhecimento do direito a indenização de

risco de vida, devida ao policial militar, em decorrência das peculiaridades de sua atividade.

A presente pesquisa pretende verificar se houve, em algum momento da história, o

pagamento deste direito pela Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), antes do advento da

Lei Complementar estadual n. 614, quando foi criada a Indenização de Serviço Ativo (ISA).

Busca-se, com o presente estudo, analisar a adequação constitucional desta

indenização ao princípio da isonomia (art. 5º, caput, CRFB), por meio de uma análise

comparativa da categoria militar estadual com outras categorias de trabalhadores e também

com militares de outros Estados da federação.

Por conseguinte, a presente pesquisa pretende demonstrar de que maneira a

Indenização de Serviço Ativo (ISA) é adimplida, assim como se a forma e modo de

cumprimento deste direito condiz com os preceitos fundamentais das relações de trabalho.

O interesse e a motivação do pesquisador se revelam por razões de ordem prática,

em virtude de ser policial militar estadual, e observar que os militares deste ente federativo

têm um tratamento diferenciado no que tange a garantia da indenização de risco de vida

comparando com outras categorias de trabalhadores.

No desenvolvimento da pesquisa será empregado o método de abordagem

dedutivo, de natureza qualitativa, pois busca a subjetividade na qualidade das informações

obtidas. O método de procedimento é monográfico, com técnica de pesquisa bibliográfica

com base na legislação, doutrina, jurisprudência e nos artigos relacionados ao tema.

A monografia encontra-se dividida em cinco partes e três capítulos. No primeiro

capítulo apresenta-se um histórico da polícia, desde seus primórdios, na antiguidade, passando

por sua recepção no Brasil, culminando com sua realidade histórica em Santa Catarina,

seguido de uma apresentação do que consiste a atividade policial, encerrando-se com uma

sucinta análise do estatuto da Polícia Militar de Santa Catarina, especificamente no que tange

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a obrigação de arriscar a própria vida para garantia da preservação da ordem pública. No

segundo capítulo, apresenta-se a legislação que trata do risco de vida, a dimensão do direito à

vida como direito constitucional fundamental, seu tratamento na Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, seguido

de seu tratamento na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), concluindo com a

apresentação dos mecanismos legais encontrados pelos Estados do Acre e de Sergipe para o

cumprimento deste direito fundamental aos seus militares estaduais.

Por fim, no terceiro, a apresentação da remuneração da Polícia Militar do Estado

de Santa Catarina (PMSC), uma relação entre risco de vida e periculosidade, uma síntese da

remuneração por meio de subsídio, a forma de pagamento do risco de vida com a criação da

indenização do serviço ativo (ISA), pago aos policiais militares de Santa Catarina com o

incremento da Lei Complementar nº 614 de 2013, avaliando tal legislação em decorrência dos

fatores apresentados anteriormente.

Com este roteiro, almeja-se alcançar o intuito que ensejou a preferência por este

estudo, ou seja, compreender o respeito do direito à vida dos policiais militares como direito

fundamental, com a sua proteção através do reconhecimento do direito ao adimplemento do

adicional de risco de vida pelo Estado de Santa Catarina.

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2 A POLÍCIA MILITAR

Antes de ingressar no estudo do objeto da presente pesquisa, qual seja, a

indenização do risco de vida na remuneração da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina

(PMSC), acredita-se necessário breve contextualização histórica da instituição policial, de

forma a apresentar ao leitor os deslocamentos observados pelas corporações policiais, seus

fundamentos e objetivos, seguida de sucinta descrição de seus regulamentos, prerrogativas,

direitos e deveres.

Com este itinerário introdutório, espera-se que o leitor possa compreender as

peculiaridades da atividade policial e, desta forma, promover o necessário discernimento para

a reflexão crítica do objeto que serve de guia à produção da presente pesquisa.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

A história da Polícia está intimamente ligada com a história da sociedade, suas

mudanças e seus reveses ideológicos1. Deste modo, para se obter um conhecimento, mesmo

que breve, desses aspectos históricos, foi preciso dividir o presente capítulo em três partes. No

primeiro momento será apresentada uma breve história da polícia no mundo, para então, no

segundo passo, introduzir a história da polícia no Brasil e, na terceira parte, focar na polícia

no Estado de Santa Catarina.

2.1.1 A Polícia no mundo

Neste tópico será apresentado um singelo contexto histórico acerca das origens da

polícia no mundo, posto que a preocupação do ser humano com a sua segurança pode ser

encontrada nas origens da humanidade. Acredita-se que, desde que o homem deixou de ser

nômade e estabeleceu um local para morar, passou a se preocupar, além de sua segurança

pessoal, com a de seus pares e bens, no sentido de se proteger contra ataques internos e

externos2.

1PORTELLA, Paulo Roberto Aguiar. Gestão de Segurança: história, prevenção e sistemas de proteção. Rio de Janeiro: ed. Rio, 2005. p. 12. 2 PORTELLA, Paulo Roberto Aguiar. Gestão de Segurança: história, prevenção e sistemas de proteção. Rio de Janeiro: ed. Rio, 2005. p.12.

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A esse aspecto, disserta Nazareno Marcineiro:

Na pré-história, o homem vivia em um estado de barbárie, onde imperava a lei do mais forte. Quem possuía maior força detinha o poder. A fim de proteger-se, o homem passou a reunir-se em bandos, formando agrupamentos, surgindo assim os núcleos sociais. Ao contrário da situação da barbárie, estes grupos exigiam que determinadas regras fossem cumpridas, a fim de que se mantivesse uma certa ordem, necessária à sobrevivência do grupo. O homem estabeleceu então, dentro do grupo social, relações de poder que garantiam o cumprimento destas regras, sendo atribuída a alguns componentes do grupo social a competência para fazer cumpri-las3.

A origem etimológica da palavra polícia advém do latim “politia, que, por sua

vez, procede do grego, isto é, politeia, trazendo, originalmente, o sentido de organização

política, sistema de governo e, mesmo, governo”4. A polícia servia ao controle social, no

sentido de manutenção do poder dos governantes, na defesa territorial e na intimidação do

povo, como observa Paes Sá:

No que pese a constituição da instituição polícia ter se dado pela necessidade dos grupos sociais, voltada ao cumprimento de regras impostas pelo próprio grupo para a sua sobrevivência, mediante a sua proteção social. Constatamos, também, que desde os primórdios, a instituição policial está diretamente vinculada e comprometida, com a garantia da governabilidade, marcada pelo poder político de cada civilização5.

Ressalte-se que a prática de reservar a alguns cidadãos a competência para vigiar,

efetuando proteção e controle da cidade, apoia-se no conceito de autoridade, cujo

racionalismo já se fazia presente na pré-história. Paulo Roberto Aguiar Portella informa que

as primeiras civilizações ocidentais, surgidas no vale do rio Tigre, Eufrates e Nilo, registram a

existência de leis, tribunais e de impostos, sendo que para o cumprimento das leis, a eficiência

dos tribunais e cobrança dos impostos, havia um grupo de funcionários administrativos e os

exércitos6.

Em Roma, no século VI a.C., existia a figura das guardas pretorianas, com função

de proteger os generais e as famílias patrícias e o imperador. No ano de 27 a.C., quando César

3 MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni C. Polícia Comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI. Florianópolis: Insular, 2005. p. 22. 4 LAZZARINI, 1987 apud MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni C. Polícia Comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI. Florianópolis: Insular, 2005. p. 23. 5 PAES SÁ, Ed’oner. Polícia Comunitária como política de segurança pública: adequação do policiamento ao Estado Constitucional e Democrático de Direito. 2010. 89 f. Monografia (Pós-graduação em Gestão Estratégica em Segurança Pública)-Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: < http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/000000/00000099.pdf>. Acesso em 26 ago. 2014. p. 16. 6 PORTELLA, Paulo Roberto Aguiar. Gestão de Segurança: história, prevenção e sistemas de proteção. Rio de Janeiro: ed. Rio, 2005. p. 14.

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Augusto Otaviano se tornou o imperador de Roma e assumiu o encargo da administração civil

do império, instituiu o serviço oficial de polícia, com a tarefa de proteger a sociedade por

meio de patrulhamento diuturno7.

Neste período, a polícia se confundia com as instituições que governavam a

cidade, detentora de poder legal para agir em prol da sociedade. “O poder legal caracteriza-se

pela crença generalizada na legitimidade do ordenamento jurídico, que define expressamente

as funções ao detentor do poder”8.

Bem como explicita Nazareno Marcineiro, “o controle social [...] visava única e

tão somente a manutenção do poder, a defesa territorial e a intimidação do povo para que não

se insurgissem contra os senhores feudais ou os monarcas, nem contra os dogmas da Santa

Igreja”9.

Paulo César Milani Guimarães assevera que com a chegada da Idade

Contemporânea, com seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, de separação dos

poderes, limitação dos poderes do Estado, incremento dos direitos e garantias fundamentais e

da afirmação do ideal do Estado de Direito10, surge um novo tipo de polícia, voltada agora à

proteção do povo11.

Este novo modelo de Estado visa a garantia da dignidade humana e, por

consequência, demanda um novo modelo de polícia, direcionada à proteção da sociedade,

pode ser identificado na Declaração Universal dos Direitos do homem, de 178912. Nesse

sentido disserta Igor Gonçalves de Castro:

Na sequência histórica, analisa-se sobre a influência da Revolução Francesa de 1789, pois, depara-se com o início de um novo período histórico, denominado de Idade Contemporânea. Ocorre a mudança para Estado Moderno. Através desse movimento surge a visão do Estado agora conhecida como Estado de Direito [...]13.

7 PORTELLA, Paulo Roberto Aguiar. Gestão de Segurança: história, prevenção e sistemas de proteção. Rio de Janeiro: ed. Rio, 2005. p. 15. 8 GUIMARÃES, Paulo Cesar Milani. Elementos de sociologia. 2. ed. Belém: CEJUP, 1995. p. 202. 9 MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni C. Polícia Comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI. Florianópolis: Insular, 2005. p. 24. 10 VIEIRA, Evaldo. Os Direitos e a Política Social. São Paulo: Cortez, 2004. p. 131 11 GUIMARÃES, Paulo Cesar Milani. Elementos de sociologia. 2. ed. Belém: CEJUP, 1995. p. 202 12 UNIDOS PELOS DIREITOS HUMANOS. Uma breve história dos direitos humanos. Disponível em: <http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/brief-history/declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 3 set. 2014. 13 CASTRO, Igor Gonçalves de. Direitos humanos: a atuação da Polícia Militar de Santa Catarina frente ao Grupo de Vulneráveis - Idosos. 2013. 60 f. Monografia (Pós Graduação em Segurança Pública)- Faculdade Ação, Rio do Sul, 2013. Disponível em: <http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/00000B/00000B46.pdf>. Acesso em 26 ago. 2014. p.19.

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Para aclarar acerca da influência do Estado de Direito na atividade policial,

esclarece Fachini que:

Redimensionou a função policial, atribuindo-lhe a missão de proteger a ordem jurídica e de manter a segurança. A polícia não reside na vontade do monarca, mas na vontade legislativa. Esta estabelece seu objeto e limites. A polícia tem por função adotar medidas necessárias para a manutenção da paz, segurança e da ordem pública e proteger a sociedade14.

No impulso das reformas decorrentes da Revolução Francesa, no final do século

XIX e início do século XX, as forças de segurança pública no mundo passam a importar os

modelos de polícia europeu, com base no modelo francês, uma polícia do Estado, centralizada

e militarmente organizada, modelo implantado no Brasil15.

Apresentados esses deslocamentos históricos da instituição policial, trata-se em

seguida, do surgimento da polícia no Brasil.

2.1.2 O contexto da Polícia no Brasil

No Brasil, os primeiros registros da instituição policial se dão a partir da chegada

dos colonizadores portugueses, com o objetivo de manter a ordem pública. Pelo que se tem

notícia, a polícia surgiu com a divisão do território nacional em capitanias hereditárias, com o

intuito organizar o serviço de ordem pública:

No Brasil, a idéia de polícia surgiu em 1500, quando D. João III resolveu adotar um sistema de capitanias hereditárias, outorgando uma carta régia a Martim Afonso de Souza para estabelecer a administração, promover a justiça e organizar o serviço de ordem pública, como melhor entendesse, em todas as terras que ele conquistasse. Registros históricos mostram que, em 20 de novembro de 1530, a Polícia Brasileira iniciou suas atividades, promovendo Justiça e organizando os serviços de ordem pública16.

No ano de 1626 surge uma entidade policial não profissionalizada, conhecida

como “quadrilheiros”, que desempenhavam múltiplas funções: investigação, patrulhamento

das cidades e captura de delinquentes. Em 1751, o Marquês do Lavradio, terceiro Vice-Rei,

14 FACHINI, 1998, apud MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni C. Polícia Comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI. Florianópolis: Insular, 2005. p. 25. 15 PORTELLA, Paulo Roberto Aguiar. Gestão de Segurança: história, prevenção e sistemas de proteção. Rio de Janeiro: ed. Rio, 2005. p. 30. 16 SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO. A origem da polícia no Brasil. Disponível em: < http://www.ssp.sp.gov.br/institucional/historico/origem.aspx>. Acesso em 26 ago. 2014.

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preocupado com o aumento da criminalidade e o descrédito da atuação dos quadrilheiros,

criou o Corpo das Guardas Vigilantes17.

Em 1808, com a vinda da Família Real Portuguesa para o novo continente,

fugindo da invasão de Napoleão a Portugal, Dom João VI trouxe para a colônia a Divisão

Militar da Guarda Real de Polícia, considerada o embrião da Polícia Militar18. De acordo com

Paes Sá, “surge o Intendente-Geral de Polícia, um juiz com atribuições cumulativas de

Polícia, responsável por zelar pelo abastecimento das cidades, manutenção da ordem,

investigação de crimes, captura de criminosos, julgamento e pela punição de infrações

menores”19.

Após a independência do Brasil e com a Constituição do Império de 1824, foi

estabelecida a criação da figura do Juiz de Paz para a administração da justiça, posto que,

desde 1808, as funções policiais e judiciais eram exercidas pelas autoridades policiais. A

partir deste momento, houve uma divisão das funções anteriormente desempenhadas pelas

autoridades policiais, que passaram a dedicar-se com exclusividade à vigilância e manutenção

da ordem pública20.

Na regência do Padre Diogo Antônio Feijó, em 1831, os governos provinciais

foram obrigados a extinguir os corpos policiais e criar um corpo único de polícia por

província, qual seja, o corpo de Guardas Municipais Voluntários. Este modelo de polícia

deveria ter por base os valores da hierarquia e disciplina, composta exclusivamente por

voluntários que se dedicassem diuturnamente ao serviço militar, com todas as suas forças21.

A respeito das funções da polícia no contexto do período regencial, tem-se que:

[...] surgindo então as guardas municipais permanentes devidamente remuneradas, para manter a tranqüilidade pública e auxiliar a justiça. As guardas permanentes constituíam-se de funcionários públicos a quem as elites econômicas e sociais do Império repassavam a tarefa policial. Por sua vez, herdaram do Exército o caráter militar, o quartel, a farda, a divisão em infantaria e cavalaria, os postos e as graduações hierárquicas22.

17 FREITAS, Ramenon de Oliveira. Reconstruindo a Polícia: crítica ao inquérito e demanda social. Palhoça: ed. UNISUL, 2008. p. 32. 18 MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni C. Polícia Comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI. Florianópolis: Insular, 2005. p. 27. 19 PAES SÁ, Ed’oner. Polícia Comunitária como política de segurança pública: adequação do policiamento ao Estado Constitucional e Democrático de Direito. 2010. 89 f. Monografia (Pós-graduação em Gestão Estratégica em Segurança Pública)-Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: < http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/000000/00000099.pdf>. Acesso em 26 ago. 2014. p. 22. 20 FREITAS, Ramenon de Oliveira. Reconstruindo a Polícia: crítica ao inquérito e demanda social. Palhoça: ed. UNISUL, 2008. p. 35. 21 MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni C. Polícia Comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI. Florianópolis: Insular, 2005. p. 28. 22 PAES SÁ, Ed’oner. Polícia Comunitária como política de segurança pública: adequação do policiamento ao Estado Constitucional e Democrático de Direito. 2010. 89 f. Monografia (Pós-graduação em Gestão

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Com a proclamação da República no ano de 1889, o crescimento das cidades e o

fim da escravidão23, surge a necessidade de uma organização policial voltada para a contenção

dos distúrbios locais e proteção dos interesses políticos dominantes. Nesta época surgem os

primeiros focos de organização policial militar nos Estados de São Paulo e Minas Gerais:

Com o fim do Estado Unitário e a proclamação da República em 1889, despertou-se no Brasil um sentimento de fortalecimento dos Estados membros, voltados para os interesses do domínio político nacional. Neste viés, estabeleceu-se a necessidade de implantação de uma força de sustentação, fazendo com que os Estados de São Paulo e Minas Gerais fossem os primeiros na organização e militarização da polícia como um dos braços forte da República [...]24.

No período entre a proclamação da República e os anos 1930, com o

fortalecimentos dos corpos estaduais de polícia, cria-se uma grande tensão entre os governos

estaduais e o governo central. Como os governadores controlavam as corporações policiais

em seus Estados, muitos governadores utilizavam a polícia como pequenos exércitos locais.

Preocupado com este poderio bélico estadual, Getúlio Vargas determinou que o efetivo

policial passasse a ser controlado pelo governo federal, quanto à sua organização, estrutura,

efetivo e instrução, porém continuavam mantidas e financiadas pelos Estados25.

Em 1932 foram criadas as Secretarias de Segurança Pública (SSP), que passam a

vincular as forças policiais de cada Estado a um só órgão, subordinadas a Secretaria de

Justiça, no que tange aos assuntos relacionados à segurança do cidadão. O Decreto-Lei n.

667/69 estabelece que a única organização policial uniformizada de cada Estado será a Polícia

Militar, subordinada e controladas pelo Exército Brasileiro26.

Com a promulgação da CF/88 ficou estabelecida a competência da União para

legislar sobre normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e

Estratégica em Segurança Pública)-Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: < http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/000000/00000099.pdf>. Acesso em 26 ago. 2014. p. 21. 23 A abolição da escravidão se deu em 13 de maio de 1.888, com a promulgação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel. 24 Thomas H. Holloway, 1997, apud PAES SÁ, Ed’oner. Polícia Comunitária como política de segurança pública: adequação do policiamento ao Estado Constitucional e Democrático de Direito. 2010. 89 f. Monografia (Pós-graduação em Gestão Estratégica em Segurança Pública)-Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: <http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/000000/00000099.pdf>. Acesso em 26 ago. 2014. p. 23. 25 COSTA, 2004, apud, MARTINS, João Mário. A Polícia Militar no Estado Constitucional e Democrático de Direito: a doutrina da segurança nacional e o novo paradigma. 2009. 80f. Monografia (Especialização, latu sensu, em administração de segurança pública)-Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. Disponível em: < http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/00000C/00000C4A.pdf>. Acesso em 30 ago. 2014. p. 29-30. 26 DANTAS FILHO, Diógenes. Insegurança Pública e Privada. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2009. passim.

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mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares (art. 22, XXI), Foi

determinado, ainda (art. 144), que a segurança pública é dever do Estado, com vistas à

preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio27.

2.1.3 Polícia Militar de Santa Catarina

A história da Polícia Militar de Santa Catarina tem início em 5 de maio de 1835,

quando foi criada por meio da Lei Provincial n. 12, por Feliciano Nunes Pires, presidente da

província de Santa Catarina28.

Segundo Bastos Junior, a Força Policial, hoje denominada Polícia Militar, contava

com um efetivo de cinquenta e dois homens, membros da cavalaria da nova força, que

deveriam ter seus próprios cavalos e mantê-los. Nas palavras da lei, seriam “montados a sua

custa”, o que era comum na época, pois servir aos corpos policiais era uma honra. O primeiro

regulamento policial do Estado de Santa Catarina foi aprovado pela Lei n. 31, de 2 de maio de

1836, na gestão do presidente da província José Mariano de Albuquerque Cavalcanti, que

sucedeu Feliciano Nunes Pires29, estavam definidos os deveres, efetivo, hierarquia e

competência da Força Policial:

Apesar de sua organização militar, teria funções nitidamente policiais, pois, como estabelecia o art. 4º da lei criadora, seria empregada pelo presidente da Província “... em manter a tranquilidade pública e em fazer efetivas as ordens das autoridades policiais, sempre que estas a requisitassem”[...] Individualmente ou em patrulha: prender os criminosos em flagrante; dispersar os ajuntamentos de escravos e de quaisquer pessoas que com eles estivessem de mistura, empregando a força, se necessário, e prendendo os resistentes; acudir aos incêndios, dando parte deles ao comandante, ou guardas, ou patrulhas que primeiro encontrassem; conduzir os embriagados a lugar onde estivessem seguros até passar a embriaguez, e mesmo prende-los, se do seu estado se pudesse recear algum desatino; apalpar de noite e mesmo de dia as pessoas suspeitas, prendendo as que portassem armas ou instrumentos próprios para roubos ou alguma malfeitoria; dar parte das infrações das posturas sobre fatos transitórios30.

27 DANTAS FILHO, Diógenes. Insegurança Pública e Privada. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2009, passim. 28 SANTA CATARINA. Polícia Militar: sinopse histórica. [19-?]. p. 3. 29 BASTOS JÚNIOR, Edmundo José de. Polícia Militar de Santa Catarina: história e histórias. Florianópolis: Garapuvu, 2006. p. 16. 30 BASTOS JÚNIOR, Edmundo José de. Polícia Militar de Santa Catarina: história e histórias. Florianópolis: Garapuvu, 2006. passim.

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Em 1917, após acordo a União e o Estado, a Força Policial passou a ser

considerada como auxiliar do Exército, mas subordinada ao Governo estadual. Em 1920, o

governador Hercílio Luz estabeleceu normas para a execução dos serviços policiais31.

Como caracteriza Ricardo Balestreri:

A polícia, como instituição de serviço à cidadania em uma de suas demandas mais básicas, Segurança Pública, tem tudo para ser altamente respeitada e valorizada. Para tanto, precisa compreender e resgatar a consciência da importância de seu papel social e, também, a autoestima. O policial, pela natural autoridade impositiva e moral que possui, tem o potencial de ser promotor dos Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito social e qualificando-se como um personagem central da democracia32.

A história da Polícia Militar de Santa Catarina conta com quase dois séculos, parte

de uma missão de proteger a província, com apenas 52 homens, à efetivação das garantias

constitucionais dos cidadãos catarinenses, com mais de 12 mil homens33.

2.2 ATIVIDADE POLICIAL

No que diz respeito ao controle da atividade policial no Brasil, compete à União o

controle e organização das policias militares, por meio do Decreto-Lei n. 667/69, o qual foi

instituído mediante atribuições conferidas ao Presidente da República, pelo Ato Institucional

n. 5, de 1968.

Ressalta David H Bayley que a única característica exclusiva da atividade policial

é que ela está autorizada a usar a força física para regular as relações interpessoais, entretanto,

nem sempre emprega o uso da força. Apesar disso, definir o que é realmente o trabalho

policial não é uma questão simples, sendo necessária a apresentação de três características de

distintas fontes de informação referindo-se às designações da polícia, as situações com as

quais ela lida e as ações que deve tomar ao se deparar com tais situações34.

A Polícia Militar do Estado de Santa Catarina é uma organização estatal de direito

público, da Administração Pública direta, que tem como missão precípua, definida

constitucionalmente, a preservação da ordem pública, de acordo CRFB: 31 SANTA CATARINA. Polícia Militar: sinopse histórica. [19-?]. passim. 32 BALESTRERI, apud PAULO, Rodrigo de Carvalho. Direitos Humanos. Florianópolis, 2013. Apostila do curso de formação de cabos da PMSC. p. 27. 33 SALVADOR, Alexandre. Projeto que aumenta o efetivo da PM é aprovado. Disponível em: <http://www.adjorisc.com.br/jornais/obarrigaverde/2.5841/projeto-que-aumenta-o-efetivo-da-pm-e-aprovado-1.769353#.VAtqavmwJcQ>. Acesso em: 6 set. 2014. 34 BAYLEY, David H. Padrões de policiamento: uma análise internacional comparativa. Tradução de Renê Alexandre Belmonte. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. p. 118.

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Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V - polícias militares e corpos de bombeiros militares; [...] § 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil35.

Por policiamento ostensivo e preservação da ordem pública, tem-se o seguinte:

Policiamento Ostensivo: ação policial, exclusiva das Polícias Militares, em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados sejam identificados de relance, quer pela farda, quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a manutenção da ordem pública; Ordem Pública: conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo Poder de Polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum; Manutenção da Ordem Pública: é o exercício dinâmico do Poder de Polícia, no campo da segurança pública, manifestado por atuações predominantemente ostensivas, visando a prevenir, dissuadir, coibir ou reprimir eventos que violem a ordem pública; Perturbação da Ordem: abrange todos os tipos de ação, inclusive as decorrentes de calamidade pública que, por sua natureza, origem, amplitude e potencial possam vir a comprometer na esfera estadual, o exercício dos poderes constituídos, o cumprimento das leis e a manutenção da ordem pública, ameaçando a população e propriedades públicas e privadas36.

Ricardo Balestreri afirma que “a polícia existe para proteger o cidadão”, para a

manutenção da ordem e para a defesa dos direitos, mas não só isso, a polícia no contexto da

sociedade democrática é, além de protetora, uma promotora dos direitos humanos. O policial

deve ser um educador, pois toda profissão que tem contato direto com a população adentra em

um aspecto pedagógico. Cuida-se de “agente social investido de poder tem uma função

testemunhal muito importante sobre o inconsciente coletivo. Ele motiva o exercício do bem

ou incita à violência, através de suas práticas”37.

35 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 36 BRASIL. Parecer nº GM – 025. As Forças Armadas, sua atuação, emergencial, temporária, na preservação da ordem pública. Aspectos relevantes e norteadores de tal atuação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, nº 154-E, p.6, 13 ago. 2001. Disponível em: < http://www.agu.gov.br/atos/detalhe/8417>. Acesso em: 18 ago. 2014. grifo nosso. 37 BALESTRERI Ricardo Brisola. Direitos Humanos: Coisa de Polícia – Passo Fundo-RS, CAPEC, Paster Editora, 1998. Disponível em: <http://www.mpba.mp.br/atuacao/ceosp/artigos/Balestreri_Direitos_Humanos_Coisa_policia.pdf>. Acesso em 29 set. 2014. passim.

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Também a Constituição do Estado de Santa Catarina dispõe acerca da atividade

policial, estabelecendo o seguinte:

Art. 107. À Polícia Militar, órgão permanente, força auxiliar, reserva do Exército, organizada com base na hierarquia e na disciplina, subordinada ao Governador do Estado, cabe, nos limites de sua competência, além de outras atribuições estabelecidas em Lei: I – exercer a polícia ostensiva relacionada com: a) a preservação da ordem e da segurança pública; b) o radiopatrulhamento terrestre, aéreo, lacustre e fluvial; c) o patrulhamento rodoviário; d) a guarda e a fiscalização das florestas e dos mananciais; e) a guarda e a fiscalização do trânsito urbano; f) a polícia judiciária militar, nos termos de lei federal; g) a proteção do meio ambiente; h) a garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos e entidades públicas, especialmente da área fazendária, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e de patrimônio cultural; II – cooperar com órgãos de defesa civil; e III – atuar preventivamente como força de dissuasão e repressivamente como de restauração da ordem pública 38.

No exercício da atividade policial é necessária uma capacidade intelectual capaz

de compreender a lei e as circunstâncias singulares para cada problema particular a ser

resolvido, distinguir nas situações conflito, as normas legais para cada uma e decidir-se pelo

uso da força, se necessário, para alcançar os objetivos e a efetividade da aplicação correta da

lei39.

Conforme Aldo Nunes Silva Junior, “os Policiais devem possuir alto grau de

conhecimento jurídico e serem dotados de plena estabilidade emocional, visando atuar com o

máximo de profissionalismo que o trabalho exige”. Prossegue: “os princípios que regem a

atuação estatal no Estado Democrático de Direito impõem que os maiores conhecedores das

regras jurídicas sejam os Policiais Militares” pois, via de regra, são eles que emitem a

“sentença primária” em virtude serem os primeiros a atender as necessidades mais prementes

do corpo social40.

O trabalho policial também é comumente descrito em termos de situações com as quais a polícia se envolve: crimes em andamento, brigas domésticas, crianças perdidas, acidentes de automóvel, pessoas suspeitas, supostos arrombamentos,

38 SANTA CATARINA. Constituição (1989). Constituição do Estado de Santa Catarina de 1989. Florianópolis, SC: Assembleia Legislativa, 1989. 39 LIMA, João Cavalim de. Atividade policial e o confronto armado. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2007. p. 19. 40 SILVA JUNIOR, Aldo Nunes. A atuação da Polícia Militar de Santa Catarina nas manifestações populares ocorridas no mês de junho de 2013, na cidade de Florianópolis. 2013. 61f. Monografia (Especialista - Gestão Estratégica em Segurança Pública)-Universidade do Vale de Itajaí, Florianópolis, 2013. Disponível em: < http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/00000C/00000CA0.pdf>. Acesso em 29 ago. 2014. p. 16.

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distúrbios públicos e mortes não naturais. Nesse caso a natureza do trabalho policial é revelada por aquilo com o que ela tem de lidar. Finalmente, o trabalho da polícia pode ser descrito em termos de ações executadas pela polícia durante as situações, tais como prender, relatar, tranquilizar, advertir, prestar primeiros socorros, aconselhar, mediar, interromper, ameaçar, citar e assim por diante. Nesse caso, o trabalho dos policiais é o que os policiais fazem nas situações que encontram41.

Com o aumento da criminalidade, o discurso do “controle do crime” é

progressivamente substituído pelo de “guerra contra o crime”, fortalecendo no imaginário do

público e da polícia a ideia do perigo iminente e da necessidade de mobilização máxima de

esforços para derrotar aquilo que provoca tal circunstância42. À frente desse combate estão os

policiais militares43.

O trabalho policial está diretamente relacionado com a violência e a

criminalidade. Das dez cidades com mais mortes por armas de fogo no mundo, todas são da

América Latina, e três entre as dez são brasileiras. As principais causas destas mortes são

crime organizado, grupos paramilitares e narcotráfico44.

Envolvido diretamente no combate à criminalidade, o policial desenvolve uma

atividade que lhe traz altíssimo risco de letalidade. Em 2013, no Brasil, de acordo com a BBC

Brasil, ocorreram 1259 homicídios cometidos por policias e 316 policiais foram mortos em

serviço ou em decorrência dele. A cada mês, 26 policiais foram mortos. Importante salientar

que 57% dos policiais mortos estavam de folga e morreram em decorrência de sua atividade,

como representantes do Estado45.

Com a finalidade de estabelecer um parâmetro entre a atividade policial e as

demais atividades, torna-se imprescindível destacar que a atividade policial não cessa quando

encerra o turno de trabalho, quando o policial tira sua farda e encerra o seu expediente. Até

mesmo encaminhando-se para sua residência, o policial pode ser vítima da violência. Isto fica

evidenciado com as estatísticas, pois mais da metade dos policiais mortos estavam de folga.

41 BAYLEY, David H. Padrões de policiamento: uma análise internacional comparativa. Tradução de Renê Alexandre Belmonte. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002, p.119. 42 PONCIONI, Paula. O modelo policial profissional e a formação profissional do futuro policial nas academias de polícia do Estado do Rio de Janeiro. Sociedade e Estado, Brasília, v. 20, n. 3, p. 585-610, set./dez. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/se/v20n3/v20n3a04.pdf>. Acesso em: 13 set. 2014. p. 590 43 GRECO, Rogério. Atividade Policial: aspectos penais, processuais penais, administrativos e constitucionais. 4. ed. Niterói: Impetus, 2011. p. 3. 44 DEURSEN, Felipe Van. Banco de dados: Violência urbana. Super Interessante, São Paulo, ed. 332, p. 24, maio 2014. p. 24. 45 PUFF, Jeferson; KAWAGUTI, Luís. Para cada quatro mortos pela polícia no Brasil, um policial é assassinado. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140914_salasocial_eleicoes2014_violencia_policia_numeros_lk_jp.shtml>. Acesso em: 23 set. 2014.

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Há uma guerra particular, os marginais se consideram inimigos pessoais de todos os agentes

do Estado e principalmente daqueles que efetuaram prisões ou apreensões em seu desfavor46.

Em nenhum país do mundo morrem tantos policiais como no Brasil. Só em São

Paulo, no ano de 2014, até o mês de setembro já morreram 66 policiais militares, sendo que

houve mais de 190 tentativas de homicídio contra policiais. A atividade policial é de extrema

peculiaridade e dificuldade de se exercer47.

Em Santa Catarina, no período de janeiro de 2012 a março de 2014 foram

registradas pelo serviço de inteligência da Policia Militar 141 ocorrências envolvendo policias

militares de serviço como vítimas do evento. No mesmo período foram registradas 89

ocorrências envolvendo policiais militares de folga, entre tentativa de homicídio, ameaça,

lesão corporal e etc. (vide ANEXO A).

2.3 ESTATUTO DA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

O policial militar é um servidor público que constitui, segundo Hely Lopes

Meirelles, “uma subespécie dos agentes públicos administrativos”, uma categoria prestadora

de serviços à Administração Pública e a ela vinculado por meio de uma relação profissional,

por ter sido investido no cargo, a título de emprego, no qual recebe, por conta disso, uma

retribuição pecuniária. Em virtude desse vínculo, opera sob regime jurídico estatutário48.

A CRFB dispõe em seu art. 39, que os entes federativos instituirão regime jurídico

para seus servidores. No art. 42, considera militares dos Estados os membros dos Estados

Distrito Federal e dos Territórios, como segue:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. [...] Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios49.

46 NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR. Direção: João Moreira Salles; Kátia Lund. Rio de Janeiro: Videofilmes, 1999. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=EAMIhC0klRo>. Acesso em 29 set. 2014. 47 COMANDANTE faz desabafo em enterro de policial: vivemos em uma guerra. G1, Santos, 26 de setembro de 2014. Disponível em: < http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/09/comandante-faz-desabafo-em-enterro-de-policial-vivemos-em-uma-guerra.html>. Acesso em 29 set. 2014. 48 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. passim. 49 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

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Referidos regimes jurídicos devem obedecer aos princípios da Administração

Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, razoabilidade,

proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia

do interesse público50.

A Constituição de Santa Catarina assim disciplina esta matéria:

Art. 31. São militares estaduais os integrantes dos quadros efetivos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, que terão as mesmas garantias, deveres e obrigações – estatuto, lei de remuneração, lei de promoção de oficiais e praças e regulamento disciplinar único51.

É neste contexto que se inclui o Estatuto da Polícia Militar de Santa Catarina, o

qual regula deveres, direitos e prerrogativas dos policiais militares de Santa Catarina.

Promulgado em 1983, o Estatuto ainda está em vigor, assim tratando os policiais militares:

Art. 3º Os integrantes da Polícia Militar do Estado em razão da destinação constitucional da Corporação e em decorrência das leis vigentes, constituem uma categoria especial de servidores públicos estaduais e são denominados policiais-militares52.

Essa categoria “especial” de servidores públicos possui regramentos mesmo para

seus momentos de folga, posto que o art. 28 do Estatuto disciplina as manifestações essenciais

que devem ser observadas pelos policiais militares. Esse conjunto de regras, denominado

“valor policial” compreendem normas impositivas que devem ser seguidas por todos os

policiais militares, de modo que cada um, a partir de seus ideais, por meio da moral, atribua

um significado a essas normas e os pratique, acreditando serem valores éticos53. Do valor Policial-Militar Art. 28. São manifestações essenciais do valor policial-militar: I – O sentimento de servir à comunidade, traduzido pela vontade inabalável de cumprir o dever policial-militar e pelo integral devotamento à manutenção da ordem pública mesmo com risco da própria vida54.

50 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 88. 51 SANTA CATARINA. Constituição (1989). Constituição do Estado de Santa Catarina de 1989. Florianópolis, SC: Assembleia Legislativa, 1989. 52 SANTA CATARINA. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983. 53 CAMARGO, Marcela Pedroso de. Ética e educação: reflexões sobre os valores morais. Revista Filosofia Capital, Brasília, v. 8, n. 15, p. 79-85, jan. 2013. Disponível em: <http://filosofiacapital.org/ojs-2.1.1/index.php/filosofiacapital/article/view/267/217>. Acesso em: 30 set. 2014. 54 SANTA CATARINA. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983. grifo nosso.

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O risco de vida é inerente à atuação do policial militar, que deve praticar e seguir

o padrão ético e moral estabelecido em lei. Ademais, quando trata dos deveres do policial

militar, o Estatuto é expresso ao exigir o sacrifício da própria vida em razão de sua atividade.

Não se trata de arriscar a vida, mas de sacrificá-la em prol da sociedade que o

policial militar deve proteger. Este sacrifício não deve ser compreendido somente ao longo de

sua jornada de trabalho, já que o policial militar dedica-se integralmente ao serviço, exigindo-

lhe a lei que sua atuação seja feita tanto em serviço quanto de folga, quando ao se deparar

com uma situação que atente contra a preservação da ordem pública, o policial militar esteja

apto a encará-la e pronto a sacrificar a sua vida.

Dos deveres policiais-militares Art. 32. Os deveres policiais-militares emanam de um conjunto de vínculos racionais e morais, que ligam o policial-militar ao Estado e ao serviço, compreendendo, essencialmente: I – Dedicação integral ao serviço policial-militar e fidelidade à instituição a que pertence, mesmo com o sacrifício da própria vida55.

O Estatuto dispõe ainda acerca do compromisso policial militar, que consiste em

juramento realizado na conclusão do curso de formação, no qual cada policial militar afirma,

de forma solene e diante de tropa, que se dedicará de forma integral ao serviço e a

manutenção da ordem pública mesmo com o risco da própria vida.

Assevera Wilson Odirley Valla que “em razão de suas atribuições, a consagração

do juramento para o policial-militar, com suas obrigações deontológicas, além de

comprometê-lo com o cidadão e a sociedade contra o arbítrio ou abuso de poder, também,

obriga-o ao denominado tributo de sangue”, sendo que tal tributo era referido desde os

militares romanos56.

Do compromisso policial-militar Art. 33. Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar mediante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação consciente das obrigações e dos deveres policiais-militares e manifestará sua firme disposição de bem cumpri-los. Art. 34. [...] Ao ingressar na Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, prometo regular a minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao serviço

55 SANTA CATARINA. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983. grifo nosso. 56 VALLA, Wilson Odirley. Os valores profissionais e os deveres éticos na polícia militar. Disponível em: <http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=679>. Acesso em: 29 out. 2014.

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policial-militar, à manutenção da ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com o risco da própria vida57.

Os policiais militares estaduais integram uma categoria diferenciada e especial de

servidores públicos. Nenhuma outra categoria de servidores públicos estaduais dispõe da sua

integridade física e de sua própria vida para servir e proteger a sociedade. O risco não existe

apenas no sentido figurado, trata-se de uma realidade diária. No enfrentamento a

criminalidade não foram poucos os policiais que perderam a vida em serviço cumprindo sua

missão de dedicação integral ao serviço policial militar 58.

Registre-se que há previsão estatutária de que, no caso de violação das obrigações

ou dos deveres, tal fato pode ser considerado crime, contravenção ou transgressão disciplinar.

Ou seja, em decorrência de seu serviço, na preservação da ordem pública, caso o policial

militar não arrisque sua vida, ou não a sacrifique em benefício da comunidade, estará

incorrendo em violação das suas obrigações, sujeito a sanção:

Da violação das obrigações e dos deveres Art. 42. A violação das obrigações e dos deveres policiais-militares constituirá crime, contravenção ou transgressão disciplinar, conforme dispuserem a legislação ou a regulamentação peculiar59.

Os policiais militares são servidores públicos regidos por um estatuto próprio, o

qual dispõe acerca de suas garantias, direitos e deveres. Especificamente quanto aos seus

deveres é consignado o risco e o sacrifício da própria vida em decorrência de sua atividade.

A seguir será realizada uma apresentação das leis que tratam do risco de vida, da

valoração do direito à vida e da indenização proveniente, a proteção à vida na Consolidação

das Leis do Trabalho e a forma pela qual os Estados do Acre e de Sergipe instituíram a

gratificação pelo risco de vida aos seus militares estaduais.

57 SANTA CATARINA. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983. grifo nosso. 58 CARPES, Wallace....mesmo com o risco da própria vida. Disponível em: <http://www.acors.org.br/pagina/1910/artigodomajwallacecarpesassessorparlamentardaacors>. Acesso em: 10 set. 2014. 59 SANTA CATARINA. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983.

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3 INDENIZAÇÃO DO RISCO DE VIDA

O presente capítulo busca analisar o direito à vida e a expressão “risco de vida”.

Para alcançar este objetivo, necessário adentrar na esfera dos direitos fundamentais, em

especial o direito à vida, para, em seguida, discorrer sobre o adicional de risco de vida na

atividade policial militar.

Será feita uma breve incursão na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para

então demonstrar como os Estados do Acre e de Sergipe regulamentaram a indenização de

risco de vida aos seus militares estaduais.

O policial militar, como representante do Estado, é um sujeito de direitos,

conforme preleciona Ricardo Balestreri:

O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania deve nutrir sua razão de ser. Irmana-se, assim, a todos os membros da comunidade em direitos e deveres. Sua condição de cidadania é, portanto, condição primeira, tornando-se bizarra qualquer reflexão fundada sobre suposta dualidade ou antagonismo entre uma “sociedade civil” e outra “sociedade policial”. Essa afirmação é plenamente válida mesmo quando se trata da Polícia Militar, que é um serviço público realizado na perspectiva de uma sociedade única, da qual todos os segmentos estatais são derivados. Portanto não há, igualmente, uma “sociedade civil” e outra “sociedade militar”. A “lógica” da Guerra Fria, aliada aos “anos de chumbo”, no Brasil, é que se encarregou de solidificar esses equívocos, tentando transformar a polícia, de um serviço à cidadania, em ferramenta para enfrentamento do “inimigo interno”. Mesmo após o encerramento desses anos de paranóia [sic], seqüelas [sic] ideológicas persistem indevidamente, obstaculizando, em algumas áreas, a elucidação da real função policial60.

Vislumbrando essa caracterização do policial como sujeito de direitos, torna-se

mais fácil a compreensão dos objetivos que se busca demonstrar com o presente capítulo.

3.1 DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos humanos nascem como direitos naturais universais e estão positivados

no plano internacional, trata-se “essencialmente de um direito de proteção, marcado por um

[sic] lógica própria, e voltado à salvaguarda dos direitos dos seres humanos e não dos

Estados”61.

60 BALESTRERI Ricardo Brisola. Direitos Humanos: Coisa de Polícia – Passo Fundo-RS, CAPEC, Paster Editora, 1998. Diponivel em: <http://www.mpba.mp.br/atuacao/ceosp/artigos/Balestreri_Direitos_Humanos_Coisa_policia.pdf>. Acesso em 29 set. 2014. p. 7. 61 PIOVESAM, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 8. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. pag. 31. grifo do autor.

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A esse aspecto disserta Sérgio Resende de Barros:

Direito humano é consubstancia de poder com dever. Essa integração foi gerada pela necessidade de – sucessiva e cumulativamente – suster, conter e obter a ação dos poderes pela exação dos deveres na constituição e governo da sociedade política de todos os indivíduos humanos. [...] Consubstanciando poder com dever, os direitos humanos erguem uma ordem jurídica na qual se deve tanto quanto se pode para construir e preservar a humanidade. [...] cada direito humano é uma síntese do poder com o dever em prol da humanidade [...] para tornar em fatos a humanidade, no seu contínuo desenvolver pelo seu contínuo atender de suas próprias necessidades62.

Os direitos fundamentais são os direitos humanos positivados na Constituição de

uma determinada nação. Sua fundamentalidade advém do caráter essencial à vida humana,

por isso, quanto a sua titularidade, são considerados universais. Fazem parte de uma evolução

histórica e por serem vitais à dignidade humana são inalienáveis. Em função de sua dimensão,

são aptos a gerar efeitos jurídicos autônomos, de modo a impor o dever de proteção por parte

dos entes públicos63.

Os direitos fundamentais são normas jurídicas, intimamente ligadas a ideia de dignidade da pessoa humana e de limitação de poder, positivadas no plano constitucional de determinado Estado Democrático de Direito, que, por sua importância axiológica, fundamentam e legitimam todo ordenamento jurídico. Há cinco elementos básicos neste conceito: norma jurídica, dignidade da pessoa humana, limitação de poder, Constituição e democracia64.

A primeira geração dos direitos do homem são os chamados direitos naturais,

essenciais, são “à vida, à sobrevivência, à propriedade e à liberdade”65. Para Norberto Bobbio,

os “direitos do homem, democracia e paz são três momentos necessários do mesmo

movimento histórico: sem direitos do homem reconhecidos e protegidos, não há democracia,

não existem as condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos”66.

A segunda dimensão dos direitos fundamentais, que são os direitos sociais,

culturais e econômicos, surgem na transição do século XIX para o século XX, inaugurando a

62 BARROS, Sérgio Resende de. Direitos humanos: paradoxo da civilização. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. p. 10-11. 63 MARTINS NETO, João dos Passos. Direitos fundamentais: conceito, função e tipos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. passim. 64 MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2008. p. 20 65 ALVES, Eliana Calmon. As gerações dos direitos e as novas tendências. Direito federal: revista da associação dos juízes federais do Brasil, v. 19, n. 64, p. 57-61, jul./set. 2000. Disponível em: <http://siabi.trt4.jus.br/biblioteca/direito/doutrina/artigos/Calmon_Gera%C3%A7%C3%B5es_Direitos.pdf>. Acesso em: 08 out. 2014. 66 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 21.

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fase do “bem estar social”, recaindo sobre o Estado a obrigação de implementar políticas

públicas visando a melhoria das condições da sociedade67.

A concepção dos direitos sociais como fundamentais é a base do reconhecimento de que o homem não vive isoladamente. O homem é um ser social e, portanto, seu direito individual de liberdade, princípio basilar do liberalismo político, deve ser limitado. Para que se possa falar em um Estado Democrático possível e não utópico, é necessário assegurar a igualdade de oportunidades, ou seja, a igualdade como ponto de partida, as condições econômicas e sociais que permitam que o indivíduo supere seus limites individuais não naturais68.

A terceira geração dos direitos humanos é marcada pelo valor à fraternidade,

abrangendo direitos relativos a comunidade internacional, visando à “paz, desenvolvimento,

comunicação, solidariedade e segurança mundiais, proteção ao meio ambiente e conservação

do patrimônio comum da Humanidade, constituindo-se, portanto, na qualidade de direitos de

titularidade difusa ou coletiva, no mais das vezes indefinida e indeterminável”69.

Os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas70.

A sociedade é mutável, assim como suas pretensões de manter-se e viver

dignamente, no entanto fomenta-se sempre um aumento gradual em seus direitos, começando

por uma busca aos direitos inerentes a condição da vida humana, por um tratamento e uma

intervenção estatal no sentido de garantir também uma dignidade social, relacionada a saúde,

segurança e dignidade no trabalho.

67 MARANHÃO, Ney Stany Morais. A afirmação histórica dos direitos fundamentais: a questão das dimensões ou gerações de direitos. [2009?]. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/31715-36510-1-PB.pdf>. Acesso em: 08 out. 2014. 68 KOKOL, Awdrey Frederico; MISAILIDIS, Mirta lerena. Direitos dos trabalhadores rurais num contexto de desenvolvimento sustentável. Estudos avançados, São Paulo , v. 27, n. 77, 2013 .Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000100012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 07 out. 2014. passim. 69 MARANHÃO, Ney Stany Morais. A afirmação histórica dos direitos fundamentais: a questão das dimensões ou gerações de direitos. [2009?]. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/31715-36510-1-PB.pdf>. Acesso em: 08 out. 2014. 70 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. p. 25.

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3.1.1 Direito à vida

O ser humano tem inerente direito à vida, que deve ser protegido por lei, ninguém

pode ser arbitrariamente privado da sua vida.

A existência humana é pressuposto elementar de todos os demais direitos e liberdades dispostos na Constituição. Esses direitos têm nos marcos da vida de cada indivíduo os limites máximos de sua extensão concreta. O direito à vida é a premissa dos direitos proclamados pelo constituinte; não faria sentido declarar qualquer outro se, antes, não fosse assegurado o próprio direito de estar vivo para usufruí-lo. O seu peso abstrato, inerente à sua capital relevância, é superior a todo outro interesse 71.

A proteção do direito à vida deve incluir todos os cuidados necessários não só à

garantia da vida, mas para se viver com dignidade. Assim, devem ser observados os direitos à

saúde, integridade, física e psíquica72.

O direito à vida exige a segurança social, a habitação, condições de alimentação e sobrevivência com dignidade, condições, em um mundo de exploração hipercapitalista, necessariamente ligadas aos direitos econômicos, o que nos alerta permanentemente para uma defesa intransigente e aguerrida de que a vida tem de ser protegida e, é dever de todos os Estados a sua promoção e qualificação. Nesse sentido é que nas convenções e tratados deveríamos trocar o tempo dos verbos quando se fala de ‘adotarão medidas’, para uma assertiva de que os Estados ‘devem tomar medidas de proteção aos seus cidadãos e cidadãs’ 73.

Maria Berenice Dias assim se manifestou acerca da aprovação do Código Civil:

Todos os seres têm apenas uma razão de viver: o encontro da felicidade. Ao Estado cabe organizar de tal forma a sociedade que, além de regular as relações das pessoas, precisa respeitar sua liberdade e garantir o direito à vida com dignidade. Para isso, necessário o estabelecimento de regras de comportamento, que, para serem respeitadas, precisam ser dotadas de sanções: nascem, assim, as normas jurídicas74.

71 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de direito constitucional. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 393. 72 MIOTTO, Amida Bergamini. O direito à vida. Desde que momento?. Disponível em: <http://www.pfamparo.com.br/gcweb/Claiton/Arquivos/Files/10.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014. p. 1. 73 ANDRADE, Jorge Márcio Pereira de. Direito à vida. A convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência: versão comentada, Brasília, p. 54- 57, 2008. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/convencao-direitos-humanos-pessoascomdeficienciacomentada.pdf#page=55>. Acesso em: 07 out. 2014. p. 55-56. 74 BERENICE DIAS, apud GHISOLFI, Reginaldo da Luz. A proteção legal do embrião humano e sua relação com a engenharia genética na união europeia e no Brasil.2002. 278 f. dissertação (mestrado)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/83729>. Acesso em: 07 out. 2014. p. 38.

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A proteção do direito à vida inicia-se mesmo antes do nascimento, pois a

legislação protege a vida intrauterina (como se observa nas ações de investigação de

paternidade, alimentos e na proteção da lei penal ao nascituro).

No direito internacional são inúmeros os tratados, convenções, cartas, declarações

e acordos firmados entre os Estados soberanos, declarando a vida como o mais importante dos

direitos fundamentais75.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos alude em seu preâmbulo “ser

essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser

humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão” e,

mais especificamente, em seu art. 3º, que “todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à

segurança pessoal”76.

O Pacto de San José da Costa Rica, celebrado em 1969, do qual o Brasil é

signatário, dispõe em seu preâmbulo que “os direitos essenciais do homem não derivam do

fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os

atributos da pessoa humana”, complementado pelo art. 4º, o qual diz que “Toda pessoa tem o

direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o

momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”77.

A partir deste argumento, parte-se à previsão constitucional brasileira, com suas

tipificações para a garantia do direito à vida.

3.2 PREVISÃO CONSTITUCIONAL

Luís Roberto Barroso ressalta que “a Constituição é um instrumento do processo

civilizatório”, que sua finalidade é conservar as conquistas que foram impostas como valores

para a sociedade. A história do direito constitucional conserva uma origem do Estado Liberal,

fundada na separação dos poderes e na proteção dos direitos individuais, que foram alargados

e ampliados, com vistas à dignidade da pessoa humana, deixando de ser instrumento de

75 GHISOLFI, Reginaldo da Luz. A proteção legal do embrião humano e sua relação com a engenharia genética na união europeia e no Brasil.2002. 278 f. dissertação (mestrado)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/83729>. Acesso em: 07 out. 2014. passim. 76 ONU. Declaração universal dos direitos humanos, de 10 de dezembro de 1948. Disponível em: <http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>. Acesso em: 07 out. 2014. 77 CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, de 22 de novembro de 1969. Pacto de San José da Costa Rica. Disponível em: <http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm>. Acesso em: 07 out. 2014.

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proteção da sociedade contra as ações do Estado para se tornar verdadeiro mecanismo de

atuação social, alcançando a conformidade com os impulsos de uma sociedade democrática78.

Paulo Bonavides assevera que a origem do direito constitucional está associada

aos princípios ideológicos do Estado moderno, na ideia de limitação do poder estatal,

mediante a separação dos poderes e a garantia dos direitos fundamentais. Sendo uma “técnica

de organização do poder aparentemente neutra”79.

Para Gilmar Mendes:

A Constituição não é um simples instrumento de proteção das relações existentes, mas a norma fundamental em que se projeta e se realiza uma sociedade em devir e transformação, uma lei superior onde se indicam as mudanças e se definem os processos de conformação do sistema político, das relações sociais e da própria ordem jurídica. [...] a concepção de Constituição com a ideia de Estado de Direito, do qual ela se apresenta como pressuposto, tanto com referência aos governantes – porque os priva da condição originária de donos do poder, para reduzi-los ao papel de meros prepostos da sociedade política – quanto em relação ao próprio poder, cujo exercício é juridicizado, vale dizer, racionalizado pela Constituição 80.

O Brasil, segundo Paulo Bonavides, experimentou três fases constitucionais. A

primeira se estende de 1822 até 1889, que deixaram influências em matéria da organização

dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, garantia dos poderes individuais e políticos.

A segunda época constitucional permaneceu de 1889 a 1934, adveio com a República que

mudou a organização formal do poder. Finalmente em 1934 adentra-se na terceira época

constitucional, quando se insere princípios que até então eram ignorados no direito

constitucional positivo81.

A Constituição em vigor, afirma em seu preâmbulo que se destina a “assegurar o

exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o

desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,

pluralista e sem preconceitos”, para tanto “fundada na harmonia social e comprometida, na

ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias”82.

78 BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 68. 79 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27. ed. atual. São Paulo: Malheiros editores, 2012. passim. 80 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; COELHO, Inocêncio Mártires. Curso de direito constitucional. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 8-9. grifo do autor. 81 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27. ed. atual. São Paulo: Malheiros editores, 2012. passim. 82 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

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Seguindo os preceitos basilares da CRFB tem-se capitulado no art. 1º:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político 83.

A dignidade da pessoa humana é fundamento do Estado Democrático de Direito,

norte a ser seguido, bem como os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, que “visam

assegurar a todos os indivíduos uma existência digna, sem abusos e protegida dos efeitos

danosos gerados pelo sistema econômico adotado pelo Brasil”84.

Na sequência, no art. 3º está postulado:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação 85.

No que tange aos direitos e garantias fundamentais estabeleceu o art. 5º, caput da

CRFB, que: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-

se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à

liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”86.

O direito ao trabalho está regulamentado sob o título de “Direitos Sociais”, direito

fundamental de segunda geração:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...]

83 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. grifo nosso. 84 MACHADO, Caran Silva; LAZARETTI, Isadora Kauna. Um estudo comparado sobre o direito constitucional do trabalho sob a ótica do princípio da dignidade da pessoa humana. Unoesc International Legal Seminar, v. 2, n. 1, p. 583-598, fev. 2014. Disponível em: <http://editora.unoesc.edu.br/index.php/uils/article/view/4004/2168>. Acesso em: 11 out. 2014. p. 587. 85 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. grifo nosso. 86 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. grifo nosso.

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XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;87.

Trata-se de norma de eficácia limitada, não regula diretamente a matéria, mas sim

um comportamento estatal que deve ser observado. É norma definidora de princípio,

vinculando o Estado a uma atividade futura, estabelecendo parâmetros para sua atuação88.

Na sequência passa-se às normas que preconizam a indenização na ausência de se

excluir os riscos ao que o trabalhador fica exposto na relação de trabalho no desempenho de

sua função, respeitando assim o capitulado no art. 7º da CRFB.

3.3 PROJETO DE LEI 6.307

A União controla e organiza as polícias militares e corpos de bombeiros militares

por meio do Decreto-Lei n. 667 de 1969, estabelecendo normas gerais acerca da estrutura e

organização policial militar. Por conta disso, buscou-se no ano de 2009 regular o adicional de

risco de vida aos policiais militares, de forma nacional, promovendo a isonomia entre os entes

federativos.

Em outubro de 2009, o Deputado Federal Mauro Nazif apresentou na Câmara dos

Deputados, o projeto de lei n. 6.307 que tinha o objetivo de incluir o art. 24-A no Decreto-Lei

n. 667/69, para assegurar aos policiais e bombeiros militares o adicional de periculosidade,

fixando em 30% do valor da remuneração, com a seguinte justificativa:

[...] Tal direito encontra respaldo constitucional, conforme art. 7º, XXIII, que preceitua: “são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei”. Embora o art. 40, § 4º da Constituição Federal faça alusão a atividades de risco e as exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, o dispositivo não foi devidamente regulamentado, por lei complementar. Dessa regulamentação é que adviria o conceito de atividades insalubres, penosas e perigosas, hoje limitado aos trabalhadores da iniciativa privada, nos termos do art. 193 do Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT), que assim considera tão-somente as atividades que impliquem o contato permanente com substâncias inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. Posteriormente a Lei n. 7.369, de 20 de setembro de 1985, estendeu o benefício aos eletricitários. Mas, tanto no nível federal quanto no de alguns Estados o exercício dessas atividades foi regulamentado.

87 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 88 MIRANDA ALVES, Jaime Leonidas; PINTAR, Bruno Trajano; FRANÇA FILHO, Osmar Moraes de. O ativismo judicial como meio de garantir a eficácia dos direitos sociais. Unoesc International Legal Seminar, v. 2, n. 1, p. 479-492, fev. 2014. Disponível em: <http://editora.unoesc.edu.br/index.php/uils/article/view/3987/2162>. Acesso em: 11 out. 2014.

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Essa circunstância assimétrica, de alguns terem o direito reconhecido e garantido, enquanto outros só o têm como propósito, causa situação de iniquidade diante da inexistência de comando legal que obrigue todos os entes federados (inclusive Municípios) a garantir a percepção do adicional correspondente, corolário e pressuposto da aposentadoria especial com o mesmo fundamento. Diante do exposto é que estimulamos os nobres pares a aprovarem a presente proposta, como forma de aprimorar, ainda que pontualmente, o sistema de segurança pública, ao dotar seus órgãos de mais um mecanismo de valorização do trabalho policial89.

O projeto passou pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime

Organizado, obtendo parecer favorável em junho de 2010. O relator, Deputado Capitão

Assunção, salientou em seu voto tratar-se de projeto que incrementaria adicional de

periculosidade aos funcionários públicos estaduais, de todos os Estados membros da

Federação, destacando que compete a União a edição de normas gerais e que era cabível a

instituição do adicional em face daquela categoria90.

Em 2011 foi apresentado o parecer favorável da Comissão de Trabalho,

Administração e Serviço Público. A Relatora, Deputada Andréia Zito informava que eram

frequentes as divulgações de episódios em que ocorriam confrontos armados com policiais,

sendo também frequentes as baixas, em decorrência de óbito e moléstia grave, e que a

concessão desse benefício aos militares estaduais era evidência de um ato justo91.

O projeto seguiu para a Comissão de Finanças e Tributação e recebeu o seguinte

parecer: “incompatibilidade e inadequação financeira e orçamentária”. Tendo como relator o

Deputado Assis Carvalho, este explanou que o projeto não apresentava estimativa de despesa,

exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, assim como alteraria o salário dos militares do

Distrito Federal, subordinados à União, sendo que a competência para projeto de lei nesse

âmbito é de iniciativa privativa do Presidente da República. Assim, em junho de 2013 o

projeto de lei foi arquivado92.

89 BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n. 6.307, de 28 de outubro de 2009. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=457245>. Acesso em: 11 out. 2014. 90 BRASIL. Comissão de Segurança Pública e combate ao crime organizado, 2010. Projeto de Lei n. 6.307, de 28 de outubro de 2009. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=D2FEDC14082BC7CC920DF0E7CB967B7E.proposicoesWeb2?codteor=784796&filename=Tramitacao-PL+6307/2009>. Acesso em: 11 out. 2014. 91 BRASIL. Comissão de trabalho, de administração e de serviço público, 2011. Projeto de Lei n. 6.307, de 28 de outubro de 2009. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=D2FEDC14082BC7CC920DF0E7CB967B7E.proposicoesWeb2?codteor=884442&filename=Tramitacao-PL+6307/2009>. Acesso em: 11 out. 2014. 92 BRASIL. Comissão de Finanças e Tributação. Projeto de Lei n. 6.307, de 28 de outubro de 2014. Dsiponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=D2FEDC14082BC7CC920DF0E7

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Doravante percorre-se na sequência a previsão disposta na Consolidação das Leis

do Trabalho com relação a proteção à vida nessas relações.

3.4 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

Nesta seção será apresentado de que forma a Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT) estabelece condições para a proteção à vida. A CLT rege as relações de trabalho no

âmbito privado e nas empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades que

explorem atividades econômicas em consonância com o disposto no art. 173 da CRFB. No

dizer de Sérgio Pinto Martins o “direito do trabalho deveria dizer a respeito de qualquer tipo

de trabalhador, mas, na verdade, tutela o trabalho subordinado e condições análogas”93.

Direito do Trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas. [...] Não se pode conceber, porém, que qualquer trabalhador será amparado pelo Direito do Trabalho, como ocorre com o funcionário público e o trabalhador autônomo, que são espécies do gênero trabalhadores, não sendo assistidos por nossa matéria. [...] No Direito do Trabalho a lei estabelece um mínimo, mas as partes podem convencionar direitos superiores a esse mínimo 94.

A CLT foi criada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943, unificando

toda a legislação trabalhista existente no Brasil. Versa sobre as relações individuais e

coletivas do trabalho, conforme assevera o seu art. 1º: “Esta Consolidação estatui as normas

que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nela previstas”95.

No capítulo que trata da segurança e da medicina no trabalho, a CLT institui o

seguinte:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.

CB967B7E.proposicoesWeb2?codteor=1088431&filename=Tramitacao-PL+6307/2009>. Acesso em: 11 out. 2014. 93 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013. passim. 94 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 19. 95 BRASIL. Decreto Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452compilado.htm>. Acesso em: 11 out. 2014.

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§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo. § 4º - São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta96.

A regulamentação das atividades ou operações perigosas estão dispostas na

Norma Regulamentadora 16 (NR-16) do Ministério do Trabalho, a qual especifica

detalhadamente de que forma cada atividade que faz jus ao adicional de periculosidade.

A segurança e a medicina no trabalho são ramos do Direito do Trabalho que têm a

função de oferecer ao trabalhador, em seu local de trabalho, condições de proteção à saúde e

recuperação, quando este não estiver em condições de realizar os seus serviços97.

Celso Antônio Pacheco Fiorillo apresenta-se a seguinte reflexão em relação ao

meio ambiente do trabalho:

[...] meio ambiente do trabalho é o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais relacionadas à saúde, seja remunerada ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição que ostentem (homens, mulheres, maiores ou menores de idade, celetista, servidores públicos, autônomos etc...)98.

Não sendo possível ou suficiente o controle ambiental, recomenda-se a utilização

de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), reduzindo a intensidade dos agentes de risco.

Os EPI’s devem se adequar aos riscos da atividade e possuir fator de proteção que reduza essa

intensidade. O pagamento do adicional de periculosidade só não será devido caso o risco seja

totalmente eliminado99.

A periculosidade corresponde ao risco que eventualmente poderá atingir de forma

violenta o trabalhador, oferecendo risco acentuado à integridade física e, dessa forma, o

96 BRASIL. Decreto Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452compilado.htm>. Acesso em: 11 out. 2014. grifo nosso. 97 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 704. 98 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco apud FERREIRA, Jonatan Lima. (im) Possibilidade de acumulação do adicional de insalubridade e periculosidade e a (des) compensação pelo risco suportado no desempenho das atividades expostas a substancias radioativas na área médica. Revista do curso de Direito da UNIFACS: revista eletrônica mensal, n. 164, fev. 2014. Disponível em: <http://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/3069/2216>. Acesso em: 13 out. 2014. p. 17. 99 SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 7. ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 19-20.

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trabalhador que se enquadrar nas hipóteses legais citadas na CLT e na NR-16, faz jus ao

adicional de 30% sobre o salário100.

Todavia, quando não for possível eliminar totalmente o risco à integridade física

do trabalhador, por meio do controle de riscos, busca-se de outra maneira, que é a pecuniária,

retribuir de alguma forma essa exposição.

No que tange à retribuição pecuniária por conta dos riscos inerentes a atividade

policial, apresenta-se dois Estados da federação que regulamentaram esse dispositivo aos seus

militares estaduais.

3.5 MILITARES ESTADUAIS DO ACRE E SERGIPE

Seguindo os fundamentos constitucionais de respeito ao valor vida, dois entes da

federação regulamentaram aos seus militares estaduais, o direito a indenização por expor a

sua vida em risco em razão da função.

O Estado do Acre regulamentou este direito com a denominação de “Gratificação

de Risco de Vida”, ao passo que o Estado de Sergipe como “Gratificação de Periculosidade

Militar”, ambos com a mesma finalidade, retribuir de maneira pecuniária a impossibilidade de

cessar o risco à vida em razão da atividade.

No estado de Sergipe, a Lei n. 5.699/2005, dispõe sobre o sistema remuneratório

dos Militares Estaduais, conforme segue:

Da remuneração Art. 3º. A remuneração do servidor militar na ativa compreende: I - Soldo, que corresponde a vencimento básico; II - Gratificações; III - Indenizações; IV - Outros direitos pecuniários101.

Neste passo, necessária a apresentação do significado de soldo e gratificação:

Art. 12. Soldo é a parte básica mensal da remuneração inerente ao posto ou à graduação do servidor militar, e é irredutível. [...]

100 SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 7. ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 129. 101 SERGIPE. Lei 5.699, de 17 de agosto de 2005. Dispõe sobre o regime remuneratório dos Servidores Militares do Estado do Sergipe, e dá outras providencias correlatas. Disponível em: <http://www.al.se.gov.br/Detalhe_Lei.asp?Numerolei=5768>. Acesso em: 13 out. 2014.

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Art. 13. Gratificações são parcelas remuneratórias mensais atribuídas ao servidor militar em serviço ativo, em razão das atividades peculiares inerentes à sua carreira profissional, bem como pelo tempo de permanência no serviço. [...] Art. 14. O servidor militar, em efetivo serviço, pode fazer jus às seguintes gratificações: I - Gratificação por Tempo de Serviço - GraTServ; II - Gratificação por Periculosidade - GraPe; III - Gratificação de Atividade Militar - GAM; IV - Gratificação de Compensação por Serviço Externo – GraCoEx102.

No art. 17 do mesmo diploma jurídico fica estipulado o conceito da gratificação

por periculosidade:

Art. 17. A Gratificação por Periculosidade é vantagem genérica concedida ao servidor militar da ativa em razão dos riscos latentes e potenciais próprios do desempenho da atividade militar, e corresponde a 30% (trinta por cento) do soldo da sua graduação ou do seu posto103.

No Estado do Acre, a Lei n. 1.631/2005, instituiu a gratificação por risco de vida

aos policiais militares daquele ente federativo, tipificando:

Art. 1º- Fica instituída a Gratificação de Risco de Vida, pelo exercício de atividade perigosa, exclusivamente aos policiais militares e bombeiros militares de carreira do Estado do Acre que estejam no efetivo exercício de suas funções, de acordo com a tabela constante no Anexo Único desta lei104.

No Estado do Acre, o soldo do policial, no posto de Soldado, no valor de R$

512,91105, a indenização do risco de vida fica no valor de R$ 173,00. Percebe-se que o

adicional está referenciado em 30% do salário, esta questão do percentual de referência seguiu

por analogia o que já estava posto para os empregados privados.

Conquanto as nomenclaturas não sejam as mesmas nos dois entes federativos,

posto que uma legislação cita periculosidade, ao passo que a outra emprega a expressão risco

102 SERGIPE. Lei 5.699, de 17 de agosto de 2005. Dispõe sobre o regime remuneratório dos Servidores Militares do Estado do Sergipe, e dá outras providencias correlatas. Disponível em: <http://www.al.se.gov.br/Detalhe_Lei.asp?Numerolei=5768>. Acesso em: 13 out. 2014. grifo nosso. 103 SERGIPE. Lei 5.699, de 17 de agosto de 2005. Dispõe sobre o regime remuneratório dos Servidores Militares do Estado do Sergipe, e dá outras providencias correlatas. Disponível em: <http://www.al.se.gov.br/Detalhe_Lei.asp?Numerolei=5768>. Acesso em: 13 out. 2014. 104 ACRE. Lei nº 1.631, de 4 de março de 2005. Institui a gratificação por risco de vida aos Policiais Militares e Bombeiros Militares de carreira do Estado do Acre. Disponível em: <http://www.al.ac.leg.br/leis/wp-content/uploads/2014/09/Lei1631.pdf>. Acesso em: 13 out. 2014. 105 4 DE MAIO. Uma mentira oficial: salário de militares do Acre está entre os dez melhores do Brasil. Disponível em: < http://a4demaio.blogspot.com.br/2012/02/uma-mentira-oficial.html#comment-form>. Acesso em: 13 out. 2014.

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de vida, porém ambas com o mesmo objetivo legislativo, qual seja, indenizar o policial militar

por atividade que o expõe ao risco de sofrer dano à sua integridade física ou perder a vida.

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4 A REMUNERAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA

Chega-se, neste tópico da pesquisa, à análise da remuneração da Polícia Militar de

Santa Catarina, na qual será apresentada primeiramente a forma de percepção dessa

remuneração antes do advento da LC estadual n. 614/2013, a diferenciação entre as

nomenclaturas periculosidade e risco de vida e, posteriormente, uma síntese ao conceito de

subsídio, partindo da LC n. 614/2013, com a análise de alguns tópicos da lei, em especial o

instituto denominado “Indenização do Serviço Ativo” (ISA), finalizando com a conceituação

de salário complessivo.

4.1 REMUNERAÇÃO

Remuneração, para Maurício Godinho Delgado, corresponde “ao conjunto de

parcelas contraprestativas recebidas pelo empregado, no contexto da relação de emprego,

denunciadoras do caráter oneroso do contrato de trabalho pactuado”106.

Fabíola Marques afirma que a remuneração “diz respeito a todos os proventos

recebidos pelo empregado, em razão do emprego [...] como salário, adicionais, prêmios,

diárias de viagem, gratificações etc.”107.

O Estatuto da Polícia Militar de Santa Catarina estabelece, em seu art. 53, o

conceito de remuneração da seguinte maneira: “A remuneração dos policiais-militares

compreende vencimentos ou proventos, indenizações e outros direitos e é devida em bases

estabelecidas em Leis Específicas”108.

Antes da entrada em vigor da LC n. 614/2013, a remuneração da PMSC era

estabelecida por um conjunto de leis, em que cada uma representava um direito e uma

garantia a mais para o policial militar. A remuneração compreendia o soldo, adicional de

tempo de serviço (correspondente a 3% do soldo a cada 3 anos), estímulo operacional

(referente as horas extras) adicional noturno, auxílio alimentação e alguns abonos

representativos da classe.

Muitas leis trataram da remuneração Policial Militar, todavia, necessário

consignar que a legislação referente à remuneração do policial militar de Santa Catarina não 106 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012. p. 707. 107 MARQUES, Fabíola; ABUD, Cláudia José. Direito do trabalho: série leituras jurídicas – provas e concursos. São Paulo: Atlas, 2005. p. 50. 108 SANTA CATARINA. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983.

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tratava da remuneração acerca do risco de vida. Toda legislação que trata da remuneração é

fruto de um histórico de discussões com a classe, porém a iniciativa de um projeto de lei que

modifique qualquer ponto da remuneração dos policiais militares em Santa Catarina é de

iniciativa exclusiva do Governador do Estado, conforme a Constituição do Estado:

Art. 50. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da Assembleia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Procurador-Geral de Justiça e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. [...] § 2º São de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que disponham sobre: [...] I - a organização, o regime jurídico, a fixação ou modificação do efetivo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, o provimento de seus cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva109.

A Lei n. 5.645/1979 estabeleceu alguns conceitos a respeito da remuneração

policial:

Art. 3º. O Policial-Militar na Ativa faz jus à remuneração e a outros direitos. Parágrafo único. A remuneração do policial-militar na ativa compreende: I – vencimentos; II - adicional por tempo de serviço; III - adicional de permanência [...] Art.4º Vencimento é o quantitativo mensal em dinheiro, devido ao policial-militar em atividades compreendendo: I – soldo; II - indenização por regime especial de trabalho; III - indenização de habilitação110.

O soldo está tipificado no art. 5º da seguinte maneira: “Soldo é a parte básica dos

vencimentos inerentes ao posto ou a graduação do policial-militar na ativa”111.

A Lei n. 1.115/1988 criou a indenização por regime especial de trabalho, que foi

posteriormente alterado pela Lei Complementar n. 52/1992, que reestruturou a remuneração

dos servidores público militares e extinguiu indenizações112.

109 SANTA CATARINA. Constituição (1989). Constituição do Estado de Santa Catarina de 1989. Florianópolis, SC: Assembleia Legislativa, 1989. 110 SANTA CATARINA. Lei nº 5.645, de 30 de novembro de 1979. Dispõe sobre a remuneração da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina e dá outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 11.376, 14 dez. 1979. 111 SANTA CATARINA. Lei nº 5.645, de 30 de novembro de 1979. Dispõe sobre a remuneração da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina e dá outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 11.376, 14 dez. 1979.

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O regime especial de trabalho estava definido no art. 4º da Lei n. 1.115/1988 da

seguinte maneira: “Ao policial militar, ativo e inativo, em razão da natureza de sua jornada de

trabalho, horas extras, horário noturno e prontidão, fica instituída uma Indenização por

Regime Especial de Trabalho, no valor correspondente 70% (setenta por cento) sobre o

soldo”113.

A Lei n. 6.142/1982, em seu art. 3º definia a indenização de habilitação, sendo

essa uma indenização pelos cursos realizados com aproveitamento114.

A Lei Complementar n. 80/1993 criou a gratificação de atividade no serviço

público, fundindo a indenização pelo regime especial de trabalho e a indenização de

habilitação. Também estabeleceu em seu art. 12 que “não se aplica aos servidores

ocupantes de cargo pertencentes ao Grupo Segurança Pública a gratificação pela

prestação de serviços em locais insalubres e com risco de vida [...]”115.

A Lei Complementar n. 137/1995 instituiu a hora extra116. A Lei Complementar

451/2009117 concedeu abono aos militares integrantes do Sistema de Segurança Pública do

Estado de Santa Catarina, posteriormente incorporado ao soldo por meio da Lei

Complementar n. 556/2011118.

Inserido o contexto da remuneração da Polícia Militar e suas alterações com a

ressalva que em momento algum houve a indenização ao risco de vida, passa-se a

conceituação e comparação entre os institutos do risco de vida e periculosidade.

112 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 52, de 29 de maio de 1992. Reestrutura a remuneração dos Servidores Público Militares, extingue gratificações e indenizações e dá outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n.14.452, 29 maio 1992. 113 SANTA CATARINA. Lei Promulgada n. 1.115, de 09 de dezembro de 1988. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 13.596, 12 dez. 1988. 114 SANTA CATARINA. Lei n. 6.142, de 20 de setembro de 1982. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 12.057, 21 set. 1982. 115 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 80, de 10 de março de 1993. Estabelece novo critério para a fixação de valores de vencimento e soldo para os servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo pertencentes ao Grupo Segurança Pública e dá outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 14.646, 15 mar. 1993. grifo nosso. 116 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 137, de 22 de junho de 1995. Majora indenização e institui gratificação para ocupantes de cargos dos Subgrupos: Técnico Científico código SP-PC-TC e Técnico Profissional código SP-PC-TP do Grupo Segurança Pública - Polícia Civil e para os ocupantes de graduações do Subgrupo: Atividade Técnico Profissional SP-PM-ATP do Grupo Segurança Pública - Policia Militar, dispõe sobre concessão de Gratificação Complementar de Remuneração Paritária aos ocupantes dos cargos que menciona e estabelece outras providências. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 15.210, 23 jun. 1995. 117 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 451, de 05 de agosto de 2009. Concede abono aos servidores e militares integrantes do Sistema de Segurança Pública e adota outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 18.662, 05 ago. 2009. 118 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 556, de 21 de dezembro de 2011. Incorpora gratificações e abonos ao vencimento e soldo dos servidores e militares, ativos e inativos, do Grupo Segurança Pública e do Grupo Justiça e Cidadania e adota outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.240, 23 dez. 2011.

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4.2 PERICULOSIDADE E RISCO DE VIDA

Periculosidade e risco de vida são categorias tratadas de forma ambígua pela

doutrina. Muito embora tenham suas diferenças conceituais, o legislador não se atém a esse

aspecto, pois conforme foi evidenciado na seção 3.5 que tratou dos militares estaduais do

Acre e Sergipe, ficou demonstrado que o Estado do Acre instituiu gratificação por “risco de

vida”, enquanto o Estado de Sergipe instituiu gratificação de “periculosidade” militar.

Em que pese a doutrina dirigir suas análises para a CLT e as relações de trabalho

abarcadas por ela, buscam-se estes conceitos e, por analogia, aos estatutários, na medida em

que os estudos relacionados a esse instituto são poucos.

De acordo com Sérgio Pinto Martins “na periculosidade existe o risco, a

possibilidade de ocorrer o infortúnio”, e dessa maneira não importa o trabalhador estar

continuamente exposto ao risco, mas apenas que exista o risco, que na ocorrência do sinistro

pode ceifar a vida do trabalhador, dessa maneira a classificação da periculosidade será feita

por intermédio de perícia, feita por engenheiro ou médico do trabalho, sendo que as situações

que preveem o adicional estão dispostas na NR 16 do Ministério do Trabalho e a sua

incidência importa em adicional de 30% sobre o salário do empregado119.

O Decreto n. 93.412/1986 que institui o adicional para os empregados do setor de

energia elétrica, em condições de periculosidade, expõe no art. 2º, §2º, que são equipamentos

ou instalações em situações de risco “aqueles de cujo contato físico ou exposição aos efeitos

da eletricidade possam resultar na incapacitação, invalidez permanente ou morte”,

determinando que fica suscetível ao adicional de periculosidade o empregado que:

[...] I - permaneça habitualmente em área de risco, executando ou aguardando ordens, e em situação de exposição contínua, caso em que o pagamento do adicional incidirá sobre o salário da jornada de trabalho integral; II - ingresse, de modo intermitente e habitual, em área de risco, caso em que o adicional incidirá sobre o salário do tempo despendido pelo empregado na execução de atividade em condições de periculosidade ou do tempo à disposição do empregador, na forma do inciso I deste artigo120.

Tuffi Messias Saliba assevera que, diversamente do adicional de insalubridade,

que pode ser cessado com o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

119 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013, p. 718-719. 120 BRASIL. Decreto n. 93.412, de 14 de outubro de 1986. Revoga o decreto n. 92.212, de 26 de dezembro de 1985, que institui o salário adicional para os empregados do setor de energia elétrica, em condições de periculosidade e dá outras providencias. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d93412.htm>. Acesso em: 18 out. 2014.

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capazes de diminuir o risco abaixo dos limites de segurança, o adicional de periculosidade não

cessa com o fornecimento desses equipamentos, pois está vinculado à atividade, somente

poderá ser cessado com a eliminação do risco121.

Os adicionais são conceituados como parcelas contraprestativas suplementares na

qual o empregado tem direito em virtude do trabalho em circunstâncias mais gravosas. Tal

parcela é percebida em virtude de desgaste, desconforto ou risco ao qual o empregado incide

no seu labor, possuem natureza salarial e que não têm caráter indenizatório122.

No entendimento do Tribunal Superior do Trabalho o adicional de risco de vida

pode ser percebido à medida que a atividade expõe o trabalhador a risco, porém não está

tipificado na CLT, podendo haver uma fonte contratual estabelecendo esse vínculo que

inclusive pode ser cumulado com o adicional de periculosidade123.

Não há uma divisão específica na doutrina no que tange ao adicional de risco de

vida e periculosidade, não há um aprofundamento sobre o adicional de risco de vida, pois pela

doutrina subtende-se este pelo adicional de periculosidade. Algumas legislações estaduais

estabelecem critérios próprios e promovem uma maior dificuldade conceitual. Contudo, ao ser

estabelecido o adicional de risco de vida ou de periculosidade, sua percepção é fixada em

30% do valor do salário.

4.3 SUBSÍDIO

O subsídio é a forma atual de pagamento da remuneração da Polícia Militar de

Santa Catarina, a partir da entrada em vigor da Lei Complementar n. 614/2013, razão pela

qual é conveniente apresentar seu conceito e peculiaridades.

Para Diógenes Gasparini, não há a possibilidade de prestar serviço à

Administração Pública sem uma retribuição pecuniária124. Dessa forma, o servidor público faz

jus ao salário, retribuição de natureza alimentar. Trata-se de contraprestação tal qual tem

121 SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 7. ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 20. 122 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 760. 123 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista n. 560778-96.1999.5.04.5555. Relator: Min. José Luiz Vasconcellos. Brasília, DF, 28 de junho de 2000. Disponível em: <http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1423084/recurso-de-revista-rr-5607789619995045555-560778-9619995045555>. Acesso em: 18 out. 2014. 124 Somente alguns agentes públicos, em situações especiais, fogem a essa regra, como são, entre outros, os mesários, jurados, agentes honoríficos.

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direito o servidor público por estar a disposição da Administração Pública e lhe prestar

serviço125.

O sistema remuneratório dos servidores públicos está previsto na CFRB e

compreenderá a modalidade subsídio, que é uma parcela única, regra geral aplicada aos

agentes políticos, tipificada no art. 39, §4º, da CRFB. Os agentes políticos exercem funções

governamentais e judiciais. Os servidores das polícias não são agentes políticos, entretanto

por força do art. 144, §9º da CRFB têm a obrigatoriedade de receber por meio de subsídio126.

A Lei n. 8.852/1994127, que dispõe sobre a aplicação do art. 39, §1º, da CRFB,

estabelece que a palavra vencimento corresponde a retribuição pecuniária correspondente ao

cargo; remuneração representa a retribuição acrescida de vantagens (adicionais e

gratificações). Já o subsídio é fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer

gratificação ou qualquer outra espécie remuneratória consoante art. 39, §4º, CRFB128.

De acordo com José Maria Pinheiro Madeira, a expressão parcela única, busca

vedar a fixação do subsídio em duas partes. Entretanto deve se observar o art. 39, §4º, de

forma atenuada, de modo que, apesar do §4º estabelecer “parcela única”, deve-se atentar

também ao §2º, que assegura o direito de determinadas vantagens, que são as parcelas

acrescidas ao vencimento base, previamente estabelecidas por norma geral e que reclamam a

presença de uma situação fática, natureza especial da função ou trabalho em condições

anormais, dentre outras129.

Nesse mesmo sentido assevera Márcio Pestana:

O subsídio exige algumas considerações. A primeira é que a advertência do artigo 39 par. 4º da CF/88 (vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação, ou outra espécie remuneratória) deve ser examinada com redobrada atenção, especialmente à vista da expressa remissão contida no artigo 39 par. 3º da própria CF/88, que assegura aos ocupantes de cargo públicos diversos direitos instalados em alguns incisos do art. 7º da Constituição Federal (décimo terceiro salário, adicional noturno, salário noturno...) pois, num primeiro lanço de olhos, poderia-se entender, equivocadamente, que os agentes públicos que recebessem subsídio não poderiam ser beneficiados por adicionais ou gratificações130.

125 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 243. 126 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 537. 127 BRASIL. Lei n. 8.852, de 4 de fevereiro de 1994. Dispõe sobre a aplicação dos arts. 37, incisos XI e XII, e 39, §1º, da Constituição Federal e da outras providencias. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8852.htm>. Acesso em: 20 out. 2014. 128 GASPARINI, Diogenes. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 244. 129 MADEIRA, José Maria Pinheiro. Servidor público na atualidade. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 406. 130 PESTANA, Márcio. Direito administrativo brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2010. p. 113.

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A respeito das gratificações, Hely Lopes Meirelles esclarece que são vantagens

pecuniárias atribuídas aos servidores em razão de seu serviço, com condições anormais de

segurança e salubridade. Nesta categoria se enquadram os serviços realizados com risco à

vida ou à saúde com condições estabelecidas em lei, concedidas por interesse da

Administração Pública e que possuem natureza transitória, pois não se incorporam aos

vencimentos, tampouco geram direito subjetivo a continuidade de sua percepção131.

José Maria Pinheiro Madeira assinala que as gratificações se agregam ao

vencimento do servidor público em razão de sua “excepcional prestação de serviços” ou

“condições pessoais”, sendo de caráter temporário. As gratificações de razão excepcional são

àquelas vinculadas em razão da função, decorrentes de atividades insalubres, com risco à

vida, sob condições de penosidade, trabalhos noturnos, periculosidade ou qualquer outra

situação prevista em lei. As pessoais levam em consideração a condição de cada servidor, tais

como salário família, licença gestante, licença para tratamento de saúde, dentre outras132.

Sobre o conceito de indenização, a Lei n. 8.112/1990, que dispõe sobre o regime

jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas

federais, estabelece em seu art. 51 que constituem indenizações ao servidor:

I- ajuda de custo; II – diárias; III – transporte; IV – auxílio moradia”133.

Para Diogenes Gasparini o servidor pode ser contemplado com o pagamento

competente de indenização juntamente com gratificação assim como acumular condições para

tal, que justificam a sua percepção134.

Segundo Hely Lopes Meirelles, as indenizações visam reaver ao servidor gastos

em razão de sua função, destinam-se a compensar despesas realizadas pelo servidor, de modo

a ressarci-lo de gastos com o desenvolvimento de sua atividade pública. Por terem natureza

jurídica indenizatória, não se incorporam à remuneração, não repercutem nos cálculos de

benefícios previdenciários e não estão sujeitas ao imposto de renda135.

131 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasilleiro. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 551. 132 MADEIRA, José Maria Pinheiro. Servidor público na atualidade. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 442. 133 BRASIL. Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm>. Acesso em: 20 out. 2014. 134 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 290. 135 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 38. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

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47

Estabelecido o conceito de subsídio e suas peculiaridades, parte-se ao estudo da

Lei Complementar n. 614/2013 do Estado de Santa Catarina.

4.4 LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N. 614/2013

Ainda não existem muitas discussões acerca da presente lei, diante de sua recente

vigência. Apesar de ter entrado em vigor na data de sua publicação, em dezembro de 2013,

seus efeitos só foram percebidos a partir de agosto de 2014, quando efetivamente se aplicou o

estabelecido nos anexos da lei, sendo que o plano de remuneração ficou dividido em três

etapas, e a última só será adimplida em dezembro de 2015136.

Em sua tramitação na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, sob a

denominação de Projeto de Lei Complementar n. 44/2013, o projeto foi alvo de muitas

críticas pelo Deputado Amauri Soares, que arguiu a extinção de diversos direitos, entre eles:

adicional de tempo de serviço, triênios, adicional noturno, adicional de pós-graduação, entre

outros. O Deputado pontuou três aspectos negativos do projeto: (a) fez referência as duas

classes que trabalham na Polícia Militar de Santa Catarina, que são os praças e os oficiais, que

aumentaria a diferença salarial, (b) alegou que tal projeto somente traria benefícios a classe

dos oficiais, (c) a perda de direitos e o cronograma de pagamento na seguinte maneira: “talvez

lá pra cima seja uma mala, mas aqui para baixo seja apenas uma pochete, cuja validade só

existirá daqui a dois anos e tudo que era verdade até ontem não é mais”137.

O projeto ingressou na Assembleia Legislativa do Estado em novembro de 2013,

por iniciativa do Governador do Estado, Raimundo Colombo, após apreciação dos Secretários

da Fazenda e da Administração do Estado, que em parecer, alegaram o seguinte:

Trata-se de mais um importante marco histórico para a Administração Pública do Estado de Santa Catariana, pois trata da implantação de um modelo de gestão de recursos humanos que, além de constitucionalmente obrigatório, já é adotado no Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, para outras categorias funcionais, em outras unidades da Federação e também no âmbito da União. O modelo também permitirá o adequado planejamento financeiro das despesas com pessoal, pois reduz significativamente o crescimento vegetativo da folha de pagamento. Além disso, proporciona a correção de distorções remuneratórias entre

136 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 614, de 20 de dezembro de 2013. Fixa o subsído mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.729, 31 dez. 2013. 137 AGÊNCIA AL. Pacote de salários e carreira da segurança pública chega na Alesc. Disponível em: <http://agenciaal.alesc.sc.gov.br/index.php/gabinetes_single/pacote-de-salarios-e-carreira-da-seguranca-publica-chega-na-alesc>. Acesso em: 18 out. 2014.

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agentes públicos que se encontram exercendo atribuições semelhantes, atendendo ao princípio da isonomia preconizado pela Carta Constitucional138.

A justificativa do projeto consistia no cumprimento de obrigação constitucional,

melhor controle da folha de pagamento aos servidores da Segurança Pública (pois não haveria

mais a hora extra) e a atenção ao princípio da isonomia.

A Lei Complementar n. 614/2013 estabelece em seu art. 1º:

Art. 1º O sistema remuneratório dos Militares Estaduais fica estabelecido por meio de subsídio, fixado na forma dos Anexos I, II e III desta Lei Complementar. Parágrafo único. O subsídio fica fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio ou outra espécie remuneratória, salvo as verbas estabelecidas no art. 3º desta Lei Complementar139.

Uma breve análise do art. 3º da lei em comento, torna possível perceber a

dissonância em relação a tudo que foi apresentado em relação a remuneração acerca de

indenização e gratificação:

Art. 3º O subsídio dos Militares Estaduais não exclui o direito à percepção, nos termos da legislação e regulamentação específicas, de: I – décimo terceiro vencimento, na forma do inciso IV do art. 27, combinado com o § 13 do art. 31, da Constituição do Estado; II – terço de férias, na forma do inciso XII do art. 27, combinado com o § 13 do art. 31, da Constituição do Estado; III – diárias e ajuda de custo, na forma da legislação em vigor; IV – retribuição financeira transitória pelo exercício de função de comando, direção, chefia ou assessoramento; V – vantagem de que trata o § 1º do art. 92 da Lei nº 6.745, de 28 de dezembro de 1985; VI – parcela complementar de subsídio, na forma do § 1º do art. 2º desta Lei Complementar; VII – Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo, na forma do art. 6º desta Lei Complementar; VIII – indenização por aula ministrada, pelo exercício de atividade de docência nos Centros de Ensino das Instituições Militares estaduais; IX – retribuição financeira transitória pelo exercício de atividades no Corpo Temporário de Inativos da Segurança Pública (CTISP), na forma do art. 8º da Lei Complementar nº 380, de 3 de maio de 2007, com a redação do art. 14 desta Lei Complementar; X – indenização por invalidez permanente, na forma da Lei nº 14.825, de 5 de agosto de 2009;

138 SANTA CATARINA. Projeto de Lei Complementar 44, de 8 de novembro de 2013: Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providências. Disponível em: <http://www.alesc.sc.gov.br/expediente/2013/PLC_0044_8_2013_Original.pdf>. Acesso em: 18 out. 2014. 139 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 614, de 20 de dezembro de 2013. Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.729, 31 dez. 2013.

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XI – retribuição financeira transitória pela participação em grupos de trabalho ou estudo, em comissões legais e em órgãos de deliberação coletiva, nos termos do inciso II do art. 85 da Lei nº 6.745, de 1985; XII – retribuição financeira pelo exercício de cargo ou comissão, na forma do art. 10 da Lei nº 5.645, de 30 de novembro de 1979; XIII – auxílio-alimentação; e XIV – outras parcelas indenizatórias previstas em lei. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no § 11 do art. 37 da Constituição da República às vantagens previstas nos incisos I, II, III, VIII, IX, X, XIII e XIV do caput deste artigo140.

O legislador catarinense estabeleceu conceitos novos e disformes com o presente

na legislação nacional e com o entendimento doutrinário. Nessa ordem de ideias, necessário o

conhecimento acerca desse dispositivo para a compreensão do art. 6º da lei que trata da

Indenização do Serviço Ativo (ISA).

No entanto, torna-se também indispensável apresentar o art. 4º, que define o

subsídio dos militares estaduais.

Art. 4º Estão compreendidas no subsídio e por ele extintas todas as espécies remuneratórias do regime anterior, de qualquer origem e natureza, que não estejam explicitamente mencionadas no art. 3º desta Lei Complementar, em especial: I – vantagens pessoais e vantagens pessoais nominalmente identificadas (VPNI), de qualquer origem e natureza; II – diferenças individuais e resíduos, de qualquer origem e natureza; III – valores incorporados à remuneração decorrentes do exercício de função de comando, direção, chefia ou assessoramento ou de cargo de provimento em comissão; IV – valores incorporados à remuneração a título de adicional por tempo de serviço, triênios ou quinquênios; V – abonos; VI – valores pagos a título de representação; VII – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; VIII – adicional noturno; IX – Indenização de Estímulo Operacional, instituída pela Lei Complementar nº 137, de 22 de junho de 1995; X – adicional vintenário; XI – adicional de pós-graduação; e XII – Indenização de Representação de Chefia, instituída pelo art. 18 da Lei Complementar nº 254, de 15 de dezembro de 2003141.

140 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 614, de 20 de dezembro de 2013. Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.729, 31 dez. 2013. 141 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 614, de 20 de dezembro de 2013. Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.729, 31 dez. 2013.

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O subsídio criado no âmbito do Estado de Santa Catarina para a Polícia Militar

compreendeu e extinguiu um adicional que, como demonstrado, nunca foi devido aos

policiais militares catarinenses, visto no art. 4º, VII.

Outro tópico que merece atenção (e uma análise mais aprofundada) é a vedação

imposta pela lei a qualquer decisão do Poder Judiciário, mesmo que por sentença transitado

em julgado:

Art. 5º Os Militares Estaduais não poderão perceber cumulativamente com o subsídio quaisquer valores ou vantagens incorporados à remuneração por decisão administrativa, judicial ou extensão administrativa de decisão judicial, de natureza geral ou individual, ainda que decorrentes de sentença judicial transitada em julgado142.

O legislador catarinense preocupou-se mais em não deixar “brechas” que

ensejassem possíveis ações judiciais futuras, do que com a dignidade do policial militar.

Dessa forma, no art. 4º, excluiu todos os direitos já expostos ao longo da presente pesquisa,

traços de uma busca histórica, de maneira que acaso fossem discutidos futuramente, bastaria

mencionar que foram absorvidos pelo subsídio.

Não obstante, os direitos e garantias foram incluídos em um único “pacote”, de

maneira complessiva, assim, pode o Estado alegar que paga tais direitos, como é o caso do art.

6º, que será demonstrado a seguir.

Santa Catarina inovou na concepção de conceitos acerca da indenização,

gratificação e forma complessiva de pagamento de remuneração. Estabeleceu conceitos que

vão de encontro aos preceitos constitucionais infraconstitucionais, além da doutrina e

jurisprudência.

O ponto nevrálgico do presente estudo encontra-se disposto no art. 3º, VII, da Lei

Complementar n. 614/2013 e, explicitado no art. 6º, tal aspecto será apresentado e discutido

na seção seguinte.

4.4.1 Indenização do serviço ativo

A Indenização do Serviço Ativo (ISA) é a única diferença em termos de

percepção salarial entre o policial militar da ativa, o da reserva remunerada e o reformado. O

142 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 614, de 20 de dezembro de 2013. Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.729, 31 dez. 2013.

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policial da reserva remunerada é aquele que se encontra aposentado, mas que ainda pode ser

convocado para prestar serviços em situações específicas da legislação, já o policial

reformado está dispensado definitivamente da prestação de serviços. Ambos recebem a

remuneração, entretanto não fazem jus a indenização do serviço ativo143.

A seguir, o texto com a previsão da Indenização do Serviço Ativo, tipificada no

art. 6º da Lei Complementar n. 614/2013:

Art. 6º Fica atribuída aos Militares Estaduais que se encontrarem em efetivo serviço Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo no percentual de 17,6471% (dezessete inteiros e seis mil, quatrocentos e setenta e um décimos de milésimo por cento) do valor do subsídio do respectivo posto ou graduação, fixado na forma do Anexo III desta Lei Complementar, a contar de 1º de agosto de 2014. § 1º O regime especial de serviço ativo caracteriza-se pela prestação de serviço em condições adversas de segurança, com risco à vida, cumprimento de escalas ordinárias e extraordinárias e atendimento a situações excepcionais inerentes à atividade Militar Estadual, conforme definido por ato do Chefe do Poder Executivo. § 2º A Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo constitui-se em verba de natureza indenizatória e não se incorpora ao subsídio, aos proventos nem à pensão por morte, sendo isenta da incidência de contribuição previdenciária, aplicando-se, em qualquer caso, o limite fixado pelo inciso III do art. 23 da Constituição do Estado144.

O art. 6º, §1º define a Indenização do Serviço Ativo (ISA) com quatro

características elementares: primeiramente como “a prestação de serviços em condições

adversas de segurança, com risco à vida”, o segundo ponto é o cumprimento de “escalas

ordinárias”, como terceiro aspecto o cumprimento de “escalas extraordinárias” e por fim, o

“atendimento a situações excepcionais inerentes à atividade Militar Estadual”, atribuindo para

esse conjunto de direitos um percentual do subsídio no valor de 17,6471% e a classificando

como verba indenizatória.

O conceito de verba indenizatória foi apresentado no item 4.2, em que a doutrina e

a legislação destinada aos servidores públicos civis da União, Estados, Municípios e o Distrito

Federal estabelecem ser uma forma de reestabelecer ao empregado aquilo que ele gastou em

decorrência do serviço (ajuda de custo, diária, transporte e auxílio moradia). Consigne-se que

tais regramentos não foram devidamente observados pelo legislador catarinense.

143 SANTA CATARINA. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983. 144 SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 614, de 20 de dezembro de 2013. Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.729, 31 dez. 2013, grifo nosso.

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A prestação de serviços em condições adversas de segurança e com risco à vida

foi apresentada no capítulo 2, e são àquelas em pode haver o risco do empregado sofrer lesão

ou perder a vida em decorrência de sua atividade, no qual a CLT define adicional de 30% do

valor do salário.

Os Estados do Acre e Sergipe, que incrementaram tal gratificação, não inovaram,

tampouco foram de encontro ao que já estava estabelecido na doutrina e jurisprudência,

denotando respeito aos princípios da moralidade e, por uma analogia, empregaram o

percentual de 30% do valor dos vencimentos.

A respeito do cumprimento de escalas ordinárias, há várias espécies de escalas na

polícia militar definidas em nota do Comando Geral a respeito das escalas de serviço

(ANEXO-B), importa salientar que um policial que trabalha em uma escala de serviço de 24h

de trabalho por 48 de descanso, apesar de trabalhar mais que um policial que está em uma

escala com 6h de serviço por 18 de descanso, e ainda trabalhar em período noturno, não

possui diferença salarial, não há isonomia, ambos sendo de mesmo grau hierárquico recebem

o mesmo salário.

Sobre as escalas extraordinárias, são àquelas que não estão dispostas na normativa

do Comando Geral, na qual os policiais são escalados para trabalhar além das horas ordinárias

(em analogia aos estatutários, seria o equivalente as horas extras).

Na opinião de Sérgio Pinto Martins, o adicional de hora extra “é devido pelo

trabalho extraordinário à razão de pelo menos 50% sobre a hora normal”145.

Para o Comando Geral, a cada hora trabalhada extraordinária corresponde a uma

hora de folga (ANEXO-B), nesse caso utilizou-se, por analogia, ao chamado banco de horas,

“ajuste feito entre o empregado e empregador para que o primeiro trabalhe mais horas em

determinado dia para prestar serviços em número de horas inferior ao normal em outros

dias”146.

Sobre o atendimento a situações excepcionais inerentes à atividade policial

militar, são exemplos a decretação do Estado de Defesa ou Estado de Sítio, em que há

atividade policial militar147.

Ao criar a Indenização do Serviço Ativo (ISA), o ordenamento jurídico

catarinense não buscou amoldar-se às demais legislações, não fez uso da analogia ao 145 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 268. 146 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 569. 147 CONSELHO NACIONAL PROCURADORES-GERAIS. Manual de controle externo da atividade policial. 2. ed. rev. e amp. Salvador: Ministério Público, 2012. Disponível em: <http://www.mpm.mp.br/portal/controle-externo/manual-controle-externo-versao-final-4-junho.pdf>. Acesso em: 21 out. 2014. p. 46.

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estabelecer e criar critérios já existentes no âmbito das relações de trabalho abarcadas pela

CLT, tampouco observou o que outros Estados da Federação criaram.

Assim, vislumbra-se afronta aos preceitos constitucionais, especialmente quanto

ao respeito à vida, horas extras, moralidade nos atos da Administração Pública e ao princípio

da dignidade da pessoa humana, posto ser perceptível o interesse da lei em proteger apenas os

interesses financeiros e orçamentários do Estado.

Ademais, o mecanismo de pagamento da ISA é forma de salário complessivo, o

que é vedado pela legislação e será apresentado em seguida.

4.4.2 Salário complessivo

A despeito de tudo que foi dito, cabe apresentar o conceito de salário complessivo

para que o leitor compreenda acerca de sua comparação com a Indenização do Serviço Ativo.

Na opinião de Mauricio Godinho Delgado, a expressão salário complessivo foi criada pela

jurisprudência e traduz a “ideia de cumulação em um mesmo montante de distintas parcelas

salariais”148.

O pagamento de salário de maneira complessiva é rejeitado pela ordem judicial

trabalhista, buscando preservar e identificar especificadamente cada parcela legal ou

contratual garantidas ao empregado na relação de trabalho149.

Fabíola Marques disserta no mesmo sentido ao explanar que o salário não pode

ser complessivo, ou de qualquer maneira ajustado antecipadamente, ou acordado entre

empregado e empregador, de forma a enquadrar em uma única prestação pecuniária o

pagamento referente a diferentes parcelas, por isso deve o salário indicar nominalmente todas

as parcelas que o compõem de forma individual150.

A Súmula 91 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe: “91- salário complessivo:

Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender

englobadamente vários direitos legais ou contratuais do trabalhador”151.

Interessante se faz a apresentação da decisão jurisprudencial nesse sentido:

148 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012. 149 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012. 150 MARQUES, Fabíola; ABUD, Cláudia José. Direito do trabalho: série leituras jurídicas – provas e concursos. São Paulo: Atlas, 2005. p. 51. 151 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula 91: salário complessivo. Disponível em: <http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-91>. Acesso em: 20 out. 2014.

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CARBONÍFERA CRICIÚMA S.A. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. PREVISÃO DE PAGAMENTO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE DE FORMA COMPLESSIVA. NULIDADE DA PREVISÃO. PAGAMENTO DAS VERBAS. São nulas as cláusula convencionais que estipulam o pagamento de adicionais de insalubridade e de periculosidade de forma complessiva, sendo devido o pagamentos das respectivas verbas em caso de incontrovérsia acerca da existência de agentes insalubres ou periculosos ou da constatação de sua presença por meio de perícia técnica. Não há como se conferir validade a essas regras coletivas, não se podendo falar no caso dos autos da prevalência da negociação sobre a normatização, mormente em se tratando de questões diretamente vinculadas à saúde do trabalhador, pois o pagamento complessivo não estimula os empregadores a eliminarem ou reduzirem os agentes insalubres ou periculosos. Assim, a essa realidade deve ceder espaço a norma inserta no inc. XXVI do art. 7º da CF, não se podendo, com base nela, ser perpetuada essa flagrante ilegalidade. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de RECURSO ORDINÁRIO, provenientes da 2ª Vara do Trabalho de Criciúma, SC, sendo recorrente VANOLDO SILVEIRA PEREIRA e recorrido CARBONÍFERA CRICIÚMA S.A. 01638/2012 RO 0002800-76.2011.5.12.0027 -2 152.

Há que se observar, portanto a consonância e o entendimento entre doutrina, legislação e

jurisprudência acerca do assunto relacionado ao salário complessivo e sua vedação. Nada

mais que uma garantia e proteção ao trabalhador, o que não foi observado pelo legislador

catarinense.

Reunidos os elementos legislativos, doutrinários e jurisprudenciais acima,

acredita-se que o legislador catarinense inovou o ordenamento jurídico em dissonância com

os parâmetros existentes, buscando uma proteção financeira e orçamentária para o Estado,

mas ignorando os direitos fundamentais do policial militar.

152 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário n. 0002800-76.2011.5.12.0027 -2, Vanoldo Silveira Pereira. Relatora: Des. Águeda Maria L. Pereira, SC, 02 de abril de 2012. Disponível em: <http://periodicos.unesc.net/index.php/amicus/article/viewFile/883/837>. Acesso em: 20 out. 2014.

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55

5 CONCLUSÃO

Apesar de se tratar de momento conclusivo da pesquisa, não se pode dar o

trabalho por finalizado, muito pelo contrário. A pesquisa revelou novos e desconhecidos

aspectos da legislação remuneratória do policial militar de Santa Catarina que merecem

análise perfunctória e crítica, mas que fogem ao espaço do presente estudo.

A pesquisa teve como temática a remuneração da Polícia Militar com o advento

da Lei Complementar estadual n. 614/ 2013, e como objeto principal a indenização do risco

de vida e se referida indenização é adequada nos moldes em que foi aprovada.

Para alcançar o objetivo proposto buscou-se inserir o leitor no contexto histórico

da polícia, no qual se verificou que a preocupação com segurança é inerente à sobrevivência

do homem, e que a partir do momento que o homem se estabelece em sociedade e cria regras

de convívio harmônico, estabeleceu que um grupo ficaria a par de manter essa fiscalização e

seria o legítimo para fazer uso da força no intuito de manter o interesse da coletividade. Esse

grupo seria o embrião da Polícia. Na medida em que os anseios da população aumentaram, no

contexto histórico, verificou-se que as funções da Polícia se alargam no sentido de ser nos

dias de hoje um promovedor dos direitos humanos, focada na preservação da ordem pública.

Apresentou-se a definição da atividade policial, observada sob diversos prismas,

conforme suas funções tanto de fiscalização, orientação e repressão no que tange a segurança

pública, bem como no auxílio a outros órgãos estatais, em caso de ordem judicial,

calamidades ou na inatividade desses órgãos.

Verificou-se que, no Estado em que mais morrem policiais no Brasil, São Paulo, a

maioria morre em seu horário de folga. Desta forma fazendo com que o policial tenha que

permanecer em estado de alerta mesmo em seu período de descanso.

Apresentou-se em seguida, o Estatuto da Polícia Militar de Santa Catarina,

regulamento próprio que trata das garantias, direitos e deveres, no qual o policial tem o dever

de sacrificar a sua própria vida em prol da sociedade que ele protege. Observou-se ainda que a

violação desse dever é considerada ato contrário a regulamentação e passível de sanção.

No que tange a proteção à vida, apresentou-se breve contexto histórico das

gerações (dimensões) dos direitos fundamentais, que tiveram início com proteções da

intervenção estatal, na primeira geração, como o direito à vida e à propriedade, seguindo para

os direitos sociais, os direitos difusos e coletivos, para então surgir os anseios em proteger os

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direitos voltados à comunidade internacional. Observou-se que não há garantia mais

importante que a vida, sem a qual nenhum dos direitos faria sentido.

A CRFB busca a efetivação desse direito, por conta disso foram apresentadas suas

garantias, focando na proteção à vida e buscando tal proteção na relação do trabalho. Este

amparo vem tipificado nos direitos sociais, e segmentado nas legislações infraconstitucionais

que tratam das relações de trabalho. Por consequência apresentou-se a CLT e verificou-se que

em relação a proteção à vida, há uma espécie de adicional para o empregado que desempenha

funções com risco de perder a vida ou mesmo de sofrer lesões em decorrência da atividade

laboral.

Uma vez que é impossível cessar o risco à vida, mesmo com equipamentos de

proteção individual, deve o Estado retribuir pecuniariamente o policial militar por esse risco.

Assim, demonstrando essa efetivação no campo dos estatutários, foram apresentadas as

legislações dos Estados do Acre e Sergipe que, por analogia aos celetistas, estabeleceu

adicional na proporção de 30% do salário.

Apresentou-se a remuneração da Polícia Militar de Santa Catarina antes da

vigência da Lei Complementar n. 614/2013, que não estabelecia nenhum tipo de gratificação

por risco de vida na profissão policial militar.

Com a aprovação da Lei Complementar n. 614/2013, verificou-se um retrocesso

no que diz respeito às garantias e direitos do policial militar, posto que retirou garantias com a

justificativa de trazer isonomia salarial, violou o princípio constitucional da igualdade, na

medida em que trata os desiguais de maneira igual, violou direitos sociais quando não faz

diferença entre os trabalhadores que efetuam trabalho noturno, extinguiu horas extra e o

adicional de tempo de serviço.

Ao apresentar a Indenização do Serviço Ativo, que engloba, entre outros direitos,

o risco de vida, e adiciona 17,6471% ao salário do policial militar, observou-se que o

legislador catarinense estabeleceu conceitos contrários a legislação, doutrina e jurisprudência,

pois foi verificado que indenização é paga a título de ressarcimento ao que se gastou com a

atividade laboral, como por exemplo o transporte, e que o risco de vida deveria ser pago como

adicional.

Identificou-se que os adicionais devem ser pagos cada qual com sua

especificação, e não de maneira complessiva, pois o empregado deve saber o que está

recebendo em sua remuneração e, na falta de norma geral, deve-se fazer uso da analogia para

a garantia dos direitos que, nesse caso, seria aplicar ao adicional de risco de vida o percentual

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de 30% do salário, de maneira individual, como é feito para os celetistas e outras corporações

policiais que efetivaram esta garantia.

Tamanhas são as violações dos direitos dos militares estaduais de Santa Catarina

no que diz respeito a sua remuneração, que esta pesquisa não esgota o assunto a ser

pesquisado, mas acende uma chama para que a comunidade jurídica se atente para tais

violações e continue a se dedicar ao assunto.

O Estado tem o dever de garantir aos seus servidores direitos fundamentais de

modo a assegurar-lhes uma vida digna e com qualidade, compreendendo a vontade

constitucional não como escrita poética, mas como irradiadora de direitos fundamentais.

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______. Lei Complementar n. 556, de 21 de dezembro de 2011. Incorpora gratificações e abonos ao vencimento e soldo dos servidores e militares, ativos e inativos, do Grupo Segurança Pública e do Grupo Justiça e Cidadania e adota outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.240, 23 dez. 2011. ______. Lei Complementar n. 614, de 20 de dezembro de 2013. Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 19.729, 31 dez. 2013. ______. Lei n. 5.645, de 30 de novembro de 1979. Dispõe sobre a remuneração da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina e dá outras providencias. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 11.376, 14 dez. 1979. ______. Lei n. 6.142, de 20 de setembro de 1982. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 12.057, 21 set. 1982. ______. Lei n. 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares do Estado de Santa Catarina, e dá outras providências. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n. 12.152, 11 fev. de 1983. ______. Lei Promulgada n. 1.115, de 09 de dezembro de 1988. Diário Oficial, Florianópolis, SC, n.13.596, 12 dez. 1988. ______. Polícia Militar: sinopse histórica. [19-?]. ______. Projeto de Lei Complementar 44, de 8 de novembro de 2013: Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o §9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providências. Disponível em: <http://www.alesc.sc.gov.br/expediente/2013/PLC_0044_8_2013_Original.pdf>. Acesso em: 18 out. 2014. ______. Tribunal Regional do Trabalho. Recurso Ordinário n. 0002800-76.2011.5.12.0027 -2, Vanoldo Silveira Pereira. Relatora: Des. Águeda Maria L. Pereira, SC, 02 de abril de 2012. Disponível em: <http://periodicos.unesc.net/index.php/amicus/article/viewFile/883/837>. Acesso em: 20 out. 2014. SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO. A origem da polícia no Brasil. Disponível em: < http://www.ssp.sp.gov.br/institucional/historico/origem.aspx>. Acesso em 26 ago. 2014. SERGIPE. Lei 5.699, de 17 de agosto de 2005. Dispõe sobre o regime remuneratório dos Servidores Militares do Estado do Sergipe, e dá outras providencias correlatas. Disponível em: <http://www.al.se.gov.br/Detalhe_Lei.asp?Numerolei=5768>. Acesso em: 13 out. 2014. SILVA JUNIOR, Aldo Nunes. A atuação da Polícia Militar de Santa Catarina nas manifestações populares ocorridas no mês de junho de 2013, na cidade de Florianópolis. 2013. 61f. Monografia (Especialista - Gestão Estratégica em Segurança Pública)-Universidade do Vale de Itajaí, Florianópolis, 2013. Disponível em:

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<http://biblioteca.pm.sc.gov.br/pergamum/vinculos/00000C/00000CA0.pdf>. Acesso em 29 ago. 2014. UNIDOS PELOS DIREITOS HUMANOS. Uma breve história dos direitos humanos. Disponível em: < http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/brief-history/declaration-of-human-rights.html>. Acesso em: 3 set. 2014. VALLA, Wilson Odirley. Os valores profissionais e os deveres éticos na polícia militar. Disponível em: <http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=679>. Acesso em: 29 out. 2014. VIEIRA, Evaldo. Os Direitos e a Política Social. São Paulo: Cortez, 2004. 4 DE MAIO. Uma mentira oficial: salário de militares do Acre está entre os dez melhores do Brasil. Disponível em: < http://a4demaio.blogspot.com.br/2012/02/uma-mentira-oficial.html#comment-form>. Acesso em: 13 out. 2014.

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ANEXOS

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ANEXO A – Polícia Militar: ocorrências envolvendo Policiais Militares

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ANEXO B - Nota 558/CmtG/2014 - Nota sobre escalas de serviço

Aos Comandantes, Diretores e Chefes.

1. Considerando que entrará em vigor o ato normativo do governo do estado que

regulamentará as escalas de serviço e o regime de compensação de horas dos militares

estaduais, conforme determina o artigo 9º da Lei Complementar nº 614, de 20 de dezembro de

2013, e estabelece outras providências, no âmbito da Polícia Militar.

2. Considerando que esta nova sistemática de aplicação do efetivo terá que ser

ajustada por todos os Comandantes, Diretores e Chefes nas OPM’s, com efeitos a partir da

data de hoje.

DETERMINO:

a. A escala de serviço do efetivo empregado na atividade meio permanecerá 6X18

com folga no fim de semana e feriados.

b. A escala do efetivo empregado nos serviços internos seguem o previsto no

RISG com o devido revezamento.

c. As escalas do efetivo da atividade fim poderão ser as seguintes:

c.1 Para as Centrais Regionais de Emergência:

– 6 horas de serviço por 12 horas de descanso, três vezes em sequência,

combinada com 6 horas de serviço por 60 horas de descanso;

– 6 horas de serviço por 24 horas de descanso, três vezes em sequência,

combinada com 6 horas de serviço por 48 horas de descanso;

– 6 horas de serviço por 12 horas de descanso, três vezes em sequência,

combinada com 6 horas de serviço por 84 horas de descanso;

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– 6 horas de serviço por 18 horas de descanso, três vezes em sequência,

combinada com 6 horas de serviço por 66 horas de descanso;

c.2 Para o serviço aéreo:

– 13 horas de serviço por 35 horas de descanso.

c.3 Para os demais serviços:

– 6 horas de serviço por 18 horas de descanso;

– 8 horas de serviço por 16 horas de descanso;

– 8 horas de serviço noturno por 40 horas de descanso;

– 8 horas de serviço por 24 de descanso, 2 vezes em sequência, combinada com 8

horas de serviço por 48 horas de descanso;

– 12 horas de serviço por 48 horas de descanso;

– 12 horas de serviço por 36 horas de descanso;

– 12 horas de serviço por 12 horas de descanso, combinada com 12 horas de

serviço por 60 horas de descanso;

– 12 horas de serviço por 24 horas de descanso combinada com 12 horas de

serviço por 48 horas de descanso;

– 18 horas de serviço por 54 horas de descanso; e

– 24 horas de serviço por 48 horas de descanso, aplicada somente nas OPM’s

cujas atividades já sujeitavam os militares estaduais a ela nos três meses imediatamente

anteriores a esta data, não podendo estes militares figurarem em escala extra.

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d. Toda escala de serviço elaborada fora dos parâmetros acima definidos (escala

extra) deverá ser compensada no turno das escalas previstas, na mesma proporção de 1 hora

de serviço normal por 1 hora de serviço extra.

e. As escalas de supervisão deverão ficar em ordem de sobreaviso, havendo

chamamento do militar escalado ao quartel para emprego na realização de serviço, as horas

trabalhadas, a partir do horário definido para apresentação, deverão ser compensadas do turno

do seu serviço da atividade meio.

f. As escalas do efetivo utilizado em cursos de formação e de especialização e/ou

profissionalizantes vinculados a DIE serão definidas pelo seu Diretor, observadas as

legislações militares específicas.

g. Caberá ao comandante da OPM, definir o emprego de seu efetivo em uma das

escalas de serviço, respeitadas as peculiaridades operacionais e a disponibilidade de efetivo.

Informo que com a publicação da norma governamental será baixada

oportunamente as regulamentações necessárias a aplicação da mesma.

Duvidas entrar em contato com a PM-3 do EMG.

Atenciosamente,

VALDEMIR CABRAL

Coronel PM

Comandante-geral da PMSC

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ANEXO C- Lei Complementar 614/2013

LEI COMPLEMENTAR Nº 614, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2013

Procedência: Governamental

Natureza: PLC/0044.8/2013

DO: 19.729, de 31/12/2013

Fonte: ALESC/Coord. Documentação

Fixa o subsídio mensal dos Militares Estaduais, conforme determinam o § 9º do art. 144 da Constituição da República e o art. 105-A da Constituição do Estado e estabelece outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Faço saber a todos os habitantes deste Estado que a Assembleia Legislativa

decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

Art. 1º O sistema remuneratório dos Militares Estaduais fica estabelecido por

meio de subsídio, fixado na forma dos Anexos I, II e III desta Lei Complementar.

Parágrafo único. O subsídio fica fixado em parcela única, vedado o acréscimo de

qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio ou outra espécie remuneratória, salvo as verbas

estabelecidas no art. 3º desta Lei Complementar.

Art. 2º A aplicação das disposições previstas nesta Lei Complementar aos

Militares Estaduais ativos, inativos e instituidores de pensão não poderá implicar redução de

remuneração, de proventos nem de pensão.

§ 1º Na hipótese de redução de remuneração, de proventos ou de pensão, em

decorrência da aplicação do disposto nesta Lei Complementar, eventual diferença será paga a título

de parcela complementar de subsídio, de natureza provisória, que será gradativamente absorvida por

ocasião do desenvolvimento na carreira, da concessão de reajuste ou vantagem de qualquer

natureza, bem como da implantação dos valores constantes dos Anexos I, II e III desta Lei

Complementar.

§ 2º A parcela complementar de subsídio estará sujeita exclusivamente à

atualização decorrente da revisão geral da remuneração dos servidores públicos estaduais.

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Art. 3º O subsídio dos Militares Estaduais não exclui o direito à percepção, nos

termos da legislação e regulamentação específicas, de:

I – décimo terceiro vencimento, na forma do inciso IV do art. 27, combinado com

o § 13 do art. 31, da Constituição do Estado;

II – terço de férias, na forma do inciso XII do art. 27, combinado com o § 13 do

art. 31, da Constituição do Estado;

III – diárias e ajuda de custo, na forma da legislação em vigor;

IV – retribuição financeira transitória pelo exercício de função de comando,

direção, chefia ou assessoramento;

V – vantagem de que trata o § 1º do art. 92 da Lei nº 6.745, de 28 de dezembro de

1985;

VI – parcela complementar de subsídio, na forma do § 1º do art. 2º desta Lei

Complementar;

VII – Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo, na forma do art. 6º

desta Lei Complementar;

VIII – indenização por aula ministrada, pelo exercício de atividade de docência

nos Centros de Ensino das Instituições Militares estaduais;

IX – retribuição financeira transitória pelo exercício de atividades no Corpo

Temporário de Inativos da Segurança Pública (CTISP), na forma do art. 8º da Lei Complementar nº

380, de 3 de maio de 2007, com a redação do art. 14 desta Lei Complementar;

X – indenização por invalidez permanente, na forma da Lei nº 14.825, de 5 de

agosto de 2009;

XI – retribuição financeira transitória pela participação em grupos de trabalho ou

estudo, em comissões legais e em órgãos de deliberação coletiva, nos termos do inciso II do art. 85

da Lei nº 6.745, de 1985;

XII – retribuição financeira pelo exercício de cargo ou comissão, na forma do art.

10 da Lei nº 5.645, de 30 de novembro de 1979;

XIII – auxílio-alimentação; e

XIV – outras parcelas indenizatórias previstas em lei.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no § 11 do art. 37 da Constituição da

República às vantagens previstas nos incisos I, II, III, VIII, IX, X, XIII e XIV do caput deste artigo.

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Art. 4º Estão compreendidas no subsídio e por ele extintas todas as espécies

remuneratórias do regime anterior, de qualquer origem e natureza, que não estejam explicitamente

mencionadas no art. 3º desta Lei Complementar, em especial:

I – vantagens pessoais e vantagens pessoais nominalmente identificadas (VPNI),

de qualquer origem e natureza;

II – diferenças individuais e resíduos, de qualquer origem e natureza;

III – valores incorporados à remuneração decorrentes do exercício de função de

comando, direção, chefia ou assessoramento ou de cargo de provimento em comissão;

IV – valores incorporados à remuneração a título de adicional por tempo de

serviço, triênios ou quinquênios;

V – abonos;

VI – valores pagos a título de representação;

VII – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;

VIII – adicional noturno;

IX – Indenização de Estímulo Operacional, instituída pela Lei Complementar nº

137, de 22 de junho de 1995;

X – adicional vintenário;

XI – adicional de pós-graduação; e

XII – Indenização de Representação de Chefia, instituída pelo art. 18 da Lei

Complementar nº 254, de 15 de dezembro de 2003.

Parágrafo único. Não poderão ser concedidas, a qualquer tempo e a qualquer

título, quaisquer outras vantagens com o mesmo título e fundamento das verbas extintas quando da

adoção do regime de remuneração por subsídio.

Art. 5º Os Militares Estaduais não poderão perceber cumulativamente com o

subsídio quaisquer valores ou vantagens incorporados à remuneração por decisão administrativa,

judicial ou extensão administrativa de decisão judicial, de natureza geral ou individual, ainda que

decorrentes de sentença judicial transitada em julgado.

Art. 6º Fica atribuída aos Militares Estaduais que se encontrarem em efetivo

serviço Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo no percentual de 17,6471% (dezessete

inteiros e seis mil, quatrocentos e setenta e um décimos de milésimo por cento) do valor do subsídio

do respectivo posto ou graduação, fixado na forma do Anexo III desta Lei Complementar, a contar

de 1º de agosto de 2014.

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§ 1º O regime especial de serviço ativo caracteriza-se pela prestação de serviço

em condições adversas de segurança, com risco à vida, cumprimento de escalas ordinárias e

extraordinárias e atendimento a situações excepcionais inerentes à atividade Militar Estadual,

conforme definido por ato do Chefe do Poder Executivo.

§ 2º A Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo constitui-se em verba

de natureza indenizatória e não se incorpora ao subsídio, aos proventos nem à pensão por morte,

sendo isenta da incidência de contribuição previdenciária, aplicando-se, em qualquer caso, o limite

fixado pelo inciso III do art. 23 da Constituição do Estado.

§ 3º O valor da Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo não constitui

base de cálculo de qualquer vantagem, exceto décimo terceiro vencimento e terço constitucional de

férias, calculados na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de percepção, considerando-se

como mês integral a fração igual ou superior a 15 (quinze) dias, devendo ser observado, para o

cálculo da proporcionalidade, o seguinte:

I – no caso do décimo terceiro vencimento, considerar-se-á o ano civil; e

II – no caso do terço constitucional de férias, considerar-se-á o período aquisitivo.

§ 4º A Indenização por Regime Especial de Serviço Ativo não é devida ao Militar

Estadual:

I – licenciado no caso previsto no inciso II do art. 68 da Lei nº 6.218, de 10 de

fevereiro de 1983;

II – licenciado no caso previsto no inciso VI do art. 62 da Lei nº 6.745, de 1985;

III – afastado para frequentar curso de pós-graduação, em tempo integral, nos

termos do art. 18 da Lei nº 6.745, de 1985; e

IV – que, em exercício nos órgãos da Administração Direta e Indireta do Poder

Executivo, do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de

Contas do Estado, bem como em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios, não esteja ocupando cargo ou função policial militar, de natureza policial militar ou

de interesse policial militar, conforme definido por ato do Chefe do Poder Executivo.

Art. 7º A percepção da Indenização de que trata o caput do art. 6º desta Lei

Complementar implica a prestação de serviço em jornada de 40 (quarenta) horas semanais.

§ 1º Fica vedada a percepção da Indenização por Regime Especial de Serviço

Ativo por Militar Estadual que esteja cumprindo exclusivamente o horário especial de expediente

na forma estabelecida por ato do Chefe do Poder Executivo, ressalvadas as características próprias

de cada atividade.

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§ 2º Para fins de percepção da Indenização prevista no caput do art. 6º desta Lei

Complementar, o Militar Estadual enquadrado na hipótese do § 1º deste artigo fica obrigado ao

cumprimento de escala de serviço, a fim de integralizar a carga horária mínima estabelecida pelo §

13 do art. 31, combinado com o inciso IX do art. 27, da Constituição do Estado, na forma da lei.

Art. 8º Fica instituído regime de compensação de horas, denominado Banco de

Horas, no âmbito das instituições militares estaduais, destinado exclusivamente à compensação das

horas trabalhadas pelo Militar Estadual em escalas de serviço extraordinárias.

Art. 9º Lei específica irá dispor sobre as escalas de serviço e o regime de

compensação de horas instituído por esta Lei Complementar.

Art. 10. Aplica-se aos Militares Estaduais o disposto no art. 7º e seus parágrafos

da Lei nº 9.764, de 12 de dezembro de 1994.

Art. 11. Para fins do disposto no art. 34 da Lei nº 5.645, de 1979, aplica-se o

disposto nos arts. 102 e 103 da Lei nº 6.745, de 1985, e regulamentação própria.

Art. 12. O art. 46 da Lei nº 5.645, de 1979, passa a vigorar com a seguinte

redação:

“Art. 46. A ajuda de custo devida ao Militar Estadual será igual:

I – ao valor correspondente a 50% (cinquenta por cento) do respectivo subsídio,

quando não possuir dependentes;

II – ao valor correspondente a 75% (setenta e cinco por centro) do respectivo

subsídio, quando possuir até 2 (dois) dependentes expressamente declarados; e

III – ao valor correspondente ao respectivo subsídio, quando possuir mais de 2

(dois) dependentes expressamente declarados.” (NR)

Art. 13. O art. 69 da Lei nº 5.645, de 1979, passa a vigorar com a seguinte

redação:

“Art. 69. O benefício do auxílio-funeral consiste no ressarcimento das despesas

relativas ao funeral de Militar Estadual, ativo ou inativo, devidamente comprovadas, realizadas pelo

dependente ou por terceiro que as tenha custeado, no valor correspondente a até 5 (cinco) vezes o

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menor vencimento fixado para o Quadro Único da Administração Direta, Autárquica e Fundacional

do Estado.

..........................................................................................” (NR)

Art. 14. O art. 4º da Lei Complementar nº 454, de 5 de agosto de 2009, passa a

vigorar com a seguinte redação:

“Art. 4º .......................................................................................

...................................................................................................

§ 2º Enquanto persistir esta acumulação será concedida verba indenizatória

mensal, destinada a custear as despesas relativas a esta situação, correspondente a 20% (vinte por

cento) do subsídio do respectivo posto, paga em valor proporcional aos dias em que perdurar a

designação.” (NR)

Art. 15. O art. 5º da Lei Complementar nº 454, de 2009, passa a vigorar com a

seguinte redação:

“Art. 5º .......................................................................................

...................................................................................................

§ 2º Enquanto persistir esta acumulação será concedida verba indenizatória

mensal, destinada a custear as despesas relativas a esta situação, correspondente a 20% (vinte por

cento) do subsídio da respectiva graduação, paga em valor proporcional aos dias em que perdurar a

designação.” (NR)

Art. 16. O art. 6º da Lei Complementar nº 454, de 2009, passa a vigorar com a

seguinte redação:

“Art. 6º Aos Militares Estaduais fica instituída retribuição financeira por função,

quando no exercício de direção, comando de região, batalhão, guarnição especial, companhia ou

pelotão, no percentual de 5% (cinco por cento) sobre o valor do respectivo subsídio do posto.

§ 1º A praça que desempenhar função de comandante de destacamento terá direito

à mesma retribuição financeira prevista no caput deste artigo, sobre o subsídio de sua graduação.

..........................................................................................” (NR)

Art. 17. O art. 8º da Lei Complementar nº 380, de 2007, passa a vigorar com a

seguinte redação:

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“Art. 8º Os inativos integrantes do Corpo Temporário de Inativos da Segurança

Pública designados terão assegurada, enquanto permanecerem nesta situação, retribuição financeira,

paga mensalmente, correspondente:

I – no caso dos incisos I, II e III do § 1º do art. 1º desta Lei Complementar, ao

valor dos coeficientes constantes dos Anexos I, II, e III desta Lei Complementar, multiplicados,

respectivamente, pelo subsídio do posto de Coronel, pelo subsídio do cargo de Delegado de Polícia

de Entrância Especial e pelo subsídio do cargo de Perito Oficial, Nível IV; e

II – no caso do inciso IV do § 1º do art. 1º desta Lei Complementar, a 1/3 (um

terço) do valor dos respectivos proventos.

§ 1º A percepção da retribuição financeira estabelecida no caput deste artigo

implica o cumprimento de jornada de 40 (quarenta) horas semanais, que poderá ser exercida sob o

regime de escala, sendo vedado o cumprimento do horário especial de expediente, na forma

estabelecida por ato do Chefe do Poder Executivo.

§ 2º A retribuição financeira de que trata o caput deste artigo não se incorpora ao

subsídio, aos proventos de aposentadoria de qualquer modalidade nem à pensão por morte, sendo

isenta da incidência de contribuição previdenciária.

§ 3º O valor da retribuição financeira não constitui base de cálculo de qualquer

vantagem, exceto décimo terceiro vencimento e terço constitucional de férias, calculados na

proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de percepção, considerando-se como mês integral a

fração igual ou superior a 15 (quinze) dias, devendo ser observado, para o cálculo da

proporcionalidade, o seguinte:

I – no caso do décimo terceiro vencimento, considerar-se-á o ano civil; e

II – no caso do terço constitucional de férias, considerar-se-á o período

aquisitivo.” (NR)

Art. 18. Ficam inseridos os Anexos I, II e III à Lei Complementar nº 380, de 2007,

conforme redação constante dos Anexos IV, V e VI desta Lei Complementar.

Art. 19. Para efeitos do inciso I do art. 8º da Lei Complementar nº 380, de 2007,

com a redação dada por esta Lei Complementar, consideram-se os valores dos proventos vigentes

em 1º de dezembro de 2015.

Art. 20. O art. 50 da Lei nº 6.218, de 1983, passa a vigorar com a seguinte

redação:

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“Art. 50. …..………………..…………………………………………

………………………..…………………………….....………………

§ 1º ……………………………………………………………...........

I – o Oficial Militar Estadual que contar com 30 (trinta) anos de serviço, se

homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se mulher, ao ingressar na inatividade, perceberá proventos

correspondentes ao subsídio do posto imediato ao seu;

II – o Oficial Militar Estadual ocupante do último posto da hierarquia militar, ao

ingressar na inatividade, perceberá proventos correspondentes ao subsídio de seu próprio posto,

acrescido do percentual de 17,6471% (dezessete inteiros e seis mil, quatrocentos e setenta e um

décimos de milésimo por cento), desde que conte mais de 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e

25 (vinte e cinco) anos, se mulher;

III – o Subtenente Militar Estadual, ao ingressar na inatividade, perceberá

proventos correspondentes ao subsídio do Posto de 2º Tenente, desde que conte 30 (trinta) anos de

serviço, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se mulher; e

IV – as demais praças Militares Estaduais que contem com 30 (trinta) anos de

serviço, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se mulher, ao ingressarem na inatividade, perceberão

proventos correspondentes ao subsídio da graduação imediatamente superior.

..........................................................................................” (NR)

Art. 21. Para fins do disposto no § 1º do art. 50 da Lei nº 6.218, de 1983, com a

redação dada por esta Lei Complementar, os proventos e as pensões, por ocasião de sua concessão,

não poderão exceder a remuneração do respectivo Militar Estadual, no posto ou na graduação em

que se deu o ingresso na inatividade ou que serviu de referência para a concessão da pensão.

Parágrafo único. Considera-se remuneração, exclusivamente para efeitos do caput

deste artigo, a soma das parcelas do subsídio e da Indenização por Regime Especial de Serviço

Ativo, excluindo-se qualquer outra vantagem, a qualquer título, que porventura esteja sendo

percebida pelo Militar Estadual.

Art. 22. Os valores fixados nesta Lei Complementar absorvem eventuais reajustes

concedidos em cumprimento ao disposto no art. 1º da Lei nº 15.695, de 21 de dezembro de 2011.

Art. 23. A alteração dos valores nominais do subsídio, fixados no Anexo III desta

Lei Complementar, dependerá de lei específica, de iniciativa privativa do Chefe do Poder

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Executivo, nos termos dos incisos X e XI do art. 37 da Constituição da República e dos incisos II e

IV do art. 50 da Constituição do Estado, bem como observará o teto remuneratório aplicado aos

servidores públicos, na forma do inciso III do artigo 23 da Constituição do Estado.

Art. 24. Aplicam-se as disposições desta Lei Complementar aos Militares

Estaduais inativos e aos pensionistas respectivos com direito à paridade em seus benefícios, nos

termos da Constituição da República.

Art. 25. As despesas decorrentes da execução desta Lei Complementar correrão à

conta das dotações próprias do Orçamento Geral do Estado.

Art. 26. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Parágrafo único. O Anexo I desta Lei Complementar surtirá efeitos a contar de 1º

de agosto de 2014, o Anexo II, a partir de 1º de agosto de 2015, e o Anexo III, a partir de 1º de

dezembro de 2015.

Art. 27. Ficam revogados:

I – o inciso II do art. 80 da Lei nº 5.645, de 30 de novembro de 1979;

II – o art. 90 da Lei nº 5.645, de 30 de novembro de 1979;

III – o art. 54 da Lei nº 6.218, de 10 de fevereiro de 1983; e

IV – o art. 2º da Lei Complementar nº 68, de 11 de novembro de 1992.

Florianópolis, 20 de dezembro de 2013.

JOÃO RAIMUNDO COLOMBO

Governador do Estado

ANEXO I

(Vigência a contar de 1º de agosto de 2014)

OFICIAIS MILITARES ESTADUAIS

POSTO VALOR (R$)

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Coronel 18.834,36

Tenente-Coronel 16.950,92

Major 15.067,49

Capitão 13.184,05

1º Tenente 12.053,99

2º Tenente 10.735,58

Aspirante-a-Oficial 9.417,18

PRAÇAS ESPECIAIS E PRAÇAS MILITARES ESTADUAIS

GRADUAÇÃO VALOR (R$)

Aluno Oficial 4º Período 4.708,59

Aluno Oficial 3º Período 4.331,90

Aluno Oficial 2º Período 4.143,56

Aluno Oficial 1º Período 3.955,21

Subtenente 9.125,23

1º Sargento 7.216,15

2º Sargento 6.133,73

3º Sargento 5.213,67

Cabo 4.431,62

Soldado de 1ª Classe 3.766,87

Soldado de 2ª Classe 3.390,18

Soldado de 3ª Classe 3.201,84

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ANEXO II

(Vigência a contar de 1º de agosto de 2015)

OFICIAIS MILITARES ESTADUAIS

POSTO VALOR (R$)

Coronel 20.717,79

Tenente-Coronel 18.646,01

Major 16.574,23

Capitão 14.502,45

1º Tenente 13.259,39

2º Tenente 11.809,14

Aspirante-a-Oficial 10.358,90

PRAÇAS ESPECIAIS E PRAÇAS MILITARES ESTADUAIS

GRADUAÇÃO VALOR (R$)

Aluno Oficial 4º Período 5.179,45

Aluno Oficial 3º Período 4.765,09

Aluno Oficial 2º Período 4.557,91

Aluno Oficial 1º Período 4.350,74

Subtenente 10.037,76

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ANEXO III

(Vigência a contar de 1º de dezembro de 2015)

OFICIAIS MILITARES ESTADUAIS

POSTO VALOR (R$)

Coronel 22.601,22

Tenente-Coronel 20.341,09

Major 18.080,97

Capitão 15.820,84

1º Tenente 14.464,79

2º Tenente 12.882,69

Aspirante-a-Oficial 11.300,61

PRAÇAS ESPECIAIS E PRAÇAS MILITARES ESTADUAIS

GRADUAÇÃO VALOR (R$)

1º Sargento 7.937,77

2º Sargento 6.747,10

3º Sargento 5.735,03

Cabo 4.874,78

Soldado de 1ª Classe 4.143,56

Soldado de 2ª Classe 3.729,20

Soldado de 3ª Classe 3.522,02

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Aluno Oficial 4º Período 5.650,30

Aluno Oficial 3º Período 5.198,27

Aluno Oficial 2º Período 4.972,26

Aluno Oficial 1º Período 4.746,24

Subtenente 10.950,28

1º Sargento 8.659,38

2º Sargento 7.360,47

3º Sargento 6.256,40

Cabo 5.317,94

Soldado de 1ª Classe 4.520,24

Soldado de 2ª Classe 4.068,21

Soldado de 3ª Classe 3.842,20

ANEXO IV

(Anexo I da Lei Complementar nº 380, de 2007)

“ANEXO I

MILITARES ESTADUAIS

POSTO OU GRADUAÇÃO COEFICIENTE

Coronel 0,210

Tenente-Coronel 0,200

Major 0,180

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85

Capitão 0,175

1º Tenente 0,155

2º Tenente 0,145

Subtenente 0,140

1º Sargento 0,090

2º Sargento 0,085

3º Sargento 0,080

Cabo 0,075

Soldado de 1ª Classe 0,070

” (NR)

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86

ANEXO V

(Anexo II da Lei Complementar nº 380, de 2007)

“ANEXO II

POLICIAIS CIVIS

CARGO COEFICIENTE

Delegado de Polícia de Entrância

Especial

0,210

Delegado de Polícia de Entrância Final 0,200

Delegado de Polícia de Entrância Inicial 0,180

Delegado de Polícia Substituto 0,175

Agente de Polícia Civil VIII 0,140

Agente de Polícia Civil VII 0,090

Agente de Polícia Civil VI 0,085

Agente de Polícia Civil V 0,080

Agente de Polícia Civil IV 0,075

Agente de Polícia Civil III 0,070

Agente de Polícia Civil II 0,065

Agente de Polícia Civil I 0,060

” (NR)

ANEXO VI

(Anexo III da Lei Complementar nº 380, de 2007)

“ANEXO III

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INTEGRANTES DO INSTITUTO GERAL DE PERÍCIAS

CARGO COEFICIENTE

Perito Oficial – IV 0,210

Perito Oficial – III 0,200

Perito Oficial – II 0,180

Perito Oficial – I 0,175

Técnico Pericial – V 0,140

Técnico Pericial – IV 0,090

Técnico Pericial – III 0,085

Técnico Pericial – II 0,080

Técnico Pericial – I 0,075

Auxiliar Pericial – VIII 0,140

Auxiliar Pericial – VII 0,090

Auxiliar Pericial – VI 0,085

Auxiliar Pericial – V 0,080

Auxiliar Pericial – IV 0,075

Auxiliar Pericial – III 0,070

Auxiliar Pericial – II 0,065

Auxiliar Pericial – I 0,060

” (NR)