tcc atp simulador circuitos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA MAUREN POMALIS COELHO DA SILVA PROPOSTA DE MODELAGEM E SIMULAÇÃO PARA ANÁLISE DE DISTORÇÃO HARMÔNICA Porto Alegre 2014

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Software de simulação de circuitos.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    MAUREN POMALIS COELHO DA SILVA

    PROPOSTA DE MODELAGEM E SIMULAO PARA ANLISE DE DISTORO HARMNICA

    Porto Alegre

    2014

  • MAUREN POMALIS COELHO DA SILVA

    PROPOSTA DE MODELAGEM E SIMULAO PARA ANLISE DE DISTORO HARMNICA

    Dissertao de mestrado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica. rea de concentrao: Energia: Sistemas de Potncia

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Roberto Chouhy Leborgne

    Porto Alegre

    2014

  • MAUREN POMALIS COELHO DA SILVA

    PROPOSTA DE MODELAGEM E SIMULAO PARA ANLISE DE DISTORO HARMNICA

    Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica e aprovada em sua forma final pelo Orientador e pela Banca Examinadora.

    Orientador: ____________________________________

    Prof. Dr. Roberto Chouhy Leborgne, UFRGS

    Doutor pela Chalmers University of Technology Gteborg, Sucia

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Enio Valmor Kassick, IFSC

    Doutor pela Institut National Polytechnique de Toulouse Gnie Electrique, Frana. Prof. Dr. Arturo Suman Bretas, UFRGS

    Doutor pela Virginia Polytechnic Institute and State University Estados Unidos.

    Prof. Dr. Felipe Hernndez Garca, FURG Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil.

    Coordenador do PPGEE: _______________________________

    Prof. Dr. Arturo Suman Bretas

    Porto Alegre, 25 de Maro de 2014.

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho especialmente minha filha Ana Lvia, razo maior da minha

    busca pelo crescimento intelectual, profissional e interior. minha me Lilian, por sempre

    me dar coragem e incentivo para continuar trilhando o meu caminho focada nos estudos e na

    busca por mais conhecimento. Ao meu pai Luiz, por tudo o que me ensinou em vida,

    principalmente pelo exemplo de ser um homem bom, bem humorado sempre e amigo.

    minha v Marina, por todas as experincias, histrias e ensinamentos compartilhados comigo,

    e principalmente pelo exemplo de mulher guerreira e trabalhadora que deixou. minha irm

    gmea Lauren, por ser sempre minha melhor amiga, estar comigo nos melhores e piores

    momentos da minha vida, compartilhando de sentimentos nicos, pela amizade verdadeira e

    inabalvel e por ser a melhor ponte com o meu passado. Ao meu companheiro Carlos

    Henrique, por compartilhar comigo parte de sua vida, pela convivncia diria me apoiando e

    auxiliando no possvel. Ao meu padrasto Joaquim, pelo auxlio na minha educao e incentivo

    constante aos estudos.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica, PPGEE, pela oportunidade

    de estudar num programa considerado timo e de realizar trabalhos em minha rea de

    pesquisa.

    Tractebel Energia pela oportunidade de atuar no projeto de pesquisa na rea, e pelo

    acesso aos dados utilizados para que fosse possvel a realizao deste trabalho.

    Aos amigos e colegas do LASEP pelo apoio no decorrer do tempo de mestrado,

    principalmente aos companheiros de sala Csar Orozco, Gabriel Valencia, Lucas Walantus e

    Srgio Martnez. Pela ajuda e parceria no projeto de Daphne Schwanz. Pelo interesse e

    pequenas, mas importantes, contribuies sobre o ATP Draw de Andrs Ricardo Herrera,

    Gustavo Ferreira, Mario Oliveira, Renato Ferraz, Roger Zulpo, Roberto Cabral e Srgio

    Braunstein. Aos demais colegas do LASEP, agradeo a convivncia e experincias

    compartilhadas ao longo do curso.

    Ao meu orientador Roberto Chouhy Leborgne, por todo interesse e auxlio no decorrer

    do mestrado e, principalmente, pela ateno dispensada durante a pesquisa. Ao professor

    Arturo Bretas pelas contribuies para o projeto.

    CAPES pela proviso da bolsa de mestrado.

  • Esse lampejo guia os barcos at o cais

    mas queima os nossos olhos

    E pra que numa noite de escurido

    a gente encontre uma s razo

    para continuar vivendo

    (Lucas Silveira)

  • RESUMO

    Este trabalho apresenta um estudo de Qualidade de Energia Eltrica (QEE) no sistema eltrico industrial de uma concessionria geradora de energia eltrica do Brasil. O estudo teve enfoque na distoro harmnica gerada nos servios auxiliares da usina termoeltrica. Para tanto, foi necessria a simulao e anlise da planta da termoeltrica, com ateno nos servios auxiliares pertencentes a ela, devido aos altos nveis de distores harmnicas registrados. A simulao foi feita com o programa ATP (Alternative Transients Program) no domnio do tempo, atravs de sua interface grfica, o ATP Draw. Nele foram modelados os principais componentes que pertencem ao Sistema Eltrico de Potncia (SEP) em questo, como geradores, transformadores, linhas e cargas no lineares. Com a modelagem do SEP da termoeltrica, possvel determinar os nveis da distoro harmnica em diversos locais da planta, e aprofundar o estudo para que seja possvel fazer a mitigao desses distrbios. A diminuio da distoro harmnica junto ao aumento do fator de potncia permite um melhor desempenho da usina, aumentando a faturamento da empresa atravs do aumento da energia entregue ao sistema eltrico.

    Palavras-chave: Qualidade de Energia Eltrica, Distoro Harmnica, Gerao Termoeltrica, Software ATP Draw.

  • ABSTRACT

    This dissertation presents a study of Power Quality in an electrical system of a thermoelectric power plant in Brazil. The study focused on the harmonic distortion generated in the auxiliary services of the plant. Therefore, it was necessary to simulate and analyze the thermal plant, with attention to auxiliary services belonging to it, due to high levels of harmonic distortion registered. The simulation was performed using the ATP (Alternative Transients Program) in the time domain through its interface, the ATP Draw. It were modeled the main components that belong to the Power System in question, such as generators, transformers, lines and non-linear loads. With the modeling of the thermoelectric plant, is possible to determine the levels of harmonic distortion at various locations within the plant. The reduction of harmonic distortion along with the increase of power factor allows a better plant performance, increasing company revenue by increasing the energy delivered to the electrical system.

    Keywords: Power Quality, Harmonic Distortion, Thermoelectric Generation, Software ATP Draw.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................................... 17

    1.1 MOTIVAO ................................................................................................................. 20 1.2 OBJETIVOS.................................................................................................................... 20

    1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO ..................................................................................... 21 2 DISTORO HARMNICA...................................................................................... 22

    2.1 ORIGEM ........................................................................................................................ 25 2.1.1 Cargas Lineares....................................................................................................... 26

    2.1.2 Cargas No Lineares................................................................................................ 27

    2.2 PROBLEMAS ASSOCIADOS DISTORO HARMNICA ................................................ 28 2.2.1 Aquecimento Excessivo ........................................................................................... 29 2.2.2 Atuao de Sistemas de Proteo.............................................................................. 29

    2.2.3 Ressonncia ............................................................................................................ 30

    2.2.4 Alteraes de Fator de Potncia................................................................................ 31

    2.2.5 Vibraes................................................................................................................ 32

    2.2.6 Outros efeitos.......................................................................................................... 32

    2.3 NORMAS........................................................................................................................ 32 2.3.1 IEEE 519-1992 ....................................................................................................... 33

    2.3.2 IEC 61000 .............................................................................................................. 38

    2.3.3 IEC 61000-2-2 ........................................................................................................ 39 2.3.4 IEC 61000-3-2 e IEC 61000-3-4............................................................................... 40

    2.3.5 ANEEL PRODIST Mdulo 8 ................................................................................ 42

    3 ANLISE DE DISTORO HARMNICA ............................................................... 47

    3.1 ESTUDO DE DISTORES HARMNICAS...................................................................... 47

    3.2 MODELAGEM DOS ELEMENTOS DO SISTEMA ELTRICO DE POTNCIA..................... 48 3.2.1 Circuitos Trifsicos ................................................................................................. 49 3.2.2 Geradores ............................................................................................................... 50

    3.2.3 Transformadores ..................................................................................................... 51

    3.2.4 Cargas .................................................................................................................... 56

    3.3 MTODOS DE SIMULAO ........................................................................................... 65

  • 3.3.1 Domnio do Tempo ................................................................................................. 65 3.3.2 Domnio da Frequncia............................................................................................ 68

    4 ESTUDO DE CASO ................................................................................................... 70

    4.1 COMPLEXO TERMOELTRICO JORGE LACERDA ........................................................ 70 4.1.1 Funcionamento e Caractersticas da UTLA ............................................................... 71

    4.1.2 Servios Auxiliares.................................................................................................. 73

    4.2 METODOLOGIA PROPOSTA .......................................................................................... 78 4.2.1 Ferramenta de Simulao ATP DRAW .................................................................. 79 4.2.2 Modelagem do Sistema............................................................................................ 80

    4.2.3 Outros recursos do ATP Draw utilizados................................................................... 95

    5 SIMULAES E ANLISE DOS RESULTADOS ...................................................... 97

    5.1 MODELAGEM E SIMULAO EM FREQUNCIA FUNDAMENTAL .................................. 98 5.2 MODELAGEM E SIMULAO COM INJEO DE HARMNICAS .................................. 104

    5.3 RESULTADOS E COMPARAO .................................................................................. 109 6 CONCLUSO.......................................................................................................... 123

    6.1 TRABALHOS FUTUROS ............................................................................................... 124

    6.2 ARTIGOS ..................................................................................................................... 125 REFERNCIAS ................................................................... Erro! Indicador no definido.

    ANEXO A DIAGRAMA UNIFILAR UTLA 3 E 4 ..................................................................... 131

    ANEXO B TABELA DOS VALORES DE R E L DE CADA CIRCUITO TRIFSICO....................... 132 ANEXO C TABELA DE DADOS DOS TRANSFORMADORES ..................................................... 133 ANEXO D FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA MOTDATPR.............................................. 137

    ANEXO E TABELA DE FREQUNCIAS E CORRENTES HARMNICAS DO PRECIPITADOR, RETIFICADOR E UPS .............................................................................................................. 139

    ANEXO F MODELAGEM COMPLETA DA UNIDADE 3 NO ATP DRAW.................................. 142

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Representao de Srie de Fourier para distoro harmnica.................................... 23

    Figura 2 Soma de ondas harmnicas ........................................................................................ 24 Figura 3 Forma de onda de Carga Linear ................................................................................. 27 Figura 4 Forma de onda de Carga No-Linear ......................................................................... 28

    Figura 5 Circuito equivalente de parmetros concentrados para linha curta ............................ 49 Figura 6 Modelo de gerador ..................................................................................................... 51

    Figura 7 Circuito equivalente de um transformador de 2 enrolamentos. ................................. 52 Figura 8 Ncleo e enrolamentos de um transformador trifsico de dois enrolamentos ........... 53 Figura 9 Transformador trifsico de 2 enrolamentos ............................................................... 54

    Figura 10 Circuito equivalente do Motor de Induo............................................................... 58 Figura 11 Retificador trifsico .................................................................................................. 60

    Figura 12 Circuito de uma lmpada fluorescente ..................................................................... 61 Figura 13 Circuito de uma lmpada fluorescente compacta..................................................... 62 Figura 14 Circuito de UPS........................................................................................................ 63

    Figura 15 Precipitador eletrosttico .......................................................................................... 64 Figura 16 Representao de uma carga no linear atravs de fonte de corrente ...................... 65

    Figura 17 Sistema de uma Usina Termoeltrica. ...................................................................... 73 Figura 18 Diagrama unifilar com as cargas da Unidade 3........................................................ 75 Figura 19 Modelo RLC3 do ATP Draw. .................................................................................. 81

    Figura 20 Gerador A3 no ATP Draw ....................................................................................... 83 Figura 21 Representao de transformador com modelo BCTRAN. ....................................... 85 Figura 22 Transformadores no ATP Draw. .............................................................................. 86

    Figura 23 Software MOTDATPR ............................................................................................ 88 Figura 24 Modelo de mquina de induo do ATP Draw. ....................................................... 89

    Figura 25 Modelo do MI completo com ns. ........................................................................... 90 Figura 26 Distores harmnicas mais relevantes do Retificador............................................ 91 Figura 27 Distores harmnicas mais relevantes do UPS. ..................................................... 92

    Figura 28 Distores harmnicas mais relevantes do Precipitador. ......................................... 92

  • Figura 29 Injeo de corrente no ATP Draw. ........................................................................... 93 Figura 30 Modelo cargas no lineares ...................................................................................... 95 Figura 31 Probe (medidor) de tenso. ...................................................................................... 95

    Figura 32 Probe (medidor) de corrente. ................................................................................... 95 Figura 33 cone do switch. ........................................................................................................ 96

    Figura 34 Pontos de medio da UN3. ..................................................................................... 97 Figura 35 Tenso na barra de 230 kV....................................................................................... 99 Figura 36 Tenso na barra de 13,8 kV...................................................................................... 99

    Figura 37 Tenso na barra de 6,3 kV...................................................................................... 100 Figura 38 Tenso na barra de 440 V....................................................................................... 100

    Figura 39 Corrente de frequncia fundamental do Retificador .............................................. 102 Figura 40 Corrente de frequncia fundamental do UPS ......................................................... 102 Figura 41 Corrente de frequncia fundamental do Precipitador............................................. 103

    Figura 42: Corrente de frequncia fundamental do Motor 1 .................................................. 103 Figura 43 Tenso simulada no P4........................................................................................... 104

    Figura 44 Corrente simulada no P4 ........................................................................................ 105 Figura 45 Tenso simulada no P10......................................................................................... 106 Figura 46 Corrente simulada no P10 ...................................................................................... 106

    Figura 47 Tenso simulada no P6........................................................................................... 107 Figura 48 Corrente simulada no P6 ........................................................................................ 107

    Figura 49 Tenso simulada no P8........................................................................................... 108 Figura 50 Corrente simulada no P8 ........................................................................................ 108 Figura 51 Tenso simulada no P2........................................................................................... 109

    Figura 52 Corrente simulada no P2 ........................................................................................ 109

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Limites de Distoro de Tenso [IEEE 519-1992] ................................................... 34 Tabela 2: Limites de Distoro de Corrente em Distribuio [IEEE 519-1992]...................... 35

    Tabela 3: Limites de Distoro de Corrente em Subtransmisso [IEEE 519-1992] ................ 35 Tabela 4: Limites de Distoro de Corrente em Transmisso [IEEE 519-1992] ..................... 36 Tabela 5: Limites de Distoro de Tenso [IEEE 519-2012] ................................................... 37

    Tabela 6: Limites de Distoro de Corrente [IEEE 519-2012] ................................................ 37 Tabela 7: Nveis de compatibilidade para distrbios harmnicos individuais de tenso - ....... 39

    Tabela 8: Limites de Harmnicas Individuais de Corrente referente Fundamental .............. 41 Tabela 9: Terminologia das grandezas harmnicas .................................................................. 43 Tabela 10: Valores de referncia globais das distores harmnicas totais ............................. 44

    Tabela 11: Nveis de referncia para distores harmnicas individuais de tenso ................. 45 Tabela 12: Submatrizes caractersticas usadas em formao de matrizes admitncia de

    transformador (Arrillaga & Watson, 2003).............................................................. 56 Tabela 13: Caractersticas das cargas principais dos Servios Auxiliares da Unidade 3 ......... 76 Tabela 14: Tempo de arranque dos motores da barra 6,3 kV ................................................... 78

    Tabela 15: Dados do circuito .................................................................................................... 82 Tabela 16: Parmetros do A3 - modelo AC Source .................................................................. 83

    Tabela 17: Parmetros do gerador que representa o SIN - modelo AC Source ........................ 84 Tabela 18: Corrente dos equipamentos..................................................................................... 93 Tabela 19: Sequncia e ngulos conforme a ordem harmnica ............................................... 94

    Tabela 20: Tenses nominais x Tenses simuladas no ATP .................................................... 98 Tabela 21: Correntes das cargas ............................................................................................. 101

    Tabela 22: Distoro harmnica da tenso simulada no ponto 4 ........................................... 110 Tabela 23: Distoro harmnica da corrente simulada no ponto 4 ........................................ 111 Tabela 24: Distoro harmnica da tenso simulada no ponto 10 ......................................... 112

    Tabela 25: Distoro harmnica da corrente simulada no ponto 10 ...................................... 113 Tabela 26: Distoro harmnica da tenso simulada no ponto 6 ........................................... 113

    Tabela 27: Distoro harmnica da corrente simulada no ponto 6 ........................................ 114

  • Tabela 28: Distoro harmnica da tenso simulada no ponto 8 ........................................... 115 Tabela 29: Distoro harmnica da corrente simulada no ponto 8 ........................................ 116 Tabela 30: Distoro harmnica da tenso simulada no ponto 2 ........................................... 117

    Tabela 31: Distoro harmnica da corrente simulada no ponto 2 ........................................ 118 Tabela 32: Resumo dos resultados de distoro harmnica nos pontos monitorados ............ 119

    Tabela 33: P6 - DHT de tenso fora do limite da ANEEL ..................................................... 121

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    ANEEL: Agncia Nacional de Energia Eltrica

    ATP: Alternative Transients Program

    DHT: Distoro Harmnica Total

    EMTP: Electromagnetic Transients Program

    IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers

    IEC: International Electrotechnical Commission

    LASEP: Laboratrio de Sistemas de Potncia

    ONS: Operador Nacional do Sistema Eltrico

    PPGEE: Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica

    PRODIST: Procedimentos de Distribuio de Energia Eltrica do Sistema Eltrico

    Nacional

    QEE: Qualidade de Energia Eltrica

    SEP: Sistema Eltrico de Potncia

    SIN: Sistema Interligado Nacional

    UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UPS: Uninterruptible Power Supply

  • LISTA DE SMBOLOS

    = somatrio

    = integral

    = ngulo teta

    = ngulo fi

    = frequncia angular

    s = velocidade angular do rotor

    = pi

  • 17

    1 INTRODUO

    A Qualidade da Energia Eltrica (QEE) assunto tratado quase diariamente dentro

    das empresas e rgos do setor eltrico brasileiro, seja empresa geradora, distribuidora,

    transmissora, comercializadora ou um rgo regulador ou controlador de energia eltrica.

    A pauta QEE se tornou to presente no dia a dia, medida que os clientes ficaram mais

    observadores e preocupados com fatores de qualidade relacionados energia fornecida a

    residncias e empresas.

    Alm desses agentes ativos da rea de energia eltrica, tambm h uma demanda

    crescente no estudo e pesquisa sobre os assuntos relacionados com a QEE, feitos dentro de

    universidades e institutos de pesquisa atuantes na rea. Entidades que criam vnculos com

    empresas ou rgos para fazer pesquisas que consigam analisar problemas do cotidiano

    utilizando maior enfoque terico ou muitas vezes, laboratorial. Esse envolvimento entre

    empresa e entidade de ensino na pesquisa cada vez mais comum e s traz benefcios, seja

    para o setor eltrico, para o ensino ou para a sociedade brasileira.

    Um dos principais motivadores de estudo a distoro harmnica, um distrbio de

    energia que gera muitos problemas para concessionrias e consumidores de energia

    eltrica. As harmnicas so deformaes na forma de onda da tenso ou da corrente, essas

    deformaes podem causar danos e prejuzos para vrias partes que compem o sistema

    eltrico.

    O Brasil um pas de propores continentais, portanto tem um sistema de energia

    eltrica bastante complexo. A energia faz um longo percurso desde sua gerao at cada

    ponto de abastecimento, por causa disso constantemente os agentes do setor eltrico fazem

    esforos para que se consiga suprir, com qualidade, cada regio desse grande pas.

  • 18

    Os distrbios da QEE podem ser verificados de diversos ngulos diferentes, como

    por exemplo:

    - pelas concessionrias de energia - gerao, distribuio, transmisso ou

    comercializao;

    - pelos consumidores - residenciais ou industriais;

    - pelos fabricantes de produtos eletroeletrnicos;

    - pelos rgos de regulao e fiscalizao.

    J a QEE pode ser conceituada de diferentes maneiras. As mais usuais so:

    As caractersticas da energia eltrica disponibilizada ao cliente;

    Presena (ou ausncia) de distrbios que afetam o fornecimento de energia

    eltrica;

    Capacidade da energia eltrica de propiciar condies ideais de operao de

    equipamentos;

    Servio ininterrupto de energia (continuidade de suprimento);

    Energia eltrica fornecida com forma de onda senoidal e pura, sem

    alteraes na sua amplitude.

    Mas QEE basicamente o desempenho do sistema de energia eltrica,

    considerando-se a continuidade de servio e a conformidade na forma de onda da tenso

    (ONS, 2009). Ela dividida em Qualidade de Servio e Qualidade de Produto. A qualidade

    do produto est relacionada com tudo o que diz respeito s caractersticas do produto. No

    caso da energia eltrica, a forma de onda da tenso e a frequncia so algumas

    caractersticas tcnicas a serem analisadas. Entre os indicadores da qualidade de energia

    esto: o nvel de tenso, a frequncia equivalente de violao de tenso e a distoro

    harmnica (Naturesa, 2013).

  • 19

    Qualidade do produto refere-se aos distrbios relacionados com o fornecimento de

    energia, mais detalhadamente, a forma de onda da tenso. O sistema de energia eltrico

    tem parmetros considerados ideais, que so, segundo Deckmann (2010), tenses e

    correntes alternadas, com formas senoidais (para que esteja assegurada a reversibilidade

    do processo de converso eletromagntica necessrio que as variaes temporais sejam

    senoidais); amplitudes constantes, nos valores nominais (para que se tenha garantia do

    nvel de potncia para cargas passivas de impedncia constante); frequncia constante, no

    valor sncrono (mantendo o sincronismo entre os diferentes geradores atravs de um

    sistema de controle da gerao descentralizado); tenses trifsicas equilibradas (para

    garantir que a potncia se distribua igualmente entre as trs fases); fator de deslocamento

    unitrio nas cargas (mantendo o fluxo de potncia nas linhas mnimo para atender a uma

    dada carga); perdas nulas na transmisso e distribuio (para se garantir a eficincia do

    transporte da energia eltrica desde a gerao at o consumo). Mas apesar de todas essas

    informaes tericas sobre os parmetros ideais de operao da energia eltrica, na prtica

    quase impossvel conseguir tais condies ao mesmo tempo, o que torna muito difcil ter

    a condio ideal num todo, e nos traz para a condio real, que a situao que temos

    atualmente no sistema de energia eltrica.

    O estudo em harmnicas importante para todos os mbitos que fazem parte do

    sistema eltrico e ainda traz a possibilidade de se mostrar a preocupao com um futuro

    prximo, onde ser ainda mais necessria a ateno de todos para que se consiga atender

    parmetros mnimos de qualidade no que diz respeito, principalmente, ao produto energia

    eltrica.

    Com a utilizao de um estudo de caso focado na distoro harmnica possvel

    que se faa uma anlise em uma planta geradora de energia eltrica, considerando as

  • 20

    diversas possibilidades de causas e efeitos das harmnicas. Sendo ainda possvel propor

    solues para um caso em que h prejuzo devido s harmnicas.

    1.1 MOTIVAO

    A motivao deste trabalho partiu pelo interesse no assunto Qualidade de Energia

    Eltrica, principalmente nos fenmenos que trazem maior repercusso dentro das

    empresas, por necessitarem maiores cuidados ou controle quando h a presena deles.

    A legislao sobre as distores harmnicas no Brasil ainda no est bem

    solidificada, portanto, estudos sobre o comportamento desses distrbios em diferentes

    nveis de tenso podem ajudar na elaborao de limites e posterior fiscalizao deles.

    A participao em projeto de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do

    Sul (UFRGS) junto a outras instituies para tratar de um problema de QEE dentro de uma

    concessionria geradora de energia eltrica tambm foi essencial para guiar esta

    dissertao e proporcionar maior incentivo ao estudo, por se tratar de um caso real.

    O Laboratrio de Sistemas Eltricos de Potncia (LASEP) da UFRGS um dos

    grupos que colabora com o projeto sobre implantao de filtros para distrbios

    harmnicos, dentro da gerao termoeltrica da TRACTEBEL ENERGIA, tendo maior

    contribuio na parte de modelagem do sistema.

    1.2 OBJETIVOS

    O principal objetivo deste trabalho analisar as distores harmnicas que esto

    ocorrendo nos servios auxiliares da Unidade 3 da Usina Termoeltrica UTLA, pertencente

    ao Complexo Termoeltrico Jorge Lacerda da empresa Tractebel Energia. Esses distrbios

    so causadores de perdas de energia destinadas ao Sistema Interligado Brasileiro (SIN),

    portanto necessrio identificar os pontos em que ocorrem as harmnicas, e a relao

  • 21

    delas com as perdas da planta de gerao. E tambm verificar se estes distrbios esto de

    acordo com os limites de distores harmnicas recomendado pelas normas existentes.

    A anlise se dar com a modelagem e simulao da planta geradora atravs do

    software ATP Draw. Nele sero modelados os principais componentes da Unidade 3, entre

    motores, transformadores, linhas e cargas. E com a aplicao da Transformada de Fourier,

    sero obtidos os valores das distores harmnicas, e ser identificada ento a situao da

    Unidade 3, tanto quanto suas perdas, quanto a seus limites.

    1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Esta dissertao est dividida em seis captulos, os prximos captulos so

    constitudos pelo seguinte: Captulo 2: Trata sobre a distoro harmnica, suas causas e

    efeitos. Apresenta as principais normas sobre o assunto, com limites utilizados para seu

    controle. Captulo 3: Neste captulo abordada a modelagem para simulao de

    harmnicas, ou seja, os modelos dos componentes presentes no sistema de potncia. E

    tambm apresenta os mtodos utilizados para esse tipo de simulao. Captulo 4:

    Apresenta o estudo de caso, com o histrico, as caractersticas e o funcionamento da usina

    termoeltrica. dado o local de enfoque do estudo dentro do complexo termoeltrico.

    apresentada e definida a metodologia proposta para a pesquisa, e explicada a modelagem

    feita no software ATP Draw para representar cada um dos componentes do Sistema

    Eltrico analisado. Captulo 5: Neste captulo so mostradas as simulaes obtidas atravs

    do sistema modelado e apresentados os resultados obtidos com a simulao. Tambm

    feita a comparao com as medies in loco e com a resoluo da ANEEL que define os

    limites cabveis ao estudo. Captulo 6: Mostra quais foram as concluses obtidas com a

    pesquisa.

  • 22

    2 DISTORO HARMNICA

    A presena de harmnicas na rede, como a presena de qualquer outro distrbio de

    qualidade de energia eltrica, diminui o desempenho do sistema eltrico e causa mau

    funcionamento ou danos nos elementos que o compe.

    Harmnicas so tenses ou correntes senoidais com frequncias que so mltiplos

    inteiros da frequncia fundamental, a frequncia com que o sistema de abastecimento foi

    projetado para funcionar. Isto , se o suprimento de energia dado com a frequncia 60

    Hz, como o caso do Brasil, seus mltiplos sero 120 Hz, 180 Hz, 240 Hz e assim por

    diante. A frequncia mltipla dividida pela frequncia fundamental dar a ordem da

    harmnica (h), 1, 2, 3,..., n.

    (1)

    Segundo o teorema de Fourier qualquer sinal ou funo peridica pode ser

    representado como a soma de senides. Quando uma forma de onda idntica de um ciclo

    para o outro, ela pode ser representada como a soma de ondas senoidais puras em que a

    frequncia de cada senide um mltiplo inteiro da frequncia fundamental da onda

    distorcida. A Figura 1, de Dugan et al (2002), representa visualmente esse conceito.

  • 23

    Figura 1 Representao de Srie de Fourier para distoro harmnica

    Observa-se, na Figura 1, do lado direito, diversas senides perfeitas, porm, cada

    uma com diferentes amplitudes e frequncias. Estas senides so chamadas harmnicas. A

    soma de todas elas, ponto a ponto, constitui a onda que aparece do lado esquerdo,

    totalmente deformada.

    Verifica-se que o sistema pode ser analisado separadamente em cada harmnica.

    Evidentemente que, encontrar a resposta do sistema para cada senide individual, ou seja,

    de cada harmnica, muito mais simples do que encontrar a resposta para o sinal

    completo. Portanto, a srie de Fourier universalmente aplicada na anlise de problemas

    de harmnicas (Dugan et al, 2002).

    De uma forma mais simples, na Figura 2, de Moreno (2001), observa-se que atravs

    da superposio de duas ondas senoidais 1 e 5, pode-se construir a onda resultante T. Em

    cada ponto do tempo t feita uma soma dos valores de cada senide, que pode aumentar,

    diminuir ou tambm manter o valor, dependendo de quanto cada uma vale naquele ponto.

  • 24

    Figura 2 Soma de ondas harmnicas

    Pode- se dizer, ento, que uma onda peridica contm harmnicas quando seu sinal

    tem forma de onda no-senoidal, ou seja, um sinal contm harmnicas quando ele

    deformado em relao a um sinal senoidal puro (Moreno, 2001).

    Em Arrillaga & Watson (2003) para o clculo da Distoro Harmnica Total

    (DHT), faz-se a raiz quadrada do somatrio do quadrado das harmnicas de corrente ou

    tenso, da 2 25 (50 em algumas normas), em relao corrente ou tenso fundamental.

    Conforme mostram as equaes, de corrente e tenso (Arrillaga & Watson, 2003) (Dugan

    et al, 2002):

    (2)

    (3)

    Onde IF e VF, so as correntes e tenses fundamentais. E h a ordem harmnica.

  • 25

    As harmnicas podem ser mpares ou pares, as mpares existem nos sistemas

    eltricos em geral e as pares existem no caso de assimetria do sinal devido presena de

    componente contnua (Moreno, 2001).

    2.1 ORIGEM

    A preocupao com QEE, e consequentemente com as harmnicas, se tornou mais

    forte em meados da dcada de 90, quando houve grande aumento de cargas no lineares na

    rede, equipamentos com funcionamento baseados em eletrnica de potncia. Um dos

    grandes impulsionadores disso em clientes residenciais foi o crescimento do nmero de

    computadores pessoais, que trouxe como consequncia um perfil de consumo eltrico

    residencial no somente com aparelhos simples, mas tambm com equipamentos que

    provocam deformaes nas formas de onda.

    Segundo Dugan et al (2002), a distoro harmnica causada por cargas no-

    lineares no sistema de potncia; um dispositivo no linear aquele em que a corrente no

    proporcional tenso aplicada. Ou seja, tendo-se uma tenso senoidal aplicada a uma

    resistncia no linear simples, com a tenso e a corrente variando, enquanto a tenso

    aplicada perfeitamente senoidal, a corrente resultante distorcida.

    Aumentar a tenso em poucos por cento nos terminais de uma resistncia no linear

    pode resultar numa corrente com o dobro do valor, e ento, uma forma de onda diferente,

    esta a fonte da distoro harmnica em mais de um sistema de alimentao (Dugan et al,

    2002).

    O aumento da utilizao de cargas no lineares pelo consumidor brasileiro cada

    vez mais significativo perante o sistema eltrico, e suas harmnicas tambm. Muitas

    indstrias fazendo esforos para zelar e conservar sua energia tomam medidas tais como:

    utilizao de lmpadas fluorescentes, controladores de intensidade luminosa (dimmers),

  • 26

    inversores de frequncia para controle da velocidade de motores, controladores de potncia

    de chuveiros, e outros. Essas medidas so timas para a conservao de energia eltrica,

    mas trazem como consequncia a interferncia na QEE, com a distoro harmnica

    (ELETROBRS, 2006).

    Conforme Dias (2002) podemos citar tambm as cargas no lineares ligadas ao

    sistema, como transformadores saturados, lmpadas de descarga, retificadores, motores de

    induo e controladores programveis.

    Algumas caractersticas e exemplos de cargas eltricas lineares e no lineares so

    dadas a seguir.

    2.1.1 Cargas Lineares

    Esse tipo de carga tem valor de impedncia fixo, e constitudo de elementos

    passivos, como resistores, indutores e capacitores ou alguma associao deles. As cargas

    lineares seguem a Lei de Ohm, ou seja, a corrente proporcional tenso aplicada,

    dividida pela sua impedncia. Ento, se a forma de onda da tenso senoidal, a da corrente

    tambm . A Figura 3, de ELETROBRS (2006), mostra o comportamento de onda da

    tenso e corrente de um aquecedor.

  • 27

    Figura 3 Forma de onda de Carga Linear

    Alguns exemplos dessas cargas so as lmpadas incandescentes, aquecedor de

    gua, transformadores de baixa potncia (PROCOBRE, 2009).

    2.1.2 Cargas No Lineares

    A carga no linear aquela em que a corrente que circula por ela no tem a mesma

    forma que a tenso que a alimenta (PROCOBRE, 2009).

    Esse tipo de carga no apresenta proporcionalidade entre tenso e corrente. E a

    forma de onda da corrente em um circuito dessa carga no senoidal, conforme mostra a

    Figura 4 (ELETROBRS, 2006).

  • 28

    Figura 4 Forma de onda de Carga No-Linear

    Alguns exemplos de cargas no lineares residenciais so os computadores pessoais,

    lmpadas fluorescentes, equipamentos de som e televiso (PROCOBRE, 2009).

    Segundo ELETROBRS (2006) a qualidade de fontes de tenso e corrente pode ser

    definida levando-se em conta quatro parmetros principais, so eles: a frequncia, a forma

    de onda, a amplitude e a assimetria em sistemas trifsicos.

    2.2 PROBLEMAS ASSOCIADOS DISTORO HARMNICA

    Diversos danos podem ocorrer quando h a presena de harmnicas em um sistema

    eltrico, e, em muitos casos, esses danos podem ser irreversveis. Os efeitos causados pelas

    harmnicas em uma rede podem atingir componentes de uma instalao, aparelhos ou a

    prpria instalao eltrica. Esses efeitos podem ser notados visualmente, podem ser

    ouvidos, ou tambm verificados atravs dos registros de medidores de temperatura, e em

    alguns casos, por outros equipamentos adequados sua deteco (Moreno, 2001) e (Braga,

    2012).

  • 29

    As principais formas de manifestao de harmnicas, segundo Moreno (2001) e

    Braga (2012) so: aquecimento excessivo, disparo intempestivo de dispositivos de

    proteo, ressonncia, reduo do fator de potncia da instalao, entre outros. E para

    Braga (2012), alguns efeitos so: vibraes dos aparelhos alimentados, sobreaquecimento

    ou oscilaes da tenso, que fazem afetar o brilho das lmpadas que iluminam o local,

    alterao da tenso, entre outros. Ainda segundo o autor, eles devem ser investigados com

    a utilizao de instrumentos apropriados, pois assim, poder ser detectada de forma

    eficiente a presena de harmnicas.

    A seguir so explicados alguns dos problemas causados pelas harmnicas.

    2.2.1 Aquecimento Excessivo

    Em diversos casos, as harmnicas so de ordem muito elevadas. Estas correntes

    harmnicas tendem a circular pelas camadas exteriores do condutor, que significa que a

    resistncia encontrada, devido distribuio no uniforme da corrente, ser maior e

    tambm com um aquecimento maior (Braga, 2012).

    O aquecimento excessivo pode estar presente nos condutores das instalaes

    eltricas, e nos enrolamentos dos transformadores, motores e geradores (Moreno, 2001).

    2.2.2 Atuao de Sistemas de Proteo

    Os sinais harmnicos podem ter valores eficazes pequenos, mas se o fator de crista

    resultante for elevado, pode ocorrer o disparo de algum dispositivo de proteo, devido a

    um aquecimento ou campo magntico acima do normal provocado pelas harmnicas

    (Moreno, 2001).

    Onde existem muitos computadores, impressoras e equipamentos eletroeletrnicos

    de importncia comum haver disparos imprevistos, e a consequncia pode ser grandes

  • 30

    perdas de informaes. Como isso ocorre em casos onde os computadores so alimentados

    por uma rede comum junto a equipamentos que sejam capazes de gerar harmnicas, o ideal

    que se montem circuitos separados - com computadores, impressoras e fotocopiadoras,

    por exemplo, evitando-se, assim, a perda de operao simultnea de aparelhos (Moreno,

    2001). Desta forma e tambm com o uso de UPS (Uninterruptible Power Supply)

    possvel que no ocorra perda de trabalho e informaes, quando houver interrupo do

    fornecimento de energia (Braga, 2012).

    2.2.3 Ressonncia

    Um elemento capacitivo associado com um elemento indutivo forma um circuito

    ressonante; esse tipo de circuito capaz de amplificar os sinais de uma frequncia. Um

    exemplo so os bancos de capacitores colocados em instalaes eltricas, muitas vezes

    para correo do fator de deslocamento. Eles formam circuitos ressonantes devido ao fato

    das instalaes eltricas terem natureza indutiva. O maior problema relacionado a isto

    que essa amplificao dos sinais harmnicos pode causar danos, queimas e at exploses

    de capacitores (Moreno, 2001).

    Em um sistema com componentes ideais, a reatncia indutiva aumenta diretamente

    com o aumento da frequncia e a reatncia capacitiva diminui com o aumento da

    frequncia, ento na frequncia de ressonncia de um circuito LC, a reatncia capacitiva se

    iguala reatncia indutiva (Dias, 2002).

    Existem dois tipos de ressonncia, a srie e a paralela. Para um circuito srie, a

    impedncia total na frequncia de ressonncia se reduz somente resistncia do circuito.

    No caso de ressonncia paralela a impedncia tende a valores muito elevados.

  • 31

    2.2.4 Alteraes de Fator de Potncia

    Harmnicas tambm causam efeito na rede, como a reduo do fator de potncia

    (Moreno, 2001). Conforme Marques (2011) quando h presena de harmnicas na rede, o

    clculo do fator de potncia torna-se mais complicado. Na presena de correntes

    harmnicas, mas considerando a tenso puramente senoidal, o clculo do fator de potncia

    pode ser realizado segundo a equao (8) obtida a partir da definio geral de fator de

    potncia:

    FP PS

    PV Ief ef

    = =*

    (4)

    FPT

    v t i t dt

    Tv t dt

    Ti t dt

    T

    T T=

    1

    1 10

    2

    0

    2

    0

    ( ) ( )

    ( ) ( )

    (5)

    ( ) ...)cos(

    ...

    )cos(23

    22

    21

    2

    111

    23

    22

    21

    21

    1111

    ++++

    =

    ++++

    =

    efefefCC

    ivef

    efefefCCef

    ivefef

    IIII

    I

    IIIIV

    IVFP

    (6)

    ...

    )cos(23

    22

    21

    11

    +++=

    efefef

    ef

    III

    IFP

    (7)

    FP =2

    1

    1

    )cos(

    iDHT+

    (8)

    Com,

    Ihef = Corrente eficaz da harmnica de ordem h

    Vhef = Tenso eficaz da harmnica de ordem h

    cos(1) = ngulo de defasagem entre a tenso e a corrente de frequncia

    fundamental (Fator de deslocamento)

    DHTi = Distoro Harmnica Total da corrente

  • 32

    2.2.5 Vibraes

    As frequncias harmnicas podem provocar interferncias eletromagnticas,

    irradiadas ou conduzidas. Elas podem ocasionar vibraes em quadros eltricos, em

    transformadores e acoplamentos em redes de comunicao (Moreno, 2001).

    2.2.6 Outros efeitos

    Alm dos j citados, existem diversos outros efeitos causados por harmnicas,

    como por exemplo:

    Erro de medidores de energia;

    Aumento das quedas de tenso;

    Danos em condutores e cabos de rede de energia;

    Danos em mquinas rotativas, como motores ou geradores;

    Interferncias telefnicas, como rudos;

    Interferncias na iluminao, como rudos, e diminuio da vida til de

    lmpadas;

    Diminuio da vida til de transformadores.

    2.3 NORMAS

    As normas mais conhecidas mundialmente, que esto relacionadas com as

    distores harmnicas, so: IEEE 519-1992, IEC 61000-2-2, IEC 61000-3-2, IEC 61000-3-

    4. No Brasil, o PRODIST (Procedimentos de Distribuio de Energia Eltrica do Sistema

    Eltrico Nacional) - mdulo 8, da Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL), contm

  • 33

    os valores mximos permitidos para as distores harmnicas de tenso. A seguir cada

    norma ser explicada, observando os limites de distoro harmnica impostos.

    2.3.1 IEEE 519-1992

    O Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) uma associao,

    fundada em 1963, atravs da juno das organizaes American Institute of Electrical

    Engineers (AIEE), fundada em 1884, e do Institute of Radio Engineers (IRE), de 1912. A

    maioria dos membros - cerca de 90% - era dos Estados Unidos quando as organizaes se

    fundiram, atualmente, mais de 50% de fora do pas.

    A norma IEEE 519-1992 uma reviso da norma americana IEEE 519-1981,

    IEEE Guide for Harmonic Control and Reactive Compensation of Static Power

    Converters, que um guia com recomendaes sobre controle de harmnicas e

    compensao reativa de conversores estticos de potncia; ela foi publicada em 1981, nos

    Estados Unidos.

    A norma IEEE 519 de 1992 foi denominada IEEE Recommended Practices and

    Requirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems, e apresenta um

    consenso de guias e prticas recomendadas para consumidores e concessionrias minimizar

    os impactos de distores harmnicas ocasionadas por cargas no lineares. Segundo esta

    norma, o desenvolvimento de limites de distoro harmnica para que a prtica ocorra da

    seguinte forma:

    O limite de injeo de harmnicas por clientes individuais seja tal que no cause

    nveis de distoro excessiva de tenso em caractersticas normais do sistema.

    E que haja limites da distoro harmnica total de tenso fornecida pela

    concessionria.

  • 34

    Dessa forma, ela divide a responsabilidade de limitar harmnicas entre usurios

    finais e concessionrias, onde, os usurios finais so responsveis pela limitao de

    injees de correntes harmnicas e as concessionrias pela limitao de distoro de tenso

    no sistema de fornecimento (Dugan et al, 2002).

    A norma IEEE 519-1992 traz os seguintes limites de distoro harmnica de

    tenso, conforme a Tabela 1.

    Tabela 1: Limites de Distoro de Tenso [IEEE 519-1992]

    Tenso no Ponto de

    Acoplamento Comum (PAC)

    Distoro Individual de

    Tenso (%)

    Distoro Total de Tenso

    (%) - DHT

    V 69 000V 3 5

    69 001V < V < 161 000V 1,5 2,5

    V 161 001V 1 1,5

    Ou seja, para tenses de 69 kV ou abaixo, a distoro harmnica de tenso de uma

    componente harmnica individual deve ter o limite mximo de 3% e para a distoro total

    de tenso, o mximo 5%. Quando a tenso est entre 69 kV e 161 kV, as distores

    mximas permitidas so 1,5% e 2,5%. E no caso de tenso acima de 161 kV, seus limites

    mximos so 1% para a distoro individual e 1,5% para a distoro total.

    Com referncia aos limites de distoro harmnica de corrente, temos as tabelas 2,

    3 e 4 que seguem, tambm da norma IEEE 519-1992. Cada uma das tabelas faz referncia

    a um tipo sistema de rede: na Tabela 2 constam limites para sistema de distribuio (de

    120V a 69 kV), na Tabela 3 para subtransmisso (69 kV a 161 kV) e na Tabela 4 para

    transmisso (acima de 161 kV).

    A Tabela 2 mostra valores para tenses de 120 V a 69 kV, conforme a IEEE 519-

    1992.

  • 35

    Tabela 2: Limites de Distoro de Corrente em Distribuio [IEEE 519-1992]

    Limites de Distoro Harmnica de Corrente para Sistemas Gerais de Distribuio (120 V a 69 kV)

    Distoro harmnica Mxima de Corrente em percentagem do IL

    Ordem Harmnica Individual (harmnicas mpares)

    Isc/IL < 11 11 h

  • 36

    20 a 50 3,5 1,75 1,25 0,5 0,25 4

    50 a 100 5 2,25 2 0,75 0,35 6

    100 a 1000 6 2,75 2,5 1 0,5 7,5

    >1000 7,5 3,5 3 1,25 0,7 10

    Harmnicas pares esto limitadas a 25% dos limites das harmnicas mpares. * Todos os equipamentos de gerao de energia esto limitados a estes valores de distoro de corrente, independente do Isc/IL real. Isc: corrente mxima de curto-circuito no PAC.

    IL: corrente mxima de demanda de carga (componente de frequncia fundamental) no PAC.

    A Tabela 3 traz seus dados da mesma forma que a Tabela 2. Isto , de acordo com a

    faixa da ordem harmnica e sua correspondente Isc/IL, encontra-se o limite mximo

    permitido para a distoro de harmnica de corrente. As distores harmnicas pares

    tambm esto limitadas a 25% dos valores das mpares.

    A Tabela 4 mostra valores de limites para distoro harmnica de corrente em

    tenses acima de 161 kV (IEEE 519-1992).

    Tabela 4: Limites de Distoro de Corrente em Transmisso [IEEE 519-1992]

    Limites de Distoro Harmnica de Corrente para Sistemas Gerais de Transmisso (>161 kV)

    Ordem Harmnica Individual (harmnicas mpares)

    Isc/IL < 11 11 h

  • 37

    Conforme mostrado nas tabelas anteriores, a Tabela 4 tambm mostra valores de

    limitao de distoro harmnica de corrente. Porm, a Isc/IL tabelada traz somente duas

    faixas, menor do que 50 e maior ou igual a 50.

    Existe uma nova verso da IEEE 519, de 2012, intitulada como Guide for

    Applying Harmonic Limits on Power Systems, porm ela ainda no foi aprovada,

    portanto, no deve ser utilizada como documento de conformidade e regulao. As tabelas

    anteriores, 1 e 4, sofrem mudanas com a publicao da IEEE 519-2012. Conforme

    observado nas seguintes tabelas, Tabela 5 e Tabela 6.

    Tabela 5: Limites de Distoro de Tenso [IEEE 519-2012]

    Tenso no PAC

    (Ponto de Acoplamento Comum)

    Distoro Individual de

    Tenso (%)

    Distoro Total de Tenso

    (%) - DHT

    V 1000 V 5 8

    1001V < V < 69 000V 3 5

    69 001V < V < 161 000V 1,5 2,5

    V 161 001V 1 1,5

    Observa-se, portanto, que elaborada uma nova diviso, onde a faixa V 69kV

    subdividida em: (V 1000 V) e (1001 V < V < 69 000 V). Na nova faixa, os valores

    abaixo de 1 kV tm limites individual de 5% e total de 8%. Para as demais faixas, os

    limites permanecem iguais.

    Tabela 6: Limites de Distoro de Corrente [IEEE 519-2012]

    Limites de Distoro Harmnica de Corrente para Sistemas >161 kV

    Ordem Harmnica Individual (harmnicas mpares)

    Isc/IL < 11 11 h

  • 38

    50 3 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75

    Harmnicas pares esto limitadas a 25% dos limites das harmnicas mpares.

    * Todos os equipamentos de gerao de energia esto limitados a estes valores de distoro de corrente, independente do Isc/IL real. Isc: corrente mxima de curto-circuito no PAC.

    IL: corrente mxima de demanda de carga (componente de frequncia fundamental) no PAC.

    A Tabela 6, de Limites de Distoro Harmnicas para Sistemas > 161 kV, tambm

    ganha uma nova diviso, onde a faixa Isc/IL< 50 subdividida em duas faixas: (Isc/IL< 25) e

    (25

  • 39

    As normas que tratam sobre o assunto de harmnicas esto contidas nas sequncias

    numricas IEC 61000-2 e 61000-3, mais especificamente nas sees IEC 61000-2-2,

    610003-2 e 61000-3-4.

    2.3.3 IEC 61000-2-2

    A norma IEC 61000-2-2, Environment Compatibility levels for low-frequency

    conducted disturbances and signalling in public low-voltage power supply systems, tem

    enfoque em distrbios conduzidos atravs dos circuitos, cuja frequncia est na faixa de 0

    a 9 kHz, chegando a frequncias de at 148,5 kHz para sistemas de sinalizao que

    utilizam a rede de potncia. A norma fornece nveis de compatibilidade para sistemas de

    corrente alternada de baixa tenso at 420 V (monofsico) ou 690 V (trifsico), com

    frequncia nominal de 50 ou 60 Hz. Esses nveis so aplicveis para o PAC (ponto de

    acoplamento comum).

    A norma diz que existem harmnicas com efeitos de longo prazo e de muito curto

    prazo; os de longo prazo so efeitos trmicos em cabos, transformadores, motores,

    capacitores, etc. E os de curto prazo, referem-se principalmente aos efeitos perturbadores

    sobre dispositivos eletrnicos que podem ser suscetveis a nveis harmnicos sustentados

    por trs segundos ou menos.

    Os nveis de compatibilidade para distrbios de tenso harmnica com efeitos de

    longo prazo so, segundo a norma IEC 61000-2-2, conforme mostra a Tabela 7.

    Tabela 7: Nveis de compatibilidade para distrbios harmnicos individuais de tenso - em baixa tenso.

    Harmnicas mpares

    no mltiplas de 3

    Harmnicas mpares

    mltiplas de 3 Harmnicas pares

    Ordem (h) DHI (%) Ordem (h) DHI(%) Ordem (h) DHI (%)

  • 40

    5 6 3 5 2 2

    7 5 9 1,5 4 1

    11 3,5 15 0,4 6 0,5

    13 3 21 0,3 8 0,5

    17 h 49 2,27x(17/h)0,27 21 h 45 0,2 10 h 50 0,25x(10/h)+0,25

    DHI= Distoro Harmnica Individual

    O nvel de compatibilidade correspondente para a distoro total de tenso 8% (DHT = 8%).

    A Tabela 7 mostra uma diviso de harmnicas em mpares mltiplas de 3, mpares

    no-mltiplas de 3 ou pares. E dependendo da ordem harmnica dado o limite de

    distoro individual de tenso para cada um dos tipos.

    Com referncia a efeitos de muito curto prazo, os nveis de compatibilidade dos

    componentes individuais de harmnicas da tenso so os valores dados na Tabela 7,

    multiplicada por um fator k, onde k o seguinte:

    (9)

    E o nvel de compatibilidade correspondente para a distoro harmnica total THD =

    11%.

    2.3.4 IEC 61000-3-2 e IEC 61000-3-4

    As normas IEC 61000-3-2 e IEC 61000-3-4 estabelecem limites para harmnicas

    de correntes emitidas por equipamentos eltricos e eletrnicos em baixa tenso. A

    diferena entre uma e outra norma que a IEC 61000-3-2 aplicada a equipamentos com

    corrente nominal menor ou igual a 16 A por fase, e a IEC 61000-3-4 para equipamentos

    com corrente nominal acima de 16 A por fase.

  • 41

    A norma IEC 61000-3-2, Limits - Limits for harmonic current emissions

    (equipment input current 16 A per phase) estabelece limites para emisses de correntes

    harmnicas em equipamento com corrente de entrada 16 A por fase. Ela trata da

    limitao de correntes harmnicas injetadas no sistema de abastecimento pblico,

    especificando limites de componentes harmnicos da corrente de entrada produzidos por

    equipamentos divididos nas classes A, B, C e D.

    A IEC 61000-3-4, Limits - Limitation of emission of harmonic currents in low-

    voltage power supply systems for equipment with rated current greater than 16 A,

    estabelece a limites de emisses de correntes harmnicas em sistemas de alimentao de

    baixa tenso para equipamentos com corrente nominal superior a 16 A. A norma

    recomenda ter seus limites aplicados em sistemas de distribuio dos tipos:

    - tenso nominal at 240 V, monofsico, dois ou trs condutores;

    - tenso nominal at 600 V, trifsico, trs ou quatro condutores.

    Ambos com frequncia nominal de 50 Hz ou 60 Hz.

    Os limites da norma IEC 61000-3-4 so conforme a Tabela 8.

    Tabela 8: Limites de Harmnicas Individuais de Corrente referente Fundamental

    Ordem harmnica

    (h)

    Distoro

    harmnica mxima

    Ih/I1 (%)

    Ordem harmnica

    (h)

    Distoro

    harmnica mxima

    Ih/I1 (%)

    3 21,6 19 1,1

    5 10,7 21 0,6

    7 7,2 23 0,9

    9 3,8 25 0,8

    11 3,1 27 0,6

    13 2 29 0,7

  • 42

    15 0,7 31 0,7

    17 1,2 33 0,6

    I1 = corrente nominal de frequncia fundamental.

    2.3.5 ANEEL PRODIST Mdulo 8

    Os parmetros de qualidade de energia eltrica no Brasil - entre eles as Harmnicas

    - so conceituados, regulados e fiscalizados pela ANEEL atravs do Procedimento de

    Distribuio de Energia Eltrica no Sistema Eltrico Nacional (PRODIST).

    O PRODIST, atualmente, est divididos em 9 mdulos, composto pelos seguintes

    ttulos:

    Mdulo 1 - Introduo

    Mdulo 2 - Planejamento da Expanso do Sistema de Distribuio

    Mdulo 3 - Acesso ao Sistema de Distribuio

    Mdulo 4 - Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuio

    Mdulo 5 - Sistemas de Medio

    Mdulo 6 - Informaes Requeridas e Obrigaes

    Mdulo 7 - Clculo de Perdas na Distribuio

    Mdulo 8 - Qualidade da Energia Eltrica

    Mdulo 9 - Ressarcimento de Danos Eltricos

    O PRODIST teve sua primeira verso aprovada em 2008, com a Resoluo

    Normativa n 345/2008, e no decorrer dos anos vem sofrendo modificaes e revises de

    acordo com o contexto do sistema eltrico brasileiro. O mdulo de interesse, Mdulo 8

    sobre QEE sofreu 4 revises:

    Reviso 1: Resoluo Normativa n 395/2009, vigorou de 01/01/2010 a 31/12/2010;

    Reviso 2: Resoluo Normativa n 424/2010, vigorou de 01/01/2011 a 05/09/2011;

  • 43

    Reviso 3: Resoluo Normativa n 444/2011, vigorou de 06/09/2011 a 31/01/2012;

    Reviso 4: Resoluo Normativa n 469/2011 tem data de vigncia 01/02/2012 e a

    atualmente utilizada.

    Conforme este mdulo, os procedimentos de QEE definidos devem ser observados

    por diversos tipos de agentes, como, consumidores, distribuidores, transmissores, os

    produtores de energia, que o caso da Usina Termoeltrica.

    Segundo a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL), a QEE costuma ser

    dividida em Qualidade Comercial, Qualidade do Servio e Qualidade do Produto. Para

    iniciar um estudo sobre harmnicas, deve-se ter o conhecimento da parte da QEE que diz

    respeito Qualidade do Produto.

    Dentro do mdulo 8 do PRODIST encontramos a seo 8.1, sobre Qualidade do

    Produto, onde so definidas terminologias, caracterizados os fenmenos e estabelecidos os

    parmetros de conformidade de tenso em regime permanente.

    Ainda nessa seo so estabelecidos critrios de amostragem e valores de referncia

    relativos tenso em regime permanente e s perturbaes na forma de onda. Tratando-se

    de QEE, o PRODIST considera os seguintes aspectos da Qualidade do produto: tenso em

    regime permanente, fator de potncia, harmnicas, desequilbrio de tenso, flutuao de

    tenso, variaes de tenso de curta durao, variao de frequncia.

    O captulo 4, da seo 8.1, do Mdulo 8 do PRODIST trata do assunto de

    harmnicas, e neste captulo encontra-se a seguinte terminologia, conforme a Tabela 9:

    Tabela 9: Terminologia das grandezas harmnicas

    Identificao da Grandeza Smbolo

    Distoro harmnica individual de tenso de ordem h DHI %

    Distoro harmnica total de tenso DHT %

  • 44

    Tenso harmnica de ordem h Vh

    Ordem harmnica h

    Ordem harmnica mxima hmx

    Ordem harmnica mnima hmn

    Tenso fundamental medida V1

    E as expresses para os clculos, que tambm constam no captulo 4, da seco 8.1,

    do Mdulo 8 do PRODIST, so apresentadas a seguir.

    Para a distoro harmnica individual de tenso, DHI %

    (10)

    E para a distoro harmnica total de tenso, DHT %, a frmula dada na equao

    (2).

    Segundo a ANEEL, para os clculos de DHT, o espectro harmnico considerado

    deve compreender a faixa de frequncias que inicie com a componente fundamental e

    finalize, no mnimo, com a harmnica de ordem h=25.

    O PRODIST apresenta como valores de referncia os limites das distores

    harmnicas total de tenso e individual de tenso. O documento lembra ainda que os

    valores servem como referncia para o planejamento eltrico em termos de QEE, e que,

    regulatoriamente, sero estabelecidos em resoluo especfica, aps perodo experimental

    de coleta de dados.

    As tabelas que trazem os limites, segundo o PRODIST so a Tabela 10 e a Tabela 11.

    Tabela 10: Valores de referncia globais das distores harmnicas totais

    Limites das distores harmnicas totais - em porcentagem da tenso fundamental

  • 45

    Tenso Nominal do Barramento Distoro Harmnica Total de Tenso

    DHT (%)

    Vn 1 kV 10

    1 kV < Vn 13,8 kV 8

    13,8 kV < Vn 69 kV 6

    69 kV < Vn < 230 kV 3

    Vn = Tenso nominal

    Observamos na Tabela 10 os limites para distoro harmnica de tenso baseadas na

    faixa da tenso nominal.

    Tabela 11: Nveis de referncia para distores harmnicas individuais de tenso

    Ordem harmnica Distoro Harmnica Individual de Tenso (%)

    Vn 1kV 1kV

  • 46

    >21 1 0,5 0,5 0,5

    Pares

    2 2,5 2 1,5 1

    4 1,5 1 1 0,5

    6 1 0,5 0,5 0,5

    8 1 0,5 0,5 0,5

    10 1 0,5 0,5 0,5

    12 1 0,5 0,5 0,5

    >12 1 0,5 0,5 0,5

    Cada pas responsvel por fixar limites de tolerncia de distoro harmnica, e

    normalmente isto feito de acordo com a situao do sistema eltrico existente. No Brasil,

    atravs do Prodist da ANEEL e dos Procedimentos de Rede do NOS, somente existe a

    limitao para distoro harmnica da tenso, no h limitao para a distoro harmnica

    de corrente.

  • 47

    3 ANLISE DE DISTORO HARMNICA

    3.1 ESTUDO DE DISTORES HARMNICAS

    O estudo de distoro harmnica utilizado no intuito de verificar-se a distribuio

    das correntes e tenses harmnicas, e os ndices de distoro harmnica em um sistema de

    energia. Costuma-se aplicar esse tipo de estudo em pesquisas de ressonncia e de

    configurao de filtros para harmnicas, como tambm quando h outros efeitos de

    harmnicas no sistema de potncia (Das, 2012).

    Segundo Arrillaga & Watson (2003) a anlise harmnica o processo de clculo das

    magnitudes e fases das harmnicas, fundamentais e de ordem superior, da forma de onda

    peridica. A srie resultante, conhecida como a srie de Fourier, estabelece uma relao

    entre funo no domnio do tempo e funo no domnio de frequncia.

    Conforme Figueiredo (2006) o estudo e anlise dos sistemas de distribuio requer a

    modelagem de:

    Cargas no lineares, quando h presena delas.

    Dispositivos principais do sistema de distribuio.

    O que resulta, frequentemente, na necessidade de desenvolvimento de modelos

    complexos; em alguns casos, algoritmos de clculos; dados completos dos dispositivos do

    sistema e experimentao para validar os modelos propostos (Figueiredo, 2006).

    Numa abordagem muito simples, a anlise rigorosa de harmnicas envolve e

    depende da interao entre o equipamento causador de harmnica e o sistema de energia,

    das limitaes prticas da modelagem de cada componente de um sistema de energia

    grande, da extenso em que o sistema deve ser modelado para a preciso, e dos tipos de

    componentes e modelos de fontes no lineares (Das, 2012).

  • 48

    3.2 MODELAGEM DOS ELEMENTOS DO SISTEMA ELTRICO DE POTNCIA

    A modelagem a forma de representar componentes de um sistema ou mesmo um

    sistema como um todo, que esteja sob anlise. Modelos so a forma de descrever

    componentes reais estruturando-os matematicamente, levando em conta suas

    caractersticas.

    A simulao a forma de se estudar o comportamento de sistemas reais atravs de

    seus modelos. Com o uso de simulaes possvel verificar o que pode ocorrer com o

    sistema em diferentes casos, devido modificao de suas caractersticas, seja pela

    incluso ou pela eliminao de fatores que compem o sistema de estudo. Normalmente o

    uso da simulao como ferramenta de estudo feito quando: o sistema est em

    planejamento; o sistema existe, porm seria muito caro fazer experimentos nele; o sistema

    existe, porm o caso de anlise inapropriado ou perigoso.

    Em estudos de distores harmnicas muitas vezes necessria a utilizao de

    ferramentas de simulao para observar como funciona um sistema, em seu estado atual e

    com possveis alteraes futuras. E, dependendo dos parmetros e dados disponibilizados,

    possvel fazer uma anlise mais precisa.

    Conforme Das (2012) em uma base simples, a simulao harmnica muito

    parecida com a simulao de fluxo de carga. Os dados da impedncia de um estudo de

    curto-circuito podem ser usados e modificados para os efeitos da frequncia mais elevada.

    Alm dos modelos de cargas, transformadores, geradores, motores, etc., os modelos de

    fontes de injeo harmnicas, fornos a arco, conversores, etc., esto includos. Estes no

    esto limitados a harmnicas caractersticas e um espectro completo das cargas harmnicas

    pode ser modelado.

    Os parmetros para modelagem de componentes de um sistema eltrico so o R, L

    e C (Resistncia, Indutncia e Capacitncia). Esses parmetros esto presentes em todo o

  • 49

    circuito ou equipamento eltrico, em diferentes propores. A seguir sero explanados

    alguns modelos de componentes presentes em sistemas de energia eltrica.

    3.2.1 Circuitos Trifsicos

    A linha de distribuio o principal meio de conexo entre os componentes que

    fazem parte da rede, sendo, portanto, um caminho de propagao de harmnicas no sistema

    eltrico.

    A definio do modelo das linhas de distribuio uma parte importante na

    modelagem do sistema de energia para estudo e anlise de harmnicas. Dependendo do

    comprimento e caractersticas da linha h possibilidades maiores ou menores de haver

    propagao de distores harmnicas.

    O modelo mais simples o (Pi), encontrado em Stevenson (1986), onde, usando

    parmetros concentrados para linha areas, em uma linha curta (de at 80 km) pode-se

    desprezar a capacitncia em derivao existente, por ser muito pequena e no influenciar

    na preciso do resultado. Dessa forma, consideram-se apenas os parmetros Resistncia em

    srie, R, e a Indutncia em srie, L, para o modelo. A Figura 5 de Stevenson (1986) mostra

    a configurao RL para linhas curtas.

    Figura 5 Circuito equivalente de parmetros concentrados para linha curta

  • 50

    Onde Z a impedncia total da linha, IS e IR so as correntes nas barras transmissora

    e receptora, e VS e VR so as tenses ao neutro na mesma barra. A equao (11), descreve a

    frmula da impedncia Z para linhas curtas.

    (11)

    Com,

    R = Resistncia (ohm)

    L = Indutncia (mH)

    = frequncia angular (2f)

    Ainda segundo o autor, para linhas mdias (de 80 km a 240 km) os parmetros

    concentrados utilizados so R, L e a metade da capacitncia (C/2) ao neutro por fase

    concentrada em cada extremidade do circuito equivalente. O estudo deste trabalho dado

    com linhas curtas, portanto o modelo utilizado dado na Figura 5, utilizando-se a equao

    (11). Esta equao da impedncia complexa pode ser reescrita, sendo generalizada para

    outros componentes que sero vistos neste captulo, conforme a equao (12).

    (12)

    h = ordem harmnica

    3.2.2 Geradores

    Geradores so dispositivos que transformam energia mecnica em energia eltrica.

    O modelo do gerador do sistema essencial para a anlise de harmnicas em um sistema

    de gerao de energia eltrica.

    Segundo Arrillaga & Watson (2003) para a determinao das impedncias

    harmnicas da rede, os geradores podem ser modelados como uma combinao em srie da

    resistncia e da reatncia indutiva. A Figura 6 mostra esta configurao.

  • 51

    Figura 6 Modelo de gerador

    O clculo da impedncia harmnica do gerador dado atravs da equao (12).

    Com, R, a resistncia de armadura na frequncia fundamental, X, a reatncia

    subtransitria do gerador, h, a ordem harmnica da frequncia. Sendo, R obtida a partir das

    perdas de potncia ativa da mquina.

    Um modelo mais simplificado, que considera somente a reatncia sncrona,

    utilizado para operao em regime permanente.

    3.2.3 Transformadores

    Transformadores so componentes muito importantes dos sistemas de potncia, eles

    esto presentes nos sistemas com a funo de elevar ou abaixar a tenso existente nas

    linhas para permitir a transmisso de energia em tenses elevadas e diminuir as perdas

    ativas. Sua modelagem, o mais aproximado possvel, importante na anlise de distores

    harmnicas.

    Transformadores trifsicos so normalmente encontrados em subestao de

    distribuio onde a tenso transformada do nvel de transmisso ou subtransmisso para

    o nvel de distribuio. Na maioria dos casos, o transformador da subestao ser uma

  • 52

    unidade trifsica, com alta tenso sem tap e, baixa tenso com mudana de tap (Kersting,

    2007).

    O tipo de transformador mais usual o trifsico com dois enrolamentos. Este o

    tipo de transformador que mais encontrado em sistemas de subtransmisso e distribuio.

    O circuito equivalente de um transformador de dois enrolamentos pode ser visualizado na

    Figura 7 de Das (2012). E a Figura 8, de Arrillaga & Watson (2003), mostra o desenho

    simplificado do ncleo e enrolamentos de um transformador trifsico de dois

    enrolamentos.

    Figura 7 Circuito equivalente de um transformador de 2 enrolamentos.

    Onde, r1 a resistncia no primrio, x1 a reatncia de disperso do primrio, r2 a

    resistncia no secundrio, x2 a reatncia de disperso no secundrio, Rm a resistncia de

    magnetizao e o -bm est representando a reatncia de magnetizao.

  • 53

    Figura 8 Ncleo e enrolamentos de um transformador trifsico de dois enrolamentos

    Supondo que os caminhos de fluxo so simetricamente distribudos entre todos os

    enrolamentos, a relao entre as correntes e tenses representada pela equao (13)

    (Arrillaga & Watson, 2003):

    (13)

    Onde,

    ym = admitncia mtua entre bobinas de mesmo ncleo.

    ym = admitncia mtua entre bobinas primrias.

    ym = admitncia mtua entre bobinas primrias e secundrias em diferentes

    ncleos.

    ym = admitncia mtua entre bobinas secundrias.

    yp = admitncia no primrio.

    ys = admitncia no secundrio.

    Se existisse um enrolamento tercirio, a rede primria consistiria em nove, ao invs

    de seis, bobinas acopladas e seu modelo matemtico seria uma matriz admitncia 9 x 9.

  • 54

    Conforme Arrillaga et al (1997), os transformadores podem ser representados por

    um modelo de impedncia na frequncia fundamental representado por uma resistncia em

    srie com uma reatncia de disperso, conforme mostrado na equao (12), entretanto, tais

    componentes tem de considerar o efeito da dependncia da frequncia.

    Em Arrilaga & Watson (2003) proposto utilizar uma modelagem simples, em que

    a resistncia corrigida na presena de altas frequncias, conforme pode ser verificado

    atravs da equao (14) que representa a admitncia do transformador.

    1th

    1

    Y =R h + jX h

    (14)

    Sendo,

    R = resistncia na frequncia fundamental.

    1X = reatncia de disperso do transformador na frequncia fundamental.

    h = a ordem harmnica da frequncia.

    Conforme Arrillaga & Watson (2003), em geral, qualquer transformador trifsico

    de dois enrolamentos pode ser representado por duas bobinas acopladas, conforme

    mostrado na Figura 9, do mesmo autor.

    Figura 9 Transformador trifsico de 2 enrolamentos

  • 55

    A equao que descreve a Figura 10 a eq. (15).

    (15)

    importante lembrar tambm que as ligaes trifsicas do transformador devem

    ser corretamente modeladas para anlise do fluxo de carga do sistema eltrico. Segundo

    Kersting (2007) nos sistemas eltricos de potncia podem existir transformadores com

    diversos tipos de ligaes, como:

    Delta - Estrela aterrada

    Estrela no aterrada Delta

    Estrela aterrada - Estrela aterrada

    Delta Delta

    Estrela aberta - Delta aberto

    Segundo Arrillaga & Watson (2003) se os parmetros das trs fases so assumidos

    como equilibrados, todas as ligaes trifsicas comuns podem ser modeladas por trs

    submatrizes bsicas. As submatrizes [Ypp], [Yps] ou [Ysp,] e [Yss] que so dadas na

    Tabela 12, para as ligaes comuns em termos das seguintes matrizes, das equaes (16),

    (17) e (18):

    (16)

    (17)

  • 56

    (18)

    Tabela 12: Submatrizes caractersticas usadas em formao de matrizes admitncia de

    transformador (Arrillaga & Watson, 2003)

    Conexo do Transformador Admintncia prpria Admitncia

    mtua

    Barra P Barra S Ypp Yss Yps, Ysp

    Estrela G Estrela G Y1 Y1 -Y1

    Estrela G Estrela Y1 Y11/3 -Y11/3

    Estrela G Tringulo Y1 Y11 Y111

    Estrela Estrela Y11/3 Y11/3 -Y11/3

    Estrela Tringulo Y11/3 Y11 Y111

    Tringulo Tringulo Y11 Y11 -Y11

    G: aterrada

    Ento, para qualquer tipo de ligao trifsica de transformador, usando-se a Tabela

    12 e as matrizes Y1, Y11 e Y111, pode-se calcular a admitncia referente ao tipo de

    transformador.

    3.2.4 Cargas

    Segundo Arrillaga & Watson (2003), no h um equivalente de carga geral admitido

    para anlise harmnica, existem diversos modelos equivalentes para a representao de

    cargas lineares e no-lineares no sistema eltrico de potncia. Em cada caso, a derivao de

    condutncia e susceptncia equivalente em faixas harmnicas de especficos fluxos de

    energia, P (ativa) e Q (reativa), ir precisar de informaes adicionais sobre a composio

    real da carga. Normalmente, concessionrias distribuidoras de energia eltrica tm uma

  • 57

    ideia razovel da proporo de cada tipo de carga no seu sistema, em funo da hora do

    dia, e podem fornecer tal informao.

    Existem basicamente trs tipos de carga: passiva, mquinas/motores e dispositivos

    eletrnicos de potncia (Arrillaga & Watson, 2003).

    3.2.4.1 Cargas Passivas

    As cargas passivas, tipicamente domsticas, podem ser predominantemente

    representadas por um modelo aproximado de uma impedncia em srie, conforme a

    equao (12). Sendo, neste caso, R, a resistncia da carga na frequncia fundamental, X, a

    reatncia da carga na frequncia fundamental e h, a ordem harmnica.

    3.2.4.2 Motores

    Os motores so parte essencial na indstria; os motores eltricos so mquinas que

    transformam energia eltrica em energia mecnica. Dentre vrios tipos, o mais comum

    para a indstria o motor de induo trifsico, que representa cerca de 80% da quota de

    utilizao, ele tem um princpio de funcionamento simples, requer pouca manuteno e

    fisicamente robusto.

    O motor de induo assim chamado por possuir a propriedade de auto induzir um

    campo magntico no rotor atravs do campo magntico do estator, criado pela corrente

    alternada de alimentao (Gonalves, 2008); em muitos desses motores, o acionamento

    dado atravs de conversores de potncia.

    Os motores de induo so representados atravs do circuito simplificado da Figura

    10, para representao em estudos de harmnicas, conforme Arrillaga & Watson (2003).

  • 58

    Figura 10 Circuito equivalente do Motor de Induo

    Onde,

    R1 = Resistncia do estator.

    R2 = Resistncia do rotor referida ao estator.

    X1 = Reatncia de disperso do estator.

    X2 = Reatncia de disperso do rotor referida ao estator.

    Xm = Reatncia de magnetizao.

    S = Escorregamento.

    Conforme Arrillaga & Watson (2003) se a impedncia de magnetizao for

    ignorada. A impedncia do motor, em qualquer frequncia, dada tambm pela equao

    (12). Sendo,

    (19)

    E,

    (20)

    Com X e R em uma determinada ordem harmnica, h.

    O clculo do escorregamento, S, dado pela equao (21).

  • 59

    sS =

    (21)

    Com,

    = frequncia angular

    s = velocidade angular do rotor

    3.2.4.3 Dispositivos com eletrnica de potncia

    Segundo Arrillaga & Watson (2003) a modelagem das cargas com eletrnica de

    potncia um problema mais difcil, pois, alm de serem fontes harmnicas, estas cargas

    no apresentam configurao R, L, C fixa, e suas caractersticas no lineares no podem

    ser includas dentro do modelo equivalente linear. Na ausncia de informaes detalhadas,

    as cargas com eletrnica de potncia so frequentemente deixadas em circuito aberto ao

    calcular impedncias harmnicas. No entanto, suas impedncias harmnicas efetivas

    precisam ser consideradas quando as potncias so relativamente elevadas, tais como

    fornos a arco, fundies de alumnio, etc.

    A maioria das cargas no lineares decorrente de eletrnica de potncia, que esto

    presentes em muitos dos equipamentos que compem o sistema eltrico, como

    retificadores, inversores, conversores (Ndiaye, 2006).

    Conforme Ndiaye (2006) sendo a finalidade da modelagem de cargas no lineares, a

    reproduo da corrente drenada pelo equipamento produtor de distoro harmnica, seria

    normal pensar em uma abordagem onde fosse modelado o circuito eltrico de tais

    equipamentos. Porm, apesar dessa estratgia ser muito precisa em seus resultados, ela

    tambm se torna muito complexa, em simulaes digitais. Sendo tambm muitas vezes

    difcil a obteno dos circuitos correspondentes dos equipamentos, com os dados reais.

  • 60

    A seguir sero destacados os principais dispositivos geradores de harmnicas, que

    esto presentes na planta termoeltrica do estudo de caso, demonstrando sua representao

    convencional, verificando-se, assim, a complexidade dos circuitos de cada equipamento.

    Conversores/Retificadores/Inversores

    Os conversores esto presentes nos sistemas eltricos com a finalidade de converter

    tenso e/ou corrente alternada (CA) em tenso e/ou corrente contnua (CC).

    A Figura 11, Moreno (2001), mostra a representao de um retificador trifsico de 6

    pulsos. Normalmente esses dispositivos so compostos de uma Ponte de Graetz que utiliza

    diodos (no controlados), diodos e tiristores (semicontrolados) ou tiristores (totalmente

    controlados).

    Figura 11 Retificador trifsico

    Lmpadas Fluorescentes

    As lmpadas fluorescentes so um tipo de lmpada de descarga. O princpio de

    funcionamento das lmpadas fluorescentes baseia-se em descargas a gs, elas emitem luz

    pela passagem da corrente eltrica atravs de um gs, provocando uma descarga que

  • 61

    quase que totalmente formada por radiao ultravioleta (invisvel ao olho humano). As

    lmpadas fluorescentes tm alta eficincia e longa durabilidade, porm causam grandes

    problemas de distoro harmnica na rede eltrica, quando em grande quantidade.

    Esse tipo de lmpada necessita de um reator para que ela funcione corretamente. O

    dispositivo tem as funes de fornecer nvel de tenso adequado para ignio e, limitar a

    corrente durante a operao em regime. A Figura 12 mostra uma lmpada fluorescente e seu

    reator visualizado no esquema pela letra G.

    Figura 12 Circuito de uma lmpada fluorescente

    As lmpadas fluorescentes compactas so grandes geradoras de distores

    harmnicas para o sistema eltrico, em Ndiaye (2006) apresentado o circuito eletrnico

    de uma lmpada de baixo fator de potncia disponvel no mercado, o modelo mostrado

    na Figura 13.

  • 62

    Figura 13 Circuito de uma lmpada fluorescente compacta

    O circuito tem uma ponte completa de diodos na entrada e no lado CC um capacitor

    de filtro que est conectado aos terminais da ponte, parte hachurada da Figura 13. O circuito

    formado por cerca de trinta componentes, entre resistores, capacitores, diodos e chaves

    semicondutoras ativas.

    UPS

    Os UPS, tambm chamados de no-breaks ou sistemas ininterruptos de energia,

    frequentemente esto presentes no sistema eltrico pertencentes a clientes comerciais ou

    industriais. Devido a falhas que ocorrem na rede eltrica, este dispositivo se torna essencial

    para manter o funcionamento dos equipamentos que se fazem necessrios nestes casos.

    Em Gondim et al (2008) um UPS modelado para realizao dos estudos atravs

    de um modelo existente comercialmente, do tipo Line Interactive, e pode ser observado na

    Figura 14.

  • 63

    Figura 14 Circuito de UPS

    Precipitador Eletrosttico

    Os precipitadores, ou filtros de ar, eletrostticos so equipamentos com

    funcionamento baseado nas interaes eletrostticas das cargas. Compostos por placas

    carregadas com sinais contrrios uma outra, ou seja, uma carregada positivamente e outra

    negativamente, o precipitador filtra as partculas que passam entre as placas, atravs da

    interferncia que a primeira placa causa nas partculas, eletrizando-as, e na consequncia

    que a outra placa acarreta, junto a um campo eltrico existente entre elas, ocasionando a

    acumulao das partculas entre ambas.

    A Figura 15 mostra um esquema de um precipitador eletrosttico.

  • 64

    Figura 15 Precipitador eletrosttico

    Pelo exposto acima, sobre a representao dos dispositivos eletrnicos de potncia,

    conclui-se que bastante trabalhosa a modelagem para se chegar o mais prximo possvel

    da realidade de um componente desse tipo. Tendo em vista que a finalidade da modelagem

    desses componentes basicamente demonstrar o comportamento das correntes drenadas

    por eles, pode-se usar um artifcio para representar esses tipos de equipamentos.

    Devido complexidade, a modelagem feita conforme sugerido em Dugan et al

    (2002), onde a representao de cargas no-lineares pode ser feita atravs de tcnicas de

    soluo de circuitos lineares, usando-se, para tanto, a injeo de fontes de corrente ou de

    tenso.

    Esse tipo de modelagem fortemente recomendado e amplamente utilizado na rea

    de anlise de distores harmnicas. O resultado com tal modelagem confivel, visto que

    as fontes recebem valores reais de medio. Ainda segundo o autor, na maioria dos estudos

    sobre distores harmnicas, a modelagem feita com fontes de corrente, como observado

    na Figura 16, de Dugan et al (2002), onde um conversor de potncia foi representado com

    uma fonte de corrente.

  • 65

    Figura 16 Representao de uma carga no linear atravs de fonte de corrente

    necessrio lembrar e deixar claro que esta estratgia pode ser empregada quando

    so disponibilizadas informaes precisas, como medies, a respeito do contedo

    harmnico da corrente drenada por determinada carga, no caso desse estudo, as medies

    da magnitude e ordem das harmnicas principais desses equipamentos.

    3.3 MTODOS DE SIMULAO

    Existem dois mtodos principais de simulao para fontes harmnicas, a

    simulao no domnio do tempo e a simulao no domnio da frequncia.

    3.3.1 Domnio do Tempo

    Segundo Arrillaga et al (1997), a simulao no domnio do tempo consiste em

    equaes diferenciais que representam o comportamento dinmico dos componentes de

    sistema eltrico. Conforme Ndiaye (2006), essas simulaes so conseguidas atravs da

    integrao numrica de uma srie de equaes algbrico-diferenciais lineares e no-

  • 66

    lineares, que descrevem o sistema. Arrillaga et al (1997) diz que o sistema de equaes

    resultante, geralmente no linear.

    Ainda conforme Arrillaga et al (1997), os dois mtodos mais utilizados na

    simulao no domnio do tempo so a varivel de estado e a anlise nodal. A soluo de

    varivel de estado foi aplicada pela primeira vez aos sistemas de energia CA-CC, e

    amplamente utilizada em circuitos eletrnicos. Por sua vez, a abordagem nodal

    considerada por Arrillaga et al (1997) mais eficiente, e tornou-se popular na simulao de

    transitrios eletromagnticos no comportamento do sistema de potncia; ela utilizada

    com equivalentes de Norton para representar os componentes dinmicos.

    Em Schwanz (2013) so descritos brevemente os mtodos de anlise nodal e de

    variveis de estado; o primeiro consiste na obteno de um sistema de equaes

    diferenciais atravs das tenses dos ns do circuito em relao a um n de referncia. Esse

    sistema de equaes so representativas do comportamento dinmico do sistema. No

    segundo, feita a estimao dos estados das distores harmnicas e assim determinados

    os nveis de distoro nas variveis de estado, a partir de suas medies.

    Conforme Das (2012), o modelo mais simples de harmnica uma fonte harmnica

    rgida e a impedncia do sistema linear. Uma fonte harmnica rgida produz harmnicas de

    uma determinada ordem, e sua magnitude e fase so constantes. Mltiplas fontes

    harmnicas so assumidas para atuar isoladamente, e o princpio da superposio se aplica.

    Estes modelos podem ser resolvidos por tcnicas iterativas e a preciso obtida ser idntica

    dos mtodos de domnio de tempo.

    Tambm em Das (2012) considerado que, no sistema eltrico, os elementos no

    lineares e variveis no tempo podem alterar significativamente a interao dos harmnicos

    com o sistema de potncia, conforme o seguinte:

  • 67

    A maioria dos dispositivos no lineares que produzem harmnicos no

    caractersticos como condies terminais so, na prtica, no ideais, por exemplo,

    conversores operando com tenses desequilibradas.

    H uma interao entre quantidades de CA e CC, e h interaes entre os

    harmnicos de ordem diferente, dadas por funes de comutao.

    A porta de controle dos conversores pode interagir com harm