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ANDERSON JOS LAURENTINO DOUGLAS LAUREANO LESTENSKY JOO GUILHERME NOGARA THIAGO DALLA PRIA

A IMPORTNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SCULO XXI NO BRASIL

CURITIBA 2008

ANDERSON JOS LAURENTINO DOUGLAS LAUREANO LESTENSKY JOO GUILHERME NOGARA THIAGO DALLA PRIA

A IMPORTNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SCULO XXI NO BRASIL

Trabalho de graduao apresentado disciplina de Estgio Supervisionado, do Curso de Cincias Contbeis da FAE Centro Universitrio. Orientador: Prof. Ms. Antonio de Oliveira

CURITIBA DEZEMBRO 2008

Agradecemos a Deus que nos iluminou a cada dia, e a todas pessoas que direta ou indiretamente contriburam para a realizao deste estudo. Em especial ao professor Antonio de Oliveira, pela orientao, crtica e principalmente pelo apoio dado no decorrer da pesquisa.

RESUMO LAURENTINO, Anderson J.; LESTENSKY, Douglas L.; NOGARA, Joo G.; PRIA, Thiago D. A importncia da contabilidade gerencial para as micro e pequenas empresas no sculo XXI no Brasil. 2008. 76f. Monografia (Cincias Contbeis) FAE Centro Universitrio. Curitiba, 2008. Esta pesquisa discorre sobre a importncia da Contabilidade Gerencial para s Micro e Pequenas Empresas, mostrando a necessidade de se ter acesso s informaes teis que possibilitem ao gestor administrar seu negcio de maneira eficiente. Para ilustrar o tema proposto, sero feitas algumas reflexes sobre a histria da Contabilidade, a informao como recurso eficiente e til na gesto e sobre algumas ferramentas da Contabilidade Gerencial no processo administrativo de uma empresa. A relevncia da Pequena Empresa no contexto econmico demonstra a necessidade de se dar uma ateno especial a este segmento, pois, segundo Pesquisa do SEBRAE (2007), 80% das Pequenas Empresas sucumbem antes de completar um ano de atividades, pois com as constantes mudanas e aumentos na competitividade entre essas empresas, cada vez mais necessrio uma poltica especializada de gesto. Dessa maneira, necessrio que o Pequeno Empresrio tenha conhecimento que atravs da utilizao da Contabilidade Gerencial como instrumento de apoio na gesto dos negcios, sua empresa poder torna-se mais competitiva, pois o uso de todas as ferramentas disponveis que possibilitem gerar informaes teis para a gesto dos negcios, ser crucial para a permanncia da empresa no mercado. Palavras-chave: contabilidade gerencial; micro e pequena empresa; ferramentas gerenciais.

LISTA DE SIGLAS

CFC CGSN CRC

- Conselho Federal de Contabilidade - Comit Gestor do Simples Nacional - Conselho Regional de Contabilidade

CRFB/88 - Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988 CVM LC ME MPE's PCGA PFC - Comisso de Valores Mobilirios - Lei Complementar - Micro Empresa - Micro e Pequenas Empresas - Princpios Contbeis Geralmente Aceitos - Princpios Fundamentais de Contabilidade

SEBRAE - Sistema Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas

LISTA DE ILUSTRAES

Figuras FIGURA 1 - TEMAS-CHAVES NA TOMADA DE DECISO GERENCIAL ................................... FIGURA 2 - PARTES DE UMA CADEIA DE VALORES................................................................. FIGURA 3 - CUSTEIO ABC ............................................................................................................ FIGURA 4 - QUATRO PROCESSOS DO BALANCED SCORECARD .......................................... FIGURA 5 - MAPA ESTRATGICO ............................................................................................... Grficos GRFICO 1 - TAXA DE MORTALIDADE DE MPE'S CONSTITUDAS EM 2005 POR UNIDADE FEDERATIVA - 2007............................................................................... GRFICO 2 - CUSTOS VARIVEIS............................................................................................... GRFICO 3 - CUSTOS FIXOS ....................................................................................................... GRFICO 4 - CUSTOS TOTAIS..................................................................................................... GRFICO 5 - RECEITA EM RELAO AO VOLUME VENDIDO ................................................. GRFICO 6 - PONTO DE EQUILBRIO ......................................................................................... Quadros QUADRO 1 - PRINCIPAIS DIFERENAS ENTRE CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL.......................................................................................................... QUADRO 2 - COMPARATIVO DO ENQUADRAMENTO DE MPE'S ENTRE LC N 123/06 E PESQUISA DO SEBRAE ..................................................................... Tabelas TABELA 1 - EVOLUO DAS TAXAS DE MORTALIDADE - 2007 .............................................. TABELA 2 - ASSESSORIA/AUXLIO MAIS IMPORTANTE - 2007................................................ TABELA 3 - PRINCIPAL DIFICULDADE NO ACESSO AO MERCADO - EMPRESAS ATIVAS/PRINCIPAL MOTIVO PARA O FECHAMENTO DA EMPRESA EMPRESAS EXTINTAS - 2007 .................................................................................. 54 52 53 42 39 52 57 58 58 59 60 30 32 63 69 70

SUMRIO

1 INTRODUO ........................................................................................................ 1.1 PROBLEMA ........................................................................................................... 1.2 HIPTESES .......................................................................................................... 1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 1.4 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 1.5 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................................. 2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ................................................................ 2.1 TIPOLOGIA METODOLGICA QUANTO AO OBJETIVO ..................................... 2.2 TIPOLOGIA METODOLGICA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ..................... 2.3 TIPOLOGIA METODOLGICA QUANTO ABORDAGEM DO PROBLEMA........ 3 REVISO DE LITERATURA ................................................................................... 3.1 DEFINIO, OBJETIVO E APLICAO DA CONTABILIDADE ............................ 3.2 EVOLUO DA CONTABILIDADE........................................................................ 3.3 VERTENTES DA CONTABILIDADE ...................................................................... 3.3.1 Contabilidade Geral ou Financeira ..................................................................... 3.3.2 Contabilidade Societria .................................................................................... 3.3.3 Contabilidade Fiscal ou Tributria ...................................................................... 3.3.4 Contabilidade de Custos .................................................................................... 3.3.5 Contabilidade Gerencial ..................................................................................... 3.3.5.1 Foco no cliente................................................................................................ 3.3.5.2 Cadeia de valor e anlise da cadeia de suprimentos....................................... 3.3.5.3 Fatores crticos de sucesso............................................................................. 3.3.5.4 Melhoria contnua e benchmarking.................................................................. 3.4 DIFERENAS ENTRE CONTABILIDADE SOCIETRIA/FINANCEIRA E CONTABILIDADE GERENCIAL............................................................................. 3.4.1 Quebra de Paradigma: Duas Novas Contabilidades........................................... 3.4.2 Principais Diferenas Entre as Duas Novas Contabilidades: Financeira x Gerencial............................................................................................................ 3.5 O QUE MICRO E PEQUENA EMPRESA? QUAIS BENEFCIOS LEGAIS POR TAL ENQUADRAMENTO?............................................................................

9 9 10 10 10 11 12 13 14 17 19 19 20 24 24 26 26 27 28 30 31 32 33 34 35 37 39

3.6 BENEFCIOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................................... 3.7 REFLEXOS DA NO UTILIZAO DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................... 3.8 AS FERRAMENTAS GERENCIAIS EFICIENTES E EFICAZES PARA GESTO ..................................................................................................... 3.8.1 Oramento ......................................................................................................... 3.8.1.1 Processo de elaborao.................................................................................. 3.8.2 Relaes Custo-Volume-Lucro........................................................................... 3.8.2.1 Custos fixos e variveis................................................................................... 3.8.2.2 Ponto de equilbrio .......................................................................................... 3.8.3 Custeio Varivel ................................................................................................. 3.8.4 Custeio Baseado em Atividades (ABC) .............................................................. 3.8.5 Custo Padro ..................................................................................................... 3.8.6 Balanced Scorecard........................................................................................... 3.8.6.1 Traduo da viso........................................................................................... 3.8.6.2 Comunicao e comprometimento .................................................................. 3.8.6.3 Planejamento de negcios .............................................................................. 3.8.6.4 Feedback e aprendizado ................................................................................. 3.8.6.5 Indicadores essenciais .................................................................................... 4 CONSIDERAES FINAIS E RECOMENDAES ............................................... 4.1 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 4.2 RECOMENDAES.............................................................................................. REFERNCIAS ............................................................................................................ 54 55 56 57 57 59 61 62 65 67 68 68 68 68 69 71 71 73 74 51 46

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1 INTRODUO

Com as constantes mudanas e aumentos na competitividade entre as empresas brasileiras, torna-se cada vez mais importante adotar tcnicas de gesto especializadas. Na realidade brasileira, entretanto, muitas das Micro e Pequenas Empresas no esto estruturadas para enfrentar tal desafio. Alm disso, as dificuldades so aumentadas, na medida em que o fluxo de informaes necessrias para uma boa gesto empresarial fica maior e mais complexo. O planejamento um dos principais pontos de partida para o desenvolvimento das funes gerenciais, sendo um importante processo de reflexo que precede a ao de tomada de deciso. A habilidade do gestor em utilizar-se da Contabilidade Gerencial como ferramenta de gesto e suporte ao planejamento, contribui fortemente para o sucesso da empresa.

1.1 PROBLEMA Qual a importncia da Contabilidade Gerencial para as Micro e Pequenas Empresas no sculo XXI no Brasil? Como as organizaes no suportam as presses normais do cotidiano e acabam encerrando suas atividades, os empresrios defendem que a instabilidade econmica seria uma das maiores razes para o fechamento de suas empresas. E, freqentemente, reforam seus argumentos, atravs de exemplos relacionados obteno de financiamentos para aquisio de equipamentos e capital de giro, juros altos, dentre outros. Realmente estes fatores ocorrem e tm grande peso na administrao das Micro e Pequenas Empresas, mas no podem ser considerados como os principais fatores causadores de tantos problemas. Nas empresas de pequeno porte, o processo de gesto se ausenta, na medida em que seus gestores exercem as etapas de execuo e de controle, muitas vezes, de forma inconsciente. E, nesta forma de trabalho, o empresrio acaba por definir o planejamento de uma forma equivocada, na medida em que tende a valorizar a lucratividade no tempo presente, em detrimento dos objetivos de longo prazo, especialmente relacionados a sustentabilidade do negcio.

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1.2 HIPTESES Segundo Rampazzo (2004, p.36), "hiptese a suposio de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenmeno, at que os fatos venham a contradiz-la ou afirm-la". Se grande parte das empresas no conseguem completar mais de um ano de existncia por deficincias em aspectos gerenciais, ento a implementao e utilizao da Contabilidade Gerencial poderia colaborar para interromper a soluo de continuidade das Micro e Pequenas Empresas? Se a falta de gestores qualificados para implementao e anlise das informaes geradas pela Contabilidade Gerencial faz com que a Contabilidade seja vista de forma fiscal e no como ferramenta de auxilio a gesto, ento, a qualificao de gestores quanto aos instrumentos contbeis disponveis mudaria o foco da Contabilidade Gerencial nas Micro e Pequenas Empresas?

1.3 JUSTIFICATIVA Nesse nicho de mercado (Micro e Pequenas Empresas), as empresas aparentam no se preocupar com controles internos de suas atividades, nem com registros contbeis que possam vir a auxiliar a sua gesto. Dessa forma, os gestores destes pequenos negcios aparentemente tomam suas decises de olhos vendados, pois no tm a mnima noo de como est a situao da empresa. Esta pesquisa visa incentivar gestores de Micro e Pequenas Empresas, acadmicos e profissionais da rea contbil a desenvolver e adotar informaes que auxiliem a tomada de deciso, demonstrando a importncia da Contabilidade Gerencial e o quanto valiosa as informaes fidedignas.

1.4 OBJETIVO GERAL Objetivo geral pode ser delineado sucintamente como sendo o que o pesquisador pretende buscar responder em sua pesquisa, o motivo da pesquisa em si.

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De acordo com Santos (1999, p.60), o objetivo geral pode ser definido como:[...] um projeto de pesquisa cientifica sua espinha dorsal. Deve expressar claramente aquilo que o pesquisador pretende conseguir com sua investigao. No o que ele vai fazer (isto se prev nos procedimentos), mas o que pretende conseguir como resultado intelectual final de sua investigao.

Diante do exposto, para atender o tema proposto foi delineado o seguinte objetivo geral: "Descrever a Importncia da Contabilidade Gerencial para as Micro e Pequenas Empresas no Sculo XXI no Brasil".

1.5 OBJETIVOS ESPECFICOS Os objetivos especficos, de acordo com Beuren (2003. p.65), "devem descrever aes pormenorizadas, aspectos especficos para alcanar o objetivo geral estabelecido". Desta forma, a pesquisa procurar:

diferenciar as contabilidades societria e financeira da contabilidade gerencial; conceituar micro e pequena empresa e demonstrar benefcios legais existentes; identificar os benefcios na utilizao da contabilidade gerencial em micro e pequenas empresas; identificar os reflexos da no utilizao da contabilidade gerencial pelas micro e pequenas empresas; demonstrar as ferramentas gerenciais mais eficientes e eficazes para gesto de uma micro e pequena empresa.

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2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

A metodologia a explicao detalhada, austera e exata de todo o ato desenvolvido no desenvolvimento do trabalho acadmico. Detalha o tipo da pesquisa, o rumo seguido para tal feito, o preceito para obter os dados a serem trabalhados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. De acordo com Martins (2005, p.80), no que se refere metodologia:Corresponde ao estabelecimento das atividades prticas necessrias para a aquisio de dados com os quais se desenvolvero os raciocnios que resultaro em cada parte do trabalho final. Cada procedimento (ou grupo de procedimentos) planejado em funo de cada um dos objetivos especficos estabelecidos, ou seja, pensa-se a coleta de dados para cada problema expresso na forma de objetivo especfico, os quais concorrero para a consecuo do objetivo geral.

Assim sendo, a metodologia est diretamente ligada com o objetivo da pesquisa, o modo com o qual ser conduzida a pesquisa, a forma de captao de dados e informaes, de tal forma, que a metodologia a "espinha-dorsal" de uma pesquisa, a forma com qual ser trabalhado todos e quaisquer dados relevantes pesquisa. As tipologias de pesquisa metodolgica que podem ser utilizados no desenvolver de um trabalho acadmico voltado a Contabilidade so diversas, e varia de autor para autor. De acordo com Santos (1999), podem-se segregar os procedimentos metodolgicos segundo seus objetivos, segundo os procedimentos de coleta e quanto fonte de informao. Dentro de cada tipologia metodolgica (segundo objetivos, procedimentos de coleta e fonte de informao), h diversas divises, dando origem a vrios tipos de pesquisa. Desta forma importante conceituar cada tipologia de pesquisa, pois se necessita saber em qual delas a presente pesquisa se enquadra, e isto, conforme exposto anteriormente, est diretamente relacionado com o objetivo estabelecido na pesquisa.

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2.1 TIPOLOGIA METODOLGICA QUANTO AO OBJETIVO No tocante a tipologia de pesquisa quanto aos objetivos, este delineamento de pesquisa pode ser subdividido em pesquisa exploratria, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa. De acordo com Beuren (2003, p.80), a caracterizao da pesquisa exploratria:[...] ocorre quando h pouco conhecimento sobre a temtica a ser abordada. Por meio do estudo exploratrio, busca-se conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torn-lo mais claro ou construir questes importantes para a conduo da pesquisa.

Enfatiza Gil apud Beuren (2003, p.80) que:a pesquisa exploratria desenvolvida no sentido de proporcionar uma viso geral acerca de determinado fato [...], esse tipo de pesquisa realizado, sobretudo, quando o tema escolhido pouco explorado e tornase difcil formular hipteses [...].

Sucintamente, a pesquisa exploratria tende tornar mais claro conceitos prvios sobre determinado tema no observados de modo satisfatrio anteriormente. Assim sendo, colabora para a elucidao de questes sobre tal assunto. A pesquisa descritiva, por sua vez, caracteriza-se como intermediria entre as pesquisas exploratria e explicativa, ou seja, no to preliminar quanto a primeira e nem to profunda como a segunda. No ponto de vista de Gil (1999) apud Beuren (2003, p.81):[...] a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de relaes entre as variveis. Uma de suas caractersticas mais significativas est na utilizao de tcnicas padronizadas de coletas de dados.

Destaca Andrade (2002) apud Beuren (2003, p.81):a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registr-los, analis-los, classific-los e interpret-los, e o pesquisador no interfere neles. Assim, os fenmenos do mundo fsico e humano so estudados, mas no so manipulados pelo pesquisador.

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J a pesquisa explicativa, diferentemente dos outros dois tipos de pesquisa (exploratria e descritiva), pende para o vis do mtodo experimental, pois, alm de descrever o fato, ela busca a causa para tal fato acorrer. Na viso de Andrade (2002, p.20):a pesquisa explicativa um tipo de pesquisa mais complexa, pois, alm de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenmenos estudados, procura identificar seus fatores determinantes. A pesquisa explicativa tem por objetivo aprofundar o conhecimento da realidade, procurando a razo, o porqu das coisas e por esse motivo est mais sujeita a erros.

Beuren (2003, p.82), explana:Num comparativo com as pesquisas exploratrias e descritivas, a pesquisa explicativa integra estudos mais aprofundados pela necessidade de explicar os determinantes na ocorrncia dos fenmenos. Por esse motivo, as pesquisas explicativas no so to comuns quanto as exploratrias e descritivas na Contabilidade.

Sintetizando, a idia principal da pesquisa exploratria elucidar a razo e o porqu das coisas. Esse o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade. Diante do exposto deste tpico, a presente pesquisa enquadra-se, no tocante tipologia de pesquisa quanto ao objetivo, num primeiro momento na pesquisa descritiva, pois precisar esclarecer determinadas caractersticas com base em assuntos j abordados, porm, no segundo momento, ter um vis de pesquisa exploratria, pois o tema escolhido foi pouco explorado por autores, sendo mais complexo formular hiptese precisa e conseguir demonstrar que tais hipteses so aplicveis.

2.2 TIPOLOGIA METODOLGICA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS Na pesquisa cientfica, os procedimentos norteiam qual a maneira de gerir o estudo, ou seja, qual a maneira mais propcia para obteno dos dados. Gil (1999, p.65) ressalva que "o elemento mais importante para a identificao de um delineamento o procedimento adotado para a coleta de dados". Em relao tipologia de abordagem metodolgica quanto aos procedimentos, h uma variada gama de tipos de pesquisa, onde se destacam o estudo de caso, a pesquisa de levantamento, a pesquisa bibliogrfica, a pesquisa documental, a

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pesquisa participante e a pesquisa experimental, todas estas aplicveis Contabilidade, as quais sero apresentadas em forma de tpicos, atendo-se nos mais importantes para o desenvolvimento desta pesquisa. Estudo de caso: de acordo com Beuren (2003, p.84):a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se principalmente pelo estudo concentrado de um nico caso. Este estudo preferido pelos pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinado caso especfico.

Deste modo, o estudo de caso est mais voltado para pesquisas acerca de um tema bem delimitado, o qual se preocupa com um episdio peculiar ocorrido. Levantamento ou survey: para Gil (1999, p.70), pesquisas de levantamento:se caracterizam pela interrogao direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se a solicitao de informaes a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante anlise quantitativa, obter as concluses correspondentes aos dados coletados.

A pesquisa de levantamento pode ser resumida em uma coleta direta de dados via entrevista, pois se obtm opinies em relao ao assunto diretamente com o indivduo entrevistado, de uma populao previamente estabelecida na pesquisa. Pesquisa bibliogrfica: de acordo com Cervo e Bervian (1983, p.55), pesquisa bibliogrfica a pesquisa que: "explica um problema a partir de referenciais tericos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental". Por este tipo de pesquisa ser de natureza terica, parte obrigatria de uma pesquisa, pois dela que se tem o conhecimento das obras cientficas existentes. Para Beuren (2003, p.87):no que diz respeito a estudos contbeis, percebe-se que a pesquisa bibliogrfica est sempre presente, seja como parte integrante de outro tipo de pesquisa ou exclusivamente enquanto delineamento. [...] podem ajudar o estudante a conhecer o que foi produzido de importante sobre o objeto da pesquisa.

Segundo Oliveira (1999, p.119), "a pesquisa bibliogrfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuio cientfica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenmeno". Resumidamente, a pesquisa bibliogrfica parte essencial para qualquer pesquisa, pois ir explicar o problema a partir de obras j publicadas de outros

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autores, sendo sua finalidade explicar por diversos ngulos de autores distintos um mesmo tema. Pesquisa experimental: conforme Kerlinger (1980, p.125), experimento pode ser como:um estudo no qual uma ou mais variveis independentes so manipuladas e no qual a influncia de todas ou quase todas as variveis relevantes possveis no pertinentes ao problema da investigao reduzida ao mnimo.

Assim sendo, pesquisa experimental aquela em que o indivduo influencia as variveis para que, se reduza ao mximo a pesquisa, eliminando as variveis que no participem diretamente no problema a ser demonstrado. Pesquisa documental: muitas vezes confundida com a pesquisa bibliogrfica por suas caractersticas parecidas, porm diferem segundo sua natureza de fonte. Segundo Beuren (2003, p.89):A pesquisa bibliogrfica utiliza-se principalmente das contribuies de vrios autores sobre determinada temtica de estudo, j a pesquisa documental baseia-se em materiais que ainda no receberam um tratamento analtico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. Assim como a maioria das tipologias, a pesquisa documental pode integrar o rol de pesquisas utilizadas em um mesmo estudo ou caracterizar-se como o nico delineamento utilizado para tal. Sua notabilidade justificada no momento em que se podem organizar informaes que se encontram dispersas, conferindo-lhe uma nova importncia como fonte de consulta.

A pesquisa documental utiliza-se, diferente da pesquisa bibliogrfica, de materiais pouco analisados, utilizados em estudos cientficos, onde tais informaes podem ser vistas de uma tica diferente a j utilizada pelo autor, visto a maior flexibilidade que este tipo de pesquisa proporciona. Pesquisa participante: conforme Silva e Grigolo (2002), apud Beuren (2003, p.90):a pesquisa participante caracteriza-se pela interao entre os pesquisadores e os membros das situaes investigadas, porm no exigida uma ao por parte das pessoas ou grupos especificados na pesquisa. O tema escolhido deve indicar, de partida, a fundamentao terica que orientar uma pesquisa em que os indivduos a serem observados passam a constituir, eles prprios, o objeto mximo de estudo.

Na pesquisa participante, o prprio pesquisador, num dado momento, encontra-se como objeto de estudo, ao qual h a integrao total do pesquisador e pesquisado.

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Diante dos conceitos expostos, a presente pesquisa se enquadra na vertente da pesquisa bibliogrfica e pesquisa documental, pois, o objetivo da mesma necessita de conhecimento cientfico terico, sendo estes encontrados em obras j bastante utilizadas no meio acadmico (livros) e outros dados cientficos nem to difundidos, como artigos referente ao objetivo desta pesquisa, por exemplo.

2.3 TIPOLOGIA METODOLGICA QUANTO ABORDAGEM DO PROBLEMA Concluindo as tipologias de pesquisas mais comumente aplicadas Contabilidade, depara-se com a tipologia de pesquisa quanto fonte de informao, na qual se ramifica entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa. Para Richardson (1999, p.80):os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interao de certas variveis, compreender e classificar processos dinmicos vividos por grupos sociais.

Beuren (2003, p.92) complementa que:na pesquisa qualitativa concebem-se anlises mais profundas em relao ao fenmeno que est sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar caractersticas no observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste ltimo.

O tipo de pesquisa qualitativa busca analisar fatos e descobrir as causas de um certo problema, o porqu daquele fato acontecer. O uso do mtodo qualitativo muito comum em Contabilidade, pois, a Contabilidade uma cincia social, portanto nem sempre sendo exata, apesar de lidar com nmeros (BEUREN, 2003). Este uso ocasionado porque a pesquisa qualitativa importa-se com a busca do comportamento dos acontecimentos. Em contrapeso a este tipo de abordagem, nota-se a abordagem quantitativa, que, segundo Richardson (1999, p.70), "caracteriza-se pelo emprego da quantificao tanto nas modalidades de coleta de informaes, quanto no tratamento delas por meio de tcnicas estatsticas, desde as mais simples [...] s mais complexas". Dessa maneira, o mtodo quantitativo busca preciso dos resultados, evitando assim distores acerca da anlise e interpretao dos dados.

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"A utilizao dessa tipologia de pesquisa torna-se relevante medida que se utiliza de instrumentos estatsticos desde a coleta, at a anlise e o tratamento dos dados" (BEUREN, 2003, p.93). Neste enfoque, a presente pesquisa caracteriza-se por assumir uma tipologia mais qualitativa do que quantitativa, pois busca entender o porqu do problema, o que ocasiona tal feito, utilizando-se de artifcios como pesquisas bibliogrficas e documental, pesquisas publicadas por rgos pblicos, para assim, obter-se uma prudente gama de informaes sobre o tema e objetivo da pesquisa, e assim formular hipteses e desenvolver o raciocnio sobre o assunto a fim de tentar comprovar suas suposies.

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3 REVISO DE LITERATURA

Para a construo da habilidade explicativa e argumentativa da presente pesquisa, faz-se necessrio discorrer sobre os assuntos, temas, conceitos e afins que sejam indispensveis para que, ao final desta, permita-se avaliar e validar a hiptese demonstrada para o problema relatado (ambos descritos no captulo 1). Para facilitar o entendimento do que vem a ser Contabilidade Gerencial, faz-se necessrio compreender primeiramente o que Contabilidade, seu conceito e objetivos, aplicao, e tambm a evoluo desta ao longo do tempo. Isto posto, de suma importncia a diferenciao entre os ramos da Contabilidade, para que, caso hajam dvidas na nomenclatura utilizada ou at mesmo de conceitos que possam estarem confusos, sejam sanados neste captulo. Aps tal conceituao, necessrio tambm entender quais as diferenas existentes entre a Contabilidade Financeira a mais utilizada entre os ramos da Contabilidade , e a Contabilidade Gerencial novo enfoque da Contabilidade (NEVES e VICECONTI, 1998). Aps toda definio do que vem a ser Contabilidade, indispensvel entender o conceito de Micro e Pequena Empresa, quais as caractersticas para tal enquadramento, e quais os benefcios legais que auxiliam o fomento deste nicho de empresas. Esclarecido todo este rol, o foco passa a ser o estabelecimento de quais so os benefcios para o Micro e Pequeno Empresrio em adotar a Contabilidade Gerencial em seu negcio, e, em contrapartida, quais so os reflexos desta no adoo. Sero demonstradas tambm algumas das ferramentas gerenciais mais aptas s Micro e Pequenas Empresas, para que o pequeno empresrio tome conhecimento das tcnicas que esto disponveis no mercado para o gerenciamento de seu negcio.

3.1 DEFINIO, OBJETIVO E APLICAO DA CONTABILIDADE Genericamente, a Contabilidade pode ser conceituada como sendo a cincia que controla e registra (por meio de suas tcnicas) atos e fatos incorridos num determinado perodo dentro de uma organizao, em seu patrimnio.

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De acordo com a Resoluo do Conselho Federal de Contabilidade CFC n 774/94 que dispe sobre os Princpios Fundamentais da Contabilidade:a Contabilidade possui objeto prprio o Patrimnio das Entidades e consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condies de generalidade, certeza e buscam das causas, em nvel qualitativo semelhante s demais cincias sociais. A Resoluo alicerase na premissa que a Contabilidade uma cincia social com plena fundamentao epistemolgica.

No ponto de vista de Iudcibus (2000, p.19), a Contabilidade:repousa mais na construo de um 'arquivo bsico de informao contbil', que possa ser utilizado, de forma flexvel, por vrios usurios, cada um com nfases diferentes, porm, extrados todos os informes do arquivo bsico ou 'data-base' estabelecido pela Contabilidade.

Na Contabilidade, o objeto sempre o conjunto de bens, direitos e obrigaes (patrimnio) de uma entidade, independente de sua constituio (fsica ou jurdica), e suas mutaes. Deste modo, a Contabilidade permite que sejam fornecidas informaes econmico-financeiras-sociais para que seus usurios, com base nesse conhecimento fidedigno realidade, tenham uma ferramenta para a tomada de deciso e gerenciamento do negcio, e no apenas sirva para dbito e crdito como muito dito. O campo de aplicao da Contabilidade, segundo Professores da FEA/USP (2001, p.280), " bastante amplo, abrangendo todas as entidades fsicas ou jurdicas, com ou sem fins lucrativos, que exeram atividade econmica visando atingir determinada finalidade". Assim, existindo atividade econmica em uma organizao, independente de qual tipo de entidade for esta, a Contabilidade estar presente.

3.2 EVOLUO DA CONTABILIDADE To importante quanto o conceito da Contabilidade, necessita-se mencionar o carter evolutivo da Contabilidade ao longo do tempo. A Contabilidade no surgiu como vista hoje em dia, trata-se de uma evoluo contnua acompanhando as necessidades e exigncias do meio empresarial e social, contudo "no sabemos quem inventou a contabilidade. [...] Sabemos, porm que sistemas de escriturao por partidas dobradas comearam

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a surgir gradativamente nos sculos XIII e XIV [...] no norte da Itlia" (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.39). O primeiro a cifrar a contabilidade, ainda na Itlia (Veneza), foi um frei franciscano chamado Luca Pacioli, onde, com seu livro "Summa de arithmetica, geomtrica, proportioni et proportionalit", datado de 1494, proporcionou uma enorme difuso da essncia contbil.A Summa era principalmente um tratado de matemtica, mas inclua uma seo sobre o sistema de escriturao por partidas dobradas, [...], e apresentava o raciocnio em que se baseavam os lanamentos contbeis (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.39).

Para Drummond (1995) apud Beuren (2003, p.25):no que tange ao Mtodo das Partidas Dobradas, o Frei Luca Pacioli exps a terminologia adotada para o reconhecimento do devedor, Per, para o credor, A. Estabeleceu que primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, uma prtica ainda em uso.

Mesmo a Contabilidade tendo a mesma essncia desde a Renascena, algumas mudanas foram perceptveis ao longo destes anos. A primeira mudana que o principal objetivo da Contabilidade era produzir informao ao proprietrio, sendo assim, as contas eram mantidas em sigilo (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999). A segunda mudana que, ao contrrio de antigamente, onde o patrimnio dos scios no era distinto claramente do patrimnio da empresa, atualmente h o Princpio Fundamental de Contabilidade PFC da Entidade (fundamentado na Resoluo CFC n 774/94), onde o patrimnio dos scios no se confunde com o da empresa e vice-versa. Em paralelo a isto, a Resoluo n 1121/08 do CFC, estabelece os pressupostos bsicos Contabilidade, reforando a fundamentao para as tcnicas contbeis. Uma terceira mudana refere-se ao chamado exerccio contbil, o qual apurava o lucro de uma empresa somente quando a mesma fosse encerrada, assim inexistindo a idia atual de Continuidade das empresas. A quarta caracterstica "decorre da ausncia de uma nica unidade monetria estvel" (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.41). Mesmo a Contabilidade tendo sido concebida na Itlia, ou pelo menos tenha sido difundida por meio de registros histricos, muitas outras civilizaes da Antiguidade contriburam para esta cincia ser o que hoje .

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Segundo Iudcibus (2000, p.30):a Contabilidade, seja talvez to antiga quanto a origem do homo sapiens. Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da existncia de contas aproximadamente a 4.000 a.C. Entretanto, antes disso, o homem primitivo, ao inventar o nmero de instrumentos de caa e pesca disponveis, ao contar seus rebanhos, ao contar suas nforas da bebidas, j estava praticando uma forma rudimentar de Contabilidade.

Pode-se notar que desde os tempos mais remotos, a humanidade j utilizava artifcios de controles, assim praticando uma Contabilidade bem embrionria. No seguimento da evoluo cronolgica da Contabilidade, os Professores da FEA/USP (2001, p.282) discorrem que:No Egito, por volta do ano de 2.000 a.C., historiadores registram a existncia de livros e documentos comerciais e de uma administrao centralizada referente cobrana de impostos que exigia um complexo sistema de documentao.

Nesta mesma poca na China, segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p.42), "sistemas contbeis sofisticados parecem ter existido [...], e referncias intrigantes denotam uma familiaridade com o sistema de partidas dobradas em Roma no incio da era crist". Ainda de acordo com os Professores da FEA/USP (2001, p.282):a inveno da escrita pelos fencios por volta de 1.100 a.C., houve a expanso, ainda que lenta, do conhecimento humano. Com o advento da moeda e das medidas de valor, finalmente, pde-se utilizar um sistema de contas completo e as respectivas contas contbeis.

Outro momento relevante que marca a histria da Contabilidade, de acordo com Beuren (2003), foi a descoberta do 'Papiro de Zenon', o qual demonstra uma coletnea de mais de mil documentos escrito em 256 a.C. Trazia uma Contabilidade j segmentada por departamentos, com nveis de despesa, receita e controle de estoques. Tal escrito, j contemplava alguns tipos de controle sobre as transaes ocorridas em determinado perodo. A Contabilidade sofreu influncia rabe tambm, onde o maior de todos os matemticos rabes, Musa Al-Khwarizmi escreveu sua obra 'Al-Jabr Wa'l Mugabala', sendo esta obra abalizada na descoberta indiana do conceito de zero e, juntamente com ele, a noo de valor de posio que havia permitido aos estudiosos indianos o desenvolvimento do sistema numrico que utilizamos atualmente (HENDRIKSEN eVAN BREDA, 1999).

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Ainda com referncia a contribuio rabe, mesmo aps intensas mudanas na regio (guerras por territrios), o conhecimento no se perdeu. Leonardo Fibonacci de Pisa (1180-1250), que cresceu no norte da frica, aprendeu tanto a lngua quanto a matemtica dos rabes. Em sua volta para Pisa, escreveu a obra Libber Abacci, que contribuiu significativamente para a disseminao do sistema numrico arbico na Europa. De acordo com Iudcibus (2000, p.40), a obra 'Liber Abacci', escrita por Leonardo Fibonacci de Pisa trata-se, alm da divulgao numrica arbica, "de prticas comercias [...], pois difundem no apenas o mecanismo de funcionamento das instituies jurdicas e comerciais, mas tambm os usos e costumes do comercio". J acelerando mais ainda a linha do tempo que est sendo delineada nesta pesquisa, outro fato importante para a Contabilidade, logo aps a disseminao da Peste Negra pela Europa, foi o uso generalizado da moeda como denominador comum, onde, por causa da peste, um tero da populao da Europa havia sido eliminada, comeou a declinar o sistema feudal. "A propriedade privada comeou a suplantar a posse conjunta da Idade Mdia. Em sntese, estavam sendo lanadas as bases de nossa sociedade" (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.44). O fim do perodo Moderno deu-se, conforme S (1997) apud Beuren (2003, p.25) "com a publicao do livro de Francesco Villa, em 1840, responsvel pelo incio de uma nova fase na Contabilidade que perdura at hoje". A obra de Francesco Villa intitulava-se "La contabilit applicatta alle administrazioni private e pubbliche", a qual contribuiu para a disseminao da Contabilidade para um pblico cada vez maior. "Esse, portanto, foi o mundo no qual a contabilidade nasceu" (HENDRIKSEN eVAN BREDA, 1999, p.44).

A Contabilidade como vista atualmente o reflexo de uma evoluo contnua ao decorrer do tempo. Cada vez mais difundida, a Contabilidade teve como caracterstica sempre se adaptar s novas realidades da poca em que figurava, e, como historicamente estas adaptaes ocorreram, futuramente h de se esperar maiores mudanas, j que usurios de diferentes perfis a utilizam, e como ser discorrido no prximo tpico, a Contabilidade tende a adaptar-se de acordo com a perspectiva de seu usurio.

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3.3 VERTENTES DA CONTABILIDADE Na Contabilidade, aparentemente h uma peculiaridade em relao s demais cincias: tem a caracterstica de adaptar-se de acordo com seu usurio. De acordo com Horngren, Sundem e Stratton (2004), o tipo de informao contbil demandada difere de usurio para usurio, ou seja, cada usurio vai necessitar de uma informao especfica para seu uso. Estes usurios que iro influenciar a Contabilidade para gerar informaes cada vez mais exclusivas, assim forando a diversificao da Contabilidade.

3.3.1 Contabilidade Geral ou Financeira A Contabilidade Financeira uma vertente da Contabilidade Geral, tendo esta nomenclatura em funo de um dos seus principais propsitos: elaborar e fornecer relatrios e demonstrativos financeiros ao pblico externo. De acordo com Atkinson et al. (2008, p.37), a Contabilidade Financeira: o processo de gerao de demonstrativos financeiros para pblicos externos, como acionistas, credores e autoridades governamentais. Esse processo fortemente limitado por autoridades governamentais que definem padres, regulamentaes e impostos, alm de exigir o parecer de auditores independentes [...].

Segundo a COSIF, a Contabilidade Financeira tem por objetivo: "coletar dados das transaes econmico-financeiras que afetam o patrimnio da entidade, classific-los e registr-los, fornecendo informaes condensadas em forma de relatrios". J para Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.4), a Contabilidade Financeira "refere-se informao contbil desenvolvida para usurios externos, como acionistas, fornecedores, bancos e agncias regulatrias governamentais". Ambos os autores e instituio supramencionados acordam entre a finalidade da Contabilidade Financeira, que, em resumo s idias expostas, visa demonstrar por meio de relatrios e demonstrativos econmico-financeiros a situao da empresa ao pblico externo (acionistas, governo, fornecedores, bancos, dentre outros). Para a Comisso de Valores Mobilirios - CVM, na Deliberao CVM n 29/86, o conceito/objetivo da Contabilidade Financeira :

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permitir, a cada grupo principal de usurios, a avaliao da situao econmica e financeira da entidade, num sentindo esttico, bem como fazer inferncias sobre suas tendncias futuras. Para a consecuo desse objetivo, preciso que as empresas dem nfase evidenciao de todas as informaes que permitam no s a avaliao de sua situao patrimonial e das mutaes desse patrimnio, mas, alm disso, que possibilitem a realizao de inferncias sobre seu futuro.

Traando um paralelo entre os conceitos vistos anteriormente e a Deliberao da CVM, pode-se notar que os conceitos em relao a funo da Contabilidade Financeira so concernentes, porm, a CVM alm de mencionar que a Contabilidade Financeira evidencia a situao econmico-financeira e patrimonial por meio de relatrios e demonstrativos, a mesma possibilita que, ao analisar os dados j ocorridos, possa prever situaes futuras, entretanto, esta viso da Contabilidade se enquadra mais na definio da Contabilidade Gerencial, qual ser discorrida futuramente neste mesmo captulo. Para Horngreen, Datar e Foster (2004, p.2), a Contabilidade Financeira: "concentra-se em demonstrativos para grupos externos, medindo, registrando transaes de negcios e fornecendo demonstrativos financeiros baseados em princpios contbeis geralmente aceitos (PCGA)". Vale fazer um parntese que, no Brasil, as normas que regem a Contabilidade so os Princpios Fundamentais de Contabilidade PFC (balizados na Resoluo n 774/94), ao contrrio de pases como os Estados Unidos da Amrica, onde a Contabilidade regida pelos PCGA. Segundo Atkinson et al. (2008, p.37):O processo contbil-financeiro est restrito s exigncias obrigatrias de elaborao de relatrios por parte de autoridades regulamentadoras externas [...] Como conseqncia, a contabilidade financeira tende a ser orientada por normas [...].

De maneira geral, nota-se que o objetivo da Contabilidade Financeira se confunde com o objetivo das demonstraes contbeis que, para fins de publicao externa, necessitam atender aos Princpios Fundamentais de Contabilidade. Em resumo ao exposto, a Contabilidade Financeira tem por objetivo demonstrar por meio de relatrios a situao econmico-financeira e patrimonial da empresa, sempre com base em informaes histricas, ou seja, dando nfase ao desempenho passado. normativa, devendo atender os parmetros expressos na legislao vigente, e em consonncia aos PFC (no caso do Brasil).

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3.3.2 Contabilidade Societria A Contabilidade Societria uma das diversas ramificaes que a Contabilidade Geral pode assumir. De acordo com a COSIF:a dita Contabilidade Societria, como em outras denominaes (Financeira, Gerencial, Fiscal e Tributria, Criativa), apenas um jargo mercadolgico utilizado como forma de chamar a ateno para o estudo, neste caso, das particularidades contidas na Legislao Societria agora resumida no Cdigo Civil Brasileiro e ainda a Lei das Sociedades por Aes (Sociedades Annimas).

Ainda segundo a COSIF, com a Contabilidade Societria pode-se verificar a legislao de constituio das sociedades, envolvendo os agrupamentos ou conglomerados empresariais, com o estudo da funo das controladoras (holding) e das controladas e coligadas na estrutura organizacional dos grupos de empresas, assim como verificar a Equivalncia Patrimonial e Avaliao e Reavaliao de Bens (ex.: ativos permanentes, fundo de comrcio). Assim, Contabilidade Societria pode ser conceituada como sendo a vertente da Contabilidade que visa ofertar informaes societrias da empresa, estudar as estruturas organizacionais (controladoras, controladas e coligadas), assim como verificao das transaes e registros entre tais entidades.

3.3.3 Contabilidade Fiscal ou Tributria A Contabilidade Fiscal, ou tambm conhecida como Contabilidade Tributria, trata da parte da Contabilidade que se encarrega de analisar profundamente a legislao tributria e faz-la refletir nos registros contbeis. Segundo Fabretti (1996, p.25), Contabilidade Tributria: o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prtica conceitos, princpios e normas bsicas da contabilidade e da legislao tributria, de forma simultnea e adequada.[...] Como ramo da contabilidade, deve demonstrar a situao do patrimnio e o resultado do exerccio, de forma clara e precisa, rigorosamente de acordo com os conceitos, princpios e normas bsicas de contabilidade. O resultado apurado deve ser economicamente exato.

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Entretanto, a legislao tributria freqentemente atropela os resultados econmicos para, por imposio legal, adapt-los a suas exigncias e dar-lhe outro valor (resultado fiscal), que nada tem a ver com o resultado contbil. [...] comum que empresa com prejuzo econmico, ao qual o fisco manda acrescentar despesas que considera indedutveis, chega a apresentar um lucro fiscal que recebe o nome de 'lucro real'!.

De acordo com o referido autor acima, o objeto da Contabilidade Fiscal ou Tributria :apurar com exatido o resultado econmico do exerccio social, demonstrando-o de forma clara e sinttica [...], atender de forma extracontbil as exigncias das legislaes [...]" (FABRETTI, 1996, p.27).

Desta forma, entende-se que a Contabilidade Fiscal ou Tributria encarregada da anlise das contas de resultado da empresa, a qual dever ser examinada de acordo com a legislao vigente, para que se apure corretamente os impostos.

3.3.4 Contabilidade de Custos Outra subdiviso que da Contabilidade a chamada Contabilidade de Custos. Segundo Horngren, Datar e Foster (2004, p.2-3), a Contabilidade de Custos:fornece informaes tanto para a contabilidade gerencial quanto para a financeira. Mede e relata informaes financeiras e no-financeiras relacionadas ao custo de aquisio ou utilizao de recursos em uma organizao; inclui aquelas partes, tanto da contabilidade gerencial quanto da financeira, em que as informaes de custos so coletadas e analisadas.

J para a COSIF, a Contabilidade de Custos visa:fornecer informaes sobre a utilizao de bens e servios na produo de outros bens ou servios no ambiente onde so gerados, direcionados para o fornecimento de subsdios para anlise e avaliao do desempenho e da produtividade.

Ambos referenciais supracitados discorrem que a Contabilidade de Custos fornece informao, tanto gerencialmente quanto financeiramente, sobre a utilizao dos recursos (materiais, mo-de-obra, entre outros) na produo de bens e servios de uma organizao. Segundo tais informaes, o gestor/administrador ter como analisar o desempenho produtivo da empresa.

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De acordo com Neves e Viceconti (1998, p.6):A Contabilidade de Custos, nos seus primrdios, teve como principal funo a avaliao de estoques em empresas industriais, uma vez que envolve muito mais que a simples compra e revenda de mercadorias, so feitos pagamentos a fatores de produo, tais como salrios, aquisies e utilizao de matrias-primas etc. Ademais, estes gastos devem ser incorporados ao valor dos estoques das empresas no processo produtivo [...].

Complementando:A Contabilidade de Custos, cuja funo inicial era de fornecer elementos para avaliao dos estoques e apurao do resultado, passou, nas ltimas dcadas, a prestar duas funes muito importantes na Contabilidade Gerencial: a utilizao dos dados de custos para auxlio ao controle e para tomada de decises (NEVES e VICECONTI, 1998, p.8).

Conforme mencionado, a Contabilidade de Custos fornece informaes referentes utilizao de recursos no processo produtivo, proporcionando informaes Contabilidade Gerencial, auxiliando assim na tomada de deciso dos gestores.

3.3.5 Contabilidade Gerencial A Contabilidade Gerencial, para muitos, um mero jargo de mais uma vertente da Contabilidade (COSIF). Entretanto este ramo parece ser muito utilizado e difundido nas grandes empresas, principalmente multinacionais, porm no parecem ser to utilizado nas Micro e Pequenas Empresas. Conceitualmente, Contabilidade Gerencial segundo a viso de Atkinson et al. (2000, p.36): o processo de produzir informao operacional e financeira para funcionrios e administradores, tal processo deve ser direcionado pelas necessidades informacionais dos indivduos internos da empresa e deve orientar suas decises operacionais e de investimentos.

J para a COSIF, Contabilidade Gerencial: a parte da Contabilidade que se refere o fornecimento de informaes e de subsdios para a tomada de decises de carter corrente e as de natureza estratgicas permitindo tambm efetuar avaliaes de desempenho e fixao do preo de venda baseado no custo, no mercado e no concorrente [...].

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Na viso de Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.4):Contabilidade Gerencial o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informaes que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais.

Para Ricardino (2005, p.9):a contabilidade gerencial, num sentido mais profundo, est voltada nica e exclusivamente para a administrao da empresa, procurando suprir informaes que se 'encaixem' de maneira varivel e efetiva no modelo decisrio do administrador.

Pde-se notar que os autores ao conceituarem Contabilidade Gerencial utilizaram de uma mesma linha de raciocnio: do pressuposto que a Contabilidade Gerencial serve de ferramenta de tomada de deciso. Porm no se pode resumir tanto o campo de atuao desta vertente da Contabilidade. De acordo com Neves e Viceconti (1998), a Contabilidade Gerencial no se atm apenas nas informaes produzidas, desenvolvidas dentro da Contabilidade, mas tambm se ampara de outros campos do conhecimento no vinculados diretamente rea contbil, como exemplo a administrao financeira, estatstica, anlise financeira, dentre outros. Segundo Lopes e Martins (2005, p.95), concernentes ao enfoque acima citado, discorrem que:[...] podemos identificar duas atividades bsicas que devem ser realizadas para que as corporaes atinjam seus objetivos: coordenao e motivao. As vrias atividades da firma precisam ser adequadamente coordenadas e os gestores e demais envolvidos precisam estar motivados para a realizao de suas funes. Para a realizao dessas funes, um elemento primordial: informao. Para que as atividades sejam bem coordenadas, os gestores precisam receber informaes sobre seu desenvolvimento. Para que esses mesmos gestores adequadamente motivados, necessrio que sistemas [...] sejam implementados como base para a remunerao. Assim, as firmas precisam de sistemas capazes de fornecer informaes com a finalidade de coordenao e motivao dos agentes econmicos envolvidos em suas atividades. Da surge a contabilidade gerencial.

Conforme Iudcibus (1998, p.21):A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido as vrias tcnicas e procedimentos contbeis j conhecidos e tratados na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de Custos, na Anlise Financeira de Balanos etc. Colocados numa perspectiva [...] e classificao diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisrio.

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Os ltimos enfoques supracitados diferenciam-se dos demais, pois ampliam a Contabilidade Gerencial como sendo uma tcnica que no se utiliza apenas das informaes da Contabilidade convencional, mas tambm de outras reas da empresa, sendo muito mais abrangente do que apenas analisar registros contbeis para tomada de deciso futura. Desta forma, a Contabilidade Gerencial pode-se at a vir a ser confundida com a rea de conhecimento de Administrao de Empresas. Reforando a idia acima citada de Lopes e Martins (2005), para se ter uma influente Contabilidade Gerencial, necessita-se de um bom sistema de Contabilidade Gerencial, o qual, segundo Atkinson et al. (2000, p.36) conceituado como:[...] sistemas de informao que relatam os custos de atividades, processos, produtos, servios e clientes da empresa, que so usados para uma variedade de tomadas de deciso e de melhorias de atividades.

Tais sistemas de informao, segundo Horngren, Datar e Foster (2004), devero ser elaborados de acordo com os anseios dos administradores da empresa, sendo os mais comuns (a seguir comentados):

foco no cliente; cadeia de valor e anlise da cadeia de suprimentos; fatores crticos de sucesso; melhoria contnua e benchmarking.

FIGURA 1 - TEMAS-CHAVES NA TOMADA DE DECISO GERENCIAL

Foco no cliente

Cadeia de valor e anlise da cadeia de suprimentos

Fatores crticos de sucesso

Custo e eficincia Qualidade

Tempo Inovao

Melhoria contnua e benchmarking

FONTE: Horngren, Datar e Foster (2004, p.8)

3.3.5.1 Foco no cliente No mercado cada vez mais concorrido, alguns artifcios utilizados pelo planejamento das empresas podem trazer benefcios para a competitividade destas. Um desses artifcios focar no cliente.

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De acordo com Horngren, Datar e Foster (2004), foco no cliente refere-se a adicionar valor para o cliente, defendendo sempre a satisfao do cliente nas transaes entre ambas as partes (fornecedor e cliente). "O sistema de contabilidade gerencial tambm deve acompanhar se as funes internas do negcio adicionam valor para os clientes" (HORNGREN, DATAR e FOSTER, 2004, p.8). Assim, a Contabilidade Gerencial dever administrar como est a satisfao do cliente para com a empresa.

3.3.5.2 Cadeia de valor e anlise da cadeia de suprimentos Outro artifcio utilizado pelo planejamento a cadeia de valor e a anlise da cadeia de suprimentos da empresa. "Cadeia de valor refere-se seqncia de funes de um negcio em que so adicionadas utilidades aos produtos e servios de uma empresa" (HORNGREN,DATAR e FOSTER, 2004, p.8).

Na cadeia de valor, conforme a figura 2, a Contabilidade Gerencial estar influenciando todos os processos nos diferentes nveis de processo do produto. Onde estiver sendo adicionado valor ao produto, l estar a Contabilidade Gerencial influenciando o processo. Segundo Horngren, Datar e Foster (2004, p.9):cadeia de suprimentos descreve o fluxo de bens, servios e informaes das fontes iniciais de materiais e servios at a entrega dos produtos aos consumidores, independente se essas atividades ocorreram na mesma organizao ou em outras.

A cadeia de suprimentos visa mapear qual o fluxo dos materiais e servios para a produo de um determinado bem ou outro servio.

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FIGURA 2 - PARTES DE UMA CADEIA DE VALORES

Pesquisa e desenvolvimento

Planejamento de produtos, servios ou processos

Produo

Marketing

Distribuio

Servio ao cliente

Contabilidade gerencial

FONTE: Horngren, Datar e Foster (2004, p.8)

3.3.5.3 Fatores crticos de sucesso Os fatores crticos de sucesso so um ponto relevante a ser estudado para o desenvolvimento de um sistema de informaes contbeis. De acordo com Horngren, Datar e Foster (2004), os principais fatores crticos de sucesso de uma empresa so: custo e eficincia, qualidade, tempo e inovao.

Custo e eficincia: "as companhias enfrentam contnua presso para reduzir o custo os produtos e servios que vendem" (HORNGREN,DATAR e FOSTER, 2004, p.9).

Desta forma, os empresrios tero que equacionar uma forma de que, se reduzirem custos, no sofrero impacto na eficincia do servio prestado ao cliente, assim, entende-se que o primeiro custo a ser combatido custo do retrabalho.

Qualidade: "os clientes esperam altos nveis de qualidade [...] Os contadores gerenciais avaliam os custos e os benefcios de receita com as iniciativas de programas de qualidade total" (HORNGREN, DATAR eFOSTER, 2004, p.10).

Assim, entende-se que programas de qualidade total, sistemas de qualidade, certificados ISO 9001 so fundamentais neste processo de gerenciamento.

Tempo: como o mercado impetuoso, os empresrios devero adaptarse seus processos produtivos para que se produza em ciclos mais curtos, assim disponibilizando produtos para o mercado (HORNGREN,DATAR e FOSTER, 2004).

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As empresas, segundo exposto, devem se adaptar para atender as demandas no prazo estipulado nos pedidos. Para isso, lanam do artifcio de reduzir os ciclos produtivos, para conseguirem produzir com tempo.

Inovao: "um fluxo constante de produtos ou servios inovadores a base para o sucesso contnuo de uma empresa" (HORNGREN, DATAR eFOSTER, 2004, p.10).

Sendo assim, de suma importncia que a empresa sempre esteja inovando, buscando novos produtos ou ofertar servios diferenciados, para no perderem mercado em relao a concorrentes. De forma geral, Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10), comentam que "o contador gerencial ajuda os administradores a avaliar as decises de investimentos, alternativas, e as decises de pesquisa e desenvolvimento, e, tambm, a acompanhar o desempenho dos fatores crticos de sucesso [...]". O contador voltado para a rea gerencial acompanhar a performance dos fatores crticos de sucesso aqui expostos.

3.3.5.4 Melhoria contnua e benchmarking Melhoria contnua est ligada diretamente com o foco no cliente, pois, para satisfazer os anseios do cliente, de certa forma, a empresa estar melhorando algum processo produto. Segundo Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10), "a melhoria contnua dos competidores cria uma incessante demanda por nveis mais elevados de desempenho para satisfazer o cliente". Desta forma, os empresrios que no estiverem aptos a melhorarem continuamente seus processos, ficaro defasados em relao s expectativas do mercado. Ainda para Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10):Os alvos de contnuas melhoras so freqentemente estabelecidos por meio de benchmarking, ou seja, a medio da qualidade de produtos, servios e atividades da companhia, contra os melhores nveis de desempenho encontrados em empresas competitivas.

Benchmarking mede, compara os produtos ofertados pela empresa com os melhores produtos j inseridos no mercado, sendo estes ltimos, base para comparao, onde, deste comparativo, tem-se a percepo do que o produto pode ser melhorado para galgar mais mercado.

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3.4 DIFERENAS ENTRE CONTABILIDADE SOCIETRIA/FINANCEIRA E CONTABILIDADE GERENCIAL Conforme ponderamento anteriormente feito no item 3.3, dentre as diversas vertentes que a Contabilidade pode assumir (financeira, societria, fiscal/ tributria, custos e gerencial, as quais devidamente comentadas, e tambm outras como criativa, pblica), h maior destaque pela Contabilidade Financeira e Societria, pois so as mais difundidas no meio contbil. A Contabilidade Gerencial denota-se, que vem se destacando e demandando cada vez mais por profissionais aptos para contribuir na gesto das empresas. Para melhor fundamentar tal afirmao, Neves e Viceconti (1998, p.8) discorrem que:a Contabilidade Gerencial relativamente recente entre ns e pode-se afirmar que a Contabilidade Financeira muito mais difundida e estudada que a Gerencial embora, [...], esta ltima seja estratgica na tarefa de fornecer subsdios administrao da empresa.

Para diferenciar tais tipos de Contabilidade, importante primeiramente entender o foco de cada uma, e entender a evoluo para a Contabilidade Gerencial, que o ramo que vem sendo mais utilizada por grandes empresas, e em contraste, minimamente utilizada pelas Micro e Pequenas Empresas. Mas primeiramente, surgem as indagaes: a Contabilidade no nica? Por que separ-la entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial? Qual finalidade desta distino? De acordo com a Revista Contabilidade & Finanas FIPECAFI-FEA-USP, v.18, n.44, 2007:a separao nos dois grupos decorre do entendimento de que os usurios so diferentes, que apresentam distines significativas em suas necessidades, perspectivas e expectativas de utilizao das informaes contbeis. Ambos os grupos pretendem utilizar a Contabilidade como fonte bsica no processo decisrio, mas, no necessariamente, da mesma forma.

Ainda seguindo a linha de raciocnio da revista supra mencionada, para diferenciar os tipos de usurios basta olhar a porta de uma organizao: para dentro da organizao existem os usurios internos, e para fora os usurios externos. As necessidades destes usurios so distintas, portanto, cada grupo de usurios necessitar de informaes sob ticas diferentes.

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Deste modo, a Contabilidade, como anteriormente visto, pode ter vrias ramificaes, as quais se diferem pelo seu destino final, ou seja, de certo modo a Contabilidade tem a capacidade de se adaptar conforme a demanda e percepo de seu usurio, por isso que a Contabilidade Gerencial cada vez mais vem ganhando espao importante dentro das empresas, pois nem todos os pontos de vistas dos usurios so iguais.

3.4.1 Quebra de Paradigma: Duas Novas Contabilidades Com o surgimento das grandes corporaes, a partir do final do sculo XIX, surgiu uma nova forma de sociedade, como conseqncia futura, um novo tipo de Contabilidade. Onde antes existiam, em sua grande maioria, empresas familiares, o qual o prprio dono se dedicava a gerir a empresa e ao mesmo tempo estar frente manufatura, o mercado foi se inovando, necessitando de produtos cada vez mais elaborados, assim carecendo de investimentos mais pesados em manuteno e desenvolvimento do processo produtivo. De acordo com Ricardino (2005), assim surgiu a figura do scio capitalista, pois de um lado estavam aqueles que detinham capital, porm no participavam do processo fabril, e de outro, os gestores da atividade produtiva que com seu capital prprio, no entanto, no conseguiam prover investimentos necessrios para o incremento do processo produtivo que vinha acontecendo. Deste modo, com o scio capitalista participando das corporaes, provocou certa presso sobre estas, havendo a necessidade de se demonstrar periodicamente, o resultado do capital destes investimentos externos. At a ascenso do scio capitalista, os empresrios, segundo Ricardino (2005, p.244):no possuam qualquer necessidade de prestar contas a terceiros e mantinham o registro de suas atividades segundo critrios pessoais, que atendiam perfeitamente bem a seus objetivos, no sofrendo imposies de qualquer natureza.

Como no havia padres, normas tcnicas e reguladoras que orientassem as informaes a serem divulgadas, muito menos a conscientizao dos gestores

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da poca em repassar as informaes para seus investidores, criava-se um 'cabode-guerra', onde numa ponta estavam os investidores vvidos por informaes de seus capitais aplicados, e noutra ponta, os empresrios, que alm de relutantes para prestar tais informaes, no possuam conhecimento e/ou recursos suficientes para tal feito. Esta situao levantou a preocupao em regulamentar as demonstraes contbeis e assim, a uniformidade de atividades.Essa situao abriu novas perspectivas legais e profissionais, principalmente nos Estados Unidos, onde o desenvolvimento industrial alcanava uma escala sem precedentes quando comparado a qualquer outro lugar do mundo. Assim, a partir do incio do sculo XX, a atividade contbil tornou-se matria de ensino universitrio, e aqueles que aprenderam essa nova disciplina passaram a aplic-la de forma a atender as normas estabelecidas para fins societrios (RICARDINO, 2005, p.244).

Assim, neste contexto surgiria a Contabilidade Societria ou Financeira, como muitos a conhecem, pois, havia o usurio externo necessitando de informaes, onde fez com que a Contabilidade se adaptasse a esta exigncia. Meio sculo de desenvolvimento tecnolgico elevado, aps duas grandes guerras mundiais, abriu campo para o aparecimento de uma infinidade de novos empreendimentos constitudos a partir do capital de terceiros. A necessidade de informaes que evidenciassem os resultados dos investimentos foi primordial para a mudana de antigos conceitos contbeis, voltados ao gerenciamento da produo, por outros dirigidos prestao de contas ao acionista. Faz-se assim mais um parntese para nova Contabilidade a Contabilidade Financeira a qual j havia sido esboada, e vinha maturando ao longo do tempo. "Aps a II Guerra Mundial, a necessidade de equacionar os custos e melhorar a atividade gerencial levou profissionais e acadmicos a questionar a validade da contabilidade societria para fins de gesto e deciso" (RICARDINO, 2005, p.244-245). Deste ponto em diante, iniciavam as pesquisas de novas formas de emprego da Contabilidade. Para alguns autores, estava surgindo um novo tipo de Contabilidade, a qual, para ser diferenciada da Contabilidade Societria ou Financeira, recebeu o jargo de management accounting (em portugus Contabilidade Gerencial), sendo este perodo batizado como a primeira fase da Contabilidade Gerencial conforme Ricardino (2005).

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3.4.2 Principais Diferenas Entre as Duas Novas Contabilidades: Financeira x Gerencial Sabendo-se os motivos da ramificao da Contabilidade entre Financeira e Gerencial, pode-se agora delimitar minuciosamente as diferenas observadas entre estas duas tcnicas que a Contabilidade usa de subterfgio para no deixar de atender as necessidades de seus usurios. Diferenciao aparentemente percebida como a utilizao predominante de certos fatores por parte de uma das Contabilidades em relao outra (RICARDINO, 2005). Tal diferenciao vai variar tambm de usurio para usurio, pois se percebe que a Contabilidade pode se adaptar, assim sendo, cada Contabilidade ser nica e exclusiva para cada usurio. A seguir, de acordo com os conceitos demonstrados no item 3.3. sobre as vertentes da Contabilidade, sero apresentadas algumas das peculiaridades mais significativas entre a Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial. A primeira diferena em relao ao usurio da informao. Enquanto a Contabilidade Financeira lida com a elaborao e a divulgao de informaes econmico-financeiras para o pblico externo entidade (acionistas, bancos, fornecedores, etc.), a Contabilidade Gerencial se atm em fornecer informaes ao pblico interno da organizao (funcionrios, gerentes, executivos). A segunda diferena encontrada em relao liberdade de escolha. A Contabilidade Financeira "est restrita s exigncias obrigatrias de elaborao de relatrios por parte das autoridades regulamentadoras externas" (ATKINSON et al., 2008, p.37), enquanto que para a Contabilidade Gerencial no possui legislao que a regulamente nem imponha prticas contbeis especficas. Resumidamente, na Contabilidade Financeira a aderncia compulsria aos princpios contbeis vigentes na legislao por seu vis normativo, enquanto na Contabilidade Gerencial h a liberdade por adotar um certo modelo ou outro de gerenciamento sem a prerrogativa de punio pelo no cumprimento de algum critrio, pois tais critrios no so formalizados, possuindo apenas um vis convencionalista. Em consonncia s diferenas antes demonstradas, a Revista Contabilidade & Finanas FIPECAFI-FEA-USP, v.18, n.44, 2007, expe que:em termos de unidade de mensurao, a moeda utilizada na Contabilidade Financeira a moeda local, do pas. Por sua vez, na Contabilidade Gerencial, qualquer moeda pode ser usada e pode considerar, inclusive, unidades de mensurao no-monetrias [...].

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Assim, a terceira diferena encontrada est relacionada diretamente com a normatividade da Contabilidade Financeira, pois a legislao, no caso do Brasil, explicita que os registros contbeis devero ser feitos em moeda funcional do pas, ou seja, em Reais. J a Contabilidade Gerencial no tem esta necessidade, podendo ser escriturada em qualquer moeda que se queira, ou em unidades de mensurao como visto na citao anterior. Sendo como a quarta divergncia entre as duas nfases da Contabilidade segundo o propsito e o horizonte temporal. Nestes aspectos a Contabilidade Financeira encontra-se enquadrada como uma Contabilidade histrica, onde se baseia em fatos j ocorridos, em fatos do passado, deste modo relatando o desempenho incorrido de algum tempo j findo. A Contabilidade Gerencial se baliza no presente e projeta o futuro, desta forma, analisa o contexto atual prevendo possveis acontecimentos e assim auxiliando na tomada de deciso dos gestores (ATKINSON et al., 2008). A quinta diferena passvel de anlise o grau de confiabilidade da Contabilidade. Esta confiabilidade est relacionada objetividade e verificabilidade, sendo esta verificabilidade testada mais comumente por algum tipo de auditoria na Contabilidade Financeira. J na Contabilidade Gerencial, como uma rea da Contabilidade muito subjetiva pela no normatizao dos processos, a auditoria se mostrar diferente, pois ir verificar se as regras estipuladas para este sistema de Contabilidade esto sendo cumpridas, tornando mais complicada tal anlise pela falta de subterfgios materiais (legislao) para tal julgamento. O sexto ponto de divergncia: profissional especializado. A Contabilidade Financeira tem a caracterstica de ser evidenciada por meio de relatrios e demonstraes contbeis, sendo de responsabilidade e autoridade de profissionais Bacharis em Cincias Contbeis devidamente registrados no CRC -Conselho Regional de Contabilidade. Na Contabilidade Gerencial, o profissional responsvel pela escriturao e divulgao no requer que necessariamente seja a figura do Contador, podendo ser qualquer outro profissional a desenvolver e ser responsvel pelos registros contbeis gerenciais podendo ser, por exemplo, o prprio administrador da empresa. O quadro 1 traa um paralelo entre as principais diferenas aqui apontadas entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial.

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QUADRO 1 - PRINCIPAIS DIFERENAS ENTRE CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL PONTO DE VISTA Usurios Escriturao CONTABILIDADE FINANCEIRA Externos: acionistas, bancos, fornecedores. Normativa: baseada na legislao e princpios definidos. Moeda funcional do pas conforme explcito na legislao. Histrica, dando nfase ao desempenho passado. Maior grau de confiabilidade, devido a auditorias conforme legislao. Bacharel em Cincias Contbeis com registro no CRC. CONTABILIDADE GERENCIAL Internos: funcionrios, gerentes, executivos. Desregulamentada: usa de modelos j utilizados ou por modelos definidos pela administrao. Livre arbtrio, conforme estipulado pela administrao, podendo ser em unidades nomonetrias. Atual, dando nfase aos fatos presentes e projees futuras. Menor grau de confiabilidade, pois no h legislao vigente que obrigue auditorias. Qualquer profissional apto e concernente com sistema de Contabilidade Gerencial.

Mensurao de Valor Propsito e Horizonte Temporal Grau de Confiabilidade Profissional Capacitado FONTE: Os autores

3.5 O QUE MICRO E PEQUENA EMPRESA? QUAIS BENEFCIOS LEGAIS POR TAL ENQUADRAMENTO? Considerando que o tema desta pesquisa refere-se "A Importncia da Contabilidade Gerencial para as Micro e Pequenas Empresas no Sculo XXI no Brasil", faz-se necessrio dissertar sobre o conceito de Micro e Pequena Empresa, bem como qual benefcio legal por tal enquadramento. Essencialmente, para a individualizao das Micro e Pequenas Empresas (MPE's) no Brasil, carece a elaborao de algumas anlises iniciais em analogia ao seu posicionamento distinto na economia, de acordo com pesquisa do SEBRAE (2007), como:

no so empresas ditas organizadas, fogem da departamentalizao ou segmentao de setores, assim, no servindo de base para comparao com grandes empresas, pois no se tratam de organizaes grandes em miniatura; em geral, atuam no mercado de bens, produtos e servios, com volatilidade de demanda; baixa dificuldade para entrar no mercado, porm, h forte concorrncia entre as empresas, sejam grandes, mdias, pequenas ou micro empresas; alta dificuldade de se manter "viva", onde grande parte das empresas encerram as atividades em menos de dois anos.

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Assim percebe-se que boa parte das empresas existentes no Brasil se enquadram como MPE's, deste modo, sendo responsveis por grande nmero das oportunidades de emprego no pas, sendo de suma importncia o estimulo e incentivos a estes Micro e Pequenos Empresrios. Estas pequenas organizaes so bem vistas, pois promovem fortes modificaes tecnolgicas no mercado, porm, em contra-partida, sob a tica clssica, incidem em custos excessivos para a economia como resultado de escalas de produo ineficientes (SEBRAE, 2007). Tais empresas, em seus primeiros anos de vivncia, so muito inseguras em relao s vendas de seus produtos, movimentao do mercado, clientes, localizao, muito dos motivos que no permitam que tais empreendimentos sobrevivam no longo prazo, tenha analogia com o prprio arcabouo tcnico, de gesto e a competncia do empresrio. Em paralelo a este contexto de gesto de empresa, importante discorrer sobre a tica da legalidade, ou seja, perante a legislao vigente qual o tratamento de Micro e Pequenas Empresas, e no que as mesmas podem se beneficiar, para que, em longo prazo, possam firmar-se no mercado competitivo que se denota atualmente. Como preveno da falncia prematura das empresas, a Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) no caput do art. 179, elucida que:Art. 179. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios dispensaro s microempresas e s empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurdico diferenciado, visando a incentiv-las pela simplificao de suas obrigaes administrativas, tributveis, previdencirias e creditcias, ou pela eliminao ou reduo destas por meio de lei.

Quando escrita, a CRFB/88 j previa que as MPE's poderiam sofrer dificuldades, assim assegurou-lhes benefcios, que de certa forma, com a criao da Lei Complementar Federal n 123/06, a chamada "Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas", s veio a confirmar tal zelo. A Lei Complementar - LC n 123/06, j em seu caput, elucida para qual fim foi elaborada: "Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte". Tal dispositivo legal foi criado com o intuito de fortalecer as MPE's, estabelecendo tratamento diferenciado que serviu de oportunidade para as empresas que

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se enquadrarem nesta faixa, de certa forma, manter-se na legalidade, com suas obrigaes em dia perante o Fisco. Outro ponto relevante que tal LC serviu tambm para a diminuio da carga tributria para estas pequenas organizaes, pois instituiu o chamado Simples Nacional, o qual simplificou a arrecadao de impostos e diminuiu a carga tributria sobre os pequenos empresrios.Art. 1. Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado s microempresas e empresas de pequeno porte no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios [...] (LC n 123/06).

No captulo II da Lei Complementar em comento, tratada a definio de Micro e Pequena Empresa, o qual interessante para o objeto deste tpico. Para a LC n 123/06, o enquadramento de MPE's configura-se conforme segue:Art.3. Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresria, a sociedade simples e o empresrio a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, conforme o caso, desde que: I - no caso das microempresas, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhes e quatrocentos mil reais).

Conforme dispositivo legal, o enquadramento das empresas em Micro ou Pequenas depende de sua receita bruta. Esta receita bruta advm da venda de bens e servios da operao da prpria empresa, de empresa alheia, excluindo-se as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos (art. 3, 1 da LC n 123/06). Delineia-se um paralelo neste momento, pois, para o SEBRAE, conforme descrito em sua pesquisa sobre os Fatores Condicionantes e Taxas de Sobrevivncia e Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil 2003-2005, 2007:

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Para efeito de estudos e pesquisas, o Sebrae utiliza o critrio de classificao de porte segundo o nmero de empregados da empresa, sendo: 1) microempresas: na indstria e na construo civil at 19 empregados; e no comrcio e servios at 9 empregados; 2) pequena empresa: na indstria e na construo civil de 20 a 99 empregados; e no comrcio e servios de 10 a 49 empregados. (SEBRAE, 2007, p.11)

No quadro 2 apresenta-se um resumo segundo estas duas perspectivas de definio do enquadramento do Micro e Pequeno negcio.QUADRO 2 - COMPARATIVO DO ENQUADRAMENTO DE MPE'S ENTRE LC N 123/06 E PESQUISA DO SEBRAE LC N 123/06 SEBRAE

Micro Empresa - ME

Receita Bruta no ano-calendrio < R$ 240 mil. Na indstria e na construo civil: at 19 No caso de incio da atividade no ano-calendrio, empregados; considera-se R$ 20 mil p/ms. No comrcio e servios: at 9 empregados. Receita Bruta no ano-calendrio > R$ 240 mil e < R$ 2.400 mil. No caso de incio de atividade no ano-calendrio, considera-se R$ 200 mil p/ms. Na indstria e na construo civil: de 20 a 99 empregados; No comrcio e servios: de 10 a 49 empregados.

Pequena Empresa

FONTE: Lei Complementar n 123/06 e Pesquisa do SEBRAE (2007)

Quanto s classificaes utilizadas pelo SEBRAE e pela LC n 123/06, fazse necessrio alguns comentrios. Em relao ao enquadramento proposto pelo SEBRAE, o qual classifica as empresas segundo o nmero de colaboradores, uma questo pertinente , se por exemplo, uma empresa de consultoria, manuteno e desenvolvimento de software, onde a mo-de-obra super qualificada, sendo alto o valor da hora cobrado, possuir poucos funcionrios, na faixa de 9 empregados, para o SEBRAE seria esta uma Micro Empresa, porm se sua Receita Bruta ultrapassasse os R$ 240 mil no ano, seria enquadrada como uma Pequena Empresa pela tica da LC n 123/06. Invertendo os papis, em uma outra hiptese, onde uma indstria possuir em seu quadro de funcionrios mais de 120 colaboradores, porm, esta indstria produz aparelhos de alto custo, onde o produto no lucrativo, incorrendo em uma Receita Bruta anual que no ultrapasse R$ 20 mil. Segundo o SEBRAE, esta empresa seria provavelmente uma mdia empresa, pois est acima do enquadramento de Pequena Empresa. Mas segundo a LC n 123/06, seria esta uma Micro Empresa. Esta diferenciao no enquadramento da empresa impacta diretamente na arrecadao dos tributos, pois dependendo da faixa empresarial, paga-se mais ou menos impostos.

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Os dois exemplos elucidados so o atual embate entre a poltica adotada pelo governo e as aes das prprias entidades privadas (lembrando que oSEBRAE uma entidade privada sem fins lucrativos) para fomentar os Pequenos e

Micro Empreendimentos. Desta forma, ambos anseiam o desenvolvimento do setor, porm no 'falam a mesma lngua'. Assim, h uma necessidade que os rgos, entidades e empresas entrem no mesmo compasso, para que juntas possam realmente fazer uma poltica coesa para beneficiar a classe empresarial. Em continuidade aos benefcios trazidos pela Lei Complementar debatida, alm de proteger de certa forma s MPE's, instituiu um regime de apurao de imposto sintetizado, facilitando a arrecadao desta faixa de contribuintes, onde este feito por um nico documento, contemplando os impostos das trs esferas: Federal (IRPJ, IPI, CSLL, PIS e COFINS), Estadual (ICMS) e Municipal (ISS). Tal situao supramencionada citada nos artigos 12 e 13 desta Lei Geral das MPE's, conforme segue:Art. 12 Fica institudo o Regime Especial Unificado de Arrecadao de Tributos e Contribuies devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional. Art. 13 O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento nico de arrecadao, dos seguintes impostos e contribuies: I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurdica - IRPJ; II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso XII do 1 deste artigo; III - Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL; IV - Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado o disposto no inciso XII do 1o deste artigo; V - Contribuio para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII do 1 deste artigo; VI - Contribuio para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurdica, de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso das pessoas jurdicas que se dediquem s atividades de prestao de servios previstas nos incisos XIII a XXVIII do 1 e no 2 do art. 17 desta Lei Complementar; VI - Contribuio para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurdica, de que trata o art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dediquem s atividades de prestao de servios previstas nos incisos XIII e XV a XXVIII do 1 do art. 17 e no inciso VI do 5 do art. 18, todos desta Lei Complementar; (Redao dada pela Lei Complementar n 127, de 2007);

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VII - Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e Sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao - ICMS; VIII - Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza - ISS.

Como o Simples Nacional trata-se de um imposto nico, qual ser a alquota para balizar todas as obrigaes que eram recolhidas separadamente? Questo difcil de ser respondida, pois h 'N' tipos de Micro e Pequenas Empresas no Brasil, cada qual com seu tipo de negcio, escopos diferentes, aos quais incidiam diferentes impostos e contribuies. Para solucionar este impasse, a LC n 123/06 traz, em seu Anexo I, um demonstrativo das alquotas de acordo com o ramo da empresa e suas receitas auferidas nos ltimos 12 meses (base de clculo para incidncia do imposto). Porm, tal LC traz 5 tabelas com as alquotas cabveis s MPE's, as quais ainda no demonstravam claramente as alquotas a serem utilizadas por segmentao de MPE's. Somente com a criao da Resoluo do Comit Gestor do Simples Nacional (CGSN) n 5/2007, que a partir das 5 tabelas da LC n 123/06, foi possvel convert-las em 59 tabelas. Desta forma, para cada tipo de atividade, a receita correspondente dever ser tributada conforme tabela especfica, havendo assim diferenciao de alquotas. Analisando-se esta nova forma de enquadrabilidade, a tributao passa a ser realizada com base num sistema progressivo e linear, de forma que o crescimento da empresa possa ser gradual, sem fortes impactos tributrios. As alquotas se iniciam em 4% e vo at 11,61% com diferenciaes por segmento de atividade. As indstrias pagaro uma alquota acrescida de 0,5%, e servios tero acrscimo de 50% sobre alquotas bsicas do comrcio. Outro aspecto interessante, segundo art. 44 da Lei Complementar n 123/06:Art. 44. Nas licitaes ser assegurada, como critrio de desempate, preferncia de contratao para as microempresas e empresas de pequeno porte. 1 Entende-se por empate aquelas situaes em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou at 10% (dez por cento) superiores proposta mais bem classificada. 2 Na modalidade de prego, o intervalo percentual estabelecido no 1 deste artigo ser de at 5% (cinco por cento) superior ao melhor preo.

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Conforme delineado no art. 44, a LC visa garantir vantagem competitiva sMPE's, pois estas possuem linhas de produo pequenas, onde para se produzir,

acaba se tendo mais custos do que grandes empresas para a produo de um mesmo tipo de produto que feito em larga escala. Assim, a grande empresa consegue maximizar suas operaes, incorrendo em menores custos e consequentemente menores preos, assim sendo desleal esta concorrncia. Neste ponto que o Governo interveio, no caso das licitaes, assegurando uma melhor, ou pelo menos, uma mais justa competitividade entre MPE's e mdias/grandes empresas. Para finalizar este estudo sobre a Lei Complementar Federal em questo, de suma importncia comentar sobre o art. 76, que preconiza:Art. 76. Para o cumprimento do disposto nesta Lei Complementar, bem como para desenvolver e acompanhar polticas pblicas voltadas s microempresas e empresas de pequeno porte, o poder pblico, em consonncia com o Frum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, sob a coordenao do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior, dever incentivar e apoiar a criao de fruns com participao dos rgos pblicos competentes e das entidades vinculadas ao setor. Pargrafo nico. O Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior coordenar com as entidades representativas das microempresas e empresas de pequeno porte a implementao dos fruns regionais nas unidades da federao.

Com o advento da criao do Frum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, o Governo Federal alm de fortalecer as empresas desta faixa econmica, fez tambm com que esta nova ferramenta viesse a corroborar e, de certo modo, coordenar a poltica nacional de desenvolvimento. Este frum serve para comunicao entre os Micro e Pequenos Empresrios, onde se tem oportunidade de troca de experincias, fomentao de novas tecnologias, de conhecimento, debater as polticas do Governo que influenciam ou influenciaro as MPE's, dentre outros. Como este artigo da LC (art. 76 somado com art. 2, II, da LC n 123/06 alterada pela LC n 127/07) institui a criao do Frum da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte em mbito nacional, assim faz-se necessrio que cada unidade da federao (conforme estipulado no Pargrafo nico do art. 44) institua frum regional.

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No Estado do Paran, o Decreto n 2592/08 regulamenta a criao do frum no Estado. Segundo o caput do Decreto, o presente artifcio legal:Institui o Frum Regional Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Estado do Paran. O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARAN, no uso das atribuies que lhe confere o art. 87, inciso V, da Constituio Estadual, para atender e dar efetividade, no mbito estadual, ao Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, institudo pela Lei Complementar Federal n 123, de 14 de dezembro de 2006.

O Decreto designa o prprio Estado como sendo o responsvel pelo zelo dos aspectos no tributrios em relao ao tratamento diferenciado despendido sMPE's (art. 1 do Decreto n 2592/08).

Desta maneira, ao fim deste tpico da pesquisa, tem-se uma viso um pouco mais aprofundada de quo importantes so os Micro e Pequenos Empresrios para a economia do pas, de que estes so grandes fomentadores e difusores de tecnologia, e que, sem estes, o mercado de trabalho seria ainda mais fechado do que atualmente se encontra.

3.6 BENEFCIOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Desde os primrdios da humanidade, a Contabilidade vem avanando de forma a demonstrar o fluxo da riqueza nas entidades proporcionando memorizao e controle para a funo de apoiar a gesto. A Contabilidade consiste na coleta, apresentao e interpretao dos dados das transaes comerciais, e uma importante ferramenta para os negcios, podendo informar ao empresrio o lucro obtido, como tambm o desenvolvimento da empresa. O mercado em geral passou a se interessar por essas informaes contbeis, como governo, credores, investidores, sindicatos trabalhistas, e principalmente os administradores das empresas. Existe uma forte ligao da Contabilidade com o processo de informao e comunicao nas empresas, no estando limitada a registrar os dados que afetam o patrimnio da empresa, mais tendo o compromisso de transformar esses fatos contbeis, em informaes que sirvam de base para projees, comparaes, controles, planejamento, enfim, que auxiliem a gesto e a tomada de deciso.

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Nos tempos atuais a informao uma poderosa ferramenta de gesto disposio dos empresrios, extradas das demonstraes contbeis da empresa, traando o planejamento estratgico. A partir destas informaes, os empresrios dasMPE's modernas devem se estruturar visando o instrumento de informao para

deciso e controle, ajudando a capacitar os gestores com os objetivos da organizao e com o uso eficiente de seus recursos, fazendo