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ALESSANDRA TOROSSIAN AMANDA C. A. FERNANDES AMANDA M. DE DOMENICO ANANDA M. MARCON DIEGO BONAPARTE GIOVANA LISSA RESENDE PAULA MAEHLER ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ODONTOLOGOS DO BAIRRO IPIRANGA DA CIDADE DE SÃO PAULO São Paulo 2010 1

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ALESSANDRA TOROSSIAN

AMANDA C. A. FERNANDES

AMANDA M. DE DOMENICO

ANANDA M. MARCON

DIEGO BONAPARTE

GIOVANA

LISSA RESENDE

PAULA MAEHLER 

ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM

ODONTOLOGOS DO BAIRRO IPIRANGA DA CIDADE DE

SÃO PAULO

São Paulo

2010

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ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM

ODONTOLOGOS DO BAIRRO IPIRANGA DA CIDADE DE

SÃO PAULO

Trabalho apresentado à disciplina de Saúde do

Trabalhador do Centro Universitário São

Camilo – Campus Ipiranga – São Paulo, como

requisito parcial para aprovação na disciplina.

São Paulo

2010

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RESUMO

TÍTULO: ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS ODONTOLOGOS DO

BAIRRO IPIRANGA – SÃO PAULO 

As dores e os problemas posturais sempre foram motivos de muitas

reclamações por parte dos cirurgiões-dentistas. Atualmente com os equipamentos

mais ergonômicos muitos dos problemas diminuíram, mas mesmo assim, ainda há

dificuldades de se evitar os problemas posturais. Pretendeu-se nesse estudo

verificar e descrever a prevalência de distúrbios posturais decorrentes da sobrecarga

de atendimento e postura que acometem os profissionais da odontologia, nos dias

atuais após orientações sobre ergonomia e qualidade de vida apresentadas nas

universidades e especializações, bem como verificar as posturas mais

constrangedoras e os procedimentos que causam maior desconforto para o

profissional, observar os locais das dores ou desconfortos físicos referidos, verificar 

os hábitos posturais, assim como analisar as possíveis causas das algias referidas.

A pesquisa foi do tipo descritiva de campo e a população constitui-se de 21 de

odontologos que atuam no Bairro Ipiranga da cidade de São Paulo (SP), com pelo

menos, mais de 5 anos no mercado de trabalho. Como instrumento de estudo foi

utilizado um questionário contendo 43 questões abertas e fechadas aplicado

individualmente. Os dados foram tratados por estatística descritiva, com utilização

de tabelas de freqüência e gráficos. Constatou-se através da análise dos resultados

que todos os profissionais que participaram da pesquisa apresentam ou já

apresentaram algum desconforto decorrente da atividade profissional, que as doresna maioria dos casos aparecem por volta do segundo ano de atuação, sendo que a

coluna cervical é a região corporal mais acometida pelas algias e que a má postura

é a principal causa do desconforto na opinião dos mesmos.

Palavras-chave: postura corporal, sobrecarga postural, procedimentos odontológicos

 

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1 INTRODUÇÃO

A postura pode ser definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo

relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneiracaracterística de alguém sustentar seu corpo (KISNER; COLBY, 1998).

A boa postura é imprescindível para o bem-estar do indivíduo. A estrutura e

função do corpo proporcionam todas as potencialidades para obter e manter a boa

postura (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 2007).

Os padrões culturais da civilização moderna e os avanços tecnológicos

associados às sobrecargas sobre as estruturas básicas do corpo humano para arealização de atividades cada vez mais especializadas e limitadas, que incitam a

manutenção de posturas por longos períodos, fazem com que se torne necessárias

influências compensatórias de modo a obter a função ideal sob as condições

impostas por esse estilo de vida (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 2007).

Nesse aspecto, segundo Santos e Barreto (2001) a odontologia tem sido

considerada uma profissão “estressante”, sendo freqüentemente associada a

agravos à saúde, tanto de ordem física como psíquica.

A alta incidência de desconfortos posturais nessa classe profissional

relaciona-se com sua tendência para um padrão de atividade especializado e

repetitivo. Estudos sistemáticos sobre os distúrbios músculo-esqueléticos em

cirurgiões dentistas vêm sendo realizados desde a década de 50, e são

responsáveis pelas primeiras propostas de modificações nos processo de trabalho

dos dentistas, inclusive a mudança do trabalho da posição ortostática para a posiçãosentada (SANTOS, 2001).

Entretanto, permanecer sentado durante horas a fio, mesmo em atividades

pouco exaustivas, pode causar fadiga, distúrbios circulatórios e dores físicas. E, com

a atenção voltada ao trabalho e concentração na tarefa realizada, cria-se tensões e,

conseqüentemente, fica fácil assumir, com o passar do tempo, posturas que serão

prejudiciais à saúde (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).

A correção dessas condições existentes depende da compreensão das

influências de fundo e da implementação de um programa de medidas educacionais

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positivas e preventivas. Ambas requerem uma compreensão da mecânica do corpo

e sua resposta às sobrecargas e tensões impostas a ele (KENDALL; McCREARY;

PROVANCE, 2007).

As complexas relações funcionais entre as facetas articulares, articulações

intervertebrais, músculos e sistema nervoso no esqueleto axial constituem um

desafio para o terapeuta em termos de avaliação, análise dos problemas e

desenvolvimento de um programa de exercícios terapêuticos que trate dos mesmos

(KISNER; COLBY, 1998).

Por ser a odontologia uma profissão passível de distúrbios osteomusculares e

posturais, tornam-se de grande relevância o estudo e caracterização do perfilprofissional do odontólogo desde os primeiros anos de atuação no mercado de

trabalho, para que se possa orientá-los de maneira a prevenir e/ou minimizar os

distúrbios posturais osteomusculares decorrente do trabalho.

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1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Inicialmente, os cirurgiões-dentistas trabalhavam utilizando a posição em pé,

ao lado da cadeira com o paciente sentado. Os equipamentos utilizados nãopermitiam um bom posicionamento. Os equipos eram fixos e ficavam longe forçando

os cirurgiões-dentistas a realizar inclinações e rotações que influenciavam o

posicionamento correto, levando a problemas de coluna e fadiga. O avanço

tecnológico e os estudos ergonômicos tornaram os equipamentos mais adequados

para a atuação desses profissionais. Com o surgimento do mocho (assento com

encosto destinado ao profissional da odontologia) o dentista passou a trabalhar 

sentado, porém ainda de forma incorreta devido a falta de adaptações. As cadeirasodontológicas antigas não baixavam o suficiente, não permitindo ao cirurgião uma

boa visão e acesso à boca do paciente; não lhes era possível posicionar os

membros inferiores embaixo do encosto, para aproximar-se do paciente; os braços

largos obrigavam os odontólogos a flexionar a coluna dorsal e aumentar a protusão

de cabeça para obter uma melhor visualização (FLENK, 1989).

Com as mudanças da filosofia de trabalho, a prática odontológica teve grande

desenvolvimento, e o dentista passou da posição de pé ao lado da cadeira para umaposição sentada. Com o avanço tecnológico, cadeiras mais apropriadas, o mocho

regulável e os equipos mais móveis e bem posicionados diminuíram os problemas,

no entanto, os cirurgiões-dentistas continuam sendo uma população alvo de muitas

dores articulares e musculares, decorrentes das más posturas (GENOVESE, 1991). 

O fato de trabalhar sentado não é suficiente para diminuir o desgaste físico da

prática odontológica, pois os esforços do cirurgião-dentista na posição sentado

podem ser maiores, o que torna seus movimentos mais cansativos (GENOVESE,

1991). 

Durante seu trabalho, o dentista utiliza grupamentos musculares específicos

para cada movimento. Com a manutenção da tensão nos mesmos, as repetições no

decorrer do trabalho, associado às posturas inadequadas e estresses emocionais,

ocorre fadiga e isquemia muscular localizada e, conseqüentemente, o recrutamento

de músculos acessórios para auxiliar na realização das tarefas, o que proporcionaum aumento do quadro álgico (OLIVEIRA, 1998).

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Segundo Viel e Esnault (2000) as lombalgias e cervicalgias são conhecidas

pelas pessoas que permanecem longo tempo sentadas. Figlioli e Porto (1986)

referem que as dores nas costas, decorrentes da má postura sentada, são as

queixas de um grande número de cirurgiões-dentistas em todo o mundo. Estudos

sobre a sua incidência têm revelado que um terço dos profissionais em exercício

sofre de dores na região lombar e que um, entre dois dentistas, tem patologias na

coluna lombar relacionados com o trabalho.

Santos e Barreto (2001) referem em seu estudo que os profissionais

odontólogos estão entre os primeiros em afastamentos do trabalho por incapacidade

temporária ou permanente.

Para Figlioli (1987) no trabalho sentado, é fundamental que o dentista

mantenha a postura ergonomicamente correta, ou seja, deve trabalhar com as

costas relativamente retas e apoiadas no encosto do mocho; as coxas paralelas ao

chão e formando um ângulo de 90o (graus) com as pernas; os pés apoiados no

chão; manter os cotovelos junto ao corpo ou apoiados em local que esteja no

mesmo nível; a cabeça ligeiramente inclinada para frente; a distância entre os olhos

do dentista e a boca do paciente deve ser de aproximadamente 30 a 40cm eposicionar o apoio de cabeça do paciente para baixo, nos trabalhos realizados na

maxila e para cima, na mandíbula.

De acordo com Kapandji (1980) pesquisas ortopédicas têm comprovado a

relação entre a postura sentada e o aumenta a pressão intradiscal, o que imprime

que esta postura está associada a um aumento do desconforto e alterações do disco

e da coluna. Estudos afirmam também que o mocho adequado deve ter um apoio

para as costas na região lombar. Ainda, as posturas corporais viciosas, pois no

exercício de sua profissão, o cirurgião-dentista adota uma mesma posição corporal

durante a maior parte da jornada de trabalho, normalmente a postura sentada, e as

exigências visuais, as posições rígidas das mãos e os esforços repetitivos que

implicam em posições contraídas, acarretam distúrbios posturais na porção superior 

do corpo (pescoço, ombros, braços e mãos).

Dados obtidos por Santos (2001) em uma pesquisa realizada em BeloHorizonte, Minas Gerais, investigando a atividade ocupacional e prevalência de dor 

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osteomuscular em Cirurgiões dentistas, constatou a prevalência de 58% de dor no

segmento superior, 22% no braço, 21% na coluna, 20% no pescoço e 17% no

ombro, sendo que 26% relataram dor diária e 40% moderada/forte.

Mesmo com o avanço tecnológico e ergonômico, que vem em socorro da

profissão, o exagero nas horas de trabalho e a predisposição idiopática de cada

indivíduo a certos tipos de degenerações esqueléticas que comprometem a coluna,

colocam esses profissionais em situações que geram desconforto. Por isso, torna-se

imprescindível uma melhor preparação dos mesmos para as sobrecargas físicas

diárias.

1.3 OBJETIVOS 

1.3.1 GERAL

Verificar a incidência de sobrecargas posturais em profissionais de

odontologia do Bairro Ipiranga – São Paulo, decorrentes da prática de atividade

clínica durante seus primeiros anos de atuação, passíveis de causar distúrbiosálgicos.

1.3.2 ESPECÍFICOS

Identificar os procedimentos clínicos de odontologia que produzem

maior incidência de dor.

Identificar as posturas constrangedoras na atividade prática

odontológica na posição sentada dos profissionais.

Analisar os eventos posturais de maior freqüência na prática

odontológica que possam estar interferindo nas posturas dos odontologos.

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1.4 JUSTIFICATIVA

Hábitos posturais inadequados, como os impostos pela atividade estática e

prolongada do cirurgião-dentista, agindo sobre o organismo de forma repetitiva, sãocapazes de levar a dor e, seus vários mecanismos de defesa, a ações

compensatórias (MUNHOZ, 1995).

Com a permanência numa mesma posição corporal, associada ao trabalho

sedentário, com a utilização exclusiva e sobrecarregada dos membros superiores,

podem gerar alterações significativas no alinhamento corporal, além de apresentar 

dor ou desconforto na musculatura mais utilizada. Conseqüentemente há aquisição

de vícios posturais, além de outros problemas que, se não forem prevenidos ou

amenizados, afetam a médio e longo prazo o desempenho do cirurgião-dentista no

dia-a-dia e na saúde (OLIVEIRA, 1998).

Para Genovese e Lopes (1991) e Hamill e Kuntzen (1999) a boa postura

gasta menos energia, proporciona um melhor funcionamento das estruturas e

órgãos, proporcionando um mínimo desgaste das estruturas, seja em ortostatismo

ou sentado. A partir daí, pode-se inferir que estando o corpo, como um todo, em

perfeita harmonia com a força gravitacional, este corpo estará protegido dos

distúrbios que junto venham a prejudicar a sua postura. Conseqüentemente, o

odontólogo terá uma melhor prática da profissão, em virtude de seu bem estar diante

dos equipamentos.

Muitos estudos foram elaborados analisando as posturas e gestos do

profissional durante a realização de procedimentos odontológicos (FIGLIOLI, 1987;

PORTO, 1994). Entretanto, se faz necessário um aprimoramento destes estudospara uma melhor conscientização preventiva, uma educação precoce dos mesmos

de modo a levá-los a novas condições posturais e melhor desempenho profissional.

Sendo assim, observa-se a importância de se realizar tal estudo, objetivando

verificar os hábitos posturais dos profissionais de odontologia, as causas dos

desconfortos físicos e as regiões corporais mais acometidas.

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1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO 

Esta pesquisa delimitou-se em verificar a principais queixas e posturas

constrangedoras ocupacionais que acometem os odontólogos com pelo menos 5anos no mercado de trabalho.

Utilizou-se um questionário com 43 questões, abertas e fechadas, aplicadas

individualmente. Foram questionados 21 profissionais de odontologia do bairro

Ipiranga da cidade de São Paulo, de ambos os sexos, que atuam nas Clínicas

presentes no bairro, com idade que variam de 28 a 34 anos.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 POSTURA CORPORAL

Postura é um termo geral definido como uma posição ou atitude do corpo no

espaço, não apenas na posição ereta. É a disposição relativa das partes do corpo

para uma atividade específica, uma maneira característica de sustentar o próprio

corpo (SMITH, WEISS; LEHMKUHL, 1997; MAFFAT; VICKERY, 2002; KISNER;

COLBY, 1998).

É um conceito dinâmico e não estático. Raramente o corpo permanece

parado mais do que alguns momentos e, com freqüência, ele realiza movimento de

grande variedade de extensão e direção. Dessa forma, a posição estática serve para

simplificar e explicar os mecanismos posturais. É considerada correta quando é

utilizada com máxima eficiência e mínimo esforço. Quando uma pessoa apresenta

uma postura não compatível, todo o sistema vertebral e tecidos correlacionados

estarão descompensados, iniciando assim a indução de uma dor e limitação de

movimento (CAILLIET, 1985; GENOVESE; LOPES, 1991).

Portanto, as posturas são usadas para realizar atividades com a menor 

quantidade de energia. Assim, postura e movimento são intimamente associados; o

movimento começa em uma postura e pode terminar em outra. Na função normal, os

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“pontos” e ajustes posturais são rápidos e automáticos (SMITH, WEISS; LEHMKUHL

1997).

Elas, ainda, têm importantes implicações na saúde e no bem-estar geral degrande parte do corpo por determinar a quantidade e a distribuição do esforço sobre

os vários ossos, músculos, tendões, ligamentos e discos. A “boa postura” mantém o

esforço em seu mínimo, distribuindo-o para as estruturas mais aptas a suportá-lo. Já

a “má postura” tem efeito contrário, aumentando o estresse total, distribuindo-o para

estruturas menos capazes de suportá-lo (MAFFAT; VICKERY, 2002).

As costas e a região lombar são extremamente sensíveis a boa ou a má

postura. Qualquer má postura coloca as costas e o pescoço em risco de vários

distúrbios. Alguns tipos de má postura também deslocam a escápula, interferindo

com o livre movimento da articulação do ombro; pode provocar dor de curta duração

em uma ou mais áreas; exacerbar algum problema já existente; ser for continuada

ou repetida pode originar dor crônica e graves danos a longo prazo (MAFFAT;

VICKERY, 2002).

2.1.1 POSTURA SENTADA

A postura sentada, principal utilizada pelos odontólogos atualmente, apesar 

de ser adequado, todavia, foi identificada como um fator de risco para a coluna

vertebral e isto incitou certos terapeutas a aconselhar a “viver o ritmo das posições

sentadas”, interpondo períodos de repouso e marcha entre as obrigações do

trabalho sentado (VIEL; ESNAULT, 2000).

De acordo com os mesmos autores, a lombalgia e a cervicalgia, assim como

insônia e as dispepsias são consideradas “pequenos males” para os quais a

medicina não oferece um tratamento convincente. Por essa razão, saber proteger a

coluna é um conhecimento essencial.

A postura na posição sentada requer menor gasto de energia e impõe menor 

carga sobre o membro inferior em comparação com a posição em pé. Contudo,

posições sentadas prolongadas podem ter efeitos prejudiciais sobre a coluna

lombar. Sentar sem suporte é similar a ficar em pé, já que ocorre maior atividade na

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2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DA POSTURA

Segundo Barros (1991) e Rio (2000), na posição sentada, os músculos

dorsais e ventrais em maior grau, são os mais requisitados e a superfície de apoiopropriamente dita, são os ísquios, ossos que fazem parte da pelve e se localizam na

região glútea.

A postura correta reduz sensivelmente a carga da coluna vertebral. Discos

intervertebrais, tendões, articulações e músculos das costas descarregam o peso

sobre a coluna vertebral, a qual recupera-se melhor na posição deitada. Nesta

posição, o sistema biológico do disco intervertebral relaxa e absorve líquido

aumentando seu volume e melhorando, assim, a sua função de defesa. Desse

modo, alternâncias entre cargas e descargas sobre os discos é a condição para a

saúde da coluna vertebral (HAMILL; KUNTZEN, 1999).

Em vista lateral, a coluna normal exibe curvaturas fisiológicas de

concavidades anterior (região torácica) e posterior (região cervical e lombar)

(KAPANDJI, 1980).

Na postura sentada, a parte inferior da coluna, a lordose lombar, é reduzida,

sofrendo uma diminuição ou eliminação de sua curvatura fisiológica, tornando-se

reta ou mesmo invertendo-se. Assim, diminui-se o espaço existente na parte da

frente das vértebras e aumenta-se o de trás, forçando o núcleo pulposo, que estava

no centro do disco, para trás (Figura 1) (COURY, 1995).

FIGURA 1 – Lordose lombar na postura sentada e em pé.

FONTE – COURY (1995)

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Nessa postura a pressão dentro do disco aumenta em 35%, ocorre um

alongamento das estruturas posteriores da coluna, ligamentos e nervos,

especialmente o nervo espinhal, que submetido à tração, recebe menos sangue

para a sua nutrição, podendo sofrer alterações na sua função. Esse processo ocorre

quando a pelve é roda posteriormente em torno de 10° e a lordose lombar diminui

em média 38°, principalmente quando sem apoio lombar adequado. Quanto menor 

for o ângulo entre o tronco e as coxas, maior tenderá a ser a pressão dentro do

disco (RODGHER, COURY; SANDE, 1996; CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,

2001).

As mensurações realizadas por Schoberth (apud VIEL; ESANULT, 2000, p.5)demonstram que, quando sentado numa superfície horizontal (90°), não se

consegue obter 90° de flexão dos quadris, mas somente 60° e que os 30° restantes

devem ser realizados pela região lombar baixa, daí a retificação da lordose ou o

aparecimento de uma cifose lombar.

Esses fatores, ocasionados pela postura sentada e a ação de se inclinar para

a frente, aparentemente benigna, associados ao processo de envelhecimento e a

permanência na mesma posição por longos períodos de tempo, tem comoconseqüência a pressão intradiscal que pode levar a alterações do disco, como a

hérnia de disco causada por microtraumatismos repetidos, que levam a um aumento

nos elementos fibrosos do anel e uma diminuição do número relativo de elementos

elásticos (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997; VIEL; ESNAULT, 2000).

A hérnia de disco sempre foi uma lesão associada a trabalho pesado,

contudo, alguns estudos recentes têm relatado cada vez mais esse distúrbio em

indivíduos que trabalham na postura sentada (VIEL; ESNAULT, 2000).

Além disso, a permanência prolongada nessa postura tende a reduzir a

circulação de retorno dos membros inferiores, promover desconfortos na região do

pescoço, quando este permanecer estático, e nos membros superiores,

principalmente quando são executados movimentos repetitivos ou associados ao

uso de força (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).

Coury (1995) aborda algumas conseqüências da postura sentada sobre as

pernas e membros superiores:

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Quanto as pernas, o principal problema na postura sentada é a

dificuldade de retorno venoso, que com o passar do tempo leva a uma diminuição da

temperatura nas pernas, sensação de formigamento, dormência, dor e inchaço. Um

indivíduo (sem qualquer problema circulatório) que trabalha 8 horas por dia, fazendo

intervalos normais para almoço e lanche, chega ao final da jornada de trabalho com

um aumento de até 5 a 7% no volume total de suas pernas.

Quanto aos membros superiores, a postura inadequada, ausência de

descanso, mobília e equipamentos mal projetados, repetição de movimentos, uso de

força excessiva nos movimentos, posturas fixas por longos períodos, são as

principais causas das dores e desconfortos. Quando se trabalha sentado, existemdois movimentos do braço que ocorrem com freqüência: o deslocamento do braço

para frente e o deslocamento do braço para o lado; esses movimentos são

prejudiciais quando forem amplos e freqüentes.

2.2.1 MEMBROS SUPERIORES NA POSTURA SENTADO

Com relação ao ombro, segundo Coury (1995) a contração muscular estática

prolongada torna os músculos doloridos ou mesmo inflamados, sobrecarregando os

tendões. Se o braço for afastado do corpo, o ligamento córaco-acromial se atrita aos

tendões do ombro que passam entre o osso e o ligamento (Figura 2).

FIGURA 2 – Atrito entre tendão e ligamento pelo afastamento do braço.

FONTE – COURY (1995)

Se o braço for afastado do corpo mais que 60°, num nível acima dos

cotovelos, resulta em abdução dos ombros, com aumento do estresse sobre estas

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articulações, assim como sobre os músculos da região dos braços e pescoço. Esse

atrito facilita o aparecimento de tendinites, que podem acometer posteriormente as

bursas, ligamentos e a própria articulação, se os movimentos não cessarem. Os

nervos e vasos sangüíneos também podem ser afetados, dando a sensação de

formigamento e dor que podem ser sentidos localmente ou de forma referida nas

mãos, punhos e coluna (Figura 3). Recomenda-se um ângulo de abdução dos

ombros de 15° a 20° ou menos para trabalhos prolongados (CHAFFIN, ANDERSON;

MARTIN, 2001; COURY, 1995).

FIGURA 3 - Conseqüências do afastamento do braço maior que 60° .

FONTE – COURY (1995)

Os movimentos do cotovelo e punho, extensão ou flexão, particularmente os

do punho, são perigosos, principalmente quando maiores de 25°, por causar atrito

entre os tendões, ligamentos e ossos, que podem levar a dor, dormência,

formigamento e diminuição de movimento. Estes podem ser desencadeados

também pelos movimentos repetitivos de pinça (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,

2001; COURY, 1995).

Saquy e Pécora (1996) recomendam como ideal, a inclinação média da

coluna vertebral no sentido anteroposterior, justificando que nesta posição é menor o

grau de exigência dos músculos de sustentação e conseqüentemente há menor 

fadiga muscular.

Figlioli e Porto (1987) e Chaffin, Anderson e Martin (2001) recomendam que

os pés permaneçam completamente apoiados sobre o solo, distribuindo o pesouniformemente, reduzindo a carga sobre as nádegas e sobre a região posterior das

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coxas, além de manter a posição de equilíbrio. Pois, a pressão aplicada na região

poplítea pode levar a edema das pernas e pressão sobre o nervo ciático.

Aconselham, também, que as coxas devem estar paralelas ao chão e oângulo formado entre a perna e as coxas deve estar entre 90° e 120°, pois quanto

mais aumenta essa angulação, maior será a compressão da circulação venosa de

retorno, o que causa desconforto e favorece o aparecimento de varizes nos

membros inferiores. Referem, ainda, que a posição da cabeça do dentista deve ser 

ligeiramente inclinada para frente e para baixo, evitando a curvatura excessiva do

pescoço, e a distância média recomendada entre os olhos do profissional e a boca

do paciente deve ser de 30 a 40 cm.

2.2.2 SOBRECARGAS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO SENTADO

Por melhor que seja o posicionamento sentado ele impõe carga biomecânica

significativa sobre os discos intervertebrais, principalmente lombares. Se o trabalho

proporciona pouca movimentação, uma carga estática sobre certos segmentos

corporais é produzida e, mesmo não sendo intensa, se for muito prolongada

associada à inércia músculo-ligamentar causa fadiga (BAÚ, 2002).

Para Chaffin, Anderson e Martin (2001) em geral, a postura de um indivíduo

sentado depende não somente do formato da cadeira, mas também dos hábitos

pessoais de postura e da tarefa a ser desenvolvida, pois, sentar-se corretamente

não é uma atitude contemplada pela nossa cultura e, quando um indivíduo

permanece nesta posição por mais de quatro horas diárias, sua postura poderá

afetar pescoço, ombros e costas, bem como membros inferiores. Além disso, a

altura e a inclinação do assento da cadeira, a posição, forma e inclinação do encosto

e a presença de outros tipos de apoio influenciam na postura. É relevante que a

cadeira permita alterações posturais, pois pequenas mudanças nas dimensões e na

organização do ambiente de trabalho podem mudar, consideravelmente, a postura

ideal e, além disso, não há uma única postura ideal e, mesmo uma postura de

repouso não pode ser mantida indefinidamente.

Um posicionamento que seria correto na posição sentada é a seguinte:

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Pescoço com flexão até no máximo de 30o, sendo ideal o alinhamento

com 10o de flexão, onde a musculatura dos olhos está na posição de menor 

exigência, evitando atividade lateralizada da cabeça e torções (ocorre redução do

espaço do forame de conjunção pela postura, no lado da lateralização, provocando

dores musculares e, com o tempo possíveis lesões das articulações intervertebrais);

Ângulo tronco-coxa em torno de 100° a 110o, preferindo utilizar o

encosto do assento, onde reduz significativamente a sobrecarga dos discos

intervertebrais lombares e a tensão sobre cervical e cintura escapular;

Ângulo coxa-perna em torno de 90° a 120°;

Braços na posição vertical, alinhados ao tronco, formando um ângulo

de 90° a 110o com antebraços, sendo para atividades leves de esforço;

Punho em alinhamento natural com antebraços, evitando flexão ou

extensão extrema, ou seja, variando de 0° a 20o, tanto para flexão como para

extensão – estudos relatam que o ponto neutro do túnel do carpo é de 10o de flexão

(BAÚ, 2002).

2.2.3 DISTÚRBIOS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO

De acordo com Baú (2002) além da predisposição, o hábito de manter 

posturas extremas e sua freqüência durante o trabalho levam o indivíduo a

desenvolver certas patologias músculo-esqueléticas, tais como:

Tendinite do Ombro – manutenção de ombros elevados e/ou abduzidos

acima de 45o, onde entra o esforço do músculo supra-espinhoso;

Tendinite do Ombro e Síndrome do Desfiladeiro Torácico – braços

mantidos acima do nível;

Tendinite do Bíceps – antebraços fletidos sobre os braços

acompanhado de posição supina dos antebraços;

18

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Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo – extensão mantida

de punho;

Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo e Epicondilitemedial – extensão de punho associado à força;

Doença de DeQuervain – desvio do punho na direção ulnar;

Fadiga e Dor no Trapézio – braços mantidos em sustentação;

Tendinite da Face Ventral do Punho – flexão repetitiva dos dedos do

carpo;

Tendinite da Face Dorsal do Punho – extensão do carpo e dedos;

Tendinite dos Finos Tendões Flexores dos Dedos e Nódulos –

compressão mecânica na superfície ventral dos dedos ou carpo.

2.2.3.1 DOR

De acordo com Guyton (2003) a dor é um mecanismo protetor do corpo.

Ocorre sempre que qualquer tecido é lesado, e determina uma reação do indivíduo

para remover o estímulo doloroso.

Entretanto, não existem termos específicos que permitam descrever uma dor,

e a vítima de um desconforto sério é obrigada a lançar mão de analogias

freqüentemente descritivas: dor em queimação, picada, torcer, transfixante,fulgurante, paralisante etc. sendo a descrição imprecisa (VIEL; ESNAULT, 2000).

Na Figura 4, anatomicamente, estão assinaladas as percentagens de

incidência das dores que afligem indivíduos que trabalham na postura sentada.

Nenhuma parte do corpo escapa de uma incidência menor ou maior de dor quando o

assento não proporciona o devido suporte à estrutura óssea e, associado à postura

incorreta, causa pressão indevida sobre os tecidos moles do corpo interferindo na

circulação sangüínea (VOTELLER, 2002).

19

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FIGURA 4 – Porcentagem de incidência de dor causada na postura de trabalho sentada.

FONTE – Voteller, 2002

A dor é uma qualidade sensorial complexa, freqüentemente não relacionada

ao grau de lesão tecidual. A interpretação da sensação dolorosa envolve não

apenas os aspectos físico-químicas a nocicepção, mas também os componentes

sócio-culturais dos indivíduos e as particularidades do ambiente onde o fenômeno

nociceptivo é experimentado. Para que ocorra é preciso que haja a transformação

dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas

periféricas, são transferidos para o SNC (Sistema Nervoso Central) (TEIXEIRA,

1994; RANNEY, 2000).

A dor não é devida a estimulação excessiva de todos os nervos sensitivos

presentes, mas ao estímulo de fibras específicas para a dor (SELKURT, 1986).

Os receptores nociceptivos ou receptores da dor são representados por 

terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas finas A-delta e

amielínicas C. De acordo com Ranney (2000) essas pequenas fibras C

desmielinizadas são sensíveis nos tecidos após trauma. Os nociceptores

relacionados com as fibras C respondem a estimulação mecânica, térmica e/ou

química de forma lenta e, os relacionados as fibras A-delta, a estimulação mecânica

e/ou térmica de forma rápida. A atividade dos receptores nociceptivos é modulada

pela ação de substâncias químicas algogênicas, neurotransmissores, (acetilcolina,

prostaglandinas, histamina, serotonina, bradicinina, substância P, entre outras)

liberadas nos tecidos, em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos e/ou

20

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isquêmicos. Das substâncias químicas a bradicinina parece ser a mais dolorosa de

todas. Por esta razão, muitos pesquisadores sugeriram que a bradicinina poderia ser 

o agente individual mais responsável por provocar o tipo de dor de lesão tecidual

(TEIXEIRA, 1994; RANNEY, 2000).

Ao chegarem a medula espinhal pelas raízes espinhais-dorsais, as fibras de

dor sobem e descem pelo feixe de Lissauer, onde as fibras projetam-se nas

unidades celulares do corno posterior da substância cinzenta na medula. Da medula

espinhal, os sinais de dor seguem por duas vias diferentes até o encéfalo. Pelo feixe

neoespinotalâmico, que conduz as fibras rápidas tipo A-delta, unilateral, mas que

cruza, terminando algumas fibras nas áreas reticulares do tronco cerebral e outrasno tálamo, terminando em sua maior parte no complexo ventrobasal , de aspectos

discriminativos. E, pelo feixe paleoespinotalâmico, que transmite a dor de forma

lenta através das fibras tipo C, trajeto bilateral que distribui amplamente a inflamação

álgica terminando difusamente no tronco cerebral e apenas um décimo das fibras

seguindo até o tálamo, terminando também em múltiplas áreas do bulbo, na ponte e

no mesencéfalo, relaciona-se com aspectos emocionais da dor. Ambos os feixes

cruzam para o lado oposto da medula pela comissura anterior e depois sobem ao

encéfalo pelas colunas ântero-laterais (GUYTON, 2003).

A informação para o cérebro não depende só do estímulo direcionador 

aferente, mas também das influências moduladoras de neurotransmissores que

atuam sobre o sistema. Observou-se que o estresse emocional de indivíduos no

momento da lesão altera os sintomas. Registros indicam que durante a guerra ou

em catástrofes, os pacientes gravemente feridos não sentiam nenhuma dor no

momento da lesão, devido ao estresse ou à emoção. Isso indica que os impulsosneurais descendentes, que se originam do cérebro e atuam sobre as células, na

medula, podem determinar quais os tipos de impulsos ascendentes alcançarão o

cérebro (SELKURT, 1986).

Se a transmissão do impulso nociceptivo pode ser modulada ao nível da

medula espinhal, a transmissão total da dor pode ser bloqueada (p. ex., a

administração intratecal de um anestésico local pode ser efetuada para o bloqueio

de todo impulso sensitivo). Embora os neurotransmissores preferenciais à medula

espinhal não sejam bem conhecidos, é bem sabido que opiáceos exógenos, como a

21

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morfina, atuam preferencialmente nas fibras A-delta/C nos receptores de opiáceos, e

atuam no bloqueio da descarga dos impulsos da dor pelas fibras A-delta/C. Hoje já é

sabido que o corpo possui substâncias endógenas próprias denominadas endorfinas

que exercem a mesma ação que os alcalóides opiáceos exógenos no bloqueio da

atividade evocada pelas fibras A-delta/C inibindo seletivamente a dor (O’SULLIVAN;

SCHMITZ, 1993).

2.2.3.2 CERVICALGIA TENSIONAL

É uma desordem orgânica e funcional provocada pelo trabalho repetitivo,aumentando a carga muscular estática, secundária a postos de trabalho

inadequados (Ex. flexão acentuada cervical ou extensão) ou falta de orientação

postural no trabalho (BAÚ, 2002).

O indivíduo sente dor na região cervical e ombros, cefaléia, fraqueza que é

mais evidente nas fibras superiores do músculo trapézio e fadiga muscular, além de

parestesia e tontura. Apresenta-se com contratura da musculatura cérvico-torácica

com “nódulos” (pontos gatilhos) dor a palpação, limitação da movimentação cervical

e redução da lordose cervical e ombros deprimidos (BAÚ, 2002).

2.2.3.3 LOMBALGIAS

A coluna vertebral é a estrutura que permite o amortecimento de cargas, tanto

aquelas decorrentes de pesos colocados sobre a cabeça ou carregados pelospróprios membros superiores, como aquelas decorrentes de pancadas. Devido ao

fato dos músculos das costas estarem próximos ao centro de apoio (alavanca) na

hora de elevar um peso do chão com as costas dobradas (sem dobrar os joelhos) os

músculos têm que desenvolver uma força dezessete vezes maior que o peso da

carga que está sendo elevada. Os discos intervertebrais, que são 23, são estruturas

encarregadas de amortecer cargas e pressões ao longo da coluna vertebral, sendo o

mais importante o último disco (entre a quinta lombar e o osso sacro) onde a

sobrecarga é maior na hora do esforço (BAÚ, 2002).

22

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Os movimentos mais agressivos para a coluna lombar são:

Abaixar-se e elevar-se com torção do tronco, isto aumenta imensamente a

pressão dentro do disco intervertebral e exige muito da musculatura,causando dor;

Flexionar as costas para apanhar um objeto com os joelhos estendidos, os

joelhos devem ser dobrados na hora de elevar um objeto, para reduzir a

sobrecarga lombar;

Permanecer muito tempo em uma única posição, tanto sentado quanto em

pé, isto aumenta a produção de ácido lático nos músculos, causando dor;

Elevar um peso longe do corpo. Todo peso deve ser elevado e transportado o

mais próximo possível do tronco e de maneira simétrica, distribuindo igual,

nunca só de um lado;

Movimentos amplos, quando o indivíduo apresenta encurtamento muscular,

por exemplo, não consegue alcançar as mãos até o chão com joelhos

estendidos, isto predispõe a distensões musculares por falta de alongamento,aumentando o esforço nas alavancas da coluna vertebral.

Quando a carga do trabalho ultrapassa a capacidade aeróbica (boa

oxigenação dos tecidos) as pausas se tornam indispensável como forma de

prevenção da fadiga crônica. Quantos mais freqüentes as pausas, mesmo de curta

duração, permite ao indivíduo manter seu ritmo de trabalho por longo tempo com

melhor qualidade física e com uma quantidade total de trabalho bem maior do que

se a atividade fosse desenvolvida de forma contínua (BAÚ, 2002).

Índices demonstram que 80% da população é afetada por lombalgias entre os

30 e 40 anos. Associado a má posturas e manuseios ocupacionais inadequados,

elas aparecem precocemente, com casos de jovens de 20 anos de idade, que à

primeira instância são robusto e suportam um ritmo com maior cadência de trabalho,

porém como qualquer indivíduo, também têm limites e, acabam muito cedo com

danos precoces, como: desgaste intervertebral, levando a artrose, antes mesmo da

23

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estabilização estrutural da coluna que ocorre por volta dos 25 anos de idade (BAÚ,

2002).

2.2.4 POSTURAS ADOTADAS NO TRABALHO ODONTOLÓGICO

O objetivo da ergonomia na odontologia é obter meios e sistemas para

prevenir fadiga, oferecer maior conforto e simplificação do trabalho, tanto para o

cirurgião-dentista quanto para o paciente, ou seja, racionalização do trabalho

odontológico, diminuído estresse físico e mental, prevenindo doenças relacionadas

com a prática odontológica (BARROS, 1991; RIO, 2000).

São preconizadas diversas posições e posturas para o cirurgião-dentista ter 

melhor acesso e visibilidade. As posições de trabalho podem ser classificadas

numericamente de acordo com o esquema gráfico ISO (Inténacional Standard 

Organization) e pela FDI (Fedération Dentaire Internacionale) que descrevem o

espaço físico de um consultório, onde o dentista deve trabalhar.

O esquema consiste no mostrador de um relógio imaginário colocado sobre a

cadeira odontológica, com o número 12 sobre o apoio da cabeça da mesma e o

número 6 sobre a outra extremidade, isto é, no local onde ficam os pés do paciente,

como demonstrado na Figura 5. Conforme o número do mostrador para o qual

estiver voltada a costa do dentista no momento de trabalho, será denominada a

posição de trabalho. Em torno do centro, a partir da boca do paciente na cadeira

odontológica, são traçados três círculos concêntricos de raios 0,5, 1,0 e 1,5 metros.

Assim, o eixo 6-12 horas divide a sala em duas áreas: à direita (área do dentista) e à

esquerda (área do auxiliar) (FLENK, 1989; IIDA, 1990).

De acordo com Iída (1990) a área limitada pelo círculo de 0,5 de raio ou 1,0

metro de diâmetro, corresponde a chamada área de transferência, onde tudo que se

transfere à boca do paciente deve estar situado nesse espaço, como os

instrumentos e as pontas do equipo. Também devem estar aí dois mochos para o

cirurgião e auxiliar. O círculo de 1,0 metro de raio limita a área útil de trabalho

(espaço máximo de pega) que pode ser alcançado com movimentos, com o membro

superior estendido. É onde devem estar localizadas as mesas auxiliares e o corpo

dos equipos. O círculo maior limita a área total do consultório, que não deve,

24

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horas. Também pode ser usada para tratamento na maxila reclinando-se o apoio de

cabeça e levando a cabeça do paciente para baixo. Porém, nesta posição a cabeça

do paciente deve sempre estar voltada para o dentista e o auxiliar na posição de 1 a

3 horas.

Em estudo sobre os problemas relacionados com a postura, Figlioli (1987)

verificou que as posições mais vantajosas, na visão ergométrica, para o cirurgião-

dentista são as de 9 e 11 horas, movimentando-se o apoio da cabeça do paciente de

modo a oferecer máximo acesso, visibilidade e conforto para ambos.

Barros (1991) e Rio (2000), referem que a postura sentada dinâmica, a qual

permite alterações contínuas, auxilia na redução da fadiga, oferece estabilidade,

maior equilíbrio além de deixar livre os pés para controle dos pedais.

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL

De acordo com Bautzer e Bautzer (1987) a profissão odontológica teve um

início modesto, preocupando-se, apenas, com o cuidado com o dente. Decorridoalgum tempo, sobreveio à compreensão de que o paciente é um todo e não apenas

um dente. Isto ampliou o campo de ação de seus profissionais, pois o dente esta

implantado em um osso e aderente à gengiva, relacionado a uma boca, língua e

todos os seus anexos, constitui parte indivisível de um organismo vivo.

Cabe a este profissional, não só o zelo pela saúde do seu paciente, bem

como, manter este nos padrões estéticos adequados socialmente, prevenir 

processos patológicos através de orientação educativa, e acima de tudo, fornecer a

orientação referente a higienização bucal adequada, tudo em processos

individualizados, usando para isto técnicas adequadas para cada paciente, seja qual

for a sua especialidade.

Portanto, muitas vezes, o odontólogo constantemente encontra-se envolvido

com problemas que colocam o paciente e o profissional em condições

desconfortáveis e até mesmo dificultando sua atuação.

26

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Apesar da evolução da tecnologia, esses profissionais continuam sendo uma

classe que apresenta grandes incidências de afastamento do trabalho. E um dos

motivos é a má postura, associado a repetição e manutenção dos mesmos

(SANTOS; BARRETO, 2001).

3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Este trabalho caracteriza-se por ser uma pesquisa de campo de natureza

descritiva, na qual o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem

nela interferir para modificá-la; interessa-se em descobrir e observar fenômenos e

procura descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (LAKATOS; MARKONI, 1990).

Foram seguidos os seguintes procedimentos:

Entrevista com o Profissional da Odontologia, explicando-lhe os

objetivos e finalidades da pesquisa e requerimento de autorização do mesmo (Anexo

1);

Visita ao serviço da clínica odontológica para análise ambiente;

Aplicação do questionário individual, com propósito de caracterizar a

população em estudo, conhecer as características do trabalho, sintomas de dor,

relação com o desconforto postural e a vida atual;

Avaliação dos dados coletados e elaboração do diagnóstico dasituação de trabalho;

3.2 POPULAÇÃO 

A população foi composta por indivíduos de ambos os sexos, com idade

variando de 28 a 34 anos, que atuam no Bairro Ipiranga da cidade de São Paulo –SP.

27

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3.3 AMOSTRA

A amostra analisada foi formada por Odontólogos, que atuam no mercado de

trabalho, pelo menos, há 5 anos, na cidade de São Paulo – SP, realizando

atividades de clínica geral e especialidades e que responderam ao questionário.

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 

Utilizou-se inicialmente para a coleta de dados um questionário do tipopadronizado, cujas “perguntas são apresentadas a todas as pessoas com as

mesmas palavras e na mesma ordem” (LAKATOS; MARKONI, 1990). Foram

abordados três módulos constituídos por questões abertas, fechadas e mistas

(Anexo 2), já validado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em 1991) ao

ser submetido à apreciação de cinco fisioterapeutas e cinco profissionais de

fisioterapia da Unioeste, que analisaram-no a partir dos critérios a seguir:

INVÁLIDO POUCO VÁLIDO VÁLIDO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Na análise dos dados adotou-se os seguintes critérios: os módulos que

receberam nota de zero a quatro foram excluídos, os com nota entre cinco e sete

reformulados, e os com nota entre oito e dez mantidos com a redação original.

Obteve-se no questionário um índice de clareza e validade de 9,18.

Para avaliar a fidedignidade, o questionário foi entregue a dez odontólogos,

os quais não fizeram parte da amostra do estudo.

3.5 COLETA DE DADOS 

A coleta de dados teve seu início com a revisão da literatura que foi realizada

através de revistas especializadas, artigos, dissertações e livros das áreas aqui

tratadas.

28

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O questionário foi aplicado pelos autores a cada Odontológo do Bairro

Ipiranga, individualmente. Os dados foram coletados no local de trabalho dos

mesmos durante horário de atendimento.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO QUESTIONÁRIO 

De acordo com os resultados obtidos do estudo, no que diz respeito ao

gênero e a idade, constatou-se que 42% dos profissionais de odontologiaquestionados eram do sexo masculino e 58% do sexo feminino; sendo a amostra

constituída de 21 Profissionais de Odontologia do bairro Ipiranga. A faixa etária

variou entre 28 e 34 anos de idade, onde a média de idade é de 30 anos. Quanto à

lateralidade, 100% dos profissionais questionados tem dominância destra.

Todos os dentistas questionados atuavam pelo menos 5 anos no mercado de

trabalho. Os mesmos cumpriam uma carga horária de atendimento, na Clínica, em

média de 8,3 horas, onde dois (10%) profissionais realizam 5 horas de atendimentopor dia, dois (10%) realizam 6 horas, quatro (19%) 10 horas, e treze (61%) realizam

8 horas diárias de atendimento (Figura 6); cinco dias por semana com uma média de

10 pacientes por dia. Os atendimentos eram realizados no período da manhã, tarde

e noite.

FIGURA 6 – Horas dispendidas ao atendimento na Clínica

29

10%

10%

61%

19%

Cinco horas Seis horas Oito horas Dez horas

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Fonte – Autores

Os profissionais realizam atividades de clínica geral (cirurgia, dentística,

periodontia, e outros) conforme necessidade do paciente. O maior relato de

desconforto é para a atividade de endodontia com 47,6% (dez profissionais) seguida

pela periodontia com 38,1% (oito profissionais) e dentística com 14,3% (três

profissionais) (Figura 7).

Figura 7 – Procedimentos de maior queixa de desconforto

FONTE - Autores

As posturas mais adotadas pelos dentistas pesquisados durante o

atendimento podem ser visualizadas na Figura 8. As posições de maior desconforto

são a manutenção da abdução e elevação do ombro, com flexão de cotovelo e

punho, anteriorização exagerada e rotação de tronco.

30

Endodontia Periodontia Dentística

47,60%

38,10%

14,30%

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FIGURA 8 – Posturas adotadas pelos dentistas pesquisados durante atendimento na Clínica

FONTE - Autores

Como pode ser observado, a maioria dos odontólogos pesquisados realizam

as atividades clínicas na postura sentada, com anteriorização de tronco, rotação

cervical, flexão de cotovelo e punho direito e esquerdo, mantidos e repetidos por longos períodos, preferindo a posição, segundo a classificação ISO/FDI, de nove

horas, para a maioria dos procedimentos, e com o ângulo formado entre a região

posterior da coxa e da panturrilha entre 90° e 115° (Figura 9). Isso pode levar a

desconfortos e distúrbios posturais futuros para essa classe profissional. Os

sintomas que os mesmos já apresentam podem ser vistos na Figura 10, onde o

principal desconforto referido é o cansaço muscular (vinte e um profissionais – 25%)

e dor incaracterístico após período de atendimento (dezoito – 22%).

FIGURA 9 – Posições mais adotadas pelos profissionais durante atendimento segundoClassificação ISSO/FDI

31

5

21 2120

1716

15

19

13

21

17

20

16

Em Pé Sentado

Sentado com Anteriorização Tronco Sentado com Rotação Tronco

com Rotação Cervical Com Abdução Ombro D

Com Abdução Ombro E Com Elevação Ombro DCom Elevação Ombro E Com Flexão Cotovelo D

Com Flexão CotoveloE Com Flexão Punho D

Com Flexão Punho E

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FIGURA 11 – Locais de dor e desconforto referido pelos profissionais relacionados às atividades na Clínica

1  3  

1  0  

9  

7  

6  

4  

5  

Cervical

Dorsal

Lombar 

Ombros

Punhos/Mãos

Joelhos

Tornozelos/Pés

FONTE - Autores

Outros sintomas referidos são fadiga física, irritabilidade, nervosismo e

ansiedade, sendo até citada a falta de interesse pela atividade profissional e

depressão (Figura 12).

FIGURA 12 – Outras manifestações relatadas pelos profissionais de Odontologia do Bairro Ipiranga

2 0 

6  6 8  4 6 3  3 

Fadiga FísicaAnsiedadeFadiga PsíquicaIrritabilidadeInsôniaNervosismoPerda de interesse pelas atividades acadêmicasDepressão

FONTE - Autores

Todos os profissionais questionados têm conhecimento dos equipos utilizados

e das vantagens ergonômicas dos mesmos para a postura, como por exemplo, o

uso encosto do mocho, entretanto, 47,6% dos entrevistados não utilizam o encosto

alegando que com a anteriorização do tronco tem-se um melhor acesso e

visibilidade do campo operatório. A Tabela 1 mostra outros motivos da não utilização

33

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do encosto, dado pelos profissionais. Somado a isso, o tempo prolongado nesta

postura, sem apoio lombar, muitas vezes com a pelve rodada para frente, faz com

que a região lombo-sacra e os ílios sofram uma deformação, que juntamente com a

imobilidade prolongada, agrava as dores e leva a patologias dessa região (HUET;

MORAES, 2002).

Tabela 1 – Motivo da não utilização do encosto

MOTIVO Freqüência Porcentagem

Esquecimento 2 20%

Falta de Hábito 2 20%

Dificuldade para Visualização 6 60%TOTAL 10 100%

Quando questionados com relação as prováveis causas de desconfortos,

todos são unânimes em afirmar que as posturas incorretas durante o atendimento,

juntamente com a manutenção por um longo período são as principais “vilãs”.

Entretanto, a grande maioria dos profissionais refere não fazer nada para mudar ou

aliviar sintomas (45%) alguns referem solicitar auxílio de outro profissional ou auxiliar 

(18%) ou até mesmo diminuir o tempo de cuidado com o paciente (17%) outrosreferem procurar utilizar melhor a mecânica corporal (20%).

Dentre os profissionais questionados, apenas dois, ou seja, 9,5% procuraram

auxílio médico e fisioterapêutico por causa dos sintomas.

O tipo de visão utilizada pelos dentistas pode estar denotando a inter-relação

entre instrumentos de trabalho, modo de realização da atividade e esforço físico. A

visão indireta, isto é, utilizando-se o espelho durante os procedimentos, foiassociado a menores freqüências de dor no pescoço, possivelmente porque o

espelho facilita e ameniza os movimentos para exame da cavidade oral (SANTOS,

2001). Como poucos profissionais utilizam a visão indireta (33%, 8 profissionais)

teve-se nesta pesquisa uma alta incidência de dor cervical (24%). A associação

inversa entre queixa de dor no ombro e altura dos indivíduos pode ser explicada pelo

menor esforço dos profissionais mais altos para o alcance e manuseio dos

instrumentos e do paciente, o que confere com o questionário aplicado aos

34

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Vale salientar que a maioria dos profissionais, independente da posição

adotada, não faz uso de posturas corretas, não realiza atividade física nem pausas

durante os atendimentos, o que facilita a instalação de distúrbios posturais.

Outrossim, a própria terapêutica odontológica leva o profissional a adotar 

posturas, muitas vezes constrangedoras, para poder ter melhor acesso e visibilidade

do campo operatório. Geralmente, colocam-se na posição de 11 e 9 horas (ISO/FDI)

ao lado do paciente o que exige durante o atendimento que o operador faça muitas

acomodações para chegar mais próximo do campo operatório, isso provoca

sobrecargas na coluna vertebral. Muitas vezes, o profissional se coloca numa

postura que mantém altura diferente de ombros, o que leva a maior tensão edesconforto.

A posição de 9 horas, mais adotada pelos profissionais pesquisados, exige

uma inclinação para frente que, dependendo do grau pode ser fisiologicamente

aceitável, pois os braços podem ser mantidos mais próximos do corpo, porém a

perna direita fica impossibilitada de uma maior aproximação. Já na posição de 11

horas a perna esquerda pode entrar por sob o encosto da cabeça e o dentista tem

acesso visual direto dos dentes inferiores e indireto dos superiores. Com isso,conclui-se que devem ser feitas orientações aos profissionais dos benefícios dessa

posição em relação a de 9 horas.

Fica evidente, com a pesquisa, que os profissionais necessitam de orientação

e modificações urgentes quanto as posturas adotadas e aos métodos de

relaxamento e preparação corporal para as sobrecargas no trabalho odontológico a

fim de minimizar e/ou evitar as dores e os problemas posturais decorrentes da

profissão, e proporcionar uma melhor qualidade de vida no trabalho.

Orientações propostas:

Criar trabalhos que esclareçam, conscientizem e orientem os

profissionais, desde o início do curso, quanto aos hábitos posturais

corretos e a importância da ergonomia, para que aprendam a trabalhar 

de forma a evitar problemas posturais futuros;

36

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Orientar a importância de pequenas pausas entre os pacientes, os

quais permitem um relaxamento muscular, pois a movimentação e o

alongamento melhoram o aporte sangüíneo para as regiões tensas,

prevenindo desconfortos posturais;

Incentivar a prática de atividade esportiva, pois a permanência na

postura sentada a maior parte do dia agrava situações estressantes

inerentes a profissão;

Elaboração de um programa de exercícios e alongamentos que possa

ser executado pelos profissionais e profissionais no ambiente de

trabalho;

Orientar a intercalação das várias posições de trabalho, de forma a

evitar as mesmas posturas por longos períodos; evitar posturas

estáticas por muito tempo e movimentos repetitivos; apoiar membros

superiores sempre que possível;

Orientar a utilização correta dos equipos, como o encosto do mocho,

regulação da altura, para uma melhor postura durante trabalho; evitar 

rodar o tronco e pescoço e manter por longo período, prevenindo,

assim, os “encurtamentos“ musculares; utilizar rotação do mocho.

37

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ANEXO 1

REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO

São Paulo, outubro de 2010.

Centro Universitário São Camilo

Av. Nazaré, 1200

Ipiranga – São Paulo – SP

Fone: (011)5062-3154

Prezado Odontólogo

Sou aluno(a) da graduação em Medicina, e atualmente estou desenvolvendo

trabalho de Medicina do Trabalho, cujo tema é “Estudo das sobrecargas posturais

em Profissionais de Odontologia do Bairro Ipiranga da cidade de São Paulo”.

Por esta razão, venho através desta solicitar sua colaboração no sentido deresponder ao questionário em anexo. Outrossim, informo que será garantido

anonimato e sigilo das informações. Contando com a colaboração antecipadamente

agradeço.

Atenciosamente,

________________ 

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Aluno Medicina

ANEXO 2

CENTRO UNIVERSITARIO SÃO CAMILO – CUSC

Trabalho da Disciplina de Saúde do Trabalhador 

Questionário

A. Dados Pessoais:

1.1 Iniciais do nome:___________________________ 

1.2 Data de nascimento:___/___/___ 

1.3 Sexo:( )F ( )M Idade:___ Altura:___ Peso:___  

1.4 Lateralidade: ( )Destro ( )Sinistro

1.5 Tempo Atuação: ( )-5 anos ( )5 anos ( )+5 anos, quantos:___ 

B. Atuação Profissional;

2.1 Período de atividade prática na Clínica de Odontologia:

( )Manhã ( )Tarde ( )Noite

2.2 Quantas vezes por semana:

( )Uma ( )Duas ( )Três ( )Quatro ( )Cinco ( )Seis ( )Sete

2.3 Quantas horas por dia:___________________________

2.4 Qual número de atendimento/dia:__________________

2.5 Que tipo de atividade desenvolve na Clínica Odontológica:______________________

2.6 Qual postura você adota durante esta atividade:

( )Sentada(o) ( )Sentada com rotação do tronco ( )Com rotação Cervical

( )Sentada(o) com inclinação do tronco e região cervical para frente

( )Em pé ( )Elevação lateral do ombro D ( )Elevação lateral do ombro E

( )Com elevação anterior do ombro D ( )Com elevação anterior do ombro E

( )Com flexão do cotovelo D ( )Com flexão do cotovelo E( )Com flexão do punho D ( )Com flexão do punho E

Outros:_______________________________________________________ 

2.7 Se você adota postura sentada(o) qual ângulo aproximado formado na articulação

do joelho:

( )Menor que 90o ( )de 90 a 115o 

( )Maior que 115o (afastando a perna da cadeira)

2.8 O mocho possui encosto: ( )Sim ( )Não

2.8.1 Você usa o encosto: ( )Sim ( )Não

2.8.2 Se não usa, qual o motivo:_______________________________ 

2.9 Qual o lado da cadeira odontológica você atua normalmente:

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( )Direito ( )Esquerdo

2.10 Os equipamentos de manuseio e o mocho ficam a que distância, aproximadamente, da

cadeira odontológica:

( )Menos de um metro ( )Mais de um metro

2.11 Qual a visão adotada durante o atendimento:

( )Direta ( )Indireta

2.12 Realiza intervalos de descanso:( )Não ( )Sim

2.13.1 Qual tempo, freqüência e o que faz durante o intervalo:

_________________________________________________________ 

2.13 Imaginando um relógio, onde o centro é a boca do paciente, estando o paciente na

horizontal, qual a posição adotada durante o trabalho:

( )Posição de sete horas

( )Posição de nove horas( )Posição de onze horas

( )Posição de doze horas

( )Outra posição,

qual:_______________________________________ 

2.14 Realiza alguma atividade física:( )Não ( )Sim

2.14.1 Qual(is) atividade(s):___________________________________ 

2.14.2 Com que freqüência: 2.14.3 Qual a duração da atividade:

( )1vez por semana ( )Menos de 15 minutos

( )2 vezes por semana ( )15 a 30 minutos

( )3 vezes por semana ( )Mais de 30 minutos

( )Todos os dias ( )Há quanto tempo pratica

C. Quanto à Saúde:

3.1 Sente alguma dor ou desconforto físico:( )Não ( )Sim

3.1.1 Onde:( )Coluna cervical ( )Coluna dorsal ( )Coluna lombar 

( )Ombro ( )Cotovelo ( )Punho e mãos

( )Quadril ( )Joelho ( )Tornozelos e pés

( )Outros:______________________________________ 3.1.2 Característica da dor:( )Leve ( )Moderada ( )Intensa

3.1.3 Há quanto tempo vem sentindo dor:______________________ 

3.2 Fatores que pioram a dor:___________________________________

3.3 Fatores que melhoram a dor:_________________________________

3.4 Já apresentou algum(s) dos sintomas a baixo:

( )Dor ( )Cansaço muscular ( )Formigamento

( )Alterações de sensibilidade ( )Queimação ( )Cãibras

( )Perda de força muscular, onde:_________________________________ 

( )Limitação nos movimentos, quais:_______________________________ 

Local:________________________________________________________ 

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3.4.1 Quando eles se apresentam (sintomas):

( )Todos os dias ( )Meio da semana ( )Final de semana

( )Antes do trabalho( )Após o trabalho ( )Durante o trabalho

( )À noite ( )Contínuos ( )Intermitentes

3.5 Na sua opinião qual(is) a(s) causa(s) deste(s) sintoma(s):

3.6 Consultou algum médico por causa dos sintomas:( )Não ( )Sim

3.7 Se visitou, qual dos seguintes distúrbios foi diagnosticado:

( )Tendinite/Inflamação dos tendões

( )Tenossinovite/Inflamação dos tecidos que revestem os tendões

( )Miosite/Inflamação nos músculos

( )Bursite/Inflamação das bursas

( )Epicondilite/Inflamação das estruturas do cotovelo( )Cervicobraquialgia/ Dor na região cervical, referindo-se para o braço

( )Ombro doloroso/Compressão de nervos e vasos na região do ombro

( )Síndrome do túnel do carpo/Comprometimento ao nível do punho

( )Outros:____________________________________________________ 

3.8 Consultou um fisioterapeuta por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim

3.9 Precisou parar com a atividade desenvolvida temporariamente por causa do

distúrbio:( )Não ( )Sim, quanto tempo:________________ 

3.10 Precisou alterar os hábitos de vida:( )Não ( )Sim

3.11 Precisou usar órteses (Talas, bandagens, etc.): ( )Não ( )Sim, qual:

3.12 Ocorrência de outras manifestações durante os sintomas do(s) distúrbio(s):( )Não

( )Sim, qual:

( )Depressão ( )Ansiedade ( )Nervosismo ( )Fadiga física

( )Fadiga psíquica ( )Irritabilidade

( )Insônia ( )Perda de interesse pela atividade profissinal

3.13 Alterações nos hábitos de atendimento:( )Não ( )Sim

3.14 Em caso positivo, o que tem feito para modificar  (marque quantas forem

necessárias):( )Mudança de posição de atendimento freqüente

( )Solicita auxílio de outro profissinal

( )Alteração na jornada de atendimento (redução de tempo de atividade)

( )Pára de atender quando os sintomas se agravam (quantos minutos:___)

( )Diminui o uso de técnicas manuais

( )Faz mais intervalos ou pausas durante a jornada da atividade prática

( )Utiliza melhor a sua mecânica corporal

( )Diminui o tempo de cuidado ao paciente

( )Faz ginástica laboral

( )Outros:____________________________________________________ 

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3.15 No tempo livre, que tipo de atividade realiza:

( )Atividades manuais ( )Trabalhos domésticos leves ( )Tv/vídeo

( )Usa computador ( )Trabalhos domésticos pesados

( )Leitura/estudo ( )Outros:___________________________________ 

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