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TC-GRUPO II – CLASSE IV – Plenário TC-019.116/2005-1 (c/ 3 anexos c/ 18 volumes). Apenso: 002.903/2006-0 Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT Responsáveis: Airton Langaro Dipp (CPF 122.776.730-72), Antônio Osório Menezes Batista (CPF 020.446.505-25), Fundação Universidade de Brasília – FUB (CNPJ 00.038.174/0001-43), Marise Helena Louvison (CPF 768.948.358-53), Maurício Marinho (CPF 126.695.711-15), Sérgio Barroso de Assis Fonseca (CPF 108.362.336-20) e Vera Lúcia Amaral (CPF 038.796.907-15) Advogados: Airton Rocha Nóbrega (OAB/DF 5.369), Breno Rocha Pires e Albuquerque (OAB/DF 18.936), Cleonice Maria da Silva Leão Nunes (OAB/DF 6.612-E), Francisco Oliveira Thompson Flores (OAB/DF 17.122), Gabriel Monte Fadel (OAB/RS 43.764), Gabriel Pauli Fadel (OAB/RS 7.889), Joana Paula Gonçalves Menezes Batista (OAB/SP 161.413-A), José Ribeiro Braga (OAB/DF 8.874), José Ricardo Baitello (OAB/DF 4.850), Manoel J. Siqueira Silva (OAB/DF 8.873), Paulo Roberto Moglia Thompson Flores (OAB/DF 11.848), Rodrigo Madeira Nazário (OAB/DF 12.931), Sebastião Coelho da Silva (OAB/DF 20.552) e Yara de Camargo Daher (OAB/DF 9.099) Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PAGAMENTOS POR SERVIÇOS SUPOSTAMENTE NÃO-PRESTADOS. ALEGAÇÕES DE DEFESA ACOLHIDAS. PAGAMENTO DE DESPESAS POR /home/website/convert/temp/convert_html/ 5c22c6bf09d3f2f4398c36b4/document.doc

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TC-GRUPO II – CLASSE IV – PlenárioTC-019.116/2005-1 (c/ 3 anexos c/ 18 volumes). Apenso: 002.903/2006-0Natureza: Tomada de Contas EspecialEntidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECTResponsáveis: Airton Langaro Dipp (CPF 122.776.730-72), Antônio Osório Menezes Batista (CPF 020.446.505-25), Fundação Universidade de Brasília – FUB (CNPJ 00.038.174/0001-43), Marise Helena Louvison (CPF 768.948.358-53), Maurício Marinho (CPF 126.695.711-15), Sérgio Barroso de Assis Fonseca (CPF 108.362.336-20) e Vera Lúcia Amaral (CPF 038.796.907-15)Advogados: Airton Rocha Nóbrega (OAB/DF 5.369), Breno Rocha Pires e Albuquerque (OAB/DF 18.936), Cleonice Maria da Silva Leão Nunes (OAB/DF 6.612-E), Francisco Oliveira Thompson Flores (OAB/DF 17.122), Gabriel Monte Fadel (OAB/RS 43.764), Gabriel Pauli Fadel (OAB/RS 7.889), Joana Paula Gonçalves Menezes Batista (OAB/SP 161.413-A), José Ribeiro Braga (OAB/DF 8.874), José Ricardo Baitello (OAB/DF 4.850), Manoel J. Siqueira Silva (OAB/DF 8.873), Paulo Roberto Moglia Thompson Flores (OAB/DF 11.848), Rodrigo Madeira Nazário (OAB/DF 12.931), Sebastião Coelho da Silva (OAB/DF 20.552) e Yara de Camargo Daher (OAB/DF 9.099)

Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. PAGAMENTOS POR SERVIÇOS SUPOSTAMENTE NÃO-PRESTADOS. ALEGAÇÕES DE DEFESA ACOLHIDAS. PAGAMENTO DE DESPESAS POR MEIO DE CONTRATO CUJO OBJETO ERA TOTALMENTE ESTRANHO ÀS CITADAS DESPESAS. MULTA. ACOLHIMENTO DE RAZÕES DE JUSTIFICATIVA RELATIVAS A OUTRAS POSSÍVEIS IRREGULARIDADES.

A multa prevista no art. 58 da Lei nº 8.443/92 só é aplicável àqueles que praticam atos de gestão, ou seja, àquele que gerem recursos públicos federais.

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RELATÓRIO

Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial, constituída a partir da conversão, feita por meio do Acórdão 2.189/2005-TCU-Plenário, do processo original de representação formulada por equipe de auditoria a respeito de possíveis irregularidades praticadas no âmbito do Contrato nº 10.198/99, celebrado entre a ECT e a Fundação Universidade de Brasília – FUB.

2. Mediante o citado acórdão determinou-se, entre outras medidas, a citação da Fundação Universidade de Brasília – FUB, solidariamente com os responsáveis abaixo indicados, para que apresentassem alegações de defesa quanto ao pagamento por serviços não realizados, previstos na OS 035/2003, no âmbito do Contrato 10.198/1999:

“- Sr. Maurício Marinho, CPF 126.695.711-15, Coordenador da Universidade Nacional dos Correios à época, em decorrência dos atestes às faturas n.º 355/2003, 403/2003 e 404/2003, sem a devida contraprestação em serviços por parte da Fundação Universidade de Brasília;

- Sra. Marise Helena Louvison, CPF 768.948.358-53, Sub-chefe da Universidade Nacional dos Correios à época, pelo atesto do recebimento dos serviços constantes da fatura n.º 404/2003, sem que houvesse a apresentação dos produtos à ECT;”

3. Determinou-se, também, a realização de audiência dos responsáveis abaixo indicados para que apresentassem razões de justificativa em relação às irregularidades a eles atribuídas:

“9.6.1. Sr. Maurício Marinho, CPF 126.695.711-15, Coordenador da Universidade Nacional dos Correios, ante a viabilização da contratação irregular do Sr. Venâncio Grossi, por meio de pagamento realizado no âmbito do Contrato n.º 10.198/99, configurando burla ao dever de licitar, previsto no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e no art. 2º da Lei 8.666/1993, e descumprimento do Contrato 10.198/99, infringindo o art. 66 da Lei de Licitações e Contratos;

9.6.2. Sr. Sérgio Barroso de Assis Fonseca, CPF 108.362.336-20, representante da FUB, responsável pela viabilização de pagamento por serviços não prestados pela instituição, mediante a empresa subcontratada SINP – Serviços On Line e Informações Ltda., concorrendo para a contratação irregular do Sr. Venâncio Grossi, contrariando o art. 2º da Lei 8.666/1993 e o art. 37, inciso XXI, da Carta Magna;

9.6.3. Sr. Airton Langaro Dipp, CPF 122.776.730-72, Presidente da ECT à época, pela solicitação da contratação do Sr. Venâncio Grossi, sem justificativas técnicas ou econômicas para a não-realização do devido procedimento licitatório, o que representou descumprimento aos princípios da isonomia, impessoalidade, legalidade e moralidade, previstos no ‘caput’ e no inciso XXI do art. 37 da Carta Magna, e desobediência ao art. 2º da Lei 8.666/1993;

9.6.4. Sr. Antônio Osório Menezes Batista – Diretor de Recursos Humanos – CPF 204.465.052-5, conforme Portaria PRT/PR – 291/2003, gestor da Ordem de Serviço n.º 044/2003, ante o descumprimento do inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal e dos arts. 2º, 24, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;

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9.6.5. Sra. Vera Lúcia Amaral, CPF 038.796.907-15, conforme Portaria PRT/PR – 120/2001, responsável pelas Ordens de Serviço n.º 039/2003, 034/2003, 029/2002, 017/2002, 016/2002, 013/2001, 012/2001 e 004/2001, ante o descumprimento do inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal e dos arts. 2º, 24, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;

9.6.6. Sr. Maurício Marinho, CPF 126.695.711-15, responsável pelas OS n.º 039/2003, 035/2003 e 034/2003, ante o descumprimento do inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal e dos arts. 2º, 24, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993;

9.6.7. Sr. Maurício Marinho, Chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material – DECAM, CPF 126.695.711-15, gestor responsável pela fiscalização do contrato, ante a execução das OS ns° 43/2003, 44/2003, 45/2003, 46/2003, 47/2003 e 48/2003, sem o devido amparo contratual, uma vez que o Terceiro Termo Aditivo ao Contrato nº 10.198/99 não foi assinado, o que contraria o disposto no parágrafo Unico do art. 60 da Lei 8.666/1993;

9.6.8. Sra. Vera Lúcia Amaral, CPF 038.796.907-15, gestora das OS n.º 34/2003, 37/2003 e 38/2003, sem o devido amparo contratual, uma vez que o Terceiro Termo Aditivo ao Contrato nº 10.198/99 não foi assinado, o que contraria o disposto no parágrafo Unico do art. 60 da Lei 8.666/1993;”

4. Os elementos de defesa dos responsáveis foram analisados por ACE da 1ª Secex, com a anuência do escalão dirigente daquela unidade técnica, cuja instrução reproduzo a seguir, em parte e com alguns ajustes de forma (fls. 127/148 do v.p):

“7. A seguir, analisa-se cada uma das irregularidades de forma dissociada.

Irregularidade 1 – serviços executados em desacordo com o objeto principal do Contrato n.º 10.198/99 – Audiência.

Responsáveis:

- Sr. Antônio Osório Menezes Batista – CPF 204.465.052-5, ex-Diretor de Recursos Humanos, gestor da OS n.º 044/2003;

- Sra. Vera Lúcia Amaral – CPF 038.796.907-15, Responsável pelas OS n.º 039/2003, 034/2003, 029/2002, 017/202, 016/2002, 013/2001, 012/2001 e 004/2001;

- Sr. Maurício Marinho – CPF 126.695.711-15, ex-Chefe do Departamento de Contratações e Administração de Material – DECAM, responsável pelas OS n.º 039/2003, 035/2003 e 034/2003.

Breve histórico

8. A partir de Ordens de Serviços selecionadas para análise, a equipe de auditoria constatou que a irregularidade decorreu da demanda de serviços, que estariam em desacordo com o objeto principal do contrato firmado entre a ECT e a FUB, o que teria afrontado o dever de licitar previsto na Constituição Federal e na Lei de Licitações e Contratos.

9. Conforme reiterado entendimento manifestado por esta Colenda Corte de Contas, os serviços prestados oriundos de contratos assinados com fundamento no inciso XIII do art. 24 da Lei n.º 8.666/93 devem estar relacionados à missão

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institucional da entidade contratada (Acórdãos n.º 120/2002 – P, n.º 830/1998 – P, n.º 346/1999 – P, n.º 30/2000 – P, n.º 252/1999 – P, n.º 569/2005 – P e n.º 700/2005 – P).

Razões de Justificativa

Sr. Antônio Osório Menezes Batista

10. O responsável foi devidamente cientificado do teor do Acórdão n.º 2.189/2005-Plenário, no tocante à audiência, por meio do Ofício n.º 1.385/2005.

11. Em consonância com o Decisum, o defendente foi instado a apresentar razões de justificativa, ante o descumprimento do inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal e dos arts. 2º, 24, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/93, enquanto gestor da Ordem de Serviço n.º 044/2003.

12. O Sr. Antônio Osório justificou-se da seguinte forma (Anexo 03, fls. 126/129):

‘Cumpre ressaltar, primeiramente, que a referida OS 044/03 tem por objeto a ‘atualização, criação, desenvolvimento e instalação de softwares para treinamento baseado em computador (TCB), de uso multiusuário para execução na WEB, customizado para os Correios, devendo ficar hospedados no site da UNICO, com o controle feito por meio da plataforma de gerenciamento de cursos da UNICO’.

Ora, pelo próprio objeto da OS 044/03, acima transcrito, percebe-se a sua correlação direta com a atividade de treinamento baseado em computador (TBC) desenvolvida por intermédio da UNICO. No entanto, vejamos o objeto do contrato 10.198/03 firmado entre a ECT e a FUB, verbis:‘CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO

1.1. O presente contrato tem por objeto regular o desenvolvimento das relações entre a CONTRATANTE e a CONTRATADA, na prestação de serviços técnicos especializados, objetivando o atendimento das seguintes necessidades:

1.1.1. Treinamento específico: Desenvolver treinamentos específicos, visando atender a demanda de cada área de atuação da CONTRATANTE; (...)’

Na própria OS 044/03, na ‘justificativa de contratação’ consta o seguinte:

‘A opção pela estratégia da educação à distância por meio de uso da Internet/intranet, além da significativa redução de custos, permitirá otimizar o processo de treinamento e, ao mesmo tempo, capacitar todos os funcionários da ECT para a utilização de novas tecnologias educacionais.’

Não obstante a correlação direta entre a OS 044/03 e o contrato 10.198/99, a r. decisão proferida por esse E. TCU sustenta a existência de aditamento ao contrato não autorizado pela Lei 8.666/93 por supor que referida OS 044/03 não estaria abrangida pelo objeto do contrato 10.198/99, o que, como se vê, não ocorre no presente caso.

Com efeito, o TCU já se manifestou diversas vezes no sentido da proibição de inserção de serviços estranhos aos objetos dos contratos firmados, ocasião em que se estaria ferindo o princípio licitatório e o da vinculação ao instrumento convocatório. No entanto, no presente caso, não ocorreu, conforme se verifica da análise da OS 44/03 e do contrato 10.198/99, qualquer inserção de serviços estranhos ao objeto contratual.

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Aliás, conforme consta expressamente da Nota Jurídica/DTRA/DEJUR 1262/2005, a própria UNICO se manifesta favoravelmente ao enquadramento de referida OS no escopo contratual, verbis:‘De acordo com a manifestação efetuada no item anterior, os produtos decorrentes das Ordens de Serviço mencionadas enquadram-se em capacitação e ou desenvolvimento de recursos humanos.’

A mesma Nota Jurídica/DTRA/DEJUR 1262/2005 é expressa quanto à adequação de referida contratação do ponto de vista da Lei de Licitações e considerando a jurisprudência do TCU sobre a matéria verbis:

‘Todavia, a parte auditada (UNICO) manifestou-se favoravelmente aos acréscimos devidos as especificações técnicas necessárias e afetas a área de Recursos Humanos, segundo pronunciamento expresso da Universidade. Tendo em vista o exposto no Relatório de Auditoria, passemos à análise dos almejados acréscimos.

Os mencionados acréscimos estão em consonância com os preceitos da Lei 8.666/93, e em especial, em seu artigo 65, I, ‘a’, ‘b’ e parágrafo 1º, in verbis:

‘Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

I – unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;

b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;’

Ressalte-se, também, que no respectivo Contrato vislumbra-se em sua cláusula oitava, itens 8.1 e 8.1.1, a possibilidade de efetivação do caso em tela, senão vejamos:

‘8.1. Este contrato poderá ser alterado, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

8.1.1. Unilateralmente, pela CONTRATANTE, quando:

a) houver modificações das especificações para melhor adequação técnica dos seus objetivos.’

Assim, infere-se do presente texto a possibilidade de alteração das cláusulas regulamentares, inclusive, as que se referem à criação, planejamento e execução, quando presente o interesse público.’

Ora, não havendo alteração do objeto do contrato, conforme demonstrado, não há que se falar em inobservância dos comandos previstos no art. 37 da CF/88 e dos arts. 2º, 24, XIII, e 66 da Lei 8.666/93, restando juridicamente inviável a responsabilização do peticionário. (...)’ (grifos originais)

Análise 1ª Secex

13. Discorda-se dos argumentos apresentados pelo responsável.

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14. O objeto do contrato 10.198/99 constituía a prestação de serviços técnicos especializados para atender as necessidades da ECT no sentido de desenvolver treinamentos específicos; capacitar e desenvolver recursos humanos; desenvolver programas de atualização de conhecimento e de educação continuada; e manter um sistema de avaliação da efetividade dos treinamentos.

15. A Ordem de Serviço n.º 044/2003 tinha por meta disponibilizar versões atualizadas, na modalidade de licença full, com sonorização, de cursos para treinamento em Windows, Word, Excel, PowerPoint, Outlook e Access, na versão 2000, com a utilização de metodologia TBC – treinamento Baseado em Computador, de uso multiusuário com migração para execução na WEB, com hospedagem no site da UNICO e controle por meio de Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem (LMS) (Anexo 1, fls. 649).

16. Vê-se que se tratam de ‘produtos de prateleira’ que poderiam ter sido adquiridos, sem maiores dificuldades, no mercado, por meio de licitação. De mais a mais, não são produtos fabricados, produzidos ou fornecidos pela FUB, ou que estejam ligados à condição da instituição de ensino e pesquisa, determinada pelo inciso XIII do art. 24 da Lei n.º 8.666/93, que fundamentou sua contratação.

17. Além do mais, em que pese a manifestação favorável à contratação pela área jurídica, entende-se que a simples destinação dos produtos ao treinamento não é suficiente para descaracterizar a natureza comum dos produtos e enquadrá-los no objeto do contrato assinado com a FUB. Assim, o fato configura burla ao procedimento licitatório infringindo o art. 3º da Lei de Licitações e Contratos c/c o art. 37 da Constituição Federal.

18. Dessa forma, rejeita-se as razões de justificativa apresentadas. Todavia, considerando que também era objeto da referida OS a disponibilização de outros cursos customizados para a realidade dos Correios, em consonância com a cláusula 3.12 do contrato (Anexo 1, fl. 83), e que todo o objeto da OS envolve treinamento, principal componente do contrato, conclui-se pela ausência de prejuízos à empresa e entende-se suficiente tecer determinação no sentido de coibir a ocorrência de falhas semelhantes.

19. Considerando que a contratação fundamentada no inciso XIII do art. 24 da Lei de Licitações deve ter como objeto atividades/ações ou produtos que tenham nexo com a natureza da instituição contratada, entende-se que neste caso a aquisição de produtos ‘de prateleira’ desvirtua a previsão de não licitar e representa burla ao procedimento licitatório. Por essa razão, propõe-se a esta Corte de Contas determinar à ECT que proceda à licitação, em conformidade com o art. 3º da Lei n.º 8.666/93 c/c o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, nos casos de aquisição de bens usualmente disponíveis no mercado e de prestação de serviços padronizados, mesmo que fornecidos por instituições que possam ser enquadradas no inciso XIII do art. 24 da Lei de Licitações e Contratos.

Sra. Vera Lúcia Amaral

20. A defendente foi cientificada do teor do Acórdão n.º 2.189/2005-Plenário, por meio do Ofício n.º 1.391/2005.

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21. Em seguida, de forma tempestiva, apresentou os seguintes argumentos (Anexo 2, Vol. 2, fls. 464/474):

‘Rememore-se, todavia, que a celebração do contrato mencionado não se deu por iniciativa da signatária, mas sim por ato da presidência da ECT, consoante se pode notar em cópia do instrumento que vai em anexo.

O contrato que foi então celebrado indicou em seu objeto estar ele voltado à execução de serviços técnicos profissionais especializados almejando o atendimento de necessidades relacionadas a treinamento específico, assessoria e consultoria a projetos, desenvolvimento gerencial, pesquisa e desenvolvimento.

Estipulou-se ali que a implementação de tais serviços, em cada caso, deveria ser feita por meio de ORDENS DE SERVIÇO específicas, com detalhamento dos projetos, módulos ou etapas a serem desenvolvidos (cláusula segunda).

A dispensa de licitação, com arrimo no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, operou-se naquele momento, consoante se torna certo em disposição contratual expressa (cláusula décima-terceira), bem evidenciando que por ocasião dos ajustes posteriores, voltados apenas a determinar a execução de partes do objeto, não se tratou de tal aspecto, até por falta de competência para tanto.

Nem mesmo os aditivos posteriores incumbiam às áreas de execução. Tais instrumentos eram de competência exclusiva do Presidente da ECT que, observando os procedimentos internos, deliberava no sentido de firmá-los ou não, como se pode observar por termos anexos. (DOCS. 2/3)

As deliberações voltadas à celebração do contrato, à sua modificação e bem assim às alterações de seu objeto e de outras condições obrigacionais nele contempladas não cabiam às áreas de execução, mas sim ao Presidente, que foi, de fato, o responsável pela firmatura dos aditivos posteriores, como se colhe nos instrumentos posteriormente por ele celebrados e que anteriormente foram referidos.

Não se torna cabível e sustentável, à base da legislação em vigor, assim, imputar à defendente a responsabilidade por um ato que não lhe competiu e que foi praticado por autoridade diversa, esta sim investida de competência suficiente para tanto.

À toda evidência – reafirme-se – estava a autora investida pela Portaria PR-120/2001, editada em 21 de maio de 2001 (DOC. 4) quando já se achava celebrado desde 13 de dezembro de 1.999 o CONTRATO Nº 10.198/99, de poderes apenas para assinar ordens de serviços, implementando atividades dele decorrentes.

Não poderia, em tal contexto, ter atuado a defendente de modo a descumprir o inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal, e a afrontar, por conseqüência os arts. 2º, 24, inciso XIII, e 66 da Lei 8.666/1993, quando foi responsável apenas, nos limites traçados por aquela portaria, pelas Ordens de Serviço nº 039/2003, 034/2003, 029/2002, 017/2002, 016/2002, 013/2001, 012/2001 e 004/2001.

Não promoveu, portanto, a aludida dispensa de licitação, mas apenas implementou as atividades contratuais previamente fixadas no instrumento firmado como responsável por área de execução (...).

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A dispensa de licitação, fundada no art. 24, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93 e que se acha assim atestada na cláusula décima-terceira do contrato, incumbiu ao Presidente da ECT e este, ao assim optar, decerto o fez porque convencido de que não haveria óbice jurídico à prática do ato que, voltado à contratação da Fundação Universidade de Brasília – FUB, achava-se revestido de legitimidade e amoldado à legalidade, atestada em parecer jurídico específico.

E embora isto não se possa imputar à defendente – como indevidamente se faz – forçoso evidenciar e por em destaque que, avaliando os fundamentos invocados, a natureza da contratação e instituição contratada, não se cometeu qualquer irregularidade, até porque, na época da celebração do contrato, sequer havia esse Colendo Tribunal de Contas firmado posição sumulada a respeito das contratações com arrimo em tal dispositivo.

O que se tinha naquele momento, oriundo de deliberações dessa Colenda Corte, era uma decisão isolada – Decisão n.º 346/99 – resultante de representação firmada pelo Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal – SINDSEI/DF, referindo-se, em situação específica, à suposta irregularidade decorrente do fato de ter-se contratado a prestação dos serviços de processamento de dados, sem prévia licitação, mas sim por meio de fundações de apoio, no caso a FUBRA.

Aquela representação, pelo que dela se tem conhecimento, teve como objeto situação relativa ao Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, que se acha ementado nos seguintes termos:

‘Representação. Apartado constituído por força da Decisão nº 007/97 TCU-Plenário. Dispensa de Licitação e conseqüente contratação direta de fundações de apoio, vinculadas a universidades, para serviços na área de processamento de dados. Necessidade de procedimento licitatório nas contratações de serviços de informática. Possibilidade de dispensa de licitação, com fulcro no inciso XIII, do art. 24 da Lei n.º 8.666/93, somente quando comprovado o nexo entre o citado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto a ser contratado. Há que ser comprovada a razoabilidade do preço cotado. Conhecimento. Procedência. Determinação. Comunicação às partes. Juntada’. (grifou-se)

Necessário que se tenha em vista, de início, que o r. decisum não pode ter o condão de vincular pessoa diversa daquela a que se referiu, e nem mesmo alcançar órgãos ou entidades que jamais foram cientificados de seu teor e de sua abrangência. E não se diga que a sua publicação no Diário Oficial poderia constituir-se em mecanismo hábil a esse fim, alcançando todo e qualquer órgão ou ente da Administração Pública em qualquer esfera, pois, cuidando de determinada entidade, a ela faz referência expressa e não se teria porque estar atento e subordinado aos seus termos de modo a ampliar a aplicação da decisão em comento.

Merece destaque, ademais, o fato de não se ter sequer orientação sumulada, quando então poder-se-ia dizer que a reiteração de decisões e a uniformização adotada, constituiria mecanismo de vinculação e de orientação das atividades de gestão que incumbem ao Poder Executivo no exercício de suas atribuições constitucionais.

Questão outra que merece exame preliminar, diz respeito ao fato de tratar a aludida decisão da contratação de serviços de informática, sem contudo, vedar

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contratação com arrimo no art. 24, XIII, da Lei 8.666/93, quando presentes os requisitos que em lei são postos, o que ora se observa no caso em exame.

E apenas para melhor embasar o que ora se afirma – a despeito de não ter a defendente responsabilidade pela dispensa de licitação que a ela descabidamente se imputa –, mostram-se oportunas algumas considerações sobre o tema em comento, o que ora se passa a fazer.

De primeiro, não se torna despiciendo rememorar que, quando se cuida de dispensa de licitação, no bojo da Lei n.º 8.666/93, não há qualquer referência à obrigatoriedade de que se proceda à licitação se, presentes quaisquer dos motivos legais, venha a se mostrar viável a competição entre diversos e inúmeros licitantes. Nesse aspecto reside o aspecto da discricionariedade que se confere ao administrador. Oportunas quanto a isso as lições de Adilson Abreu Dallari, referido por Carlos Pinto Coelho Motta, quando assevera que ‘Os casos de dispensa são aqueles onde, havendo a possibilidade de licitação, uma circunstância relevante autoriza uma discriminação.’ (...)

Ao adotar-se, pois, a postura de realizar a contratação de forma direta, embasada em um dos dispositivos inscritos no aludido art. 24, se deve ter a preocupação de demonstrar a circunstância relevante que autoriza a discriminação a que se referem os ilustrados publicitas. Ou seja, há de se buscar adequação entre a conduta descrita na lei e aquela adotada na espécie pela administração. (...)

Firma-se, como visto, clara convicção no sentido de que instituições brasileiras sem fins lucrativos, detentoras de inquestionável reputação ético-profissional, que tenham dentre o seus objetivos sociais as atividades de pesquisa, de ensino ou de desenvolvimento institucional, ou recuperação social do preso, podem ser diretamente contratadas pela administração quando isso se mostrar conveniente e oportuno para a execução de determinado objeto que não admita, de modo confiável, a instauração de competição entre diversas pessoas jurídicas.

Examinados tais aspectos, bem como a orientação que a respeito dimana da doutrina especializada e dessa Colenda Corte de Contas, não se tem como fazer prevalecer qualquer orientação no sentido de que a contratação da Fundação Universidade de Brasília – FUB, instituição dotada de idoneidade e de reconhecimento, teria extrapolado os limites da lei no caso ora cuidado.

Correta foi, portanto, a deliberação adotada no sentido de confiar à UnB a execução das atividades abrangidas pelo contrato em comento e detalhadas em ordens de serviços específicas, não se podendo legitimamente afirmar que se tenha cometido qualquer ilegalidade ao dispensar a licitação com arrimo no art. 24, XIII, da Lei nº 8.666/93.

Assim, ainda que à defendente se pudesse imputar a responsabilidade pela contratação levada a efeito e pela dispensa da licitação – o que não seria correto fazer, como visto e demonstrado à saciedade – não se teria como fazer prevalecer qualquer deliberação voltada a responsabilizá-la por uma suposta e inocorrente afronta ao princípio de licitação e ofensa a dispositivos legais que não foram malferidos.’ (grifos originais)

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Análise 1ª Secex

22. As razões de justificativa apresentadas não procedem, pois a irregularidade atribuída à Sra. Vera Lúcia Amaral está relacionada à execução do Contrato n.º 10.198/99, ou seja, à demanda de produtos e serviços estranhos ao objeto principal do acordo. Assim, o que se questionou relativamente à dispensa da licitação em tela não foram os fundamentos legais que a justificam ou a capacidade técnica profissional da FUB para fins do enquadramento no art. 24, inciso XIII, da Lei n.º 8.666/93, mas a execução de serviços que não se encontravam amparados contratualmente.

23. De forma a evidenciar o posicionamento, colaciona-se a seguir cópia da descrição das Ordens de Serviços, constante da análise inicial, de responsabilidade da Sra. Vera Lúcia Amaral (Principal, fls. 09/11):

‘1) OS 039/2003: Assessoria e Consultoria para orientar e conduzir o processo de elaboração do Plano Estratégico da ECT, pelo valor de R$ 69.320,00 (Anexo 1, fls. 1.261/1270). Como metas que seriam atingidas pelos serviços prestados pela FUB, temos: a) Análise e consolidação das estratégias dos oito negócios da ECT que são: mensagem, encomendas, financeiros, marketing, expresso, internacional, conveniência e novos negócios; b) Consolidação do Plano Estratégico Corporativo; c) Formulação das estratégias de cada uma das diretorias de área que são: recursos humanos, operações, comercial, financeira, administrativa e tecnologia; d) Identificação de indicadores de desempenho alinhados aos fatores críticos de sucesso; e) Definição de missão, visão, políticas estratégicas corporativas e f) Convalidação dos trabalhos realizados na reunião de Planejamento Estratégico e Gestão, na Administração Central e nas seis Diretorias Regionais.

2) OS 034/2003: Gerenciamento de atualização do link Agência de Noticias na página da Universidade Correios na Internet , pelo valor total de R$ 160.800,00 (Anexo 1, fls. 734/738). As metas foram a sistematização da rotina de manutenção do site entre a equipe fornecedora e a equipe da Universidade e a manutenção do site da Agência de Notícias, de forma a permitir a atualização necessária ao veículo (Anexo 1, fl. 735). Do valor total dos serviços, foram pagas apenas duas faturas (n° 221 e 222), cada uma no valor de R$ 13.400,00, totalizando R$ 26.800,00 (fls. 739 e 742).

3) OS 029/2002: Criação, desenvolvimento e instalação de softwares para treinamento baseado em computador (TBC), de uso multiusuário com migração para execução na WEB, devendo ficar hospedados no site da Universidade, com controle feito por meio de vínculo à plataforma de gerenciamento de cursos da UNICO (Anexo 1, fls. 797/803). A Ordem de Serviço, de valor de R$ 637.250,00, tinha como meta disponibilizar os Cursos de Informática Windows, Word, Excel, PowerPoint, Outlook e Access, todos na plataforma 2000, além dos cursos ABC do Micro, Estatística Básica e Técnicas de Estudo para EAD, visando o aperfeiçoamento dos funcionários da ECT, pela modalidade de instrução à distância via WEB até o início de dezembro de 2000 (fls. 799/803).

4) OS 017/2002: Planejamento, criação, programação e desenvolvimento do módulo de Controle Administrativo-Financeiro e de Gestão da Universidade Correios (Anexo 1, fls. 926/935). A Ordem de Serviço, no valor de R$ 298.702,56 (mais despesas de passagens de R$ 26.000,00 – Anexo 1, fl. 931), tinha como meta: a) Desenvolver o

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planejamento, criação, estrutura de navegação e programação do módulo de Controle Administrativo-Financeiro da Universidade Correios; b) Desenvolver o planejamento, criação, definir a estrutura de navegação e executar a programação do módulo de Gestão da Universidade Correios; c) Definir a estruturação básica do Sistema de Informações Executivas da Universidade Correios; d) Desenvolver o Controle de Receitas e Despesas (módulo de Controle Administrativo-Financeiro), e a modelagem de dados do módulo de Gestão Universidade Correios; e e) Criar e estruturar os principais relatórios gerenciais do módulo de Controle Administrativo-Financeiro e do módulo de Gestão da Universidade Correios.

5) OS 016/2002: Planejamento, formatação da base de dados, customização e integração do Aplicativo de Gerenciamento de Cursos (módulos Acadêmico e de Ensino) da Universidade Correios (Anexo 1, fls. 971/980). A OS 016, de valor R$ 366.776,48 (com gastos previstos de passagens aéreas de R$ 52.000,00 – Anexo 1, fl. 977), tinha por metas: a) Desenvolver o planejamento e análise do aplicativo de gerenciamento de Cursos da Universidade Correios que será integrado e customizado; b) Fazer a integração do aplicativo de Gerenciamento de Cursos (módulos Acadêmico e de Ensino) com as bases de dados da Universidade Correios e dos Correios, incluindo a definição dos mecanismos de atualização automática de dados e de acessos, e de integração; e c) Executar a customização dos módulos Acadêmico e de Ensino.

6) OS 013/2001: Contratação de serviço especializado para desenvolvimento gráfico, fotolitagem, produção, incluindo os envelopes, etiquetagem manual, pré-triagem, embalagem e entrega de 90 mil cartões de natal, pelo valor de R$ 67.433,01 (Anexo 1, fls. 1.082/1.092). Os cartões se destinariam ao público interno e externo dos Correios, constituindo o início da segunda fase da campanha de sensibilização para implantação da Universidade Correios, e teriam as seguintes especificações (Anexo 1, fl. 1.083): a) Cartão de natal: Folder formato aberto 105 x 1000 mm, formato fechado 105x150 mm, em papel couché fosco 120 g, 1/0 cores, acabamento com dobra manual em seis dobras sanfonadas, prova digital, fotolito incluído; b) Envelope: envelope formato aberto 240 x 210 mm, formato fechado 115 x 180 mm em papel off set 90g, 4/0 cores, no formato aberto 120 x 185 mm, acabamento colado com picote, prova digital faca de corte especial, fotolitos incluídos. A meta a ser atingida seria a entrega, no 3º subsolo do edifício sede da ECT, dos 90 mil cartões postais, devidamente envelopados e prontos para postagem (Anexo 1, fl. 1.083).

7) OS 012/2001: Contratação de serviço especializado para desenvolvimento gráfico, fotolitagem, produção, etiquetagem manual, pré-triagem, embalagem e entrega de 90 mil cartões postais de agradecimento destinados à conclusão da 1ª fase da campanha de sensibilização para a implantação da Universidade Correios, pelo valor de R$ 15.720,00 (Anexo 1, fls. 1.088/1092). Os cartões teriam as seguintes especificações: impressão em 4/4 cores, formato 105 x 150 mm, papel DUO DESIGN, 250 g/m2. À semelhança do caso anterior, a meta seria a entrega dos cartões prontos para postagem (Anexo 1, fl. 1.089).

8) OS 004/2001: Contratação de serviço especializado para o desenvolvimento de conteúdo, parte lógica e produção de 20 mil unidades do cd-card, instrumento de endomarketing para divulgação da Universidade Corporativa ao público interno e externo, com informação de natureza institucional e tour virtual pelo campus da

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Universidade dos Correios (Anexo 1, fls. 1.164/1.168). O valor total despendido foi de R$ 87.993,00 (Anexo 1, fls. 1.169/1.171).

14. Da leitura, constata-se a falta de aderência entre os serviços prestados pela FUB e os previstos originalmente no Contrato n.º 10.198/99, visto não guardarem relação com o desenvolvimento de atividades ligadas à Área de Recursos Humanos, precisamente o objeto do referido pacto. Tem-se, portanto, que a situação infringiu o disposto no art. 66 da Lei nº 8.666/93, tendo em vista que o Contrato nº 10.198/99 não foi cumprido fielmente pelas partes.

15. É de se salientar ainda que o contrato firmado com supedâneo no inciso XIII do art. 24 da Lei 8.666/93, funcionou como um ‘contrato guarda-chuva’, facultando à entidade a introdução de demandas e serviços, a título de incentivo ao desenvolvimento da instituição de pesquisa e ensino, não diretamente ligados à missão institucional da contratada ou ao objeto pactuado. O resultado é a burla ao procedimento licitatório, contrariando os princípios da legalidade, isonomia, moralidade e impessoalidade, preconizados no inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal e no art. 2º da Lei 8.666/93.’

24. Da leitura, observa-se que as razões apresentadas pela defendente não foram capazes de contradizer a análise efetuada pela equipe. Ressalte-se, inclusive, que os argumentos não redargüiram as contradições existentes entre as demandas da ECT e o objeto do contrato.

25. Não obstante, cabem aqui algumas considerações, a partir dos argumentos trazidos aos autos pelo Sr. Maurício Marinho em sua defesa, a qual se analisa no próximo tópico.

26. De acordo com a Cláusula Terceira do contrato, a prestação de serviços pela FUB abrangeria as ações/atividades relacionadas abaixo:

subitem 3.1.1 – treinamentos específicos para as diversas áreas de atuação da ECT, abrangendo, entre outras a ‘elaboração e demonstração de instrumentos de avaliação de processo e avaliação de resultados dos eventos de capacitação’ e ‘participação na coordenação, execução e avaliação dos eventos de capacitação;’ (subitens 3.1.1.3 e 3.1.1.4, respectivamente)

subitem 3.1.2 – assessoria e consultoria a projetos de capacitação e desenvolvimento de recursos humanos; revisão do Modelo Organizacional de Ensino; reestruturação do curso de Administração Postal e sua integração à Universidade; formatação de cursos e recursos instrucionais;

subitem 3.1.3 – desenvolvimento gerencial;

subitem 3.1.4 – pesquisa e desenvolvimento envolvendo a avaliação do impacto da capacitação no desempenho funcional.

27. Posteriormente, mediante o 2º Termo Aditivo, de 18/06/2001, foi alterado o subitem 3.1.2, sendo incluído entre o rol de atividades previstas a ‘implantação e a colocação em funcionamento da Universidade Corporativa dos Correios e do Museu Postal’, bem assim, a ‘avaliação e a reestruturação do curso de Administração Postal’.

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28. Assim, tem-se que as OS n.º 017/2002 e a 034/2003 se enquadraram na alteração introduzida pelo 2º Termo Aditivo, visto que voltadas à implantação e funcionamento da UNICO.

29. Da mesma forma, a OS n.º 016/2002 adequava-se ao contido nos subitens 3.1.1.3 e 3.1.1.4. Quanto à OS n.º 029/2002, entende-se que, embora prevista contratualmente, no subitem 3.1.2.3, a programação e confecção de recursos institucionais para uso em cursos à distância, os cursos oferecidos são facilmente encontrados no mercado, não havendo qualquer customização à realidade dos Correios, que justificaria a contratação junto à FUB. Não obstante, consideramos que se aplicaria ao caso o mesmo entendimento firmado para a OS n.º 044/2003 (de responsabilidade do Sr. Antônio Osório), motivo pelo qual julgamos desnecessária a aplicação de multa à responsável quanto a essa OS.

30. Com relação às OS n.º 039/2003, 013/2001, 012/2001 e 004/2001, entende-se que não há como enquadrá-las no objeto do contrato, visto que a primeira trata do planejamento estratégico da ECT, e as demais, de serviços de divulgação da UNICO (elaboração de cartões de natal, cd-card para endomarketing, cartões de agradecimento), que deveriam ter sido licitados separadamente, possibilitando ampla participação de empresas existentes no mercado.

31. Isto posto, entendemos que não cabe acolhimento da defesa, por se configurarem os atos praticados ao desvirtuamento do objeto do contrato, sendo, nesses casos, devida a aplicação de multa à responsável, bem como determinação à ECT para abster-se de contratar objetos estranhos ao contrato principal e que não estejam ligados diretamente à missão institucional da entidade contratada por meio da dispensa licitatória prevista no art. 24, inciso XIII, da Lei n.º 8.666/93.

Sr. Maurício Marinho

32. O responsável foi cientificado do teor do Acórdão n.º 2.189/2005-Plenário, por meio do Ofício n.º 1.378/2005.

33. Com relação à sua responsabilidade enquanto gestor das Ordens de Serviços n.º 034/2003, n.º 035/2003 e n.º 039/2003, o defendente manifestou-se sobre cada uma, conforme se segue (Anexo 3, fl. 47):

OS n.º 034/2003 (Anexo I, fls. 735/738)

34. Inicialmente apontou o objeto da Ordem de Serviço, que era o Gerenciamento e atualização do Link Agência de Notícias no site da UNICO na Internet, e Manutenção mensal do site da Agência de Notícias da UNICO, englobando:

- Notícias – área de veiculação de notícias da UNICO, com opção de navegação para todas as notícias veiculadas;

- Imprensa: formulários de cadastro de veículos de comunicação para envio de releases pela Internet;

- Cadastro para informativo UNICO – formulário para cadastramento de internautas com interesse no recebimento de newsletter sobre as ações da UNICO;

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- Notícias por assunto – base de dados para armazenar as notícias da Universidade, separada por assunto e data.

35. Em seguida informou (Anexo 3, fl. 47):

‘1) O site da UNICO foi desenvolvido pela FUB, bem como encontrava-se à época, hospedado na Universidade de Brasília.

2) Os serviços decorrentes da Ordem de Serviço 034/2003 eram fundamentais para a manutenção da UNICO na Internet, em face de seu principal objetivo, que seria a administração de CURSOS a distância, utilizando-se da Rede Mundial, bem como pelo motivo de a ECT não estar preparada tecnologicamente para viabilizar os referidos cursos via INTRANET. A carência da ECT era pautada pela falta de softwares específicos, limitações de banda para a transmissão e não-domínio das linguagens necessárias ao desenvolvimento dos produtos e Gerenciamentos.

3) Todas as atualizações e demais alterações eram processadas, de imediato, por técnicos alocados pela FUBRA, no respectivo projeto;

4) Havia restrições tecnológicas na ECT quanto à disponibilidade de transmissão bem como restrições em diversas unidades para acessar a Internet, utilizando-se da própria ECT;

5) A elaboração da Ordem de Serviço 034/2003, bem como sua assinatura ocorreu na gestão anterior;

6) Face às razões de justificativas expostas, esclarecemos o não-descumprimento do inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal e dos artigos 2º; 24, inciso XIII, e 66 da Lei n.º 8.666/93;

7) Ressalto ainda a Vossa Excelência que os serviços, resultantes desta Ordem de Serviço são essenciais ao desenvolvimento da Universidade Correios, até que a área de tecnologia da ECT assuma de fato todas as atividades tecnológicas sob a responsabilidade da UnB. Se existem falhas, elas nasceram desde a concepção do programa P-5 Universidade Corporativa dos Correios, por não estar integrada à Base Tecnológica da ECT (a dependência tecnológica se constitui em um dos principais problemas vivenciados pela ECT, em todas as áreas e não é privilégio da área educação);

(...)

11) As matérias veiculadas demandavam, além da linguagem e do caráter pedagógico, o tratamento de imagens (fotos, filmes,...), bem como a realização e o tratamento de entrevistas educacionais;

12) Face aos dados expostos, ratifico a aderência do objeto da Ordem de Serviço n.º 034/2003 ao objeto do Contrato n.º 10.198/1999, não havendo, a nosso ver, nenhum fato que poderia caracterizar o descumprimento do inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal e dos artigos 2º, 24, inciso XIII, e 66 da Lei n.º 8.666/93.’ (grifos originais)

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OS n.º 035/2003 (Anexo I, fls. 724/731)

36. O objeto da mencionada OS era a concepção, o desenvolvimento, a implantação, o acompanhamento e a avaliação do sistema de formação à distância para 12 mil usuários do Sistema Sara (Anexo 3, fl. 49/55).

37. O Sr. Maurício Marinho alegou que a Ordem de Serviço foi assinada em 27/03/2003 enquanto teria assumido a Coordenação Nacional da UNICO somente em 06/08/2003. Ademais, apontou a existência de várias falhas na concepção e condução da ordem de serviço durante a gestão anterior e não teceu análises quanto ao objeto da contratação.

OS n.º 039/2003

38. O objeto da OS n.º 039/2003 era assessoria e consultoria para orientar e conduzir o processo de elaboração do Plano Estratégico da ECT.

39. O defendente insurge-se contra a irregularidade que lhe fora imputada, ressaltando que na data em que assumiu a Coordenação da UNICO, em 06/08/2003, a OS já havia sido assinada. Ademais, quando tomou ciência dessa OS, a mesma já havia sido concluída, em 05/09/2003 (Anexo 3, fl. 55).

40. Salientou que, embora não tenha participado em nenhum momento das fases dessa OS, considerou que o trabalho final apresentado teve excelente qualidade.

Análise 1ª Secex

41. Entende-se a procedência dos argumentos relativos às Ordens de Serviço n.º 034/2003, 035/2003 e 039/2003.

42. No caso da OS n.º 034, o responsável demonstrou de forma efetiva que as atividades desenvolvidas apresentavam cunho educativo, guardavam relação com o contrato, e foram criadas e desempenhadas pela FUB. No que tange às Ordens de Serviço n.º 035/2003 e 039/2003, verificou-se que foram assinadas antes da data da assunção do gestor como Coordenador da UNICO, tendo seus prazos encerrados cerca de um mês após a sua posse. Portanto, o Sr. Marinho não teve atuação na designação da FUB para o desempenho das ações/atividades inseridas nas referidas OS, motivo pelo qual pode ser excluída a sua responsabilidade.

Irregularidade 2 – Pagamento irregular de serviço de consultoria para a Rede Postal Noturna.

43. A irregularidade foi subdividida em tópicos como se segue:

A) Contratação irregular do serviço de consultoria prestado pelo Sr. Venâncio Grossi – Audiência dos responsáveis

Responsáveis:

- Sr. Airton Langaro Dipp, CPF 126.776.730-72, ex-Presidente da ECT;

- Sr. Maurício Marinho, CPF 126.695.711-15, ex-Chefe do DECAM;

- Sr. Sérgio Barroso de Assis Fonseca, CPF 108.362.336-20, Representante da FUB.

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Breve Histórico

44. Por meio do Relatório de Auditoria n.º 013/2004, elaborado pela Auditoria Interna da ECT, DAUDI, registrou-se a ocorrência da contratação irregular do Brigadeiro Venâncio Grossi. Segundo notícias veiculadas na mídia à época, a contratação teria ocorrido sem o prévio procedimento licitatório.

45. Com base na documentação disponibilizada, a equipe de auditoria entendeu irregular a contratação; constatou que o pagamento realizado pelo serviço executado ocorreu por meio do Contrato n.º 10.198/99, mais especificamente por intermédio da OS n.º 035/2003, tendo a empresa SINP – Serviços OnLine e Informações Ltda., localizada em Belo Horizonte, subcontratada da FUB, efetuado o pagamento; e concluiu pela responsabilidade: 1) do Sr. Airton Langaro Dipp, Presidente da ECT à época, por ter selecionado o consultor, sem nenhuma justificativa técnica ou econômica, e por ter solicitado a análise da viabilidade da efetivação da contratação sem o devido procedimento licitatório; 2) do Sr. Maurício Marinho, ex-Chefe do DECAM, que, com a colaboração do Sr. Sérgio Barroso de Assis Fonseca, Professor da FUB, efetivou os pagamentos ao Brigadeiro; e 3) do Sr. Sérgio Barroso de Assis Fonseca, pela viabilização de pagamentos por serviços não prestados à FUB, mediante a subcontratada SINP.

Razões de Justificativa

Sr. Airton Langaro Dipp (Anexo I, fls. 3180/3185)

46. Em síntese, o Sr. Airton Langaro Dipp alegou, em atendimento ao Ofício n.º 1.384/2005, que teria tão-somente solicitado as providências relativas à contratação do Brigadeiro, considerando sua reconhecida capacidade e competência técnica (Anexo 1, Vol. 15, fls. 3.181). Assim, argüiu que a sua participação teria se resumido apenas em reconhecer o Sr. Venâncio Grossi como a pessoa adequada para prestar a consultoria relativa à revisão dos custos da RPN.

47. Aduziu, ainda, que sua conduta encontra amparo no inciso III do art. 13 c/c o inciso II do art. 25 da Lei n.º 8.666/93 (Anexo 1, Vol. 15, fl. 3.182), considerando tratar-se de consultoria técnica por profissional de notória especialização, tendo ressaltado que a solicitação foi feita de acordo com o permissivo legal, ‘independente da forma como a contratação tenha ao final se realizado’.

48. Por fim, acrescenta que não pode ser responsabilizado por atos praticados por subordinados, conforme art. 80, § 2º, do Decreto-Lei n.º 200/67, que tenham exorbitado das ordens dele emanadas (exame da possibilidade legal da contratação).

Análise 1ª Secex

49. Discorda-se dos argumentos apresentados.

50. Não consta dos autos, tampouco foi acrescentado, documento que comprove a notória especialização do consultor escolhido. Verificou-se, ainda, que o Sr. Langaro Dipp determinou a contratação específica do Brigadeiro sem a devida pesquisa de mercado quanto aos demais profissionais disponíveis na área.

51. No que tange ao possível enquadramento da contratação no inciso III do art. 13 c/c o inciso II do art. 25 da Lei de Licitações e Contratos, de fato, desde que

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comprovada a aptidão do consultor, a ECT poderia ter contratado com base nos dispositivos mencionados, o que não foi feito.

52. Ainda, para a contratação fulcrada na inexigibilidade de licitação, a norma, em seu art. 26 determina a justificativa técnica e econômica dos casos de dispensa e inexigibilidade, justamente como forma de se evitar contratações arbitrárias. Todavia, a ECT não dispõe de justificativas técnicas ou do preço do serviço contratado como forma de justificar a contratação, nem há informações relativas à capacidade e competência do Brigadeiro, de sorte a configurá-lo como profissional de notória especialização. Assim, reputa-se a argumentação como improcedente.

53. Ademais, os Srs. Maurício Marinho e Sérgio Barroso informaram que tanto a contratação como o pagamento irregular do Consultor partiu de ordens advindas do Gabinete da Presidência. É inadmissível supor que seus assessores ou subordinados teriam agido por decisão própria, e não em razão de ordem superior. Assim, o ex-Presidente é responsável pelo pagamento fraudulento realizado pela FUB, que configurou fraude ao dever constitucional de licitar.

54. Ressalte-se que a conduta do ex-Presidente configurou desvio de finalidade, uma vez que o contrato da ECT com a FUB foi utilizado para fim diverso do originalmente previsto, e burla ao procedimento licitatório, contrariando o art. 3º da Lei n.º 8.666/93 c/c o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. Saliente-se que a conduta do Sr. Airton Langaro Dipp enquadra-se no inciso II do art. 58 da Lei n.º 8.443/92, motivo pelo qual deverá ser aplicada multa ao gestor.

55. Por fim, alerta-se que a conduta do Administrador está tipificada no inciso I do art. 11 da Lei n.º 8.429/92, que trata da responsabilidade do agente público. Logo, deverá ser encaminhada cópia dos autos ao Ministério Público para o ajuizamento das ações cabíveis.

Sr. Maurício Marinho

56. De forma a contrapor a análise da Equipe de Auditoria, o defendente trouxe aos autos a transcrição literal do depoimento do Sr. Airton Langaro Dipp à CPMI dos Correios, tendo asseverado a partir dele: 1) que o ex-Presidente da ECT, Sr. Airton Langaro Dipp, selecionou e autorizou a contratação do Sr. Venâncio Grossi em junho de 2003; 2) que a contratação ocorreu no âmbito do gabinete da presidência; 3) que de fato o Grupo de Trabalho, do qual o Sr. Venâncio Grossi foi consultor, desenvolveu os trabalhos de avaliação dos custos inerentes ao Transporte Aéreo (RPN), no período de junho a agosto de 2003; (Anexo 3, fl. 67, 71, 73/74, 104/105);

57. Informou, ainda, que tomou posse na Coordenação da UNICO no segundo semestre de 2003, enquanto a contratação do Sr. Venâncio Grossi teria ocorrido no primeiro semestre, e que o contrato teria sido assinado em maio de 2003 e executado em 90 dias (Anexo 3, fl. 87).

58. Posteriormente, o Sr. Maurício Marinho recorta trechos do depoimento do Consultor Venâncio Grossi à CPMI dos Correios, em que relata ter aceitado a contratação para a consultoria relativa à RPN em 01/07/2003 (Anexo 3, fls. 74/90), e redargüiu o que se segue (Anexo 3, fls. 91, 93, 94, 95, 104/105, 115):

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1) Em agosto/2003, a Coordenadora da Universidade Correios, Dra. Vera Lúcia Amaral, entregou a função e o Diretor de Recursos Humanos designou o defendente a partir de 06/08/2003, sendo que em nenhum momento teve conhecimento do recebimento pela Sra. Vera de documentos relativos ao Sr. Venâncio;

2) Teve conhecimento por meio do relatório de auditoria do TCU de que o relatório produzido foi formalmente encaminhado à presidência da ECT em 14/08/2003;

3) Que o dia em que assumiu a Coordenação da UNICO coincidiu com a data em que a FUBRA/UNB, encaminhou o relatório referente a Ordem de Serviço 035/2003 com os serviços executados, o que veio a ser faturado e pago posteriormente;

4) Concluso o trabalho, o Consultor Venâncio Grossi teria buscado receber o valor acordado pelo serviço (R$ 45.000,00), sem contudo haver contrato ou ordem de serviço específica para receber o que lhe era devido. (Anexo 3, fl. 104,105)

5) Recebeu as ligações do Gabinete da Presidência (todas) no período de 15/08/2003 ao início de setembro de 2003. A primeira ligação teria sido do Sr. Virgílio Brilhante Sirimarco, que solicitou urgência, tendo em vista que os serviços já haviam sido prestados pelo consultor Venâncio Grossi;

6) Após telefonema recebido do Dr. Virgílio, fez contato com o professor Sérgio Barroso, para verificar a viabilidade de ser processado o pagamento por meio de Ordem de Serviço. Mesmo sem ter conhecimento dos contatos ocorridos nos meses de junho e julho de 2003, levou o caso no final de agosto/2003 ao Diretor de Recursos Humanos, Sr. Antônio Osório Menezes de Batista, e esclareceu que os serviços de consultoria do Brigadeiro haviam sido prestados. De imediato, o DIREC, Dr. Antônio Osório, teria informado que não seria emitida nenhuma Ordem de Serviço para viabilizar pagamentos de serviços já prestados (retroativos);

7) Em decorrência, repassou a informação ao Sr. Virgílio, que solicitou o telefone do Sr. Sérgio Barroso, da FUB. A partir daí não recebeu outra ligação a respeito.

Análise 1ª Secex

59. Observa-se que os argumentos apresentados não foram capazes de elidir a irregularidade imputada ao agente. Conforme instrução inicial (Principal, fl. 17), no que tange à contratação irregular do Sr. Venâncio Grossi, a responsabilidade do Sr. Maurício Marinho consistiu no auxílio ao pagamento irregular efetivamente realizado ao Consultor.

60. Consoante os documentos aduzidos aos autos pelos responsáveis chamados em audiência, ocorreu, de fato, a contratação informal do Sr. Venâncio Grossi, entre maio e junho de 2003, por decisão do então Presidente da ECT, Airton Langaro Dipp. Tal se deu antes da posse do Sr. Maurício Marinho como Coordenador da Universidade dos Correios, ocorrida em 06/08/2003.

61. Nesse interregno, o Sr. Venâncio Grossi prestou os serviços que lhe foram solicitados, conforme documentos constantes às fls. 3096/3179 do Anexo I. Até então, não houve a participação do Sr. Maurício Marinho no processo, a qual teve início a partir do telefonema da Presidência solicitando que fosse providenciado o pagamento

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ao prestador por meio do contrato da FUB, denominado pelo Sr. Airton Langaro Dipp como ‘contrato guarda-chuva’ (Anexo 3, fl. 70).

62. Em face dessa solicitação, o Sr. Maurício Marinho entrou em contato com o Sr. Sérgio Barroso, representante da FUB, para verificar a viabilidade de ser processado o pagamento por meio de Ordem de Serviço. O gestor afirma que o Professor Barroso solicitou documentos para analisar o caso (Anexo 3, fls. 115). Em seguida, teria entrado em contato com a Presidência, que remeteu um envelope com a documentação requerida.

63. Quanto ao repasse do envelope ao Representante da FUB, o Sr. Marinho reconhece que, à época, ressaltou a urgência do pagamento. Todavia, alegou que, após orientação do Sr. Antônio Osório, Diretor do RH, quanto à impossibilidade de emissão de Ordens de Serviços para fins de pagamento ao Sr. Venâncio, comunicou o fato à Presidência, não tendo mais conhecimento sobre o desenrolar do assunto (Anexo 3, fls. 104/105).

64. O Professor Barroso, por sua vez, alegou, de início, ter recebido telefonema da Presidência a respeito da possibilidade do pagamento ao Sr. Venâncio Grossi por meio do contrato com a FUB, e ter negado o pedido (Anexo 3, fls. 140/141). Aduziu que, posteriormente, o Sr. Maurício Marinho lhe telefonou reiterando o pedido anterior. Afirma que, na ocasião, sugeriu, como ‘contribuição’ para a solução do problema urgente, que fosse mantido contato com a SINP, sua subcontratada, no âmbito da OS n.º 035/2003, e que, após isso, a ECT teria mantido contato com a empresa, mas que não saberia precisar se houve o pagamento.

65. A afirmativa diverge do depoimento prestado à Sindicância da ECT, quando declarou que após o telefonema, manteve contato com o Sr. Marinho na UNICO, o qual requereu urgência no pagamento. Em face da insistência, o Sr. Barroso teria optado por efetuar o pagamento do Brigadeiro Venâncio Grossi por intermédio da SINP, no âmbito da OS n. º 035/2003, fatura n.º 404/2003, no valor de R$ 186.973,30 (Anexo 1, fls. 2.904/2.905). Ressalte-se que o fato não teria sido levado a conhecimento do Reitor da Universidade.

66. Destaque-se que o pagamento da referida fatura ocorreu na gestão do Sr. Maurício Marinho, e que o pagamento do Sr. Grossi, tal como ressaltado em seu depoimento e na instrução precedente, foi realizada pela SINP, subcontratada da FUB e beneficiária do pagamento promovido pela fatura n.º 404/2003. Conclui-se, então, que o Sr. Marinho agiu ativamente para a sua concretização.

67. Portanto, entende-se que o gestor deva ser apenado com a aplicação de multa, tendo em vista que sua conduta enquadra-se no art. 58, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, que prevê a aplicação de multa para ato praticado com grave infração à norma legal. Isto porque o Sr. Marinho, embora não tenha sido responsável pela emissão da OS n.º 035/2003, atuou ativamente para o pagamento do Consultor por meio do contrato celebrado com a FUB, cometeu desvio de finalidade, desrespeitou a Lei de Licitações e Contratos, no que tange à obrigação da execução do contrato estar de acordo com o objeto principal – consultoria na área de educação e treinamento –, e sacramentou a contratação do Brigadeiro sem o devido procedimento licitatório.

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68. Observa-se, ainda, que sua conduta também encontra tipificação no inciso I do art. 11 da Lei n.º 8.429/92, que trata da responsabilidade do agente público. Logo, deverá ser encaminhada cópia dos autos ao Ministério Público para o ajuizamento das ações cabíveis.

Sr. Sérgio Barroso de Assis Fonseca

69. O responsável foi devidamente cientificado do teor do Acórdão n.º 2.189/2005, por meio do Ofício n.º 1.381/2005.

70. Em relação à irregularidade, asseverou que (Anexo 3, fls. 140/141):

‘Em resumo, com relação aos indícios de ‘viabilização de pagamento por serviços não prestados pela instituição, mediante a empresa subcontratada SINP – Serviços On Line e Informações Ltda.’ posso garantir, e espero ter conseguido mostrar, nos termos que acabei de relatar, que os serviços foram efetivamente prestados e que o valor recebido pelas empresas envolvidas na ordem de serviço foi justo, correspondendo às horas de consultoria empregadas nas diversas atividades exercidas do início de janeiro a agosto de 2003, época em que a OS 35 foi precocemente encerrada por iniciativa da ECT.

Com relação a ter concorrido para a contratação irregular do Sr. Venâncio Grossi, tenho a relatar o seguinte:

- Nunca tive qualquer conhecimento da existência de contrato que envolvesse a pessoa do Sr. Venâncio Grossi e que tivesse participação das equipes que trabalharam sob a minha coordenação na OS 35. Não conheço os detalhes da relação comercial que tal senhor manteve com a ECT. Afirmo a esse Tribunal nunca ter tido contato pessoal ou por outra via qualquer com o Sr. Venâncio Grossi e tenho a certeza de que ele poderia afirmar a mesma coisa da minha pessoa. Conforme relatei à Comissão de Sindicância Interna dos Correios, em depoimento espontaneamente por mim prestado em 2005, recebi no segundo semestre de 2003, telefonema de servidor da ECT, de quem não me recordo o nome, que dizia trabalhar no gabinete da presidência da empresa, naquela época. Após breve relato a mim apresentado dos relevantes serviços prestados aos correios pelo Sr. Venâncio Grossi, segundo ele, foi-me perguntado se havia condições de se pagar a consultoria prestada pelo Sr. Venâncio, uma quantia de R$ 45.000,00, dentro do contrato FUB/ECT.

Respondi que não, por dois motivos principais: em primeiro lugar, o nosso contrato previa o emprego de recursos com a elaboração de ordens de serviços devidamente assinadas pelo reitor da UnB e por autoridades da ECT. Não via como efetuar pagamentos de serviços que não foram previamente contratados e para os quais não havia previsão. Em segundo lugar, segundo a minha opinião, as atividades exercidas pelo Sr. Venâncio Grossi, de acordo com o que me foi relatado, não tinham a devida cobertura do objeto do contrato FUB/ECT, que tinha como finalidade a prestação, por parte da UnB, de consultoria na área de educação e treinamento corporativo. Posteriormente, recebi também telefonema do Sr. Maurício Marinho, Coordenador Nacional da UNICO, que reiterou aquilo que me havia sido dito pelo servidor do gabinete da empresa. Tentando contribuir com a solução do problema, por saber que o pagamento urgente era desejo do presidente da ECT, sugeri que se poderia entrar em contato com a empresa SINP, que estaria recebendo da ECT os pagamentos

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pelos serviços prestados dentro da OS 35. Em função da urgência que me foi colocada, eu imaginava que a empresa SINP poderia efetuar o pagamento do Sr. Venâncio e posteriormente fazer acerto financeiro/contábil com a ECT, regularizando a situação. Digo que apenas fiz uma sugestão porque eu era coordenador do projeto pelo lado da UnB e não tinha autoridade para encaminhar qualquer ação em nome da ECT ou da SINP. Conforme relatei à Comissão de Sindicância dos Correios, posso garantir que não houve qualquer pagamento da FUB ao senhor Venâncio Grossi. Devo dizer também que fui informado, àquela época, ter havido contato entre a ECT e a SINP, mas não tenho como me pronunciar se essa última empresa efetuou ou não o pagamento ao Sr. Venâncio Grossi, uma vez que eu não fui testemunha de tal fato.’

Análise 1ª Secex

71. Observa-se que o responsável assume ter havido pressão por parte da presidência da ECT para o pagamento do Consultor. Nota-se também que a empresa SINP era subcontratada da FUB para a execução de parte dos serviços da OS n.º 035. Assim, os pagamentos realizados à empresa eram realizados pela FUB, e não pela ECT. Portanto, os acertos contábeis ocorreriam entre a FUB e a SINP, e não entre a ECT e a SINP, razão pela qual se entende que o Sr. Sérgio, além da plena consciência da irregularidade cometida, não tem como se eximir da responsabilidade pelo pagamento irregular ao Sr. Venâncio Grossi.

72. Dessa forma, considerando a análise quanto às justificativas do Sr. Marinho, conclui-se que a conduta do Sr. Sérgio Barroso também configurou desvio de finalidade, dado que o contrato assinado com a ECT foi utilizado para fim diverso, e burla ao procedimento licitatório, visto que o pagamento consolidou a contratação sem o devido procedimento licitatório. Vê-se que sua ação enquadra-se no inciso II do art. 58 da Lei n.º 8.443/92, sendo, então, passível a aplicação de multa.

73. Observa-se, ainda, que sua conduta encontra tipificação no inciso I do art. 11 da Lei n.º 8.429/92, que trata da responsabilidade do agente público. Assim sendo, deverá ser encaminhada cópia dos autos ao Ministério Público para o ajuizamento das ações cabíveis.

B) Inexecução do objeto da OS n.º 035/2003 – Citação e Audiência dos responsáveis.

Responsáveis:

Citação:

- Fundação Universidade de Brasília – FUB

- Sr. Maurício Marinho – CPF 126.695.711-15, ex -Coordenador da Universidade Correios;

- Sra. Marise Helena Louvison – CPF 768.948.358-53, ex-Sub-Chefe da Universidade Correios;

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Breve Histórico

74. Conjuntamente com a constatação irregular do Sr. Venâncio Grossi, a equipe de auditoria verificou que foram gastos R$ 261.927,63 com a execução da Ordem de Serviço n.º 035/2003, sem a devida contraprestação dos serviços realizados pela FUB.

75. A OS n.º 035/2003 tinha por objeto a concepção, desenvolvimento, implantação, acompanhamento e avaliação de um sistema de formação à distância para 12 mil usuários do Sistema para Automação da Rede de Agências dos Correios – SARA, que vinha sendo implantado no âmbito da ECT. O custo total para a implantação do projeto era de R$ 1.436.911,00.

FUB

76. A Fundação Universidade de Brasília foi devidamente citada por meio do Ofício n.º 1.297/2005 –TCU/1ª Secex. Em resposta, conforme Ofício n.º 164/FUB, de 20/02/2006, apresentou cópias das faturas n.º 355, n.º 403 e n.º 404, que já constavam, inclusive, do processo, e esclarecimentos prestados pelo Professor Sérgio Barroso (Anexo 2, fls. 006/007).

77. Ressalte-se que o referido Professor, instado a se manifestar quanto ao pagamento irregular do Sr. Venâncio Grossi, ofereceu justificativas quanto à realização dos trabalhos da mencionada OS, que fundamentaram os esclarecimentos prestados pela FUB, os quais transcreve-se a seguir (Anexo 3, fls. 133/134):

‘DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

Durante cerca de seis meses, as atividades do projeto pedagógico, dos diagnósticos, planejamento da formação, conceito de comunicação, mapeamento do público alvo, projeto gráfico e projeto lógico do curso foram bastante intensas, em função da necessidade manifestada pela ECT de implantar o novo sistema ‘SARA’ em curto espaço de tempo.

Para que os profissionais envolvidos no projeto pudessem ter conhecimento dos detalhes de operação do sistema, foi montado um laboratório de informática nas dependências da Universidade Correios para uso dos profissionais da UnB.

Neste período de sete meses, mais de trinta reuniões de caráter técnico foram realizadas entre as equipes participantes e a coordenação do projeto. As atividades de desenvolvimento tiveram sempre o acompanhamento de técnicos da ECT.

É importante destacar que o desenvolvimento do sistema ‘SARA’ por parte da IBM, segundo relataram os técnicos da ECT, não estava correndo na modalidade dos procedimentos previstos, o que causava problemas na elaboração do curso de treinamento por parte da FUB/UnB. Em diversas ocasiões a equipe técnica da FUB foi obrigada a efetuar mudanças e correções nos trabalhos que vinham sendo feitos, em decorrência de modificações procedidas no sistema pela IBM. Além disso, várias modificações ocorreram na concepção do curso, realizadas pelos próprios técnicos da ECT, o que obrigou a equipe da UnB a reorientar, com freqüência, o andamento dos trabalhos.

A INTERRUPÇÃO DOS TRABALHOS

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Com os desacertos ocorridos nos trabalhos realizados pela IBM no desenvolvimento do sistema ‘SARA’, de acordo com informações que nos foram dadas naquela ocasião, a direção da ECT resolveu interromper as atividades que vinham sendo por nós realizadas. O argumento usado era que não havia sentido desenvolver um curso de treinamento de um sistema informatizado que não havia recebido a aprovação por parte do setor competente dos Correios. Nessa época, segundo semestre de 2003, a Universidade Correios já tinha como Coordenador Nacional, o Dr. Maurício Marinho, que substituiu a Dra. Vera Amaral.

Em decorrência da decisão tomada pelos Correios, a FUB foi solicitada a apresentar um levantamento dos trabalhos que tinham sido realizados até aquele momento, para um acerto de contas final.

Como coordenador das atividades por parte da UnB, solicitei aos grupos participantes que fizessem um levantamento de todos os trabalhos que haviam realizado e o apresentassem em reunião com o pessoal da ECT para a conclusão do processo de distrato contratual.

Não poderá deixar de ser destacada a dificuldade enfrentada pela FUB para ser ressarcida das parcelas, às vezes pequenas, de etapas de serviço que foram contratadas. O contrato FUB/ECT previa pagamento de faturas contra a entrega de ‘produtos’, ou etapas cumpridas e a ordem para a interrupção dos trabalhos fez com que algumas atividades que vinham sendo realizadas não chegassem ao término previsto. Naturalmente, uma vez que tal decisão de interromper os trabalhos partiu da contratante e não da contratada, tais atividades não concluídas, que exigiram dos profissionais planejamento, diagnósticos, discussões, atendimento etc. e que significaram despesas com horas de trabalho e materiais diversos foram incluídas no orçamento entregue à ECT.

Nessa ocasião foi efetivamente entregue à ECT todo o material desenvolvido e sobre isso faremos uma exposição com maiores detalhes mais adiante. As etapas completas e etapas parcialmente descritas estão consignadas nas notas fiscais emitidas pela FUBRA [subcontratada pela FUB], que foram devidamente aprovadas pelo setor competente dos Correios.

Na época da negociação final foram apresentados aos Correios alguns relatórios com as respectivas cobranças. Houve redução de preço, por solicitação da outra parte, até que se chegou a um acordo final, com a efetivação do pagamento, por parte da ECT.

Finalmente, é válido repisar, portanto, que todo o material desenvolvido pela FUBRA e respectivos componentes, foi devidamente entregue a ECT, gerando as faturas correspondentes, cujo aceite das mesmas e satisfação pela execução dos serviços prestados, resultaram na efetivação do pagamento devido.’

Análise 1ª Secex

78. A FUB limitou-se a apresentar a cópia das faturas que já existiam nos autos e o depoimento do Professor Sérgio Barroso quanto à realização dos trabalhos relativos à OS n.º 035/2003.

79. Ao contrário, o Professor Sérgio Barroso apresentou documentos que em tese comprovam a realização de serviços que deveriam ser desenvolvidos para a conclusão

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da Ordem de Serviço. Dentre os elementos carreados, constam testemunhos, atas de reuniões, planejamentos e planilha de horas envolvidas no desenvolvimento da OS 035/2003 (Anexo 3, fls. 135/287).

80. Observa-se que consta da instrução inicial o depoimento da empregada da ECT de que os serviços não teriam sido realizados de acordo com os interesses da ECT (Principal, fl. 21) e que os relatórios eram indicativos dos serviços a serem desenvolvidos pela FUB e que não chegaram a ser realizados. Ainda, da documentação adicionada aos autos, resta a impossibilidade de se mensurar o que foi efetivamente realizado, quais profissionais estiveram envolvidos, as respectivas especialidades e o custo de sua mão-de-obra. E, por fim, observa-se que não há como se averiguar a conformidade dos valores pagos, com o serviço que teria sido prestado.

81. Em que pese todas as constatações e dúvidas atinentes à execução do serviço, de um lado a FUB afirma ter cumprido suas obrigações até a interrupção da Ordem de Serviço, o que teria ensejado os pagamentos recebidos, e de outro lado a palavra de uma empregada da ECT relatando a inexecução contratual.

82. É de se consignar, todavia, que, analisando a documentação acostada, verificou-se que os papéis de trabalho tratam de etapas de serviços a serem desenvolvidos e correspondem à fase de planejamento do sistema em que são elaboradas as concepções para o seu desenvolvimento, o que denota, portanto, uma fase de cunho intelectual. (Anexo 3 e seu Volume 1). Embora de difícil quantificação, a ECT não poderia se eximir do pagamento pelos serviços prestados desde a emissão da OS em 07/03/03.

83. Ademais, como ressaltado pelo responsável pelo projeto, a execução dos serviços foi prejudicada pelos atrasos na produção do SARA pela IBM e por mudanças na concepção do treinamento feitas pela equipe da ECT.

84. Saliente-se ainda que foi a ECT que decidiu pela interrupção das atividades, cabendo à FUB – embora não tenha entregue os produtos pretendidos – remuneração pelos serviços até então prestados.

85. Assim, entende-se que, a partir dos documentos acostados aos autos (atas de reunião, e-mails trocados sobre o acompanhamento do trabalho), os serviços podem ser considerados como realizados pela FUB (Anexo 3, Volume 1).

86. Nesse diapasão, considerando que já foi tecida determinação à ECT na instrução anterior para que ‘doravante, para cada contratação realizada, incluindo as dispensas de licitação e inexigibilidades licitatórias, apresente a composição detalhada dos custos envolvidos para cada serviço a ser prestado, em cumprimento ao disposto no art. 7°, parágrafo 2°, inciso II, c/c parágrafo 9° da Lei 8.666/93’, por meio do Acórdão 2.189/2005-Plenário, entende-se suficiente a medida de cunho sanativo.

Sr. Maurício Marinho

87. De acordo com o defendente, a Ordem de Serviço teria sido assinada em 27/03/2003 pela Coordenadora Nacional da UNICO, Sra. Vera Lúcia Amaral, enquanto teria assumido a Coordenação em 06/08/2003 (Anexo 3, fl. 10).

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88. Informou que a UnB teria entregue à ECT dois relatórios conclusos relativos ao plano de comunicação, diversas peças promocionais relativas à divulgação e implementação do projeto SARA e um planejamento global para desenvolvimento do projeto. Acrescentou que teriam sido utilizadas inúmeras horas de técnicos especializados para prepararem a base tecnológica necessária ao desenvolvimento do material didático que seria fornecido à ECT, bem como para a produção de CD-ROM e divulgação via WEB (Anexo 3, fl. 10).

89. Asseverou que a UnB trabalhou por quatro meses sem nada receber e sem um posicionamento formal da UNICO a respeito dos trabalhos desenvolvidos, tampouco sobre a intenção de cancelar a ordem de serviço (Anexo 3, fl. 10). Acrescentou ainda, diversas falhas no projeto tais como: 1) ausência de projeto básico; 2) a falta de leitores de CD´s nas unidades, impossibilitando a operacionalização de treinamentos via CD-ROM; 3) a intranet da ECT não tinha capacidade de transmissão de treinamentos, não podendo servir como base para os cursos; e 4) o sistema SARA vinha apresentando atrasos na implantação pela IBM.

90. Em seguida, concluiu que, com base no contrato e nos produtos entregues e com o apoio do Diretor de Recursos Humanos, procedeu-se ao pagamento dos serviços considerados justos (Anexo 3, fls. 11/12 e 14), conforme transcreve-se:

‘Baseados nos itens acima, e com o apoio da autoridade competente, contatos foram efetuados com o Prof. Sr. Sérgio Barroso no sentido de identificarmos os pontos necessários ao encerramento da OS-035/2003. O principal ponto levantado pelo representante da FUB – Professor Sérgio Barroso, era a necessidade urgente de receber pelos serviços prestados, em especial pela alocação de mão-de-obra no desenvolvimento do Projeto, dentro e fora da ECT. A equipe se encontrava desde março de 2003, sem receber nenhum valor, bem como não possuía nenhum direcionamento formal, por parte dos Gestores da Universidade Correios. Na época o representante da FUB esperava receber algo bem superior ao que efetivamente recebeu (salvo engano) e, ato contínuo, desejava o encerramento imediato da referida Ordem de Serviço, estimada em R$ 1.436.000,00, aproximadamente. Apesar dos argumentos, os produtos entregues (Planos de comunicação elaborados pelo Prof. PhD Gilberto Lacerda, as Peças Promocionais, também entregues e, principalmente os custos decorrentes da mão-de-obra interna e externa de técnicos especializados, durante 04-quatro meses, incluindo os encargos sociais), totalizaram R$ 271.637,00. (...)

A Sra. Cláudia Funes se negou a atestar as Notas Fiscais, em face de divergência com relação ao Projeto Básico. Ou seja: O projeto desenvolvido por ela não foi o norteador da Ordem de Serviço 035/2003;

Tendo em vista a insatisfação reinante entre as partes e, o meu não-conhecimento do projeto, solicitei á Subchefe da UNICO (Marise Helena Louvison) a proceder a análise e atestar a Nota Fiscal emitida pela FUB. O que foi feito e encaminhado para o devido pagamento (As duas assinaturas de Atesto e de Encaminhamento, passaram a constar a partir da Fatura 404/2003, ou seja: O Gestor Operacional atesta o Serviço e o Coordenador processa o encaminhamento para pagamento, que será analisado pelo DESAD – Departamento de Serviços da Administração Central, e este encaminha ao responsável pelo pagamento, subordinado à Diretoria Financeira da ECT).’

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Análise 1ª Secex

91. Considerando que a FUB apresentou documentos que foram aceitos como comprovantes da realização do serviço, entende-se elidida a irregularidade.

Sra. Marise Helena Louvison

92. A responsável foi devidamente citada por intermédio do Ofício n.º 1.305/2005 (Principal, fls. 54).

93. A defendente foi instada a apresentar alegações de defesa em razão do atesto à fatura n.º 404, em 19/09/2003, no valor de R$ 186.973,30, tendo apresentado de início, os fatos que motivaram a emissão da OS n.º 035/2003:

‘Neste contexto, o Sistema de Educação à Distância, objeto da Ordem de Serviço, seria utilizado para treinar os empregados da ECT envolvidos direta ou indiretamente nas operações de guichê das agências. Pois bem, à época, previa-se que o sistema em desenvolvimento pela IBM, seria implantado em curto prazo. A partir dessa premissa e do contingente a ser treinado, a melhor solução seria a de desenvolver o treinamento com base na metodologia de educação à distância.

A utilização da metodologia de educação à distância tinha como objetivo a redução de custos, à medida que um treinamento presencial demandaria uma infra-estrutura mais onerosa e necessitaria de um tempo maior para a sua execução.’

94. Em seguida, argumentou que a fatura n.º 404 referia-se à execução das etapas 1 e 2 da OS n.º 035/2002 que tratavam:

1) Etapa 1: Desenvolvimento do planejamento inicial para a execução da ação de formação à distância dos sistema SARA, tendo como produto o relatório contendo o diagnóstico, o planejamento das etapas a serem desenvolvidas e da formação, desenvolvimento do conceito de comunicação, estudo do perfil do público-alvo (empregados a serem treinados) e outros. O relatório seria o ponto de partida para o desenvolvimento do projeto;

2) Etapa 2: Desenvolvimento e aprovação dos projetos gráfico, lógico, pedagógico e de comunicação da ação de formação e de seu material pedagógico, sendo estes os próprios produtos esperados.

95. Além disso, a fatura n.º 404 teria englobado os ajustes de valor referentes ao desenvolvimento de atividades prévias e necessárias às etapas posteriores da OS. Todos esses valores seriam de difícil mensuração e a tangibilidade dos produtos requeria conhecimento específico, por se tratar de projeto de educação.

96. Informou ainda que, em 19/09/2003, teria recebido um relatório onde se fazia um relato dos produtos realizados e entregues à ECT (Anexo 2, fl. 16), e que a UnB disponibilizou equipe de especialistas para a realização das atividades previstas até a suspensão da OS, que se deu em função da mudança da Diretoria de Recursos Humanos, a qual não concordou com o treinamento à distância em face do atraso no cronograma de implantação do sistema SARA pela IBM (Anexo 2, fl. 18). Teria ocorrido, portanto, uma ‘mudança de condução administrativa que gerou a modificação executiva do projeto, com base na discricionariedade’.

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97. Aduziu que, apesar de considerar que os produtos foram entregues, não tinha competência legal para atestar faturas porque não havia nenhuma regulação interna lhe outorgando poderes, tendo em vista que o Manual de Administração de Recursos, Operações e Controle Financeiros/ECT, no Módulo 7, Capítulo 5, Item 4, normatiza que ‘os órgãos Gestores de Contratos e Gestores de Despesas deverão encaminhar à Divisão de Gestão de Compromissos (DGCO) do Departamento de Gestão Financeira (DEGEF) ou Seção de Contas a Pagar da gerência de Contabilidade e Controle Financeiro (GECOF) ou Seção Financeira da GECOF as Portarias dos empregados credenciados a atestarem as despesas (grifo nosso), atualizando essa informação sempre que necessário’. Afirmou, ainda, que o capítulo 6 do mencionado manual dispõe ser válido para o órgão financeiro a atestação de despesas prestadas apenas por pessoas credenciadas do órgão gestor de contrato ou gestor de despesa (Anexo 2, fl. 19). Assim, concluiu que a assinatura constante da fatura do empregado responsável, Sr. Maurício Marinho, foi que gerou o pagamento, e não a sua, o que seria comprovado com o pagamento das outras duas faturas que não continham a aposição da assinatura da empregada (Anexo 2, fl. 20).

Análise 1ª Secex

98. Da análise dos elementos carreados aos autos, constata-se atas de reuniões, planilha de custos envolvendo horas trabalhadas, que comprovaram a realização dos serviços da OS n.º 035/2003. A partir da análise efetuada anteriormente, entende-se que os serviços foram prestados e que suprimida está, portanto, a irregularidade.

Irregularidade 5 – Assinatura de sucessivas prorrogações ao Contrato n.º 10.198/99 por meio de cartas e circulares, instrumentos inadequados ao fim a que se destinavam – Audiência dos responsáveis.

Responsáveis:

- Sr. Maurício Marinho – CPF 126.695.711-15, ex-Coordenador da Universidade Correios, responsável pela OS n.º 043/2003, 044/2003, 045/2003, 046/2003, 047/2003 e 048/2003;

- Sra. Vera Lúcia Amaral – CPF 038.796.907-15, Responsável pelas OS n.º 034/2003, 037/2003, 038/2003.

Sr. Maurício Marinho

99. Em suas considerações preliminares, o defendente informa (Anexo 3, fl. 06) que o 2º Termo Aditivo ao contrato, celebrado em 18/06/2001, previa, em sua cláusula décima, especificamente no subitem 10.1, a possibilidade de prorrogação de vigência contratual por meio de simples apostilamento, e que a medida foi adotada para regularizar o contrato mediante acordo entre o DECAM e o DEJUR da época, e autorizada pelo DIRAD e pelo Presidente da ECT.

100. Assim, a partir de 16/11/2001, o DECAM, por apostilamento, passou comunicar à FUB a prorrogação do contrato.

101. Aduziu que em 15/10/2003, quando já estava no exercício do cargo de Coordenador da UNICO, recebeu a CI/GCS/DGEC/DECAM 3924/2003, comunicando o término de vigência do contrato, em 12/12/2003, e solicitando posicionamento quanto

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à prorrogação. Em 27/10/2003, a UNICO remeteu ao DECAM a CI/SAAC/CAD/UNICO 3455/2003, informando o interesse da prorrogação até 13/12/2004. Portanto, todas as tratativas foram efetuadas a tempo para a prorrogação.

102. Destaca que, não obstante a possibilidade de prorrogação por apostilamento, o Sr. Presidente da ECT, de forma intempestiva, emitiu a CI/PR 0814/2003, de 30/12/2003, requerendo a suspensão de todas as OS em andamento, bem como das não iniciadas.

103. Em face dessa orientação e das reclamações da FUB, emitiu a CI/UNICO/SAAC 0050/2004, de 13/01/2004, esclarecendo a situação do contrato e das ordens de serviços. Considera, portanto, que adotou todas as medidas de sua alçada à época para a regularização das OS em andamento.

Sra. Vera Lúcia Amaral

104. Sobre a irregularidade, a Sra. Vera Lúcia Amaral manifestou-se da seguinte forma (Anexo 2, Volume 2, fls. 475):

‘(...)

E as posteriores prorrogações, como se pode constatar em documentos internos, dentre os quais aqueles que ora se apensa, foram providenciadas de forma tempestiva, estando estampadas de modo inequívoco em correspondências remetidas oportunamente à UnB.

Não é demais colocar em relevo que a última correspondência firmada com esse escopo específico, originária de área diversa daquela em que se achava a defendente – portanto não detinha ela o aludido encargo –, noticia a prorrogação da vigência do contrato pelo período compreendido entre 13 de dezembro de 2002 e 12 de dezembro de 2003.

Em 27 de agosto de 2003, quando já havia deixado o cargo de Coordenadora Nacional da Universidade Correios desde 06 de agosto do mesmo ano, o Contrato 10.198/99, ainda se achava em plena vigência, consoante anteriormente exposto e como se demonstra por documentos anexos às presentes razões.

De tudo isto resta certo que, limitada estava a função da defendente ao acompanhamento das atividades técnicas específicas e não poderia dar ensejo a irregularidades como aquela que se aponta em relação às OS 34, 37 e 38/2003, firmadas, respectivamente, em 19 de março, 30 de abril e 03 de maio de 2003, quando em vigor se achava o Contrato 10.198/99.

Assim, não se torna certo e aceitável, na condição de gestora das aludidas ordens de serviços imputar-lhe o cometimento de irregularidade supostamente relacionada ao fato de não se ter, como se afirma, celebrado um terceiro termo aditivo ao Contrato n.º 10.198/99, o que não lhe incumbia fazer, como resta demonstrado.’

Nossa Análise

105. Assiste razão aos gestores. Além do contrato prever a possibilidade de prorrogação por apostilamento, a Lei n.º 8.666/93, em seu art. 65, § 8º, permite o

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procedimento, desde que não haja alteração relativa ao contrato original, o que foi o caso. Dessa forma, conclui-se pela regularidade do procedimento.”

5. Baseada nessa análise, a 1ª Secex propôs aplicar multa aos Srs. Airton Langaro Dipp, Maurício Marinho, Sérgio Barroso de Assis Fonseca e Vera Lúcia Amaral, encaminhando cópia do processo ao Ministério Público Federal para ajuizamento das ações cabíveis, em decorrência das condutas dos Srs. Maurício Marinho, Sérgio Barroso de Assis Fonseca e Airton Langaro Dipp, que encontrariam tipificação no inciso I do art. 11 da Lei 8.429/1992.

6. A unidade instrutiva sugeriu, também, determinar aos Correios que:

6.1. se abstenha de contratar objetos estranhos ao contrato principal e que não estejam ligados diretamente à missão institucional da entidade contratada por meio da dispensa licitatória prevista no art. 24, inciso XIII, da Lei 8.666, de 21/6/1993; e

6.2. proceda à licitação, em conformidade com o art. 3º da Lei 8.666/93 c/c o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, nos casos de aquisição de bens usualmente disponíveis no mercado e de prestação de serviços padronizados, mesmo que fornecidos por instituições que possam ser enquadradas no inciso XIII do art. 24 da Lei de Licitações e Contratos.

7. Por sua vez, o Ministério Público/TCU, representado pelo Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, manifestou sua anuência à proposta de encaminhamento formulada pela 1ª Secex (fl. 151, v.p).

É o relatório.

VOTO

Foram as seguintes as irregularidades inicialmente apontadas, relativas ao Contrato nº 10.198/99, celebrado entre a ECT e a FUB, que motivaram as audiências e citações dos diversos responsáveis:

a) pagamentos por serviços não-executados no âmbito da OS 35/2003, referentes às faturas nºs 355, 403 e 404, no valor total de R$ 261.927,63;

b) ausência de licitação para a contratação do Sr. Venâncio Grossi para prestar consultoria à empresa;

c) pagamento ao Sr. Venâncio Grossi no âmbito do Contrato nº 10.198/99, cujo objeto era totalmente estranho aos serviços prestados pelo consultor, por meio de empresa subcontratada pela FUB;

d) ausência de licitação para a contratação de diversos serviços, relativos às Ordens de Serviços nºs 4/2001, 12/2001, 13/2001, 16/2002, 17/2002, 29/2002, 34/2003, 35/2003, 39/2003e 44/2003;

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e) execução dos serviços relativos às Ordens de Serviço nºs 43 a 48/2003 sem amparo contratual, uma vez que o terceiro termo aditivo ao Contrato nº 10.198/99 não teria sido assinado.

2. Em relação à irregularidade citada no item a acima, que teria gerado débito aos cofres da ECT, comungo do entendimento da unidade técnica de que ela não se caracterizou, inexistindo débito, portanto.

3. A Ordem de Serviço nº 35/2003 tinha por objeto a “concepção, desenvolvimento, implantação, acompanhamento e avaliação de sistema de informação à distância para 12 mil usuários do sistema SARA”, a ser realizada em 10 etapas, com valor total previsto de R$ 1.436.911,00 (fls. 3071/3078, anexo 1). Desse total, foram pagos R$ 261.927,63, sendo R$ 45.000,00 relativos a serviços prestados pelo Sr. Venâncio Grossi, que nada tinham a ver com tal ordem de serviço, irregularidade que será abordada mais à frente. Em relação aos serviços que teriam sido executados pela FUB, portanto, foram desembolsados R$ 216.927,63 (15% do total).

4. A referida ordem de serviço foi cancelada unilateralmente pela ECT, em razão de problemas nos trabalhos que vinham sendo desenvolvidos pela IBM no âmbito de outro contrato, não proporcionando condições tecnológicas para a implementação do sistema de treinamento à distância, objetivo da OS nº 35/2003.

5. Há que se verificar se o valor pago à FUB era compatível com o trabalho que tinha sido desenvolvido até o cancelamento da OS. A mensuração exata dos serviços que teriam sido prestados não é fácil, dada a intangibilidade de alguns dos trabalhos previstos, mas os diversos documentos constantes dos autos demonstram que a FUB executou parte dos serviços e a entregou à ECT (fls. 2113/2201, anexo 1; fls. 143/287, anexo 3). Ressalte-se que o custo das três primeiras etapas do projeto era de mais de R$ 260 mil, valor inferior ao que foi pago à FUB no âmbito da OS 35/2003. Há nos autos evidências de que boa parte dos serviços inerentes às três primeiras etapas foi efetivamente executada (planejamento inicial, projetos de comunicação e gráfico, lay out das peças de endomarketing), além de duas atividades inerentes à etapa 4 (fl. 2911, anexo 1).

6. Há, portanto, indicativos de que o montante pago à FUB situa-se em patamar compatível com o dos serviços que ela executou, eliminando-se a possibilidade de que a fundação tenha sido remunerada por serviços não prestados.

7. A outra situação que poderia levar à imputação de débito aos gestores dos Correios seria a configuração de que, antes da emissão da ordem de serviço, eles já teriam condições de saber que o projeto seria inviável em razão do ambiente tecnológico da empresa. Até pela ausência de informações acerca do contrato da ECT com a IBM, que teria motivado o cancelamento da OS nº 35/2003, não há como se fazer essa afirmação.

8. Dessa forma, os elementos presentes nos autos não permitem caracterizar a existência de débito em razão da execução parcial dos serviços objeto da OS nº 35/2003.

9. Duas outras irregularidades levantadas dizem respeito à contratação do Sr. Venâncio Grossi para a prestação de serviços de consultoria relacionados à rede postal noturna da ECT. O Sr. Airton Langaro Dipp, então Presidente da ECT, foi ouvido em audiência em função da contratação sem licitação do consultor, enquanto o Sr. Maurício

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Marinho, Coordenador da Universidade dos Correios – Unico, à época, foi ouvido por ter permitido que o pagamento ao consultor se desse no âmbito do Contrato nº 10.198/99, cujo objeto era totalmente estranho às atividades desenvolvidas pelo Sr. Venâncio Grossi.

10. O Sr. Airton Dipp assume que foi o responsável pela indicação da contratação do Sr. Venâncio Grossi e que ele seria um notório especialista, que justificaria sua contratação sem licitação, com base no art. 25 da Lei nº 8.666/93. Alega, por outro lado, que sua participação no processo se resumiu à indicação do nome do consultor, sem ter qualquer participação quanto à forma como se efetivaria essa contratação. Assim, argumenta que “a eventual irregularidade da contratação da forma como foi efetivada (sem contrato e através de terceiros) deve ser imputada àqueles que a realizaram e não a quem apenas pediu que esta se procedesse de acordo com os ditames legais” (fls. 3180/3184, anexo 1).

11. Entendo que a irregularidade grave verificada nessa situação foi a absoluta informalidade com que os serviços do Sr. Venâncio Grossi foram prestados e pagos. Não houve contrato, não houve sequer a definição formal de quais seriam as atividades a serem executadas. Em que pese constar dos autos o produto do trabalho desenvolvido pelo grupo de trabalho dos Correios ao qual o Sr. Venâncio Grossi prestou consultoria (fls. 3097/3179, anexo 1), sequer foi mensurado o número de horas trabalhadas pelo consultor, de forma a se poder avaliar a justeza do preço pago. Na ausência de qualquer formalização, os pagamentos pelos serviços prestados se deram por meio da utilização de um contrato que nada tinha a ver com o trabalho realizado, procedimento completamente irregular.

12. Não há evidências de que o ex-Presidente dos Correios tenha participado dessa irregular informalidade com a qual todo o processo foi conduzido. Quanto ao argumento de que os serviços prescindiriam de licitação, uma vez que eles se enquadrariam no art. 25 da Lei nº 8.666/93, não há elementos nos autos que permitam concluir pela sua pertinência ou não, já que não foi formalizado o necessário processo administrativo com os elementos que caracterizariam a inexigibilidade de licitação. E como afirmei, não há elementos que indiquem a responsabilidade do Sr. Airton Dipp pela ausência de formalização da contratação.

13. Por tais motivos, não concordo com a proposta da unidade técnica de aplicação de multa ao ex-Presidente da ECT.

14. Registre-se que não foi feita a audiência dos responsáveis pela ausência de formalização da contratação do Sr. Venâncio Grosso. Aliás, eles sequer foram identificados.

15. Em relação ao Sr. Maurício Marinho, a situação é diversa. Como Coordenador da Unico e responsável, portanto, pelo Contrato nº 10.198/99 à época em que os pagamentos ao Sr. Venâncio Grossi foram realizados, não poderia ter ele aceitado fazer tais pagamentos, estando ciente de que os serviços prestados pelo Sr. Venâncio Grossi eram absolutamente estranhos àqueles relativos ao citado contrato.

16. Em sua defesa, o Sr. Maurício Marinho assume que solicitou ao representante da FUB que fizesse o pagamento de R$ 45.000,00 ao Sr. Venâncio Grossi. Mas alega que o fez “à título de colaboração, procurando dar solução à solicitação que recebeu do Gabinete da Presidência da ECT” (fl. 19, anexo 3).

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17. Se realmente tal ‘ordem’ houve, por parte de algum agente da ECT lotado na Presidência da entidade, ante a ilegalidade dessa ‘ordem’, ela não poderia ter sido cumprida, ou ao menos, deveria ter o Sr. Maurício Marinho solicitado que fosse emitida uma determinação por escrito naquele sentido. Em não o fazendo, ele assumiu a responsabilidade pelo ato praticado. Nesse sentido, cabe destacar algumas afirmações feitas pelo próprio Sr. Maurício Marinho em sua defesa, acerca da afirmativa de uma de suas subordinadas que alegou ter sido pressionada por ele a dar aceite em uma fatura (fls. 25 e 27, anexo 3) (os destaques constam do original):

“... tomei a posição de NÃO atestar a fatura nº 404/2003. Solicitei, sim, às responsáveis pela Gestão Operacional que o fizessem (Sra. Cláudia Funes e Sra. Marise Louvison). NÃO HOUVE PRESSÃO, se elas não quisessem, NÃO TERIAM ASSINADO...”

“NINGUÉM é obrigado a fazer o que não quer e, principalmente se vai depor contra si mesmo! ... Eu me encontrava na Universidade dos Correios há um pouco mais de 01 (um) mês e NUNCA tive autoridade para determinar tal atitude”

18. Os mesmos argumentos servem para sua situação, ao aprovar uma eventual ‘solicitação’ para viabilizar o pagamento do Sr. Venâncio Grossi, de forma inteiramente ilegal.

19. Entendo, portanto, que ficou caracterizada a responsabilidade do Sr. Maurício Marinho em relação à irregularidade em questão, razão pela qual deve ser aplicada a ele a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92.

20. A Unidade Técnica propõe a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443/92 ao Sr. Sérgio Barroso de Assis Fonseca, representante da FUB no Contrato nº 10.198/99, por ter viabilizado o pagamento ao Sr. Venâncio Grossi por meio do referido contrato.

21. Entendo não ser cabível a aplicação dessa sanção. As penalidades previstas no art. 58 são dirigidas àqueles que praticam atos de gestão, o que não era o caso do Sr. Sérgio. Conforme dispõe o art. 71, inciso II, da Constituição Federal, a jurisdição do Tribunal só alcança àqueles que não gerem recursos públicos federais quando eles dão causa a “perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público”.

22. Como não houve prejuízo ao erário, não cabe ao Tribunal apenar a entidade contratada e muito menos o seu representante no contrato específico, que deve ser excluído da relação processual.

23. Outra irregularidade constatada foi a inclusão de algumas ordens de serviço no âmbito do Contrato nº 10.198/98, sem que elas estivessem incluídas no escopo do referido contrato, fugindo, assim, do dever de licitar os serviços contemplados nessas ordens de serviço.

24. Entendo que o grande problema foi a definição do Contrato nº 10.198/99 com um objeto extremamente amplo e genérico, conforme se verifica de sua Cláusula Primeira (fl. 3055, anexo 1):

“CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO:

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“1.1 O presente contrato tem por objeto regular o desenvolvimento das relações entre a CONTRATANTE e a CONTRATADA, na prestação de serviços técnicos especializados, objetivando o atendimento das seguintes necessidades:

1.1.1 Treinamento Específico: Desenvolver treinamentos específicos, visando atender a demanda de cada Área de Atuação da CONTRATANTE;

1.1.2 Assessoria e Consultoria a Projetos de: Capacitação e Desenvolvimento de Recursos Humanos; Revisão do Modelo Organizacional de Ensino; Reestruturação do Curso de Administração Postal e sua Integração à Universidade; Formatação de Cursos e Recursos Instrucionais;

1.1.3 Desenvolvimento Gerencial: Desenvolvimento de programas de atualização de conhecimento de educação continuada;

1.1.4 Pesquisa e Desenvolvimento: Manter um sistema de avaliação da efetividade do treinamento, por meio de pesquisas sistematizadas”

25. O segundo termo aditivo ao contrato tornou seu objeto ainda mais amplo ao acrescentar as seguintes atividades: “Revisão do Modelo Organizacional de Ensino, a implantação e a colocação em funcionamento da Universidade Corporativa dos Correios e do Museu Postal a sua integração à Universidade, a Avaliação e a Reestruturação do Curso de Administração Postal e sua integração, também à Universidade” (fl. 220, anexo 1)

26. A cláusula segunda do contrato estabelecia que as atividades mencionadas na cláusula anterior seriam objeto de ordens de serviços específicas, “com detalhamento dos projetos, módulos ou etapas a serem desenvolvidos”.

27. Na realidade, o contrato principal era o que usualmente se denomina de ‘contrato guarda-chuva’, apenas as ordens de serviço especificavam exatamente o que deveria ser feito. Essa foi a grande irregularidade, mas que não fez parte da audiência dos responsáveis. Dados os termos genéricos em que o objeto do contrato foi descrito, em muitos casos torna-se difícil avaliar se os objetos das ordens de serviço se enquadravam ou não no escopo do contrato. Entendo que essa questão é de menor relevância e é ate mesmo uma conseqüência da irregularidade maior que, repito, foi a definição genérica do objeto contratual, em descumprimento ao que estabelece o art. 55, inciso I, da Lei nº 8.666/93.

28. Dessa forma, não considero razoável aplicar multa àqueles agentes que utilizaram o Contrato nº 10.198/99 para a execução dos serviços descritos nas diversas ordens de serviço mencionadas nos ofícios de audiência, uma vez que essa utilização foi propiciada justamente pela falta de precisão na definição do objeto do contrato.

29. Por fim, a última irregularidade objeto de audiência foi a execução de algumas ordens de serviço sem amparo contratual, uma vez que o terceiro termo aditivo ao contrato não tinha sido assinado. Conforme análise feita pela unidade técnica, as razões de justificativa apresentadas lograram descaracterizar a irregularidade, uma vez constatado que as prorrogações se deram por apostilamento, conforme previsto no contrato e admitido em algumas circunstâncias pelo art. 65, §8º, da Lei nº 8.666/93.

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30. Conclui-se, portanto, que a única irregularidade caracterizada, apta a levar à aplicação de multa, é a realização de pagamento ao Sr. Venâncio Grossi por meio do Contrato nº 10.198/99, cujo objeto não tinha qualquer relação com os serviços prestados pelo consultor acima mencionado. Conforme tratado nos itens 15 a 19 deste voto, a responsabilidade por esse pagamento é do Sr. Maurício Marinho, então Coordenador da Universidade dos Correios.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 27 de junho de 2007.

UBIRATAN AGUIARMinistro-Relator

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ACÓRDÃO Nº 1263/2007 - TCU - PLENÁRIO

1. Processo: n.º TC - 019.116/2005-1 - c/ 3 anexos c/ 18 volumes (Apenso: TC-002.903/2006-0)2. Grupo II – Classe IV – Tomada de Contas Especial3. Responsáveis: Airton Langaro Dipp (CPF 122.776.730-72), Antônio Osório Menezes Batista (CPF 020.446.505-25), Fundação Universidade de Brasília – FUB (CNPJ 00.038.174/0001-43), Marise Helena Louvison (CPF 768.948.358-53), Maurício Marinho (CPF 126.695.711-15), Sérgio Barroso de Assis Fonseca (CPF 108.362.336-20) e Vera Lúcia Amaral (CPF 038.796.907-15)4. Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira7. Unidade Técnica: 1ª Secex8. Advogados: Airton Rocha Nóbrega (OAB/DF 5.369), Breno Rocha Pires e Albuquerque (OAB/DF 18.936), Cleonice Maria da Silva Leão Nunes (OAB/DF 6.612-E), Francisco Oliveira Thompson Flores (OAB/DF 17.122), Gabriel Monte Fadel (OAB/RS 43.764), Gabriel Pauli Fadel (OAB/RS 7.889), Joana Paula Gonçalves Menezes Batista (OAB/SP 161.413-A), José Ribeiro Braga (OAB/DF 8.874), José Ricardo Baitello (OAB/DF 4.850), Manoel J. Siqueira Silva (OAB/DF 8.873), Paulo Roberto Moglia Thompson Flores (OAB/DF 11.848), Rodrigo Madeira Nazário (OAB/DF 12.931), Sebastião Coelho da Silva (OAB/DF 20.552) e Yara de Camargo Daher (OAB/DF 9.099)

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, constituída

a partir da conversão, feita por meio do Acórdão 2.189/2005-TCU-Plenário, do processo original de representação formulada por equipe de auditoria a respeito de possíveis irregularidades praticadas no âmbito do Contrato nº 10.198/99, celebrado entre a ECT e a Fundação Universidade de Brasília – FUB.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. acolher as razões de justificativa apresentadas pela Sra. Vera Lúcia Amaral e pelo Sr. Antônio Osório Menezes Batista, nos termos do art. 250, §1º, do Regimento Interno/TCU;

9.2. julgar regulares com ressalvas as contas das Sras. Vera Lúcia Amaral e Marise Helena Louvison, dos Srs. Airton Langaro Dipp e Antônio Osório Menezes Batista e da Fundação Universidade de Brasília, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 17 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno/TCU;

9.3. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Maurício Marinho, nos termos do art. 250, §1º, do Regimento Interno/TCU;

9.4. julgar irregulares as contas do Sr. Maurício Marinho, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “b”, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma lei, e com os arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, e 214, inciso III, do Regimento Interno/TCU, em razão de ter dado causa ao pagamento feito ao Sr. Venâncio Grossi,

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indevidamente, no âmbito do Contrato 10.198/1999;9.5. aplicar ao Sr. Maurício Marinho, com fulcro no art. 58, inciso II, da Lei

8.443/1992, c/c o art. 268, inciso II, do Regimento Interno/TCU, multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante este Tribunal o recolhimento do valor aos cofres do Tesouro Nacional;

9.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação;

9.7. excluir da relação processual o Sr. Sérgio Barroso de Assis Fonseca;9.8. determinar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que só contrate a

execução de serviços que estejam com seus objetos adequadamente definidos, nos termos do art. 55, inciso I, da Lei nº 8.666/93, evitando a celebração de contratos do tipo ‘guarda-chuva’, com objetos genéricos, tal como o Contrato nº 10.198/99.

9.9. encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentam, ao Ministério Público Federal, à Casa Civil da Presidência da República e ao Ministério das Comunicações, em complementação aos subitens 9.8 e 9.9 do Acórdão 2.189/2005-Plenário;

10. Ata n° 27/2007 – Plenário11. Data da Sessão: 27/6/2007 – Ordinária12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1263-27/07-P13. Especificação do quórum:13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaça, Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro. 13.2. Auditores presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Marcos Bemquerer Costa.

WALTON ALENCAR RODRIGUES UBIRATAN AGUIARPresidente Relator

Fui presente:

LUCAS ROCHA FURTADOProcurador-Geral

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