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Relatório da missão de prospecção arqueológica por detecção remota e verificação subaquática Cais de Acostagem do Porto de Setúbal . Ricardo Rodrigo, Hélder Tareco, Pedro Caleja, Miguel Aleluia e N’Zinga Katiamela Lisboa, Dezembro 2004 TRABALHOS DO CNANS 25 Fotomontagem: Ricardo Rodrigo

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Relatório da missão de prospecção arqueológica por detecção remota e verificação subaquática

Cais de Acostagem do Porto de Setúbal .

Ricardo Rodrigo, Hélder Tareco, Pedro Caleja, Miguel Aleluia e N’Zinga Katiamela

Lisboa, Dezembro 2004

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25

Fotomontagem: Ricardo Rodrigo

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Relatório da missão de prospecção arqueológica por detecção remota

e verificação subaquática do Cais de Acostagem do Porto de Setúbal

Ricardo Rodrigo, Hélder Tareco, Pedro Caleja, Miguel Aleluia e N’zinga Katiamela

Adaptação gráfica: Francisco Alves, a partir do modelo “Trabalhos do CIIPA”.

Execução gráfica e tratamento fotográfico: Ricardo Rodrigo.

Fotomontagem Capa: Ricardo Rodrigo

Trabalhos do CNANS nº 25, Dezembro de 2004.

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Trabalhos do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, 25 Dezembro 2004

Índice

Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 2

Metodologia

Aquisição de dados – Magnetometria --------------------------------------------------------------------- 5

Aquisição de dados - Sonar de Varrimento Lateral ----------------------------------------------------- 6

Fontes de alimentação --------------------------------------------------------------------------------------- 7

Processamento e interpretação de dados ------------------------------------------------------------------ 7

Definição de anomalias ------------------------------------------------------------------------------------- 9

Trabalho de Campo

Sonar de Varrimento Lateral ------------------------------------------------------------------------------ 11

Magnetometria ---------------------------------------------------------------------------------------------- 11

Confirmação de anomalias -------------------------------------------------------------------------------- 12

Anomalia 1 -------------------------------------------------------------------------------------------------- 14

Anomalia 2 -------------------------------------------------------------------------------------------------- 15

Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 16

Bibliografia ------------------------------------------------------------------------------------------------- 17

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Introdução

Situado na margem norte do Sado, ligeiramente a montante do terminal Euro Minas, a área em

Estudo de Impacto Ambiental para a construção do Cais de Acostagem do Porto de Setúbal foi

prospectada sistematicamente de forma a evitar ou minimizar eventuais impactos sobre o

património náutico ou subaquático que ai existentes (Fig.1 e 2).

Com efeito, constituindo um factor de transformação do meio físico, o Projecto de Construção

do Cais de Acostagem do Porto de Setúbal, implica a realização de trabalhos que podem colocar

em risco património arqueológico subaquático, sobretudo através da alteração da estratigrafia

sedimentar existente.

Fig. 1 – Mapa de Portugal na Península Ibérica com a localização da zona de Intervenção.

Embora os resultados da pesquisa bibliográfica, nomeadamente a consulta de Carta arqueológica

do CNANS e do IPA não ter revelado a existência de quaisquer dados sobre eventuais vestígios

arqueológicos existentes no local, merece ser referido que nas suas proximidades situa-se o

“Orto da Sapec”, sítio arqueológico intervencionado por Joaquina Soares, Directora do Museu de

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Arqueologia e Etnografia de Setúbal, onde foram recolhidos diversos instrumentos líticos

fabricados sobre quartzo, sendo proposto pela autora uma cronologia compreendida entre o

Paleolítico Médio e o Neolítico i.

Fig. 2 – Área de intervenção do projecto (origem: escala Carta Militar 1:25.000).

No entanto, é a partir da Idade do Ferro que o Sado assume um papel excepcionalmente

relevante como via privilegiada de circulação e comércio entre as populações peninsulares

atlânticas e o oriente mediterrânico. Os vestígios mais antigos conhecidos para esta época são

atribuídos a uma unidade comercial localizada na foz do Sado, datada do século VII a.C., que se

vai posteriormente articular com Abul e Alcácer do Sal, demonstrando haver uma intensa

circulação fluvial que se prolonga na época romana. Desta época é conhecida Cetobriga, a

cidade romana correspondente a Setúbal, bem como todo o complexo industrial a ela associado,

consistindo essencialmente na indústria de salga de peixe e produção cerâmica e localizada ao

longo das duas margens, de que merece destaque o complexo de Tróia, o mais importante do

Atlântico romano.

Por sua vez as fontes escritas sublinham também a importância do povoado piscatório de Setúbal

na Idade Média, mantendo-se subsequentemente esta cidade, até aos dias de hoje,

intrinsecamente ligada à navegação marítima e à actividade piscatória.

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Dado o potencial arqueológico do local de implantação do Cais de Acostagem do Porto de

Setúbal e tendo em conta as condicionantes existentes no meio subaquático, nomeadamente a

fraca visibilidade (1 a 1,5 m) e a elevada extensão da área a prospectar, a metodologia de

prospecção foi definida de forma a caracterizar e avaliar de modo sistemático o potencial

arqueológico do local com vista à definição das correspondentes medidas de minimização de

impactos sobre o património arqueológico detectado. Neste sentido, o recurso à utilização de

meios geofísicos, analisados os factores de aplicabilidade, eficiência e custos, demonstrou ser a

solução metodológica mais adequada, sendo todas as anomalias detectadas posteriormente

confirmadas por mergulho.

Desta forma, foram definidos os passos metodológicos adiante discriminados para a elaboração

deste estudo.

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Metodologia

Aquisição de dados - Magnetometria

O magnetómetro utilizado foi o G-877 da Geometrics (magnetómetro de precessão protónica).

Para a ligação do “peixe” à embarcação, foi utilizado um multi-cabo reforçado de Kevlar com

50m.

A saída do cabo foi efectuada a bombordo, num total de 35m de cabo solto.

A zona a prospectar apresentava alguns problemas logísticos tais como:

• A profundidade variava desde os -10m (a sul) até aos -1m (a Norte), valores para altura

de preia-mar;

• A ponte que produzia uma anomalia magnética significativa;

• As fortes correntes tornaram difícil execução de uma grelha regular.

Na tentativa de superar estes problemas, o magnetómetro foi acoplado a dois flutuadores, ficando

imerso cerca de -1m, evitando-se deste modo possíveis embates no fundo. A aquisição de dados

foi efectuada com uma velocidade média de 3 nós, o tempo de leitura (ciclo) do magnetómetro

foi estabelecido para 1s. O software de aquisição foi o MagLog TM, que permite em tempo real

visualizar os dados adquiridos e a localização dos perfis efectuados.

Fig.3 – Perfis de aquisição de dados de magnetometria.

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Aquisição de dados - Sonar de Varrimento Lateral

O Sonar de Varrimento Lateral utilizado foi o Klein 3000, com as seguintes características:

• Emissão em duas frequências independentes, 130KHz e 445KHz;

• Consola de aquisição com DSP integrado;

• Cabo ligação “peixe” – consola.

Como foi anteriormente referido, a profundidade da zona variava entre 1.5m e os 10m. Desta

forma optou-se por acoplar o sonar a bombordo da embarcação, a cerca de 1m de profundidade,

ficando a cerca de 0.5m abaixo do plano do casco da embarcação.

A aquisição de sonar foi efectuada com um alcance de 25m. Ou seja 25m para estibordo e 25

para bombordo. Para o registo de dados utilizou-se o software SonarPro7.4 Beta, que permitiu

visualizar os dados em tempo real, tal como a cobertura efectuada, tendo o registo sido feito em

formato *.sdf e *.xtf.

Fig.4 – Área coberta pelo Sonar de Varrimento Lateral.

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Fontes de alimentação

As fontes de energia utilizadas foram baterias de 12V (45Ah a 60Ah) com conversores

12V/220V e 12V/130V e ainda um gerador AC 220V e DC 12V.

Na embarcação utilizada foram instalados dois computadores para se efectuar o registo dos

dados. Utilizou-se para a aquisição de dados de magnetometria e de sonar (1ª fase) um GPS

Garmin 176 e para a segunda fase de sonar o mesmo GPS, mas com o sistema de correcção

(sistema aberto a 1 de Abril de 2003), funcionado no modo DGPS, com um erro de

posicionamento médio de 0.5m.

Processamento e interpretação de dados

Relativamente aos dados de magnetometria, o processamento efectuado pode ser descrito

brevemente por:

• Importação dos dados por linha;

• Análise individuais das linhas;

• Eliminação de anomalias com origem em deficiências de acoplamento de massas e outras

origens;

• Integração das linhas individuais e interpolação dos dados das linhas;

• Conversão das coordenadas da imagem final obtida para o sistema de coordenadas UTM,

1983 Fuso 29.

Fig. 5 – Anomalias magnéticas detectadas (valores em gama / nanotesla).

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Fig. 6 – Projecção das anomalias magnéticas detectadas.

O processamento de dados de sonar foi efectuado com uma suite de software da TritonElics, Inc.

De um modo geral:

• Utilizou-se o formato *.xtf para visualizar os dados;

• Foram efectuados ajustes nos ganhos, correcções de espectros;

• Foram efectuadas correcções de: velocidade “pitch”, “roll”, “heading” e “slant range”;

• Foi feita a suavização da navegação, interpolação das posições do DGPS;

• Foi feita a escolha da dimensão de pixel necessária à realização de um mosaico global,

tendo em consideração que para 445KHz, o comprimento de onda é aproximadamente

0.003m, que a aquisição foi efectuada com velocidades compreendidas entre os 2.5nós e

os 3.5nós, o que se traduziu numa amostragem espacial aproximada de 0.07m, para o

alcance escolhido. Foi então seleccionada uma dimensão para o pixel de 0.03*0.03m, a

projecção de saída foi UTM 1983, Fuso 29.

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Fig. 7 – Área de intervenção do projecto - localização de anomalias.

Definição de Anomalias

Após a obtenção das imagens finais de magnetometria e de sonar ambas foram integradas no

software ArcView. A esta informação adicionou-se o ortofotomapa local. Foram então

seleccionadas anomalias de eventual interesse arqueológico e definido o planeamento da sua

prospecção visual.

Após análise dos dados recolhidos, visto toda a área estar bastante assoreada, apenas foram

detectadas duas anomalias, que de alguma forma podem constituir ou estar associados à presença

de materiais arqueológicos.

Uma constitui uma anomalia de relevo, detectada pelo sonar de varrimento lateral, e que pela sua

forma poderia representar a extremidade de uma estrutura de uma embarcação de madeira a

emergirem do fundo lodoso (Fig. 8). A segunda uma anomalia magnética localizada já no limite

da área de projecto. Esta anomalia, com cerca de 400 Gama/nanotesla, correspondente a uma

massa metálica de grandes dimensões, mão é todavia visível na superfície do leito lodoso, ou

seja, a prospecção de sonar de varrimento lateral não detectou qualquer indicio de afloramento

no local da anomalia magnética, presumindo-se que esta esteja soterrada nos sedimentos.

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Fig. 8 – Anomalia de sonar de varrimento lateral.

Fig. 9 – Anomalia Magnética.

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Trabalho de Campo

Sonar de Varrimento Lateral

Os trabalhos de campo de aquisição de dados de sonar de varrimento lateral foram efectuados

durante a última semana de Novembro, sendo a equipa constituída pelos seguintes elementos;

Eng. Hélder Hermozilha Tareco, Mestre pela Universidade de Aveiro, Miguel Aleluia e Ricardo

Rodrigo, Técnicos do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.

Fig. 10 – Embarcação “Ariane” – teste de aquisição de dados de sonar de varrimento lateral.

Magnetometria

Os trabalhos de campo de aquisição de dados magnetométricos foram efectuados nos durante a

segunda semana de Dezembro, em especial durante a noite devido à deriva magnética ser

bastante menor, sendo a equipa constituída pelos seguintes elementos;

Eng. Hélder Hermozilha Tareco, Mestre pela Universidade de Aveiro, Ricardo Rodrigo e Miguel

Aleluia, Técnicos do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.

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Fig. 11 – Embaracação “Ariane” – aquisição de dados magnéticos.

Confirmação de anomalias

A confirmação de anomalias magnéticas foi efectuada através de mergulho utilizando-se a

técnica de prospecção arqueológica radial com auxílio de detector de metais.

Para a verificação das anomalias de sonar de varrimento lateral efectuou-se prospecção

arqueológica visual com registo fotográfico, utilizando-se uma máquina fotográfica digital

submersível de modo a registar os alvos previamente estabelecidos. Saliente-se a fraca qualidade

dos resultados fotográficos obtidos devido à muito fraca visibilidade das águas.

Os trabalhos de campo (mergulho) de verificação de anomalias foram efectuados durante a

última semana de Dezembro de 2004.

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Fig. 12 – Embaracação “Argus” – utilizada na confirmação de anomalias.

Fig. 13 – Preparação de mergulho arqueológico para confirmação de anomalias.

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Anomalia 1 (anomalia magnética)

Logística: embarcação Argos

Apoio de superfície: Ricardo Rodrigo e Nezinga Oliveira

Mergulhador: Pedro Caleja

Técnica de verificação: radial com detector de metais e sondagem.

Profundidade: - 9m

Localização: sistema de coordenadas utilizado - UTM – Fuso 29

Ponto Mag Longitude Latitude

1 519586.25 4257882.43

Descrição: Foi localizada através de mergulho a área correspondente à anomalia magnética não

sendo possível a sua identificação visual devido a encontrar-se soterrada por sedimento, muito

embora se tenha tentado alcançá- la por sondagem, sem sucesso.

Fig. 14 – Ponto central da prospecção radiar para detecção da anomalia magnética.

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Anomalia 2 (sonar de varrimento lateral)

Logística: embarcação Argos

Apoio de superfície: Ricardo Rodrigo e Nezinga Oliveira

Mergulhador: Pedro Caleja

Técnica: Prospecção visual

Mergulhador: Pedro Caleja

Localização: sistema de coordenadas utilizado - UTM – Fuso 29

Ponto Sonar Longitude Latitude

1 518957.23 425796.60

Descrição: A anomalia detectada visualmente consistia em irregulares do leito, consistindo em

sulcos de dragagem alongados, que não apresentavam qualquer interesse arqueológico.

Fig. 15 – Anomalia detectada pelo sonar de varrimento lateral, sulco de dragagem

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Conclusão

Análise de impactos

Muito embora não tenham sido detectados vestígios arqueológicos de superfície ou associados a

anomalias magnéticas, a existência de contextos arqueológicos soterrados no sedimento, não

detectáveis pelas técnicas de prospecção utilizadas, tais como contextos de habitat pré-histórico

ou embarcações de madeira sem elementos metálicos, constituem uma possibilidade só

detectável durante a própria execução dos trabalhos de dragagem.

Desta forma, pelos dados recolhidos, consideramos não haver presunção de a obra poder vir a

causar impactos directos sobre património arqueológico conhecido. Propomos no entanto as

medidas de minimização adiante referidas, pelo facto de a prospecção realizada assentar numa

avaliação do que foi detectado, o que nunca permite excluir em arqueologia a possibilidade de

subsistir património indetectável pelas tecnologias hoje disponíveis.

Medidas de minimização

Preconiza-se como medidas gerais de minimização do impacte da construção do cais sobre

eventual o património arqueológico existente:

1. Acompanhamento arqueológico das obras de instalação de estaleiros no caso de

envolver trabalhos de remoção de terras;

2. Acompanhamento arqueológico integral das dragagens.

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Bibliografia

ALVES, Francisco J. S. [et al...]- A armadilha de pesca da época romana descoberta na praia

de Silvalde (Espinho). "O arqueólogo português", Lisboa, Série IV, Vol. 6/7, 1988-1989, pp.

187-226

BALTAZAR, L. - Troia (de Setúbal), Al-Madan. N.º 0, Almada: Centro de Arqueologia de Almada, 1996,pp. 55-59, CARDOSO, J.L. – Arqueologia na região meridional da península de Setúbal, “Al-Madan”, II série, n.º 7, Almada, Centro de Arqueologia de Almada, 1998, pp. 23-36. COELHO-SOARES, Antónia, SILVA, Carlos Tavares da- Anforas romanas na área Urbana de Setúbal. "Setúbal Arqueológico", Setúbal, Vol. 4, 1978, pp. 171-190. COELHO-SOARES, Antónia, SILVA, Carlos Tavares da- Anforas romanas da Quinta da Alegria (Setúbal). "Setúbal Arqueológico", Setúbal, Vol. 5, 1979, pp. 205-221 COSTA, A. I. Marques da- Estações prehistoricas dos arredores de Setubal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1910 DIAS, J. M. Alveirinho- A evolução actual do litoral português. "Geonovas", Lisboa, MOREIRA, Maria Eugénia S. de Albergaria- Glossário de termos usados em geomorfologia litoral. Lisboa: Centro de Estudos Geográficos, 1984 MAYET, F. e TAVARES DA SILVA, C - L` Établissement Phénicién d`Abul, Itineraires Lusitaniens, Paris, 1997, pp. 255-274. SILVA, C. T, SOARES. J - Na procura das origens de Setúbal. “Al-Madan” n.º 3, 1984, pp. 87-

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SILVA, C. T, SOARES. J – Ocupação pré-romana de Setúbal, Trabalhos de Arqueologia, n.º 3,

IPPC, Lisboa, 1986, pp. 87-101.

i A existência deste tipo de contexto com uma “cronologia pouco fina” abre-nos um espectro temporal tão lato que nos permite supor a existência de contextos similares em zonas hoje submersas e soterradas pelo sedimento fluvial, sobretudo contextos de ocupação humana de zonas ribeirinhas ocorridos durante épocas glaciares em que o nível médio das águas do mar se encontrava bastante abaixo do zero hidrográfico actual, ou mesmo durante a ocupação romana devido a alterações da costa como é o caso da armadilha de pesca em Silvalde – Espinho.