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TAXONOMIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO

William Sérgio Azevêdo Guimarães1

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar o processo de construção da

taxonomia do Ministério Público Brasileiro. Denominou-se de “taxonomia” o conjunto de tabelas a serem adotadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP e incorporadas a todos os sistemas para atividade fim de todas as unidades do Ministério Público, sendo elemento indispensável para a definição de indicadores que tornem possível o controle administrativo e financeiro e dos deveres funcionais dos membros. Sem precedentes na história institucional, este projeto só se tornou viável pelo patrocínio dos Conselhos Nacionais de Procuradores-Gerais - CNPG e Corregedores-Gerais - CNCG. Integraram a equipe técnica membros de todas as unidades do Ministério Público com larga experiência na atividade fim. O projeto, que tinha como objetivo inicial a padronização de termos do Ministério Público, transformou-se em base sólida para a construção da taxonomia nacional do sistema de justiça. Apoiado pela Tecnologia da Informação – TI, este trabalho, quando implantado, permitirá a coleta de indicadores precisos, o que instrumentalizará o CNMP para adotar medidas que fortaleçam as boas práticas e aperfeiçoem atividades em todas as regiões do Brasil de forma coordenada, tornando o Ministério Público uma instituição ágil para responder com eficiência e eficácia os anseios da sociedade. Palavras Chave: Taxonomia. Ministério Público. CNMP. CNPG. CNCG. CNJ.

"Não é o crítico que conta, nem aquele que aponta o passo em falso do homem forte ou o modo pelo qual o benfeitor poderia ter feito melhor. O crédito cabe ao homem que está de fato na arena; cujo rosto está desfigurado pela poeira, suor e sangue; àquele que luta valentemente, que erra e cai repetidamente; que conhece os grandes entusiasmos, as grandes devoções; que se consome por uma grande causa; que, na melhor das hipóteses, conhece ao final o triunfo de uma grande realização e na pior delas, se falhou, ao menos falhou com a grandeza da ousadia".

Theodore Roosevelt

___________________________________________

1 Mestre em Ciência da Computação, Master Business Administration – MBA em Gestão de TI, Analista de Sistemas,

Administrador de Banco de Dados, Professor Universitário. [email protected]

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1. INTRODUÇÃO: TAXONOMIA

Taxonomia (do Grego tassein = "para classificar" e nomos = lei, ciência,

administrar), foi o termo atribuido à ciência de classificar organismos vivos (alfa

taxonomia). Mais tarde a palavra foi aplicada em um sentido mais abrangente,

podendo ser utilizada para classificação de coisas ou aos princípios subjacentes da

classificação. Quase tudo ( objetos animados, inanimados, lugares e eventos) pode

ser classificado de acordo com algum esquema taxonômico.

O termo se popularizou graças a Carl Von Lineu que o utilizou para classificar

as coisas vivas. É extensamente usado nas ciências biológicas. A taxonomia de

Lineu propõe uma classificação hierarquizada, começando com os Reinos. Estes

são divididos em Filos. Filos são divididos em classes, e estas em ordens, famílias,

gêneros e espécies e, dentro de cada uma ainda existem subdivisões. Grupos de

organismos em qualquer uma destas classificações são chamados de grupos

taxonômicos.

Baseados na crença de que a mente humana organiza naturalmente seus

conhecimentos em tal sistemática, pode-se utilizar este método de classificação para

explicar de forma hierarquizada qualquer conhecimento humano. Então, escolhe-se

um ramo do conhecimento e por regras de afinidades agrupa-se este em grandes

grupos que sucessivamente são subdivididos até chegar-se à informação básica.

Em uma analogia à taxonomia científica de Lineu, é possível agrupar e

hierarquizar termos jurídicos adotados pelo Judiciário, Ministério Público, OAB,

Defensoria Pública, Polícias etc. Isto, além de permitir um ordenamento, padroniza

os conceitos e uniformiza o método de classificação quando da necessidade de

registro nos autos. Com um sistema de classificação de terminologias, um agente

público independente da localização geográfica, consultaria a taxonomia e chegaria

a um único termo que atendesse sua necessidade. De forma unívoca, outro agente

público, com interesse, temporalidade e localização diversa utilizaria a mesma

terminologia, esta obrigatoriamente teria o mesmo sentido de uso da primeira.

Benjamin Bloom, professor da universidade de Chicago liderou um grupo

formado pela American Psychological Association para criar uma "classificação de

objetivos de processos educacionais". A Taxonomia de Bloom refere-se ao trabalho

intitulado "Taxonomia e Objetivos no Domínio Cognitivo" publicado em 1956. O

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primeiro passo para a definição dessa taxonomia foi a divisão do campo de trabalho

em três áreas não mutuamente exclusivas: a cognitiva (ligada ao saber), a afetiva

(ligada a sentimentos e posturas) e a psicomotora (ligada a ações físicas). Benjamin

Bloom é considerado o autor que mais influenciou as teorias da aprendizagem, na

segunda metade do século XX.

Esta sistemática de classificação possui três características: cumulatividade,

hierarquia e eixo comum, e pode ser usada para qualquer área de conhecimento.

Por exemplo, para classificar sistemas de ensino, de saúde, financeiro, urbanístico e

assim sucessivamente. A classificação será realizada segundo premissas pré-

definidas e em conformidade com o conhecimento produzido sobre o assunto.

A classificação adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

IBGE pode ser considerada como taxonomia. Classificação hierárquica urbana –

Metrópole Urbana (Globais, Nacionais, Regionais, Capitais Regionais, Centros Sub-

regionais e Centros de Zonas); ou a classificação para cor da pele (negro, índio,

branco, pardo e amarelo); Religião e crença: Católicas (Apostólica Romana,

Apostólica Brasileira, Ortodoxa), Igrejas Evangélicas (Batista, Adventista, Luteranas,

Presbiteriana, Metodista, Congregacional), Pentecostal (Assembleia de Deus, Igreja

Universal do Reino de Deus, Evangelho Quadrangular, Deus é Amor, Maranata,

Nova Vida) e etc. Sem essa padronização, não seria possível a realização do

CENSO nacional.

Atualmente adota-se a taxonomia para expressar a classificação e

padronização hierarquizada de termos para qualquer ramo do conhecimento, em

especial aos sistemas informatizados, que preconizam um ordenamento nas

informações manipuladas eletronicamente. Assim, o termo Taxonomia tem se

tornado sinônimo de classificação e padronização de termos de negócios de uma

organização com abrangência local, regional ou nacional.

2. O MINISTÉRIO PÚBLICO

Embora no Brasil Colônia não existisse o Ministério Público, já se fazia

menção aos promotores de justiça como fiscais da lei e responsáveis pela acusação

criminal. Existia ainda, o cargo de procurador dos feitos da Coroa (defensor da

Coroa) e o de procurador da Fazenda (defensor do fisco). No Brasil Império, com o

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Código de Processo Penal, iniciou-se a sistematização das ações do Ministério

Público. Na República, a regulamentação da Justiça Federal dispôs, em um capítulo,

sobre a estrutura e atribuições do Ministério Público no âmbito federal, destacando-

se: a indicação do Procurador-Geral pelo Presidente da República e a função do

Procurador de cumprir as ordens do Governo da República relativas ao exercício de

suas funções e de promover o bem dos direitos e interesses da União.

O processo de codificação do Direito nacional permitiu o crescimento

institucional do Ministério Público, visto que os códigos Civil e Penal atribuíram

várias funções à instituição. Em 1951, a lei federal nº 1.341 criou o Ministério Público

da União – MPU pertencendo ao Poder Executivo, e se ramificava em Ministério

Público Federal, Militar, Eleitoral e do Trabalho. Em 1981, a Lei Complementar nº 40

dispôs sobre o estatuto do Ministério Público, instituindo garantias, atribuições e

vedações aos membros do órgão.

A promulgação da lei da Ação Civil Pública ampliou a área de atuação do

Ministério Público, ao atribuir-lhe a função de defesa dos interesses difusos e

coletivos. Antes da ação civil pública, o Ministério Público desempenhava

basicamente funções na área criminal, já que na área cível, tinha apenas uma

atuação interveniente, como fiscal da lei em ações individuais. Com o advento da

ação civil pública, o órgão passa a ser agente tutelador dos interesses difusos e

coletivos.

A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Ministério Público no

capítulo "Das funções essenciais à Justiça". Define as funções institucionais, as

garantias e as vedações de seus membros. Foi na área Cível que o Ministério

Público adquiriu novas funções, destacando a sua atuação na tutela dos interesses

difusos e coletivos (meio ambiente, consumidor, patrimônio histórico, turístico e

paisagístico; pessoa portadora de deficiência; criança e adolescente, comunidades

indígenas e minorias ético-sociais). Isso deu evidência à instituição, tornando-a uma

espécie de Ouvidoria da sociedade brasileira. Diz o texto constitucional, em seus

artigos 127 e 129, inciso III: “Art. 127., O Ministério Público é instituição permanente,

essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem

jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”

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Ao longo da história o Ministério Público se expandiu por todo o território

brasileiro. Inicialmente funcionando dentro dos Fóruns Judiciais, com a consequente

autonomia orçamentária e financeira, passou a construir sua própria estrutura física.

Construiu prédios e dotou-os de membros qualificados a fazer cumprir a missão

imposta à instituição. Apesar do princípio institucional da indivisibilidade, que

preceitua que a instituição é um todo orgânico, não estando sujeito a rupturas ou

fracionamento, as dimensões continentais do Brasil criaram uma dificuldade para o

controle da atuação dos membros e consequente mensuração da efetividade das

ações propostas. Este crescimento institucional e o aumento das atribuições criaram

dificuldades para que o Ministério Público conhecesse sua efetividade.

O fortalecimento das instituições de controle na Administração Pública

brasileira contribuiu para o debate sobre a gestão pública. O Controle efetivo dos

custos e a busca pela efetividade administrativa pressionaram o governo a

reformular o modelo de administração burocrática e sobre a ineficiência do controle

de procedimentos. Como alternativa para a promoção de uma gestão mais eficiente

e efetiva foram propostos novos modelos organizacionais e de gestão com o foco

em resultados.

3. O CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP foi criado pela Emenda

Constitucional nº 45/2004 – reforma do judiciário, com a atribuição de controle da

atuação administrativa e financeira do Ministério Público Brasileiro e do cumprimento

dos deveres funcionais de seus membros. O CNMP foi instalado em junho de 2005.

Integram o Ministério Público Brasileiro os Ministérios Públicos Estaduais, o

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, e o Ministério Público da União,

composto pelo Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e Ministério

Público Militar.

O papel conferido ao CNMP como órgão de controle externo lhe permite

editar atos regulamentares ou de recomendação com o objetivo de padronizar a

atuação dos ramos do Ministério Público, estabelecendo a forma de relacionamento

e troca de informações para o fortalecimento da autonomia institucional. O

cumprimento deste papel se mostrou prejudicado em virtude da falta de

padronização na terminologia que define os inúmeros tipos de feitos em que o

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membro atua e a diversidade de manifestações que podem ser propostas.

Considerando-se as dimensões do país e os aspectos econômicos, sociais e

culturais, torna-se difícil para um órgão fiscalizador estabelecer padrões de aferições

de abrangência nacional sem uma linguagem única.

Para mensurar o grau de efetividade das diversas unidades do Ministério

Público Brasileiro é determinante a construção de indicadores que possam ser

adotados por todos, ou seja, apesar das especificidades regionais e de quão bem ou

mal estruturados as unidades se encontrem, devem existir mecanismos para

informar o CNMP da efetividade alcançada, suas deficiências e seus pontos fortes.

De posse dessa base de dados, o Conselho deve possuir mecanismos para gerar

estatísticas visando balizar suas ações estratégicas.

O CNMP editou a resolução nº 12 em setembro de 2006, que dispôs sobre a

aplicação do controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público.

As unidades passaram a prestar informações periodicamente com objetivo de

prestar contas à sociedade, permitir o aperfeiçoamento institucional e dar base para

a construção de mecanismos de aferição de desempenho, além de subsidiar o

planejamento estratégico.

Em 2007 o CNMP editou a resolução nº 25, criando o Núcleo de Ação

Estratégica - NAE para supervisionar as informações encaminhadas pelas unidades

do Ministério Público e assim, subsidiar a comissão de planejamento estratégico.

Esta resolução propôs o preenchimento de formulário padrão disponibilizado pela

internet. Determina ainda o envio de relatório das atividades funcionais dos

membros e dos resultados alcançados em planilha eletrônica.

Em dezembro de 2008 o CNMP editou a resolução nº 33, que alterou a

redação do texto da resolução nº 25 e definiu um questionário referente às

atividades funcionais dos membros de todas as unidades. Esta resolução foi razão

para a convocação de diversas reuniões promovidas pelo CNMP. Em razão da falta

de padrão, muitas unidades não conseguiram entender o preenchimento do

formulário. A falta de um glossário e de equipe de suporte capaz de sanar dúvidas à

distância também devem ser considerada como razão para as dúvidas quanto ao

preenchimento. Constatou-se ainda um alto grau de dados não registrados pelas

unidades do Ministério Público. Sem registro das informações em seus sistemas

para a atividade fim ficava impossível atender a resolução.

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A edição das resoluções demonstra o grau de importância dado pelo CNMP

para a obtenção de dados de todas as unidades do Ministério Público e assim, poder

constatar o grau de eficiência e eficácia da instituição. Porém, apesar das

resoluções, as unidades não remetem os dados solicitados. Em relatório publicado

pelo CNMP em julho de 2009 fica evidente esta constatação. De posse das

informações coletadas pelo Núcleo de Ação Estratégica – NAE e analisadas por um

Cientista Político da Universidade de Brasília, somente 19 Ministérios Públicos

estaduais preencheram o relatório. Das 10.067 respostas coletadas, 4.982 estavam

em branco e 1.897 preenchidas com valor igual a zero. Constatam-se, assim,

dificuldades no processo de coleta, tratamento e validação dos dados. Embora o

Cientista tenha concluído pela falta de motivação organizacional como razão para o

não preenchimento dos dados, aponta-se a dificuldade no preenchimento dos

questionários elaborados pelo CNMP como a principal razão pela ausência de

dados. E esta dificuldade de preenchimento está diretamente vinculada à

compreensão de forma objetiva do que está sendo solicitado e com que finalidade.

4. A TAXONOMIA DO JUDICIÁRIO

Em 2006 o Judiciário Brasileiro, por meio do Conselho Nacional de Justiça –

CNJ, concretizou seu primeiro esforço de um sistema taxonômico de abrangência

nacional. Atento à Emenda Constitucional n. 45/2004, anteviu que para realizar o

planejamento estratégico, necessitaria coletar dados das atividades meio e fim da

instituição. Que precisaria de um diagnóstico sobre o desempenho institucional,

mapeando o Judiciário como uma instituição única, consolidado dados das Varas,

dos Tribunais estaduais e federais em todos os ramos da justiça e nos Tribunais

Superiores.

Urgiam para o Planejamento Estratégico estatísticas consolidadas com alto

grau de confiabilidade. O CNJ percebeu que as informações gerenciadas pelas

Corregedorias de cada órgão do Judiciário continham métodos diversos e empíricos

de aferição da atividade fim. Ao tentar consolidar os relatórios, não encontrava um

eixo comum, capaz de agregar números. Tornou-se evidente que um mecanismo de

padronização precisaria ser definido e aplicado do topo para a base em todas as

esferas do Judiciário para que estatísticas confiáveis pudessem retratar a atividade

realizada em prol da Justiça brasileira.

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Em fevereiro de 2006 o CNJ publicou a resolução nº 12, em que criava o

banco de soluções do Poder Judiciário, com a intenção de reunir práticas adotadas

visando à melhoria da administração da justiça e da prestação jurisdicional. Neste

mesmo ato criou o grupo para adoção da interoperabilidade, que é a capacidade de

um sistema (informatizado ou não) se comunicar de forma transparente (ou o mais

próximo disso) com outro sistema (semelhante ou não). A intenção foi a de estudar

tecnologias capazes de permitir que os diversos sistemas de informação dos

Tribunais conversassem entre si. Ainda neste ato, definiu critérios básicos para

adoção de uma taxonomia, como requisito fundamental para a interoperabilidade.

Em dezembro de 2007 o CNJ editou a resolução nº 46, em que cria as

tabelas processuais unificadas do Poder judiciário. Justificou mais uma vez a

importância do trabalho taxonômico para a extração de dados estatísticos precisos e

determinantes para a gestão do Poder Judiciário. Neste ato criou as tabelas de

classes, assuntos e movimentos. Determinou ainda que todos os Tribunais deveriam

adaptar os seus sistemas internos a fim de refletir as tabelas unificadas até

novembro de 2008. A resolução previu a necessidade de contínuo aperfeiçoamento

das tabelas e assumiu a coordenação dessa atividade e criou o comitê gestor das

tabelas com representatividade dos demais órgãos do Poder Judiciário.

Pela abrangência das tabelas, o CNJ ainda estipulou regras determinantes

que não poderiam ser quebradas. A tabela de Classes processuais não pode ser

alterada e nem complementada pelos Tribunais sem a anuência do CNJ. A tabela de

Assuntos pode ser complementada pelos Tribunais a partir do ultimo nível, e essas

devem ser encaminhadas ao CNJ, e a tabela de Movimentos pode ser

complementada, e esses devem ser encaminhados ao CNJ para avaliar o eventual

aproveitamento na tabela nacional.

Em março de 2008 o CNJ promoveu o primeiro encontro nacional das

tabelas processuais unificadas para debater o assunto e trocar experiências com a

intenção de facilitar a implantação e adoção em todos os órgãos do judiciário. Neste

encontro foi apresentado o projeto piloto do sistema PROJUDI como alternativa de

unificação dos sistemas de informação e já trazendo o processo digital como grande

benefício e também como sistema de referência para os Tribunais que ainda não

dispunham de sistema próprio. Neste evento, o CNJ sinalizou aos Tribunais seu

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compromisso com o planejamento estratégico como ferramenta essencial para a

prestação jurisdicional.

Em maio de 2009 o CNJ editou a resolução nº 76, que, apoiada na

implantação da taxonomia, implantou o sistema de estatística do Poder Judiciário,

estabelecendo seus indicadores e fixando prazos para o encaminhamento dos

dados estatísticos pelos Presidentes dos Tribunais. Assim, o Judiciário passou a

cumprir o artigo 103-B, § 4º, VII da Constituição Federal, que determina ao CNJ a

elaboração do relatório anual sobre a situação do Poder Judiciário no país.

O processo taxonômico do Judiciário continua em evolução. O Comitê

Gestor se reúne ordinariamente para discussão da melhoria contínua das tabelas e

sistemas de aferição da atuação jurisdicional. As tabelas atualizadas são distribuídas

aos Tribunais, mantendo assim a universalidade pensada em 2006. Novas

comissões têm sido criadas e a orquestração desses projetos é feita pelo CNJ. O

sistema “Justiça em números” disponível no sítio do CNJ é fruto da taxonomia. É um

sistema que visa o processo de conhecimento do Poder Judiciário por meio da

coleta sistemática de estatísticas e de cálculo de indicadores que retratem o

desempenho dos Tribunais. Pode-se afirmar que este produto é o resultado da

adoção com sucesso do projeto de taxonomia. E que graças aos objetivos definidos

e perseguidos em 2006, hoje o Judiciário começa a colher indicadores objetivos que

certamente nortearão a visão a ser perseguida pelo Judiciário brasileiro para os

próximos vinte anos.

5. A TAXONOMIA NO MINISTÉRIO PÚBLICO

A constatação de que as unidades do Ministério Público possuíam níveis de

informatização distintos, algumas utilizando o “estado da arte” e outras ainda nos

processos manuais, levou o CNPG a promover em 2006 um encontro de gestores

de Tecnologia da Informação em Recife. O objetivo era encontrar alternativas

tecnológicas que garantissem uma maior integração das boas práticas na gestão

dos recursos de TI e no apoio à atividade fim. Ficou estabelecido que as unidades

buscariam meios para construção de um sistema de informação de referência a ser

adotado pelas unidades que ainda não controlavam suas atividades pela informática,

criariam infraestrutura necessária para adoção da interoperabilidade e a

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materializariam termo de cooperação a ser estabelecida entre as unidades, visando

nivelar o estágio informacional. Elegeu-se como projeto prioritário a padronização

das nomenclaturas das tabelas comuns utilizadas em sistemas da atividade fim.

O encontro determinou a criação do grupo de gestores de TI, que passou a

interagir por meio de correio eletrônico, sistema de mensagens instantâneas e

ferramentas de colaboração. Isto permitiu a troca de práticas adotadas e do

compartilhamento de problemas e soluções. Porém, os objetivos definidos no

encontro de Pernambuco não encontraram apoio para sua execução. A

uniformização das tabelas foi esquecida.

Em razão da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de

Dinheiro – ENCCLA 2008, o CNJ realizou reunião para discutir alternativas para o

atingimento da meta 8 - Uniformizar tabelas de cadastramento de classes, assuntos

processuais e andamentos criminais entre Polícia Federal, Polícia Civil, Ministérios

Públicos Federais, Ministérios Públicos Estaduais, Justiça Federal e Justiça

Estadual. O Ministério Público de Rondônia assumiu compromisso de adotar em

seu sistema as tabelas taxonômicas aprovadas pelo CNJ para o Judiciário e, assim,

demonstrar a viabilidade da integração, abrindo oportunidade para construção de um

sistema capaz de trocar dados com todos os agentes do sistema nacional de justiça.

Em maio de 2009 o Ministério Público de Rondônia apresentou seu sistema

integrado às tabelas taxonômicas do Judiciário para uma comissão formada por

representantes do CNJ, do CNMP, e dos Ministérios Públicos do Distrito Federal e

Territórios - MPDFT e de Goiás e do Tribunal de Justiça de Rondônia. Comprovada

a viabilidade do projeto, os presentes decidiram pela definição de premissas que

deveriam ser encaminhadas ao CNMP para que, diante do sucesso do projeto piloto,

fossem adotadas para a construção da taxonomia do Ministério Público Brasileiro.

Destacando-se que as tabelas dos sistemas de informação deverão ser unificadas,

possivelmente com um “núcleo duro” que atenda a todos os ramos do Ministério

Público Brasileiro, subdividida em níveis onde, eventualmente, algum Ministério

Público poderia incluir itens referentes a particularidades de sua atuação; que as

tabelas serão dinâmicas e atualizadas periodicamente; que a visão de futuro é o

“Processo Digital”, a visão de momento são as “Estatísticas do CNMP”, e a

unificação de tabelas um passo importante para a concretização desses objetivos.

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O encontro de Rondônia foi acompanhado pela Corregedoria-Geral, que

vislumbrou no projeto uma alternativa de unificação nacional através da adoção de

procedimentos similares com o mesmo significado, admitindo-se as especificidades.

As tabelas passariam a ser o elo de integração. Seu gerenciamento seria

centralizado e atualizado toda vez que sofresse novas incorporações. Com a adoção

de sistema de referência integrado às tabelas taxonômicas e utilizados pelas

unidades que não possuissem sistema para a atividade fim, seria possível a

extração de informações referentes à atuação dos membros e das unidades. A

Corregedoria assumiu compromisso de buscar apoio institucional para um projeto de

construção de uma linguagem padrão a ser adotada por todas as unidades.

Durante encontro de Corregedores-Gerais no Rio Grande do Sul, foi

apresentada proposta de construção taxonômica para o Ministério Público Brasileiro

pelo Corregedor-Geral de Rondônia. A proposta foi amplamente debatida, porém

encontrou resistências, uma vez que a aprovação de tal projeto incidia em custos e

somente os Procuradores-Gerais estavam habilitados a autorizá-los. Como o tema

foi considerado relevante e urgente, decidiu-se encaminhá-lo para exposição na

reunião ordinária dos Procuradores-Gerais de Justiça.

Neste período, uma série de matérias questionando o poder de coordenação

do CNMP começou a ser veiculada na imprensa nacional.

“Criado em 2004 para exercer o controle externo do Ministério Público, o CNMP é uma espécie de xerife sem munição que não sabe o que acontece nas suas barbas;[...] "A cúpula do CNMP não tem a menor idéia do que acontece nos Estados", diz o procurador da República Celso Três, de Santa Catarina; [...]Finalmente, o CNMP não põe fé nas informações que recebe de muitas instituições que deve controlar. O relatório da Corregedoria Nacional do Ministério Público revela que, em 2008, oito Ministérios Públicos estaduais não fizeram nenhuma correição. A listagem também não cita nenhuma correição da Procuradoria, sob a alegação de que não há padronização e consistência nas informações de suas unidades.[...] "O papel do Ministério Público é fundamental, mas reconheço que é mais difícil captar dados no Ministério Público do que no Judiciário", diz a pesquisadora Maria Tereza Sadek. Ela considera o CNMP "um órgão apagado" e, de certa forma, a reboque do CNJ”. (Folha de São Paulo, publicado em 06/07/09).

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O sítio na internet “Transparência Brasil” publicou artigo questionando a

eficiência do CNMP como órgão de controle externo dos Ministérios Públicos. Sob o

título “Caixa preta nos Ministérios Públicos”:

Em 20 de julho o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) divulgou um relatório sobre o desempenho dos Ministérios Públicos estaduais em 2008.[...] Acontece que, dos 27 MPs (dos 26 estados e mais o do DF), oito simplesmente não enviaram dados referentes a esse tipo de item. [...] Ora, a forma mais objetiva de avaliar a eficácia do Ministério Público é determinar qual é a taxa de sucesso das ações, representações etc. que são oferecidas [...] Das 23 páginas do relatório, onze são dedicadas a descrever o que os MPs não responderam (e faz isso de uma forma ininteligível) e dez a tabelas dedicadas ao seu aparelhamento tecnológico [...] Nada no relatório dá alguma idéia sobre o seu desempenho [...] Contudo, diversas das informações exibidas no mapa estão obviamente erradas. Por exemplo, no Rio Grande do Norte, em 2008 teria havido 2,4 processos por membro por mês e 72,13 processos por membro por ano. Como 2,4 vezes 12 resulta em 28,8 e não em 72,13, há algo de errado. Dados referentes a custos também estão errados [...] É impossível deixar de concluir que esse é o retrato do Ministério Público brasileiro no capítulo da prestação de contas à comunidade a respeito daquilo que faz e deixa de fazer. (Cláudio Weber Abramo - 29/07/2009-www.transparencia.org.br).

O sítio transparência Brasil voltou a questionar o controle exercido pelo

CNMP em novo artigo sob o título “Aos Poucos, abre-se a caixa do judiciário”:

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anunciou a emissão do relatório Estatística dos Tribunais, com informações sobre os Tribunais de Justiça estaduais e a Justiça Federal referentes a 2008 [...] Em contraste (genuinamente “gritante”, com o perdão do lugar-comum) com o Ministério Público, o material traz uma vasta quantidade de dados e de indicadores de desempenho [...] Enquanto a caixa-preta do Ministério Público continua impenetrável, o Judiciário começa a abrir-se ao escrutínio público impulsionado pelo CNJ [...] A composição das dezenas de indicadores primários presentes no relatório permite formar uma boa idéia da eficiência dos TJs estaduais e da Justiça Federal. É um conjunto de dados precioso para que acadêmicos e ONGs de fato preocupadas em realizar algum trabalho objetivo derivem conclusões secundárias sobre o funcionamento do poder Judiciário no Brasil [...] Usando-se os dados de natureza financeira, demográfica e outros e

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compondo-os entre si (trabalho para os tais acadêmicos etc. mencionados acima), podem-se obter visões mais complexas do Judiciário [...] É geralmente muito difícil encontrar-se motivos para elogiar instituições do Judiciário brasileiro [...] O caso desse relatório (mais precisamente, do trabalho sistemático que possibilitou a reunião dos dados) é uma exceção bem-vinda.( Cláudio Weber Abramo 31/07/09 - //colunistas.ig.com.br/claudioabramo)

Na reunião ordinária do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais – CNPG

em agosto de 2009, o Procurador-Geral e o Corregedor-Geral de Rondônia este

último representando o Conselho Nacional de Corregedores-Gerais – CNCG,

defenderam a urgência e demonstraram a necessidade da construção da taxonomia

para o Ministério Público Brasileiro. Só então seria possível a definição de

indicadores para aferição da eficiência e eficácia institucional. Por unanimidade foi

aprovada a criação de um projeto presidido pelo Ministério Público de Rondônia para

construção da taxonomia do Ministério Público Brasileiro.

Coube ao CNPG e CNCG a indicação de membros para a composição do

Comitê Nacional Gestor de Tabelas – CNGT, ficando constituído por representantes

do MPF, MPT, MPM, MPDFT, MPPE (representando a região nordeste), MPSP

(representando a região sudeste), MPRS (representando a região sul), MPGO

(representando o centro-oeste, MPRO (representando a região norte). Integraram

ainda o Comitê os Ministérios Públicos estaduais de Santa Catarina e Rio de

Janeiro.

Em período de um ano o Comitê Nacional gestor de tabelas se reuniu

periodicamente. Em razão da urgência do projeto não houve interrupção dos

encontros em razão de férias, festas de fim de ano ou recesso. No primeiro encontro

em Rondônia ratificaram-se as premissas definidas em 2008 quando do projeto

envolvendo a ENCCLA. As tabelas a serem construídas deveriam buscar a

integração com o judiciário. Esta decisão tomada em consenso norteou todo o

trabalho, ou seja, além de construir uma taxonomia única para o Ministério Público,

desejava-se torná-la aderente ao padrão definido pelo Judiciário, assim no futuro a

interoperabilidade seria possível não só entre as unidades do Ministério Público ,

mas também com o Judiciário. Definiu-se ainda que a elaboração das novas tabelas

levaria em consideração a análise exaustiva das tabelas do Judiciário e que o

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critério para novas inserções obrigava o proponente a justificá-la e a acatar a

decisão da maioria.

O CNGT se reuniu no Ministério Público Militar para construir a tabela de

Classes, principalmente as relativas à atuação extrajudicial, inexistente na tabela do

Judiciário. Uma preocupação que emergiu nos primeiros encontros dizia respeito às

diferenças estruturais das unidades e de como seria possível a adoção de um

padrão para unidades tão diferentes. Constatou-se que devido à especialidade

alguns ramos teriam itens específicos e que não seriam compartilhados por

nenhuma outra unidade, como é o caso do Ministério Público Militar, do Trabalho e

Eleitoral. Porém o cerne da taxonomia não está nas especificidades, mas no que é

comum, no que pode e deve ser compartilhado. Decidiu-se convidar o Conselho

Nacional de Justiça para uma explanação capaz de dirimir dúvidas do trabalho

realizado por eles, ou seja, buscar na experiência bem sucedida do CNJ soluções

para os impasses do projeto.

Atendendo a convite do CNGT, o CNMP esteve presente à reunião realizada

na sede do Ministério Público de São Paulo na pessoa de uma de suas

Conselheiras, que sinalizou apoio ao trabalho que estava sendo desenvolvido. O

Secretário Nacional de Justiça, representando o CNJ, explicou todo o processo de

construção das tabelas do Judiciário, frisou os problemas detectados e insistiu para

o fato de que a construção da taxonomia pressupunha que todas as unidades

precisariam abrir mão de seus conceitos já estabelecidos para a construção de um

novo modelo. Era preciso perder neste momento para ganhar mais a frente. Não

obstante a contribuição com o relato do projeto desenvolvido no Judiciário, o

Secretário sinalizou no sentido de uma tabela única do sistema de justiça. Ofereceu

para se integrar ao grupo um membro efetivo do Comitê Gestor de Tabelas do CNJ.

Neste encontro, trabalhou-se na conclusão da tabela de Assuntos. O Ministério

Público Federal sugeriu que a tabela fosse organizada de forma distinta da existente

no CNJ. Os assuntos deveriam ser organizados segundo a matriz constitucional.

(Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Idoso, Direitos Sociais, Segurança

Pública etc.). O MPF apresentou um modelo de sua proposta que foi aceita por

unanimidade. Outro assunto discutido foi referente à codificação que os itens do

Ministério Público receberiam nas tabelas. Como a premissa básica considerava o

ponto de partida as tabelas do CNJ, decidiu-se utilizar a mesma arquitetura

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tecnológica e numerar os itens específicos com codificação a partir de 900.000, uma

vez que o maio código da tabela do CNJ estava codificado em 11.000.

Novamente o CNGT se reuniu em Brasília na Procuradoria-Geral de Justiça.

Recepcionados pelo Procurador-Geral da República e Presidente do Conselho

Nacional do Ministério Público, em suas palavras deixou claro a necessidade de

adoção pelo CNMP do trabalho desenvolvido pelo grupo. Ainda neste encontro o

CNJ sinalizou com a possibilidade de o CNMP ter participantes permanentes no

Comitê das tabelas do Judiciário. Quanto à construção das tabelas, neste encontro

finalizou-se a tabela de Assuntos e deu-se inicio à construção da tabela de

Movimentos.

Com o trabalho em fase final, reuniu-se no Ministério Público de Santa

Catarina, um subgrupo do CNGT para revisar as tabelas construídas, elaborar o

glossário dos termos e concluir a tabela de movimentos. Este encontro teve a

duração de quatro dias exaustivos. Uma revisão analítica foi feita em cada

nomenclatura, o glossário de cada termo foi revisado e definido considerando-se o

fato de que seu propósito é o de atender aos usuários sem formação em Direito.

Neste encontro as tabelas não foram finalizadas. Os Assuntos eleitorais da tabela do

CNJ estavam sendo reeditados e necessitavam de alguns dias para ser

disponibilizados. E também os Assuntos afetos ao Ministério Público do Trabalho.

O último encontro de trabalho do CNGT aconteceu na sede do Ministério

Público do Distrito Federal e Territórios. O trabalho produzido em Santa Catarina foi

apresentado e aprovado pelo Comitê. Foram retirados da tabela de Classes as

atividades não procedimentais dos membros, passando a integrar tabela própria

para este fim. O integrante do CNJ apresentou a nova tabela de Assuntos eleitorais

que foi analisada e integrada. O Ministério Público do Trabalho apresentou e

justificou o rol de assuntos afetos ao Ministério Público do Trabalho que também foi

incorporado.

Em agosto de 2010 as tabelas foram apresentadas ao Conselho Nacional de

Corregedores-Gerais e aprovadas por aclamação. O CNMP participou deste

encontro e sinalizou que aprovará as tabelas tão logo elas sejam encaminhadas de

forma oficial e analisadas pelos Conselheiros. Ainda em agosto as tabelas foram

apresentadas ao CNPG e novamente aprovadas por aclamação. O trabalho

coordenado pelo Ministério Público de Rondônia chegara ao fim. O núcleo central

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das tabelas taxonômicas do Ministério Público Brasileiro que deverá nortear os

indicadores a serem informados por todos os ramos do Ministério Público estava

concluído. O objetivo conjunto do CNPG e do CNCG de patrocinar a construção de

tabelas taxonômicas fora alcançado. Sua adoção dependerá agora do Conselho

Nacional, que precisará editar normas recomendando sua adoção.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É evidente que para um projeto dessa complexidade conseguir êxito em curto

espaço de tempo, haja vista que o Judiciário levou três anos para construir suas

tabelas, reside justamente na experiência do Judiciário e na predisposição em

contribuir com o trabalho do Ministério Público. Sem a experiência dos membros do

Judiciário e a vontade de cooperação muito provavelmente as tabelas ainda

estariam sendo elaboradas.

Por outro lado a humildade do Ministério Público em buscar auxílio na

experiência acumulado do Judiciário, permitindo a revisão do trabalho e adoção da

metodologia, além de concordar com sugestões permitiu aos membros do Comitê

Gestor das Tabelas debruçaram-se nos assuntos extrajudiciais, priorizando a

atuação preventiva, além dos assuntos de sua tutela dos interesses difusos e

coletivos como meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio histórico, turístico

e paisagístico, pessoa portadora de deficiência, criança e adolescente, comunidades

indígenas e minorias ético-sociais.

Se por um lado as tabelas do CNJ serviram de ponto de partida para o

trabalho do Ministério Público, a revisão exaustiva permitiu a correção de hierarquias

e a complementação das tabelas em temário de domínio deste último. Assim o

resultado do trabalho é um conjunto de tabelas revisado e apto a servir as duas

instituições com um único linguajar que não é estanque e que certamente vai evoluir.

A indicação recíproca de dois membros de cada instituição para integrarem os

Comitês Gestores de Tabelas é a prova clara de que ambos têm muito a contribuir

mutuamente.

Todo este processo foi apoiado por recursos de Tecnologia da Informação.

Este aparato também foi determinante para que o trabalho fosse concluído

rapidamente. Recursos humanos, equipamentos, softwares de mapeamentos

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mentais, gestão de projetos, editores de textos, ferramenta de chat, bancos de

dados, linguagens de programação para internet são só alguns dos recursos

utilizados neste projeto. Porém o que se desejou registrar foi o fato inédito de um

trabalho coordenado por dois Conselhos (CNPG, CNCG) sob a supervisão do CNMP

e realizado por membros do MPU e dos Ministérios Públicos Estaduais. Todos ao

redor de uma mesa, esmerando-se para colaborar com um projeto que só trará

benefícios ao Ministério Público.

O projeto de elaboração das tabelas, apesar de exaustivo, é a parte fácil na

busca da tão sonhado autoconhecimento. Torná-las uma realidade é o próximo

passo e cabe ao CNMP orquestrar meios para atingir este objetivo. Lembrar das

diferenças estruturais, tecnológicas, de capacitação, de orçamento e considerá-las

na implantação será determinante para que na medida em que os sistemas

abasteçam o banco de dados do CNMP este possa dar visibilidade à sociedade

brasileira da efetividade da atuação de seus membros e passe a planejar o futuro

com os indicadores medidos no presente.

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