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Março de 2010 - Número 30 Tax View Índice 1.Novas regras fiscais criam limite de endividamento para empresas brasileiras 2.Mudanças no cenário fiscal mundial geram oportunidades e riscos às empresas 3.Nova margem para método de preço de revenda altera lei de preços de transferência O Tax View é uma publicação destinada a clientes e colaboradores da Ernst & Young que aborda assuntos e questões relevantes para as empresas nas áreas de legislação tributária e legal, jurisprudência, tendências e oportunidades da economia. As opiniões aqui expressas não devem ser utilizadas de maneira isolada para a tomada de decisões por parte das organizações. Estamos à disposição para discutir nossas opiniões e sua aplicação em cada caso concreto. Você pode participar enviando suas dúvidas e sugestões para [email protected]. Sócio Coordenador: José M. R. Silva Coordenador Editorial: Claudio Yano Edição Final, Direção de Arte e Distribuição: Departamento de Comunicação e Gestão da Marca Jornalista Responsável: Rejane Rodrigues (Mtb 22.837) Reportagem: Michele Gassi Novas regras fiscais criam limite de endividamento para empresas brasileiras Medida Provisória 472 aborda dedução de pagamentos aos residentes de países com tributação favorecida e traz novos incentivos fiscais Em um esforço para acabar com algumas brechas existentes nas regras do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro da pessoa jurídica e desencorajar que contribuintes brasileiros realizem transações com países com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado, em 16 de dezembro de 2009, o governo brasileiro editou a Medida Provisória 472 (MP 472), que traz alterações significativas às regras de imposto de renda no país. Até então, as despesas com juros decorrentes de empréstimos externos eram deduzidas desde que as empresas seguissem as regras gerais de dedutibilidade, tais como a necessidade e usualidade da despesa, entre outras condições. Caso os requisitos fossem cumpridos, essas despesas eram consideradas totalmente dedutíveis, sujeitando-se a regras de preços de transferência apenas quando os empréstimos não fossem registrados perante o Banco Central do Brasil e não importando o grau de endividamento do mutuário. De fato, até recentemente, quando foi emitida uma decisão pelo Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf), o entendimento comum sobre o tema era de que a legislação fiscal brasileira não continha nenhum dispositivo a respeito do limite de endividamento de empresas no País. Com a introdução do artigo 24 da MP 472, as regras tornaram-se mais rigorosas. A partir da sua entrada em vigor, além dos requisitos já existentes, as despesas com juros pagos a empresas vinculadas no exterior somente são consideradas dedutíveis para fins de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, se, cumulativamente, o valor do endividamento da empresa brasileira não ultrapassar duas vezes o da participação da empresa vinculada no valor do patrimônio líquido da sociedade brasileira e, também, o total dos endividamentos não ultrapassar duas vezes o equivalente à soma das participações de todas as empresas vinculadas no patrimônio líquido da sociedade brasileira. Estabeleceu-se, portanto, que a proporção de dívida versus capital deverá ser, no máximo, de 2 por 1. Continua na página 2

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Março de 2010 - Número 30

Tax View

Índice

1.Novas regras fiscais criam limite

de endividamento para empresas

brasileiras

2.Mudanças no cenário fiscal

mundial geram oportunidades e

riscos às empresas

3.Nova margem para método de

preço de revenda altera lei de

preços de transferência

O Tax View é uma publicação destinada a clientes e colaboradores da Ernst & Young que aborda assuntos e questões relevantes para as empresas nas áreas de legislação tributária e legal, jurisprudência, tendências e oportunidades da economia. As opiniões aqui expressas não devem ser utilizadas de maneira isolada para a tomada de decisões por parte das organizações. Estamos à disposição para discutir nossas opiniões e sua aplicação em cada caso concreto. Você pode participar enviando suas dúvidas e sugestões para [email protected].

Sócio Coordenador: José M. R. Silva

Coordenador Editorial: Claudio Yano

Edição Final, Direção de Arte e Distribuição: Departamento de Comunicação e Gestão da Marca

Jornalista Responsável: Rejane Rodrigues (Mtb 22.837)

Reportagem: Michele Gassi

Novas regras fiscais criam limite de

endividamento para empresas brasileirasMedida Provisória 472 aborda dedução de pagamentos aos residentes de países com tributação favorecida e traz novos incentivos fiscais

Em um esforço para acabar com algumas brechas existentes nas regras do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro da pessoa jurídica e desencorajar que contribuintes brasileiros realizem transações com países com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado, em 16 de dezembro de 2009, o governo brasileiro editou a Medida Provisória 472 (MP 472), que traz alterações significativas às regras de imposto de renda no país.

Até então, as despesas com juros decorrentes de empréstimos externos eram deduzidas desde que as empresas seguissem as regras gerais de dedutibilidade, tais como a necessidade e usualidade da despesa, entre outras condições. Caso os requisitos fossem cumpridos, essas despesas eram consideradas totalmente dedutíveis, sujeitando-se a regras de preços de transferência apenas quando os empréstimos não fossem registrados perante o Banco Central do Brasil e não importando o grau de endividamento do mutuário. De fato, até recentemente, quando foi emitida uma decisão pelo

Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf), o entendimento comum sobre o tema era de que a legislação fiscal brasileira não continha nenhum dispositivo a respeito do limite de endividamento de empresas no País.

Com a introdução do artigo 24 da MP 472, as regras tornaram-se mais rigorosas. A partir da sua entrada em vigor, além dos requisitos já existentes, as despesas com juros pagos a empresas vinculadas no exterior somente são consideradas dedutíveis para fins de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, se, cumulativamente, o valor do endividamento da empresa brasileira não ultrapassar duas vezes o da participação da empresa vinculada no valor do patrimônio líquido da sociedade brasileira e, também, o total dos endividamentos não ultrapassar duas vezes o equivalente à soma das participações de todas as empresas vinculadas no patrimônio líquido da sociedade brasileira. Estabeleceu-se, portanto, que a proporção de dívida versus capital deverá ser, no máximo,de 2 por 1.

Continua na página 2

Caso o valor do endividamento ultrapasse esse limite, os juros equivalentes ao excedente serão considerados indedutíveis da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro.

De acordo com José M. R. Silva, sócio da área de tributos da Ernst & Young, algumas perguntas a respeito dessa nova legislação ainda estão sem resposta, tais como a forma de cálculo do nível de endividamento e a aplicabilidade das regras a mútuos concluídos com empresas vinculadas que não tenham participação acionária na sociedade brasileira. “Além disso, a MP 472 estabelece que o limite de endividamento também é aplicável a operações envolvendo terceiros, cujo avalista, fiador, procurador ou interveniente seja pessoa vinculada, tal como ocorre nos back-to-back loans, ou empréstimos subsidiados.”

Restrições à dedução de juros e outras remessas efetuadas a residente de país com tributação favorecida ou beneficiário de regime fiscal privilegiado

O artigo 25 da MP 472 determina também que qualquer despesa com juros originada de um empréstimo contratado com um residente estabelecido em país ou dependência com tributação favorecida (PTF) ou que se beneficie de um regime fiscal privilegiado (RFP) será dedutível apenas se, além dos requisitos gerais de dedutibilidade, o valor de endividamento não ultrapassar 30% do patrimônio líquido da sociedade brasileira. A regra também vale quando o avalista, fiador, procurador ou interveniente estiver localizado em um país de tributação favorecida ou de regime fiscal privilegiado. Para os casos envolvendo residentes em PTF ou RFP, foi estabelecida uma proporção máxima de dívida versus capital de 0,3 por 1.

Tão importante quanto a criação das regras de limite de endividamento, a MP

472 criou, em seu artigo 26, regras que determinam que qualquer importância paga, creditada, entregue, empregada ou remetida a qualquer título (como, por exemplo, juros, serviços, aluguéis, royalties e mercadorias) a residentes de PTF, ou pessoas que se beneficiem do RFP, não é dedutível para fins de imposto de renda. Essas despesas só serão dedutíveis se houver a identificação do beneficiário efetivo da renda no exterior; comprovação da capacidade operacional do recebedor de realizar a operação; e comprovação documental do pagamento do preço e do recebimento dos direitos, bens ou serviços utilizados.

Segundo o mesmo artigo, “beneficiários efetivos” são pessoas físicas ou jurídicas que auferiram esses valores por conta própria e não como agente, administrador fiduciário ou mandatário por conta de terceiros; e também que não foram constituídas unicamente ou com o objetivo principal de economizar tributos.

Incentivos fiscais também são anunciados

De acordo com Silva, a MP 472 traz ainda novos incentivos fiscais como o Repenec, que determina a suspensão do PIS/Cofins, PIS/Cofins Importação, IPI e Imposto de Importação às organizações domiciliadas na região Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que tenham projetos aprovados pelo governo até 31 de dezembro de 2010 para a implantação de obras de infraestrutura nos setores petroquímico, de refino de petróleo e de produção de amônia e ureia a partir do gás natural.

Outro incentivo fiscal aprovado pela MP 472 foi o Recompe, por meio do qual a venda de hardwares e softwares e prestação de serviços de assistência técnica desses equipamentos para o governo, com a finalidade de uso em escolas públicas brasileiras, estará sujeita a um tratamento fiscal mais

benéfico. Esse regime deve vigorar até 31 de dezembro de 2011 e beneficiará as pessoas jurídicas habilitadas que exerçam atividades de fabricação desses equipamentos. Os benefícios do Recompe incluem a isenção ou suspensão de tributos como o IPI, PIS/Cofins, PIS/Cofins Importação, CIDE e Imposto de Importação.

Por fim, a Medida Provisória ainda trouxe o Retaero, incentivo tributário para a indústria aeronáutica. Os beneficiários são pessoas jurídicas que produzam partes e peças classificadas na posição 88.02 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e as pessoas jurídicas que forneçam serviços ou produzam matérias-primas para empresas habilitadas no Retaero. Os benefícios são: a suspensão de IPI, PIS/Cofins e PIS/Cofins Importação.

Vigência e eficácia da MP 472

A Medida Provisória entrou em vigor em 16 de dezembro de 2009, data de sua publicação e, segundo determina seu artigo 60, produz efeitos a partir da mesma data para a maior parte das alterações mencionadas, com exceção do Recompe, que produz efeitos a partir de sua regulamentação.

Apesar do disposto na MP, existem discussões a respeito da data em que se inicia a eficácia das regras que tratam do limite de endividamento e dedutibilidade. Nas situações em que ocorre o aumento da carga tributária, tal como de imposto de renda, as novas regras somente deveriam produzir efeitos no exercício seguinte àquele em que a MP houver sido convertida em lei, considerando o princípio da anterioridade. Já regras como a Contribuição Social sobre o Lucro, deveriam produzir apenas efeitos 90 dias após sua publicação.

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Mesa-redonda aborda MP 472

Profissionais da Ernst & Young discutem, em 9 de março, em São Paulo, os principais impactos da Medida Provisória 472 e do sistema digital do Livro de Aprovação do Lucro Real (e-Lalur).

O encontro abordará os temas:

MP no 472/09• Restrições à dedutibilidade de juros pagos ao exterior nas

operações com empresas vinculadas e paraísos fiscais;• Indedutibilidade de pagamentos, créditos ou remessas a

países com tributação favorecida;• Novas regras para imposição de multas nos casos de

compensação de créditos tributários não homologadas pelo Fisco;

• Nova hipótese de obrigatoriedade à apuração do lucro real.

e-Lalur, Fcont e Sped• Lições aprendidas com o Fcont 2008;• Pontos chaves do e-Lalur e do Sped;• O que pode mudar com o e-Lalur.

Anote na agenda: Data: 9 de março de 2010 Horário: das 08h30 às 10h30 Local: Ernst & Young Rua Francisco Tramontano, 100 3º andar- sala 06 - Morumbi - São Paulo

Mais informações com Bruna Gouveia [email protected].

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Mudanças no cenário fiscal mundial geram oportunidades e riscos às empresas Estudo Tax Administration Without Borders, conduzido pela Ernst & Young, aborda o novo cenário das políticas fiscais globais em tempos de crise

Empresas e governos têm sido desafiados a encontrar novas formas de aumentar sua competitividade. De acordo com o relatório Gestão Tributária sem Fronteiras (Tax Administration Without Borders) daErnst & Young, o atual cenário econômico vem motivando diversas alterações nas políticas fiscais e administrativas mundiais.

Gil Mendes, sócio da área de Impostos Internacionais da Ernst & Young, comenta que, assim como as empresas multinacionais, os governos também precisaram se adaptar ao desafiante cenário econômico. “Os países têm adequado suas políticas fiscais e administrativas para competir de forma eficaz na atração de negócios e investimentos internacionais e, ao mesmo tempo, para assegurar a arrecadação de receitas fiscais de forma a suprir seus crescentes déficits e despesas. Os resultados disso são mudanças nas estruturas fiscais, nas alíquotas dos tributos e no aumento das disputas internacionais – tendências que devem continuar aumentando”, disse. Com a adoção de uma abordagem mais global de cooperação entre os países, muitas empresas multinacionais passam a enfrentar ambientes tributários mais complexos e com maiores riscos, levando as questões tributárias para outros níveis, como a diretoria das empresas.

Além desses desafios, o estudo aponta que os modelos de gestão fiscal em evolução trazem novas oportunidades para empresas e governos trabalharem em conjunto para solucionar questões fiscais potencialmente controversas. “A troca de informações entre as autoridades de diversos países faz com que as empresas realizem um planejamento tributário internacional mais minucioso para suas operações e suas atividades em geral”, afirma.

Tax Administration Without Borders descreve os fatores que levaram a rápidas mudanças no cenário fiscal e traz recomendações práticas para ajudar as empresas a obterem uma melhor gestão de riscos e melhorar suas relações com as autoridades fiscais.

Tendências na gestão fiscal:Autoridades fiscais com compreensão e visão internacionais As autoridades fiscais têm construído fortes relações de trabalho com seus pares em todo o mundo, com o intuito de partilhar as melhores práticas e trocar informações, para que possam enfrentar os desafios internacionais e até mesmo resolver questões pontuais de contribuintes em comum. Em 2009, mais de 140 novos acordos de troca de informações tributárias foram assinados para facilitar o compartilhamento de informações.

As autoridades fiscais têm sido cobradas a estabilizarem a arrecadação apesar dos desafios econômicos As autoridades tributárias têm aumentado os esforços e sanções para conseguirem coletar o que consideram ser a sua parcela justa das receitas globais. Para isso, estão intensificando a frequência e o escopo das fiscalizações. O foco tem sido obter maior rentabilidade por meio da análise de operações de risco assumidas pelos contribuintes.

As autoridades fiscais concentram seus recursos e esforços em operações de maior risco e em práticas abusivas. O foco tem sido a atuação com maior rigidez nas práticas de alto risco.

Os assuntos mais procurados por muitas

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autoridades fiscais estão associados a preços de transferência. Em pesquisa recente da Ernst & Young sobre o tema (Global Transfer Pricing Survey), as autoridades tributárias indicaram que aumentaram sua dedicação a preços de transferência, incluindo processos de auditoria e penalidades.

Outros assuntos em destaque são: propriedade intelectual, abuso de tratados internacionais para evitar a dupla tributação (treaty shopping), estabelecimento permanente, pessoa física com alto patrimônio, operações internacionais e retenções na fonte.

Melhores práticas Empresas adotam abordagens eficientes de gestão global de riscos fiscais As empresas têm investido no relacionamento com as autoridades fiscais com o objetivo de criar credibilidade, colaboração e reputação. Há um esforço em compreender os enfoques das autoridades fiscais para proativamente discutir possíveis questões controversas. Para isso, estão envolvendo representantes de toda a empresa para garantir o desenvolvimento de uma estratégia de riscos fiscais abrangente.

“Empresas líderes de mercado têm priorizado essa compreensão das regras de conduta e têm construído relações com as autoridades fiscais em seus países. Essa relação será de constante cooperação e debate, portanto cabe às empresas o convite para uma maior conexão com as autoridades fiscais. É tempo de proceder com novas formas de negócios”, observa Mendes.

Acesse e conheça o estudo Tax Administration Without Borders.

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Nova margem para método de preço de revenda altera lei de preços de transferência Por Daniel Perin*

Com três dias para a virada do ano, em 29 de dezembro, o Executivo brasileiro editou a Medida Provisória 478, que alterou a legislação de preços de transferência no Brasil, produzindo efeitos a partir de 1º de janeiro de 2010. Ainda pendente de aprovação no Congresso Nacional, a MP busca incorporar em lei normas atualmente previstas apenas nas instruções normativas emitidas pela Receita Federal do Brasil (RFB), a fim de atenuar a controvérsia em relação ao assunto no país.

Entre outros pontos, ocorreu a alteração da margem mínima de lucro exigida pelo método de Preço de Revenda menos Lucro (PRL) aplicável a transações de importação de bens, serviços ou diretos - de 20% para revenda pura e 60% para produção local, para 35% a todos os tipos de operações.

Desde a sua entrada em vigor em 1997, as regras de preços de transferência geraram controvérsias em diversos aspectos, especialmente no que diz respeito ao método PRL, que é aquele utilizado pela maioria dos contribuintes e pelo Fisco.

Várias disposições das regras brasileiras de preços de transferência só estão previstas nas instruções normativas emitidas pela RFB, as quais são contestadas pelos contribuintes sempre que há um possível conflito entre essas instruções e a lei de preços de transferência.

Cálculo do PRL e margem de lucroO método PRL foi significativamente afetado pelas mudanças. Até agora, ele tinha duas versões: uma para simples revenda das mercadorias importadas, serviços ou direitos e outra para os produtos importados e aplicados na produção. Cada uma das versões tinha seu próprio método de cálculo e margem mínima de lucro (20% sobre o preço bruto de revenda para produtos acabados e 60% sobre o preço líquido de revenda de matérias-primas).

A MP 478 unifica as versões do PRL, criando um novo método – o Preço de Venda menos Lucro (PVL). A nova metodologia de cálculo adotada é muito semelhante ao presente na Instrução Normativa 243/02 para a versão produção do PRL, que agora é aplicável independente da natureza do bem importado (produtos acabados ou matérias-primas).

Essa medida provisória estabelece que o preço de venda de bens, serviços ou direitos importados deve ser rateado

de acordo com a proporção de itens importados no custo total dos produtos acabados que foram vendidos. Quanto maior o valor agregado no Brasil, menor será o preço de venda proporcional das mercadorias importadas. No caso de revenda simples, o preço de venda permanecerá basicamente o mesmo, pois o valor agregado no Brasil ao custo das mercadorias vendidas é pouco expressivo.

Além disso, a MP 478 define a margem mínima de lucro do método PVL em 35% das vendas líquidas tanto para revenda como para produção.

Legalidade da Instrução Normativa 243A Medida Provisória 478 encerra as discussões sobre a metodologia de cálculo do PRL, cuja regulamentação dada pela Instrução Normativa 243 foi considerada ilegal pela maioria dos contribuintes.

A boa notícia é a redução da margem de lucro mínima de 60% para 35%.No entanto, para os contribuintes que contestam a legalidade da Instrução Normativa 243, uma margem de 35% pode ainda ser considerada alta, visto que a alternativa de cálculo do preço de revenda proposta pelos contribuintes geralmente resulta em margens efetivas muito menores.

Custo de aquisição O cálculo do preço de compra das mercadorias importadas sujeitas a controles de preços de transferência é ainda controverso, quando o método aplicado é o PRL. Muitos contribuintes alegam que somente custos diretos com partes relacionadas devem estar sujeitos a restrições de dedução.

Por outro lado, a RFB prevê que o preço praticado deve incluir frete internacional e seguro e os tributos não recuperáveis devidos na importação. A MP 478 não apenas convalida o entendimento da RFB, mas também estabelece que o frete dentro do Brasil e outras despesas com desembaraço aduaneiro devem fazer parte do custo de aquisição para fins do PVL também. Assim, essas alterações aumentam a margem de lucro efetiva necessária na aplicação do PVL.

Método de seleçãoAntes da MP 478, era comum aguardar até uma fiscalização e, no caso de um auto de infração, o contribuinte argumentava perante os tribunais que o fisco não aplicou todas as metodologias possíveis e, portanto, ele poderia apresentar um resultado diferente e mais favorável.

De acordo com a MP, o contribuinte pode usar o método mais benéfico somente se for calculado antes do processo de auditoria fiscal. Ademais, a opção por um dos métodos deve ser indicada na declaração de imposto para cada item importado ou exportado e não poderá ser modificada após o início da fiscalização.

Tal disposição reforça a necessidade de preparar documentação adequada com antecedência, para que o contribuinte possa tirar proveito do método mais benéfico.

Método PICO texto do método Preços Independentes Comparados (PIC) foi alterado pela MP 478. É ainda incerto se a finalidade da mudança é restringir seu uso ou o contrário.

Atualmente, a lei de preços de transferência não faz nenhuma restrição sobre quais operações podem ser usadas como comparáveis válidas para o PIC, contanto que sejam transações entre partes não vinculadas. No entanto, a Instrução Normativa 243 restringe as possíveis transações comparáveis a três categorias: vendas pelo mesmo exportador a terceiros; compras pelo mesmo importador de partes independentes; e operações de compra e venda praticadas entre outras pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não-residentes.

Se a MP for aprovada pelo Congresso, o Ministério da Fazenda poderá estabelecer diferentes margens de lucro de acordo com setor ou atividade econômica. Até então, isso somente poderia ocorrer se o contribuinte apresentasse um pedido formal de mudança de margem.

Os contribuintes que tiverem um aumento da carga tributária por conta das novas regras ocasionadas pela MP 478 podem vir a discutir judicialmente a implementação das novas regras somente para 2011, visto que, de acordo com a Constituição Federal, medida provisória que implique majoração de imposto de renda só produz efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele ano em que foi editada.

*Daniel Perin é gerente sênior da área de tributos da Ernst & Young

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Pelo 2º ano o melhor time de Impostos do Brasil.A Ernst & Young foi eleita pela World Finance, uma das mais respeitadas publicações da área financeira do mundo, o melhor time de Impostos do Brasil.Em 2009, também comemoramos o título de melhor equipe de International Tax Services e de Preços de Transferência concedido pela International Tax Review, revista reconhecida como autoridade em estratégia de impostos internacionais.Estamos orgulhosos por termos um time vencedor que faz a diferença e clientes que nos apoiam e acreditam que podemos fazer o melhor, sempre.

www.ey.com.br

© 2010 EYGM Limited. Todos os direitos reservados.

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