TALCO – Mg3Si4O10(OH)2 O talco é um filosilicato pouco comum, importante como formador de rocha e muito importante como mineral industrial.

Apresenta 5 variedades e pode conter Fe, F, Ni, Al, Ca, Na e H2O. Às vezes o talco apresenta contaminação com anfibólios fibrosos (“asbesto”) e, nestes casos, a inalação das poeiras apresenta risco à saúde (asbestose).

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Triclínico ou monoclínico prismático

Geralmente verde claro a escuro, pode ser

incolor, branco, bege, rosa, marrom, cinza a

preto.

Tabular, micáceo, fibroso, granular fino, maciço, radial, cristais

piramidais extremamente raros.

{001} perfeita

Tenacidade

Séctil, flexível

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

não sem informações 1 não

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Branco Perláceo, gorduroso Transparente 2,58 – 2,83

2. Geologia e depósitos:

Talco é um mineral pouco comum que ocorre em rochas máficas e ultramáficas ricas em Mg e hidrotermalmente alteradas em condições de metamorfismo de fácies xistos-verdes, tais como serpentinitos e esteatitos, onde se associa a brucita. Nestas ocorrências ocorre com clorita ou magnesita nas zonas de reação ao redor dos corpos de serpentinito.

Também ocorre com calcita e tremolita em mármores silicosos metamorfizados e em talco-tremolita-xistos. Ocorre em escarnitos magnesianos.

“Esteatito” designa uma rocha metamórfica compacta, popularmente conhecida como “pedra-sabão”, que é composta principalmente por talco, com quantidades muito subordinadas de outros minerais (clorita, tremolita, quartzo, magnesita, etc). A granulação é muito fina e mesmo ao microscópio é muito difícil distinguir, por exemplo, entre tremolita e talco. A rocha possui um tato gorduroso em função da grande quantidade de talco e tem algumas propriedades muito interessantes: é impermeável, não é atacada por substâncias alcalinas ou ácidas, resiste a temperaturas desde negativas até 1.000oC e resiste às intempéries climáticas. Esta rocha possui muitos usos diferentes e tem o potencial de criar um polo regional de produção de artefatos decorativos e utilidades, por exemplo.

3. Associações Minerais:

Associa-se a quartzo, pirita, cianita e

- carbonatos (calcita, dolomita, magnesita), geralmente abundantes,

- outros filosilicatos (clorita, vermiculita, argilominerais),

- minerais típicos de metamorfismo de baixo grau como serpentina, actinolita, tremolita, antofilita, brucita, “asbesto” e

- minerais das rochas geradoras como olivina (forsterita), piroxênios (diopsídio), hematita, magnetita, antofilita e cromita.

4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Índices de refração: nα: 1,539 – 1,550 nβ: 1,589 – 1,594 nγ: 1,589 – 1,600

ND Cor / pleocroísmo: incolor. Apenas nas variedades escuras pode apresentar cor e um pleocroísmo discreto.

Relevo: baixo a moderado.

Clivagem: {001} perfeita (como as micas!)

Hábitos: granular muito fino, lamelar, fibroso, foliado, radiado, maciço. Flocos e agregados, frequentemente com clivagem em uma direção. “Esteatita” é uma variedade maciça de talco de granulação muito fina e tato gorduroso que compõe a “pedra-sabão”.

NC Birrefringência e cores de interferência:

birrefringência de até 0,051: cores de até 3ª ordem, lhe conferindo uma aparência branca (“perlácea”) com várias cores misturadas. Nas seções basais apresenta cores cinzentas de 1ª ordem.

Extinção: paralela à direção da clivagem e mosqueada (como as micas!)

Sinal de Elongação: SE(+) (como as micas!)

Maclas: não apresenta.

Zonação: não apresenta.

LC Caráter: B(-), pode simular ser uniaxial (2V = 0). As altas cores de interferência e o tamanho geralmente diminuto dos cristais tornam a obtenção da figura de interferência geralmente muito difícil, quase impossível.

Ângulo 2V: 0 – 30º

Alterações: o talco é muito resistente, mas pode alterar-se a clorita em alguns casos.

Pode ser confundida com: muscovita e pirofilita. Talco é muito similar e fácil de confundir com micas brancas como a muscovita, especialmente se os grãos forem muito pequenos. Pirofilita é praticamente idêntica. Comparado com muscovita, talco possui uma birrefringência mais alta e cores com aparência de “zonadas” ou em bandas. Além disso, talco tem um ângulo 2V menor que a muscovita (2V = 35-50º), a paragonita (2V = 40-50º) e a pirofilita (2V = 53 – 62º). Quando em grãos pequenos não pode ser distinguido de pirofilita e sericita por meios ópticos. Neste caso se usa a associação de minerais para a identificação. Brucita é similar, mas é uniaxial positiva e possui cores de interferência mais baixas. Gibbsita é B(+).

Talco em grandes cristais a ND (à esquerda) e a NC (à direita).

Talco a NC em grandes cristais. As cores são tão coloridas quanto àquelas da muscovita, mas mais luminosas e “perláceas”, uma percepção que só se desenvolve com alguma prática.

A NC, talco (colorido) e calcita (cores castanhas) em mármore. A associação de talco com calcita e magnesita é muito comum.

Talco a NC em grandes cristais com seu hábito típico, muito semelhante ao hábito da muscovita.

A NC, talco em cristais pequenos (colorido) e clorita (cores escuras) em talco-clorita-xisto.

A NC, seção basal de talco com as típicas cores de interferência em cinza. Ao seu redor, seções longitudinais com suas cores fortes.

Talco e outros minerais, todos de granulação extremamente fina, em pedra-sabão (esteatito). Imagem obtida com a objetiva de menor aumento a NC. Mesmo com a objetiva de máximo aumento é muito difícil individualizar os minerais.

Rocha formada por porfiroblastos de dolomita (confirmada por teste colorimétrico), talco de granulação extremamente fina e clorita igualmente fina dispersa no talco. Esquerda: a ND a dolomita e o talco são incolores. Dolomita possui relevo mais alto. A clorita é difícil de perceber, mas exibe uma discreta cor verde com pleocroísmo suave. Direita: a NC a dolomita exibe a típica cor de interferência dos carbonatos, talco é muito colorido (difícil de ver em função do tamanho diminuto dos cristais) e clorita apresenta cores anômalas escuras.

Detalhe da mesma rocha retratada acima. Imagem a NC. Dolomita está em posição de extinção, talco apresenta-se muito colorido e a clorita, difícil de perceber na imagem, é escura, tendendo a cinza azulada.

Taco-clorita-xisto de granulação muito uniforme, com lamelas de mesmo tamanho de talco e clorita. A ND (esquerda) os minerais constituintes são incolores e há alguns opacos pequenos associados. A NC (direita) o talco apresenta cores intensas e a clorita cores cinza, algo azuladas. Imagem com a objetiva de menor aumento (2,5x).

A NC, escarnito formado por clorita e talco em bandas paralelas. À esquerda, com a objetiva de 2,5x. À direita, com a objetiva de 10x. A ND ambos os minerais são incolores. O talco é extraordinariamente semelhante à muscovita.

5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a identificação do talco. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a identificação dos minerais opacos que ocorrem associados ao talco, como a hematita, por exemplo.

Preparação da amostra: o polimento do talco, em função da dureza baixíssima e do hábito micáceo, é quase impossível. Mesmo fazendo o desbaste com muito cuidado, pouca duração, muita água e pouca força, não se consegue uma superfície polida. Outros minerais associados, geralmente de dureza muito maior, acabam ficando com um relevo alto e incômodo. Uma propriedade do talco é fazer a lâmina “colar” no vidro ou porcelana durante o desbaste com abrasivo. É quase impossível fazer o desbaste com água, sendo necessário usar óleo mineral.

ND Cor de reflexão: Cinza claro. Como o talco não fornece uma superfície polida uniforme, é possível observar as lamelas de talco em suas diferentes observações.

Pleocroísmo: Não

Refletividade: Baixa (<10%) Birreflectância: Não

NC Isotropia / Anisotropia: Aparentemente há uma discreta anisotropia em tons de cinza, muito mascarada pelas reflexões internas, pela orientação das lamelas individuais e pelos carbonatos associados (que possuem anisotropia forte em cinza).

Reflexões internas: Generalizadas incolores, claras, brancas, amareladas a discretamente esverdeadas. Podem ocorrer pontos com reflexões multicoloridas.

Pode ser confundida com: outros filosilicatos e anfibólios de hábito similar e cores claras que ocorrem na mesma paragênese.

Talco em minério de talco bastante puro. À esquerda, a ND, observa-se que não se forma uma superfície polida uniforme em função da baixa dureza e do hábito do talco. À direita, a NC, percebe-se os flocos com suas reflexões claras, brancas a esverdeadas.

Versão de fevereiro de 2021

Talco-xisto a ND (esquerda) e a NC (direita). A existência muito provável de pelo menos três ou quatro minerais diferentes, todos transparentes e de cores claras, torna difícil reconhecer o talco na massa da rocha. Minerais associados, mais duros e de cores definidas, provavelmente são fáceis de reconhecer.