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Taís Porto Oliveira Plano de enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Distrito Federal (Planae-DF): análise de situação e estudo de avaliabilidade. Rio de Janeiro 2017

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Taís Porto Oliveira

Plano de enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Distrito Federal

(Planae-DF): análise de situação e estudo de avaliabilidade.

Rio de Janeiro

2017

Taís Porto Oliveira

Plano de enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Distrito Federal

(Planae-DF): análise de situação e estudo de avaliabilidade.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Saúde Pública, da Escola

Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, na

Fundação Oswaldo Cruz, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em

Saúde Pública. Área de concentração:

Vigilância em Saúde.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elisabeth Carmen

Duarte

Rio de Janeiro

2017

Catalogação na fonte

Fundação Oswaldo Cruz

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde

Biblioteca de Saúde Pública

O48p Oliveira, Taís Porto.

Plano de enfrentamento das doenças crônicas não

transmissíveis no Distrito Federal (Planae-DF): análise de

situação e estudo de avaliabilidade / Taís Porto Oliveira. -- 2017.

164 f. ; il. ; graf. ; tab.

Orientadora: Elisabeth Carmen Duarte.

Dissertação (Mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola

Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2017.

1. Avaliação em Saúde. 2. Doença Crônica. 3. Vigilância em

Saúde Pública. 4. Fatores de Risco. I. Título.

CDD – 22.ed. – 616.044098174

Taís Porto Oliveira

Plano de enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Distrito Federal

(Planae-DF): análise de situação e estudo de avaliabilidade.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Saúde Pública, da Escola

Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, na

Fundação Oswaldo Cruz, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em

Saúde Pública. Área de concentração:

Vigilância em Saúde.

Aprovada em: 26 de abril de 2017

Banca Examinadora

Prof. Dr. Otaliba Libânio de Morais Neto

Universidade Federal de Goiás

Prof.ª. Dr.ª Elenice Machado da Cunha

Fundação Oswaldo Cruz – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio

Prof.ª. Dr.ª Elisabeth Carmen Duarte (Orientadora)

Universidade de Brasília

Rio de Janeiro

2017

À Manu e Luiz, por tornarem meus dias leves e alegres, mesmo nos momentos difíceis.

AGRADECIMENTOS

As minhas orientadoras Elizabeth Duarte e Kátia Crestine, meu agradecimento afetuoso

por todo apoio, confiança, sensibilidade, paciência e estímulo intelectual fundamentais para

realização desse trabalho.

Às professoras Ana Figueiró, Marly Cruz, pela atenção e auxílio durante esta trajetória.

À Deborah Malta, Marta Silva, Silvania Caribé, Max Moura, Sheila Stopa, Maria Aline e

Maryane Oliveira, pelo apoio do Projeto para a DANTPS/SVS/MS.

À Kelva Aquino, Sarah Oliveira e Monique Knox, da SES/DF, pelo oportunidade, confi-

ança e empenho.

À Adla, Eucilene, Ana Paula, Ana Virgínia, Raimundo, Cláudio Machado, pelo apoio de

sempre e demais funcionários do Ministério da Saúde, sempre muito atenciosos e solícitos.

Aos meus queridos amigos do mestrado, pela presença e pelas trocas intelectuais.

Aos meus irmãos, Trícia e Leonardo, e a todos os meus familiares, pelo carinho, torcida, e

por compreenderem minha ausência.

Aos meus pais, Carminha e Webster, pelo apoio, amor, sabedoria, carinho e auxílio em

todos os momentos.

“De modo suave, você pode sacudir o mundo”.

MAHATMA GANDHI.

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo descrever fatores de risco e proteção e realizar

estudo de avaliabilidade (EA) do Plano de enfrentamento das Doenças crônicas não transmis-

síveis (DCNT) no Distrito Federal (Planae-DF – 2017-2022), com foco no eixo de vigilância,

monitoramento e avaliação, considerando a descrição do plano, o desenvolvimento do modelo

lógico (ML) e da matriz de análise e julgamento (MAJ). Foram utilizadas as abordagens quan-

titativa e qualitativa. Foram realizadas análise documental, análise de situação de saúde com

descrição das prevalências dos fatores de risco e de proteção das DCNT no DF e monitoramento

de metas, entrevista, engajamento de interessados na avaliação, oficina de consenso com os

técnicos da Secretaria Estadual de Saúde do DF e elaboração do ML e MAJ. No DF, em geral,

os fatores de proteção associados às DCNT foram mais prevalentes nas mulheres, nos indiví-

duos de maior nível de instrução e idade. Os fatores de risco foram mais prevalentes entre ho-

mens e nos indivíduos com menor escolaridade. Três das nove metas avaliadas já foram

alcançadas em 2015: (i) aumento do consumo de frutas e hortaliças; (ii) aumento da prevalência

de atividade física; e (iii) cobertura de mamografia acima de 70%. Duas metas apresentaram

tendências favoráveis para o alcance até 2022: (i) redução da taxa de mortalidade prematura; e

(ii) redução da prevalência do tabagismo. As metas de excesso de peso, obesidade e consumo

abusivo do álcool, ao contrário, apresentaram tendência de aumento. A construção do ML levou

em consideração quatro componentes: (i) vigilância e monitoramento; (ii) gestão e financia-

mento; (iii) articulação intra e intersetorial; e (iv) ensino e formação. A partir do ML a MAJ

descreveu indicadores, fontes de verificação, pontos de corte e julgamento. O estudo permite

concluir que o Planae-DF (2017-2022) é passível de avaliação, sendo que o EA se mostrou

apropriado e permitiu a ampliação da compreensão dos envolvidos e melhor definição das es-

tratégias intra e intersetoriais para o enfrentamento das DCNT. Faz-se importante implementar

o Planae-DF, como etapa essencial no planejamento, monitoramento e avaliação dos programas

de prevenção e redução de morbimortalidade prematura por DCNT.

Palavras-chave: Avaliação em Saúde, Doença Crônica, Vigilância em Saúde Pública, Fa-

tores de Risco

ABSTRACT

The objective of this study was to describe risk and protection factors and to carry out an eval-

uation study (ES) of the Strategic Plan to reduce the borden of Noncommunicable Diseases

(NCD) on Federal District (Planae-DF-2017-2022), focusing on surveillance, monitoring and

evaluation, Considering the description of the plan, the development of the logical model (ML)

and the matrix of analysis and judgment (MAJ). Quantitative and qualitative approaches were

used. A documentary analysis was carried out, a health situation analysis with a description of

the prevalence of risk factors and protection of NCDs in the Federal District, and monitoring of

goals, interview, engagement of stakeholders in the evaluation, consensus workshop with the

Secretariat technicians State of Health of the DF and elaboration of ML and MAJ.

In general, the protective factors associated with NCDs were more prevalent in women, in in-

dividuals of higher education and age. Risk factors were more prevalent among men and in

individuals with less schooling. Three of the nine goals evaluated have already been achieved

in 2015: (i) increased consumption of fruits and vegetables; (ii) increased prevalence of physical

activity; and (iii) mammography coverage above 70%. Two goals showed favorable trends to

reach by 2022: (i) reduction of the early mortality rate; and (ii) reduction in the prevalence of

smoking. The goals of overweight, obesity and alcohol abuse, on the other hand, showed a

tendency to increase. The construction of LM took into consideration four components: (i) sur-

veillance and monitoring; (ii) management and financing; (iii) intra and intersectoral articula-

tion; and (iv) education and training. Starting LM, the MAJ described indicators, sources of

verification, cut-off points and judgment. The study allows us to conclude that Planae-DF

(2017-2022) is susceptible to evaluation, and ES was appropriate and allowed the understanding

of those involved to be broadened and a better definition of intra- and intersectoral strategies

plan to reduce the borden of NCDs. It is important to implement Planae-DF, as an essential step

in the planning, monitoring and evaluation of programs for the prevention and reduction of

early morbidity and mortality by NCD.

Keywords: Health Assessment, Chronic Disease, Public Health Surveillance, Risk Factors

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Iniciativas e estratégicas internacionais no enfrentamento das DCNT. 24

Figura 2 - Iniciativas e estratégias nacionais no enfrentamento das DCNT......... 28

Artigo 2

Figura 1 - Taxas de mortalidade pelo conjunto dos quatro principais grupos de

DCNT entre adultos de 30 a 69 anos de idade, segundo sexo, Distrito

Federal, 2000 a 2012............................................................................

88

Figura 2 - Taxas de mortalidade pelo conjunto dos quatro principais grupos de

DCNT entre adultos de 30 a 69 anos de idade no Distrito Federal, na

região Centro-Oeste e no país, Brasil, 2000 a 2012............................

89

Figura 3 - Taxa de mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis entre

adultos de 30 a 69 anos de idade, por grupos principais de DCNT,

para o Distrito Federal, 2000 a 2012...................................................

90

Quadro 1 Prevalência* de fatores de risco ou proteção e alcance das Metas

definidas pelo Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento

das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)* população

adulta (18 ou mais anos de idade) do Distrito Federal, 2010 à 2015..

91

Artigo 3

Figura 1 - Estratégia utilizada para o EA do Plano de Enfrentamento das DCNT

do DF (2017-2022)...............................................................................

96

Figura 2 - Modelo Lógico do Plano de Enfrentamento das DCNT do DF

(2017-2022).........................................................................................

111

Figura 3 - Matriz de Análise e Julgamento do Plano de Enfrentamento das

DCNT do DF (2017-2022)..................................................................

115

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número absoluto (N) e proporção (%) de óbitos segundo causas bási-

cas, Brasil, 2011.....................................................................................

19

Tabela 2 Resultados gerais das principais intervenções no enfrentamento das

DCNT.....................................................................................................

.

25

Tabela 3 Grupos de indicadores pactuados para vigilância de DCNT.................. 27

Tabela 4 Elementos constituintes do modelo lógico do Planae-DCNT do DF..... 44

Tabela 5 Elementos constituintes da matriz de análise e julgamento do Planae-

DCNT do DF..........................................................................................

45

Tabela 6 Estratégias do Estudo, instrumentos e usuários potenciais da avaliação

e participação do processo avaliativo......................................................

46

Artigo 1

Tabela 1 Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças

crônicas não transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de

idade, segundo sexo – Pesquisa Nacional de Saúde. Brasil,

Distrito Federal (DF), 2013............................................................

67

Tabela 2 Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças

crônicas não transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de

idade, por faixa etária – Pesquisa Nacional de Saúde. Distrito

Federal, 2013..................................................................................

68

Tabela 3 Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças

crônicas não transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de

idade, por nível de instrução – Pesquisa Nacional de Saúde.

Distrito Federal, 2013.....................................................................

69

Tabela 4 Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças

crônicas não transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de

idade, segundo raça/cor de pele – Pesquisa Nacional de Saúde.

Distrito Federal, 2013....................................................................

70

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIH Autorização de Internação Hospitalar

AMS Assembléia Mundial da Saúde

AVC Acidente Vascular Cerebral

CARMEN Conjunto de Acciones para la Redución Multifatorial de las enfermeda-

des no transmisibles

CENEPI Centro Nacional de Epidemiologia

CGDANT Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Pro-

moção de Saúde

CINDI Countrywide Integrated Noncommunicable Diseases Intervention

CES Conselho Estadual de Saúde

CONICQ Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco

DAC Doenças do aparelho circulatório

DALY Disability Adjusted Life Years

DANT Doenças e agravos não transmissíveis

DASIS Departamento de Análise de Situação de Saúde

DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DF Distrito Federal

DIVEP Diretoria de Vigilância Epidemiológica

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

HIPERDIA Sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensão arterial

sistêmica e diabetes

IAM Infarto agudo do miocárdio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCA Instituto Nacional do Câncer

LOS Lei Orgânica da Saúde

ML Modelo Lógico

MLP

Modelo Lógico do Programa

M&A Monitoramento e Avaliação

MS Ministério da Saúde

NVEDNT Núcleo de Vigilância Epidemiológica de Doenças não Transmissíveis

OMS Organização Mundial de Saúde

ONGs Organizações Não Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

PeNSE Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

PETab Pesquisa Especial de Tabagismo

Planae Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crôni-

cas Não Transmissíveis

Planae-BR Projeto de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crô-

nicas Não Transmissíveis do Brasil

Planae-DF Projeto de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crô-

nicas Não Transmissíveis do DF

PNAD A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNS Pesquisa Nacional de Saúde

RIDE Região de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno

SES Secretaria Estadual de Saúde

SIA Sistema de Informações Ambulatoriais

SIH Sistema de Informação Hospitalar

SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade

SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

VIGITEL Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico

YLD Years Lost due to Disability

YLL Years of Life Lost

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 16

2. PRESSUPOSTOS...................................................................................... 18

3. JUSTIFICATIVA...................................................................................... 19

4. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................... 19

4.1. EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS (DCNT).....................................................................

19

4.2. VIGILÂNCIA E MONITORAMENTO DAS DCNT................................ 21

4.3. PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O ENFRENTAMENTO

DAS DCNT NO BRASIL (PLANAE-BR).................................................

29

4.4. O ENFRENTAMENTO DAS DCNT NO DF E O

MONITORAMENTO................................................................................

30

4.5. AVALIAÇÃO EM SAÚDE....................................................................... 32

4.6. ESTUDO DE AVALIABILIDADE........................................................... 35

5. OBJETIVOS............................................................................................. 36

5.1. OBJETIVO GERAL................................................................................... 36

5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................... 36

6. METODOLOGIA.................................................................................... 37

6.1. TIPO DE ESTUDO.................................................................................... 37

6.2. ETAPAS DO ESTUDO............................................................................. 37

6.2.1. Análise documental.................................................................................. 37

6.2.2. Análise de situação de saúde................................................................... 38

6.2.2.1. Estilos de Vida da População do DF......................................................... 38

6.2.2.2. Monitoramento das metas do Planae-BR aplicado à população do DF.... 40

6.2.3. Entrevista com informante-chave.......................................................... 41

6.2.4. Engajamento dos interessados na avaliação ......................................... 42

6.2.5. Modelo Lógico e Matriz e Análise e Julgamento................................... 43

6.3. USUÁRIOS POTENCIAIS DA AVALIAÇÃO........................................ 46

7. ASPECTOS ÉTICOS.............................................................................. 47

8. RESULTADOS........................................................................................ 49

8.1. PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA

DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS DO DISTRITO

FEDERAL: ESTIMATIVAS BASEADA NA PESQUISA NACIONAL

DE SAÚDE, 2013 (ARTIGO 1).................................................................

49

8.2. BALANÇO DAS METAS DO PLANO NACIONAL DE

ENFRENTAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS NO DISTRITO FEDERAL, APÓS CINCO ANOS

DA IMPLANTAÇÃO (ARTIGO 2).........................................................

71

8.3. PLANO DE ENFRENTAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS DO DISTRITO FEDERAL (2017-2022): UM

ESTUDO DE AVALIABILIDADE (ARTIGO 3)....................................

92

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 119

10. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................. 120

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 124

12. APÊNDICES............................................................................................. 130

12.1 APÊNDICE I - TERMOS DE CONSENTIMENTOS LIVRES E

ESCLARECIDOS......................................................................................

130

12.2 APÊNDICE II - CARTA AO SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDE

DO DF........................................................................................................

136

12.3 APÊNDICE III–TERMO DE ANUÊNCIA DO GESTOR ESTADUAL

DO DF........................................................................................................

138

12.4 APÊNDICE IV –INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DA 1ª.

VERSÃO DO MODELO LÓGICO DO PLANAE-DCNT DO DF.........

139

12.5 APÊNDICE V – VALIDAÇÃO DO MODELO LÓGICO DO PLANAE-

DCNT DO DF............................................................................................

140

12.6 APÊNDICE VI– MANUAL DO PARTICIPANTE – MODELO LÓGICO

DO PLANO DE ENFRENTAMENTO DAS DCNT.................................

142

16

1. INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são usualmente doenças não infecciosas,

ou seja, não transmitidas de pessoa para pessoa direta ou indiretamente por meio de vetores.

Apresentam longa duração e geralmente com lenta progressão (WHO, 2016a). São doenças

multifatoriais e têm fatores de risco comportamentais e genéticos frequentemente envolvidos

nos seus modelos de causalidade e, portanto, alvos de suas estratégias de enfrentamento. O

Ministério da Saúde classifica as DCNT como doenças multifatoriais que se desenvolvem no

decorrer da vida e são de longa duração (BRASIL, 2016b).

Esse conjunto de doenças possui conhecidos determinantes e fatores de risco, incluindo:

fatores não modificáveis como sexo, genética e idade; fatores modificáveis como tabagismo,

alimentação inadequada, uso nocivo do álcool, inatividade física, e fatores de risco

intermediários, como hipertensão, dislipidemias, sobrepeso, obesidade e intolerância à glicose

(BRASIL, 2011a; BRASIL, 2016b). As principais doenças das DCNT são: doenças

coronarianas, doenças cerebrovasculares, doença vascular periféricas, doenças

cardiovasculares, doença pulmonar obstrutiva crônica/efisema, diabetes e vários tipos de câncer

(BRASIL, 2016c).

As DCNT são as principais causas de morte no mundo, sendo a maioria desses óbitos

atribuíveis às doenças do aparelho circulatório (DAC), ao câncer, a diabetes e às doenças

respiratórias crônicas. Estima-se que, em 2012, as DCNT tenham sido responsáveis por 38

milhões (68%) das 56 milhões de mortes de pessoas em todo o mundo. Das mortes atribuídas

às DCNT, 16 milhões (40%) ocorrem prematuramente em pessoas com menos de 70 anos de

idade e 28 milhões (82%) ocorrem nos países de baixa e média renda (WHO, 2014). As doenças

cardiovasculares são responsáveis pela maioria das mortes por DCNT no mundo (17,5 milhões

de pessoas por ano), seguidas do câncer (8,2 milhões), das doenças respiratórias (4 milhões), e

do diabetes (1, 5 milhões) (WHO, 2016a).

O Brasil tem apresentado acelerado processo de transição epidemiológica, o que produz

importantes mudanças no perfil das doenças ocorrentes na população. Em 1930, as doenças

infecciosas e as DCNT respondiam por cerca de 46% e 12% das mortes em capitais brasileiras,

respectivamente (BARBOSA et al, 2003). A partir de então, verificou-se redução progressiva

das doenças infecciosas e aumento das DCNT como causas de morte no Brasil. Em 2011 as D.

infecciosas foram responsáveis por 4,2% das mortes (BRASIL, 2012a). Já as DCNT, neste

mesmo ano de 2011, foram responsáveis por 72,7 % dos óbitos, destacando-se aqueles

provocados por doenças cardiovasculares (30,4%), neoplasias (16,4%, doenças respiratórias

(6%), e diabetes (5,3%) (MALTA et al, 2014).

17

A magnitude das DCNT e seu impacto social, inclusive para o sistema de saúde, têm

mobilizado nações e Organismos Internacionais para uma agenda de enfrentamento destas do-

enças. Uma dessas iniciativas recentes, em 2011, foi a reunião de Alto Nível da Organização

das Nações Unidas (ONU), que reforçou o compromisso dos chefes de Estados no sentido do

seu enfrentamento (WHO, 2011). Como resultado foi aprovado Plano Global de Enfrentamento

de DCNT para o período de 2013 a 2020, com definição de metas para a redução das DCNT e

seus fatores de risco, incluindo redução relativa de 25% da mortalidade prematura por DCNT

até 2025, visando o comprometimento dos Sistemas de Saúde e a articulação intersetorial para

o enfrentar do problema (BRASIL, 2011a; MALTA; MORAIS NETO; SILVA JR, 2013;

OPAS, 2013; WHO, 2013; WHO, 2016a).

Alinhado a essa proposta, o Governo Brasileiro lançou seu Plano de Ações Estratégicas

para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis do Brasil (Planae-BR), para

os anos de 2011-2022, estabelecendo compromissos de gestão, priorizando ações e investimen-

tos necessários para enfrentar e deter as DCNT e seus fatores de risco (BRASIL, 2011a). O

Planae-BR abrange os quatro principais grupos de doenças crônicas (cardiovasculares, câncer,

respiratórias crônicas e diabetes) e seus fatores de risco em comum modificáveis (tabagismo,

consumo nocivo de álcool, inatividade física, alimentação inadequada) e é composto por três

eixos: i) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; ii) promoção da saúde; e iii) cui-

dado integral. O plano define metas e compromissos assumidos pelo Brasil em relação às

DCNT, sendo a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) a coor-

denadora do processo de monitoramento (MALTA; MORAIS NETO; SILVA JR, 2013;

MALTA; SILVA JUNIOR, 2013).

Face à necessidade de se ter em níveis estaduais e municipais a formulação de planos

de enfrentamento a problemática das doenças crônicas, foi publicada portaria que estabeleceu

repasse de recursos financeiros de Vigilância e Promoção da Saúde aos entes federados

(BRASIL, 2012b). O incentivo faz parte de uma estratégia para que Estados, DF e municípios

elaborassem planos locais de fortalecimento e ações específicas de vigilância e prevenção das

DCNT. Foram apresentadas 26 propostas estaduais, duas de capitais de municípios de mais de

um milhão de habitantes, e uma do DF.

O monitoramento é ferramenta crítica para a gestão e fundamental no acompanhamento

rotineiro de informações prioritárias, tanto para o processo de implementação de um programa,

isto é, para o acompanhamento de seu desempenho operacional, como para seu desempenho

finalístico (SANTOS et al, 2011). Desde a publicação da regulamentação sobre transferência

de recursos para elaboração dos planos locais, o Ministério da Saúde realiza o monitoramento

18

da implementação das ações dos entes federados. É adotada a sistemática de realização de

seminários nacionais que contam com a participação de representantes do governo federal, das

secretarias de saúde de estados e municípios envolvidos com as ações de DCNT, representantes

de organismos não governamentais e também do setor produtivo, possibilitando dessa forma

identificação de eventuais falhas, revisão de decisões e consequente redirecionamento das ações

(BRASIL, 2016c). O balanço das ações de DCNT do País, assim como seus avanços e limites,

também podem ser encontrados em publicações recentes (MALTA et al, 2016; ACT, 2014;

MALTA; MORAIS NETO; SILVA JR, 2013; MALTA; SILVA JUNIOR, 2013; MALTA; SILVA

JUNIOR, 2014).

Apesar do monitoramento ocorrer desde 2013 e da importância que é atribuída a ele, a

institucionalização da avaliação desses Planos ainda não foi efetivada em seu componente

normativo. Face ao pouco tempo de publicação do referido Planae-BR e a sua complexidade,

seria importante apreciar em que medida o Plano de Enfrentamento de DCNT do DF (Planae-

DF) está em condições de se submeter a uma avaliação (MENDES et al, 2010). Essa pergunta

pode ser respondida por meio de estudos denominados estudos de avaliabilidade. Estes são

estudos relevantes na busca do aprimoramento dos programas, tornando-os mais plausíveis e

avaliáveis a partir da participação dos seus gestores no processo, bem como na redução das

ambiguidades entre os interessados antes do desenvolvimento da avaliação (MENDES et al,

2010).

Para tanto, este trabalho se propôs a realizar um estudo de avaliabilidade do Planae-DF,

tomando como base o Planae-BR, elaborado em 2011. A proposta visa contribuir como etapa

inicial da avaliação formativa, bem como aproximar os atores envolvidos com as ações de

enfrentamento das DCNT e sua implementação no DF, de forma a contribuir para uma melhor

definição dos objetivos, das metas, e das estratégias para o enfrentamento das DCNT e sua

posterior avaliação.

2. PRESSUPOSTOS

Os Planos de enfrentamento das DCNT envolvem grande esforço institucional e volume

de recursos financeiros. Foram recentemente implantados e necessitam ser avaliados para que

sejam aprimorados, contribuindo inclusive ao controle social. Os planos nacional e do DF não

tiveram institucionalizados até o momento nenhum processo de avaliação, muito embora exista

o monitoramento do Ministério da Saúde desde a publicação do Planae-BR.

Este estudo assume como pressuposto que o DF podem estar com dificuldades na

elaboração e implementação dos planos locais de enfrentamento das DCNT. Também se

19

pressupõe a baixa utilização dos recursos financeiros disponíveis para implementar e fortalecer

as ações de vigilância e prevenção para o enfrentamento das doenças crônicas.

3. JUSTIFICATIVA

O presente estudo justifica-se: (1) pela relevância das DCNT como problema de saúde

pública no DF; (2) pela existência dos Planos de enfrentamento dessas DCNT no Brasil e no

DF; (3) pela existência do monitoramento realizado pelo Ministério da Saúde e organismos não

governamentais, sem contudo existir um processo de avaliação institucionalizado; (4) pela

importância da avaliação desse Planae-BR para aferir os avanços e limites da sua

implementação no DF, visando reduzir as prevalências de fatores de risco e morbidade e

mortalidade prematura das DCNT; e (5) pela necessidade de avaliar a factibilidade dos estudos

avaliativos tendo como objeto a implementação do Planae-DF.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1. EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT)

As DCNT são um problema de saúde global e uma ameaça ao desenvolvimento humano.

A carga dessas doenças recai especialmente sobre países de baixa e média renda (SCHMIDT et

al, 2011) e têm gerado elevado número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida, com

alto grau de limitações e incapacidades, além de serem responsáveis por impactos econômicos

para as famílias, para a sociedade em geral, e para os sistemas de saúde (MALTA et al, 2014).

No Brasil, as DCNT são a principal causa de mortalidade. Em 2011, após correções para

causas mal definidas e sub-registro, essas causas responderam por 72,7% do total de óbitos. Em

relação ao total de óbitos, as DCNT mais frequentes foram as doenças cardiovasculares

(30,4%), as neoplasias (16,4%), as doenças respiratórias (6%) e o diabetes (5,3%) (Tabela 1)

(MALTA et al, 2014).

Tabela 1 – Número absoluto (N) e proporção (%) de óbitos segundo causas Básicas, Brasil, 2011a

Óbitos

Causa Códigos CID-10 Observados Corrigidos*

N % %

Doenças crônicas não

transmissíveis 800.118 68,3 72,7

D. Cardiovasculares I00-I99 335.213 28,6 30,4

20

Neoplasias C00-C97 180.988 15,5 16,4

Doenças respiratórias J30-J98 66.079 5,6 6

Diabetes mellitus E10-E14 57.876 4,9 5,3

Outras doenças crônicas

D00-D48, D55-D64 (menos

D64.9), D65-D89, E03-E07,

E15-E16, E20-E34, E65-E88,

F01-F99, G06-G98, H00-

H61,H68-H93, K00-K92,

N00-N64, N75-N98, L00-L98,

M00-M99, Q00-Q99

159.962 13,7 14,7

Maternas, infantis e

transmissíveis

A00-B99, G00-G04, N70-

N73, J00-J06, J10-J18, J20-

J22, H65-H66, O00-O99, P00-

P96, E00-E02, E40-E46, E50,

D50-D53, D64.9, E51-64

146.175 12,5 13,6

Causas externas V01-Y89 145.842 12,5 13,6

Mal definidas R00-R99 78.363 6,7 ---

TOTAL 1.170.498 100 100

Fonte: MALTA et al, 2014, baseado no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), SVS/MS.

* Corrigidos por sub-registro e causas mal definidas.

As DCNT são também a principal carga de doença no País. Já em 1998, respondiam por

66,3% dos anos de vida com qualidade perdidos devido à doença (SCHRAMM et al, 2004). No

processo de mensuração dos estudos de carga global de doença o principal indicador é o DALY

(Disability Adjusted Life Years - Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade), que

mede, simultaneamente, os impactos da mortalidade e da morbidade que afetam o status de

saúde de determinada população, utilizando como métrica comum o tempo (MURRAY;

LOPEZ, 1997). Um DALY representa um ano de vida saudável perdido, sendo calculado como

a soma de dois componentes: o de mortalidade, representado pelos anos de vida perdidos em

decorrência de morte prematura (Years of Life Lost – YLL), e o de morbidade, caracterizado

pelos anos de vida saudável perdidos em virtude de incapacidade (Years Lost due to Disability –

YLD). Análises mais recentes (2008) sobre a carga de doença no País estimaram que 77,2%

dos DALYs são decorrentes das DCNT, sendo 65,3% devido à mortalidade e 89% dos DALYs

21

devido à morbidade (LEITE et al, 2015).

Quando analisados os dados de mortalidade para o Distrito Federal (DF), segundo os

dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) para o ano de 2014, estima-se que as

principais causas de óbito registradas por DCNT corresponderam a 71,24% do total de óbitos

(n=12.018). Em primeiro lugar aparecem as doenças relacionadas ao aparelho circulatório

(27,3%), seguidas pelas neoplasias (19,15%), doenças respiratórias (5,14%), e diabetes (3,78%)

(BRASIL, 2017). Apesar da proporção de óbitos por neoplasia ser maior em Brasília do que no

país, estudo de análise de série temporal das taxas padronizadas de mortalidade entre 2000-

2011 estimou que com relação às neoplasias, em ambos os sexos, foram observadas variações

percentuais de redução para o DF (ALVES; MORAIS NETO, 2015).

Quanto à morbidade do Brasil, de acordo com Santos et al (2015), no período de 2002

a 2012, em termos gerais, houve estabilidade nas taxas de internações por DCNT, sendo que as

taxas de internações por doenças cardiovasculares, neoplasias e diabetes mellitus apresentaram

tendência de estabilidade, enquanto que por doenças respiratórias tiveram uma tendência de

redução. Foram registradas cerca de 12 milhões (n=12.031.590) e 13 milhões (n=13.031.584)

de internações em 2002 e 2012, respectivamente, sendo as DCNT responsáveis por 48,9%

(2002) e 49,2% (2012) nesses anos, com destaque para as doenças cardiovasculares, doenças

respiratórias crônicas, neoplasias e diabetes (SANTOS et al, 2015).

No DF, de acordo com o Sistema de Informação Hospitalar (SIH), entre os meses de

janeiro de 2014 a outubro de 2014 foram registradas 135.366 internações segundo local de

residência, tendo como principais causas, respectivamente, gravidez, parto e puerpério (27,5

%), doenças do aparelho digestivo (9,2%), doenças do aparelho circulatório (8,9%), lesões,

envenenamento e algumas outras consequências de causas externas (8,8%), doenças do

aparelho circulatório (8,7%), doenças do aparelho geniturinário (6,1%), neoplasias (5,5%) e

algumas doenças infecciosas e parasitárias (4,2%), dentre outras. (BRASIL, 2014)

4.2. VIGILÂNCIA E MONITORAMENTO DAS DCNT

A vigilância em saúde está historicamente relacionada aos conceitos de saúde e doença

e à expansão das estratégias de vigilância vinculada aos programas existentes em cada época,

o que possibilita a existência de vários conceitos ao termo (MONKEN; BATISTELLA, 2009;

TEIXEIRA; PAIM; VILASBÔAS, 1998; WALDMAN; ROSA, 1998). Um dos conceitos de

vigilância mais antigos é o de que a vigilância corresponde à detecção, análise e disseminação

de informação sobre doenças relevantes, que deveriam ser objeto de monitoramento contínuo,

22

sendo atribuído à Langmuir a paternidade do termo, em uma publicação de 1963 (LANGMUIR,

1976).

De acordo com Silva Jr (2004), as diferentes concepções refletem a maneira como a

saúde pública se organiza em cada país (SILVA, 2004, p. 50):

“O conceito de vigilância tem sido utilizado para designar determinados

conjuntos de práticas em saúde pública que apresentam variações em

aspectos importantes, tanto sobre o seu âmbito de atuação, como do

próprio conteúdo que nele se insere. Uma das principais diferenças de

concepção incide sobre qual é o espaço que pode (ou deve) ser

considerado como seu território, existindo importantes divergências

sobre quais são efetivamente os seus limites, o que envolve, em última

instância, a questão do que deve (ou não) ser considerado como

integrante do campo da vigilância” (SILVA, 2004, p. 50).

Autores como Waldman e Rosa (1998) ressaltam que desde o início dos anos 90, o termo

“vigilância epidemiológica” foi substituído por “vigilância em saúde pública”, que se consa-

grou internacionalmente, sendo utilizado na maioria das publicações sobre o assunto desde o

início dos anos 90. Os autores destacam ainda que essa alteração da denominação não implicou

a adoção de uma nova abordagem ou modificações dos aspectos conceituais ou operacionais da

vigilância (WALDMAN; ROSA, 1998).

No Brasil, a Lei N° 8.080, de 1990, também conhecida como Lei Orgânica da Saúde

(LOS), define a prática de “vigilância epidemiológica” e está restrita às doenças transmissíveis.

A incorporação de outros objetos, tais como a “vigilância de fatores de risco” de doenças e

agravos não transmissíveis (DANT), só efetivamente passou a ser atividade institucionalizada

no Sistema Único de Saúde, a partir de 2000 (SILVA JR, 2004).

A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) adota o conceito de Vigilância em Saúde

da Portaria N° 1.378, de 9 de julho de 2013, definido como:

“...processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e

disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, visando o

planejamento e a implementação de medidas de saúde pública para a

proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agra-

vos e doenças, bem como para a promoção da saúde” (BRASIL, 2013a).

23

Neste conceito inclui-se a vigilância de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT).

A Vigilância em DCNT é definida pelo Ministério da Saúde (MS), como um conjunto

de ações que possibilitam conhecer a distribuição, magnitude e tendência dessas doenças e de

seus fatores de risco na população, identificando seus condicionantes sociais, econômicos e

ambientais, com o objetivo de subsidiar o planejamento, execução e avaliação da prevenção e

controle das mesmas. O MS estabelece ainda que a prevenção e controle das DCNT e seus

fatores de risco são fundamentais para evitar o crescimento da carga dessas doenças e suas

consequências, assim como para ampliar a qualidade de vida e aprimorar o sistema de saúde no

país (BRASIL, 2005).

Do ponto de vista histórico, a vigilância de DCNT ganhou destaque internacional desde

que a Assembléia Mundial da Saúde (AMS) aprovou a Estratégia Global para a Prevenção e

Controle de Doenças Crônicas Não Transmissíveis em maio de 2000 (Resolução WHA53.17).

A partir de então, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou uma série de documentos

com propostas de ações destinadas às DCNT. O Relatório Mundial da Saúde de 2002, intitulado

“Reducing Risks, Promoting Healthy Life” aumentou a consciência dos fatores de risco

relacionados ao tema. Em 2003 e 2004, a AMS aprovou, respectivamente, a Convenção-Quadro

para o Controle do Tabaco (CONICQ) e a Estratégia Global da OMS sobre Dieta, Atividade

Física e Saúde. Em outubro de 2005, foi lançado o Relatório Global da OMS “Preventing chro-

nic diseases: a vital investment''. Este último relatório trouxe destaque para a necessária e

urgente ação que os países membros deveriam adotar para deter e reverter a crescente ameaça

de DCNT no mundo. Em 2008 foi aprovado o Plano Global de Ação Estratégico para Prevenção

e Controle de DCNT, para ao período de 2008 a 2013. Em 2010, a AMS aprovou a Estratégia

Global de Redução do Consumo Abusivo do Álcool. Em setembro de 2011, ocorreu a Reunião

de Alto Nível na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmando que a carga

de DCNT e seu impacto constituiam um dos grandes desafios para o desenvolvimento do século

XXI (WHO, 2016b). Em 2013 é aprovado o Plano Global de Enfrentamento de DCNT para o

período de 2013 a 2020 (WHO, 2013) que fornece um menu de opções políticas para Estados-

Membros, OMS, outras organizações da ONU, organizações intergovernamentais, ONGs e

setor privado. O Plano Global propõe o alcance de nove metas voluntárias, a serem

implementadas coletivamente entre 2013 e 2020. Uma das metas é a redução relativa de 25 %

na mortalidade prematura por doenças não transmissíveis em 2025 (MALTA; SILVA JUNIOR,

2013; WHO, 2016a). As iniciativas e estratégicas internacionais utilizadas no enfrentamento

das DCNT são apresentadas na Figura 1.

24

Figura 1 – Iniciativas e estratégicas internacionais no Enfrentamento das DCNT

Fonte: Elaboração da autora.

Segundo Duncan et al (2012), se referindo ao Plano Global de Enfrentamento das

DNCT, ao propor que o enfrentamento das DCNT enfocasse prioritariamente as doenças car-

diovasculares, câncer, doenças respiratória crônica e diabetes, a OMS elegeu também como

alvo seus quatro principais fatores de risco: fumo, inatividade física, alimentação inadequada e

uso abusivo do álcool.” E continua afirmando que: “...ao destacar estes fatores de risco, a OMS

também frisou o papel dos determinantes sociais na causalidade das DCNT” (DUNCAN et al,

2012).

As ações para enfrentamento das DCNT propostas pela OMS vão além do setor saúde.

Destaque é feito para a área da promoção. De acordo com Schmidt e Duncan (2011) estratégias

de ações populacionais de promoção da saúde são mais assertivas e vantajosas, por reduzir a

incidência das DCNT, o que é muito melhor do que combatê-las quando já instaladas, e por

sugerir ações baseadas em evidências contundentes, levando em conta a relação custo-efetivi-

dade (WHO, 2010; SCHMIDT; DUNCAN, 2011).

Ainda de forma a fortalecer a vigilância de DCNT em um de seus componentes

principais, a avaliação, alguns estudos merecem destaque de forma a permitir que programas e

projetos possam readequar suas atividades de prevenção e promoção da saúde. O primeiro

desses estudos surgiu na Finlândia: O North Karelia Project, iniciado em 1972 até 1997.

Posteriormente, nos Estados Unidos, o Stanford Three-Community Study, entre 1972 e 1974,

25

o Stanford Five-City Project, entre 1978 e 1996, o Minnesota Heart Health Program, entre

1980 e 1993, e o Pawtucket Heart Health Program, entre 1980 e 1991. Além desses, foram

realizados o Country wide Integrated Noncommunicable Diseases Intervention (CINDI), na

Europa e Canadá, em 1983, e o Conjunto de Acciones para la Redución Multifatorial de

Enfermidades No transmissibles (CARMEN), na América Latina, em 1995, e em 2007, no

Brasil, o Guia Metodológico de Avaliação e Definição de Indicadores Doenças Crônicas Não

Transmissíveis da Rede Carmen. Um melhor detalhamento de cada projeto e seus resultados

principais está disponível na Tabela 2 (BRASIL, 2007; SILVA et al, 2013).

Tabela 2 – Resultados Gerais das Principais Intervenções no enfrentamento das DCNT

Projeto, País Período População Resultados

North Karelia Project

(Finlândia)

1972-97 > 250 mil

em cada

cidade

Nos primeiros cinco anos houve redução das

doenças isquêmicas em North Karelia (área-

intervenção) em relação ao controle.

Redução na prevalência de tabagismo, níveis

de colesterol e pressão arterial ocorreram

nas duas áreas.

Stanford Three

Community Study

(Estados Unidos)

1972-74 >12 mil em

cada grupo

A redução da prevalência de tabagismo,

níveis de colesterol e pressão arterial foram

maiores no grupo intervenção.

Stanford Five-City

Project (Estados

Unidos)

1978-98 Entre 40 mil

e 85 mil nos

grupos

intervenção,

e 35 mil e

161 mil nos

grupos

controle.

Significativa redução na prevalência dos

fatores de risco no grupo intervenção. Não

houve diferença quanto ao peso. Discreta

diminuição nas taxas de mortalidade por

doenças cardiovasculares, sem diferença

entre os grupos.

Pawtucket Heart

Health Program

(Estados Unidos)

1980-91 > 70 mil em

cada grupo

Redução na prevalência de fatores de risco

em ambos os grupos. Tendências estáveis de

mortalidade por doença coronariana.

Minnesota Heart

Health Program

(Estados Unidos)

1980-93 Entre 25 mil

e 110 mil

Redução na prevalência dos fatores de risco

nos grupos intervenção. Aumento da

atividade física no grupo com intervenção

educacional, porém sem diferença quanto ao

peso. Redução das doenças coronarianas em

todos os grupos. Não houve mudança na

incidência de acidentes vasculares cerebrais.

26

Countrywide Integrated

Noncommunicable

Disease Intervention

(CINDI)

1983 Grande

número de

países

envolvidos

da Europa e

Canadá

Houve redução dos fatores de risco

cardiovasculares: tabagismo, obesidade,

hipertensão e hipercolesterolemia. Além

disso, os programas desenvolveram ações

integradas de prevenção e promoção da

saúde.

Projeto CARMEN 1995 Atingiu mais

de 4 milhões

de pessoas

da América

Latina

As avaliações enfatizam a eficácia e

efetividade das intervenções na mudança da

morbimortalidade por DCNT, bem como da

prevalência dos seus fatores de risco.

Fonte: BRASIL, 2007; SILVA et al, 2013

No Brasil, as discussões ocorridas internacionalmente também refletiram no avançar das

estratégias do país frente ao quadro das DCNT. De acordo com Lessa (2004), a vigilância para

DCNT iniciou em 1993, com a realização de seminários que incluíram a participação de gesto-

res do Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde da maioria dos Estados (LESSA, 2004). A

partir de 2000 o Ministério da Saúde, por meio do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI)

da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) iniciou a estruturação e operacionalização da vi-

gilância das DCNT (BRASIL, 2005). Nessa ocasião, já existiam iniciativas de vigilância para

essas doenças em alguns estados do Brasil. O Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão li-

gado ao Ministério da Saúde, já executava ações de vigilância, controle e prevenção do Câncer,

sendo responsável inclusive pelo sistema de Registro de Câncer para estimativas de morbidade

e por programas específicos. Há de se destacar o Programa de Controle do Tabagismo e os

programas para neoplasias passíveis de prevenção por diagnóstico precoce (câncer de colo ute-

rino e de mama) (BRASIL, 2005).

Em 2003, o Ministério da Saúde criou a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS),

estabelecendo área específica para fortalecer e ampliar as ações voltadas às DCNT,

institucionalizando a vigilância da morbimortalidade das DCNT e de seus fatores de risco.

Coube ao Departamento de Análise e Situação de Saúde (DASIS/SVS), por meio da

Coordenação-Geral de Vigilância de Agravos e Doenças não Transmissíveis (CGDANT), a

responsabilidade deste processo que deu origem ao Sistema Nacional de Vigilância de DCNT.

O Sistema Nacional de Vigilância de DCNT foi estruturado por meio de um processo

de capacitação das equipes de estados e municípios, com o estabelecimento de atividades, de

problemas, definição de indicadores para monitoramento e de metodologias apropriadas às

realidades regionais e locais. Foram realizados diversos fóruns em que participaram técnicos

de vigilância epidemiológica de todas as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde das

27

capitais. Em muitos deles foram debatidos os principais temas da área, avanços obtidos,

dificuldades e desafios para implementação da vigilância, bem como um conjunto de

indicadores (Tabela 3) e metodologias de monitoramento para os entes federados.

Tabela 3 – Grupos de Indicadores pactuados para vigilância de DCNT

Mortalidade Morbidade

Mortalidade Proporcional por DCNT Proporções de internações por DCNT

Taxa de Mortalidade por DCNT Taxas de internações SUS/habitantes (10.000) por

DCNT

Taxas de mortalidade por causas específicas

(Acidente Vascular Cerebral (AVC), Infarto Agudo

do Miocárdio (IAM), Diabetes, Doença Pulmonar

Obstrutiva Crônica (DPOC).

Proporções de internações por causas específicas

(AVC, IAM, Diabetes, DPOC)

Taxas de internações por eventos específicos

Fonte: BRASIL, 2005

A estruturação da vigilância, controle e prevenção de DCNT no Brasil inseriu-se no

contexto de implementar ações de intervenção em DCNT, por meio de investimentos

financeiros, em capacitação de recursos humanos, em equipamentos de informática e pesquisa

epidemiológica contratadas junto a centros colaboradores. Para a vigilância, a CGDANT

procurou estabelecer uma estratégia sustentável centrada nas seguintes ações: i) Monitoramento

das doenças; ii) Vigilância integrada dos Fatores de Risco e; iii) Indução de ações de prevenção

e controle e de promoção à saúde; iv) Monitoramento e avaliação das intervenções (BRASIL,

2005).

A estruturação da vigilância de DCNT implicaria em: i) equipe técnica mínima

composta de pessoas capacitadas em vigilância de DCNT, que seja estável, visto que vigilância

de DCNT pressupõem acompanhamento por tempo prolongado; ii) acesso garantido aos bancos

de dados de mortalidade e mortalidade e outros disponíveis que subsidiem a vigilância; iii)

proposta de monitoramento das principais DCNT, com indicadores definidos; iv) proposta de

vigilância de Fatores de Risco estruturada; v) proposta de vigilância da utilização dos serviços

de saúde, mostrando os impactos nos custos diretos (ao sistema de saúde) e indiretos (sociais e

econômicos para a sociedade) da epidemia de DCNT; vi) agenda de trabalho estratégico para

as atividades de sensibilização e defesa intra e extra setorial, enfatizando para a necessidade de

priorização das ações de prevenção de DCNT e promoção de saúde, demonstrando que esse é

um investimento vital (BRASIL, 2005).

28

Há mais de uma década existem pesquisas e inquéritos que fortalecem a estrutura do

Sistema Nacional de vigilância de DCNT. Em 2003 foi realizado o primeiro inquérito domiciliar

sobre comportamento de risco e morbidade referida de agravos não transmissíveis (BRASIL,

2011a), mesmo período da criação da SVS. Foi criado também o Sistema de Vigilância de

Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por meio de entrevistas telefônicas (Vigitel)

que ocorre anualmente desde 2006. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD -

2008), a Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab - 2008), a Pesquisa Nacional de Saúde do

Escolar (PeNSE – 2009, 2012 e 2015) (BRASIL, 2011a) e a mais recente Pesquisa Nacional de

Saúde (PNS - 2013), instrumentam o país com um rol de informações para auxiliar a gestão do

Sistema de Vigilância das DCNT (BRASIL, 2013b). As iniciativas e estratégicas nacionais

utilizadas no enfrentamento das DCNT são apresentadas na Figura 2.

Figura 2 – Iniciativas e estratégias nacionais no enfrentamento das DCNT

Fonte: Elaboração da autora.

Como já mencionado, no Brasil, visando ampliar o comprometimento do país com o

tema, após amplo processo de consulta a diversos setores sociais, o Ministério da Saúde lançou,

em 2011, um plano de ação nacional (Planae-BR), para o período de 2011 a 2022 (BRASIL,

2011a). O Planae-BR definiu e priorizou ações e os investimentos necessários para que o país

se preparasse para os desafios das DCNT e seus fatores de risco (MALTA; SILVA JR, 2013).

De acordo com Schmidt e Duncan (2011), o Planae-BR contempla um conjunto de ações

29

envolvendo vigilância, monitoramento e avaliação de programas, políticas e tecnologias de

saúde, além da produção de novos conhecimentos sobre causa, tratamento ou prevenção dessas

doenças. Os mesmos autores destacam ainda que universidades e centros de pesquisa são

importantes na contribuição da geração desses dados e na formação dos novos profissionais de

saúde, de forma a darem continuidade na estratégia de enfrentamento das DCNT (SCHMIDT;

DUNCAN, 2011).

4.3. PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS DCNT

NO BRASIL (PLANAE-BR)

O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT (Planae-BR) do Brasil,

elaborado para o período de 2011 a 2022, foi fruto da participação intersetorial de mais de 20

ministérios, Organizações Não Governamentais (ONGs), universidades, sociedade civil e setor

privado. Sob a liderança do Ministério da Saúde, o Planae-BR contém ações distribuídas em

três eixos: i) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; ii) promoção da saúde; e iii)

cuidado integral. Os eixos são implementados pelo setor de saúde e outros setores (BRASIL,

2011a; DUNCAN et al, 2012; MALTA et al, 2011).

O eixo (i) tem como objetivos: a) fomentar e apoiar o desenvolvimento e o

fortalecimento da vigilância integrada de DCNT e seus fatores de proteção e risco modificáveis

por meio do aprimoramento de instrumentos de monitoramento, com ênfase nos inquéritos

nacionais e locais; e b) avaliar e monitorar o desenvolvimento do próprio Planae-BR. Para

alcançar esses objetivos são apresentadas sete estratégias, dentre as quais destacam-se: (i)

fortalecer a vigilância de DCNT em estados e municípios; e (ii) monitorar e avaliar a

implementação do Planae-BR (BRASIL, 2011a).

O eixo (ii), sobre promoção da saúde, tem como objetivos: a) fomentar iniciativas inter-

setoriais no âmbito público e privado, visando o desencadeamento de intervenções e ações ar-

ticuladas que promovam e estimulem a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis;

b) abordar as condições sociais e econômicas no enfrentamento dos fatores determinantes das

DCNT; e c) proporcionar alternativas relativas à construção de comportamentos saudáveis

(BRASIL, 2011a).

Já o eixo (iii), de cuidado integral, tem por objetivo fortalecer a capacidade de resposta

do Sistema Único de Saúde, a fim de ampliar o conjunto de intervenções diversificadas capazes

30

de proporcionar uma abordagem integral da saúde para prevenir e controlar as DCNT (BRASIL,

2011a).

Também foram preconizadas metas nacionais, até o ano de 2022, conforme apresentado

a seguir: (i) reduzir a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT em 2% ao ano;

ii) reduzir a prevalência de tabagismo em 30% no período; iii) deter o crescimento de excesso

de peso e da obesidade no período; iv) reduzir o consumo médio de sal; v) aumentar o consumo

recomendado (cinco porções diárias) de frutas, hortaliças em 10% no período; vi) aumentar a

prevalência de atividade física no lazer em 10% no período; vii) reduzir a prevalência de con-

sumo nocivo de álcool (quatro doses ou mais em mulheres e cinco doses ou mais em homens)

nos últimos 30 dias em 10% no período; viii) ampliar a cobertura de mamografia em mulheres

de 50 a 69 anos; ix) ampliar e/ou manter a cobertura de exame citopatológico do câncer do colo

do útero em mulheres de 25 a 64 anos, em todas as regiões do país (Brasil, 2011a; Malta e Silva

Junior, 2013). Apesar destas metas serem nacionais, Estados, DF e municípios com mais de um

milhão de habitantes foram estimulados a apresentarem em 2012, projetos de ação coerentes

com as metas do Planae-BR.

Os demais entes federados estão gradativamente implantando seus Planos locais de

enfrentamento às DCNT (BRASIL, 2011a). A Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não

Transmissíveis e Promoção de Saúde (CGDANT), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS),

é a área responsável em monitorar o Planae-BR, junto a Estados, municípios com mais de um

milhão de habitantes, e o DF.

De forma a conhecer mais de perto este cenário, fez-se necessário entender a

implementação das estratégias de enfrentamento de DCNT, sendo o DF o local escolhido.

4.4. O ENFRENTAMENTO DAS DCNT NO DF E O MONITORAMENTO

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a

população do DF em 2010 era de 2.570.160 e a estimativa para 2015 era de 2.914.830

habitantes, sendo a quarta cidade mais populosa do Brasil. O DF é dividido em 31 regiões

administrativas (RA), distribuídas em um quadrilátero de 5.779,99 km2 com um único

município registrado no IBGE, Brasília. No DF, o governo distrital acumula as funções de

estado e município (BRASIL, 2016a).

O DF possui definida uma Região de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno

(RIDE) destinado a articulação da ação administrativa da União, dos Estados de Goiás (GO) e

de Minas Gerais (MG) e do DF (BRASIL, 2011b). A RIDE foi criada com o intuito de

31

proporcionar o desenvolvimento econômico e social, bem como, a integração de ações entre

União, estados e municípios na solução dos problemas. Compõe a RIDE o DF e mais 22

municípios de GO e MG. Esta grande região, de acordo com os dados do IBGE, segundo

estimativas populacionais em 2015, ultrapassa 4,2 milhões de habitantes, número este que

implica no aumento da demanda por serviços de saúde no DF, dentre outros (BRASIL, 2014;

BRASIL, 2016d).

A Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES/DF) é composta por seis Subsecretarias,

entre elas a Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS). Existem sete Superintendências das

regiões de saúde, além de unidades de referências assistencial e distrital (DISRITO FEDERAL,

2015).

A vigilância epidemiológica das DCNT fica a cargo da Diretoria de Vigilância

Epidemiológica da SVS, no Núcleo de Vigilância Epidemiológica de Doenças não

Transmissíveis (NVEDNT/DIVEP/SVS). Suas ações ocorrem por meio do monitoramento dos

dados de diversos sistemas de informação, como: i) Sistema de Informações de Mortalidade

(SIM) e Sistema de Internação Hospitalar (SIH); ii) Sistema de Informações Ambulatoriais

(SIA); iii) Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensão Arterial Sistêmica e

Diabetes (Hiperdia); e iv) Inquérito de fatores de risco e proteção para as DCNT (Vigitel),

Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e Pesquisa de Saúde do Escolar (PeNSE).

O DF elaborou o Planae-DF para o período de 2012 a 2016, conforme aprovado pelo

Colegiado de Gestão em deliberação n° 21, de 18 de julho de 2013 (DISTRITO FEDERAL,

2013). O Planae-DF teve como objetivo a execução intra e intersetorial de ações para a

prevenção e controle das DCNT e seus fatores de risco, de forma a fortalecer os serviços de

saúde voltados para a população do DF. O monitoramento dos dados é de responsabilidade de

diversas áreas da SES/DF. A área responsável em realizar o monitoramento e elaboração de

relatórios do Planae-DF é o NVEDNT/DIVEP/SVS.

Desde 2014, o NVEDNT elabora relatórios anuais com séries históricas e dados

secundários de mortalidade, morbidade e dos principais fatores de proteção e de risco para as

DCNT que são monitorados pela Vigilância em Saúde.

4.5. AVALIAÇÃO EM SAÚDE

A tomada de decisão por parte do governo não é tarefa fácil no campo da saúde,

especialmente em um cenário de ação combinada do desenvolvimento das tecnologias, da crise

das finanças públicas e do envelhecimento das populações. Soma-se a isso, ainda, a

32

necessidade do crescimento dos custos e a garantia a todos do acesso equitativo à serviços de

qualidade (CONTANDRIOPOULOS, 2000 apud CHAMPAGNE et al, 2013a).

Nesse contexto, segundo Hartz e Vieira-da-Silva (2005), a institucionalização da

avaliação tem o sentido de integrá-la em um sistema organizacional que seja capaz de

influenciar o seu comportamento, ou seja, um modelo orientado para a ação, ligando

necessariamente as atividades analíticas às de gestão das intervenções programáticas.

Há vários tipos de avaliações e a literatura indica que há falta de uniformidade

terminológica. A diversidade das definições traduz a evolução das diferentes concepções no

curso do tempo. A definição utilizada para este projeto é a que reúne os elementos que são hoje

mais consensuais, segundo Champagne et al (2013a), a saber:

“Avaliar consiste fundamentalmente em emitir um juízo de valor sobre

uma intervenção, implementando um dispositivo capaz de fornecer

informações cientificamente válidas e socialmente legítimas sobre essa

intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo

de proceder de modo a que os diferentes atores envolvidos, cujos

campos de julgamento são por vezes diferentes, estejam aptos a se

posicionar sobre a intervenção para que possam construir

individualmente ou coletivamente um julgamento que possa se traduzir

em ações” (CHAMPAGNE et al, 2013a).

Quando se trata de definir a finalidade das avaliações, alguns autores identificam duas

possibilidades, sendo a avaliação normativa aquela destinada a julgar o funcionamento de uma

dada intervenção de acordo com normas pré-estabelecidas, e a pesquisa avaliativa, destinada a

julgar e explicar todas as relações entre os componentes de uma intervenção de acordo com

teorias sobre o programa (CONTANDRIOPOULOS et al, 1997).

Uma intervenção pode ser concebida como um sistema organizado de ação que visa, em

um determinado ambiente e durante um determinado tempo, modificar o curso previsível de

um fenômeno para corrigir uma situação problemática. De acordo com Champagne (2013a),

em todo sistema organizado de ação, são encontrados cinco componentes: uma estrutura, atores

individuais e coletivos e suas práticas, processos de ação, uma ou várias finalidades, e enfim,

um ambiente (CHAMPAGNE et al, 2013b).

A avaliação somativa frequentemente tem por objetivo prestar contas a uma audiência

externa e é realizada ao fim de uma intervenção, segundo Vieira-da-Silva (2014). Ainda de

33

acordo com a mesma autora, quando a avaliação é “...realizada com a finalidade de aperfeiçoar

um programa, no curso da intervenção...” a avaliação envolve a participação dos gestores e

profissionais interessados na execução do programa, e neste caso, é denominada como

formativa (VIEIRA-DA-SILVA, 2014).

No processo de delimitação do foco da avaliação, um dos recursos metodológicos é a

escolha de uma abordagem (VIEIRA-DA-SILVA, 2014). Conhecido como modelo sistêmico,

Donabedian (1968) propôs a avaliação a partir da tríade estrutura, processo e resultados. Este

enfoque tem se apresentado muito útil na aquisição de dados sobre a presença ou ausência de

atributos que constituem ou definem a qualidade e tem sido bastante utilizado em todo o mundo

(DONABEDIAN, 1968).

De acordo com Donabedian (1968) a abordagem estrutural obtém informação indireta

sobre o processo, avaliando as estruturas que o sustentam. Ainda segundo o autor, a avaliação

das configurações e instrumentos disponíveis incluindo os aspectos físicos das instalações e

equipamentos, vai além de incluir as características da organização administrativa e as

qualificações dos profissionais de saúde. “Estrutura inclui as propriedades dos recursos

utilizados para prestar cuidados e a maneira pela qual eles são organizados” (DONABEDIAN,

1968).

Para Contandriopoulos et al (1997), a abordagem estrutural trata de saber em que

medida os recursos são empregados de modo adequado para atingir os resultados esperados.

Segundo Frias et al (2010), a estrutura corresponde às características relativamente estáveis de

seus provedores, aos instrumentos e recursos, bem como as condições físicas e organizacionais.

Segundo Donabedian (1968), o processo é a forma mais direta de avaliar a qualidade do

cuidado. Para Contandriopoulos et al (1997), o processo trata de “saber em que medida os

serviços são adequados para atingir os resultados esperados”. Complementam os últimos

autores que o processo se refere às atividades, bens e serviços que são prestados e como o são.

Por sua vez, Vuori (1991, apud Frias et al, 2010) fundamenta essa abordagem referindo que se

todos fazem aquilo que, à luz do conhecimento corrente, é considerado correto, é mais provável

que o resultado seja melhor do que se o processo correto não for seguido.

Frias et al (2010) menciona que o resultado observa os efeitos a partir dos objetivos

propostos pela intervenção. De acordo com Contandriopoulos et al (1997) a apreciação procura

entender se os resultados encontrados correspondem aos esperados, isto é, aos objetivos que a

intervenção se propôs a atingir.

34

De acordo com Donabedian (1968), os resultados são parte determinados pela qualidade

dos cuidados e parte por outros fatores, como idade, sexo, estado nutricional, gravidade da

doença, etc. Ainda segundo o autor, em todas as comparações, fatores como os mencionados

acima devem ser levados em conta para que se possa comparar grupos populacionais

específicos, utilizando-se medidas adequadas de resultado. “ A morte, por exemplo, é inevitável

em muitas situações e não pode ser usada como um indicador de falha...” (DONABEDIAN,

1968). Outra limitação, segundo o mesmo autor, é que a deficiência física e social pode levar

um longo tempo para aparecer e nem sempre podem ser usados para avaliar a qualidade.

De acordo com Aguilar e Ander-Egg (1994), o modelo proposto por Donabedian (1968),

baseado na análise de estrutura, processo e resultado, tem apresentado grande aceitabilidade,

apesar das críticas recebidas. De acordo com esses autores, a boa aceitação pode se dar por ser

compatível e apresentar bastante utilidade para os programas de saúde, uma vez que essa

abordagem contempla a lógica de funcionamento dos serviços de atendimento direto: recursos,

organização, atividades, serviços e efeitos (AGUILAR; ANDER-EGG, 1994). Entretanto, de

acordo com Viera-da-Silva (2014) é preciso levar em conta que a escolha da abordagem

depende do estágio de desenvolvimento do programa e pode requerer diversas outras definições

metodológicas.

O próprio Donabedian (1968) menciona a limitação da avaliação do processo de

cuidado. Segundo o autor, isto ocorre quando o objetivo não é o de determinar se um

procedimento tem sido utilizado, mas se o procedimento é eficaz. Para tanto, existem outras

formas de análise dos resultados da avaliação (DONABEDIAN, 1968).

Uma aplicação interessante dessa perspectiva, para tratar da avaliação de programas de

enfrentamento das DCNT, é a sugerida por W.K. Kellogg (2004), que organiza a abordagem da

avaliação em recursos, ações, produtos, resultados intermediários, resultado final e impacto.

Não há conflitos entre os dois modelos. W.K. Kellogg (2004) traz as definições desses

componentes explicitando que o trabalho planejado descreve os recursos que são necessários

para implementar o programa e o que se pretende fazer. No que se refere aos recursos temos os

humanos, financeiros, organizacionais que o programa tem disponível trabalhar, algumas vezes

sendo definido como entradas.

Já as atividades, segundo W.K. Kellogg (2004) são os processos, ferramentas, eventos,

tecnologias e ações que são parte intencional da execução do programa, sendo essas

intervenções usadas para provocar as mudanças e resultados pretendidos pelo programa. No

que se refere aos resultados pretendidos, W.K. Kellogg (2004) inclui todos os resultados

desejados do programa, ou seja, os produtos, resultados e impacto. Define que os produtos são

35

os diretos das atividades do programa e podem incluir tipos, níveis e metas de serviços a serem

entregues pelo mesmo. Os resultados são as mudanças específicas no comportamento dos

participantes do programa, conhecimentos, habilidades, status e nível de funcionamento. E o

impacto é a mudança intencional ou não fundamentais que ocorrem nas organizações,

comunidades ou sistemas, como resultado de atividades do programa no longo prazo (W.K.

KELLOGG, 2004).

Antes de se iniciar uma avaliação de um programa, é recomendável proceder a um

estudo exploratório, “...como parte da análise de situação prévia a realização da avaliação

propriamente dita” (VIEIRA-DA-SILVA, 2014). De acordo com a mesma autora, essa

estratégia é adotada frente a diversidade de posições ocupadas por profissionais em diversos

níveis envolvidos com a instituição, o que pode influir na forma de incorporação e

operacionalização dos objetivos do programa de saúde (VIEIRA-DA-SILVA, 2014).

Na perspectiva da avaliação entendida como ferramenta indispensável para a

mobilização interna e externa de um determinado programa e com vistas à institucionalização

da mesma, Mendes et al (2010) recomendam um tipo de estudo conhecido como avaliabilidade

ou pré-avaliação, para examinar em que medida um programa está em condições de se submeter

a uma avaliação (MENDES et al, 2010).

4.6. ESTUDO DE AVALIABILIDADE (EA)

O Estudo de Avaliabilidade (EA) é definido como o estudo do conjunto de

procedimentos presentes no planejamento de avaliações que as partes interessadas devem levar

em conta, a fim de maximizar a utilidade da avaliação (ROSSI et al, 1999; THURSTON;

RAMALIU, 2005). O EA permite uma descrição coerente de uma estratégia ou programa para

a avaliação que se seguirá, tornando-a mais consistente e com maior credibilidade. O EA de

uma estratégia vai determinar o quão avaliável essa é naquele momento, ajudando a determinar

os propósitos e o foco avaliativo, permitindo um entendimento aprofundado e apreciação prévia

acerca das possibilidades de avaliação. Os produtos desejados da EA são a descrição completa

da estratégia ou do programa, um plano de avaliação em comum acordo entre as partes

interessadas contendo as questões fundamentais a serem abordadas pela avaliação e o modelo

lógico da estratégica. (NATAL et al, 2010; THURSTON; RAMALIU, 2005;)

Existe pouca clareza quanto a metodologia empregada nos estudos de avaliabilidade.

O alcance do êxito esperado na realização de um bom estudo requer a preocupação com sua

estruturação (MENDES et al, 2010). De acordo com Thruston e Ramaliu (2005), os seguintes

passos podem ajudar na elaboração de um adequado estudo de avaliabilidade: i) descrição da

36

estratégia identificando as metas, os objetivos e as atividades que a constituem; ii) identificar e

rever os documentos disponíveis na estratégia; e iii) modelagem (modelo lógico da estratégia)

dos recursos disponíveis, programa de atividades pretendidas, impactos esperados e conexões

causais presumidas; iv) supervisão da estratégia, ou obtenção de um entendimento preliminar

de como opera; e v) identificação de usuários da avaliação e outros principais envolvidos. O

item final do estudo pode conter ainda recomendações dos autores sobre a estratégia e a

pertinência da realização de sua avaliação (MENDES et al, 2010; THURSTON; RAMALIU,

2005).

Para este estudo de avaliação, tomou-se como base que o Plano de enfrentamento das

DCNT (Planae-DF), seria a estratégia analisada, por meio do seu eixo de vigilância,

monitoramento e avaliação. Foi realizado um estudo de avaliabilidade, com os seguintes passos:

i) identificação e revisão dos documentos disponíveis do Planae-BR e do Planae-DF; ii)

monitoramento das metas do Planae-BR referente ao DF e descrição dos fatores de risco e

proteção do DF; iii) entrevista com informante-chave; iv) engajamento dos interessados na

avaliação; v) construção do modelo lógico (ML) e matriz de análise e julgamento (MAJ); vi)

reuniões de consenso; e vii) disseminação de resultados.

5. OBJETIVOS

5.1. OBJETIVO GERAL

Descrever fatores de risco e proteção e realizar estudo de avaliabilidade (EA) do eixo vigi-

lância, monitoramento e avaliação do Plano de enfrentamento das doenças crônicas não trans-

missíveis no Distrito Federal (Planae-DF), para o período de 2017 a 2022.

5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

5.2.1. Descrever os fatores de risco e proteção da população do DF, quanto à alimentação, ati-

vidade física, consumo de álcool e tabagismo; (Artigo 1)

5.2.2. Avaliar o alcance das metas do Planae-BR no DF, para o período de 2011 a 2015; (Ar-

tigo 2)

5.2.3. Elaborar e validar o modelo lógico e a matriz de análise e julgamento do eixo vigilân-

cia, monitoramento e avaliação do Planae-DF, para o período de 2017 a 2022; (Artigo 3)

6. METODOLOGIA

6.1. TIPO DE ESTUDO

37

Foram utilizadas as abordagens quantitativa e qualitativa. O EA, de abordagem

qualitativa, foi realizado com a participação dos gestores e profissionais de saúde da SES/DF

nas etapas do estudo, em seu aspecto formativo.

A abordagem quantitativa foi realizada por meio da análise da situação das DCNT,

com estimativas de prevalência de fatores de risco e de proteção, e o monitoramento das metas

de DCNT do Planae-BR no DF para o período de 2010 a 2015.

Maior detalhamento metodológico será apresentado nos resultados.

6.2. ETAPAS DO ESTUDO

6.2.1. Análise Documental

Para a análise documental, de forma a melhor compreender a teoria que embasa a

estratégia do enfrentamento das DCNT, foram realizadas consulta a documentos produzidos

pelos web sites institucionais da OMS, do Ministério da Saúde (MS), da SES/DF, do Diário

Oficial da União, e do Governo do DF. Foram selecionados os seguintes documentos: a) Plano

de Ação Global para Prevenção e Controle de DCNT 2013-2020 (WHO, 2013); b) Plano

Nacional de Enfrentamento das DCNT (2011 a 2022) – Planae-BR (BRASIL, 2011); c) Projeto

de Enfrentamento das DCNT do Distrito Federal (2012-2016) – Planae-DF (DISTRITO

FEDERAL, 2013); d) Plano Plurianual do Distrito Federal para o quadriênio 2016-2019

(DISTRITO FEDERAL, 2015); e) Relatório de Gestão – Período de Janeiro a Dezembro de

2015 (BRASIL, 2014); e f) Portaria nº 23, de 9 de agosto de 2012 (BRASIL, 2012).

Como não foram encontrados artigos sobre a situação de saúde do DF, e de forma a

fortalecer o monitoramento dos fatores de risco e de proteção associados as DCNT no DF, foram

elaborados dois artigos acerca da análise de situação de DCNT.

6.2.2. Análise de situação de saúde

6.2.2.1. Estilos de Vida da População do DF (Artigo 1)

O primeiro artigo descreveu os estilos de vida da população do DF quanto à alimentação,

atividade física, consumo de álcool e tabagismo, utilizando dados da Pesquisa Nacional de

Saúde (PNS), realizada em 2013, fornecendo informações essenciais para o planejamento, o

monitoramento e avaliação dos futuros programas de prevenção e redução de morbimortalidade

das DCNT (Artigo 1).

38

Foi realizado estudo descritivo com dados da PNS para o ano de 2013. A PNS é um

amplo inquérito domiciliar transversal, representativo de toda população adulta (≥18 anos de

idade) do Brasil, cujos dados incluem fatores de risco e proteção das DCNT (BRASIL, 2013b).

A PNS foi realizada em parceria do MS com o IBGE, e é parte integrante do Sistema Integrado

de Pesquisas Domiciliares (SIPD) do IBGE, que utiliza a amostra mestra desse sistema.

A PNS foi baseada em amostragem probabilística em três estágios. No primeiro está-

gio, houve estratificação das unidades primárias de amostragem (UPA), constituídas pelos se-

tores ou conjunto de setores censitários. Os domicílios formaram as unidades de segundo está-

gio, e os moradores com ≥18 anos de idade corresponderam às unidades de terceiro estágio. A

seleção da subamostra das UPA foi feita por amostragem aleatória simples.

A amostra para o Brasil foi planejada para 81.357 domicílios, considerando-se apenas

os domicílios ocupados. Foram realizadas entrevistas em 69.954 domicílios, nos quais foram

efetivamente entrevistados 60.202 adultos, resultando em uma proporção de não resposta de

8,1%. A amostra para o DF foi estimada em 2.129 domicílios e foram coletadas informações

em 1.899 deles, correspondente ao número de adultos entrevistados e uma taxa de não resposta

de 10,8%.

O presente estudo utilizou os dados provenientes das respostas às questões de estilo de

vida da PNS relacionadas aos fatores de risco e proteção das DCNT do DF, e as variáveis estu-

dadas foram: padrão de alimentação e de atividade física; consumo de tabaco e de bebidas al-

coólicas. Neste sentido, foram obtidos os seguintes indicadores:

a) Consumo Alimentar

- Frutas e hortaliças (proporção de pessoas com consumo recomendado de frutas e hortaliças,

ou seja, cinco ou mais porções ao dia, pelo menos uma vez por semana);

- Feijão regularmente (proporção de pessoas com consumo de feijão regularmente, o

equivalente a cinco ou mais dias por semana);

- Peixe (≥1 vez na semana) (proporção de pessoas com consumo de peixe pelo menos uma

vez por semana);

- Consumo elevado de sal (proporção de pessoas que consideram o seu consumo de sal alto

ou muito alto com a comida preparada na hora e com alimentos industrializados);

- Carne ou frango com excesso de gordura (proporção de pessoas com hábito de consumir

carne com excesso de gordura visível ou frango com pele, ao menos uma vez por semana);

- Leite com teor de gordura (proporção de pessoas que consome leite integral pelo menos uma

vez por semana);

- Refrigerante açucarado (proporção de pessoas que consomem refrigerantes ou sucos

39

artificiais açucarados em cinco ou mais dias por semana);

- Alimentos doces (proporção de pessoas com consumo regular de alimentos doces (consumo

de bolos, tortas, chocolates, balas, biscoitos ou bolachas doces em cinco ou mais dias na

semana); e

- Substituição refeição (proporção de pessoas que substituem pelo menos uma das refeições

por sanduiches, salgados ou pizzas em cinco ou mais dias por semana).

b) Uso do álcool

- Consumo abusivo de bebidas (proporção de pessoas que consomem álcool de forma abusiva,

o equivalente a cinco ou mais doses para homens e quatro ou mais doses para mulheres, em

uma única ocasião, nos últimos 30 dias);

c) Atividade física (AF)

- AF no lazer (≥ 150 minutos semanais) (proporção de pessoas que praticam o nível

recomendado de atividade física no lazer, ou seja, 150 minutos ou mais em atividades físicas

leves/moderadas ou 75 minutos ou mais em atividades físicas vigorosas por semana; e

- Inatividade física (proporção de pessoas que não praticam atividade física ou praticam

atividade física por menos do que 150 minutos por semana considerando os três domínios:

lazer, trabalho e deslocamento para o trabalho ou atividades habituais); e

d) Tabagismo

- Fumante (proporção de pessoas fumantes atuais de tabaco ou de produtos do tabaco, tais como

charuto, cigarrilha, cachimbo, cigarros de cravo (ou de Bali) e narguilé (ou cachimbo d´água);

- Ex-fumante (proporção de pessoas ex-fumantes de tabaco ou de produtos do tabaco).

Para o cálculo das proporções, foi utilizado como denominador o total de adultos entre-

vistados (≥18 anos de idade).

As estimativas das prevalências foram apresentadas em proporções (%), com seus res-

pectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), considerando os pesos amostrais. As preva-

lências para fatores de risco e de proteção foram estimadas segundo sexo (masculino e femi-

nino), faixa etária (18 a 24, 25 a 39, 40 a 59 e 60 e mais), nível de escolaridade (sem instrução

e fundamental incompleto, fundamental completo e médio incompleto, médio completo e su-

perior incompleto, superior completo), e raça/cor (branca, preta e parda). A PNS disponibilizou

os dados das pessoas de cor ou raça amarela e indígena, no total de raça/cor branca.

6.2.2.2. Monitoramento das metas do Planae-BR aplicado à população do DF (Artigo 2)

O segundo artigo foi sobre o monitoramento de metas do Planae-BR, no DF. Foi utilizada

linha de base de 2010, no período de 2011-2015, e os indicadores monitorados foram do SIM

40

e do Vigitel. A análise conteve informações em relação as metas do Planae-BR. Foi realizado

estudo descritivo que quantificou o alcance das metas do Planae-BR (2011-2022), referentes

aos dados disponíveis no DF para o quinquênio 2011-2015, referentes às nove metas

estabelecidas pelo Planae-BR, a serem atingidas até 2022, tendo como linha de base o ano de

2010. Metas analisadas: 1) reduzir a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT

em 2% ao ano no período; 2) reduzir a prevalência de tabagismo em adultos em 30% no período;

3) deter o crescimento do excesso de peso em adultos no período; 4) deter o crescimento do

obesidade em adultos no período; 5) aumentar o consumo recomendado (cinco porções diárias)

de frutas e hortaliças em 10% no período; 6) aumentar a prevalência de atividade física no lazer

em 10% no período; 7) reduzir as prevalências de consumo abusivo de álcool em adultos (quatro

doses ou mais em mulheres e cinco doses ou mais em homens) nos últimos 30 dias em 10% no

período; 8) aumentar a cobertura de mamografia em mulheres entre 50 e 69 anos para 70% no

período; 9) ampliar a cobertura de exame preventivo de câncer de colo uterino em mulheres de

25 a 64 anos para 85% no período.

Para reduzir a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT em 2% ao ano

no período, foram considerados o conjunto de causas definido pela Organização Mundial de

Saúde e pelo Planae-BR, ou seja, doenças cardiovasculares (I00 – I99), doenças respiratórias

(J30 – J98), neoplasias (C00 – C97) e diabetes mellitus (E10 – E14). Os dados populacionais

tiveram como fonte as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

disponibilizadas no site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram

estimadas taxas padronizadas pelo método direto tendo como população padrão a população

mundial.

As redistribuições dos óbitos por causas mal definidas foram realizadas proporcional-

mente, entre todas as causas definidas de óbitos, exceto para as causas do capítulo XX (causas

externas). Foram feitas por estratos de ano/período, sexo (masculino ou feminino), faixa etária

(0-4; 5-9; 10-14; 15-19; 20-29; 30-39; 40-49; 50-59; 60-69; 70-79; e ≥80 anos de idade), se-

gundo as referências de Duncan et al. A correção do número de óbitos informados foi estimada

pela cobertura do SIM, utilizando-se dados do estudo ‘Busca ativa de óbitos e nascimentos no

Nordeste e na Amazônia Legal: estimação das coberturas do SIM e do Sinasc nos municípios

brasileiros’, desenvolvido por Szwarcwald et al. Segundo a metodologia, para caracterizar a

adequação das informações sobre óbitos, foi utilizado o coeficiente geral de mortalidade padro-

nizado por idade (CGMP) para 2008, considerando-se como padrão a população do Brasil nesse

mesmo ano.

41

Para as metas de 2 a 9, os indicadores de linha de base e o alcance das metas foram

analisados para o DF considerando os dados do inquérito por telefone Vigitel. Este inquérito é

realizado anualmente com a população adulta, com 18 ou mais anos de idade, que possui

telefone fixo no domicílio, com amostra de cerca de 2000 entrevistas anuais para o DF. Os

dados do Vigitel do ano de 2010 permitiram a estimativa dos indicadores de linha de base e

foram comparados com os indicadores do ano de 2015, à fim de aferir o alcance das metas.

A significância estatística da tendência do indicador foi avaliado por meio de modelo de

regressão linear, e incluiu um período maior de análise (2006 a 2015), tendo como desfecho

(variável dependente) o valor do indicador, e como variável explanatória o ano do

levantamento, expresso como variável contínua. O coeficiente de regressão do modelo indica a

taxa média anual, expressa em pontos percentuais de aumento ou diminuição do indicador no

período. Considerou-se significativa a variação temporal correspondente a um coeficiente de

regressão estatisticamente diferente de zero (p valor ≤0,05).

6.2.3. Entrevista com informante-chave

De forma a descrever o Planae-DF para elaboração da 1ª. versão do Modelo Lógico

(ML), foi realizada entrevista com a gerente de doenças e agravos não transmissíveis da

SES/DF, da NVEDNT/DIVEP/SVS. Não foi possível fazer entrevistas com demais

coordenadores da área de vigilância de DCNT do DF, tendo em vista as mudanças recentes de

toda a estrutura do GDF. As superintendências do DF estavam em fase de definição de

responsabilidade da vigilância de DCNT. Foi utilizado um questionário semi-estruturado com

a informante-chave da NVEDNT/DIVEP/SVS, no intuito de entender como cada componente

do plano de enfrentamento de DCNT contribuiria para o resultado final de melhorar o quadro

de prevalências de fatores de risco e morbimortalidade das doenças crônicas no DF, e

consequente redução da mortalidade prematura. O questionário para a informante-chave consta

do Apêndice IV. Após o questionário e a análise documental, foi elaborada a 1ª. versão do ML.

Em seguida foi realizado um segundo encontro com os gestores da NVEDNT, onde foram

acertados ajustes no ML que foi apresentado na oficina de consenso.

6.2.4. Engajamento dos interessados na avaliação

Partes interessadas na avaliação são as pessoas que se importam como conhecimento

que será adquirido com a avaliação e o que será feito desse conhecimento. Podem ser pessoas

da comunidade, pessoas dos órgãos de saúde e representantes de organizações comunitárias.

42

Outra forma de descrever as partes interessadas se relaciona com suas funções no processo de

planejamento da avaliação. Podem ser aqueles envolvidos na implementação do programa, os

usuários da avaliação, e aqueles que irão se beneficiar do programa. É importante manter inte-

ração frequente com os usuários para garantir que a avaliação aborde especificamente seus va-

lores e necessidades (CDC, 2000).

Quase todo o trabalho realizado no campo de desenvolvimento de saúde envolve parce-

rias, ou seja, alianças entre diferentes organizações, considerando seus diferentes valores e pers-

pectivas exclusivas. A inclusão das partes interessadas no planejamento e implementação da

avaliação é uma forma de garantir que a avaliação de qualidade cumpra com os padrões de

avaliação. Dois são os critérios utilizados para analisar o engajamento dos interessados: (i) uti-

lidade; e (ii) propriedade. Entende-se por utilidade, a garantia de que a avaliação seja útil e

responda à questões diretamente relevantes para os usuários. Já o padrão de propriedade é com-

preendido como uma avaliação ética, conduzida pelo respeito aos direitos e interesses dos en-

volvidos (CDC, 2000).

Durante as reuniões de planejamento com os gestores da NVEDNT/DIVEP/SVS, foram

identificados quem seriam as pessoas interessadas nas categorias de partes interessadas, ou seja,

aquelas envolvidas na implementação do Planae-DF, os beneficiários e os principais usuários

da avaliação. Foram convidadas a participar da oficina de consenso pessoas da SES/DF envol-

vidos na implementação do programa, os usuários da avaliação, e aqueles que podem se bene-

ficiar do programa. Participaram do estudo os técnicos e gestores da

NVEDNT/DIVEP/SES/DF, da Vigilância Sanitária, ambos pertencentes à Subsecretaria de Vi-

gilância em Saúde, técnicos e gestores da Subsecretaria de Planejamento em Saúde

(SUPLANS), técnicos da Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde (SAIS), técnicos das regi-

onais de vigilância epidemiológica do DF, estagiários de nutrição, Conselho de Saúde do DF,

Universidade de Brasília e a pesquisadora do Ministério da Saúde.

6.2.5. Modelo Lógico e Matriz de Análise e Julgamento

No processo de descrição do programa, uma etapa essencial é realizar a descrição do

modelo lógico (ML). Trata-se de ferramenta utilizada para visualizar a racionalidade que une

as ações de controle ao problema, além de permitir caracterizar as atividades relevantes do

programa (trabalho previsto) e suas relações de dependência com os insumos (recursos), bem

como consequência dos efeitos esperados de curto, médio e longo prazos (CDC, 1999). O ML

43

representa visualmente a realidade, ajudando a identificar possíveis influencias do contexto

sobre os diferentes componentes e momentos da intervenção (SANTOS; CRUZ, 2014). De

acordo com W.K. KELLOGG (2004) “O modelo lógico é uma ferramenta de avaliação benéfica

que facilita o planejamento eficaz, implementação e avaliação”.

Para a construção do ML foram utilizadas três referências em modelagem de programa:

Ferreira, Cassiolato; Gonzáles (2009); Bezerra; Cazarin; Alves (2010); e Centers for Disease

Control and Prevention (CDC, 1999). Foi elaborado roteiro para orientar a construção de ML

e subsidiar o processo de elaboração de programas governamentais, levando em conta a

prioridade atribuída à avaliação como instrumento essencial para melhoria da gestão, conforme

consta no Apêndice VI (BEZERRA; CAZARIN; ALVES, 2010).

A construção do ML permitiu apresentar de forma explícita e detalhada o funcionamento

da estratégia do Planae-DF. Segundo Medina et al (2004), construir o desenho lógico de um

programa significa esquadrinhá-lo em termos da constituição de seus componentes e da sua

forma de operacionalização, discriminando todas as etapas necessárias à transformação de seus

objetivos em metas.

Ferreira, Cassiolato e Gonzáles (2009) descrevem que, para validar o ML, é importante

checar os componentes do programa, com o teste de consistência e a análise de vulnerabilidade.

Na checagem dos componentes, os atores envolvidos analisaram e sugeriram alterações nas

informações, contidas em cada elemento do modelo, no sentido de torná-lo o mais completo

possível. O teste de consistência sugeriu construir hipóteses, descrevendo uma série de

assertivas “se-então”, considerando os elementos do modelo. A análise de vulnerabilidade

partiu da assertiva “se-então” verificadas no teste de consistência para identificar os elementos

de invalidação das apostas contidas na estruturação do ML, considerando os fatores contextuais.

De acordo com Bezerra et al (2010), é importante que eventuais fragilidades das ações

para o alcance dos resultados pretendidos sejam identificadas neste processo. De forma a

verificar se o esquema desenhado representava a lógica do programa ainda foram realizadas

algumas perguntas constantes do Apêndice V (Bezerra et al, 2010).

Os elementos constituintes do modelo lógico foram preenchidos a partir das orientações

sistematizadas no Tabela 4.

Tabela 4. Elementos constituintes do Modelo Lógico do Planae-DF.

Elementos do

modelo lógico

Definição

44

Componente Palavra chave que agrega um conjunto de atividades do modelo

lógico. No caso, o Planae-DCNT traz com clareza os 3 Eixos de

ação previstos no Plano Nacional de enfrentamento das DCNT.

Subcomponente Quando o componente reúne muitas atividades, o subcomponente

deve agregar as atividades fins, no sentido de compreender melhor

as relações do modelo lógico

Recursos É composta da mobilização de recursos financeiros, humanos,

imobiliários, técnicos e informacionais, de regulamentos e de

regras que definem como os recursos são repartidos e trocados e

de valores que permitem aos diferentes atores envolvidos na

intervenção comunicar-se entre eles e dar sentido as ações.

Ações São os meios utilizados para atingir os resultados esperados. São

todas as ações realizadas no programa.

Produtos ou

Resultados

Intermediários

São as mudanças que o programa pretende propiciar, os resultados

diretos do programa, ou resultados de curto e médio prazos,

podendo retratar o resultado do conjunto de atividades de um

componente.

Resultado Final São, em sua maioria, de longo prazo, muitas vezes influenciados

por fatores externos ao programa.

Fonte: Adaptado de Bezerra et al, 2012.

As matrizes na avaliação são utilizadas como forma de expressar a lógica de uma

intervenção em sua parte, ou todo, traduzindo como os seus componentes contribuem na

produção dos efeitos, favorecendo a síntese em forma de juízo de valor (ALVES et al., 2010).

A partir do ML do Planae-DF foi arquitetada uma Matriz de Análise e Julgamento

(MAJ), contendo para cada componente pré-estabelecido: (i) dimensões (recursos e produtos);

(ii) critérios (atributos utilizados para mensurar o programa ou algum de seus componentes);

(iii) indicadores (medida ou fator empiricamente conectado ao critério, que estabelece o meio

simples e confiável de medir a ocorrência de um fenômeno); (iv) parâmetro/padrão (valor de

referência para a mensuração de um fenômeno ou objeto, considerado como ideal); (v) fontes

de verificação; e (vi) pontos de corte para o julgamento (estratificação dos parâmetros/padrão)

(ALVES et al, 2010; FERREIRA; CASSIOLATO; GONZÁLES, 2009). Foram utilizados os

elementos descritos na Tabela 5.

45

Tabela 5 – Elementos constituintes da Matriz de Analise e Julgamento do Planae-DF.

Elementos da

Matriz

Definição

Componente Palavras-chave que agregam um conjunto de atividades do modelo

lógico.

Critério Atributo dos recursos, atividades, produtos, resultados e impactos

utilizado para mensurar os componentes.

Indicador Medida ou fator quantitativo ou qualitativo, que representa o

critério a ele conectado. Um critério pode ser medido por mais de

um indicador

Meta Um valor de referência para mensuração de cada indicador. É a

meta que se pretende alcançar, considerada como ideal.

Fonte de

verificação

Lugar onde os dados serão coletados (sistema de informação,

relatórios, etc.)

Situação

atual/data

Situação mensurada do indicador, na data do monitoramento.

Fonte: Adaptado de Bezerra et al, 2012.

Para analisar as dificuldades e facilidades encontradas na elaboração dos referidos

documentos, de forma a identificar em que medida os objetivos são mensuráveis e se os mesmos

são partilhados pelos principais interessados, se a estrutura e recursos são suficientes para

atingir os objetivos, e se os gestores do programa iriam utilizar os resultados das avaliações do

Planae-DF, foi aplicado um questionário com os participantes das reuniões de consenso,

conforme consta do Apêndice V. Foi elaborado manual do participante, para oficina realizada

com os interessados pela avaliação, conforme consta do Apêndice VI.

6.3. USUÁRIOS POTENCIAIS DA AVALIAÇÃO

Antes de se implementar a avaliação, é necessário que seja considerado o compromisso

entre o avaliador e os interessados na avaliação (steakholders). A proposta deste estudo foi que

os interessados na avaliação tivessem ação participativa, desde o período de concepção da

pesquisa até a sua realização, propiciando uma construção coletiva e consensuada. De acordo

com Santos e Natal (2006), este envolvimento propicia uma cultura de aprendizado e de

desenvolvimento institucional (SANTOS; NATAL, 2006).

Conforme apresentado anteriormente, os interessados envolvidos nesse estudo foram:

46

os responsáveis pela gestão estadual de DCNT da SES/DF, NVEDNT/DIVEP/SVS,

coordenadores das regiões administrativas da SES/DF, técnicos e gestores da Vigilância

Sanitária, ambos pertencentes à Subsecretaria de Vigilância em Saúde, técnicos e gestores da

Subsecretaria de Planejamento em Saúde (SUPLANS), técnicos da Subsecretaria de Atenção

Integral à Saúde (SAIS), técnicos das regionais de vigilância epidemiológica do DF, estagiários

de nutrição, Conselho de Saúde do DF, Universidade de Brasília e a pesquisadora do Ministério

da Saúde.

O Artigo 3 traz o resultado do estudo de avaliabilidade do Planae-DF, o consenso do ML

e da MAJ, referentes ao eixo de vigilância, avaliação e monitoramento.

Na Tabela 6 são descritas as estratégias do estudo, instrumentos e usuários do processo

avaliativo.

Tabela 6 – Estratégias do Estudo, instrumentos e usuários potenciais da avaliação e participação do processo

avaliativo.

Estratégia Instrumentos Objetivo Fontes

Análise Documental Documentos de

gestão,

monitoramento

5.1 e 5.2 - Plano de ação global para prevenção e

controle de DCNT (2013-2020) (WHO,

2013)

- Planae-BR e Planae-DF (BRASIL,

2011; DISTRITO FEDERAL, 2013)

- Plano plurianual do Distrito Federal

para o quadriênio 2016-

2019(DISTRITO FEDERAL, 2015)

- Relatório de Gestão – Período de

Janeiro a Dezembro de 2015 (BRASIL,

2014);

- Portaria no. 23, de 9 de agosto de 2012

(BRASIL, 2012)

Análise da Situação de Saúde Análise de

situação das

DCNT no DF

5.2.1 e 5.2.2 - Pesquisa Nacional de Saúde (BRASIL,

2013)

- Sistema de Informação de Mortalidade

(BRASIL, 2016a)

- Inquérito de fatores de risco e proteção

de DCNT – Vigitel (BRASIL, 2016b)

Entrevista com Coordenação

SES-DF

Questionário

semi-estruturado

5.1 e 5.2 - Coordenador de DCNT da SES-DF e

informantes chaves identificados pelo

47

Coordenador de DCNT.

Reunião de consenso e

validação do Modelo Lógico

do Distrito Federal

Modelo Lógico 5.2.3 - Coordenadores de DCNT da SES-DF,

das áreas envolvidas com a elaboração

do Plano (planejamento, vigilância em

saúde, atenção básica e média e alta

complexidade), Coordenadores das

Superintendências de Saúde do DF e

Conselho Estadual de Saúde

Construção da Matriz e

instrumento de avaliação

Matriz e

instrumento de

avaliação, análise

e julgamento

5.2.3 - Reunião de consenso do DF

- Coordenadores de DCNT da SES-DF,

das áreas envolvidas com a elaboração

do Plano (planejamento, vigilância em

saúde, atenção básica e média e alta

complexidade) e Conselho Estadual de

Saúde.

7. ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa obteve a anuência do Gestor Estadual de Saúde do DF,

Subsecretário de Vigilância à Saúde, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola

Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/FIOCRUZ), parecer nº 1.640.236, com

coparticipação do Instituto de e coparticipação da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências

da Saúde (FEPECS/SES/DF), parecer nº 1.851.221.

Foram atendidos todos os preceitos éticos constantes na Resolução 466/12 das Diretrizes

e Normas Reguladoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Foi empregado Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE, Apêndice II) aos sujeitos do estudo com base nos

princípios da Beneficência, Não-Maleficência, Autonomia e Justiça, que se constituem a base

da bioética e a Carta ao gestor estadual solicitando a concordância do estudo (Apêndice IV).

Como consta do TCLE, a participação na pesquisa foi voluntária, sendo inclusos somente os

indivíduos que concordaram e assinarem o TCLE, assegurando-lhes ainda a inteira liberdade

de saírem da pesquisa a qualquer momento, sem quaisquer represálias. Foram realizadas

oficinas no próprio serviço, onde os sujeitos puderam expressar suas opiniões com maior

segurança, sendo garantido que os relatos seriam analisados e apresentados de forma agregada

sem identificação nominal dos participantes. Considerando que alguns entrevistados são

detentores de cargos específicos, estes foram informados, no TCLE, dos riscos de identificação,

48

uma vez que a amostra foi pequena. Assim, foi solicitada autorização do participante, para

identificação de seu cargo, para análise da pesquisa quando da necessária transcrição do trecho

de sua fala. O gestor foi informado que o DF não sofreria nenhum tipo de constrangimento,

sanções ou punição por participar (ou não) do processo. O material coletado será acondicionado

em caixas lacradas e serão armazenados pela pesquisadora por um período de 5 anos.

49

8. RESULTADOS

8.1. ARTIGO 1

Artigo original a ser submetido à Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde

Prevalência de fatores de risco e de proteção para doenças crônicas não transmissíveis

do Distrito Federal: estimativas baseadas na Pesquisa Nacional de Saúde, 2013

Prevalence of risk and protection factors for chronic non-communicable diseases in the

Federal District (Brazil): estimates based on the National Health Survey, 2013

Taís Porto Oliveira 1

Kátia Crestine Poças 2

Deborah Carvalho Malta 3

Elisabeth Carmen Duarte 2

1. Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS, Ministério da Saúde, Distrito

Federal (DF), Brasil.

2. Universidade de Brasília, DF, Brasil.

3. Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Hori-

zonte, Brasil.

Endereço para correspondência:

Taís Porto Oliveira – Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Departamento de

Monitoramento e Avaliação do SUS. Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 3º

andar, sala 356, Brasília-DF, Brasil. CEP: 70058-900. E-mail: [email protected]

Artigo baseado na dissertação de mestrado de Oliveira TP, intitulada “Plano de enfrentamento

das doenças crônicas não transmissíveis no Distrito Federal (Planae-DF): análise de situação e

estudo de avaliabilidade”, apresentada ao programa de mestrado profissional de avaliação em

saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, FIOCRUZ, 2017

Resumo

Objetivo: estimar prevalências de fatores de risco e proteção relacionados às doenças

crônicas não transmissíveis (DCNT) do Distrito Federal (DF) quanto à alimentação, atividade

física, consumo de álcool e tabagismo. Métodos: estudo descritivo com dados da Pesquisa

Nacional de Saúde, 2013. Foram calculados prevalências e intervalos de confiança de 95%

(IC95%) na população ≥18 anos de idade. Resultados: a prevalência estimada para a população

50

do DF do consumo de frutas e hortaliças foi 52,5% (IC95% 49,2% a 55,8%), feijão, 76,2%

(IC95% 74,0% a 78,4%), peixe, 52,6% (IC95% 49,3% a 55,9%), consumo elevado de sal, 14,7%

(IC95% 12,7% a 16,7%), carne com excesso de gordura, 30,1% (IC95% 26,8% a 33,4%), leite

integral, 57,8% (IC95% 54,6% a61,0%), refrigerante/suco artificial, 22,1% (IC95%20,0% a

24,3%), doces, 23,0% (IC95% 20,6% a 25,4%), consumo abusivo do álcool, 15,5% (IC95% 13,6%

a 17,4%), atividade física, 35,1% (IC95% 31,9% a 38,2%), tabagismo, 10,8% (IC95% 9,0% a

12,5%), e ex-fumantes, 10,8% (IC95% 9,0% a 12,5%). Conclusão: A descrição das prevalências

dos fatores de risco para DCNT no DF é etapa essencial no planejamento, monitoramento e

avaliação dos programas de prevenção e redução de morbimortalidade prematura.

Palavras-chave: Fatores de Risco; Doença Crônica; Inquéritos Epidemiológicos;

Epidemiologia Descritiva

Resumen

Objetivo: Estimar la prevalencia de factores de riesgo y protección relacionados con las

enfermedades crónicas no transmisibles (ENT) en el Distrito Federal (DF)/Brasil, con respecto

a la alimentación, la actividad física, el consumo de alcohol y el tabaco. Métodos: Se realizó

un estudio descriptivo con los datos de la Encuesta Nacional de Salud de 2013, donde se

calcularon los intervalos de prevalencia y de confianza del 95% (95%) en la población ≥ 18

años de edad. Resultados: La prevalencia de consumo de frutas y verduras fue del 52,5% (IC

del 95%: 49,2% -55,8%), frijol, el 76,2% (IC del 95%: 74,0% -78,4%) pescado, 52,6% (IC del

95%: 49,3% -55,9%), consumo elevado de sal, el 14,7% (IC del 95%: 12,7% -16,7%), carne

con exceso de grasa , el 30,1% (95% -33.4% 26.8%), leche entera, el 57,8% (95% -61,0%

54,6%), soda / jugo artificial, el 22,1% ( IC del 95%: 20,0% -24,3%), los dulces, el 23,0% (IC

del 95%: 20,6% -25,4%), abuso de alcohol, el 15,5% (IC del 95%: 13,6% - 17,4%), la actividad

física, el 35,1% (IC del 95%: 31,9% -38,2%), el tabaquismo, el 10,8% (IC del 95%: 9,0% -

12,5%) y ex los fumadores, el 10,8% - IC del 95%: 9,0% -12,5%). Conclusión: La descripción

de la prevalencia de factores de riesgo de enfermedades no transmisibles en DF/Brasil es paso

esencial en la planificación, supervisión y evaluación de programas de prevención y reducción

de la mortalidad temprana.

Palabras-claves: Factores de Riesgo, Enfermedad Crónica, Encuestas Epidemiológicas,

Epidemiología Descriptiva

51

Abstract

Objective: To estimate the prevalence of risk and protection factors related to

noncommunicable chronic diseases (NCD) in the Federal District (FD)/Brasil regarding diet,

physical activity, alcohol consumption and smoking. Methods: a descriptive study with data

from the National Health Survey, 2013. Prevalence and 95% confidence intervals (95% CI)

were calculated for the population ≥18 years of age. Results: the prevalence of fruit and

vegetable consumption was 52.5% (95% CI: 49.2% -55.8%), beans, 76.2% (95% CI: 74.0% -

78.4%), fish, 52.6% (95% CI: 49.3% -55.9%), high salt intake, 14.7% (95% CI 12.7% -16.7%),

meat with excess fat (30.1% (IC95% 26.8% -33.4%), whole milk, 57.8% (IC95% 54.6% -

61.0%), artificial refrigerant / juice, 22.1% ( (IC95% 20.6% -25.4%), alcohol consumption,

15.5% (IC95% 13.6% - IC95% 20.0% -24.3%), 17.4%), physical activity, 35.1% (95% CI

31.9% -38.2%), smoking, 10.8% (95% CI 9.0% -12.5%), and ex-smokers, 10.8% - 95% CI:

9.0% -12.5%). Conclusion: The description of the prevalence of risk factors for NCD in the

FD is an essential step in the planning, monitoring and evaluation of programs for the

prevention and reduction of early morbidity and mortality.

Key words: Risk Factors; Chronic Disease, Health Surveys, Epidemiology Descriptive

52

Introdução

Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que ao longo de 2012

ocorreram 56 milhões de mortes em todo o mundo, das quais 38 milhões de óbitos foram devido

às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) 1. As doenças cardiovasculares são responsá-

veis pela maioria dessas mortes por DCNT (17,5 milhões de pessoas por ano), seguidas do

câncer (8,2 milhões), das doenças respiratórias (4 milhões) e do diabetes (1, 5 milhões) 2.

O número de mortes por DCNT tem aumentado mundialmente desde 2000, quando

haviam 31 milhões mortes relacionadas a essas doenças. Existem projeções de que o número

anual de óbitos por doenças infecciosas diminua nos próximos anos, entretanto, o número total

de mortes por DCNT deverá aumentar para 52 milhões em 2030 1.

Situação semelhante é encontrada no Brasil. As doenças infecciosas e as DCNT

respondiam em 1930 por cerca de 46% e 12% das mortes em capitais brasileiras,

respectivamente 3. Em 2011 as doenças infecciosas foram responsáveis por 4,2% das mortes 3

e as DCNT por 72,7 % dos óbitos, destacando-se aqueles provocados por doenças

cardiovasculares (30,4%), neoplasias (16,4%), doenças respiratórias (6%) e diabetes (5,3%) 4.

Quando analisados os dados de mortalidade para o Distrito Federal (DF), segundo o

Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) de 2014, estima-se que as principais causas de

óbito registradas por DCNT corresponderam a 71,24% do total de óbitos (n=12.018). Em

primeiro lugar aparecem as doenças relacionadas ao aparelho circulatório (27,3%), seguidas

pelas neoplasias (19,15%), doenças respiratórias (5,14%), e diabetes (3,78%) 5.

As DCNT sao resultado de desigualdades sociais, afetando mais populações de baixa

renda, por estarem mais vulneráveis, mais expostas aos riscos e terem menor acesso aos serviços

de saúde e às práticas de promoção à saúde e prevenção das doenças 6-8. Estudos apontam que

fatores de risco evitáveis estão comumente relacionados às DCNT, como o uso do tabaco,

inatividade física, dieta inadequada e uso abusivo do álcool e fatores de risco intermediários

como hipertensão, sobrepeso, obesidade, e intolerância à glicose e colesterol elevado 9-12.

Conhecer a distribuição dos fatores de risco e de proteção relacionados às DCNT, além

de suas magnitudes e prevalências em uma determinada população, é etapa fundamental para a

formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas de saúde. Recente inquérito po-

pulacional realizado pelo Ministério da Saúde (MS), a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 11,

em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou informa-

ções sobre o perfil de saúde e distribuição de exposições e condições de risco, reunindo um

53

conjunto de informações de abrangência nacional, regional e de Unidades da Federação, inclu-

indo o DF 13.

Neste sentido, este artigo tem o objetivo de estimar as prevalências de fatores de risco e

de proteção relacionados ao estilo de vida da população do DF quanto à alimentação, atividade

física, consumo de álcool e tabagismo, a partir dos dados da PNS, realizada em 2013, como

etapa essencial no estabelecimento de prioridades nas políticas de saúde.

Métodos

Trata-se de estudo descritivo com dados da PNS para o ano de 2013. A PNS é um amplo

inquérito domiciliar transversal, representativo de toda população adulta (≥18 anos de idade)

do Brasil, cujos dados incluem fatores de risco e proteção das DCNT 11. A PNS é realizada em

parceria do MS com o IBGE, e é parte integrante do Sistema Integrado de Pesquisas Domicili-

ares (SIPD) do IBGE, que utiliza a amostra mestra desse sistema 13.

A PNS é baseada em amostragem probabilística em três estágios. No primeiro estágio,

houve estratificação das unidades primárias de amostragem (UPA), constituídas pelos setores

ou conjunto de setores censitários. Os domicílios formaram as unidades de segundo estágio, e

os moradores com ≥18 anos de idade corresponderam às unidades de terceiro estágio. A seleção

da subamostra das UPA foi feita por amostragem aleatória simples 11.

A amostra para o Brasil foi planejada para 81.357 domicílios, considerando-se apenas

os domicílios ocupados. Foram realizadas entrevistas em 69.954 domicílios, nos quais foram

efetivamente entrevistados 60.202 adultos, resultando em uma proporção de não resposta de

8,1%. A amostra para o DF foi estimada em 2.129 domicílios e foram coletadas informações

em 1.899 deles, correspondente ao número de adultos entrevistados e uma taxa de não resposta

de 10,8% 14.

Outros detalhes sobre o processo de amostragem e ponderação da PNS estão disponíveis

na publicação de 13. O questionário da Pesquisa Nacional de Saúde pode ser acessado online,

no endereço:

http://www.pns.icict.fiocruz.br/arquivos/Novos/Questionario%20PNS.pdf.

O presente estudo utilizou os dados provenientes das respostas às questões de estilo de

vida da PNS relacionadas aos fatores de risco e proteção das DCNT do DF 11, e as variáveis

estudadas foram: padrão de alimentação e de atividade física; consumo de tabaco e de bebidas

alcoólicas. Neste sentido, foram obtidos os seguintes indicadores:

a) Consumo Alimentar

- Frutas e hortaliças (proporção de pessoas com consumo recomendado de frutas e hortaliças,

ou seja, cinco ou mais porções ao dia, pelo menos uma vez por semana);

54

- Feijão regularmente (proporção de pessoas com consumo de feijão regularmente, o

equivalente a cinco ou mais dias por semana);

- Peixe (≥1 vez na semana) (proporção de pessoas com consumo de peixe pelo menos uma

vez por semana);

- Consumo elevado de sal (proporção de pessoas que consideram o seu consumo de sal alto

ou muito alto com a comida preparada na hora e com alimentos industrializados);

- Carne ou frango com excesso de gordura (proporção de pessoas com hábito de consumir

carne com excesso de gordura visível ou frango com pele, ao menos uma vez por semana);

- Leite com teor de gordura (proporção de pessoas que consome leite integral pelo menos uma

vez por semana);

- Refrigerante açucarado (proporção de pessoas que consomem refrigerantes ou sucos

artificiais açucarados em cinco ou mais dias por semana);

- Alimentos doces (proporção de pessoas com consumo regular de alimentos doces (consumo

de bolos, tortas, chocolates, balas, biscoitos ou bolachas doces em cinco ou mais dias na

semana); e

- Substituição refeição (proporção de pessoas que substituem pelo menos uma das refeições

por sanduiches, salgados ou pizzas em cinco ou mais dias por semana).

b) Uso do álcool

- Consumo abusivo de bebidas (proporção de pessoas que consomem álcool de forma abusiva,

o equivalente a cinco ou mais doses para homens e quatro ou mais doses para mulheres, em

uma única ocasião, nos últimos 30 dias);

c) Atividade física (AF)

- AF no lazer (≥ 150 minutos semanais) (proporção de pessoas que praticam o nível

recomendado de atividade física no lazer, ou seja, 150 minutos ou mais em atividades físicas

leves/moderadas ou 75 minutos ou mais em atividades físicas vigorosas por semana; e

- Inatividade física (proporção de pessoas que não praticam atividade física ou praticam

atividade física por menos do que 150 minutos por semana considerando os três domínios:

lazer, trabalho e deslocamento para o trabalho ou atividades habituais); e

d) Tabagismo

- Fumante (proporção de pessoas fumantes atuais de tabaco ou de produtos do tabaco, tais como

charuto, cigarrilha, cachimbo, cigarros de cravo (ou de Bali) e narguilé (ou cachimbo d´água);

- Ex-fumante (proporção de pessoas ex-fumantes de tabaco ou de produtos do tabaco).

55

Para o cálculo das proporções, foi utilizado como denominador o total de adultos entre-

vistados (≥18 anos de idade). Detalhes metodológicos podem ser encontrados em outra publi-

cação 13.

As estimativas das prevalências foram apresentadas em proporções (%), com seus res-

pectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), considerando os pesos amostrais. As preva-

lências para fatores de risco e de proteção foram estimadas segundo sexo (masculino e femi-

nino), faixa etária (18 a 24, 25 a 39, 40 a 59 e 60 e mais), nível de escolaridade (sem instrução

e fundamental incompleto, fundamental completo e médio incompleto, médio completo e su-

perior incompleto, superior completo), e raça/cor (branca, preta e parda). A PNS disponibilizou

os dados das pessoas de cor ou raça amarela e indígena, no total de raça/cor branca 11.

A PNS foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres Humanos,

do MS, sob o Parecer no 328.159, de 26 de junho de 2013. O presente estudo utilizou

exclusivamente dados de domínio público, sem identificação nominal dos sujeitos, respeitando

todos os preceitos éticos constantes na Resolução 466/12 das Diretrizes e Normas Reguladoras

de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.

Resultados

Consumo Alimentar

No DF, em 2013, a prevalência estimada para a população com ≥18 anos de idade do

consumo de cinco ou mais porções de frutas e hortaliças por dia foi de mais da metade da

população (52,5%; IC95% 49,2% a 55,8%) (Tabela 1). Essa prevalência apresentou gradiente

crescente com a idade, sendo maior entre pessoas com 60 anos ou mais (62,4%; IC95% 56,2% a

68,6%) significativamente maior que das pessoas de 18 a 24 anos de idade (Tabela 2). Quanto

à escolaridade, observou-se também gradiente de aumento da prevalência desse indicador, po-

rém sem significância estatística (Tabela 3). Houve diferença significativa entre as caracterís-

ticas de cor ou raça branca e preta, com prevalências de 55,9% (IC95% 51,5% a 60,4%) e 40,2%

(IC95% 31,5% a 48,8%), respectivamente (Tabela 4).

A prevalência estimada para a população do DF quanto ao consumo regular de feijão,

ou seja, o equivalente a cinco dias ou mais por semana, foi de 76,2% (IC95% 74,0% a 78,4%),

sendo maior entre os homens (81,3%; IC95% 78,4% a 64,1%) (Tabela 1) e reduzindo com o

aumento da escolaridade, sendo significativamente menor nos indivíduos com curso superior

completo (66,7%; IC95% 62,1% a 71,3%) (Tabela 3).

56

A prevalência estimada para consumo regular de peixe, referido ao menos uma vez por

semana, foi de 52,6% na população adulta estudada (IC95%; 49,3% a 55,9%) (Tabela 1),

aumentando com a idade, sendo menor entre os mais jovens, 39,1% (IC95%; 32,2% a 45,9%)

(Tabela 2) e maior entre aqueles com nível de instrução superior completo (63,0%; IC95% 58,1%

a 68,0%) (Tabela 3).

A prevalência estimada de adultos que referiram consumo elevado de sal foi de 14,7%

(IC95% 12,7% a 16,7%), apresentando redução da prevalência conforme o aumento da faixa

etária: 18 a 29 anos (20,9%; IC95% 15,3% a 26,4%) e com mais de 60 anos (8,3%; IC95% 4,3% a

12,2) (Tabela 3).

A prevalência estimada do consumo de carne ou frango com excesso de gordura na

população adulta no DF foi de 30,1% (IC95% 26,8% a 33,4%), sendo significativamente maior

entre homens (38,5%; IC95% 34,1% a 42,9%) (Tabela 1), em indivíduos na faixa etária de 18 a

39 anos (Tabela 2) e na população de raça/cor preta (39,7%; IC95%30,4% a 49,0%) em

comparação com a população de raça/cor branca (26,3%; IC95% 22,3% a 30,3%) (Tabela 4).

Esta prevalência apresenta redução relevante no grupo de nível de instrução superior completo

(23,3%; IC95% 19,2% a 27,5%) em comparação aos grupos com níveis intermediários de

instrução (Tabela 3).

Para o consumo de leite integral pelo menos uma vez por semana, a prevalência

estimada foi de 57,8% (IC95% 54,6% a 61,0%) para a população do DF (Tabela 1), apresentando

gradiente de redução com o aumento da idade (Tabela 2) e com o aumento do nível de instrução.

(Tabela 3).

A prevalência estimada do consumo regular de refrigerante ou suco artificial foi de

22,1% (IC95% 20,0% a 24,3%), maior entre homens (28,6%; IC95% 24,9% a 32,3%) (Tabela 1),

apresentando importante diminuição na medida do incremento da idade (Tabela 2). A

prevalência deste consumo cai de forma significante no nível de instrução superior completo

(14,6%; IC95% 11,3% a 17,9%) (Tabela 3).

Para a população do DF, a prevalência estimada do consumo regular de alimentos doces,

tais como bolos, tortas, chocolates, balas, biscoitos ou bolachas doces, em cinco ou mais dias

na semana, foi de 23,0% (IC95%20,6% a 25,4%) (Tabela 1). Observou-se tendências discretas

de aumento desta prevalência como a redução da idade e com o aumento do nível de

escolaridade (Tabelas 2 e 3).

57

A prevalência estimada para a população do DF que substituem pelo menos uma das

refeições por sanduiches, salgados ou pizzas em cinco ou mais dias por semana foi de 10,6%

(IC95%8,4% a 12,8%) (Tabela 1), com aumento à medida do incremento do nível de instrução,

em particular, com marcado incremento da prevalência para pessoas com nível de instrução

superior completo (19,0%; IC95% 14,6% a 23,4%) (Tabela 3). Além disso observou-se menor

prevalência deste consumo nas pessoas de raça/cor parda (7,8%; IC95% 5,3% a 10,3%) em

comparação com a branca (13,8%; IC95% 10,3% a 17,3%) (Tabela 4).

Uso de álcool

A prevalência estimada para a população do DF quanto ao consumo abusivo do álcool

foi de 15,5% (IC95% 13,6% a 17,4%), sendo marcadamente maior entre os homens (24,6%;

IC95% 21,0% a 28,2%) (Tabela 1) e com redução significativa na faixa etária de 60 ou mais

(4,1%; IC95% 1,2% a 7,0%) (Tabela 2). O consumo abusivo é o equivalente a cinco ou mais

doses para homens e quatro ou mais doses para mulheres, em uma única ocasião, nos últimos

30 dias.

Atividade Física

A prevalência estimada para a população adulta no DF que praticam pelo menos 150

minutos por semana de atividades físicas leves ou moderadas, ou pelo menos 75

minutos/semana de atividades físicas vigorosas no lazer, foi de 35,1% (IC95% 31,9% a 38,2%)

sendo significativamente maior no sexo masculino (41,6%; IC95% 36,7% a 46,5%) (Tabela 1),

e discretamente maior nos indivíduos de raça/cor de pele branca (40,6%; IC95% 35,9% a 45,4%)

em contraste com pardos (29,6%; IC95% 21,6% a 37,6%) (Tabela 4). Vale notar importante e

significativo aumento da prevalência deste indicador, à medida que aumentou o nível de

instrução da população de estudo (Tabela 3).

Já a prevalência estimada para a população adulta que não praticam atividade física ou

praticam atividade física por menos do que 150 minutos por semana no DF foi de 43,7% (IC95%

40,2% a 47,1%), sendo maior entre as mulheres (47,7%; IC95% 43,6% a 51,8%) (Tabela 1),

apresentando incremento desta prevalência com o passar da idade (Tabela 2). Quanto à

escolaridade, a prevalência de inatividade física nos indivíduos sem instrução e fundamental

incompleto (53,4%; IC95% 47,6% a 59,1%) foi significativamente maior que nos dois maiores

níveis de instrução (Tabela 3).

58

Tabagismo

A prevalência estimada para a população adulta no DF de fumantes atuais de tabaco

ou de produtos do tabaco, como charuto, cigarrilha, cachimbo, cigarros de cravo (ou de Bali) e

narguilé (ou cachimbo d´água), foi de 10,8% (IC95% 9,0% a 12,5%), sendo maior entre os ho-

mens (13,4%; IC95% 10,4% a 16,3%), e entre indivíduos de 40 e 59 anos de idade (13,6%; IC95%

10,4% a 16,8%) em comparação aos jovens adultos de 18 a 24 anos de idade (Tabela 2), e entre

indivíduos com menores níveis de instrução (Tabela 3).

A prevalência de ex-fumantes de tabaco ou de produtos do tabaco estimada para o DF

foi de 16,9% (IC95% 14,6% a 19,2%), maior entre os homens (22,0%; IC95% 18,2% a 25,8%)

(Tabela 1), aumentando com o passar da idade (Tabela 2), e inversamente proporcional ao nível

de instrução (Tabela 3).

Discussão

Os indicadores para alimentação saudável analisados para o DF estimam que pelo

menos metade da população adulta tem hábitos de consumo de cinco porções de frutas e

hortaliças por dia, de feijão cinco dias ou mais por semana, e peixe pelo menos uma vez na

semana. Já os marcadores da alimentação não saudável, ou relacionados aos fatores de risco,

indicam que um em cada seis adultos moradores do DF referem ter consumo elevado de sal,

um em cada três adultos consome carne ou frango com excesso de gordura, mais da metade

consome leite integral, e um em cada cinco consomem alimentos doces e ou refrigerante

açucarado.

Estudos da OMS indicam que uma dieta saudável ajuda na redução do risco de

desenvolver DCNT. As evidências recomendam: (i) consumo de cinco porções de frutas e

hortaliças por dia, o equivalente a 400 gramas, para prevenir as DCNT e ajudar a garantir a

ingestão diária de fibras alimentares; (ii) reduzir o consumo total de gorduras para menos de

30% da ingestão calórica, para prevenção do aumento de peso na população adulta; (iii) reduzir

o consumo de gorduras saturadas para menos que 10% da ingestão calórica diária e o de

gorduras tipo trans para menos de 1%; (iv) limitar o consumo de açúcar livre de 5% a 10% da

ingestão calórica total, para diminuir o aumento de peso, que leva ao sobrepeso e obesidade; e

(v) manter o consumo de sal abaixo de 5 gramas diários, para prevenir a hipertensão e reduzir

o risco de doença cardíaca e acidente vascular cerebral 2.

Características negativas da qualidade da dieta da população, inclusive substituição de

59

refeições por lanches, ressaltam a necessidade de implementação de políticas públicas de

promoção da alimentação saudável, conforme preconizado pelo Guia Alimentar para a

população brasileira 15. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada em 2008-

2009 16, sobre aquisições de alimentos e bebidas para consumo domiciliar, com registro durante

sete dias consecutivos, observou, dentre outros achados: (i) excesso de açúcares livres e de

gorduras em todas as regiões do Brasil; (ii) proporção de gorduras saturadas elevada e

consistente com a maior participação de produtos de origem animal; e (iii) diminuição do teor

de carboidratos da dieta observado com o aumento da renda 17.

Quanto ao consumo do sal, ainda com os dados da POF 16, a partir da análise de dois

dias de registro alimentar, indicaram que 89,3% dos homens e 70% das mulheres do país

tiveram ingestão inadequada e excessiva de sódio, valores muito superiores aos encontrados no

presente estudo. Essa diferença pode ser justificada pela baixa capacidade da população de

reconhecer seu consumo de sódio, ou até mesmo os níveis adequados de consumo, afetando as

estimativas auto-referidas da PNS.

Os resultados encontrados neste estudo foram semelhantes à análise dos indicadores de

consumo alimentar da população adulta do Brasil, também da PNS 11, 18, bem como do inquérito

telefônico Vigitel 12, 19-20. Destaque feito ao indicador de consumo recomendado de frutas e

hortaliças para o DF, que neste estudo (52,5% - IC95%49,2% a 55,8%) foi bem maior do que no

Vigitel de 2013 (29,7%; IC95%27,2%-32,1%) 19, mesmo ano de realização da PNS, tanto quanto

na versão do inquérito telefônico de 2015 (39,5%; IC95%35,5%-43,6%) 12. Tal diferença pode

ser explicada pela metodologia da pesquisa. Em particular, a sintaxe adotada na PNS considera

como consumo recomendado cinco porções por dia em pelo menos um dia na semana, em

comparação ao Vigitel que considera cinco porções em pelo menos cinco dias na semana 12.

A prevalência do consumo abusivo de álcool na população do DF (15,5%; IC95% 13,6%

a 17,4%) foi três vezes superior entre homens (24,6%; IC95% 21,0% a 28,2%) que entre as

mulheres (8,0%; IC95% 6,3% a 9,7%), e maior entre os adultos jovens (18,4%; IC95% 14,9% a

21,8%). Na PNS, a prevalência para a população brasileira (13,7%; IC95% 13,1% a 14,2%) foi

semelhante àquela encontrada para o DF 11, 21. De maneira consistente com o presente estudo,

o inquérito Vigitel realizado nos anos de 2013 e 2015 também revelou prevalências de consumo

abusivo de álcool superior entre os homens, em comparação com as mulheres 12, 19. As

diferenças entre os sexos quanto ao padrão e às consequências do consumo de álcool são

amplamente reconhecidas e refletem o padrão mundial 1. O consumo abusivo do álcool está

associado ao risco de desenvolver problemas de saúde, incluindo dependência, cirrose hepática,

alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Sem falar nas lesões resultantes de violência,

60

confrontos e acidentes de trânsito 1. Faz-se importante estabelecer políticas para seu

enfrentamento, como legislações mais rigorosas, aumento de preço e diminuição de sua

disponibilidade 21.

Com relação à prática de atividade física, os resultados do presente estudo são

compatíveis com a literatura 22-24, indicando que a prática de atividade física é maior entre os

homens e nas pessoas com maior escolaridade, e que as mulheres apresentam comportamentos

mais sedentários. Este estudo identifica que a prevalência da prática de atividade física no

período de lazer pelos adultos associou-se, fortemente e diretamente, ao nível de instrução da

população. Ações como o estímulo da prática em idades precoces podem representar um

importante avanço no controle da epidemia de sedentarismo observada em várias partes do

mundo e também no Brasil 22. Dados da OMS indicam que a atividade física praticada com

regularidade reduz o risco de cardiopatias, acidentes cerebrovasculares, diabetes tipo II,

hipertensão, câncer do cólon e mama, além da depressão. Os dados da OMS também descrevem

que a atividade física é um fator determinante no consumo de energia, sendo fundamental para

conseguir o equilíbrio energético e o controle de peso 25. Faz-se necessário a implementação de

políticas públicas para promoção de práticas corporais e de atvidiade física, de forma integrada

a setores além da saúde, de forma complementar, como educação, mobilidade, segurança e

espaços públicos, conforme recomendado pela OMS 1 e nos programas da Academia da Saúde

do Ministério da Saúde 26.

Quanto ao tabagismo, o presente estudo estimou que cerca de um em cada dez pessoas

adultas no DF consome algum produto do tabaco, sendo que a maioria faz uso de tabaco

fumado, e a prevalência foi menor no DF (10,8%; IC95% 9,0% a 12,5%) que a encontrada no

Brasil (14,7%; IC95% 14,2% a 15,2%)11. As mulheres fumam menos (8,6%; IC95% 6,6% a

10,6%), assim como as pessoas de mais alta escolaridade (6,5%; IC95% 3,7% a 9,3%). A

estimativa da prevalência no DF foi menor entre 18 a 24, e maior entre 40 a 59 anos, semelhante

aos dados do Brasil na PNS 11, 27. Entretanto, cabe destaque ao estudo realizado para o Brasil

quanto ao uso do narguilé, uma forma de consumo de tabaco, que foi 36 vezes maior entre os

jovens de 18 a 29 anos na população adulta brasileira, comparado ao mesmo grupo de 40 a 59

anos 28.

A prevalência de ex-fumantes foi próxima a um sexto da população do DF (16,9%; IC95%

14,6% a 19,2%). Tais diferenças também foram apresentadas em outras pesquisas, em especial

quanto a maior prevalência do uso de tabaco entre os menos escolarizados, o que pode ser

explicada pelo menor acesso a informação quanto aos seus efeitos deletérios 27, 29.

Em comparação aos resultados da PNS para a população adulta brasileira 11, 18, as

61

prevalências para os adultos do DF foram melhores para o consumo de frutas e hortaliças, para

o consumo de feijão, para o consumo de carne ou frango com excesso de gordura, para a

atividade física no lazer e para o tabagismo (Tabela 1). A substituição de refeição revelou

prevalência mais elevada no DF (10,6%; IC95% 8,4% a 12,8%), conforme observado para a

população adulta brasileira 11, 18 (6,6%; IC95% 6,2% a 7,0%).

O estudo atual, analisando resultados para o DF na distribuição dos fatores de risco e de

proteção das DCNT, aponta que, em geral, o consumo alimentar saudável como frutas,

hortaliças e peixe foi mais referido pelas mulheres, nos indivíduos de maior nível de instrução

e nos de maior idade, exceção feita ao consumo regular de feijão e atividade física, mais

prevalentes entre homens. Os hábitos alimentares não saudáveis (consumo elevado de sal, carne

ou frango com excesso de gordura, leite integral, refrigerante açucarado e alimentos doces), o

consumo abusivo de álcool e o uso do tabaco foram mais prevalentes entre os homens e nos

indivíduos com menor escolaridade.

Semelhante a demais estudos já publicados sobre fatores de risco e proteção associados

às DCNT 22, 23, os mesmos apresentaram diferenças nas distribuições segundo as características

sociodemográficas analisadas. Mulheres, com maior escolaridade, indivíduos mais velhos,

foram os que de maneira geral apresentaram maior prevalências de fatores de proteção, ao passo

que homens, pessoas com menor escolaridade e mais jovens, tem associação com os fatores de

risco.

Na apreciação dos resultados da referida análise, cabe apontar algumas limitações

inerentes ao estudo de corte transversal baseado principalmente em relatos individuais. A

principal delas diz respeito à validade e à reprodutibilidade dos indicadores apresentados. É

possível haver diferenças na compreensão dos entrevistados, viés de memória, sub ou

superestimação dos valores referidos, por se tratar de informação autorreferidas. Outra

limitação do estudo foi que os dados disponíveis na PNS para raça/cor agregaram a cor branca

com amarelo e indígena, grupos estes que podem apresentar resultados discrepantes quanto aos

indicadores apresentados. Muitos dos indicadores aqui analisados foram validados em outras

pesquisas que utilizam questionários semelhantes, como o Vigitel 30-32. Os indicadores de

consumo de carne ou frango com excesso de gordura, de leite integral e de refrigerantes

apresentaram validade satisfatória nos estudos publicados 30-32. No entanto, alguns indicadores

de consumo analisados ainda não foram avaliados até o momento.

Outra limitação do presente estudo é não ter sido analisada a ocorrência simultânea de

comportamentos de risco, o que merece aprofundamento em estudos futuros. Algumas

publicações indicam o quanto os fatores e os comportamentos se agregam nos indivíduos,

62

sugerindo que a simultaneidade de diferentes comportamentos de risco possui efeito sinérgico

na deterioração da saúde individual, resultando, portanto, em um efeito deletério multiplicativo,

ao invés de um efeito aditivo de cada comportamento 34-35.

Considerando-se que as DCNT têm um forte impacto na qualidade de vida da população,

ocasionando morte prematura e gerando grandes e subestimados efeitos econômicos adversos

para as famílias e sociedade, faz-se necessário conferir ações mais assertivas para a prevenção

e controle dessas enfermidades. É preciso grande empenho por parte dos gestores de saúde,

comunidade e sociedade em geral, para superar esse desafio. Os resultados encontrados neste

estudo sugerem que homens, que a população mais jovem e com menor escolaridade no DF

devem ser alvo de ações, políticas e programas de promoção da saúde, de proteção e prevenção

das DCNT 22.

O presente estudo dos fatores de risco e de proteção relacionados às DCNT, a partir da

PNS de 2013 no DF, fornece informações importantes para descrever os estilos de vida desta

população, além de ser etapa essencial para o planejamento, monitoramento e avaliação de

programas de prevenção e redução de morbimortalidade dessas doenças na Capital do país.

Oliveira TP participou da concepção do estudo, análise, interpretação dos dados e redação. Oli-

veira TP, Poças KC, Malta DC e Duarte EC participaram da revisão do conteúdo intelectual do

artigo.

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Global, regional, and national comparative risk assessment of 79 behavioural, environmen-

tal and occupational, and metabolic risks or clusters of risks, 1990–2015: a systematic anal-

ysis for the Global Burden of Disease Study 2015. The Lancet, 2016; 388: 1659–724

67

Tabela 1: Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de

idade, segundo sexo – Pesquisa Nacional de Saúde. Brasil, Distrito Federal (DF), 2013

Indicadores

Total Brasil

Total DF

Sexo

Masculino Feminino

% IC 95%a % IC 95%

a % IC 95% a % IC 95%

a

Consumo alimentar

Frutas e hortaliças 37,3

36,4-38,1

52,5 49,2-55,8 47,8 43,2-52,4 56,4 52,4-60,4

Feijão regularmente 71,9

71,2-72,6 76,2 74,0-78,4 81,3 78,4-84,2 72,0 68,8-75,2

Peixe (≥ 1 vez na semana) 54,6 53,7-55,5 52,6 49,3-55,9 53,8 49,1-58,4 51,6 47,5-55,6

Consumo elevado de sal 14,2 13,6-14,7 14,7 12,7-16,7 16,2 13,0-19,5 13,4 11,0-15,8

Carne ou frango com excesso de gordura 37,2

36,4-38,0 30,1 26,8-33,4 38,5 34,1-42,9 23,1 19,5-26,8

Leite com teor de gordura 60,6 59,8-61,4 57,8 54,6-61,0 61,9 57,4-66,4 54,4 50,4-58,3

Refrigerante açucarado 22,1 21,5-22,8 22,1 20,0-24,3 28,6 24,9-32,3 16,8 14,4-19,2

Alimentos doces 21,7 21,0-22,3 23,0 20,6-25,4 23,0 19,5-26,5 23,0 19,6-26,3

Substituição refeição 6,6 6,2-7,0 10,6 8,4-12,8 10,8 7,5-14,0 10,4 7,8-13,0

Uso de álcool

Consumo abusivo de bebida alcoólica 13,7 13,1-14,2 15,5 13,6-17,4 24,6 21,0-28,2 8,0 6,3-9,7

Atividade Física (AF)

AF no lazer (≥ 150 min semanais) 22,5 21,8-23,1 35,1 31,9-38,2 41,6 36,7-46,5 29,6 26,2-33,1

Inatividade física 46,0 45,2-46,8 43,7 40,2-47,1 38,8 34,0-43,6 47,7 43,6-51,8

Tabagismo

Fumante 14,7 14,2-15,2 10,8 9,0-12,5 13,4 10,4-16,3 8,6 6,6-10,6

Ex-fumante 17,5 16,9-18,0 16,9 14,6-19,2 22,0 18,2-25,8 12,6 10,0-15,2

a Intervalo de confiança de 95%

Referência: Brasil, 2014a.

68

Tabela 2 - Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de idade,

por faixa etária – Pesquisa Nacional de Saúde. Distrito Federal, 2013

Indicadores De 18 a 24 anos De 25 a 39 anos De 40 a 59 anos Com 60 anos ou

mais % IC 95%a % IC 95%

a % IC 95%a % IC 95%

a

Consumo alimentar

Frutas e hortaliças 44,3 37,3-51,4 52,3 47,5-57,1 52,5 47,8-57,3 62,4 56,2-68,6

Feijão regularmente 74,0 68,1-79,9 76,3 72,1-80,4 77,8 74,2-81,3 75,1 70,1-80,2

Peixe (≥ 1 vez na semana) 39,1 32,2-45,9 52,2 46,8-57,5 55,7 50,8-60,6 61,6 55,0-68,2

Consumo elevado de sal 20,9 15,3-26,4 15,9 12,5-19,3 13,2 9,9-16,6 8,3 4,3-12,2

Carne ou frango com excesso de gordura 35,4 27,8-42,9 35,8 30,9-40,8 26,1 21,5-30,6 20,3 15,2-25,4

Leite com teor de gordura 64,5 57,6-71,5 60,8 56,4-65,2 53,3 48,1-58,4 53,9 47,5-60,3

Refrigerante açucarado 36,3 29,0-43,7 27,4 23,3-31,4 15,8 12,5-19,1 8,8 5,0-12,7

Alimentos doces 32,1 25,8-38,4 22,1 18,2-26,1 20,1 16,5-23,6 21,3 15,5-27,1

Substituição refeição 12,9 7,8-18,0 11,0 7,8-14,3 8,7 6,0-11,4 11,3 6,1-16,5

Uso de álcool

Consumo abusivo de bebida alcoólica 15,1 9,9-20,3 18,4 14,9-21,8 17,8 14,3-21,3 4,1 1,2-7,0

Atividade Física (AF)

AF no lazer (≥ 150 min semanais 40,5 33,8-47,2 34,5 29,9-39,1 34,7 29,4-39,9 31,0 24,5-37,6

Inatividade física 36,6 28,9-44,3 42,0 37,3-46,7 44,6 39,3-49,8 53,4 45,9-60,9

Tabagismo

Fumante 6,4 3,2-9,5 10,9 8,3-13,4 13,6 10,4-16,8 8,9 4,5-13,3

Ex-fumante 5,4 2,4-8,4 10,6 7,5-13,7 24,3 19,9-28 27,0 20,6-33,3

a Intervalo de confiança de 95%

Referência: Brasil, 2014a.

69

Tabela 3 - Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de idade, por nível

de instrução – Pesquisa Nacional de Saúde. Distrito Federal, 2013

Indicadores

Sem instrução e

fundamental incompleto

Fundamental completo e

médio incompleto

Médio completo e

superior incompleto

Superior

completo

% IC 95%a % IC 95%

a % IC 95%a % IC 95%

a

Consumo Alimentar

Frutas e hortaliças 49,5 43,8-55,3 49,1 42,3-55,9 51,4 46,3-56,6 58,2 20,2-64,1

Feijão regularmente 82,5 78,4-86,6 84,9 79,6-90,3 76,2 72,3-80,0 66,7 62,1-71,3

Peixe (≥ 1 vez na semana) 49,8 43,9-55,7 46,4 38,7-54,1 48,7 43,5-59,9 63,0 58,1-68,0

Consumo elevado de sal 11,6 7,7-15,6 11,7 7,5-15,9 18,6 15,2-22,0 13,5 10,2-16,7

Carne ou frango com excesso de gordura 30,1 24,3-35,9 36,2 27,8-44,6 32,9 27,8-38,0 23,3 19,2-27,5

Leite com teor de gordura 65,5 60,4-70,7 65,9 59,4-72,5 60,8 55,9-65,6 43,3 37,3-49,3

Refrigerante açucarado 22,2 17,8-26,7 25,9 18,7-33,1 26,4 22,5-30,4 14,6 11,3-17,9

Alimentos doces 19,6 15,2-24,1 21,8 15,7-27,8 25,4 21,1-29,6 23,3 18,5-28,1

Substituição refeição 5,5 2,8-8,1 5,5 1,7-9,4 9,4 6,1-12,6 19,0 14,6-23,4

Uso de álcool

Consumo abusivo de bebida 12,6 9,2-16,0 19,4 13,5-25,3 14,8 11,7-18,0 17,1 13,4-20,7

Atividade Física (AF)

AF no lazer (≥ 150 min semanais 19,5 15,1-23,9 28,4 21,5-35,2 35,7 31,0-40,3 50,9 44,9-56,9

Inatividade física 53,4 47,6-59,1 46,0 38,2-53,9 38,8 34,0-43,6 40,6 34,6-46,7

Tabagismo

Fumante 14,9 11,5-18,2 15,9 10,6-21,1 9,5 6,6-12,3 6,5 3,7-9,3

Ex-fumante 22,5 17,7-27,2 17,2 12,2-22,3 15,8 12,2-19,5 13,3 9,4-17,2

a Intervalo de confiança de 95%

Referência: Brasil, 2014a.

70 Tabela 4 - Prevalência (%) dos fatores de risco e proteção para doenças crônicas não

transmissíveis em pessoas de 18 anos ou mais de idade, segundo raça/cor de pele – Pesquisa

Nacional de Saúde. Distrito Federal, 2013

Indicadores

Raça/Cor da pele

Branca b Preta Parda

% IC 95%a % IC 95%

a % IC 95%a

Consumo Alimentar

Frutas e hortaliças 55,9 51,5-60,4 40,2 31,5-48,8 51,5 47,2-55,9

Feijão regularmente 72,1 68,4-75,8 80,4 73,9-86,9 80,0 76,7-83,2

Peixe (≥ 1 vez na semana) 55,9 51,3-60,5 49,2 40,4-58,0 49,1 44,5-53,6

Consumo elevado de sal 14,9 11,9-17,9 12,0 5,8-18,2 14,8 11,8-17,7

Carne ou frango com excesso de gordura 26,3 22,3-30,3 39,7 30,4-49,0 32,5 28,2-36,7

Leite com teor de gordura 50,9 46,1-55,7 58,2 49,1-67,3 63,3 59,5-67,1

Refrigerante açucarado 20,2 16,8-23,6 19,1 12,7-25,5 24,4 20,9-27,9

Alimentos doces 24,8 21,1-28,5 17,9 10,9-24,9 21,9 18,6-25,2

Substituição refeição 13,8 10,3-17,3 9,7 4,0-15,4 7,8 5,3-10,3

Uso de álcool

Consumo abusivo de bebida 14,5 11,7-17,3 15,3 9,3-21,4 16,8 13,9-19,6

Atividade Física (AF)

AF no lazer (≥ 150 min semanais 40,6 35,9-45,4 29,6 21,6-37,6 31,2 27,0-35,3

Inatividade física 42,3 38,1-46,6 47,1 38,2-56,0 43,9 39,1-48,7

Tabagismo

Fumante 9,4 6,9-11,8 12,3 6,9-17,6 11,7 9,1-14,2

Ex-fumante 16,7 13,2-20,3 19,9 12,8-27,0 16,6 13,6-19,7

a Intervalo de confiança de 95%

b Inclusive as pessoas de cor ou raça amarela e indígena

Referência: Brasil, 2014a.

71

8.2. ARTIGO 2

Artigo original a ser submetido à Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde

Balanço das metas do Plano Nacional de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não

Transmissíveis no Distrito Federal, após cinco anos da implantação

Balance of the goals of the Strategic Action National Plan for Tackling Chronic Non-

Communicable Disease in the Federal District (Brasil), after five years of implantation

Taís Porto Oliveira 1

Elisabeth Carmen Duarte 2

Katia Crestine Poças 2

Elier Broche Cristo 3

Deborah Carvalho Malta 4

1. Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS, Ministério da Saúde, DF,

Brasil.

2. Universidade de Brasília, DF, Brasil.

3. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção

da Saúde, Ministério da Saúde, DF.

4. Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Hori-

zonte, Brasil.

Endereço:

Taís Porto Oliveira – Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Departamento de

Monitoramento e Avaliação do SUS, Coordenação Geral de Gestão da Informação Estratégica,

Ministério da Saúde, Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 3º andar, sala 356,

Brasília-DF, Brasil. CEP: 70058-900. E-mail: [email protected]

Artigo baseado na dissertação de mestrado de Oliveira TP, intitulada “Plano de enfrentamento

das doenças crônicas não transmissíveis no Distrito Federal (Planae-DF): análise de situação e

estudo de avaliabilidade”, apresentada ao programa de mestrado profissional de avaliação em

saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, FIOCRUZ, 2017

Resumo:

Objetivo: avaliar o alcance das metas do Plano de Ações Estratégicas para Enfrentamento das

Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) 2011-2022, referentes ao Distrito Federal.

72

Métodos: foram comparadas as frequências das metas do plano na sua linha de base, em 2010,

com as obtidas em inquéritos populacionais em 2015 e no Sistema de Informação de

Mortalidade, 2012. Resultados: Ocorreu redução da mortalidade prematura (30 a 69 anos) por

DCNT em 3,78% (média anual) para o Distrito Federal entre 2010 e 2012 e do consumo do

tabaco (- 2,7%) entre 2010 e 2015. No Distrito Federal houve aumento no consumo de frutas e

hortaliças (12,5%), níveis de atividade física no lazer (10,8%), obesidade (0,3%), consumo

abusivo do álcool (4,1%) e cobertura de citologia oncótica (2,9%). Quanto à mamografia foi

observada redução (-6,3%). Conclusão: Três das nove metas avaliadas já foram alcançadas em

2015. Duas metas apresentaram tendências favoráveis para o alcance até 2022. As metas de

excesso de peso, obesidade e consumo abusivo do álcool, ao contrário, apresentaram tendência

de aumento. Torna-se importante manter o monitoramento, visando adequação do Plano de

Ação de DCNT.

Palavras chaves: Doença Crônica; Hábito de Fumar; Registros de Mortalidade; Estilo de Vida

Sedentário; Obesidade.

Resumen:

Objetivo: evaluar el alcance de las metas del Plan de acción estratégico de vigilancia para hacer

frente a las enfermedades crónicas no transmisibles (ENT) 2011-2022, para el Distrito Federal.

Métodos: Se compararon las frecuencias de las metas del plan en su línea de base en 2010, con

las obtenidas en las encuestas de población en el año 2015 y el Sistema de Información sobre

Mortalidad, 2012. Resultados: Hubo una reducción de la mortalidad prematura (30-69 años)

por ENT en 3,78% (promedio anual) para el Distrito Federal entre 2010 y 2012 y el consumo

de tabaco (- 2,7%) entre 2010 y 2015 en el Distrito Federal se produjo un aumento en el

consumo de frutas y verduras (12, 5%), los niveles de actividad física en tiempo libre (10,8%),

obesidad (0,3%), el abuso de alcohol (4,1%) y la cobertura de la citología (2,9%). Se observó

reducción de la mamografía (-6,3%). Conclusión: Tres de los nueve objetivos evaluados se han

alcanzado ya en 2015. Dos metas mostraron tendencias favorables para lograr 2022. Los

objetivos de sobrepeso, obesidad y la bebida, por el contrario, mostró una tendencia a aumentar.

Es importante mantener la vigilancia, la orientación adecuación del plan de acción de ENT.

Palabras-clavves: Enfermedad Crónica, Hábito de Fumar, Registros de Mortalidad, Estilo de

Vida Sedentario, Obesidad.

Summary:

Objective: assess the achievement of Strategic Action National Plan´goals for Tackling

73

Noncommunicable Chronic Diseases (NCD) 2011-2022, referring to the Federal District

(Brasil). Methods: The frequencies of the plan's targets were compared at baseline in 2010 with

those obtained from population surveys in 2015 and the Mortality Information System, 2012.

Results: There was a reduction in premature mortality (30 to 69 years) by NCD in 3.78%

(annual average) for the Federal District between 2010 and 2012 and reduction of tobacco

consumption (- 2.7%) between 2010 and 2015. In the Federal District there was an increase in

the consumption of fruits and vegetables (12, 5%), physical activity in leisure time (10.8%),

obesity (0.3%), alcohol consumption (4.1%) and oncotic cytology coverage (2.9%). A reduction

(-6.3%) was observed in mammography. Conclusion: Three of the nine goals evaluated were

already reached in 2015. Two goals presented favorable trends for reaching by 2022. The goals

of overweight, obesity and alcohol abuse, on the other hand, showed a tendency to increase. It

is important to maintain monitoring, aiming at adequacy of the NCD Strategic Action Plan.

Key words: Chronic Disease, Smoking, Mortality Registries, Sedentary Lifestyle, Obesity.

74

Introdução

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) constituem problema global de

saúde pública e, estima-se, que sejam responsáveis por cerca de 38 milhões de morte a cada ano

no mundo 1. Reconhecendo a importância social e o impacto das DCNT, em 2011, a

Organização das Nações Unidas (ONU) realizou reunião de Alto Nível que resultou em

compromisso Global dos países para o grande desafio no enfrentamento às DCNT.

Posteriormente, em 2013, ocorreu a aprovação, pela 65a Assembléia Mundial da Saúde, das

metas globais voluntárias 2015-2025 para a prevenção, o controle e a redução da mortalidade

prematura (mortes antes de 70 anos) por DCNT 2-5.

O Brasil participou ativamente deste processo, em função da magnitude das DCNT no

país. Assim, tendo como referência o panorama epidemiológico e econômico das DCNT no

Brasil, o Ministério da Saúde coordenou o processo de elaboração do Plano de Ações

Estratégias para o Enfrentamento das DCNT no Brasil, 2011-2022, publicado em 2011 (Planae-

BR). O Planae-BR contou com a colaboração de mais de 20 Ministérios, diferentes instituições

acadêmicas, secretarias estaduais e municipais, sociedades científicas e organizações não

governamentais, o que garantiu a inserção de ações não somente do setor saúde, mas também

dos demais setores envolvidos 6-8.

O Planae-BR está alinhado às diretrizes da Organização Mundial de Saúde e aborda os

quatro fatores de risco modificáveis (tabagismo, alimentação inadequada, inatividade física e

consumo abusivo de bebidas alcoólicas) comuns aos quatro principais grupos de DCNT

responsáveis por grande parte da carga dessas doenças: doenças cardiovasculares (DCV),

câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas 3, 6-8. Para tanto, o Planae-BR

fundamenta-se em três principais diretrizes ou eixos: I) vigilância, informação, avaliação e

monitoramento; II) promoção da saúde; e III) cuidado integral. Foram propostas nove metas

nacionais para o Planae-BR para o período 2011-2022 e que se referem aos temas de

morbimortalidade e fatores de risco de DCNT, considerando a realidade e necessidade do país

6,7,9.

Em 2011, o Ministério da Saúde financiou os entes Federados e repassou recursos para

a elaboração e aplicação de Planos locais referentes ao Controle de DCNT. O Distrito Federal

(DF) elaborou um Plano de Enfrentamento de DCNT (Planae-DF) 10, que à semelhança do Na-

cional, estabeleceu eixos de ação e definiu metas de redução de mortalidade e dos fatores de

risco de DCNT.

75

O estudo atual objetiva avaliar o alcance das metas do Planae-DF, descrevendo a

evolução das metas de mortalidade e fatores de risco, à luz das metas propostas pelo Planae-

BR, após cinco anos de sua publicação 6, 10.

Métodos

Trata-se de estudo descritivo que quantifica o alcance das metas do Planae-BR (2011-

2022), referentes aos dados disponíveis no DF para o quinquênio 2011-2015, referentes às nove

metas estabelecidas pelo Planae-BR, a serem atingidas até 2022, tendo como linha de base o

ano de 2010. Metas analisadas: 1) reduzir a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por

DCNT em 2% ao ano no período; 2) reduzir a prevalência de tabagismo em adultos em 30% no

período; 3) deter o crescimento do excesso de peso em adultos no período; 4) deter o

crescimento do obesidade em adultos no período; 5) aumentar o consumo recomendado (cinco

porções diárias) de frutas e hortaliças em 10% no período; 6) aumentar a prevalência de

atividade física no lazer em 10% no período; 7) reduzir as prevalências de consumo abusivo de

álcool em adultos (quatro doses ou mais em mulheres e cinco doses ou mais em homens) nos

últimos 30 dias em 10% no período; 8) aumentar a cobertura de mamografia em mulheres entre

50 e 69 anos para 70% no período; 9) ampliar a cobertura de exame preventivo de câncer de

colo uterino em mulheres de 25 a 64 anos para 85% no período.

Embora no Planae-BR a linha de base tenha sido definida por um conjunto de diversos

inquéritos e Sistemas de Informação, o estudo atual irá apresentar apenas os indicadores com

dados disponíveis para o quinquênio estudado, utilizando o Sistema de Informação de

Mortalidade (SIM) 11 e o inquérito telefônico sobre Vigilância de Fatores de Risco e Proteção

para Doenças Crônicas (Vigitel) 12.

Para reduzir a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT em 2% ao ano

no período, foram considerados o conjunto de causas definido pela Organização Mundial de

Saúde 3 e pelo Planae-BR 6, ou seja, doenças cardiovasculares (I00 – I99), doenças respiratórias

(J30 – J98), neoplasias (C00 – C97) e diabetes mellitus (E10 – E14). Os dados populacionais

tiveram como fonte as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

disponibilizadas no site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) 11. Foram

estimadas taxas padronizadas pelo método direto tendo como população padrão a população

mundial.

As redistribuições dos óbitos por causas mal definidas foram realizadas proporcional-

mente, entre todas as causas definidas de óbitos, exceto para as causas do capítulo XX (causas

76

externas). Foram feitas por estratos de ano/período, sexo (masculino ou feminino), faixa etária

(0-4; 5-9; 10-14; 15-19; 20-29; 30-39; 40-49; 50-59; 60-69; 70-79; e ≥80 anos de idade), se-

gundo as referências de Duncan et al 12. A correção do número de óbitos informados foi esti-

mada pela cobertura do SIM, utilizando-se dados do estudo ‘Busca ativa de óbitos e nascimen-

tos no Nordeste e na Amazônia Legal: estimação das coberturas do SIM e do Sinasc nos muni-

cípios brasileiros’, desenvolvido por Szwarcwald et al 13. Segundo a metodologia, para carac-

terizar a adequação das informações sobre óbitos, foi utilizado o coeficiente geral de mortali-

dade padronizado por idade (CGMP) para 2008, considerando-se como padrão a população do

Brasil nesse mesmo ano 6, 9, 13-15.

Para as metas de 2 a 9, os indicadores de linha de base e o alcance das metas foram

analisados para o DF considerando os dados do inquérito por telefone Vigitel 12. Este inquérito

é realizado anualmente com a população adulta, com 18 ou mais anos de idade, que possui

telefone fixo no domicílio, com amostra de cerca de 2000 entrevistas anuais para o DF 12. Os

dados do Vigitel do ano de 2010 permitiram a estimativa dos indicadores de linha de base e

foram comparados com os indicadores do ano de 2015, à fim de aferir o alcance das metas 6, 12.

No Vigitel são utilizados pesos pós-estratificação que objetivam a inferência estatística

dos resultados do sistema para a população adulta do DF. A partir de 2012 o método ‘rake’ 16

vem sendo utilizado para a definição dos pesos pós-estratificação de cada indivíduo da amostra

Vigitel utilizando rotina específica do programa SAS 17. Este método utiliza procedimentos

iterativos que levam em conta sucessivas comparações entre estimativas da distribuição de cada

variável sociodemográfica na amostra Vigitel e na população total da cidade. Essas

comparações culminam no encontro de pesos que, aplicados à amostra Vigitel, igualam sua

distribuição sociodemográfica à estimada para a população total da cidade. A distribuição de

cada variável sociodemográfica estimada a cada ano foi obtida a partir de projeções que levaram

em conta a distribuição da variável nos Censos Demográficos e sua variação anual média (taxa

geométrica) no período intercensitário.

A significância estatística da tendência do indicador no período foi avaliado por meio

de modelo de regressão linear, e incluiu um período maior de análise (2006 a 2015), tendo como

desfecho (variável dependente) o valor do indicador, e como variável explanatória o ano do

levantamento, expresso como variável contínua. O coeficiente de regressão do modelo indica a

taxa média anual, expressa em pontos percentuais de aumento ou diminuição do indicador no

período. Considerou-se significativa a variação temporal correspondente a um coeficiente de

regressão estatisticamente diferente de zero (p valor ≤0,05) 12.

77

Maiores detalhamentos dos indicadores e da metodologia utilizada para o

estabelecimentos dessas metas, podem ser consultados em outras publicações disponíveis 6, 9,

15-19.

Foram utilizados exclusivamente dados secundários, sem identificação dos sujeitos.

Todos os dados analisados foram coletados e analisados segundo os princípios éticos

estabelecidos na Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados

A taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos) por DCNT (TMP-DCNT) no DF foi de

314,93 e 290,94 por 100 mil habitantes, em 2010 e 2012, respectivamente (Figura 1). Nesse

período, a TMP-DCNT apresentou queda média anual de 3,78%, com redução de 8,18% no

primeiro ano e aumento de 0,62% entre os anos de 2011 e 2012.

As TMP-DCNT observadas no DF apresentaram magnitudes inferiores àquelas

observadas para o Brasil e para a região Centro-Oeste durante todo o período de análise (Figura

2). Foram observadas maiores TMP-DCNT no DF para o sexo masculino do que para o sexo

feminino (Figura 1), e as causas que mais contribuíram foram as DCV e as neoplasias (Figura

3).

Em comparação ao desempenho dos indicadores entre 2010 e 2015, para aferir o alcance

das metas, houve aumento na prevalência do consumo de frutas e hortaliças (12,5%), passando

de 27,0% em 2010 para 39,5% em 2015. Também houve aumento na prevalência de atividade

física no lazer (10,8%), passando de 41,3% em 2010 para 52,1% em 2015. Quando avaliada a

obesidade, houve aumento (4,4%) das prevalências, passando de 10,0% em 2010 para 14,4%

em 2015. Aumento no consumo abusivo do álcool (4,1%) foi encontrado quando comparada as

prevalência de 2010 (19,9%) e 2015 (24,0%) e na cobertura de citologia oncótica (2,9%),

passando de 74,3% em 2010 para 77,6% em 2015. Quanto à mamografia, foi observada redução

(-6,3%) na prevalência entre 2010 (85,6%) e (79,3%) 2015.

Dados do Vigitel de 2015 para peso e altura auto-referidos em adultos apontaram

aumento significativo (p=0,006) da prevalência de obesidade no DF, passando de 10,5% (IC95%

8,5%-12,4%) em 2006 para 14,4% (IC95% 11,7%-17,0%) em 2015 (Quadro1). Por outro lado,

a prevalência de fumantes no DF reduziu de maneira significativa (p=0,002) de 15,7% (IC95%

13,1%-18,3%) em 2006 para 11,4% (IC95% 8,3%-14,5%) em 2015. Já o consumo abusivo de

bebidas alcoólicas em adultos aumentou significativamente (p=0,046), de 15,0% (IC95% 12,6%-

17,4%) em 2006, para 24,0% (IC95% 20,2%-27,7%) em 2015.

78

Analisando os fatores de proteção para DCNT no DF, observa-se que a prevalência de

prática de atividade física suficiente no lazer entre adultos passou de 38,5% (IC95% 34,6%-

42,4%) em 2009 para 52,1% (IC95% 47,9%-56,3%) em 2015, porém esse incremento não foi

significativo estatisticamente (p = 0,197). Por outro lado, o consumo recomendado de frutas e

hortaliças apresentou tendência de aumento significativa (p = 0,011), passando de 23,1% (IC95%

21,0%-25,2%) em 2008 para 39,5% (IC95% 35,5%-43,6%) em 2015 (Quadro 1).

Com relação ao acesso à mamografia de mulheres de 50 a 69 anos de idade no DF,

observa-se que em 2007, 69,0% (IC95% 62,4%-75,5%) delas referiram ter realizado esse exame

nos últimos dois anos. Já em 2015, essa prevalência caiu para 79,3% (IC95% 72,1%-86,5%),

sem, contudo, ser uma redução estatisticamente significativa (p = 0,118). Quanto à realização

auto-referida de exame preventivo de câncer de colo uterino de mulheres de 25 a 64 anos, o

percentual observado foi de 76,3% (IC95% 72,8%-79,9%) em 2007 e de 77,6% (IC95% 71,4%-

83,0%) em 2015, com tendência de estabilidade (Quadro 1).

Ao ser analisado o alcance das metas previstas no Planae-BR para os indicadores no DF,

observa-se que as metas de aumento do consumo de frutas e hortaliças, da prevalência de

atividade física e cobertura de mamografia acima de 70% já foram alcançadas antes de 2022.

Já os indicadores de redução da taxa de mortalidade prematura e de redução da prevalência do

tabagismo apresentaram tendências favoráveis para o alcance das metas até 2022.

Com relação as metas de deter o excesso de peso e da obesidade, e da redução do

consumo abusivo do álcool, ao contrário do esperado, foram observadas tendências de aumento,

conforme apresentado no Quadro 1. O indicador do exame preventivo de câncer de colo uterino

está abaixo da meta preconizada.

Discussão

O monitoramento no DF referente às metas do Plano de Ações Estratégicas para o

Enfrentamento das DCNT (Planae-BR), aponta que três das nove metas avaliadas já foram

alcançadas em 2015, a saber: (i) aumento do consumo de frutas e hortaliças; (ii) aumento da

prevalência de atividade física; e (iii) cobertura de mamografia acima de 70%. Vale ressaltar

que quanto ao exame de mamografia, a meta foi atingida desde 2010, embora não tenha sido

notado incrementos desde então.

Dois indicadores apresentam tendências favoráveis para o alcance das metas até 2022:

(i) redução da taxa de mortalidade prematura; e (ii) redução da prevalência do tabagismo. Já os

indicadores de excesso de peso, obesidade e consumo abusivo do álcool, ao contrário,

79

apresentaram tendência de aumento . Quanto à realização da citologia oncótica, vale mencionar

que houve estabilização da prevalência, ficando abaixo da meta em todo o período de análise.

Quanto à TMP-DCNT no DF observou-se que a tendência, entre 2000 e 2010 que já era

de queda, foi acentuada e, assim, a meta de declínio de 2% ao ano foi superada para o período

de análise. O achado foi semelhante ao estudo de Malta et al 15 que mostrou tendência de redu-

ção para o Brasil das taxas de mortalidade por DCNT no período 2000-2011, com declínio

médio de 2,5% ao ano no mesmo período (de 499,9/100 mil hab. para 378,0/100 mil hab.).

Alves et al 20, em estudo de análise de série temporal das taxas padronizadas de mortalidade

entre 2000-2011, estimou que, para o conjunto dos quatro grupos de DCNT, o DF apresentou

cenário favorável para o cumprimento da meta prevista pelo Planae-BR 20. Estudos indicam que

a queda nas taxas de mortalidade por DCNT estão relacionadas à melhora do acesso aos servi-

ços de saúde, ao declínio do tabagismo, além de melhorias nas condições socioeconômicas 21,22.

Quanto à queda na prevalência do tabagismo no DF em direção à meta esperada, ob-

serva-se concordância com dados nacionais. A redução da prevalência de tabagismo é o

indicador de fator de risco que mais tem avançado no Brasil, o que pode ser atribuído em grande

parte às medidas regulatórias adotadas nos últimos anos, tais como a proibição da propaganda,

aumento dos preços, figuras de advertências nos maços, dentre outras 6, 9, 23, 24. Tais legislações

tem abrangência nacional, e são adotadas pelo DF. Segundo dados da Pesquisa Nacional de

Saúde e Nutrição em 1989, a prevalência do tabagimso no Brasil era de 34,8% 25. Em 2008, a

Global Adult Tobacco Survey (GATS), que no Brasil foi denominada Pesquisa Especial de

Tabagismo (PETAB) apontou que 17,2% dos adultos tinham hábito de fumar e a PNS apontou

14,7% em 2013 19, 23, 24. A meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde prevê uma

redução de 30% do tabagismo em 10 anos, o que equivale à meta estabelecida no Planae-BR 3-

7, 9. Pelos dados do Vigitel, aproximadamente metade dessa meta já foi atingida nesses primeiros

anos 12.

Por outro lado, as metas de deter o crescimento do sobrepeso e da obesidade não foram

atingidas no DF, semelhante ao ocorrido para o país e também para o mundo. Pesquisadores

projetam a continuidade do crescimento do sobrepeso e da obesidade globalmente 12, 26. A per-

manência dessas metas nos Planos de enfrentamento dsa DCNT reforça o compromisso dos

países em continuar na busca por soluções e estratégias para o enfrentamento deste importante

problema no futuro.

No DF, o consumo recomendado de frutas e hortaliças mostrou tendência de aumento,

em ambos os sexos. Ainda assim, é uma prática de quatro em cada dez pessoas adultas,

80

necessitando de esforços que visem ao aumento desse consumo, seja por meio de medidas de

incentivo à produção, comunicação, dentre outras 6, 7, 12.

As prevalências de prática de atividade física no tempo livre mostraram estabilidade no

DF no período de análise. Estudos globais tem identificado aumento da inatividade física 26. O

Planae-BR propoe a construção das Academias da Saúde, que tem se constituído em importante

programa para apoiar o incremento da atividade física populacional 6, 27. Simoes et al 28 apontam

o benefício de programas comunitários de atividade física no aumento dessa prática na popula-

ção.

O consumo abusivo de bebidas alcoólicas no DF aumentou no período estudado. É sa-

bido que o consumo abusivo é responsável por diversos problemas de saúde, como doenças

hepáticas, neoplasias, transtornos mentais, acidentes, e violências, gerando elevados custos para

a sociedade, decorrentes de perdas de produtividade, cuidados em saúde, absenteísmo no tra-

balho, entre outros 4, 6. Considera-se ousada a meta de reduzir o consumo abusivo de álcool e,

para tanto, o DF, da mesma forma que o Brasil, deve avançar na implementação dos marcos

regulatórios, em especial na proibição da propaganda das cervejas 6, 7, 29. No Brasil, a propa-

ganda das bebidas alcoólicas é regulamentada pela Lei n° 9.294, de 15 de julho de 1996, que

faz restrições de horário, de local e de conteúdo para as peças publicitárias 30. As cervejas, para

efeito da lei, estão abaixo do teor alcoólico de 13º Gay-Lussac, e sendo as bebidas alcoólicas

mais consumidas no País, não são alcançadas nas restrições de publicidade.

No que se refere à realização auto-referida de exames preventivos de câncer de mama,

a prevalência observada no DF já estava acima da meta nacional em 2010, com tendência de

estabilidade no período estudado de 5 anos. Quanto ao papanicolau, a prevalência está abaixo

da meta de 85%, entretanto, com tendência de estabilidade. Ressalta-se que os dados do Vigitel

utilizados nesse estudo referem-se às pessoas que possuem telefone fixo na residência no DF,

ou seja, locais onde se espera exista maior cobertura e procura por estes exames, além de maior

escolaridade da população 12.

Por outro lado, no Relatório Anual de Gestão de 2015 da SES/DF, as metas de

mamografia de rastreamento em mulheres de 50 a 69 anos, bem como o de exames

citopatológiocos do colo do útero em mulheres de 25 a 64 ficaram abaixo do esperado, segundo

o Plano Distrital de Saúde (2016-2019). Este fato foi justificado pelos problemas de manutenção

dos mamógrafos, falta de recursos humanos especializados, e consequente falta de liberação de

laudos, gerando atrasos nos registros de monitoramento 31-32. Por meio de campanhas anuais

do Programa Saúde da Mulher, tais como “Outubro Rosa e “Brasília de Todas as Mulheres”, a

81

Secretaria Estadual de Saúde do DF (SES/DF) busca alertar a sociedade, em especial, as mu-

lheres, sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo

de útero, bem como prover os recursos necessários para prevenção e detecção precoce.

O Ministério da Saúde também tem desenvolvido estratégias para garantir aumento da

oferta de citologia oncótica (Papanicolau) e de mamografia em todo o país 12, 33, bem como

garantia da qualidade deste exame, o que pode explicar as altas prevalências de cobertura

autoreferida.

Como limites do estudo destacamos o fato de o Vigitel coletar informaçoes da população

adulta que dispõe de telefone fixo. Lembramos, entretanto, que os pesos de pós-estratificação

ajustam as prevalências, aproximando-as das estimativas populacionais 12. Ainda assim, espera-

se certa limitação na validade externa dos resultados para as populações que não são alvo do

inquéritoVigitel com respeito ao alcance das metas analisadas. Além disso, deve ser

considerada alguma margem de erro em informações auto-referidas que podem prejudicar as

estimativas pontuais e, em maior escala, as comparações temporais para avaliação do alcance

das metas estudadas. Ainda assim, o tamanho amostral e a robusta e padronizada metodologia

adotada pelo Vigitel, permitem seu uso para monitoramento de metas com margem aceitável

de precisão e validade.

Ainda quanto às limitações dos dados utilizados neste estudo, citamos que não foram

analisados demais inquéritos que compõem a linha de base do Plano de Ações Estratégicas para

o Enfrentamento das DCNT em 2011 6. Dentre os estudos, citamos: i) a Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF), que apresenta dados relevantes sobre o consumo alimentar sendo a próxima

edição em 2017, com abrangência nacional 18; ii) a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-

lios (PNAD) de 2008, realizada pelo IBGE, foi a linha de base para indicadores como mamo-

grafia e Papanicolau 34; iii) a PNAD foi substituída pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) que

foi a campo em 2013 e incluiu antropometria e todos os fatores de risco de DCNT 19; iv) a PNS,

que possibilitará monitoramento a cada cinco anos da maioria das metas do Plano de DCNT, e

também das metas do Plano Global de DCNT 3, 19; e v) a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

(PeNSE), realizada em adolescentes do 9º ano, a cada três anos, em escolas públicas e particu-

lares, com representatividade para Brasil, regiões e capitais, possibilitará monitorar metas junto

à população dessa faixa etária 35.

O monitoramento é ferramenta crítica para a gestão e fundamental no

acompanhamento rotineiro de informações prioritárias, tanto para o processo de implementação

dos planos de enfrentamento das DCNT, como para o acompanhamento de seu desempenho

82

operacional e finalístico 36. Estudos como este são fundamentais por apresentarem visão

estratégica das conquistas e desafios enfrentados pelo DF.

Para que sejam cumpridos os compromissos do Planae-BR feitas em 2011 até 2022,

o DF deve aprofundar a descrição do seu plano de enfrentamento das DCNT, identificação

metas, objetivos e atividades que o constituem, buscando ampliar ações implementadas

referente aos bons resultados, e revisão estratégias das metas não alcançadas.

Deve ainda avançar em medidas regulatórias e legais, especialmente relacionadas ao

álcool e aos alimentos, tendo em vista o exemplo bem sucedido dessas medidas para a redução

do tabagismo. Parcerias entre diferentes setores também se mostram fundamentais no apoio às

ações de prevenção de DCNT, seja na captação de recursos financeiros e no fortalecimento de

capacidades, seja na pesquisa e defesa de ações de prevenção e controle de doenças não

transmissíveis.

As DCNT representam elevada carga de doença no Brasil e no DF, e seu

enfrentamento sugere estar na direção certa. O número de pessoas com DCNT que requerem

atendimento tende a aumentar, gerando aumento de demanda e da carga ao sistema público de

saúde. O aumento do excesso de peso e da obesidade, do consumo abusivo de bebida alcoólica,

ilustram a necessidade de organizar, qualificar e ampliar a vigilância, o monitoramento, a

promoção da saúde e o cuidado integral da população do DF.

Contribuição das autoras

Oliveira TP, Duarte EC, Poças KC, Cristo EB e Malta DC participaram da concepção do estudo,

análise e interpretação dos dados, redação e revisão do conteúdo intelectual do artigo. Os

autores revisaram a versão final do manuscrito e assumem responsabilidade por todos os

aspectos do trabalho, incluindo a garantia de sua precisão e integridade.

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Distrital de Saúde da SES/DF (2016/2019). Plenário do Conselho Estadual de Saúde. Diá-

rio Oficial do Distrito Federal. Governo do Distrito Federal. Brasília, DF, 12abr. 2016. Se-

ção 1, p. 9.

33. Silva Junior JB, Magalhães HJ. Initiatives in cancer control from Brazil's Ministry of

Health. The Lancet Oncology [periódico na internet] 2013 [acesso em 20 jan

2017]:14(5):385–386. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23628183

34. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (BR). Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística - IBGE. Pesquisa Nacional por amostra de domicílios. Um panorama da saúde

no Brasil: acesso e utilização dos serviços, condições de saúde e fatores de risco e

proteção à saúde: 2008. Rio de Janeiro: IBGE; 2010b.

35. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (BR). Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística - IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PENSE 2015. Rio de Janeiro:

IBGE; 2016. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2015/default.shtm

87

36. Santos EM, Cruz MM, Decotelli PV, Chispin PPM, Abreu DMF. Avaliadores in

Situ(ação): reflexões e desafios sobre a institucionalização da prática avaliativa no PN

DST/Aids. In: Onocko RC, Furtado JF, organizadores. Desafios da avaliação de progra-

mas e serviços em saúde. Campinas: Editora Unicamp; 2011. p.205-222.

88

Figura 1 - Taxas de mortalidade pelo conjunto dos quatro principais grupos de DCNT entre adultos de 30 a 69 anos de idade, segundo

sexo, Distrito Federal, 2000 a 2012.

a) Padronizadas por idade para a população-padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), corrigidas para sub-registro e com redistribuição das causas mal

definidas de morte

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

528,99 542,08 524,92514,71

500,36483,21

455,25437,14

410,04 407,33

349,86 365,72

372,25363,6

338,38 337,23 327,21313,73

301,06 288,94275,36 263,15

240,95231,91

445,36 446,54424,77 418,95

406,59390,87

370,79355,6

335,64 327,26

289,14290,94

390,34382,53 374,88

254,83249,73

244,74

314,93 308,63302,46

0

100

200

300

400

500

600

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa

pad

ron

izad

a p

or

(10

0,0

00

hab

)

Masculino

Feminino

Total

Meta Masculino

Meta Feminino

Meta Total

89

Figura 2 - Taxas de mortalidade a pelo conjunto dos quatro principais grupos de DCNT entre adultos de 30 a 69 anos de idade no

Distrito Federal, na região Centro-Oeste e no país, Brasil, 2000 a 2012.

b) Padronizadas por idade para a população-padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), corrigidas para sub-registro e com redistribuição das causas mal

definidas de morte

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

0

100

200

300

400

500

600

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa

pad

ron

izad

a p

or

10

0.0

00

hab

.

Brasil

Centro-Oeste

Distrito Federal

90

Figura 3 – Taxa de mortalidade a por doenças crônicas não transmissíveis entre adultos de 30 a 69 anos de idade, por grupos principais de

DCNT, para o Distrito Federal, 2000 a 2012.

a) Padronizadas por idade para a população-padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), corrigidas para sub-registro e com redistribuição das causas mal

definidas de morte

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Taxa

pad

ron

izad

a p

or

10

0.0

00

hab

.

Neoplasias

Diabetes Mellitus

Doenças Cardiovasculares

Doenças Respiratórias

Doenças Crônicas (Total)

91

Quadro 1 – Prevalência* de fatores de risco ou proteção e alcance das Metas definidas pelo Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas

Não Transmissíveis (DCNT)* população adulta (18 ou mais anos de idade) do Distrito Federal, 2006 à 2015.

Fator Fumantes

adultos com

excesso de

peso (IMC≥

25 kg/m2)

adultos com

obesidade

(IMC≥ 30

kg/m2)

adultos que conso-

mem frutas e horta-

liças conforme reco-

mendado

adultos que praticam

atividade física sufici-

ente no tempo livre

(lazer)

adultos que consumi-

ram bebidas alcoóli-

cas de forma abusiva

mulheres (50 a 69

anos) que realizaram

mamografia nos últi-

mos dois anos

mulheres (25 a 64 anos)

que realizaram citolo-

gia oncótica para cân-

cer de colo do útero nos

últimos três anos

2006 % 15,7 40,8 10,5 - - 15,0 - -

IC 95%b 13,1-18,3 37,5-44,2 8,5-12,4 - - 12,6-17,4 - -

2007 % 14,6 39,8 10,5 - - 16,9 69,0 76,3

IC 95%b 12,6-16,6 37,2-42,4 9,0-12,1 - - 14,7-19,0 62,4-75,5 72,8-79,9

2008 % 13,4 41,6 12,4 23,1 - 17,5 65,7 75,7

IC 95%b 11,4-15,4 39,0-44,2 10,7-14,0 21,0-25,2 - 15,3-19,7 58,8-72,6 72,1-79,3

2009 % 15,0 38,2 9,1 27,1 38,5 18,8 66,9 79,7

IC 95%b 11,7-18,2 34,3-42,0 7,1-11,2 23,9-30,3 34,6-42,4 15,8-21,8 57,2-76,7 74,3-85,1

2010a % 14,1 44,8 10,0 27,0 41,3 19,9 85,6 74,3

IC 95%b 10,3-17,8 39,3-50,3 7,6-12,4 22,9-31,1 36,3-46,2 15,7-24,0 78,6-92,6 62,6-86,6

2011 % 10,3 49,0 14,2 26,5 36,7 14,5 70,0 76,2

IC 95%b 8,5-12,0 46,4-51,7 12,4-16,0 24,2-28,8 34,1-39,2 12,6-16,3 63,8-76,1 72,5-79,6

2012 % 10,4 46,6 14,3 28,3 38,7 19,8 69,3 81,5

IC 95%b 8,6-12,1 43,8-49,4 12,4-16,1 25,9-30,8 36,0-41,5 17,4-22,2 62,8-75,8 77,7-84,3

2013 % 10,7 49,0 15,0 29,7 41,5 16,4 80,4 76,5

IC 95%b 8,8-12,7 46,2-51,9 13,0-17,0 27,2-32,1 38,7-44,3 14,2-18,5 75,4-85,4 73,0-80,7

2014 % 9,7 50,3 15,8 29,3 37,4 21,0 77,0 76,3

IC 95%b 7,7-11,7 47,0-53,6 13,4-18,2 26,4-32,2 34,2-40,6 18,0-24,1 71,3-82,6 71,8-80,7

2015 % 11,4 47,9 14,4 39,5 52,1 24,0 79,3 77,6

IC 95%b 8,3-14,5 43,7-52,0 11,7-17,0 35,5-43,6 47,9-56,3 20,2-27,7 72,1-86,5 71,4-83,0

Meta 2022

(prevalência esperada) 9,9 44,8 10,0 29,7 45,4 17,9 > 70 85,0

(2015-2010)

diferença observada entre

prevalências

-2,7 2,1 4,4 12,5 10,8 4,1 -6,3 2,9

Tendência

2006-2015

Tendência redução aumento aumento aumento estabilidade aumento estabilidade estabilidade

p-valor 0,002 0,002 0,006 0,011 0,197 0,046 0,118 0,610

a linha de base; b Intervalo de confiança de 95%;

Foram considerados, como estatisticamente significativos, os casos onde p-valor < 0.05. O cálculo do p-valor foi feito pela regressão linear para o período de 2006 a 2015.

*As metas se referem ao Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. **Fonte: Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel, 2006 -2015).

92

8.3. ARTIGO 3

Artigo original a ser submetido à Revista Ciência e Saúde Coletiva

Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis do Distrito Federal

(2017-2022): Um Estudo de Avaliabilidade

Taís Porto Oliveira 1, 2

Kátia Crestine Poças 3

Elisabeth Carmen Duarte 3

4. Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio

Arouca (Ensp) – Rio de Janeiro, Brasil.

5. Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS, Ministério da Saúde, DF,

Brasil.

6. Universidade de Brasília, DF, Brasil.

Endereço para correspondência:

Taís Porto Oliveira – Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Departamento de

Monitoramento e Avaliação do SUS, Coordenação Geral de Gestão da Informação Estratégica,

Ministério da Saúde, Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 3º andar, sala 356,

Brasília-DF, Brasil. CEP: 70058-900. E-mail: [email protected]

Artigo baseado na dissertação de mestrado de Oliveira TP, intitulada “Plano de enfrentamento

das doenças crônicas não transmissíveis no Distrito Federal (Planae-DF): análise de situação e

estudo de avaliabilidade”, apresentada ao programa de mestrado profissional de avaliação em

saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, FIOCRUZ, 2017

Resumo

O artigo tem como objetivo apresentar os resultados do estudo de avaliabilidade do Plano de

enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Distrito Federal (Planae-

DF – 2017-2022), com ênfase no eixo de vigilância, monitoramento e avaliação. Trata-se de

uma estratégia no âmbito da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde do DF,

que visa diminuir a prevalência dos fatores de risco e morbimortalidade por DCNT, relevantes

problemas de saúde pública. O estudo qualitativo foi realizado no período de julho de 2016 a

fevereiro de 2017 em seis etapas: a) análise documental; b) identificação e engajamento de

93

interessados na avaliação; c) entrevista; d) construção do modelo lógico (ML) e matriz de

análise e julgamento (MAJ); e) reuniões de consenso; e f) disseminação de resultados. A

construção do ML levou em consideração quatro componentes: (i) vigilância e monitoramento;

(ii) gestão e financiamento; (iii) articulação intra e intersetorial; e (iv) ensino e formação. A

MAJ descreveu indicadores, fontes de verificação, pontos de corte e julgamento. O Planae-DF

é passível de avaliação, sendo o EA se mostrado apropriado pela ampliação da compreensão

dos envolvidos e melhor definição das estratégias intra e intersetoriais para o enfrentamento das

DCNT.

Palavras-chave: Avaliação em Saúde, Doença Crônica, Vigilância em Saúde Pública

Abstract

The objective of this study was to carry out an evaluation study (ES) of the Strategic Plan to

reduce de borden of Noncommunicable Diseases (NCD) of the Federal District (Planae-DF –

2017-2022), Brazil, focusing on the surveillance, monitoring and evaluation axis. It is a strategy

within the scope of the Epidemiological Surveillance of the State Department of Health of the

Federal District, which aims to reduce the prevalence of risk factors and morbidity and mortality

by NCDs, relevant public health problems. The qualitative study was carried out from July 2016

to February 2017 in six stages: a) documentary analysis; b) identification and engagement of

stakeholders in the evaluation; c) interview; d) construction of the logical model (LM) and

matrix of analysis and judgment (MAJ); e) consensus meetings; and f) dissemination of results.

The construction of LM took into consideration four components: (i) surveillance and

monitoring; (ii) management and financing; (iii) intra and intersectoral articulation; and (iv)

education and training. The MAJ described indicators, sources of verification, cutoff points and

judgment. The Planae-DF can be evaluated, being the ES proved appropriate by broadening the

understanding of those involved and a better definition of intra and intersectorial strategies for

coping with NCDs.

Key words: Health Evaluation, Chronic disease, Public Health Surveillance

94

Introdução

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são doenças não infecciosas, não

transmitidas de pessoa para pessoa, com longa duração e geralmente com lenta progressão

(WHO, 2016a). São as principais causas de morte no mundo, atribuídas majoritariamente à

doença do aparelho circulatório (DAC), ao câncer, à diabetes e à doença respiratória crônica.

Esse conjunto de doenças possui conhecidos determinantes e fatores de risco: i) não

modificáveis (sexo, genética e idade); ii) modificáveis (tabagismo, alimentação inadequada,

uso nocivo do álcool e inatividade física); e iii) intermediários (hipertensão, dislipidemias,

sobrepeso, obesidade e intolerância à glicose). São doenças multifatoriais e têm fatores de risco

comportamentais e genéticos frequentemente envolvidos nos seus modelos de causalidade e,

portanto, alvos de suas estratégias de enfrentamento 1, 2.

A carga dessas doenças recai especialmente sobre países de baixa e média renda 3 e

têm gerado elevado número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida, com alto grau

de limitações e incapacidades, além de serem responsáveis por impactos econômicos para as

famílias, sociedade em geral, e para os sistemas de saúde 4. Em 2012 a Organização Mundial

de Saúde (OMS) estimou que as DCNT foram responsáveis por 38 milhões (68%) das 56

milhões de mortes de pessoas em todo o mundo, das quais 17,5 milhões de mortes por ano

foram por DAC, seguidas do câncer (8,2 milhões), das doenças respiratórias crônicas (4

milhões) e do diabetes (1, 5 milhões) 5.

No Brasil, o número total de óbitos em 2011 foi 1.170.498, dos quais 800.118

relacionados às DCNT, o equivalente a 72,7% das mortes, após correções para causas mal

definidas e sub-registro 4. No Distrito Federal (DF), em 2014, estima-se que as principais causas

de óbito registradas por DCNT corresponderam a 71,24% do total de óbitos (n=12.018) 6.

De acordo com o Relatório do Fórum Econômico Mundial, se nada for feito nas

próximas duas décadas, as DCNT custarão mais de US $ 30 trilhões, montante que em média

representaria 48% do PIB mundial de 2010, empurrando milhões de pessoas abaixo da linha de

pobreza. Estudos indicam que o investimento em ações relacionadas aos fatores de risco dessas

doenças são de dois milhões de dólares ao ano, ou seja, o equivalente a menos de US $ 0,40 por

pessoa, em paises de baixa e média renda, destacando o quanto é mais econômico apostar na

prevenção das DCNT 7.

Reconhecendo a importância social e o impacto das DCNT sobre a saúde pública,

desde 2011 são aprovados Planos estratégicos no enfrentamento das DCNT (Planae), que

compreendem compromissos políticos de escala global, com definição de ações e metas

95

prioritárias até 2025, na busca da redução da mortalidade prematura (mortes antes de 70 anos)

5, 8-10. No Brasil (Planae-BR) e no DF (Planae-DF), também foram aprovados planos de

enfrentamento de DCNT, para os períodos de 2011-2022 e 2012-2016, respectivamente 1, 11.

Os Planaes priorizam quatro principais grupos de doenças crônicas (DCV, câncer,

respiratórias e diabetes) e seus fatores de risco em comum modificáveis (tabagismo, consumo

nocivo de álcool, inatividade física, alimentação inadequada). São compostos em três eixos: i)

vigilância, informação, avaliação e monitoramento; ii) promoção da saúde; e iii) cuidado

integral. O Planae-BR definiu metas semelhante ao Plano Global 1, 9. O DF não incluiu em seu

Planae-DF (2012-2016) as seguintes metas previstas nacionalmente: consumo abusivo de

álcool, cobertura de mamografia e exame preventivo de câncer de colo uterino 11.

Face ao pouco tempo de implementação das ações de enfrentamento das DCNT no DF,

a complexidade das ações e a responsabilidade social que o programa exige, o momento

oportuno para aumentar o conhecimento dos envolvidos sobre o programa, posto que o DF está

prestes à elaboração do novo Planae-DF (2017-2022), fez-se importante apreciar em que

medida a estratégia estaria em condições de se submeter a uma avaliação.

Neste sentido, foi proposto estudo pré-avaliativo, também conhecido como estudo de

avaliabilidade (EA), entendido como um conjunto de procedimentos presentes no planejamento

de avaliações que as partes interessadas devem levar em conta, a fim de maximizar a utilidade

da avaliação 12, 13. Além da utilidade para a avaliação, a contribuição desse tipo de estudo é

notória à equipe envolvida na implementação do mesmo, visto que exploram objetivos,

expectativas e informações relativas à realidade do programa, as quais são necessárias aos

gestores e aos envolvidos na intervenção para aumentarem o conhecimento sobre a

complexidade das ações que devem ser desencadeadas no enfrentamento das DCNT. Os

produtos desejados da EA são: i) descrição completa do programa; ii) plano de avaliação em

comum acordo entre as partes interessadas contendo as questões fundamentais a serem

abordadas pela avaliação; e iii) modelo lógico do programa 13, 14.

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi realizar estudo de avaliabilidade do Planae-DF

(2017-2022), com ênfase no eixo de vigilância, monitoramento e avaliação, de forma a torná-

lo mais plausível e avaliável a partir do engajamento dos interessados na avaliação.

Métodos

Estratégia do estudo

Foi realizado estudo de avaliabilidade do Planae-DF, previsto para o período de 2017 a

2022, com foco no eixo vigilância, monitoramento e avaliação. O estudo contou com

96

participação dos gestores da Secretaria Estadual de Saúde do DF (SES/DF), especialmente com

o Núcleo de Vigilância Epidemiológica das Doenças não Transmissíveis, da Diretoria de

Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal

(NVEDNT/DIVEP/SES/DF), entre o período de julho de 2016 a fevereiro de 2017. Foram

realizadas: a) análise documental; b) engajamento dos interessados na avaliação; c) entrevista;

d) construção do modelo lógico (ML) e matriz de análise e julgamento (MAJ); e) reuniões de

consenso; e f) disseminação de resultados. As estratégias utilizadas no estudo são apresentadas

na Figura 1.

Figura 1. Estratégia utilizada para o EA do Plano de Enfrentamento das DCNT do DF (2017-

2022).

Fonte: Elaboração dos autores.

Análise documental

De forma a melhor compreender a teoria que embasa a estratégia do enfrentamento das

DCNT, foram realizadas consulta a documentos disponibilizados pelos web sites institucionais

da OMS, do Ministério da Saúde (MS), da SES/DF, e do Diário Oficial da União e do DF.

Foram selecionados os seguintes documentos: a) Plano de Ação Global para Prevenção e

Controle de DCNT 2013-2020 9; b) Plano Nacional de Enfrentamento das DCNT (2011 a 2022)

1; c) Projeto de Enfrentamento das DCNT do Distrito Federal (2012-2016) 11; d) Plano

Plurianual do Distrito Federal para o quadriênio 2016-2019 15; e) Relatório de Gestão – Período

Levantamento e análise documental

Entrevista com NVEDNT/DIVEP e engajamento dos

interessados

1ª. Versão do Modelo Lógico (ML) do Planae-

DF

1ª. Versão da Matriz de Análise e

Monitoramento (MAJ)

Pré-Oficina com equipe NVEDNT/DIVEPReunião para consenso

Reelaboração do ML e MAJ do Plano de

enfrentamento de DCNTT do DF

Validação do ML e da MAJ: critérios, valores

e pontos de corte

Elaboração de relatório com lições aprendidas

e disseminação de achados

97

de Janeiro a Dezembro de 2015 16; e f) Portaria nº 23, de 9 de agosto de 2012 17.

Após ciência e autorização da realização deste estudo de avaliabilidade pelo

Subsecretário de Vigilância em Saúde do DF, foram realizadas entrevista e discussão com os

técnicos do NVEDNT/DIVEP/SES/DF, e engajados os interessados na avaliação do plano de

enfrentamento das DCNT.

Entrevista e engajamento dos interessados na avaliação

Foi realizada entrevista com a gerente do NVEDNT/DIVEP/SES/DF, por meio de

questionário semi-estruturado no intuito de entender como cada componente Planae-DF

contribuia para a redução da mortalidade prematura por DCNT. No questionário constavam

treze perguntas relacionadas à estratégia de enfrentamento das DCNT do DF, a saber: i) qual o

problema de saúde que se pretende resolver? ii) qual é a estratégia de governo adotada para

resolver este problema? iii) quais os objetivos gerais e específicos? iv) quais as metas que se

pretende alcançar? v) os objetivos e metas são consistentes com o problema? vi) qual o público-

alvo? vii) quais os componentes? viii) que atividades são realizadas? ix) qual a integração com

a atenção básica e vigilância epidemiológica? x) De que estrutura (recursos humanos,

financeira, etc..) necessária? xi) quais os produtos esperados com a realização das atividades?

xii) quais os resultados a serem pretende alcançados? xiii) que fatores podem influenciar o

alcance destes resultados? Antecedente à coleta de dados, foi entregue o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ao participante, realçando o sigilo e a

confidencialidade.

A partir da entrevista também foram identificados interessados na estratégia do Planae-

DF e consequentemente na avaliação do mesmo. Posteriormente foram planejadas oficinas

internas com as equipes do NVEDNT/DIVEP/SES/DF e oficinas de consenso, de forma a

engajar os interessados das demais áreas responsáveis por ações de enfrentamento de DCNT,

como planejamento, atenção básica, núcleos de vigilância, além da universidade e conselho de

saúde.

Modelo Lógico (ML) e Matriz de Análise e Julgamento (MAJ)

Modelos lógicos (ML) são representações sistemáticas e visuais que auxiliam na

compreensão das relações entre recursos disponíveis, ações programadas e resultados

alcançados 18. Para a construção do ML do Planae-DF foram utilizadas três referências em

modelagem de programa: Ferreira et al 19; Cassiolato et al 20; e Centers for Disease Control and

Prevention (CDC) 21.

Com base na análise documental e na entrevista com o informante-chave, foi elaborada

98

1ª. versão do ML do Planae-DF, permitindo visualizar a racionalidade entre ações estratégicas,

atividades relevantes e relações de dependência dos recursos com resultados intermediários e

final.

Em seguida foi elaborada a 1ª. versão da MAJ, contendo para cada componente do ML

pré-estabelecido, indicadores, padrão e fontes de verificação 19, 22. As matrizes são utilizadas

como forma de expressar a lógica causal de uma intervenção em sua parte e no todo, traduzindo

como seus componentes contribuem na produção dos resultados, favorecendo sínteses em

forma de juízo de valor 22. Para cada componente da MAJ foi sugerido pontuação, cuja soma

de seus quatro componentes totalizou 100 pontos. A pontuação prevista para os recursos/insu-

mos foi compatível com o valor atribuído para cada componente. Por exemplo, para o primeiro

componente, cuja pontuação máxima foi de 25 pontos, foram previstos dois recursos: 10 e 15

pontos. O mesmo critério foi utilizado no momento da discriminação de indicadores e padrões.

Foi realizada reunião com os técnicos do NVEDNT/DIVEP/SES/DF, que validaram as

primeiras propostas dos ML e MAJ, bem como manuais de apoio a serem utilizados nas etapas

posteriores do EA. Após considerações e readaptação das primeiras versões dos ML e MAJ, foi

realizada oficina de consenso, com os interessados na avaliação do Planae-DF. Foram convida-

das as seguintes áreas estratégicas: i) planejamento e orçamento; ii) núcleos de vigilância epi-

demiológicos das regionais de saúde do DF; iii) atenção básica; iv) cuidado integral; v) média

e alta complexidade; vi) Conselho de Saúde do DF; e vii) Universidade de Brasília. Houve

participação de trinta e cinco técnicos e gestores de todas as áreas convidadas, com exceção da

média e alta complexidade.

Durante a oficina de consenso foram apresentados conceitos do estudo avaliativo, dos

elementos constituintes do ML e MAJ 23 e da metodologia a ser empregada no EA. De forma a

caracterizar o problema das DCNT no DF, foram apresentadas prevalências de fatores de risco

e de morbimortalidade do DF, bem como de seu monitoramento, a partir da análise de inquéritos

de pesquisa de vigilância de fatores de risco e proteção de DCNT por telefone (Vigitel) 24, e da

Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013 25.

Para validar o ML e a MAJ os interessados na avaliação analisaram os componentes do

Planae-DF, utilizando teste de consistência e análise de vulnerabilidade, sugerido por Ferreira

et al 19. O teste de consistência descreve a lógica da intervenção com hipóteses, verificando

uma série de assertivas “se – então” e a análise de vulnerabilidade identifica os elementos de

99

invalidação das apostas contidas na estruturação do modelo lógico, decorrentes das assertivas

“se – então” verificadas no teste de consistência 19. Na checagem dos componentes, os atores

envolvidos analisaram e sugeriram alterações nas informações, contidas em cada elemento do

ML, no sentido de torná-lo o mais completo e factível possível. A análise de vulnerabilidade

partiu da assertiva “se-então” verificadas no teste de consistência para identificar os elementos

de invalidação das apostas contidas na estruturação do ML, considerando os fatores contextuais.

Para a construção do MAJ também foi aplicada a mesma metodologia de validação 19. Os atores

envolvidos aprovaram o conteúdo e a plausibilidade das relações estabelecidas no ML e

participaram ativamente da construção dos itens da MAJ.

Para a etapa de disseminação de resultados, além da publicação de artigos em revistas

científicas e informes técnicos, estão previstos trabalhos futuros em parceria com a SES/DF,

incluindo a elaboração do Planae-DF (2017 a 2022), com atividades consensuadas entre os

participantes do estudo de avaliabilidade.

Considerações Éticas

O projeto de pesquisa obteve a anuência do Gestor Estadual de Saúde do DF,

Subsecretário de Vigilância à Saúde, tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/FIOCRUZ), parecer nº 1.640.236, e

Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS/SES/DF), parecer nº

1.851.221.

Resultados e Discussão

A avaliação, focada na utilização, busca envolver os usuários potenciais no processo

avaliativo, por meio da participação dos atores em suas etapas, incluindo tomada de decisão 26.

Antes de se implementar a avaliação faz-se importante o fortalecer compromisso entre avaliador

e interessados na avaliação. Neste estudo, os atores interessados participaram do período de

concepção da pesquisa até a sua realização, propiciando uma construção coletiva e

consensuada. De acordo com Santos et al 27, este envolvimento propicia uma cultura de

aprendizado e de desenvolvimento institucional.

De acordo com o Baker et al 28 para a realização de boas avalições em saúde pública

são necessárias seis etapas: a) engajar as partes interessadas; b) descrever o programa; c)

focalizar o projeto de avaliação; d) reunir a avaliar evidências; e) justificar conclusões; e f)

garantir o uso e compartilhamento das lições aprendidas.

Engajamento dos interessados na avaliação

A avaliação não pode ser feita de forma isolada, e, sim, envolvendo parcerias entre

100

organizações diferentes, membros de conselho, os usuários afetados pelo problema, dentre

outros. A inclusão das partes interessadas no planejamento e implementação da avaliação é

essencial para cumprimento dos padrões de qualidade da avaliação 28.

Para atender ao padrão de utilidade, ou seja, de forma que a avaliação seja útil e responda

questões relevantes aos usuários 28, foram incluídas pessoas da SES/DF envolvidas com o

planejamento de políticas, com poder de decisão. Participaram do estudo os técnicos e gestores

da NVEDNT/DIVEP/SES/DF e da Vigilância Sanitária, pertencentes à Subsecretaria de

Vigilância em Saúde. Também houve envolvimento dos técnicos e gestores da Subsecretaria de

Planejamento em Saúde (SUPLANS), da Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde (SAIS),

das regionais de vigilância epidemiológica, de estagiários de nutrição, do Conselho de Saúde

do DF e da Universidade de Brasília.

Com relação ao padrão de propriedade 28, para garantir que a avaliação fosse ética,

conduzida respeitando os direitos e interesses dos envolvidos, foram realizados esclarecimentos

do estudo de avaliabilidade em todos as etapas da pesquisa, contando inclusive com a assinatura

do TCLE por todos os presentes na oficina de consenso.

Análise documental

Para diminuir o impacto das DCNT nos indivíduos e na sociedade, existe consenso de

que é necessária abordagem abrangente, envolvendo áreas da saúde, finanças, educação,

agricultura e planejamento 1, 9, 11. As diversas áreas devem trabalhar em conjunto para reduzir

os riscos associados às DCNT e promover intervenções de prevenção e controle. As evidências

destacam que os esforços devem se concentrar na diminuição dos fatores de risco associados a

DCNT, com soluções de baixo custo dos fatores de risco modificáveis (tabagismo, dieta

inadequada, inatividade física e uso abusivo do álcool), além do monitoramento 29.

A literatura também indica que deve ser fortalecida a atenção primária de saúde, com

detecção precoce das DCNT e tratamento antecipado 9, 29. Tal estratégia se traduz em excelente

investimento econômico, já que a prevenção reduz a necessidade de tratamento mais caros no

futuro. A criação de políticas públicas de promoção de saúde, prevenção e controle das DNCT

devem reorientar os sistemas de saúde 9, 29. Neste sentido, foi previsto no ML como ação

estratégica, a implementação das linhas de cuidado da atenção básica já existentes, e a

necessidade de apoiar a elaboração de protocolos e manuais e com foco na promoção da saúde

e na integralidade do cuidado.

A OMS ressalta ainda, que para enfrentar as DCNT, os tomadores de decisão devem

propor ações regulatórias (tabaco, álcool, marketing alimentação inadequada e subsídio

101

alimentação saudável), e educativas (perigos tabaco, perigo álcool, estimulo à práticas

saudáveis de promoção da saúde sobre atividade física e alimentação) 1, 8. Quanto a análise do

Plano Plurianual do GDF (2016 a 2019) 15, foram identificados programas, atividades e metas

convergentes com objetivos do enfrentamento das DCNT. As atividades previstas nos

documentos analisados foram contempladas no ML proposto.

Entrevista

A entrevista com o informante-chave permitiu identificar informações coerentes e

consistentes com a análise documental, delimitando objetivos e metas do Planae-DF (2017-

2022). O objetivo geral do Planae-DF é implantar, implementar e fortalecer as ações específica

de vigilância e prevenção das DCNT e seus fatores de risco, contribuindo para o controle das

mesmas no DF, visando atuar de forma integrada com as diversas áreas da SES/DF, outros

setores e em consonância com o Ministério da Saúde, de forma sustentável e baseado em

evidência científica.

As metas do Planae-DF (2012-2016) foram pautadas no Plano Nacional de

enfrentamento das DCNT, previsto até 2022. No DF, entretanto, somente seis das nove metas

nacionais foram pactuadas, a saber: 1) reduzir a taxa de mortalidade prematura (30 a 69 anos)

por DCNT em 2% ao ano; 2) reduzir em 30% a prevalência de tabagismo em adultos; 3 e 4)

deter o crescimento do excesso de peso e obesidade em adultos; 5) aumentar em 10% o consumo

recomendado de frutas e hortaliças; e 6) aumentar a prevalência de atividade física no lazer em

10% 11. Foi destacada importância do monitoramento do plano de enfrentamento para

adequação do Planae-DF (2017-2022), especialmente quanto as metas não alcançadas ou com

tendências contrárias as esperadas. É o caso do consumo abusivo do álcool, que de acordo com

dados do Vigitel 2015, a prevalência deste indicador no DF foi a maior de todas as capitais do

país (24,0% - IC95% 20,2% - 27,7%) 24 .

A entrevista permitiu identificar que o recurso federal 17 para apoiar o projeto dos

estados, não foi utilizado pelo DF. Neste sentido, foram propostas atividades de utilização de

recursos provenientes de portarias sobre financiamento em ações de vigilância em saúde, pelo

SES/DF no ML.

Modelo Lógico e Matriz de Análise e Julgamento

As intervenções foram agrupadas com base em suas principais características,

culminando nos seguintes componentes: i) vigilância e monitoramento; ii) gestão e

financiamento; iii) articulação intra e intersetoriais; e iv) ensino/formação (Figura 2).

Para o componente vigilância e monitoramento foram previstos dois

102

recursos/insumos: recursos humanos e informações oriundas de sistemas de informações

oficiais, destacando a importância tanto de pessoas envolvidas nas ações de implementação do

plano, como do monitoramento dos fatores de risco, morbimortalidade específicas das DCNT.

Para o componente de gestão e financiamento, foram previstos quatro

recursos/insumos: i) grupo condutor; ii) recursos financeiros; iii) planejamento (diretrizes); e

iv) tecnologia de informação e comunicação. A oficina chegou ao consenso de que como as

ações do Planae-DF envolvem diversas ações intra e intersetoriais, faz-se necessário que o locus

estratégico para a gestão seja feito por um grupo condutor, geralmente designado pelo

Secretário Estadual de Saúde do DF. A proposta é superar possível fragmentação, desarticulação

e superposição das ações a serem implementadas. Tal grupo deverá envolver áreas como

planejamento, orçamento, educação, legislativo, dentre outras. Neste componente também

houve o destaque da proposta de planejamento para elencar ações a serem encaminhadas ao

novo Plano Plurianual (2020 a 2024), bem como participação das suas reuniões de

planejamento.

O terceiro componente de articulação intra e intersetoriais, foi composto por dois

recursos/insumos: i) legislações, protocolos, manuais e recomendações; e ii) parceiros e

colaboradores. Este componente reforça o apoio ao cumprimento das legislações sobre tabaco,

álcool, alimentos, sal e do trabalhador. Também faz menção ao apoio na implementação de

linhas de cuidado (protocolos, manuais e recomendações de pacientes com DCNT), com foco

na promoção da saúde e na integralidade do cuidado. Os participantes da oficina também

chegaram ao consenso da necessidade de se constituir/identificar grupos de trabalho inter e

intrasetoriais, de forma a fortalecer e pactuar ações integradas de promoção de saúde e

prevenção de DCNT.

O quarto componente, o de ensino/formação, se subdividiu em três recursos/insumos: i)

educação permanente e continuada em saúde; ii) educação cidadã; e iii) FEPECS/EAPSUS

(NEPS), que representam o estabelecimento de parcerias com instituições de ensino da SES/DF.

A evidência de se promover o esclarecimento ao público sobre os fatores de risco e de proteção

das DCNT, bem como do cumprimento das legislações de promoção e proteção da saúde, são

importantes alicerces na mudança de comportamento da população 1, 8.

A descrição do Planae-DF (2017-2022) na busca pela redução da morbimortalidade das

DCNT (objetivo geral da intervenção) abordou os componentes necessários para o

planejamento a curto, médio e longo prazo da estratégia de enfrentamento das DCNT. Os

recursos/insumos que integram o modelo permitiram visualizar, pelas atividades identificadas,

103

os vários aspectos operacionais da estratégica, e espera-se que a construção deste ML

instrumentalize gestores, técnicos e profissionais da saúde na sua execução e condução.

Segundo Cassiolato et al 20, faz-se importante analisar na estratégia proposta, as

deficiências do desenho que podem interferir no seu desempenho, ou seja, faz-se importante

verificar se a estratégia está bem desenhada e se é plausível para o alcance dos resultados

esperados. Na oficina de consenso do ML, houve concordância de que a metodologia ajudou a

visualizar a racionalidade que uniu as estratégias propostas aos problemas identificados,

permitindo caracterizar as atividades relevantes, suas relações de dependência com recursos e

efeitos esperados de curto, médio e longo prazos. Cabe destaque que o ML apresentado teve

foco no eixo de vigilância, monitoramento e avaliação, não fazendo parte deste estudo os eixos

de cuidado integral e promoção da saúde.

A partir do ML elaborado foi arquitetada uma Matriz de Análise e Julgamento (MAJ),

conforme apresentado na Figura 3. Tomando como base as atividades e os produtos previstos

no ML e levando em consideração cada componente pré-estabelecido, foram definidos atribu-

tos, indicadores e metas, parâmetro considerado como ideal, e fontes de verificação 20, 22. A

construção do ML e da MAJ do Plano de Enfrentamento das DCNT do DF (2017-2022), con-

forme Figuras 2 e 3, permitiu apresentar de forma explícita e detalhada o funcionamento da

estratégia de enfrentamento das DCNT. Foram esquadrinhadas, em termos da constituição dos

componentes, e da forma de operacionalização, as etapas necessárias à transformação dos ob-

jetivos em metas 30.

Para cada componente da MAJ foi sugerido pontuação, cuja soma de seus quatro

componentes totalizou 100 pontos. Foram validados na oficina com os interessados na

avaliação as respectivas pontuações para cada recurso/insumo previstos para os componentes

do ML. Para vigilância e monitoramento foi atribuída pontuação de 25 pontos, para gestão e

financiamento, foi sugerido 30 pontos, para articulação intra e intersetorial, o valor de 25

pontos, e para ensino/formação, o valor de 20 pontos. Tal distribuição atribuiu ao componente

gestão e financiamento o maior peso do Planae-DF, seguidos por vigilância e monitoramento,

e articulação intra e intersetorial.

Para o componente vigilância e monitoramento, entendeu-se que a existência de um

coordenador Geral na SES/DF seria a referência a ser buscada, sendo atribuída pontuação de 2

pontos para o cumprimento deste quesito. O mesmo critério foi utilizado para as sete

Superintendências, entendendo ser importante um responsável técnico para cada

104

superintendência. Foi atribuído o valor de 1.85 pontos, para cada uma das sete, e o total previsto

para recursos humanos foi de 15 pontos. No momento da valoração, foram considerados

critérios de importância, governabilidade e factibilidade, para as pontuações atribuídas, e as

formas de verificação também foram objeto de bastante discussão na reunião de consenso.

Para o componente gestão e financiamento, foram previstas pontuações de 5 pontos para

o grupo condutor, 10 pontos para planejamento (diretrizes), 10 pontos para recursos financeiros

e outros 5 pontos para tecnologia de informação e comunicação. Os indicadores para os quatro

recursos/insumos do desse segundo componente estudado, foram os necessários para o alcance

dos padrões estabelecidos na Figura 3.

Para a articulação intra e intersetorial, foram previstos 10 pontos para os

parceiros/colaboradores, e 15 pontos para legislações, protocolos, manuais e recomendações.

Para o ensino/formação, foram previstos 10 pontos para educação permante e continuada

(FEPECS, EAPSUS, NEPS) e 10 pontos para educação cidadã. Da mesma forma que para o

segundo componente, os indicadores para os recursos/insumos desses terceiro e quarto

componente foram os necessários para o alcance dos padrões estabelecidos na Figura 3.

O Plano de enfrentamento das DCNT é uma estratégia de desafio complexo, por

envolverem múltiplos componentes de intervenção, diferentes contextos, atores multisetoriais

e prazos prolongados para alcance de resultados. A avaliação dos programas de DCNT é, de

semelhante forma, desafiadora e faz-se necessário que os atores e gestores envolvidos com sua

implementação, compreendam a complexidade dos programas eficazes deste tema 31.

Autores como Bauman et al 31 destacam que é importante que os interessados na ava-

liação de intervenções de enfrentamento das DCNT, entendam que as mesmas alcançam

diferentes resultados ao longo do tempo. Em um modelo sugerido pelos autores, as unidades de

tempo medidas hipoteticamente em seis meses, indicam que, após um ano, o impacto do

programa pode ser medido mais facilmente em termos de aumento de parcerias inter e

intrasetoriais, assim como a conscientização da comunidade e o engajamento. Até o terceiro

ano, os progressos na consecução do impacto a curto prazo do programa devem ser

mensuráveis, bem como o aumento da conscientização da comunidade. Após cinco anos ou

mais, devem ser observados progressos significativos nos indicadores intermédiários e nos

fatores de risco e, subsequentemente, pode ser observado algum impacto precoce sobre a

incidência das DCNT na populaçao estudada. Modelos como o proposto, podem ser úteis para

compreender o contexto político a longo prazo e advocacy necessário para avaliar um programa

complexo sustentado para reduzir as DCNT 31.

105

Conhecer a estrutura de organização para a avaliação ações enfrentamento de DCNT,

que incorporam combinações complexas de intervenções educacionais, legislativas, sociais e

políticas voltadas para fatores de risco em uma população, é, segundo Mendes et al 32,

ferramenta indispensável para mobilização interna e externa de uma estratégia. Este estudo

examinou em que medida o Planae-DF (2017-2022) está em condições de se submeter a uma

avaliação 22. O ML apresentado e a MAJ são representações que previram a medição e o

acompanhamento de cada um dos componentes da intervenção (vigilância e monitoramento,

gestão e financiamento, articulações intra e intersetoriais, e ensino/formação), a avaliação do

impacto a curto prazo do programa (como implementação de políticas públicas, o alcance das

metas e objetivos do plano), e a avaliação dos resultados a longo prazo (melhora do quadro de

prevalências de fatores de risco e morbimortalidade das DCNT).

A descrição desenvolvida em conjunto com os interessados na avaliação buscou

proporcionar aos gestores uma visão mais nítida acerca da racionalidade da construção da

intervenção, o que contribuiu na construção de entendimento comum a respeito do problema a

ser controlado, dos objetivos, dos resultados esperados da intervenção, além dos processos

necessários para alcançá-los. Segundo Bezerra et al 23, esse é um aspecto fundamental, que trata

da análise da plausibilidade da estratégia adotada quanto ao alcance dos objetivos, além de ser

ponto chave para a pré-avaliação.

A construção do ML e da MAJ do Planae-DF não se constituiu em tarefa fácil, uma vez

que os envolvidos tinham que fazer um esforço constante para delinear as atividades dos

componentes, para além das atribuições da NVEDNT/DIVEP/SES/DF, e muitas das vezes, para

além da SES/DF. Houve entendimento que as atividades a serem executadas não poderiam ser

apenas àquelas realizadas pelos técnicos da vigilância, do planejamento e financiamento. O

grupo entendeu que o alcance dos resultados desejados necessita de pactuações entre diversos

setores, para além das ações da saúde, tendo em vista a natureza de suas atividades, para que se

traduzam suficientes e adequadas aos fins propostos.

É importante destacar que tanto o ML e a MAJ podem e devem ser revisitados, a

depender da necessidade da avaliação. Poderão ser readequados para contemplar novos

aspectos, dimensões a serem avaliadas, ou novas necessidades não previstas que podem surgir

com o desenvolvimento ou aperfeiçoamento da estratégia de enfrentamento das DCNT, no

decorrer da sua implantação 23. Pode também ser revisitada a validação dos critérios, dos

indicadores e dos padrões propostos na matriz de análise e julgamento, de modo a garantir que

as ferramentas aqui propostas tenham a utilização desejada 23.

106

Finalmente, vale destacar que a utilização MAJ é apenas uma das possibilidades

metodológicas em um processo avaliativo. A escolha do método avaliativo é tão diversificada

quanto forem as necessidades e os interesses de informação dos interessados na avaliação, e

deve levar em conta os recursos disponíveis, o tempo e a oportunidade para sua realização 23.

Contudo, Bezerra et al 23 entendem que essa forma de fazer se mostra de grande utilidade para

as práticas de monitoramento e avaliação das intervenções em saúde.

Considerações Finais

O Planae-DF, com ênfase no eixo de monitoramento, vigilância e avaliação, é uma

intervenção passível de avaliação, tendo em vista ser possível caracterizar seus elementos

constituintes, oferecendo subsídios para a elaboração de indicadores de avaliação da estrutura,

das atividades e dos resultados esperados.

O estudo permitiu ampliar o conhecimento dos mecanismos e dos processos implicados

na sua operacionalização, contribuindo assim para seu aperfeiçoamento. O processo de

descrição do enfrentamento das DCNT com o envolvimento dos interessados na avaliação,

contando com representantes das áreas estratégicas e gestores da SES/DF, conselho de saúde e

Universidade, propiciou uma produtiva discussão a respeito da lógica que norteia o seu

desenvolvimento, obtendo o consenso do grupo quanto a importância de um trabalho

multisetorial e da complexidade do mesmo.

A avaliação focada na utilização, permite que os interessados na avaliação estejam mais

motivados e propensos a aplicar as recomendações do estudo quando encontram-se envolvidos

nas diferentes etapas da avaliação e sintam-se atores principais desse processo 26. Para isso, este

estudo procurou preparar o terreno para que os resultados da avaliação sejam implementados.

O estudo de avaliabilidade mostrou-se apropriado, propiciando maior entendimento dos

profissionais envolvidos com a Planae-DF, contribuindo para uma melhor definição dos

objetivos e das metas e das estratégias para o enfrentamento das DCNT e sua posterior

avaliação.

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Figura 2. Modelo Lógico do Plano de Enfrentamento das DCNT do DF (2017-2022)

112

Figura 2. continuação

113

Figura 2. continuação

114

Figura 2. continuação Fonte: Elaboração dos autores segundo produto da Oficina de Estudo de Avaliabilidade para o Planae-DF.

115

Figura 3. Matriz de Análise e Julgamento do Plano de Enfrentamento das DCNT do DF (2017-2022)

COMPONENTE RECURSOS

/INSUMOS

INDICADOR Padrão Fonte de verificação Pontuação

máxima

dos níveis

VIG

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po

nto

s)

Recursos

Humanos

(15 pontos)

Existência de responsáveis técnicos de

vigilância de DCNT na SES do GDF e nas

Superintendências regionais (15 pontos)

1 Coordenador Geral (SES/DF) (2

pontos) e 1 responsável técnico para

cada superintendência (1,85 ponto para

cada responsável)

Formalização da designação

de responsabilidade e

relatórios de trabalho

15,0

Informações

oriundas de

sistemas de

informações

oficiais

(10 pontos)

Número de Inquéritos (Vigitel, PeNSE,

PNS) participantes, analisados e divulgados

no SES/DF ( 1 pontos);

1 relatório anual publicado e divulgado

com as pesquisas (Vigitel, PeNSE,

PNS) com o recorte do SES/DF (1,0

ponto)

Relatório ou boletim

epidemiológico

3,0

Número de Boletim epidemiológico de

mortalidade por DCNT elaborados e

divulgado (2 pontos);

1 boletim epidemiológico anual de

mortalidade por DCNT publicado (2,0

pontos)

Número de estudos e pesquisas do DF

planejados, realizados e divulgados (2

pontos);

Projeto planejado (0,5),

realizado (1,5),divulgado (2,0)

Planejamento: projeto

submetido nas instâncias de

gestão colegiada.

Realização: Relatório

situacionais (parciais e

finais);

Divulgação: divulgação no

site da SES/DF;

2,0

Número de Painel de monitoramento

elaborado e divulgado (2 pontos);

1 painel de monitoramento elaborado e

divulgado

Divulgação do painel de

monitoramento no site do

SES/DF;

2,0

Elaborar e pactuar rol de Indicadores de

DCNT elaborados e monitorados (3 pontos)

1 Oficina por semestre até a elaboração

do rol de indicadores a serem

monitorados (3 pontos)

Minutas de reunião 3,0

116

COMPONENTE RECURSOS

/INSUMOS

INDICADOR Padrão Fonte de verificação Pontuação

máxima

dos níveis

GE

ST

ÃO

E F

INA

NC

IAM

EN

TO

(30

po

nto

s)

Grupo Condutor

(5 pontos)

Existência do Grupo Condutor Grupo Condutor instituído Publicação do GC no DODF 5,0

Planejamento,

(Diretrizes)

(10 pontos)

Plano de DCNT da SES/DF elaborado com

ações de vigilância, promoção e cuidado

para o enfrentamento das DCNT ( 5 pontos)

Plano elaborado com ações pactuadas

entre vigilância, promoção e cuidado (5

pontos)

Plano da SES/DF publicado

10,0

Monitoramento das ações pactuadas no

Plano de DCNT, incluindo objetivos e metas

do plano realizado ( 2,5 pontos)

1 Relatório anual de monitoramento de

metas e objetivos

Relatório publicado

Proposta de trabalho elaborado de forma a

buscar inserção dos temas de DCNT nos

programas existentes no PPA (2016 a 2019 e

na Programação Anual de Saúde (PAS e

LOA)). (Programas Brasília Saudável,

Mobilidade Integrada e Sustentável, Direito

Humano e Cidadania e Capital Cultural e

outros) ( 2,5 pontos)

1 Proposta anual de trabalho publicado

para articular ações do PPA, PAS e

LOA com demais áreas

Proposta publicada

Recursos

Financeiros

(10 pontos)

- Incremento de Alocação de recursos do

programa de trabalho de vigilância para

aplicação nas DCNT (2,5 pontos)

Incrementar em 1% anual o recurso

Relatório Anual de Gestão

10,0

% de empenhado do autorizado (2,5 pontos) 50% no primeiro ano com incremento

de 10% a cada ano

Quadro Detalhado de

Despesa

Participar das reuniões de planejamento do

PPA (2020 a 2024) (5 pontos)

1 propostas elaboradas para o PPA

(2020 A 2024) para inclusão de um

programa de trabalho específico para

as DCNT

Documento oficial com

proposta ao PPA (2020 A

2024)

Tecnologias de

Informação e

Comunicação

(5pontos)

Elaborar um Plano de TIC Plano elaborado Plano publicado 5,0

117

COMPONENTE RECURSOS

/INSUMOS

INDICADOR Padrão Fonte de verificação Pontuação

máxima

dos níveis

AR

TIC

UL

ÃO

IN

TR

A E

IN

TE

RS

ET

OR

IAL

(25

po

nto

s)

Parceiros/

Colaboradores

(10 pontos)

Nº de Reuniões realizadas pelo GC/GT para

pactuação de ações intrasetoriais de acordo

com o calendário pactuado (atenção básica,

atenção especializada, média e alta

complexidade, assistência farmacêutica e

outras áreas responsáveis pela vigilância,

promoção e cuidados dos fatores de risco e

das DCNT) (3 pontos)

% de Reuniões realizadas em relação às

pactuadas com as áreas envolvidas nas

ações intrasetoriais

Atas de reuniões com

pactuações realizadas (3

pontos)

10,0

Nº de Reuniões realizadas pelo GC/GT para

pactuar ações intersetoriais de acordo com o

calendário pactuado promoção e prevenção

de DCNT, com outras Secretarias, setor

produtivo ( 3 pontos)

% de reuniões realizadas em relação às

pactuadas com setores envolvidos com

ações intersetoriais:

Atas de reuniões

(3 pontos)

Número de parcerias com a sociedade civil

organizada que trabalham em ações sobre

fatores de risco e promoção de DCNT)

(4 pontos)

1 parceria estabelecida com sociedade

civil organizada relativo às ações de

promoção de fatores de proteção das

DCNT (4 pontos)

Relatórios de parcerias (4

pontos)

Legislações,

Protocolos,

manuais e

recomendações

(15 pontos)

Número de protocolos, linhas de cuidado,

manuais e recomendações monitorados

quanto às suas implementações (10 pontos)

1 protocolo monitorado anualmente em

sua implementação

(10 pontos)

Relatórios anuais de

monitoramento

15,0

Número de pareceres técnicos elaborados

sobre importância da regulamentação de

alguns fatores de risco para a prevenção de

DCNT (5 pontos) para advocacy junto à

parlamentares (5 pontos)

1 parecer técnicos elaborado e

divulgados anualmente (5 pontos)

Parecer técnico publicado no

site da SES/DF

118

COMPONENTE RECURSOS

/INSUMOS

INDICADOR Padrão Fonte de verificação Pontuação

máxima

dos níveis

EN

SIN

O/F

OR

MA

ÇÃ

O

(20

po

nto

s)

Educação

(Permanente e

continuada) em

saúde

( pontos)

[FEPECS

EAPSUS

(NEPS)]

(10 pontos)

Nº de capacitações para profissionais de

saúde em vigilância de DCNT (5 pontos)

1 capacitação anual com profissionais

de saúde capacitados em vigilância de

DCNT

Certificado do curso

20,0

Participação de servidores em eventos

técnicos relacionados à vigilância da DCNT

(5 pontos)

Participação em 50% dos eventos

temáticos programados no ano.

Certificado de participação

Educação

cidadã

(10 pontos)

Número de campanhas de mídia realizadas

(5 pontos)

1 campanha anual de mídia realizada

Divulgação de mídia

Número de parcerias estabelecidas (ong,

sociedade civil, comunidade) (5 pontos)

1 parceria anual com temas de DCNT Contrato de parcerias

Fonte: Elaboração dos autores segundo produto da Oficina de Estudo de Avaliabilidade para o Planae-DF.

.

119

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na construção do Modelo Lógico (ML) do Planae-DF, autores como Bezerra et al

(2010), sugerem realização de perguntas para identificar eventuais fragilidades das ações para

o alcance dos resultados pretendidos no EA. Neste sentido, de forma a verificar se desenho do

ML representou a lógica do Planae-DF, o questionário constante do Apêndice V foi apresentado

aos participantes da oficina de consenso ocorrida com os representantes da SES/DF. Dos trinta

e cinco participantes da oficina, sete responderam ao questionário. As perguntas questionaram

se os resultados do EA refletiram a coerência na ideologia, os tipos de serviços que o programa

se destinou a construir e as crenças sobre o tipo de mudanças pretendidas, dentre outras

questões.

Nesse estudo, pôde-se identificar a coerência e continuidade entre a metodologia

utilizada, tendo em vista que das onze perguntas feitas só não houve consenso em três questões.

A primeira, foi quanto a lógica do Planae-DF, onde houve registro de que seria necessário ser

completada para os eixos de promoção e cuidado integral, tendo em vista que somente o eixo

de monitoramento e avaliação foi objeto deste estudo. A segunda questão, foi quanto a

população-alvo, tendo em vista que não foram incluídas crianças e adolescentes. A terceira

questão, quanto a identificação de recursos, houve registro de que não foram previstos recursos

específicos para o Planae-DF. Para este último item, somente um participante marcou como não

contemplado, apesar de ter sido apontado no ML os recursos provenientes das Portarias sobre

financiamento em ações de Vigilância em Saúde (Portaria 3.252/2009), Piso Fixo da Vigilância

em Saúde (Portaria SVS/MS n. 1.378/2013) e Piso Variável de Vigilância Sanitária (Portaria

SVS/MS n. 183/2014). O registro pode ter sido reflexo da dificuldade de utilização de tais

recursos.

Ainda em resposta às questões constantes do Apêndice V, foram apresentadas as

seguintes perguntas avaliativas, que poderão ser objeto de futuros estudos, ou mesmo

importantes indicadores de necessidades dos usuários ainda não atendidas:

a. “Qual o impacto, a longo prazo, do Planae-DF na redução da prevalência das

DCNT? Caso alguma das patologias envolvidas não tenha o impacto esperado na

redução, quais outras ferramentas poderiam ser utilizadas? Neste caso, por que a

metodologia utilizada não foi efetiva”?

b. “Quais as ações mais efetivas na redução da prevalência e da morbimortalidade pelas

DCNT? Quais são os dados de prevalência das DCNT no DF? Quais as respostas da

SES/DF para os dados da população do DF”?

120

c. “Como é realizada a promoção da saúde e a prevenção de agravos na SES/DF? Os

profissionais de saúde são permanentemente capacitados para essas ações? As ações

são efetivas, impactam positivamente nos dados epidemiológicos das DCNT no

DF”?

d. “Quais seriam os melhores indicadores para realização de efetiva vigilância de

DCNT? Como mobilizar recursos humanos e financeiros suficientes para realizar a

vigilância das DCNT e a promoção da saúde”?

É preciso questionar sobre a influência que as informações fornecidas pelo avaliador

podem ter nas decisões, já que o objetivo final da avaliação é ajudar na tomada de decisões. Na

pesquisa avaliativa, é recomendado que seja confiada a pesquisadores externos à intervenção

estudada, já que exige perícia metodológica e teórica importante. Quanto mais uma avaliação é

bem-sucedida, mais ela abre caminhos para novas perguntas. Ela semeia dúvidas sem ter con-

dições de dar todas as respostas e não pode nunca terminar realmente, deve ser vista com o uma

atividade dinâmica, com o engajamento dos diversos interessados na avaliação, utilizando mé-

todos diversos e envolvendo competências variadas (CONTANDRIOPOULOS, 1997).

10. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A magnitude das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e seus impactos sociais,

inclusive para o sistema de saúde, têm mobilizado ações na priorização do tema nas agendas de

enfrentamento destas doenças, que vão além do setor saúde. Foram publicados o Plano de Ações

Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil (Planae-BR – 2011-2022) e o Plano de

Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT do DF (Planae-DF – 2012-2016) com

ações intra e intersetorial para a prevenção e controle das DCNT e seus fatores de risco. Face

ao pouco tempo de publicação do Planae-BR, ainda em vigor, e com o iminente planejamento

do Planae-BR para o período de 2017 a 2022, fez-se importante apreciar em que medida este

último estaria em condições de se submeter a uma avaliação. Essa pergunta foi respondida por

meio do estudo de avaliabilidade, que buscou aprimoramento do Planae-DF (2017-2022),

tornando-o mais plausível e avaliável a partir da participação dos gestores no processo, e na

redução das ambiguidades entre os interessados antes do desenvolvimento da avaliação. Este

estudo visou contribuir como etapa inicial da avaliação formativa, com aproximação dos atores

envolvidos nas ações de enfrentamento das DCNT no DF.

Apesar da existência do monitoramento dos planos existir desde 2013, a

121

institucionalização da avaliação não havia sido efetivada em seu componente normativo. Neste

sentido, foram realizadas análises documentais, de forma a melhor compreender a teoria que

embasava a estratégia do enfrentamento das DCNT no DF.

Face a necessidade de se identificar as necessidades e prioridades de saúde, bem como

com o explícito comprometimento com a melhoria da qualidade das intervenções, foi realizada

análise da situação de saúde dos fatores de risco e proteção das DCNT no DF (Artigo 1), e do

monitoramento das metas do Planae-BR aplicado à população do DF (Artigo 2). Ambos artigos

contribuiram para discussão de avanços e limites na busca do enfrentamento das DCNT no DF,

quanto ao alcance das metas estipuladas.

O Artigo 1 objetivou conhecer as magnitudes e prevalências dos fatores de risco e

proteção das DCNT no DF. Os resultados indicaram que em geral, o consumo alimentar

saudável como frutas, hortaliças e peixe foi mais referido pelas mulheres, nos indivíduos de

maior nível de instrução e nos de maior idade, exceção feita ao consumo regular de feijão e

atividade física, mais prevalentes entre homens. Os hábitos alimentares não saudáveis

(consumo elevado de sal, carne ou frango com excesso de gordura, leite integral, refrigerante

açucarado e alimentos doces), o consumo abusivo de álcool e o uso do tabaco foram mais

prevalentes entre os homens e nos indivíduos com menor escolaridade.

O Artigo 2 avaliou o alcance das metas do Plano de Ações Estratégicas para o

Enfrentamento das DCNT (Planae-BR) no DF, descrevendo a evolução da taxa de mortalidade

e dos fatores de risco e proteção, relacionados às DCNT. O resultado apontou que três das nove

metas avaliadas já foram alcançadas em 2015: (i) aumento do consumo de frutas e hortaliças;

(ii) aumento da prevalência de atividade física; e (iii) cobertura de mamografia acima de 70%.

Dois indicadores apresentaram tendências favoráveis para o alcance das metas até 2022: (i)

redução da taxa de mortalidade prematura; e (ii) redução da prevalência do tabagismo. Já as

metas de excesso de peso, obesidade e consumo abusivo do álcool, ao contrário, apresentaram

tendência de aumento. A meta de citologia oncótica ficou abaixo do esperado, ainda que com

estabilização da prevalência.

Já o Artigo 3 teve como objetivo apresentar os resultados do estudo de avaliabilidade do

Planae-DF (2017-2022), com ênfase no eixo de vigilância, monitoramento e avaliação. O

estudo qualitativo foi realizado em seis etapas: a) análise documental; b) identificação e

engajamento de interessados na avaliação; c) entrevista; d) construção do modelo lógico (ML)

e matriz de análise e julgamento (MAJ); e) reuniões de consenso; e f) disseminação de

resultados.

122

A construção do ML levou em consideração que as estratégias de promoção da saúde

são mais custo-efetivas para reduzir a incidência das DCNT, do que combatê-las quando já

instaladas (WHO, 2010; SCHMIDT; DUNCAN, 2011). Entretanto, a implementação dessas

estratégias envolveu o decifrar das estruturas e de suas organizações, que necessitaram

incorporar combinações complexas de intervenções educacionais, legislativas, sociais e

políticas, voltadas para fatores de risco e de proteção das DCNT (MENDES et al, 2010). A

partir da análise documental foram possíveis identificar as principais estratégias envolvidas em

um plano de enfrentamento das DCNT, agrupados em componentes com base em suas

principais características: i) vigilância e monitoramento; ii) gestão e financiamento; iii)

articulação intra e intersetoriais; e iv) ensino/formação.

Para o componente vigilância e monitoramento foram previstos dois recursos: humanos

e informações oriundas de sistemas de informações oficiais, destacando a importância tanto de

pessoas envolvidas nas ações de implementação do plano, como do monitoramento dos fatores

de risco, morbimortalidade específicas das DCNT. Para o componente de gestão e

financiamento, foram previstos quatro recursos: i) grupo condutor; ii) recursos financeiros; iii)

planejamento (diretrizes); e iv) tecnologia de informação e comunicação, destacando a

importância do Planae-DF (2017-2022) ser gerido por grupo condutor com lócus estratégico de

governança, para superar fragmentação, desarticulação e superposição das ações a serem

implementadas.

O terceiro componente, de articulação intra e intersetoriais, foi composto por dois

recursos: i) legislações, protocolos, manuais e recomendações; e ii) parceiros e colaboradores.

Foi reforçado o apoio ao cumprimento das legislações sobre tabaco, álcool, alimentos, sal e do

trabalhador, bem como quanto a implementação de linhas de cuidado (protocolos, manuais e

recomendações de pacientes com DCNT), com foco na promoção da saúde e na integralidade

do cuidado.

O quarto componente, o de ensino/formação, se subdividiu em três recursos: i) educação

permanente e continuada em saúde; ii) educação cidadã; e iii) parcerias com instituições de

ensino. A evidência de se promover o esclarecimento ao público sobre os fatores de risco e de

proteção das DCNT, bem como do cumprimento das legislações de promoção e proteção da

saúde, foram identificados como importantes alicerces na mudança de comportamento da

população, como já identificado na literatura 1, 8.

Em consenso com os interessados, foram produzidos Modelo Lógico (ML) e Matriz de

Análise e Julgamento (MAJ) do Planae-DF (2017-2022). Tais documentos são ferramentas

123

estratégicas para medir e acompanhar os componentes da intervenção (vigilância e

monitoramento, gestão e financiamento, articulações intra e intersetoriais, e ensino/formação).

As ferramentas também se propõe a auxiliar na avaliação do impacto a curto prazo do Planae-

DF (implementação de políticas públicas, alcance das metas e dos objetivos propostos), bem

como a avaliação dos resultados a longo prazo (melhora do quadro de prevalências de fatores

de risco, de proteção, e morbimortalidade das DCNT).

Vale destacar que a utilização do EA é apenas uma das possibilidades metodológicas em

um processo avaliativo. A escolha do método é tão diversificada quanto forem as necessidades

e os interesses de informação dos interessados na avaliação, e deve levar em conta os recursos

disponíveis, o tempo e a oportunidade para sua realização (BEZERRA et al, 2012). Contudo,

Bezerra et al (2012) entendem que essa forma de fazer se mostra de grande utilidade para as

práticas de monitoramento e avaliação das intervenções em saúde.

A depender das necessidades da avalição, faz-se importante revisitar os ML e a MAJ

aqui produzidos. Poderão ser readequados para contemplar novos aspectos, dimensões a serem

avaliadas, necessidades não previstas que podem surgir com o desenvolvimento ou

aperfeiçoamento da estratégia de enfrentamento das DCNT no decorrer da sua implantação

(BEZERRA et al, 2012). A proposta é que as ferramentas elaboradas neste estudo tenham a

utilização desejada.

O Planae-DF (2017-2022), com ênfase no eixo de monitoramento, vigilância e

avaliação, é uma intervenção passível de avaliação, tendo em vista ser possível caracterizar seus

elementos constituintes, oferecendo subsídios para a elaboração de indicadores de avaliação da

estrutura, das atividades e dos resultados esperados. O estudo permitiu ainda ampliar o

conhecimento dos mecanismos e dos processos implicados na sua operacionalização,

contribuindo assim para seu aperfeiçoamento. O processo de descrição do enfrentamento das

DCNT com o envolvimento dos interessados na avaliação, contando com representantes das

áreas estratégicas e gestores da SES/DF, conselho de saúde e Universidade, propiciou uma

produtiva discussão a respeito da lógica que norteia o seu desenvolvimento, obtendo o consenso

do grupo quanto a importância do trabalho multisetorial e da complexidade do mesmo.

Em continuidade ao trabalho desenvolvido por este estudo a SES/DF realizou reunião

com envolvidos no tema para elaborar o novo Planae-DF para os anos de 2017-2022, um mês

depois da reunião de consenso do ML e da MAJ. Utilizando as discussões e produtos

provenientes das oficinas com os participantes do processo, foi elaborada matriz de análise de

relevância com atividades do ML. Foram atribuídos valores, incluídas e excluídas atividades

124

propostas, e a SES/DF elaborou consulta pública do Planae-DF (2017-2022). Este estudo foi

utilizado em momento oportuno do planejamento do enfrentamento do DF, cujo engajamento

dos interessados objetivou maior participação na avaliação.

É preciso grande empenho por parte dos tomadores de decisão e dos líderes em saúde

para superar o desafio do enfrentamento das DCNT, tendo em vista o forte impacto na qualidade

de vida dos indivíduos, com morte prematura, efeitos econômicos adversos para as famílias,

comunidades e sociedade em geral. Dentre os elementos complementares a este estudo, destaca-

se a necessidade da realização de estudos de avaliabilidade dos eixos de promoção e cuidado

integral dos planos de enfrentamento das DCNT.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Acesso em 31 mar 2016b.

W.K. KELLOGG Foundation Logic Model Development Guide. s.n. 2004.

130

12. APÊNDICES

12.1. APÊNDICE I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Entrevista

(Gestor ou técnicos da DCNT/SES/DF)

Prezado Participante,

Você está sendo convidado a participar da pesquisa “Plano de Enfrentamento das Do-

enças Crônicas Não Transmissíveis do Distrito Federal: um estudo de Avaliabilidade”, desen-

volvida por Taís Porto Oliveira, discente do mestrado profissional em Saúde Pública, da Escola

Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), sob

orientação da Profa. Dra. Elizabeth Carmen Duarte. O objetivo do estudo é a necessidade de se

conhecer os avanços e limites da elaboração do Plano no Distrito Federal, no sentido de melho-

rar o quadro de prevalências de fatores de risco e morbimortalidade das doenças e redução da

mortalidade prematura.

O convite a sua participação se deve ao entendimento aprofundado sobre as ações de

enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) na Secretaria Estadual de

Saúde (SES) do Distrito Federal (DF), que contribuirá com valiosa experiência nas etapas de

apreciação prévia acerca das possibilidades de avaliação no DF. Sua participação é voluntária,

isto é, ela não é obrigatória, e você tem plena autonomia para decidir se quer ou não participar,

bem como retirar sua participação a qualquer momento. Você não será penalizado de nenhuma

maneira caso decida não consentir sua participação, ou desistir da mesma. Contudo, ela é muito

importante para a execução da pesquisa.

Todas as informações por você prestadas serão armazenadas em local seguro. A qual-

quer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você poderá solicitar da pesquisadora

informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o que poderá ser feito por meio de

contato explicitados neste Termo.

Página 1 de 3 Rubrica pesquisador:___________ Rubrica participante:____________

131

A sua participação consistirá em responder perguntas de um roteiro de entrevista/ques-

tionário à pesquisadora do projeto, com tempo médio de 1 (uma) hora. As informações presta-

das serão utilizadas na elaboração do Modelo Lógico do programa, bem como a Matriz de Aná-

lise e Julgamento. Considerando que a amostra é pequena, existe o risco de identificação do

participante. Neste sentido será solicitada autorização para identificação de seu cargo, caso na

análise da pesquisa seja necessária a transcrição de algum trecho de sua manifestação. Os re-

sultados do questionário e da oficina serão utilizados exclusivamente nesta pesquisa e para pu-

blicações – dissertação, artigos em revistas científicas – e apresentações em eventos e reuniões

científicas.

A entrevista somente será gravada se houver autorização do entrevistado (a). As entre-

vistas serão armazenadas, em arquivos digitais, mas somente terão acesso às mesmas a pesqui-

sadora e sua orientadora. Ao final da pesquisa, todo o material será mantido em arquivo, por

pelo menos 5 anos, conforme Resolução 433/12 e orientações do CEP/ENSP.

Justifica-se este trabalho considerando-se a relevância das DCNT como problema de

saúde pública, a importância da sua vigilância e do monitoramento, a necessidade de se conhe-

cer os avanços e limites da elaboração do Plano de Enfrentamento às mesmas no Distrito Fede-

ral, no sentido de melhorar o quadro de prevalências de fatores de risco e morbimortalidade das

doenças e redução da mortalidade prematura. Garantimos a você participante: direito a qualquer

esclarecimento sobre a pesquisa em qualquer fase da mesma; direito de recusar a participar ou

retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa.

Este Termo é redigido em duas vias, sendo uma para o participante e outra para a pes-

quisadora. Todas as páginas deverão ser rubricadas pelo participante da pesquisa e pela pesqui-

sadora responsável, ou pessoa por ela delegada.

Em caso de dúvida quanto à condução ética do estudo, entre em contato com o Comitê

de Ética em Pesquisa da ENSP. O Comitê é a instância que tem por objetivo de defender os

interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no

desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos.

Página 2 de 3 Rubrica pesquisador:___________ Rubrica participante:____________

132

Dessa forma o comitê tem o papel de avaliar e monitorar o andamento do projeto de

modo que a pesquisa respeito os princípios éticos de proteção aos direitos humanos, da digni-

dade, da autonomia, da não maleficência, da confidencialidade e da privacidade.

Dessa forma o comitê tem o papel de avaliar e monitorar o andamento do projeto de

modo que a pesquisa respeito os princípios éticos de proteção aos direitos humanos, da digni-

dade, da autonomia, da não maleficência, da confidencialidade e da privacidade.

Tel e Fax – (0XX)21 – 25982863 e-Mail:

[email protected] http://www.esnp.fiocruz.br/etica

Endereço: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/FIOCRUZ, Rua

Leopoldo Bulhões, 1480 – Térreo – Manguinhos – Rio de Janeiro – RJ –

CEP 21041-210

Tel – (61)3325-4956 e Fax – (61)33254955

e-mail: [email protected]

http:// http://www.fepecs.edu.br/index.php/comite-de-etica-em-pesquisa

Endereço: SMHN 2 Qd 501 Bloco A – FEPECS

_____________________________________

Taís Porto Oliveira

Tel: (61) 9213-4185

[email protected]

Autorizo identificação do meu cargo, caso na análise da pesquisa seja necessária

a transcrição de algum trecho de minha manifestação.

Autorizo a gravação da minha entrevista.

Declaro que entendi os objetivos e condições de minha participação na pesquisa e con-

cordo em participar.

____________________________________

Nome do Participante:

Cargo:

Brasília, ____ de _____________________ de _______

Página 3 de 3 Rubrica pesquisador:___________ Rubrica participante:____________

133

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Oficina / Grupo Focal

(Gestor ou técnicos da DCNT/SES/DF)

Prezado Participante,

Você está sendo convidado a participar da pesquisa “Plano de Enfrentamento das Do-

enças Crônicas Não Transmissíveis do Distrito Federal: um estudo de Avaliabilidade”, desen-

volvida por Taís Porto Oliveira, discente do mestrado profissional em Saúde Pública, da Escola

Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), sob

orientação da Profa. Dra. Elizabeth Carmen Duarte. O objetivo do estudo é a necessidade de se

conhecer os avanços e limites da elaboração do Plano no Distrito Federal, no sentido de melho-

rar o quadro de prevalências de fatores de risco e morbimortalidade das doenças e redução da

mortalidade prematura.

O convite a sua participação se deve ao entendimento aprofundado sobre as ações de

enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) na Secretaria Estadual de

Saúde (SES) do Distrito Federal (DF), que contribuirá com valiosa experiência nas etapas de

apreciação prévia acerca das possibilidades de avaliação no DF. Sua participação é voluntária,

isto é, ela não é obrigatória, e você tem plena autonomia para decidir se quer ou não participar,

bem como retirar sua participação a qualquer momento. Você não será penalizado de nenhuma

maneira caso decida não consentir sua participação, ou desistir da mesma. Contudo, ela é muito

importante para a execução da pesquisa.

Todas as informações por você prestadas serão armazenadas em local seguro. A qual-

quer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você poderá solicitar da pesquisadora

informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o que poderá ser feito por meio de

contato explicitados neste Termo.

Página 1 de 3 Rubrica pesquisador:___________ Rubrica participante:____________

134

A sua participação consistirá em fazer parte da oficina da SES/DF, que validará o Mo-

delo Lógico do programa, bem como a Matriz de Análise e Julgamento, abordando vários as-

pectos relativos ao tema. O tempo estimado para participação na oficina é de 1 (um) dia. Uma

vez que a entrevista é feita em grupo, não é possível garantia do sigilo de sua participação. Os

resultados das oficinas serão utilizados exclusivamente nesta pesquisa e para publicações – dis-

sertação, artigos em revistas científicas – e apresentações em eventos e reuniões científicas.

A oficina somente será gravada se houver sua autorização. As gravações serão armaze-

nadas, em arquivos digitais, mas somente terão acesso às mesmas a pesquisadora e sua orien-

tadora. Ao final da pesquisa, todo o material será mantido em arquivo, por pelo menos 5 anos,

conforme Resolução 433/12 e orientações do CEP/ENSP.

Justifica-se este trabalho considerando-se a relevância das DCNT como problema de

saúde pública, a importância da sua vigilância e do monitoramento, a necessidade de se conhe-

cer os avanços e limites da elaboração do Plano de Enfrentamento às mesmas no Distrito Fede-

ral, no sentido de melhorar o quadro de prevalências de fatores de risco e morbimortalidade das

doenças e redução da mortalidade prematura. Garantimos a você participante: direito a qualquer

esclarecimento sobre a pesquisa em qualquer fase da mesma; direito de recusar a participar ou

retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa.

Este Termo é redigido em duas vias, sendo uma para o participante e outra para o pes-

quisador. Todas as páginas deverão ser rubricadas pelo participante da pesquisa e pelo pesqui-

sador responsável, ou pessoa por ele delegada.

Em caso de dúvida quanto à condução ética do estudo, entre em contato com o Comitê

de Ética em Pesquisa da ENSP. O Comitê é a instância que tem por objetivo de defender os

interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no

desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos.

Página 2 de 3 Rubrica pesquisador:___________ Rubrica participante:____________

135

Dessa forma o comitê tem o papel de avaliar e monitorar o andamento do projeto de

modo que a pesquisa respeito os princípios éticos de proteção aos direitos humanos, da digni-

dade, da autonomia, da não maleficência, da confidencialidade e da privacidade.

Tel e Fax – (0XX)21 – 25982863 e-Mail:

[email protected] http://www.esnp.fiocruz.br/etica

Endereço: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/FIOCRUZ, Rua

Leopoldo Bulhões, 1480 – Térreo – Manguinhos – Rio de Janeiro – RJ –

CEP 21041-210

Tel – (61)3325-4956 e Fax – (61)33254955

e-mail: [email protected]

http:// http://www.fepecs.edu.br/index.php/comite-de-etica-em-pesquisa

Endereço: SMHN 2 Qd 501 Bloco A – FEPECS

_____________________________________

Taís Porto Oliveira

Tel: (61) 9213-4185

[email protected]

Autorizo identificação do meu cargo, caso na análise da pesquisa seja necessária

a transcrição de algum trecho de minha manifestação.

Autorizo a gravação da minha entrevista.

Declaro que entendi os objetivos e condições de minha participação na pesquisa e con-

cordo em participar.

____________________________________

Nome do Participante:

Cargo:

Brasília, ____ de _____________________ de _______

Página 3 de 3 Rubrica pesquisador:___________ Rubrica participante:____________

136

12.2. APÊNDICE II

FIOCRUZ – FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE

PÚBLICA – ENSP

Ao Ilmª. Sr.

SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE

Brasília, de junho de 2016.

A Fundação Oswaldo Cruz, por meio da Escola Nacional de Saúde Pública -

ENSP/FIOCRUZ, está ministrando o curso de “Mestrado Profissional de Avaliação em Saúde”,

tendo como objetivo desenvolver a capacidade avaliativa dos profissionais de saúde. A proposta

desse curso envolve basicamente duas dimensões: as dimensões sócio-histórica e técnico-ope-

racional da avaliação, que são tratados neste como os eixos teórico-práticos. A primeira dimen-

são refere-se à discussão dos contextos socioeconômico e institucional nos quais os programas

são desenvolvidos; e a segunda, ao instrumental teórico-prático disponível para a constituição

de sistemas de monitoramento e avaliação (M&A). Neste sentido os alunos do curso têm como

produto final, a produção de uma dissertação em que demonstrem o domínio do objeto de es-

tudo, bem como sua capacidade de planejamento e execução de uma pesquisa operacional que

resulte em um produto que contribua para a melhoria da capacidade de gestão e organização do

Sistema de Saúde. Dentre os projetos apresentados à Coordenação do Curso está a proposta

de desenvolver a pesquisa: “Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis

do Distrito Federal: um estudo de Avaliabilidade”. Justifica-se este trabalho considerando-se a

relevância das DCNT como problema de saúde pública, a importância da Vigilância e do Mo-

nitoramento das DCNT, a necessidade de se conhecer os avanços e limites da elaboração do

Plano no Distrito Federal, no sentido de melhorar o quadro de prevalências de fatores de risco

e morbimortalidade das doenças e redução da mortalidade prematura. Diante disto, para que o

trabalho possa ser efetivado dentro do esperado, vimos solicitar autorização de V. Sª. para a

realização dessa pesquisa nesse estado, ressaltando que a pesquisa implica em realização de

oficinas com participação de alguns atores-chave do Sistema Único de Saúde local, bem como

levantamento e análise de documentos técnicos e administrativos relativos ao SUS (Plano Es-

tadual de Saúde, Relatório de Gestão, Relatório de Prestação de Contas, etc.).

137

Ressaltamos também que nem os participantes da oficina nem o estado sofrerão qualquer

tipo de constrangimento ou sanção por participar, ou não, da pesquisa. Informamos ainda que

a mestranda ficará responsável pela referida pesquisa, ficando à disposição para dar todas as

informações/explicações necessárias para que todo o processo ocorra de acordo com o aprovado

pelo Comitê de Ética da ENSP – FIOCRUZ e com o termo de anuência emitido por esse estado.

Essa pesquisa representa importante processo de fortalecimento da área de monitoramento e

avaliação no nível local, bem como a melhoria dos programas de saúde do estado. Sem mais

para o momento, colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem

necessários.

Atenciosamente

Taís Porto Oliveira - Mestranda ENSP/FIOCRUZ

138

12.3. APÊNDICE III

TERMO DE ANUÊNCIA DO GESTOR ESTADUAL DO DF

Eu, ___________________________________________, secretário estadual do estado do DF,

declaro ter entendido os esclarecimentos, tenho interesse e concordo voluntariamente em incluir

o estado na pesquisa “Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis do

Distrito Federal: um estudo de Avaliabilidade”e comprometendo-me a disponibilizar as

informações necessárias.

__________, ____ de julho de 2016.

______________________________________________

Assinatura do Gestor

139

12.4. APÊNDICE IV

FIOCRUZ ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1ª. VERSAO DO MODELO LÓGICO DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO DE

MESTRADO.

LOCAL: ____________________________________. DATA: ____/____/____.

ENTREVISTA COM A COORDENAÇÃO ESTADUAL DE SAÚDE RESPONSÁVEL

PELA VIGILÂNCIA DE DCNT DO DF E OUTROS INFORMANTES- CHAVES

NOME DO ENTREVISTADO: ____________________________________________

CARGO: _______________________________________

1. Qual o problema de saúde que o Planae-DF pretende resolver?

2. Qual é a estratégia de governo adotada para resolver este problema?

3. Quais os objetivos gerais e específicos do programa?

4. Quais as metas que o programa pretende alcançar?

5. Os objetivos e metas do programa são consistentes com o problema?

6. Qual o público-alvo do programa?

7. Quais os componentes do programa?

8. Que atividades são realizadas no programa?

9. Qual a integração com a atenção básica e vigilância epidemiológica?

10. De que estrutura (recursos humanos, financeira, etc..) o programa precisa para

funcionar?

11. Que produtos espera-se obter com a realização das atividades?

12. Quais os resultados o programa pretende alcançar?

13. Que fatores podem influenciar o alcance destes resultados, que não apenas os rela-

cionados ao programa?

140

12.5. APÊNDICE V

VALIDAÇÃO DO MODELO LÓGICO DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO DE

MESTRADO.

LOCAL: ____________________________________. DATA: ____/____/____.

PERGUNTAS A SEREM REALIZADAS COM A PARTICIPANTES DA SES-DF NA

ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DO MODELO LÓGICO DO Plano de Enfrentamento das

DCNT do Distrito Federal

NOME DO ENTREVISTADO: ____________________________________________

CARGO: ____________________________________________________________

PERGUNTAS SIM NÃO OBSERVAÇÃO

1. O nível de detalhamento foi

suficiente para criar entendi-

mento dos elementos e das

suas relações?

2. A lógica do Plano de En-

frentamento de DCNT do

GDF está completa?

3. Todos os elementos foram

relacionados?

4. Todos os elementos foram

colocados de forma lógica?

5. Existem outras alternativas

plausíveis para chegar aos

resultados?

6. Foram incluídas todas as po-

pulações-alvo?

141

PERGUNTAS SIM NÃO OBSERVAÇÃO

7. Foram incluídos todos os

componentes necessários?

8. Quanto ao Objetivo Geral:

1. Está claro?

2. Pode ser medido?

9. As principais atividades es-

tão sendo inseridas numa es-

tratégia pertinente?

10. Foi identificada a possibili-

dade de recursos, inclusive

de pessoal e financeiro?*

11. Foram observadas as preo-

cupações e dúvidas dos par-

ticipantes da oficina?*

*Estas últimas perguntas serão respondidas anonimamente, ao final do processo, de

forma a garantir isenção nas respostas.

142

12.6. APÊNDICE VI

MANUAL DO PARTICIPANTE

MODELO LÓGICO DO PLANO DE ENFRENTAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS

NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT)

OFICINA MODELO LÓGICO

Data: 29 e 30 de setembro de 2016

SUMÁRIO

Apresentação

Introdução

Objetivos

Apoio Didático

Referências

143

APRESENTAÇÃO

Este manual de capacitação em elaboração do modelo lógico expressa o empenho da

área de Vigilância de DCNT do Distrito Federal em institucionalizar o processo de

Monitoramento e Avaliação (M&A), possibilitando a utilização de ferramentas nesses

processos de gestão e da participação de diversos atores inseridos nas diferentes instancias

gerenciais das atividades de vigilância, promoção e cuidado dos fatores de risco e das DCNT.

O monitoramento das ações em andamento para a melhoria do Plano de enfrentamento

das DCNT se antecede à necessidade de avaliar de forma sistemática o grau de implementação

do mesmo. A gestão estadual e interinstitucional das ações de vigilância, promoção e cuidado

dos fatores de risco e das DCNT, acompanhando o aumento de cobertura da atenção básica,

vem diversificando as demandas para incorporação de novas tecnologias, adequadas a cada

nível de complexidade. Da mesma forma, a multiplicidade de fontes de insumos relacionados

aos diferentes parceiros envolvidos.

Neste sentido, o objetivo deste manual é proporcionar uma prática pedagógica que

ofereça conteúdos e habilidades na construção do modelo lógico, de forma a incorporar práticas

de monitoramento e avaliação, de forma a institucionalizá-las, bem como na contribuição de

forma ativa para o sucesso das intervenções propostas.

A oficina será realizada no Distrito Federal, com a participação dos gestores de

vigilância em saúde do GDF, representantes das Superintendências no monitoramento,

promoção dos fatores de risco e cuidado das DCNT, além dos conselhos de saúde e da sociedade

civil.

Este manual resulta de um esforço conjunto de técnicos especializados da Secretaria de

Vigilância em Saúde do Distrito Federal e da Fiocruz, por meio de um trabalho de dissertação

de mestrado do Ministério da Saúde. A todos esses nossos parceiros, os nossos agradecimentos.

INTRODUÇÃO

Avaliar consiste fundamentalmente em emitir juízo de valor sobre uma intervenção,

implementando um dispositivo capaz de fornecer informações cientificamente válidas e

socialmente legítimas sobre essa intervenção ou sobre...seus componentes, com o objetivos de

proceder de modo a que os diferentes atores envolvidos, cujos campos de julgamento são por

vezes diferentes, estejam aptos a se posicionar sobre a intervenção para que possam construir

individualmente ou coletivamente um julgamento que possa se traduzir em ações

(CHAMPAGNE et al, 2013)

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A institucionalização do monitoramento e avaliação (M&A) nos processos de gestão,

possibilitam a qualificação dos gestores de saúde inseridos nas diferentes instâncias gerenciais

das atividades de controle das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Distrito Federal.

O monitoramento das ações em andamento para a melhoria do Plano de controle das DCNT se

antecede à necessidade de avaliar de forma sistemática o grau de implementação do mesmo.

Nesse sentido, o objetivo desta oficina é proporcionar uma prática pedagógica que ofereça

conteúdos e habilidades técnicas que permitam que os gestores envolvidos contribuam na

reflexão das práticas do monitoramento e avaliação de DCNT.

No processo de delimitação do foco da avaliação, um dos recursos metodológicos é a

escolha da abordagem. Conhecido como modelo sistêmico, Donabedian (1968) propôs a

avaliação a partir da tríade estrutura, processo e resultado. Por estrutura, entende-se de saber

em que medida os recursos são empregados de modo adequado para atingir resultados

esperados. O processo, por sua vez, se refere as atividades, bens e serviços que são prestados.

Já os resultados observam os efeitos a partir dos objetivos propostos pela intervenção.

Será realizado um estudo de avaliabilidade, definido como o estudo do conjunto de

procedimentos presentes no planejamento de avaliações que as partes interessadas devem levar

em conta, a fim de maximizar a utilidade da avaliação. Os seguintes passos podem ajudar na

elaboração de um adequado estudo de avaliabilidade, a saber: i) descrição do Plano

identificando as metas, os objetivos e atividades; ii) análise documentos disponíveis no Plano;

iii) modelo lógico do Plano de Enfrentamento das DCNT; iv) consenso de como o Plano de

enfrentamento das DCNT opera; v) identificação de usuários da avaliação; e vi) recomendações

e análise da pertinência da realização de sua avaliação (MENDES et al, 2010).

Para o estudo de avaliabilidade, uma das etapas é a construção do modelos lógico, que

é utilizado de forma a visualizar a racionalidade que une as ações de controle do problema, e

permite caracterizar as atividades relevantes dos Planos/programas e suas relações de

consequência com os efeitos esperados de curto, médio e longo prazo. De acordo com W. K.

Kellogg (2004), “é uma ferramenta de avaliação benéfica que facilita o planejamento eficaz,

implementação e avaliação”.

Outra etapa do estudo de avaliabilidade é a construção da matriz de análise e

julgamento do Plano de enfrentamento das DCNT. Matrizes são ferramentas utilizadas para

expressar a lógica de uma intervenção em sua parte, ou todo, como os seus componentes

contribuem na produção dos efeitos, favorecendo a síntese em forma de juízo de valor, que

poderá ser utilizada em futuras avaliações. Os critérios e indicadores serão definidos de forma

145

conjunta, entre todos os gestores.

O convite a sua participação se deve ao entendimento aprofundado sobre as ações de

enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) na Secretaria Estadual de

Saúde (SES) do Distrito Federal (DF), que contribuirá com valiosa experiência nas etapas de

apreciação prévia acerca das possibilidades de avaliação no nível local. Esta oficina validará o

Modelo Lógico do Plano de enfrentamento das DCNT, bem como a Matriz de Análise e Julga-

mento, abordando vários aspectos relativos ao tema. Os resultados das oficinas poderão subsi-

diar a discussão futura de pactuação do II Plano de Enfrentamento de DCNT do DF, válido para

o período de 2017-2022.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Fornecer subsídios para a elaboração do modelo lógico do plano de enfrentamento das Doenças

Crônicas não Transmissíveis no DF, de forma a incorporar a prática de incorporação de

ferramenta de monitoramento e avaliação (M&A) nas intervenções de saúde pública.

Objetivos Específicos

Introduzir e pactuar uma linguagem operacional em M&A;

Implementar uma prática pedagógica de elaboração de modelo lógico que propicie a

reflexão oferecendo a seus participantes conteúdos e habilidades técnicas específicas

para desenvolverem ferramentas nas ações de M&A;

Descrever e modelizar a intervenção;

Desenvolver a matriz de análise e julgamento para futuras avaliações de implementação

do Plano de Enfrentamento das DCNT;

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APOIO DIDÁTICO (slides)

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REFERÊNCIA:

CASSIOLATO, M.; GUERESI, S. Como elaborar modelo lógico: roteiro para formular

Programas e organizar avaliação. Brasília: 2010.

CHAMPAGNE, F. et al. A Avaliação no Campo da Saúde: conceitos e métodos. In:

BROUSSELLE, A. et al. Avaliação, conceitos e métodos. 22-ed. Rio de Janeiro: Editora

Fiocruz, 2013a-p. 41-60.

DONABEDIAN, A. The Evaluating of Medical Care Programs. Bulletin of the New York Academy

of Medicine 44.2 (1968): p. 117-124.

MENDES, MFM et al. Avaliabilidade ou Pré-avaliação de um Programa. In: SAMICO et

al.(Org.) Avaliação em saúde: bases conceituais e operacionais. 1 ed. Rio de Janeiro: Ed.

Medbook, 2010. Cap. 5. p. 57- 64.

W.K. KELLOGG Foundation Logic Model Development Guide. s.n. 2004.