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Por Marcio Dottori | Fotos Alberto Sodré

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Desenvolvida no Brasil, a nova lancha da italiana Azimut Yachts traz um generoso fl ybridge e surpreende pelo bom aproveitamento da cabine, graças a uma inusitada solução na motorização

56AZIMUTT E S T E

VIRTUOSAAlém do casco mais extenso, em relação

à irmã menor na qual se baseia, a nova 56

pés teve a propulsão e os lemes deslocados para a extremidade da

popa, agregando outras virtudes a uma lancha repleta de qualidades

R econhecida mundialmente pela qualidade de suas lanchas e ia-tes, a italiana Azimut Yachts vende seus barcos em 70 países ao redor do planeta. Com cinco fábricas na Itália e uma no Brasil (a única fora da Europa), o grupo Azimut Benetti tem faturamento de cerca de 680 milhões de euros. A unidade brasileira — ins-

talada numa moderna planta em Itajaí, Santa Catarina, de onde já saíram mais de 100 barcos em seis anos de existência — é, atualmente, o único estaleiro nacional com a certifi cação ISO 9001, um conjunto de normas de padronização na produção dos barcos. Com todo esse background e uma equipe dedicada, a Azimut Yachts Brasil vem conquistando muitos clientes a cada ano. E não só brasileiros, já que parte de sua produção é exportada, principalmente para países da América do Sul.

A Azimut 56 foi desenvolvida no Brasil a partir da Azimut 50 importa-da, ícone da coleção Flybridge de lanchas do grupo. Assim, a nova 56 pés manteve a boca da irmã menor, porém teve o comprimento do cas-co aumentado, na área do cockpit na popa e no fl ybridge. Além disso, a propulsão e os lemes foram deslocados para a extremidade da popa — o que é outro bom apelo para uma lancha já recheada de virtudes.

Como resultado, a nova Azimut apresenta características bastante atra-entes, preservando o desempenho e a agilidade das lanchas de primeira linha que disputam clientes com ela no Brasil, como Schaefer 560, Pres-tige 550, Princess 56 e Intermarine 54. Já o preço da Azimut 56 (a partir de US$ 1,5 milhão, muito bem equipada) não é tão competitivo frente às similares à venda no país, mas a qualidade do barco vale o investimento.

Teste Azimut 56 334 v10.indd 54-55 08/06/16 11:35

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UMA PROA DIFERENTEAlém do tradicional solário, na proa, há um grande sofá para quatro pessoas; abaixo, a área central do fl ybridge

PALADAR PRIVILEGIADOAcima, móvel no fl y com pia, grelha elétrica, geladeira e armário; na foto ao lado, detalhe do espaço gourmet junto à plataforma de popa submersível, que tem capacidade para 320 kg

LIVING NO FLY

No fl y, à ré, podem ser colocadas poltronas

e mesa de centro, formando

uma área de convívio

ao ar livre

AMPLITUDE NO SALÃOA iluminação

natural no salão, que

tem 1,95 m de altura na

entrada, é assegurada

por grandes janelas

COMO ELA ÉCom três camarotes fechados e dois ba-

nheiros, sendo a suíte principal à meia-nau, a elegante Azimut 56, desenhada por Stefano Righini — responsável por toda a linha Azimut —, tem arranjo parecido com o layout das luxu-osas lanchas com fl ybridge de 60 pés. E um dos motivos do bom interior é graças à motorização V-Drive, confi guração que possibilita instalar os propulsores mais perto da popa, deixando es-paço extra na cabine para as acomodações. A propósito, a motorização tem esse nome por-que os eixos dos hélices passam por debaixo dos motores, formando o desenho de um V.

Em relação às lanchas de 18 m de compri-mento, talvez o principal diferencial da Azimut 56 seja a posição da cozinha, que, neste barco, fi ca no convés inferior, sob o para-brisa e, com isso, há sensação de amplitude no salão — na maioria das lanchas de 60 pés, a cozinha é in-tegrada ao salão principal. A vantagem deste arranjo, cujo interior teve a participação de Car-lo Galeazzi, outra referência entre designers de

barcos, é deixar a área exclusivamente para o convívio entre passageiros. Para isso, a Azimut 56 vem com um sofá em U na entrada e outro sofá em U em frente ao posto de pilotagem (que tem uma mesa de centro para refeições), e ambos acomodam quatro adultos cada.

Apesar de a cozinha fi car no “andar de bai-xo”, no mesmo convés dos camarotes, há bom espaço. O fogão vitrocerâmico tem quatro bo-cas e uma grelha para evitar a movimentação acidental das panelas — o que deveria ser item de série em todo barco. Uma vigia e uma coifa servem para a ventilação deste ambiente, que abriga, ainda, geladeira e freezer vertical de 220 litros, micro-ondas com grill, pia e armários para mantimentos e utensílios gerais de cozinha.

A iluminação natural no salão, que tem 1,95 m de altura na entrada, é proporcionada por grandes janelas, sendo que a parte traseira delas, em ambos os bordos, vai até o convés. Além de uma prática janela lateral elétrica de série, bem ao lado do banco do condutor, o

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A Azimut 56 tem interior parecido com os luxuosos modelos de 60 pés da marca


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Seis pessoas podem dormir a bordo, e com conforto, pois os

camarotes têm 1,92 m de altura

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DETALHES FAZEM A DIFERENÇA

Os banheiros dos camarotes (como este, do

principal) vêm com boxe e as cubas são de um tipo

de resina pigmentada, resistente e bonita

ARRANJO ESPECIAL

Enquanto, na maior parte das lanchas de 60 pés,

a cozinha é integrada ao

salão, aqui ela fi ca no convés inferior, sob o

para-brisa

DESCANSO GARANTIDO O camarote de hóspedes vip, na proa, tem cama de casal e belo acabamento de madeira, traço comum aos demais aposentos

posto de pilotagem, com 1,85 m de altura, tem banco duplo e amplo painel de instrumentos, contendo, entre outros itens, duas telas lcd de 12 polegadas cada. Os eletrônicos, bússola, vhf e quadro de disjuntores fi cam bem visíveis ao piloto. Contudo, durante a navegação, a vi-sibilidade do comandante é prejudicada pelo encosto do sofá externo de boreste, que atra-palha um pouco enxergar além da proa.

Ao todo, seis pessoas podem dormir a bor-do. E com conforto. Haja vista que o pé-direito mínimo nos camarotes é de 1,92 m e, nos dois banheiros, de 1,98 m. A suíte máster, que apro-veita a boca de 4,60 m da lancha, tem bom ta-manho e recebe iluminação natural de janelas laterais. Uma grande quantidade de armários e vigias para ventilação, além das duas banca-das que ladeiam a cama de casal, tornam este ambiente ainda mais agradável. Na proa, o ca-marote de hóspedes vip, com cama de casal, divide o banheiro com o terceiro camarote, que tem duas camas de solteiro sobrepostas. O acabamento de madeira nos camarotes é

bom e as cubas nos banheiros (ambos equipa-dos com boxe) são feitas de um tipo de resina pigmentada, resistente e bonita.

O fl ybridge só tem um banco para o pilo-to, que, no entanto, é confortável. Ao lado do posto de pilotagem superior fi ca um sofá em L com mesa de centro. Atrás dele há um móvel com pia, grelha elétrica, geladeira e armário. Na parte traseira do fl y podem ser colocadas poltronas e uma mesa de centro, enquanto a parte dianteira é protegida por capota rígida de fi bra, cujo centro, de tecido sintético, pode ser aberto. Na proa, além do tradicional solário, há um grande sofá para quatro pessoas.

Na popa fi ca o espaço gourmet, assim como a plataforma submersível, com capacidade para 320 kg. No bem montado compartimento dos motores (equipado com sistema certifi ca-do de extinção de incêndio), o pé-direito é de 1,19 m e há espaço para manutenção básica, como troca de fi ltros e verifi cação dos níveis de óleo lubrifi cante. O material usado nas instala-ções elétricas e hidráulicas é de boa qualidade.

T E S T E

COMO UM BELICHEO terceiro

camarote é equipado

com camas sobrepostas


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VISÕES DISTINTASA pilotagem no fl y oferece uma visão mais ampla, ainda mais porque o posto de comando no salão, embora confortável, tem a visibilidade prejudicada pelo encosto do sofá externo de boreste

CONFIÁVEL E SEGURA

Durante o teste, a Azimut

56 navegou bem, com fi rmeza e

estabilidade, mesmo quando

cruzou a própria marola

e a esteira de outras lanchas

de grande porte nas

proximidadesEFICIÊNCIAMOTOR

rpmVELOCIDADE CONSUMO

litros/hora milha/litronós litros/milhakm/hAUTONOMIA (90%) milhas

14,9 segundosACELERAÇÃO (da marcha lenta aos 20 nós)

1400160018002000220024002500

88124153188216259288

227196221220230229221

• ONDE: Baía de Guanabara, RJ

• CONDIÇÕES: Águas com ondas bem baixas e ventos de 9 nós

• A BORDO: 6 pessoas, cerca de 1 100 litros de combustível e 150 litros de água

• MOTORIZAÇÃO: Dois Volvo D11, diesel, de 725 hp cada

• TIPO PROPULSÃO: Centro V-Drive, eixo e pé-de-galinha

• RELAÇÃO DE TRANSMISSÃO: 2,04:1

• HÉLICES: Nibral de 4 pás, diâmetro de 740 mm e passo de 1 400 mm

COMO TESTAMOSDESEMPENHO

10,112,317,120,925,130

32,1

18,722,831,738,746,555,659,4

0,110,100,110,110,120,120,11

8,7110,088,959,008,618,638,97

COMO NAVEGANo nosso teste, feito com uma unidade

equipada com dois motores Volvo a diesel de seis cilindros, com 11 litros de capacidade volumétrica e 725 hp cada, a Azimut 56 na-vegou bem, com fi rmeza e estabilidade. Du-rante a navegação, a 2 500 rpm, a Azimut 56 atingiu 32,1 nós, o que é uma boa velocidade para este conjunto, que pesa 24,3 toneladas com os tanques de combustível e água pela metade. Já 2 200 rpm, rotação máxima de cruzeiro que recomendamos para uso pro-longado, a velocidade é de bons 25,1 nós. Neste regime, a lancha pode navegar, tendo os tanques cheios (2 200 litros de diesel) e mar calmo pela frente, cerca de 230 milhas, com um consumo total aproximado de 216 litros por hora. Isto signifi ca que a Azimut 56 tem autonomia para navegar, com folga, en-tre os principais postos náuticos existentes de Florianópolis ao sul da Bahia.

Na prova de aceleração, registramos 14,9 segundos para a Azimut 56 ir da marcha len-ta aos 20 nós — um tempo não lá muito cur-

to, mas coerente com o propósito de uso fa-miliar desta lancha. Em manobras, o raio de giro é relativamente reduzido, o que é bom para a segurança e o prazer da pilotagem. Como as águas no entorno da Baía da Gua-nabara estavam bem calmas no dia da ava-liação, testamos o casco desta 56 pés (que já vem de série com bow thruster elétrico de 6,5 kW, o que auxilia nas manobras de atra-cação, principalmente quando o vento for de través), cruzando sucessivas vezes nossa própria marola e a esteira de outras lanchas de grande porte nas proximidades. Nestas condições, não detectamos nenhum proble-ma em relação ao grau de amortecimento do casco, preceito importante para qualquer lancha classifi cada para navegação costeira se sair bem em nossas águas (que não cos-tumam ser lá muito tranquilas fora das baías e enseadas). A Azimut 56 teve desempenho muito bom, que, aliado ao conforto da cabi-ne, sem dúvida recomenda esta lancha para longos passeios no nosso litoral.

Foi a 2 200 rpm, navegando na velocidade de cruzeiro de 25,1 nós, que a Azimut 56 obteve a melhor autonomia: 230 milhas. Neste regime, é possível navegar, sem levar em conta o combustível de reserva, de Santos ao Rio.Santos ao Rio.

CRUZEIRO ECONÔMICO

T E S T E

Navegando a 2 500 rpm, a lancha atingiu 32,1 nós, boa

velocidade para este conjunto

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A Azimut 56 teve desempenho muito bom, que, aliado ao conforto da cabine, recomenda esta lancha

T E S T E

• COMPRIMENTOMÁXIMO:17,08 m

• COMPRIMENTODO CASCO: 16,44 m

• BOCA: 4,60 m• CALADO COM

PROPULSÃO: 1,52 m• BORDA-LIVRE NA PROA : 1,80 m• BORDA-LIVRE NA POPA : 1,53 m• ÂNGULO DO V

NA POPA: 12 graus• ALTURA DA CABINE

NA ENTRADA: 1,95 m• ALTURA MÍNIMA

DOS BANHEIROS: 1,98 m• COMBUSTÍVEL: 2 200 litros• ÁGUA: 590 litros• PESO COM MOTOR: 21 800 kg• CAPACIDADE(DIA/NOITE): 14/3 pessoas

• MOTORIZAÇÃO: Centro V-Drive, eixo e pé-de-galinha

• POTÊNCIA: 2 x 725 hp

NÚMEROSRESUMO

A Azimut Yachts é um estaleiro italiano com fi lial em Itajaí, Santa Catarina. Na unidade brasileira, com área de 17 mil m², são fabricados cinco modelos de lanchas, todos com fl ybridge, de 42 a 70 pés, e um iate de 83 pés. Para saber mais: www.azimutyachts.com ou tel. 47/3405-0505.

QUEM FAZ

PONTOS ALTOS Iluminação natural no salãoAproveitamento da proaFlybridge e cockpit na popa

A partir de

US$ 1,5 milhão(com dois Volvo D11 V-Drive diesel, de 725 hp cada, bow thruster de 6.5 kW, gerador de 17 kW, ar-condicionado de 60 mil btu, guincho elétrico para âncora de 2 000 W e ferro de 25 kg com 75 m de corrente de 10 mm, plataforma de popa submersível de 3,5 m x 1,43 m, janela lateral com acionamento elétrico no posto de comando, sistema de água quente pressurizada com aquecedor (boiler) de 60 litros, inversor, transformador, carregador de bateria, quatro bombas de porão elétricas e duas manuais, sistema de combate a incêndio com extintor de 12 kg, geladeira e freezer de 220 litros, fogão de quatro bocas, forno de micro-ondas com grill, fl apes, passarela retrátil de embarque de 200 kg e dois tanques de esgoto de 175 litros cada)

QUANTO CUSTA

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PONTOS BAIXOS Sofá na proa atrapalha visão do pilotoFaltam pegadores no corredor lateralFalta trava para a corrente da âncora


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