sustentabilidade do peixe português estudo de mercado · gráfico 20 – pegada ecológica 2010...

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APTECE Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia Sustentabilidade do Peixe Português Estudo de Mercado V V e e r r s s ã ã o o 0 0 1 1 Setembro 2016

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APTECE – Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia

Sustentabilidade do Peixe Português

Estudo de Mercado

VVVeeerrrsssãããooo 000111

Setembro 2016

F i c h a T é c n i c a d o D o c u m e n t o P á g . 1

Ficha Técnica do Documento

Nº proposta:

Coordenador do projeto:

Equipa responsável

pela elaboração do documento: Carla Sabino

Período de realização: Agosto-Setembro 2016

Número de páginas do

documento: 72

Elaborado para: APTECE

Âmbito do trabalho: Projeto Portugal Figura de Proa – criação da Rota do

Peixe Português

Í n d i c e P á g . 2

Índice

ENQUADRAMENTO ....................................................................................................................................... 4

A OFERTA DE PESCADO NACIONAL ................................................................................................................ 4

Descargas e captura ................................................................................................................................................... 5 Capturas por regiões e portos .................................................................................................................................... 7 Modalidades de pesca ............................................................................................................................................. 11 Indústria da aquicultura ........................................................................................................................................... 13 Mercado dos produtos de pesca e estruturas organizativas ................................................................................... 17 Indústria transformadora dos produtos da pesca e aquicultura .............................................................................. 19 Frota de pesca e número de pescadores matriculados ........................................................................................... 22 Comércio internacional do sector da pesca ............................................................................................................. 27 Economia da pesca .................................................................................................................................................. 33

O CONSUMO DE PEIXE EM PORTUGAL ........................................................................................................ 34

Principais indicadores do consumo de peixe ........................................................................................................... 34 Benefícios do consumo de peixe .............................................................................................................................. 36 Sustentabilidade associada ao consumo de peixe ................................................................................................... 37

O MERCADO ................................................................................................................................................ 41

DIFERENTES SEGMENTOS ...................................................................................................................................... 41 Restauração tradicional ............................................................................................................................. 42 Eventos gastronómicos .............................................................................................................................. 43

Enguia ...................................................................................................................................................................... 44 Lampreia .................................................................................................................................................................. 45 Sável ......................................................................................................................................................................... 48 Achigã ...................................................................................................................................................................... 49 Truta ......................................................................................................................................................................... 50 Peixe-espada preto .................................................................................................................................................. 50 Sardinha ................................................................................................................................................................... 51 Carapau .................................................................................................................................................................... 52 Polvo ........................................................................................................................................................................ 53 Bacalhau ................................................................................................................................................................... 55 Peixes variados ......................................................................................................................................................... 57 Marisco .................................................................................................................................................................... 61 Lagostim ................................................................................................................................................................... 62 Ouriço do mar .......................................................................................................................................................... 63 Lingueirão ................................................................................................................................................................ 64 Berbigão ................................................................................................................................................................... 64 Sapateira .................................................................................................................................................................. 65

Novas formas de degustação ..................................................................................................................... 65 Street food ............................................................................................................................................................... 65 Conservas gourmet .................................................................................................................................................. 66 Sushi português ....................................................................................................................................................... 67 Novos conceitos de restauração dedicada ao peixe ................................................................................................ 68

DIMENSIONAMENTO DO MERCADO POTENCIAL ......................................................................................................... 72

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................................................................. 74

Divulgação da Rota do Peixe Português ................................................................................................................... 74 Actuação da APTECE para a sustentabilidade do peixe português .......................................................................... 75

Í n d i c e P á g . 3

Índice de Tabelas e Gráficos Tabela 1 - Capturas nominais de pescado fresco ou refrigerado, por principais espécies - Portugal ...................................... 6

Tabela 2 - Capturas nominais de pescado fresco ou refrigerado, por principais espécies - Continente .................................. 8

Tabela 3 - Capturas nominais de pescado fresco ou refrigerado, por principais espécies – Regiões Autónomas ................... 9

Tabela 4 - Capturas nominais, por NUTS II e principais portos (2015) ................................................................................... 10

Tabela 5 - Capturas nominais de pescado, por modalidade de pesca e principais espécies (2014 – 2015) ........................... 12

Tabela 6 - Tipo de estabelecimento e regime de exploração em aquicultura – 2014 ............................................................ 14

Tabela 7 - Produção de aquicultura em águas interiores e oceânicas por tipo de água e regime, segundo as espécies ....... 16

Tabela 8 - Quantidades produzidas de produtos provenientes da pesca e aquicultura,pela indústria transformadora ....... 20

Tabela 9 - Quantidades vendidas e valor das vendas da indústria transformadora das pescas............................................. 21

Tabela 10 - Importações de produtos da pesca, por principais países de origem .................................................................. 29

Tabela 11 – Exportações de produtos da pesca, por principais países de destino ................................................................. 31

Gráfico 1 - Evolução das capturas nominais de pescado fresco ou refrigerado, em portos nacionais (2009‐2015) ................ 5

Gráfico 2 - Distribuição das capturas nominais de pescado por NUTS II (2015)..................................................................... 10

Gráfico 3 Distribuição das capturas nominais de pescado fresco ou refrigerado, por modalidade de pesca (2013 – 2015) 11

Gráfico 4 - Evolução da produção em aquicultura ................................................................................................................. 13

Gráfico 5 - Nº de embarcações (Total de licenciadas e de Organizações de Produtores‐OP) ................................................ 17

Gráfico 6 – Representatividade das principais espécies capturadas em embarcações OP - 2015 ......................................... 18

Gráfico 7 - Descargas de pescado fresco ou refrigerado efetuadas pelas OP, segundo as principais espécies ..................... 18

Gráfico 8 – Quantidades produzidas pela indústria transformadora ..................................................................................... 19

Gráfico 9 - Pescadores matriculados segundo os segmentos de pesca ................................................................................. 22

Gráfico 10 - Estrutura etária dos pescadores matriculados, por NUTS II (2015) .................................................................... 23

Gráfico 11 - Estrutura etária dos pescadores matriculados, por segmento de pesca (2015 ................................................. 24

Gráfico 12 - Pescadores matriculados por segmento de pesca, por NUTS II (2015 ............................................................... 25

Gráfico 13 - Número de pescadores apeados e apanhadores licenciados, por NUTSII ......................................................... 26

Gráfico 14 - Saldo da balança comercial ................................................................................................................................ 27

Gráfico 15 – Representatividade das importações por grupo de produtos (2015) ................................................................ 28

Gráfico 16 – Representatividade das exportações por grupo de produtos (2015) ................................................................ 30

Gráfico 17 – Saldo da balança comercial dos produtos da pesca ........................................................................................... 32

Gráfico 18 - Principais indicadores, a preços correntes, do ramo de atividade da pesca e aquicultura ................................ 33

Gráfico 19 - Consumo de peixe per capita - 2015 .................................................................................................................. 35

Gráfico 20 – Pegada ecológica 2010 – consumo de peixe ...................................................................................................... 38

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4

Enquadramento

Com o lançamento da primeira ação do projeto Portugal Figura de Proa – criação da

Rota do Peixe Português -, surge para a APTECE a necessidade de conhecer o potencial

de mercado neste segmento especifico do turismo gastronómico, ou seja, saber se o

peixe português pode ser uma âncora para promoção do turismo gastronómico em

Portugal, bem como o elo de ligação a diversos produtos tradicionais da gastronomia

portuguesa.

A proposta para a elaboração do Estudo de Mercado compreende dois capítulos: em

primeiro lugar será feita uma análise da oferta/ procura, tentando conhecer o sector do

peixe e os padrões de consumo do mercado, e por outro lado, identificar, caracterizar e

dimensionar o mercado potencial, ou seja, quais os canais de difusão da gastronomia

associada ao peixe, bem como o perfil dos consumidores finais.

A oferta de pescado nacional

A pesca é uma atividade que desde cedo se desenvolveu em Portugal devido à sua

situação geográfica privilegiada. Uma faixa costeira relativamente alongada (943km em

Portugal continental, 667 km nos Açores e 250 km na Madeira), associada à

proximidade de pesqueiros e à grande variedade de espécies, determinou o

desenvolvimento do sector, promovendo, assim, a fixação de núcleos populacionais ao

longo da costa que se dedicaram, quase em exclusivo, à pesca.

Durante o séc. XX, a pesca assumiu-se como uma das atividades de maior importância a

nível económico, mas também a nível social, atingindo o seu apogeu entre os anos 60 e

70, com a existência de uma frota que não só explorava os recursos locais, mas também

os recursos marinhos dos mares do Noroeste Atlântico (Terra Nova, Gronelândia) e do

Atlântico Sul (Cabo Branco, Mauritânia).

Na década de 90, o sector atravessou uma crise, motivada, em certa parte, pela ausência

de regras no controlo da atividade, o que conduziu à sobrexploração dos recursos. O

desafio que se coloca atualmente é o de encontrar o equilíbrio entre a exploração dos

recursos e as necessidades dos produtores e consumidores. Fomentar a prática de uma

pesca sustentável, na qual sejam preservados os recursos naturais, e desenvolvida uma

capacidade empresarial assente na valorização do produto, é uma das prioridades para

Portugal.

Enquanto membro da União Europeia, Portugal tem a sua atuação condicionada às

grandes linhas de orientação definidas no quadro da Política Comum de Pesca (PCP). A

PCP tem em conta as dimensões biológica, económica e social da pesca e subdivide-se

em quatro vertentes principais: política de conservação, política estrutural, política dos

mercados comuns de pesca e relações com os países terceiros. O peso do sector das

pescas na economia nacional pode ser determinado com base num conjunto de

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 5

indicadores, que permitem chegar a algumas conclusões importantes e determinantes

para o futuro das pescas em Portugal.

Nos últimos anos, a pesca tem mantido níveis de captura praticamente constantes

embora se registe uma redução do número de pescadores e de embarcações registadas, o

que demonstra a progressiva renovação do sector e o aumento de eficiência e eficácia

dos atuais meios.

Descargas e captura

Em 2014 foram capturadas pela frota portuguesa 184 611 toneladas de pescado, o que

representou um decréscimo de 6,6% na produção da pesca nacional, relativamente a

2013. Os dados mais recentes apontam para um crescimento das capturas, situando-se

nas 194 164 toneladas de pescado capturado pela frota portuguesa em 2015, o que

relativamente a 2014 representou um acréscimo de 5,6% na produção da pesca nacional.

Do total capturado, 119 890 toneladas corresponderam a pescado fresco ou refrigerado,

transacionado em lota, no valor de 250 501 mil euros, o que representa um decréscimo

de 17,1% em volume e de 1,0% em valor, relativamente a 2013, conforme se verifica no

gráfico abaixo.

G r á f i c o 1 - E v o l u ç ã o d a s c a p t u r a s n o m i n a i s d e p e s c a d o f r e s c o o u

r e f r i g e r a d o , e m p o r t o s n a c i o n a i s ( 2 0 0 9 ‐2 0 1 5 )

230

240

250

260

270

280

290

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

10

6 e

uro

s

10

3 to

ne

lad

as

Qt. Valor

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

As 119 890 toneladas de peixe fresco e refrigerado transacionadas em lota durante o ano

de 2014 constituem a quantidade de pescado capturado mais baixa desde que se

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 6

conhecem registos (1969). Em contrapartida, o preço médio do pescado transacionado

em lota em 2014 (2,02 €/kg), foi o mais elevado desde que existem estatísticas do sector.

Em 2015, do total capturado, 140 831 toneladas corresponderam a pescado fresco ou

refrigerado, transacionado em lota (119 890 toneladas em 2014), no valor de 260 984 mil

euros (250 501 mil euros em 2014), o que representa um acréscimo de 17,5% em

volume e 4,2% em valor, comparativamente a 2014.

Os dados mostram que em 2015 as espécies mais capturadas foram a lampreia e o sável,

entre as espécies de água salobra e doce, tendo estas como principal característica a sua

sazonalidade; juntaram-se-lhes o atum, o carapau, a cavala, o peixe espada preto e a

sardinha, entre as espécies de peixes marinhos. Ao nível dos crustáceos realça-se a

gamba, quer em quantidade capturada, quer em valor; e por último, o polvo lidera a

captura na categoria de moluscos.

T a b e l a 1 - C a p t u r a s n o m i n a i s d e p e s c a d o f r e s c o o u r e f r i g e r a d o , p o r

p r i n c i p a i s e s p é c i e s - P o r t u g a l

Portugal Quantidade Valor Quantidade Valor

(toneladas) (103 euros) (toneladas) (103 euros)

Total 119 890 250 501 140 831 260 984

Água salobra e doce 154 1 281 126 1 252

Enguia 6 329 5 402

Lampreia 79 650 77 662

Sável 66 294 37 178

Outros 3 8 6 10

Peixes marinhos 100 073 174 778 120 757 187 725

Atum 9 068 20 725 7 019 17 288

Carapau 14 920 15 740 19 955 20 123

Cavala 29 543 7 926 46 430 12 728

Peixe espada preto 4 077 12 357 4 435 14 568

Sardinha 15 824 31 607 13 729 30 052

Outros 35 709 107 148 36 207 110 255

Crustáceos 1 150 11 365 750 11 455

Caranguejo 284 85 32 25

Gamba 418 5 382 201 4 068

Lagostim 142 2 045 37 809

Camarão 99 1 667 105 1 888

Outros 207 2 186 374 4 665

Moluscos 18 504 63 065 19 170 60 522

Ameijoa 1 640 2 930 1 648 3 119

Berbigão 2 211 1 950 4 963 4 492

Choco 1 256 5 559 1 274 5 602

Polvo 10 676 44 292 7 692 35 934

Outros 2 721 8 334 3 593 11 375

Animais aquáticos diversos 9 12 28 30

20152014

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7

O aumento verificado a nível nacional ficou a dever-se à maior captura de peixes

marinhos, registando-se um crescimento de 20,7% face a 2014, sobretudo cavala e

carapau, que registaram maiores volumes de captura (+57,2% e +33,7%

respetivamente).

Pelo contrário, capturaram-se menos sardinhas (-13,2%) e atuns (-22,6%). No caso da

sardinha, esta diminuição resultou da aplicação dos Despachos n.º 2179-A/2015 e n.º

5119-H/2015, que determinaram limites de captura para a sua pesca em Portugal

Continental ao longo do ano 2015, como medida de gestão deste recurso.

No que diz respeito aos moluscos, verificou-se um aumento do volume de capturas

(+3,6%), mas um decréscimo do valor correspondente (-4,0%), que ficou a dever-se

fundamentalmente a um aumento expressivo da quantidade de berbigão (+124,4%) e a

uma menor quantidade de polvo (-28,0%) disponível em 2015. Sendo o berbigão uma

espécie menos valorizada, quando comparada com o polvo, o resultado foi uma descida

do valor global deste grupo.

Pelo contrário, os crustáceos apresentaram um decréscimo em quantidade (-34,8%),

tendo em valor aumentado ligeiramente (+0,8%). Para este resultado contribuíram a

diminuição da captura de gambas (-51,9%) e caranguejos (-88,7%), cujos preços

subiram. Por outro lado, aumentou a captura de espécies como o lagostim (+14,5%) e

os camarões (+6,3%), que também aumentaram de preço, o que conduziu a um

aumento do valor para o total de crustáceos.

Capturas por regiões e portos

O maior volume de capturas a nível nacional em 2015 resultou exclusivamente do

acréscimo das capturas no Continente, sobretudo de peixes marinhos como a cavala

(+57,5%) e o carapau (+33,7%), uma vez que as Regiões Autónomas registaram uma

redução, devido principalmente à menor quantidade de atuns capturados em relação ao

ano transato.

As 127 026 toneladas do Continente refletiram um incremento de 23,0% no volume de

capturas, pelo aumento de peixes marinhos e de moluscos, tendo o acréscimo em valor

sido apenas 5,4%, resultado para o qual contribuiu o peso de espécies pouco

valorizadas, como a cavala e o carapau, na quantidade total de pescado capturado em

2015.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 8

T a b e l a 2 - C a p t u r a s n o m i n a i s d e p e s c a d o f r e s c o o u r e f r i g e r a d o , p o r

p r i n c i p a i s e s p é c i e s - C o n t i n e n t e

Continente Quantidade Valor Quantidade Valor

(toneladas) (103 euros) (toneladas) (103 euros)

Total 103 276 206 279 127 026 217 316

Água salobra e doce 154 1 281 126 1 252

Enguia 6 329 5 402

Lampreia 79 650 77 662

Sável 66 294 37 178

Outros 3 8 6 10

Peixes marinhos 83 972 133 273 107 426 147 009

Atum 856 3 703 1 654 5 136

Carapau 14 920 15 740 19 955 20 123

Cavala 29 034 7 394 45 728 12 146

Peixe espada preto 2 109 6 026 2 527 7 372

Pescadas 2 374 6 741 2 001 5 978

Sardinha 15 808 31 583 13 690 30 009

Outros 18 871 62 086 21 871 66 246

Crustáceos 1 130 11 150 710 10 950

Caranguejo 213 84 32 24

Gamba 418 5 382 201 4 068

Lagostim 142 2 045 162 2 763

Camarão 99 1 666 105 1 887

Outros 258 1 973 210 2 207

Moluscos 18 012 60 562 18 741 58 077

Ameijoa 1 639 2 926 1 646 3 099

Berbigão 2 211 1 925 4 963 4 492

Choco 1 256 5 559 1 274 5 602

Polvo 10 661 44 192 7 675 35 823

Outros 2 245 5 960 3 182 9 060

Animais aquáticos diversos 9 12 23 29

2014 2015

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Nos preços transacionados em lota, em 2015 a sardinha atingiu o maior preço desde que

há registos estatísticos, com 2,19 €/kg (1,43 €/kg em 2013) e o atum e a pescada

atingiram os valores de 3,11 €/kg e de 2,99 €/kg, respetivamente.

Em 2015, manteve-se a disputa de liderança no pescado mais valioso, registada já em

2013 e 2014: os peixes de água salobra e doce e os crustáceos apresentam os preços mais altos

– 9,95 e 15,42 euros por quilo, respetivamente. Nos últimos anos, os peixes de água

salobra e doce têm mostrado os preços mais altos, que contrasta com a realidade de há

uns anos atrás, em que os crustáceos eram muito mais caros. Seguem-se os moluscos, a

uma grande distância de preço (pouco mais que 3 euros/kg), e os peixes marinhos (menos

de 2 euros).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 9

Nas Regiões Autónomas registou-se a descarga de apenas 8 164 toneladas de pescado

nos Açores, o que representa um decréscimo de 936 toneladas face a 2014 (-10,3%),

resultante do menor volume de capturas de atuns em 2015 (-21,3%) e também de

menores quantidades de espécies como o carapau negrão, o peixe-espada preto e o

safio.

T a b e l a 3 - C a p t u r a s n o m i n a i s d e p e s c a d o f r e s c o o u r e f r i g e r a d o , p o r

p r i n c i p a i s e s p é c i e s – R e g i õ e s A u t ó n o m a s

RA Açores

Quantidade Valor Quantidade Valor

(toneladas) (103 euros) (toneladas) (10

3 euros)

Total 9 100 27 531 8 164 28 033

Peixes marinhos 8 663 25 078 7 842 25 780

Atum 3 307 7 743 2 604 5 166

Carapau negrão 927 1 082 872 1 106

Congro ou safio 644 818 574 929

Goraz 663 5 601 701 6 428

Peixe espada 713 1 217 428 1 089

Outros 2 409 8 617 2 664 11 063

Crustáceos 20 215 40 505

Lagosta e lavagante 6 105 18 429

Moluscos 417 2 239 277 1 746

Lulas 354 1 942 202 1 317

Animais aquáticos diversos 0 0 5 1

20152014

Na Madeira, as capturas fixaram-se em 5 641 toneladas, ou seja, uma redução de 24,9%,

essencialmente devido ao menor volume de tunídeos, cuja captura (2 761 toneladas)

diminuiu em cerca de 43% face a 2014. O peixe-espada preto registou também um

ligeiro decréscimo de 0,6%.

RA Madeira

Quantidade Valor Quantidade Valor

(toneladas) (103 euros) (toneladas) (10

3 euros)

Total 7 514 16 691 5 641 15 635

Peixes marinhos 7 438 16 428 5 489 14 936

Atum 4 905 9 279 2 761 6 987

Peixe espada preto 1 913 6 230 1 902 7 172

Outros 620 919 826 777

Crustáceos 0 0 0 0

Moluscos 75 263 152 698

Animais aquáticos diversos 0 0 0 0

20152014

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 0

Na distribuição regional das capturas de pescado fresco ou refrigerado, em termos do

volume de descarga em portos nacionais, mantiveram a preponderância as regiões do

Centro e de Lisboa, com um peso de cerca de 28% e de 23%, respetivamente

G r á f i c o 2 - D i s t r i b u i ç ã o d a s c a p t u r a s n o m i n a i s d e p e s c a d o p o r N U T S

I I ( 2 0 1 5 )

Quantidade Valor

Norte 13,87%

Centro 27,78%

Lisboa 23,41%

Alentejo 7,45%

Algarve 17,69%

Açores 5,80%

Madeira 4,01%

Norte 13,17%

Centro 27,28%

Lisboa 16,48%

Alentejo 5,62%

Algarve 20,71%

Açores 10,74%

Madeira 5,99%

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Seguiram-se as regiões do Algarve, o Norte (que com 13,8% foi a região que viu

reduzida de forma mais significativa a sua posição em relação aos 17,9% de 2013) e os

Açores. Em termos do valor das capturas, manteve-se a relevância da região Centro,

(27%) e do Algarve (21%;), seguidas pela região de Lisboa (16%), Norte (13%) e Açores

(11%).

T a b e l a 4 - C a p t u r a s n o m i n a i s , p o r N U T S I I e p r i n c i p a i s p o r t o s ( 2 0 1 5 )

Quantidade Valor Quantidade Valor

(toneladas) (103 euros) (toneladas) (103 euros)

Norte 19 537 34 379 Portimão 4 441 11 811

Viana do Castelo 2 391 6 405 Olhão 15 966 18 592

Póvoa do Varzim 1 390 3 182 Tavira 628 3 330

Matosinhos 15 756 24 793 V.R.Sto. António 894 9 560

Centro 39 123 71 208 Açores 8 164 28 033

Aveiro 12 945 18 351 Sta. Maria 528 1 092

Figueira da Foz 11 213 11 402 S. Miguel 4 317 13 840

Nazaré 4 543 9 416 Terceira 1 021 4 442

Peniche 10 421 32 039 Graciosa 166 1 388

Lisboa 32 970 43 023 S. Jorge 172 738

Cascais 126 892 Pico 1 044 2 167

Sesimbra 30 190 35 846 Faial 782 3 206

Setúbal 2 654 6 284 Flores 114 997

Alentejo 10 487 14 665 Corvo 20 163

Sines 10 487 14 665 Madeira 5 641 15 635

Algarve 21 928 43 293 Madeira 5 631 15 611

Lagos 2 980 10 748 Porto Santo 10 24

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 1

Em termos de capturas por principais portos, verifica-se a preponderância dos portos

do Continente, principalmente, os de Matosinhos, Peniche, Aveiro, Figueira da Foz,

Sesimbra e Olhão, cujo peso no total de tonelagem capturada representa 80%, e no total

do valor capturado representa 79%.

Modalidades de pesca

Considerando as diferentes modalidades de pesca1 e as capturas delas resultantes, a

pesca do cerco reassumiu a preponderância em 2015 (47,2%; 40,5% em 2014),

seguindo-se a pesca polivalente (40,8%; 46,8% em 2014) e, por último, o arrasto (12,0%;

12,7% em 2014).

G r á f i c o 3 D i s t r i b u i ç ã o d a s c a p t u r a s n o m i n a i s d e p e s c a d o f r e s c o o u

r e f r i g e r a d o , p o r m o d a l i d a d e d e p e s c a ( 2 0 1 3 – 2 0 1 5 )

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2013 2014 2015 2013 2014 2015

Polivalente Cerco Arrasto costeiro

Quantidade Valor

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

As capturas provenientes da pesca do cerco atingiram 66 421 toneladas, tendo aumentado

36,6% face a 2014, o que corresponde à recuperação da tradicional importância deste

segmento em termos de volumes de captura a nível nacional, com maiores quantidades

de peixes marinhos capturados, nomeadamente cavala (+54,7%) e carapau (+60,6%).

Quanto à captura de sardinha pela arte do cerco, sujeita em 2015 a restrições pelas

imposições legais já referidas, registou uma diminuição de 16,0%.

1 PESCA POLIVALENTE: Pesca exercida utilizando artes diversificadas como por exemplo, aparelhos de anzol, armadilhas, alcatruzes, ganchorra, redes camaroeiras e do pilado, xávegas e sacadas-toneiras.

PESCA POR ARRASTO: Pesca efetuada com estruturas rebocadas essencialmente constituídas por um corpo cónico, prolongado anteriormente por “asas” e terminando num saco onde é retida a captura. Podem atuar diretamente sobre o leito do mar (arrasto pelo fundo) ou entre este e a superfície (arrasto pelágico).

PESCA POR CERCO: Pesca efetuada com a utilização de ampla parede de rede, sempre longa e alta, que largada de uma embarcação é manobrada de maneira a envolver o cardume e a fechar-se em forma de bolsa pela parte inferior, de modo a reduzir a capacidade de fuga.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 2

As capturas na pesca polivalente tiveram, em relação a 2014, um acréscimo de 2,5%,

correspondente a 57 470 toneladas, devido essencialmente ao incremento da captura de

cavala (+81,9%), carapau (+26,9%), sardinha (+141,7%) e berbigão (+124,4%). Outras

espécies viram a sua captura reduzida por este segmento de pesca, como é o caso dos

atuns (-27,7%), peixe-espada (-42,7%), pescada (-27,1%) e polvo (-28,1%).

T a b e l a 5 - C a p t u r a s n o m i n a i s d e p e s c a d o , p o r m o d a l i d a d e d e p e s c a e

p r i n c i p a i s e s p é c i e s ( 2 0 1 4 – 2 0 1 5 )

2013 2014 2015 2013 2014 2015

Polivalente 60 464 56 092 57 470 167 053 173 434 172 918

Atum 11 323 8 989 6 499 24 071 20 569 16 662

Carapau 2 116 1 958 2 486 2 134 2 743 2 695

Cavala 4 292 3 851 7 005 1 708 1 372 2 122

Peixe espada preto 4 093 4 077 4 435 11 694 12 357 14 568

Sardinha 666 270 653 1 014 646 1 326

Polvo 12 401 10 287 7 399 36 169 42 767 34 984

Berbigão 1 433 2 211 4 963 1 202 1 925 4 492

Cerco 67 670 48 608 66 421 54 991 46 214 54 257

Sardinha 26 960 15 533 13 046 38 624 30 937 28 693

Carapau 5 445 4 875 7 831 3 897 4 139 6 164

Cavala 32 257 25 261 39 089 8 543 6 395 10 469

Arrasto costeiro 16 520 15 190 16 940 31 104 30 853 33 809

Carapau 7 776 8 087 9 639 8 101 8 858 11 263

Cavala 760 431 336 266 159 136

Pescadas 811 601 763 1 953 2 000 2 231

Verdinho 1 975 1 239 1 399 840 553 648

Carapau negrão 1 345 965 910 672 458 346

Valor (103 euros)Quantidade (ton)

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

A pesca do arrasto aumentou 11,5% face ao ano anterior, com 16 940 toneladas. Para este

aumento contribuiu o maior volume de peixes, designadamente de carapau, pescadas e

sarda capturados por este segmento, bem como de lulas, no segmento dos moluscos.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 3

Indústria da aquicultura

A indústria da aquicultura tem vivido, a nível mundial, um cenário contrário ao da

produção extrativa de pescado. Trata-se de um sector que tem crescido a uma taxa anual

de 6,2 %/ano, tendo sido produzidos em 2012, 66,6 milhões de toneladas de pescado.

Atualmente, são criadas aproximadamente cem espécies aquícolas e a China é tida como

o maior país produtor mundial, com uma produção que ascende aos 40 milhões de

toneladas (FAO, 2014).

No que diz respeito à produção nacional, e de acordo com dados disponibilizados pelo

INE, o sector da aquicultura registou as mesmas tendências e atingiu, em 2014 (último

ano cujos dados estão disponíveis), as 10 791 toneladas, gerando uma receita de 50,3

milhões de euros. O principal destino da produção é o mercado interno, tendo sido alvo

de exportação, aproximadamente, 4 300 toneladas do pescado produzido nestas

condições (INE, 2014).

Em termos de tonelagem de pescado produzido em aquicultura, assiste-se a um

crescimento contínuo, conforme já foi referido; contudo, em termos de valor gerado

pela produção em aquicultura, os dados refletem um ligeiro decréscimo desde 2011. Os

dados mais recentes apontam para um acréscimo de 7,2% em termos de quantidade de

pescado produzido, e um decréscimo de 8,3%, em termos de valor, entre 2013 e 2014.

Este resultado foi motivado pela maior produção de pregado e pela sua menor

valorização em relação a 2013, em consequência do aumento da produção e da procura

de peixes de tamanhos inferiores.

G r á f i c o 4 - E v o l u ç ã o d a p r o d u ç ã o e m a q u i c u l t u r a

0

10 000

20 000

30 000

40 000

50 000

60 000

70 000

0

2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

12 000

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

10

3 e

uro

s

ton

ela

das

Qt. Valor

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 4

T a b e l a 6 - T i p o d e e s t a b e l e c i m e n t o e r e g i m e d e e x p l o r a ç ã o e m

a q u i c u l t u r a – 2 0 1 4

nº ha nº ha nº ha

Estabelecimentos Licenciados 1 521 4 790 30 42 1 491 4 747

Tipo de estabelecimento

Unidade de reprodução 6 4 4 4 2 ə

Unidade de engorda 1 515 4 785 26 38 1 489 4 747

Flutuante 32 3 110 1 ə 31 3 110

Tanque 140 1 151 25 38 115 1 113

Viveiro 1 343 524 0 0 1 343 524

Regime de exploração

Extensivo 1 400 1 719 0 0 1 400 1 719

Intensivo 45 2 384 30 42 15 2 342

Semi-intensivo 76 687 0 0 76 687

Estabelecimentos Ativos com Produção (p) 1 450 4 407 10 28 1 440 4 379

Tipo de estabelecimento

Unidade de reprodução 1 ə 0 0 1 ə

Unidade de engorda 1 449 4 407 10 28 1 439 4 379

Flutuante 21 3 053 1 ə 20 3 053

Tanque 85 830 9 28 76 802

Viveiro 1 343 524 0 0 1 343 524

Regime de exploração

Extensivo 1 400 1 719 0 0 1 400 1 719

Intensivo 45 2 384 30 42 15 2 342

Semi-intensivo 76 687 0 0 76 687

TotalPisciculturas e molusciculturas

Águas doces Águas salobras e marinhas

(p) - Incluem-se todos os estabelecimentos que se encontram em laboração, mesmo que a sua atividade não contribua para a

produção final, ex.: repovoamento

ə - Valor inferior a metade do módulo da unidade utilizada

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Em termos do tipo de estabelecimentos2, a estrutura manteve-se em relação a 2013.

Contabilizaram-se 1521 estabelecimentos licenciados em aquicultura para águas doces,

salgadas e salobras, ou seja, menos 1 unidade em relação a 2013. Em termos de área

total - 4790 hectares-, verificou-se praticamente uma manutenção (+1,6%) com a

dimensão média de 3,1 hectares por estabelecimento aquícola.

As unidades de engorda prevalecem no total de estabelecimentos, com um peso de 99%,

e destes, cerca de 88% são viveiros para produção de moluscos bivalves, a maioria dos

quais localizados na Ria Formosa. Os tanques para a produção de peixe correspondiam

a 9,2% e as estruturas flutuantes (maioritariamente destinadas à produção de moluscos

bivalves) a 2,1% do total dos estabelecimentos licenciados.

2 UNIDADE DE ENGORDA: Instalação onde se promove o crescimento e engorda dos espécimes. Pode ser feita em viveiros (unidade de engorda localizada no leito do mar, lago ou rio, como por exemplo: viveiros de bivalves), em tanque (unidade de engorda localizada em terra, constituída por materiais diversos, desde terra propriamente dita ao betão) ou flutuante (unidade de engorda localizada na água, acima do fundo, constituída por jangadas ou cordas, como por exemplo, jangadas para piscicultura, jangadas para moluscicultura ou cordas em “long-lines”).

UNIDADE DE REPRODUÇÃO: Instalação onde se produzem ovos, larvas, juvenis ou esporos.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 5

Relativamente aos regimes de exploração3, a produção de aquicultura em águas doces

manteve-se exclusivamente intensiva. Na produção aquícola em águas marinhas e

salobras, 47,8% do volume total foi proveniente do regime extensivo, tendo sido

utilizado sobretudo para a cultura de bivalves. Do regime intensivo, que reforçou o seu

peso em 2014, teve origem 39,2% da produção, enquanto o semi-intensivo foi

responsável por apenas 13,1% do total produzido. A diminuição da produção em

regime semi-intensivo deveu-se à conversão de muitos estabelecimentos de peixe para a

produção de bivalves em regime extensivo.

A produção em águas salobras e marinhas continuou a ser a mais importante,

correspondendo a cerca de 93% da produção total. A produção de peixe em águas

salobras e marinhas representou 47,7% da produção, da qual 91,0% foi constituída por

dourada e pregado.

O aumento na produção de peixes marinhos deveu-se, essencialmente, à maior

produção de pregado em relação ao ano anterior (+52,5%), em consequência da retoma

da atividade empresarial das infraestruturas dedicadas à produção desta espécie em

viveiro. Pelo contrário, diminuiu a produção de dourada, robalo e linguado.

Salienta-se o facto da maior parte do peixe marinho ser produzido de forma intensiva,

ou seja, existe o pleno controlo nas condições de criação, de forma a maximizar a

produção e com recurso a alimentação exclusivamente artificial.

3 REGIME DE EXPLORAÇÃO: REGIME EXTENSIVO: Regime de aquicultura no qual a alimentação é exclusivamente natural; REGIME INTENSIVO: Regime de aquicultura no qual a alimentação é predominantemente artificial; REGIME SEMI-INTENSIVO: Regime de aquicultura no qual se associam ao alimento natural suplementos de alimento artificial.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 6

T a b e l a 7 - P r o d u ç ã o d e a q u i c u l t u r a e m á g u a s i n t e r i o r e s e o c e â n i c a s

p o r t i p o d e á g u a e r e g i m e , s e g u n d o a s e s p é c i e s

t 1000 Euros t 1000 Euros t 1000 Euros

Total 4 779 22 632 4 705 19 856 1 307 7 800

Águas doces 0 0 788 1 974 0 0

Truta arco-íris 0 0 787 1 967 0 0

Truta comum 0 0 1 7 0 0

Águas salobras e marinhas 4 779 22 632 3 917 17 882 1 307 7 800

Peixes 52 291 3 917 17 882 1 180 7 339

Corvinas 0 0 4 37 1 8

Dourada 50 275 228 969 793 4 784

Enguia europeia ə 4 0 0 1 5

Linguados ə 2 80 819 3 28

Pregado 0 0 3 588 15 962 0 0

Robalos 2 9 17 95 382 2 511

Sargos 0 0 0 0 ə 1

Outros 0 0 0 0 1 2

Moluscos e Crustáceos 4 727 22 342 0 0 127 461

Amêijoas (q) 2 252 18 382 0 0 0 0

Berbigão vulgar 264 66 0 0 0 0

Borrelho ə 1 0 0 0 0

Camarinha 1 2 0 0 1 1

Longueirão 6 17 0 0 0 0

Mexilhões nep 1 244 1 519 0 0 0 0

Ostra japonesa 402 653 0 0 125 455

Ostra portuguesa (q) 135 369 0 0 1 2

Ostras nep 422 1 331 0 0 ə 2(q) Espécies de regime extensivo, produzidas em pisciculturas de tipo misto (extensivo e semi-intensivo) classificadas como

semi-intensivas em função do regime de produção predominante.

Extensivo Intensivo Semi-intensivo

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca

Os moluscos bivalves representaram 45,0% da produção total de aquicultura,

mantendo-se as amêijoas como a espécie mais relevante (2 251 toneladas), seguida dos

mexilhões (1 547 toneladas), que registaram reduções de produção de 3,3% e 19,6%,

respetivamente.

Já a produção de ostras (1 085 toneladas produzidas) aumentou 36,6% em 2014 devido

a um novo quadro de investimentos que se têm vindo a verificar de norte a sul do país,

em viveiros e em espaços que anteriormente estavam a ser utilizados para a produção de

peixe.

Mantém-se alguma controvérsia sobre as vantagens e desvantagens da produção

aquícola. Alguns autores apontam o regime alimentar das diferentes espécies de pescado

como um dos maiores problemas associados a esta prática, uma vez que os peixes são

alimentados com rações à base de farinha e óleo de peixe, ou seja, são utilizadas peças

inteiras, resíduos e outros subprodutos de pescado para alimentar o pescado produzido

em aquicultura, referindo alguns estudos que são necessários, por exemplo, 3 kg de

ração para produzir 1 kg de peixe.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 7

Por outro lado, existência de águas em aquicultura com elevadas concentrações de

matéria orgânica, azoto amoniacal, nitratos e fosfatos, e à presença de produtos

químicos, sólidos suspensos e microrganismos patogénicos também não contribui para a

imagem do sector, nomeadamente em termos da qualidade do pescado produzido.

Contudo, também se apontam benefícios para este modo de produção, como seja o

aumento significativo da produção de diferentes espécies de pescado, o aumento do

controlo da produção, permitindo rastrear o produto desde a sua origem e relacioná-lo

com todo o seu historial de produção, o desenvolvimento da economia nacional e local,

e a criação de novos postos de trabalho.

Mercado dos produtos de pesca e estruturas organizativas

Em 2015 o número de estruturas organizativas manteve-se face a 2014. Estavam

reconhecidas 15 organizações de produtores (OP)4 dos produtos da pesca, das quais 12

intervêm em portos do Continente.

G r á f i c o 5 - N º d e e m b a r c a ç õ e s ( T o t a l d e l i c e n c i a d a s e d e

O r g a n i z a ç õ e s d e P r o d u t o r e s ‐O P )

4 319 4 188

1 585 1 696

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

4 000

4 500

5 000

2014 2015

Embarcações licenciadas Embarcações associadas a OP

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Estas OP tinham associadas 1.696 embarcações em 2015 (1.585 em 2014),

representando 41% do total de embarcações licenciadas em Portugal, o que se traduziu

num aumento de 111 unidades relativamente a 2014.

4 Toda a pessoa coletiva constituída por iniciativa dos produtores com o objetivo de tomar as medidas apropriadas para assegurar o exercício racional das atividades da pesca e melhorar as condições de venda da sua produção, promovendo, nomeadamente, a aplicação de planos de captura, concentração da oferta, estabilização dos preços e o incentivo dos métodos que apoiem a pesca sustentada, e que seja oficialmente reconhecida nos termos da legislação comunitária aplicável

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 8

A análise das descargas provenientes das embarcações associadas a OP permite

identificar a cavala (92%), o carapau (85%) e a sardinha (97%) como os principais

volumes de pescado fresco descarregado pelas mesmas.

G r á f i c o 6 – R e p r e s e n t a t i v i d a d e d a s p r i n c i p a i s e s p é c i e s c a p t u r a d a s e m

e m b a r c a ç õ e s O P - 2 0 1 5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Sardinha Cavala Carapau Verdinho Sarda Outras

Capturas embarcações OP Capturas total embarcações

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

O volume de descargas de pescado efetuado pelas OP registou um acréscimo de 27,8%

face a 2014, sendo de salientar o aumento das descargas de cavala (+60,3%) e de

carapau (+38,2%). Pelo contrário, as descargas de sardinha diminuíram 14,3%, situação

para a qual contribuiu a aplicação da legislação referente aos limites de captura de

sardinha.

G r á f i c o 7 - D e s c a r g a s d e p e s c a d o f r e s c o o u r e f r i g e r a d o e f e t u a d a s

p e l a s O P , s e g u n d o a s p r i n c i p a i s e s p é c i e s

Unidade: 103 toneladas

0 10 000 20 000 30 000 40 000 50 000

Sardinha

Cavala

Carapau

Outras

2015

2014

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 1 9

Indústria transformadora dos produtos da pesca e aquicultura

Em 2014, a produção de congelados, secos e salgados e preparações e conservas atingiu as 241 mil

toneladas (246 mil toneladas em 2013), cujas vendas representaram 92% da produção

nacional (88% em 2014).

G r á f i c o 8 – Q u a n t i d a d e s p r o d u z i d a s p e l a i n d ú s t r i a t r a n s f o r m a d o r a

Unidade: toneladas

0

20 000

40 000

60 000

80 000

100 000

120 000

140 000

Produtos congelados Produtos secos esalgados

Preparações e conservas

2013 2014

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Este volume de produção correspondeu a um decréscimo de 2,0% em relação ao ano

anterior, tendo sido registadas menores quantidades, sobretudo das “preparações e

conservas”, que decresceram 3,9%, mas também dos “produtos congelados” (-2,1%) e

dos “secos e salgados” (-0,5%).

Em relação à estrutura da produção, os

produtos “congelados” continuaram a

ser o grupo mais representativo

(52,2%), tendo mantido a sua

importância (representavam 52,3% em

2013).

Seguiram-se os “secos e salgados” com

28,5% do volume de produção total

(28,0% em 2013) e, por último, as

“preparações e conservas” que com

19,3% foram o grupo com menor peso

e com representatividade sensivelmente

igual à registada no ano anterior

(19,6%).

52,25%

28,47%

19,28%

Produtos congelados Produtos secos e salgados

Preparações e conservas

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 0

Das 126 mil toneladas de “congelados”, o volume de produção mais expressivo

correspondeu uma vez mais ao “bacalhau” (18,1% do total de congelados), seguido da

“pescada congelada” (10,8%) e dos “invertebrados aquáticos” que representaram 10,2%

do total de congelados.

T a b e l a 8 - Q u a n t i d a d e s p r o d u z i d a s d e p r o d u t o s p r o v e n i e n t e s d a p e s c a

e a q u i c u l t u r a , p e l a i n d ú s t r i a t r a n s f o r m a d o r a

Unidade: toneladas

Produtos congelados 128 697 125 973

Dos quais:

Invertebrados aquáticos1 congelados, secos, salgados ou em salmoura 15 295 12 822

Pescada congelada 8 656 13 591

Filetes de peixe congelados 4 609 4 403

Sardinha congelada 8 896 9 384

Bacalhau congelado 29 431 22 785

Redfish congelado 5 067 5 077

Produtos secos e salgados 69 006 68 647

Dos quais:

Bacalhau salgado seco 56 555 48 968

Preparações e conservas 48 340 46 477

Das quais:

Preparações e conservas de sardinha em azeite 4 337 4 473

Preparações e conservas de sardinha em outros óleos vegetais 6 022 3 278

Preparações e conservas de sardinha em tomate 2 922 2 794

Preparações e conservas de atum em azeite 3 900 2 827

Preparações e conservas de atum em outros óleos vegetais 14 363 14 569

Preparações e conservas de cavala, cavalinha e sarda em azeite 1 544 1 570

Preparações e conservas de cavala, cavalinha e sarda em outros óleos vegetais 727 802

2014Produtos produzidos 2013

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

O bacalhau e os invertebrados perderam representatividade em relação ao ano anterior,

uma vez que a sua produção decresceu (-22,6% e -16,2%, respetivamente), em benefício

de produtos como a “pescada congelada” que reforçou a produção em 57%, tendo o

seu peso aumentado 4 pontos percentuais, e a “sardinha congelada” que viu aumentar a

produção em 5,5%.

A produção de “secos e salgados” totalizou perto das 69 mil toneladas, tendo o

“bacalhau salgado seco” correspondido a 71,3% por este grupo (o seu peso foi de

82,0% em 2013), com uma produção de 49 mil toneladas, ou seja, uma diminuição de

13,4% quando comparada com a de 2013.

As “preparações e conservas” não ultrapassaram 46 mil toneladas e apresentaram como

produções mais significativas as “conservas de atum em outros óleos vegetais” (14,6 mil

toneladas) e as “conservas de sardinha em azeite” (4,5 mil toneladas).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 1

Apesar do peso das conservas de atum no total das “preparações e conservas”, estas

diminuíram 4,7% em relação a 2013, facto para o qual terá contribuído a menor

disponibilidade de matéria-prima em 2014, ano em que a captura de atuns diminuiu

21,2%. O mesmo se verificou em relação às conservas de sardinha, que no total

diminuíram 20,6% (a produção de “conservas de sardinha em outros óleos vegetais”

caiu quase para metade em relação ao ano anterior), sobretudo devido às restrições

impostas à captura desta espécie que vigoraram em 2014. Apenas nas “conservas de

cavala, cavalinha e sarda” se registou um aumento (+4,4%), quando comparado com

2013.

Em 2014, a indústria transformadora da pesca faturou 898 milhões de euros, refletindo

um aumento de 5,8% relativamente aos resultados do ano anterior.

T a b e l a 9 - Q u a n t i d a d e s v e n d i d a s e v a l o r d a s v e n d a s d a i n d ú s t r i a

t r a n s f o r m a d o r a d a s p e s c a s

t1 000

Eurost

1 000

Euros

Produtos Congelados 110 287 348 245 113 609 390 560

Dos quais:

Invertebrados aquáticos congelados, secos, salgados ou em salmoura 10 890 45 366 11 289 37 118

Pescada congelada 8 317 28 425 13 258 46 745

Filetes de peixe congelados 3 674 14 484 3 469 14 134

Sardinha congelada 9 283 15 935 10 313 16 222

Bacalhau congelado 19 612 119 913 21 368 135 103

Redfish congelado 5 069 14 164 5 032 14 709

Produtos secos e salgados 53 287 267 028 61 383 287 050

Dos quais:

Bacalhau salgado seco 44 130 233 848 47 836 243 894

Preparações e conservas 47 283 234 069 45 519 220 805

Das quais:

Preparações e conservas de sardinha em azeite 3 925 20 148 4 467 21 736

Preparações e conservas de sardinha em outros óleos vegetais 6 251 22 541 3 322 13 743

Preparações e conservas de sardinha em tomate 2 841 11 771 2 792 11 159

Preparações e conservas de atum em azeite 3 858 25 398 3 030 21 580

Preparações e conservas de atum em outros óleos vegetais 13 903 74 911 13 972 69 087

Preparações e conservas de cavala, cavalinha e sarda em azeite 1 557 11 979 1 549 11 166

Preparações e conservas de cavala, cavalinha e sarda em outros óleos vegetais 673 2 592 705 2 566

Produtos Vendidos

2013 2014

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

O aumento registado no total de vendas ficou a dever-se aos produtos “congelados”

(+42 milhões de euros) e aos “secos e salgados” que aumentaram o seu valor em 20

milhões de euros. Pelo contrário, as “preparações e conservas” reduziram o valor

registado no ano anterior em 5,7%, o que se traduziu em menos 13 milhões de euros.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 2

Em termos da estrutura do valor de

vendas, os “congelados” foram uma

vez mais o grupo mais importante

(43,5%), tendo reforçado o seu peso

(representavam 41,0% do valor total

em 2013). Seguiram-se os “secos e

salgados”, com 32,0% do valor de

vendas (31,4% em 2013) e as

“preparações e conservas”, cujo valor

de vendas correspondeu a 24,6% do

total (27,6% em 2013).

43,47%

31,95%

24,58%

Produtos Congelados Produtos secos e salgados

Preparações e conservas

Frota de pesca e número de pescadores matriculados

O número de pescadores matriculados compreende todos os indivíduos que, estando

envolvidos na pesca comercial, tiveram atividade neste sector, ainda que de forma

sazonal ou a tempo parcial.

Em 2015, decorrente da obrigação de inscrição, registaram- -se 17 536 pescadores, mais

757 indivíduos face a 2014 (+4,5%). A Região do Algarve foi a única que registou um

decréscimo dos profissionais inscritos em relação ao ano anterior (-4,3%), enquanto as

restantes regiões apresentaram mais pescadores matriculados.

G r á f i c o 9 - P e s c a d o r e s m a t r i c u l a d o s s e g u n d o o s s e g m e n t o s d e p e s c a

0

2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

12 000

14 000

16 000

18 000

20 000

Total Águasinteriores

Arrasto Cerco Polivalente

2014

2015

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 3

A análise por tipo de pesca mostra que a modalidade do cerco foi o único segmento que

registou uma diminuição do número de pescadores matriculados (-2,7%), com menos 55

inscritos, como resultado de uma atividade de pesca de sardinha muito restritiva em que

muitas embarcações apenas operaram regularmente durante quatro meses do ano.

Para a pesca em águas interiores não marítimas e para a pesca do arrasto registaram-se

acréscimos de 5,0% e 9,4%, correspondendo a mais 81 e mais 117 indivíduos,

respetivamente.

A estrutura etária dos pescadores matriculados revela um predomínio do grupo “35 a 54

anos” (58,8% em 2015 e 58,9% em 2014); a restante população distribuiu-se de forma

relativamente uniforme pelas classes etárias dos “16 a 34 anos” (21,9% face a 22,2% em

2014) e de “mais de 55 anos” (19,2%, 19,0% em 2014).

G r á f i c o 1 0 - E s t r u t u r a e t á r i a d o s p e s c a d o r e s m a t r i c u l a d o s , p o r N U T S

I I ( 2 0 1 5 )

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Portugal

Continente

Norte

Centro

AM Lisboa

Alentejo

Algarve

R. A. Açores

R. A. Madeira

Entre 16 e 34 anos Entre 35 e 54 anos Mais de 55 anos

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

A importância relativa dos pescadores mais jovens em 2015 foi maior na região Centro

(29,3%, que compara com 27,1% em 2014) e na Região Autónoma da Madeira (26,9%,

que compara com 29,7% em 2014). Os pescadores mais idosos operaram no Algarve

(27,5%) e em Lisboa (26,1%), em comparação com 25,3% e 25,7% em 2014,

respetivamente.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 4

G r á f i c o 1 1 - E s t r u t u r a e t á r i a d o s p e s c a d o r e s m a t r i c u l a d o s , p o r

s e g m e n t o d e p e s c a ( 2 0 1 5

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Total

Águasinteriores

Arrasto

Cerco

Polivalente

Entre 16 e 34 anos Entre 35 e 54 anos Mais de 55 anos

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Os pescadores pertencentes ao escalão etário de “mais de 55 anos” prevaleceram na

pesca em águas interiores não marítimas, com 28,9% do total de inscritos neste

segmento (30,0% em 2014). A arte do arrasto é a que envolve maior percentagem de

profissionais com menos de 35 anos (25,9% do total destes profissionais, 24,9% em

2014), sendo simultaneamente a atividade com menor incidência de pescadores mais

idosos, uma vez que apenas 8,9% dos profissionais do arrasto tinham “mais de 55 anos”

(8,6% em 2014).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 5

G r á f i c o 1 2 - P e s c a d o r e s m a t r i c u l a d o s p o r s e g m e n t o d e p e s c a , p o r

N U T S I I ( 2 0 1 5

0 1 000 2 000 3 000 4 000 5 000

Norte

Centro

AM Lisboa

Alentejo

Algarve

Açores

Madeira

Águas interiores Arrasto Cerco Polivalente

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

A região Norte apresentou o maior número de pescadores matriculados (26,0% do

total) detendo, simultaneamente, a maior percentagem de inscritos na pesca do cerco

(50,1% do total deste segmento, 49,2% em 2014).

A região Centro ocupou o segundo lugar, com 22,3% do total de pescadores inscritos e

caracterizando-se por ser a região que deteve em 2015 mais de metade (51,8%) dos

profissionais da pesca do arrasto (52,0% em 2014) e dos inscritos em águas interiores

não marítimas (51,4% em 2015 que compara com 53,3% em 2014).

Em termos do total de pescadores matriculados, seguem-se a Região Autónoma dos

Açores (18,0%), o Algarve (com 16,0%), Lisboa (10,4%), Alentejo (4,0%) e a Região

Autónoma da Madeira (3,4%).

As atividades de apanha e pesca apeada sem o auxílio de embarcação, foram geralmente

exercidas em complementaridade com outras atividades económicas. Em 2015 estavam

licenciados nestas atividades 969 apanhadores de animais marinhos (1 017 em 2014) e

234 pescadores apeados (238 em 2014), que operaram com redes de tresmalho-

majoeiras, para a pesca de espécies piscícolas demersais, com ganchorra de mão, para a

pesca de bivalves, ou com galheiro para a pesca de lampreia no Rio Cávado.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 6

G r á f i c o 1 3 - N ú m e r o d e p e s c a d o r e s a p e a d o s e a p a n h a d o r e s

l i c e n c i a d o s , p o r N U T S I I

0 100 200 300 400 500 600

Norte

Centro

AM Lisboa

Alentejo

Algarve

2015

2014

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Em relação a 2014 verificou-se um decréscimo do número de licenciados, quer para

apanha de animais marinhos (-4,7%) quer para a pesca apeada (-1,7%). O número de

apanhadores reduziu-se nas regiões do Centro e Algarve, enquanto no Norte, Lisboa e

Alentejo aumentaram. A pesca apeada viu o número de pescadores reduzido em todas

as regiões exceto no Norte.

Relativamente às embarcações, no final de 2015 estavam registadas 8 054 embarcações

na frota de pesca nacional, com uma arqueação bruta de 94 862 GT e uma potência

propulsora de 357 954 kW que, face a 2014, reflete decréscimos no número de

embarcações (-1,5%), traduzida em menos 123 unidades, na arqueação bruta (GT) (-

4,0%) e na potência (kW) (-1,5%).

A frota licenciada em 2015 (frota com autorização para operar com pelo menos uma

arte de pesca, numa zona específica e por um determinado período) totalizou 4 188

embarcações, que equivaleram a 52,0% do número total de embarcações, a 83,6% do

total da arqueação bruta e a 80,3% do total da potência da frota registada em 31 de

dezembro de 2015. Relativamente a 2014, a frota licenciada diminuiu 3,0% no número

de embarcações, 2,7% no que respeita ao GT e 2,9% em termos de potência.

No que respeita a entradas de embarcações na frota de pesca, ocorreram 55 novos

registos em 2015, o que representa um acréscimo na ordem dos 25% face a 2014. Do

total de embarcações entradas, 24 foram construções novas (43,6% do total).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 7

Comércio internacional do sector da pesca

Em 2015 as importações de “produtos da pesca ou relacionados com esta atividade”

atingiram os 1 766,0 milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 11,9%

face ao ano anterior. Também as exportações do sector atingiram 1 031,0 milhões de

euros, o que representou um aumento de 12,2% relativamente a 2014.

Apesar da evolução positiva das exportações, a balança comercial deste sector continua

a apresentar um saldo deficitário, dependendo Portugal das importações de produtos da

pesca para conseguir responder à procura interna. Observa-se que a situação é

recorrente, mas as exportações têm tido um desempenho cada vez mais positivo,

situando-se a taxa média de crescimento na ordem dos 11,5%.

G r á f i c o 1 4 - S a l d o d a b a l a n ç a c o m e r c i a l

Unidades: 106 euros

-1 000

-500

0

500

1 000

1 500

2 000

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Exportações Importações Saldo

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

O principal grupo de produtos proveniente dos mercados externos continuou a ser o

dos peixes congelados, exceto filetes que, tendo registado o maior acréscimo face ao ano

anterior, viu reforçado o seu peso no valor global das importações de “produtos da

pesca ou relacionados com esta atividade”: peso de 23,3%, correspondendo a +1,6 p.p.

face a 2014.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 8

G r á f i c o 1 5 – R e p r e s e n t a t i v i d a d e d a s i m p o r t a ç õ e s p o r g r u p o d e

p r o d u t o s ( 2 0 1 5 )

Peixes frescos/ refrigerados

16,9%

Peixes congelados,

exceto filetes 23,3%

Filetes de peixes e outras carnes de peixe

6,4%

Peixes secos, salgados, fumados

18,1%

Preparação de conservas

6,7%

Crustáceos 12,6%

Moluscos e invertebrados

aquáticos 12,5%

Outros 3,5%

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Em 2015, Espanha permaneceu como o principal fornecedor de “produtos da pesca” a

Portugal, exceto no que respeita aos “peixes secos, salgados e fumados”, em que esse

lugar foi ocupado pela Suécia e aos “crustáceos, moluscos e outros em conserva” cujo

principal fornecedor de Portugal foi o Vietname

Em termos de segmentos dos produtos de pesca, Espanha mantém-se como principal

fornecedor de peixe fresco ou refrigerado em 2015, com um peso de 38,3%, embora

este peso tenha diminuído face ao registado em 2014.

Também os Países Baixos, segundo principal fornecedor deste segmento de produtos a

Portugal, registaram uma redução do seu peso relativo face ao ano anterior (peso de

18,7%, correspondendo a -2,6 p.p.).

Destaque para as importações provenientes de países Extra-UE, que registaram no seu

peso um acréscimo de 8,9 p.p. (peso global de 36,9%), especialmente devido ao

acréscimo nas importações de bacalhau congelado dos Estados Unidos (+141,6%) e da

Rússia (+85,7%).

Os peixes secos, salgados, e fumados reforçaram também a sua posição como 2º

principal grupo de produtos importados em 2015, com um peso de 18,1% no total das

importações de produtos da pesca. Os bacalhaus salgados e secos concentraram cerca

de 50% do valor global da importação deste tipo de produtos. O maior fornecedor de

peixes secos, salgados e fumados a Portugal foi a Suécia, com uma representatividade de

56,7% em 2015, e continuou a reforçar a sua, seguida dos Países Baixos (peso de 16,4%

em 2015).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 2 9

T a b e l a 1 0 - I m p o r t a ç õ e s d e p r o d u t o s d a p e s c a , p o r p r i n c i p a i s p a í s e s

d e o r i g e m

t 1 000 Euros t 1 000 Euros t 1 000 Euros t 1 000 Euros

Peixes frescos ou

refrigerados73 526 261 026 73 870 298 965 Crustáceos 33 101 216 216 32 783 223 122

INTRA-UE 71 989 250 498 71 462 284 725 INTRA-UE 19 218 131 090 19 360 137 789Espanha 48 480 135 759 45 541 153 472 Espanha 12 869 92 241 13 393 99 681Suécia 11 574 60 455 9 715 50 644 França 1 946 13 998 1 408 10 788Grécia 5 501 23 920 6 022 31 653 Reino Unido 2 175 9 069 2 214 10 329

EXTRA-UE 1 537 10 528 2 408 14 240 EXTRA-UE 13 883 85 126 13 423 85 332Turquia 54 257 756 4 280 Índia 4 151 23 992 3 843 21 597Senegal 462 3 989 458 3 794 Moçambique 2 170 15 928 2 356 18 902Mauritânia 613 3 862 419 2 674 China 3 203 11 609 3 441 15 225

Peixes congelados, exceto

filetes156 308 342 288 161 350 411 371

Moluscos e invertebrados

aquáticos63 299 186 299 65 303 220 958

INTRA-UE 115 126 246 478 107 121 259 473 INTRA-UE 33 284 101 650 38 339 119 723Espanha 66 489 145 534 67 276 157 560 Espanha 31 302 94 652 36 334 110 244Países Baixos 36 495 73 025 29 658 76 991 França 506 2 375 664 3 216Dinamarca 2 126 5 171 2 799 7 192 Países Baixos 918 2 296 626 2 740

EXTRA-UE 41 182 95 810 54 229 151 898 EXTRA-UE 30 015 84 648 26 964 101 235Estados Unidos 3 642 8 866 7 811 21 424 Marrocos 1 083 7 719 5 271 34 310Rússia 4 666 10 258 6 607 19 050 Índia 6 223 17 298 5 636 18 268África do Sul 5 194 13 774 5 720 16 650 China 2 796 6 187 2 961 8 214

Peixes secos, salgados,

fumados63 973 276 583 61 968 319 445 Preparação de conservas 41 127 141 198 35 971 118 869

INTRA-UE 52 618 235 593 54 570 289 144 INTRA-UE 24 058 93 489 22 982 86 021Suécia 33 970 152 191 32 870 181 236 Espanha 20 096 82 199 19 223 75 070Países Baixos 8 198 34 793 10 719 52 283 Alemanha 3 159 8 907 2 911 8 537Dinamarca 3 637 16 828 4 145 22 886 França 286 895 319 1 028

EXTRA-UE 11 355 40 990 7 398 30 301 EXTRA-UE 17 069 47 709 12 989 32 847China 6 668 23 050 5 684 21 978 China 6 111 7 079 5 843 7 414Rússia 1 522 6 465 852 5 095 Maurícias 426 1 798 1 768 5 382Islândia 1 557 4 985 660 2 317 Coreia Sul 1 849 3 811 1 802 4 381

2014 20152014 2015

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Nas transações comerciais é importante considerar que nem sempre o país de origem do

produto coincide com o país que o vende a Portugal, ou seja o país de proveniência.

Especial destaque ainda para a elevada importância dos Países Baixos no ranking dos

principais países fornecedores de bacalhau a Portugal, a que não é alheio o designado

“efeito de Roterdão”. Através deste porto entra na União Europeia uma parte

significativa dos bens importados dos Países Terceiros, entrando a partir daí em livre

circulação no território europeu (procedimentos de desalfandegamento), passando por

isso a considerar-se os Países Baixos como o país de proveniência das subsequentes

transações com os restantes parceiros da UE.

A Noruega surge como principal país de origem dos bacalhaus salgados e secos

importados por Portugal em 2015, com um peso de 50,6%, seguindo-se a Suécia

(16,1%), a Islândia (10,1%), a Dinamarca (5,4%) e os Países Baixos (5,3%).

As importações de “peixes frescos ou refrigerados” aumentaram 14,5% em relação ao

ano anterior. Nas importações deste grupo de produtos, Espanha registou um peso de

51,3% o que, apesar do aumento de 13,0% nas importações provenientes desse país face

a 2014, representa uma ligeira redução no seu peso relativamente ao ano anterior (-0,7

p.p.). Também a Suécia, 2º principal fornecedor de “peixes frescos ou refrigerados” a

Portugal, registou um decréscimo no seu peso relativo (16,9%, correspondendo a -6,3

p.p.), decorrente da diminuição em 16,2% das importações (principalmente de “salmões

frescos ou refrigerados”) provenientes daquele país.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 0

Quanto às exportações portuguesas de produtos de pesca, em 2015, destacaram-se os

“peixes congelados, exceto filetes” que, pela primeira vez, foram o principal grupo de

produtos exportado, posição que tradicionalmente tem sido ocupada pelas

“preparações, conservas de peixe e preparação de ovas de peixe”.

G r á f i c o 1 6 – R e p r e s e n t a t i v i d a d e d a s e x p o r t a ç õ e s p o r g r u p o d e

p r o d u t o s ( 2 0 1 5 )

Peixes frescos/ refrigerados

12,6%

Peixes congelados,

exceto filetes 19,4%

Filetes de peixes e outras carnes de peixe

7,9% Peixes secos,

salgados, fumados

6,0%

Preparação de conservas

18,0%

Crustáceos 10,9%

Moluscos e invertebrados

aquáticos 19,2%

Outros 6,0%

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Na segunda posição encontra-se o segmento dos “moluscos e invertebrados aquáticos,

vivos, frescos, refrigerados, congelados”, que registou o segundo maior acréscimo das

exportações em valor face ao ano anterior.

As “preparações, conservas de peixe e preparação de ovas de peixe”, tiveram o maior

decréscimo em 2014 e as suas exportações continuaram a diminuir em 2015, atingindo

um peso de 18,0% (-3,0 p.p., face a 2014), sendo em 2015 o terceiro principal grupo de

produtos da pesca exportado. Este decréscimo resultou fundamentalmente da redução

nas exportações de “sardinhas, sardinelas e espadilhas” (na ordem dos 6%,

correspondendo a -3,3 milhões de euros) e dos “atuns, bonitos listrados ou bonitos” (-

15,6%, correspondendo a -9,3 milhões de euros). Para este decréscimo terão

contribuído as restrições à captura de sardinha que têm vigorado nos últimos anos.

Os principais segmentos de produtos responsáveis pelo aumento global registado nas

exportações em 2015 foram os “crustáceos, vivos, frescos, refrigerados e congelados”

devido sobretudo às exportações de “camarões congelados”. Seguiram-se os “moluscos

e invertebrados aquáticos, vivos, frescos, refrigerados, congelados”, cujo acréscimo se

deve fundamentalmente às exportações de “polvos, congelados, secos, salgados”.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 1

T a b e l a 1 1 – E x p o r t a ç õ e s d e p r o d u t o s d a p e s c a , p o r p r i n c i p a i s p a í s e s

d e d e s t i n o

t 1 000 Euros t 1 000 Euros t 1 000 Euros t 1 000 Euros

Peixes frescos ou

refrigerados40 403 117 940 42 974 129 910 Crustáceos 11 106 77 179 13 075 112 802

INTRA-UE 39 349 109 039 41 887 120 184 INTRA-UE 10 311 68 495 12 229 95 915

Espanha 36 675 90 742 39 205 101 218 Espanha 9 315 56 421 11 231 78 970

Itália 1 868 14 279 1 630 13 731 França 298 4 757 419 10 174

França 250 2 385 526 2 460 Itália 557 6 285 471 5 529

EXTRA-UE 1 054 8 901 1 087 9 726 EXTRA-UE 794 8 684 847 16 887

Japão 197 2 529 205 2 589 Hong Kong 65 2 144 265 10 777

Estados Unidos 272 2 109 295 2 506 Angola 501 4 323 268 2 076

Canadá 143 790 161 1 083 China 6 176 79 1 809

Peixes congelados, exceto

filetes77 977 174 748 79 815 199 492

Moluscos e invertebrados

aquáticos45 139 166 067 46 486 197 750

INTRA-UE 63 834 128 793 64 742 155 288 INTRA-UE 42 335 149 834 43 734 180 883

Espanha 54 117 103 583 54 812 128 763 Espanha 38 065 132 131 38 555 158 581

Itália 2 030 8 350 2 299 9 384 Itália 2 460 11 313 3 186 14 076

França 3 033 8 606 4 611 8 933 França 989 3 308 895 3 416

EXTRA-UE 14 143 45 955 15 072 44 204 EXTRA-UE 2 804 16 233 2 752 16 867

Brasil 4 590 25 855 3 883 23 505 Estados Unidos 1 007 7 082 1 526 10 863

Angola 1 699 6 847 1 158 4 877 Suíça 454 2 369 493 1 968

Canadá 1 644 3 716 1 652 3 737 Angola 528 2 196 330 1 351

Peixes secos, salgados,

fumados13 346 64 434 10 359 62 020 Preparação de conservas 50 028 193 013 46 160 185 444

INTRA-UE 5 462 25 356 5 268 29 445 INTRA-UE 41 917 156 098 38 416 149 538

França 2 467 11 708 2 459 13 734 França 10 435 53 307 9 929 51 246

Espanha 1 743 6 940 1 493 7 529 Reino Unido 6 933 31 621 7 537 32 677

Luxemburgo 302 1 845 302 2 035 Espanha 19 621 42 074 14 487 28 558

EXTRA-UE 7 884 39 077 5 091 32 575 EXTRA-UE 8 111 36 916 7 744 35 906

Brasil 4 520 22 595 2 541 17 332 Estados Unidos 1 221 6 064 1 238 7 176

Angola 2 480 11 824 1 746 9 946 Angola 1 854 8 941 1 496 7 105

Suíça 204 1 218 200 1 395 Brasil 1 095 4 722 921 3 845

Produtos/ Países2014 20152014 2015

Produtos/ Países

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Também as exportações de “peixes congelados, exceto filetes” registaram um aumento

significativo face ao ano anterior (+14,2%, correspondendo a +24,7 milhões de euros),

o que contribuiu para a sua ascensão a principal grupo de produtos da pesca exportado

em 2015. O principal mercado destino deste segmento foi a Espanha, que reforçou a

sua posição como cliente deste tipo de produtos (+25,2 milhões de euros, face a 2014),

seguindo-se o Brasil.

A Espanha também foi o principal mercado destino das exportações portuguesas de

“moluscos e invertebrados aquáticos, vivos, frescos, refrigerados, congelados”. As

exportações com destino aos Estados Unidos aumentaram de forma significativa em

2015, correspondendo a um acréscimo de 53,4%, mas que ainda assim não chegou para

ultrapassar a Itália como segundo principal cliente deste tipo de produto.

No que diz respeito ao segmento “preparações, conservas de peixe e prep. de ovas de

peixe” a França, o Reino Unido e a Espanha foram os principais mercados destino

(27,6%, 17,6% e 15,4%, respetivamente). Especial destaque para a Espanha que, apesar

de em 2014 ter subido a segundo principal cliente deste tipo de produtos (peso de

21,8%), voltou a descer à 3ª posição em 2015 (peso de 15,4%), em resultado do

decréscimo das exportações para este país (-32,1%, correspondendo a -13,5 milhões de

euros).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 2

Os “peixes frescos ou refrigerados” mantiveram-se como 4º principal grupo de

produtos exportados em 2015, tendo registado um acréscimo de 10,1% face a 2014, mas

que ainda assim resultou numa diminuição do seu peso relativo (peso de 12,6%, -0,2

p.p.) no total das exportações de “produtos da pesca”. Neste grupo, a Espanha liderou

como principal mercado de destino com um peso de 77,9%, tendo registado também o

maior acréscimo face ao ano anterior (+11,5%, correspondendo a +10,5 milhões de

euros).

Em termos dos países parceiros, Espanha continuou a ser o principal mercado de

destino dos produtos da pesca nacional, exceto nos “peixes secos, salgados e fumados”

e “preparações, conservas de peixe e preparação de ovas de peixe”, em que esse lugar

foi ocupado, respetivamente, por Brasil (principalmente de bacalhau, associado

seguramente ao designado “mercado da saudade”) e França.

Em 2015 e como tradicionalmente, o saldo da balança comercial dos principais grupos

de produtos da pesca apresentou défices nas transações com o exterior, correspondendo

a -735,0 milhões de euros, tendo-se registado um aumento do défice face ao ano

anterior.

G r á f i c o 1 7 – S a l d o d a b a l a n ç a c o m e r c i a l d o s p r o d u t o s d a p e s c a

-300 000 -200 000 -100 000 0 100 000

Peixes frescos ou refrigerados

Peixes congelados, exceto filetes

Peixes secos, salgados, fumados

Crustáceos

Moluscos e invertebrados aquáticos

Preparação de conservas

103 euros

2015

2014

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

Observa-se que os produtos da pesca apresentam saldos deficitários, com exceção das

“preparações, conservas de peixe e preparação de ovas de peixe”, cujas transações com

o exterior foram favoráveis a Portugal. Este segmento apresenta um superavit,

correspondendo a um excedente de 66,6 milhões de euros. Esse excedente foi mais

elevado que o registado em 2014 (14,8 milhões de euros), devido fundamentalmente à

redução das importações, que acabou por superar a diminuição que também se verificou

nas exportações.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 3

Economia da pesca

O Instituto Nacional de Estatística divulga, nas Estatísticas da Pesca 2015, os dados da

nova série de Contas Nacionais Portuguesas (Base 2011) para o triénio 2011-2013 (com

base em informação disponível até 23 de setembro de 2015), referente ao Ramo de

Atividade da Pesca e aquicultura1 e aos Produtos da Pesca e da aquicultura e serviços

relacionados2. A informação sobre os principais indicadores para o ramo de atividade da

Pesca e aquicultura nas Contas Nacionais no triénio 2011-2013, a preços correntes,

encontra-se sintetizada na figura 8.2. Em 2013, a Produção decresceu mais que o

consumo intermédio, tendo o valor acrescentado bruto (VAB) diminuído 2,4% face a

2012. Adicionalmente, o decréscimo das remunerações acentuou a diminuição do

excedente bruto de exploração (EBE) (-3,9%) em relação ao ano anterior.

A produção do ramo decresceu 1,9% em valor no ano de 2013, com um aumento de

3,2% em volume e diminuição de 1,9% em preço. Os peixes frescos e refrigerados e os

crustáceos não congelados foram os produtos que mais contribuíram para esta evolução

em termos nominais, diminuindo 4,4% e 6,9% respetivamente. Em contrapartida, os

moluscos e outros invertebrados apresentaram um aumento nominal de 4,9%. Os

maiores aumentos em volume foram observados no peixe fresco e refrigerado e nos

moluscos e outros invertebrados (1,1% e 15,8%, respetivamente). Foi nestes mesmos

produtos que se verificaram os maiores decréscimos de preço (-5,5% e -9,4%).

G r á f i c o 1 8 - P r i n c i p a i s i n d i c a d o r e s , a p r e ç o s c o r r e n t e s , d o r a m o d e

a t i v i d a d e d a p e s c a e a q u i c u l t u r a

0

100

200

300

400

500

600

700

Produção Consumointermédio

VAB Outrosimpostos s/produção

Outrossubsídios àprodução

Remuneraçãoassalariados

EBE

10

6 eu

ros

2011 2012 2013

Fonte: INE, Estatísticas da Pesca.

O consumo intermédio registou um decréscimo nominal de 1,3% em 2013, para o qual

contribuíram um aumento em volume (+1,5%) e uma diminuição em preço (-2,8%). A

variação em valor foi inferior à que se tinha registado em 2012 (-4,7%). O VAB

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 4

apresentou, em 2013, uma evolução negativa a preços correntes (-2,4%), após um

acréscimo de 1,3% em 2012. Esta evolução resultou da conjugação de um aumento em

volume de 4,7% e de um decréscimo de preço de 6,8%, face ao ano anterior. O peso do

VAB do ramo da Pesca e aquicultura no VAB Nacional em 2013 (0,19%) apresentou

um ligeiro decréscimo face a 2012 (-0,08 p.p.).

O consumo de peixe em Portugal

Antes de analisar o consumo de peixe em Portugal é necessário referir que os dados

estatísticos sobre o consumo são dispersos e não existem publicações anuais e

especificamente dedicadas ao tema. Portanto, a informação recolhida foi sistematizada e

sintetizada, de modo a apresentar o panorama nacional, recorrendo a relatórios sobre

inquéritos/projetos do sector e entrevistas e pareceres de nutricionistas e outros

especialistas.

Principais indicadores do consumo de peixe

Falar em Portugal e não relacionar o país com o peixe é impossível. Por um lado, tem-se

a localização geográfica e a proximidade aos recursos marinhos que fomentam a

atividade da pesca e, por conseguinte, todas as atividades relacionadas; por outro lado,

tem-se uma herança gastronómica e o desenvolvimento de uma culinária onde o peixe

tem uma importância acrescida e assumida; depois, os novos padrões de vida saudável

remetem para o consumo de proteína animal mais saudável, o que fomenta o consumo

de peixe.

Por estas razões, e sustentado pelos dados da FAO - Food and Agriculture Organization of

the United Nations, Portugal é o maior consumidor de peixe por habitante na União

Europeia (UE) e o terceiro a nível mundial, ultrapassado pelo Japão e pela Islândia.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 5

G r á f i c o 1 9 - C o n s u m o d e p e i x e p e r c a p i t a - 2 0 1 5

55,6

41,2

36,8

35,3

31,9

30,7

28,9

26

24,9

24,7

24,7

22,5

22,3

21,2

20,6

19,2

16,4

14,8

13,5

12,4

10,5

9,6

9,5

8,1

5,2

5,1

4,2

PT

ES

LT

FR

FI

MT

SE

LU

BE

IT

DK

IE

EU-27

EL

UK

NL

EE

DE

AT

LV

CZ

SI

PL

SK

RO

HU

BL

Fonte: FAO.

O consumo de peixe em Portugal (55,6 kg/per capita/ano) é mais do dobro do

consumo médio na EU-27.

De acordo com o estudo “A importância do Consumo de Produtos da Pesca em

Portugal”, que retrata os padrões de consumo de produtos da pesca, bem como os seus

perfis nutricionais, os produtos da pesca mais consumidos são:

✓ Bacalhau

✓ Pescada

✓ Conserva de atum

✓ Dourada

✓ Salmão

✓ Carapau

✓ Sardinha

Este estudo, desenvolvido e apresentado pelo Instituto Português do Mar e da

Atmosfera (IPMA), engloba cerca de 300 respondentes, via inquérito papel, e mais de

1000 via inquérito online, que destacam as seguintes opções de confeção culinária:

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 6

Bacalhau, pescada e maruca cozidos

Sardinha e carapau grelhados

Salmão e dourada grelhados e assados no forno

Bivalves e crustáceos cozidos

Salmão único também consumido cru

Outras espécies também são apontadas como as preferidas dos portugueses: polvo e

peixe-espada, entre as espécies capturadas, e a truta, robalo, pregado, linguado, enguia,

sargos e amêijoas, entre as espécies de aquicultura.

Benefícios do consumo de peixe

A Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas e a

Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiram um parecer conjunto, elaborado com o

apoio técnico e científico de diversos especialistas mundiais, que destaca os benefícios

do pescado no desenvolvimento neuronal e na prevenção de doenças cardiovasculares.

O parecer conjunto destas duas entidades destaca as seguintes conclusões:

Entre a população adulta, o consumo de pescado reduz o risco de mortalidade

por doença coronária;

O consumo de pescado fornece energia, proteínas e uma grande variedade de

outros importantes nutrientes, como os ácidos gordos polinsaturados ómega-3;

Devido aos benefícios dos ácidos ómega-3, o consumo de pescado durante a

gravidez e o aleitamento reduz o risco de um inadequado desenvolvimento

neuronal dos bebés;

Em relação às crianças e adolescentes, o consumo de pescado tem influência na

saúde atual e nos hábitos alimentares da sua vida adulta

A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca a importância da alimentação para

uma vida saudável, prevenção de doenças e tratamento de patologias relacionadas com a

alteração de estilos de vida.

Em Portugal, a prevalência de doenças crónicas como a diabetes, doenças

cardiovasculares, obesidade e cancro é preocupante, pelo que se deverá encarar a

alimentação como uma mais-valia para a reversão deste cenário e para o aumento da

qualidade de vida.

Assim, o consumo de peixe (fresco, congelado, seco ou em conservas), como

importante fonte proteínas de elevado valor biológico, vitaminas e minerais, ácidos

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 7

gordos insaturados e baixa proporção de ácidos gordos saturados, deve ser uma opção

frequente na alimentação.

É verdade que Portugal é um dos países da Europa com maior consumo médio de peixe

(49,2%). No entanto, quando comparado com o consumo de carne (78,2%), verificamos

que há um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao consumo de pescado. De

acordo com a Balança Alimentar Portuguesa, o peixe contribui apenas com 12% das

proteínas e 1% das gorduras da dieta dos portugueses.

É urgente promover o consumo de peixe junto das populações, nomeadamente o de

peixe gordo (como o atum, cavala, salmão, sardinha e carapau) devido à riqueza em

ácidos gordos ómega-3, que têm um efeito protetor em relação às doenças

cardiovasculares. Alguns estudos relacionam também estes ácidos gordos com a

diminuição da pressão sanguínea, da concentração plasmática de triglicéridos e da

diabetes tipo 2.

É importante recuperar a Roda dos Alimentos e manter uma alimentação saudável, pois

assim estaremos a contribuir para a prevenção de um conjunto de patologias associadas

a estilos de vida inadequados.

Sustentabilidade associada ao consumo de peixe

Um estudo levado a cabo pela Global Footprint Network, organização responsável pelos

cálculos da “pegada ecológica”, divulgado em outubro de 2015, avisa que o elevado

consumo de peixe em Portugal também pode ser um problema ambiental.

A pegada ecológica é um indicador que representa a área da Terra necessária para

produzir o que cada pessoa consome ou necessita, dos alimentos à roupa, dos

combustíveis aos edifícios.

Em termos gerais, para Portugal este valor é de 4,5 hectares por habitante. É o quarto

país mediterrânico com a maior pegada ecológica, depois de França, Eslovénia e Itália.

No entanto, e ao nível da alimentação, Portugal lidera o ranking. Cerca de 1,5 hectares de

terra ou mar são necessários para garantir o almoço, o lanche e o jantar dos portugueses.

Ninguém necessita de tanto espaço produtivo para saciar a fome entre os países do

Mediterrâneo, região sobre a qual incide o estudo. A seguir vêm Malta (1,25 hectares por

pessoa), Grécia (1,22) e Espanha (1,15).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 8

G r á f i c o 2 0 – P e g a d a e c o l ó g i c a 2 0 1 0 – c o n s u m o d e p e i x e

Unidade: hectares produzidos para satisfazer o consumo de uma pessoa

0,67

0,39

0,14

0,32

0,04

0,1

0,1

0,04

0,11

0,11

0,05

0,01

0,01

0,06

0,02

Portugal

Malta

Grécia

Espanha

Croácia

Itália

França

Turquia

Chipre

Tunísia

Marrocos

Albânia

Israel

Egipto

Eslovénia

Fonte: Global Footprint Network.

Dois fatores contribuem para este resultado. O primeiro é muito óbvio: em Portugal,

come-se muito. A FAO recomenda, como saudável, uma dieta diária de 2500

quilocalorias por pessoa. Em Portugal, consomem-se 3500 – 40% a mais. O segundo

fator encerra uma grande ironia. Portugal é um dos países com maior consumo per

capita de peixe no mundo – um dado positivo pelo lado da saúde. Mas o apetite

nacional dirige-se muito para espécies de topo, como o bacalhau e o atum, que

requerem mais recursos para se desenvolver. O atum, por exemplo, alimenta-se de

sardinhas, que por sua vez se alimentam de plâncton. Na prática, é preciso uma área

muito maior da plataforma continental para produzir o plâncton necessário para um peixe

num elo superior da cadeia alimentar. O impacto do consumo de um quilo de atum

equivale ao de dez quilos de sardinhas.

A importação também pesa. Em 2015, 488 mil toneladas de pescado vieram de fora,

contra 282 mil toneladas da exportação, segundo dados oficiais. Portugal não é

autossuficiente para as suas necessidades alimentares de pescado.

A resolução para o problema da sustentabilidade das pescas nacionais e, por

conseguinte, do próprio consumo nacional, tem sido amplamente estudado pelas

entidades competentes nacionais.

A política portuguesa para as pescas e aquicultura, inserida na Política Comum das

Pescas, visa que estas sejam conduzidas em condições sustentáveis em termos

económicos, ambientais e sociais, sendo por isso impostas limitações anuais de capturas

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 3 9

através da fixação de TACs (totais admissíveis de captura) e quotas, definidos pela

União Europeia, que quando atingidos, determinam o encerramento da pesca nesse ano.

Uma prova da boa gestão dos recursos marinhos efetuada pelo sector das pescas em

Portugal é um estudo das Universidades de Yale e Columbia para estimar os Índices de

Desempenho Ambiental em 2010, que classificou o sector das pescas em Portugal no 1º

lugar entre os países da OCDE, com uma pontuação de 97.3 (máximo de 100)

De acordo com a Direção Geral das Pescas e Aquicultura, das oito principais espécies

capturadas no Continente (sardinha, cavala, carapau, polvo, berbigão, peixe-espada

preto, faneca e carapau negrão), representando cerca de 80% do total dos

desembarques, nenhuma apresenta sinais de captura excessiva.

Acresce ainda o facto de várias espécies consumidas em Portugal serem certificadas por

organizações independentes como o Marine Stewardship Council, que atribuiu o seu Eco

Rótulo à pesca de sardinha pela arte do cerco em Portugal - primeira pescaria de

sardinha certificada na Península Ibérica e única certificada do mundo, ou o Earth Island

Institute que certificou o Programa de Observação para as Pescas nos Açores (POPA),

nomeadamente no que se refere à captura de atum. Inclusive o bacalhau da Noruega e

do arquipélago de Svalbard (o mais consumido em Portugal) também é certificado pelo

Marine Stewardship Council.

A Carta de Sustentabilidade das Pescarias Portuguesas (2010), da responsabilidade do

Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, aponta 21 razões pelas

quais a pesca em Portugal, e consequentemente o consumo de peixe, pode ser

sustentável a médio/longo prazo:

1. A política portuguesa para as pescas e aquicultura, inserida na Política Comum das

Pescas, visa garantir a exploração sustentável dos recursos aquáticos;

2. Na preservação dos ecossistemas e da biodiversidade estão implementadas Zonas

Marinhas Protegidas, nomeadamente a Reserva Natural das Berlengas e o Parque

Marinho Luís Saldanha, para além de zonas estuarinas com proteção especial, como

o Tejo, o Sado e a Ria Formosa onde se procura compatibilizar pesca e ambiente;

3. A frota portuguesa de pesca é na sua maioria constituída por embarcações da pesca

artesanal, cerca de 90% do número total de embarcações, com reduzida capacidade

de captura e de permanência no mar;

4. Das 8 principais espécies capturadas no Continente (sardinha, cavala, carapau,

polvo, berbigão, peixe-espada preto, faneca e carapau negrão), representando cerca

de 80% de todo o pescado desembarcado, nenhuma tem informação científica de

captura excessiva;

5. 60% dos desembarques em fresco respeitam a espécies pelágicas de pequeno

tamanho, cujas quotas de pesca não são esgotadas. Estas espécies ocupam níveis

tróficos inferiores constituindo um indicador de ecossistemas saudáveis e de boa

gestão ambiental;

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 0

6. A sardinha, a principal captura da frota portuguesa, representando mais de 45% da

produção de pescado em Portugal, foi certificada como pescaria sustentável, pelo

MSC- Marine Stewardship Council;

7. Utiliza-se grande diversidade de artes de pesca, distribuindo, assim, o esforço de

pesca por várias espécies;

8. O arrasto costeiro só está autorizado a pescar fora das 6 milhas de distância à costa,

não ultrapassando os fundos da plataforma continental e talude, razão pela qual os

fundos da ZEE portuguesa estão, maioritariamente, isentos de pesca;

9. O licenciamento anual da atividade da pesca, ajusta o esforço de pesca às

possibilidades de pesca, nomeadamente às limitações anuais de TACs (totais

admissíveis de captura) e Quotas, condicionando, também, a utilização de

determinadas artes em certas zonas, como as estuarinas e lagunares;

10. As pescarias efetuadas pelas embarcações portuguesas destinam-se ao consumo

direto, predominantemente em fresco. Portugal não autoriza pesca industrial cujo

objetivo seja a produção de farinha de peixe;

11. Relativamente à pesca de espécies de profundidade, Portugal adotou legislação mais

restritiva do que a legislação da União Europeia, só autorizando que a mesma se

realize com anzol;

12. A pesca em águas de países terceiros - demersais em Marrocos, crustáceos e

cefalópodes na Mauritânia, na Guiné-Bissau e Moçambique, alguns dos Países onde

a frota portuguesa atua, exige uma avaliação prévia do estado dos recursos prévio á

celebração do respetivo acordo de pesca com a União Europeia;

13. O bacalhau que Portugal pesca na Noruega e em águas internacionais do

arquipélago de Svalbard tem apresentado uma evolução positiva muito significativa,

como demonstra o aumento dos totais Admissíveis de Captura, desde 2008;

14. A frota de pesca portuguesa de largo atua em águas internacionais sob gestão de

Organizações Regionais de Pesca, de que a União Europeia é Parte Contratante,

constituídas à luz da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do mar. As

capturas de espécies relevantes nessas águas, de entre as quais se destacam a

palmeta, o bacalhau, o cantarilho e a raia, são feitas em conformidade com as

medidas de conservação e gestão determinadas por aquelas Organizações;

15. O cumprimento da Resolução 61/105 das Nações Unidas relativamente à prevenção

de impactos significativos adversos em ecossistemas marinhos vulneráveis, através

da interdição de pesca em vastas áreas, sob gestão das Organizações Regionais de

Pesca, que estão a ser objeto de estudo para verificação da existência de montes

submarinos, recifes de coral ou correntes hidrotermais;

16. Não é autorizada, por Portugal, a pesca dirigida ao atum rabilho, espécie sujeita pela

Comissão Internacional de Tunídeos do Atlântico a um plano de recuperação de

longo prazo;

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 1

17. É obrigatória a primeira venda em lota do pescado fresco, garantindo o controlo das

quantidades capturadas, estando em progresso um Certificado de Compra em lota,

emitido pela DOCAPESCA;

18. O pescado colocado à venda tem a identificação da denominação comercial do tipo

de produção (captura ou aqui cultura) e da proveniência (pais de origem, se

aquicultura, ou zona do oceano em que foi capturado);

19. A investigação das matérias relativas à biologia, ambiente, pesca e aquicultura é

desenvolvida pelo IPI MAR que fornece a base científica para uma melhor

compreensão dos ecossistemas marinhos e gestão dos recursos;

20. Um estudo independente da Universidade de Yale e Colômbia, em 2010, coloca

Portugal em 1° lugar no desempenho ambiental nas pescas e em 19° lugar na

avaliação dos Índices de Desempenho Ambiental a nível mundial, entre 163 países;

21. Os produtos da pesca importados que entram no mercado português são,

obrigatoriamente, acompanhados de certificados de captura confirmando que

respeitaram as medidas de conservação aplicáveis visando erradicar do mercado

produtos de pesca ilegal, não declarada e não regulamentada.

O pescado, e especificamente o peixe, continuará a ser um dos principais alimentos

consumidos pelos portugueses, pois para além de ser uma proteína animal de elevado

valor nutricional, com amplos benefícios reconhecidos, é parte integrante da dieta

mediterrânica e, por isso mesmo, está sempre presente na mesa dos portugueses.

O mercado

Portugal é um dos países do mundo com maior consumo de peixe. Certamente um,

senão o país europeu, onde se trata e prepara melhor o peixe, fruto de uma longa

tradição gastronómica e ligação ao mar.

Tendo em conta o projeto a “Rota do Peixe Português”, da APTECE, interessa definir

uma rota de turismo gastronómico de pescado, que realce os melhores peixes em cada

região do país, as formas de confeção e onde usufruir deles, contemplando um conjunto

de atividades de que qualquer pessoa pode beneficiar e que realçam a ligação do destino

ao mar, ao rio e à oferta complementar de qualidade.

Desta forma, é objetivo desta última parte do estudo, identificar e dimensionar o

mercado potencial para as ações da APTECE no âmbito da “Rota do Peixe Português”.

Diferentes segmentos

Podem-se considerar, pelo menos, dois segmentos de mercado aos quais a APTECE

poderá dirigir as suas ações, de modo a dinamizar o consumo do peixe, bem como a sua

promoção internacional, tendo em vista a maior atratividade de consumo por parte dos

turistas, sob o rótulo “Rota do Peixe Português”.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 2

Por um lado, têm-se os restaurantes dito tradicionais, ou seja, os restaurantes que

exploram uma culinária que retoma os temperos da cozinha tradicional portuguesa, mas

que também têm motivação para trabalhar novos ingredientes. Claro está que este

segmento é muito vasto, mas também fica circunscrito aos restaurantes que já trabalham

o pescado nacional, seja marinho seja fluvial.

Por outro lado, têm-se as entidades que organizam os eventos gastronómicos nacionais,

onde o pescado é o motivo do evento. Por norma, são eventos organizados pelas

câmaras municipais, em conjunto com as freguesias, mas também as confrarias,

associações de desenvolvimento local e, até mesmo, as regiões de turismo. Trata-se de

um segmento de mercado mais institucional.

Restauração tradicional

O crescimento da restauração nacional registado em 2014 põe termo a uma trajetória de

cinco anos consecutivos de quebras. Entre 2008 e 2013, o sector da restauração perdeu

32% do seu valor devido ao forte corte da despesa das famílias e das empresas

portuguesas e à intensa concorrência em preços existente no sector.

O volume de negócios situou-se nos 3.600 milhões de euros em 2014, o que representa

um aumento de 1,1% face a 2013, ano em que se tinha verificado uma quebra de 6,3%,

segundo o estudo Sectores Portugal "Restaurantes" publicado pela Informa D&B.

As previsões apontam para que o valor do mercado da restauração continue a aumentar

a curto prazo, estimando-se que no final de 2015 o valor do mercado tenha atingido os

3.700 milhões de euros, o que representa 2,8% acima do verificado em 2014.

O estudo da Informa D&B dá conta que o segmento de comida rápida apresenta o

melhor comportamento, "favorecido pela sua competitividade no preço e pelas

mudanças nos hábitos alimentares da população". Em 2014, as vendas deste tipo de

estabelecimentos registaram um crescimento de 4,2%, situando-se nos 693 milhões de

euros, face aos 665 milhões do exercício anterior.

Já as vendas das hamburguerias cresceram 5,7%, favorecidas pelo auge das

hamburguerias gourmet. Outros formatos que tiveram uma evolução positiva foram os

restaurantes de comida rápida portuguesa e asiática.

Em 2013, operavam em Portugal 28.294 empresas gestoras de estabelecimentos de

restauração, cerca de menos 3.000 do que as existentes em 2008. Estas empresas

geraram um volume de emprego de cerca de 113.000 trabalhadores em 2012, com uma

média de quatro empregados por empresa.

Pormenorizando a análise em termos de tipologia de restaurantes, têm-se:

• os restaurantes tradicionais:

o CAE 56101 - Compreende as atividades de preparação e venda para

consumo no local de refeições servidas pelo processo tradicional

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 3

(entenda-se com serviço de mesa). Inclui marisqueiras, restaurantes

vegetarianos, macrobióticos e representativos de países estrangeiro;

• os restaurantes típicos:

o CAE 56104 - Os restaurantes típicos definem-se pela especificidade da

sua cozinha (refeições), decoração, mobiliários e, eventualmente, pela

exibição de folclore de forma a reconstituir um ambiente característico

de uma região portuguesa.

Segundo os dados da AEP, em 2015 existiam cerca de 8062 empresas com atividade de

restauração tradicional e típica. Estas empresas movimentaram 1573 milhões de euros

em vendas e empregavam mais de 48 mil trabalhadores. Nem todos estes restaurantes

tratarão o pescado da mesma forma, mas certamente que uma grande parte deles, senão

mesmo a maioria, terá na sua ementa pratos de peixe e que, por esta razão, poderão ser

um veículo importante para a dinamização da Rota do Peixe Português.

Eventos gastronómicos

A gastronomia é um elemento chave e fundamental do destino turístico. É conhecido

que muitas pessoas planificam uma viagem também com o objetivo de visitar um grande

restaurante, visitar adegas e experimentar novos sabores. O mais importante na

gastronomia é o seu carácter como elemento chave para diversificar a oferta turística e

de estimulação para o desenvolvimento económico local, regional e nacional, com

valores de sustentabilidade baseados no território, na paisagem, nos produtos locais e na

autenticidade, todos eles em consonância com as atuais tendências de consumo cultural.

Assim, e como forma natural de desenvolvimento, em Portugal assistiu-se nos últimos

anos a um crescimento do número e da diversidade de eventos gastronómicos. Em

pouco tempo, as diferentes entidades responsáveis pelas infraestruturas turísticas

reconheceram a gastronomia como uma mais valia e um motivo para levar turistas,

visitantes e comensais até às suas regiões. Explorando o que de melhor têm nas suas

regiões, depressa cresceram feiras, festivais, mostras, semanas gastronómicas de

produtos regionais, desde os enchidos, aos queijos, aos cogumelos e míscaros, passando

pelas maçãs, pelas castanhas, pelo pão e, como não poderia deixar de ser, pelo peixe e

marisco nacional.

No fundo, os eventos gastronómicos que aqui interessam são uma forma de distribuição

do produto, que pretende dar a conhecer as melhores práticas na confeção do pescado,

ao mesmo tempo que se promove a região e todas as infraestruturas turísticas

(alojamento, museus, monumentos e outros locais de interesse, enoturismo, etc.)

Assinalam-se, de seguida, os principais eventos gastronómicos onde o pescado é o

ingrediente principal.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 4

Enguia

As enguias são peixes marinhos e nascem no Oceano Atlântico, no Mar dos Sargaços,

entre as Bahamas e as Bermudas, e ainda larvas são arrastadas durante 2 a 3 anos pelas

correntes oceânicas até às costas europeias onde inicia uma outra etapa, já como

pequenas enguias ou enguias de vidro. Nesta fase sobem os rios e ribeiras onde

adquirem o estado adulto para mais tarde regressarem de novo à origem onde se

reproduzirão e morrerão. No nosso país a enguia pode ser encontrada em praticamente

todos os cursos de água doce.

Festival da Enguia da Lagoa de Santo André

▪ Data: Janeiro

▪ Local: Vila Nova de Santo André - Santiago do Cacém

▪ Organização: Câmara Municipal de Santiago do Cacém, com o apoio da Junta de

Freguesia de Santo André

Enguias fritas e grelhadas, ensopado de enguias, caldeirada de enguias, ou cataplana de

enguias, são alguns dos pratos que os dez restaurantes aderentes disponibilizam nos dez

dias do Festival.

A iniciativa não tem qualquer caráter competitivo, nem pressupõe qualquer classificação

entre os participantes, que estão, única e exclusivamente, focados em dar a conhecer

aquele que é considerado um orgulho da gastronomia local.

Festival da Enguia da Ria

▪ Data: Outubro

▪ Local: Murtosa

▪ Organização: Confraria Gastronómica “O Moliceiro” e pela Câmara Municipal

da Murtosa

O Festival Gastronómico da Enguia da Ria é organizado pela Confraria Gastronómica

“O Moliceiro” e pela Câmara Municipal da Murtosa. A enguia é o peixe mais popular da

Ria e à volta dele inventaram-se receitas sem conta, sendo a caldeirada de enguias (que

podem também ser fritas ou em molho de escabeche), o prato típico mais emblemático.

Aliás, a indústria conserveira associada à enguia foi, e é, um dos motores da economia

Murtoseira. Possuindo, hoje, modernas instalações, a Fábrica de Conservas da Murtosa

(Comur) exporta as suas barricas, levando longe o nome da Murtosa.

Festival Gastronómico da Enguia

▪ Data: Outubro

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 5

▪ Local: Boquilobo

▪ Organização: Câmara Municipal de Torres Novas e Junta de Freguesia da

Brogueira

Com organização da Câmara Municipal de Torres Novas e apoio da Junta de Freguesia

da Brogueira, o festival constitui uma forma de promoção da gastronomia típica do

concelho de Torres Novas, em particular das afamadas “enguias do Boquilobo”.

Lampreia

A lampreia é um peixe de água doce, com corpo semelhante à enguia. É pescada nos

rios Minho, Cávado, Douro e Tejo e é considerada uma iguaria gastronómica, a lampreia

é servida em vários restaurantes de Portugal durante os meses de Fevereiro, Março e

Abril, altura ideal do ano para a pesca da lampreia. Os pratos mais cozinhados são o

arroz de lampreia, lampreia à bordalesa, guisada e em escabeche

Lampreia do Rio Minho - Um Prato de Excelência

▪ Data: Fevereiro/Março

▪ Local: Valença

▪ Organização: ADRIMINHO em associação com os seis municípios do Vale do

Minho - Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de

Cerveira.

As iguarias da lampreia do rio Minho, considerada a melhor do mundo, saboreiam-se

nos restaurantes de Valença, nos meses de fevereiro e março, na iniciativa “Lampreia do

Rio Minho - Um Prato de Excelência”.

Na última edição, 24 restaurantes aderiram à iniciativa e apresentaram, sobretudo, ao

fim de semana, menus degustativos em que a lampreia é rainha, à mesa, nestes dois

meses. Pescada, como há séculos, pelos pescadores de São Pedro da Torre e Cristelo

Côvo, nas redadas no rio Minho, é nestes dois meses que ela se apresenta divina.

Visitar a restauração valenciana, esta temporada, é a oportunidade para saborear a

lampreia, sobretudo, à bordalesa, mas, também descobrir outras formas de a apresentar

como recheada, em arroz de lampreia, fumada/grelhada ou assada no forno.

Mostra da Lampreia

▪ Data: Fevereiro/ Março

▪ Local: Tomar

▪ Organização: Câmara Municipal de Tomar

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 6

O município de Tomar é o palco da edição da Mostra da Lampreia, que acontece entre 6

de fevereiro e 6 de março, distribuída por 14 restaurantes e 12 pastelarias.

A autarquia informa que aos fins-de-semana e aos feriados haverá sempre lampreia nos

restaurantes aderentes. Os pratos que compõem a ementa disponível durante o certame

vão desde: entradas de paté de lampreia em cama de cogumelos ou empadas de

lampreia, sopas de peixes do rio e de lampreia; lampreia com arroz de cabidela, molhata

de lampreia ou lampreia à bordalesa. Nos doces, há lampreias de ovos simples e com

misto de fruta, bem como beijinhos de lampreia.

Rota da Lampreia

▪ Data: Fevereiro/ Março

▪ Local: Entre-os-Rios - Penafiel

▪ Organização: Câmara Municipal de Penafiel/ Turismo do Porto e Norte de

Portugal

O festival da lampreia de Entre-os-Rios, concelho de Penafiel, acabou e em sua

substituição surge a “Rota da Lampreia” um percurso que contempla a oportunidade de

degustar esta iguaria. A lampreia é servida durante cinco fins de semana, num conjunto

de restaurantes aderentes à iniciativa e no respeito pela tradição.

Entre os pratos apresentam-se o arroz de lampreia e a lampreia à bordalesa, que

constituem duas das mais apreciadas formas de confecionar o ciclóstomo.

Festival da Lampreia

▪ Data: Fevereiro

▪ Local: Penacova

▪ Organização: Câmara Municipal de Penacova

Durante o Festival da Lampreia, os clientes dos restaurantes aderentes encontrarão um

preço mais baixo para este prato, face ao praticado durante a época. Também durante os

dias do Festival a sobremesa, pastéis de Lorvão ou Nevadas de Penacova, serão

oferecidos a todos quantos nos visitem, para apreciarem o Arroz de Lampreia à moda

de Penacova.

Festival da Lampreia

▪ Data: Fevereiro - Abril

▪ Local: Mação

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 7

▪ Organização: Câmara Municipal de Mação e Associação de Desenvolvimento do

Pinhal Interior Sul

Esta iniciativa pretende promover a gastronomia do concelho, aproveitando-se a época

da pesca da lampreia (entre meados de Janeiro até finais de Abril) para atrair a Mação

visitantes de todo o país. A autarquia procura também, através deste festival

gastronómico, divulgar o seu património histórico e cultural bem como várias

infraestruturas e a toda a sua dinâmica.

Festival Gastronómico “Sabores da Lampreia”

▪ Data: Março

▪ Local: Valença

▪ Organização: Câmara Municipal de Valença, Junta de Freguesia de São Pedro da

Torre, Associação Sabores do Rio Minho e da Comissão de Festas de São Pedro

da Torre.

Lampreia à Bordalesa, Arroz de Lampreia, Fumada/Grelhada, Assada no Forno,

Recheada ou o prato dos cinco sabores, são os tipos de lampreia possíveis de saborear.

Sabores da Lampreia é uma genuína festa gastronómica valenciana que, este ano, para

além das cinco formas tradicionais de saborear a lampreia em Valença. vai apresentar

uma área exclusiva destinada à degustação de novas formas de confecionar este produto.

Esta área estará a cargo do curso de hotelaria da escola profissional EPRAMI.

Semana Gastronómica da Lampreia e da Vitela

▪ Data: Março

▪ Local: Sever do Vouga

▪ Organização: Confraria gastronómica de Sever do Vouga

Promover e divulgar os pratos de Lampreia e de Vitela assada à moda de Sever é o

grande objetivo da Semana Gastronómica. Em época da apreciada Lampreia, esta

iguaria não poderia ficar de fora do menu, seja com o tradicional “Arroz de Lampreia”

ou a “Lampreia à Bordalesa” a que se junta uma outra especialidade com chancela

própria de Sever, “Vitela Assada com Arroz do Forno”, permitindo assim satisfazer

todos os gostos.

Feira Gastronómica da Lampreia

▪ Data: Março

▪ Local: Ponte de Lima

▪ Organização: Câmara Municipal de Ponte de Lima

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 8

Considerando o turismo gastronómico como uma das suas principais atrações turísticas,

e um fator de desenvolvimento económico e social, o Município de Ponte de Lima

aposta no evento gastronómico, Feira Gastronómica da Lampreia.

Mês da Lampreia

▪ Data: Março

▪ Local: Gavião

▪ Organização: Câmara Municipal de Gavião

O Arroz de Lampreia esteve à mesa em 10 restaurantes do concelho de Gavião durante

o mês de Março. Com esta iniciativa do Festival da Lampreia, o Município pretende não

só promover este prato muito característico desta rica região ribeirinha do Tejo, como

promover o próprio concelho.

Sável

Parente da popular sardinha e da espinhosa savelha, o sável é um gigante com as

características de toda a família: gordo, saboroso e espinhoso. É também caro e raro na

gastronomia, pois só é pescado nos finais do Inverno. Vive no mar, a peneirar toneladas

de água para engolir apenas o zooplâncton. Em Março dirige-se para as embocaduras

dos rios, em cardumes gigantescos, e sobe-os para a desova. Nessa viagem fluvial é

capturado para se tornar o pitéu da gastronomia portuguesa.

Em Portugal as populações de sável têm vindo a decrescer drasticamente, especialmente

nos rios do sul (Tejo, Sado e Guadiana). Nos rios Mondego, Lima e Minho encontram-

se ainda populações de sável com algum significado, cuja exploração assume grande

importância económica no seio das comunidades piscatórias.

Março, Mês do Sável

▪ Data: Março

▪ Local: Vila Franca de Xira

▪ Organização: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Se o sável é já reconhecido como uma iguaria gastronómica que diferencia o Concelho

de Vila Franca de Xira, durante o mês de março é rei nos restaurantes participantes na

Campanha Gastronómica.

A faina ainda traz o sável que entra nos rios entre março e maio, quando este se desloca

para as zonas superiores, locais propícios para a desova. Homenageando os sabores

ribeirinhos, mas, sobretudo, a importância do Tejo na vida das gentes da região este é

um convite para experimentar a tipicidade e identidade deste concelho, marcado pela

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 4 9

vida e dinâmica do Rio. Este ano contam com um roteiro de 26 restaurantes nas várias

freguesias do Concelho, que se propõem a mostrar a sua açorda de ovas com sável frito.

Festa do Sável e da Lampreia

▪ Data: Fevereiro - Março

▪ Local: Gondomar

▪ Organização: Câmara Municipal de Gondomar

Arroz de lampreia, lampreia à bordalesa, sável no espeto, sável frito, arroz de mílharas e

açorda de mílharas, são as especialidades a degustar na Festa do Sável e da Lampreia que

decorrer em 25 restaurantes do concelho de Gondomar.

Achigã

O achigã é originário do sul do Canadá e norte dos Estados Unidos da América e foi

introduzido na Europa no final do século XIX. Em Portugal, o achigã foi introduzido

pela primeira vez em Portugal em 1898, na Lagoa das Sete Cidades, S. Miguel, nos

Açores. O achigã teve uma excelente adaptação e espalhou-se rapidamente por todas as

bacias hidrográficas, particularmente a sul do Rio Tejo, sendo hoje considerado um dos

predadores que mais tem contribuído para uma clara diminuição de outras pequenas

espécies, nomeadamente nas albufeiras.

O achigã adulto é um predador muito voraz, alimentando-se preferencialmente de

outros peixes e crustáceos e também de insetos aquáticos. Os mais novos têm a sua

alimentação baseada em insetos, crustáceos e moluscos, enquanto que os alevins se

alimentam de plancton.

Festival do Achigã

▪ Data: Setembro

▪ Local: Santa Clara-a-Velha- Odemira

▪ Organização: Associação “Os Amigos de Santa Clara”, com os apoios do

Município de Odemira, das Juntas de Freguesia de Santa Clara-a-Velha e de

Luzianes-Gare

O objetivo do Festival é divulgar a região, dando a conhecer os produtos mais genuínos

da região, sobretudo o achigã, espécie muito abundante na Barragem de Santa Clara. Os

visitantes terão a oportunidade de provar o achigã como ingrediente principal, bem

como outros petiscos regionais

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 5 0

Truta

Originária dos Estados Unidos e Canadá, esta espécie foi introduzida um pouco por

todo o mundo, encontrando-se amplamente distribuída no Atlântico Norte desde a

Escandinávia até ao Norte da Península Ibérica. Atualmente em Portugal, só as

populações dos rios Minho e Lima apresentam a forma migradora. Os dados de

capturas e as informações dos pescadores dos rios Lima e Minho indicam que o número

de indivíduos maduros é extremamente escasso e que a truta-marisca está em declínio

continuado nas duas bacias onde ocorre. Estima-se que a maior subpopulação seja a do

Rio Minho. Contudo, trata-se de uma espécie amplamente produzida em aquicultura,

nomeadamente a truta arco-íris.

Festa da Truta

▪ Data: Março

▪ Local: Canedo – Ribeira de Pena

▪ Organização: Câmara Municipal de Ribeira de Pena

Peixe-espada preto

É encontrado em Portugal Continental na zona de Sesimbra e também nos

Arquipélagos da Madeira e dos Açores, onde habita em zonas de grande profundidade,

entre os 200 e os 1600 m. Sobe na coluna de água durante a noite onde se alimenta de

peixes, cefalópodes e crustáceos. Reproduz-se de Outubro a Janeiro, tendo um ciclo de

vida longo, crescimento lento e baixo ciclo reprodutivo, o que o torna muito sensível a

alterações do meio.

Semana Gastronómica do Peixe-espada Preto

▪ Data: Maio - Junho

▪ Local: Sesimbra

▪ Organização: Câmara Municipal de Sesimbra, Junta de Freguesia de Santiago,

Artesanal Pesca e Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal

O peixe-espada preto, uma das espécies mais importantes para a pesca local, e uma

referência na gastronomia sesimbrense, volta a estar em destaque nos restaurantes do

concelho.

peixe-espada preto é capturado de forma artesanal há cerca de 30 anos pelos pescadores

de Sesimbra. A pesca é feita por 16 barcos, e perto de 300 pescadores estão ligados a

esta atividade. Desde 2008, Sesimbra é considerado o primeiro porto nacional na

captura e comercialização do peixe-espada preto. Promover a espécie e destacar o papel

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da pesca como fator de grande relevância social e económica para a comunidade

sesimbrense são os principais objetivos da iniciativa.

Sardinha

É encontrada no Atlântico Nordeste e Mar Mediterrâneo, onde habita na coluna de água

em zonas costeiras de 25 a 100 m de profundidade. Efetua migrações em grandes

cardumes que, durante o dia, se protegem dos predadores em águas mais profundas e, à

noite, sobem para águas mais superficiais para se alimentarem de algas e pequenos

crustáceos. Reproduz-se de Outubro a Abril, altura em que é mais magra, e a fêmea

pode desovar 50.000 a 60.000 óvulos.

A sardinha é o peixe mais popular das festas e arraiais de Verão, mas é também a

principal espécie usada na indústria conserveira portuguesa, que absorve quase metade

das capturas da frota nacional.

Festival da Sardinha

▪ Data: Julho

▪ Local: Setúbal

▪ Organização: Câmara Municipal de Setúbal

A sardinha assada volta a estar em destaque nos restaurantes de Setúbal, no âmbito de

um evento gastronómico. Ao longo de duas semanas, a sardinha assada, eleita uma das 7

Maravilhas Gastronómicas de Portugal, é o prato principal em 25 restaurantes da cidade,

numa organização da Câmara Municipal de Setúbal.

O Festival da Sardinha, uma das iniciativas associadas à gastronomia com grande

tradição na cidade, constitui mais um incentivo de promoção dos produtos regionais e

de dinamização da restauração local.

Na demonstração, os participantes têm a oportunidade de ver de perto novas e

diferentes formas de cozinhar esta espécie de pescado, que é uma das mais consumidas

no país durante os meses de verão.

Festival da Sardinha

▪ Data: Agosto

▪ Local: Portimão

▪ Organização: Junta de Freguesia de Portimão.

Em Agosto, Portimão celebra o seu principal ícone gastronómico e por toda a cidade o

clima será de festa, aliado ao aroma da tradicional sardinhada.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 5 2

A sardinha assada é a rainha da festa, acompanhada pelo melhor pão caseiro e pela típica

salada à algarvia. É também possível degustar a sardinha de outras formas: de escabeche,

em filete ou de conserva.

Festa da Sardinha

▪ Data: Agosto

▪ Local: Aljustrel

▪ Organização: Sport Clube Mineiro Aljustrelense

Festas de Lisboa

▪ Data: Junho

▪ Local: Lisboa

▪ Organização: EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação

Cultural de Lisboa

Festival da Sardinha de Olhos de Água

▪ Data: Agosto

▪ Local: Albufeira

▪ Organização: Câmara Municipal de Albufeira

Carapau

O carapau forma grandes cardumes nas zonas costeiras com substrato arenoso.

Dividem-se em dois grupos, os da zona Oeste e os da zona do Mar do Norte. Os da

zona oeste procriam desde a Baia da Biscaia até a Irlanda, os do Mar do Norte na zona

sul desse mar. As fêmeas dão 140.000 ovas, e desenvolvem-se em larvas de 5mm. Existe

uma outra espécie de carapau menos comum, o carapau-negrão ou chicharro-negrão,

com elevada representatividade no mercado nacional.

O carapau pode ter diferentes nomes consoante o seu tamanho: jaquinzinho (até 15 cm

de comprimento) e chicharro (carapau muito grande).

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 5 3

Festa do Chicharro

▪ Data: Julho

▪ Local: Ribeira Quente - São Miguel

▪ Organização:

Uma das festas mais populares dos Açores. Apesar de o ponto central ser inicialmente

provar nas barraquinhas variadas receitas em que o ingrediente rei é o chicharro

(carapau), na verdade o que atrai inúmeras pessoas à pequena freguesia piscatória é o

festival de música, com variados estilos musicais, com artistas regionais, nacionais e

internacionais.

Festival do Carapau Manteiga de Setúbal

▪ Data: Agosto - Setembro

▪ Local: Setúbal

▪ Organização: Câmara Municipal de Setúbal

Durante o Festival do Carapau Manteiga de Setúbal, os estabelecimentos de restauração

aderentes incluem nas ementas diferentes pratos confecionados com esta variedade de

peixe, pescado ao largo da cidade, desde o tradicional carapau assado a propostas

inovadoras. O evento estende-se até aos restaurantes de Tróia.

Polvo

O polvo é encontrado no Atlântico Nordeste e Mar Mediterrâneo, Península Ibérica e

nos Arquipélagos da Madeira e dos Açores, onde habita em águas costeiras até aos 200

m de profundidade. Alimenta-se de crustáceos (especialmente caranguejos), moluscos e

peixes. Reproduz-se durante todo o ano, com períodos de maior intensidade na

Primavera e no Outono e a fêmea morre após efetuar a postura e cuidar de cerca de

500.000 ovos. Os machos morrem depois do período de cópula.

Semanas Gastronómicas do Choco e do Polvo

▪ Data: Maio

▪ Local: Grândola

▪ Organização: Câmara Municipal de Grândola

O Choco e o Polvo, espécies que abundam ao longo dos 45 Km da faixa costeira do

concelho de Grândola, vão ser confecionados de variadíssimas maneiras nas Semanas

Gastronómicas promovidas pelo Município de Grândola.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 5 4

O sabor fresco e delicioso do choco e do polvo estão presentes nos 44 pratos que vão

ser apresentados pelos catorze restaurantes que participam nesta edição. Aos

tradicionais chocos grelhados, salada de polvo e polvo à lagareiro, juntam-se propostas

mais elaboradas como arroz negro de choco, choco frito com arroz de tomate dentro do

pão, cataplana de polvo com batata-doce, ensopado de polvo ou polvo panado, entre

outros.

Quinzena Gastronómica do Polvo

▪ Data: Maio - Junho

▪ Local: Lourinhã

▪ Organização: Câmara Municipal da Lourinhã

Durante 11 dias, 20 restaurantes do concelho da Lourinhã apresentam mais de 60

receitas que têm o polvo como ingrediente principal.

Pratos como a trouxa de polvo com chutney de piquilhos, risotto de espinafres e polvo,

polvo na chapa com batata recheada à algarvia e emulsão de azeite, polvo de cebolada

com migas, massada de polvo com gambas, polvo à bulhão, chouriço de polvo com

batata a murro e orégãos, polvo al Ajillo com puré de baos, calzone de polvo, polvo

frito com citrinos e caril de polvo com arroz basmati, são algumas das sugestões.

Os restaurantes aderentes têm confirmado a recetividade por parte quer da população

quer de turistas e, devido a este êxito, têm-se empenhado, ano após ano, na

apresentação de pratos cada vez mais inovadores”.

Semana Gastronómica do Polvo do Sudoeste Alentejano

▪ Data: Junho

▪ Local: Odemira

▪ Organização: Câmara Municipal de Odemira

O polvo poderá ser provado das mais diversas formas: em cataplana, polvo à bolhão-

pato, arroz de polvo, à lagareiro, salada de polvo, na frigideira com alho, frito, grelhado,

salteado, de feijoada, polvo frito à ti carolino, de caldeirada, pataniscas de polvo, polvo

panado ou ainda polvo à pescador.

A especificidade de habitat aliada à diversidade de alimento dá ao polvo do Sudoeste

Alentejano características organoléticas ímpares ao nível de textura e sabor, tornando-o

num dos produtos mais apreciados e procurados. Com esta iniciativa a autarquia

pretende valorizar um dos melhores produtos da costa odemirense: os polvos

capturados na região, de enorme qualidade e de variadíssimas utilizações gastronómicas.

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Semana do Polvo

▪ Data: Setembro

▪ Local: Quarteira e Vilamoura

▪ Organização: Associações Armalgarve Polvo, Associação dos Empresários de

Quarteira e Vilamoura, Câmara Municipal de Quarteira.

Mostras gastronómicas em vários restaurantes da freguesia, ‘workshops’ de sushi e

cozinha mediterrânica, um concurso de receitas, ’showcooking’, atividades sensoriais

para crianças, exposição de esculturas e a realização de um seminário dedicado ao polvo

tradicional, são iniciativas que compõem o cardápio.

Um total de 28 restaurantes da freguesia de Quarteira vai confecionar as mais diversas

receitas à base de polvo, desde o tradicional arroz de polvo, ao polvo à lagareiro,

passando pela também já conhecida cataplana de polvo, até às sugestões mais

inovadoras como o polvo com espuma de manjericão e palete de batata com raspas de

laranja ou o polvo braseado com chimichurri sauce com grelos saltados e batatinha nova

na prata e ervas finas.

Bacalhau

O bacalhau possui um estatuto único na cozinha portuguesa, pois é ao mesmo tempo

um alimento muito frequente no seu receituário e um símbolo da própria identidade

nacional.

O “nosso” bacalhau, aquele que se pesca e consome há muitos anos pela população

portuguesa, é bacalhau-do-Atlântico. O crescimento do bacalhau depende muito da

temperatura da água e do número de indivíduos do cardume - quantos mais forem,

menos alimento fica. O bacalhau vive, em média, 16 a 20 anos. Em adulto, pode medir

1,50 metros e pesar entre 30 a 90Kg.

Bacalhau em Valença

▪ Data: Fevereiro

▪ Local: Valença

▪ Organização: Câmara Municipal de Valença e do Turismo Porto e Norte de

Portugal

O bacalhau em Valença é o protagonista do fim de semana gastronómico com o

Bacalhau à São Teotónio, em 24 restaurantes. O bacalhau, o produto mais celebre da

gastronomia valenciana, está sempre presente, a diário, em todos os restaurantes locais,

confecionado e apresentado em prato ou em tapas das mais diversas e ousadas formas.

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Semana Gastronómica do Bacalhau

▪ Data: Maio

▪ Local: Miranda do Douro

▪ Organização: Associação Comercial e Industrial de Miranda do Douro

Miranda do Douro recebe mais uma Semana Gastronómica do Bacalhau. Este é já um

evento de referência na região transmontana que anualmente atrai milhares de visitantes

ao concelho mirandês. Tal como aconteceu em edições anteriores são vários os

restaurantes que aderem a esta iniciativa, e oferecem os melhores pratos de bacalhau aos

apreciadores do “fiel amigo” dos portugueses.

VII Quinzena Gastronómica do Bacalhau

▪ Data: Maio

▪ Local: Marvão

▪ Organização: Câmara Municipal de Marvão

O Município promove, de 14 a 29 de maio, a sétima edição da Quinzena Gastronómica

do Bacalhau, com o objetivo de promover Marvão enquanto destino gastronómico de

eleição, promover os seus produtos endógenos e atrair mais visitantes. O intuito é que,

durante estes quinze dias, os treze restaurantes aderentes apresentem, nas suas ementas,

pratos genuínos da nossa gastronomia, em que o bacalhau seja o ingrediente principal.

Bacalhau assado na brasa com legumes e azeite da torra, bacalhau dourado com juliana

de alface, lombo de bacalhau assado com batata e pimentos, bacalhau ao bechamel de

amêijoas, cataplana de bacalhau com gambas, açorda de bacalhau à alentejana, bacalhau

com natas, sopa de batata com bacalhau, arroz de línguas de bacalhau, ou tiborna de

bacalhau, são alguns dos pratos a degustar, ao longo desta quinzena gastronómica, nos

restaurantes aderentes do concelho.

Festival do Bacalhau

▪ Data: Agosto

▪ Local: Ílhavo

▪ Organização: Câmara Municipal de Ílhavo

Durante cinco dias, o maior e mais emblemático Festival do Bacalhau do país leva ao

Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, as mais saborosas receitas de bacalhau,

confecionadas por diversas associações locais.

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Festival Gastronómico do Bacalhau e do Azeite

▪ Data: Março

▪ Local: Vila de Rei

▪ Organização: Câmara Municipal de Vila de Rei

Os melhores pratos confecionados com Bacalhau e Azeite voltam a ser figuras de

destaque nas ementas Vilarregenses durante a semana que antecede as celebrações da

Páscoa.

Peixes variados

Concurso da Caldeirada à Pescador

▪ Data: Fevereiro/ Março

▪ Local: Costa da Caparica

▪ Organização: Freguesia da Costa de Caparica

A Junta de Freguesia da Costa de Caparica promove o Concurso da Caldeirada à

Pescador, uma iniciativa que se realiza há 32 anos e que constituí o segundo concurso

gastronómico mais antigo a nível nacional.

Este evento pretende homenagear a tradição secular da sabedoria dos homens do mar,

na sua qualidade de pescadores e de criadores desta iguaria única no país. Desta forma,

pretende-se perpetuar esta tradição, assente na cultura caparicana, como veículo de

desenvolvimento económico e turístico.

Fim de Semana Gastronómico - Robalo Escalado

▪ Data: Fevereiro

▪ Local: Caminha

▪ Organização: Câmara Municipal de Caminha e Turismo do Porto e Norte de

Portugal

Um fim de semana gastronómico dedicado ao Robalo.

Sabores do Mar

▪ Data: Março

▪ Local: Esposende

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▪ Organização: Câmara Municipal Esposende

Esposende aposta no “Março com Sabores do Mar” para promover a gastronomia local

e combater a sazonalidade.

Sobre o “Março com Sabores do Mar”, evento que integra a programação do “Minho

Região Europeia da Gastronomia 2016”, o Presidente da Câmara Municipal referiu que

é uma aposta ganha, que tem sido marcada por uma “inovação permanente”, de modo a

manter-se atrativa. Os objetivos passam por promover a gastronomia local,

especialmente no que respeita aos pratos de peixe e mariscos.

Mostra Gastronómica do Peixe do Rio

▪ Data: Março

▪ Local: Alandroal

▪ Organização: Câmara Municipal do Alandroal

O Município de Alandroal continua a sua aposta na promoção da tradição gastronómica

do concelho ligada ao peixe do rio que, associada à inovação que as novas espécies que

o Alqueva trouxe para a região e à criatividade dos restaurantes locais, tem permitido

projetar o Alandroal como um destino gastronómico de eleição. Nesta mostra é possível

saborear o “peixe frito” e a “caldeta de barbo”, mas também a carpa, o lúcio-perca e o

sável, em receitas variadas.

Sesimbra é Peixe - Caldeiradas de Sesimbra

▪ Data: Março

▪ Local: Sesimbra

▪ Organização: Câmara Municipal de Sesimbra

A tradicional caldeirada está em destaque no concelho de Sesimbra. A iniciativa,

Caldeiradas de Sesimbra, contou com a participação de 41 restaurantes. Tamboril, safio,

tremelga e pata-roxa, ou caneja, como é conhecida em Sesimbra, são os peixes

indispensáveis na Caldeirada “À Pescador”, uma referência na gastronomia sesimbrense.

Mas há quem lhe junte outras espécies capturadas pela frota local. Antigamente, o peixe

era apanhado no próprio dia e não eram raras as ocasiões em que algumas espécies mais

nobres, como o cherne ou a lagosta, entravam na receita.

Promover este prato típico da vila e as espécies capturadas pela frota sesimbrense é o

principal objetivo da iniciativa promovida pela Câmara Municipal, em parceria com

diversas entidades, e inserida na campanha Sesimbra é Peixe.

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Festival da Caldeirada de Setúbal

▪ Data: Março - Abril

▪ Local: Setúbal

▪ Organização: Câmara Municipal de Setúbal

Sabores da tradição piscatória sadina estão em destaque no “Festival da Caldeirada de

Setúbal”, iniciativa da Câmara Municipal que promove o património gastronómico local

com um programa de atividades diversas.

Gastronomia, degustações, uma palestra e uma exposição fotográfica e de artefactos do

mar fazem parte deste evento dedicado a um prato que, da forma tradicional ou com

variações, vai constar das ementas de 44 restaurantes de Setúbal e Troia.

A divulgação dos restaurantes envolvidos no evento e a criação de condições para a atração de

públicos de diversos pontos do País são outros objetivos do festival, o primeiro de um ciclo a

realizar ao longo do ano de promoção dos recursos gastronómicos locais, como o choco, a

sardinha, o marisco, a ostra e o salmonete

Festival do Peixe do Rio

▪ Data: Abril

▪ Local: Pomarão - Mértola

▪ Organização: Câmara Municipal de Mértola

Na confluência da ribeira do Chança e do Guadiana, o Pomarão é um tesouro que vale a

pena descobrir. Antiga terra de pescadores era ali que o minério vindo das minas de S.

Domingos era descarregado em navios que o levavam para outras bandas. Desses

tempos de mineração restam apenas vestígios que nos recordam a vida e a azáfama de

quem tudo deu por aquela localidade.

Relativamente à pesca, sobrevivem ainda alguns pescadores cuja atividade vai sendo

cada vez mais escassa. Valorizar os recursos ribeirinhos, as profissões a eles associadas,

mas sobretudo as gentes que aí vivem é o principal objetivo do Festival do Peixe do Rio.

Saborear o peixe do rio, degustar outros produtos tradicionais, assistir a espetáculos,

participar em atividades diversas são algumas das propostas para este ano.

Peixe em Lisboa - Páteo da Galé

▪ Data: Abril

▪ Local: Lisboa

▪ Organização: Associação Turismo de Lisboa, com o apoio da Câmara Municipal

de Lisboa.

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Nesta edição, o “Peixe em Lisboa” traz à capital portuguesa alguns dos exemplos de

perfeccionismo e detalhe que a tornaram conhecida na cozinha vanguardista. Reúne a

experiência de vários chefs medalhados com estrelas Michelin.

Nos restaurantes em funcionamento permanente no evento, com propostas

exclusivamente de peixes e mariscos, constam ainda Arola e Midori by Penha Longa

Resort, José Avillez, Kiko Martins, Nobre/Nobre Estoril, Ribamar, Taberna da Rua das

Flores, Tasca da Esquina e Peixaria da Esquina – Vítor Sobral.

À vasta oferta de produtos do mar e rio junta-se um mercado gourmet, composto por

dezenas de expositores: da mercearia fina aos azeites, vinhos, gelados, chocolates,

enchidos, queijos, doçaria tradicional, utensílios de cozinha e conservas sem esquecer,

claro, a indispensável banca de peixe fresco. Nesta edição estão previstas algumas

iniciativas inéditas, tais como as “Noites do Peixe”, a pensar nos notívagos, que

prolongam o horário do evento até às 2h, às sextas e sábados.

Semana Gastronómica do Mar

▪ Data: Junho

▪ Local: Armação de Pêra

▪ Organização: Câmara Municipal de Silves

A “Semana Gastronómica do Mar” tem lugar em Armação de Pêra e contou com a

participação de 12 restaurantes, com ementas diárias especiais, que incluem todos os

produtos marítimos, desde o peixe ao marisco.

Festival do Caldo de Peixe

▪ Data: Julho

▪ Local: Rabo de Peixe

▪ Organização: Associação de Pescas de Rabo de Peixe e Clube Naval de Rabo de

Peixe.

A organização do evento é da Associação de Pescas de Rabo de Peixe, em parceria com

o Clube Naval de Rabo de Peixe para a promoção, através da gastronomia, de um dos

maiores atrativos da região, o peixe do mar dos Açores.

Para tal, prevê-se a promoção de receitas com espécies menos valorizadas, como é

exemplo do hambúrguer de cavala.

Viva Mais a Nossa Praia

▪ Data: Agosto

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▪ Local: Melides - Grândola

▪ Organização: Câmara Municipal de Grândola e Junta de Freguesia de Melides.

No âmbito desta iniciativa é possível saborear especialidades gastronómicas como o

peixe fresco da costa portuguesa, enguias e caldeirada de peixe.

Marisco

Festival do Marisco

▪ Data: Junho

▪ Local: Foz do Arelho – Caldas da Rainha

▪ Organização: Centro Social e Recreativo da Foz do Arelho

Amêijoa, Berbigão, Sapateira, Camarão, Percebes

Mercado do Peixe e do Marisco

▪ Data: Junho - Julho

▪ Local: Cascais

▪ Organização: Mercado da Vila de Cascais.

Peixe e Marisco.

Ria A gosto - Festival de Marisco

▪ Data: Agosto

▪ Local: Costa Nova - Ílhavo

▪ Organização: Câmara Municipal de Ílhavo

A comercialização, apanha e cultivo de bivalves e captura de Marisco é uma das mais

relevantes atividades económicas das comunidades piscatórias da Ria de Aveiro. No

Município de Ílhavo, para além do consumo efetuado nos restaurantes locais, em

especial nas praias da Costa Nova e da Barra, existe ainda um equipamento vocacionado

para a sua comercialização – o Mercado do Peixe da Costa Nova, que emprega

familiares dos pescadores e que está adaptado à venda do marisco já confecionado.

Marisco no Largo

▪ Data: Agosto

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▪ Local: Setúbal

▪ Organização: EV – Essência do Vinho/ Unicer e em parceira com a Câmara

Municipal de Setúbal

Sabores do mar, sessões de cozinha ao vivo e animação musical são atrativos da

iniciativa organizada pelas empresas EV – Essência do Vinho e Unicer, em parceira com

a Câmara Municipal de Setúbal, com o patrocínio da Super Bock.

Esta iniciativa conta com uma grande oferta de sabores do mar e do rio Sado, desde

ameijoas, berbigão, búzios, camarão, gambas, lagosta, lagostins, lavagante, mexilhão,

navalheiras, sapateiras e santolas. Em destaque estão as ostras da Reserva Natural do

Estuário do Sado, produzidas na empresa Ostras Neptuno. O certame inclui sessões de

cozinha ao vivo, com especialistas que apresentam propostas gastronómicas criativas e

inovadoras confecionadas com marisco.

Festa da Cerveja e do Marisco

▪ Data: Agosto

▪ Local: Fão - Esposende

▪ Organização: Câmara Municipal de Esposende

Festival do Marisco

▪ Data: Agosto

▪ Local: Olhão

▪ Organização: Câmara Municipal de Olhão

Lagostim

Em Portugal, esta espécie concentra-se na zona do talude continental, nas costas

sudoeste e sul (Alentejo e Algarve) entre os 200 e os 800 m. Nas regiões centro e norte,

ocorre em pequenas manchas localizadas no talude e em algumas áreas menos

profundas (80-150m).

Também é consumido o lagostim vermelho ou lagostim de água doce, cujos habitats

preferidos são os lagos e rios com pouca corrente. Quando o nível das águas desce,

enterram-se no solo. Em Portugal encontra-se em todas as bacias hidrográficas.

Festival Gastronómico de Lagostim do Rio

▪ Data: Abril - Maio

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▪ Local: Ferreira do Zêzere

▪ Organização: Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere

O lagostim de rio volta a estar em destaque em Ferreira do Zêzere durante o mês de

abril, prometendo surpreender os turistas e os comensais mais exigentes.

Festival do Lagostim

▪ Data: Julho

▪ Local: São Pedro do Corval - Reguengos de Monsaraz

▪ Organização: Câmara Municipal de Odemira

O Festival do Lagostim decorres de 1 a 3 de Julho de 2016 em São Pedro do Corval no

concelho de Reguengos de Monsaraz.

Ouriço do mar

Em Portugal, a espécie existe em abundância, e com todas as características de qualidade

que franceses e japoneses tanto apreciam. No entanto, em Portugal são poucos os que

conhecem e valorizam este petisco. Por norma, é uma iguaria somente apreciada pelos

pescadores. São de resto os pescadores quem sabe onde procurar os melhores ouriços.

Entre Outubro e Abril, período de desova dos ouriços, arriscam-se nas ravinas e falésias

para chegar aos melhores laredos, e suportam os humores do mar para arrancar os

ouriços dos seus esconderijos rochosos.

Desde o início da década de 90 que a apanha de ouriços está regulamentada por lei e

exige uma licença específica. Em Portugal estão atribuídas 76 licenças. A maior parte

não está, no entanto, a ser utilizada.

Trata-se também de uma espécie produzida em aquicultura, nomeadamente na zona

costeira da Ericeira.

Festival do Ouriço-do-mar

▪ Data: Abril

▪ Local: Ericeira

▪ Organização: Câmara Municipal de Mafra

O Festival do Ouriço-do-mar realiza-se em Abril na vila da Ericeira, outrora Ouriceira. O

evento vai dar a provar nas mesas de 12 restaurantes diversas receitas onde este é o

ingrediente principal. Depois do sucesso da 1.ª edição em Abril de 2015, que levou

milhares de forasteiros àquela vila para provar ouriços-do-mar, o Município de Mafra

renova o desafio à restauração local para introduzir esta iguaria nas suas ementas, seja

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reinventando receitas, seja promovendo a forma mais simples de ser consumida: ao

natural.

Entre as iguarias destacam-se o risotto de ovas de ouriço com espargos e camarão,

ouriços ao natural, sopa de ouriços e arroz do mar com ouriços, ouriço na chapa, massa

com ovas de ouriço, risotto de ouriço com camarão grelhado, ouriço ao natural com

vinagrete de citrinos, creme de ouriços com navalheira, mexilhão e percebes, açorda de

ouriço e a sobremesa creme brulée com cristais de ouriço-do-mar.

Lingueirão

O lingueirão - também conhecido como navalha, faca ou longueirão - é um molusco

bivalve que se encontra protegido por duas conchas finas e alongadas que são

articuladas num ponto. Esta espécie vive em zonas de areia misturada com lodo e

apanha-se facilmente depositando sal nos pequenos buracos que forma na areia.

Os maiores bancos de lingueirão em Portugal localizam-se na Ria de Aveiro, estuário do

Tejo, estuário do Sado, Ria de Alvor, Ria Formosa e estuário do Guadiana.

Semana Gastronómica do Lingueirão

▪ Data: Julho - Agosto

▪ Local: Comporta – Alcácer do Sal

▪ Organização: Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Junta de Freguesia da

Comporta e Turismo do Alentejo.

Arroz de ligueirão, massada de lingueirão, lingueirão à Bulhão Pato, rojões com

lingueirão e lingueirão frito, grelhado, panado e na brasa. Estas são algumas das formas

em que o bivalve vai ser servido nos restaurantes de Alcácer, numa Semana

Gastronómica promovida pelo Turismo do Alentejo, em parceria com a Câmara de

Alcácer do Sal e a Junta de Freguesia da Comporta.

A iniciativa tem por objetivo divulgar os restaurantes, a qualidade gastronómica e a

excelência dos produtos endógenos, assim como impulsionar o sector da restauração.

Os restaurantes da Comporta também aderiram, acrescentando às ementas pratos à base

desta iguaria, confecionada com a mestria dos saberes e sabores tradicionais.

Berbigão

O berbigão vive protegido dentro de duas conhas, que, através de dois sifões, mantém a

água em circulação dentro do seu organismo, permitindo-lhe respirar e alimentar-se de

plâncton e de outros organismos aquáticos. Habita enterrado no lodo ou na areia,

encontrando-se normalmente a 5 cm de profundidade, podendo rapidamente atingir

outras profundidades ao sentir-se ameaçado.

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Festival do Berbigão

▪ Data: Setembro

▪ Local: Mexilhoeira Grande - Portimão

▪ Organização: Sociedade Recreativa Figueirense, Câmara Municipal de Portimão e

Junta de Freguesia da Mexilhoeira Grande.

O berbigão volta a ser o prato forte do certame, confecionado das mais diversas formas:

massa de berbigão, arroz de berbigão, papas de berbigão, rissóis de berbigão e berbigão

ao natural. O recinto tem capacidade para cerca de 400 lugares sentados e irão ser

preparadas duas toneladas de berbigão a pensar nas mais de quatro mil pessoas que

procuram um dos pratos mais genuínos e saborosos da gastronomia regional.

Sapateira

É encontrada no Atlântico Nordeste e Mar Mediterrâneo, onde habita a coluna de água

nos primeiros seis meses de vida, altura em que assenta no fundo em profundidades até

100 m, incluindo rias e estuários. Alimenta-se essencialmente de noite de crustáceos e

bivalves, que captura e mata por esmagamento com as suas pinças. Reproduz-se durante

a Primavera e Verão depois da fêmea mudar a carapaça.

Festival da Sapateira

▪ Data: Setembro

▪ Local: Santa Cruz – Torres Vedras

▪ Organização:

O Festival da Sapateira constitui um festival gastronómico em que a sapateira é rainha.

Trata-se de uma iniciativa realizada em Santa Cruz e organizada por um conjunto de

restaurantes aderentes à iniciativa.

Novas formas de degustação

Street food

Existem em Portugal cerca de 100 empreendedores com negócios de street food e

número cresce todas as semanas. Estes são dados da STREET FOOD PORTUGAL, uma

associação que tem por fim a defesa dos direitos dos profissionais do street food e sua

representação em Portugal e no Estrangeiro, bem como a promoção do street food

português nacional e internacionalmente, bem como o desenvolvimento,

aprofundamento e aprendizagem de produtos que contribuam para o crescimento do

sector.

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Crê-se que, atualmente, o sector possui um potencial de mercado de 2,5 milhões de

euros e que pode crescer de 20% ano, trazendo novas dinâmicas ao sector da

restauração e às cidades.

Aumentar o conhecimento e reconhecimento do sector como alavanca para o

desenvolvimento económico, geração de empreendedorismo e autoemprego é outro dos

objetivos, a par da contribuição para o desenvolvimento de produtos de qualidade,

através de parcerias estratégicas. Pretende-se também incorporar novas iniciativas de

parceiros públicos e privados, quer na divulgação e promoção da gastronomia, quer na

qualificação dos recursos por via da formação.

Street Food é um conceito de alimentação ready-to-eat, vendida numa rua ou outro local

público, como mercados ou feiras, por vendedores ambulantes, muitas vezes, numa

tenda portátil. Qualquer pessoa pode, hoje, aderir à street food por gosto étnico,

nostalgia ou a simples oportunidade para comer rapidamente algo saboroso a um preço

razoável.

A mudança na street food durante a última década foi abismal – passou-se de carrinhos

de comida tradicionais para veículos móveis munidos de cozinha hi-tech, tornando-se

cada vez mais sofisticados e com uma procura crescente.

Hoje, na Grã-Bretanha, por exemplo, a street food é agora o mais vibrante e

emocionante sector da culinária britânica, com jovens cozinheiros transformando

menus de restaurantes de qualidade em preços takeaway. Veículos atrativos e comida de

elevada qualidade, servida de forma emocionante e acessível. Hoje, algumas das

melhores experiências de restauração dos britânicos passam pelo que se serve em

reboques, carros e vans vintage.

Assiste-se à transformação do gorduroso para o gourmet. Hoje o street food está

obrigatoriamente presente nas nossas vidas, por força da nossa própria evolução como

consumidores. Somos, cada vez mais, consumidores “on-the-go” e isso favorece a street

food, conveniente, acessível e de qualidade.

Nesta perspetiva, o peixe e o marisco português podem perfeitamente enquadrar-se

nesta nova tendência gastronómica, sendo por isso, um segmento a explorar.

Conservas gourmet

A sardinha tradicional ou o atum continuam a ser um sucesso, mas, hoje em dia, a

indústria conserveira é muito mais do que estes dois produtos. E quer crescer ao apostar

também na criação de petiscos gourmet.

A maior variedade das conservas e uma aposta em outras variedades de peixe tem

contribuído para que o crescimento do sector; contudo, torna-se necessário apostar em

estratégias de comunicação e divulgação destes produtos junto do consumidor final

porque, na verdade as conservas e, nomeadamente, as conservas gourmet, podem ser

uma mais valia no dia-a-dia das famílias. Se aposta se centrar num produto de qualidade,

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a um preço acessível, e uma boa forma de consumir peixe de uma forma saudável, então

há mercado para explorar e para dinamizar o consumo do peixe português.

Depois de anos de forte declínio, que levou ao encerramento de muitas empresas de

norte a sul do país, a indústria conserveira portuguesa parece atravessar um bom

momento. Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Conservas de Peixe,

esta indústria – que emprega diretamente mais de 3500 pessoas (e outras tantas

indiretamente) – exporta, atualmente, para mais de 70 países e vendeu, no período de

Janeiro a Setembro deste ano, cerca de 40 mil toneladas, o que representa um

crescimento, face a igual período do ano anterior, de 26% em volume e 24% em

faturação, num negócio que vale atualmente 165 milhões de euros.

O mais recente projeto da ANICP é a Loja da Conservas. Trata-se da maior loja de

conservas nacional e reúne, num só espaço, 17 conservarias e mais de 300 referências.

Como porta estandarte da indústria conserveira nacional, a Loja das Conservas vende e

promove as melhores conservas do mundo – as portuguesas.

Assentes na experiência de décadas (o início da indústria conserveira portuguesa

remonta a 1853), as conservas nacionais são conhecidas e reconhecidas

internacionalmente pela longa tradição, que se traduz na qualidade de um produto

saudável e acessível a todos.

As opções de escolha são, por isso, mais que muitas; para além das mais conhecidas

como a sardinha, a cavala ou atum, as revelações surgem com o polvo, a truta, o

bacalhau, as enguias, a chaputa, os carapaus ou as ovas de sardinha, o chamado «caviar

português», uma verdadeira iguaria que faz as delícias de quem conhece ou decide

experimentar pela primeira vez.

Assim, pode também a indústria conserveira ser um veículo importante para a Rota do

Peixe Português, divulgando novos sabores e temperos dos produtos de pescado

nacional.

Sushi português

Desconhecido da maioria dos portugueses até à década de 1990, a cozinha japonesa

conquistou muitos seguidores em Portugal. Nos últimos anos, assistiu-se a um boom de

restaurantes de sushi, mas os especialistas alertam para a exigência da qualidade do

produto e para a segurança alimentar.

A par do peixe mais comumente utilizado na cozinha japonesa, existe uma clara aposta

na utilização de peixes da costa portuguesa, com características únicas e que podem

adequar-se a esta forma de preparação do peixe. É o caso do bonito, lírio, atum, robalo,

cherne, carapau, cavala, choco ou lula, como defendem os especialistas. Trata-se de

diversificar a matéria-prima, de modo a garantir uma diversificação de paladares.

Apesar do consumo de peixe cru não estar enraizado nos hábitos alimentares dos

portugueses, continua a haver uma procura crescente deste tipo de cozinha e há margem

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para crescer. E isto mesmo comprova-se pelo aparecimento de novos espaços, cuja

cozinha, seja a técnica seja a matéria prima, acresce algo de novo ao sushi tradicional.

Kampai

Restaurante japonês, o Kampai é um conceito inovador que cruza a cozinha japonesa

com os Açores. É, naturalmente, mais do que um restaurante de sushi, uma vez que

cruza a técnica e sabores nipónicos com a matéria prima do mar dos Açores: o atum (a

base da cozinha japonesa) e o dos Açores é considerado um dos melhores do mundo –

parte substancial do que é pescado nos Açores é exportado para o Japão – lírio, lula

gigante, goraz, chicharro, boca negra, imperador, peixão, peixe porco, entre outras; e, a

“cereja em cima do bolo”: o chá verde dos Açores (única região da Europa onde cultiva

a planta do chá).

Nómada

Os antigos chefs do Sushic juntaram-se para abrir um espaço de sushi adaptado ao

paladar português. Chama-se Nómada, fica no Saldanha, em Lisboa, e também dá cartas

no que respeita ao vinho.

O antigo chef executivo do Sushic deixou o trabalho de quase seis anos para concretizar

o sonho de abrir o seu próprio restaurante. A ele juntaram-se o seu braço direito, o

souschef Francisco Bessone, e o amigo Rui de Oliveira para ajudar na gestão do projeto.

Apesar de ter alguns pratos do Sushic, alia o melhor da cozinha japonesa — adaptada ao

paladar português — com pratos mais contemporâneos. Assim, os cones crocantes com

atum marinado e cebola confitada em vinho do porto partilham o pódio com os

combinados tradicionais de 18 peças ou com as vieiras com puré de guacamole.

Novos conceitos de restauração dedicada ao peixe

A nova dinâmica na restauração da Grande Lisboa, com o nascimento quase diário de

novos conceitos de cozinha de autor, chegou a um dos maiores tesouros da gastronomia

portuguesa: o peixe fresco. Cada vez mais restaurantes apostam em servir bom peixe

com conceitos contemporâneos e adaptados. Alguns dos mais recentes espaços são

mencionados de seguida.

Barbatana

É a mais recente aposta da dupla Miguel Laffan/Porto de Santa Maria. Um chefe

premiado internacionalmente e um dos clássicos do peixe e marisco do Guincho uniram

esforços e abriram, em junho, um novo conceito em pleno Amoreiras Shopping Center.

As ementas diferem, entre o que é servido na sala e o que vai para o balcão ou para o

food court. Chamuças de bacalhau com natas, gyosas de caldeirada e prego de atum

com molho de caril verde e wrap de sapateira são algumas das propostas rápidas; Sopa

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 6 9

de creme de amêijoas, caldeiradas, arrozes, peixe grelhado e ao vapor são opções para a

sala.

Peixe Ó Balcão

Depois da abertura do espaço Taberna Ó Balcão, em Santarém, o chefe Rodrigo Castelo

desceu o Tejo e abriu um novo conceito no Mercado de Algés. A ementa apresenta

desde sopas e saladas, até petiscos e pratos principais: Punheta de bacalhau, cação frito

com molho de iogurte e lima, prego de atum no caco, arroz de lingueirão, línguas de

bacalhau com puré de ervilhas e polvo à portuguesa são algumas das propostas, que

podem ser degustadas.

Lazuli – Estórias do Mar

Destacam-se os pratos de caril de camarão, açorda de marisco e arroz de robalo com

amêijoas. O peixe fresco faz-se ainda representar pela barriga de atum grelhada e pelas

ovas de pescada grelhada. O marisco é outro dos fortes da casa, com gambas,

carabineiros, lavagantes e outros ao quilo.

Selfish – O Meu Peixe

A nova área de restauração das Amoreiras ganhou, em outubro de 2014, um espaço que,

não querendo ser egoísta, decidiu democratizar o acesso a peixes frescos grelhados, mas

também a braseados e a diversos tártaros. A oferta do Selfish – O Meu Peixe inclui

hambúrgueres de atum ou salmão em brioche, bolo do caco de alfarroba ou no prato.

Acrescente-se que, nos peixes, a grelha serve, preferencialmente, atum, salmão e

dourada. Já nos braseados, o peixe é envolto em sementes de sésamo tostadas, enquanto

os tártaros, o atum e o salmão com manga, são regados com soja e sumo de limão.

Maresias

Na Bafureira chegam à mesa petiscos e pratos robustos com sabor a mar, a saber: trio

de bacalhau, composto por almofadinha, pastel e tiborna, e pataniscas de polvo, na

vertente petisqueira, e carpaccio de salmão e tamboril com alma de caviar e ervas finas, e

mil-folhas de tártaro de atum e aipo. Nos principais, o robalo com migas de brócolos e

palha de alho francês e vinagrete, asa de raia ao vapor e tranche de garoupa em crosta de

pão fresco. Conta-se também com peixe do dia grelhado.

Cevicheria

No Príncipe Real, este pequeno restaurante explora a notoriedade da cozinha da

América do Sul, nomeadamente peruana, afirmando-se como lugar de culto

gastronómico. A Cevicheria nasce da vontade de trazer o tradicional prato peruano – o

ceviche – às nossas mesas, mas de adaptá-lo também ao nosso gosto português, quando

preparado com ingredientes que nos são tão familiares como, por exemplo, o bacalhau.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7 0

A oferta abrange o ceviche puro, com peixe da época, o ceviche português, com

bacalhau, vinagre de alecrim, puré de grão e azeitonas secas.

Sea Me - Peixaria Moderna

A sua abertura, em 2010, marcou o início de uma nova era na forma da restauração

lisboeta encarar o peixe. No Chiado, o Sea Me fundiu, no mesmo espaço, uma peixaria,

uma marisqueira e cervejaria e um novo espaço para degustar sushi. Pode-se escolher o

peixe e o marisco que quer comer ou levar para casa, com o serviço de takeaway. A carta

tem oferta larga entre o tradicional (grelhado) e o mais ousado, juntando ao choco frito

uma tempura negra com folha de shisô. Tem também ceviches e risotto de camarão. O

sushi é outra das apostas da casa. Peixes e mariscos são apresentados de diversas formas.

Como referência ficam ainda a enguia grelhada com batata-doce, sashimi de vieiras e

garoupa corada. Desta experiência, nasceu e multiplicou-se outro projeto restaurativo: O

Prego da Peixaria.

Mas não é só em Lisboa que surgem novos conceitos gastronómicos relacionados com

o peixe; mais recentemente, também o Porto foi invadido por novos espaços onde o

peixe e o marisco reinam. Seja grelhado, preparado à moda peruana no ceviche ou

servido cru no tradicional sushi, o peixe é confecionado com as técnicas da cozinha mais

modernas.

The Blini

É o novo projeto do chef José Cordeiro e o segundo espaço seu na cidade, três meses

depois de ter inaugurado o Porto Sentido, na zona da Baixa. O The Blini instalou-se na

outra margem do Douro, em Vila Nova de Gaia, e assume-se como uma marisqueira

moderna com grandes ambições. O chef não esconde: os pratos do The Blini vão lutar

por um lugar no guia Michelin.

Para além do peixe e marisco, servidos com o toque criativo do chef, outro dos

destaques do The Blini é mesmo a vista fantástica que oferece sobre o Douro e a Ribeira

do Porto.

Posto 94

“Servimos sushi mas não somos um restaurante japonês.” Imposta, à partida, a regra

definida pelas duas proprietárias, afinal o que é o Posto 94? Não é japonês, mas tem

sushi, mais focado na vertente de fusão. Entre as opções tradicionais de temakis e

menus de sushi e sashimi, estão os combinados Posto Premium, de peças “mais

elaboradas” e com “ingredientes mais exclusivos, como o foie gras”.

A fazer companhia ao peixe está o açaí, o outro produto de destaque do Posto, aqui

servido à vontade do freguês: Escolhe o tamanho da taça — pequena, média ou grande

— e junta-lhe os acompanhamentos que quiser. É só percorrer a lista: há fruta, como o

melão, manga ou banana; doces, como Oreo ou M&M’s; ou outras opções, como leite

condensado, em pó ou amendoim.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7 1

Panca

Camilo Jaña é chef do Terra. Ruy Leão é chef do Shiko. O primeiro é chileno, o

segundo brasileiro — e aparentemente, ambos têm uma panca pelo ceviche. É mesmo

assim que se chama o projeto conjunto de Jaña e Leão, Panca, que levou a especialidade

peruana aos jardins do Parque da Cidade, num pequeno espaço pop-up integrado no

Soundwich.

A cozinha é pequena e divide-se na confeção de quatro ceviches, democraticamente

entregues a cada um dos mentores do Panca: dois para Jaña, outros dois para Leão. O

chef chileno opta por versões latinas e mais ligadas aos clássicos —o Cevichón, feito

com o tradicional leche de tigre (a base do ceviche), salmão, puré de batata doce e

palitos de nachos, ou o Peixeirada, com um misto de peixe, puré de abacate e crocante

de milho.

Sushinaka

Teoricamente, o Sushinaka é o novo restaurante de sushi da cidade. Na prática, este é

um nome já bem conhecido pelos portuenses. Abriu as portas em 2010, na zona de

Paranhos. Desde então, passou por Matosinhos e por Ramalde, até finalmente encontrar

o espaço perfeito, na Rua da Boavista, onde já se serve o sushi do costume. O novo

Sushinaka foi inaugurado em maio.

Na carta encontram-se todos os itens obrigatórios de um espaço de sushi tradicional e

de fusão: do misoshiru aos temakis; do sashimi aos especiais quentes; do yakisoba aos

menus freestyle.

Pisca

Foi em mais uma pequena e renovada casa no Passeio Alegre, mesmo em frente a rio,

que nasceu o Pisca. Embora a carta apresente uma variada escolha de tapas e pratos

mais consistentes, as opções de peixe e marisco destacam-se, até porque chega tudo

fresquinho, trazido diretamente dos barcos dos pescadores que atracam do outro lado

da rua.

Pode-se experimentar o tártaro de atum, escabeche de mexilhão ou ceviche de tamboril

e camarão. E se quiser beber uma cerveja fresca em frente ao rio, aproveite as opções de

marisco: gamba cozida do Algarve, berbigão, percebes ou navalhas ao vapor, ou mini

espetadas de vieiras e gambas.

Peixaria do Bairro

É na Foz que chega o peixe fresco, todos os dias, vindo de Angeiras, de Matosinhos ou

dos barcos dos pescadores da Cantareira. A frescura do peixe vem com um problema: a

carta fica à mercê dos caprichos da natureza. “Tanto podemos ter dez como apenas um

linguado”. Porém, há sempre alternativas como o bacalhau assado ou arroz de tamboril.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7 2

E porque grelhar peixe na brasa é uma ciência, Jorge Costa, o proprietário, fez questão

de contratar um assador veterano com mais de 30 anos de experiência. Para

acompanhar, há a tradicional batata assada ou a murro e o arroz caldoso do dia, que

pode ser de tomate, de grelos ou de feijão vermelho.

É natural que surjam novos conceitos de restauração, sobretudo relacionados com o

peixe, em Lisboa e no Porto e as razões são óbvias: proximidade à matéria-prima de

excelência, elevada procura enquanto destino turístico, cidades que concentram

habitantes e trabalhadores disponíveis para novas experiências gastronómicas e com

poder de compra para tal; a mais-valia que se apresenta é que estes novos projetos

possam ser um instrumento de benchmarking para outros locais do país, cujas

potencialidades interessa explorar, como é o caso do peixe do rio – sável, lampreia,

achigã -, muito apreciado mas ainda pouco explorado, sobretudo pelos turistas que

visitam Portugal.

Como se vê, o sentido de oportunidade e a ambição de querer fazer diferente leva ao

aparecimento de conceitos muito interessantes na área da alimentação. Cabe à APTECE

e ao seu projeto Rota do Peixe Português aproveitar as sinergias com estes novos

conceitos gastronómicos, enaltecendo o Pescado Nacional como referência de qualidade

no território nacional e nos mercados internacionais.

Dimensionamento do mercado potencial

A tarefa não é fácil quando se tenta dimensionar o mercado potencial para o pescado

português.

Sabe-se que os portugueses são bons consumidores de peixe e fazem-no tanto em casa,

como em restaurantes, quer no dia-a-dia, quer em contexto de férias ou fins-de-semana;

aliás, assiste-se cada vez ao aumento da procura de novas experiências gastronómicas

por parte dos portugueses. No limite, todos os portugueses são consumidores do

pescado nacional.

Um outro grupo de consumidores que importa referir e que assume uma importância

significativa para o sucesso do Rota do Peixe Português são os turistas, sejam turistas

city break, cujo mote da visita é conhecer uma cidade num fim-de-semana, sejam

turistas com um poder de compra mais elevado e que prolongam a sua visita para além

de um fim-de-semana, o que lhes possibilita conhecerem várias cidades, vários pontos

de interesse e vários pratos da nossa gastronomia.

Portugal tem recebido, de forma constante e crescente, mais turistas de ano para ano.

Em 2015, registaram-se 55,6 milhões de dormidas em estabelecimentos de alojamento

turístico. Portugal é hoje o sexto país europeu com maior proporção de turistas

estrangeiros, significativamente acima da média comunitária (de 46%). A Europa e o

mundo estão a descobrir Portugal e entre revistas de vinhos como a Wine Spectator e

revistas de viagens como a Condé Nast Traveller – ambas com posicionamentos

privilegiados -, praticamente não há mês que passe sem que Portugal apareça como a

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7 3

"next big thing". E este facto comprova-se pela afluência quase constante de turistas em

Lisboa e também no Porto, sendo este último um destino cada vez mais procurado.

Sabendo que a estada média dos turistas na hotelaria em Portugal tem vindo a registar

aumentos anuais (os dados do AHP Tourism Monitor apontam para um aumento de

2,26% do número de dormidas entre abril e novembro de 2015, face ao período

homólogo do ano anterior), tem-se, atualmente, um valor médio de dormidas de 1,81

noites, por pessoa; significa que, pelo menos, cada turista faz 4 refeições principais e,

parece óbvio que estes turistas poderão seguir a Rota do Peixe Português.

Portugal é ainda um daqueles países onde a gastronomia – da mais popular à mais

sofisticada - é boa em qualquer lado. Um artigo da CNN de Julho confirma isso mesmo:

que Portugal é o melhor destino "foodie" da Europa. Para além dos tradicionais

petiscos, dos enchidos e doçaria conventual, temos "o melhor peixe e marisco do

mundo", segundo o chef Ferran Adriá, que pode pescar-se ao longo de 2830 km de

costa. E é esta mais-valia que interessa comunicar e divulgar junto dos principais países

de origem dos turistas que visitam Portugal. O desafio é tornar o Peixe Português no

cartão de visita de Portugal.

Adequando o mercado às ações desencadeadas e promovidas pela APTECE, podemos

afirmar que o mercado potencial para o projeto Rota do Peixe Português serão:

• As 308 câmaras municipais que dinamizam os eventos gastronómicos

concelhios/ regionais, enaltecendo quer o peixe quer o marisco português.

• As regiões de turismo que operam no território continental - Turismo do Porto

e Norte de Portugal, Turismo Centro de Portugal, Entidade Regional de

Turismo da Região de Lisboa, Turismo do Alentejo e Região de Turismo do

Algarve.

• As direções regionais de turismo da Madeira e dos Açores.

• As confrarias gastronómicas que tenham como objetivo a preservação,

promoção e divulgação da gastronomia ligada ao pescado, como por exemplo:

o Confraria da Lampreia de Penacova – Penacova

o Confraria Gastronómica do Arroz e do Mar – Figueira da Foz

o Confraria Gastronómica do Bacalhau – Ílhavo

o Confraria Gastronómica do Mar – Matosinhos

• As 8062 empresas ligadas à restauração tradicional e típica. Obviamente que

haverá uma parte destas empresas que não se dedicam, em exclusivo, ao peixe,

mas a maior parte terá nas suas ementas diferentes pratos de peixe e marisco.

Ambicionado mais do que o mercado nacional, a estratégia da APTECE poderá passar

pelo estabelecimento de parcerias com associações congéneres europeias e

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7 4

internacionais, com o objetivo de divulgar o projeto Rota do Peixe Português nos

mercados internacionais, impulsionando por um lado o turismo português, e por outro a

gastronomia portuguesa, com especial enfoque no pescado.

Conclusões e recomendações

Divulgação da Rota do Peixe Português

A Rota do Peixe Português pretende, acima de tudo, ser um cartão de visita de Portugal,

ou seja, quem visita o território nacional fá-lo para conhecer, também, a nossa

gastronomia e, sobretudo, a forma tão genuína e tradicional como o nosso peixe é

preparado e servido.

O desafio que se apresenta é a elaboração de uma estratégia assente em parcerias e uma

boa divulgação deste projeto junto do mercado. Tal como já foi referido, uma rede de

parcerias estabelecidas com associações congéneres europeias e internacionais poderia

ser um bom instrumento de trabalho para a APTECE.

Outro ponto interessante a explorar seria o estabelecimento de protocolos de

colaboração com entidades públicas – institutos de turismo, direções de serviço de

turismo – europeias para uma melhor divulgação do destino turístico Portugal, apelando

sobretudo à descoberta da nossa gastronomia.

Uma associação importante seria, por exemplo, a APTECE explorar uma parceria com

os principais grupos hoteleiros, de modo a que nos hotéis houvesse informação

institucional e comercial sobre a Rota do Peixe Português.

A presença da APTECE em feiras de turismo e do sector agroalimentar também

poderia resultar numa boa ferramenta de divulgação do projeto, pensando mais no

mercado interno.

Pensando no desenvolvimento local, poderia desenvolver-se um protocolo de

colaboração entre a APTECE e as Câmaras Municipais, de modo a enaltecer o que cada

região tem para oferecer ao nível do pescado. Por exemplo, entre fevereiro e abril

poderiam realizar-se mostras gastronómicas da lampreia ou do sável, levando as pessoas

a visitar a região, talvez até pernoitar e usufruir dos sabores únicos do peixe do rio. Este

esforço de comunicação poderia até ser partilhado, encontrando-se porventura sinergias

entre os concelhos vizinhos. Mas a chancela da APTECE seria fundamental na boa

gestão destas sinergias.

Por último, um outro ponto a explorar seria a constituição de um guia/ um roteiro que

reunisse todos os estabelecimentos de restauração onde o peixe é o prato principal. Para

além da restauração tradicional, poderia considerar-se a inclusão dos diferentes eventos

gastronómicos. Por regiões, por sazonalidade, por tipo de peixe, por tipo de confeção,

enfim, a forma como a informação se apresenta poderia ser uma mais valia para o

consumidor/ cliente.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7 5

Atuação da APTECE para a sustentabilidade do peixe português

São diversos os caminhos para a divulgação da Rota do Peixe Português, mas com este

projeto a APTECE tem a responsabilidade de propor algumas orientações para a

sustentabilidade do peixe nacional, sobretudo ao nível do consumo.

Existem já alguns projetos/iniciativas nacionais cujo objetivo é, precisamente, o de

informar sobre alternativas de consumo sustentável. É o caso do projeto “Que peixe

comer?” da Liga para a Proteção da Natureza (LPN).

Este projeto tem como objetivos organizar e disponibilizar informação simplificada

sobre as principais espécies de peixe consumidas e capturadas em Portugal de modo a

possibilitar um consumo de pescado informado da parte dos consumidores. Consiste na

elaboração de um website com informação sobre o estado das principais espécies de

peixe consumidas em Portugal e alternativas de substituição por espécies mais

sustentáveis.

Também a Greenpeace tem desenvolvidos esforços para inverter a tendência de

consumo de pescado insustentável. Quando, em finais de 2007, a Greenpeace analisou a

realidade do mercado de peixe em Portugal, nenhuma das grandes cadeias de

distribuição alimentar - responsáveis pela venda de mais de 70% do peixe no país -

possuía uma política de compra e venda de pescado. Hoje em dia, a publicação do

terceiro Ranking dos Supermercados revela um mercado e práticas de negócio

substancialmente alterados.

Numa primeira fase a Greenpeace lançou a Lista Vermelha nacional de espécies de

peixe, onde constam as espécies de peixe mais vendidas e com elevada probabilidade de

provir de pescarias insustentáveis. Mais tarde, foi apresentado ao público o primeiro

Ranking dos Retalhistas, onde os principais retalhistas são avaliados nas suas práticas de

comercialização de pescado segundo critérios de sustentabilidade predefinidos.

A Lista Vermelha e os resultados dos Rankings anuais foram, nos anos seguintes,

amplamente difundidos entre os consumidores portugueses, denunciando as piores

práticas de venda, divulgando as alternativas mais sustentáveis e fomentando o debate

sobre a sustentabilidade dos produtos de pescado à venda no mercado português.

Atualmente, dos seis retalhistas alvo da campanha da Greenpeace, quatro já adotaram

uma política de pescado responsável. Para além disso, três deles lançaram, inclusive,

campanhas de sensibilização dirigidas aos seus clientes alertando para a problemática da

pesca. Também a sociedade civil interiorizou a relação entre o consumo de peixe e a

saúde dos oceanos.

Outras organizações não governamentais ambientais incluíram o tema da pesca e do

peixe nas suas agendas. A Quercus dedicou vários programas Minuto Verde ao tema e a

LPN lançou um site informativo sobre o peixe consumido em Portuga, conforme já foi

referido. Paralelamente estas ONGA juntaram-se a outras três numa plataforma para a

pesca (PONG-PESCA) que participa ativamente no diálogo sobre uma nova Política

Comum das Pescas para a Europa e na discussão sobre a pesca nacional.

C a r a c t e r i z a ç ã o d o M e r c a d o P á g . 7 6

Sabendo que:

• Portugal é um dos países onde se consome mais peixe a nível mundial e o país

europeu com o maior consumo per capita de produtos de pesca;

• Os investigadores alertam cada vez mais para a necessidade de garantia da

sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e para a gestão dos stocks de pesca;

• A pesca é a última grande indústria que explora recursos naturais selvagens para

a alimentação, atividade esta que tem alterado a estrutura de muitas populações

de peixe;

• É o consumidor final o principal responsável pela escolha do peixe que

consome;

é necessário informar o consumidor e disponibilizar toda a informação possível sobre o

peixe que é comercializado para que a escolha seja consciente e adequada a um consumo

sustentável. Peixe sustentável é aquele que provém de uma pescaria que preserva a

capacidade da espécie de repor a sua população e não causa impactos negativos nas

outras espécies que integram o ecossistema. E é esta a mensagem que interessa passar

para todos os intervenientes do sector da restauração/ gastronomia.

O papel da APTECE, enquanto entidade dinamizadora da Rota do Peixe Português,

pode incidir no aconselhamento de espécies menos exploradas, do ponto de vista

gastronómico, junto dos seus parceiros e junto do consumidor final.

Atendendo ao que já foi mencionado no presente estudo (vide página 43), é importante

motivar para o consumo de espécies que se encontram num nível mais baixo da cadeia

alimentar, como é o caso da sardinha, a sarda, a cavala, o verdinho, o carapau. Estas

espécies até podem ser mais consumidas nas casas dos portugueses, mas o desafio está

na confeção e apresentação de novas receitas ou reinventadas onde estes peixes possam

fazer parte dos menus dos restaurantes portugueses, seja numa abordagem mais

tradicional ou mais ousada.

Outra aposta para o aumento da sustentabilidade do pescado nacional é a promoção dos

produtos oriundos da indústria da aquicultura. Para isso, existe um trabalho prévio cujo

objetivo passa, basicamente, pela mudança de mentalidade face ao pescado de

aquicultura, pois ainda existe uma elevada percentagem da população que põe em causa

a qualidade destes produtos. E para isso têm sido realizados estudos e emitidos

pareceres que desmistificam e esclarecem sobre esta temática.

Um desses pareceres é o da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA)

que considera que "não existem diferenças consistentes entre os peixes selvagens e os

peixes de aquicultura, tanto no que respeita à segurança como à contribuição

nutricional", exceto no caso do salmão do Báltico, em que o de aquacultura está menos

contaminado do que aquele que é capturado em estado selvagem. Portanto, nem sempre

o “estado selvagem” implica melhor qualidade.

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A aquicultura portuguesa oferece produtos de qualidade, que respeitam normas

nacionais e europeias nos domínios da sustentabilidade ambiental, da saúde animal e da

proteção do consumidor. A qualidade do pescado da UE é uma vantagem competitiva

para a aquicultura da União Europeia e, naturalmente, de Portugal.

A aquicultura requer águas marinhas e águas doces limpas e saudáveis. A legislação

ambiental da UE – em especial a Diretiva-Quadro «Água», a Diretiva-Quadro

«Estratégia Marinha» e o regulamento relativo à utilização de espécies exóticas e de

espécies ausentes localmente para fins de aquicultura – garante o cumprimento dessas

condições.

Existem também normas rigorosas em matéria sanitária, de proteção dos consumidores

e de sustentabilidade ambiental que as atividades de aquicultura da UE têm de respeitar.

Estas normas, apesar de terem custos para os produtores, podem tornar-se uma

vantagem competitiva quando os consumidores estão sensibilizados para a qualidade.

De acordo com um estudo publicado pela FAO, intitulado de “The State of World

Fisheries and Aquaculture”, prevê-se que a produção de pescado ultrapasse, em 2030, os

187 milhões de toneladas, um aumento de, aproximadamente, 30 milhões de toneladas

em relação ao que se verificou em 2012.

Estes valores devem-se, essencialmente, ao aumento da produção aquícola, contudo a

um ritmo de crescimento inferior ao que se tem verificado ao longo dos últimos anos.

Para o mesmo período em estudo, e segundo a mesma entidade, perspetiva-se que o

consumo deste género alimentício aumente, atingindo, em 2022, um consumo médio

mundial per capita de 20,7 kg/ano, um valor que se encontra consideravelmente acima

do valor atual, 19,2 kg/ano.

Face a estes dados, é possível afirmar que a produção de pescado em aquicultura será a

única forma de suportar o aumento do consumo de pescado previsto, face ao declínio

irreversível da pesca extrativa (FAO, 2014).

Em Portugal, o sector da aquicultura segue a tendência de crescimento registada a nível

mundial. Atualmente, existem vários projetos que estão a ser desenvolvidos em

Universidades Portuguesas, inclusive nas regiões da Madeira e dos Açores, alguns deles

em colaboração com Instituições Privadas. Estes projetos visam potenciar uma prática

aquícola que seja ambientalmente sustentável, desenvolvendo técnicas de reprodução,

nutrição e crescimento de algumas espécies de interesse comercial.

Prevê-se, ainda, que a crescente procura destes produtos, por parte dos consumidores,

estimule o mercado de produtos biológicos, fomentando a conversão da produção

convencional para sistemas de aquicultura em modo de produção biológico.

Em termos de espécies, Portugal produz na sua maioria truta, dourada, robalo, pregado,

ameijoa, berbigão e ostra. São também estas as espécies que interessa dinamizar no

âmbito da Rota do Peixe Português. Se as propostas gastronómicas incidirem sobre

estes produtos, oferecendo novas receitas e novas formas de degustação, e se a

APTECE conseguir comunicar “qualidade, segurança alimentar e sustentabilidade”,

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associada ao consumo do pescado de aquicultura, então cumprirá um dos objetivos do

projeto Rota do Peixe Português.