suspensao condicional do processo.absolvicao sumaria revogacao impossivel
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8/19/2019 Suspensao Condicional Do Processo.absolvicao Sumaria Revogacao Impossivel
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SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NO NOVO PROCESSO. REVOGAÇÃO IMPOSSÍVEL
LUIZ FLÁVIO GOMES
Doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP, Diretor-Presidente da Rede de Ensino LFG e Co-coordenador dos cursos de pós-graduação transmitidos por ela. Foi Promotorde Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Twitter:www.twitter.com/ProfessorLFG. Blog: www.blogdolfg.com.br - Pesquisadora: Áurea Maria Ferraz de Sousa.
Como citar este artigo: GOMES, Luiz Flávio. SOUSA, Áurea Maria Ferraz de. Suspensão condicional do processo. Absolvição sumária no novo processo. Revogação impossível. Disponível em http://www.lfg.com.br - 30 de julho de2010.
Desde as alterações introduzidas pelas Leis 11.689 e 11.719, ambas de 2008, a instrução criminal é regida da seguinte
maneira: ofertada a denúncia ou a queixa o juiz faz preliminarmente uma análise de modo a verificar se não é hipótesede a petição inicial ser rejeitada e o fará nas hipóteses descritas no artigo 395, do CPP: a) quando a denúncia ou a
queixa for manifestamente inepta, b) quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal
ou c) quando faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Não sendo hipótese de rejeição da petição inicial, o juiz deverá citar o acusado para responder à acusação, quando
poderá alegar tudo o que interessa à sua defesa. Após a defesa, abre-se nova oportunidade para o magistrado analisar
a conveniência da ação penal, pois de acordo com o artigo 397 do CPP, o juiz deverá absolver sumariamente quando
verificar que há causa excludente da ilicitude do fato ou da culpabilidade do agente (salvo hipótese de inimputabilidade),
quando o fato narrado não constituir crime ou quando estiver extinta a punibilidade do agente.
Note-se: as causas especificadas que conduzem à absolvição sumária exigem um juízo de certeza do julgador para que
possa reconhecê-las. É preciso que os elementos de convicção angariados nos autos permitam que o juiz decida de
maneira tranquila para a absolvição.
Por este motivo, uma vez concedido ao acusado o benefício da suspensão condicional do processo (sursis processual),
tendo sido a ele imputada nova prática delituosa, sendo que neste último processo houve em seu favor uma absolvição
sumária, não há razões para que o seu benefício seja revogado. Esta foi a correta orientação jurisprudencial emanada
da Sexta Turma do STJ, no HC 162.618-SP. Explicamos.
O benefício da suspensão condicional do processo, também denominado de sursis processual, é um dos institutos
despenalizadores da Lei dos Juizados Especiais, previsto no artigo 89, da Lei 9.099/95. Trata-se de benefício que,
embora previsto na Lei dos Juizados, não se aplica apenas às infrações penais de menor potencial ofensivo, mas a
toda infração cuja pena mínima seja de até um ano.
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A suspensão do processo pode durar de dois a quatro anos e é concedida mediante o cumprimento de algumas
condições, podendo ser revogada se neste período o acusado for processado por contravenção ou descumprir qualquer
das condições impostas (art. 89, §4º, Lei 9.099/95). Por outro lado, a suspensão será revogada se, no mesmo prazo, o
acusado for processado pela prática de outro crime (art. 89, §3º, Lei 9.099/95).
Ocorre que, se o acusado que está sob a vigência de uma suspensão condicional da pena e é processado pela prática
de outro crime, mas neste processo o juiz o absolveu sumariamente (decisão que deverá ser tomada num juízo de
certeza) não há motivos a justificar a revogação do benefício.
Neste sentido, confira-se a brilhante explanação do Ministro Og Fernandes.
Sexta Turma
SURSIS PROCESSUAL. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA.
Na hipótese dos autos, os pacientes foram denunciados como incursos no art. 171, § 3º, do CP,
sendo-lhes concedida a suspensão condicional do processo (sursis processual). Sobrevindo a
notícia de que respondiam a outra ação penal, o sursis foi revogado, designando-se data para a
audiência de instrução. Sucede que, nessa segunda ação, os pacientes foram absolvidos
sumariamente, motivo pelo qual a defesa requereu o restabelecimento da suspensão condicional
do processo. O pleito, contudo, foi negado ao fundamento de que, contra a sentença absolutória,
ainda pendia recurso de apelação interposto pelo MP. No HC, sustenta-se, em síntese, que,
absolvidos os pacientes sumariamente, notadamente por não constituir crime o fato a elesimputado, não mais se justifica a manutenção da revogação do sursis. Assim, objetiva-se a
concessão da ordem para o fim de restabelecer aos pacientes o benefício da suspensão
condicional do processo. A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu razoável a interpretação
sustentada no habeas corpus segundo a qual a absolvição sumária tem por consequência a
reconsideração da decisão revogadora do sursis processual. Observou-se que, na espécie, os
pacientes e também os corréus foram absolvidos por serem penalmente atípicos os fatos a eles
imputados. Especialmente no tocante aos pacientes, assentou-se, ainda, a inépcia da exordial
acusatória. Desse modo, fulminada a ação penal, não há como concluir que os pacientes possamser processados por outro crime nos termos do § 3º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995. Interpretação
em sentido contrário, isto é, a de que o simples oferecimento da denúncia autoriza, de modo
irreversível, a revogação do sursis processual, não anda em sintonia com os princípios da ampla
defesa, do devido processo legal e da boa-fé processual, destoando dos anseios da reforma do
processo penal. Não se está, com isso, a falar em inconstitucionalidade do referido artigo, apenas
não há como concluir que alguém esteja a responder a processo por crime, quando nele foi
sumariamente absolvido, com espeque no art. 397 do CPP, por manifesta atipicidade dos fatos e
inépcia da denúncia. Ressaltou-se que a circunstância de estar pendente apelação do MP contra asentença de absolvição sumária em nada altera o quadro delineado, isso porque o recurso não
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tem efeito suspensivo e, ainda, se não é exigida condenação com trânsito em julgado para efeito
de revogação do sursis, o raciocínio não deve ser diferente para o caso de absolvição sumária,
vale dizer, a sentença tem efeito imediato. Nada impede, todavia, que o benefício seja revogado se
a sentença de absolvição sumária for reformada pelo tribunal a quo. Com esses fundamentos,
entre outros, concedeu-se a ordem. HC 162.618-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/6/2010.