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Supremo Tribunal Federal

Ministro Thompson Piores

Discursos Homenagem Póstuma

25 de setembro de 2003

Brasília 2004

Diretoria - Geral Rodrigo Curado Fleury

Secretaria de Documentação Maria Cristina Rodrigues Silvestre

Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência Ranuzia Braz dos Santos

Seção de Editoração Sandra Suely Nogueira

Seção de Distribuição de Edições

Iracilda Alves Pereira

Capa: Patrícia Weiss

Diagramação: Jorge Luis Villar Peres

Catalogação-na-Publicação (CIP) (Supremo Tribunal Federal - Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal)

Ministro Thompson Flores : discursos : homenagem póstuma, 25 de setembro de 2003. - Brasília : Supremo Tribunal Federal, 2004. - 42 p.

1. Ministro do Supremo Tribunal Federal. I. Brasil. Supremo Tribunal Federal (STF).

CDD-341.419104

Ministro Thompson Flores

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Ministro MAURÍCIO José CORRÊA (15-12-1994), Presidente

Ministro NELSON Azevedo JOBIM (15-4-1997), Vice-Presidente

Ministro José Paulo SEPÚLVEDA PERTENCE (17-5-1989)

Ministro José CELSO DE MELLO Filho (17-8-1989)

Ministro CARLOS Mário da Silva VELLOSO (13-6-1990)

Ministro MARCO AURÉLIO Mendes de Farias Mello (13-6-1990)

Ministra ELLEN GRACIE Northfleet (14-12-2000)

Ministro GILMAR Ferreira MENDES (20-6-2002)

Ministro Antonio CEZAR PELUSO (25-6-2003)

Ministro CARLOS Augusto Ayres de Freitas BRITTO (25-6-2003)

Ministro JOAQUIM Benedito BARBOSA Gomes (25-6-2003)

SUMÁRIO

Discurso do Senhor Ministro Nelson Jobim 9

Discurso do Doutor Cláudio Lemos Fonteles, Procurador-Geral da República 19

Discurso do Doutor Pedro Augusto de Freitas Gordilho, Representante do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil 25

Palavras do Senhor Ministro Maurício Corrêa, Presidente 37

Referências bibliográficas 41

Discurso do Senhor Ministro NELSON JOBIM

O S e n h o r M i n i s t r o N e l s o n J o b i m — Excelentíssimo Senhor Presidente, Excelentíssimos Senhores Ministros de hoje e de ontem, Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República, Senhores Familiares do Homenageado, demais Autoridades presentes, minhas Senhoras e meus Senhores:

Cabe-me, pelo Tribunal, homenagear a memória do Ministro Carlos Thompson Flores.

Começo pela história.

Vou ao Rio Grande do Sul.

O nome Thompson Flores vem de longe.

Tudo começou com Jayme Thompson, Capitão de Fragata da esquadra inglesa.

A filha deste — Maria da Glória Thompson — casou-se com o Doutor Luiz da Silva Flores, médico e político do Império.

Nasceu, então, Carlos Thompson Flores, o avô.

Desembargador entre 1878 a 1885.

Seu busto está na nossa Faculdade de Direito de Porto Alegre, um de seus fundadores.

Chamava-se de Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre.

Foi seu primeiro Diretor.

Carlos casou-se com Dona Luiza Elvira Reis Flores, filha do Marechal de Campo Salustiano Jeronimo dos Reis, o Barão de Camaquam, militar do Império brasileiro.

Nasceu o Doutor Luiz Carlos Reis Flores, o pai.

Luiz Carlos casou-se com Dona Francisca Borges Fortes Flores.

Assim, em 26 de janeiro de 1911, em Montenegro, nasce o nosso Ministro Carlos Thompson Flores.

Ficou com o mesmo nome do avô.

Casou-se com Dona Ana Lacroix Flores, com quem teve duas filhas: Mariza e Beatriz.

Os estudos iniciais de Carlos foram em Montenegro.

O ginásio, ele cursou no tradicional Colégio Júlio de Castilhos, de Porto Alegre.

O curso jurídico, na Faculdade fundada por seu avô.

Formou-se em 7 de dezembro de 1933.

Começa, nesse ano, a percorrer sua trilha.

Ainda em 1933, aos 22 anos, como se admitia na época, foi Juiz Distrital em Herval do Sul, termo da Comarca de Jaguarão.

Após, em 1935, assume Triunfo, Comarca de Santa Vitória do Palmar.

Em 1938, aprovado em concurso, ingressa na magistratura.

Mais tarde, instala a Comarca de Rosário do Sul.

Depois, vai para Montenegro, no centro do Estado.

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Retorna para divisa com a Banda Oriental.

Assume em Sant'anna do Livramento.

Em 1945, como Juiz de Direito, passa a integrar o Tribunal Regional Eleitoral.

Em 1951, chega definitivamente, como Juiz, a Porto Alegre.

No Governo do Coronel Ernesto Dornelles, ocorre fato rumoroso.

Carlos preside o Júri de Imprensa do caso DEAL -Departamento Estadual de Abastecimento de Leite do Estado.

I n t e g r a n t e s do novo g o v e r n o a t a c a r a m funcionários do governo anterior.

Houve condenações.

Elas desagradaram o novo governo e a imprensa forte de então — o Diário de Notícias.

Thompson foi atacado.

O Tribunal de Justiça não respondeu.

Ficou silente, e ele — Carlos — também.

O tempo sepultou o incidente.

A carreira prosseguiu.

De 1966 a 1968, Carlos preside o Tribunal de Justiça.

Operoso.

Disciplinador.

Competente.

Promoveu a elaboração do projeto de novo Código de Organização Judiciária do Estado.

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Criou a Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça.

Foi um Juiz stricto sensu.

Em 1968, o Presidente Costa e Silva o nomeia Ministro deste Tribunal.

Em 14 de fevereiro de 1977, assume a Presidência do STF.

No discurso de posse, dirigiu-se aos juizes.

Leio:

..., antes como agora, nunca perdi a fé na Justiça, e por ela hei de batalhar sempre, com o mesmo ardor dos meus vinte anos.

Minha mensagem, pois, perante a Nação se dirige a todos os brasileiros, mas, em especial, aos Juizes da Terra de Santa Cruz.

Não importa onde estejam ou que jurisdição exerçam.

Perdidos nas regiões distantes para aonde foram 'despachados', na expressão de nossos a voe n g os.

Esquecidos de si mesmos em longínquos rincões ou nas capitais e cidades mais próximas.

Deslembro suas origens, sua fortuna, sua saúde, sua idade, seus conhecimentos, sua inteligência ou seu prestígio.

Concito-os, antes e mais nada, ao amor à profissão que abraçaram, a qualDaguesseau, (...), reputava o mais precioso de todos os bens, pois é com ele que, na consciência do dever cumprido,

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forjamos o escudo que nos dará a cada dia alento e proteção".

Cristão e religioso, finaliza seu discurso:

"E, aguardando a proteção divina, sem a qual tudo será em vão, permito-me invocar o Salmo de Davi:

'Faz-me, Senhor, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas.

Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha Salvação em quem eu espero todo o dia".

A sua Presidência foi contemporânea de momento difícil da História política do País.

O governo militar promulgara o Pacote de Abril.

O Ato Complementar 102, de I o de abril, decretara o recesso do Congresso Nacional.

O General Ernesto Geisel, autorizado pelo Ato Institucional N° 5, de 13 de dezembro de 1968, promulgou a Emenda Constitucional N° 7, do dia 13deabril.

Era a reforma do Poder Judiciário.

Dois caminhos se abriam ao Presidente do STF.

Saber conviver com o regime forte e, simultaneamente, procurar, no convívio tenso, afirmar a Instituição.

Ou marcar posição.

Romper, sem nada construir para a História da Instituição.

Esta posição traria, seguramente, o aplauso voluntarista daqueles que só têm compromisso com a história pessoal e descuram seu papel na História da Nação.

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Carlos optou pela primeira posição.

Em 1977, em palestra a estagiários da Escola Superior de Guerra (ESG), acenou para o problema.

Disse, na versão do Jornal do Brasil, que

(...), seria desejável o fim das restrições contidas nos atos institucionais. "

O mesmo se passou, em 1978, durante a visita do Presidente Jimmy Carter.

Declarou

"esperar para breve o fim do Ato Institucional n° 5 (AI-5), editado em 13 de dezembro de 1968.

(•••)" (D

Foi comedido na relação com o poder militar.

Entendeu ser esta a conduta correta.

Não o enfrentamento.

Em 1979, deixou a Presidência do STF.

Voltou ao Rio Grande.

Na despedida disse:

"Retorno às minhas origens, à capital do meu Rio Grande, de onde parti no ardor de meus vinte e dois anos, quando, pela primeira vez, vesti a toga de juiz.

Dispo-a, hoje, usada pelo tempo, mas tão pura como antes, repetindo Costa Manso".

Era gaúcho.

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Sabia das nossas divisões.

Os Thompson Flores tinham um viés "chimango".

Poderia ser difícil para um — como eu — "maraga to "saudar um "lenço branco".

Mas não o é.

O Rio Grande conheceu e lembra, como o Tribunal, Carlos Thompson Flores.

Soube ele, com seriedade e competência, ser um Magistrado.

Honrou seu Estado e sua gente.

Paulo Brossard, com sua memória de aço, narra e alinha fatos e qualidades.

É o que basta.

A família sabe.

Aos descendentes legou a honra.

Os netos, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz (Desembargador Federal do TRF/4a Região), Luiz Alberto Thompson Flores Lenz (Procurador de Justiça no RS), Geraldo Brinckmann (Bacharel em Direito e Auditor da Receita Federal), Sérgio Brinckmann (Economista) e Mariana Brinckmann (Advogada), levam adiante sua história.

É esta, Senhor Presidente, a nossa manifestação.

Muito obrigado.

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Discurso do Doutor CLÁUDIO LEMOS FONTELES,

Procurador-Geral da República

O Doutor Cláudio Lemos Fonteles (Procurador-Geral da República) — Senhor Presidente da Suprema Corte, Maurício Corrêa, Senhores Ministros, estimados Colegas do Ministério Público Federal, demais Autoridades presentes, Senhoras e Senhores, Familiares de Carlos Thompson Flores.

1. Henrique Fonseca de Araújo, neste mesmo Plenário, em sessão datada de 14 de fevereiro de 1977, na posse de Carlos Thompson Flores na Presidência desta Casa, afirmou:

"Com ele aprendi que não há grandes ou pequenas causas, há sempre litigantes sequiosos de Justiça, que merecem igual atenção e tratamento, pois que a injustiça, como lembra Calamandrei, não pode ser equiparada a certos venenos, que, em grandes doses, matam, mas, em pequenas, curam, pois que "a injustiça envenena mesmo em doses homeopáticas"."

Aprendi, no vivo, com o então Desembargador Thompson Flores, ao tempo em que Sua Excelência presidia a 4a

Câmara Civil, junto à qual oficiava eu como representante do Ministério Público, o que é ser Juiz: a preocupação constante de fazer Justiça, sem distinguir poderosos ou humildes, presentes ou ausentes, conhecidos ou estranhos.

Quantas vezes, em sessões que entravam pela noite, sem um único assistente, sem partes ou advogados presentes, o vi torturar-se à procura da solução que, com ser jurídica, fosse precipuamente justa, quando, muitas vezes, por generosidade, é

certo, solicitava uma opinião do representante do Ministério Público, que não tinha por que intervir na causa!

Tanto impressionou-me o espírito de justiça de que impregnava seus pronunciamentos, que disse certa vez a Sua Excelência que, se, porventura, um dia fosse eu réu em um processo, o escolheria para Juiz, renunciando previamente a qualquer recurso."

2. Foi também Henrique Fonseca de Araújo quem, mesmo nos primeiros anos de minha carreira como Procurador da República, designou-me para atuar nesta Corte.

3. Aqui, observei Carlos Thompson Flores e tantos outros.

4. Realmente, pessoa serena, afável, vocacionada à Magistratura.

5. Acolheu, em seu gabinete, servidor humilde deste Supremo Tribunal Federal, meu colega de sala na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, que, com tenacidade, via na carreira jurídica a oportunidade de realização profissional e de conforto a seus pais.

6. Pela mão segura de Carlos Thompson Flores, meu amigo Carlos Walberto Chaves Rosas teve o caminho indicado — e aberto — trilhando-o com segurança.

7. "O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz", está na epístola de São Tiago, que meditamos na leitura dominical que abriu esta semana.

8. De Carlos Thompson Flores, mesmo nas disputas doutrinárias nesta Corte, nunca percebi a exaltação. A educada elegância foi o seu conduzir-se.

9. Num dos escritos mais sublimes produzido pelo apóstolo Paulo sobre o itinerário da vida humana, após o texto que se convencionou chamar de "Hino ao Amor", lê-se na I a Epístola aos Coríntios:

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"Quanto às profecias, desaparecerão Quanto às línguas, cessarão Quanto à ciência, também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado, e limitada é a nossa profecia. Mas quando vier a perfeição, o que é limitado desaparecerá. Quando eu era criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança. Agora vemos em espelho e de maneira confusa mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado mas, depois, conhecerei como sou conhecido.

( ICor 13, 8-12)

10. Não me utilizei de tratamento honorífico a Carlos Thompson Flores porque agora, em que ele conhece como é conhecido, isto não tem valia alguma.

11. Agora, para Carlos Thompson Flores, que está na pura essência do que é, por certo basta-lhe ser, para sempre, o homem justo que foi.

Paz e Bem!

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Discurso do Doutor PEDRO AUGUSTO DE FREITAS GORDILHO, Representante do

Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil

O Doutor Pedro Augusto de Freitas Gordilho (Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil) — Excelentíssimo Senhor Ministro Maurício Corrêa, Presidente do Supremo Tribunal Federal; Senhores Ministros; Senhores Ministros Aposentados; Doutor Cláudio Lemos Fonteles, Procurador-Geral da República; Senhor Advogado-Geral da União, Ministro Álvaro Augusto Ribeiro Costa; Senhora Ministra Fátima Nancy Andrighi, representante do Presidente do Superior Tribunal de Justiça; Senhor Desembargador Federal Carlos Fernando Mathias de Souza, Vice-Presidente do Tribunal Regional Federal da I a Região, representando o Presidente daquela Corte; Colega Roberto Rosas, representante do Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros; Colega Amaury José de Aquino Carvalho, Presidente do Instituto dos Advogados do Distrito Federal; Senhores Magistrados; Senhores Subprocuradores-Gerais da República e Membros do Ministério Público da União; Colegas Advogadas e Colegas Advogados; Senhores Alunos da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás; Senhores Funcionários; Senhor Desembargador Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, que representa a famíl ia do Homenageado; Senhoras e Senhores.

Atendo, Senhoras e Senhores, honrosa incum­bência que me foi conferida pelo Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil para, em nome de nossa instituição, fazer-me presente à homenagem que o Supremo Tribunal Federal presta, nesta data, à memória do Ministro Carlos Thompson Flores, falecido em Porto Alegre no dia 16 de abril de 2001.

Vínculos sólidos e bem certificados com o Rio Grande do Sul — que remontam ao começo dos anos trinta, quando meu saudoso pai iniciou suas atividades de advogado em Porto Alegre, no tradicional escritório do Dr. Waldemar do Couto e Silva, depois reavivados através de seus filhos, os ilustres advogados Paulo e Almiro e o sempre pranteado Clovis — fizeram-me, tantas décadas depois, próximo dos Ministros gaúchos, de épocas ulteriores, que tanto honraram os anais do Supremo Tribunal Federal. São nomes de eméritos juizes, que cumpriram superiormente seus caminhos da servidão humana e que já ultrapassaram a linha do esplendor, os quais pronuncio com emoção e saudade: Eloy José da Rocha, Thompson Flores e Pedro Soares Munoz. Estiveram juntos nesse Plenário Eloy da Rocha e Thompson Flores durante um par de anos, e Thompson Flores e Pedro Soares Munoz, cerca de quatro anos, nomeado este último, que fora, em vaga decorrente da aposentadoria do primeiro, em cuja cátedra a eminente Ministra Ellen Gracie enaltece essa tradição gloriosa.

O Ministro Eloy da Rocha foi um grande Juiz. Era um homem muito religioso e sua busca da perfeição atingia uma culminância que haveria de se refletir em prejuízo da celeridade. Mas o produto final — reconhecíamos todos — era de perfeita lapidação. O Ministro Pedro Soares Munoz tinha a marca da pontualidade, o vigor intelectual, a grande independência, a cultura jurídica alcançando universo maior, a capacidade inexorável da argumentação em face do debate inédito. Mas quem exerceu a judicatura fazendo dela um verdadeiro sacerdócio foi o Ministro Thompson Flores, cuja memória homenageamos nesta tarde.

Disso também se apercebeu o Ministro Moreira Alves quando o saudou, em nome do Tribunal, por ocasião de sua posse na Presidência. Depois de celebrar as qualidades enunciadas por Muratori, Sua Excelência acrescentou aquela que parecia conferir-lhe a sacralidade no exercício da magistratura. Disse ele: "A esses atributos, acrescenta-se, em Vossa Excelência, um outro: o exercer a magistratura como sacerdócio, com o amor de quem nela, e só por ela, realiza o ideal de suas aspirações. "

Isso decorre de sua vocação para o ofício judicante, manifestada desde quando concluiu a vida acadêmica. E foi o que todos nós logo percebemos ao assistir as sessões desse Plenário, já com a participação de Sua Excelência, a partir de 14 de março de 1968. Ali estava uma personalidade que fizera como tema

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de sua vida a dedicação integral à magistratura. Seu neto, o ilustre Desembargador Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, assim o revela:

"À luz desse pensamento, o tema da vida de Carlos Tompson Flores foi a vocação para a judicatura. "

Ele satisfazia plenamente, com sua vocação, a ótica de Cícero, ao colocar o magistrado sob o ornamento do dever da verdade e não apenas do dever da verossimilhança. Nenhum risco de congelar, na rotina automática, o espírito investigador; nenhum risco de promover a esterilidade da intuição jurídica pela mera repetição mecânica das fórmulas, perdendo de vista o modelo, a força das cópias, e esquecendo, na busca dos resultados, a razão dos preceitos e os fins para os quais eles foram criados. A síntese que, com grande felicidade, fez o Desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz é lapidar e retrata de modo fidedigno esta maneira tão peculiar do saudoso Ministro exercera magistratura. Disse ele:

"Entre o legalismo estrito dos adeptos do positivismo jurídico e os arroubos anárquicos de certos defensores do direito livre, o Ministro Thompson Flores guardava a posição equilibrada do juiz que, onde e quando necessário, cria o direito sem exceder os marcos da lei".

Na comemoração do sesquicentenário do Supremo Tribunal Federal, em 18 de setembro de 1978, o Ministro Thompson Flores ocupava a Presidência da Corte, incumbindo-se ele próprio de oferecer o seu testemunho em certidão do século e meio de existência do mais Alto Tribunal judiciário do Brasil. Depois de fazer um histórico da notável instituição, Sua Excelência declarou que era a hora e o lugar para se prestar justa homenagem. E a homenagem foi dirigida superiormente não à instituição, apenas, não a um histórico de luz e pioneirismo, senão ao juizes do Brasil. Declarou então Sua Excelência em comovida oração:

"Homenagem aos juizes que, neste século e meio de existência da instituição, deram a última palavra no desfecho de tantas e, por vezes, tão complexas controvérsias.

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(...)

"A todos, alguns atingidos pelo injusto e amargo libelo de João Mangabeira, bem respondido por Levi Carneiro, a todos, repito, o nosso preito de gratidão pelo muito prestígio da Corte na qual tanto confia o Povo Brasileiro.

Inspiramo-nos, a cada dia, no seu exemplo e nas lições que nos legaram.

Deslembrados de nós mesmos, cultuamos a nossa independência de juizes, indiferentes à presença ou ausência de maiores garantias, pois ela assenta mais no caráter e na consciência de cada um do que na própria lei.

Permitiram eles que desfrutemos hoje o clima de respeito que reina pelos demais Poderes ao Poder Judiciário e, em especial, pelo Supremo Tribunal Federal. "

Tema ainda recorrente, ao tempo em que o Ministro Thompson Flores exerceu a Presidência do Supremo Tribunal Federal, tocava à questão da suspensão das garantias da magistratura. Sua Excelência oferece seu depoimento, afirmando que os Juizes do Supremo Tribunal, em todos os tempos, julgaram, como entendiam, em sua consciência de direito e justiça. Este pensamento era fruto de uma atenta observação do cenário judiciário nacional. No momento em que o País teve notícia do projeto de reformas políticas, restabelecendo as garantias da magistratura, o Ministro Thompson Flores, que então exercia a Presidência do Tribunal, ao ser ouvido pela imprensa, assim se manifestou, olhos fixos na História:

"Acompanhei desde 1964, como magistrado de segunda instância, a perda dos predicamentos da magistratura, em decorrência da Revolução e das injunções criadas a partir dela.

Os magistrados brasileiros, principalmente os do Rio Grande do Sul, que eu bem conheci, não se perderam na sua independência no desempenho das atribuições inerentes ao exercício da função judicante.

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A Nação é testemunha de que eles não se intimidaram, nunca se acorvardaram.

Vi, mais tarde, já como Ministro do Supremo Tribunal Federal, que aquela realidade que testemunhei e senti no Rio Grande do Sul era a mesma em todo o Brasil.

Nunca soube, durante todo esse tempo, que um só juiz houvesse deixado de ser um homem de bem, deixasse de ser honrado, cedesse à subversão ou comprometesse por outro modo a majestade da toga, pelo fato de estarem suspensas as prerrogativas constitucionais da magistratura.

A independência de um magistrado, em verdade, está na força do seu caráter, da sua formação moral, da sua probidade.

Mas, de qualquer modo, o retorno das plenitudes, que as Constituições sempre consagraram, desde os tempos mais primitivos, é um fato regozijante. "

Não obstante ressaltar que a independência dos magistrados não reside nos predicamentos, reconheceu Sua Excelência que o retorno das garantias da vitaliciedade e inamovibilidade dos juizes, asseguradas por todas as constituições republicanas, haveria de representar um passo à frente em prol da desejada normalidade política, com proveitosos reflexos na ordem jurídica, os quais, por certo, agradam não só aos juizes como a todos os cidadãos. A sua visão é corretíssima no que toca à indisponibilidade daquelas garantias, então suspensas. Depois de lembrar que as garantias dos magistrados visam, primeiro que tudo, a proteção dos jurisdicionados, o Ministro Thompson Flores assinalava que a suspensão desses predicamentos jamais afetou a conduta dos magistrados, acrescentando que eles, indiferentes aos atos revolucionários, aos atos de força, mantiveram-se sempre independentes, porque a conduta dos juizes decorre mais de seu caráter, de sua personalidade, do que da própria lei.

Mas essa compreensão da questão tormentosa não o distanciou, pelo contrário, colocou-o afeiçoado ao sentimento

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nacional, mesmo numa quadra em que torrentes de paixão ainda ofereciam um cenário de intimidação e de obscurantismo.

Com efeito, em palestra a estagiários da Escola Superior de Guerra, pronunciada no mês de agosto de 1977, Sua Excelência ressaltou que, apesar de o espírito de independência dos juizes ter-se mantido imune até então à falta de garantias constitucionais para o exercício da magistratura, seria desejável, efetivamente, o fim das restrições contidas nos atos institucionais. A esse mesmo tema então aflitivo voltou quando — em março de 1978, durante a visita do Presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, a esse Egrégio Tribunal — declarou esperar para breve o fim do Ato Institucional n° 5, editado em 13 de dezembro de 1968.

Vivia-se, então, horas de amargas decepções para a ordem tradicional. Presumia-se ainda — visando o retardamento no restabelecimento das liberdades suprimidas — que a autoridade da lei devia ceder à autoridade dos fatos. Que a lei devia curvar a cabeça ao império das utilidades, das conveniências mais ou menos transitórias. Necessidade, utilidade, exigências da vida social, alguns outros tantos termos vagos e imprecisos, que não ofereciam garantia de limitação ao arbítrio dos então guardiões do Estado brasileiro, armados de autoridade oficial. Detinham a fantasia individual de construir e declarar o Direito à mercê de seus caprichos. Resistia-se, mas não se podia fazer com que as armas cedessem à toga. A cada um, dentro do possível, cabia a sua parcela, e foi imbuído dessa missão que o Ministro Thompson Flores veio presidir a Comissão Especial, integrada pelos Ministros Rodrigues Alckmin (Relator) e Xavier de Albuquerque, encarregada de redigir o Diagnóstico da Justiça, que serviria de base à reforma do Poder Judiciário, até hoje considerado o mais completo estudo realizado, em nosso País, a respeito da denominada crise do Poder Judiciário. Os três eminentes integrantes de tão importante Comissão expressam os objetivos da reforma, os quais, pela sua atualidade, justificam a reprodução literal :

"Quer-se que o Poder Judiciário se torne apto a acompanhar as exigências do desenvolvimento do País e que seja instrumento eficiente de garantia da ordem jurídica. Quer-se que se eliminem as delongas no exercício da atividade judiciária. Quer-se que as decisões do Poder Judiciário encerrem critérios exatos de Justiça. Quer-se que a atividade punitiva se exerça com

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observância das garantias da defesa, com o respeito à pessoa do acusado e com a aplicação de sanções adequadas. Quer-se que à independência dos magistrados corresponda o exato cumprimento dos deveres do cargo. Quer-se que os jurisdicionados encontrem, no Poder Judiciário, a segura e rápida proteção e restauração de seus direitos, seja qual for a pessoa ou autoridade que os ameace ou ofenda. "

Veio afinal a Emenda Constitucional n° 7, de 13 de abril de 1977, em circunstâncias que tanto abalaram o País civilizado, constituindo o primeiro passo para a reforma do Poder Judiciário, mas, como sabemos, jamais foi concretizada em sua integralidade, como desejavam os seus ilustres idealizadores. Foi precedida de sugestões que formavam cerca de noventa volumes, constituindo o mais denso e sólido levantamento da questão crucial enviada ao Executivo, então comandado pelo Presidente Ernesto Geisel. Nada se fez, motivo pelo qual o Presidente Geisel editou, como disse, a Emenda constitucional, surgida em meio a uma grave crise institucional, que impusera o recesso do Congresso Nacional.

Mas a instituição devia continuar. A instituição era mais forte do que as ameaças que ainda se faziam ouvir. São as instituições, acima das ideologias, que sustentam a honra dos povos e permitem que eles atravessem incólumes as dificuldades, sejam guerras, crises econômicas, golpes de estado ou atos de força. Em qualquer comunidade, como observou Bertrand Russell em Ética e Política na Sociedade Moderna, mesmo entre a tripulação de um navio pirata, existem atos que são obrigatórios e atos que são proibidos, atos que são louvados e atos que são reprovados. A quebra, a supressão da norma, dos procedimentos, num País ou num navio corsário, implica a desestruturação, que traz consigo a desorganização e a anarquia. É preciso que as instituições se mantenham vivas a despeito dos paroxismos. É por isso que o saudoso Ministro, ao apresentar o volume que retrata o Supremo Tribunal Federal em seus cento e cinqüenta anos, menciona as graves crises enfrentadas e superadas com destemor, em benefício da permanência da instituição. Disse ele:

"Reverenciando o passado, relembrando as intempéries enfrentadas e superadas com destemor, não é possível esquecer o presente,

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em que a Suprema Corte do Brasil, imbuída de seus altos desígnios, cumpre a sua missão.

O Supremo Tribunal Federal possui o seu estilo e modo de operar definitivamente sedimentados num conjunto de normas e regras bem conectadas, que os esgrimistas do duelo judiciário não ignoram. Tudo faz para saciar os que têm fome e sede de Justiça, tendo como limites unicamente os princípios da Carta Magna, a que, mais que qualquer outro Poder ou órgão, guarda absoluta fidelidade, pois ele é a viva voz da Constituição, o esteio da aplicação das leis federais e a máxima segurança da inviolabilidade dos direitos dos cidadãos. "

No começo do ano de 1979, a Emenda Constitucional n° 11, de I o de janeiro, revogara os atos institucionais reafirmando os princípios da Constituição de 1967 no tocante à competência do Tribunal. O mandato do Ministro Thompson Flores na Presidência terminava. As relações da Corte com a Ordem dos Advogados do Brasil, não obstante, se extremavam. Desejando, por certo, homenagear-me, o saudoso Ministro indica meu nome — dentre os advogados militantes no Tribunal, como então se fazia — para saudar o novo Presidente, Ministro Antonio Neder, que tomaria posse no dia 14 de fevereiro daquele ano de 1979, quando o Conselho Federal, dias antes, por deliberação colegiada, veta a participação de advogado na solenidade.

Curvei-me — outro caminho não me era dado — à deliberação e de pronto comuniquei ao Presidente Flores que declinava do honroso encargo. Era uma quadra de extremos. Meu devotamento e reverência ao Tribunal e aos eminentes Ministros diretamente vinculados à sucessão haveriam de ceder ao princípio, marcadamente político, que a OAB sufragara na resolução, com o qual eu estava de acordo. O saudoso Ministro não hesitou em compreender a extensão de meu gesto, não sem antes, como era de seu estilo, tentar remover o veto, com a colaboração pessoal do Advogado Paulo do Couto e Silva, mediante diligentes contatos diretos com colegas que integraram ou ainda integravam o Conselho Federal. Uma vez reafirmada a vigência imediata da resolução — conquanto apenas algumas horas antes da posse dos novos Presidente e Vice-Presidente — abraçou-me, comovido, e me disse

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com muita firmeza que, de mim, não esperava senão aquela atitude, porque mais do que militante no Supremo Tribunal e ligado a ele e ao futuro Presidente por laços da amizade pessoal e mútua admiração, eu era, sobretudo, um advogado. E quanto ao discurso, já escrito, eu deveria, como fiz, entregar seu texto ao empossando, com o que o homenagearia em caráter pessoal, fechando com elegância o ciclo iniciado pelo honroso convite.

Aí estão, nessas palavras descoloridas, retratos sem retoque de um Juiz, de um Juiz que honrou sua toga, em quem a modéstia e a urbanidade competiam com as maiores virtudes da função e do cargo.

O que recomenda o saudoso Ministro Thompson Flores às gerações futuras, o que o engrandece acima de tudo é a consciência do magistrado que cumpriu o seu dever, o acendrado amor às instituições, a preocupação fidelíssima pelos elevados interesses da Nação brasileira.

Muito obrigado.

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Palavras do Senhor Ministro MAURÍCIO CORRÊA, Presidente

O Senhor Ministro Maurício Corrêa (Presidente) — Os discursos aqui proferidos constarão e serão registrados nos anais do Supremo Tribunal Federal.

Agradeço as presenças do Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, representando a Excelentíssima Senhora Anna Lacroix Flores, viúva do Ministro Thompson Flores; dos Excelentíssimos Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal de hoje e de ontem; das Excelentíssimas Senhoras Esposas e Familiares de Ministros do Supremo Tribunal Federal, que prestigiam esta solenidade; do Excelentíssimo Senhor Doutor Cláudio Fonteles, Procurador-Geral da República; do Excelentíssimo Senhor Doutor Pedro Augusto de Freitas Gordilho, representante do Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; do Excelentíssimo Senhor Advogado-Geral da União, Ministro Álvaro Augusto Ribeiro Costa; da Excelentíssima Senhora Ministra Fátima Nancy Andrighi, representante do Presidente do Superior Tribunal de Justiça; dos Excelentíssimos Senhores Ministros José Dantas e Paulo Costa Leite, do Superior Tribunal de Justiça (aposentados); da Excelentíssima Senhora Desembargadora Federal Maria Isabel Galotti Rodrigues, do Tribunal Regional Federal da I a Região; do Excelentíssimo Senhor General João Carlos Pedroza Rego; do Excelentíssimo Senhor Doutor Roberto Rosas, representante do Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros; do Excelentíssimo Senhor Desembargador Carlos Mathias; do Excelentíssimo Senhor Doutor Amaury José de Aquino Carvalho, Presidente do Instituto dos Advogados do Distrito Federal; dos Excelentíssimos Senhores Magistrados; dos Excelentíssimos Senhores e Subprocuradores-Gerais da República e Membros do Ministério Público da União; dos Excelentíssimos Senhores

Advogados; dos Ilustríssimos Senhores Alunos da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás; dos Ilustríssimos Senhores Funcionários desta e de outras Cortes; e dos Ilustres Familiares e Convidados.

Registro, também, que o Excelentíssimo Senhor Ministro Oscar Dias Corrêa enviou mensagem dirigida à Corte e aos familiares do homenageado nos seguintes termos: "transmita à Augusta Corte nossa solidariedade ajusta homenagem prestada ao eminente e saudoso Ministro Thompson Flores, que honrou a magistratura nacional pela dignidade, competência e operosidade."

Antes de interromper a Sessão, informo que a Excelentíssima Senhora Anna Lacroix Flores, viúva do homenageado, representada por seu neto, o Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, está doando ao Museu do Tribunal a Insígnia da Ordem Nacional do Mérito, no Grau Grã-Cruz, recebida pelo Presidente Thompson Flores imediatamente após a Sessão Solene de 18 de setembro de 1978, quando das comemorações do sesquicentenário do Supremo Tribunal Federal, bem como a Beca de Gala usada por Sua Excelência naquela solenidade. O Livro de Doações registrará o fato.

Agradeço, em nome do Tribunal, esse gesto de desprendimento da família para a preservação da memória histórica do Supremo Tribunal Federal.

Interrompo a Sessão para o recebimento das doações e os cumprimentos aos familiares, representados pelo Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, do egrégio Tribunal Regional Federal da 4a

Região.

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Referências Bibliográficas:

Orador: Ministro Nelson Jobim

1 Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro Pós-1930. Editora FGV, p. 2226.

Orador: Doutor Pedro Augusto de Freitas Gordilho

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